as estruturas narrativas (tzvetan todorov)
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Coleo DebatesDirigida por J. Guinsburg
Equipe de realizao Traduo: Leila Perrone-Moiss: Produo:Ricardo W. Neves e Raquel Fernandes Abranches.
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AS ESTRUTURASAS ESTRUTURASAS ESTRUTURASAS ESTRUTURAS
NARRATIVASNARRATIVASNARRATIVASNARRATIVAS
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Titulo original em Francs:Pour une Theorie du Recit
Copyright Tzvetan Todorov
Dados internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Todorov, Tzvetan a, 1 939-.s estruturas narrativas / Tzvetan Todorov [traduo
Leyla Perrone-Moiss]. So Paulo: Perspectiva, 2006. (Debates; 14 / dirigida por J. Guinsburg)
Ttulo original: Pour une Theorie du Recit3 reimpr. da 4. cd. de 2003.Bibliografia.ISBN 85-273-0386-8
1. Anlise do discurso narrativo 2. Estruturalismo (Anliseliterria) 3. Narrativa (Retrica) 4. Semitica e literatura5. Teoria literria I. Guinsburg, J. II. Ttulo. III. Srie.
04-3142 CDD-801.95
ndices para catlogo sistemtico:1. Narrativa : Anlise estrutural : Teoria literria 801.952. Narrativa : Crtica estrutural : Teoria literria 801.95
4 edio 3 reimpressoDireitos em lngua portuguesa reservados EDITORA PERSPECTIVA S.A.Av. Brigadeiro Lus Antnio. 302501401-000 So Paulo SP Brasil 53Telefax: (0--11) 3885-8388www.editoraperspectiva.com.br2006
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NDICE
Apresentao .......................................... 9
Prefcio ................................................ 17
I. PRELIMINARES
1. A Herana Metodolgica do Formalismo ....... 27
2. Linguagem e Literatura ........................ 53
3. Potica e Critica .............................. 65
4. Anlise Estrutural da Narrativa .................. 79
[Pgina 7]
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II. ANLISES
1. Tipologia do Romance Policial..................
932. A Narrativa Primordial ........................ 105
3. Os Homens-Narrativas ........................ 119
4. A Gramtica da Narrativa ........................ 135
5. A Narrativa Fantstica ........................ 147
6. A Demanda da Narrativa ........................ 167
7. Os Fantasmas de Henry James .................. 191
[Pgina 8]
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APRESENTAO
A utilizao da anlise estrutural vem-se difundindo cadavez mais nas cincias humanas. Nos estudos literrios, essemtodo tem conhecido alguns percalos. Tendo despontado nostrabalhos dos formalistas russos, por volta de 1920, no conheceuporm a mesma evoluo do estruturalismo lingstico. Enquantoos lingistas continuaram a desenvolver e a precisar o mtodoestrutural promovendo a lingstica a cincia-piloto entre as
demais cincias humanas, os trabalhos pioneiros dos formalistascaram, por certo tempo, em relativo esquecimento. [Pgina 9]
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Somente uns trinta anos mais tarde esses trabalhos tiverameco e continuao no Ocidente. O encontro de dois grandespensadores, Roman Jakobson e Lvi-Strauss teve como resultadoa ecloso do estruturalismo francs. A anlise por ambos
empreendida, em 1962, do poema Les Chats de Baudelaire,deslocou para a Frana o centro das pesquisas estruturais emliteratura. A partir de ento, um grupo cada vez mais numeroso decrticos franceses vem trabalhando nesse sentido. Entre eles,destaca-se o nome de Roland Barthes, cujo livro Critique etVrit marcou o ponto culminante da polmica entre a crticatradicional e a nouvelle critique. O que caracteriza o trabalho dogrupo estruturalista francs a abertura e a receptividade para o
que se tem feito no mesmo sentido em outros pases, aassimilao e reelaborao de idias vindas do Leste (formalismorusso, Crculo Lingstico do Praga) como do Oeste (pesquisassemiticas norte-americanas, new criticism, lingsticatransformacional).
O mtodo estruturalista tem sofrido inmeras contestaes.A primeira objeo que a ele se fez, e a mais comum ainda agora, a que diz respeito ao formalismo. Ora, embora o grupo russo
ficasse conhecido como formalista e suas anlises procedessemdo exterior para o interior da obra em termos saussurianos, dosignificante para o significado seus componentes jamaisadmitiram a separao de forma e contedo. Forma e contedoso inseparveis. Onde est o contedo seno na forma? Serpossvel uma forma verbal sem contedo? A nica separao quese pode fazer operacional. E no se trata ento de uma separaoentre forma e contedo, mas de uma distino metodolgica entre
material e procedimento.Outra acusao freqentemente feita contra o estruturalismo
a de imobilismo. semelhana do que se faz nas outras reas,o estruturalista literrio procura extrair da obra particular asestruturas gerais de um gnero, de um movimento ou de umaliteratura nacional; visa, portanto, ao estabelecimento de modelos.Ora, o conceito de modelo, fundamental para o estruturalismo,tem sido atacado como um conceito a-histrico, imobilista.
Entretanto, devemos precisar que no ao modelo em si que visaa anlise estrutural. O modelo, assim como as distines acima
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citadas, [Pgina 10] uma abstrao com fins aplicativos.Procura-se, por exemplo, estabelecer o prottipo de determinadotipo de narrativa no para alcanar este prottipo ele mesmo, maspara aplic-lo a obras particulares. Cria-se pois um movimento
circular: das obras particulares extrai-se o modelo, que ser emseguida aplicado a obras particulares. Realizando esse circuito,elucidam-se a natureza e as caractersticas do fenmeno literrio.
Aquilo que fica para fora do molde o especfico, ooriginal, o elemento gerador de transformaes ulteriores. Cadagrande obra literria supera o modelo anterior de seu gnero eestabelece outro, luz do qual sero examinadas as obrasseguintes; e assim por diante. O modelo, portanto, nunca
definitivo. Os modelos da cincia tambm tm variado atravsdos tempos, sem que isso tenha impedido seu avano (muito pelocontrrio). O modelo ideal aquele que tenha algumas travesmestras, mas oferea ao mesmo tempo certa flexibilidade, parapoder variar no momento da aplicao e ser capaz de revelar tantoo repetido quanto o novo.
Outra crtica dirigida ao estruturalismo literrio diz respeito sua pretenso de lanar as bases de uma cincia da literatura.
Poder a anlise literria atingir a objetividade e o rigor de umaverdadeira cincia? O que no pode ser negado que a anliseestrutural possibilita uma objetividade e um rigor muito maioresdo que os que se podiam atingir com os mtodos empricos dacrtica tradicional. Partindo da forma e do arranjo dos signos, paraavanar pouco a pouco em direo de sua significao,comeando da descrio dos fenmenos para empreender emseguida sua interpretao (assim como, na lingstica moderna,
avana-se da fontica em direo semntica), os resultados aque chega a anlise estrutural, embora de incio menosespetaculares, oferecem uma segurana e uma preciso raramentealcanadas em crtica literria. Ao atingir o plano da significao,o crtico j ter desvendado uma srie de estruturas formais emque se apoiaro suas interpretaes, evitando que elas se diluamno impressionismo e no subjetivismo.
Estes so alguns dos problemas que tem atrado a ateno de
Tzvetan Todorov. Todorov representa um elo vivo entre oformalismo russo e o estruturalismo [Pgina 11] francs. Nascido
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na Bulgria em 1939, teve uma formao lingstica e literriaaberta para as idias eslavas. Radicando-se na Frana em 1964, aprimeira tarefa que empreendeu foi a traduo dos textosfundamentais dos formalistas russos para o francs: Thorie de lalittrature. Textes des formalistes russes (Seuil, 1965). Sendoesses textos at ento raros ou inacessveis, por permaneceremnuma lngua pouco conhecida no Ocidente, a traduo deTodorov preenchia uma lacuna e abria caminhos novos para osestudos literrios franceses.
Mas Todorov no se contentou com a divulgao das idiasformalistas. O grupo russo se dissolvera em 1930, sem terchegado a elaborar uma teoria coerente e comum. Muitos de seus
estudos permaneceram em estgio embrionrio ou no chegarama desfazer suas contradies. Alm disso, nas ltimas dcadas, alingstica conheceu enorme desenvolvimento e chegou aresultados que os estudos literrios no podem ignorar,principalmente se se levar em conta que os dois tipos de estudotem por objeto os signos verbais. O que pretende Todorov levaradiante certas reflexes formalistas e atualiz-las luz dalingstica contempornea.
O interesse desse trabalho duplo. Por um lado, o estudodos signos literrios pode constituir uma contribuio aos estudoslingsticos, pelas diferenas que pode estabelecer entre odiscurso e a lngua, o discurso particular e o discursocorrente. Por outro lado, essa pesquisa constitui um passoimportante em direo semiologia, a cincia geral dos signos.
A ateno de Todorov, ao contrrio da do mestre Jakobson,volta-se para a narrativa mais do que para a poesia. Todorov
pretende colaborar para o fundamento de uma gramtica danarrativa, gramtica no no sentido normativo, mas no sentido doconhecimento e classificao das estruturas narrativas. Descobriras estruturas que existem subjacentes a toda narrativa, estabelecerum repertrio de intrigas, de funes,