a mritocracia na gestao publica

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  • 8/2/2019 A Mritocracia Na Gestao Publica

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    ANDR ALVES DAVID

    A MERITOCRACIA NA GESTO PBLICA

    FACULDADE EA DE QUEIRS

    JANDIRA / SP

    OUTUBRO/2009

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    ANDR ALVES DAVID

    A MERITOCRACIA NA GESTO PBLICA

    Trabalho apresentado como requisito para

    concluso do Curso de Administrao de

    Empresas da Faculdade Ea de Queirs, sob

    a orientao do Prof. Ms. Mauro Csar

    Gonalves

    FACULDADE EA DE QUEIRS

    JANDIRA / SPOUTUBRO/2009

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    Banca Examinadora

    __________________________

    __________________________

    __________________________

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    Dedico este trabalho minha me, Juracy

    e a minha esposa, Milena.

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    Obstculos so aquelas coisas assustadoras

    que voc v quando desvia os seus olhos da sua meta.

    Henry Ford

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    AGRADECIMENTOS

    A vida de cada um de ns repleta de desafios e sem dvida alguma no

    teria conseguido obter mais esta conquista sem a existncia de pessoas to

    importantes e especiais em minha vida, e por isso, agradeo a todos que direta ou

    indiretamente colaboraram com a obteno de mais esta vitria. A todos, dedico este

    trabalho e presto os meus mais sinceros agradecimentos.

    Presto aqui meus especiais agradecimentos:

    Ao meu orientador, Prof. Ms. Mauro Csar Gonalves, por acreditar em meu

    potencial, pela imensamente contribuio minha formao acadmica e

    principalmente por sua valiosa contribuio e amizade.

    Ao Prof. Ms. Rogrio e Souza Silva, por suas valiosas contribuies ao longo

    desta pesquisa, orientaes e envio de materiais.

    todos os profissionais se dispuseram a participar desta pesquisa,

    respondendo o instrumento diagnstico.

    amiga Adelina Tanobe da Cruz, pela reviso do texto.

    Ao meu irmo Vitor, pelas tradues.

    minha esposa Milena, pelo apoio incondicional em todos os momentos.

    minha me Juracy, por todo apoio e incentivo aos estudos.

    Ao meu sogro Walter e minha sogra Neide, por todo apoio e incentivo.

    todos os amigos da FACEQ.

    Deus.

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    SUMRIO

    RESUMO..................................................................................................................... 8

    ABSTRACT ................................................................................................................. 9

    INTRODUO .......................................................................................................... 10

    1. PROBLEMTICA DA PESQUISA ......................................................................... 11

    1.1.PROBLEMA DA PESQUISA ............................................................................ 11

    1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA .......................................................................... 11

    1.3. HIPTESES ................................................................................................... 12

    1.4. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA .................................................................... 13

    1.5. METODOLOGIA ............................................................................................. 13

    2. REFERENCIAL TERICO .................................................................................... 14

    2.1. A GESTO DE PESSOAS E A MERITOCRACIA .......................................... 14

    2.2. ASPECTOS NEGATIVOS DA MERITOCRACIA ............................................ 192.3. ASPECTOS POSITIVOS DA MERITOCRACIA .............................................. 20

    2.4. A HISTRIA DA ADMINISTRAO PBLICA BRASILEIRA ........................ 22

    2.5. A MERITOCRACIA NA PRTICA .................................................................. 27

    3. INSTRUMENTO DIAGNTICO ............................................................................ 32

    3.1. APRESENTAO DO INSTRUMENTO DIAGNSTICO ............................... 32

    3.2. JUSTIFICATIVA DAS QUESTES DO INSTRUMENTO DIAGNSTICO ..... 35

    3.3. PBLICO ALVO ............................................................................................. 35

    3.4. RESULTADO DA PESQUISA ......................................................................... 36

    4. CONSIDERAES FINAIS .................................................................................. 40

    REFERNCIAS ......................................................................................................... 43

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    RESUMO

    Diante das freqentes queixas da populao em relao qualidade dos

    servios prestados por rgos pblicos, a presente pesquisa, teve como objetivo,

    verificar o que de fato acontece dentro deste to polmico sistema, que a

    administrao pblica.

    Tendo em vista os excelentes resultados obtidos pela iniciativa privada, onde

    so utilizadas as mais diversas ferramentas de gesto, como a meritocracia, buscou-

    se verificar quais so os motivos que determinam a utilizao destes sistemas na

    administrao pblicaApesar de a meritocracia ser um assunto em moda no momento e dar a

    impresso de ser mais uma das novas ferramentas de gesto, este sistema bem

    antigo e polmico em todo o mundo. A grande de questo entre os estudiosos, com

    relao a este mtodo o sistema de avaliao.

    De acordo com a pesquisa bibliogrfica, o maior obstculo para a implantao

    da meritocracia no Brasil a prtica do nepotismo. Trata-se de uma herana da

    Coroa Portuguesa, que implantou a prtica patrimonialista na administrao pblicabrasileira.

    Verificamos, atravs da pesquisa de campo, que a prtica acima descrita

    continua nos dias de hoje na administrao pblica brasileira.

    Palavras-Chave: Administrao Pblica, Patrimonialismo e Meritocracia.

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    ABSTRACT

    Due to frequent complaints by the population relating to the quality of service

    performance provided by the public sector, this research has an objective to verify

    what happens inside this so polemic system that is public administration.

    Having in mind the excellent results achieved by the private sector, where

    diversified methods of management are used such as meritocracy, the intention was

    to verify which are the reasons that determine the use of these systems in public

    administration.

    Apart from being a subject that is fashionable at the moment and gives theimpression that it is just one of the new methods of management, meritocracy is an

    old and polemic method used throughout the whole world.

    The big question between studies relating to this method is the system of

    evaluation. According to bibliographic research, the biggest obstacle to implement

    meritocracy in Brazil is the practice of nepotism. It is related to an inheritance left by

    the Portuguese Crown that implemented the practice of patrimony to the Brazilian

    public administration.

    We verified through field research that the above practice is still working

    nowadays in the Brazilian public administration.

    Keywords: Public Administration, Patrimony and Meritocracy.

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    INTRODUO

    O presente trabalho tem por objetivo, esclarecer e melhor entender o que h

    por trs da to complexa e polmica administrao pblica, tendo em vista as

    inmeras queixas por parte dos contribuintes em relao pssima qualidade do

    atendimento e dos servios prestados por reparties pblicas.

    Diante disso, a presente pesquisa foi organizada em trs captulos. No

    primeiro captulo so abordadas: problemtica de pesquisa, suas possveis

    hipteses e metodologia utilizada.

    Na seqncia, o segundo captulo apresenta a fundamentao terica dapesquisa. Um breve relato sobre o a teoria da gesto de pessoas, a meritocracia -

    seus aspectos positivos e negativos, bem como seus principais defensores e

    crticos. A histria da administrao pblica brasileira e tambm alguns resultados

    prticos de sua utilizao so narrados superficialmente.

    No terceiro captulo, apresentado o instrumento diagnstico, o questionrio

    de pesquisa aplicado nos entrevistados, atravs do qual buscou-se respostas para a

    to problemticas questes. Neste so justificados os motivos de cada questo, oobjetivo a ser atingido atravs delas, bem como o pblico alvo e os resultados

    obtidos com a pesquisa.

    Nas consideraes finais feito um paralelo entre os resultados obtidos

    atravs da pesquisa de campo com os resultados obtidos atravs da pesquisa

    bibliogrfica. Com o comparativo entre o pesquisado e as hipteses apresentadas,

    chegou-se s concluses e reflexes.

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    1. PROBLEMTICA DA PESQUISA

    1.1. PROBLEMA DA PESQUISA

    Com o incio dos estudos da teoria das relaes humanas, surgiu a

    necessidade de motivar o ser humano. Para tanto, as empresas vm se utilizando

    dos sistemas meritocrticos, para premiar os funcionrios de acordo com o

    merecimento individual. Diante desta nova realidade surge a seguinte questo:

    Quais os fatores que determinam a utilizao da Meritocracia na Gesto

    Pblica na Regio Oeste da Grande So Paulo?

    1.2. OBJETIVOS DA PESQUISA

    Frequentemente a populao bombardeada com manchetes jornalsticas a

    respeito da necessidade de se realizar uma reforma na gesto pblica brasileira,

    inmeras propostas so feitas, fala-se da necessidade de se enxugar a mquina

    pblica, cortar gastos, porm de concreto nada acontece.

    Em sentido oposto encontra-se a iniciativa privada, que diariamente busca

    novas propostas e novas tcnicas, sempre com o intuito de atender seus clientes da

    melhor forma possvel ao menor custo possvel. Nestas empresas privadas h

    departamentos muito bem estruturados que no medem esforos para motivar sua

    fora de trabalho. So realizados inmeros treinamentos, criados programas de

    incentivo e qualificao profissional, etc. Como conseqncia de todo este esforo e

    de todo este investimento, estas empresas tem, em geral, um quadro cada vez mais

    enxuto, funcionrios extremamente qualificados, motivados e realizados

    profissionalmente.

    Surge assim a necessidade de entender o que acontece neste sistema to

    antigo, que o sistema pblico, que apesar das inmeras propostas de reformas da

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    administrao pblica, lanadas ao longo da histria da gesto pblica brasileira,

    ainda tem sofrido muitas crticas.

    Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo, esclarecer o motivo ou os

    motivos pelos quais as mudanas propostas no vingaram e porque a meritocracia,

    que um sistema to utilizado em empresas privadas e que tem proporcionado

    excelentes resultados, ainda no foi implementado na gesto pblica, apesar das

    inmeras tentativas.

    1.3. HIPTESES

    Diante do problema e objetivos apresentados, evidenciam-se as seguintes

    hipteses para esta pesquisa:

    Primeira hiptese: Falta de conhecimento tcnico dos gestores pblicos,

    tendo em vista que frequentemente os principais veculos de comunicao noticiam

    o uso de nepotismo na administrao pblica, o que pe em dvida a capacidadedos funcionrios que ocupam cargos de liderana.

    Segunda hiptese: Problemas relacionados poltica. Esta hiptese se deve

    s interminveis discusses e negociaes que agitam o congresso, o senado e as

    demais esferas do governo sempre que se tem uma importante votao em pauta,

    gerando assim, uma desconfiana quanto s prticas e aos reais interesses de

    nossos polticos.

    Terceira hiptese: Entraves legais utilizao deste sistema. Tendo em vista

    s inmeras crticas legislao brasileira. Recentemente, a revista Exame,

    publicou um artigo criticando o rigor da legislao brasileira, que muitas vezes,

    impede o desenvolvimento do Pas.

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    1.4. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

    A cobrana compulsria de impostos sempre gerou uma certa tenso entre oscontribuintes e o poder pblico, principalmente agora que a populao est cada vez

    mais informada e exigente. Diante da problemtica questo sobre como avaliar a

    gesto pblica, torna-se necessrio estudar a fundo este to polmico e delicado

    problema, que a administrao pblica. neste contexto que surge a presente

    pesquisa, ou seja, com o intuito de entender porque o sistema meritocrtico que vem

    sendo to largamente utilizado na administrao privada no tambm utilizado na

    gesto pblica.

    Segundo a prof. Livia Barbosa1, a meritocracia um dos principais sistemas

    de hierarquizao social da sociedade moderna.

    1.5. METODOLOGIA

    Diante da problemtica apresentada, a princpio foi feita uma pesquisa

    exploratria a fim de proporcionar uma melhor aproximao com o tema, em uma

    segunda instncia foi feita uma pesquisa descritiva que tem por objetivo trazer um

    breve relato histrico sobre o tema seu objetivo principal, os principais obstculos

    bem como os seus defensores e seus principais crticos, alm de resultados obtidos

    por empresas que se utilizam desta ferramenta que ter como base dados

    bibliogrficos livros, revistas, peridicos e artigos publicados na rede mundial decomputadores. Nesta fase foi feita ainda uma pesquisa com os responsveis pelo

    setor de recursos humanos de algumas prefeituras da regio oeste, para medir o seu

    conhecimento que as possveis causas da no utilizao da meritocracia na gesto

    pblica.

    1Lvia Barbosa, uma das maiores especialista no tema, professora do Departamento de

    Antropologia da Universidade Federal Fluminense e doutora em Antropologia Social.

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    2. REFERENCIAL TERICO

    Este captulo tem como objetivo apresentar o surgimento da necessidade de

    entender e de motivar o ser humano, os sistemas meritocrticos na teoria e na

    prtica, alm de um breve histrico da administrao pblica brasileira.

    2.1. A GESTO DE PESSOAS E A MERITOCRACIA

    De acordo com Chiavenato (2003) por volta de 1930, teve incio a abordagem

    humanstica. Atravs da realizao de diversos estudos dentro das organizaes,

    percebeu-se a necessidade de melhor administrar, este importante recurso das

    organizaes, que so as pessoas. Surge assim, um novo desafio. Como

    administrar este to importante e valioso recurso, tendo em vista a complexa tarefa

    que entender e satisfazer as necessidades e desejos do ser humano?

    Diante desta nova realidade, surge um novo enfoque, a grande questo agora

    passa a ser: como motivar, quais as melhores formas de liderar e de se comunicar

    com as pessoas da organizao. Ao longo dos anos, foram realizados diversos

    estudos e teorias sobre a melhor forma de administrar, de motivar e de entender as

    necessidades, tanto emocionais quanto fisiolgicas do ser humano.

    Os cientistas definiram a motivao como o processo que desperta, dirige e

    mantm um comportamento que se orienta para um determinado objetivo.(GREENBERG. apudBERGAMINI: 2008, p137)

    Dentre as necessidades do ser humano h a de auto-realizao, ou seja, o

    autodesenvolvimento e de realizar-se como pessoa atravs de seu esforo e do

    reconhecimento de seu trabalho.

    Ao analisar as teorias sobre motivao humana bem como o ciclo

    motivacional, pde-se verificar que o ser humano tem a necessidade de ter seu

    trabalho reconhecido. Frequentemente as pessoas utilizam o seguinte jargo

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    popular, determinada pessoa fez por merecer, ou seja, ela conquistou algo graas

    a sua dedicao, ao seu merecimento.A cultura do merecimento ou meritocracia.

    Mesmo sendo um sistema muito criticado, a meritocracia surge como um

    sistema de hierarquizao atravs do reconhecimento e da valorizao do

    merecimento e do desempenho de cada indivduo. Apesar de a meritocracia ser um

    assunto em moda e dar a impresso de ser mais uma das novas teorias de

    administrao e valorizao do ser humano, trata-se de um sistema bem antigo,

    desde 1824 possvel registrar a presena de sistemas meritocrticos no Brasil.

    Mesmo sendo a meritocracia, uma teoria to comentada ultimamente, muitas

    pessoas ainda a desconhecem.

    Segundo Barbosa (2003), meritocracia um dos principais sistemas de

    hierarquizao social da sociedade moderna.

    A meritocracia pode ser definida como um conjunto de valores que postula

    que as posies sociais dos indivduos na sociedade devem ser resultado do mrito

    de cada um, ou seja, das suas realizaes individuais. A meritocracia um conjunto

    de valores que rejeita toda e qualquer forma de privilgio hereditrio e corporativo e

    que valoriza e avalia as pessoas independentemente de suas trajetrias e biografiassociais. (...) a meritocracia no atribui importncia a variveis sociais como origem,

    posio social, econmica e poder poltico no momento em que estamos pleiteando

    ou competindo por uma posio (Barbosa, 2003).

    Segundo Geraldo Duarte, meritocracia a frmula utilizada por

    organizaes, como estmulo profissional, oferecendo recompensas aos seus

    integrantes que proporcionem melhorias importantes para elas ou para sua clientela.

    Duarte apresenta um outro conceito que se remete meritocracia, porm,num mbito mais restrito, referente ao reconhecimento destinado ao servidor

    pblico. Este conceito o merecimento e assim est definido:

    Merecimento. Reconhecimento do mrito do servidor pblico, caracterizado

    por suas qualificaes funcionais, profissionais, ticas, morais, como assiduidade,

    competncia, conhecimento e habilidade, o que comprovado por avaliaes que

    lhe conferem o direito promoo de cargo, classe ou categoria. (DUARTE. apud.

    NOGUEIRA: 2007 P. 3, 4)

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    Apesar de ser um tema extremamente polmico, a meritocracia est presente

    em nossas vidas pessoais e profissionais, sempre de uma forma discreta, mas no

    h como negar que exista meritocracia nas diversas avaliaes pelas quais

    passamos ao longo de nossas vidas, seja escolar, vestibular, os processos seletivos

    das empresas, bem como as avaliaes pelas quais passamos diariamente nas

    organizaes onde trabalhamos.

    A meritocracia nada mais , do que o reconhecimento pblico das qualidades

    e das realizaes de cada indivduo.

    H quem diga que os sistemas meritocrticos so discriminatrios, alegam

    que segundo estes sistemas somente os melhores seriam escolhidos. Cabe lembrar

    que as pessoas em tudo procuram sempre o melhor: o melhor emprego, o melhor

    salrio, o melhor local para se viver, porm isso nem sempre possvel. Na prtica

    conquistamos somente aquilo que merecemos ou aquilo que fomos capazes de

    conquistar. Somente consegue o melhor emprego o indivduo que estiver mais bem

    preparado, o que mais se dedicar aos estudos e realizar suas tarefas com muito

    afinco, ou seja, aquele que merecer.

    Mas o que preciso para que os homens fiquem contentes no quetenham mais ou menos, mas que se convenam de que no tm direito a mais ou

    menos. (DURKHEIM. apud, Barbosa: 2003, p. 7)

    Lvia Barbosa, em seu livro: Igualdade e meritocracia, faz um interessante

    estudo comparativo da meritocracia no Brasil, nos Estados Unidos e no Japo.

    No Japo, o indivduo doutrinado desde cedo a trabalhar em grupo. Sua

    identidade constituda pela vinculao ao grupo a que ele pertence. Para os

    japoneses, todos nascem diferentes, mas cabe sociedade seu grupo eliminarestas diferenas, controlando as individualidades pessoais, fazendo com que todos

    se comportem de maneira semelhante, para assim preservar a harmonia do grupo.

    Neste sistema, o indivduo integra o quadro de funcionrios da empresa, e

    somente aps muito tempo de trabalho e de muita dedicao ao grupo que ele

    obtm o mrito de ocupar um alto cargo dentro da organizao. Apesar de todo o

    sucesso atingido pelo Japo, sendo suas empresas sendo reconhecidas

    mundialmente como as mais produtivas e rentveis do mercado, como o caso da

    Toyota, segundo alguns estudiosos, este sistema de merecimento por antiguidade

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    est com os dias contados, em funo da crescente disputa pelo mercado mundial

    causada pela globalizao. Segundo eles, em muitos casos a genialidade individual

    pode fazer a diferena e deve ser valorizada, no como nica forma de se obter

    sucesso, mas sim, como um complemento do trabalho em grupo.

    Em sentido oposto, os Estados Unidos valorizam o desempenho individual.

    Desde muito cedo, os norte americanos aprendem que o sucesso em suas vidas

    pessoais e profissionais depende nica e exclusivamente do desempenho de cada

    indivduo. Neste caso, o mrito est atrelado ao esforo e a genialidade individual.

    Segundo os estudiosos, o sistema meritocrtico norte americano tambm est com

    seus dias contados, pois com toda a disputa pelo mercado mundial, estes afirmam

    que no h mais espao para o individualismo em uma era em que o trabalho

    coletivo tem gerado resultados mais expressivos.

    No Brasil h dois sistemas bem distintos: a administrao pblica, na qual em

    geral, no h um plano de cargos e salrios e o ambiente desestimulante, e a

    administrao privada, que mesmos apresentando alguns problemas de gesto, est

    alinhada s tendncias mundiais de administrao de recursos humanos, e que vm

    utilizando com muita eficincia os sistemas meritocrticos.

    H inclusive uma pesquisa que realizada anualmente, em parceria pelas

    revistas Exame e Voc S.A., que classifica as melhores empresas para se trabalhar,

    classificao esta que feita de acordo com uma votao feita por funcionrios

    destas empresas. Para isto, so avaliados os seguintes aspectos: planos de cargos

    e salrios e ambiente organizacional.

    No entanto na administrao pblica, salvo rarssimas excees, no h um

    trabalho voltado melhoria da qualidade do servio prestado pelo servidor pblico.Apesar das diversas tentativas de se implementar a meritocracia no servio

    pblico ao longo da histria, restara destes sistemas apenas a forma de ingresso ao

    servio pblico: o concurso e a promoo por antiguidade.

    Segundo alguns estudiosos, este processo de promoo por antiguidade na

    administrao pblica tem um efeito completamente diferente deste mesmo

    processo no Japo. A razo para esta disparidade est exatamente no sistema de

    avaliao, a principal crtica meritocracia. Em geral, principalmente no Brasil, as

    pessoas sentem-se inferiorizadas ao serem avaliadas, o que sempre causou muito

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    problema. Diante desta situao, muitos chefes preferem avaliar bem todos os

    funcionrios, causando com isso certo comodismo j que todo funcionrio

    promovido, independente de realizar ou no um bom servio.

    Outro importante ponto destacado por Barbosa (2003) a diferena cultural

    existente entre o Brasil, os Estados Unidos e Japo, no que diz respeito a forma

    como as pessoas enxergam o empresrio. Para o brasileiro, ele uma pessoa m,

    extremamente gananciosa e exploradora que acumula riqueza graas ao sacrifcio

    alheio. Entretanto, nos Estados Unidos, ele visto como um vencedor (winner),

    algum que deve ser admirado, um exemplo a ser seguido. J no Japo, ele o

    lder do grupo e somente atingiu esta posio graas sua dedicao ao grupo ao

    longo de sua vida.

    Um outro ponto a ser destacado na cultura brasileira, o fato de que para ns

    o trabalho visto como algo negativo, um castigo, uma punio, e no como uma

    fonte de rendimentos. Frequentemente os pais dizem aos seus filhos que no

    podem dedicar mais tempo a eles porque tm que trabalhar, ao invs de dizer que

    s podem passear ou comprar algo, graas ao trabalho.

    Para Bergamini, a inteno primeira de cada pessoa a de ser produtiva eestabelecer relacionamentos interpessoais significativos.

    Sempre que se fala em motivao profissional, em geral comete-se um

    grande engano, acreditando ser o dinheiro o nico fator capaz de motivar o

    trabalhador. Hawthorne em sua experincia de campo pode constatar que o salrio,

    mesmo o mais generoso, no capaz de satisfazer completamente s necessidades

    do trabalhador.

    O tema, meritocracia, extremamente polmico, no s no Brasil, mas emtodo o mundo. Como toda teoria, h vrios estudiosos que a defendem

    veementemente e aqueles que a criticam com a mesma intensidade. Para melhor

    entender os motivos de tanta polmica faz-se necessrio um estudo mais

    aprofundado sobre esta teoria, analisando tanto os pontos positivos quanto os

    negativos deste sistema.

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    2.2. ASPECTOS NEGATIVOS DA MERITOCRACIA

    Ao se consultar a histria da meritocracia pode-se constatar que, de certaforma, h uma unanimidade entre os estudiosos, quanto ao uso de sistemas

    meritocrticos, porm, o epicentro de toda a polmica em torno da meritocracia, a

    avaliao de desempenho.

    Para a Barbosa(1996), as questes agora so: Como deve ser a avaliao do

    desempenho das pessoas? Como podemos definir habilidades e esforos? Qual a

    relao entre responsabilidade individual e/ou social e desempenho? Existe ou no

    igualdade de oportunidade para todos? Qual a origem das diferenas dedesempenho? Sero elas produto da loteria, da natureza, ou de variveis sociais?

    J.B. Probst, em 1938, j sintetiza todo o dilema que vai alm da administrao

    moderna ainda hoje. Apurar ou no o merecimento no mais a questo. O

    essencial como apurar o merecimento como apur-lo meticulosamente,

    facilmente, sem preconceitos e sem levantar antagonismo. grande questo como

    avaliar o desempenho. (PROBST, apudBARBOSA, 1996, p. 63)

    Taylor, quando instituiu a avaliao da produo, via as pessoas como meros

    insumos da produo como mquinas - porm, fica evidente que no h como

    instituir tempos de produo to rgidos aos seres humanos, como feito com as

    mquinas, tendo em vista as diferenas de comportamento e de desempenho de

    cada indivduo.

    A avaliao de desempenho sempre foi associada produtividade, porm

    com o enfoque mais humanista a avaliao de desempenho passou a ter um carter

    punitivo e controlador. Segundo o especialista norte-americano em recursos

    humanos, Harvey Walker, melhor no ter sistema algum do que ter um que

    produza resultados, nos quais a maioria dos empregados no deposita confiana.

    Ele, em 1937, j afirmava que os sistemas menos eficientes so olhados com

    desconfiana pelos empregados e que provavelmente, melhor no ter sistema

    algum do que ter um que produza resultados duvidosos. (WALKER, apud

    BARBOSA, 1996, p. 61)

    As insatisfaes e polmicas atreladas avaliao de desempenho existem

    desde a primeira metade deste sculo.

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    Em 1938, John M. Pfiffner escreveu:

    No h, provavelmente, campo que oferea conflito mais agudo entre a

    teoria e a prtica do que o que diz respeito apurao do merecimento. A teoria diz

    que seria excelente apurar o merecimento dos empregados de acordo com o seu

    valor e desempenho das funes. Com isso concorda a administrao, assim como

    os empregados. Mal, porm, se tenta pr a idia em execuo, ela bloqueada ou a

    sua eficcia reduzida por obstculos quase insuperveis. (PFIFFNER, apud

    BARBOSA, 1996, p. 61)

    Um outro ponto importante a ser destacado, quando se fala em avaliao de

    desempenho, principalmente no Brasil, o fato de que as pessoas em geral, se

    sentem pressionadas e diminudas quando so avaliadas.

    H ainda estudiosos que criticam o sistema meritocrtico, alegando que o

    mesmo privilegia as classes mais abastadas da sociedade, pois este grupo tem um

    maior acesso informao, aos melhores colgios, enquanto que as classes

    desfavorecidas, alm de terem acesso restrito informao, tm o seu tempo de

    estudo reduzido, pois em sua grande maioria tem que trabalhar para contribuir

    financeiramente com a famlia. Havendo assim uma concorrncia desleal.As crticas proferidas contra os sistemas meritocrticos devem ser

    observadas com muita cautela, pois todas elas, sem dvida alguma, so muito bem

    fundamentadas e merecem ser cuidadosamente analisadas e trabalhadas, porm

    no se pode ignorar os benefcios proporcionados por estes sistemas.

    2.3. ASPECTOS POSITIVOS DA MERITOCRACIA

    Apesar das diversas crticas aos sistemas meritocrticos, no h dvida de

    que o funcionrio que tem suas necessidades, tanto fisiolgicas como psicolgicas

    atendidas produza mais e melhor e que quando suas capacidades so reconhecidas

    este tem automaticamente, ao menos em parte, suas necessidades atendidas.

    Robert Owen, co-proprietrio e diretor de importante indstria escocesa de

    fiao, por volta de 1830, introduziu uma viso mais humanista em sua gesto,

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Co-propriet%C3%A1riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Fia%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Fia%C3%A7%C3%A3ohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Co-propriet%C3%A1rio
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    reduzindo a jornada de trabalho para 10,5 horas dirias - um avano para a poca -

    construiu casas para os operrios, o primeiro jardim-de-infncia e a primeira

    cooperativa. Com esta experincia, Owen pde comprovar que funcionrios que tem

    uma melhor qualidade de vida produzem mais e melhor, e consequentemente

    proporcionam empresa um aumento em sua lucratividade.

    A importncia da valorizao do trabalho dos funcionrios foi percebida por

    Frederick Taylor j em seus primeiros estudos, ele observou que igualar os salrios

    dos funcionrios mais produtivos com o dos menos produtivos desmotivante e

    contraproducente para os primeiros.(CHIAVENATO:2003)

    A partir do estudo da Teoria das Relaes humanas, pde-se perceber que o

    comportamento motivado. Segundo Chiavenato, motivao uma tenso que leva

    o indivduo a agir com o objetivo de satisfazer algumas de suas necessidades e este

    somente repetir esta atitude se tiver um feedback positivo.

    Victor Vroom e Philip Yetton, em 1973, apresentaram o modelo denominado

    Modelo de Vroon, tambm conhecido como Teoria Normativa. Este modelo mostra

    que o nvel de produtividade depende de trs foras bsicas: expectativas,

    recompensas e da relao entre as expectativas e as recompensas. De acordo comeste modelo a motivao do indivduo um processo que orienta seu

    comportamento, portanto, quando o indivduo quer alcanar um determinado

    resultado final como dinheiro, promoo ou participar de um determinado grupo, ele

    procura meios para alcan-lo, como por exemplo, produzir ou vender mais.

    Um outro modelo proposto por Vroon, desenvolvido por Lawler III, concluiu o

    seguinte: as pessoas desejam ganhar mais dinheiro porque ele permite que o

    indivduo tenha suas necessidades fisiolgicas atendidas. Portanto, se o indivduoacreditar que pode receber mais dinheiro dependendo exclusivamente de seu

    desempenho, este produzir o mximo possvel a fim de ser recompensado.

    Em um momento mais recente da administrao, as empresas passaram a

    bonificar o bom desempenho de seus colaboradores, atravs da distribuio de seus

    lucros. Trata-se de uma bonificao em funo do alcance de metas pr-

    estabelecidas pela empresa: metas como a reduo de custos que a reduo do

    desperdcio de materiais, do ndice de retrabalho, dos defeitos; alm dos aumentosde eficincia como: aumento da produtividade, melhor aproveitamento de todos os

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Oper%C3%A1riohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Oper%C3%A1rio
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    insumos, proporcionando assim um aumento expressivo na lucratividade das

    empresas mesmo aps o pagamento da bonificao, conhecida como PLR

    Participao dos Lucros e Resultados.

    Como pode-se observar, a meritocracia foi muito estudada e discutida ao

    longo da histria da humanidade. Diversas foram as tentativas de se implementar

    este sistema to polmico. Para melhor entender o que aconteceu e porque este

    sistema no vingou na administrao pblica brasileira, faz-se necessrio retornar

    no tempo e analis-la desde o seu surgimento.

    2.4. A HISTRIA DA ADMINISTRAO PBLICA BRASILEIRA

    Segundo Raymundo Faoro e Antonio F. Zancanaro, a sociedade quinhentista

    portuguesa, j demonstrava averso ao trabalho e uma forte tendncia

    patrimonialista, o que conforme pode-se analisar, influenciou negativamente a

    cultura brasileira, principalmente quando se trata de administrao pblica, como

    veremos a seguir.

    A chegada da coroa fez uma administrao pblica forte e disfuncionalmente

    carregada de herana lusitana. No s colonial, mas, sobretudo, oriunda da corte

    portuguesa. Institucionalmente, pautava-se no modelo de gesto baseado na

    tradio luso-francesa do direito administrativo, sobrevalorizava-se o carter jurdico

    da ao pblica. Socialmente, pautava-se no velho carcomido sistema de privilgios

    importado dalm-mar, conforme descrio longa, mas ilustrativa, de Faoro (1984):Tudo se concentrou, no primeiro golpe, em situar no mundo poltico e

    administrativo os fugitivos desempregados, colocando-lhes na boca uma teta do

    Tesouro. Os fidalgos de alta linhagem, os que dispunham de meios prprios de vida,

    no acompanharam, se no excepcionalmente, o regente. (...) Vinham a seguir a

    chusma de satlites: monsenhores, desembargadores, legistas, mdicos,

    empregados da casa real, os homens do servio privado e protegidos de D Joo.

    Eram vadios e parasitas, que continuariam no Rio de Janeiro o ofcio exercido emLisboa: comer custa do Estado e nada fazer para o bem da nao. Organizar o

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    imprio, para o ministrio, seria reproduzir a estrutura administrativa portuguesa no

    Brasil e colocar os desempregados. O eixo da poltica era o mesmo secularmente

    fundido: o reino deveria servir camada dominante, ao seu desfrute e gozo. Os

    fidalgos ganharam penses, acesso aos postos superiores os oficiais da Armada e

    Exrcito, empregos e benefcios os civis eclesissticos. (...) A carapaa

    administrativa, enorme e intil, (...) no esgotou as atividades da corte. (...) A

    transmigrao superps estrutura social existente a estrutura administrativa do

    corteso fugitivo, com os renovamentos das suprfluas velharias de sociedade

    desfibrada, em que a burocracia se tornar o ideal da vadiagem paga. (...) A nobreza

    burocrtica defronta-se aos proprietrios territoriais, at ento confinados s

    cmaras, em busca estes ttulos e das graas aristocrticas. (...) (Faoro, 1984: 24952, 56).

    O patrimonialismo pode ser definido de forma simples como a confuso entre

    o que pblico e o que privado. O termo patrimonialismo tem servido para

    designar, num sentido amplo, a cultura de apropriao daquilo que pblico pelo

    privado... (Martins. apud, MOTA p. 173-174)

    Apesar de ainda hoje, testemunharmos o uso indevido da mquina pblica

    para fins particulares, a administrao pblica brasileira passou por inmeras

    reformas ao longo de sua histria, sempre com o objetivo de minimizar os conflitos

    entre governantes e contribuintes.

    Apesar de a meritocracia ser um assunto muito discutido atualmente, a idia

    de se estruturar o servio pblico, seguindo preceitos meritocrticos bem antiga no

    Brasil.

    A Constituio de 25 de maro de 1824 delineia claramente os fundamentosde uma meritocracia. O artigo 179, item XIV, reza: Todo cidado pode ser admitido

    aos cargos pblicos civis, polticos ou militares, sem outra diferena que no seja por

    seus talentos ou virtudes. (Barbosa: 1996, p.65)

    Este artigo estabelece que qualquer cidado, desde que tenha talento e

    virtudes, pode ser admitido no servio pblico, porm, no determina as formas de

    avaliao. Mais uma vez, fica evidente o grande problema dos sistemas

    meritocrticos, os sistemas de avaliao.

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    J em 1831, com publicao da lei de 4 de outubro, que tinha por objetivo

    organizar o Tesouro Pblico Nacional e as Tesourarias das Provncias, em seu

    artigo 96, estabeleceu o seguinte:

    No se admitir de ora em diante pessoa alguma, seno por concurso,

    em que se verifique que o pretendente tem os princpios de gramtica da lngua

    nacional e da escriturao por partidas dobradas e clculo mercantil, unindo a

    isto boa letra, boa conduta moral e idade de vinte e um anos para cima. Os

    casados em igualdade de circunstncias sero preferidos aos solteiros.

    A constituio de 1934 traz duas novidades, o primeiro em seu artigo 168 que

    reafirma o direito ao livre acesso de todos os brasileiros aos cargos pblicos e inova

    ao estabelecer que no mais haveria distines de sexo e estado civil, existentes

    nas legislaes anteriores, que asseguravam aos homens casados prioridade na

    obteno de um cargo pblico em relao aos solteiros. J a segunda novidade d-

    se em seu artigo 170, que dispe a primeira investidura nos postos de carreira das

    reparties administrativas e nos demais que a lei determinar efetuar-se- depois de

    exame de sanidade e concursos de provas ou ttulos.

    Em 1938, com a implementao do Estado Intervencionista da era Vargas, foicriado o Departamento Administrativo do servio Pblico (DASP). Este departamento

    teve como objetivo, modernizar o servio pblico utilizando para isso o sistema

    meritocrtico. Apesar de representar um avano administrao pblica, pois

    apresentava uma reverso ndole patrimonialista, prtica herdada da coroa

    imperial, este avano foi apenas parcial, tendo em vista que a prtica patrimonialista

    continuou latente na administrao pblica quanto na poltica.

    No perodo compreendido entre os anos de 1945 e 1964, nos governos deJnio Quadros e Joo Goulart houve um retrocesso. Em ambos, a administrao

    pblica foi pautada em uma cultura predominantemente clientelista.

    Em 1952, de volta ao poder, Vargas ensaiou uma profunda reforma

    administrativa que, apesar de chegar condio de projeto de lei, esta jamais saiu

    do papel. O que se viu neste perodo foi uma tremenda barganha instrumental, que

    atendia s convenincias polticas e empregar e nomear, para coligar, um processo

    inverso modernizao, uma total destruio ao sistema meritocrtico.

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    Com o regime militar imposto em 1964, houve uma certa racionalizao

    funcional da administrao pblica, graas ruptura ocorrida entre a poltica e a

    administrao.

    Durante o governo de Itamar Franco, houve uma deteriorao da

    administrao pblica graas mais uma vez ao efeito negativo da poltica

    patrimonialista.

    Em 1988, durante o governo de Sarney houve uma tentativa, porm mal

    sucedida de se implantar um Estado Social Democrtico no Brasil, atravs da

    publicao da nova constituio, onde dentre as diversas mudanas apresentadas,

    pode-se destacar a profissionalizao da burocracia. Atravs da reafirmao da

    meritocracia como forma de seleo do servidor pblico.

    Em 1990, o governo Collor surge com a proposta de combater toda a

    corrupo no Brasil, mas, que na verdade foi marcado por mais corrupo e

    escndalos que culminaram com o impeachment do mesmo.

    A gesto de Fernando Henrique Cardoso foi marcada por iniciativas

    reformistas. Segundo Fernando Abruccio um dos pilares principais destas iniciativas

    foi a criao do Ministrio da Administrao e Reforma (MARE), que teve o comoministro Luis Carlos Bresser Pereira. Bresser Pereira foi o primeiro a perceber que a

    administrao pblica mundial passava por reformas, e para se desenvolver, o Brasil

    precisaria acompanhar esta nova tendncia reformista. Neste perodo, houve uma

    significativa reorganizao administrativa do governo federal, um expressivo nmero

    de concursos e uma sensvel melhora no servio pblico, graas tambm

    capacitao do servidor pblico realizada pela Escola Nacional de Administrao

    Pblica. De acordo com Abruccio com o MARE no houve um abandono do idealmeritocrtico weberiano, mas sim aperfeioamento.

    Um outro ponto importante a ser destacado o fato de que Bresser Pereira

    no levou em considerao as divergncias culturais existentes entre a

    administrao pblica brasileira e a mundial.

    Apesar dos inmeros benefcios advindos das propostas de Bresser Pereira,

    a administrao pblica brasileira no deslanchou em funo de uma srie de

    tentativas frustradas de reforma administrativa, bem como da herana negativa

    deixada pelo governo Collor e da oposio petista que se opunha a toda e qualquer

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    tentativa de reforma e que as taxava de neoliberalismo, assemelhando-as s

    propostas de Collor. Alm disso, uma reforma to profunda como a proposta por

    Bresser Pereira somente ocorrer quando houver uma separao da poltica e da

    administrao. Quando houver uma conscientizao da sociedade como um todo,

    principalmente da elite poltica a respeito do efeito extremamente negativo do

    patrimonialismo.

    O governo Lula deu seqncia s diversas iniciativas de reformas

    administrativas herdadas do governo de Cardoso, porm uma das piores

    caractersticas do governo Lula o amplo loteamento de cargos. Problema que

    culminou na crise de 2005, que apesar de ter sido impulsionada por problemas

    relacionados ao financiamento da campanha eleitoral tinha como principal motivo a

    disputa por cargos em importantes empresas estatais, como o Correio.

    No s para Abruccio, mas para os principais estudiosos, a profissionalizao

    do alto escalo governamental condio sine qua non para o bom desempenho

    das polticas pblicas.

    Aumentar a transparncia e a responsabilizao do poder pblico constitui o

    ltimo eixo estratgico desta agenda de reformas. Nos ltimos anos, muito seavanou no Brasil em termos de democratizao do Estado. Mas necessrio

    aprofundar este processo, pois a administrao pblica brasileira s ser mais

    eficiente e efetiva, caso possa ser cobrada e controlada pela sociedade. (Abruccio,

    p. 14, 2007)

    Analisando as teorias da administrao pblica, podemos verificar que o seu

    desenvolvimento tem sido comprometido ao longo dos anos devido s prticas

    patrimonialistas, e que mesmo aps os ministros do STJ terem publicado umasmula proibindo a prtica do nepotismo1 nos trs poderes, h ainda, aqueles que

    defendem veementemente este sistema e que insistem que no h nada de errado

    nesta prtica. A deciso foi tomada aps o julgamento de uma ao protocolada

    pela AMB - Associao dos Magistrados Brasileiros - que pedia que a contratao

    1 Etimologicamente, nepotismo deriva do latim nepos, nepotis, significando, respectivamente,

    neto, sobrinho. Nepos tambm indica os descendentes, a posteridade, podendo serigualmente utilizado no sentido de dissipador, prdigo, perdulrio e devasso

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    de parentes no Judicirio fosse proibida. O artigo 37 da constituio federal de 1988

    determina que a administrao pblica direta e indireta, em qualquer dos Poderes da

    Unio, deve seguir os princpios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e

    da eficincia e que a investidura em cargo pblico depende de aprovao prvia em

    concurso pblico.

    A smula, publicada no Dirio Oficial da Unio em 29 de Agosto de 2008 ,

    proibiu at mesmo uma prtica comum entre os polticos, o nepotismo cruzado 1.

    Porm, mesmo aps publicao da sumula, os escndalos envolvendo prticas

    nepticas frequentemente so destaque nos principais meios de comunicao por

    todo pas.

    2.5. A MERITOCRACIA NA PRTICA

    Anualmente, a revista Exame em parceria com a revista Voc S/A, realiza

    uma pesquisa com o intuito de verificar e classificar as melhores empresas para se

    trabalhar. Para tanto, realiza uma pesquisa com os funcionrios destas empresas,

    onde estas so classificadas quanto s suas praticas e polticas de recursos

    humanos como: salrios, ambiente organizacional, benefcios, planos de carreira e

    possibilidade de realizao profissional.

    Analisando o resultado desta pesquisa, pode-se observar que nas empresas

    melhor classificadas, h uma poltica muito clara de reconhecimento das

    necessidades de seus funcionrios, bem como a de reconhecimento dos esforos decada colaborador. Outro ponto importante a ser destacado, a forma como estas

    empresas enxergam seus profissionais. Em geral, so tratados como colaboradores

    ou parceiros. Independentemente da nomenclatura, h sempre muito respeito, ao

    1Em geral, polticos e ou ocupantes de cargo pblico, para burlar a lei anti-nepotispo, firma

    um acordo de cavalheiros, onde um emprega o parente do outro. Exemplo: O Ministro da

    Fazenda contrata o filho do Ministro da Reforma Agrria, e este emprega a esposa doministro da fazenda.

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    contrrio de outras empresas, que tratam seus funcionrios apenas como mais um

    dos recursos necessrios, como mo de obra direta ou indireta.

    Como resultado deste trabalho, estas empresas figuram como as mais

    eficientes e mais lucrativas do mercado. Dentre as empresas que fazem a diferena

    e so exemplos de meritocracia no mercado, destacam-se: a Ambev, a Accenture, a

    ArcelorMittal, a BV Financeira, a GE, a HP, a IBM, a KPMG, o Serasa e a Unilever.

    De acordo com a edio especial de 2007 da revistas Voc S/A, 150

    melhores empresas para voc trabalhar, para se transformar a meritocracia em

    realidade preciso:

    Uma comunicao clara o meio mais eficaz de acabar com o mal-estar que as pessoas costumam sentir quando so preteridas em uma promoo ou

    em alguma deciso que tenha impacto meritocrtico.

    Adotar uma avaliao de desempenho eficiente. Para que a avaliao

    seja mais justa, todos os funcionrios tm que ter um conselheiro, que escolhido

    por eles e deve estar acima da hierarquia, como faz a Accenture e a KPMG.

    Avaliao deve ser feita pelos lderes com quem as pessoas trabalham e tambm

    por seu conselheiro.

    Basear o feedback individual em fatos e nmeros, como ocorre na

    Ambev. As metas devem se desdobradas para que a de cada funcionrio esteja

    atrelada dos outros.

    Garantir que o recrutamento interno funcione.

    A exemplo das empresas privadas o STJ Supremo Tribunal de Justia, tem

    demonstrado uma forte preocupao com o bem estar de seus funcionrios, e para

    isso tem buscado, dentro da lei, formas de estimul-los, com a elaborao de

    polticas e aes bem elaboradas como a divulgao de recrutamento interno via

    intranet.

    Mesmo ainda muito tmidas, diversas mudanas tem acontecido no setor

    pblico. Empresas de consultoria como a de Vicente Falconi, tem adquirido espao e

    grande respeito tanto de empresrios da iniciativa privada como de governantes, e a

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    implementao de algumas mudanas que tem revertido quadros desastrosos na

    gesto financeira pblica.

    Em uma experincia mpar na gesto pblica brasileira, a partir de 2005, a

    prefeitura de Porto Alegre adotou um novo Modelo de Gesto para permitir a

    integrao e a unidade da administrao, reunindo esforos para qualificar a

    prestao de servios pblicos, modernizar a mquina administrativa, melhorar a

    situao das finanas municipais e otimizar a aplicao dos recursos. Um modelo

    que preserva conquistas da cidade, como a participao democrtica por meio do

    Oramento Participativo, mas promove mudanas como o programa de Governana

    Solidria Local, que articula a integrao entre o governo e a sociedade em favor da

    incluso social. O Modelo de Gesto da Prefeitura de Porto Alegre considerado

    inovador e referncia para instituies pblicas de todo o pas. No incio de 2009, o

    Modelo foi revisado e os 21 programas estratgicos tiveram suas aes

    concentradas em 12 programas. (Prefeitura de Porto Alegre)

    Para isso a prefeitura de Porto Alegre, lanou uma espcie de competio.

    Nesta, 131 servidores foram inscritos. Estes participaram de cursos de capacitao

    em gesto. Aps esta capacitao, todos foram submetidos a uma srie de provas e

    entrevistas, nas quais foram avaliados segundo o desempenho frente de

    programas que lideravam, por uma comisso formada por representantes do

    Movimento Brasil Competitivo, do Programa Gacho de Qualidade e Produtividade e

    da faculdade ESPM. Como prmio, os 15 primeiros colocados ganharam um curso

    de duas semanas na Universidade George Washington, e os 20 seguintes

    participaram de um congresso de gesto pblica em Braslia.

    Como resultado desta experincia, a Prefeitura de Porto Alegre teve uma

    virada em suas contas, tirando assim as suas finanas do vermelho, conforme

    grfico apresentado.

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    Segundo a Prefeitura de Porto Alegre, isto proporcionou um resgate de sua

    credibilidade financeira e de sua capacidade de investimentos. Alm disso, houveainda um aumento significativo na arrecadao tributria do municpio, conforme

    grfico abaixo.

    fonte: Prefeitura de Porto Alegre

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    Um outro nmero relevante obtido graas profissionalizao dos servidores,

    foi a desburocratizao para a emisso dos alvars de funcionamento das

    empresas, que passou a ser emitido na hora, ao contrrio de outros municpios onde

    a demora permanece.

    fonte: Prefeitura de Porto Alegre

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    3. INSTRUMENTO DIAGNTICO

    Este captulo, tem como objetivo apresentar o instrumento diagnstico,

    esclarecer e justificar os critrios utilizados para a escolha das questes, do pblico

    alvo e da metodologia utilizada na realizao desta pesquisa.

    Diante da problemtica apresentada - Quais os fatores determinam a

    utilizao da Meritocracia na Gesto Pblica na Regio Oeste da Grande So

    Paulo? - e de suas possveis hipteses 1. Falta de conhecimento tcnico dos

    gestores pblicos; 2. Problemas relacionados poltica; 3. Entraves legais

    utilizao deste sistema. Atravs da pesquisa de campo, buscou-se verificar o que

    acontece de fato na gesto pblica da Regio Oeste da Grande So Paulo.

    Finalizando este captulo, sero apresentados os dados obtidos e uma breve

    discusso sobre os resultados obtidos atravs da pesquisa.

    3.1. APRESENTAO DO INSTRUMENTO DIAGNSTICO

    O instrumento diagnstico utilizado nesta pesquisa, constitudo de um

    questionrio, que em sua primeira parte visa verificar o perfil do entrevistado e em

    um segundo momento, verificar se os entrevistados conhecem os sistemas e as

    prticas meritocrticas e se j tiveram algum contato com este tipo de sitema.

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    PESQUISA DE CAMPO: OS RECURSOS HUMANOS NA GESTO PBLICA

    Idade:_________ Sexo: (00) Masculino (00) Feminino

    Formao:___________________________________________________________

    Nome da Instituio:___________________________________________________

    Ano de Formao:_____________________________________________________

    1. H quanto tempo o(a) sr.(a) trabalha na administrao pblica? ___________

    2. O (A) sr.(a) j trabalhou na iniciativa privada? Quanto tempo? ____________

    3. Como o (a) sr.(a) avalia a contratao do servidor pblico atravs de concursopblico?

    (00) timo (00) Bom (00) Regular (00) Ruim

    4. Para o(a) sr.(a), qual o grau de importncia do plano de carreiras dentro deuma organizao?

    (00) Muito importante (00) Importante (00) Regular (00) Pouco importante

    5. Para o(a) sr.(a), qual importncia do sistema de avaliao de desempenho doservidor pblico?

    (00) Muito importante (00) Importante (00) Regular (00) Pouco importante

    6. Que fator o(a) sr.(a) acredita que mais contribua para a acomodao doservidor pblico?

    (00) Estabilidade (00) Salrios (00) Ambiente organizacional

    (00) Outros______________________________________________________

    7. Como o(a) sr.(a) avalia o desempenho do servidor pblico no Brasil?

    (00) timo (00) Bom (00) Regular (00) Ruim

    8. Em seu ponto de vista, h alguma ferramenta de gesto de pessoas quepossa estimular o servidor pblico a produzir mais e melhor, a exemplo da iniciativaprivada? Qual?_______________________________________________________

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    9. O(A) sr.(a) acredita que um sistema eficaz de recompensas pode melhorar odesempenho dos funcionrios?

    (00) Sim (00) No

    10. O(A) sr.(a) j teve contato com algum sistema meritocrtico?

    (00) Sim (00) No

    10.1 Como o(a) sr.(a), avalia os sistemas meritocrticos?

    (00) timo (00) Bom (00) Regular (00) Ruim

    11. O (A) sr.(a) participou de algum curso nos ltimos cinco anos?

    (00) Curso de extenso (00) MBA/ Especializao (00) Mestrado

    (00) Doutorado (00) Outros_________________________________________

    11.1. Quem Promoveu o curso?______________________________________________________________

    12. Quais peridicos / revistas o (a) sr. (a) l comfreqncia?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    13. Ao longo da histria da administrao pblica brasileira, foram lanadasvrias propostas de reforma administrativa, a fim de melhorar o funcionalismopblico. Tem alguma que tenha chamado a sua ateno?Qual?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    14. Recentemente, a revista Exame, publicou uma matria criticando o rigor dalegislao brasileira, alegando que todo este rigor impede o desenvolvimento doBrasil. Diante disso, como o (a) sr.(a) avalia a lei do nepotismo, esta lei ajuda outrata-se de mais uma prova de que a legislao brasileira cria mais dificuldades, issoquando no impede, o desenvolvimento doBrasil?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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    3.2. JUSTIFICATIVA DAS QUESTES DO INSTRUMENTO DIAGNSTICO

    As questes 1 e 2, tm por objetivo verificar a experincia profissionaldo entrevistado, tanto na rea pblica quanto na privada.

    As questes 3 e 14, tm por objetivo verificar se o entrevistado

    apresenta traos do ideal patrimonialista, e foram dispostas propositalmente em

    momentos distintos do questionrio a fim de verificar possveis contradies.

    As questes 4 9, tm por objetivo verificar a avaliao que

    entrevistado faz do servidor pblico, em geral, bem como verificar se o mesmo

    acredita que polticas de incentivos podem melhorar o desempenho dos servidores,

    e verificar tambm se valoriza o mrito individual.

    As questes 10, 10.1 e 13, tm por objetivo verificar se o entrevistado

    conhece de fato os sistemas meritocrticos.

    As questes 11, 11.1 e 12, tm por objetivo, verificar se os

    entrevistados mantm-se atualizado.

    3.3. PBLICO ALVO

    A presente pesquisa teve como pblico alvo os secretrios de administrao e

    chefes ou encarregados pelo setor de recursos humanos dos municpios de Regio

    Oeste da Grande So Paulo.

    Os municpios que compem a regio so: Barueri, Cotia, Embu das Artes,

    Embu Guau, Itapecerica da Serra, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom

    Jesus, Santana de Parnaba, Taboo da Serra e Vargem Grande Paulista. (Cmara

    Setorial de Segurana Municipal da Regio Oeste da Grande So Paulo)

    Com a presente pesquisa no foi entrevistar os representantes de todos os

    municpios da regio, pois alguns recusaram-se a participar, por motivos diversos.

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    3.4. RESULTADO DA PESQUISA

    A pesquisa apresentou os seguintes resultados:Dos entrevistados:

    17 % so mulheres e 83 % homens e tem mdia, 46 anos de idade;

    83%

    17%

    HomensMulheres

    Todos tm formao superior, porm, apenas 33,3 % so formados em

    administrao ou recursos humanos. Os demais so formados em outras reas

    como: direito, histria, matemtica; (Todos formaram-se em instituies particulares)

    FORMAO DOS ENTREVISTADOS

    33%

    77%

    Administrao

    Outras

    Observa-se que apenas uma pequena minoria dos entrevistados tem

    formao em administrao, como era esperado para o cargo que ocupam o que

    no significa que os demais no tenham qualificao para atuarem como

    administradores. Porm, apresentam em mdia, aproximadamente 16 anos de

    experincia na rea;

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    83% avaliam o desempenho do servidor pblico como bom ou timo e

    17% como regular;

    AVALIAO DO SERVIDOR PBLICO

    83%

    17%

    Bom / timo

    Regular

    Todos acreditam que o fator que mais contribui para a acomodao do

    servidor a estabilidade.

    Quando questionados sobre a melhor ferramenta de gesto de

    pessoas para estimular o servidor a produzir mais e melhor, 50% mencionaram

    treinamentos e cursos de capacitao, 16,66% plano de carreira, 16,66% avaliaesperidicas atrelada a incentivos aos que tiverem bom desempenho e 16,66%

    controle de qualidade do servio pblico. Para apenas 16,66% dos entrevistados o

    sistema de recompensas eficaz; (Para maioria, a recompensa esta atrelada a

    dinheiro)

    FERRAMENTA DE GESTO

    50,00%

    16,66%

    16,66%

    16,66%

    Capacitao /Treinamentos

    Planos de Carreira

    Incentivos

    Controle de Qualidadedos Servios

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    Observa-se que todos apresentaram grande preocupao com o fator

    motivacional. Apesar de apresentarem pontos de vista diferentes, todos acreditam

    que o profissional motivado pode produzir mais e melhor. Todos avaliam o plano de

    carreira dentro de uma organizao, como uma prtica muito importante ou

    importante;

    60% dos entrevistados desconhecem sistemas meritocrticos;

    MERITOCRACIA

    40%

    60%

    Conhecem

    Desconhecem

    Dos entrevistados que conhecem este sistema, 20% o avaliam como bom e

    20% como regular;

    Apenas 33.33% participou de curso fora da organizao, 50%

    participaram de cursos de capacitao interno e 16,66% alega no ter feito qualquer

    curso de aperfeioamento;

    Participao de Cursos de Atualizao /Hbitos de leitura

    33,33%

    50%

    16,66%

    Cursos Externos / Tm oHbito de Ler e

    Mencionaram sua Fontes

    Cursos Internos / Tm oHbito de ler, mas nosouberam Mencionarsuas Fontes

    No Partciparam / NoTm o Hbito de Ler

    Quando questionados sobre a freqncia de leitura, apenas 50%

    mencionaram os peridicos que tem o hbito de ler, 33,33% apenas mencionaram

    ter o hbito de ler (no mencionaram o tipo de peridico) e 16,67% no tm o hbito

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    de ler. Todos mencionaram no lembrar-se de qualquer reforma administrativa na

    gesto pblica brasileira;

    83,33% avaliam a lei do nepotismo como boa ou muito boa e 16,67%

    como regular por apresentar falhas;

    Avaliao da Lei do Nepotismo

    83,33%

    16,67%

    Boa / Muito BoaRegular

    Praticamente todos os entrevistados responderam que a lei do nepotismo

    uma lei boa, pois, ajuda a aumentar a transparncia do servio pblico, impedindo,ao menos em parte, o favorecimento ou patrimonialismo. Boa parte dos

    entrevistados, indiretamente, alegou haver uma certa dificuldade em separar a

    poltica da administrao. Alguns alegaram ainda, que graas a esta lei foi possvel

    afastar do servio pblico alguns funcionrios ligados polticos.

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    4. CONSIDERAES FINAIS

    Atravs da realizao da presente pesquisa, foi possvel atingir um

    aprofundamento terico sobre a gesto pblica ao longo da histria e conhecer

    melhor as causas ou as possveis falhas que impediram a implementao da

    meritocracia na administrao pblica brasileira, alm de verificar o grau de

    conhecimento dos gestores pblicos da regio oeste da grande So Paulo a respeito

    de sistemas meritocrticos, suas opinies e crticas. Foi possvel ainda, saber se

    estes gestores j haviam tido algum contato prtico com este tipo de sistema e quaisos resultados apurados nestas experincias.

    Comearemos analisando a primeira hiptese: Falta de conhecimento tcnico

    dos gestores pblicos.

    Analisando os resultados obtidos atravs da pesquisa bibliogrfica, pde-se

    constatar que no h duvida de que todos querem ter seu mrito reconhecido

    publicamente, porm, a grande questo sempre foi como avaliar o mrito individual,

    sem causar polmica e constrangimentos. Problema este, agravado pela falta de

    conhecimento de grande parte dos entrevistados a respeito deste sistema, conforme

    verificou-se atravs dos resultados obtidos na pesquisa de campo.

    Na pesquisa bibliogrfica, observou-se tambm que o favorecimento na

    contratao de servidores pblicos uma prtica comum desde a colonizao do

    Brasil, pratica esta que vem sendo combatida ao longo dos anos, mas que ainda

    gera conflitos. Haja vista a polmica em torno da resoluo a respeito do nepotismo,

    publicada em 2008.

    Atravs da pesquisa de campo, pde-se verificar que a maioria dos

    entrevistados no tem formao na rea. Porm, no h como afirmar que estes

    gestores no tm o conhecimento tcnico adequado para exercer a funo, mas a

    falta de formao na rea de atuao, gera uma certa dvida quanto competncia

    de alguns destes profissionais e principalmente quanto critrios utilizados em suas

    contrataes.

    A segunda hiptese: Problemas relacionados poltica.

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    De acordo com Faoro, desde a sua formao, a administrao pblica

    brasileira no tem sido estruturada de forma tcnica, ou seja, desde o incio

    prevaleceu o patrimonialismo. Como pudemos verificar em seu texto, ocupavam

    cargos, os homens do servio privado e protegidos de D Joo.

    Segundo Bresser Pereira, somente ocorrer uma reforma administrativa de

    fato, quando ocorrer uma separao da poltica e da administrao.

    Observando a polmica em torno da lei contra o nepotismo descritos na

    pesquisa bibliogrfica e a contratao de profissionais de competncia duvidosa,

    atravs de processos seletivos tambm duvidosos observados na pesquisa de

    campo, pode-se concluir que as prticas patrimonialistas e as nepticas ainda se

    fazem presente na administrao pblica. O que faz com que desempenho da

    administrao pblica brasileira, tenha resultados negativos e gere tamanho

    descontentamento da populao.

    Como terceira hiptese foram apontados: Entraves legais utilizao deste

    sistema

    Apesar das inmeras crticas extrema burocracia da administrao pblica,

    quando trata-se de contratao do servidor pblico, no foi percebido na bibliografialida e to pouco durante a pesquisa de campo. Ao contrrio, pudemos perceber que

    os entrevistados quando questionados sobre a lei do nepotismo, todos

    argumentaram que a lei do nepotismo ajudou a dar mais transparncia e a eliminar

    alguns funcionrios ligados polticos. Portanto, pode-se perceber que no h

    entraves legais, ao menos nada muito relevante, atravacando a administrao de

    recursos humanos na administrao pblica.

    Analisando os resultados obtidos atravs do presente estudo, conclui-se queo grande problema da administrao pblica atual o mesmo desde a sua

    formao, o patrimonialismo, a confuso ou a apropriao indbta do bem pblico e

    o uso da mquima pblica para fins particulares. Problema este, que vem causando

    grandes prejuzos e atravancando o desenvolvimento do pas. Observou-se que

    algumas propostas de modernizao da administrao pblica foram barradas

    puramente por questes polticas, como as propostas feitas por Bresser Pereira no

    governo. Infelismente ainda no possvel separar a poltica da administrao, pois,

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    nossos polticos brasileiros, ainda se esquecem do seu dever maior, que o de

    governar e trabalhar pelo povo.

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    REFERNCIAS

    Barbosa, L. Igualdade e meritocracia: A tica do desempenho nas sociedadesmodernas. 4 ed. Rio de Janeiro: Editora FVG, 2003.

    ____Meritocracia brasileira: o que desempenho no Brasil? Revista do Servio

    Pblico, 47(3), dezembro 1996: 58-102.

    MARTINS, Humberto F. A tica do patrimonialismo e a modernizao da

    administrao pblica brasileira. In:Mota, Fernando C. Prestes; CALDAS, Miguel P.

    (org). Cultura organizacional e cultura brasileira. So Paulo: Atlas, 2007.

    Bergamini, Ceclia W. Psicologia aplicada administrao de empresas: Psicologia

    do comportamento organizacional. 4 ed. So Paulo: Atlas, 2008.

    ____Chiavenato, Idalberto. Introduo teoria geral da administrao das

    organizaes. 7 ed. Ver. E atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

    PORTO ALEGRE. Prefeitura. Projeto de modernizao da gesto pblica. (on-line)

    Disponvel:http://www.google.com/custom?domains=www.portoalegre.rs.gov.br%2F

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    oalegre.rs.gov.br%3BLW%3A761LH%3A80%3B&q=Projeto+de+Moderniza%E7%E3

    o&btnG.x=10&btnG.y=6 (12 de maio de 2009 s 15:00)

    NOGUEIRA, Jos M. M.; OLIVEIRA. LeonelG. L.; PINTO, Francisco R. A

    meritocracia no setor pblico: uma anlise do plano de cargos e carreiras do poder

    judicrio cearense. (on-line) Disponvel:

    www.administradores.com.br/.../a_meritocracia_no_setor_publico_uma_analise_do_plano_de_cargos_e_carreiras_do_poder_judiciario_cearense (12 de maio de 2009

    s 16:50)

    ABRUCIO, Fernando Luiz. Trajetria recente da gesto pblica brasileira: um

    balano crtico e a renovao da agenda de reformas. Rev. Adm. Pblica, Rio de

    Janeiro, v. 41, n. spe, 2007. (on-line) Disponvel:

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci arttext&pid=S0034-76122007000700005

    http://www.administradores.com.br/.../a_meritocracia_no_setor_publico_uma_analise_do_plano_de_cargos_e_carreiras_do_poder_judiciario_cearensehttp://www.administradores.com.br/.../a_meritocracia_no_setor_publico_uma_analise_do_plano_de_cargos_e_carreiras_do_poder_judiciario_cearensehttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122007000700005http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122007000700005http://www.administradores.com.br/.../a_meritocracia_no_setor_publico_uma_analise_do_plano_de_cargos_e_carreiras_do_poder_judiciario_cearensehttp://www.administradores.com.br/.../a_meritocracia_no_setor_publico_uma_analise_do_plano_de_cargos_e_carreiras_do_poder_judiciario_cearense