rochas ornamentais 2

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 1 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO DE AGA DEAAE DE GECCA C DE GEGA   Avaliação Qualitativa das Metodologias de Lavra Utilizadas na Extração de Rochas Ornamentais no Município de Santo Antônio de Pádua - RJ /2009

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Rochas Ornamentais

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  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

    INSTITUTO DE AGRONOMIA

    DEPARTAMENTO DE GEOCINCIAS

    CURSO DE GEOLOGIA

    Ttulo do Trabalho

    Avaliao Qualitativa das Metodologias de Lavra Utilizadas na Extrao

    de Rochas Ornamentais no Municpio de Santo Antnio de Pdua - RJ

    Nome do Aluno

    Brunno Muniz Costa

    -

    Nome do Orientador

    Lucio Carramillo Caetano

    Julho/2009

    Obra para Consulta

  • 2

    Agradecimentos

    Este o momento em que certamente cometerei as maiores injustias. Alis, nunca se consegue agradar a todas as partes. Por isso no ter primeiramente e nem por finais. Todos citados aqui so de igual importncia em minha vida, no s acadmica, mas na que eu considero mais importante, a minha vida social, o meu crescimento como pessoa.

    Mame, que sempre com seu imenso senso de humor (?) me ajudou a ir e vir durante essa vida. Meu pai, meu irmo e at minha irm que eu no sei no que me ajudou mas eu acho interessante cit-la. brincadeira. Minha famlia como um todo, que sempre esteve disposta a ajudar.

    Meus amigos aos quais eu sempre dei muito, mas muito valor, e espero que eles compreendam isso, s vezes sendo at chato (, eu sou chato) e injusto com eles ou com outros muito prximos. s vezes sendo at condenado por eu manter essa conduta com meus amigos, sempre estando disposto a eles. Nunca me arrependi. Por vezes me magoei sim, mas tambm INCONTVEIS foram as vezes em que me fizeram sorrir. Bom ou ruim, a tudo chamo de aprendizado. E isso que vale na vida. Viver e aprender. Bruna, Camila, Aline, Filippe... totalmente injusto citar nomes. galera da Repblica Havaiana, com quem convivi anos, um abrao e um muito obrigado, porque eles sabem at hoje como bom aquela Repblica lotada de moradores e de histrias, algumas vezes com um pouco de mentirinha.

    galera do 415 SURPREENDENTEMENTE a qual me ambientei incrivelmente bem e tambm me receberam muito bem. Est sendo um perodo maravilhoso e super engraado conviver com vocs, com toda nossa organizao, todo esse barulho, esse paraba chato, essa galera maluca. O futebolzinho noite, e at no bandeijo a gente se diverte (P! Vinagre na comida dos outros brincadeira hein?). Alm desses fatores, entenda-se por 415: Patolino (Rodrigo), Beb (Gabriel), Somlia (Felipe), amarelinho (Gabriel), Bal (Rodrigo), Evelyn (agregada), Arekipa (Pablo), Coqueiro (Augusto), Veimar. E agora: Xereps (Renato), Mendigo (Renan), ET ou Latino (Tiago), Lampio (Francisco). Agradec-los por terem me recebido no quarto de portas abertas.

    Ao amigo Coqueiro (em memria), que no est mais presente, mas que quem conheceu, tenho certeza de que nunca se esquecer. Que ele esteja com Deus, a quem tambm agradeo tudo, apesar de muitos no acreditarem em minha crena.

    Ao pessoal de Nilpolis, e no s de l mas como de todo o CEFET Qumica de Nillpolis, (professores, amigos...) que tambm me ajudaram a superar alguns sentimentos, mesmo minha vida j estando presente na Rural.

    Foram 5 anos e meio de muita felicidade mas tambm de muitos conflitos, internos principalmente, nos quais todos me ajudaram a combater.

    Obra para Consulta

  • 3

    Ao meu orientador Lucio que com uma alegria sempre intocvel e inconfundvel me guiou nessa jornada chamada monografia, e Professora Cludia que tambm me estendeu a mo.

    A geloga Rosana Copped Silva pelo grande apoio, incentivo e colaborao.

    Ao meu co, Sadan e minha gata, Morena. Por que no? Adoro esses bixos. Opa, perdo. Bichos. Fora do hbito.

    Rural, que sem dvida me deu momentos inesquecveis, e tenho certeza, ainda me trar muito mais sentimentos maravilhosos.

    A todos, citados aqui ou no. Um muito obrigado.

    Obra para Consulta

  • 4

    SUMRIO

    Agradecimentos I

    1 INTRODUO 1 2 OBJETIVO 2

    3 LOCALIZAO 3 4 - METODOLOGIA 4

    4.1 Reviso Bibliogrfica 4

    4.2 Anotaes em sala de aula 4

    4.3 Visita as Extraes de Rochas em Santo Antnio de Pdua e a Pedreira Raio de Sol

    4

    5 Consideraes a Respeito do Mercado de Rochas Ornamentais 5

    5.1 Principais Usos das Rochas Ornamentais 6

    5.2 Panorama Mundial e Nacional das Rochas Ornamentais 6

    5.3 A Regio de Santo Antnio de Pdua 7

    6 Aspectos Geolgicos 8

    6.1- Geologia Regional 8

    6.1.1 - Geologia do Estado do Rio de Janeiro 8

    6.1.2 - Tectnica do Estado do Rio de Janeiro 9

    6.2 - Geologia Local 10

    6.2.1- Unidade Santo Eduardo 10

    Obra para Consulta

  • 5

    6.2.2 - Unidade Bela Joana 11

    6.2.3- Leptinitos Serra das Frecheiras 11

    6.2.4 - Ortognaisses com Biotita e Diques Mficos 11

    6.2.5 - Evoluo Tectnica em Santo Antnio de Pdua 12

    7- Mtodos de Lavra para Rochas Ornamentais 13

    7.1- Introduo 13

    7.2- Mtodos de Lavra 14

    7.2.1- Lavra por Bancadas 14

    7.2.1.1- Bancada Baixa 14

    7.2.1.2- Bancadas Altas 15

    7.2.2- Lavra por desabamento 15

    7.2.3- Lavra de Mataces 16

    7.2.4- Lavra Subterrnea 16

    7.3- Tecnologias de Corte 16

    7.3.1- Fio Helicoidal 17

    7.3.2- Fio Diamantado 18

    7.3.3- Cortadeira Corrente 20

    7.3.4- Cortador Corrente Diamantada 20

    7.3.5- Jato dgua de Alta Presso Water Jet 20

    7.3.6- Chama Trmica Flame Jet 21

    7.3.7- Perfurao Contnua 21

    7.3.8- Perfurao Percussiva 22

    Obra para Consulta

  • 6

    7.3.9- Desmonte com Carga Explosiva 22

    7.3.10- Diviso Mecnica Atravs de Cunhas 23

    7.3.11- Diviso Atravs de Agentes Expansivos 24

    8 - Metodologias e Tecnologias Utilizadas em Santo Antnio de Pdua

    25

    8.1- Mtodo de Lavra 25

    8.2- Tecnologias de Extrao 25

    8.3- Sugestes 26

    9 - Reaproveitamento de Resduos Slidos Das Rochas Ornamentais

    28

    9.1 - Obteno de Tijolos 28

    9.1.2- Mtodos de Anlise dos Minerais 28

    9.1.3- Resultados 29

    9.2 - Obteno de Brita 29

    9.2.1 - Dilatao Trmica 30

    9.2.2 - Dureza Knoop 30

    9.2.3 - Desgaste Amsler 30

    9.2.4 - ndices Fsicos 30

    9.2.5 - Resistncia Compresso 31

    9.2.6 - Resultados 31

    9.3 - Aplicao na Indstria de Papel 31

    Obra para Consulta

  • 7

    10 - MEIO AMBIENTE 33

    10.1 - Aspectos ambientais de Santo Antnio de Pdua 33

    10.1.2 - Vegetao 33

    10.1.3 - Clima 33

    10.1.4 - Hidrografia 33

    10.1.5- Geomorfologia 34

    10.2- Desmatamento e Abertura de Cava Inicial 34

    10.3- Fauna 35

    10.4 - Armazenamento de leo 35

    10.5 - Sistema de Esgoto 36

    10.6- Sugestes 36

    11- Anlise dos Impactos Ambientais 37

    11.1- Introduo 37

    11.2- Impactos Ambientais 37

    11.2.1- Impactos no Meio Antrpico 39

    11.3- Sugestes para Amenizar Impactos Ambientais 39

    12- Situao Educacional e Perfil Cultural em Santo Antnio de Pdua

    40

    13 Sociedade, Legislao e a Extrao Mineral em Santo Antnio de Pdua

    42

    14 - Concluses 46

    15 - Bibliografia 48

    Obra para Consulta

  • 8

    Lista de Figuras

    Figura 1 Mapa de Localizao do Municpio de Santo Antnio de

    Pdua

    3

    Figura 2 Participao dos Estados na Produo Nacional de

    Rochas Ornamentais e de Revestimento

    7

    Figura 3 Mapa Geolgico do Municpio de Santo Antnio de

    Pdua

    10

    Lista de Fotos

    Foto 1 Alterao da Paisagem 34

    Foto 2 Rejeitos Acumulados indiscriminadamente e sem

    Tratamento

    37

    Foto 3 Rejeitos Depositados Aleatoriamente em Ambiente

    Urbano

    38

    Obra para Consulta

  • 9

    1- Introduo

    O presente trabalho visa descrever as tcnicas de extrao de rochas ornamentais em Santo Antnio de Pdua (RJ) e suas conseqncias tanto para o aproveitamento econmico do material de interesse quanto para o meio ambiente e sociedade local.

    Segundo informaes da ABIROCHAS (2009), do ponto de vista comercial, as rochas ornamentais e de revestimento se classificam em granitos e mrmores, correspondendo a 90% da produo mundial, enquanto que ardsia, quartzito, pedra sabo, serpentinitos, basaltos e conglomerados naturais, se destacam setorialmente. Estas so tambm designadas pedras naturais, rochas lapdeas, rochas dimensionais e materiais de cantaria, abrangendo blocos que podem ser extrados em blocos ou placas, possibilitando cortes variados, e beneficiamento por meio de esquadrejamento, polimento, lustro, entre outras.

    Obra para Consulta

  • 10

    2 - Objetivo e Justificativas O objetivo da presente proposta avaliar qualitativamente as metodologias de lavra utilizadas na extrao de rochas ornamentais em Santo Antnio de Pdua, levando em considerao o elevado ndice de perda de minrio, bem como de degradao ambiental provocada pela minerao, e as possibilidades de acidentes envolvendo os funcionrios da pedreira.

    Obra para Consulta

  • 11

    3 - Localizao

    Partindo da cidade do Rio de Janeiro, seguir pela Linha Vermelha at a sada da Rod. Washington Luis (ou Rio - Juz de Fora), BR 040. Entrar direita na Rio Terespolis (BR 116) at o municpio de Alm Paraba (j no estado de MG). Pegar a Rod. Lcio Meira (BR 393) at o municpio de Pirapetinga (MG). De l, continuar pela RJ 186 (Pirapetinga Bom Jesus) at o centro do municpio de Santo Antnio de Pdua.

    Na figura 1 mostrada a localizao do municpio de Santo Antnio de Pdua (cidadedoriodejaneiro.com.br. acessado em 26/06/2009)

    Figura 1: Mapa de localizao do municpio de Santo Antnio de Pdua

    Obra para Consulta

  • 12

    4 Metodologias

    Neste capitulo ser descrita a Metodologia utilizada para elaborao do trabalho

    4.1 - Reviso Bibliogrfica

    A partir da pesquisa bibliogrfica foi possvel traar uma evoluo quanto aos mtodos de lavra utilizados em uma jazida, com nfase em aplicaes na pedreira Raio de Sol, localizada no municpio de Santo Antnio de Pdua.

    A pesquisa bibliogrfica envolveu publicaes a respeito de legislao mineral, ambiental, e de recursos hdricos, bem como de assuntos voltados s cincias sociais.

    4.2 Anotaes em Sala de Aula

    Durante o ano letivo de 2008 foram anotados diversos dados divulgados em sala de aula, nas disciplinas de Legislao Mineral e Ambiental e Mtodos de Lavra.

    4.3 - Visita s Extraes de Rochas em Santo Antnio de Pdua e Pedreira Raio de Sol

    A visita s extraes de rochas no municpio de Santo Antnio de Pdua e Pedreira Raio de Sol permitiu observar como realizado o aproveitamento da jazida levando em conta perdas e ganhos no material de interesse durante sua extrao.

    A observao das tcnicas de extrao e corte aplicados localmente permitiu a comparao de algumas metodologias de lavra utilizadas para extrao do material encontrado na regio.

    A visita possibilitou tambm observar a forma de alocar os rejeitos e o trabalho dos funcionrios.

    Obra para Consulta

  • 13

    5 Consideraes a Respeito do Mercado de Rochas Ornamentais

    O mercado de rochas ornamentais compreende os mrmores, granitos e outras rochas de revestimento, de acordo com conceituaes comerciais1:

    Mrmore rochas calcrias ou dolomticas, sedimentares ou metamrficas que possam receber desdobramento, seguido de polimento, apicotamento ou flameamento.

    Granitos qualquer rocha no calcria ou dolomtica, que apresenta boas condies de desdobramento, seguida de polimento, apicotamento ou flameamento.

    Rochas de revestimento engloba outros materiais de revestimento na construo civil, no sujeitos a processo industrial de desdobramento de blocos, tais como: ardsias, arenitos, basaltos, gnaisses, quartzitos, serpentinitos, alm de outras passveis de serem extradas j em forma laminada ou que sejam utilizadas em revestimento independente da mencionada forma.

    Tanto as caractersticas tecnolgicas quanto as previses do seu desempenho em servio, so obtidas atravs de anlises e procedimentos realizados segundo normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT, ou estrangeiras, como a American Society for Testing and Materials, entre outras.

    Ainda, segundo as normas da ABNT, trs aspectos principais so considerados:

    ndices de qualidade; Parmetros utilizados nos clculos de materiais para a construo civil e; Especificaes fixadas para os diversos tipos de emprego das rochas.

    A qualidade e desempenho das rochas esto baseadas em:

    Presena de minerais alterados ou alterveis, friveis ou solveis; Capacidade de absoro de gua; Porosidade; Resistncia ao impacto e; Resistncia flexo.

    No setor de rochas ornamentais, pressupe-se que atendendo a trs condicionantes primrios haver xito no aproveitamento econmica da jazida. So eles: cor, esttica e disponibilidade, fatores estes que o mercado mostra serem bsicos e confiveis para sua viabilidade.

    1 No presente trabalho as referncias estaro voltadas para a conceituao comercial das rochas ornamentais.

    Obra para Consulta

  • 14

    5.1 - Principais usos das Rochas Ornamentais

    Dentre as diversas reas de utilizao, destacam-se:

    Revestimento externo; Revestimento interno; Pavimentao (pisos); Arte fnebre e religiosa e; Projetos arquitetnicos gerais.

    5.2 - Panorama Mundial e Nacional das Rochas Ornamentais

    Segundo CETEM/ABIROCHAS (2001), h no cenrio mundial de rochas ornamentais aqueles pases que se destacam. Podem ser divididos em trs grupos:

    Os produtores sobretudo de material bruto (no qual o Brasil se inclui) Os predominantemente consumidores, com grande potencial para importar produtos

    acabados E os produtores/consumidores com tradio formal no setor e historicamente exportadores

    de produtos beneficiados.

    A Itlia ganha destaque, liderando entre os maiores produtores, como o pas mais importador de material bruto, maior consumidora per capita e maior exportadora de rochas e tecnologias. O Brasil se mostra como o quarto maior produtor, sobretudo de rochas silicticas brutas (granito2), sendo superado por ndia, frica do Sul e China, respectivamente (DRM, 20093).

    Ainda segundo o trabalho realizado pelo CETEM/ABIROCHAS (2001), o setor brasileiro de rochas ornamentais movimenta cerca de U$ 2,1 bilhes ao ano, gerando cerca de 105 mil empregos diretos em cerca de 10.000 empresas. A extrao brasileira de rochas totaliza 5,2 milhes de toneladas ao ano, tendo Esprito Santo, Minas Gerais e Bahia correspondendo a 80% da produo nacional. O estado de Minas Gerais responsvel pela maior diversidade de rochas extradas (granitos, ardsias, quartzitos). (ABIROCHAS, acessado em 24/06/2009)

    2 Nome comercial

    3 http://www.drm.rj.gov.br/panorama.htm, acessado em 23 de junho de 2009.

    Obra para Consulta

  • 15

    Figura 2 - Participao dos Estados na produo nacional de rochas ornamentais e de revestimento (ABIROCHAS/2001)

    5.3 A Regio de Santo Antnio de Pdua

    Segundo informaes coletadas no DRM4, as regies norte e noroeste fluminense do estado do Rio de Janeiro apresentam grande potencial mineral, com distribuio litolgica das rochas ornamentais na regio incidindo em 266 reas, com caractersticas desde cores claras a escuras, com granulao variando de fina a grossa.

    O municpio de Santo Antnio de Pdua o principal produtor de rocha para revestimento do Estado do Rio de Janeiro, sendo Olho de Pombo, Pinta Rosa, Granito Fino e Pedra Madeira seus principais minrios. Estes produtos so extrados de gnaisses milonticos.

    A principal caracterstica que acompanha as rochas dessa regio a presena de planos bem definidos (foliao), que permite desplacamento manual das rochas produzindo os blocos, placas e lajes que so comercializados.

    4 http://www.drm.rj.gov.br/potencial.htm, acessado em 26 de junho de 2009

    Obra para Consulta

  • 16

    6 - Aspectos Geolgicos

    Este captulo tem por objetivo descrever as caractersticas geolgicas do estado do Rio de Janeiro visando um breve enfoque sobre a geologia da rea estudada.

    6.1- Geologia Regional

    O estado do Rio de Janeiro localiza-se no sudeste brasileiro cuja regio marcada por embasamento pr-cambriano, afetado por eventos termotectnicos dos Ciclos Transamaznico e Brasiliano (Hasui & Oliveira, 1984 in Silva, 1999), podendo estes serem representados pelo Cinturo Ribeira, ou mesmo pela Faixa Mvel Ribeira, tectnicas que afetaram esse embasamento mais antigo.

    A evoluo da Faixa Ribeira divide-se em dois eventos tectnicos principais, no qual o primeiro refere-se a um evento tangencial, tendo como conseqncia um cavalgamento dos blocos superiores para WNW (e.g. Heilbron, 1990; Ebert et al, 1991 in Silva, 1999), e o segundo evento caracterizado pelo desenvolvimento de um sistema de zonas de cisalhamento transcorrentes destrais, retrabalhando a trama que se criou no evento tangencional. Este evento trata-se de uma das mais importantes feies estruturais do Cinturo Ribeira, atingindo cerca de 1.000 km do Rio de Janeiro at o Paran.

    6.1.1- Geologia do Estado do Rio de Janeiro

    Fonseca (1998), in Caetano 2005, explica que, o estado do Rio de Janeiro formado em sua maior parte por terrenos metamrficos de alto grau, de idade Arqueana e Paleoproterozica. O Complexo da Regio dos Lagos, com migmatitos tanto homogneos quanto heterogneos, granitides deformados, idade Paleoproterozica, e o Po de Acar de formao ortognissica, fazem parte desses terrenos. A parte metassedimentar do Complexo So Fidlis-Po de Acar est ligada ao Neoproterozico, formada durante a Orognese Brasiliana, esta que responsvel por importante granitognese que produziu corpos de dimenses batolticas e ainda corpos granitides, porm menores, distribuindo-se principalmente no Bloco Crustal Serra dos rgos.

    Ainda segundo Fonseca (1998) in Caetano 2005, os granitides tonalticos Serra dos rgos so considerados como tendo carter intrusivo sin-orognico baseado em sua homogeneidade composicional (granada/hornblenda-biotita-gnaisse grantico a granodiortico), nas evidncias de intruso em seus afloramentos e na presena de textura granular hipidiomrfica preservada.

    Obra para Consulta

  • 17

    Ocorrem como diques, soleiras de vrias escalas e so tardi e ps-cinemticos em relao ao evento termo-tectnico Brasiliano.

    6.1.2- Tectnica do Estado do Rio de Janeiro

    Quanto tectnica do estado do Rio de Janeiro, Fonseca (1998) in Caetano, 2005 a divide em 3 (trs) grandes segmentos crustais, sob critrios estruturais e de arranjamento destas estruturas. So eles representados pelos Bloco de Cabo Frio, Bloco da Serra dos rgos e Bloco ou Segmento das Zonas de Cisalhamento, que apresentam peculiaridades estruturais, magmticas, petrolgicas diversas, no sendo estas necessariamente pertencentes a apenas um nico bloco.

    O Bloco de Cabo Frio marcado pela ausncia de estruturas rpteis de carter regional, grande diversidade estrutural supracrustais, e ausncia de granitognese brasiliana. Em seu limite com o Bloco Serra dos rgos, aparecem zonas de cisalhamento de direo NE-SW, sem se estenderem por todo o limite entre os dois blocos, alinhamento de carter regional, de corpos granitides brasilianos, manifestaes de intensa granitizao, feldspatizao e formao de corpos pegmatticos.

    Obra para Consulta

  • 18

    6.2 - Geologia Local

    A regio de Santo Antnio de Pdua situa-se no limite nordeste da Zona de Cisalhamento Paraba do Sul e da Faixa Ribeira com a Faixa Arau. Subdivide-se em Unidade Santo Eduardo, a qual pertencem as rochas aflorantes (gnaisses granulticos intercalados com gnaisses quartzo-feldspticos), cuja interpretao sugere origem sedimentar, Unidade Bela Joana, e Leptinitos Serra das Frecheiras (Grossi Sad et ali, 1980 in Silva, 1999). O mapa geolgico simplificado do municpio de Santo Antnio de Pdua visto na figura 3.

    Figura 3: Mapa Geolgico do Municpio de Santo Antnio de Pdua, (DRM, acessado em 24/06/2009)

    6.2.1- Unidade Santo Eduardo

    Porcher, 1997 in Silva, 1999, diz que essa Unidade constitui-se principalmente por gnaisses granulticos, de colorao verde acastanhado, e com ocorrncia de piroxnio, podendo tambm ser presenciadas lentes pegmatides com textura oftalmtica e grandes augen de plagioclsio. Sugere-se, no entanto, que estas sejam veios pegmatides, j que ocasionalmente, est levemente oblqua ao bandamento. Hornblenda, biotita e granada so minerais presentes, com a granada aparecendo geralmente sob forma de grandes porfiroblastos alongados.

    Os gnaisses granulticos apresentam bandamento bem definido e irregular, com intercalao de bandas flsicas variando de alguns centmetros a poucos metros, e lentes descontnuas ou bandas contnuas de composio mfica, quando nas pores externas s zonas de cisalhamento

    Obra para Consulta

  • 19

    transcorrente, enquanto que ao longo das zonas esses gnaisses apresentam trama milontica, lentes mficas alongadas pela intercalao de bandas mficas e flsicas, e alongamento de porfiroclastos de plagioclsio e piroxnio. So observadas dobras isoclinais intrafoliais transpostas em diversos afloramentos.

    Intercalados com os gnaisses granulticos, ocorrem tambm na Unidade Santo Eduardo, os gnaisses-feldspticos (granada-biotita-plagioclsio gnaisses e biotita-plagioclsio-K-feldspato gnaisses). Eles so observados geralmente em colorao clara, acinzentadas ou rosadas, com aspecto migmattico estromtico. Sua proporo em relao ao gnaisse granultico aumenta de NW para SE.

    6.2.2- Unidade Bela Joana

    Segundo Porcher, 1997, in Silva, 1999 essa unidade constitui-se de gnaisses charnoquticos de colorao verde-acastanhado, com deformao milontica limitada, observando-se veios mais jovens que cortam esse bandamento, que caracterizado pela homogeneidade, e por bandas mficas e flsicas, com lentes flsicas podendo estar dobradas isoclinalmente ou boudinadas.

    6.2.3- Leptinitos Serra das Frecheiras

    So leptinitos gnissicos flsicos, de colorao rosada a esbranquiada, podendo apresentar lentes mficas. Textura predominantemente fina e equigranular. Sua trama milontica mostra-se bem desenvolvida e com foliao homognea, ao longo da zona de cisalhamento transcorrente. Localmente ocorrem lentes mficas que podem ou no estar estiradas, ou ento marcar dobras isoclinais com charneiras subhorizontal, paralela lineao de estiramento. Correspondem a um pequeno volume da folha mapeada, ocorrendo em corpos pequenos (Porcher, 1997, in Silva, 1999).

    6.2.4- Ortognaisses com Biotita e Diques Mficos

    Esses gnaisses so observados sob colorao cinza, inequigranular, intensidade de deformao varivel, atingindo em algumas situaes, o estgio milontico, foliao marcada pela orientao de biotita e porfiroblastos de feldspato. Sua natureza intrusiva confirmada pelos xenlitos de gnaisse granultico.

    Obra para Consulta

  • 20

    A regio tambm apresenta diques de material bsico no metamorfisado, com colorao esverdeada a cinzenta, trama fina mdia densa, com raras exposies contnuas. Tem entre 500 a 4000 m de extenso e largura inferior a 50 m, e dispostos a N45E. Esses diques so atribudos ao Cretceo- Tercirio do Brasil Meridional (Projeto RadamBrasil,1983 in Silva, 1999).

    6.2.5- Evoluo Tectnica em Santo Antnio de Pdua

    A evoluo tectnica em Santo Antnio de Pdua pode ser dividida em dois eventos principais. So esses:

    O evento de deformao tangencial, que o mais antigo e observado em pores delimitadas pelas zonas de cisalhamento transcorrentes da regio. Eventos que comprovem ser mais antigo que as deformaes transcorrentes, foram reportados por Campos Neto & Figueiredo (1991) e Tupinamb (1993;1995).

    O evento mais jovem corresponde deformao transcorrente, que engloba grande parte da regio de Santo Antnio de Pdua.

    Obra para Consulta

  • 21

    7- Mtodos de Lavra para Rochas Ornamentais

    O presente captulo descreve as diversas metodologias de lavra utilizadas para extrao de rochas ornamentais. Este trabalho baseado nas anotaes de sala de aula da disciplina de mtodo de lavra ministrada no 2 semestre de 2008.

    7.1- Introduo

    Entende-se por lavra o conjunto de operaes coordenadas objetivando o aproveitamento industrial da jazida, desde a extrao das substncias minerais teis que contiver, at o beneficiamento dos mesmos.

    Segundo Darci, 2002, quando comparamos o desenvolvimento do Brasil em tecnologias utilizadas nos mtodos de lavra em rocha ornamental em relao a outros pases como Estados Unidos, Australsia e Canad fica evidente que a falta de deciso ou at mesmo capacidade de projeo futura cria um grande empecilho na evoluo deste setor no mbito nacional.

    O ritmo de crescimento dessa extrao mineral no Brasil ditado por uma falta de inovao tecnolgica refletindo uma m aplicao de investimentos causando um reduzido aproveitamento da jazida. Um fator condicionante para o sucesso do setor em outros pases a capacidade de enxergar que um bom planejamento faz a diferena. A aplicao de recursos deve ser realizada desde sua implantao, com o uso de equipamento adequado em todas as fases de lavra (Darci, 2002).

    No Brasil convivemos com tecnologias e mtodos nem sempre dos mais adequados, enquanto estes satisfazem a demanda momentaneamente. So atitudes que provocam perda de minrio com ampliao de rejeito, e este preo pode significar a perda de espao no mercado (Darci, 2002).

    A minerao em Santo Antnio de Pdua confirma essa tradio. Apresenta, alm de ndices baixos de modernizao, levando a uma elevada perda da jazida, e degradao desnecessria do meio ambiente devido utilizao de equipamentos que fazem uso de combustveis agressores, quando j se tem no mercado outros equipamentos aptos ao mesmo trabalho sem causar tantos danos natureza, alm de haver desrespeito com os funcionrios que convivem com altos ndices de rudo, poeira e riscos de vida.

    O que se observa nessa regio fluminense que a forma de extrao agride, no s a integridade dos funcionrios, como tambm ao meio ambiente, a prpria jazida e, explicitamente, a qualquer tcnica racional, bem elaborada de metodologias de lavra programadas para um trabalho progressivo que represente, efetivamente, a evoluo.

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    7.2- Mtodos de Lavra

    Segundo Alencar et ali (1995), in Silva,1999 os mtodos de lavra definem a seqncia espacial e temporal, de acordo com as quais a jazida ser subdividida em volumes projetados e organizados, que seguem uma ordem hierrquica funcional de extrao. A aplicao de uma metodologia de lavra para uma determinada jazida permite, em qualquer instante do seu desenvolvimento, a definio da geometria espacial da mina, em toda a sua peculiaridade. A primeira operao a identificao dos volumes, para em seguida determinar a seqncia de extrao. Aparece de forma evidente que a definio das tecnologias, equipamentos ou materiais e energia, e das relativas modalidades de uso, representam informao adicional, e no substitutiva no mtodo.

    Para que possa optar pelo mtodo de lavra que melhor se adapta ao local desejado, deve-se obter o conhecimento em torno da morfologia dos afloramentos, volume da reserva mineral, anlise do plano estrutural da jazida, estado de fraturamentos, localizao geogrfica da rea, e caractersticas do material objeto da explorao (Caranassios e Ciccu, 1992 in Silva,1999). Analisados esses aspectos, passa-se prxima etapa, de realizao da lavra atravs da escolha dentre os seguintes mtodos:

    - Lavra por bancadas (altas e baixas) - Lavra por desabamento - Lavra de mataces - Lavra subterrnea

    7.2.1- Lavra por Bancadas

    um mtodo que permite operao em praa mltipla com objetivo de compensar possvel diferena qualitativa ou simplesmente atender a alguma demanda. A lavra por bancada realizada na grande maioria dos casos, e consiste na extrao cclica de fatias de rocha. Uma analise das caractersticas da rea, como morfologia da jazida e planos de descontinuidade, que definiro a altura dessas bancadas, que tanto no mrmore quanto em macios granticos, podem ser de baixa altura, com dimenses do bloco comercializvel (bancadas baixas), ou apresentar altura igual a um nmero mltiplo a uma das dimenses do bloco (bancadas altas).

    7.2.1.1- Bancada Baixa

    Permite maior segurana por ter maior estabilidade das frentes de lavra, o que tambm tende reduo de quedas com risco grave. Ambientalmente, permite mais facilmente uma recuperao,

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    tanto na fase exploratria quanto aps, porm com baixa qualidade no produto final, alm de ser visualmente menos impactante, devido pequena rea exposta (Alencar et ali, 1995 in Silva,1999). Este mtodo consiste na retirada dos blocos diretamente do macio rochoso, j com suas dimenses finais. Ou seja, no necessita nenhum processo posterior para sua subdiviso. Este mtodo se aplica mais facilmente quando a jazida possui uma conformao tabular e planos de descontinuidade bem definidos, sendo paralelos subhorizontais. Devido s facilidades estruturais encontradas, permite maior produo.

    7.2.1.2- Bancadas Altas

    indicada para locais em que no existe a possibilidade de se fazer a lavra em grande profundidade (Caranassios e Ciccu 1992 in Silva,1999), assim como indicada para rochas de diversidade qualitativa e estrutural, pois ela permite com suas pranchas largas, uma melhor seletividade do material a ser lavrado. Um ponto negativo a difcil recuperao do territrio lavrado durante o perodo produtivo, e o alto ndice de material que pode ser descartado ( at 80% do volume extrado). Um bom exemplo o mrmore de Carrara na Itlia.

    7.2.2- Lavra por Desabamento

    Este mtodo consiste em desmonte de grande volume de rocha atravs da aplicao de explosivos nos principais planos de fraturamento do macio, que facilita o desabamento atravs da gravidade. Suas operaes so aplicadas diretamente no ponto de queda, o que requer enormes reas disponveis para a colocao do bota fora. Alm disso, h uma baixa recuperao do material que foi desmontado.

    Esta tcnica empregada somente em condies extremamente desfavorveis, como valor comercial da rocha limitado e topografia acidentada, alm de fatores estruturais que contribuam com sua aplicao, como o caso de macios estruturados. No entanto, devido s tecnologias apresentadas no mercado, que no traziam uma viabilidade econmica, a lavra por desabamento das rochas ornamentais era altamente aplicada. Procedimento este que vem sofrendo modificaes, j que a conscientizao ambiental vem prevalecendo, e novas tecnologias de corte so criadas (Caranassios e Ciccu, 1992 in Silva,1999).

    Por cima de todas as consideraes favorveis e desfavorveis, h ainda o risco de uma operao mal sucedida, que mesmo parcialmente, pode representar um risco, se considerar pelo

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    lado econmico. Soma-se a isso, as consies de segurana, que torna-se catica em algumas situaes (Caranassios e Ciccu, 1992 in Silva,1999).

    7.2.3- Lavra de Mataces

    um processo muito aplicado na extrao de blocos de granitos no Brasil, por envolver tcnicas de grande facilidade na operao, e seu baixo custo. Porm, envolve baixa recuperao e grande volume de bota fora, j que est a merc de fatores como micro fraturas, impurezas e alterabilidade dos minerais. Dentre os passos de aplicao, a idia principal conseguir uma seleo de mataces individualmente grande, tentando alcanar maior homogeneidade e integridade. Determina-se o local da direo rift, pois este ser o plano de mais fcil ruptura. Segue-se com execuo de furos atravs de martelos pneumticos, e posterior detonao por meio de plvora negra, em suas devidas propores. Ento, faz-se o esquadrejamento da bancada, e criao de blocos comercializveis.

    7.2.4- Lavra Subterrnea

    A lavra subterrnea5 tem sua aplicao motivada por razes econmicas e de reserva geolgica.

    Ateno especial deve ser dirigida a possveis problemas de estabilidade, onde possivelmente seriam aplicados grandes esforos em vazios de grande volume (Caranassios e Ciccu, 1992 in Silva,1999).

    Explica-se: a lavra em subsolo desenvolvida por meio de mtodos de abertura de sales, com preservao de pilares que sero responsveis por toda a sustentao, e que geralmente so isolados nas zonas de baixa qualidade do macio (Fornaro e Bosticco, 1994 in Silva,1999).

    Essa atividade carrega a vantagem de causar o mnimo impacto sobre a paisagem. Tem-se exemplo de sua aplicao na extrao de blocos de mrmore na Itlia, onde utiliza-se tecnologias de corte de fio diamantado e cortador a corrente.

    7.3- Tecnologias de Corte

    Existem diversas tecnologias e diferentes metodologias de extrao atualmente no mercado. Para se optar por qual delas ser aplicada na operao de lavra, fatores tais como: caractersticas petrogrficas e estruturais da rocha, valor de mercado, meio ambiente, morfologia da jazida, e at

    5 Neste trabalho somente sero descritos os mtodos de lavra de mina a cu aberto.

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    disponibilidade financeira da empresa, so levados em conta (Caranassios e Ciccu, 1992 in Silva,1999). Essas aplicaes podem e devem ser realizadas, pelo menos na maioria dos casos, atravs de combinaes das tecnologias e das metodologias de lavra, sendo estas compatveis entre si. Dentre as tecnologias existentes, destaca-se as seguintes:

    Tecnologias utilizadas Material Fio helicoidal Mrmore Fio diamantado Mrmore e granito Cortador corrente Mrmore Jato dgua de alta presso- Water Jet Mrmore e granito Chama trmica- Flame jet Granito Perfurao contnua Granito Perfurao percussiva Granito Desmonte com carga explosiva Granito Diviso mecnica atravs de cunhas Granito Diviso atravs de agentes expansivos Granito

    7.3.1- Fio Helicoidal

    A tecnologia do fio helicoidal utilizada na extrao de mrmore aplicando-se abertura de canais e cortes primrios. O fio helicoidal consiste de trs arames de ao tranados helicoidalmente, com dimetro externo de 3 a 5 mm, responsvel pelo transporte de uma mistura abrasiva, constituda de areia e gua, que atritada diretamente contra a rocha provoca a penetrabilidade do fio na mesma. A areia deve ser bastante silicosa e ter granulometria uniforme, entre 0,5 e 1,0 mm. A gua age como refrigerador do fio, evitando sua fadiga e conseqente ruptura, alm de facilitar a circulao do abrasivo. O sistema de alimentao da mistura abrasiva normalmente constitudo por dois reservatrios: um com areia e gua, e outro de onde sai apenas gua em quantidade convenientemente controlada, para manter uma percentagem de slido adequada na mistura, e uma boa refrigerao no fio. A vazo de gua de 150 a 160 L/h, com um consumo de areia entre 60 e 120 kg/h.

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    Nas extremidades do corte so instalados montantes que, individualmente, suportam duas polias, cujos deslocamentos peridicos em relao aos montantes so responsveis pelo guiamento do fio, medida que o corte progride. As polias do montante so deslocadas atravs do giro de um parafuso sem fim, engrenado a elas. Uma catraca encaixada no eixo propulsor do parafuso tem a funo de gir-lo manualmente. Para um maior controle do direcionamento do corte, o sentido de enrolamento das hlices do fio periodicamente invertido. O fio helicoidal mantido esticado por um equipamento denominado carro esticador. Este uma vagoneta colocada sobre trilhos, em um plano inclinado, com uma carga de 2 a 3 t, dotado de uma polia por onde passa o fio. O devido tensionamento do fio necessrio, para que este exera uma presso mnima sobre o abrasivo contra a rocha, e assim, com a acomodao da areia no vazio helicoidal do fio, e atravs do seu movimento de translao, o corte venha a ser efetuado. fundamental, portanto, que os fios de corte apresentem boa flexibilidade e elevada resistncia trao. O fio helicoidal compe-se de um motor eltrico ou diesel (10-15 c.v.), conectado por correias a uma polia, responsvel pelo movimento de translao do fio, cuja velocidade controlada (10 m/s).

    7.3.2- Fio Diamantado

    Esta tecnologia tem-se mostrado economicamente vivel, o que tem levado a aumentar o nmero de sua adeso. Com a adequada utilizao do fio diamantado, torna-se possvel: aumentar a velocidade de corte com uma melhor geometria, proporcionando maior taxa de recuperao; aumentar a qualidade final dos blocos; reduzir consideravelmente o nvel de rudo, poeira e vibrao. O princpio bsico de corte puxar uma ala de fio diamantado, enlaada na rocha por dois furos ortogonais entre si (um vertical e outro horizontal, para cortes verticais, ou dois furos horizontais, para os cortes horizontais), onde atravs de movimentos de translao (circular) do fio e da constante fora de trao exercida sobre ele, promove-se o desenvolvimento do corte. A polia tracionadora (volante da mquina de corte) responsvel pelo movimento de translao do fio, cujo tensionamento aplicado de maneira controlada, atravs do deslocamento para trs da unidade tracionadora montada sobre trilhos. Atravs da rotao mecnica da polia tracionadora, que tem giro de 360 e dimetro entre 700 a 1000 mm, e do posicionamento estratgico das polias acessrias e da mquina em relao ao corte, a tecnologia do fio diamantado pode realizar praticamente todos os tipos de corte

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    necessrios e suficientes para a extrao de rochas ornamentais. Na execuo dos furos para passagem do fio diamantado, so utilizadas perfuratrizes rotativas (para mrmore) e perfuratrizes rotativo-percussivas (para mrmore e granito). Preferencialmente, esses furos devem ter dimetro de 80-90 mm, para facilitar o encontro dos mesmos, o enlaamento da rocha e o incio do corte. O fio diamantado composto por um cabo de ao com 5 mm de dimetro, montado com ferramentas diamantadas denominadas prolas, cujo dimetro , normalmente de 10 a 11 mm. Estas prolas so intercaladas em intervalos regulares por espaadores.

    De acordo com Crespo (1992) in Silva,1999, o componente mais importante do fio consiste nessas prolas, fabricadas por 2 mtodos distintos: eletro-depositadas ou sinterizadas. As eletro-depositadas so constitudas segundo um processo qumico, que consiste num banho galvnico com um componente de sal de nquel e diamante sinttico (40 a 60 mesh) como eletrlito. A sinterizao consiste em homogeneizar o metal com o diamante sinttico (41 a 50 mesh), fazendo uso de elevadas presses e temperaturas. A principal diferena entre os dois tipos de prolas que nas eletrolticas, a velocidade de corte decresce linearmente com o uso, enquanto que as sinterizadas mantm uma velocidade de corte constante, durante a vida da prola.

    Os autores atentam para a recente tendncia a favor das sinterizadas, em vista da diferena significativa em termos de custos operacionais. Os fabricantes de material diamantado desenvolveram uma nova prola sinterizada, de menor dimetro e, consequentemente, surgiu um novo fio diamantado, com 30 prolas/metro, cabo de ao de 3mm e 49 fios, e prolas de 6,5 mm de comprimento por 7 mm de dimetro.

    Parece at o momento, que o uso de tais utenslios abrasivos tenha dado resultados positivos em determinados tipos de rochas, particularmente em rochas metamrficas de estrutura cristalina (mrmores tipo Carrara, rosa Portugal, brancos e rosa da Grcia e Turquia), ou em rochas metamrficas silicosas, como os serpentinitos verdes dos Alpes (Vidal, 1995 in Silva,1999). O nmero de prolas por metro linear de fio varivel, em funo da dureza do material, procurando adequar um tipo de fio para cada situao, com o objetivo de sempre obter-se um maior desempenho das prolas, aliado a uma velocidade maior de corte. Por motivo de segurana, existem anis de fixao a cada intervalo constante de fio, evitando que, em caso de rompimento do mesmo, sejam lanadas mais perlas que a quantidade compreendida naquele intervalo (3 a 5 prolas). Estes anis permitem minimizar o deslocamento das prolas devido expanso/retrao dos espaadores. No caso dos mrmores, so montadas de 30 a 32 por metro linear, cujos espaadores so molas, tornando o fio mais flexvel. No caso dos granitos, so montadas at 43 prolas por metro linear,

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    com espaadores plsticos injetados entre as prolas e o cabo, servindo para proteger o cabo da lama abrasiva que formada durante o corte. Sobre as mquinas responsveis pela realizao do trabalho, so pequenas, porm potentes, e se mostram versteis, sendo movidas por trilhos, a motor eltrico ou diesel, com algumas mquinas portadoras de controle automtico de trao do fio, colocando-se controle de comando em painel independente e porttil. Cada tipo de material, granito ou mrmore, pede determinada potncia do motor. Deve-se levar em conta tambm, que a velocidade de trabalho da mquina, ou seja, a velocidade de corte depender de fatores como estado da prola, potncia do motor, mtodo de corte (vertical ascendente e descendente, horizontal), rea cortada e a prpria dureza da rocha. Deve-se estar atento refrigerao do fio, que feita com gua, e cada tipo de material ir pedir uma vazo diferente.

    7.3.3- Cortadeira Corrente

    Esta tecnologia, no foi criada exclusivamente para ser aplicada na lavra de mrmore. Ela foi trazida e adaptada das minas de carvo. Recomenda-se seu uso em pedreiras grandes e de alta produo. Em associao ao fio diamantado, como utilizada, no s facilita como potencializa a operao de corte. A cortadeira corrente dotada de um sistema de rotao do brao que permite um giro de 180 ou 360, dependendo do modelo de mquina, que permite realizar cortes horizontais e verticais com profundidade de at 3m, largura de fenda de cerca de 6 cm. A corrente lubrificada regularmente com graxa para diminuir o atrito com a rocha, e sofre refrigerao com gua. Um motor eltrico-hidrulico move a cortadeira, e as mquinas pesam em torno de 4 a 6 toneladas.

    7.3.4- Cortador Corrente Diamantada

    Tem como caracterizao uma correia dotada de uma srie de utenslios diamantados fixados, para se alcanar o aumento de velocidade de corte de rea e aumento do coeficiente da mquina, com o objetivo de eliminar os tempos de improdutividade existentes quando se realizava afixao da corrente (Vidal, 1995 in Silva,1999).

    7.3.5- Jato dgua de Alta Presso Water Jet

    Bortolussi et al (1988) in Silva,1999, explica que esta uma tecnologia relativamente recente que vem sendo utilizada normalmente em escala industrial em vrios setores das rochas ornamentais,

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    j tendo passado da fase experimental para a aplicao industrial em pases com Estados Unidos, Japo, entre outros. Consiste na aplicao de jatos dgua alta presso, que atravs de uma bomba de presso acoplada a uma lana, executa-se o corte tanto vertical quanto horizontal, em profundidades que podem atingir at 8 m e largura de cerca de 6 cm ( Russo, 1994 in Silva,1999). Com operao realizada totalmente por computador, h um rgido controle de presso e vazo dgua, alm da velocidade dos jatos e de translao. Seu procedimento de trabalho na extrao do granito consiste na separao das partculas minerais constituintes da rocha, j que a fora de coeso entre os gros quase a mesma em todas as direes. J em rochas de menor dureza como mrmore e arenito, acontece o afundamento no material causado pelo jato dgua, dificultando a separao das partculas. Quanto s consideraes financeiras, leva uma pequena vantagem em relao s outras tcnicas, pois seu custo direcionado eletricidade e gua.

    7.3.6- Chama Trmica Flame jet

    Esta tecnologia consiste em abertura na abertura de uma fenda atravs de uma chama de maarico (~ 1100C), provocando na rocha uma dilata o diferencial dos minerais sob a ao do calor gerado, sendo estes expulsos sob forma de cavacos. A profundidade das fendas atinge aproximadamente 6 m, com largura de 10 cm e comprimento varivel, estando a desejo da mineradora. A chama trmica, tecnologia usada para desenvolvimento de canais primrios em rocha grantica, obtm maiores sucessos em rocha com baixo estado de tenso no macio, alto teor de quartzo, pouca biotita e pouca fragmentada. Funciona com ar comprimido e leo diesel, o que significa um ponto negativo se tratando de meio ambiente. Sua utilizao, no entanto no fica condenada apenas pela causa ambiental (inclui-se tambm rudos e poeira txica), mas tambm pelo alto custo operacional e pelas micro-fraturas que causa na rocha durante o corte, com alterao de aproximadamente 10 a 30 cm em cada lado, dependendo da rocha.

    7.3.7- Perfurao Contnua

    O processo consiste em dois passos: primeiro se faz uma srie de furos com espaamento igual ao dimetro dos furos, aproximadamente 64 mm de dimetro, e em seguida perfura-se os

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    espaos entre os furos. Para se efetuar o trabalho, utiliza-se um equipamento especfico para o talho contnuo em rocha grantica, chamado Slot Drill. Trata-se de uma perfuratriz rotopercurssiva, com rotao reversvel para facilitar tanto a introduo quanto a retirada das hastes. Esta tecnologia demonstra ser vantajosa na abertura de canais ou mesmo na realizao de cortes primrios, com timos nveis de eficincia mesmo sendo aplicada em rochas com presena de fraturas. Assim, ela torna-se mais competitiva em relao ao Flame jet, diferenciando-se por permitir uso em rochas com alto estado de tenso, muito fragmentada e/ou com baixo teor de quartzo e, sobretudo devido seu reduzido dano ao meio ambiente.

    7.3.8- Perfurao Percussiva

    Tem como procedimento a realizao de furos distncias pr-determinadas, efetuando-se cortes atravs de explosivos, cunhas ou agentes expansivos. O acionamento da perfuratriz feito principalmente por ar comprimido, mas existe no mercado modelos de perfuratrizes hidrulicas que utilizam leo sob alta presso como fluido de acionamento. So equipamentos mais caros, mas que carregam em seu rendimento, 30% superior s perfuratrizes pneumticas, um fator favorvel a seu uso. Seus compressores de ar podem ser estacionrios ou portteis. Se estacionrios, montam-se estes sobre bases rgidas. Quando so portteis, se monta sobre pneus. Podem ser movidos por motor eltrico ou diesel, mas geralmente os compressores estacionrios so eltricos, e os compressores portteis movidos a motor diesel.

    7.3.9- Desmonte com Carga Explosiva

    Quando se utiliza a plvora negra como agente explosivo, sua reao de detonao apenas uma queima rpida, sem a produo de choque de grande intensidade. Por este motivo este agente torna-se mais adequado para o desmonte. A plvora negra no possui ao cisalhante e de empuxo, desmontando o material em volumes pr-determinados. Sua inflamao ocorre por choque, por contato com a chama ou por elevao de temperatura, no podendo haver contato com gua. Em sua composio encontra-se nitrato de potssio ou sdio (75%), carvo vegetal (15%) e enxofre (10%), sendo sua velocidade de combusto varivel em funo de sua granulometria e seu estado de confinamento.

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    Aps introduzir a carga de plvora nos furos, segue-se para a utilizao dos acessrios de detonao, que podem ser:

    I. Estopim- constitudo de um ncleo de plvora negra revestido por camadas de materiais que proporcionam resistncia mecnica e gua. Age como um condutor da chama em velocidade uniforme, para iniciao de espoletas simples;

    II. Espoleta eltrica instantnea- espoleta considerada de efeito instantneo, da o seu nome, possibilitando detonao simultnea de diversas cargas ou com retardo. Uma corrente eltrica responsvel pela ativao. Possui fios isolados, semelhante espoleta comum e sua carga a mesma das espoletas simples;

    III. Espoleta Simples- aplicada em fogos simultneos, agindo como iniciadora de cordel detonante. formada por uma cpsula de alumnio fechada em uma extremidade, preenchida com explosivo de base (nitropenta), e carga iniciadora de azida de chumbo. Sempre se inicia por estopim e;

    IV. Cordel Detonante- formado por um tubo de plstico com um ncleo de explosivo de alta velocidade (nitropenta), revestido por materiais diversos que lhe do confinamento e resistncia mecnica, aplicado para se iniciar cargas explosivas simultaneamente, iniciao esta que acontece com espoletas simples ou com outro cordel, no caso de linha de tronco. Possui velocidade de detonao elevada e considerada instantnea para fins prticos.

    7.3.10- Diviso Mecnica Atravs de Cunhas

    Segundo Alencar, Caranassios e Carvalho (1995), in Silva 1999, a diviso atravs de cunhas uma tcnica amplamente difundida. Com os planos de orientao dos minerais bem definidos na rocha, aplica-se a operao de subdiviso de rocha de acordo com os planos pr-estabelecidos.

    Encontram-se grandes nmeros de adeptos desta tcnica devido o baixo custo.

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    7.3.11- Diviso Atravs de Agentes Expansivos

    Segundo Caranassios e Ciccu (1992) in Silva,1999, esta tcnica no demonstra muitas possibilidades de xito, j que lenta e apresenta alto custo. Alm disso, no recomendado seu uso em minas a cu aberto e subterrnea, com largas frentes de trabalho.

    Consiste no uso de agentes expansivos diretamente sobre os blocos, que quando aplicados para cortes em grandes superfcies cria problemas operacionais, desestimulando sua utilizao.

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    8- Metodologias e Tecnologias Utilizadas em Santo Antnio de Pdua

    Neste captulo sero abordadas tcnicas e metodologias aplicadas na Pedreira Raio de Sol, localizada no municpio de Santo Antnio de Pdua.

    8.1- Mtodo de Lavra

    Na pedreira Raio de Sol, faz-se uso do mtodo por bancadas baixas, realizadas ao longo da lavra, com extrao cclica de fatias da rocha. (Silva, 1999)

    A partir dos parmetros qualitativos da Pedreira, como a caracterizao de foliao sub vertical penetrativa, chega-se concluso de que o mtodo de bancadas baixas a melhor forma de se realizar a lavra.

    8.2- Tecnologias de Extrao

    Aplicam-se na pedreira, as seguintes tecnologias de corte:

    Desmonte com carga explosiva Chama trmica (Flame jet) Martelo e cunha

    Como foi descrito no item 7.3.6 deste trabalho, o Flame jet, tcnica que consiste na abertura de uma fenda com profundidade de at 6 metros, largura de 10 cm e o comprimento desejado, por meio de chama trmica de maarico (1100C), provoca na rocha uma dilatao preferencial dos minerais que esto sob a ao do calor, sendo estes expulsos sob forma de cavacos. Sua aplicao vem obtendo bons resultados na regio, j que o Flame jet indicado para rochas com alto teor de quartzo e pouca biotita, caracterstica do material lavrado na regio.

    Atravs de carga explosiva utilizando-se plvora negra, faz-se o desmonte. Assim, os furos primrios separam as bancadas desdobrando-se em pranchas (folhas), atravs de cortes secundrios. Os explosivos so carregados com razo de 80 gramas por metro cbico, sendo espaados de 60 a 80 centmetros. Os furos secundrios so espaados de 1 a 1,5 metros contendo 60 gramas de explosivo em cada furo, sendo em alguns casos o uso destes at desnecessrios quando ocorre forte foliao da rocha.

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    Movimentao e carregamento, derrubada das folhas, e esquadrejamento, so realizados por processos manuais.

    8.3- Sugestes

    Segundo Silva, 1999 a metodologia de lavra utilizada, por bancadas baixas, precisa passar por modificaes no momento de sua aplicao. indicada a sua continuao no processo, porm deve haver novas dimenses das bancadas, sendo recalculado seu tamanho de acordo com o tamanho comercial dos blocos que sero extrados para serem serrados.

    Quanto tecnologia de corte aplicada em Santo Antnio de Pdua, o Flame jet bem conhecido, tendo cincia de suas vantagens e desvantagens. Por esse motivo, sugere-se uma diminuio de seu uso ou at mesmo o trmino de seu uso j que esta tcnica promove uma perda significativa sobre a rocha, com as bordas do local de aplicao tendo uma perda de at 12 centmetros. Soma-se a isso, sua caracterstica de agressor ambiental devido muito a sua alimentao por leo diesel, e seu alto custo operacional. Apesar de ser uma tcnica que se adapte geologia local (alto teor de quartzo e baixo teor de biotita), com esses pontos negativos, no se torna a escolha mais satisfatria para a regio.

    Ainda segundo Silva, 1999, para alcanar melhorias e modernizao neste processo, aconselha-se a utilizao da tcnica de corte por Fio Diamantado. Esta que atinge grande nmero de adeptos, principalmente na Europa, em pases produtores de mrmore e granito, mostrando viabilidade econmica.

    O Fio Diamantado permite que se reduza a quantidade de material perdido durante o processo de corte, como ocorre com o Flame jet, ao perder as bordas no local atingido pelo maarico. Alm de levar vantagens sobre este aspecto, outros se tornam bastante relevantes, como o melhor controle da geometria a ser traada durante o corte. Essa caracterstica ajuda tambm na reduo de material perdido, e aumenta a qualidade final do bloco. Quando comparado ao Flame jet, seus nveis de rudo e poeira so significativamente menores, mais limpo, e mais rpido com sua maior velocidade de corte.

    Estudos comparativos realizados entre flame jet e fio diamantado, na Rocha Branca Minerao, com sede em Nova Vencea, norte do Esprito Santo, durante encontros do Grupo de Melhoria Contnua (GMC) Extrao, de Rede Rochas (22/03/2004), tambm apresentaram dados favorveis ao uso do fio diamantado. Apesar do grande diferencial no custo, com o fio diamantado custando cerca de $28,000.00 e o flame jet custando cerca de $3.700,00, concluram positivamente sobre as vantagens tecno-econmicas e ambientais do emprego do fio diamantado.

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    O uso da carga explosiva em Santo Antnio de Pdua aplicado sem nenhuma regra, uma vez que no local cerca de 90% dos manuseadores dos explosivos no tem qualificao para lhe dar com esse tipo de material. Ou seja, sua desqualificao no passa somente pela falta de habilidade no manuseio, mas tambm na falta de conhecimento como sobre armazenar, o que pode trazer riscos aos trabalhadores e ao local de trabalho.

    A diviso atravs de cunhas deve ser utilizada at onde seja mantida sua viabilidade. Os planos preferenciais de orientao dos minerais ajudam na operao final de diviso para se obter blocos comercializveis.

    J em relao s tcnicas de movimentao, Silva (1999) sugere que estas no envolvem somente o transporte do material. Esta vertente tambm influencia na capacidade de diversificao do produto. Para que possam ser realizados diferentes tipos de corte, em diferentes tamanhos, necessita-se ser capaz de carregar peas de diferentes dimenses. Sugere-se a instalao de guincho de arraste de marcha, pau de carga, assim como a instalao de uma grua bandeira, responsvel pelo descarregamento, e de carrinhos capazes de carregar os blocos, j que h necessidade de transporte de peas de diferentes dimenses.

    Dependendo do tamanho das pedreiras, caso sejam de pequeno porte, que o caso da pedreira Raio do Sol, uma p carregadeira de grande porte se torna invivel. O carregamento dos blocos fica a cargo do pau de carga, que ter auxlio do guincho de arraste. Para isso os blocos individualizados so movimentados antes at o ponto de carregamento, por meio de cabo de ao, utilizando o prprio guincho de arraste com a caixa de marcha.

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    9 - Reaproveitamento de Resduos Slidos Das Rochas Ornamentais

    9.1- Obteno de Tijolos

    Com a crescente preocupao ambiental por parte no s das indstrias com potencial poluidor, mas de toda uma populao consciente e que se v confrontada com a atual situao do meio ambiente, torna-se evidente e prioritria que se possa fazer todo e qualquer processo que venha a colaborar com as condies atuais, minimizando os impactos causados pelo homem.

    Segundo Moth, 1999, a indstria do mrmore e do granito lanou 200.000 toneladas de resduos (2003) levando a crer que a melhor forma de se combater esses altos ndices seria fazer um trabalho de utilizao desses rejeitos e a reciclagem de materiais descartados. fato que esta ao se torna uma necessidade da atual sociedade, tendo em vista que beneficiar no s a si mesmo com tambm o meio ambiente e a prpria indstria, j que o descarte seguro se torna muito difcil e desvantajoso financeiramente para ela.

    Uma pesquisa voltada para a utilizao dos resduos slidos realizada com rejeitos provenientes da indstria do mrmore e granito de uma serraria da cidade de Cachoeiro do Itapemirim estado do Esprito Santo, afirma que se pode obter tijolos a partir desses rejeitos, que estariam em substituio argila, com porcentagens que variam entre 5 e 30% da massa cermica. As argilas que so misturadas para fazer massa cermica e posterior obteno de tijolos foram coletadas nos ptios de homogeneizao de uma empresa cermica no municpio de Itabora. So elas a argila alctone, de vrzea (verde), e a autctone, de barranco (vermelha). (Moth, 1999)

    9.1.2- Mtodos de Anlise dos Minerais

    Para tal pesquisa, Moth aplicou os seguintes mtodos:

    Difrao de raios x, com intuito de se identificar os principais constituintes minerais; Anlise qumica utilizando-se um aparelho para espectometria de emisso atmica por

    plasma e um aparelho de espectometria de fluorescncia de raios x; Anlise granulomtrica e; Anlise trmica.

    Foi realizada a preparao dos corpos de prova e materiais cermicos, e a preparao de blocos cermicos com funo estrutural. Estes blocos cermicos foram obtidos atravs de processos normalmente utilizados na indstria para a construo de tijolos, efetuando-se a isso o uso de

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    30% de rejeito massa cermica. Aps a sinterizao, os tijolos apresentavam as seguintes dimenses: 13,5 x 13,5 x 18,5 cm.

    Os ensaios de absoro de gua, densidade aparente e porosidade aparente tambm foram realizados, permitindo chegar aos resultados descritos a seguir.

    9.1.3- Resultados

    Moth conclui em seu artigo ser possvel a obteno de tijolos a partir de resduos, sem alterar a qualidade do material, possibilitando uma eventual substituio. Essa concluso foi alcanada comparando-se o material obtido, com os corpos de prova de composio igual aos tijolos comerciais.

    Isso indica que com teores de at 30% de resduo em massa cermica, permite-se a criao de tijolos estruturais do tipo meio-bloco, um tijolo do tipo secundrio que no o responsvel pelo suporte da carga da estrutura a ser construda. Para isso a composio do resduo e a temperatura precisam ser consideradas, pois poder influenciar na perda de massa e nas caractersticas da cermica, assim como a temperatura de sinterizao que pode fundir alguns constituintes influenciando na contrao e resistncia do material obtido.

    Este mtodo se mostra totalmente favorvel tambm ao possibilitar que no se cometa mais o ato errneo de descarte de resduos no meio ambiente, que consequentemente causar os problemas citados anteriormente neste trabalho como assoreamento de rios e lagos, mudanas de pH (que afetar o meio bitico), alteraes no fluxo hdrico e no grau de turbidez da gua, entre outros.

    9.2- Obteno de Brita

    Outra alternativa que pode ser aplicada para o reaproveitamento de rejeitos provenientes da minerao nas pedreiras, o uso para produo de brita, segundo Almeida L.M. et al (2001) em seu estudo de aproveitamento na construo civil, de rejeitos provenientes das pedreiras.

    Com valores de perda de material estimados em 70%, sendo 40% na lavra e o restante em beneficiamento, esta vem a ser outra boa opo. Estes elevados ndices indicam como a lavra predatria e como pode prejudicar uma perspectiva futura de explorao.

    A partir de rejeitos de uma pedreira em Santo Antnio de Pdua e de sobras de serrarias do material olho de pombo foram realizados estudos de britagem e peneiramento.

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    Para se determinar os padres do material que est sendo trabalhado, determina-se parmetros de dureza Knoop, desgaste Amsler, dilatao trmica, ndices fsicos, tais como densidade, porosidade e absoro dgua, e resistncia compresso. A seguir sero descritos esses parmetros.

    9.2.1 - Dilatao trmica

    Este ensaio objetiva a determinao do coeficiente de dilatao trmica da rocha em um determinado intervalo de temperatura.

    9.2.2 - Dureza Knoop

    Este ensaio indica a dureza relativa da roca atravs da dureza individual de seus minerais constituintes. Realiza-se este teste por meio de uma fora aplicada no mineral atravs de uma ponta metlica de superfcie arredondada, com carga de 200 gramas, com objetivo de se observar a penetrao no material a ser testado.

    9.2.3 - Desgaste Amsler

    O teste de desgaste Amsler verifica a reduo de altura (em mm) que duas placas de rocha de 7,5 cm x 7,5 cm x 2,5 cm apresenta aps um percurso abrasivo de 1000 m em uma mquina chamada Mquina Amsler. um teste baseado na granulometria, dureza e estado de agregao dos minerais das rochas, sendo importante para materiais que sero destinados ao trfego de pessoas.

    9.2.4 - ndices fsicos

    Para a determinao de ndices fsicos utilizam-se 10 fragmentos de rocha com 5 a 7 cm de dimetro, que so pesados ao ar, aps secagem em estufa, aps saturao em gua por 48 hora submerso, e aps saturao. Obtm-se ento valores de massa especfica aparente seca, massa especfica aparente saturada, porosidade aparente e absoro de gua, atravs dos pesos encontrados.

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    9.2.5 - Resistncia Compresso

    O seguinte teste determina o quanto a rocha suporta antes de se romper, quando submetida a esforos compressivos, e baseado em funo da composio mineralgica, textura, estado de alterao e porosidade.

    9.2.6 - Resultados

    Aps os testes necessrios, verificou-se ndices satisfatrios, com exceo ao desgaste Amsler, que apresentou um valor um pouco acima do recomendado para piso em alto trfego, mas nada que impea seu uso em piso com baixo trfego.

    O parmetro utilizado que levou at a obteno de resultados satisfatrios, foi a comparao com agregados utilizados em obras de construo civil no Rio de Janeiro, demonstrando semelhana entre os materiais.

    Quanto viabilidade econmica, este processo se mostra totalmente favorvel, j que o decapeamento, a perfurao, desmonte, transporte e britagem primria se mostram fora dos custos de produo. Alm disso, esta proposta de aproveitamento totalmente auto-sustentvel, pois gera receita e emprego para o municpio, criando ainda benefcios como o no uso de explosivos, custo zero de lavra, aproveitamento de material j extrado e estocado, saneamento ambiental, e reduo de impactos ambientais, assim como o ndice de acidentes.

    9.3 - Aplicao na Indstria de Papel

    Morani (2008) destaca tambm neste trabalho, o uso de rejeitos provenientes do corte de mrmore6, na utilizao como carga e recobrimento de papel.

    Baseado em um estudo realizado com rejeitos provenientes do mrmore de uma serraria na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, resultados mostraram ser possvel que esse rejeito aps sofrer um processo de purificao, pode ser utilizado como um componente na produo de papel.

    O procedimento de corte e beneficiamento do mrmore gera um tipo de lama de granulometria fina, composta essencialmente de gua, granalha (ferro) e rocha moda. Essa lama se mostra com 6 Apesar da indstria de extrao do mrmore no ser de interesse deste trabalho, importante descrever formas de

    aproveitamento do seu rejeito.

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    uma grande riqueza mineral, identificando-se aps um processo de secagem e separao de granalha, um p composto de carbonatos de magnsio e/ou clcio, que possui grande capacidade de utilizao nas indstrias, dentre elas a de papel e pigmentos, devido sua fcil disperso, alto valor de alvura, poder elevado de reforador, quando utilizado como carga, baixa dureza e abraso, dentre outras vantagens.

    Na etapa de produo de papel, pode-se obter papis de carter cido ou alcalino. O carbonato de clcio utilizado na etapa de branqueamento e requerido no meio alcalino, que permite um papel de maior qualidade, com maior alvura, maior opacidade, melhor absoro da tinta e acima de tudo so considerados ecologicamente corretos.

    A aplicao como carga mineral deve se enquadrar nas exigncias que so granulometria fina, alvura elevada (em torno de 90%), baixo teor de ferro e slica (< 1%) (Varela et al 2006, in Morani, 2008).

    Morani (2008) destaca que para se alcanar tais informaes, o rejeito submetido a determinados testes:

    Avaliao microscpica Anlise qumica e mineralgica Distribuio granulomtrica Ensaios de flotao (que permitem a retirada dos minerais sem interesse, como a slica,

    por exemplo) Determinao do teor de alvura

    Assim, Morani (2008) chega concluso de que os rejeitos provenientes do corte de mrmore podem ser empregados na indstria de papel, utilizados para recobrir a camada porosa criada pela celulose. Isso graas aos processos de beneficiamento que permitiram a reduo dos teores de ferro consideravelmente (de 8,7% para 0,83%) e de SiO2 (de 10,5% para 0,5%), exigncias na aplicao como carga mineral na fabricao de papel.

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    10- MEIO AMBIENTE

    Esse captulo tem por objetivo mostrar as caractersticas ambientais da regio de Santo Antnio de Pdua e os aspectos que levaram s condies atuais de degradao, sugerindo mudanas que poderiam contribuir para uma melhoria, e diminuio de impacto negativo sobre a natureza.

    10.1 - Aspectos ambientais de Santo Antnio de Pdua

    As informaes a seguir so baseadas nos relatrios do Projeto RadamBrasil (1983).

    10.1.2 - Vegetao

    A Mata Atlntica original, foi devastada dando lugar monoculturas como as plantaes de caf e cana-de-acar. Como ocorreu um declnio da agricultura, acontecem substituies por pastagens, capoeiras e outras espcies.

    Regionalmente a vegetao formada de campos herbceos, ocorrendo associaes arbustivas e sub-arbustivas, com rvores de pequeno e mdio portes, constituindo os campos sujos.

    H tambm as espcies invasoras de vegetao, que junto com a regenerao natural que ocorre, possui um papel importante na proteo do solo contra o arraste de partculas, inibindo a eroso.

    Segundo o CIDEi(Dados de 1994), a regio de Santo Antnio de Pdua apresenta cerca de 86% de rea com pastagem, e 0% de rea degradada.

    10.1.3 - Clima

    A regio possui clima considerado ameno nas partes altas e quente na zona de baixada do Rio Paraba do Sul. O clima dominante subquente mido, co precipitao mdia anual de 1000 a 1250 mm, e temperatura mdia anual de 20C.

    10.1.4 - Hidrografia

    O Rio Paraiba do Sul o principal coletor da regio, com o Rio Pomba sendo seu principal afluente, localizado na margem esquerda. margem direita encontra-se o afluente Ribeiro das Areias.

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    10.1.5- Geomorfologia

    Predominantemente acontece na regio alinhamentos montanhosos segundo N45E, coincidindo com a direo geral da foliao, que tambm acompanhada pelos principais cursos dgua da regio, escoando-se igualmente segundo N45E (folia o) ou N45W ( tear faults).

    10.2- Desmatamento e Abertura de Cava Inicial

    Segundo Silva (1999), a cobertura vegetal existente antes de se iniciar o processo de abertura era a mata ciliar do Rio Pomba, sendo completamente retirada no processo de abertura da lavra da Pedreira Raio de Sol, fazendo o decapeamento por meio de ps mecnicas e tratores de esteira.

    Favorecendo ainda mais a agresso ambiental, esse material retirado foi utilizado para se aterrar o vale anexo Pedreira Raio de Sol, eliminando e alterando vegetao e paisagem.

    Foto 01: Alterao da paisagem.

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    No incio do processo, foi feita a limpeza da rea, que permitiu a exposio do volume de rochas necessrio para o comeo da atividade. Isso ocorre com a retirada da vegetao e do solo, atravs de tratores de esteira, acarretando a exposio de material, o que possibilitou nveis de elevada eroso.

    Dentre as alteraes ambientais provenientes de ao de abertura de lavra, podemos citar: alterao de paisagem, alterao de recursos hdricos, alterao dos processos geolgicos, alterao do meio atmosfrico (poeira em suspenso), alterao das feies geomorfolgicas e encostas, alterao de fauna e flora, gerao de emprego,uso do solo, suprimento de matria prima para construo civil e transporte de matria prima.

    10.3- Fauna

    Segundo Silva (1999), a alterao de vegetao atinge tambm o meio bitico, alterando o habitat de espcies vivas que compem a regio, atravs de movimentao de terra e de rejeitos slidos e lquidos, ou seja, esgoto, produzidos pela serraria que so lanados em gua sem tratamento adequado.

    Esse problema visualmente mais evidente quando se observa a quantidade de rvores que foram retiradas, pela frente de lavra prxima margem do Rio Pomba, que necessita de obstculos para no haver assoreamento.

    Informaes tanto de moradores quanto de observaes de campo, in Silva,1999 permitiram concluir que algumas espcies de peixes, aves, rpteis e mamferos foram afetadas pelo trabalho de minerao realizado.

    10.4- Armazenamento de leo

    Segundo Silva (1999), o leo armazenado em tambores. No entanto, pelo que foi observado no local, durante a visita do campo (2008) o leo que j foi utilizado, ou seja, o leo queimado descartado de forma inadequada diretamente no solo.

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    10.5- Sistema de esgoto

    Segundo Silva (1999), o sistema responsvel pelo escoamento de gua utilizado na pedreira simplesmente o acompanhamento das condies naturais do terreno, no havendo sistema de esgoto.

    10.6- Sugestes

    Algumas modificaes podem ser sugeridas para se amenizar esse impacto.

    Segundo Silva (1999), o lanamento de esgoto sem tratamento uma prtica ilegal e mesmo imperdovel, em um momento de elevada divulgao a respeito da conscientizao ambiental. Tal prtica atinge no s a gua superficial, mas tambm os lenis freticos, devendo ento ser totalmente abolida. Deve-se tratar o esgoto e s ento se fazer o lanamento em gua, obedecendo-se dessa forma as normas ambientais.

    Os entulhos residurios provenientes das atividades na mineradora tais como ferro velho e mquinas, no devem ser descartados de qualquer maneira. H necessidade de se selecionar em local prximo pedreira at que seja vendido a um local de compra de ferro velho.

    O descarte de leos, graxas, combustveis e lubrificantes nunca deve ser feito em reas marginais, diretamente no solo ou prximo a rios, j que so materiais de difcil dissoluo e altamente poluentes. Devem ser descartados em recipientes separados e fechados e serem enviados para locais adequados de coleta ou at mesmo de reciclagem de leo.

    O mesmo cuidado deve ser dado estocagem de explosivos, sempre com o objetivo de se evitar acidentes.

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    11- Anlise dos Impactos Ambientais

    11.1- Introduo

    Este captulo tem por objetivo citar como cada fase de criao de uma mina de lavra afeta o meio ambiente, seja esse impacto sobre o meio fsico, bitico e at mesmo antrpico.

    11.2- Impactos ambientais

    J em sua fase inicial, durante as etapas de instalao, o desmatamento, a remoo de solo e de rocha contribui para o impacto de maior visibilidade, pois a rea antes ocupada por mata ciliar se transforma em rea degradada causando um impacto negativo.

    Acompanhando essa alterao de paisagem, acontece tambm o impacto relacionado ao meio atmosfrico gerado por rudos excessivos, queda de qualidade do ar atravs de emisso de partculas finas provenientes da movimentao de terra

    Durante a fase de operao, caracterstico o acmulo de rejeitos provenientes das aparas das rochas, e o descarte de rejeitos das mquinas de corte sem tratamento.

    Foto 02: Rejeitos acumulados discriminadamente e sem tratamento.

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    Foto 03: Rejeitos depositados aleatoriamente em ambiente urbano

    Na fase de operao onde ocorre tambm a formao de sulcos e ravinas, assoreamento de cursos dgua, e mudanas no comportamento de infiltrao e armazenamento das guas de subsuperfcie.

    O uso das tcnicas de corte causa impactos peculiares a cada tcnica. A referida lavra neste trabalho faz uso do Flame jet, tcnica esta que responsvel por processos de alterao do macio. Tambm se faz presente rudos excessivos causados pelo Flame jet, assim como por marteletes e explosivos, e suspenso de poeira devido o trfego de caminhes em estradas no pavimentadas.

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    11.2.1- Impactos no Meio Antrpico

    Quando se trata de alteraes no meio antrpico, esses impactos so caracterizados por gerao de empregos durante a fase de instalao, o que um impacto positivo.

    O uso local do solo torna-se mais restrito para atividades agrcolas e pecurias, tendo em vista que o grande nmero de jazidas no favorece essas prticas. Em compensao, a fase de operao a fase que possibilita uma maior distribuio de emprego.

    Silva (1999) ainda destaca que uma concluso positiva dessa atividade o suprimento de blocos e chapas para os estados do Rio de Janeiro e So Paulo, principalmente, confirmando a fora da regio para o setor de rochas ornamentais.

    11.3- Sugestes para amenizar impactos ambientais

    Abaixo so descritas algumas sugestes com intuito de se minimizar todos os pontos negativos acima citados, assim como prope uma forma de se potencializar os pontos positivos da extrao mineral.

    Quanto aos impactos sobre o meio atmosfrico, sugere-se para diminuio de rudos e emisso de partculas a aplicao de tcnicas mais modernas, como o fio diamantado, e que apresenta nveis de rudo abaixo da atual tcnica utilizada, Flame jet, e a simples umidificao regular das pistas no pavimentadas, visando a diminuio no ndice de suspenso de partculas no ar.

    Medidas que atinjam a alterao nos processos geolgicos e geomorfolgicos tambm englobam a modernizao de tcnicas, que permitiro uma extrao mais regular dos blocos. A gua de chuva que atinge normalmente o solo, causando eroso, pode ser combatida por meio de construo de degraus e caixas de passagem, que faro com que a velocidade da gua diminua e consequentemente agrida menos o solo.

    Deve-se ter cuidado especial com as margens dos rios prximos, impedindo que lama e gua indevidamente descartadas sejam lanadas, sendo feito isso em tanques para que depois sim seja descartada.

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    12- Situao Educacional e Perfil Cultural em Santo Antnio de Pdua

    Segundo Villaschi Filho e Pinto (2000) a regio de Santo Antnio de Pdua carece de alguns fatores que contribuiriam para seu desenvolvimento industrial, social e talvez at poltico. As razes pela qual esse fenmeno acontece, vai desde a prpria ao poltica ser ineficiente ou quase ausente quando o assunto a busca por meios de desenvolvimento, at mesmo a desinformao por parte do corpo empresarial7, que muitas vezes fecham seus olhos para possibilidades de avano. Oportunidades de se obter melhorias tcnicas atravs de novas tecnologias, melhorias nas condies de segurana, so negadas s vezes pela simples razo de no acharem necessria tal medida, freando o desenvolvimento da regio. Investimentos em preservao, inovao, qualificao de mo de obra englobam gastos que no so levados em considerao pelo simples fato da falta de conhecimento de sua importncia.

    Ainda segundo os mesmos autores acima citados, no ano de 1999 quando foi oferecido um programa para desenvolvimento de unidade de tratamento de efluentes, esse programa foi desvalorizado pelos empresrios locais, que viram no seu alto custo, um fator congestionante para sua implantao. Ou seja, ao mesmo tempo em que pensaram nos custos, no pensaram que estavam rejeitando uma oportunidade que traria uma reduo nos gastos com gua, com a energia, que utilizada para se bombear gua que vem do Rio Pomba, alm de terem a chance de se adequar a exigncias ambientais propostas pelo rgo responsvel, INEA.

    Villaschi Filho e Pinto (2000) consideram que um dos principais alvos a ser atingido para que se d um passo no desenvolvimento industrial da regio, a conscincia de quem comanda. O que pode ser bom para eles pode no ser o melhor, ou at mesmo o certo. Essa a viso que deve ser implantada. Eles no consideram a educao como uma chave para a continuao do trabalho. O municpio de Santo Antnio de Pdua apresenta ndices baixos quando se fala em educao de nvel mdio - a fase em que se crie uma base social e profissional no ser humano. Os nveis educacionais sendo baixos desencadeiam nvel de qualificao baixo. Tudo indica que os empresrios se tornam coniventes com essa situao. Para eles o importante o conhecimento prtico e tcnico. O que tem que ser aprendido se aprende no dia a dia, passando o conhecimento na rotina do trabalho. Concordam que a educao no Municpio poderia ser melhor, que no h um centro de ensino superior na regio, mas ao mesmo tempo no o julgam necessrio (Villaschi Filho e Pinto, 2000).

    Ao certo, um alcance de nvel superior s atinge as metas propostas sejam elas quais forem, a partir do momento que se tem uma estrutura educacional bem desenvolvida, que chamaramos de

    7 Refere-se aos empresrios do setor da extrao de rochas ornamentais

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    espinha dorsal da educao, que seria os estudos primrios que qualquer um precisa antes de dar o passo para uma universidade. No adiantaria essa implementao numa regio em que os ndices de educao bsica no permitiriam um avano educacional. Admira-se que ainda no haja um curso tcnico preparatrio para blaster, por exemplo (outubro 2008).

    Como dito anteriormente, a verdade que a mentalidade que precisa ser mudada. A partir do momento que investirem em mo de obra qualificada, alavancando novos trabalhadores direto de pontos onde dada a qualificao, seja em centros tecnolgicos, em universidades, ou em outras instituies, essa demanda ir se tornar justamente um estmulo para que novos interessados participem e a mo de obra local torne-se mais adequada e competente.

    Em algumas ocasies podemos justificar esses erros sendo decorrentes do prprio nvel de exigncia de quem hoje um operrio. Qual seriam seus nveis de satisfao tomando como padro seu nvel de conhecimento? Eles vo exigir melhores salrios? E o que eles tm em troca para oferecer? Eles vo exigir mais segurana? Por que, se eles no tem alternativa? Alis, durante visita Pedreira Rio do Sol, foi presenciado um pequeno acidente de trabalho, onde um trabalhador teve a perna ferida por um fragmento de rocha (outubro de 2008).

    Outro fator importante a ser citado neste captulo o baixo nvel de cooperao existente entre as empresas. Falta-lhes talvez o que podemos chamar de incentivo.possivelmente uma cooperao entre empresrios atravs de arrendamentos de equipamentos como identificaram Villaschi Filho e Pinto (2000). Mesmo as universidades de municpios prximos ao de Santo Antnio de Pdua que teriam condies de realizar uma cooperao, j que mantm em seu ncleo, profissionais qualificados para haver uma troca de informaes com o setor de extrao de rochas, no realizam esse procedimento. A falta dessa prtica como um costume, impede que se tenha interesse na renovao de produtos, na renovao tecnolgica, ou seja, no tipo de negociao, no havendo uma competitividade saudvel onde empresas ainda encontram viabilidade puramente por terem em mos um produto considerado peculiar ao seu mercado.

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    13 Sociedade, Legislao e a Extrao Mineral em Santo Antnio de Pdua

    Aps a visita s extraes minerais em Santo Antnio de Pdua, os conhecimentos adquiridos nas aulas de Legislao Mineral e Ambiental, e Mtodos de Lavra oferecidas pelo Departamento de Geocincia da UFRRJ, respectivamente, no segundo perodo de 2007 e primeiro perodo de 2008 e suas respectivas bibliografias bem como no primeiro resultado da pesquisa elaborada por Villaschi Filho e Pinto (2000), inicia-se um processo de introspeco e questionamentos dos quais destacamos:

    1) A fora destrutiva do Homem no estar diretamente ligada a uma falta de capacidade de viso mais ampla da conjuntura social e econmica coletiva?

    2) At quando organismos pblicos, entidades sindicais e o prprio setor empresarial estaro atuando de forma conivente com a situao da lavra ambiciosa, destruio do meio ambiente e oferecendo situao de alto risco aos funcionrios?

    O Homem muitas vezes age em prol de sua ambio, ganncia, egocentrismo que, como consequncia atrai destruio, misria, e desigualdade. Somos parte integrante de um sistema que sobrevive atravs da integridade de cada clula existente. A Humanidade culturalmente se manifesta atravs de seus interesses pessoais almejando poder e riqueza.

    Acredita-se que no faa parte da natureza humana abrir mo de algo que venha a lhe favorecer, em troca, simplesmente, da manuteno do equilbrio da natureza do qual o Homem parte, plenamente, integrante? O mundo se mostra hoje (julho de 2009), com uma faceta ordinria e melanclica, se degradando em uma velocidade desproporcional capacidade de se auto-regenerar. E a incapacidade de autocrtica e de uma viso que alcance o nosso erro no nos tem arrematado a uma situao decadente? O equilbrio da natureza, caso possa voltar a existir, com toda a certeza, ser conseqncia do somatrio de interesses pautados no bom senso, na tica e dignidade Humana.

    Exemplos so corriqueiros em nosso dia a dia. Um minerador que, por exemplo, desrespeite a legislao mineral e ambiental, degradando a natureza8 que lhe oferece recursos e que lhe d sua riqueza provoca desperdcio de minrio, rejeito exagerado, destruio sem possibilidade de recuperao do meio ambiente, descaso com a proteo e sade de seus funcionrios colaborando, inclusive, no desenvolvimento da desigualdade e do desequilbrio social.

    8 Inclua-se a a prpria jazida que parte integrante do meio ambiente

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    Seria uma grande injustia associar estes fatos apenas com a maneira como um empresrio conduz seus negcios. Parece bvio que este um problema que se arrasta h muito tempo9, e que est entranhado em nossa sociedade. A falta de cobrana de todos os lados, seja dos rgos responsveis pela gesto de recursos minerais, ambientais e do trabalho e emprego ou at mesmo da prpria sociedade (sindicatos, populao, entidades regulamentadoras), s age como um incentivo para que tais prticas ilegais e totalmente em desacordo com a metodologia de lavra mais indicada para a regio continuem existindo. A legislao, apesar de exaustivamente extensa, demonstra-se intil para garantir a ordem no uso dos recursos naturais. E por que isso ocorre? Segundo o professor Lucio Carramillo Caetano10, o problema pode ser resumido da seguinte forma: O poder pblico exige muito da parte documental, quando em vistoria de campo, paralisa empresas que no possuam os respectivos documentos de autorizao (Licenciamentos e Concesso de Lavra), mas no conseguem impor a execuo das diversas leis, portarias e normas em vigor.

    Dessa forma, pode-se chegar concluso de que enquanto o setor empresarial mineral legalizado11 de Santo Antnio de Pdua no se sentir ameaado atravs de punies aplicadas pelas autoridades pblicas responsveis pela gesto dos recursos minerais e ambientais, no se pode esperar mudanas de atitudes significativas desse setor. Assim, tudo indica que h cumplicidade entre o poder pblico e o setor de extrao de pedras em Santo Antnio de Pdua, uma vez que diversos itens do artigo 47 do Cdigo de Minerao no so, de fato, cumpridos, tais como: Lavrar a jazida de acordo com o plano de lavra aprovado pelo DNPM (item II); executar os trabalhos de minerao com observncia das normas regulamentares (item V) e no dificultar ou impossibilitar, por lavra ambiciosa, o aproveitamento ulterior da jazida (item VII).

    Ainda mais grave do que no seguir rigorosamente os artigos do Cdigo de Minerao a desobedincia a prpria Constituio Federal de 1988 que em seu pargrafo 2, art. 225 diz: Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado. As fotos constantes do anexo apenas confirmam a situao descrita anteriormente.

    Com ndice de pobreza em torno de 30 % (CIDE, 2008), seu alto potencial mineral em fase de extrao no condiz com esse ndice de pobreza. Baseado nesse ndice subentende-se que no existe um retorno scio-econmico adequado promovido pelas empresas em processo de extrao de pedras localizadas na regio populao. Lucros direcionados ao municpio? Prticas que favoream indstria sem afetar negativamente o meio ambiente? Desenvolvimento

    9 As aulas de Mtodos de Lavra (2007) e Legislao Mineral e Ambiental (2008) demonstraram isso.

    10 Professor convidado do Departamento de Geocincias da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro das

    disciplinas de Mtodos de Lavra (2207) e Legislao Mineral e Ambiental (2008). 11

    Entre aspas porque a legalizao documental e no prtica. Ou seja, a metodologia utilizada no condiz com a descrita na documentao aprovada pelos organismos pblicos.

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    do setor empresarial? Tudo isso questionvel diante do elevado ndice de pobreza alcanado pelo municpio. No h, pelo que se observa, perspectiva por parte do governo municipal de gerao de algum programa que traga benefcios concretos.

    O empresariado tem seu interesse. O governo tem seu interesse. O povo tem seu interesse. Mas onde est o sentimento de sociedade nessa histria uma vez que, a prpria populao local no usufrui de seus recursos? Onde entra o programa educacional de base que deveria prever a qualificao da populao para permitir uma mo de obra especializada?12 Onde esto os governantes que no oferecem a estrutura adequada para que ocorra o desenvolvimento do municpio? A situao em Santo Antnio de Pdua reflete a situao brasileira onde, constantemente se cai no mesmo crculo vicioso da impunidade?

    Exemplos de ganncia, egosmo, traio, corporativismo e individualismo fazem parte de qualquer sociedade.

    Numa rpida retrospectiva histrica pode-se citar Judas como o grande exemplo de traio da era Crist que se vendeu por algumas moedas, mas no alcanou nem a satisfao material nem o equilbrio emocional, j que se sentiu to arrependido que se suicidou.

    Hitler sonhava com um mundo limpo e branco, e trouxe a obscuridade do vermelho sangue to escura quanto sua concepo de mundo perfeito.

    O Imprio Romano teve seus dias de injustia mascarados por suas belas construes. Foi uma poca marcada pela desigualdade social, onde a riqueza estava sob poder de alguns poucos, e a grande populao vivia a merc de ratos e pulgas, com imperadores agindo para manter a boa imagem.

    No se precisa ir muito longe. George W. Bush, ex-presidente dos Estados Unidos da Amrica, que com seus olhos voltados para a negritude do petrleo, sombreou o mundo com mais uma guerra insana e assassinatos to injustificveis como nunca.

    A histria dos povos da Terra mostra um impressionante documentrio de conflitos justificados por disputas territoriais e obteno de poder. No pice do absolutismo francs, o Rei Luis XIV, ou Rei Sol como ficou conhecido, ficou marcado pela forma como conduzia seu reinado. Dono da clebre frase, O Estado sou eu, traduz exatamente a palavra ambio. Com a explorao de todas as classes sociais, aumentava o nmero de impostos, que j no eram poucos, para custear suas guerras movidas a insanidades religiosas e buscas territoriais. Por diversas vezes, oferecia 12

    Segundo Rosana Coppede Silva, em palestra proferida disciplina de Mtodos de Lavra em 2008, no h Blaster

    (profissional especializado no manuseio de explosivos) nem escola de Blaster em Santo Antnio de Pdua, apesar do

    intenso uso de explosivos no municpio.

    Obra para Consulta

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    presentes, penses, empregos bem remunerados a condes, cargos importantes burguesia, pensando em obter apoio a seus atos, enquanto o restante da populao se via atolada em impostos e condies nem um pouco dignas. Nada muito diferente do que acontece hoje (julho de 2009), pondo em dvida o aprendizado com o passado.

    O poder de dominao e destruio Humano muitas vezes maquiado durante os acontecimentos histricos. Toda devastao e atitudes ignorantes perante os semelhantes, perante culturas diferentes e genocdios marcam a c