intervenção terapeutica

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INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA POR MEIO DE RECURSOS MANUAIS COMO MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA EM OPERADORES DE CAIXA ANDRESSA EMI TANAKA DROZEK CURITIBA 2011 INSTITUTO BRASILEIRO DE THERAPIAS E ENSINO - IBRATE

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intervenção terapeutica

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  • INTERVENO TERAPUTICA POR MEIO DE RECURSOS MANUAIS COMO

    MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA EM OPERADORES DE CAIXA

    ANDRESSA EMI TANAKA DROZEK

    CURITIBA

    2011

    INSTITUTO BRASILEIRO DE THERAPIAS E ENSINO - IBRATE

  • INSTITUTO BRASILEIRO DE THERAPIAS E ENSINO IBRATE

    INTERVENO TERAPUTICA POR MEIO DE RECURSOS MANUAIS COMO

    MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA EM OPERADORES DE CAIXA

    Trabalho Final apresentado como requisito parcial Concluso do Curso de Ps-graduao Lato Sensu em Fisioterapia Dermato Funcional, sob a orientao da(o) Professora(o) ngela de Moura Brandini

    CURITIBA

    2011

  • INTERVENO TERAPUTICA POR MEIO DE RECURSOS

    MANUAIS COMO MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA EM

    OPERADORES DE CAIXA

    ANDRESSA EMI TANAKA DROZEK, ANGELA DE MOURA BRANDINI

    Resumo

    Dentre os recursos manuais teraputicos, encontra-se a tcnica da

    massagem e, o presente estudo prope a utilizao da mesma na melhora da

    qualidade de vida em operadores de caixa. Esta funo requer ateno constante e

    passa por muito estresse, pois h o contato com o pblico em tempo integral, e a

    existncia de movimentos repetitivos durante toda sua jornada. Estudos comprovam

    que a tcnica da massagem apresenta como benefcios: o relaxamento, a melhora

    da circulao sangunea e o alvio da tenso, influncia na melhora da fadiga e

    algias, entre outros. Este projeto ser utilizado como ferramenta para demonstrar o

    quo importante esta tcnica pode ser utilizada como manuteno da sade fisica e

    mental dos funcionrios que trabalham como operadores de caixa, e

    consequentemente poder ocorrer interferncia na melhora do desempenho no

    trabalho.

    Palavras-chave: Recursos manuais, qualidade de vida, estresse, dor, operadores

    de caixa.

    _____________________

    1 Fisioterapeuta, Aluna do Curso de Ps-graduao em Fisioterapia Dermato-Funcional do Instituto Brasileiro de

    Therapias e Ensino - IBRATE.

    Fisioterapeuta, Docente do Curso de Ps-graduao em Neurologia Fisioterapia Dermato-Funcional do Instituto Brasileiro de Therapias e Ensino - IBRATE., Orientadora do Trabalho.

  • INTRODUO

    O termo qualidade de vida no trabalho surgiu em meados de 1950, na

    Inglaterra, em estudos de Eric Trist e colaboradores, baseados no indivduo, trabalho

    e organizao, a partir disso, surgiu a abordagem sociotcnica da organizao do

    trabalho, tendo como base a satisfao do trabalhador no e com o trabalho

    (GOULART e SAMPAIO, 1999 apud in BOTTEGA et al, 2007)4. Qualidade de vida

    no se resume apenas a ter um timo emprego onde h um timo salrio, mas sim,

    transformar seu trabalho para que se torne o melhor possvel; de acordo com Nahas,

    20039, a combinao de mltiplos fatores que resulta numa rede de fenmenos e

    situaes, e assim, esta pode ser denominada qualidade de vida.

    O presidente da Associao Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), Ogata,

    201020, afirma que, tanto as organizaes pblicas quanto privadas vm entendendo

    que investir em qualidade de vida mais vantajoso porque envolve a vida pessoal,

    familiar, profissional, espiritual, fsico, entre outros, garantindo assim sucesso e

    felicidade.

    Trata-se de uma longa jornada, pautada na conscincia de se ter e fazer um

    constante esforo para manter-se saudvel e atingir o mais alto potencial de bem-

    estar.

    Na viso de Barros, Henriques e Mendona, 2001 apud in Coutinho e

    Franken, 2009, o nvel da qualidade de vida das pessoas hoje, tem cado em

    funo da automao dos processos com utilizao de mquinas cada vez mais

    complexas e eficientes, a especializao exagerada do trabalho, o grande aumento

    da produtividade, a elevada competitividade, o desemprego, o subemprego, a vida

    agitada, o transito, as moradias, servios pblicos ineficientes, como sade,

    educao e segurana.

    Atravs disto, a massagem relaxante pode tornar-se uma ferramenta

    fundamental, proporcionando aos trabalhadores uma forma diferente de encarar a

    vida e afastar a fadiga e algias desencadeadas por situaes de seu dia a dia.

    A ocorrncia de dor crescente, talvez em decorrncia dos novos hbitos de

    vida em geral e dos doentes com afeces clnicas naturalmente fatais, do

    decrscimo da tolerncia ao sofrimento do homem moderno e da aplicao dos

    novos conceitos que traduzem seu significado. Ressaltando ainda que a dor,

    frequentemente causada por afeces do aparelho locomotor, est presente em

  • mais de 70% dos doentes que buscam os consultrios brasileiros por razes

    diversas. a razo das consultas mdicas em um tero dos doentes.

    (TEIXEIRA,2003)25.

    Afirma-se que cada categoria funcional possui uma caracterstica especifica

    de exigncia mental e fsica, na mesma proporo dos fatores de riscos existentes e

    exposies aos mesmos. E, algumas atividades laborativas podem desenvolver

    sintomas especficos como alteraes funcionais e posturais. (QUEIRGA, 2000)22.

    Analisando as citaes dos autores a respeito das algias posturais, partindo

    do princpio que os quadros lgicos desencadeiam uma desordem na vida produtiva,

    social e familiar, intervindo de forma negativa no bem estar fsico e emocional do

    indivduo, podendo contribuir para o absentesmo e reduo de suas atividades

    produtivas, sociais e familiares. Com o aumento da populao, seu

    desenvolvimento, a globalizao, o desemprego, a busca por uma vaga de trabalho

    e sua contnua luta para manter seu emprego, as pessoas travam uma guerra diria

    tentando obter um mnimo de qualidade de vida.

    Knoplich, 20037, ratifica a idia que o indivduo como um todo, corpo

    (agredido na dor e, portanto doente) e mente (alterada pela dor que causa

    desprazer) pode sofrer uma ruptura social no relacionamento com a famlia, o

    emprego e a sociedade de um modo geral. E, afirma ainda, que quatro de cada

    cinco adultos sofrero de um ou mais episdios de dor nas costas durante o curso

    de suas vidas.

    Desde os primrdios, conforme sugerem os registros grficos pr-histricos e

    os vrios documentos escritos ulteriormente, razes que justifiquem a ocorrncia da

    dor e procedimentos destinados a seu controle nas variadas regies do mundo

    recebem ateno especial da populao leiga, de pesquisadores e de indivduos

    envolvidos na rea da sade. O limiar para a dor varia no somente de um indivduo para outro, mas tambm de acordo com sua cultura, ou seja, independentemente de

    suas bases anatmicas e fisiolgicas. A dor parece ter fundamento cultural e social.

    Indubitavelmente, os meios fsicos e os remdios vegetais foram os primeiros

    instrumentos que o homem usou como analgsicos. Grandes variedades de

    mtodos empregados contra a dor no passado incluam o uso de plantas medicinais,

    manipulaes fsicas, aplicao de calor, frio ou frico, estes utilizados ainda hoje.

  • O toque sempre foi utilizado como forma de alvio da dor, mesmo hoje, ao

    observamos crianas que, ao brincar, machucam-se, inconscientemente levam suas

    mos ao local da dor, esfregando-o, esperando que a dor cesse.

    Durante muitos anos a massagem foi estudada, e tambm a relao do toque

    com a diminuio da dor e de espasmos musculares. Ao longo dos tempos

    obtiveram-se resultados satisfatrios onde se mostrou a efetividade da massagem

    em muitos sistemas do nosso organismo, envolvendo vrios sistemas corporais.

    Com base no que se sabe da Neurobiologia dos sistemas, sabe-se que

    sempre que a pele tocada, ou os tecidos subjacentes so manipulados, so

    ativados diversos receptores sensitivos em vrios tecidos (GUYTON, 1997)15.

    Reflexo uma resposta involuntria a um estmulo e especifico e previsvel

    e intencional e adaptvel; os mtodos reflexos estimulam os sistemas nervoso,

    endcrino, e as substncias qumicas do corpo. O efeito reflexo da massagem ,

    talvez, mais importante que sua ao mecnica (FRITZ, 2002)14.

    MTODOS

    A pesquisa focou na rea da Fisioterapia Dermato-Funcional, utilizando

    terapias manuais, especificamente a massagem relaxante, para a obteno da

    melhora da qualidade de vida de sujeitos operadores de caixa do Armazm da

    Famlia Capo Raso, na cidade de Curitiba.

    O protocolo utilizado foi o ensinado no mdulo de Massagem Relaxante da

    Ps em Dermato-funcional do IBRATE ministrado pela Prof. Angela de Moura

    Brandini, 20105, que nesta pesquisa ser aplicada na regio das costas e membros

    superiores, locais onde os sujeitos deste estudo referem mais acometimento de

    algias.

    O atendimento ocorreu trs vezes na semana, somando 10 atendimentos,

    com durao de 50 a 60 minutos. Como amostra inicial, participaram 10 voluntrios,

    dos quais permaneceram at o final apenas 6, tendo 4 desistncias no decorrer da

    pesquisa.

    Os questionrios utilizados para mensurar a qualidade de vida abordam os

    domnios da funo fsica, psicolgica/emocional e social, e de acordo com Andrade

    e Clifford, 2003 , e Conde e Neto, 20089, o Formulrio Resumido 36 do Estudo de

    Resultados mdicos MOS SF-36, que uma medida de qualidade de vida

  • freqentemente utilizada. Em funo disto, o mesmo foi utilizado juntamente com o

    Inventrio para dor de Wisconsin no incio e no final do trabalho para base

    comparativa dos resultados deste trabalho.

    RESULTADOS E DISCUSSES

    Esta pesquisa teve como um dos objetivos identificarem a incidncia de algias

    posturais nos funcionrios de caixa e, como conseqncia, realizar um mapeamento

    lgico atravs da aplicao de uma escala de desconforto e mapear as queixas mais

    freqentes de algias destes profissionais na tentativa de desenvolver uma proposta

    de atuao preventiva atravs da massoterapia.

    O conceito de qualidade de vida est ligado s condies de trabalho e na

    perspectiva holstica da vida (bem estar geral). Nesses casos os instrumentos de

    medida mais objetivos so os indicadores fisiolgicos, as estatsticas populacionais,

    e tambm as condies de sade/doena, satisfao com a vida e bem estar

    psicolgico (NAHAS, 2003)9.

    O primeiro item a ser observado, foram os locais mais acometidos por algias,

    podendo observar uma alterao positiva destes.

    Grfico 1- Locais mais acometidos por algias antes da aplicao da massagem

    relaxante.

  • Antes da aplicao da massagem relaxante, os locais mais acometidos foram

    a regio cervical (50%), regio do msculo Trapzio (50%), regio subescapular

    (50%) e ombros (50%).

    Grfico 2 Locais mais acometidos por algias aps aplicao da massagem

    relaxante.

    Aps a aplicao da massagem relaxante, os locais de algias tiveram uma

    significativa reduo, apesar da regio cervical manter a mesma porcentagem que

    antes da aplicao da massagem (50%), os outros locais mais acometidos

    anteriormente reduziram sua porcentagem de acometimento, sendo que a regio do

    msculo Trapzio (de 50% para 16,66%), a regio subescapular (de 50% para

    33,33%) e os ombros (de 50% para 33,33%). Essa grande melhora com a utilizao

    da massagem relaxante pode estar ligada a teoria dos Portes da Dor, proposta por

    Melzack e Wall em 1965, em que um mecanismo de comporta funciona ao nvel da

    medula espinhal. Impulsos dolorosos so transmitidos por fibras nervosas de grande

    e de pequeno dimetro, o estmulo da massagem transmitido por fibras de grande

    dimetro, impedindo, ento que os impulsos dolorosos sejam transmitidos, pois

    suprimem as fibras de pequeno dimetro (FRITZ, 2002)4, ou seja, a penetrao dos

    impulsos dolorosos no sistema nervoso central regulada por neurnios e circuitos

    nervosos existentes na medula, agindo como um porto, impedindo ou permitindo a

    entrada de impulsos dolorosos, assim, impulsos nervosos conduzidos pelas grossas

    fibras mielnicas de tato (fibras A beta) teriam efeitos antagnicos ao da dor (fibras A

  • delta e C), estas abrindo e aquelas fechando o porto (MACHADO, 2000) 8,

    reduzindo as algias (ZAINUDDIN apud in ABAD et col, 2010) .

    Dentro dos questionrios levou-se em conta as atividades afetadas pela

    fadiga e pelas algias dos funcionrios, sendo estas atividades relacionadas no

    grfico abaixo. Para Hackman e Oldham, 1975 apud in Couto e Paiva, 2008, a

    qualidade de vida no trabalho est relacionada s caractersticas das atividades

    exercidas pelos funcionrios no ambiente de trabalho, pois as dimenses bsicas da

    tarefa influenciam psicologicamente o empregado e consequentemente sua

    produtividade dentro da organizao.

    Grfico 3 Atividades acometidas pela fadiga e pela algia antes da aplicao da

    massagem relaxante.

    De modo geral, todas as atividades citadas no Inventrio para dor de

    Wisconsin tiveram acometimento devido fadiga ou algias, porm as atividades

    mais afetadas foram o trabalho (100% de acometimento) e o sono (100% de

    acometimento).

    A fadiga pode ser denominada como um conjunto de alteraes que ocorrem

    no organismo, resultantes de atividades fsicas ou mentais e que levam a uma

    sensao generalizada de cansao, e seu resultado a perda de eficincia, ou seja,

    diminuio da capacidade de trabalho (NAHAS, 2003)9. Alguns dos sintomas da

    fadiga so diminuio da motivao, percepo e ateno, capacidade de raciocnio

    prejudicada, menor desempenho em atividades fsicas e mentais.

  • Ainda segundo Nahas, 20039, existem diversas formas de fadiga, e a mais

    elementar a muscular, onde aps atividade fsica intensa, o msculo diminui a

    capacidade de responder a estmulos, reduzindo seu trabalho. H ainda a fadiga

    crnica, decorrente de perodos longos de atividade, repouso insuficiente ou

    excessiva preocupao, resultando em dificuldade de dormir, irritabilidade, brusca

    perda de peso e estado geral de exausto. Tcnicas de relaxamento, reduzem o

    estado de ansiedade, aliviando o estado de fadiga crnica.

    O estresse pode estar presente em todas as reas da nossa vida, como por

    exemplo, o estresse ocupacional, que, de acordo com a Organizao Internacional

    do Trabalho, um conjunto de fenmenos que se apresentam no organismo do

    trabalhador e que pode afetar sua sade. Nesse ambiente, os principais geradores

    de estresse envolvem aspectos da organizao, administrao e sistema de trabalho

    e da qualidade das relaes humanas (DANTAS et al, 2009). De acordo com

    Lazarus apud in Paschoal e Tamayo, 2005, o estresse ocupacional ocorre quando

    o indivduo avalia as demandas do trabalho como excessivas para os recursos de

    enfrentamento que possui, desenvolvendo-se a partir da juno de um tipo particular

    de ambiente com um tipo determinado de pessoa. Presso de tempo, sobrecarga de

    trabalho, falta de autonomia e conflitos com superiores certamente so estressores

    para um grande nmero de trabalhadores, mas no necessariamente para todos.

    Certos tipos de pessoas, como aquelas que tm tendncia depresso, por

    exemplo, teriam tendncia a reagir mais vezes ou mais intensamente aos

    estressores organizacionais, o que resultaria em problemas como absentesmo,

    baixo desempenho e disfunes emocionais.

    Esses fatores podem desencadear uma diminuio da qualidade de vida do

    funcionrio, visto que seu cansao fsico e mental torna-se muito grande ao longo do

    tempo, reduzindo sua produtividade e satisfao com o trabalho. De acordo com

    Durand, 2000, essa presso realizada para o aumento da produo uma forma

    de manter a ateno do funcionrio diante de atividades simples e repetidas, porm

    essa estratgia tem um preo, os acmulos de tenso, esse, por sua vez, geram

    problemas que muitas vezes se transformam em doenas ocupacionais, e nesse

    caso a doena resulta no s do esforo fsico requerido pela atividade, mas

    tambm pelo esforo mental. Os operadores de caixa envolvidos nesta pesquisa,

    referem ao fim do expediente fadiga e algias, Segundo Berne et al, 2004, incluem

    componentes discriminativo-sensorial e afetivo-motivacional, ou seja, ela uma

  • experincia sensorial acompanhada por respostas emocionais e ajustes motores

    somticos e autonmicos, e ainda respostas endcrinas e alteraes emocionais,

    contribuindo coletivamente para a natureza no-prazerosa a este estmulo doloroso.

    Grfico 4 Atividades acometidas pela fadiga e algia aps aplicao da massagem

    relaxante.

    Aps a aplicao dos dez atendimentos da massagem relaxante a atividade

    mais acometida pela fadiga e algia foi a area do trabalho, porm de uma

    porcentagem de 100%, os atendimentos reduziram este acometimento para apenas

    66,66% dos funcionrios, e o sono que anteriormente tinha 100% de acometimento

    apresentou uma queda resultando em apenas 33,33% de acometimento aps a

    aplicao da massagem. E ainda todas as outras atividades citadas demonstraram

    uma queda significativa.

    Isso ocorre pois a massagem aplicada diretamente nos msculos e

    ligamentos do corpo, mas tem um efeito secundrio nos sistemas circulatrio e

    nervoso. Alivia a tenso muscular, desfaz aderncias entre os tecidos e melhora a

    circulao, alivia a dor estimulando a produo do hormnio conhecido como

    endorfina, analgsico do prprio organismo que bloqueia a transmisso das

    mensagens de dor, suaviza e propicia sensao de bem-estar geral (SUTCLIFFE,

    1991 ; OKESON apud in CAPELLINI, 2006 6).

    De acordo com Cassar, 20017, alm do relaxamento, a massagem causa

    influncia sobre outros processos orgnicos, como os mecnicos, neurais, qumicos

  • e fisiolgicos, ou mecnicos e reflexos. Como efeito mecnico, temos a ao sobre

    os tecidos moles, alongando e relaxando a musculatura, e tambm melhorando o

    fluxo sanguneo e linftico. Os efeitos neurais podem promover a vasodilatao,

    aumentando a circulao local e sistmica, reduzindo o espasmo muscular e

    melhorando a capacidade de extenso do tecido conjuntivo.

    Segundo Fritz, 20024, a rea que est sendo manipulada recebe sangue

    arterial, oxignio e nutrientes pela melhora da circulao, e, atravs deste benefcio,

    h a melhora da filtragem e eliminao de dixido de carbono, metablitos e

    subprodutos bioqumicos pelo sangue venoso. Os efeitos mecnicos sobre o tecido

    muscular agem sobre os fusos musculares, rgo tendinoso de Golgi e

    proprioceptores, realizando atravs destes estmulos, o relaxamento dos tecidos.

    Grfico 5- Porcentagem de melhora das atividades acometidas pela fadiga e algias.

    De acordo com o grfico acima, pode-se observar a melhora em todas as

    atividades citadas no Inventrio para dor de Wisconsin, tendo como principal

    representante desta melhora o sono, com uma porcentagem de 66,67%, e em

    segundo lugar o item trabalho, com 33,34% de melhora. Isto de acordo com Fritz,

    20024, ocorre, pois a massagem aumenta o nvel disponvel de serotonina, esta

  • uma substncia neuroendcrina que regula o humor, tem efeitos calmantes, reduz a

    irritabilidade e regula estados de mpeto, tambm envolve a saciedade, reduz a

    sensao de fome e nsia, modula o ciclo de sono/viglia, um baixo nvel tem

    implicao na depresso, distrbios alimentares, problemas de dor e desordens

    obsessivo-compulsivas.

    Medidas de qualidade de vida cobrem os domnios da funo fsica,

    psicolgica/emocional e social, e de acordo com Andrade e Clifford, 2003, e Conde

    e Neto, 20089, o Formulrio Resumido 36 do Estudo de Resultados mdicos MOS

    SF-36, uma medida de qualidade de vida freqentemente utilizada. Trata-se de um

    instrumento multidimensional, formado por 36 itens englobados em 8 escalas ou

    componentes: capacidade funcional, aspectos fsicos, dor, estado geral da sade,

    vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e sade mental. Ainda, possui um

    escore de 0 a 100 (CICONELLI et al, 1999)8.

    O questionrio SF 36 obtm resultado atravs da soma de pontos das

    respostas. Nessa soma pontuao abaixo de 40 pontos, significa que a sade fsica

    ou emocional bem abaixo da mdia; de 40 a 45 pontos, abaixo da mdia, e 45 ou

    mais, igual ou acima da mdia (Junior, 2010)6.

    Grfico 6 Pontuao SF 36 antes da aplicao da massagem relaxante.

  • A pontuao do SF 36 dividida entre sade fsica e emocional. Na sade

    fsica, antes da aplicao da massagem relaxante, havia 50% dos funcionrios com

    pontuao entre 40 e 45 pontos, e 50% com 45 ou mais pontos. Na sade

    emocional, 66,66% estavam abaixo de 40 pontos e 33,34% com 45 ou mais pontos.

    Grfico 7 Pontuao SF 36 aps aplicao da massagem relaxante.

    Ao final do trabalho, na sade fsica, 16,67% dos funcionrios obtiveram

    pontuao entre 40 e 45 pontos, sendo que ao incio nenhum funcionrio

    encontrava-se com esse escore, e 83,33% obtiveram pontuao de 45 ou mais

    pontos, onde antes haviam apenas 50%. Na sade emocional, 50% obtiveram nota

    abaixo de 40 pontos, porm ao incio do trabalho haviam 66,66% dos funcionrios

    com esse escore, e 50% com 45 ou mais pontos, onde anteriormente haviam

    33,34% com esse escore.

  • Grfico 8 Alteraes de pontuao no SF 36 sade fsica

    Tendo como resultado positivo, 66,68% dos funcionrios obtiveram aumento

    em seu escore, resultando em melhora na sade fsica, 16,66% no tiveram

    alterao e 16,66% obtiveram reduo no escore.

    Grfico 9 Alteraes de pontuao no SF 36 sade emocional

  • Em relao sade emocional, 83,33% dos funcionrios obtiveram melhora

    de escore, ou seja, obtiveram melhora em sua sade emocional, e apenas 16,66%

    obtiveram reduo em sua pontuao.

    CONSIDERAES FINAIS

    A massagem relaxante um timo instrumento para melhora da qualidade de

    vida, reduo dos nveis de fadiga e algias, pois segundo Sutcliffe, 1991, seu efeito

    no sistema nervoso acalmar, suavizar e proporcionar uma sensao de bem-estar

    geral devido secreo de endorfina. Essa sensao de bem-estar foi comprovada

    com este estudo, pois atravs dos questionrios aplicados, pode-se observar a

    grande porcentagem de melhora dos funcionrios, e principalmente o aumento da

    produtividade e diminuio do absentesmo, pois segundo Lazarus apud in Paschoal

    e Tamayo, 2005, o estresse ocupacional ocorre quando o indivduo avalia as

    demandas do trabalho como excessivas para os recursos de enfrentamento que

    possui. Isto faz com que certos tipos de pessoas, como aquelas que tm tendncia

    depresso, por exemplo, tenham tendncia a reagir mais vezes ou mais

    intensamente aos estressores organizacionais, o que resultaria em problemas como

    absentesmo, baixo desempenho e disfunes emocionais.

    De acordo com Cassar, 20017, alm do relaxamento, a massagem causa

    influncia sobre outros processos orgnicos, como os mecnicos, neurais, qumicos

    e fisiolgicos, ou mecnicos e reflexos. Como efeito mecnico apresenta-se a ao

    sobre os tecidos moles, alongando e relaxando a musculatura, e tambm

    melhorando o fluxo sanguneo e linftico. Os efeitos neurais podem promover a

    vasodilatao, aumentando a circulao local e sistmica, reduzindo o espasmo

    muscular e melhorando a capacidade de extenso do tecido conjuntivo. Ainda, h o

    efeito sobre o estado emocional do individuo, o efeito de relaxamento estende-se

    para o indivduo como um todo, trocando a tenso e a ansiedade, por calma e

    tranqilidade.

    A epinefrina e a norepinefrina tambm sofre influncias pela massagem.

    Quando seus nveis esto altos, a pessoa pode ter um padro de sono perturbado,

    quando seus nveis esto baixos, o indivduo fica moroso, sonolento, fatigado e

    subestimado. O toque estimula o sistema nervoso simptico, e aps

    aproximadamente 15 minutos, o sistema nervoso parassimptico. Assim, por

  • exemplo, a quick massage pode ajudar trabalhadores de uma empresa a ficarem

    mais atentos, enquanto que uma hora de massagem relaxante fornece uma boa

    noite de sono (FRITZ, 2002)4, fato esse, comprovado com os resultados deste

    trabalho.

    Concluses: Esta pesquisa foi de grande valia para conhecer os possveis

    resultados que a massagem relaxante pode proporcionar como um timo

    instrumento para melhoria da qualidade de vida, reduo dos nveis de fadiga e

    algias dos funcionrios. Com tcnica da massagem relaxante houve uma

    significncia nos resultados que condizem com a literatura pesquisada, sendo que a

    avaliao da melhora no foi somente na rea da sade, mas tambm na grande

    influncia que esta tcnica pode ter na melhoria da produtividade e diminuio do

    absentesmo.

    A julgar pela incidncia de algias encontradas nos funcionrios de caixa,

    estas podem ser prevenidas ou amenizadas com a aplicao de medidas simples

    como adoo de posturas adequadas, atravs da educao por meio de palestras

    ou mesmo adaptar um local no estabelecimento para que se faa a aplicao da

    massagem como forma preventiva naqueles indivduos que ainda no referem

    algias, ou mesmo em indivduos que j apresentam algum tipo de algia como forma

    de tratamento teraputico.

  • AGRADECIMENTOS

    Dedico este trabalho a meus familiares, que nas horas mais difceis tiveram

    toda a pacincia e sabedoria para me apoiar. E tambm a minha professora, Angela

    Brandini, que com poucas palavras e muito incentivo pode tirar este trabalho do

    papel e torn-lo real.

    REFERNCIAS

    1. ABAD, Cesar Cavinato Cal; BARROSO, Renato; ITO, Leonardo Takamitsu;

    TRICOLI, Valmor; UGRINOWITSCH, Carlos. Efeito da massagem clssica na

    percepo subjetiva de dor, edema, amplitude articular e fora mxima aps

    dor muscular tardia induzida pelo exerccio. Revista Brasileira de Medicina do

    Esporte. Volume 16, n 1, Jan/Fev 2010.

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