rochas ornamentais

Upload: gabriela-ferrao

Post on 19-Oct-2015

166 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Overview sobre rochas ornamentais

TRANSCRIPT

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

    ESCOLA DE ENGENHARIA

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS

    ROCHAS ORNAMENTAIS

    GABRIELA FERRO

    MAURCIO REINALDO

    MURILO CORREA

    RENATA PACHECO

    Belo Horizonte

    2014

  • RESUMO

    As rochas ornamentais compreendem os materiais geolgicos naturais que podem

    ser extrados em blocos ou placas, cortados em formas variadas e beneficiados por

    meio de serragem, polimento, lustro e outros acabamentos de face. Seus principais

    campos de aplicao abrangem tanto peas isoladas, como esculturas, tampos e

    ps de mesa, balces, lpides e arte funerria em geral, quanto edificaes,

    destacando-se, neste caso, os revestimentos internos e externos de paredes, pisos,

    colunas, pilares, soleiras, telhados, dentre outros. Comercialmente as rochas

    ornamentais so classificadas como mrmores, granitos, quartzitos, xistos e

    ardsias.

    O Brasil est entre os cinco maiores produtores mundiais de rochas ornamentais,

    tendo o estado do Esprito Santo como maior produtor e o estado de Minas Gerais

    como o segundo maior produtor do pas, respondendo pela maior diversidade de

    rochas extradas. Empregadas como elemento estrutural de monumentos, na

    fabricao de concreto e na construo civil, o uso das rochas ornamentais teve seu

    incio quando o homem utilizava as cavernas para abrigo e proteo.

    Pela estreita interface com o macro setor da construo civil, que no Brasil responde

    por quase 20% do PIB, as rochas ornamentais evidenciam significativa expresso

    econmica e social, inclusive como vetor de gerao de emprego e interiorizao do

    desenvolvimento.

    Palavras-chave: Brasil. Rochas. Ornamentais. Definio. Exportao. Importao.

    Lavra.

  • ABSTRACT

    The ornamental understand the natural geologic materials that can be extracted into

    blocks or slabs, cut into various shapes and processed by sawing, sanding, polishing

    and other finishing face. His main fields of application encompass both single pieces,

    such as sculptures, tops and table legs, countertops, tombstones and funerary art in

    general, the buildings , especially in this case , the internal and external cladding of

    walls, floors, columns, pillars, sills, roofs, among others . Commercially ornamental

    rocks are classified as marble, granite, quartzite, schist and slate.

    The Brazilian ornamental rock sector is among the five largest producers of

    ornamental rocks in the world, with the state of Minas Gerais as the second largest

    producer in the country and accounts for the greater diversity of rocks extracted.

    Used as a structural element for monuments, to manufacture concrete and in civil

    construction, the use of ornamental rocks began when humans used caves for

    shelter and protection.

    By the close interface with the macro construction industry in Brazil, which accounts

    for almost 20 % of PIB, ornamental rocks show significant economic and social

    expression, including as a vector of employment generation and internal

    development.

    Keywords: Brazil. Rocks. Ornamentals. Definition. Export. Import. Mining.

  • Sumrio

    INTRODUO ............................................................................................................ 1

    1. Definio e Variedades/Caractersticas das Rochas Ornamentais ....................... 2

    1.1. Definio ........................................................................................................... 2

    1.2. Variedades e Caractersticas............................................................................. 4

    2. Mercado Brasileiro e Mundial ............................................................................. 15

    3. Lavra ................................................................................................................... 22

    3.1. Mtodos de Lavra ............................................................................................ 22

    3.2. Tcnicas de Corte ........................................................................................... 31

    4. Beneficiamento ................................................................................................... 33

    4.1. Serragem em teares ........................................................................................ 34

    4.2. Serragem em talha blocos ............................................................................ 35

    4.3. Beneficiamento de chapas/placas ................................................................... 36

    5. Sade e segurana no setor e impactos ambientais .......................................... 37

    6. Concluso ........................................................................................................... 41

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 42

  • 1

    INTRODUO

    Rocha pode ser definida como um agregado slido natural constitudo por um ou

    mais minerais e/ou mineralides. Tendo esse conceito, a Associao Brasileira de

    Normas Tcnicas ABNT definiu rocha ornamental como uma substncia rochosa

    natural que, submetida a diferentes graus de modelamento ou beneficiamento, pode

    ser utilizada com uma funo esttica qualquer. Elas so empregadas na maioria

    das vezes na rea da construo civil, como elemento estrutural de monumentos e

    na fabricao de concreto. O seu uso teve incio desde quando o homem utilizava as

    cavernas para abrigo.

    As rochas ornamentais, no contexto da ornamentao civil, so divididas

    basicamente em duas classes: Mrmores e Granitos. Os granitos correspondem s

    rochas silicticas (gneas plutnicas ou vulcnicas, gnaisses e migmatitos), os

    mrmores s rochas calcrias ou dolomticas. Porm, comercialmente as rochas

    ornamentais so classificadas como mrmores, granitos, quartzitos, xistos e

    ardsias.

    O Brasil o quinto maior exportador mundial do produto processado em volume

    fsico e as reservas de rochas ornamentais esto entre as maiores do mundo. No

    Brasil, dados da ABIROCHAS (2012) indicam que os granitos correspondem a

    quase 50% da produo nacional de rochas ornamentais, enquanto apenas 10% so

    relativos aos mrmores. Os estados do Esprito Santo, Minas Gerais e Bahia

    respondem por 80% da produo nacional. O estado do Esprito Santo o principal

    produtor, com 47% do total brasileiro. O estado de Minas Gerais o segundo maior

    produtor e responde pela maior diversidade de rochas extradas. Minas um dos

    principais produtores de granitos, ardsias, quartzitos, mrmores, pedra-sabo e

    serpentinitos que chegam aos mercados interno e externo em cerca de 160

    variedades comerciais. O estado possui uns dos maiores polos produtores no

    mundo, como exemplo em algumas de suas cidades: Candeias - granitos,

    Papagaios - ardsia, So Tom das Letras - quartzito, etc.

  • 2

    As jazidas de rochas ornamentais podem ser lavradas em macios rochosos e em

    mataces, utilizando-se mtodos e tcnicas que possibilitam resultados satisfatrios

    em termos da relao custo/benefcio.

    Os mtodos de lavra consistem num conjunto especfico dos trabalhos de

    planejamento, dimensionamento e execuo de tarefas, devendo existir uma

    harmonia entre essas tarefas e os equipamentos dimensionados. O planejamento

    inclui a individualizao dos blocos com dimenses adequadas etapa seguinte da

    cadeia produtiva, representada pelo desdobramento dos blocos em chapas.

    O beneficiamento de rochas ornamentais refere-se ao desdobramento de materiais

    brutos extrados nas pedreiras em forma de blocos. Os blocos, com dimenses

    normalmente variveis de 5m a 10m, so beneficiados sobretudo atravs da

    serragem (processo de corte) em chapas, por teares e talha-blocos, para posterior

    acabamento at sua dimenso final.

    1. Definio e Variedades/Caractersticas das Rochas Ornamentais

    1.1. Definio

    Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) o conceito de rocha

    ornamental definido como uma substncia rochosa natural que, submetida a

    diferentes graus de modelamento ou beneficiamento, pode ser utilizada como uma

    funo esttica qualquer. J o rgo normatizador americano, o American Society

    for Testing and Materials (ASTM), define pedra ornamental como qualquer material

    rochoso natural serrado, cortado em chapas e fatiado em placas, com ou sem

    acabamento mecnico, excluindo produtos acabados baseados em agregados

    artificialmente constitudos, compostos de fragmentos e pedras modas e quebradas.

    Diversos autores definiram o conceito de rocha ornamental tambm. Frasc (2002),

    com base nos conceitos da ABNT (1995) e ASTM (2003), entende rocha para

    revestimento como um produto de desmonte de materiais rochosos e de seu

    subsequente desdobramento em chapas, posteriormente polidas e cortadas em

    placas. Segundo Mattos (2002), para uma rocha para ser considerada ornamental

  • 3

    deve apresentar como requisitos bsicos beleza esttica, ou seja, homogeneidade

    textural e estrutural, e possuir caractersticas tecnolgicas dentro de padres

    aceitveis pelas normas tcnicas.

    So definidos como rochas ornamentais tambm aqueles materiais que so

    extrados a partir de seu desplacamento natural, atravs de planos naturais de

    fraqueza, e so empregadas in natura como placas ou lajotas, sem qualquer

    polimento, em revestimentos. So includos nessa classificao, quartzitos foliados,

    gnaisses milonitizados, ardsias, arenitos estratificados, e at calcrios laminados.

    A partir das definies j citadas pode-se concluir que o conceito de rocha

    ornamental e de revestimento est baseado, principalmente, em um mtodo de

    extrao e possibilidade de aplicao, conjugados a fatores estticos, sem se

    importar a princpio seus aspectos genticos e composicionais. Torna-se evidente

    que qualquer material natural, passvel de extrao como bloco e com possibilidades

    de desdobramentos em chapas, com ou sem beneficiamento, pode ser considerado

    potencialmente uma rocha ornamental ou de revestimento.

    Comercialmente, as rochas ornamentais ou de revestimento so classificadas em

    dois grandes grupos: os GRANITOS e os MRMORES. As duas classes so

    distinguidas essencialmente com base em sua composio mineralgica. Os

    granitos abrangeriam as rochas silicatadas, ou seja, formadas por minerais

    estruturalmente constitudos por tetraedros de SiO4, ao passo que os mrmores

    incluiriam as rochas composicionalmente carbonticas.

    Observa-se uma tendncia do mercado em descrever comercialmente algumas

    variedades de rochas como granito em funo simplesmente de apresentarem

    comportamento tpico da categoria nos processos de extrao, desdobramento e

    beneficiamento. Como exemplo de tal apropriao Costa et al. (2002) cita como

    exemplos o Quartzito Azul Imperial e o Quartzito Rosinha do Serro, rochas com alto

    grau de recristalizao, granulao fina e textura granoblstica, que, obtidos a partir

    de blocos, aceitam desdobramentos em teares e lustro e polimentos de chapas.

    Estes autores acentuam ainda, que, sob certas condies, so utilizados nas

    mesmas aplicaes dos granitos e chegam a ser at mais valorizados no mercado.

    Salientam tambm que tecnologicamente apresentam dados comparveis ou

    melhores do que muitos granitos, isotrpicos ou movimentados.

  • 4

    1.2. Variedades e Caractersticas

    O granito um tipo comum de rocha gnea de gro fino, mdio ou grosseiro,

    composta essencialmente por quartzo, mica e feldspato, tendo como minerais

    acessrios mica (presente praticamente sempre), hornblenda, zirco e outros

    minerais. normalmente encontrado nas placas continentais da crosta terrestre.

    O granito quase sempre slido (sem estrutura internas), duro e resistente, sendo

    por essas qualidades usado como pedra para a construo civil. A densidade mdia

    do granito situa-se entre 2,65 e 2,75 g/cm3, sua temperatura de fuso est entre

    1215 - 1260 C.3

    A palavra "granito" tem origem no latim granum, um gro, em referncia textura da

    rocha. (Wikipdia 2014)

    O conceito comercial de granito muito genrico, abrangendo em sua essncia as

    rochas composicionalmente silicatadas, com mineralogia principal definida a base de

    feldspatos, feldspatides e quartzo, ou seja, minerais com dureza Mohs entre 6 e 7.

    Dependendo da variedade, pode incluir acessoriamente expressivo contedo de

    minerais mficos (escuros) notadamente biotita, anfiblios e piroxnios. importante

    complementar, que os feldspatides so constituintes caractersticos de rochas

    geologicamente classificadas como alcalinas que tambm primam geralmente pela

    ausncia de quartzo.

    Comercialmente falando, o granito comercial inclui tanto rochas gneas quanto

    metamrficas, abrangendo, neste sentido, uma variada gama de tipos textural,

    estrutural e composicionalmente distintos, o que reflete em cores e padres

    estticos diversos.

    Dentre as rochas gneas, os tipos mais comuns encontrados naturalmente e

    utilizados como rocha ornamental e de revestimento so os granitos sensu strictu, os

    quartzomonzonitos, os granodioritos e os quartzodioritos. Constituem variedades

    plutnicas basicamente quartzo-feldspticas, fanero-cristalinas, com mineralogia

    acessria representada principalmente por micas (biotita e muscovita) e anfiblios

    (hornblenda), em propores variveis. Apresentam granulao fina a grossa,

    porfirtica ou no, podendo exibir uma fraca anisotropia, dada por alinhamento

    mineral. A distino dos tipos acima citados mineralgica, e determinada pelo

  • 5

    percentual de participao entre feldspatos alcalinos (potssicos) e plagioclsios

    (feldspatos de Na e Ca) na rocha, os quais definem um trend que vai dos granitos

    potssicos aos quartzodioritos sdico-clcicos. Equivalentes menos silicosos do

    granito, quartzomonzonito e granodiorito, ou seja, com menos de 10% de quartzo,

    correspondem respectivamente o sienito, o monzonito e o diorito.

    Variedades comerciais dessas rochas incluem, entre outros, o Juparan, o Vermelho

    Capo Bonito, o Cinza Mau (figura 1.1), o Cinza Prata, o Azul Fantstico

    (granodioritos), o Preto guia Branca e o Preto Tijuca (dioritos).

    Figura 1.1 Cinza Mau

    Outras espcies gneas tambm valorizadas no mercado como rocha ornamental e

    de revestimento, porm menos comuns na natureza, so as rochas sienticas. So

    termos plutnicos alcalinos constitudos predominantemente de feldspatos

    potssicos e, caracteristicamente, feldspatides (sodalita, nefelina, leucita) nos tipos

    subsaturados em slica. A mineralogia acessria pode incluir piroxnios e anfiblios

    alcalinos, que emprestam a cor escura textura. So rochas fanero-cristalinas, em

    geral istropas, e de granulao mdia. A variedade Caf Imperial (figura 1.2)

    encontrada na regio de Santa Rita de Cssia e Cssia (Minas Gerais) exemplo

    da variedade sientica. Uma variedade sientica muito valorizada e comercializada no

    mercado o denominado Azul Bahia (figura 1.3). Um sodalita sienito de azul

    intenso, istropo e de granulao mdia. O percentual do feldspatide (sodalita)

    chega a corresponder a 30% da composio modal da rocha. comercializado

    como blocos, chapas polidas e serradas, e ladrilhos.

  • 6

    Figura 1.2 Variedade Sientica Caf

    Imperial.

    Figura 1.3 Variedade Sientica Azul

    Bahia.

    No sul do Brasil utilizam-se corriqueiramente blocos de rochas vulcnicas baslticas,

    estruturalmente, em construes civis, notadamente residenciais. Uma variedade

    comercial desta rocha o Prola Negra, proveniente da localidade de Santa Vitria,

    municpio de Ituiutaba, sudoeste mineiro, que vendido como blocos e chapas

    polidas. Corresponde a um basalto de cor preta e de granulao extremamente fina.

    As rochas metamrficas comercialmente granticas, tambm conhecidas como

    rochas movimentadas, tm nos gnaisses e migmatitos seus representantes mais

    expressivos. Os gnaisses so rochas de granulao fina a grossa, at porfiride,

    folheadas, estruturalmente marcadas pelo predomnio de bandas quartzo-

    feldspticas sobre as de minerais micceos, principalmente biotita e/ou hornblenda.

    Apresentam composio quartzodiortica a granodiortica, at grantica. Os

    migmatitos, por sua vez, so rochas textural e estruturalmente bastante

    heterogneas, com complexos padres visuais que so bastante apreciados no

    mercado. Geologicamente, so rochas hbridas, anistropas, megascopicamente

    exibindo arranjos petrograficamente distintos, tanto de aparncia gnea como

    metamrfica, intimamente interrelacionados, correspondendo a feies

    granticas/pegmatticas e gnaissides, respectivamente. Exemplos comerciais

    relativos s rochas movimentadas correspondem o Macajuba RA (gnaisse), o

    Guariba, o Roselise, e o Kinawa Bahia (gnaisses migmatizados).

    Uma terceira categoria de rocha metamrfica com textura no movimentada,

    excluda dos grupos antecedentes, porm bastante explorada para fins ornamentais

    e de revestimento so os charnockitos. Consistem rochas em geral istropas,

    granoblsticas, granulao mdia a grossa, com caracterstica cor verde oliva e

    mineralogia essencial a base de feldspatos e quartzo, acessoriamente incluindo

  • 7

    ortopiroxnio hiperstnico, biotita e granada. No mercado so comercializados as

    variedades Verde Pavo, Verde Ubatuba e Verde Dourado, entre outros.

    A maior obra registrada no mundo de granito o aeroporto de Dubai (figura 1.4),

    com uma rea de 350.000 m do piso revestido por esse granito; onde esse granito

    foi fornecido por uma empresa brasileira.

    Figura 1.4 - Aeroporto de Dubai - Fonte: imagem comercial da empresa Brasigran

    Granitos.

    Dados do Departamento Nacional de Pesquisas Minerais (DNPM) indicam que a

    produo mundial de rochas ornamentais atingiu 40 milhes de toneladas/ano

    durante a dcada de 90, sendo que 30% deste total foi exportado.

    Os principais pases produtores de blocos de granitos so Itlia, China, Espanha,

    ndia, Brasil, Portugal e Grcia. Segundo informaes do DNPM, esses pases

    responderam, em 1999, por 57% da produo mundial.

    No mercado consumidor mundial, destacam-se a Alemanha, a Espanha, os Estados

    Unidos, a Frana, a Grcia, a Itlia e o Japo. A Europa Central a regio com

    maior demanda, seguida pela Amrica do Norte, representada pelos Estados

    Unidos.

    Mrmores

    Mrmores so rochas metamrficas que tem suas origens de calcrios expostos a

    altas temperaturas e presses. Um dos motivos onde as maiores jazidas de

    mrmore so encontradas em regies de rocha matriz calcria e atividade vulcnica.

  • 8

    Os mrmores (figura 1.5), no sentido comercial, incluem rochas composicionalmente

    carbonticas, sedimentares e metamrficas. Podem ser macios a bandeados, cripto

    a microcristalinos, at granoblsticos mdios a grossos nos tipos metamrficos, com

    minerais predominantemente de dureza Mohs entre 3 e 4, e tons de cores variando

    do creme-esbranquiado ao bege-amarelado, entre outros. A mineralogia

    predominante consiste de calcita (CaCO3) e dolomita CaMg(CO3)2, em geral com o

    predomnio da primeira. Acessoriamente, pode incluir quartzo, pirita, siderita,

    feldspatos, entre outros, alm de impurezas, tais como argilas, os quais definem seu

    padro cromtico, visto que a calcita e a dolomita so brancas.

    Figura 1.5 - Mrmore Branco

    Petrograficamente, tal categoria inclui os calcrios e dolomitos sedimentares e seus

    equivalentes metamrficos, os mrmores propriamente ditos, e os travertinos. Este

    ltimo constitui uma variedade calcria, texturalmente, bastante heterognea,

    marcada por feies brechides, cavidades alveolares, estruturas concntricas e

    fibrosas, frequentemente com impurezas argilosas e silicosas.

    Os mrmores, pela sua prpria natureza, so rochas macias, pouco abrasivas, e de

    baixa resistncia aos agentes intempricos. Aceitam com relativa facilidade os

    processos de desdobramento. As variedades recristalizadas tm a vantagem de um

    menor ndice de porosidade e de absoro de gua.

    Comercialmente, so conhecidas diversas variedades, com destaque para o Bege

    Bahia (travertino) (figura 1.6), o Imperial Pink (mrmore calctico figura 1.7), a

    Pedra Cariri (calcrio laminado), o Candelria White (mrmore dolomtico) e o

    Carrara (calcrio figura 1.8).

  • 9

    Figura 1.6 - Variedade Bege Bahia

    Figura 1.7 Variedade de Mrmore

    Calctico: Imperial Pink.

    Figura 1.8 Variedade de Mrmore

    Calcrio: Carrara

    As maiores concentraes de mrmore no Brasil, esto no estado do Esprito Santo,

    sendo este tambm o maior produtor de rochas ornamentais do pas. A Histria da

    minerao do Mrmore, no Esprito Santo, surgiu com o incio das atividades de

    fbricas de cimento, mas a utilizao do calcrio e sua minerao so desde 1878,

    quando era usado para a fabricao de cal, tijolos e telhas.

    Quartzitos

    Os quartzitos (figura 1.9) so rochas metamrficas, granoblsticas a

    granolepidoblsticas, granulao fina a mdia, com alto grau de recristalizao,

    estruturalmente macios a laminados, compostos basicamente de quartzo, com

    percentuais, em geral, variveis de 70% a 95% na composio modal. A mineralogia

  • 10

    acessria pode incluir micas (muscovita), magnetita, granada, pirolusita, feldspatos,

    dumortierita e cianita, entre outros. da presena ou ausncia de alguns destes

    minerais, notadamente dumortierita, cianita e opacos (alterados), que resulta sua

    variada tonalidade de cor, determinante na sua qualificao comercial, cujos

    exemplos de mercado so o Azul Macabas (figura 1.11), o Azul Imperial, e o

    Branco Santa Mairi, entre outros.

    Figura 1.9 - Quartzito

    Alguns quartzitos, devido a concentrao de micas iso-orientadas em nveis

    especficos, so finamente foliados ou laminados, permitindo com relativa facilidade

    sua partio atravs destes planos de fraqueza. A presena desta estruturao,

    porm, impossibilita sua obteno como blocos e sua utilizao em teares ou

    mesmo corte regulares de chapas (Costa et al, 2002). Em funo disso, so

    usualmente extrados como placas diretamente dos afloramentos e utilizados como

    chapas rsticas em revestimento de superfcies. Tipos popularmente

    comercializados so provenientes das regies de So Tom das Letras e

    Luminrias, Minas Gerais, e correspondem as variedades So Tom (figura 1.10),

    Luminrias, Carrancas e Carranquinha (Fernandes et al, 2002).

    Em funo do elevado contedo de quartzo os quartzitos so rochas naturalmente

    resistentes aos abrasivos e duros ao corte.

  • 11

    Figura 1.10 Quartzito So Tom

    Figura 1.11 Quartzito Azul Macabas

    Ardsias

    A ardsia (figura 1.12) uma rocha slico-argilosa formada pela transformao da

    argila sob grande presso e temperatura, endurecida em finas lamelas.

    As ardsias so rochas metapelticas de grau metamrfico muito baixo, cripto a

    microcristalinas, cor cinza-escura a preta, formada predominantemente por

    filossilicatos, principalmente sericita. A presena deste mineral confere rocha

    proeminente laminao, permitindo fcil obteno de placas mais ou menos

    uniformes. Seus acessrios mais comuns incluem quartzo, clorita, ilita, carbonatos,

    feldspatos e opacos. Devido as suas caractersticas, so rochas geralmente

    impermeveis e pouco resistentes ao desgaste abrasivo.

    As ardsias comercializadas e provenientes do estado de Minas Gerais no

    constituem ardsias verdadeiras, representando um estgio mais incipiente de

    metamorfismo, o que, entretanto, no interfere com suas qualidades e uso como as

    ardsias propriamente ditas. Em termos de composio, incluem basicamente

    cloritas e ilitas ( 50%), quartzo e calcita. No mercado so vendidas como chapas

    polidas e lajotas e designadas com base na sua cor (Ardsia Vinho, Ardsia Verde,

    etc.).

  • 12

    Figura 1.12 Ardsia

    O estado de Minas Gerais responde por 95% da produo de ardsia do Brasil . As

    reas de extrao e beneficiamento de ardsias de Minas Gerais Pela Ardosia

    Paraopeba esto situadas nos municpios de Caetanpolis, Curvelo, Felixlndia,

    Leandro Ferreira, Martinho Campos, Papagaios, Paraopeba e Pompu. O Brasil o

    segundo maior produtor e consumidor mundial. (Wikipdia 2013)

    Algumas das mais finas ardsias do mundo tm origem em Campo (Valongo) em

    Portugal, Esccia e Slate Valley de Vermont e Nova York nos Estados Unidos.

    Serpentinitos e Esteatitos

    Os serpentinitos (figura 1.13) so produtos de alterao hidrotermal de rochas

    gneas ultrabsicas magnesianas, principalmente dunitos e peridotitos, e compostos

    basicamente por minerais do grupo da serpentina, os quais se formam s expensas

    da hidratao de olivinas e piroxnios (Elhers & Blatt, 1982). So rochas de

    colorao verde-escura a amareladas, macias a fibrosas e de baixa dureza.

    Os esteatitos (pedra sabo figura 1.14) resultam da alterao de rochas

    ultrabsicas serpentinizadas, mediante ao de solues hidrotermais ricas em

    CO2, que promovem reaes entre os minerais de serpentina e a slica, dando

    origem a formao de talco e magnesita (Ehlers & Blatt, 1982). So rochas de cores

    esverdeadas, untuosas ao tato, de baixssima dureza, sendo empregadas

    usualmente no fabrico de objetos residenciais e decorativos, e no setor estaturio.

  • 13

    No tocante aos serpentinitos, equivocadamente comercializados como granitos,

    Costa et al (2002) acentua um potencial mercado para esses materiais, com

    crescente aumento de demanda, sinalizado por importaes provenientes da ndia

    (Granito Verde Rajasthan) e Itlia (Granito Verde Alpi).

    Figura 1.13 Serpentinito

    Figura 1.14 Variedade de Esteatito:

    Pedra Sabo

    Arenitos e Conglomerados

    Os arenitos (figura 1.15) so rochas sedimentares clsticas, de granulao fina a

    mdia, macias a laminadas, formadas basicamente por gros de quartzo,

    cimentados por material silicoso, ferruginoso ou carbontico, podendo ocorrer

    acessoriamente feldspatos detrticos e fraes argilo-siltosas. Em razo da prpria

    natureza, os arenitos so em geral porosos e resistentes ao desgaste abrasivo. Uma

    variedade comercial o Rosa Bahia, um arenito fino, macio, ortoquartztico, com

    pontuaes argilosas, que vendido como blocos.

    Os conglomerados so rochas sedimentares clsticas, textura heterognea, formado

    de seixos de diferentes tamanhos, formatos e composio, imersos em matriz mais

    fina, em geral de natureza arenosa ou areno-siltosa e cimento silicoso. De um modo

    geral, as variedades comercializadas apresentam recristalizaes metamrficas em

    graus variveis, que emprestam maior coeso rocha. A relao matriz versus

    seixos tambm inconstante, ora com predomnio de um, ora da outro, com reflexos

    nos padres estticos.

  • 14

    Figura 1.15 - Congromerado

    Na Bahia a variedade comercial Verde Marinace (figura 1.16), um conglomerado

    polimtico, apresenta 60% de matriz e 40% de seixos em matriz arenosa fina

    epidotizada. O Vesvio Bahia, por sua vez, tem 70% de seixos e apenas 30% de

    matriz, esta tambm arenosa e epidotizada. Tais rochas so vendidas como blocos

    ou chapas serradas, polidas ou flameadas.

    Figura 1.16 Conglomerado Verde Marinace

  • 15

    2. Mercado Brasileiro e Mundial

    Os produtos utilizados em revestimento apresentam-se como uma das reas mais

    promissoras em relao a negcios do setor mineral. Estimativas do setor apontam

    para mais de 40 mil empresas em operao em todo o mundo, sendo a maior parte

    de pequeno e mdio porte, empregando diretamente cerca de 1,5 milho de

    pessoas nas atividades de extrao e processamento das rochas.

    Tradicionalmente, o mrmore (rochas carbonatadas) ocupa a maior parcela do

    mercado mundial e o granito (rochas silicatadas) vem em segundo lugar. Os

    materiais sucedneos (ardsias, arenitos, basaltos, quartzitos, gnaisses, entre

    outros) respondem por uma parcela pouco significativa de participao no mercado

    global.

    Dados do Departamento Nacional de Pesquisas Minerais (DNPM) indicam que a

    produo mundial de rochas ornamentais atingiu 40 milhes de toneladas/ano

    durante a dcada de 90, sendo que 30% deste total foi exportado.

    Os principais pases produtores de blocos de mrmores e granitos so Itlia, China,

    Espanha, ndia, Brasil, Portugal e Grcia. Segundo informaes do DNPM, esses

    pases responderam, em 1999, por 57% da produo mundial. E ainda hoje

    correspondem a parcela importante do mercado.

    No mercado consumidor mundial, destacam-se a Alemanha, a Espanha, os Estados

    Unidos, a Frana, a Grcia, a Itlia e o Japo. A Europa Central a regio com

    maior demanda, seguida pela Amrica do Norte, representada pelos Estados

    Unidos. importante lembrar que esses pases so extremamente rigorosos quanto

    qualidade do produto.

    O mercado mundial de rochas ornamentais pode ser entendido classificando os

    pases que desenvolvem atividades nesse segmento em trs grupos:

    - Grupo 1 - principais produtores: Brasil, ndia, frica do Sul, China;

    - Grupo 2 principais consumidores: Japo, Estados Unidos, Alemanha, Arbia

    Saudita;

  • 16

    - Grupo 3 produtores e consumidores: Itlia, Espanha, Frana, Grcia, Blgica,

    Holanda, Finlndia.

    Em geral, os pases que esto envolvidos com a produo e consumo de rochas

    ornamentais, como Itlia, Frana, Espanha, Holanda e Blgica, possuem tradio

    neste setor e esto historicamente relacionados com a exportao, em sua maioria,

    de produtos beneficiados.

    Em virtude do aumento contnuo na produo e exportao dos produtos nos pases

    tradicionalmente produtores, em mbito internacional, esperado crescimento da

    competio em termos de preos, mercados e fontes de suprimentos.

    Estima-se que o setor de rochas movimente transaes comerciais de US$ 80-100

    bilhes/ano. A produo mundial noticiada evoluiu de 1,8 milho t/ano, na dcada de

    20, para um patamar atual de 100 milhes t/ano. Cerca de 46 milhes t de rochas

    brutas e beneficiadas foram comercializadas no mercado internacional em 2007.

    Prev-se que no ano de 2025 a produo mundial ultrapassar 400 milhes t,

    correspondentes a quase 5 bilhes m equivalentes/ano, devendo-se multiplicar por

    cinco o volume fsico das atuais transaes internacionais. Veja o Grfico abaixo:

    Grfico 2.1 Evoluo e Projeo da Produo e do Intercmbio Mundial de Rochas

    Ornamentais e de Revestimento. Fonte: Montani (2007)

  • 17

    Segundo Montani (2008), a produo mundial estimada de rochas ornamentais, no

    ano de 2007, totalizou 103,5 milhes t, correspondentes a cerca de 1,13 bilhes m2

    equivalentes de chapas com 2 cm de espessura. Esta produo envolveu 60,5

    milhes t (58,5%) de rochas carbonticas, 37,5 milhes t (36,2%) de rochas

    silicticas e 5,5 milhes t (5,3%) de ardsias e outras rochas xistosas. Veja na

    Tabela 2.1 a evoluo da produo mundial ao longo dos anos.

    Tabela 2.1: Produo Mundial de Rochas Ornamentais Perfil Histrico

    A ampliao da oferta de novos tipos de matrias promove declnio nos preos

    mdios internacionais, reforando a relevncia do aumento da produtividade em

    todo o processo produtivo, desde a extrao at a entrega do produto acabado.

    Do ponto de vista mercadolgico, os produtos do setor tm caractersticas das

    manufaturas, e no das commodities. At para as rochas brutas, comercializadas

    em blocos, o preo no fixado em bolsas de mercadorias, dependendo da

    percepo de valor estabelecida pelos consumidores a partir de vantagens

    funcionais e/ou atributos estticos diferenciados.

    Os mrmores e granitos citados no captulo anterior respondem largamente pelas

    variedades de rochas ornamentais e de revestimento comercializadas,

  • 18

    representando cerca de 80% da produo mundial. No Brasil, dados da

    ABIROCHAS (2012) indicam que os granitos correspondem a quase 50% da

    produo nacional de rochas ornamentais, enquanto apenas 10% so relativos aos

    mrmores. Os restante da produo corresponde categorias no menos

    importantes, composta pelos quartzitos, as ardsias, os serpentinitos, os esteatitos,

    os arenitos e os conglomerados.

    importante salientar que o setor de rochas ornamentais essencialmente

    integrado por micro e pequenas empresas, com nvel de informalidade ainda

    relativamente elevado. Pela pulverizao geogrfica e empresarial das atividades

    produtivas, os dados setoriais, exceto das exportaes e importaes brasileiras,

    so estimativos.

    Se tratando de Brasil, Minas Gerais em 2012 participou com 25,47% em peso das

    exportaes brasileiras de rochas ornamentais. No total foram vendidas para o

    mercado externo aproximadamente 569.757,36 toneladas de rochas ornamentais.

    Esse valor corresponde a aproximadamente US$ 194 milhes. O estado o

    segundo maior produtor desse tipo material, atrs somente do Espirito Santo.

    Dos dez principais municpios exportadores, todos com faturamento superior a US$

    20 milhes em 2012, nove so do Estado do Esprito Santo. A nica exceo, no 5

    posto, o municpio de Papagaio, em Minas Gerais, pelas exportaes de ardsia,

    que somam US$ 38,6 milhes e 85.620,92 toneladas.

    A Figura 2.1 abaixo mostra uma relao das aglomeraes de produo de rochas

    ornamentais no Brasil.

  • 19

    Figura 2.1: Distribuies Geogrfica de Aglomeraes Produtivas de Rochas

    Ornamentais e de Revestimento no Brasil Fonte: Chiodi Filho (2008)

    Em Minas Gerais, as exportaes de blocos de granito j superam as de ardsia,

    quartzito foliado e pedra-sabo, com o estado perdendo seu protagonismo no setor

    de rochas.

    As tabelas 2.2 e 2.3 apresentam dados das exportaes e importaes brasileiras

    segundo as categorias citadas anteriormente.

  • 20

    Tabela 2.2: Exportaes Brasileiras de Rochas Ornamentais e de Revestimento 2012 e 2013.

  • 21

    Tabela 2.3: Exportaes Brasileiras de Rochas Ornamentais e de Revestimento 2012 e 2013.

  • 22

    3. Lavra

    As jazidas de rochas ornamentais podem ser lavradas em macios rochosos e em

    mataces, utilizando-se mtodos e tcnicas que possibilitam resultados satisfatrios

    (custo/benefcio).

    A natureza dos mtodos de lavra de rochas ornamentais varia em funo das

    caractersticas do macio rochoso, condies topogrficas, afloramento, fraturas,

    tipo e espessura da cobertura, etc. O material de interesse na frente de lavra pode

    apresentar-se com foliao desenvolvida, viabilizando a extrao em placas ou em

    forma compacta, de onde so extrados blocos. Quando a extrao se d por blocos,

    a mesma pode ser feita de maneira mais simples, a partir de mataces isolados ou

    por desabamento provocado por detonaes, porm o tipo de extrao em blocos

    mais usado a explotao via macios rochosos, quando se extraem blocos

    diretamente de um macio rochoso compacto.

    A lavra em mataces de concepo mais simples, exigindo, na maioria dos casos,

    equipamentos pouco sofisticados e mo de obra pouco qualificada.

    3.1. Mtodos de Lavra

    No Brasil, a quase totalidade das lavras de rochas ornamentais realizadas em

    macios rochosos a cu aberto, conhecido apenas um caso onde a lavra

    subterrnea. So dois os tipos de lavra pra rocha ornamental: a lavra de mataco e

    a lavra de macios rochosos.

    Mataces constituem pores especficas de um macio rochoso, individualizados a

    partir da atuao de agentes intempricos nas fraturas e destacados por eroso. Em

    alguns casos, parte dos mataces no so aflorantes, sendo detectados e expostos

    somente aps grande remoo de solo. Lavras por mataces geralmente

    apresentam baixo custo de produo, porm com baixa produtividade, qualidade

    inferior do produto, alto impacto paisagstico e maiores danos ao meio ambiente.

    So as rochas silicticas que formam mataces aproveitveis. Quando a operao

  • 23

    caracterizar-se por uma frente de lavra constituda por um macio compacto a ser

    desmontado, removido e esquadrejado para posterior transporte ao local do

    beneficiamento, o processo chamado de frente de lavra por macio rochoso.

    O tipo de lavra escolhido definido em funo, principalmente, da configurao

    topogrfica do terreno e da litologia do macio.

    3.1.1. Lavra de Mataces

    As dimenses dos mataces, viveis economicamente, precisam ser as maiores

    possveis, na ordem mnima de dezenas de metros cbicos. Contudo, quando eles

    so constitudos de material de alto valor, os corpos de pequenas dimenses, de at

    6 ou 7m, podem ser lavrados com lucro.

    A lavra desses corpos simples, primeiro realizada uma partio do mataco por

    intermdio de furos raiados coplanares e paralelos, efetuados por marteletes

    pneumticos, gasolina ou eltricos. Em seguida, utiliza-se cunhas e marretas que

    fornecem a percusso manual, para seccionar o corpo em pranchas, aproveitando-

    se as direes de clivagem naturais da rocha. Posteriormente, essas pranchas

    passam pelo mesmo processo, visando o desdobramento em blocos, cada vez

    menores, at atingirem a dimenso comercial (figura 3.1).

    A partio dos mataces pode ser efetuada tambm com explosivos de baixa onda

    de choque (como a plvora negra). Aps a execuo do furo, deve-se preenche-lo

    com plvora negra e tampona-lo novamente. Os mataces tambm podem ser

    partidos por argamassas explosivas.

    Figura 3.1 Lavra de mataces Fogo raiado Detalhe para a remoo do solo e

    da imperfeio do corte - Gandu/BA. (fonte: Almeida, 2006)

  • 24

    Os mataces geralmente esto soterrados no regolito e isso cria a necessidade de

    grande remoo de solo, para conduo da lavra, ocasionando impacto visual e

    tambm carreamento do solo nos perodos chuvosos.

    A lavra de mataces possui mais rejeito que a lavra de macio rochoso,

    principalmente devido forma geomtrica e dimenses dos corpos individualizados.

    A geometria dos corpos rochosos compromete a recuperao da jazida, porque o

    produto visado o bloco em forma de paraleleppedo com ngulos retos. As

    dimenses dos mataces tambm favorecem a produo de rejeitos. Quando os

    mataces possuem dimenses que no combinam com as do bloco os rejeitos

    tambm so gerados.

    3.1.2. Lavra em Macios Rochosos

    Os macios rochosos representam grandes massas de rocha derivadas da

    consolidao dos magmas que se resfriaram no tempo geolgico e emergiram na

    superfcie graas principalmente eroso. No caso de rochas sedimentares esses

    macios surgem dos grandes depsitos de sedimentos que passaram por processos

    diagenticos e afloraram superfcies sob as aes da eroso. Os macios

    originrios das rochas metamrficas passaram pelo mesmo processo erosivo,

    aflorando a massa rochosa que foi submetida s altas temperaturas e presses no

    interior da crosta.

    Os depsitos de macios rochosos so mais acessveis a um planejamento de lavra,

    j que nesse caso possvel ter um maior controle qualitativo e quantitativo da

    produo de rochas em forma de blocos.

    Os principais mtodos de lavra utilizados na lavra de macios rochosos so

    apresentados abaixo:

    Lavra por bancadas (bancadas altas e bancadas baixas)

    Lavra por painis verticais

    Lavra por desabamento

    Lavra em fossa e em poo

    Lavra subterrnea

  • 25

    Bancadas Altas

    Nos macios rochosos que apresentam heterogeneidade na qualidade e na

    estrutura da jazida normalmente utilizado essa configurao de lavra. A utilizao

    de bancadas altas prev a seleo de blocos finais. As bancadas constituem

    grandes pranchas com altura variando entre 4 e 16 metros. A altura da prancha

    corresponder a um nmero mltiplo da dimenso do bloco comercializvel. Essas

    pranchas representam o bloco primrio produzido (figura 3.2), que dar origem aos

    blocos secundrios, para depois serem esquadrejados em blocos tercirios ou finais

    (figura 3.3). O carter seletivo atribui maior gerao de rejeitos lavra.

    Figura 3.2 Bancadas altas (fonte: Universidad Politcnica de Madrid, 2007).

    Figura 3.3 Corte da prancha primria. Desdobramento secundrio e final dos

    blocos (fonte: Alencar, Caranassios e Carvalho,1997)

  • 26

    Bancadas Baixas

    Ao contrrio da bancada alta, essa configurao utilizada para uma jazida

    homognea. A altura da bancada corresponde dimenso de um bloco

    comercializvel que diretamente recuperado do macio (figura 3.4). A extrao

    dessa pedreira pouco seletiva. Esse mtodo favorece geralmente uma melhor

    recuperao. O seu relevo mais suave e suas frentes de lavra so extensas.

    Figura 3.4 Bancadas baixas (fonte: Alencar, Caranassios e Carvalho,1997)

    Lavra por painis verticais

    O mtodo de lavra por painis verticais (figura 3.5) tem aplicao nas fases iniciais

    de desenvolvimento de uma jazida, sendo direcionado, a exemplo do mtodo por

    bancadas altas, a macios com grande variedade qualitativa e estrutural.

    empregado ainda em casos de jazidas com baixo volume de reservas, seja pela

    restrita dimenso da estrutura rochosa, seja por condicionamentos especficos,

    estruturais, por exemplo, sem, entretanto, existir impedimento quanto ao

    aprofundamento frente de extrao.

    A obteno dos volumes de rocha se processa pela delimitao, como o prprio

    nome indica, de grandes painis rochosos verticais, cuja espessura das placas

    coincidente com uma das dimenses de bloco comercial, sendo a altura dos painis

    determinada pelo perfil do afloramento, esta estimada a partir da cota do plano

    horizontal da praa da lavra (Alencar, Caranassios e Carvalho, 1996; Ciccu e Vidal,

    1998; Coelho e Vidal, 2003).

  • 27

    Figura 3.5 - Lavra por painis verticais (fonte: Alencar, Caranassios e

    Carvalho,1997)

    Dependendo das condies do afloramento, tal metodologia, com a progresso da

    lavra, pode evoluir para um sistema de lavra por bancadas.

    um mtodo que pode proporcionar boa seletividade de material, com potencial,

    entretanto, de gerar grande quantidade de rejeitos e dificuldades de aes para

    recuperao de segmentos degradados, em funo das extensas superfcies frontais

    escavadas (Alencar, Caranassios e Carvalho, 1996).

    Lavra por desabamento

    A metodologia por desabamento (figura 3.6) proporciona o desmonte de grandes

    volumes de rocha em macios com vertentes bastante inclinadas, geralmente a

    partir de 60, aproveitando-se da existncia de fraturas de alvio de tenses sub-

    paralelas sua superfcie, conjugada a presena de juntas subverticais, que balizam

    lateralmente as massas rochosas, limitao esta que tambm pode ser decorrente

    da prpria restrio fsica do afloramento.

  • 28

    Figura 3.6 Lavra por desabamento (Fonte: Minerao Rocha Branca)

    O mtodo aproveita-se da gravidade para a extrao de volumes primrios de rocha,

    a qual se d mediante escorregamento, com a lavra evoluindo da base ao topo do

    afloramento. A tcnica usual para liberao das massas rochosas atravs da

    colocao de explosivos de baixa velocidade (plvora negra) em furos realizados ao

    longo da sua parte inferior (em leque), dentro dos planos de fraturas subparalelas

    superfcie do terreno. Quando liberados, os blocos de rocha deslizam sobre a

    encosta e so aparados por colches de amortecimento, formados por detritos

    constitudos por solos e fragmentos de rocha a ttulo de evitar danos ao material,

    como fissuras ou trincamentos.

    Este mtodo de lavra tem o inconveniente do seu grande impacto visual no meio-

    fsico, alm de gerar expressiva quantidade de rejeitos. Segundo a literatura, suas

    condies de segurana de trabalho so consideradas como crticas.

    O mtodo por desabamento pode com o desaparecimento das descontinuidades

    estruturais superficiais evoluir para um sistema de lavra por bancadas.

    Lavra em fossa e em poo

    Nas pedreiras em fossa (figura 3.7) as frentes de lavra situam-se imediatamente

    abaixo do nvel de base do terreno, com escoamento dos blocos mediante utilizao

  • 29

    de rampas ascendentes. Tem como inconveniente a interferncia do lenol fretico

    que pode limitar o aprofundamento da cava.

    Na pedreira em poo (figura 3.8 e 3.9) as frentes de desmonte de rochas ficam

    igualmente abaixo do nvel de base do terreno, porm integralmente balizadas por

    paredes verticais. Inexistem rampas de acesso, sendo todo o escoamento de blocos

    assim como a subida e descida de equipamentos e mquinas realizadas atravs de

    guindastes. O deslocamento de pessoal feito atravs de escadas. A exemplo da

    pedreira em fossa, o lenol fretico tambm pode limitar o aprofundamento da cava.

    Esses mtodos de explotao representam variaes do mtodo por bancadas.

    Suas caractersticas principais encontram-se nas depresses formadas no terreno.

    Por isso, esses mtodos so aplicados em jazidas que ocorrem geralmente em

    plancies ou em relevos bastante suaves. Essas depresses so normalmente

    limitadas pelo nvel do lenol fretico, quando h necessidade de bombear a gua

    durante os processos de produo.

    Figura 3.7 Lavra em fossa (fonte: Universidad Politcnica de Madrid, 2007).

  • 30

    Figura 3.8 Lavra em poo (fonte: Almeida,

    2006)

    Figura 3.9 - Lavra em poo (fonte:

    Universidad Politcnica de Madrid,

    2007)

    Lavra subterrnea

    A lavra subterrnea (figura 3.10) tambm uma evoluo das lavras em fossa e em

    poo. Frequentemente aplicada em rochas moles (carbonatadas), mas encontra-

    se, apesar de raro, lavras subterrnea em rochas duras, com a presena de muito

    quartzito. Esse mtodo de explotao tambm utilizado em encostas quando

    existe uma grande espessura de material estril sobrejacente jazida local, pois

    seria caro e prejudicial ao meio ambiente a remoo de grande quantidade de

    estril. Nesse tipo de lavra, no se utiliza explosivos, por causa de problemas com a

    estabilidade dos pilares e da integridade da rocha. Para esse mtodo ser viabilizado

    as rochas precisam possuir alto preo no mercado.

  • 31

    Figura 3.10 Incio de uma lavra subterrnea. Lavra executada com fio diamantado.

    (fonte: Almeida, 2006)

    3.2. Tcnicas de Corte

    Durante todo o processo de lavra, os blocos precisam ser separados do macio

    rochoso (figura 3.11), bem como precisam ser cortados, reduzindo, assim, o

    tamanho dos mesmos para transporte (desdobramento do bloco primrio) e para

    etapas posteriores de beneficiamento (esquadrejamento). Existem dois tipos bsicos

    de corte: o corte contnuo e o corte em costura.

    Figura 3.11 Subdiviso de blocos (fonte: Universidad Politcnica de Madrid, 2007)

    3.2.1. Corte Contnuo

    O corte contnuo pode ser feito por meio de fios (helicoidal ou diamantado), correias

    ou discos. Podem ainda ser usadas tcnicas como jato de gua. Nas figuras 3.12 e

    3.13, v-se um esquema de corte contnuo por fio diamantado. O corte utilizando-se

    o fio helicoidal no mais to utilizado e foi substitudo pelo uso do fio diamantado,

    pois esse pode ser utilizado em rochas duras e abrasivas.

  • 32

    Figura 3.12 Corte vertical com fio diamantado (Almeida, 2006)

    Figura 3.13 Execuo de cortes na lavra utilizando-se fios diamantados (fonte:

    Universidad Politcnica de Madrid, 2007)

    A tcnica de corte usando discos (figura 3.14) permite obter blocos em tamanho

    comercializvel desde o incio, no sendo necessria sucessivas etapas de diviso.

    Figura 3.14 Tcnica de corte utilizando-se discos (fonte: Universidad Politcnica de

    Madrid, 2007)

  • 33

    A tcnica de corte com jato de gua se baseia na desagregao da rocha devido

    ao de um jato de gua de alta velocidade, impulsionado por uma bomba de alta

    presso. A eroso que provocada pelo jato est relacionada fundamentalmente

    com as microdescontinuidades da rocha.

    3.2.2. Corte em Costura

    O corte em costura baseia-se na execuo de furos via marteletes ou hastes

    rotativas. Os furos podem ser adjacentes ou espaados.

    Depois de feitos os furos, nos mesmos so colocados agentes expansivos

    (argamassas expansivas, de ao lenta, ou explosivos, de ao rpida) ou cunhas,

    que so peas metlicas inseridas no macio ou no bloco em furos coplanares e

    paralelos. A figura 3.15 (Almeida, 2006) ilustra foto de aplicao de cunhas

    metlicas em bloco de esteatito.

    Figura 3.15 Furos com cunhas metlicas (Almeida, 2006)

    4. Beneficiamento

    Depois de extrada a rocha ornamental (em bloco, como mrmores e granitos ou em

    placa, nos casos dos quartzitos foliados e das ardsias) a mesma passa por etapas

    de beneficiamento (corte, esquadrejamento e polimento) visando adequar o produto

    da etapa de lavra s especificaes de mercado.

  • 34

    No caso de rochas ornamentais extradas em blocos, as etapas de beneficiamento

    no so executadas nas praas dentro da frente de lavra e sim em local especfico

    com instalaes e equipamentos apropriados, onde feita a serragem do bloco em

    chapas por teares ou por talha-blocos e o posterior esquadrejamento e acabamento

    superficial das peas.

    Segundo RIBEIRO(2005), a serragem em teares mais tradicional e mais produtiva.

    Os teares so melhor utilizveis para os blocos maiores, na produo de chapas

    com 2 cm e 3 cm de espessura. Os talha-blocos so indicados para blocos menores,

    antieconmicos nos teares na produo de chapas e tiras com 1 cm de espessura.

    4.1. Serragem em teares

    Os teares so equipamentos utilizados para a serragem de blocos de rocha,

    transformando-os em placas. A serragem nos teares executada atravs de um

    quadro com fixao de lminas de ao paralelas, que desenvolvem movimentos

    retilneos, pendulares ou curvo-retilneo-curvo sobre a carga.

    O tear de lminas composto por quatro porta-lminas que sustentado por quatro

    colunas (Figura 4.1). Segundo COIMBRA FILHO (2006), as lminas so dispostas

    no sentido longitudinal de maior comprimento do bloco e so tencionadas para

    manter um perfeito nivelamento, alinhamento e paralelismo entre si.

  • 35

    Figura 4.1: Tear multi-lminas utilizado no corte de rochas ornamentais (COIMBRA FILHO, 2006).

    4.2. Serragem em talha blocos

    Os talha-blocos so equipamentos de serragem com discos diamantados, cortam

    grandes profundidades, sua maior utilizao e voltada para produtos padronizados

    (ladrilhos). Os equipamentos com discos diamantados, capacitados para cortes mais

    rasos so chamados talha-chapas.

    Nos talha-blocos a serragem e efetuada por discos diamantados, com dimetros

    variados e capacidade convencional para cortes de ate 1,20m (CHIODI FILHO,

    1995).

    A vantagem dos talha-blocos que os equipamentos admitem movimentao de

    eixo em ngulos variados (vertical ate horizontal), permitindo, portanto, diferentes

    formas de desdobramento dos materiais. O custo mdio de produo em talha-

    blocos e, no entanto ligeiramente superior ao dos teares, tanto pelo preo dos

    equipamentos, quanto sobretudo pelo preo dos discos diamantados. A Figura 4.2

    mostra um Talha-blocos diamantado.

  • 36

    Figura 4.2: Talha-blocos para a produo de ladrilhos (RIBEIRO, 2005)

    4.3. Beneficiamento de chapas/placas

    Nas rochas extradas em placas, o material extrado j apresenta a forma planar. O

    acabamento e esquadrejamento das peas so feitos ainda no local da extrao, o

    que facilita a acomodao do material para transporte e faz com que o resduo

    gerado nessa etapa fique prximo ao local de despejo e seja transportado para as

    pilhas junto com o resduo gerado na frente de lavra (estril). Na figura 4.3, so

    apresentadas etapas de beneficiamento de quartzito foliado (mais especificamente o

    desplacamento de lajes e ladrilhos) sendo realizadas prximo rente de lavra.

    Figura 4.3 - Extrao e corte de placas em quartzito foliado. (PIRES, 2007)

    Aps a extrao, o transporte e a diviso dos blocos em chapas de tamanhos e

    espessuras determinadas, tem-se a etapa do acabamento superficial das chapas (o

    polimento). A figura 4.4 abaixo apresenta o polimento de chapas.

  • 37

    Figura 4.4 - Mquinas de polimento manual (esquerda) e automtico (direita) usadas

    no beneficiamento do quartzito extrado em Ouro Preto. (PIRES, 2007)

    5. Sade e segurana no setor e impactos ambientais

    Da anlise de riscos efetuada por Pereira et al. (1999) pode-se deduzir que as

    operaes que fazem parte do processo produtivo da indstria de transformao de

    rochas ornamentais tm associados trs principais tipos de riscos no que diz

    respeito a acidentes de trabalho:

    Riscos mecnicos

    Os riscos mecnicos esto relacionados com o movimento de objetos de trabalho,

    mquinas, ferramentas e outros instrumentos de trabalho, que devido energia

    mecnica que possuem ou que podem originar, so susceptveis de provocar

    acidentes. Estes podem ser causados, por exemplo, devido a falta de estabilidade,

    ruptura em servio, queda e projeo de objetos, superfcies, arestas e ngulos,

    variaes de velocidade e rotao, elementos mveis, mau estado do piso,

    obstculos nas vias, pisos escorregadios, largura de vias inapropriada, falta de

    vedao. Em resultado destes fatores podem ocorrer quedas de pessoas, quedas de

    objetos, marchas sobre objetos, choque contra objetos, pancadas de objetos,

    esforos excessivos ou movimento em falso, etc.

    Riscos eltricos

  • 38

    O risco eltrico pode ser definido como a exposio provocada pela presena de

    eletricidade. Este se caracteriza quando dois pontos do corpo ficam em contacto

    com potenciais eltricos distintos.

    Na transformao de rochas ornamentais os equipamentos so praticamente todos

    movidos a energia eltrica. Assim, os acidentes podem ocorrer devido a negligncia

    da pessoa, defeito de isolamento, desconhecimento por parte da pessoa, falta de

    sinalizao, local desprotegido, etc.

    Riscos qumicos

    Relativamente aos acidentes de trabalho, os riscos qumicos nesta atividade

    resultam essencialmente da utilizao de colas, e outras substncias irritantes e

    sensibilizantes, na fase de acabamentos do processo de transformao das pedras

    naturais, e da manipulao de alguns produtos de limpeza e substncias utilizadas

    na maquinaria (combustveis e lubrificantes). Contudo, os riscos qumicos quando

    comparados com os anteriores tm um peso muito diminuto. No obstante, devem

    ser considerados de modo a evitar eventuais leses nos olhos, leses nas vias

    respiratrias, queimaduras, incndios e exploses.

    Alm disso, vale destacar que o p produzido pela serragem (figura 5.1) das rochas

    causa uma doena chamada silicose, que provocada pela poeira da slica que

    aspirada pelo funcionrio provoca fibrose intersticial no pulmo. Com o processo de

    corte com fio diamantado esses problemas podem ser minimizados, j que ocorre

    uma reduo importante na gerao de resduos melhorando assim o ambiente de

    trabalho (ROCHAS DE QUALIDADE, 2004 apud COIMBRA FILHO, 2006), visto que

    o processo totalmente automatizado e durante o corte usado apenas gua

    gerando menos impacto negativo ao meio ambiente e ao trabalhador.

    Ainda em relao sade e segurana do trabalho o processo em questo se

    realiza com um nvel reduzido de rudo, gerando menos stress tanto para os

    trabalhadores da empresa quanto para a populao prxima.

  • 39

    Figura 5.1 - Poeira gerada na perfurao (Mineracan, 2013)

    J na rea ambiental a lavra dos blocos pode causar: a desordem da superfcie,

    retirada da vegetao (figura 5.2), remoo do solo, gerao e acomodao de

    rejeitos de forma imprpria, criao de estradas sem planejamento, degradao do

    ao redor da lavra, principalmente em terrenos arrendados, aumento do ndice de

    poeira e a poluio sonora, impacto visual (figura 5.3), efluentes lquidos (esgoto

    domstico, leos lubrificantes originrios da manuteno das mquinas e

    equipamentos e produtos de limpeza), poluio atmosfrica (poeiras e fumaa,

    geradas pelas frentes de lavra com as exploses, pelas mquinas perfuratrizes, pelo

    flame jet, por veculos automotores com seus deslocamentos e combusto de

    motores ao redor das cidades e dentro dos seus limites), poluio sonora

    (provocados pelos equipamentos de desmonte da rocha como: maaricos (flame

    jet), perfuratrizes, detonaes, veculos pesados e a circulao constante de

    caminhes dentro dos limites das cidades, vibraes (causadas pelas detonaes,

    percusses de equipamentos de sondagens perfuratrizes e marteletes

    pneumticos, circulao de veculos pesados e dos caminhes), entre outros.

  • 40

    Figura 5.2 - Exemplo de lavra impactante, com grande gerao de rejeito (DNPM

    2003)

    Figura 5.3 - Incio de uma lavra com os trabalhos preliminares de remoo do solo

    (DNPM 2003)

  • 41

    6. Concluso

    Nesse trabalho foi visto que os produtos utilizados em revestimento apresentam-se

    como uma das reas mais promissoras em relao a negcios do setor mineral e a

    demanda por rochas ornamentais tm crescido muito nos ltimos anos, devido ao

    advento da construo civil, sua principal aplicao. Para suprir essa demanda, a

    produo aumentou, houve tambm um desenvolvimento tecnolgico, porm, so

    necessrios estudos e investimentos nesse setor e aprimoramento das tcnicas

    utilizadas. Em geral, os processos de lavra e beneficiamento ainda so praticados

    sem planejamento sistemtico e controle, resultando em m utilizao dos

    equipamentos, desperdcios, altos custos de produo, problemas de segurana na

    operao e graves impactos ambientais.

  • 42

    REFERNCIAS

    MENEZES, Ricardo Gallart (2005) - Rochas Ornamentais e de Revestimento:

    Conceitos, Tipos e Caracterizao Tecnolgica.

    ALMEIDA, S. (2006) Lavra, artesanato e mercado do esteatito de Santa Rita

    de Ouro Preto, Minas Gerais. Dissertao de Mestrado (Programa de Ps

    Graduao em Engenharia Mineral). Escola de Minas da Universidade

    Federal de Ouro Preto, Ouro Preto. 121p.

    CHIODI FILHO, C. (1995) Aspectos tcnicos e econmicos do setor de rochas

    ornamentais. (srie estudos e documentos 28) CNPq/CETEM Rio de

    Janeiro. 75p.

    VALADO, G. E. S., Dutra, J. I. G., Galry, R., Morais, B. F., Braga, G. P,

    Oliveira, M. M. (2010) Quartzito no parque nacional da serra da Canastra e

    seu entorno Relatrio Final. DEMIN (Departamento de Engenharia de

    Minas), UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

    ALENCAR, C.R.A.; CARANASSIOS, A.; CARVALHO, D. (1996). Tecnologias

    de lavra e beneficiamento de rochas ornamentais. Srie estudos econmicos

    sobre rochas ornamentais, v. 3. 225 p. Instituto Euvaldo Lodi-FIEC/CIEL,

    Fortaleza.

    Explotaciones de roca ornamental Universidade Politcnica de Madrid

    IDEMBURGO, Karina. ESTUDO DO CORTE DE ROCHAS ORNAMENTAIS

    UTILIZANDO DISCO DIAMANTADO. Disponvel em:

    . Acesso em: 26

    fev. 2014.

    NUNES, Rogrio. Autor: Rogrio Nunes Acidentes de Trabalho na

    Indstria Transformadora de Rochas Ornamentais da Regio de Pero

    Pinheiro. Disponvel em:

    . Acesso em: 26 fev. 2014

    http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo.asp?IDBancoArquivoArquivo=2055

  • 43

    http://www.youblisher.com/p/815612-ANALISE-DO-PROCESSO-

    PRODUTIVO-DAS-ROCHAS-ORNAMENTAIS-EM-BUSCA-DE-UMA-

    SOLUCAO-PARA-OS-IMPACTOS-GERADOS/