ostradicionais saude e nutricao dos 15

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Este livro sobre os indígenas Asurini, Parakanã, Arara, Kararaô e Araweté traz um foco relevante sobre a saúde e nutrição, nos permitindo refletir o cenário contemporâneo dos povos indígenas. O panorama é da presença notável de sobrepeso e obesidade marcada com alguns casos de diabetes e hipertensão arterial, ratificando-se um perfil epidemiológico de surgimento das doenças crônicas não transmissíveis que passam a coexistir com as doenças infecciosas e parasitárias.

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Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa AF Capas

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Ana Paula Ferreira

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________

R299t

Reis, Rosilene Costa Os tradicionais : saúde e nutrição dos indígenas Asurini, Parakanã, Arara, Kararaô e Araweté da Amazônia brasileira / Rosilene Costa Reis, João Farias Guer-reiro. - 1. ed. - São Paulo : Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0166-0

1. Índios - Saúde - Brasil. 2. Medicina. I. Guerreiro, João Farias. II. Título.

15-19261 CDD: 980.41 CDU: 94(=1-82)(815.3)________________________________________________________________15/01/2015 15/01/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo - SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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NOTA BIBLIOGRÁFICA

Rosilene Costa Reis nasceu em Belém, no Pará, em 1980.

Professora Assistente III da Faculdade de Nutrição, Universidade Federal do Pará – UFPA (2008). Bacharel em Nutrição (UFPA-2005). Mestre em Saúde, Socieda-de e Endemias na Amazônia (UFPA-2008). Doutoranda em Doenças Metabólicas e Comportamento Alimentar, Universidade de Lisboa, Portugal.

João Farias Guerreiro, nasceu em Oriximiná, no Pará, em 1956.

Professor Associado III da Faculdade de Biologia, Universidade Federal do Pará – UFPA (1979). Gradu-ado em Medicina (UFPA-1979). Mestre em Genética (UFPA-1983). Doutor em Ciências Biológicas - Biologia Genética, Universidade de São Paulo – USP (1992). Pós--doutor, Instituto de Medicina Molecular, Hospital John Radcliffe, Universidade de Oxford, Inglaterra (1998).

Este projeto é uma adaptação da Dissertação de Mes-trado de Rosilene Reis sobre “Estudo da prevalência do

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excesso de peso e sua associação com os níveis de glicemia de jejum e pressão arterial sistêmica em indígenas da Ama-zônia brasileira”, sob orientação de João Guerreiro, vincu-lada ao Projeto de Pesquisa: Perfil nutricional e sua relação com a incidência de diabetes mellitus tipo 2 e doença arte-rial coronariana em comunidades indígenas da Amazônia brasileira (2006-2008). Processo: 401325/2005-9 Edital MCT/CNPq/MS-SCTIE-DECIT 38/2005.

Equipe de campo e Agradecimentos

Médicos DentistaDr. João Guerreiro Dr. Mario silvaDr. Lauro CunhaDra. Marta Melo

Laboratoristas NutricionistaWilson Monteiro Rosilene ReisHailton MonteiroAntonio Modesto

FUNASAJoana Baima RochaIva SilvaJosé Eládio Araújo

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PREFÁCIO

No início do século XVI populações indígenas esta-beleceram seus primeiros contatos com os “brancos”, os quais, na tentativa de uma possível pacificação, trouxe-ram para este povo doenças que levaram a epidemias res-ponsáveis pelo seu parcial desaparecimento. Na época, a população era composta de aproximadamente 5 milhões de pessoas e o impacto deste primeiro contato trouxe mu-danças no seu modo de vida, as quais foram impostas por um processo de colonização e cristianização em que os índios passaram a viver na escravidão, sob trabalho for-çado, maus tratos, confinamento e sedentarização com-pulsória em aldeamentos e internatos (FUNASA, 2002).

Não diferente do ocorrido no século XVI, a inten-sificação entre os contatos de indígenas com a sociedade urbana vem propiciando modificações na cultura, subsis-tência, alimentação e atividade física. Estão deixando de ser tradicionalmente caçadores e coletores e seus espaços territoriais reduzidos vêm influenciando na sua mobili-dade, forçando-os a um processo de sedentarização. Além disso, suas áreas limitadas passaram a dispor de uma me-nor diversidade e disponibilidade de alimentos in natura, submetendo-os a uma alimentação escassa e ao consumo

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de alimentos industrializados altamente calóricos e pou-co nutritivos, com impactos significativos na saúde.

Essas modificações podem explicar, em parte, o de-senvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), com destaque para a obesidade, hipertensão arterial e diabete melito tipo 2, pois estão passando a conviver cada vez mais próximos dos hábitos, costumes e estilo de vida da população não indígena urbana (CAR-DOSO et al., 2001; GUGELMIN; SANTOS, 2001; FREITAS; FREITAS, 2004).

Embora o quadro epidemiológico das DCNT, entre os povos indígenas, apresente uma dimensão particular-mente pouco conhecida, o que se sabe é que as doenças infecciosas e parasitárias ainda apresentam “maior peso” na morbimortalidade dos indígenas. Constatando-se a coexistência de elevadas prevalências de desordens nutri-cionais tão distintas como a desnutrição na infância e o excesso de peso no adulto (COIMBRA JÚNIOR; SAN-TOS, 2001; SANTOS; COIMBRA JÚNIOR, 2003; LEITE et al., 2006).

O relatório do 1º Inquérito Nacional de Saúde e Nu-trição dos Povos Indígenas revela um quadro preocupante de ordem nutricional, em que se verifica a ocorrência da desnutrição e obesidade, somadas as precárias condições sanitárias que contribuem para elevadas prevalências de doenças infecciosas e parasitárias (FUNASA, 2009).

No estudo de Reis et al. (2012), o cenário epidemio-lógico das crianças Kyikatêjê estudadas é de ausência de desnutrição, elevadas queixas em relação às doenças in-fecciosas e parasitárias e de infecção das vias aéreas supe-

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riores. Entre os adolescentes, encontraram um quadro de 78,3% com sobrepeso e 54,2% dos adultos com excesso de peso segundo o Índice de Massa Corporal.

A obesidade pode reproduzir sérias repercussões na saúde do indivíduo, uma vez que o excesso de gordu-ra corporal leva ao aumento da morbimortalidade por doenças crônicas não transmissíveis, resultando em con-sequências para a saúde que vão desde um maior risco de morte prematura até doenças graves que reduzem a qualidade de vida do indivíduo (GIGANTE et al., 1997; CARDOSO et al., 2001; OPAS, 2003).

De acordo com a World Health Organization (2002), a obesidade, independente da etnia, constitui um fator de risco, independente dos demais, para a ocorrên-cia de doenças cardiovasculares, respondendo por 40,0% das mortes, encontrando-se entre os dez principais fato-res de risco para as doenças da atualidade.

Entre os povos indígenas, os estudos sobre o exces-so de peso vêm demonstrando um aumento na preva-lência que foi de 40,4% no ano de 2001 e 67,8% no ano de 2002 entre os Parkatêjê, estado do Pará; e entre os Xavante, um grupo em 1994 apresentou prevalência de 48,8% e outro grupo de 78,0% em 1998/1999, am-bos do estado do Mato Grosso (CAPELLI; KOIFMAN, 2001; TAVARES et al., 2002; GUGELMIN; SANTOS, 2001, 2006).

Cardoso et al. (2001), estudando os grupos indíge-nas Guarani-Mbyá que vivem no litoral do Rio de Janei-ro, encontraram uma prevalência de sobrepeso de 21,9%, sendo de 15,6% no gênero masculino e de 29,0% no

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feminino; e a obesidade teve prevalência de 4,8%, onde as mulheres (5,8%) tiveram maiores prevalências em re-lação aos homens (3,9%).

Gimeno et al. (2007) concluem, em seu trabalho, que os indígenas do Alto Xingu apresentaram elevadas prevalências de sobrepeso e obesidade, dislipidemias e al-terações nos níveis pressóricos, indicando um grupo de alto risco para a ocorrência das doenças cardiovasculares, sugerindo um possível efeito nocivo da intensificação dos contatos com a sociedade urbanizada, responsável por mudanças no estilo de vida.

Em função da intensificação do contato entre indí-genas com a sociedade não indígena, frente a uma pres-são social e política que parece favorecer a incorporação destes na sociedade brasileira não indígena, quando lhes faltam condições adequadas de subsistências; na pers-pectiva dos impactos negativos de todo um modo de vi-ver, ser indígena, e com consequências nas condições de saúde; na evolução do sobrepeso e da obesidade nesses povos, quais culminam com o surgimento das doenças crônicas não transmissíveis; o presente trabalho tem por objetivo mensurar e descrever os aspectos de saúde e nu-trição, com ênfase no hábito alimentar, Índice de Massa Corporal, glicemia de jejum e pressão arterial sistêmica em grupos indígenas da Amazônia paraense.

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Sumário

Povos indígenas no brasil . . . . . . . . . . . . . . . 15

Localização e características dos indígenas . . . . . . 21

As expedições indígenas . . . . . . . . . . . . . . . 29

Idade e gênero dos indígenas . . . . . . . . . . . . . 33

Hábito alimentar indígena . . . . . . . . . . . . . . 39

Perfil de saúde e nutrição . . . . . . . . . . . . . . . 45

O Índice de Massa Corporal segundo a etnia . . . . . 49

Estado nutricional segundo a etnia . . . . . . . . . . 51

Glicemia de jejum segundo a etnia . . . . . . . . . . 57

Pressão arterial segundo a etnia . . . . . . . . . . . 63

Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

Anexo – síntese em língua inglesa . . . . . . . . . . 79

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POVOS INDÍGENAS NO BRASIL

Há aproximadamente 11 mil anos povos vindos da América do Norte se instalaram na América do Sul e há cinco séculos (1500), época de chegada dos portugueses, a população indígena era estimada entre 1 a 10 milhões de indivíduos, falantes mais 1.300 línguas (FUNAI, 2007).

O Brasil ainda possui uma imensa diversidade étni-ca e linguística, estando entre as maiores do mundo. São muitas as sociedades indígenas contatadas atualmente, mas cerca de 55 grupos de índios ainda permanecem isolados, sobre os quais ainda não há informações objetivas. Os in-dígenas, pelo menos, falam 180 línguas, pertencentes a mais de 30 famílias linguísticas diferentes (FUNAI, 2007).

Atualmente, como obervado na Tabela 1, a população indígena brasileira está estimada em 600.518 habitantes, sendo 294.145 mulheres e 306.373 homens, presentes em quase todo o país, com exceção para o Piauí, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Estão distribuídos em 445 mu-nicípios, com 4.774 aldeias, 126.364 residências, 148.347 famílias e pertencem a 385 etnias. A região Norte apresen-ta o maior contingente populacional indígena (275.973), maior número de etnias (207), municípios habitados (138) e aldeias (2.401). O Sudeste e o Sul apresentam a menor população (22.043/42.451), menor quantitativo de aldeias (197/187) e etnias (38/12) (FUNASA, 2010).