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São Paulo, UNESP, Geociências, v. 28, n. 2, p. 129-142, 2009 129 ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTO DO SUDOESTE DO ESTADO DO MATO GROSSO Jesué Antonio da SILVA 1 , Antonio Misson GODOY 2 Larissa Marques Barbosa de ARAÚJO 3 (1) Pós-Graduação, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP/Campus de Rio Claro e Companhia Matogrossense de Mineração METAMAT. Avenida 24-A, 1515 – Bela Vista. CEP 13506-900. Rio Claro, SP. Endereço eletrônico: [email protected] (2) Departamento de Petrologia e Metalogenia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP/Campus de Rio Claro. Avenida 24-A, 1515 – Bela Vista. CEP 13506-900. Rio Claro, SP. Endereço eletrônico: [email protected] (3) Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável - ICAD, Universidade Federal da Bahia/Campus Reitor Edgard Santos. Rua Prof. José Seabra, s/n – Centro. CEP 47805-100. Barreiras, BA. Endereço eletrônico: [email protected] Introdução Aspectos Geológicos Caracterização Química Caracterização Tecnológica Caracterização ao Ataque Químico Considerações Finais Conclusões Agradecimentos Referências Bibliográficas RESUMO – Os estudos geológicos, petrográficos, geoquímicos e tecnológicos de rochas do sudoeste do Estado do Mato Grosso, encontram-se direcionados à qualificação e aplicação de materiais pétreos como material ornamental e de revestimento. Visa ampliar a oferta de novas variedades estéticas de rochas que apresentem padronização das características tecnológicas, adequada identificação e tipificação, além de apresentarem atributos mínimos quanto às suas propriedades tecnológicas, assegurando a correta especificação destas rochas frente aos usos pretendidos respeitando-se, além do efeito estético desejado, as características tecnológicas. São descritos 10 tipos rochas que demonstram viabilidade econômica de lavra, entre granitos, diabásio, gnaisses e anfibolitos, agrupados na cores predominante vermelha, cinza e preta. Os resultados obtidos nos ensaios tecnológicos das variedades mostram que os parâmetros analisados situam-se dentro dos limites padrões estabelecidos pelas normas e obedecem satisfatoriamente os valores limites fixados para granitos utilizados como rocha ornamental e de revestimento em ambientes internos e externos. Palavras-chave: Mato Grosso, Ensaios Tecnológicos, Rocha Ornamental. ABSTRACT – J.A. da Silva, A.M. Godoy, L.M.B. de Araújo - Dimension stone and covering of the south of the Mato Grosso State. Geological, petrographical, chemicals and technological studies of rocks of the southwest region of Mato Grosso State, Brazil have the purpose of qualification and application of these rocks as dimension stones. The first objective is to enlarge the offering of new esthetic varieties that show a standardization of technologic patterns, adequate characterization and classification assuring the correct specification of the rocks in relation to the use as dimension stones. Ten rock types are recognized for dimension stones, including granites, diabases, gneisses and amphibolites grouped by its colors in red, grey and black types and showing economic potential of plowing. The results obtained in the technological essays show that the rock parameters are sited inside the standard limits established by technical rules and obey satisfactorily the limit values fixed for granites in internal and external covering uses. Keywords: Mato Grosso, Technological Analysis, Dimension Stone. INTRODUÇÃO O setor de rochas ornamentais e de revestimento é, atualmente, uma área da mineração que apresenta um grande crescimento, devido principalmente a intensificação da aplicação de materiais pétreos como elemento de revestimento, especialmente em fachadas e pisos. O crescimento constante desse setor ao longo dos últimos anos tem sido marcado pela competitividade e pelo nível de exigência do mercado consumidor, fatores que requerem a intensificação de pesquisas contemplando a oferta de rochas com novas variedades estéticas e que tenham atributos mínimos quanto às propriedades tecnológicas, assegurando a adequada aplicação da rocha. A utilização crescente de rochas ornamentais em obras civis tem alertado os usuários para os problemas decorrentes de uma escolha inadequada desses mate- riais. A melhor medida preventiva para esses problemas é a divulgação de especificação adequada das rochas

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ROCHAS ORNAMENTAIS E DE REVESTIMENTODO SUDOESTE DO ESTADO DO MATO GROSSO

Jesué Antonio da SILVA 1, Antonio Misson GODOY 2

Larissa Marques Barbosa de ARAÚJO 3

(1) Pós-Graduação, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP/Campus de Rio Claroe Companhia Matogrossense de Mineração METAMAT. Avenida 24-A, 1515 – Bela Vista.

CEP 13506-900. Rio Claro, SP. Endereço eletrônico: [email protected](2) Departamento de Petrologia e Metalogenia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP/Campus de Rio Claro.

Avenida 24-A, 1515 – Bela Vista. CEP 13506-900. Rio Claro, SP. Endereço eletrônico: [email protected](3) Instituto de Ciências Ambientais e Desenvolvimento Sustentável - ICAD, Universidade Federal da Bahia/Campus Reitor Edgard

Santos. Rua Prof. José Seabra, s/n – Centro. CEP 47805-100. Barreiras, BA. Endereço eletrônico: [email protected]

IntroduçãoAspectos GeológicosCaracterização QuímicaCaracterização TecnológicaCaracterização ao Ataque QuímicoConsiderações FinaisConclusõesAgradecimentosReferências Bibliográficas

RESUMO – Os estudos geológicos, petrográficos, geoquímicos e tecnológicos de rochas do sudoeste do Estado do Mato Grosso,encontram-se direcionados à qualificação e aplicação de materiais pétreos como material ornamental e de revestimento. Visa ampliar aoferta de novas variedades estéticas de rochas que apresentem padronização das características tecnológicas, adequada identificação etipificação, além de apresentarem atributos mínimos quanto às suas propriedades tecnológicas, assegurando a correta especificação destasrochas frente aos usos pretendidos respeitando-se, além do efeito estético desejado, as características tecnológicas. São descritos 10 tiposrochas que demonstram viabilidade econômica de lavra, entre granitos, diabásio, gnaisses e anfibolitos, agrupados na cores predominantevermelha, cinza e preta. Os resultados obtidos nos ensaios tecnológicos das variedades mostram que os parâmetros analisados situam-sedentro dos limites padrões estabelecidos pelas normas e obedecem satisfatoriamente os valores limites fixados para granitos utilizadoscomo rocha ornamental e de revestimento em ambientes internos e externos.Palavras-chave: Mato Grosso, Ensaios Tecnológicos, Rocha Ornamental.

ABSTRACT – J.A. da Silva, A.M. Godoy, L.M.B. de Araújo - Dimension stone and covering of the south of the Mato Grosso State.Geological, petrographical, chemicals and technological studies of rocks of the southwest region of Mato Grosso State, Brazil have thepurpose of qualification and application of these rocks as dimension stones. The first objective is to enlarge the offering of new estheticvarieties that show a standardization of technologic patterns, adequate characterization and classification assuring the correct specificationof the rocks in relation to the use as dimension stones. Ten rock types are recognized for dimension stones, including granites, diabases,gneisses and amphibolites grouped by its colors in red, grey and black types and showing economic potential of plowing. The resultsobtained in the technological essays show that the rock parameters are sited inside the standard limits established by technical rules andobey satisfactorily the limit values fixed for granites in internal and external covering uses.Keywords: Mato Grosso, Technological Analysis, Dimension Stone.

INTRODUÇÃO

O setor de rochas ornamentais e de revestimentoé, atualmente, uma área da mineração que apresentaum grande crescimento, devido principalmente aintensificação da aplicação de materiais pétreos comoelemento de revestimento, especialmente em fachadase pisos. O crescimento constante desse setor ao longodos últimos anos tem sido marcado pela competitividadee pelo nível de exigência do mercado consumidor,fatores que requerem a intensificação de pesquisas

contemplando a oferta de rochas com novas variedadesestéticas e que tenham atributos mínimos quanto àspropriedades tecnológicas, assegurando a adequadaaplicação da rocha.

A utilização crescente de rochas ornamentais emobras civis tem alertado os usuários para os problemasdecorrentes de uma escolha inadequada desses mate-riais. A melhor medida preventiva para esses problemasé a divulgação de especificação adequada das rochas

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aos usos pretendidos respeitando-se, além do efeitoestético desejado, as características tecnológicas.

Atualmente, o Estado do Mato Grosso encontra-se entre os menores produtores nacionais na exploraçãode rochas ornamentais, apresentando como únicotrabalho abrangente o Catálogo de Rochas Ornamentaisdo Estado de Mato Grosso (DNPM, 1998) e recen-temente em trabalhos de (Godoy et al., 2003, 2005a, b;Silva et al., 2007a, b, c; 2008). Ressalta-se também otrabalho de uma única empresa produtora, a “De JorgeMineração Ltda.”, que nos anos de 1993 a 1995beneficiou blocos oriundos do Granito São Vicente, coma denominação comercial de “Vermelho Pantanal”, eatualmente, no extremo noroeste de Mato Grosso nomunicípio de Rondolândia, onde situam-se as duasúnicas jazidas de rochas ornamentais em atividadeexploradas pela “Gramazon Ltda.” de Rondônia, consti-tuídas pelo Granito Marrom, denominado de “Café daAmazônia” e o Granito Cinza Marrom, denominadode “Prata da Amazônia”.

O presente trabalho apresenta a caracterizaçãodos aspectos geológicos, petrográficos, estruturais,químicos, tecnológicos (físico-mecânicos), de dez áreaslocalizadas na região sudoeste do Mato Grosso. Sendoselecionados dez tipos de rochas com padrões de ordem

estéticos variados e abrangendo uma ampla diversidadelitológica, além da importância quanto a sua distribuiçãogeológica e geográfica e exequibilidade de lavra a partirde aspectos geológicos e geomorfológicos favoráveisà extração mineral, tais como morros com coberturadelgada de solo e matacões de dimensões amplas.

A partir desta concepção espera-se agregar aoconhecimento geológico os parâmetros técnicos dire-cionados ao estudo das rochas ornamentais possibi-litando a transformação econômica deste bem minerale contribuindo para o desenvolvimento socioeconômicodo estado, com novas variedades de rochas e assim,contribuir para a implantação e desenvolvimento destacadeia produtiva de transformação.

A caracterização técnica acima citada possibilitaráo aproveitamento de rochas já aceitas no mercadoconsumidor, bem como resultará em novas contri-buições com solicitações para suas utilizações, apoiadasem critérios técnicos e viabilidade de soluções arquite-tônicas, estéticas e funcionais muito mais confiáveisna construção civil. Estas novas variedades necessitamde estudos adequados para cubagem de cada padrãoestético identificado, ou mesmo ampliação dos estudospara demais fácies que nesta primeira avaliação nãoforam selecionadas como prioritárias.

ASPECTOS GEOLÓGICOS

A nomenclatura utilizada para as rochasornamentais denominada de granitos e movimentadosincluem neste trabalho as rochas ígneas constituídaspor granitos e diabásios, e para as rochas metamórficascaracterizadas por gnaisses, migmatitos e anfibolitosobjetos. As rochas estudadas são do ponto de vistageológico relativamente conhecidas e parcialmentedescritas no mapa geológico do estado (Lacerda Filhoet al., 2004) e nos trabalhos geológicos regionais de(Ruiz, 2005; Ruiz et al., 2005) e trabalhos específicospor (Godoy et al., 2003; 2005a, b). Quanto aos aspectosgeológicos regionais, as áreas pesquisadas situam-seno Cráton Amazônico e, na Figura 1, encontram-seindicadas a localização das áreas de exposição dasunidades geológicas estudadas.

As principais características petrográficas dos 10sub-tipos de rochas estudadas encontram-se suma-rizadas na Tabela 1 e foram agrupados pela coloraçãodominante: os Granitos e Movimentados Vermelhos-(1) Granito Sararé, (2) Granito Rio Branco, (3)Ortognaisse Fortuna, (4) Ortognaisse Indiavaí Vermelho;os Granitos e Movimentados Cinzas-(5) Granito NovaLacerda, (6) Ortognaisse Indiavaí Cinza, (7), OrtognaisseCachoeirinha e os Granitos e Movimentados Pretos-(8) Anfibolito Indiavaí, (9) Anfibolito Canaã, (10)

Diabásio Salto do Céu. Na Figura 2 encontram-seilustradas as variedades a partir de placas polidas.

O Granito Sararé (1) situa-se na porção SW doCráton Amazônico à cerca de 60 km de Pontes eLacerda. Sua exposição é da ordem de aproxima-damente 80 km2 e forma alongada segundo a direçãoNE-SW. Segundo Araújo-Ruiz (2003) o granito éconstituído por três fácies, a fácies biotita monzogranito,a fácies muscovita monzogranito que foi caracterizadaneste estudo e a fácies monzogranito. A fáciesmuscovita monzogranito é a mais abundante,distribuindo-se por toda porção norte-central do corpona forma de matacões, lajedos e suaves morros sub-arredondados do tipo meia-laranja. São rochas leuco-cráticas, róseas, isotrópicas podendo localmente,mostrar uma fraca anisotropia de origem cataclástica,inequigranulares médias com grãos variando de 4,0 mma 1,3 cm.

O Granito Rio Branco (2) constitui na SuíteIntrusiva Ácida Rio Branco caracterizada no DomínioCachoeirinha, sendo identificadas três fácies, a maiscomum, de composição sienogranítica, seguida pelamonzogranítica e mais raramente a de composiçãogranodiorítica (Araújo, 2008). A fácies individualizadapara este estudo corresponde a fácies de composição

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FIGURA 1. Mapa geológico simplificado do sudoestedo Estado de Mato Grosso (modificado de Ruiz, 2005) e a localização das unidades estudadas.

sienogranítica, caracterizada pela presença de feno-cristais de feldspato potássico subédricos e ovaladospela corrosão em suas bordas e apresentando feiçõesrapakivi com coroas de oligoclásio parcial ou totalmenteenvolvente.

O Ortognaisse Fortuna (3) enquadra-se noconjunto litológico denominado informalmente comoEmbasamento Metamórfico da região do Destacamento

Fortuna (Ruiz, 2005 e Ruiz et al., 2005). As rochasestudadas referem-se a gnaisses com estrutura ocelarcujos porfiroclastos de feldspato potássicos apresentamdimensões até centimétricas, de cor rósea e esverdeadadevido epidotização intensa e apresentando feições derecristalização e forte deformação dúctil-rúptil.

O Ortognaisse Indiavaí Vermelho (4) é cons-tituído por hornblenda monzogranito leucocrático,

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TABELA 1. Principais características petrográficas das rochasda região sudoeste do Estado do Mato Grosso.

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FIGURA 2. Aspectos macroscópicos em placa polida das rochas da região sudoeste do Estado do Mato Grosso.

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porfirítico, anisotrópicos e granulação média a grossade cores róseas a vermelhas. Os feldspatos apresentamcomo porfiroclastos exibindo intensa saussuritização(Ruiz, 2005; Ruiz et al., 2005).

O Granito Nova Lacerda (5) corresponde a umcorpo irregular, levemente orientado segundo o trendregional NNW, alojado em rochas pertencentes aoDomínio Rio Novo (Ruiz, 2005 e Ruiz et al., 2005).Apresenta composição variando de monzogranítica agranodiorítica, maciças a levemente orientada, leuco-cráticas, inequigranulares, granulação média a grossae cor cinza.

O Ortognaisse Indiavaí Cinza (6) encontra-seexposto às margens do Rio Jauru orientado segundo adireção norte-sul. É constituído por biotita-hornblendagnaisses apresentando composições variando de sienoa monzogranitos leucocráticos, porfiríticos a porfiro-clásticos e com fenocristais zonados de feldspatospotássico em matriz de granulação média a grossa.

O Ortognaisse Cinza Cachoeirinha (7) corres-ponde a um corpo de ortognaisse, localmente migma-títico, cinza escuro a cinza rosado, inequigranular, degranulação média a grossa, composição monzogranítica,apresentando um destacado bandeamento gnáissicodefinido pela alternância de leitos rosados dominadopela presença de feldspato potássico, plagioclásio equartzo e leitos escuros lepdoblásticos.

O Anfibolito Indiavaí (8) ocorre na região de

Jauru e afloram sob a forma matacões ou comoextensas faixas. São constituídas essencialmente porolivina gabros e gabro que exibem estruturas levementefoliadas, granulações médias a grossa e cor verdeescura (Ruiz, 2005; Ruiz et al., 2005).

O Anfibolito Canaã (9) trata-se de um corpointrusivo subcircular, composto por gabros meta-morfisados, associado ao Complexo Metavulcano-Sedimentar Alto Jauru, situados no Domínio Jauru(Ruiz, 2005; Ruiz et al., 2005). Estas rochas sãoconstituídas por hornblenda anfibolitos de granulaçãomédia a grossa, apresentando-se foliados a localmentebandados, definidos pelo destaque dado pela presençadas bandas claras de plagioclásio. Às vezes estesbandeamentos gnáissicos mostram-se dobradossuavemente.

O Diabásio Salto do Céu (10) faz parte da SuíteIntrusiva Básica Rio Branco localizado na região domunicípio de Rio Branco a 300 km de Cuiabá-MT. Estaunidade litológica encontra-se restrita no extremonordeste do Granito Rio Branco. São rochas porfiríticasde matriz fina de coloração preta, apresentandofenocristais de labradorita/andesina com dimensõesmaiores ou iguais a 8 cm e uma fase de dimensõesmenores ao redor de 2 cm. Apresentam comumenteformas tabulares subédricos ou ovalados e comtonalidades amarelo-esverdeadas devido a intensaepidotização (Araújo, 2008).

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA

As análises geoquímicas foram realizadas noLaboratório de Geoquímica do Departamento dePetrologia e Metalogenia /IGCE/UNESP e serão discu-tidas quanto ao padrão de distribuição dos elementosmaiores enumeradas na Tabela 2, e dispostas em gráficosna Figura 3.

Os teores de SiO2 (Figura 3A) dos granitos e movi-mentados vermelhos mostram-se elevados, estão nointervalo de 70 a 75%, dos cinzas no intervalo entre 65 e74% e dos pretos com características máficas no inter-valo entre 47 e 50%. Os maiores teores de SiO2 refletemdiretamente na menor resistência ao desgaste abrasivo.

TABELA 2. Valores das análises geoquímicas de elementos maioresdas rochas da região sudoeste do Estado do Mato Grosso.

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FIGURA 3. Diagramas de geoquímica para elementos maiores das rochas da região sudoeste do Estado Mato Grosso.

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A porcentagem TiO2 (Figura 3B) é variável, masapresenta-se mais elevada, para os litotipos decomposição ácida vermelhos e cinza, sendo que osvalores no diabásio e anfibolito apresentam-se maiselevados devido às maiores quantidades de mineraisacessórios, como titanita e rutilo. A presença destesminerais pode refletir no processo de alterabilidadefreqüente destes minerais e, conseqüente manchamentoavermelhado e pontual das placas de revestimento.

Os teores de Al2O3 (Figura 3C) apresentampequenas diferenças entre as diversas variedades,sendo que as rochas do Granito Sararé mostramvalores elevados, mesmos constituindo rocha pobre embiotita, mas apresentando na sua composição a mus-covita. Os demais tipos vermelhos e cinza refletemseus elevados teores em função direta das porcentagensde biotitas. Os valores mais elevados nas rochas má-ficas encontram-se diretamente relacionados à maiorporcentagem de hornblenda.

Os altos valores de alumínio refletem a presençade rochas mais enriquecidas em biotita e consequen-temente na menor resistência e maior alterabilidadedos tipos estudados, especialmente se submetidos àssubstâncias com pH muito ácido ou muito básico.

Quanto ao Fe2O3 (Figura 3D) encontram-secorrelacionados com à presença de minerais máficos(biotitas e/ou hornblendas) e de minerais opacos

(magnetita e ilmenita), consequentemente estes litotiposapresentam menor valor de resistência ao desgaste emaior efeito de alterabilidade que possibilitaria na maiorfacilidade de manchamento ao ataque de líquidosagressivos ou mesmo ao ataque intempérico. A relaçãode valores mais elevados de minerais de Fe, espe-cialmente os minerais opacos, propicia a geração dehidróxidos de Fe, quando em ambientes úmidos,podendo ocorrer o aparecimento de manchas averme-lhadas ou amareladas, fenômeno esse acompanhadode expansão volumétrica.

Os valores mais elevados de CaO e MgO (Figuras3E e 3F) estão diretamente correlacionados com apresença de anfibólios e minerais secundários comoclorita e epidoto, resultando em maiores efeitos demenor resistência e maior alterabilidade.

Os teores de Na2O (Figura 3G) e de K2O (Figura3H) para as rochas ácidas vermelhas e cinzas são altos,apresentando pequenas diferenças entre vários litotiposestudados e encontram-se diretamente correlacionadosàs rochas com elevados teores de SiO2 e Al2O3,portanto estes valores para as rochas básicas sãobaixos.

As variações de MnO (Figura 3I) apresentamvalores pouco expressivos nas rochas analisadas nãocausando portanto grandes interferências nos ensaiosfísico-mecânicos.

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA

Para a caracterização tecnológica das rochasforam realizados os principais ensaios para a deter-minação das propriedades físicas e mecânicas, obede-cendo aos procedimentos normativos apresentados pelaABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)e ASTM (American Society for Testing and Materials).As análises foram realizadas no Laboratório de RochasOrnamentais do Departamento de Petrologia eMetalogenia do Instituto de Geociências e CiênciasExatas da UNESP e encontram-se relacionadas naTabela 3 e dispostas em gráficos na Figura 4. Paracomparação dos dados obtidos em laboratório foramutilizados os valores limítrofes para as rochas graníticasestabelecidos pela norma C-615 da ASTM (1992) e ossugeridos (Frazão & Farjallat, 1995).

Os ensaios de índices físicos, de massa específicaaparente, porosidade e absorção d’água aparente foramexecutados segundo a norma NBR 12766 (ABNT,1992a. Os resultados dos ensaios tecnológicos de massaespecífica aparente seca (Figura 4A) e saturada(Figura 4B) apresentam-se bastante próximos entreos tipos graníticos, mas individualizam um crescimentodas unidades mais silicosas e composicionalmente

homogêneas, tipos Sararé, Rio Branco e Nova Lacerdapara as unidades gnáissicas vermelhas e foliadascinzas, razão da maior presença de minerais máficos edensos. O acréscimo deste parâmetro é verificado nostipos preto em função da mineralogia máfica dominante.

A absorção d’água (Figura 4C) e a porosidadeaparente (Figura 4D) dos tipos analisados apresentamvalores bastante variáveis, refletindo a forma, contatosdos minerais e a granulação, além da anisotropia de partedas amostras. Os tipos Sararé e Nova Lacerda ultrapas-sam os valores limites sugeridos por (Frazão & Farjallat,1995); estes valores elevados refletem a granulaçãogrossa, além da presença de argilo-minerais, necessi-tando, portanto de cuidados especiais, principalmente aoataque de líquidos agressivos, que devido à alta absorçãopotencializam processos de alteração e manchamento,com redução estética da placa. Valores levementesuperiores aos demais, mas dentro dos limites sugeridos,para a amostra do Anfibolito Canaã encontra-sediretamente vinculados à foliação gnáissica proeminente.

Os valores de resistência à compressão uniaxialsimples (Figura 4E), obtidos segundo a norma NBR12767 (ABNT, 1992b) apresentam índices superiores

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ao sugeridos por (Frazão & Farjallat, 1995) para quasetodo o grupo de rochas analisadas. O valor inferior aosugerido para o tipo Indiavaí Cinza é razão do altomicrofissuramento e granulação mais elevada eencontra-se diretamente correlacionado ao alto valor deporosidade e baixo de resistência à flexão. Os valoresbaixos obtidos para as rochas com textura porfirítica, aexemplo o Diabásio Salto do Céu encontram-sediretamente correlacionados à porcentagem, tamanhose aos planos de clivagem dos fenocristais. De modogeral todas as rochas analisadas demonstram boaresistência mecânica, o que permite qualificá-las comoadequadas para uso com funções estruturais.

Os valores de resistência à flexão 3 pontos foramefetuados segundo a norma NBR 12763 (ABNT,1992c). Os valores de resistência à flexão três pontos(Figura 4F) apresentam resultados dentro do padrãodesejado, mas não muito elevados, encontrando-se paraalgumas amostras valores inferiores ao limite sugeridopor (Frazão & Farjallat, 1995) e para os limitesestabelecidos pela norma ASTM C 615, (>10,34 MPa),como os obtidos para as amostras dos Ortognaissesvermelhos, Granito Nova Lacerda, Anfibolito Canaã eo Diabásio Salto do Céu. Estes valores baixos estãodiretamente relacionados à intensidade da foliaçãopresente e à heterogeneidade da granulação dasamostras, a exemplo, o diabásio megaporfirítico.

Os valores dos ensaios de desgaste abrasivoAmsler (Figura 4G) realizados segundo a norma NBR12042 (ABNT, 1992d) apresentam valores de des-

gastes próximos ao máximo sugerido por (Frazão &Farjallat, 1995), e apresentando para todas as amostrasparâmetros bem semelhantes, em razão da composiçãorica em quartzo das amostras. A exceção ocorre notipo Indiavaí Vermelho que acentua um pouco mais odesgaste em razão da presença da marcante foliaçãoe da presença mais acentuada de máficos como biotitae hornblenda. Os maiores valores de desgaste para oGranito Nova Lacerda e os anfibolitos (Indiavaí eCanaã) refletem-se diretamente pela menor porcen-tagem de quartzo, e/ou a foliação mais acentuada e,finalmente, a maior presença de minerais máficos. Omelhor parâmetro obtido entre as rochas pretas para oDiabásio Salto do Céu é atribuído à presença maisacentuada de plagioclásio como fenocristais.

Os valores da velocidade de propagação das ondasultra-sônicas (Figura 4H) obtidos com base na normaD2845 (ASTM, 1990) apresentam resultados iguais eacima do valor limítrofe mínimo estabelecido por(Frazão & Farjallat, 1995). Os menores valores depropagação estão diretamente relacionados, ou com amaior granulação da rocha ou com o maior grau deanisotropia do material rochoso.

As determinações do coeficiente de dilataçãotérmica linear (Figura 4I) mostram que os parâmetrosanalisados situam-se dentro dos limites freqüen-temente utilizados como referência e variam entre5,3 e 6,2 (10-3 mm/m ºC) e dessa forma apontam paraum bom desempenho dessas rochas como material derevestimento.

TABELA 3. Resultados dos ensaios físico-mecânicos das rochas da região sudoeste do Estado Mato Grosso.

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FIGURA 4. Diagramas de distribuições dos ensaios tecnológicos das rochas do sudoeste do Estado de Mato Grosso.

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CARACTERIZAÇÃO AO ATAQUE QUÍMICO

Analisando-se o conjunto de dados observa-se quetodas as soluções usadas no ataque químico a estasrochas, afetaram em maior ou menor grau o polimentodas mesmas. Todavia, as substâncias que demons-traram maiores agressividades ao ataque foram o ácidoclorídrico e o ácido cítrico (Quadro 1).

Quando comparados no Quadro 2 os efeitos doácido clorídrico com os do ácido cítrico, é possívelafirmar que o poder corrosivo do ácido clorídrico ébem maior, indicando cuidados quanto à utilização de

produtos que possuam esse ácido. Entretanto, diantedos resultados, recomenda-se que os cuidados quantoà limpeza e à manutenção devam ser realizadosutilizando-se apenas um pano úmido com sabão neutrodiluído. Ainda que os granitos estudados mostrem-serelativamente resistentes, todas as substâncias químicasempregadas nos testes (normalmente contidas nosprodutos de limpeza de uso diário) apresentaram algumpoder agressivo sobre estas rochas, principalmente notocante aos ácidos e aos hidróxidos.

QUADRO 1. Classes de resistência ao ensaio ao ataque químico (modificado de Meyer, 2003).

QUADRO 2. Avaliação (classe de resistência), aos ataques dos reagentes, causadas pela ação das substânciasquímicas, utilizadas no ensaio de envelhecimento acelerado, sobre as rochas do sudoeste do Estado de Mato Grosso.

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CONSIDERAÇÕES

O comportamento dos aspectos petrográficos equímicos versus tecnológicos, exibido pelas rochasestudadas, permitem considerar que todos os materiaissão indicados para utilização como rochas ornamentaise para revestimento em obras civis. Contudo, devidoàs feições petrográficas e comportamento físico-mecânico distintos das rochas em razão dos (aspectosmineralógicos, texturais e estruturais), esses materiaisapresentam desempenho funcional distinto para umamesma solicitação, devendo-se observar as recomen-dações identificadas.

Quanto aos aspectos mineralógicos as variedadesgraníticas compostas predominantemente por feldspatopotássio, plagioclásio e quartzo representam rochascom baixa/moderada absorção d’água e porosidade,com boa resistência mecânica (compressão uniaxial eflexões 3 pontos) e alta de resistências ao desgasteabrasivo, fatos estes atribuídos às texturas média/grossa e à maior porcentagem em quartzo, o quepermite a aplicação dessas rochas em ambientes dealto tráfego.

Para os gnaisses e principalmente para os anfibo-litos que apresentem valores mais elevados de porosi-dade e presença marcante de hornblenda é necessáriocuidado especial principalmente no que se refere aoseu uso externo e ao ataque de líquidos agressivos que,devido à alta absorção, potencializam os processos dealteração e manchamento, com redução da qualidadeestética da placa. A presença de minerais alteráveis (aex., hornblenda) em condições ambientais naturais ouquimicamente sensíveis a produtos industriais delimpeza poderá afetar as características estéticasiniciais das pedras, bem como reduzir sua vida útil comorevestimento, e propiciar maior capacidade de absorçãod’água, com a conseqüente diminuição da resistênciamecânica da rocha.

As rochas máficas, pelos baixos teores de quartzo,devem ser observadas com algumas restrições, comoa utilização para pisos internos em ambientes de altotráfego ou sujeitos à emissão de poeira, os tipos maisescuros, devem ser evitados nestas situações pelatendência que apresentam em realçar a perda de brilho,devido à baixa resistência ao desgaste.

As rochas que apresentam maiores teores deminerais máficos (biotitas e/ou hornblendas), mineraisopacos (magnetita e ilmenita) e minerais acessórios(titanita e rutilo) podem refletir no processo dealterabilidade frequente destes minerais e, consequentemanchamento avermelhado e amarelado pontual dasplacas de revestimento, geralmente seguido deexpansão volumétrica.

As transformações pontuais de minerais máficos

e mais raramente dos feldspatos podem ocorrer ouintensificar quando da aplicação de algumas destasrochas em ambientes úmidos internos ou externos.Ressalta-se apenas a observação da presença ou nãode cavidades provenientes de alteração nos tipos, equando constatada, deve a rocha ser impermeabilizadacom produtos adequados, disponíveis no mercado,valorizando o material.

Quanto aos aspectos texturais das variedadesgraníticas, a granulação dominantemente porfirítica,provoca, com ressalvas, o desgaste diferenciado emrelação à resistência apresentada entre os feldspatospotássico e a matriz dos minerais da rocha. O desgasteapresenta-se mais acentuado nos tipos megaporfiríticose com maiores porcentagens de fenocristais, merecendo,portanto, cuidados em áreas de alto tráfego e estudosde resistência mais acentuados na utilização comorevestimento de fachadas, pois provoca uma diminuiçãonas propriedades físico-mecânicas da rocha.

Para os tipos porfiríticos e os de granulaçãoheterogênea e que apresentam baixos valores de módulode ruptura, é necessário o controle do possívelaparecimento de porções onde a alteração e o desgastemineral é mais intenso, para que medidas mitigadoras,como a impregnação com resina reduzam ou cessema porosidade desses pontos, fator importante, mas quenão chega a desqualificar o uso dessa rocha comomaterial de revestimento. Salienta-se também aimportância para a realização de estudos adequadosvisando o dimensionamento das placas pétreasdestinadas a essa finalidade, posto que as rochas oraanalisadas, em função da textura porfirítica eheterogênea, apresentam baixos valores de módulo deruptura. Outro fator importante para as rochas comgrandes diferenças granulométricas, a ex. as megapor-firíticas, é poderem caracterizar diferentes graus dealterabilidade potencial diante de líquidos agressivos.

Os aspectos estruturais a anisotropia é um fatorrelevante na diversificação da resistência que a rochaoferece em diferentes planos de corte aos esforços aque é submetida. Essa diferença é marcante em rochasfoliadas ou com planos estruturais bem definidos,condicionada pela orientação das estruturas internasou pela presença de descontinuidades, tais comoorientação preferencial de minerais e microfraturasocasionando ressalvas na utilização em função daredução da resistência à flexão, o que leva a maiorescuidados quanto ao emprego dessa rocha em reves-timentos verticais externos.

Os baixos valores de módulo de ruptura, comunsem rochas porfiríticas, se deve principalmente aocaráter grosseiro e inequigranular dessas rochas,

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havendo influência significativa do microfissuramentoe planos de clivagem dos fenocristais de feldspatos.

Uma solução tecnológica simples, mas não dese-jável, para um aumento da resistência do material aoesforço mecânico compressivo, é o aumento daespessura das placas e/ou outra solução adotada com

freqüência é a fixação de telas com resinas no tardozdas placas para garantir maior resistência mecânica.Dependendo do tipo de aplicação, garante a resistênciamecânica sem exigir grandes alterações de projeto parao suporte das placas, visto pela massa específica dasrochas analisadas.

CONCLUSÕES

As amostras estudadas apresentam amplavariação de litotipos, representando diferentes padrõesestéticos, que incluem “granitos” (granitos e diabásios)e “movimentados” (gnaisses migmatíticos e anfibolitos)vermelhos, cinzas e pretos oriundos de regiões distintasdo sudoeste do Estado do Mato Grosso as quaisapresentam aspectos composicionais, texturais eestéticos favoráveis à utilização como rochas ornamen-tais e para revestimento.

As características químicas dos tipos rochososestudados estão dentro dos padrões normais, atuandono controle das propriedades físico-mecânicas dasrochas em razão da mineralogia presente, possibilitandoainda correlacioná-las à distribuição dos minerais detransformação ou de alteração, permitindo assim aadequada identificação e tipificação das variedades

estudadas, evitando designações genéricas e muitasvezes incorretas.

Do ponto de vista tecnológico, os materiaisgraníticos analisados apresentam bons resultados, o quesugere as suas aplicações em ambientes internos eexternos como elemento de revestimento de pisos oufachadas, observando possíveis restrições reco-mendadas.

Os valores dos parâmetros mineralógicos, petro-gráficos e fisico-mecânicos encontram-se próximos eàs vezes superiores aos valores médios e obedecemsatisfatoriamente aos padrões limítrofes fixados pelanorma C615 (ASTM, 1992) e os sugeridos por (Frazão& Farjallat, 1995) para granitos utilizados emrevestimento, quer para ambientes internos quer paraexternos.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao apoio financeiro do CNPq (Proc. 47.6258/2003-0) e METAMAT.

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Manuscrito Recebido em: 1 de setembro de 2009Revisado e Aceito em: 6 de novembro de 2009