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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA IPO: Erro nas Estimativas de Lucro dos Bancos Coordenadores BERNARDO TEIXEIRA DUBEUX ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO NASCIMENTO Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2011.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA

IPO: Erro nas Estimativas de Lucro dos Bancos Coordenadores

BERNARDO TEIXEIRA DUBEUX

ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO NASCIMENTO

Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2011.

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IPO: ERRO NAS ESTIMATIVAS DE LUCRO DOS BANCOS COORD ENADORES

BERNARDO TEIXEIRA DUBEUX

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: IPO - Finanças Corporativas.

ORIENTADOR: PROF. DR. FERNANDO NASCIMENTO

Rio de Janeiro, 26 de Agosto de 2011.

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IPO: ERRO NAS ESTIMATIVAS DE LUCRO DOS BANCOS COORD ENADORES

BERNARDO TEIXEIRA DUBEUX

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: IPO - Finanças Corporativas

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor Doutor Fernando Nascimento de Oliveira (Orientador) Instituição: IBMEC - RJ _____________________________________________________

Professor Doutor Claudio Barbedo Instituição: IBMEC - RJ _____________________________________________________

Professor Doutor Carlos de Lamare Bastian Pinto Instituição: PUC-RJ

Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2011.

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M 330 D132

Dubeux, Bernardo Teixeira.

IPO: Erro nas Estimativas de Lucro dos Bancos Coordenadores / Bernardo Teixeira Dubeux - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2011, 46 p.

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em

Economia, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Economia Orientador: Prof. Dr. Fernando Nascimento de Oliveira. 1. Economia – Investimentos – Tomada de Decisões. 2. IPO – Erros de

Previsão. I. Dubeux, Bernardo Teixeira. II. Prof. Dr. Oliveira, Fernando Nascimento (orientador) III. IPO: Erro nas Estimativas de Lucro dos Bancos Coordenadores.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, pelo carinho, educação e incentivo aos estudos. Em especial ao meu pai, que me ensinou que a única coisa que o homem jamais perderá na vida é o seu conhecimento. Não menos importante, um agradecimento à Maria, pelo amor e a compreensão de sempre.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor Dr. Fernando Nascimento, pela disposição, dedicação e atenção

dispensada desde o início deste Projeto.

A todos os professores do Departamento de Economia da IBMEC-Rio, pelo aprendizado que

me proporcionaram ao longo do curso.

A todos os colegas de mestrado, pelo agradável convívio, e em especial ao Felipe, um amigo

para o resto da vida.

Aos amigos do trabalho, em especial ao Roni e ao Bruno, pelo apoio e incentivo de sempre.

A toda minha família, em especial, aos meus pais, Arnaldo e Bebel, e aos meus irmãos Victor

e Bruno, por cada um a sua maneira, servirem de exemplo de determinação para mim. Sem

eles, não teria chegado até aqui e com eles divido o mérito por esse trabalho.

À Maria, por toda paciência, amor e carinho a mim dedicados.

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RESUMO Esta dissertação identifica os erros dos bancos coordenadores nas projeções de lucro

para as empresas que realizaram IPO1 no Brasil entre 2004 e 2008. Construímos um banco de

dados com os relatórios de inicio de cobertura de 85 empresas que realizaram IPO neste

período, e comparamos as projeções de lucro para os anos subsequentes ao IPO com os

resultados reportados pelas companhias. Em seguida, elencamos algumas variáveis que

intuitivamente poderiam explicar este erro de previsão dos analistas. Nossos resultados

mostram que, na média, os bancos coordenadores superestimaram os lucros das empresas que

realizaram IPO. O modelo se mostrou robusto com as variáveis explicativas: Alavancagem

(divida líquida/ativo total), ROA2 (lucro liquido/ativo total) e DIFERENÇA.

Palavras-chave: oferta pública inicial (IPO); prospecto; relatório de início de cobertura;

Alavancagem e ROA.

1 IPO - Termo em inglês para Initial Public Offering ou, em português, Oferta Inicial de Ações 2 ROA - Termo em inglês para Return on Asset ou, em português, Retorno sobre Ativos. Trata-se de um indicador de rentabilidade para empresa, medido através da divisão do lucro liquido pelo ativo total.

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ABSTRACT This paper identifies the mistakes of banks underwriter’s projections of profit for

companies that have undertaken IPO in Brazil between 2004 and 2008. We built a database

with initial cover report of 85 IPO firms that performed in this period, and compare the profit

projections for the years subsequent of the IPO with the results reported by companies. Then

we list some variables that could explain these errors intuitively. Our results show that, on

average, underwriters overestimated the profits of companies that come to public. The model

is robust with the explanatory variables: Leverage (net debt / total assets), ROA (net income /

total assets) and DIFFERENCE.

Key Words: initial public offering (IPO); prospectus; initial cover report.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Número de IPOs no Brasil de 2004-2010 ....................................................................7

Figura 2 Empresas Listadas em Dez/2010 ................................................................................8

Figura 3Em 2009 e 2010: Mais da metade do volume global dos IPOs ocorreu em bolsas de

mercados emergentes..................................................................................................................9

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Número de IPOs por Coordenador-líder no Brasil de 2004 a 2008............................9

Tabela 2 Retorno Projetado pelo Coordenador Líder versus Retorno Realizado pelas

Empresas que Realizaram IPO na BOVESPA (2004-2008) ....................................................10

Tabela 3 Retorno Realizado pelas Empresas que Realizaram IPO na BOVESPA entre 2004 e

2008 versus Retorno do Ibovespa ............................................................................................13

Tabela 4 Regressão de Chen, Firth e Krishnan (2001) Adaptada para os IPOs da Bovespa....21

Tabela 5 Análise Descritiva das Variaveis Explicativas para o Erro de Previsão de Lucro dos

Bancos Coordenadores nos IPOs entre 2004 e 2008 ..............................................................24.

Tabela 6 Regreesão Explicativa do Erro de Previsão de Lucro dos IPOs no Brasil (2004 -

2008).........................................................................................................................................26

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS BM&F Bovespa Atual Bolsa de Valores brasileira, originada da fusão entre a Bolsa de

Mercadorias e Futuros (BM&F) e a Bovespa. BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo.

CAPEX Alocação de Capital no Ativo Permanente. CVM Comissão de Valores Mobiliários.

CS Credit-Suisse.

EBITDA Lucro (prejuízo) líquido somado com (i) depreciação e amortização,

(ii) despesas financeiras líquidas, (iii) resultado não-operacional, (iv) amortização de ágio, e (v) imposto de renda e contribuição social sobre

o lucro. É a expressão do Lucro operacional da organização.

Ex-ante Ano anterior à ocorrência de um IPO. Ex-post Ano Posterior à ocorrência de um IPO. GS Goldman Sachs. IPO Oferta Pública Inicial de Ações. ML Merrill Lynch. MS Morgan Stanley.

PIB Produto Interno Bruto. RI Relação com Investidores. ROA Rentabilidade sobre o Ativo Total. ROE Rentabilidade sobe o Patrimônio Líquido.

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GLOSSÁRIO

Alavancagem Resultado da relação entre o Passivo Exigível Total e o Patrimônio Líquido da empresa.

Benchmark Expressão da língua inglesa que indica um padrão ou ponto de referencia para a comparação entre produtos, produtividade, serviços, processos, taxas de juros, etc.

Disclousure Divulgação ao público de uma informação sobre as operações,

resultados e decisões de uma empresa, possibilitando decisões consistentes pelos investidores.

Economatica Empresa administradora de banco de dados empresariais.

Guidance Meta ou objetivo de uma empresa.

Novo Mercado Nível mais elevado de Governança Corporativa da BM&FBovespa. Nível 1 Nível com menor índice de Governança Corporativa da BM&FBovespa Nível 2 Nível intermediário de Governança entre o Nível 1 e o Novo Mercado. Prospecto Prospecto de oferta global de ações. Target Price Preço alvo ou preço objetivo. Subprime Crédito de risco, concedido a um tomador que não oferece garantias suficientes para se beneficiar da taxa de juros mais vantajosa. Underpricing Venda de um título a um preço inferior ao seu preço de mercado. Underperformance Desempenho ruim.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 4

3 ANÁLISE DO CICLO DE IPOS NO BRASIL ............................................................ 7

4 METODOLOGIA E RESULTADOS ........................................................................ 17

5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 28

6 REFERÊNCIAS ………………………………………………………………………….30

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1 INTRODUÇÃO

Entre 2004 e 2007, o Brasil vivenciou uma onda de IPO sem precedentes em sua

história. Em pouco menos de quatro anos, 106 empresas vieram a mercado e deram

transparência aos seus balanços. Desde a operação da Natura, em maio de 2004 até o final de

2010, 127 companhias abriram capital na BOVESPA, em transações envolvendo recursos da

ordem de R$ 123 bilhões.

O início desse ciclo de IPOs foi marcado por ofertas de empresas renomadas com

planos de negócio consistentes. Companhias maduras como Porto Seguro, Localiza, Nossa

Caixa e Cosan emitiram ações, entre 2004 e 2005, liderando uma série de outras ofertas. Em

seguida, no ano de 2007, com o momento mais favorável da economia mundial, o Brasil bateu

recorde de ofertas de ações, com 66 IPOs em apenas um ano. Muitas empresas em fase pré-

operacional (sem resultados), de menor porte, recém-criadas ou sem projetos consistentes de

crescimento, aproveitaram esta “janela de oportunidade” para emitir ações.

O bom momento vivenciado pelo Brasil e pelo mundo, antes da crise do subprime3,

contribuiu para gerar uma demanda disposta a aceitar, na maioria dos casos, projeções

otimistas apresentadas por empresários e bancos de investimento. Presenciamos um período

3 Subprime – Em sentido amplo, subprime (do inglês subprime loan ou subprime mortgage) é um crédito de risco, concedido a um tomador que não oferece garantias suficientes para se beneficiar da taxa de juros mais vantajosa (prime rate). Em sentido mais restrito, o termo é empregado para designar uma forma de crédito hipotecário (mortgage) para o setor imobiliário, surgida nos Estados Unidos e destinada a tomadores de empréstimos que representam maior risco. Esse crédito imobiliário tem como garantia a residência do tomador e muitas vezes era acoplado à emissão de cartões de crédito ou a aluguel de carros.

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chamado de hot issues markets (mercados aquecidos), quando as ofertas iniciais de ações

costumam surgir em ciclos. Este fenômeno é propício para os empresários que buscam vender

suas ações em períodos de excesso de otimismo dos investidores. As consequências deste

fenômeno nem sempre são positivas.

As ações das companhias que abriram capital no Brasil no período analisado (2004 –

2008), na média, não geraram retornos excedentes ao Ibovespa em 12 meses. Sob a ótica dos

retornos, podemos afirmar que o saldo da recente onda de IPOs para os investidores foi

negativo. Os resultados observados, no mesmo período desta análise, também foram

inferiores ao potencial de valorização estimado pelas corretoras dos bancos de investimento,

coordenadores destes IPOs.

O insucesso dos bancos coordenadores dos IPOs nas projeções de target price4 para as

ações iniciantes na Bovespa está relacionado com lucros reportados aquém do esperado. O

objetivo deste trabalho é confrontar as estimativas de lucro para os anos subseqüentes ao IPO,

divulgadas ao mercado nos relatórios de inicio de cobertura dos bancos coordenadores dos

IPOs, com os resultados reportados pelas empresas recém listadas.

Dos 110 IPOs realizados na Bovespa entre 2004 e 2008, tivemos acesso à maioria dos

relatórios de inicio de cobertura divulgados pelos bancos coordenadores destas ofertas.

Retiramos desta amostra empresas que vieram a mercado em fase pré-operacional, e, portanto,

sem resultados nos anos subseqüentes ao IPO. Neste estudo, não consideramos também as

empresas que realizaram IPO em 2009 e 2010, pois precisávamos dos lucros reportados em

t+1 e t+2. Com isto, trabalhamos com uma amostra de 85 empresas.

Foi encontrado para o período analisado um erro médio de 55% nas estimativas de

lucro dos analistas dos bancos coordenadores dos IPOs. Em outras palavras, na média, os

bancos coordenadores superestimaram os lucros das empresas que realizaram IPO neste

período. Identificaram-se também algumas variáveis associadas ao erro de previsão dos

bancos coordenadores. Os resultados encontrados se mantiveram robustos na regressão

proposta.

4 Target price: Palavra em língua inglesa também usada nos meios financeiros em português para significar preço alvo ou preço objetivo. (Fonte: Dicionário de Negócios - Francisco Lacombe - Ed. Saraiva)

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Chen, Firth e Krishnan (2000) desenvolveram um modelo com propósito de identificar

variáveis associadas ao erro de previsão de lucro das empresas iniciantes na Bolsa de Hong

Kong entre 1993 e 1996. É usual na bolsa de Hong Kong, durante o processo de IPO,

encontrarmos a projeção de lucro para o ano corrente no prospecto da oferta. Tal estimativa

de lucro é divulgada pelos administradores da empresa, característica incomum nos

prospectos dos IPOs do Brasil. Contudo, adaptamos o trabalho de Chen, Firth e Krishnan

(2000) para a realidade brasileira, utilizando as projeções encontradas nos relatórios de início

de cobertura divulgados pelos bancos coordenadores dos IPOs.

A reputação do banco coordenador pode ser utilizada por investidores como um sinal

sobre a qualidade das informações disponibilizadas no processo de abertura de capital de uma

empresa. Segundo Fang (2005), a reputação dos bancos de investimento é um ativo valioso.

Shapiro (1983) argumenta que os bancos coordenadores procuram construir reputação para

certificar à qualidade de seus produtos, neste caso a oferta de ações (IPO).

Esta dissertação é dividia em 5 capítulos. O capítulo 2 aborda uma revisão de estudos

anteriores sobre os erros de previsão de lucro em diversos países. O capítulo 3 contém uma

análise qualitativa e quantitativa do último ciclo de IPO vivenciado pelo Brasil. Na seção 4,

apresentamos os procedimentos metodológicos e os resultados de nossas regressões. O

capítulo 5 conclui.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Determinar qual o preço mais acertado de uma ação numa IPO é provavelmente uma

das tarefas mais complicadas que o banco de investimento responsável pela subscrição tem

que resolver. O reflexo de uma precificação equivocada tanto a maior quanto a menor pode

sujeitar a empresa a custos extremamente altos, o que certamente causará impacto no

resultado final da operação (Ross; Westerfield; Jeffe, 2002).

A precificação de uma ação está diretamente relacionada à expectativa de fluxo de

caixa futuro da companhia. Portanto, o preço justo de uma empresa é função do lucro líquido

esperado para os anos seguintes. Mas é prudente confiarmos nas projeções destes lucros? As

estimativas estão sempre sujeitas a erros, principalmente quando falamos de IPO.

Os erros de previsão observados em publicações anteriores ao redor do mundo

reforçam o comportamento de cautela e atenção dos investidores antes de decidirem sobre

seus investimentos em empresas iniciantes no mercado de ações.

Firth e Smith (1992) e Mak (1989) relataram erros superiores a 100% nas projeções

para as empresas que realizaram IPO na Nova Zelândia, o que implica que os lucros

reportados foram o dobro dos lucros previstos nos prospectos ou que os lucros reportados

foram negativos.

Em estudo posterior, Hsu (1999) informou que a precisão das projeções melhorou na

Nova Zelândia com um erro de previsão médio de 76% no período 1987-1994. Nesta análise,

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os erros de previsão revelaram um viés mais de predição, no qual as previsões excedem os

valores reais reportados pelas empresas.

Firth e Smith (1992) verificaram ainda que o tamanho da empresa tem uma relação

positiva com erros de previsão e Mak (1989) e Lee (1993) revelaram elevadas correlações

entre o horizonte temporal da previsão e erros de projeção. Deste modo, prospectos

divulgados no final do ano têm maior precisão na estimativa de lucro para o ano seguinte.

Keasey e McGuinness (1991) descobriram que, em média, as previsões de lucro nos

prospectos ingleses foram mais precisas do que na Nova Zelândia. Os autores concluíram que

o viés encontrado nas previsões de lucro dos IPOs não foi significativamente diferente do viés

de previsão ilustrado nos modelos estatísticos.

Evidências encontradas em estudos canadenses (Pedwell, 1994) mostraram que as

previsões superaram, na média, os lucros das empresas que realizaram IPO em 88%. O autor

observou ainda que as oito maiores empresas de auditoria têm alguma associação com o erro

de previsão dos prospectos.

Estudos na Malásia (Mohamad, 1994 e Jelic, 1998) e Cingapura (Firth, 1995) também

relataram erros relativamente pequenos. Mohamad (1994) descobriu ainda que a alavancagem

é negativamente relacionada, e estatisticamente significativa, com o erro de previsão absoluta.

Em Hong Kong, os erros de previsão são baixos quando comparados com a Nova

Zelândia. Chan (1996) e Jaggi (1997) relataram erros de previsão absoluta de 18% e 12,86%,

respectivamente, e Jaggi encontrou ainda um erro de previsão médio de 3,10%. Níveis

semelhantes de precisão das previsões têm sido revelados para a China (Chen e Firth, 1999).

Chan (1996) descobriu que a volatilidade do lucro e pequenas mudanças no

crescimento econômico reveladas em períodos anteriores ao IPO resultam em pequenos erros

de previsão. Jaggi (1997), por sua vez, levantou que as previsões das empresas mais velhas

foram associadas a erros menores.

O modelo de Chen, Firth e Krishnan (2000), utilizado como base para nosso estudo,

serviu-se de uma amostra de 162 empresas que lançaram suas ações pela primeira vez na

Bolsa de Hong Kong entre os anos de 1993 e 1996. O erro encontrado pelos autores foi de

22%. Isto implica que os lucros reportados foram na média 22% superiores às estimativas

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divulgadas nos prospectos ou 22% inferiores às previsões. Um modelo cross-sectional foi

desenvolvido para explicar a magnitude destes erros, mas o poder explicativo foi baixo.

Tentaremos replicar o modelo de Chen, Firth e Krishnan (2000) com algumas

adaptações para realidade brasileira. Mas antes de prosseguirmos com a metodologia utilizada

em nosso modelo, dedicaremos um espaço para uma análise detalhada do último ciclo de IPO

no Brasil.

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3 ANÁLISE DO ÚLTIMO CICLO DE IPOS NO BRASIL (2004-201 0)

Entre os anos de 2004 e 2010, 127 empresas abriram capital no Brasil, com destaque

para o ano de 2007 quando 64 empresas realizaram IPO na BOVESPA. Certamente, a crise

financeira mundial ocorrida em 2008 interrompeu a trajetória ascendente das ofertas iniciais

de ações observadas no Brasil entre 2004 e 2007.

Figura 1: Número de IPOs no Brasil de 2004-2010

Fonte: Bovespa

Mas será que esta “onda” de IPOs acabou? Não voltaremos a presenciar um novo ciclo

de ofertas? Segundo Pereira(2010), um dos principais personagens do boom dos IPOs no

Brasil nos últimos anos, CO-CEO do Banco de Investimento Credit-Suisse – Brasil, o

movimento dos IPOs no Brasil apenas começou. Existe, portanto, espaço para novas ofertas.5

Pereira(2010) defende a tese de que o Brasil tem abundância em riqueza empresarial e há um

número elevado de empresas crescendo e se desenvolvendo. 5 Pereira(2010): Entrevista para a Revista RI: Relações com Investidores, edição de abril de 2011.

7 9

26

64

4 611

0

10

20

30

40

50

60

70

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Número de IPOs no Brasil (2004:2010)

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Se observarmos o passado, nos últimos anos tivemos um grande número de ofertas de

ações. Em 2005, o mercado ofertou R$ 5,5 bilhões; em 2007 o valor cresceu para R$ 55

bilhões; após a crise em 2009 tivemos R$ 23,8 bilhões e em 2010 foram R$ 11 bilhões.

Mesmo em 2008, quando ocorreu a crise, registramos ofertas no valor de R$ 7,5 bilhões e, no

pós-crise, o mercado se abriu ainda mais com ofertas recordes.

De fato, o número de empresas listadas no Brasil ainda está muito abaixo dos países

desenvolvidos e de alguns emergentes. Conforme ilustrado na fígura 2 (Empresas Listadas em

Dez/2010), a Bovespa é a 27º Bolsa do mundo em número de empresas listadas.

Fígura 2: Empresas Listadas em Dez/10 (27º no mundo)

Fonte: ABRAPP, WFE, BM&F BOVESPA

Esta comparação nos sugere que novos ciclos de IPOs ocorrerão pela frente. A Bolsa

de Valores de São Paulo encerrou o ano de 2010 com 379 companhias listadas, enquanto o

mercado norte-americano possuia cerca de 5.095 empresas listadas, que representam dezenas

de setores de sua economia. A Bolsa de Londres tinha no final de 2010 aproximadamente

3.000 empresas listadas.

Dentre os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil aparece na última posição

em número de empresas listadas, sendo que a Índia lidera com 6.586 empresas, seguida pela

China detentora de 3.476. A Rússia fica em terceiro lugar, com 1.220 empresas, quase o

triplo do número de empresas que o Brasil tem listadas.

Setores importantes da economia brasileira ainda não são representados de forma

fidedigna na nossa bolsa de valores. A distância entre a composição do IBOVESPA (índice da

Bolsa de Valores de São Paulo) e a contribuição setorial do PIB brasileiro é expressiva. Com

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isto, imagina-se que a Bolsa de Valores a longo prazo tenderia a melhor refletir a realidade da

economia do país. Sendo assim, é natura a expectativa de que nos próximos anos aumentará o

número de oferta inicial de ações de empresas dos setores de serviços, industria da

transformação, infraestrutura, etc.

Um recente estudo divulgado pela consultoria McKinsey chama a atenção para o fato

de que em 2009, pela primeira vez, o volume financeiro de IPOs no mundo emergente

superou o volume ofertado em países desenvolvidos. Conforme ilustrado na figura 3, o

fenomeno aconteceu novamente em 2010, indicando uma tendencia.

Fígura:3

Fonte: McKinsey Global

Bevilacqua e Fanchin (2010) analisam de forma interessante a relação entre o Produto

Interno Bruto (PIB) e o número de empresas listadas, nos dois mercados desenvolvidos

citados (EUA e Reino Unido) e nos mercados emergentes da BRICs. Segundo Bevilacqua e

Fanchin (2010, p. 3 ), para cada US$ 1 bilhão de PIB há aproximadamente 1 companhia

listada nos países desenvolvidos. Já nos BRICs, enquanto a Rússia guarda uma relação

próxima com os desenvolvidos e a Índia apresenta uma significativa “desconcentração

empresarial” (apenas US$ 0,3 bilhão de PIB por empresa listada), China e Brasil mostram

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ainda grande “concentração empresarial”. Na China, são US$ 2,5 bilhões de PIB por empresa

listada e, no Brasil, elevados US$ 3,6 bilhões.

Se há razões para acreditarmos em uma convergência entre o Brasil e o resto do

mundo, o número de empresas listadas na bolsa brasileira deveria crescer mais que

proporcionalmente em relação ao PIB do Brasil. As estimativas de mercado indicam um

crescimento médio de 4% do PIB brasileiro nos próximos anos, o que nos indica um aumento

consistente do número de IPOs nos próximos anos.

No período relativo aos anos de 2004 a 2008, 110 empresas abriram capital na

Bovespa. O banco Credit-Suisse aparece na liderança do ranking dos coordenadores dos IPOs

na Brasil, com 33 ofertas neste período. Em seguida, aparece o banco Ubs Pactual com 26

ofertas. Os bancos Itaú e Merrill Lynch foram coordenadores-líderes em seis ofertas cada um.

Tabela 1: Número de IPOs por Coordenador-líder no Brasil de 2004 a 2008

* O UBS comprou o Banco Pactual em 2006, formando o UBS Pactual. Fonte: CVM

Nos relatórios de início de cobertura divulgados por estes bancos semanas após o IPO,

nota-se uma predominância na recomendação de compra das ações. Da nossa amostra de 110

empresas, tivemos acesso a 97 relatórios iniciais e encontramos a recomendação de compra

em 91 destes, correspondendo a 94% da amostra. Em apenas seis destes relatórios,

encontramos a recomendação de manutenção.

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Intuitivamente tais recomendações de compra fazem sentido, uma vez que os bancos

coordenadores são os “vendedores” da operação. Uma explicação razoável para as

recomendações de manutenção se sustenta no fato de que alguns relatórios de início de

cobertura são divulgados em uma data mais distante do IPO. Dependendo do desempenho da

ação no período entre o IPO e a data de publicação do relatório de início de cobertura, o

coordenador pode mudar sua recomendação em função do novo preço das ações.

As recomendações de compra, manutenção ou venda de ações levam em consideração

o potencial de valorização que os bancos coordenadores encontram para estas ações. Em

geral, o target price (preço alvo) indicado nos relatórios de início de cobertura é uma

estimativa para ser atingida em 12 meses da data de divulgação destes. Em alguns casos estas

projeções são para o final do ano corrente.

Na tabela 2, fizemos uma comparação entre as estimativas de valorização e os

resultados alcançados pelas ações na Bovespa. Na média, as recomendações das corretoras

dos bancos coordenadores sugerem uma valorização de 54% para os IPOs, no entanto, as

ações caíram 6% no mesmo período. O erro de previsão dos bancos coordenadores referente à

rentabilidade das ações foi de 60%, ou seja, as ações em média tiveram um retorno 60% pior

do que o estimado.

Tabela 2: Retorno Projetado* pelo Coordenador Líder versus Retorno Realizado

pelas Empresas que Realizaram IPO na BOVESPA (2004-2008)

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* Retorno projetado para 12 meses da data de divulgação do relatório de Inicio de Cobertura.

Fonte: Bancos Coordenadores, BM&F BOVESPA, Bloomberg, CVM e Economatica.

Qual a razão para um erro tão grande? Podemos afirmar que identificamos algum viés

nesta análise? A justificativa para a primeira pergunta se baseia no fato de o grande número

de ofertas no ano de 2007 (64 IPOs) antecedeu a uma das maiores crises da história do

mercado de capitais. Em relação à segunda pergunta a resposta também é negativa, ainda é

cedo para esta conclusão.

Nesta linha, realizamos um exercício de comparação entre os retornos realizados e o

retorno do IBOVESPA, com intuito de verificarmos se as recomendações de compra de ações

foram ao menos “vitoriosas” em relação ao benchmark6.

Conforme ilustrado na tabela 3, o resultado também foi negativo. Na média, o

Ibovespa gerou um retorno 14% maior do rendimento das ações nos 12 meses subsequentes à

divulgação dos relatórios.

6 Benchmark – Expressão da língua inglesa que indica um padrão ou ponto de referencia para a comparação entre produtos, produtividade, serviços, processos, taxas de juros, etc. (Fonte: Dicinonário de Negócios - Francisco Lacombe - Ed. Saraiva)

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Tabela: 3

Retorno Realizado pelas Empresas que Realizaram IPO na BOVESPA entre 2004 e 2008 versus Retorno do Ibovespa*

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Tabela 3 (continuação)

* Período: 12 meses da data de divulgação do relatório de Inicio de Cobertura (meses após o IPO). Fonte: Bancos Coordenadores, BM&F BOVESPA, Bloomberg, CVM e Economatica.

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Com os resultados iniciais obtidos, fica evidente a conclusão de que tomar decisões de

investimento apenas com base em relatórios de início de cobertura não parece ser prudente.

Ainda avançaremos neste tópico mais adiante.

Nota-se nas tabelas 2 e 3 uma coluna especificando a recomendação do banco

coordenador líder. Na maioria dos relatórios de inicio de cobertura do IPOs o coordenador

líder sugere aos seus clientes a Compra das ações. Verifica-se também, em alguns casos, a

recomendação de Manutenção das ações. O banco coordenador divulga o relatório de inicio

de cobertura para o mercado semanas após o IPO, e em alguns casos, esta distancia temporal é

suficiente para uma valorização das ações a ponto de reduzir o potencial de retorno do

investimento. Nestes casos, o banco coordenador líder, na data da publicação do relatório de

início de cobertura, não enxerga mais expressivo potencial de valorização para as ações e

indica a recomendação de Manutenção.

Os dados da tabela 2 também nos mostraram que os investidores de curto prazo em

IPOs, mais conhecidos como “flippers”, têm obtido sucesso. Na média, a variação observada

do preço de fechamento dos IPOs no primeiro dia de negociação, comparado com o preço

inicial de lançamento das ações (preço de abertura), foi de 5%. Este dado pode ser explicado

pelo fenômeno do underpricing7.

Underpricing é a diferença positiva entre o primeiro preço no mercado secundário e o

preço da ação na oferta pública inicial. Ritter e Welch (2002) sustentam que a uma onda de

emissões geralmente sucede uma fase de elevado underpricing, dado que os bancos

coordenadores tendem a encorajar mais companhias a abrir capital quando a precificação do

mercado se mostra maior que a esperada.

As estatísticas abordadas acima sugerem um underpricing do primeiro dia e

underperformance8 de longo prazo (1 ano). Em outras palavras, os dados do passado indicam

que as ações iniciantes no mercado de capitais (IPOs) subiram no primeiro dia de negociação,

mas apresentaram desempenho inferior ao do mercado (benchmark) no longo prazo.

O fenômeno do underpricing foi encontrado em praticamente todos os mercados.

Ritter (1998) coleta evidências de underpricing em 33 países, com retornos do primeiro dia

7 Underpricing – Palavra da língua inglesa, usada em administração financeira para designar a venda de um título a um preço inferior ao seu preço de mercado. (Fonte: Dicionário de Negócios - Francisco Lacombe - Ed. Saraiva) 8 Underperformance – Palavra da língua inglesa, usada em administração financeira para designar um desempenho ruim. (Fonte: Dicionário de Negócios - Francisco Lacombe - Ed. Saraiva)

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variando de 6,5% a 80% na média por país. Nos Estados Unidos, numa amostra de 13,3 mil

companhias que foram a público entre 1960 e 1996, o retorno médio ponderado do primeiro

dia de negociação foi de 15,8%.

Ritter (1998) mostra ainda que o desempenho de um conjunto de IPOs nos EUA no

período de 1970-1993, medida a partir do fechamento do primeiro dia de negociação durante

o período de cinco anos subsequentes ao IPO, foi 5,2% ªª inferior à performance das empresas

escolhidas como grupo de referência.

Fora o erro de estimativas de valorização citado acima, outro tipo de erro encontrado

neste trabalho foi o erro de projeção de resultado (lucro). Intuitivamente faz sentido a

interligação entre estes dois erros.

Em geral, o analista do banco coordenador do IPO é responsável por elaborar

relatórios sobre a companhia meses seguintes à oferta. O primeiro relatório divulgado ao

mercado é conhecido como o relatório de inicio de cobertura. Após o processo da oferta

pública inicial de ações (IPO), o analista do banco coordenador permanece cobrindo as ações

da companhia. O banco de investimento tem interesse em manter um canal estreito de

relacionamento com a emissora, pois ambos poderão ser parceiros em negócios futuros, como

ofertas, M&A9, follow-ons10, etc.

Faz sentido imaginarmos que os analistas de bancos de investimento são mais

otimistas nas projeções para as empresas com as quais seu banco tenha relações. Segundo

DUGAR; NATHAN, 1995, o otimismo exagerado pode estar relacionado ao medo de colocar

em risco estas relações.

Avançaremos neste estudo com intuito de calcularmos o erro de previsão de lucro dos

bancos coordenadores no último ciclo de IPOs vivenciado pelo Brasil e, em seguida,

identificarmos variáveis associadas ao mesmo.

Para este modelo, dado a dificuldade de acesso a algumas informações e ao fato de

algumas companhias se encontrarem em estagio pré-operacional na época do IPO (sem lucro),

a amostra foi reduzida a 85 empresas.

9 M&A: Termo em inglês utilizado para abreviação de fusões e aquisições. 10 Follow-on: Oferta de ações subseqüentes à abertura de capital.

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4 METODOLOGIA E RESULTADOS

Os erros de previsão dos bancos coordenadores para cada companhia (i) nos anos

seguintes ao IPO (t+1) e (t+2) foram calculados da seguinte maneira:

)1(

)1()1()1(

)(

+

+++

−=

Ti

TiTiTi

LE

LELREP

(1)

e

)2(

)2()2()2(

)(

+

+++

−=

Ti

TiTiTi

LE

LELREP

(2)

Sendo:

2

)2()1( ++ += TiTi

it

EPEPEAP (3)

Temos )1( +TiEP , como Erro de Previsão para o resultado operacional (lucro) de uma

determinada empresa (i) no ano posterior ao IPO (t+1). Temos )1( +TiLR , como o lucro reportado

pela empresa (i) no ano posterior ao IPO (t+1). e )1( +TiLE , o lucro estimado pelos bancos

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coordenadores, divulgado semanas após o IPO no relatório de início de cobertura, para

empresa (i) no ano posterior ao IPO (t+1).

E )2( +TiEP , como Erro de Previsão para o resultado operacional (lucro) de uma

determinada empresa (i) no ano segundo ano posterior ao IPO (t+2). Temos )2( +TiLR , como o

lucro reportado pela empresa (i) no segundo ano posterior ao IPO (t+2). e )2( +TiLE , o lucro

estimado pelos bancos coordenadores, divulgado semanas após o IPO no relatório de início de

cobertura, para empresa (i) no ano posterior ao IPO (t+2).

Em razão do exposto, teremos EAPit como o Erro Absoluto de Previsão ou a média de

erro de )1( +TiEP e )2( +TiEP .

Os Lucros Estimados ( )1( +TiLE e )2( +TiLE ) são obtidos através da média das estimativas

do relatórios de início de cobertura divulgados por pelo menos dois bancos coordenadores das

ofertas iniciais de ações.

A Média do Erro Absoluto de Previsão11 (MEAP),

∑=n

i

it

n

EAPMEAP

, (4)

mede o viés das previsões. Um valor negativo para MEAP implica que, em média, os

bancos coordenadores dos IPOs têm um viés negativo (previsões de lucro abaixo dos

resultados reportados pelas empresas), enquanto, paralelamente, um valor positivo para

MEAP representa uma visão otimista (previsões de lucro acima dos resultados reportado pelas

empresas).

A média dos erros de previsão absoluta, denotada como MEAP, representa a acurácia

de previsões de lucros IPO. MEAP apresentou variações bastante significativas entre as

empresas. Uma das razões para estas diferenças será a dificuldade inerente à

previsão de lucros de uma empresa específica, esta dificuldade inerente não é, contudo,

diretamente mensurável.

11 MEAP – Média Absoluta de Previsão.

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Uma boa explicação para a dificuldade de previsão inerente é a mudança de patamar

nos lucros anuais do período pré-IPO para o período pós-IPO. Quanto maior a mudança no

lucro, entre estes períodos (T-1 e T 0), mais difícil será a precisão na previsão do lucro, ou seja,

maior o erro.

Replicamos o modelo abaixo de Chen, Firth e Krishnan (2001) para uma amostra de

85 empresas brasileiras que abriram capital entre 2004 e 2008.

Modelo de Chen, Firth e Krishnan (2001):

AFEi = βo + β1SIZEi + β2HORIZONi + β3PROFVARi + β4AGEi + β5LEV i + β6AUDIT i+ β7UNWi + β8OWNi + β9REDi + β10IND i + β11ROAi + ε ; ( i , 1:162 )

(5) Nesse modelo, AFE (Erro Absoluto de Previsão) é uma variável dependente, e o lado

direito da equação é composto por variáveis explicativas; SIZE = log do ativo total da

companhia no ano do IPO (pós-abertura de capital); HORIZON = número de meses entre a

data de divulgação do prospecto e o encerramento do ano fiscal; PROFVAR = desvio padrão

do crescimento do lucro nos três anos anteriores ao IPO; AGE = idade da companhia na data

do IPO; LEV = indicador de alavancagem medido por Dívida Total / Total de Ativos; AUDIT

= variável binária igual ao número (1) se a empresa de auditoria for renomada (Big Six Firms)

e o número (0) se não for uma empresa renomada; UNW = variável binária igual ao número

(1) se o banco coordenador da oferta for Bear Stearns, Credit Lyonnais, Goldman Sachs,

Merrill Lynch, Warburg, Schroders, Smith Barney, Nomura, Peregrine, Sun Hung Kai,

HSBC, Jardine Fleming, and Crosby; e número (0) se o banco coordenador não estiver entre

esta amostra; OWN = proporção de ações vendidas na oferta (secundária); RED = variável

binária igual ao número (1) se o IPO é de uma empresa com elevado valor de mercado (Red

Chip ou H-share), ou a variável RED é igual a 0; IND = variável binária igual ao número (1),

se a empresa estiver inserida nos seguintes setores: utilities, industrial, transporte, banco e

financeiro, ou seja, setores não ciclicos e portanto, de maior previsibilidade de resultados. E

leva o número (0) para outro setor; ROA = retorno dos ativos medido pela divisão entre o

lucro líquido e o total dos ativos.

Dado dificuldade de acesso a algumas informações necessárias e as caracteristicas

distintas entre os mercados brasileiro e de Hong Kong, alguns ajustes foram realizados em

nosso modelo em relação à regressão apresentada por Chen, Firth e Krishnan (2001). Na

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primeira tentativa, elaboramos um modelo mais semelhante, utilizando o método dos

mínimos quadrados (MQO), mas este não se mostrou estatisticamente significante, conforme

descreveremos a seguir:

FEi = βo + β1LOG(SIZE)i + β2AGEi + β3HORIZONi + β4LEV i + β5PROFVARi + β6 RECi + β7ROAi + β8UNDi + β9VM i + β10 SECTORi + ε ; ( i , 1:85 )

(6)

Nesta Equação (6), temos a variável dependente FE como o Erro Absoluto de

Previsão. As variáveis explicativas desta equação são: LOG(SIZE) ou LOG do ativo total da

empresa no ano do seu IPO, medido em reais; AGE como a idade da empresa no ano

estimado; HORIZON como o espaço temporal entre a data de publicação do relatório de

início de cobertura e o último mês do ano posterior ao IPO, medido em meses; LEV como o

indicador de alavancagem medido pela dívida líquida dividida pelo ativo total; PROFVAR

como o desvio padrão do crescimento do lucro no três anos anteriores ao IPO e ROA como o

indicador de rentabilidade medido pela divisão do lucro líquido pelo ativo total.

Nosso modelo também inclui as seguintes variaveis binárias: REC como a variável

binária igual ao número (0), se a recomendação da corretora do banco coordenador do IPO for

de compra e o número (1), se a recomendação for de manutenção ou venda das ações; UND

como a variável binária igual ao número (1), se o banco coordenador-líder do IPO for Credit-

Suisse, Itaú, Pactual, Ubs ou UBS Pactual e o número (0), se o banco coordenador for algum

outro (Deutsche, Santander, Unibanco, Bradesco, Real, HSBC, Fator, Elite, JP Morgan,

Morgan Stanley, Merrill Lynch e Citibank);VM como a variável binária igual ao número (1),

se o valor de mercado da empresa no ano do IPO for superior a R$ 5 bilhões e o número (0),

se o valor de mercado for inferior a R$ 5 bilhões e por fim, SECTOR como a variável binária

igual ao número (1), se o setor de atuação da empresa for de maior previsibilidade de

resultados, tais como: utilities, telecom, saúde, educação, logística, infraestrutura, transporte,

industrial e financeiro. Esta variável é igual ao número (0), se o setor de atuação da empresa

tiver menor previsibilidade de resultados, tais como: commodities, tecnologia da informação,

construção civil, shopping, consumo e alimentos.

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De forma geral, os resultados encontrados em nossa regressão foram em linha com a

nossa intuição, apesar do modelo não ter se mostrado robusto.

A equação 6 tem como variável dependente FE ou erro de previsão de lucro e as seguintes variáveis independentes: SIZE, ativo total após o IPO (medidos em

R$), AGE, o número de anos a partir da data de incorporação da empresa à data do IPO, HORIZON, duração do período da previsão. Este é o número de meses

entre a data de divulgação do relatório de inicio de cobertura e o ultimo mes do próximo ano fiscal. LEV, divida total / total de ativos, PROFVAR, o desvio

padrão do crescimento dos lucros durante os três anos imediatamente anteriores aa data do IPO. REC como a variável binária igual ao número (0), se a

recomendação da corretora do banco coordenador do IPO for de compra e o número (1), se a recomendação for de manutenção ou venda das ações. ROA, retorno

sobre ativos dado pelo lucro líquido dividido pelo total de ativos, UNW, uma variável binária tomando o valor 0 se o banco coordenador do IPOfor Credit-

Suisse, Itaú, Pactual, Ubs ou UBS Pactual e o valor (1) se for outro banco. VM como a variável binária igual ao número (1), se o valor de mercado da empresa no

ano do IPO for superior a R$ 5 bilhões e o número (0), se o valor de mercado for inferior a R$ 5 bilhões. SECTOR como a variável binária igual ao número (1),

se o setor de atuação da empresa for de maior previsibilidade de resultados, tais como: utilities, telecom, saúde, educação, logística, infraestrutura, transporte,

industrial e financeiro. Esta variável é igual ao número (0), se o setor de atuação da empresa tiver menor previsibilidade de resultados, tais como: commodities,

tecnologia da informação, construção civil, shopping, consumo e alimentos.

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A ilustração da regressão múltipla acima (equação 6) permite analisarmos como os

fatores observados afetam a variável dependente FEi. Temos βo, como o intercepto da equação.

β1 é o parametro associado a LOG(SIZE)i, β2, é o parametro associado a AGEi, e assim por

diante.

ε é o termo erro ou pertubação. Ela contém outros fatores, além das variaveis

explicativas ( LOG(SIZE), AGE, PROFVAR ...), que afetama variável dependente FEi.

O LOG do total de ativos da empresa se mostrou negativamente correlacionado com o

FE (erro de previsão de lucro), ou seja, quanto maior o ativo da empresa, menor o erro de

previsão e vice-versa. Na equação 6, o efeito marginal ou impacto marginal de uma unidade

adiiconal na variável explicativa LOG(SIZE) é de - 0,12% no erro de previsão de lucro (FE).

O racional deste resultado é que empresas maiores ou mais sólidas apresentam menores

surpresas em seus resultados, enquanto empresas menores podem reportar resultados

inesperados em função de seu tamanho.

A idade da companhia também é negativamente correlacionada com o FE (erro de

previsão), ou seja, companhias mais antigas, com histórico de atuação mais conhecido pelo

mercado, apresentam menos surpresas em seus resultados. A tabela 4 indica que, para cada

um ano a mais de vida da empresa, o erro de previsão de lucro (FE) dos bancos coordenadores

dos IPOs se reduz em 0,003 pontos percentuais.

HORIZON apresentou um coeficiente de correlação negativo com o FE, indicando

que, quanto maior a distância temporal entre a publicação do relatório de início de cobertura e

a apuração do lucro da empresa (dezembro do ano posterior ao IPO), menor o erro observado.

A tabela 4 apresenta que, para cada mês a mais de distância entre a divulgação do relatório de

início de cobertura e a apuração do lucro do ano seguinte ao IPO, o erro de previsão se reduz

em 0,002 pontos percentuais. Este resultado foi contraintuitivo, pois entendemos que quanto

mais próximo do periodo de apuração do resultado for digulgado o relatorio de inicio de

cobertura maior a assertividade da previsão.

LEV apresentou um coeficiente de correlação positivo com FE, indicando-nos que,

quanto maior a alavancagem (dívida/ativo) da empresa, maior o erro de estimação do lucro.

Esta conclusão é intuitiva, pois um nível de endividamento maior sugere mais despesas

financeiras aumentando imprecisão das projeções dos analistas. A tabela 4 ilustra que, para

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cada 1% a mais no índice de alavancagem da empresa (LEV), o erro de previsão (FE)

aumenta em 0,55 pontos percentuais.

PROFVAR também apresentou um coeficiente de correlação positivo com FE,

confirmando nossas previsões. A maior volatilidade do crescimento do lucro nos três anos

anteriores ao IPO indica uma correlação positiva com o erro das estimativas dos analistas. A

tabela 4 indica que, para cada 1% a mais na volatilidade do crescimento do lucro líquido da

empresa no período (três anos) anterior ao IPO, o erro de previsão (FE) aumenta em 0,019

pontos percentuais.

A variável ROA se mostrou negativamente correlacionada com FE. Um ROA elevado

indica um lucro elevado para uma determinada base de ativos. Como previmos que os

relatórios de início de cobertura estimam lucros robustos (superestimam), faz sentido

pensarmos que, quanto maior o ROA, menor o erro de projeção do lucro, e vice-versa. A

tabela 4 apresenta que, para cada 1% a mais no indicador de rentabilidade da empresa (ROA),

o erro de previsão é reduzido em 3,92 pontos percentuais.

A equação 6 (tabela 4) também nos apresenta do lado das variáveis explicativas

algumas variáveis binárias, são elas: REC, UND, VM e SECTOR.

REC: Cada recomendação de manutenção (variável binária = 1) de ações possui impacto

positivo no erro de previsão de 0,41 pontos percentuais. Este resultado foi contra a nossa

intuição inicial de que recomendações de manutenção ou venda das ações sugerem

estimativas mais conservadoras, minimizando o erro. Uma justificativa para tal resultado é

que o percentual de recomendação de manutenção ou venda das ações foi muito pequeno.

UND: Cada IPO que teve como coordenador-líder os bancos: UBS Pactual, UBS, Pactual ou

Credit-Suisse (variável binária = 1) gerou um impacto positivo no erro de previsão de 0,25

pontos percentuais.

VM: Cada IPO de empresa com valor de mercado acima de R$ 5 bilhões (variável binária =

1) gerou um impacto positivo no erro de previsão de 0,03 pontos percentuais. Este resultado

também foi contra a nossa intuição inicial de que os analistas erram menos ao estimares lucro

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de empresas maiores. Imaginavamos que o sinal do coeficiente de correlação verfificado na

variável SIZE (ativo total) fosse o mesmo de VM (valor de mercado).

SECTOR: Cada IPO de empresas inseridas em setores de maior previsibilidade de resultados

(variável binária = 1) gerou um impacto negativo no erro de 0,13 pontos percentuais. Tal

resultado foi ao encontro da nossa intuição inicial, dada a maior previsibilidade nos resultados

de empresas inseridas em setores não ciclicos.

Em geral, os sinais dos parametros associados apresentaram resultados semelhantes ao

que pensávamos antes de trabalharmos no modelo correspondente a Equação 6. Contudo,

grande parte das variaveis explicativas não se mostram significativas estatisticamente quando

relacionadas com o erro de previsão de lucro (FE).

Na Equação 6, não foi possível rejeitar a hipótese nula H0 a um nível de significancia

de 5% para a maioria das variáveis explicativas, ou seja, o p-valor das variáveis explicativas

se mostrou maior do que 0.05. P-valores grandes fornecem pouca evidência contra H0. As

variáveis independestes não são estatisticamente significativas ao nivél de 5%. Apenas a

variável independente ROA se mostrou estatisticamente significante (p-valor = 0.0017),

rejeitando H0.

Avançamos neste estudo com uma análise mais detalhada das variáveis independentes

e com uma novo modelo proposto.

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Tabela 5:

Análise Descritiva das Variaveis Explicativas para o Erro de Previsão de Lucro

dos Bancos Coordenadores nos IPOs entre 2004 e 2008.*

* Esta tabela (5) mostra as estatísticas descritivas das variáveis explicativas utilizadas nas regressões de corte transversal. As

variáveis são as segunites: SIZE, ativo total após o IPO (medidos em R$), AGE, o número de anos a partir da data de incorporação da

empresa à data do IPO, HORIZON duração do período da previsão. Este é o número de meses entre a data do prospecto e o ultimo mes

dopróximo ano fiscal. LEV, divisão entre a divida total e o total de ativos, PROFVAR, o desvio padrão do crescimento dos lucros durante os

três anos imediatamente anteriores aa data do IPO. REC como a variável binária igual ao número (0), se a recomendação da corretora do

banco coordenador do IPO for de compra e o número (1), se a recomendação for de manutenção ou venda das ações. ROA, retorno sobre

ativos dado pelo lucro líquido dividido pelo total de ativos, UNW, uma variável binária tomando o valor 0 se o banco coordenador do

IPOfor Credit-Suisse, Itaú, Pactual, Ubs ou UBS Pactual e o valor (1) se for outro banco. VM como a variável binária igual ao número (1), se

o valor de mercado da empresa no ano do IPO for superior a R$ 5 bilhões e o número (0), se o valor de mercado for inferior a R$ 5 bilhões.

SECTOR como a variável binária igual ao número (1), se o setor de atuação da empresa for de maior previsibilidade de resultados, tais

como: utilities, telecom, saúde, educação, logística, infraestrutura, transporte, industrial e financeiro. Esta variável é igual ao número (0), se o

setor de atuação da empresa tiver menor previsibilidade de resultados, tais como: commodities, tecnologia da informação, construção civil,

shopping, consumo e alimentos.

A tabela 5 ilustra com mais detalhes a nossa amostra. Universo de 85 empresas que

realizaram IPO na Bovespa entre os anos de 2004 e 2008, quando o ativo total destas

companhias no ano do IPO tinha uma média de R$ 2,4 bilhões. A média de idade das

empresas desta amostra no ano da abertura de capital era de aproximadamente 33 anos. Na

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média, os relatórios de início de cobertura foram publicados pelos bancos coordenadores com

15 meses antes de apurarmos o lucro de T+1 e medirmos o erro de previsão. Em geral, as

empresas não apresentaram elevado patamar de alavancagem (dívida líquida sobre ativo total)

no ano do IPO. Não nos surpreendemos com este dado, uma vez que a medição deste foi

realizada depois da captação de recursos do IPO. A média de rentabilidade (ROA) de nossa

amostra no ano do IPO foi de 3%, índice baixo considerando que a maior parte das ofertas

ocorreu em 2007, ano em que a economia brasileira e mundial apresentava robustez. As

variáveis binárias indicam que a maioria da empresas realizou IPO com valor de mercado

inferior a R$ 5 bilhões (VM= 0), a maior parte dos relatórios de início de cobertura,

divulgados pelos bancos coordenadores, teve recomendação de compra de ações (REC = 0).

A maior parte das empresas que realizou IPO entre os anos de 2004 e 2008 pertence a setores

de menor previsibilidade de resultado (SECTOR = 0). E, por fim, os bancos Pactual, Ubs, Ubs

Pactual e Credit-Suisse foram coordenadores-líder da maioria dos IPOs realizados no período.

Fizemos outras estimações com o propósito de encontrarmos uma regressão com

melhor significancia estatistica e que explique o Erro de Previsão de Lucro – retirado dos

relatórios de início de cobertura divulgados pelos bancos coordenadores.

O preço justo de uma ação está diretamente relacionado com o fluxo de caixa livre que

a empresa reportará nos próximos anos. Evidencias anedóticas sugerem que se as estimativas

de lucro dos analistas de mercado forem confirmadas, em um mercado eficiente, o preço

corrente das ações tendem a convergir para o preço alvo dos analistas (target price).

Dito isto, incluímos neste novo modelo, uma variável independente (DIFERENÇA)

que mede a diferença de retorno entre o resultado da ação em 12 meses – da data de

divulgação do relatório de inicio de cobertura do banco coordenador (meses após o IPO) – e o

target price dos bancos coordenadores. Esta variável esta presente na tabela 2 (Retorno

Projetado pelo Coordenador Líder versus Retorno Realizado pelas Empresas que Realizaram

IPO na BOVESPA) deste estudo.

Tomamos como exemplo a empresa Brasilagro que realizou IPO na BOVESPA em

2006 para melhor explicarmos o conceito da variável DIFERENÇA. Semanas após ao IPO da

Brasilagro, o banco coordenador líder da oferta (Credit-Suisse) divulgou para o mercado um

relatório de início de cobertura sobre a empresa. Neste relatório, o analista da corretora do

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Credit-Suisse projetava que em 12 meses as ações da Brasilagro atingiriam uma valorização

de 31%. No mesmo periodo, as ações da Brasilagro tiveram rentabilidade negativa de 17%.

Nesta caso, a varíavel DIFERENÇA foi de -48%.

A primeira vista a variável DIFERENÇA pode ser considerada uma consequencia do

erro de previsão de lucro ao invés de uma variável explicativa. Neste caso, nossa amostra de

erro de previsão trabalha com expectativa de lucro de 1 e 2 anos depois do IPO e a variavel

DIFERENÇA é pode ser observada em 12 meses da oferta, sendo assim uma variavel

antecedente ao erro absoluto de previsão.

Ajustes feitos, encontramos uma nova regressão, conforme ilustrado abaixo:

Equação 7

FEi = βo + β1ROA i + β2LEV i + β3 DIFERENÇA i + ε ; (i , 1:85)

(7)

A equação 7 tem como variável dependente FEi, ou o erro de previsão de lucro, e as seguintes variáveis independentes: ROAi, retorno sobre ativos, dado pelo

lucro líquido dividido pelo total de ativos, LEVi, divisão entre a divida total e o total de ativos da empresa no ano do IPO e DIFERENÇAi, que mede a diferença

de retorno entre a performance da ação em 12 meses – da data de divulgação do relatório de inicio de cobertura do banco coordenador (meses após o IPO) – e o

target price projetado pelos bancos coordenadores.

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A regressão pelo metodo dos mínimos quadrados ordinários (MQO) ilustrada na

Equação 7 é estatisticamente significativa, rejeitando H0 (hipótese nula) no intervalo de

confiança de 5% para todas as variáveis explicativas. O p-valor das variáveis explicativas

ROA, LEV e DIFERENÇA foram respectivamente 0.036, 0.037 e 0.012.

Na Equação 7, temos que, para cada 1% de diferença entre desempenho da ação e

target price (ação performando melhor do que o esperado), o Erro de Previsão se reduz em

0,32 pontos percentuais. Tal indicação faz sentido intuitivamente.

As outras variáveis explicativas deste modelo são: ROA e LEV, ambas explicadas

anteriormente quando ilustramos a Equação 6.

Temos ROA ou Lucro Líquido dividido pelo Ativo Total no ano do IPO – indicador

de rentabilidade – como uma variável negativamente correlacionada ao Erro de Previsão (FE).

Em outra palavras, quanto mais rentável for a empresa, menor o Erro de Previsão (FE). Este

resultado nos indica um viés otimista nas projeções dos analistas dos bancos coordenadores

dos IPOs no Brasil entre os anos de 2004 a 2008. Em nosso modelo, para cada 1% a mais de

ROA (rentabilidade), temos -2,29 pontos percentuais no Erro de Previsão (FE).

A outra variável explicativa é LEV ou Dívida Líquida dividida pelo Ativo Total no

ano do IPO – indicador de alavancagem. A variável LEV é positivamente correlacionada ao

Erro de Previsão do Lucro (FE), ou seja, quanto maior a dívida líquida da empresa, mais

difícil fica a precisão das estimativas de mercado para o seu lucro futuro. Intuitivamente esta

afirmação faz sentido, uma vez que as alterações no custo do endividamento das empresas

impactam diretamente o lucro líquido. A Equação 7 nos indica que, para cada 1% a mais de

alavancagem (LEV) nas empresas que abriram capital na BOVESPA entre os anos de 2004 a

2008, ocorre um aumento de 0,60 pontos percentuais no Erro de Previsão do lucro (FE).

A despeito de um R2 relativamente baixo (21%), nosso modelo teve significância

estatística e coerência com nossa intuição.

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Este estudo indica viés nas premissas dos bancos coordenadores dos IPOs na última

década. Nosso modelo sugere que o Erro de Previsão (FE) de lucro, divulgado semanas após a

abertura de capital, é maior em empresas alavancadas e com baixa rentabilidade (ROA).

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5 CONCLUSÃO

Medimos o desempenho das ações lançadas na BOVESPA versus a expectativa de

rentabilidade dos bancos coordenadores dos IPOs. Identificamos que, na média, o

desempenho das ações ficou aquém do projetado pelos analistas. Este resultado deve-se, em

certa medida, ao elevado numero de IPOs realizados em 2007, ano antecedente à grave crise

financeira que o mundo enfrentou em 2008. Com isto, realizamos outro exercício, no qual

confrontamos o desempenho dos IPOs versus o desempenho do IBOVESPA, lembrando que

o IBOVESPA se desvalorizou em 41% no ano de 2008. Mesmo assim, o desempenho médio

das ações iniciantes na Bovespa, na janela de 12 meses da data de publicação do relatório de

início de cobertura, ficou abaixo do índice.

Prosseguimos e identificamos um erro médio nas projeções dos bancos coordenadores

dos IPOs sobre os lucros reportados pelas empresas nos anos subseqüentes à oferta de ações.

Em média, os analistas superestimaram os lucros das empresas em 55%. O erro de previsão

encontrado sugere que os bancos coordenadores dos IPOs tenham viés nas suas estimativas.

Nossos resultados indicam que o patamar de alavancagem de uma empresa e o seu nível

de rentabilidade no ano do IPO são variáveis estatisticamente significativas na regressão que

possui o erro de previsão como variável dependente.. E ainda que, a diferença entre o

desempenho projetado para ação pelo banco coordenador da oferta e o desempenho realizado

também está relacionada ao erro de estimativa do lucro dos bancos coordenadores.

Nossos resultados apontam que investir em ações de empresas iniciantes na BOVESPA

apenas com base nos relatórios de início de cobertura das corretoras dos bancos

coordenadores dos IPOs pode ser uma decisão equivocada. É fundamental uma leitura

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detalhada do prospecto da oferta pública de ações e também que o investidor leve em

consideração algumas variáveis importantes, tais como: idade da empresa, histórico de

atuação, volatilidade do seu lucro, destinação dos recursos levantados no IPO, competência

dos executivos, nível de governança corporativa, alavancagem, etc. Certamente, uma análise

mais detalhada destes indicadores antes da decisão de investimento resultará em retornos mais

compatíveis com as expectativas, reduzindo as frustrações observadas no último ciclo de IPO.

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