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ASSOCIAÇÃO DOS SUPERVISORES DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL www.assers.org.br REVISTA PEDAGÓGICA O ANO 4 / N 8 / DEZEMBRO 2007 / R$ 7,00 Supervisão Educacional: Trajetórias e Perspectivas Supervisão Educacional: Trajetórias e Perspectivas Supervisão Educacional: Trajetórias e Perspectivas

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Supervisão Educacional:Trajetórias ePerspectivas

Supervisão Educacional:Trajetórias ePerspectivas

Supervisão Educacional:Trajetórias ePerspectivas

Veja o programa atualizado

em www.assers.org.br

I ExpoAssersProdução:

(51) 3221.7878

marcon.brasilComunicação Direta

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Diretoria - Gestão Grupo Inovação: 2003/2008

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 1

ESPAÇO INOVAÇÃOREVISTA PEDAGÓGICA

Publicação Semestral da ASSERSAno 4 – nº 8 / dezembro / 2007

Direção Geral:Lilian Zieger

Diretora Executiva:Angelita Vargas Brazil

Conselho Editorial:Ana Maria Vieira SantosAngelita Vargas Brazil

Lilian ZiegerMaria José Machado de Lima

Maurício Aires VieiraRosane Oliveira Duarte Zimmer

Colaboradores:Adriana Armani Fiorini Martins

Angelita Vargas BrazilCarla Rodrigues SalazarGicelda Costa da Silva

Iara de Menezes BandeiraJaqueline Araújo

Jefferson Martins Ferreira SilvaLeandro Haerter

Lilian ZiegerLuciana da Silva Vicente Saint´pierre

Neusa Rosane SoaresPatrícia Collat Bento Feijó

Paulo Fraga GomesRosalina dos Santos Fontela

Rosa Marlene de Souza e SilvaRosangela Silva da Rosa

Revisão:Claudia Veridiana Galarça Schneider

Fátima Tereza Raupp GarciaRejane Beatriz Schnorr Henriques

Rosalina dos Santos FontelaSheila Cristina Silveira Bernardes Mellos

Jornalista Responsável:João José Ferreira Forni – MTB1189/DF

Capa:Evandro Marcon

Projeto Gráfico e Editoração:marcon.brasil Comunicação Direta

(51) 3221.7878

Impressão:Evangraf

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

E77 Espaço Inovação: Revista Pedagógica / Associação dos Supervisores de Educação do Estado do Rio Grande do Sul. – Ano 1, n. 1 (ago. 2004) – ano 4, n.8 (dez.2007). – Porto Alegre : ASSERS, 2007- . v. : il.

Semestral. Descrição Baseada em: N. 2 (março 2005). ISSN : 1807-0647

1. Educação – Periódicos. I. Associação dos Supervisores de Educação do Estado do Rio Grande do Sul.

CDD 370Bibliotecária Responsável

Ginamara Lima Jacques Pinto - CRB 10/1204

Revista Indexada em BBE- INEP/MEC

Sumário

5

6

9

11

13

17

22

24

27

040429303031

Endereço para correspondência:Av. Borges de Medeiros, 308 sala 106 – 10º andar

CEP 90020020 – Bairro Centro – POA – RSFones/fax (51) 3228.3498 – (51) 3286.7634

Endereço eletrônico:www.assers.org.br

[email protected]

Publicação da Editora ASSERS

Prefixo Editorial nº 60524

Conversando com EducadoresMary Rangel

O papel do supervisor educacional no contexto do processo de alfabetizaçãoCarla Rodrigues Salazar

Realidade Aumentada: Uma proposta de integração tecnológica ao ensinoJefferson Martins Ferreira Silva

Supervisão Educacional: novas demandas e um novo perfilNeusa Rosane Soares

Consideraciones sobre la contribuición de la gestión del Colégio Municipal pelotense a lapermanência de alumnos negros em su Ensino Médio nocturnoLeandro Haerter

Qualificação, desqualificação e Superqualificação: o mercado de trabalho para docentes do ensinosuperior em SalvadorJaqueline Araújo

Supervisão educacional: qual é o seu papel?Adriana Armani Fiorini Martins

A política de inclusão e os atendimentos educacionais especializadosGicelda Costa da Silva, Paulo Fraga Gomes, Rosangela Silva da Rosa

Supervisão Educacional: Teoria e práticaLuciana da Silva Vicente Saint´pierre

SeçõesVaral pedagógicoFazendo HistóriaHistórias InesquecíveisLegislação EducacionalLivrosRetratando Poetas

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 200 72

Editorial

Varal Pedagógico

A Revista Espaço Inovação chegaà oitava edição, como reconhecido espaçode divulgação de "trajetórias de sucesso"no campo de atuação da SupervisãoEducacional, demonstrando por meio daspráticas, as transformações e mudançasocorridas no perfil do profissional, que atuanessa área, buscando atender as demandasque se apresentam no cotidiano das escolase numa sociedade em constante evolução.

Esse número da Revista abreespaço para a reflexão de valiosas práticase experiências, desenvolvidas nasambiências escolares, proporcionando aosleitores e leitoras vislumbrar trajetórias

percorridas com sucesso em parceria comSupervisão Educacional.

Os artigos apresentados abordamquestões de relevância, na caminhadapercorrida pela comunidade escolar,ressaltando cada vez mais a importânciada atuação do/a Supervisor/a Educacional.

O/a Supervisor/a Educacional, apartir de sua atuação na escola é capaz detransformar a realidade. Com clareza dopapel que deve ser exercido ecompartilhando saberes com os demaissegmentos da comunidade escolar, setornará o líder com a capacidade paramovimentar o grupo, alcançando o êxito

ou melhorias no processo educativo.Esperamos que as experiências e

estudos aqui apresentados se transformemem "molas propulsoras" que impulsionemas práticas nas escolas e desafiemeducadores e educadoras a trilhar novoscaminhos planejados no coletivo dosambientes escolares. E que, ao mesmotempo, sejam os/as próximos/as a nosenviar novas experiências com "trajetóriasde sucesso".

Um abraço carinhoso

Angelita Brazil e Lilian Zieger

Diretoria da ASSERS

CURSO DE FORMAÇÃO

PERMANENTE PARA

SUPERVISORES

A Associação dos Supervisores deEducação do Estado do Rio Grande doSul promove durante o ano Curso de

Formação Permanente, a fim deproporcionar uma formação continuadaaos nossos supervisores e educadores

desta Entidade.O curso é oferecido aos associados

sem custos.

CURSO: FORMAÇÃO CONTINUADA

Encontro de Supervisores Educacionais dasEscolas da Rede Privada de Ensino de Porto

Alegre.Periodicidade: um encontro mensal (março a

novembro). O primeiro tema a serdesenvolvido é definido pela Entidade, com

base nos cursos anteriores, sendo aorganização dos demais assuntos definidos

pelo grupo que participa do primeiroencontro.

Informe-se e participe!

Fazendo História

A Revista Espaço Inovação é uma publicação da ASSERS, que chega ao mercado para socializar temas relacionados à educação,

portanto contamos com suas idéias, seus trabalhos e suas experiências para compartilhar com outros educadores, da história que juntos

construiremos. Para organização das colaborações, é necessário observar:

- A Revista recebe artigos, trabalhos científicos, relatos de pesquisasrelativas à área educacional de relevância para o contexto atual;

- Os materiais enviados serão analisados pelo Conselho Editorialque avaliará a divulgação de acordo com a demanda dos temas centraisda Revista;

- Após análise do material recebido e aceito para publicação, oConselho Editorial entrará em contato com o/a colaborador/a, para queassinem a autorização dos direitos autorais em nome da ASSERS,responsabilizando-se pelo trabalho publicado;

- Os trabalhos deverão ser enviados por e-mail, em editor de textoWord, espaço simples, fonte Times New Roman 10, com no máximo

seis páginas, no mínimo duas, incluindo fotos (originais), com resolução250 DPIs. O trabalho deve iniciar com o título e o/a nome do/a autor/a,resumo em português (resumo em inglês ou espanhol ao final), citaçõescom autoria especificada (inclusive página e ano) e referênciasbibliográficas após o texto, de acordo com as normas da ABNT,encerrando com os dados do/a autor/a. Junto ao trabalho, tambémpoderão ser enviados frases, idéias ou parágrafos que desejam queestejam em destaque na Revista;

- A Revista não se responsabiliza por opiniões expressas nos artigosassinados.

Importante: solicitamos que todos/as autores/as revisem, cuidadosamente, as normas da ABNT para construção de artigos!

PÓS - GRADUAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU

EM SUPERVISÃO EDUCACIONAL

FACULDADES PORTAL

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 3

Conversando com Educadores

Espaço Inovação: Com a aprovação do Projeto, pelo Senado

Federal, da lei que regulamenta a profissão de Supervisão

Educacional no Brasil, em 18 de outubro de 2007, quais as mudanças

que poderão ocorrer no exercício da mesma, em sua opinião?

A primeira mudança é a qualificação da Supervisão comoprofissão. Associada a essa mudança, que significa uma expressivaconquista, está a normatização da situação dos supervisores, suaformação, seu âmbito de atuação.

A função supervisora tem estado diluída, sem definições eidentidade própria. Subjacente a essa diluição e descaracterizaçãofuncional, está a redução do alcance das suas possibilidades decontribuições pedagógicas.

O Supervisor não é apenas um profissional com incumbênciaspráticas, a exemplo de organizar o trabalho do dia-a-dia da escola, oufazer reuniões relativas a essa organização, etc. O Supervisor é bemmais que isso: é um pesquisador, um estudioso das práticas, umformulador de projetos, com base teórica e criatividade, no sentido doseu aperfeiçoamento e atualização.

O Supervisor tem formação pedagógica e competência pararealizar a leitura crítica dos planos e da legislação formulada pelasinstâncias normativas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, o PlanoNacional do Livro Didático, o Sistema Nacional de Avaliação da EscolaBásica, o Sistema de Avaliação do Ensino Médio são, entre outros,objetos de estudo e de implementação crítica e contextualizada daSupervisão.

A Supervisão tem um núcleo central de atuação: o estudo. Oestudo é, tanto do próprio Supervisor, como dele com os Professores eSetores Pedagógicos da escola. O conhecimento é o objeto de trabalhodos Professores. Esse conhecimento, especialmente na sociedadecontemporânea, informatizada e globalizada, na qual as pesquisas sesucedem rapidamente, precisa de estudo permanente, que requer aformação continuada dos professores e enfatiza a função supervisorade orientação pedagógica, especialmente destacada na normatização daprofissão de Supervisor Educacional. Portanto, constituem tambémobjetos de estudo da Supervisão com os professores: as teorias decurrículo, as teorias de aprendizagem, as teorias didáticas e suasmetodologias, os fundamentos pedagógicos, os teóricos da educação,não só Vygotsky, Piaget, Lay, Kerchesteiner, Bruner, Allport, como osclássicos, a exemplo de Comenius, Herbart e outros pensadores quetrazem suportes essenciais à pedagogia.

Afirma-se, desse modo, que o Supervisor é, necessariamente,um estudioso dos fundamentos que trazem subsídios importantes à práxispedagógica, ou seja, à prática fundamentada, refletida. Enfim, a

MARY RANGEL

Nesta edição da Revista Inovação compartilhamos com os/as leitores/as do posicionamento da Doutora Mary Rangel, acerca

da aprovação do Projeto de Lei, que regulamenta o exercício da profissão do Supervisor Educacional.Mary Rangel, Doutora em Educação; Pós-Doutora em Educação; Supervisão Educacional; Escritora com diversas obras publicadas.

Supervisão tem um âmbito, ao mesmo tempo específico e amplo,abrangente e peculiar, de formação e um campo de significativascontribuições à escola, ao sistema educacional, à sociedade.

Quais as principais atribuições do/a supervisor/a educacional

no Brasil hoje, em sua opinião?

As principais atribuições do/a Supervisor/a educacional noBrasil, hoje, tem uma referência básica: a qualidade pedagógica e socialda escola.

A qualidade pedagógica e social da escola requer umcompromisso com a inclusão. Esse compromisso tem duas vertentes: ainclusão da diversidade e a inclusão da aprendizagem.

A inclusão da diversidade refere-se ao acolhimento de todas assingularidades étnicas, raciais, culturais, socioeconômicas, de gênero,de características biopsicológicas e sociocognitivas. A inclusão daaprendizagem refere-se à garantia do conhecimento como direito davida cidadã e, portanto, como direito de todos.

No direito à aprendizagem, incluem-se o direito à escolaridade,ou seja, o direito à permanência na escola e à participação em todas asoportunidades de escolarização. Nesse sentido, é um desafio e umcompromisso do Supervisor enfrentar os resistentes problemas dofracasso, das sucessivas repetências, da evasão. Também é um desafiodo Supervisor assumir e praticar na escola o princípio da inclusão, noaspecto de que a inteligência não é um privilégio de alguns, mas simum direito e possibilidade de todos; dessa forma, deve ser reconhecidae estimulada.

Quais os maiores desafios que esse profissional enfrenta nos

tempos atuais?

A resposta anterior contempla os desafios que se sintetizam naluta pela escola de qualidade, reafirmando-se que essa qualidade é sociale pedagógica, portanto, definindo-se como uma escola que inclui,promove, colabora para a emancipação social.

A competência técnica, humana, política (de compromisso, decidadania) do Supervisor, sua formação, seus estudos, sua visão e práxispedagógica são fatores essenciais à qualidade da escola pela qual asfamílias e a sociedade apelam.

A Supervisão Educacional ou Pedagógica tem, no nome daprofissão, a sua identidade: Supervisão, que significa e implica em visãosobre o processo, que é pedagógico, didático, metodológico e curricular.Essa visão possibilita (se for fundamentada em estudos, em pesquisas,em formação apropriada), as três ações supervisoras essenciais: acoordenação, a integração e a orientação do trabalho pedagógico, emtodos os seus elementos de princípios e processo.

Formar Supervisores competentes torna-se, portanto, um dosgrandes desafios da e para o exercício da profissão.

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 200 74

O que a senhora pensa acerca do

concurso público para supervisão

educacional?

O concurso público para aSupervisão Educacional, adotado em muitosMunicípios e Estados brasileiros na redepública, assim como, na rede pública eprivada, em muitos países, nos quais aimportância da profissão é reconhecida, semdúvida é um dos meios de se constituíremequipes competentes, com conhecimentoavaliado por provas e títulos. O concursopúblico é um ganho, uma conquista dossistemas de educação, em todos os níveis(municipais, estaduais, federais), em favorda qualidade do trabalho pedagógico daescola e seus compromissos sociais. Essa

qualidade (vale repetir) necessita daSupervisão.

Após a aprovação, do Projeto, pelo

Senado Federal, da lei que regulamenta a

profissão da Supervisão Educacional no

Brasil, em 18 de outubro de 2007,

surpreendentemente o mesmo foi vetado pelo

Presidente da República. Como a Senhora

concebe esse acontecimento?

O veto da lei de profissionalização doSupervisor pelo Excelentíssimo SenhorPresidente da República parece-me, sobretudo,resultante do fato de não ter sidosuficientemente informado sobre o alcance dasfunções dessa categoria, de expressivaimportância para a qualidade social e

Atualmente vivemos uma educaçãocom muitos percalços; profissionais poucocapacitados, descontentes, inovadores, mascom enormes dúvidas, educandos líquidos devalores, à margem de uma sociedade, sozinhos,que buscam na escola o prazer da descoberta.

Percebe-se a educação em âmbitogeral, com a intenção, entre outras, deacompanhar a dinâmica do mundo, váriaspropostas de reformas vêm surgindo, tornam-se pouco viáveis, devido à ausência quase totalde uma infra-estrutura, parece que o país estáacordando para refletir sobre a"EDUCAÇÃO". Há um novo paradigma eexiste uma preocupação em formarprofissionais competentes na área que levem ateoria e a prática a um encontro diário.

A primeira questão a ser discutida é ofato de a maioria das nossas escolas não terum supervisor educacional, profissional essede suma importância no processo educacional.Sabemos que esse profissional não é vistomuitas vezes com "bons olhos" pelos colegas,pois em outros tempos aquele que atuava nasupervisão era quem tinha função de fiscalizaro trabalho dos professores ou de toda ainstituição.

A Supervisão Educacional tem uma

função abrangente e por objetivo melhorar ascondições da educação, estimulando edesenvolvendo a qualidade no processo deensino-aprendizagem. Para Medina,

O supervisor é aquele profissional que desde

sempre é professor, vivencia experiências em

sala de aula, interage com os alunos, ensina,

aprende sistematiza conhecimentos, além, dos

específicos de sala de aula e, na trajetória de

ser professor supervisor, torna-se, ao mesmo

tempo, um pesquisador do cotidiano da escola

sempre recomeça (2002, p.39).

Tendo em vista a qualidade do ensino,o supervisor deve assistir ao professor e apoiaro funcionamento da escola, com base nafilosofia da mesma e no seu projeto políticopedagógico. Sendo assim, o supervisor deveassumir o papel de agente de transformação,qualificando o seu grupo de trabalho,contribuindo assim, para que haja sucesso nolocal de trabalho.

A supervisão deixa de ser um lugar noorganograma, uma instância burocrática deintermediação e controle, para ser aquela açãosolidária de quem atua junto ao trabalho debase, referenciando-o e catalisando seuprocesso. Assim, "a missão do supervisor será

O PAPEL DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NO CONTEXTO DOPROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO Carla Rodrigues Salazar*

Resumo: o presente artigo busca refletir a prática pedagógica da supervisão diante do processo de ensino eaprendizagem da alfabetização. Ao pensar nesta prática, ressalta-se a importância da ação de um supervisor naintegração e articulação do trabalho pedagógico, para que, envolvido com os membros deste processo, possa

melhorar a qualidade do ato de alfabetizar.Palavras-chave: Supervisão Educacional. Processo ensino-aprendizagem. Alfabetização.

pedagógica da escola.Essa é a minha hipótese para o veto.

Além da hipótese, tenho, também, umaindagação: - se os Orientadores Educacionaisobtiveram a profissionalização legalmentedefinida, por que não os Supervisores?Ambos não estão no mesmo artigo da Lei deDiretrizes e Bases, que trata dasespecialidades pedagógicas e seus níveis deformação?

Observo, finalmente, que, para alémdas dúvidas e questionamentos, éfundamental manter a esperança (energia quemove o pensamento e o coração) e manter,concomitantemente, a mobilização política.A ASSERS é parte essencial e liderançasignificativa dessa mobilização.

de ajudar a equipe de base a formular eviabilizar o seu projeto de vida enquantoeducador" (LIBÂNEO, 1984, p.34).

Esse supervisor educacional temformação, conhecimento, habilidades pararessignificar com o professor o que os alunosaprendem ou não aprendem e o porquê. Se elesaprendem - de que modo aprendem, quais osparadigmas que permeiam as ações em sala deaula. Se os alunos não aprendem - de que modoo professor investiga as dificuldades pararessignificar o saber e como pode o professortransformar o saber dos alunos emconhecimentos sistematizados.

Para Rangel (2003, p.21) o supervisornão é mais aquele sujeito que possui um "superpoder" de assessorar, acompanhar, controlar eavaliar o trabalho que os professores realizamnas escolas, mas aquele que constrói com osprofessores seu trabalho diário. Sendo assim,percebe-se cada vez mais a necessidade desseprofissional na escola, pois nossas instituiçõesde ensino estão cheias de professoresdesmotivados, cansados, sem vontade, querecebem diariamente alunos curiosos, com umaenorme bagagem trazida da vida, de casa, domundo.

Inicialmente nos deparamos com o

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 5

problema do processo de aprendizagem nasséries iniciais, em especial a 1ª série. Seráanalisada aqui a realidade da maioria dasescolas públicas de periferia. Nessas é precisomostrar que é possível alfabetizar crianças como mínimo de conhecimentos do mundo letrado,com pouquíssimos ambientes alfabetizadoresde qualidade, mas que sentem e muito prazerpelo aprender.

Propor uma alfabetização real, comsignificados, para crianças que chegam à escolacom poucas informações sobre leitura e escrita,que tudo o que sabem é produto de suaspróprias explorações ativas sobre a língua ativaem contextos pouco apropriados (a escrita emuma camiseta, em um pedaço de jornal queserve para acender o fogo, na embalagem deproduto comestível, etc..., a escrita num pedaçode terra, feita com um graveto, a escrita emuma parede, feita com um caco de tijolo) édiariamente um grande desafio que professorese equipe pedagógica precisam estar preparados.É preciso levar em conta que estes sujeitos nãopuderam aprender em "contextos sociais" asfunções básicas da escrita em nossa sociedade;sabem que é algo importante, mas não sabemexatamente porque é tão importante. Sabempouco, não por falta de curiosidade, nem porfalta de capacidade, mas porque não tiveram aquem perguntar no momento oportuno, porquenão havia alguém por perto que pudesseresponder as perguntas que todas as criançasse colocam no início, porque não tiveram aoportunidade de confrontar suas escritasiniciais com as escritas produzidas por outros.

Partindo do princípio que o ato deaprender exige a existência de quem ensina,percebe-se a necessidade de um educador queleve o aluno à construção deste conhecimento,à busca conjunta, entre professor e aluno, daconstrução da autonomia do sujeito, levandoem conta que todo conhecimento éreconstrutivo.

Salienta Cagliari (1998) que: "Aaprendizagem é sempre um processoconstrutivo na mente e nas ações do indivíduo".

Aprender é um ato individual,portanto, cada um aprende do seu jeito. Aaprendizagem não se processa paralelamenteao ensaio. O que é importante para quemensina, pode não aparecer tão importante paraquem aprende. É preciso deixar claro que aordem da aprendizagem é criada peloindivíduo, de acordo com sua história de vidae raramente acompanha passo a passo à ordemdo ensino. Para Alves (2003), "quem ensinanão sabe que está ensinando e quem aprende

não sabe que está aprendendo". (p.14)A escola deve ser um lugar onde se

busca compreender as dificuldades, os desafiosque se impõem dia-a-dia, os fracassos e acertos.Quando um professor acerta, promove aparticipação, o posicionamento crítico dosalunos, a ação criativa e responsável, e aautonomia diante da própria história de vida.Porém ao errar mutila, coíbe, faz calar acriatividade, destrói a auto-estima, formatapersonalidades. Para o educador Paulo Freire(1996), a escola é:

"um lugar do sentir, do desejo. Lugar do ser

humano tornar-se mais humano, mais gente,

de resgatar o caráter ontológico de sua

existência: ser feliz e tomar o outro feliz, tudo

isso ganha um sentido pleno na coletividade".

(p.54)

Na escola circulam diversos atores,todos e cada um fazendo parte de uma extensarede de intencionalidades, desejos, fazeres... Aescola é uma construção que coloca a nú oespírito de seu tempo, mas é também um vir aser que solapa o agora dado. Baseada nessepensar é que, entre estes atores, verifica-se aimportância indiscutível da SupervisãoEducacional. A essa cabe a tarefa deproblematizar os fazeres, articular o discurso ea prática, respeitando as leituras e adaptaçõesque a escola faz dos mesmos, a ela cabeestabelecer estratégias de ação na busca dopossível da utopia desejada, ressignificando suaconduta. Seu objeto de trabalho é a produçãoda escola como um todo, estabelecendo entreesses dois aspectos uma cumplicidadepromissora e relacionando-os diretamente coma aprendizagem dos alunos. Isso se dá nasrelações e inter-relações dos atores/agentes quese constituem enquanto partes do todo dainstituição. Em suma, seu papel é o demediador das diferentes falas e presenças quese irrompem na tentativa de rasgar para si umespaço neste palco de tantos conflitos, mastambém de muita boniteza quando espaço dediálogo e construções partilhadas na escola.

Segundo Rios,O ofício de ensinar deve ser um espaço de

entrecruzamento de bem e de beleza. Ambos

os conceitos guardam em si, entre outras

conotações, a idéia de fruição, de prazer, de

perspectiva de saborear a realidade.

Saber e sabor têm a mesma origemetimológica. Conhecer o mundo é sentir o seugosto, que se experimenta não apenas pelopaladar, mas pelo conjunto dos sentidos, ainda

assim insuficientes [...]. O mundo é do tamanhodo conhecimento que temos dele. Alargar oconhecimento, para fazer o mundo crescer, eapurar seu sabor, é tarefa de seres humanos. Étarefa, por excelência, de educadores (2003,p. 24).

Pensando neste contexto, é necessárioque o educador acredite numa educação comsentido, prazerosa, que leve o aluno àdescoberta, ao fazer e refazer. Na alfabetização,em especial, que desenvolva a necessidade deenvolver os alunos no mundo das letras, doimaginário, da fantasia, do faz-de-conta, queenvolva os alunos no imaginário,confrontando-os com o real.

Acredita-se que o trabalho com aalfabetização não parta apenas do saber ler ouescrever, é necessário um trabalho quepossibilite a troca de idéias e, principalmente,o conflito de hipóteses, tão necessário para queocorra o avanço na aprendizagem.

Sabe-se que os alunos conhecem aescrita mesmo antes de chegar à escola, o quenão quer dizer que estão alfabetizados, mas oambiente escolar precisa proporcionar formasque levem o aluno a conceber a escrita e aleitura.

Para Ferreira e Teberosky,[...] as crianças aprendem a ler e a escrever

interagindo com a língua escrita, enquanto

objeto de conhecimento e com os falantes e

informantes de sua língua materna, enquanto

seus interlocutores, assim constroem e

reconstroem hipóteses na tentativa de entender

o que é, o que representa e como funciona a

escrita, e é por esses caminhos de reflexão

sobre a leitura e escrita que elas vão se tornando

leitoras, escritoras, produtoras de significados

(Ávila, 1998, p.15-16).

Partindo do princípio de que construirconhecimentos significa estabelecer diversasrelações, trabalha com todas as unidadeslingüísticas (texto, palavras, frases, letras,fonemas, sílabas) conclui-se que a produçãotextual é indispensável, pois as palavras nãose encontram geralmente "soltas" no mundoescrito, estão contextualizadas num mundoglobal. Ler e produzir textos deve ser umaprática constante no ambiente escolar.

Não existe uma receita de comoensinar a ler e escrever. Para a criança apropriar-se do nosso sistema de representação escrita,ela precisa construir respostas para o que éescrita e qual a estrutura do modo darepresentação desta, deve-se lembrar que a

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escola não leva em conta que antes da criançarelacionar fala e escrita, a criança elabora outrasformas para representar este sistema.

Weiss demonstra um equívoco básicoda escola a respeito da escrita, ao falar que:

A escola considera evidente que a escrita é

um sistema de signos que expressam sons

individuais da fala e supõe que também para a

criança isso seja dado "a priori". Mas não é.

No início do processo, toda criança supõe que

a escrita é uma outra forma de desenhar as

coisas (1985 p.4)

É preciso deixar claro que existe umagrande diferença entre letramento ealfabetização. Alfabetizar é ensinar a ler eescrever, tornando o indivíduo capaz,letramento é o resultado da ação de ensinar eaprender as práticas sociais de leitura e escrita.Portanto construir leitura e escrita deve partirda experimentação, da hipótese, dainvestigação, do conflito num ambiente ricoem escritas diversas, ou seja, escutar alguémlendo em voz alta e ver outros escrevendo,tentar escrever (sem estar necessariamentecopiando um modelo); tentar ler utilizandodados contextuais, assim como reconhecendosemelhanças e diferenças nas séries de letras;brincar com a linguagem para descobrirsemelhanças e diferenças sonoras. Para Alves:

Professor bom não é aquele que dá uma aula

perfeita, explicando a matéria. Professor bom

é aquele que transforma a matéria em

brinquedo e seduz o aluno a brincar. Depois

de seduzido o aluno, não há quem o segure

(2004, p.16).

Sendo assim, comprova-se aimportância da Supervisão Educacional quetem neste contexto o papel de travar umdiálogo aberto com professores que se sentemestimulados a buscar alternativas paraaperfeiçoar e efetivar a sua ação pedagógica.Como diz Dalla Zen (1998, p.7): "a açãopedagógica não se acomoda, ao contrário,incomoda-se".

Esta ação precisa primeiramente estarligada à ludicidade, contudo é necessário nãousar os jogos e brincadeiras apenas comotransmissão de conteúdos, tornando-os nãomais jogos e brincadeiras, mas sim atividadesdirigidas, mostrando assim uma atitudeautoritária dos professores, pois o aluno émanipulado e tem apenas uma ação passiva.Nas palavras de Fortuna (200, p.157):

No objetivo maior deverá ser o de tornar as

aulas lúdicas, aproximando-as das

características do brincar: "espontaneidade,

improdutividade, trânsito entre a realidade

externa e interna, interatividade, simbolismo

constantemente recriado, desafiado instigação,

mistério, imponderabilidade e surpresa".

Baseados nestas inquietações, osalunos da primeira série construirão suasproduções escritas alicerçados nas suashipóteses. Não limitando sua aprendizagem, oaluno sentirá prazer nesta descoberta que édiária para alguns, enquanto para outros é maislenta e gradual. Neste sentido, é preciso o olharsensível e respeitoso do educador que vairealizando abordagens investigativas nodesenvolvimento do trabalho, articulando-asà teoria e à prática à medida que vaidiagnosticando o seu grupo e as necessidadespeculiares de cada um.

Sabe-se que a criança (re) constrói alíngua escrita, ou seja, vai se apropriando desseobjeto de conhecimento, através da construçãode hipóteses cada vez mais complexas , emdireção a hipótese alfabética, vai aprendendoa escrita mediante os conflitos que estabeleceem relação a ela. O nível desses conflitos e otempo no qual eles ocorrem estão vinculadosàs exigências e possibilidades do contextosócio-pedagógico no qual o sujeito estáinserido.

Para tal o educador precisa estarpreparado, respeitar a criança, compreender oerro e não a ajudar, há uma grande distânciaentre estes eixos. Sendo assim, comprova-se anecessidade de uma parceria entre educador eequipe pedagógica, um trabalho em conjuntoque leve a delineação de princípios que sepretende seguir, metas a serem alcançadas noprocesso de ensino-aprendizagem, propondométodos adequados que levem a um sabersignificativo com hipóteses, descobertas,investigações e muitos resultados.

Sabe-se que a alfabetização não é umatarefa fácil e que existem muitas dúvidasteóricas e práticas num processo deaprendizagem tão fundamental, que deve serprazeroso e não obrigatório. Nesse processo,apresentam-se muitas dificuldades, essasgeralmente residem na compreensãometodológica do trabalho. A metodologia deveestar na interação do supervisor educacionalcom os professores e vice-versa, tambémcontida na proposta de trabalho da escola e dosistema. É na interação de planos de ensino,projetos, propostas e ações construídas ereconstruídas que se visa a produção deaprendizagem sistematizando em sala de aula.

Há quem ainda pense que a

organização pedagógica de nossas escolas sejatarefa única do supervisor. Realmente é. Mas,não exclusivamente dele. Planejar, organizar,coordenar e de certa forma, "controlar", sãoatribuições da Supervisão Educacional etambém de todo o grupo. Como alertaVasconcellos;

Quando nos referimos à coordenação do

trabalho pedagógico não estamos

absolutamente reduzindo tal atividade aos

coordenadores pedagógicos ou supervisores,

muito pelo contrário, a coordenação do

trabalho pedagógico, no seu autêntico sentido,

tem a ver com todos os sujeitos e com todas as

instâncias formativas no interior da escola

(2002, p.143).

A vida escolar não se dá numa reunião(pedagógica, administrativa, etc.), mas na salade aula, no corredor, no pátio, no que foi ditoe no que foi (mal) entendido, em todos osacontecimentos (previstos ou imprevistos) quevão além das salas, dos muros, de todos osdelimitadores que se tenta impor no processo.Faz-se necessário criar condições para que osenvolvidos neste importante processoassumam seu verdadeiro papel e procurem, aolongo de seu trabalho, os resultados almejados.

Nessa relação, professores esupervisão educacional, o papel do supervisorpassa a ser redefinido com base em seu objetode trabalho, buscando propor umaaprendizagem com significados, pois educarnão se reduz a transmitir conhecimentosacumulados, mesmo com novas técnicas etecnologias. É construir, criar, reinventar,contradizer, contraditar, experimentar, testar,errar, acertar, se lançar ao desconhecido, aoduvidoso, ao incerto, tentar e também sereeducar.

Para que a escola possa construir-sedentro do seu projeto político-pedagógico, elanão pode desconsiderar nunca que é necessáriocontar com a participação de todos. Quandoem nossa vida encaramos novos ambientes,novas pessoas, novas maneiras de pensar,enfim, qualquer nova situação, passamos porum momento de insegurança. Então nosescondemos, nos protegemos nos abrigos dasidéias prontas. Somente após sondarmos asituação e a interpretarmos, passamos a nossentir seguros para ir em frente, para participare interferir naquele ambiente. Mas, se oambiente apresenta-se aberto para o novo, seo trabalho da Supervisão Educacional buscavalorizar o que existe de mais rico em cadaprofessor, tal situação pode ser modificada e

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 7

favorecer um conjunto de mudanças. Para issoé preciso ir além do discurso, pois como afirmaPaulo Freire (1996, p.14), "a democracia, comoqualquer sonho, não se faz com palavrasdesencarnadas, mas com reflexão e prática".

THE PAPER OF THE SUPERVISOR IN THECONTEXT OF THE PROCESS OF LITERACY

Abstract: the present papel intend to think over the educational practice ofscholar supervision face to teaching and learning process in literacy.

Aalysing this practice, it can be emphasized the importance of a supervisor'saction in integration and articulation of pedagogic labour in order to, involvedwith the members of this process, this professional can improve the quality

in teh leteracy action.Keywords: Educational supervision. Teaching and learning process.

Literacy.

*Professora Alfabetizadora da Rede

Estadual. Graduada no curso de Pedagogia

da Ulbra/Canoas. Pós-graduanda em

Supervisão Educacional - ASSERS/PORTALREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Rubem. A escola com que sempresonhei sem pensar que pudesse existir. 5ed.Campinas, SP: Papirus, 2003.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando semo Ba, Bé, Bi, Bó, Bu.São Paulo: Scipione,1998.

DALLA ZEN , Maria Isabel H. História DeLeitura na Vida e na Escola: Umaabordagem lingüística, pedagógica e social.Porto Alegre : Mediação, 1997.

FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana.Psicogênese da Língua Escrita. PortoAlegre: Artes médicas Sul, 1999.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:Saberes necessários à prática educativa.São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MEDINA, Antonia da Silva. SupervisãoEscolar: da ação exercida à práticarepensada. Porto Alegre: AGE, 2002.

RANGEL, Mary. Nove olhares sobre asupervisão. 9 ed. Campinas, SP: Papirus,2003.

RIOS, T.A. Compreender e Ensinar: Poruma Docência da Melhor Qualidade. 4ed.São Paulo: Cortez,2003.

Nos dias atuais vivenciamos mudançassignificativas no meio computacional,acompanhadas pela considerável facilitação deacesso aos meios tecnológicos. Pensar naintegração tecnológica aos meios educacionaise nas escolas deixou de ser excentricidade dostempos modernos para ser uma necessidadedesenvolvida e suscitada nos dias atuais, dadaa extrema facilitação ao acesso precoce dosjovens e crianças aos meios tecnológicos, entreeles, ressaltando-se o computador. O campoda Realidade Aumentada - RA (AugmentedReality) surge como forte atrativo educacional

REALIDADE AUMENTADA:UMA PROPOSTA DE INTEGRAÇÃOTECNOLÓGICA AO ENSINO

Jefferson Martins Ferreira Silva*

Resumo: os dias atuais são marcados por intensa evolução dastecnologias. É comum encontrarmos eletrônicos como uma maquina digital,

um simples tocador de mp3 ou um microcomputador que apresentamfuncionalidades que poderiam ser até mesmo inimagináveis, e pouco tempo

depois, tais funcionalidades estarem obsoletas pelo contínuo avanço nomeio tecnológico. E essa avanço não pára. Movidas pelo fascínio humanode ter cada vez mais tarefas e obrigações auxiliadas e desenvolvidas por

inovações cada vez mais surpreendentes, as tecnologias são superadas diaa dia. Em um mundo em que as mudanças tecnológicas acontecem cadavez mais rapidamente, e o acesso a tais tecnologias esta cada dia mais

fácil, torna-se necessário a cogitação de uma possível integração aoensino. Este trabalho tem por principal foco apresentar uma proposta de

integração tecnológica ao ensino por meio da ajuda computacional eexploração da Realidade Aumentada, através de possibilidades de imersão

virtual no ambiente real.Palavras-chave: Ensino. Realidade Aumentada. Realidade Virtual.

ARToolKit.

em diversas áreas como inclusão de criançashospitalizadas [3], visita com orientação aoMuseu Nacional de Belas Artes [2], entreoutros que serão discutidos ao longo destetrabalho

A Realidade Aumentada surge de umaderivação da Realidade Virtual, que tem comoprincipal característica a total utilização dovirtual. Ao utilizar RA faz-se uma mistura doreal com o virtual através da inserção de objetosvirtuais ao mundo real enriquecendo assim oambiente real. Para tornar possível a interaçãoao ambiente real onde teremos nosso plano de

estudos, utilizamos o software ARToolKitversão 2.65 [1] de distribuição gratuita, quepossui código de programação abertopossibilitando adaptações de acordo com anecessidade buscada, e também ummicrocomputador comum, webcam e algunsmarcadores (pequenas placas de papel).

O software ARToolKit faz uso de umabiblioteca de programação utilizando recursosde visão computacional alinhando objetosvirtuais armazenados em um banco de dadospré-definidos pelo utilizador aos seusrespectivos marcadores.

Figura 1. Utilização do ARToolKit [1].

VASCONCELLOS, Celso dos Santos.Coordenação do trabalho pedagógico doprojeto político-pedagógico ao cotidiano dasala de aula. São Paulo: Libertad, 2002.

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 200 78

Basicamente capturamos a imagemque esta impressa no marcador (um cartão comum símbolo) através da webcam. Esta por suavez estará referenciada junto ao banco de dadosa um determinado objeto, que será apresentadona tela do microcomputador. Juntamente como objeto apresentado na tela podemos adicionarainda um arquivo de áudio de tal forma quetenhamos um maior nível de interesse doutilizador final.

A utilização de Realidade Aumentadatem as mais diversas abrangências. Com oobjetivo de prender a atenção do utilizador eproporcionar uma maior imersão no conteúdoestudado, existem projetos de livros virtuaiscomo o LIRA [5], ou entre outros maisconhecidos é possível destacar o Magic Book[6], que além de seu conteúdo educativoapresentam um complemento atravésda realidade aumentada capaz deacelerar o aprendizado. Ao utilizar olivro impresso com o auxílio de umawebcam e o software (ARToolKitcom os devidos ajustes) temos aincrementação de informações extraspodendo elas ser imagens, projeçõestridimensionais e até possíveisnarrações. Histórias infantis ficammais agradáveis e apresentam umgrande incentivo à criança através deuma experiência imersiva,permitindo a observação de detalhesantes não vistos em uma versão 3Dda história, como é proposto em [8].A aplicação do livro virtual pode ser estendidaao campo da aprendizagem que envolveformas tridimensionais de difícil visualizaçãopelo fator extremamente relevante da limitaçãovisual, criando-se assim um incentivo aoestudo.

Existem vários livros envolvendo RAcomo o BlackMagic [7] que foi visto por maisde 400 mil pessoas durante alguns meses naNova Zelândia. Com o auxilio de um óculosespecial o livro apresenta a história das Copasdas Américas e tem por diferencial marcanteem relação à um livro comum além da

possibilidade de leitura textual a possibilidadede "assistir" a história, pelo fato da mesma sernarrada em varias partes, através de recursosde áudio e imagens empregados com o uso daRA. A possibilidade de manipulação de objetosvirtuais para criação de outros ambientes éapresentado em [9] como opção dedesenvolvimento criativo. Esse projetoapresenta um livro virtual que possui em suaspáginas objetos que podem vir a fazer parte deum cenário virtual, também manipulado pelousuário. Com ele é possível fazer a inserção eremoção dos objetos apresentados construindoum cenário em uma verdadeira experiência deimersão virtual.

Para o ensino musical a RA tambémapresenta propostas de integração [10]. Amúsica é algo que sempre exerceu fascínio no

ser humano, simbolizando e expressando emvários tipos de situações a emoção humana emnotas de melodias que transmitem mais quepalavras. Utilizando técnicas de VisãoComputacional e Realidade Aumentada, épossível fazer com que a RA interaja com ousuário de forma atrativa [11] muito maiseficiente e intuitiva.

Dentre os vários problemas que a áreada educação enfrenta na atualidade, a falta demotivação dos alunos no aprendizado dedeterminado assunto é algo que revela atenção.Em muitas situações observa-se que a falta de

interesse surgeaté mesmo nosprofessores pelagrande escassezde recursos emeios paraauxiliar nodesenvolvimentodo aluno. Ograu de

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] ARToolKit Home Page, <http://www.hitl.washington.edu/artoolkit/> Acessoem 11 de Outubro de 2007.

[2] BRAGA, Isis Fernandes; LANDAU,Luiz; CUNHA, Gerson Gomes. A Study onAugmented Reality at the National Museumof Fine Arts of Rio de Janeiro; AMS2006.COPPE/UFRJ, abril de 2006.

[3] NUNES, Eunice P. dos Santos;MARTINS, Claudia Ap.; BORGES, LucianaC. L. F.; RIBEIRO, Rosa Lúcia R.;FONSECA, Dannyel C. da; LEITE, DouglasS.; VIEIRA, Maria Ap.; NUNES, Clodoaldo;SISCOUTTO, Robson Augusto. Usandotécnicas de realidade aumentada no projetode inclusão digital de criançashospitalizadas. WCCSETE2006, março,2006.

complexidade exigido por uma tarefa emmuitos casos vai além do que a estrutura naturalde sentidos oferece, fazendo com que ainstituição, educadores e por fim os alunos nãoconsigam manter o empenho esperado. A áreamédica apresenta essas características, ditadaspela grande complexidade do corpo humano,e a RA pode ser utilizada para amenizar esseproblema. Com o uso de RA já foram

desenvolvidos alguns projetos comocirurgia guiada por imagem eplanejamento cirúrgico [12].

O campo da RealidadeAumentada é extremamente amplo,e aparece na área da educação comogrande opção de motivação aoensino. Outro fato de relevanteimportância é a grande capacidade deinserção e integração de pessoasnormais com deficientes, uma vezque o recurso retorna ao cegoinformações na forma de áudio, aosurdo as informações em forma deimagens totalmente interativas deobjetos 3D e às pessoas normais as

informações em formato multimídia. Com issoa ajuda oferecida pela RA tenderá a integrar-se ao ensino, como meio de a apoio a tutores ealunos, buscando sempre o aperfeiçoamentono modo de lecionar, educar e desenvolvernovos cidadãos.

Figura 2. Funcionamento do ARToolKit [4]

Figura 3. Aplicação de RA permitindo a manipulação dos objetos virtuais [9]

Figura 4. Cirurgia guiada por imagem (MIT/Brigham Hospital) [13]

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AUGMENTED REALITY: A PROPOSAL FOR TECHNOLOGYINTEGRATION TO EDUCATION.

Abstract: the current days are marked by intense developments intechnology. We find common electronics as a digital machine, a simple mp3

player, or a microcomputer which have features that could be evenunimaginable, and shortly after, such features are obsolete by the

continuous technological advancement. And that progress does not stop.Moved by the human fascination of having ever more tasks and obligations

aided and developed by innovations increasingly surprising, thetechnologies are overcome day by day. In a world in which technological

changes occur each time more quickly, and the access to such technologiesare every day easier, it is necessary a possible integration to education.

This work has the main focus submit a proposal of technological integrationto education through the aid of computer and exploration of AugmentedReality through possibilities of virtual immersion in the real environment.

Keywords: Education. Augmented Reality. Virtual Reality. ARToolKit.

* Jefferson Martins Ferreira Silva, aluno de

graduação do curso de Engenharia Elétrica

da Universidade Federal de Uberlândia.

[4] How it works - ARToolKit, Disponível em:http://www.hitlabnz.org/route.php?r=page-view&page_name=projects_bm_howitworks.Acesso em 8 de Outubro de 2007.

[5] Oliveira, F. C.; Recchia, R.; Kirner, C.Projeto Lira - Livro Interativo com RealidadeAumentada. Workshop de Aplicações deRealidade Virtual. Ufu. Uberlândia, MG;2005.

[6] Magic Book Home Page, < http://www.hit labnz.org/route.php?r=prj-view&prj_id=38 />. Acesso em 11 deOutubro de 2007.

[7] BlackMagic Book Link,<http://w w w . h i t l a b n z . o r g /route.php?r=pageview&page_name=projects_bm>. Acesso em 15 de Outubrode 2005.

[8] Nogueira, E. T.; Gomes, D. R. V.; Cunha,G. G. Realidade Aumentada Aplicada aVisualização de Histórias Infantis em 3D.III Workshop de Realidade Aumentada.UFRJ. Rio de Janeiro, RJ; 2006.

[9] ZHOU, Z. et al. Interactive EntertainmentSystems Using Tangible Cubes. HumanInterface Technology Laboratory.Departament of Electrical & ComputerEngineering. National University ofSingapore. Singapore. Disponível em: http://research.it.uts.edu.au/creative/ie/04/proceedings/019%20zhou.pdf. Acesso em10 de Outubro de 2007.

[10] Zorzal, E. R.; Buccioli, A. A. B.; Kirner,C. O Uso da Realidade Aumentada noAprendizado Musical. Workshop deAplicações de Realidade Virtual. Ufu.Uberlândia, MG; 2005

[11] Zorzal, E. R.; Kirner, C. JogosEducacionais em Ambiente de RealidadeAumentada. II Workshop sobre RealidadeAumentada. Unimep. Piracicaba, SP; 2005.

[12] S.J.Yeo*, S.W.Yung*, C.K.Kwoh,T.S.Wong*, W.S.Ng*, M.Y.Teo*,Augmented Reality with X-ray Localizationfor Total Hip Replacement. SGHProceedings, 2001, vol. 9, no. 4, pp. 2001e no site, http://www.ntu.edu.sg/home/asckkwoh/publications.htm.

SUPERVISÃO EDUCACIONAL

NOVAS DEMANDAS E UM NOVO PERFIL Neusa Rosane Soares*

Resumo: as novas demandas com a mudança das políticas educacionais, têm feito com que o perfil do SupervisorEducacional se modifique. Hoje, não basta ele apenas controlar o processo pedagógico. Deve estar trabalhando, paraque todos os que participam do processo de educação trabalhem e dêem sua contribuição. Precisa ser uma a pessoa

dinâmica e preocupada em estar junto com o professor, dando auxílio e sendo parceiro. Mas o principal é ele ter ocuidado de saber pôr em prática suas técnicas e sabendo conduzir o processo ensino aprendizagem. Ele tem a tarefade prestar atenção às necessidades que surgem no grupo e ter sensibilidade de saber utilizá-las para crescimento detodos mesmo quando tudo parecer difícil, sua tarefa é intervir e movimentar o grupo. Seu grande objetivo é tornar ocurrículo escolar dinâmico e que esse seja o reflexo da realidade escolar construído com a participação de todos.

Palavras-chave: Política Educacional. Currículo. Parceria. Novas Alternativas.

A função do supervisor educacionalsempre esteve atrelada às políticaseducacionais, daí a constante modificação doseu fazer. Com as demandas que surgem nodia a dia da escola, percebemos necessidade ado supervisor educacional estar buscando aregulamentação da profissão, sem esquecer-sedo espaço no grupo, sendo um profissional quetransmita segurança, caminhando junto,sendoum parceiro no processo ensino aprendizagem.

O supervisor precisa ter um novo

olhar, deve ser um articulador entre equipediretiva professores e comunidade escolar,aquele que mobiliza o grupo a participar econstruir um currículo dinâmico, que seja oreflexo da realidade. Deve ser um profissionalpesquisador, estudioso das teoriaseducacionais, mas precisa principalmente estarenvolvido no processo pedagógico e que seusmeios e técnicas estejam de acordo com arealidade da escola.

SUA CAMINHADA...

Conhecer o histórico da caminhada dosupervisor educacional e seu reflexo na práticapedagógica, nos faz perceber o grande avançoprofissional que ocorreu nestes últimos tempos.O Supervisor não surgiu para trabalhar emescola, como nos coloca Rangel (2007): "Aidéia da supervisão surgiu com aindustrialização, tendo em vista a melhoriaquantitativa e qualitativa da produção, antes

[13] J. Braz: Realidade Aumentada naEngenharia Biomédica: um Estado da Arte;5ª Workshop em Engenharia Biomédica,Instituto Superior Técnico/UTL, Lisboa,Portugal, 2000 e no site, http://l t o d i . e s t . i p s . p t / j b r a z / f i c h e i r o s /AppRAnaEB.ppt

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 200 710

de ser assumida pelo sistema educacional, embusca de um melhor desempenho da escolaem sua tarefa educativa" (p.69)

Inicialmente, o perfil do supervisorera de inspecionar, reprimir, checar emonitorar. Era o responsável pelaprodutividade, eficiência e qualidade doplanejamento com sua execução. Mais tarde,foi relacionado com a educação,ainda assimcom o objetivo de verificar as atividadesdocentes. Com tantas modificações queocorreram no mundo do trabalho e nas relaçõessociais, de forma tão acelerada, houve anecessidade da mudança do perfil dosupervisor, pois as políticas educacionaismudaram, estamos na era da "globalização".Nestes novos tempos, o perfil do trabalhadortambém deve ser outro, como diz Queiroz(2006):

O bom profissional é aquele capaz de

imaginar soluções com base em mecanismos

inovadores de adaptar-se rapidamente a nova

realidade e assumir posições eficientes e

coerentes perante novos desafios. Para isto,

mais do que adquirir conhecimento já

elaborado é imprescindível ter habilidades e

competências que lhe permitam aprender

novos conhecimentos e principalmente acessá-

los.(p.81)

NOVO PERFIL ...

O novo ponto de partida do supervisoreducacional necessita estar de acordo com osprincípios a partir dos quais as políticaseducacionais devem ser construídas eestabelecidas. O perfil do novo SupervisorEducacional deve ser de um profissional queseja um articulador dinâmico e ciente de suaimportância na Educação.

Uma das preocupações do SupervisorEducacional deve ser a de aprimoramento docurrículo e sua atualização permanente. Odinamismo do mundo moderno e aconseqüente evolução acelerada doconhecimento e dos recursos disponíveis nãopermitem que as atividades docentes econteúdos programáticos se eternizem. Essarevisão curricular deve ser de constantepreocupação, pois este será o reflexo do fazerpedagógico da escola que tem como meta osprincípios de liberdade e solidariedade.

O Supervisor Educacional precisaestar na coordenação das práticas educacionais,que asseguram os princípios e as finalidadesda educação nas práticas pedagógicas. A suaprática estará diretamente ligada à dinâmica

e precisa ter em mente que o importante ecomeçar novamente e buscar novasalternativas.

NOVAS ALTERNATIVAS...

Przybylsku (1991) nos aponta que: "Osupervisor que age em função de suasvivências, terá a vida como escola e seutrabalho dependerá de sua inteligência e dacapacidade de sentir as situações propondomedidas para conseguir os melhores resultadosno desempenho dos professores" (p.47).

O Supervisor Educacional paradesenvolver seu trabalho precisa buscartécnicas que dêem subsídio na busca de seusobjetivos. Por isso precisa ter claro qual serásua linha de ação. É esta que servirá de basepara toda a construção do seu trabalho. Apósesta identificação, definirá seusobjetivos,estabelecerá os procedimentos daequipe e determinará a área de ação. Só entãofará uso das técnicas ou atividades a seremdesenvolvidas. O importante é que ele dominemuito bem a dinâmica que utiliza a fim deatingir seus objetivos e que se coloque emsituação de igualdade com o professor, fazendocom que o próprio professor realize sua auto-análise e autocrítica. Pois o objetivo a seratingido é a construção do projeto políticopedagógico com a participação de todos,equipe, professores, funcionários, pais, alunose comunidade escolar.

CONCLUSÃO

Percebemos que com todas asmudanças ocorridas, o perfil do SupervisorEducacional mudou. As demandas que eledeve atingir mudaram de acordo com as novaspolíticas educacionais, que buscam atingir osnovos princípios da Educação: de liberdade esolidariedade. Com esse enfoque estar-se-á,preparando o aluno para ser um cidadão aptopara o mundo do trabalho. Mesmo que nos diasatuais a escola acabe recebendo funções quedeveriam ser da família, cabe a escola dar contadeste novo aluno e ao supervisor educacionala busca de alternativas para dar-lhe suporte. OSupervisor Educacional precisa estar sempreatento às necessidades do professor, bem como,ser criativo e sempre ter novas alternativas eperceber as prioridades do momento. Oimportante é ser um articulador dentro daescola e sempre construir o currículo baseadona realidade

da escola, sendo o gestor que coordena toda aatividade de organização, pesquisa, busca desubsídios e avaliação das atividades para aconstrução de uma política mais comprometidacom a realidade escolar.

SENSIBILIDADE...

O Supervisor Educacional tem quecuidar para ser um parceiro do professor, teratenção e ouvir seus anseios, pois estes, podemtambém ser o de outros colegas. Os educadoresprecisam saber de sua importância para oprocesso de construção de uma nova práticapedagógica, tendo o seu espaço para capacitar-se, onde suas opiniões são escutadas, semdeixar a correria do dia a dia, fazer com quefalas importantes deixem de ser ouvidas, e estasimples situação atrapalhe o trabalho e a relaçãodos profissionais. Com a pressa que todos têm,fica difícil ouvir uns aos outros, estamos muitomais preocupados em achar alguém que nosouça, e é esta falta de atenção que geradesconfianças e inseguranças criando crisesdesnecessárias.

TODOS RESPONSÁVEIS

Para a construção de uma nova práticapedagógica, é necessário que todos participem,Precisa ser um ato coletivo que reflita otrabalho que seja desenvolvido pelo grupo,tendo em vista a construção de um novocidadão preparado para o trabalho, que é nossofoco. Quais situações de desafio que serãocriadas, para que o aluno tenha o desejo deaprender e se motive? Com tantas mudançasno ensino, nos parece impossível, fazer o papelde educador. Esta nova postura exige pesquisa,vontade e audácia para buscar o novo epermitir-se uma nova caminhada. Esse tambémé o que se espera, ser o novo olhar do educador,mas, também do supervisor. Que será umpesquisador das teorias e métodos deaprendizagem. Godoy (apud Freire 2006) umdia disse:

A melhor maneira que a gente tem de fazer

possível amanhã alguma coisa que não é

possível ser feita hoje é fazer hoje aquilo que

hoje pode ser feito. Mas se eu não fizer hoje o

que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje o

que não pode ser feito dificilmente eu farei

amanhã o que hoje também não puder fazer

(p.53).

Ainda hoje o supervisor Educacionalencontra na sua caminhada vários obstáculos,

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 11

EDUCATION SUPERVISION NEW DEMANDS AND A NEW PROFILEAbstract: the new demands with the change of the educational politics, havemade with that the profile of the Educational Supervisor if modifies. Today itis not enough only to control the pedagogical process it must be working, sothat all the ones that participate of the education process work and give its

contribution. He must be the one dynamic and worried person in beingtogether with the professor, giving aid being partner. But main and it to have

the care to know for in practical its techniques and knowing to lead theprocess education learning. It has the task to give attention to the

necessities that appear in the group and to have sensitivity to know to usethem for growth of all exactly when everything to seem difficult, its task is to

intervene and to put into motion the group. Its great objective and tobecome the dynamic pertaining to school resume and that this is theconsequence of the constructed pertaining to school reality with the

participation of all.Keywords: Education. Curriculum. Partner. New Alternatives.

* Pedagoga, aluna do pós-graduação

ASSERS/Portal.

Atuando como supervisora educacional

REFERÊNCIAS

Queiroz, T. GodoY, C. Avaliação nossa decada dia:guia prático de avaliação,1ª ed.SP: Riddel, 2006.

PRZYBYLSKI, EDY. O Supervisor Escolarem ação. Porto Alegre, 2 ed. Sagra,1991.

RANGEL, MARY. Supervisão Pedagógica:Princípios e práticas. 7ª ed. Campinas, SP:Papirus, 2007.

OBRAS CONSULTADAS

BRANDAÕ, Carlos Rodrigues. Educador:Vida e Morte. RJ. Edições Graal, 2002.

DEMO,Pedro. Grandes Pensadores emEducação: o desafio da aprendizagem, daformação moral e da avaliação. PortoAlegre: Mediação, 2001.

ENRICONE, Delcia. Ser Professor. 4 ed.Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional. Lei nº. 9394/96.

RANGEL,Mary.Nove Olhares sobre asupervisão.9ed.Campinas,SP:Papirus,2003

RANGEL,MARY.Supervisão Pedagógica:Princípios e práticas. Campinas, SP:Papirus, 2001.

El presente artículo constituye unaversión modificada de la Conclusión de la Tesisde Maestría intitulada "La contribución de lagestión escolar a la permanencia de alumnosnegros en una escuela pública en la ciudad dePelotas, Brasil (2004)" (HAERTER, 2006),defendida en el Curso de Maestría en Cienciasde la Educación del Rectorado y Facultad deEstudios de Postgrado de la UniversidadPolitécnica y Artística del Paraguay - UPAP -en enero de 2006. En este sentido, apuntamostambién la Introducción de la pesquisa, enespecial, su justificativa, objeto, objetivos ymetodología.

El interés por la investigación cerca dela contribución de la gestión escolar a lapermanencia de alumnos negros en unadeterminada escuela pública, surgió por eldeseo de este investigador en abordar la gestiónde la escuela pública brasileña dentro de una

CONSIDERACIONES SOBRE LA CONTRIBUCIÓN DE LAGESTIÓN DEL COLÉGIO MUNICIPAL PELOTENSE A LAPERMANENCIA DE ALUMNOS NEGROS EN SU ENSINO MÉDIONOCTURNO Leandro Haerter*

Resumen: este artículo aborda la contribución de la gestión escolar a la permanencia de alumnos negros en el EnsinoMédio nocturno del Colégio Municipal Pelotense en el año lectivo de 2004. Tomando como preocupación la

identificación de mecanismos utilizados por la gestión escolar con el fin de eliminar o reducir la evasión de alumnosnegros, el proceso de pesquisa revelo una relación bastante próxima entre la categoría "color" y la categoría "pobreza"y también algunos factores que muestran la marginalización de la población negra brasileña en la educación formal y

en el mercado de trabajo y, principalmente, la posibilidad de transformación de esta realidad excluyente.Palabras-llave: Gestión escolar. Población negra brasileña. Historia de la educación. Desafíos contemporáneos.

temática muy específica: la exclusión social dela población negra de la educación formal enBrasil, específicamente en Pelotas, estado delRio Grande do Sul. Además de esto, la pesquisatambién fue motivada por el conocimiento deotras dos pesquisas realizadas en la mismaciudad, que tuvieron una grande repercusiónen el espacio académico: la primera, con unaamplitud nacional, sobre reprobación de niñosnegros (BARROS, 1996) y la segunda, deamplitud local, un estudio comparativo entreescuelas de red pública y privada sobre evasiónescolar de niños negros (MUSSI, 2003), cuyasespecificidades, instigaran la reflexión sobrela posición - si de inclusión o de exclusión -que los alumnos negros han ocupado en laescuela, especialmente, en la tentativa decomprender las diferentes maneras con que lagestión escolar crea condiciones favorables ala permanencia de estos alumnos en la escuela.

Siendo así, la gestión de la educación tiene elcompromiso de promover tiempos y espaciosde formación y de ser instancia privilegiadade las luchas sociales en la escuela, dondediferencias e identidades se manifiestan. Eneste sentido, la minimización de lasdesigualdades socioeducativas como la evasiónescolar es de extrema relevancia - pues estacuestión constituye una significativa barrerapara la construcción de un país más justo ymenos desigual. Y, tratándose de la poblaciónnegra - segmento social que más evade ytambién reprueba en Brasil - la repercusiónsocial es todavía más crítica.

Durante el proceso de colecta de datospara la pesquisa, se buscó responder alsiguiente problema: "la gestión escolar creacondiciones favorables a la permanencia dealumnos negros en una escuela pública en laciudad de Pelotas, en el año de 2004?".

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 200 712

La preocupación de la investigaciónfue la de cumplir el objetivo principal decomprender los mecanismos utilizados por lagestión escolar para garantir la permanencia dealumnos negros del Ensino Médio nocturnoen el Colégio Municipal Pelotense, a partir delenfoque en sus gestores. Es importante resaltarque, se entiende por permanencia, a la noevasión escolar. Por tanto, se juzgo pertinente,lanzar los siguientes objetivos específicos:- identificar los principales desafíos impuestosa la gestión escolar en la contemporaneidad;- estructurar un breve histórico de exclusiónde negros en la educación formal brasileña;- reconocer las principales estrategias que lagestión del Colégio Municipal Pelotense utilizapara garantir la permanencia de alumnosnegros.

Para la realización de esta pesquisa, enun primer momento, se procedió a una revisiónbibliográfica cerca de categorías de gestiónescolar y exclusión del negro de la educaciónformal brasileña, con el fin de establecerparámetros suficientes para el engendramientode la colecta de datos cualitativos que pudierondar cuenta de contemplar los objetivospropuestos y favorecer el desvelamiento delobjeto de pesquisa. En un segundo momento,se recurrió a los procedimientos de realizaciónde Entrevista y Conversa Informal con losgestores - Directores de los Turnos de laMañana, de la Tarde y de la Noche yCoordenadora Pedagógica - del ColégioMunicipal Pelotense. Seguidamente, se utilizodel Análisis Documental del Projeto PolíticoPedagógico (COLÉGIO MUNICIPALPELOTENSE, 2001) de la escuela investigadabien como de su Regimento Interno(COLÉGIO MUNICIPAL PELOTENSE,2002).

En este sentido, no se pretende agotarel tema presentado, por lo contrario, levantarelementos útiles para reflexiones posteriores,especialmente en el campo de gestión y deprejuicio y discriminación al negro en Brasil.Además, es importante introducir inquietudescomo estas, para que gestores y también lasociedad más amplia se sientan instigados a labusca por modificaciones tanto en la prácticapedagógica como en la propia gestión escolar.

LA CONTRIBUCIÓN DE LA GESTIÓN

ESCOLAR A LA PERMANENCIA DE

ALUMNOS NEGROS

Es mister definir que se defiende unaeducación efectivamente para todos,

independiente de etnia y condicionesparticulares en que las personas se encuentran.Los negros ocupan destaque en esta análisispor su condición pasada y actual de poblaciónmarginalizada del proceso educativo formal y,consecuentemente, distante de las porcionesmás ventajosas y privilegiadas en el mercadode trabajo formal brasileño. Se entiende que ellugar del negro, así como otras etnias, es en laescuela, en el mercado de trabajo y en laconvivencia social estableciendo relacionesmás amplias. Por eso, la escuela, el curriculumy otros espacios, solo podrían ser localesimportantes de afirmación de la identidadnegra, especialmente en la reivindicación yconquista de derechos.

Entre tanto, se torna necesario señalarla poca producción académica sobre laexclusión de la población negra brasileña dela educación formal del punto de vista de lagestión escolar. El inexpresivo debate cerca dela educación del negro, en especial del accesoy permanencia en la escuela pública se debe,mucho probablemente, a su pasado esclavo.

Silva (1989) explica que la formaciónsocial y económica del Brasil se baseó en unsistema de producción que minimizó el negroa la condición de esclavo, sobretodo, enfunción de tener un carácter agrario-exportador-dependiente de la metrópoliportuguesa, forjando así, la configuración delas condiciones actuales que el negro brasileñocruza en términos de educación formal,indicando que son advindas de lasconsecuencias de este pasado. La autoraargumenta que en Brasil del período Colonialhasta la República, la educación del negrosiempre fue negligenciada; el negro nofrecuentaba la escuela porque su tiempo estabatodo comprometido con el trabajo forzado ycontribuyó significativamente en el momentoen que defiende que después de la aboliciónde la esclavitud en Brasil, el negro continuósiendo excluido de la educación formal, enespecial del acceso y permanencia en la escuela,y esto se debe al contexto prejuicioso ydescriminativo en relación al negro en Brasil.Más allá de su acceso y permanencia en laescuela caracterizaren la exclusión de laeducación formal, esta situación es agravadacuando las diferencias son escamoteadas,cuando son escondidas la verdadera historianegra y prácticas escolares que refuerzanestereotipos y prejuicios.

De esta forma, la condición deexclusión que el negro enfrenta en Brasil tantoen el acceso cuanto en la permanencia en la

educación formal, se torna albo de merecidodestaque y la contribución de la gestión escolarpara su permanencia en la escuela pública seconfigura en objeto de mayor interés para laeducación brasileña.

De acuerdo con la mirada históricarealizada en la pesquisa, se percibe que lapoblación negra en Brasil ha ocupado lospeores lugares en el mercado de trabajo y notiene contingente significativo del punto devista numérico - en tratándose de constituiraproximadamente mitad de la poblaciónbrasileña - en la educación formal cuandocomparada a la población blanca. Estasituación ocurre, sobretodo, por causa delracismo que hace parte del cotidiano de losnegros brasileños, fruto de un pasado que lostornó "cosa" y que los confirió larepresentación del sujeto inferior a partir de unmodo de producción y cultura que pasó arelacionar el desprestigio del trabajo manual ala actividad exclusiva de esclavos. Un tiempocuyas relaciones sociales pautadas por lasegregación todavía están presentes, haciendodel negro, un sujeto verdaderamente excluido.

[...] a trajetória de vida da maioria dos jovens

negros se realiza fora da escola. No mercado

de trabalho formam o grande exército de

subempregados, sem carteira assinada,

situação que hoje se extende à grande parte da

população brasileira. Quando estudam, os

negros em sua maioria freqüentam escolas

públicas localizadas na periferia, onde os

índices de "reprovação e evasão" [...] ainda

continuam os maiores. Nestas escolas, as

desigualdades sociais e a reprodução dos

fracassos caminham juntas (OLIVEIRA, 2002,

p. 78).

Así, la necesidad de contextualizaciónde la exclusión del elemento negro en laHistoria y, sobretodo, de su exclusióneducacional, enfatizan la importancia de seabordar gestión escolar y la exclusión del negrode la educación formal brasileña, en especialel reconocimiento de la realidad del elevadoíndice de evasión escolar entre la poblaciónnegra brasileña y las posibilidades y límites dela gestión escolar en la minimización de estarealidad. En este sentido, se puede refletir cercade una categoría que marca acentuadamente elproceso de exclusión: el hecho de que los niñosnegros evaden y reprueban más.

É verdade que os maiores índices de

reprovação e exclusão escolar ocorrem dentre

os alunos de nível sócio-econômico baixo,

onde se situa a maioria da população negra.

Contudo, dentre estes reprovados, ainda são

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os alunos negros que mais lentamente são

absorvidos pelo sistema educacional ou mais

cedo são dele excluídos. A situação

discriminatória é, portanto, mais forte do que

a diferença sócio-econômica (BARROS, 1996,

p. 48).

En la ciudad de Pelotas, estado del RioGrande do Sul, fue realizada una pesquisa(BARROS, 1996), que comprueba que ladiscriminación contra el negro existe en elespacio escolar y que interfieresignificativamente en la situación final delalumno, o sea, en su condición de aprobado oreprobado en el final del año lectivo, pudiendomanifestarse de manera explícita o velada. Ladiscriminación está, segundo la pesquisa,atingindo de forma representativa niños yadolescentes negros, habiendo percibido quela variable color se encuentra directamenteasociada a la renta o clase social. La exclusión,en esta perspectiva, ocurre en el ámbito delracismo y del aspecto socioeconómico.

Los altos índices de evasión yreprobación escolar de niños negros en Pelotas(MUSSI, 2003), probablemente produciránadolescentes también excluidos del EnsinoMédio regular que, por extensión, produciránefectos perversos al nivel social para lapoblación negra. En este sentido, se cree quela exclusión escolar de niños negros, más tarde,adolescentes negros, más todavía,desempleados o en la economía informal o enprofesiones menos privilegiadas socialmente,como históricamente se observa, es solamenteun bies de la exclusión en su sentido social delos negros brasileños.

Mussi (2003, p.25), también en laciudad de Pelotas, contribuye expresivamentepara la elucidación de la cuestión, a la medidaque

[...] podemos formar duas categorias de

evadidos: aqueles grupos cujo contato com a

escrita é insuficiente no ambiente familiar,

onde seus pais são muitas vezes analfabetos

funcionais ou iletrados e, talvez não sintam

necessidade de os filhos permanecerem na

escola, e aqueles cujo abandono da escola,

muitas vezes, dá-se pela desestruturação

familiar, alcoolismo, e o mais grave, o

desemprego.

Entonces, los niños negros evaden yrepiten más que los blancos. Son los negros elmayor contingente poblacional que seencuentra fuera de las salas de clase y tambiénde las ocupaciones más privilegiadas yvalorizadas socialmente.

Y más actualmente, en tratándose deeducación brasileña, son muchas las políticasdel sistema oficial de enseñanza como la Leide Diretrizes e Bases da Educação Nacional(BRASIL, 1996) y los Parâmetros CurricularesNacionais (BRASIL, 1999) y también por unamayor visibilidad de los movimientos sociales,que las escuelas brasileñas han reflexionadosobre la importancia en el trato de cuestionesétnicas en sala de clase. Esto favorece laposibilidad para que los "saberes" construidosen la cotidianidad de la población negra pasena ser centrales en el proceso de construccióndel conocimiento y de los "saberes" en laescuela pública brasileña y, probablemente,contemplados en el curriculum oficial.

Estas consideraciones cerca de lamarginalización de la población negrabrasileña de los procesos formales, permitenidentificarla inmediatamente con la poblaciónpobre brasileña, donde en su mayoría, estáconcentrada. Y para la superación del fosoexistente entre negros y blancos en especial ala permanencia en la escuela pública, cuyocamino no es tarea fácil, se torna necesaria lainserción de cuestiones raciales en la gestiónde la escuela en diversas ruedas de discusión,en el curriculum, en la afirmación yreconocimiento que la convivencia entre lasrazas no es pacífico y si desigual,históricamente construido. La exclusión alnegro se presenta sobre las más variadas formasen la sociedad brasileña y también en la escuelapública, inclusive, en la escuela públicainvestigada se percibe la exclusión escolar através principalmente de la evasión de grupospobres oriundos de clases populares, donde sesitúan parcelas significativas de la poblaciónnegra brasileña.

Los elevados índices de evasiónescolar de la población negra brasileñademuestran que este segmento -aproximadamente mitad de la población - nohace parte de una planificación educacionalespecífica o al nivel de la gestión escolar, queposibilite una relación menos desigual entreaquellos que frecuentan la escuela pública enBrasil. Específicamente en Pelotas, en el añode 2004, la pesquisa reveló que el caso delColégio Municipal Pelotense no es muydiferente de la realidad brasileña más amplia ala medida que se constató que los alumnosnegros evaden más y, se sumándose a esto,existe una carencia de políticas públicas muygrande envueltas al entendimiento de estapoblación e su inclusión en la educaciónformal. Se indica así, que este hecho es

resultante de relaciones sociales construidas enla época de la esclavitud negra en Brasil quedelinearon, de manera muy significativa, elpasado y el presente de la población negrabrasileña, a través de la insuficiente articulacióny implantación de políticas públicas deinserción de esta población en el mercado detrabajo y en la educación formal.

CONCLUSIÓN

En este artículo en que se enfocó lacontribución de la gestión escolar del ColégioMunicipal Pelotense a la permanencia dealumnos negros en su Ensino Médio nocturno,en el año de 2004, a partir de la RevisiónBibliográfica y Análisis de Datos realizadas,se puede llegar a los siguientes indicativos, paradar una respuesta al problema principal.

Los datos colectados y evaluados,confirman la hipótesis de que la gestión escolarde la escuela investigada convive con larealidad de las diferencias en su práctica, entretanto, no existe una articulación específica eintencionalizada con relación a las experienciassignificativas de los alumnos negros, sinembargo las cuestiones étnicas en la escuelasean contempladas a partir del sentido másamplio del entendimiento de las diferencias,contemplada en su PPP, Regimento Interno yprácticas institucionales.

La gestión del Colégio MunicipalPelotense estimula la discusión y el debatecerca de las diferencias en un sentido másamplio, por tanto, el debate específico sobre elnegro y su exclusión es abordado de formatodavía inicial, a través de la disciplina deHistoria y de palestras que eventualmenteocurren en la escuela.

En términos de los mecanismos quefavorecen la permanencia de los alumnosnegros en el Ensino Médio nocturno delColégio Municipal Pelotense, se presenta lossiguientes:- la modificación en los criterios de evaluaciónes un elemento motivador a la permanencia delos alumnos negros y no negros en la escuela,pues así, se espera que los mismos secomprometan e se integren más con su procesode formación, haciendo posible lademistificación de categorías previamenteelaboradas como "ya estoy reprobado" o "yaestoy aprobado";- el acompañamiento procesal de la situacióndel alumno por parte de todos los segmentosque componen la escuela es un otro mecanismoutilizado por la gestión a la permanencia de

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alumnos negros y no negros en la escuela, através de una práctica de aproximación entrelos profesionales de la escuela y los alumnoscon un número significativo de faltas,buscando tomar ciencia de la razón de lainfrecuencia, lo que se configura en un desafíoy una de las mayores frustraciones del ColégioMunicipal Pelotense: las dificultades de tomarmedidas eficientes para garantir la permanenciao por lo menos la disminución de evasiónescolar;- la creación de condiciones favorables a lapermanencia de los alumnos en la educaciónformal y en el mercado del trabajo, cuyaconciliación se sucede a través de transferenciapara turno inverso en función de la necesidaddel alumno trabajar y, muchas veces, engrosarlas estadísticas del ingreso precoz en elmercado de trabajo.

La discriminación institucionalexpresa en la forma del racismo, es importantevariable para el entendimiento del accesoestricto de la población negra a lasoportunidades sociales. El acceso a laeducación formal y el empleo talvez sean lasmás expresivas, pues alcanzan camadasignificativa de los brasileños, más allá seconstituyen temas indisociables de los estudioscerca de la realidad negra. Así, los negrosbrasileños, en general, encuentran dificultadesde inclusión en el mercado de trabajo formalpues el elemento "color" influyecategóricamente en el alcance limitado de lasoportunidades sociales. Se entiende, entonces,que sea tarea de la gestión escolarcontemporánea relativizar nociones

preconcebidas y proponer alternativas deinclusión para los negros en la educaciónformal y, en consecuencia, en el mercado detrabajo formal.

Por fin, muy posiblemente, el contextoeducacional brasileño actual, exija, a lo que serefiere a la inserción del negro de manerairrestricta, la busca de otro paradigmaepistemológico que espejee un curriculum másamplio y una práctica cotidiana más justa y conlas diferencias. Se cree que, en cuanto gestores,se tiene papel importante en la contribucióncon el rompimiento de esta óptica etnocéntricay fragmentada que tiene asolado el ambienteescolar con relación al negro, así como ladiscusión de elementos que posibiliten unanueva orientación curricular, menos excluyentey receptiva a la diversidad de los negros y delas diversas etnias y grupos que constituyen laheterogeneidad del espacio escolar brasileño.

CONSIDERATIONS ON THE CONTRIBUTION OF THE MANAGEMENT OF COLÉGIO MUNICIPAL PELOTENSE TOTHE PERMANENCE OF BLACK PUPILS IN HIS NIGHT ENSINO MÉDIO

Abstract: this article treats of the school gestion contribution to the black studients permanency in the nocturnal periodof Colégio Municipal Pelotense High School, in the year of 2004. Considering as general objective the identification ofmecanisms used by that gestion practice wich intend to eliminate or to reduce the black studients school evasion, theresearch process showed that exists a close relationship between the "color" categorie and the "poor" categorie, andalso, that exists any factors wich confirm that the Brazilian black population is marginalizated of the formal education

and work market and, mainly, the possibility to transformate that excludent reality.Keywords: School gestion. Brazilian black population. Education history. Contemporaneous challenges.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARROS, Fernando et al. A exclusãoescamoteada: reprovação das criançasnegras. In: Cadernos de Educação.Pelotas: UFPEL, 1996, p. 47-59.

BRASIL. Lei n 9.394 de 20/12/1996.Estabelece as Diretrizes e Bases daEducação Nacional. Diário Oficial da União,23/12/1996.

______. Parâmetros CurricularesNacionais para o Ensino Médio. Brasília:Secretaria de Educação Média eTecnológica (MEC/SEMTEC), 1999.

*Sociólogo e Mestre em Ciências da

Educação. Técnico em Assuntos

Educacionais do Centro Federal de

Educação Tecnológica

de Pelotas - CEFET - RS.

COLÉGIO MUNICIPAL PELOTENSE.Projeto Político Pedagógico. 2001, (mimeo).

______. Regimento Interno. 2002, (mimeo).

HAERTER, Leandro. La contribución de lagestión escolar a la permanencia dealumnos negros en una escuela pública enla ciudad de Pelotas, Brasil (2004).Asunción, 2006, 117h. Tesis (Maestría enCiencias de la Educación). Rectorado yFacultad de Estudios de Postgrado.Universidad Politécnica y Artística delParaguay.

MUSSI, Márcia Silveira. Negro X escola: aexclusão ainda persiste em pleno séculoXXI. Pelotas, 2003, 39p. Monografia(Bacharel em Ciências Sociais). Instituto deSociologia e Política. Universidade Federalde Pelotas.

OLIVEIRA, Rachel. Educação de negros:escola, currículo escolar e currículo vitae.In: NÚCLEO DE ESTUDOS NEGROS.Negros e currículo. Florianópolis: Atilènde,2002, p.73-86.

SILVA, Jacira Reis. A educação do negro eo ensino dos Estudos Sociais naperspectiva das classes populares: umaanálise a partir das 3ªs séries do currículopor atividades, em escolas de Pelotas.Pelotas, 1989, 108p. Monografia(Especialização em Educação). Faculdadede Educação. Universidade Federal dePelotas.

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A sociedade contemporânea tempresenciado no mundo do trabalho a constantebusca por qualificação profissional na tentativade ocupar melhores postos de trabalho, bemcomo usufruir melhores salários. As palavrasna epígrafe acima destacam um período - quenão difere muito do atual - no qual os postosde trabalho dos professores universitários eramocupados por décadas apenas por aqueles quefaziam parte (os incluídos) de uma rede derelações, privilegiados em dois sentidos: oprimeiro diz respeito ao alcance daqualificação, pois a aquisição de diplomas quegarantem títulos acadêmicos é algoextremamente restrito; o segundo ao exercícioda docência remunerada nas instituições deensino.

O presente artigo tem por objetivoproblematizar a densa relação entreprofissionalização, educação e trabalho, paracompreender em que medida esse movimentode constante qualificação profissional sereverte em melhores salários e melhorescondições de trabalho para os docentes doEnsino Superior Privado em Salvador e, demodo geral, nas capitais brasileiras, buscandocompreender a natureza das atuais formas dedivisão do trabalho e sua relação com aincessante luta de desapropriação-reapropriação na relação empregador-empregado.

Para tanto, elegeu-se como aporteteórico autores contemporâneos como PierreBourdieu, Marilena Chauí, Boaventura Santos,Zygmunt Bauman, Acácia Kuenzer, entreoutros que desenvolvem análises acuradas ecomprometidas contribuindo assim para acompreensão do problema apresentado. Doponto de vista metodológico, o estudopressupõe pesquisa bibliográfica, que exige olevantamento de pesquisas atualizadas sobre otema, além de retorno aos conceitos clássicosda teoria que continuam a ter validade quandose trata de capitalismo.

QUALIFICAÇÃO, DESQUALIFICAÇÃO E SUPERQUALIFICAÇÃO:O MERCADO DE TRABALHO PARA DOCENTES DO ENSINO SUPERIOR EM SALVADOR

Jaqueline Araújo*

Vale ressaltar que a crítica aquirealizada não se situa na existência de IES -Instituições de Ensino Superior privadas, vistoque estas são responsáveis pela absorção deuma grande quantidade de professores daeducação superior em seus diversos níveis degraduação, mas o que se discute são ascondições de precarização às quais estãosubmetidos os docentes da educação superior.

CENÁRIO DO CAPITALISMO FLEXÍVEL

E O DISCURSO DA QUALIFICAÇÃO E

SUPERQUALIFICAÇÃO

Contemporaneidade maleável. Estaatualmente vem sendo considerada como umadas expressões que melhor define o períodono qual estamos convivendo e participandocomo agentes das reestruturações nos diversoscampos sociais. Onde cada vez mais se tornaclara e imperativa a idéia de liquidez e fluidez,que se caracteriza pela mudança de organizaçãoe comportamento para adaptação às diversassituações. As mudanças ocorridas nas últimastrês décadas, e ainda em curso, apontam paraalgo significativo no processo de reestruturaçãoe reorganização das sociedades capitalistas, queé a introdução de novos modos deracionalização da vida social e do trabalho.

Um período que, de acordo com avisão neoliberal, é um momento de hegemoniaóbvia e aparentemente inevitável, da passagemdos discursos sólidos aos líquidos, marcadopelo desenvolvimento e consolidação docapitalismo e a contribuição deste para aacumulação flexível de capital apoiada naemersão de novos mercados e setoresprodutivos, na flexibilização dos processos emercados de trabalho, com acentuadoindividualismo em detrimento da coletividadee estreitamento das relações tempo-espaçopautando-se na idéia de crescimento máximo,onde o fim único e último das ações éprodutividade e competitividade por meio de

inovações tecnológicas e organizacionais.(CHAUÍ, 1999, p. 31)

Um ritmo que não permite o exercíciode reflexão das ações individuais ou coletivas(ausência de consciência), porque não se pode"perder tempo". Toda produção e trabalho setornam atitudes presenteístas em virtude dainstabilidade que se apresenta, comconseqüente precarização do trabalho e perdadas mínimas vantagens que compensam osbaixos salários. Bauman declara que

Numa vida guiada pelo preceito da

flexibilidade, as estratégias e planos de vida

só podem ser de curto prazo [...] atos de

trabalho se parecem mais com as estratégias

de um jogador que se põe modestos objetivos

de curto prazo, não antecipando mais que um

ou dois movimentos. O que conta são os efeitos

imediatos de cada movimento, os efeitos

devem passiveis de ser consumidos no ato [...]

E assim o trabalho mudou de caráter. (2001,

p. 158-160)

A construção de uma carreira surgeentão como principal esperança de controle dopresente permeado cotidianamente pelaansiedade, para conseguinte tentativa decontrole do futuro - controle de um porvircaótico. Essas configurações fluidas retratamuma sociedade que é evolutiva no sentido debuscar novos caminhos quebrando paradigmasimpostos por modelos que são característicosdos sistemas e discursos sólidos ou ortodoxos,que caminha a passos cada vez mais largos,velozes, opressivos e normalmente destrutivospara sua remontagem e remodelagem.

Numa outra perspectiva, a utilizaçãode termos para definir o momento atual taiscomo flexível, maleável, entre outros, é umintento neoliberal de fazer crer que suamensagem "é uma mensagem universalista delibertação". Em linhas gerais, Bourdieu (1998),declara que é uma doutrinação simbólicadisseminada com grande auxílio da mídia

Resumo: este artigo realiza uma incursão nas transformações ocorridas na flexível sociedade capitalista neoliberal,problematizando a densa relação de privilégios e exploração entre profissionalização, educação e trabalho, através do

processo de qualificação profissional como imperativo para inserção no mercado de trabalho, com repercussão nomercado dos docentes das Instituições de Ensino Superior privadas das capitais brasileiras e, de modo específico, no

Município de Salvador, contribuindo desse modo para a compreensão da problemática em questão numa brevereflexão acerca da realidade local. Os docentes têm, portanto, o desafio simultâneo e duplo de qualificar a si mesmos e

aos discentes para inserção no mercado.Palavras-chave: Qualificação. Desqualificação. Flexibilidade. Docência. Precarização.

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eletrônica e impressa, com a utilização de umjogo eufêmico para atenuar em nossas mentesos impactos negativos das práticas neoliberais.Entre as principais palavras desse jogo estáflexibilidade que conduz, em último caso, arevoluções conservadoras carregando as açõescom forte tom de impotência ante osacontecimentos nos diversos campos dasociedade, pois padroniza as práticas de acordocom as leis do mercado adornado com signosda modernidade. Nesse contexto, os dirigentesestatais agem de acordo com as convicções eposições políticas do momento(conveniências). O Estado, portanto, não seapresenta inteiramente a serviço da classedominante possuindo certa medida deautonomia, mas também deixa de garantir atodos os cidadãos os direitos contratuais - umprocesso de involução estatal que se torna umsolo fértil para conflitos de interesses.

Os critérios de inclusão e exclusãoreferente às relaçõestrabalhistas estãobaseados na educação emgraus diferenciados deacesso, tendo comopilares o discurso daqualificação profissionale a ideologia dacompetência - umconceito novo, surgidono âmbito empresarial -focando característicassubjetivas que semanifestam no dia a diado ambiente de trabalho tais como liderança,pró-atividade, espírito de grupo, entre outras.As configurações flexíveis da políticaneoliberal que orientam a educação para otrabalho, e demandam nova postura epedagogia por parte do docente que, além dedesenvolver as competências e habilidades quesão exigidas pelo mercado de trabalho, precisaestar capacitado para desenvolvê-las nosestudantes através da interação destes com oconhecimento e a realidade que os cerca -"professor de novo tipo" (KUENZER, 1999).Um desafio simultâneo e duplo que exige orepensar da atuação do professor de ensinosuperior quanto à docência e inserção nomercado de trabalho. Quanto à capacidade deenfrentamento dos trabalhadores ante a "novacontratualização", vale ressaltar as palavras deFerretti ao tratar dessa "negociação" nasgrandes empresas, mas que tem aplicaçãoválida em outras situações de trabalho

[...] muito do que se denomina de negociação,

nas atuais relações entre trabalhadores e

empresários na grande empresa automatizada,

nada mais é do que constrangimento e

subordinação sob a aparência de respeito e

participação [...] Isto pode significar, no limite,

a 'naturalização' da produção capitalista e a

negação, como 'atrasado', do embate político

em torno de interesses divergentes. (2002, p.

114,115)

Verifica-se, portanto, um movimentocontraditório no qual os trabalhadores sãoincluídos segundo uma lógica de exclusão, quesó se legitima mantendo a idéia da nãoexistência de excluídos. Uma correlação deforças e tensões onde os novos incluídos só osão à custa dos velhos excluídos, uma situaçãoque na atual configuração não pode ser sanada,apenas administrada. De acordo comAntoniazzi (2005) a "qualificação profissional,em si e por si mesma, não gera trabalho, não

eleva a renda, não faz justiça social", temosassim que o desenvolvimento econômico nãoé mais sinônimo de desenvolvimento social.Boaventura Santos (1999) retrata bem essequadro ao dizer que "a estabilidade de que falao consenso neoliberal é sempre a dasexpectativas dos mercados e dos investimentos,nunca é a das expectativas das pessoas."

A instabilidade que acompanha aprecarização referente aos docentes do EnsinoSuperior com a falta de vínculos empregatíciosexige que esses trabalhadores incrementemsuas chances de empregabilidade por seremadaptáveis, flexíveis, criativos, destacandocomo imprescindível a existência deprofissionais fluidos que possam transitar edialogar em áreas afins e/ou diferentes da suaformação inicial. Sendo assim, ser flexívelsignifica ter alta carga horária, trabalhar emhorários diversificados, submetendo-se namaior parte das vezes a trabalhar sem carteiraassinada. Transfere-se para o trabalhador a

responsabilidade por estar empregado oudesempregado, frente às novas exigências domercado, dentre estas a valorização dequalificações individuais, uma forma deexclusão social por via do trabalho.

Dada sua natureza diversa, o conceitode qualificação é polissêmico, assumindovarias acepções de acordo com o contexto desua utilização, podendo ser analisada emprismas e focos diferenciados tais como umconjunto de procedimentos que sancionam aautonomia do trabalhador, sua experiência, seusaber - a capacidade que tem de empregar a sipróprio; ocupação de um posto de trabalhoonde o indivíduo que o ocupa se distingue dosoutros por habilidade, experiência, formaçãoconferindo-lhe um status específico; ou, umarelação necessária entre a qualificação do postoe a qualificação do trabalhador, que nemsempre são coincidentes, gerando conflitos.

Atualmente, surge a polêmica emtorno da substituição doconceito de qualificaçãopelo de competência. Oflexível capitalismoneoliberal demanda dotrabalhador algo mais doque qualificação, pois estatende a tornar-se sem efeitoà medida que se modificamas condições da divisão dotrabalho social. Estaideologia neoliberal seapresenta como "umaespécie de neodarwinismo

social" (BOURDIEU, 2001, p. 58), onde otriunfo está para aqueles que são os melhores,que possuem o dom do brilho e da inteligência.Ao parafrasear Max Weber, Bourdieu (1998,p. 59) menciona que os dominantes necessitamsempre de uma "sociodicéia, algo queteoricamente justifique o fato de seremprivilegiados." Introjeta-se a idéia de quequalquer profissional que tenha por alvo suasobrevivência no mercado de trabalho precisamanter-se atualizado, quando o que narealidade observamos é um processoexcludente e ascendente de precarização e acriação de um mito que destaca a qualificaçãocomo solução real e possível para os problemasrelacionados ao campo do trabalho. Sendoassim, faz-se necessário trazer atenção a algunsquestionamentos, com a finalidade de refletirsobre as configurações nas quais estãoenvolvidos os docentes do Ensino Superior,tais como: qualificação é um privilégio? Otrabalhador é qualificado porque ocupa uma

Tabela 1 - Distribuição das IES Privadas por Organização Acadêmica em Salvador, 2003.

Organização Acadêmica Quantidade IES

Universidade 2

Centro Universitário 1

Faculdades Integradas 1

Faculdade 41

Instituto Superior ou Escola Superior 7

Centro de Educação Tecnológica 1

Total 53

Fonte: Inep/ME, acesso em 07/02/2007.

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função importante, ou ele é alocadopreferencialmente a determinada funçãoporque possui qualificação? A qualificaçãoconduz mesmo à revalorização profissional?Abordaremos tais questionamentos a seguir.

PRIVILÉGIO, PRECARIZAÇÃO E

DOCENCIA NO ENSINO SUPERIOR EM

SALVADOR

Vivemos num estágio do modo deprodução capitalista onde há uma grandedemanda por "capital cultural", tornando osistema de ensino uma instância dominante,pois este exerce a função de reprodutor daposição dos agentes sociais e de seus gruposna estrutura da sociedade. Desse modo, é desuma importância que cada indivíduo invistaem sua formação educacional a fim deassegurar melhor remuneração e inserção nomercado de trabalho, tendo esse fato seintensificado a partir das décadasde 80 e 90 do século XX. Estarqualificado profissionalmente éuma condição que poucospodem usufruir hoje em dia.Desloca-se a ênfase da escolaenquanto lugar de formação parao emprego, e fortalecendo avisão economicista da educaçãopara a competitividade damundialização econômica. Aconjuntura delineada ante nossosolhos ressalta um modelo deeducação instrumental que atuade acordo com os interesses docapital privado, com a expansão excessiva deinstituições de ensino superior privadas com oapoio do Estado.

A qualificação acadêmica se torna umespaço privilegiado para os que possuemcapital econômico e social, bem como umarede de relações coesa - uma condições quepoucos podem usufruir atualmente. Noentanto, verifica-se o fato de que os docentesdo ensino superior, em sua grande maioria,estão submetidos à condições precárias comobaixos salários, alta jornada de trabalho, rotinade constantes deslocamentos de uma instituiçãopara outra, além de dificuldades quanto aosrecursos didáticos e materiais. Essa situação éagravada pela insegurança das contrataçõestemporárias , coadunando as atividadesdocentes com as demandas do capitalismoneoliberal. Os docentes da Educação Superiorpara estarem entre os qualificados, vivem uma

verdadeira maratona de leituras superficiais dosúltimos títulos lançados, participação emcursos simplificados e de curta duração,realização de pesquisas com resultados quenum espaço mínimo de tempo são superados.

Tal processo tem escravizado osindivíduos ao desejo de "vencer na vida",fazendo destes devedores de si próprio,capturando a subjetividade humana no maisprofundo grau, numa busca desmedida peloacúmulo de competências para adquirir epreservar as garantias da empregabilidade,envolvendo-os num véu que mistifica suacondição de "mão-de-obra manipulável apreços cada vez mais baixos" (LEDA, 2002,p. 5), naturalizando a cisão entre excluídos eintegrados. Desse modo, são tragados pelaideologia da competência e do mérito que tem,entre outras implicações, ambientes com altacompetitividade, favorecendo que se abra mãode valores éticos e morais, do convívio com a

família e com outros grupos salutares, além deproblemas de ordem psicossomática. Porviverem em um ambiente de altacompetitividade e individualismo essesprofissionais, em sua grande maioria, nãopercebem sua condição de explorados e, parasobreviverem, retroalimentam o sistemacapitalista neoliberal. Isto coaduna com o quediz o sociólogo Domenico De Masi numaentrevista concedida ao jornal Gazeta Mercantilem 11 de maio de 2006:

[...] O trabalho intelectual de massa é muito

recente. É um trabalho muito individual,

isolado, por isso os intelectuais não são capazes

de lutar juntos, são pouco agressivos, tem

pouca consciência de classe, portanto a

exploração é maior que do trabalho físico. É

mais fácil aproveitar-se de um graduado do

que de um operário, que é organizado, coeso,

sindicalizado, enquanto o graduado não é nada

disso. A exploração só termina quando o

graduado se rebela [...] Os intelectuais não

entenderam que são explorados, crêem ser

privilegiados, mas são os mais explorados de

todos.

A submissão a essas condiçõesincentiva os docentes do ensino superior aoconsumismo acadêmico, ou seja, umamaratona de leituras superficiais dos últimostítulos lançados, participação em cursossimplificados e de curta duração, realização depesquisas com resultados que num espaçomínimo de tempo são superados.

Verificamos a permanência da relaçãoentre os diplomas e os cargos. Os diplomas ecertificados tornaram-se 'certidões decompetência cultural' que podem serconvertidas em capital econômico,estabelecendo o valor em dinheiro para seuspossuidores. O processo de qualificação,desqualificação e requalificação é uma

dimensão oculta da luta declasses, pois resulta daintensificação daconcorrência pela aquisiçãode títulos acadêmicos maiselevados comoespecialização, mestrado,doutorado e pós-doutorado- objetos privilegiados - naqual as elites econômicas esociais possuem maiorvantagem. As condições deprecarização às quais estãosubmetidos essestrabalhadores é que são os

alvos desta discussão, pois o valor pago pelahora-aula é costumeiramente baixo sendonecessário que ministrem muitas disciplinas e,na maioria dos casos, em instituições variadaso que intensifica a rotina de deslocamentos,além da dificuldade quanto aos recursosmateriais e didáticos. A atividade do docentede ensino superior reduz-se a apenas dar aulas,não podendo envolver-se de maneira adequadacom a atividade docente, o que envolvepreparar as aulas de modo criterioso,desenvolver projetos de pesquisa e extensão.

O histórico das instituições de ensinosuperior privado remonta ao início dos anos1950, estendendo-se até os anos 1990, onde, apartir de então, se verifica um período marcadopor enorme expansão no setor privado,conforme dados do Inep /ME expostos natabela 1.

O município de Salvador vemacompanhando o processo de expansão das

Tabela 2 - Número de profissionais de Instituições de Ensino Superior - IES

Particulares nas Capitais Brasileiras em 2004.

Tipo de Instituição Freqüência

Nº %

Universidade 13 2,6

Centro Universitário 30 5,9

Faculdades Integradas 28 5,5

Faculdade 387 76,6

Centro de Educação Tecnológica 47 9,3

Total de Instituições 505 100,0

Fonte: Inep/ME, acesso em 02/02/2007.

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 200 718

IES privadas nas capitais brasileiras, ondepodemos observar o quantitativocorrespondente a 10% do total nacional em2004, conforme dados fornecidos pelo Inep natabela 2.

Analisando o número de instituiçõesparticulares de curso superior, verifica-se queas faculdades representam 76,6% das IESparticulares das capitais brasileiras em 2004,entretanto, observa-se que as universidadesrespondem por apenas 2,6%. Quanto àdistribuição dos profissionais docentes nas IESprivadas em Salvador de acordo com o graude formação, no ano de 2003, verifica-se arelevância no número de mestres e especialistasnas Faculdades, 796 e 695, respectivamente, eapenas 83 graduados, enquanto que nasUniversidades observa-se um total de 368mestres, 412 especialistas, sendo que arelevância está na existência de 499 graduados,de acordo com dados da SEI /Ba fornecidosna tabela 3.

Vale ressaltar que a superqualificaçãotambém é excludente, isto se evidencia pelofato da reduzida contratação daqueles que

possuem os títulos de pós-doutor e doutor. Emcomparação com os dados das capitaisbrasileiras, quanto à distribuição dosprofissionais docentes nas IES privadas deacordo com o grau de formação, no ano de2004, o número de docentes no município deSalvador em 2003 corresponde a cerca deaproximadamente 10% do total nacional,conforme dados fornecidos pelo Inep na tabela4.

Ser professor de ensino superior semdúvida é algo que confere status social, pois sepresume que estes recebam saláriosavantajados e possuam excelentes condiçõesde trabalho. É verdade que até em torno daoitava ou nona década do século XX, esta erauma classe que gozava de condições maisfavoráveis, no entanto, a partir de então ossalários e as condições de trabalho vem sedeteriorando dia a dia, e a busca porqualificação profissional por meio de títulos

acadêmicos está cada vez mais intensa,refletindo o processo de precarização ocorridocom outros setores socioeconômicos, sob orótulo de "flexibilização".

As IES particulares, para seu mínimofuncionamento de acordo com a legislação

vigente regulamentada pelo Ministério daEducação do Brasil - ME, devem manter seuquadro docente com as especificações a seguir(quadro 1). Os títulos de doutor, mestre eespecialista devem ser reconhecidos pelo ME,por agências reguladoras das IES e pelacomunidade acadêmica, por deliberação docolegiado superior da IES, nos termos dalegislação.

O regime de trabalho abrange duasmodalidades de contrato: a primeira, a detempo contínuo-integral e parcial -contemplando, além das horas-aula, outrasatividades de cunho acadêmico eadministrativo; e a segunda, o regime dededicação docente do professor horista. Ascontratações em tempo parcial de 10h/semanadevem prever 20% das horas contratadas parafunções extraclasse. Já as contratações detempo parcial de 20h/semana devem prever ummínimo de 40% das horas contratadas parafunções extraclasse. As contratações em tempointegral, de 40h/semana devem prever um

mínimo de 50% das horas contratadas parafunções extraclasse. Os contratos de horistasficam a critério das Instituições de EnsinoSuperior - IES, e deve ter um regime definidocom contrato exclusivo de docência em salade aula. As horas/semana contratadas para as

funções extraclasse podem ser distribuídas acritério da IES, nas áreas do ensino, pesquisa,extensão, atendimento de alunos,administração escolar e outras (ver quadro 2).

No entanto, dados sistematizados peloInep na tabela 5 referentes à distribuição dosprofissionais nas IES Particulares nas CapitaisBrasileiras de acordo com o regime de trabalhoe organização acadêmica, no ano de 2004,demonstram que a realidade que se apresentarevela um quadro muito diverso dos critériosestabelecidos.

Verifica-se nas Faculdades opercentual de 58,9% trabalhadores horistas,enquanto que nas Universidades é de 20,5%.É notória nas Faculdades a concentração nopercentual de horistas, indicando a crescenteprecarização que afeta esta classe trabalhadora.É importante considerar que o crescenteaumento no número de diplomados tem geradoo crescente desemprego entre os trabalhadoresescolarizados, visto que atualmente dispomosde mais de 45.000 profissionais entreespecialistas, mestres e doutores nas IESprivadas das capitais brasileiras, que vivem embusca de garantir suas condições deempregabilidade, balizando a atividadedocente com as demandas capitalistas, eimplicações psicossomáticas como ansiedadee estresse coadunando essas implicações comcondições precárias de trabalho tais como a altajornada, os deslocamentos contínuos e adesvalorização social do professor. Devido àcompetitividade acirrada no mercado de

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 19

trabalho e ao individualismo que a cadainstante se faz presente não percebem suacondição de explorados, o que torna claro quea educação instrumental estimulada pelo capitalflexível não garante melhores salários nemmelhores condições de trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As questões e fatos apontados nesseartigo mostram que a relação entre educação etrabalho não se expressa mecanicamente, massempre mediada. Não é a educação que criapostos de trabalho, mas decisões políticas quefavorecem os anseios e necessidades de umaminoria elitista. Constatamos que astransformações ocorridas na atual sociedadeem virtude das influências do capitalismoneoliberal - onde qualificação, competência eflexibilidade são palavras de ordem -representam reveses para os professores, pois

são afetadas suas condições de vida e trabalho,sendo estes a responsabilizados pelapermanência ou saída do mercado de trabalho.Apesar dos elevados índices de escolarização,vimos que a precarização é um processo socialque atinge os docentes do ensino superior,destacam o fato de que o ingresso epermanência na vida acadêmica se tornam umespaço privilegiado aos que possuem, além deuma rede de relações coesa, títulos acadêmicosmais elevados. Por esse motivo, a concorrênciapela aquisição titulações como especialização,mestrado, doutorado e pós-doutorado - objetosde desejo - a cada dia se intensifica, o que temresultado na formação de tarefeirosdesprovidos da identidade de pesquisador ecientista.

Verificamos que a expansão excessivadas IES privadas, conforme tabelas 1 e 2,principalmente a partir de 1990, é devida aações de estímulo por parte do Estado quantoà abertura de cursos de graduação, produzindoum crescente no número de diplomados.Também, pudemos observar que, apesar daregulamentação vigente por parte do Ministério

da Educação estabelecer especificações domínimo de contratações para o funcionamentodas IES privadas no que tange à titulaçãoacadêmica e ao regime de trabalho, de acordocom os quadros 1 e 2, a realidade revela umquadro muito diverso dos critériosestabelecidos. Nesse sentido, constatamos quea contratação de um pequeno número de pós-doutores e doutores, demonstra que asuperqualificação também é excludente,abrindo-nos o precedente para dizer que osmestres estão a caminho da exclusão, pois onúmero de contratações destes é inferior a dos

especialistas, evidenciando que a atenção dosdonos das IES particulares está voltada para ovalor pago pela hora-aula. Sendo evidenciada,conforme a tabela 5, a crescente precarizaçãoque tem afetado essa classe trabalhadora, quepara complementar a renda mensal ministraaulas em diversas instituições.

Tem-se a clareza de que este estudo nãopretende esgotar o tema, tampouco oferecerverdades prontas e generalizantes. Exercitou-se o uso das teorias sociológicas, sugerindo-separa estudos posteriores análises referentes aoaprofundamento do estudo da relação entre oscritérios estabelecidos pelos órgãos reguladoresdo Estado e o que tem sido feito pelas IESparticulares para atendê-los, à busca dealternativas para a convivência ou mudançadessas condições que desvalorizam oprofissional da educação em sentido social eeconômico, à questão de gênero, ao regime detrabalho no mercado de Salvador e RegiãoMetropolitana - RMS, entre outras que o leitorconsiderar pertinentes. É importante quepossamos analisar o exposto até o presente

momento, pois as dimensões do viver socialnão podem ser abarcadas pelas apenas pelasteorias, pois o conceito é sempre menor do quea vida.

NOTAS

1-Refere-se à insustentabilidade e ausênciade garantias trabalhistas frente àsturbulências dos mercados nacional einternacional, mesmo que os profissionaisestejam qualificados.

2-O termo configurações fluidas é aquiutilizado para conceituar a dinâmica socialcontemporânea complexa e diversificada,apontando para a necessidade de constanteadaptação ou transformação.

3- Apud (BRASIL, 2000, p. 7).

4- Profissionais que procuram rapidamenteadaptar-se às condições do mercado detrabalho e da empresa na qual trabalha,qualificando-se por aumentar seu grau deescolaridade e acompanhar odesenvolvimento tecnológico.

5-Um recurso psicológico pelo qual oindivíduo, de modo inconsciente, apossa-se de um fato ou de uma característicaalheia, tornado-o parte de si mesmo.

6-Existindo uma alternância entrecontratação e dispensa de acordo com asdisciplinas por semestre, tal circunstâncialeva o docente a exercer atividadesprofissionais paralelas para que possa darconta de suas necessidades físicas,emocionais e materiais.

7-Instituto Nacional de Estudos ePesquisas Educacionais Anísio Teixeira.

8-Superintendência de EstudosEconômicos e Sociais da Bahia.

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 200 720

CALIFICACIÓN, DESCALIFICACIÓN Y SUPERQUALIFICAÇÃO:EL MERCADO DE TRABAJO PARA LOS PROFESORES DE LA

ENSEÑANZA SUPERIOR EN SALVADORResumen: el presente artículo realiza breves reflexiones relativas a las

condiciones de trabajo en el flexible sociedad capitalista neoliberal,problematizando la relación densa entre profesionalización, educación y

trabajo, con el proceso de la calificación profesional como imperativo para lainserción en el mercado del trabajo, con la repercusión en el mercado de los

profesores de las instituciones privadas de la educación superior de loscapitales brasileños e, de la manera específica, en la ciudad del Salvador,

contribuyendo de esta manera para la comprensión de la problemática en lapregunta en una breve reflexión referente a la realidad local. Los profesorestienen, por lo tanto, el desafío simultáneo y doble de cualificar a sí mismo y

a los alumnos para inserción en el mercado de trabajo.Palabras llave: Calificación. Descalificación. Flexibilidad. Docencia.

Condiciones de trabajo.

*Especialista em Metodologia do Ensino,

Pesquisa e Extensão em Educação pela

Universidade do Estado da Bahia (UNEB),

Socióloga e Cientista Social pela

Universidade Federal da Bahia (UFBA),

Professora dos Departamentos de Ciências

Contábeis e de Administração da Faculdade

São Tomás de Aquino em Salvador, Membro

do GT de Ensino Superior da I Conferência

Municipal de Educação de Salvador.

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Atualmente vivemos em um mundo deconstantes mudanças, onde o ser humano sesupera na criação e reinvenção de novastécnicas e formas de comunicação. Enfim,vivemos num clima de transformações queinterferem diretamente na maneira de falar,pensar, enxergar, aprender, agir e conhecer omundo. Tendo em vista o contexto em queestamos, é preciso rever a educaçãodesenvolvida nas escolas e atuar junto dela para

SUPERVISÃO EDUCACIONAL: QUAL É O SEU PAPEL?Adriana Armani Fiorini Martins*

Resumo: este artigo aborda aspectos teóricos e práticos sobre a supervisão educacional. Pretende apresentar o papeldo supervisor enfocando sua trajetória histórica e sua ação pedagógica no contexto atual em que as escolas estão

inseridas. Contudo, não ambiciona esgotar este assunto, levando em consideração a permanente reflexão e busca denovas ações metodológicas para qualificar o fazer deste profissional, visando a melhoria da educação.

Palavras-chave: Supervisão Educacional. Trajetória Histórica. Ação Educativa.

LEDA, Denise Bessa. Trabalho docente noensino superior sob o contexto das relaçõessociais capitalistas. Disponível em:<www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/trabalho/GT11-1979--Int.pdf>.Acesso em: 05 fev. 2007.

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SISTEMAS DE CONSULTA. Consulta aoBanco de Dados. Tabelas. Social (gr4).Educação (sg13). Quantidade deProfessores nas Universidades por Graude Formação (t36). Disponível em: <http://

contribuir na construção desse "novo mundo"em que estamos inseridos.

Para iniciar, é preciso rever o papel decada integrante da escola, começando pelapessoa que está a frente da coordenaçãopedagógica, isto é, do supervisor educacional:"Quem é ele? Qual é o seu papel? Com quemtrabalha? Qual sua identidade?", entre outrasquestões. Então, para que possamos entendera atual identidade deste supervisor educacional

é importante conhecer o histórico da trajetóriada supervisão.

Sobre o surgimento da supervisão,Lima (2001, p. 69) afirma:

"A idéia de supervisão surgiu com a

industrialização, tendo em vista a melhoria

quantitativa e qualitativa da produção, antes

de ser assumida pelo sistema educacional, em

busca de um melhor desempenho da escola

em sua tarefa educativa".

w w w . s e i . b a . g o v . b r / s e i /consulta_frame.wsp>. Acesso em: 05 fev.2007.

WEBER, Max. Ciência e Política: duasvocações. São Paulo: Martin Claret, 2001.

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 21

A supervisão iniciou com aindustrialização, tendo como objetivo fiscalizare controlar. Por volta de 1841 passa a serrelacionada ao processo de ensino, voltada aocontrole das atividades docentes. Já no iníciodo século XX, volta-se para padrões decomportamento rigoroso, visando à eficiênciado ensino.

A partir de 1925, nota-se uma maiorimportância das ciências comportamentais nasupervisão. Surge então a introdução deprincípios democráticos nas organizaçõeseducacionais, aplicando-os ao papel dosupervisor como líder democrático.

Com a reforma de Francisco Campos,em 1931, muda sua concepção, passa desimples fiscalização para o caráter desupervisão do ensino. Em 1953 é criada aCampanha de Aperfeiçoamento e Difusão deEnsino Secundário, visando melhorar aqualidade do ensino através do treinamento derecursos humanos, dando aos inspetores daépoca subsídios para o seu trabalho pedagógicoser desenvolvido nas escolas. Devido a umaaliança estabelecida entre Brasil e EstadaUnidos, na década de 1950, um grupo desupervisores foi formado pelo ProgramaAmericano-Brasileiro de Assistência ao EnsinoElementar (Pabaee) com o objetivo demodernizar o ensino e preparar professoresleigos. O curso para os supervisores foimontado aos moldes de ensino americano, quepriorizava o estudo dos métodos e das técnicasde ensino, o qual se tornou como uma grandeinovação pedagógica no Brasil.

Por volta de 1960, devido a diversasmudanças, a supervisão passa a desempenhara função de controladora da qualidade deensino, com a responsabilidade de promovermomentos que visem a real melhoria.

Em 1969 é regulamentada a ReformaUniversitária e aprovado o parecer quereformula o Curso de Pedagogia, buscandoespecializar o educador em uma função, surgeentão os especialistas da educação.

Nos anos 70, com a nova Lei deDiretrizes e Bases do Ensino de 1º e 2º Graus(Lei 5.692/71) a supervisão passa a agregar asatividades de assistência técnico-pedagógica ede inspeção administrativa, atuando não só naescola, mas em todo o sistema.

Sobre a supervisão escolar nos anos90, Lima (2001, p. 77 e 78) diz:

E chega-se aos anos 90 reconhecendo-se que

a supervisão pode fazer uso da técnica, sem a

conotação de "tecnicismo". Trata-se, portanto,

de uma função que contextualizada, insere-se

nos fundamentos e nos processos pedagógicos,

auxiliando e promovendo a coordenação das

atividades desse processo e sua atualização

pelo estudo e pelas práticas coletivas dos

professores. È com esse tipo de concepção e

proposta que se iniciam os anos 2000.

De acordo com a trajetória históricafica claro que, por diversos anos, o supervisorexerceu a função de fiscalizador e controlador,o que explica a ação de muitas práticaspedagógicas ainda exercidas por algunssupervisores nas escolas, as quais devem serrevistas, pensadas e repensadas, para que segaranta um ensino de qualidade e comsignificado para os educandos.

Então, é necessário construir uma novaidentidade para este profissional, visandoatender as necessidades e os interesses daescola. E esta identidade deve ser construídano cotidiano escolar, nas relações junto aoseducadores, através de ações vividas, pensadase repensadas.

Nesse sentido, Alonso (2000, p.175)afirma que:

A mudança pretendida somente acontecerá se

houver condições facilitadoras, entre as quais

uma liderança efetiva, capaz de libertar uma

energia latente e congregar os esforços

individuais, articulando-os em torno de uma

proposta comum.

O supervisor deve atuar junto aosprofessores e partilhar suas angústias edesafios, assumindo o papel de provocador,desinstalando certezas na busca de novasconstruções. Assim, professor e supervisorunem esforços para investigar, estudar,problematizar, discutir e acompanhar otrabalho docente que está sendo desenvolvido.Importante se torna avaliar a metodologia queestá sendo utilizada, isto é, a maneira comoforam trabalhados e estudados os conteúdosem sala de aula. Cabe então, ao supervisor,enfatizar a permanente ressignificação econtextualização que devem ser dadas aosconhecimentos para que estes possam agregarvalores e significados à vida dos educandos.

O supervisor precisa pautar suas ações,levando em consideração princípios queviabilizem o seu agir, tais como:

Planejamento: o supervisor deveplanejar suas ações e deixar claro ao grupo oque busca, para não haver dúvidas ou desviosde caminhos, fazendo com que todos sigamna mesma direção.

Competência: suas ações devem ser

embasadas em fundamentação teórica,adquirida por competências construídas a partirde estudos e pesquisas. O supervisor tem comocompetência promover estudos sobre o ProjetoPolítico Pedagógico da escola, favorecendodebates e questionamentos que conduzam auma reflexão e a um fazer articulado ecomprometido com a qualidade.

Formação: sempre estar buscandoatualização profissional e suportes teóricos quepossam embasar o seu fazer pedagógico parapoder enfrentar os desafios e corresponder asexpectativas do grupo em que atua. O seu fazerpedagógico deve estar agregado emconhecimentos, valores éticos, políticos ehumanísticos.

Democracia: promover momentos,envolvendo toda comunidade escolar, para quejuntos possam construir uma educação dequalidade e voltada às necessidades, interessese realidade. Abre espaços para participação ecrescimento através da partilha e colaboraçãode todos.

Sedução: ao deixar explícitos ospropósitos e metas, é necessário que asupervisora seduza o seu grupo de trabalho,estimulando-o, incentivando-o para todosacreditarem no trabalho, na proposta ecaminharem em busca de idéias e opções emcomum.

Avaliação: através da constanteavaliação, visando a reflexão-ação-reflexão, doprocesso na busca da melhoria do trabalho.

Portanto, na medida em que osupervisor constrói uma ação em conjunto eflexível, ele propicia a construção de umplanejamento voltado aos mesmos objetivos einteresses, fazendo com que cada membro sesinta responsável e integrante deste processo.Dessa forma, o supervisor ocupa a função delíder democrático de um grupo, na qual todosbuscam construir e desenvolver um trabalhocoletivo, visando uma ação transformadora.Nesse contexto, o supervisor torna sua açãopedagógica dinâmica e transforma-se em umtécnico-político, o qual estimula a participação,encoraja o grupo, problematiza, questiona e fazcom que todos se sintam envolvidos ecomprometidos com o fazer pedagógico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escola convive com um novocontexto histórico, no qual a educação passapor mudanças e desafios, os quais requeremprofissionais atualizados e capazes de lidar comestas transformações. Portanto, os papéis dos

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 200 722

educadores que nessa "nova escola" atuam,necessitam serem revistos para poderem darconta da diversidade que se apresenta. É omomento de buscar soluções, unir esforçoscoletivos e dar um ressignificado à atualeducação. O supervisor educacional é umapeça fundamental neste novo processo, o qualtambém necessita de uma nova identidade,deixando de lado a função fiscalizadora,autoritária, burocrática, para transformar-se emum parceiro pedagógico do professor, atuandoem conjunto, refletindo e articulando seu grupode trabalho para que juntos possam buscar aqualidade do ensino. Assim fica claro que anova identidade de ação do supervisoreducacional deve ser pautada em processosconstruídos na prática, através das relações comas pessoas.

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ALONSO, Myrtes. A supervisão e o

* Formada em Magistério, Graduada em

Pedagogia com Habilitação em Supervisão

Educacional, Professora do Instituto de

Educação São Francisco, Coordenadora do

Projeto Educação Tecnológico da SMED de

Alvorada. E-mail [email protected]

A política de inclusão educacional estáregulamentada pela Resolução CNE/CEB Nº.02/2001, que instituiu as Diretrizes Nacionaispara a Educação Especial na Educação Básica,as quais orientam os sistemas de ensino paraque matriculem todos os alunos, cabendo àsescolas organizarem-se para o atendimento aoseducandos com necessidades educacionaisespeciais.

Com isso os espaços educacionaiscomuns devem alterar-se para que todas ascrianças, jovens e adultos possam aprenderjuntos, independente da necessidade dautilização de diferentes alternativasmetodológicas, linguagens e códigosespecíficos. O princípio fundamental daeducação inclusiva é que a educação é umdireito de todos.

Partindo do pressuposto de que as

A POLÍTICA DE INCLUSÃO E OS ATENDIMENTOSEDUCACIONAIS ESPECIALIZADOS Gicelda Costa da Silva 1

Paulo Fraga Gomes 2

Rosangela Silva da Rosa 3

Resumo: o presente trabalho aborda a inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais nasclasses comuns do ensino regular, enfatizando a importância do atendimento educacional especializado em salas derecursos multifuncionais, na qual o professor especializado deve trabalhar a parte diversificada do currículo, como o

uso e ensino de códigos, linguagens, tecnologias e outros complementares a escolarização, buscando eliminar,principalmente, as barreiras pedagógicas. Aborda também, a necessidade de professores itinerantes e professoresintérpretes, bem como o uso das tecnologias assistivas que é a expressão usada para identificar todo o arsenal de

recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e,conseqüentemente promover vida independente e inclusão.

Palavras-chave: Inclusão. Atendimento Educacional Especializado. Deficiências.

EDUCATION SUPERVISION: WHAT HIS PAPER IS?Abstract: this article approaches theoretical and practical aspects on the

educational supervision. Its historical trajectory intends to present the paperof the supervisor focusing, its pedagogical action in the current contextwhere the schools are inserted. However, ambiciona not to deplete this

subject, leading in consideration the permanent reflection and searchs ofnew metodológicas actions to characterize making of this professional,

aiming at the improvement of the education.Keywords: Educational supervision. Historical trajectory. Educative action.

desenvolvimento profissional do professor.In: FERREIRA, Naura Svria Carapeto.(org). Supervisão educacional para umaescola de qualidade. 2ª ed. São Paulo:Cortez, 2000.

MEDINA, Antonia. Supervisão escolar: daação exercida à ação repensada. 2ª ed.Porto Alegre: AGE, 2002.

crianças com deficiência não conseguemaprender da mesma forma que as demaiscrianças, vale destacar o conhecimentoproduzido no campo da psicologia e das teoriasda aprendizagem que tem demonstrado quetodos são capazes de aprender, que aconstrução do conhecimento se dá naheterogeneidade e que a diferença se traduz emenriquecimento do processo educacional.

O que define a inclusão não é acondição da pessoa, mas o direito à educaçãoem seu sentido pleno, enquanto valor eprincipio. Portanto, todos os alunos devem sermatriculados nas classes comuns da rederegular de ensino com igualdade deoportunidade, respeitados os ritmos e estilosde aprendizagem, bem como ter garantido oacesso ao atendimento educacionalespecializado adequado quando dele

necessitarem.

SALAS DE RECURSOS

MULTIFUNCIONAIS

Conforme previsto no inciso V doartigo 8º da Resolução CNE/CEB nº. 2/2001,as salas de recursos multifuncionais têm porobjetivo apoiar os sistemas de ensino na ofertado atendimento educacional especializado deforma complementar ou suplementar aoprocesso de escolarização.

As salas de recursos multifuncionais são

espaços da escola onde se realiza o

atendimento especializado para alunos com

necessidades educacionais especiais, por meio

do desenvolvimento de estratégias de

aprendizagem, centradas em um novo fazer

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 23

pedagógico que favoreça a construção de

conhecimentos pelos alunos, subsidiando-os

para que desenvolvam o currículo e participem

da vida escolar (ALVES, 2006, p. 13).

De acordo com as Diretrizes Nacionaisde Educação Especial para a Educação Básica,o atendimento educacional especializado emsalas de recursos constitui serviço de naturezapedagógica, conduzido por professorespecializado, que suplementa (no casodos superdotados) e complementa (paraos demais alunos) o atendimentoeducacional realizado em classescomuns da rede regular de ensino. Esseserviço realiza-se em escolas, em localdotado de equipamentos e recursospedagógicos adequado às necessidadeseducacionais dos alunos, podendoestender-se a alunos de escolas próximas,nas quais ainda não exista esseatendimento. Pode ser realizadoindividualmente ou em pequenosgrupos, para alunos que apresentemnecessidades educacionais especiaissemelhantes, em horário diferente daquele emque freqüentam a classe comum.

A denominação sala de recursos

multifuncionais se refere ao entendimento de

que esse espaço pode ser utilizado para o

atendimento das diversas necessidades

educacionais especiais e para desenvolvimento

das diferentes complementações ou

suplementações curriculares. Uma mesma sala

de recursos, organizada com diferentes

equipamentos e materiais pode atender,

conforme cronograma e horários, alunos com

deficiência, altas habilidades/superdotação,

dislexia, hiperatividade, déficit de atenção ou

outras necessidades educacionais especiais.

Além, do atendimento educacionalespecializado realizado em salas de recursosou centros especializados, algumas atividadesou recursos devem ser disponibilizados dentroda própria classe comum, como por exemplo,os serviços de tradutor e intérprete de Libras ea disponibilidade das ajudas técnicas etecnologias assistivas, entre outros (ALVES,2006, p. 14-15).

Assim sendo, o atendimentoeducacional especializado não pode serinterpretado como atividades de mera repetiçãode conteúdos desenvolvidos na sala de aula,mas constituir um conjunto de procedimentosque de suporte ao processo de apropriação econstrução de conhecimentos pelos alunos.

A sala de recursos multifuncionais é

um ambiente para a realização do atendimentoeducacional especializado de alunos queapresentam, ao longo de sua vida escolar,alguma necessidade educacional especial,temporária ou permanente, que de acordo comas Diretrizes Nacionais de Educação Especialpara a Educação Básica, estão divididas em trêsgrupos:a) alunos com dificuldades acentuadas deaprendizagem ou limitações no processo de

desenvolvimento que dificultam oacompanhamento das atividades curriculares:aquelas não vinculadas a uma causa orgânicaespecífica ou aquelas relacionadas a condições,disfunções, limitações ou deficiências;b) alunos com dificuldades de comunicação esinalização diferenciadas dos demais alunos;c) alunos que evidenciem altas habilidades/superdotação e que apresentem uma grandefacilidade ou interesse em relação a algum temaou grande criatividade ou talento especifico.

Nesses grupos, incluem-se alunos comdificuldades no processo de aprendizagemdevido a condições, distúrbios, disfunções oudeficiências, tais como: autismo,hiperatividade, dislexia, déficit de atenção,deficiência física, paralisia cerebral e outros.

É necessário que fique claro que é deresponsabilidade e de autonomia dos sistemasde ensino, organizar seus atendimentoseducacionais especializados, de acordo com asnecessidades especiais de seus alunos.

Considerando a diversidade dosalunos, os serviços especializados deverão sercomplementados, quando necessário, poratendimento multiprofissional (Psicólogo,Assistente Social, Terapeuta Ocupacional,Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, MédicoNeurologista, Psiquiatra, entre outros), visandoatender às necessidades especiais do aluno eda família, do professor e da equipe pedagógicada escola.

É importante aprender a conhecer cada

Fotos Recursos de TA - Materiais Escolares e

Fonte: Centro Especializado em Desenvolvimento

aluno na sua individualidade, respeitando seutempo e formando vínculos afetivos. Faz-senecessária à discussão, sobre cada aluno, coma equipe técnico-pedagógica, professores efamília, objetivando o levantamento de suaspotencialidades, ritmos e estilos deaprendizagem, bem como das prioridades, afim de se elaborar planejamento e intervenções,propondo-se adaptações e/ou flexibilizaçõescurriculares, considerando aquilo que o aluno

é capaz de realizar.A educação não se restringe

somente à escolaridade, visto quemuitas vezes esse aluno demandaquestões na área sócio-emocionalque, no pedagógico, ficainsignificante. Devemos proporações pedagógicas que estabeleçamo desenvolvimento de capacidades

relacionadas à interação e integraçãosocial e ao equilíbrio emocional,atribuindo-lhes o mesmo nível deimportância que é dado às maistradicionais capacidades cognitivas e

lingüísticas.Itinerância - serviço de orientação e

supervisão pedagógica desenvolvida porprofessores especializados que fazem visitasperiódicas às escolas para trabalhar com osalunos que apresentem necessidadeseducacionais especiais e com seus respectivosprofessores da classe comum da rede regularde ensino.

Professores Intérpretes - são profissionaisespecializados para apoiar alunos surdos,surdo-cegos e outros que apresentem sérioscomprometimentos de comunicação esinalização.

Tecnologias Assistivas (TA) - expressãousada para identificar todo o arsenal de recursose serviços que contribuem para proporcionarou ampliar habilidades funcionais de pessoascom deficiência e, conseqüentementepromover vida independente e inclusão.

O Ministério da Ciência e Tecnologia(2005) definiu as tecnologias assistivas comoaquelas que reduzem ou eliminem as limitaçõesdecorrentes das deficiências física, mental,visual, auditiva, a fim de colaborar para ainclusão social das pessoas com deficiência edos idosos. Tecnologia Assistiva, tambémchamada de Adaptativa ou Ajuda Técnica, é,portanto, toda aquela desenvolvida parapermitir o aumento da autonomia eindependência de idosos, de pessoas comdeficiência ou de pessoas com mobilidadereduzida em suas atividades domésticas ou

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ocupacionais de vida diária.A obtenção de autonomia é com

certeza um dos caminhos para a perfeitaintegração social desses grupos sociais e deve,portanto, constituir-se em premissa para asintervenções em matéria de reabilitação e deinclusão social.

MODALIDADES DA TA

A TA se organiza em modalidades, eessa forma de classificação varia conformediferentes autores que trabalham com o tema.Podemos citar como modalidades importantespara a inclusão educacional de alunos comdeficiência:- auxílios para a vida diária e vida prática -materiais pedagógicos e escolares especiais;- comunicação aumentativa e alternativa;- recursos de acessibilidade ao computador;- adequação postural (mobiliário eposicionamento) e mobilidade;- recursos para cegos ou pessoas com visãosubnormal;- recursos para surdos ou pessoas com déficitsauditivos;- projetos arquitetônicos para acessibilidade;- adaptações em veículos escolares paraacessibilidade.

São exemplos de TA na escola os lápis,canetas e pincéis engrossados; adaptações quefacilitam virar páginas; mobiliário adequado epersonalizado; pranchas de comunicaçãoalternativa; material pedagógico ampliado ouem relevo; textos em Braille; lupas; máquinabraile; teclados especiais que facilitam acessona deficiência física, mouses alternativos,softwares com acessibilidade, entre outros.Adaptações arquitetônicas como rampas eelevadores, sinalizações visuais e em braile,portas largas são importantes fatores deacessibilidade, bem como adaptaçõesveiculares como plataformas de embarque paraacesso autônomo de cadeirantes entre outras.

É preciso que se trabalhe para ainclusão social, ou seja, trabalhar para aconquista e a prática da cidadania e, nessesentido, as Tecnologias Assistivas sãoimportantes instrumentos que não podem serdesconsiderado.

Infelizmente, o uso de Tecnologias Assistivas

no Brasil ainda é restrito, tanto para

instrumentos de alta tecnologia, como para os

menos sofisticados, os que auxiliam a

realização das atividades do dia-a-dia (higiene

pessoal, alimentação, vestuário, manuseio de

livros, manuseio de telefones, escrita, etc). Os

motivos são os mais variados: falta de

conhecimento do público usuário a respeito das

tecnologias disponíveis; falta de orientação aos

usuários pelos profissionais da área de

reabilitação; alto custo; carência de produtos

no mercado; falta de financiamento para

pesquisa; dentre outros (NETO, 2005, p. 2-3).

CONCLUSÃO

No contexto educacional brasileiro,apesar da existência de políticas públicas quegarantam direitos igualitários na educação,ainda enfrentamos inúmeros desafios paradesenvolvermos sistemas educacionaisinclusivos.

O atendimento educacionalespecializado tem como objetivo atender aspeculiaridades de cada aluno com necessidadeseducacionais especiais e para que seja colocadoem prática, deverá contar com salas de recursosmultifuncionais e/ou centros especializados emturno diverso ao da escolarização, podendoestar presente em classe comum do ensinoregular mediante as ajudas técnicas, atuação deprofissionais especializados e disponibilizaçãode outros apoios necessários à aprendizagem,à locomoção e a comunicação.

Educar na diversidade em um país comdimensões territoriais e pluralidade culturalsignificativas, não é tarefa para poucos ou decurto prazo, mas é possível e precisamosinvestir nesse processo, aproveitando todo equalquer incentivo para que a inclusão torne-se uma realidade brasileira.

REFERÊNCIAS

ALVES, Denise. et al. Salas de recursosmultifuncionais: espaços para atendimentoeducacional especializado. Brasília: MEC,SEESP, 2006. 36p.

NETO, João Carlos; ROLLEMBERG,Rodrigo. Tecnologias assistivas e apromoção da inclusão social. Brasília: MCT,2005.

1- Aluna do Curso de Graduação em

Pedagogia pela Uniasselvi e Assessora

Comunitária da Secretaria Municipal de

Educação de Viamão.

2 -Pedagogo. Supervisor Educacional. Pós-

graduado em Pedagogia Gestora pela

FACVEST/ASSERS e Orientador

Educacional da rede pública municipal de

Viamão.

3- Bióloga. Pós-graduada em Gestão

Ambiental pela PUCRS. Especialista em

Pedagogia Gestora pela FACVEST/ASSERS

e Assessora de Projetos da Secretaria

Municipal de Educação de Viamão.

THE POLITICS OF EDUCATION INCLUSION AND THE EDUCATIONSPECIALIZED SERVICES

Abstract: the present work approaches the pertaining to school inclusion ofpupils with educational necessities special in the common classrooms of

regular education, emphasizing the importance of the specializededucational attendance in rooms of multi-functional resources, in which thespecialized professor must work the diversified part of the resume, as theuse and education of codes, languages, technologies and complementaryothers the escolarização, searching to eliminate, mainly, the pedagogicalbarriers. It also approaches, the necessity of itinerantes professors andprofessors interpreters, as well as the use of the assistivas technologies

that is the used expression to all identify the armory of resources andservices that contribute to provide or to extend functional abilities of peoplewith deficiency and, consequently to promote life and inclusion independent.

Keywords: Inclusion. Specialized Educational attendance. Deficiencies.

OBRAS CONSULTADAS

BATISTA, Cristina; MANTOAN, MariaTeresa. Educação Inclusiva: atendimentoeducacional especializado para adeficiência mental. 2.ed. Brasília: MEC,SEESP, 2006. 68p. il.

BRASIL. Diretrizes Nacionais para aEducação Especial na Educação Básica.Brasília: MEC, SEESP, 2001.

______. Lei de Diretrizes e Bases daEducação Nacional. Brasília: SenadoFederal, 1996.

BERSCH, Rita de Cássia; PELOSI,Myriam. Portal de ajudas técnicas para aeducação: recursos de acessibilidade aocomputador. Brasília: MEC, SEESP, 2007.63p. il.

EDLER CARVALHO, Rosita. EducaçãoInclusiva: com os pingos nos "is". PortoAlegre, Mediação, 2004. 176 p.

MITTLER, Peter. Educação Inclusiva:contextos sociais. Porto Alegre, Artmed,2003. 264p.

PAULON, Simone; FREITAS, Lia Beatriz;PINHO, Gerson. Documento subsidiário àpolítica de inclusão. Brasília: MEC, SEESP,2005. 48p.

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 25

A escola surgiu da necessidade que afamília sentiu para educar seus filhos, devidoàs mudanças que começavam a nortear aeducação. A partir de então, jovens de idadesvariadas passaram a conviver em grupos,desenvolvendo hábitos que se tornaramnecessários para a convivência na vidacomunitária, favorecendo assim, a vidacultural.

As grandes mudanças fizeram comque a escola fosse se aprimorando, tornando-a num lugar, onde o ato de educar deveria estarintrinsecamente ligado ao de amor, fazendocom que o papel da supervisão escolar setornasse um processo abrangente o qualdeveria estar agregado ao trabalho escolar,tornando-se assim numa tarefa técnico-científica.

Diante disso, faz-se necessário, numprimeiro, momento entender o conceito dotermo supervisão. Conforme Cegalla (2005,p.804 ) é possível verificar que "Supervisãos.f. Ato ou efeito de supervisionar; orientação;fiscalização". Houaiss (2001, p.699 ) define otermo supervisão como "1. Ato desupervisionar ou o seu efeito. 2. Função desupervisor".

Considerando os significados que otermo supervisão possui, é possível afirmarque estes variam de acordo com a interpretaçãoque o termo sofre. Se para um significasupervisar, para outro significa orientar. Eforam estas interpretações que ao longo dosanos fizeram com que o termo e suas açõesfossem se modificando.

Sabe-se que a supervisão educacionaltem por função supervisionar, articular,juntamente com o diretor, a construção, odesenvolvimento e a avaliação do ProjetoPolítico Pedagógico-PPP da escola. Devetambém articulá-lo organizando reflexões,entre educadores, educandos e as famílias paraque ocorra a concretização efetiva de ações queestão previstas, propiciando-lhes um ensino eaprendizagem voltada para o desenvolvimentoe compromisso da cidadania.

SUPERVISÃO EDUCACIONAL: TEORIA E PRÁTICALuciana da Silva Vicente Saint´pierre*

Resumo: este trabalho tem como objetivo lembrar a importância da supervisão educacional no âmbito escolar, fazendoum resgate histórico desta função, desde os tempos antigos até os dias de hoje. Função esta que vem sofrendo

modificações ao longo dos tempos, pois nossos educandos e educadores também as sofreram. A supervisãoeducacional só acontece se tivermos bem claro que a teoria só terá sentido se a prática estiver dando resultados

satisfatórios, tanto para educandos quanto para educadores. É de extrema importância que se façam reflexões denossas ações educativas, pois estamos sempre nos deparando com os mais desafios ao longo da caminhada

educativa.Palavras-chave: Supervisão educacional. Educandos. Educadores.

Este compromisso com odesenvolvimento da cidadania é tarefafundamental da escola que está realmentecomprometida com uma educaçãotransformadora, cujo objetivo é propiciarmomentos de ensino e aprendizagemrelacionados e articulados com o cotidiano doseducandos, preparando-os para desempenharsuas habilidades, competências de aprender,apreendendo o conhecimento e colocando-asem prática na sociedade na qual estão inseridos.

Para isso, é importante salientar que oensino e aprendizagem de qualquer área doconhecimento, devem ter como embasamentolegal, o Regimento Escolar, Lei de Diretrizes eBases da Educação Nacional - LDBEN, nosParâmetros Curriculares Nacionais - PCNs,entre outros.

Faz parte da função da supervisão seinteressar pelas necessidades educacionais esociais dos educandos e do grupo de docentesinseridos na instituição escolar. Se hoje asupervisão busca trabalhar as diferenças, sendoproblematizadora, possibilitando a construçãoe reconstrução de idéias, resgatando valores eexpressando-se com clareza; no passadoconforme Rangel (2003) buscava somente aigualdade, facilitando e aproveitando-se dasoportunidades para reforçar ainda mais omodismo.

Diante disso, a escola foi buscandonovas configurações a fim de redimensionar avisão de conceber o homem, o conhecimentoe o mundo que, na história da educaçãobrasileira, perdurou durante séculos. Engana-se quem pensa que a escola serve como"depósito", como se pudéssemos nos livrar dealguém por alguns instantes. Educar é muitomais do que se imagina. É necessário uma"parceria" entre escola, educadores, educandose a sua família.

No Brasil, há rastros da funçãosupervisora desde o século XVI, devido àinfluência dos jesuítas. Sabe-se, porém, que asupervisão foi criada num contexto de ditadura,que trouxe para dentro da escola uma divisão

social do trabalho: há quem pensa quem decidequem manda e quem executa; o educador éexpropriado do seu saber, sendo meramenteconsiderado como uma figura técnica dotrabalho, sendo assim, o supervisor passou aexercer o papel de fiscal, de ajudante dadireção, que "quebra-galho", de "traça degabinete", de substituto, enfim, algo qualquerpara fazer qualquer coisa e coisa nenhuma feita;o que faz tudo que não faz nada, algo negativoque "desempenha" todas as funções e nenhumaao mesmo tempo.

Se para Freire (1992), não há práticaeducativa neutra, abstrata. A educação é sempreum ato político e faz parte da vida do homemcomo ser histórico, ser de relações e ser cultural,faz sentido salientar que a supervisão tem umafunção muito importante na consecução demelhor qualidade na prestação de serviçoseducacionais, desde as instâncias mais amplase abrangentes até a atividade básica. Enquantoa escola forma cidadãos, o supervisor deve terclaro em mente, que a figura Supervisor édiferente da função.

Neste sentido, ter como função é terconsciência da integração que um trabalho emconjunto merece , é saber que antes de maisnada, supervisor é um educador e que estáauxiliando o outro a desenvolver sua tarefa. E,profissionalmente sua função na escola, tendocomo foco a explicitação da contribuiçãointelectual de cada segmento escolar, poisconforme Freire (2002), todo o discursoreferente à teoria deve ser exemplificada demaneira concreta.

Se teoria e prática devem estararticuladas, precisamos da teoria parafundamentar nossas práticas pedagógicas,sendo assim, sentimos várias vezes anecessidade de relacioná-las no contextopedagógico, pois ambas servem como umaespécie de bússola norteadora do nosso ofíciode mestre que deseja fazer da escola um espaçode possíveis mudanças. Estas mudanças dizemrespeito à abertura para as indagações,curiosidades e às perguntas dos educandos,

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educadores e as famílias.Tecnicamente, a supervisão,

desenvolve-se em etapas distintas:planejamento, acompanhamento e controle.Cientificamente, ela pesquisa fatos, estabelecehipóteses, determina prioridades e avalia osresultados. A supervisão interfere amplamentede maneira direta no trabalho educativo,resgatando valores que são focalizados, tendouma grande importância para a compreensãoda prática e consciência cidadã, fazendo comque o trabalho pedagógico garanta aaprendizagem de todos, indiscriminadamente.

É importante que o supervisor torneacolhedora sua relação com o grupo deeducadores, para que o processo deenvolvimento seja compreendido como umdivisor de águas promovendo a ruptura derótulos, que o supervisor não é superior aninguém. Que o grupo saiba acreditar que podemudar que pode confiar neste profissional,buscando uma mudança em relação à práticapedagógica, tornando-a uma relaçãoenvolvente, fazendo com que a escola não setorne apenas um lugar onde os educandos eeducadores estão sendo avaliados por notas ouconceitos. A supervisão não tem apenas oobjetivo de avaliar, mas oferecer e possibilitardiversas formas de se atingir um ensino eaprendizagem que proporcione o prazer de ver,ser e agir de todas as pessoas comprometidascom a formação cidadã.

Para que isso ocorra, é necessário quehaja uma colaboração entre todos os segmentosda escola, para que a supervisão possa cumpriro que seja proposto e seguido semformalidades. Vale lembrar que a supervisãonão muda de lado por ser mais conveniente,ela vê outros lados e acaba percebendo o queainda não havia percebido: que também é suafunção: proporcionar seu grupo a ver outroslados e juntos encontrarem soluções oucaminhos para facilitarem o trabalho a serrealizado.

A história nos aponta que todo esseconfronto com o supervisor não "nasceu" juntocom seu profissionalismo, há fatores queinfluenciaram para que isto ocorresse:desvalorização salarial; uso do livro didáticocomo imposição ao grupo de docentes, aquinos deparamos com uma grande alienação,pois alguns educadores deveriam seguir o queo livro dizia sem fazer contestações, muitasmudanças durante o planejamento do ProjetoPolítico Pedagógico, onde a cada governo queentra resolve mudar algo e que no final dascontas, ninguém acaba lendo. Assim, vimos

que Freire (1980, p. 35) nos diz que:O que mais custa a um homem saber, de

maneira clara, é a sua própria vida, tal como

está feita por tradição e rotina de atos

inconscientes. Para vencer a tradição e a rotina,

o melhor procedimento prático não se encontra

nas idéias e conhecimentos exteriores e

distantes, mas no questionamento da tradição

por aqueles que se confrontam com ela, no

questionamento da rotina em que vivem.

Para pensar numa educação voltadapara a formação crítica se faz necessário,porém, salientar que:

A educação é um processo contínuo que dura

toda a vida, e que faz a comunidade onde

vivemos um mundo espontaneamente

conservador, ao qual o educar se refere. Isso

não significa, é claro, que o mundo do educar

não mude, mas sim que a educação, como

sistema de formação da criança e do adulto

tem efeitos de longa duração que não mudam

facilmente. (Maturana, 1999, p. 35).

Enquanto que para Freire (2002), aeducação não é interferida pelas idéias e pelosconhecimentos exteriores e distantes, Maturananos afirma que a educação é um processocontínuo que dura por toda vida. Então asupervisão seria um confronto entre o quevivemos e o que somos? Eis então, umapergunta que norteia o trabalho do supervisor.Ser supervisor é entender-se como ser eentender o outro como si, pois "[...] Semaceitação e respeito por si mesmo não se podeaceitar e respeitar o outro, e sem aceitar o outrocomo legítimo outro na convivência, não háfenômeno social". (MATURANA,1999, p.36).

Em Cury (2003, p.72), temos que:"Este hábito dos professores fascinantescontribui para desenvolver: sabedoria,serenidade, amor pela vida, capacidade de falarao coração, de influenciar pessoas".

E aqui se encontra o grande desafio dasupervisão educacional: ter a sensibilidade deperceber o potencial do grupo entendendo ooutro como ser inacabado, tendo compaixão ecolocando-se no lugar do outro, pois somentepor sermos seres inacabados é que somoscapazes de compreendermos a realidade emque vivemos, poderemos argumentar e tentarsolucionar problemas que encontraremos aolongo da trajetória que estaremos percorrendoem "missão" de Supervisor. Não educamosninguém, somos sujeito de nossa própriaeducação. Sabemos que não sabemos tudo,

justamente pelo fato de sermos seresinacabados.

Portanto, o compromisso dasupervisão está na ação da educação, noconstante aprimoramento de nossosconhecimentos através de nossas experiências,desenvolvendo nossa ação-reflexão, e nãodeixando que elas atrofiem, pois não é possívelrefletir sobre educação sem refletir sobre nósmesmos. Isso significa que conforme Maturana( 1999 , p. 35) "Num sentido estrito, nós sereshumanos nos originamos nos amor e somosdependentes dele. Na vida humana, a maiorparte do sofrimento vem da negação do amor:os seres humanos somos filhos do amor". Nomomento que entendemos o mais importantena educação: é necessário respeitar adiversidade de pessoas que estão em umaescola e que é importante tentar compreendê-los, a sensibilidade é um recurso primordialpara que o Supervisor atinja sua fundamentalfunção.

REFERÊNCIAS

CEGALA, Domingos Paschoal. Dicionárioescolar da língua portuguesa. São Paulo:Companhia Editora Nacional, 2005.

CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes,professores fascinantes. Rio de Janeiro:Sextane, 2003.

DEMO, Pedro. Grandes pensadores emeducação: o desafio da aprendizagem, daformação e da avaliação. Porto Alegre:Mediação, 2001.

____________. Ser professor é cuidar queo aluno aprenda. Porto Alegre: Mediação,2004.

ENRICONE, Délcia (org.). Ser professor.4.ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:saberes necessários à prática educativa.São Paulo: Paz e Terra, 1996.

GRINSPUNN, Miriam Paura S.Zippin(org.). Supervisão e orientaçãoeducacional: perspectivas de integração naescola. São Paulo: Cortez, 2003.

HOUAISS, Instituto de lexicografia e bancode dados da língua portuguesa S/C Ltda.2.ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

LUFT, Celso Pedro et al (org.). 21.ed. SãoPaulo: Ática, 2005.

MATURANA, Humberto. Emoções elinguagens na educação e na política. BeloHorizonte: UFMG, 199.

RANGEL, Mary. Nove olhares sobre asupervisão. 9.ed. Campinas. São Paulo:Papirus, 2003.

REDIN, Marita Martins. Entrando pelajanela: o encantamento do aluno pelaescola. Porto Alegre: Mediação, 2002.

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 27

* Pós-graduanda em Supervisão Educacional

- ASSERS/PORTAL

SARAMAGO, José. Ensaio sobre acegueira. São Paulo: Companhia dasLetras, 1995.

VASCONCELLOS, Celso dos S.Coordenação do trabalho pedagógico: doprojeto político-pedagógico ao cotidiano dasala de aula. São Paulo: Libertad, 2002.

EDUCATION SUPERVISION: THEORY AND PRATICEAbstract: this work has as objective to remember the importance of the

pertaining to school supervision in the pertaining to school scope, making ahistorical rescue of the function, since the old times until the present.Function this that comes suffering modifications throughout the times,therefore our educandos and educators had also suffered them. The

pertaining to school supervision only happens if we will have well clearly thatthe theory alone will have felt if the practical one will be giving resulted

satisfactory in such a way for educandos how much for educators. It is ofextreme importance that if makes reflections of our educative actions,

therefore we are always in coming across with challenges found throughoutthe educative walked one.

Keywords: Supervision scholar. Pupil. Educator.

Histórias Inesquecíveis

Nesta seção da Revista, você pode encaminhar histórias da sua vida,

aquelas que marcaram de algum modo as vivências na trajetória educacional.

Lendo a obra de Paulo Freire, "Nasombra da Mangueira", me reportei aopassado. Lembranças e mais lembrançasda minha infância retornaram na memória.

Nasci e cresci numa cidadepequena, no interior do Rio Grande do Sul,onde todos os moradores se conheciam ese chamavam pelo nome.

A casa em que nasci e me criei eragrande, cercada por muitas árvoresfrutíferas: laranjeiras, bergamoteiras,pessegueiros, macieiras, pereiras, parreirase mangueiras. Também havia uma hortaenorme de onde saia o sustento de toda afamília, que não era pequena.

Fui a criança de número seis anascer nessa família, depois de mim aindanasceram dois meninos. A única menina,num universo de meninos, por isso a minhaimaginação era a única forma de brincar.

Desde pequena gostava de mostraro que eu aprendia, mas nem sempre meusirmãos estavam dispostos a me ouvir, entãoelegi um galho de uma laranjeira paraconversar e dividir minhas ansiedades decriança.

Tudo o que eu sabia repassava parameu confidente, o "meu galho delaranjeira". Com ele tracei meu futuro,

MEUS MOMENTOS INESQUECÍVEIS: NOS GALHOS DA LARANJEIRA Rosalina dos Santos Fontela *

meus planos de vida, e contei para o meuamigo e para as laranjas o que eu ia serquando crescesse. Queria ser ensinadora,era o nome que eu achava que quem ensinadevia ter.

O tempo passou e por linhas tortascheguei a ser ensinadora. Digo por linhastortas porque quando fiz o Ensino Médiofoi na área técnica, isto é, primeiro fuitécnica contábil, ganhei uma bolsa deestudos para fazer o curso que era pago.Depois que conclui o curso consegui mesustentar e seguir meu caminho, semesquecer o que na realidade eu queria ser,ensinadora.

Chegou o momento, então, de daruma guinada na minha vida, cansei de lidarcom papéis e decidi fazer vestibular paraletras. Quando dei por mim estava meinscrevendo no contrato emergencial doestado no governo Collares. Fui chamadae lá estava eu numa sala de aula, ansiosa,mas convicta de que aquela era a vida queeu sempre quis. Vesti a camiseta e saí amil buscando aprender para propagar o quejá tinha aprendido, pois acredito queaprendizado só acontece quandocompartilhamos com o outro o queconhecemos.

* Professora das Redes Municipal e Estadual

no Município de Alvorada/RS. Pós-

graduanda em Supervisão Educacional

ASSERS/PORTAL.

Os dias, os meses e os anos forampassando e com o tempo eu fui meeducando e reeducando, acomodando edesacomodando as pessoas ao meu redor.Acomodação, desacomodação,transformação, é o meu lema. Já não tenhomais um galho de laranjeira no concreto,mas continuo a tê-lo no abstrato, pois parafazer planos não importa a idade, o queimporta é querer modificar o nosso meio econsequentemente o mundo em quevivemos.

Sei que tenho muito que aprendere ensinar, a mostrar que nada é estanque,pois diz um velho ditado "que água paradanão move moinho". Não se vive depassado, mas devemos olhá-lo sempre parabuscar nele os nossos anseios e desejos,para transformá-los em realidade. Quemnão sonha e não muda, não vive.

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Legislação Educacional

O cargo público de supervisor escolar

deve ser função de confiança da autoridade

competente (Prefeito, Governador, por

exemplo) ou deve ser cargo efetivo, provido

somente através de concurso público?

A Constituição Federal, em seu art. 37,inc. V, determina que "as funções de confiança,exercidas exclusivamente por servidoresocupantes de cargo efetivo, e os cargos emcomissão, a serem preenchidos por servidoresde carreira nos casos, condições e percentuaismínimos previstos em lei, destinam-se apenasàs atribuições de direção, chefia eassessoramento".

Constata-se, portanto, que os cargos efunções de confiança têm sua criação restrita

Esta seção da Revista é o espaço de divulgação de questões vigentes da legislação.A partir desse número apresentaremos também perguntas dos associados e as respostas contempladas na

legislação, de acordo com um parecer jurídico.

às atividades de chefia, direção eassessoramento. Assim, não poderia aAdministração Pública atribuir atividadeseminentemente efetivas e permanentes àcondição de confiança. Nesta hipótese, estariacaracterizada a criação de cargos e funções deconfiança em moldes artificiais, situação quecontraria a Constituição Federal e é passívelde apontamento por parte da Corte de Contas,e também de ser objeto de Ação Direta deInconstitucionalidade.

Sabe-se que as atividades de apoiopedagógico, isto é, aquelas que oferecemsuporte direto à docência, como é o caso dasupervisão, possuem caráter efetivo epermanente. Por isso, inadmissível seuprovimento por função de confiança.

Patrícia Collat Bento Feijó

Advogada

Supervisor escolar ocupar uma FG,denota, sem dúvida, situação de irregularidade,uma vez que a Constituição Federal restringeos cargos e funções de confiança apenas àsatribuições de direção, chefia eassessoramento.

Tendo em vista as disposiçõesconstitucionais já indicadas, e pelo fato de queas atividades deste profissional possuemcaráter efetivo e permanente, não secaracterizando como de chefia direção ouassessoramento, o entendimento que parecemais adequado é o de que o cargo seja criadoem sua modalidade efetiva, sendo o seuprovimento precedido do devido concursopúblico.

Livros

Se você não encontrar os livros divulgados nesta seção da revista, nas livrarias de

sua cidade, entre em contato com a ASSERS.

SUPERVISÃO PEDAGÓGICA:

PRINCÍPIOS E PRÁTICAS

O livro apresenta princípios e práticas desupervisão pedagógica e traz autores dereconhecimento nesse campo. Seu objetivo éacrescentar perspectivas para o planejamentoda função supervisora na escola, “num tempode (re) construção de seu projeto pedagógico”.

Organizadora: Mary Rangel

Editora: Papirus

Valor: R$ 26,50

AS RELAÇÕES E A SUPERVISÃO

Fazer uma escola funcionar de maneiraque garanta o interesse da maioria dacomunidade, educandos, educadores,especialistas, gestores passa por diversasinstâncias, mas a capacidade de organizaçãoe coordenação talvez represente o primeiropasso ( e muitas vezes decisivo) dessa longae complexa caminhada do projetopedagógico.

A beleza (e a dificuldade) desse caminhoé que não existe um ponto exato de chegada.Transitamos entre o objetivoe subjetivo; o espírito e a matéria; o burocrático (projeto) e o que não sereduz ao papel (sonhos, anseios, fantasias, desejos).

As Relações e a Supervisão vem, sem dúvida, contribuir para que aescola possa constituir-se dentro do seu projeto político pedagógico deforma efetiva e afetiva, com a contribuição rica e espontânea de todosque colaboram nesse processo educativo que, quando objetivo, se deixatransir pelo subjetivo; uma vez subjetivo, deixa-se, em parte,materializar-se no objetivo .

É um livro não só para supervisores, coordenadores,administradores, professores, mas para todos que, direta ouindiretamente, transitam pelos caminhos da educação.

Autora: Iná Sanzi Souza

Editora: SVB/ISIS

Valor: R$15,00

BRUXAS E FADAS POEMAS EM FLOR

A ASSERS tem como um de seusobjetivos é estimular e incentivar a cultura doEstado. A poesia é a essência das histórias edesejos de nosso povo. Através dela, falamosdo dia-a-dia das pessoas, de suas idéias edesejos, por vezes os mais secretos.

Esperamos que os leitores se deliciem comsuas bruxas e fadas e seus poemas em flor epensem...pensem muito sobre os seus destinosnesse "mundão de Deus"!

Organizadoras: Angelita Vargas Brazil eLilian Zieger

Editora: ASSERS e Evangraf

Valor: R$ 10,00

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Espaço Inovação - Rev is ta Pedagóg ica - Ano 4 - n o 8, dezembro, 2007 29

Retratando Poetas

Poemas, sonhos e fantasias fazem partedo nosso dia- a- dia.

Envie suas produções para este espaço

QUISERARosa Marlene de Souza e Silva

Quisera ver o mundoDe forma diferente.Quisera olhar a todosSorrir e cantar alegremente.Quisera que todo serQue se diz humano,Somente praticasse o bem,Olhasse o próximo,não importando a quemCom sentimentos sublimesdo coração...Não com egoísmo, ódio,Ganância ou ambição!Quisera tantoque o bem superasse o mal.Que houvesseo desamor, o ódio, a ingratidão.Quisera que a luz do bem,da felicidade e do amoriluminasse todo e qualquer coração,principalmente daquelesque seguem por caminhosobscuros,tristes, perdidos na desilusão.Quisera tanto, ó meu Deus,que o mundo em que vivemosse tornasse melhor,onde imperasse a paz, o amor,a alegria, a solidariedade e agratidão.Quisera tanto que nossossemelhantesTivessem a sensibilidadeE se deixassem tocarPela suave magiada música alegre do amor...Pois só assim, teriam a capacidadede olhar o mundocom os olhos do coraçãoe sentir o que é felicidade.

GESTOREDUCACIONAL

Iara de Menezes Bandeira

Buscar a excelênciaÉ o nosso desafioGestão com liderançaPontas de um mesmo fio.

Formar cidadãos conscientes,Críticos transformadoresPra mudar realidadesQualidade na aprendizagem.

Com princípios democráticosE gestão com parceriaTudo tem prioridadesFamília, professores,comunidade.

Partilhar é o que precisaUm verdadeiro líder ter Ousadia para inovar no Ambiente escolarE nunca se esquecer ...Muito amor se deve ter.

CAMINHANDO...

Angelita Vargas Brazil

Caminhando vejo...homens, mulheres,crianças, adolescentes.Faces cobertas,rostos intrigantes,olhares brilhantes.

Vejo...Uma nuvem de gente,que caminha,que pensa,que sente.

Vejo...Histórias estampadasSonhos de fadas,Feitiços de bruxas.

Vejo...Nos passos descompassados,Embora apressados,Nos olhos retratam,Tudo que vejo...

Entrando nas almas, Como fadas em sonhos, Desvendando mistérios, Com feitiço de bruxa.Vejo...E tudo que vejo,Me mostra o mundo...No passar do instante,Através do olhar...

MAPAS DA CIDADE

Lilian Zieger

Expressão de idéias,No registro da história,Que conta e canta,Verdades e mentiras...

Caminhos que se cruzam,Ou estradas paralelas,Nos mapas da cidade,Retratando andanças,Lendas e canções.

Burburim do mercado,Compra e venda de sonhos,No dia que se acende,Da cidade que acorda.

Mapas da cidade,Linhas ocupadas,Vazios que se agigantam,Na solidão da história.