resolução comentada - fgv-sp 2007 - curso objetivo...jeto constitucional liberal...

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O O B B J J E E T T I I V V O O F F G G V V - - D D i i r r e e i i t t o o ( ( 1 1 ª ª f f a a s s e e ) ) - - N N o o v v e e m m b b r r o o / / 2 2 0 0 0 0 6 6 G G E E O O G G R R A A F F I I A A Questão A A China, quarta economia do mundo, segundo os dados do Banco Mundial, é considerada uma “economia socialista de mercado”. Sua abertura econômica teve início no final dos anos de 1970, através de um conjun- to de medidas que geraram, gradativamente, uma inte- gração entre a economia chinesa e empresas e países capitalistas. A.a) Quais as características gerais do processo de abertura da economia chinesa? (1) A.b) Explique os principais atrativos da economia chi- nesa para os investidores estrangeiros. (2) Resolução A.a)Iniciado na segunda metade da década de 1970, o processo de abertura da economia chinesa só foi possível graças à introdução de práticas capitalistas no país, que antevia o fracasso na manutenção da orientação socialista da produção. A introdução des- sas práticas não significaram a descentralização do poder, que continuou concentrado nas mãos do Es- tado monopartidário de orientação planificada, pas- sando a admitir uma economia mercantil planificada de restrito reconhecimento internacional. Outra característica dessa abertura foi sua limitação geográfica à faixa litorânea, ou seja, somente algu- mas cidades foram escolhidas para que nelas fos- sem criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs). Tais zonas permitiram a inversão de capital externo na utilização da mão-de-obra local e copia- ram o modelo adotado primordialmente pelo Japão e usado, posteriormente, pelos Tigres Asiáticos, onde se produz bens de consumo com vistas aos mercados externos. A partir desses princípios, o Estado, controlado pelo Partido Comunista Chinês, passa a determinar a linha econômica a ser seguida; dessa forma, a ini- ciativa privada dá seqüência ao processo produtivo. Com isso, a China vai se integrando cada vez mais ao mercado mundial. A.b)Presença de gigantesco mercado consumidor em processo de expansão; numerosa mão-de-obra qua- lificada, barata e disciplinada; infra-estrutura de transportes e energia com reduzidos custos opera- cionais; hidrovias, ferrovias, hidroeletricidade e ter- melétricas beneficiadas pelo carvão mineral, além do domínio da tecnologia nuclear e um menor rigor na legislação de controle ambiental.

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Page 1: Resolução Comentada - FGV-SP 2007 - Curso Objetivo...jeto constitucional liberal (“Constituição da Mandioca”), o qual limitava consideravelmente o poder do imperador. Este,

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GGGGEEEEOOOOGGGGRRRRAAAAFFFF IIIIAAAA

Questão A

A China, quarta economia do mundo, segundo os dadosdo Banco Mundial, é considerada uma “economiasocialista de mercado”. Sua abertura econômica teveinício no final dos anos de 1970, através de um conjun-to de medidas que geraram, gradativamente, uma inte-gração entre a economia chinesa e empresas e paísescapitalistas.A.a) Quais as características gerais do processo de

abertura da economia chinesa? (1)A.b) Explique os principais atrativos da economia chi-

nesa para os investidores estrangeiros. (2)

Resolução

A.a)Iniciado na segunda metade da década de 1970, oprocesso de abertura da economia chinesa só foipossível graças à introdução de práticas capitalistasno país, que antevia o fracasso na manutenção daorientação socialista da produção. A introdução des-sas práticas não significaram a descentralização dopoder, que continuou concentrado nas mãos do Es-tado monopartidário de orientação planificada, pas-sando a admitir uma economia mercantil planificadade restrito reconhecimento internacional.Outra característica dessa abertura foi sua limitaçãogeográfica à faixa litorânea, ou seja, somente algu-mas cidades foram escolhidas para que nelas fos-sem criadas as Zonas Econômicas Especiais(ZEEs). Tais zonas permitiram a inversão de capitalexterno na utilização da mão-de-obra local e copia-ram o modelo adotado primordialmente pelo Japãoe usado, posteriormente, pelos Tigres Asiáticos,onde se produz bens de consumo com vistas aosmercados externos.A partir desses princípios, o Estado, controlado peloPartido Comunista Chinês, passa a determinar alinha econômica a ser seguida; dessa forma, a ini-ciativa privada dá seqüência ao processo produtivo.Com isso, a China vai se integrando cada vez maisao mercado mundial.

A.b)Presença de gigantesco mercado consumidor emprocesso de expansão; numerosa mão-de-obra qua-lificada, barata e disciplinada; infra-estrutura detransportes e energia com reduzidos custos opera-cionais; hidrovias, ferrovias, hidroeletricidade e ter-melétricas beneficiadas pelo carvão mineral, alémdo domínio da tecnologia nuclear e um menor rigorna legislação de controle ambiental.

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Questão B

Observe as tabelas sobre as regiões metropolitanaspaulistas:

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.

Fonte: EMPLASA. Disponível em www.emplasa.sp.gov.br/Acessadoem 11/07/2006.

B.a)Os dados das tabelas expressam um fenômeno deordem geográfica. Qual é esse fenômeno? Expli-que a causa principal para a sua ocorrência. (3)

B.b)A cidade de São Paulo, em termos mundiais, é clas-sificada como Megacidade e Cidade Global. Definae diferencie esses conceitos, relacionando-os como contexto em que foram criados. (4)

Resolução

B.a)As duas tabelas demonstram as diferentes taxas decrescimento populacional, do número de empregosnos estabelecimentos industriais e do crescimentoou redução dos estabelecimentos industriais entretrês regiões metropolitanas do estado de SãoPaulo, evidenciando o fenômeno geográfico dedescentralização industrial na última década. Acausa principal desse fenômeno é a deterioraçãoda infra-estrutura da Região Metropolitana de SãoPaulo, acompanhada do encarecimento de suamanutenção e expansão mediante o aumento deimpostos e tarifas e, conseqüentemente, o encare-cimento dos processos produtivos nos velhos cen-tros industriais.Além disso, as regiões metropolitanas de Campi-nas e da Baixada Santista oferecem mão-de-obraqualificada mais barata, benefícios fiscais e imóveismais baratos, tornando-se fatores atrativos para osnovos empreendimentos.

53,0

7,2

1,8

56,1

6,1

1,5

43,9

7,5

2,4

48,6

6,7

2,0

RM São Paulo

RM Campinas

RM Baixada Santista

2000199020001990

EmpregosEstabelecimentos

Número de estabelecimentos e de

empregos no setor industrial

Participação das regiões metropolitanas em

relação ao estado de São Paulo (em %)

3,061.476.8201.309.263Baixada Santista

2,792.338.1482.094.596Campinas

1,9017.878.70316.583.234São Paulo

Taxa de

crescimento

(em %)

20001996

População residenteRegiões

metropolitanas

paulistas

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B.b)Entende-se como Cidade Global uma cidade ouconjunto de cidades que apresentam grande capa-cidade de influência e polarização, sem necessaria-mente possuir uma população gigantesca, concen-trando atividades econômicas, financeiras e de ser-viços, ligadas a uma rede mundial de cidades queexercem papel semelhante, relacionando-se entresi. Trata-se de um conceito mais antigo, desen-volvido com base nas teorias das áreas polarizadas.As Cidades Globais ganharam destaque a partir doprocesso de globalização da economia (anos 1990). Já o conceito de Megacidade é mais recente eparte da conscientização de que o crescimentodesordenado das cidades do mundo subdesenvol-vido será uma questão premente no século XXI. AMegacidade é uma área urbana que superou apopulação de 10 milhões de habitantes, mas nãonecessariamente possui capacidade de influência epolarização. A maioria das cidades nessas circuns-tâncias surgiram nos países subdesenvolvidos apartir da última década do século XX.

Questão C

Observe o mapa abaixo sobre os grandes fluxos migra-tórios no Brasil a partir de 1950.

FONTE: BOLIGIAN & ALVES. Geografia. Espaço e Vivência. SãoPaulo: Atual, 2004. p. 402.

Caracterize os fluxos numerados de 1 a 4, indicando:C.a) Áreas envolvidas e década de início do fluxo. (5)C.b) Fator principal para ocorrência do fluxo migratório. (6)

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Resolução

C.a)Fluxo 1 – iniciado na década de 1950: do Nordeste,especificamente Zona da Mata e Sertão, para oSudeste, principalmente o eixo São Paulo – Rio deJaneiro.Fluxo 2 – iniciado na década de 1960: do Nordeste,das tradicionais áreas de repulsão do Sertão, para aAmazônia, as áreas de implantação de grandes pro-jetos agropecuários e minerais.Fluxo 3 – iniciado na década de 1970: do Nordestee Sudeste, principalmente o interior de MinasGerais, para o Centro-Oeste.Fluxo 4 – iniciado na década de 1980: do Sul eSudeste para o Norte e Centro-Oeste.

C.b)Como fatores de repulsão dos fluxos que partemdo Nordeste destacam-se a estrutura fundiáriaarcaica, a estrutura econômica pouco desenvolvida,e, secundariamente, problemas relativos ao quadronatural, como, por exemplo, as prolongadas estia-gens. Como fatores de atração destacam-se o Fluxo 1:grande crescimento da industrialização no eixo SãoPaulo – Rio de Janeiro; o Fluxo 2: a implantação deprojetos agropecuários e minerais, decorrência deum processo de colonização dirigido, como oPrograma de Integração Nacional; o Fluxo 3: pro-cesso de colonização do Centro-Oeste devido àexpansão da atividade agropecuária.O Fluxo 4 deveu-se à modernização da atividadeagrícola na Região Sul, à mecanização, à concentra-ção fundiária e à minifundização de áreas coloniais.O fator atrativo para a região Amazônica e Centro-Oeste foi a expansão da fronteira agrícola.

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HHHHIIIISSSSTTTTÓÓÓÓRRRRIIIIAAAA

Questão A

Jean Baptiste Debret, “Sagração de D. Pedro imperador do Brasil”.[Fonte: Debret, “Viagem pitoresca e histórica”]

Murilo La Greca, “Execução de Frei Caneca”.

[Fonte: Saga: a grande história do Brasil]

Texto I“Havendo esta Assembléia perjurado ao tão solenejuramento, que prestou à Nação, de defender a integri-dade do Império, sua independência e a minha dinastia:hei por bem, como imperador e defensor perpétuo doBrasil, dissolver a mesma Assembléia e convocar umaoutra [...] a qual deverá trabalhar o projeto deConstituição que eu hei de em breve apresentar.”

[Decreto de D.Pedro I, de 12 de novembro de 1823.]

Texto II “O poder Moderador [...] é a chave mestra da opressãoda nação brasileira e o garrote mais forte da liberdadedos povos. Por ele o imperador pode dissolver aCâmara dos deputados, que é a representante do povo,ficando sempre no gozo dos seus direitos o Senado,que é o representante dos protegidos do Imperador.Esta monstruosa desigualdade [...] dá ao imperador opoder de mudar a seu bel-prazer os deputados que eleentender que se opõem a seus interesses pessoais.”

[Manifesto de Frei Caneca contra a Constituição de 1824.]

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Na história do Brasil, como na de tantos países, váriosgolpes de força ocorreram em determinados momen-tos da vida política. Nesta questão vamos tratar de umdesses momentos.Observe as pinturas, leia os textos e responda as ques-tões.A.a) Explique as principais razões dos conflitos entre a

Assembléia constituinte e D. Pedro I. (1)A.b) Quais os principais objetivos do movimento rela-

cionado ao Manifesto de Frei Caneca. (2)A.c) Na Constituição, que passou a vigorar a partir de

1824, explique como foram tratados os seguintestemas: organização dos poderes, direito de voto eorganização do trabalho. (3)

Resolução

A.a) A Assembléia Constituinte era formada sobretudopor representantes da elite agrária e tinha um pro-jeto constitucional liberal (“Constituição daMandioca”), o qual limitava consideravelmente opoder do imperador. Este, por sua vez, tinha umatendência autoritária, devido a sua formação abso-lutista, e, apoiando-se sobretudo em elementos deorigem portuguesa, pretendia criar umaConstituição que fortalecesse seu poder comomonarca.

A.b) Trata-se da Confederação do Equador, eclodida emPernambuco em 1824. Seu principal objetivo eracriar no Nordeste uma República independenteque tivesse, como características básicas, o libera-lismo, o federalismo e o antilusitanismo.

A.c) Organização dos poderes: quadripartição entre oPoder Executivo (Conselho de Ministros), oLegislativo (Senado e Câmara dos Deputados), oJudiciário (juízes e tribunais) e o Moderador (priva-tivo do imperador). Direito de voto: voto censitário,compreendendo dois níveis de eleitores.Organização do trabalho: manutenção do trabalhoescravo.

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Questão B

Holbein, “Retrato de um mercador”. [Fonte: Pinacoteca de losgenios, lâmina VIII]

Durer, “O cavaleiro e a morte”. (xilogravura) [Fonte: Du Moyen Ageaux Temps Modernes, páginas 136.]

A imagem na página anterior e a imagem acima foramcriadas no século XVI, na época do Renascimento, nosestados em que se dividia a Alemanha. Depois deobservá-las, em termos gerais e nos seus detalhes, res-ponda as questões.

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B.a) Utilizando elementos das duas imagens, expliquepor que uma das pinturas é representativa do declí-nio da Idade Média e a outra representa o iníciodos Tempos Modernos. (4)

B.b) Em relação à Idade Média, que mudanças ocorre-ram durante o Renascimento nas formas de pen-sar o corpo humano, o prazer, o lucro, a usura e aciência? (5)

B.c) Durante o século XVI, o Renascimento, principal-mente na Itália, entrou em declínio. Explique asrazões desse processo, relacionando-as ao desen-volvimento da Reforma (protestante e católica) e ànova economia criada pelas navegações oceâni-cas. (6)

Resolução

B.a) “O Cavaleiro e a Morte” mostra um representanteda nobreza feudal, cujo enfraquecimento é umadas características do declínio da Idade Média. Já“Retrato de um Mercador” apresenta-nos ummembro da burguesia, classe social cuja ascensãoeconômica é uma das marcas do início dosTempos Modernos.

B.b) No Renascimento, o corpo humano passou a serconsiderado belo e, portanto, digno de ser repre-sentado em sua nudez; o prazer passou a ser valo-rizado (hedonismo), em contraposição ao ascetis-mo prevalecente na Idade Média; o lucro e a usurapassaram a ser aceitos como práticas econômicascorrentes, sobrepondo-se à idéia de “justo preço”vigente na Idade Média; e a ciência passou a serfundamentada no experimentalismo, no raciona-lismo, no espírito crítico e na investigação dosfenômenos da Natureza, deixando de lado o dog-matismo e o misticismo que impregnavam a ciên-cia medieval.

B.c) No plano intelectual, o Renascimento foi prejudi-cado pela Reforma e pela Contra-Reforma, poisambas reafirmaram valores e atitudes como o mis-ticismo, o dogmatismo e a intolerância, em detri-mento do naturalismo, do racionalismo e da liber-dade de criação enfatizados pelos renascentistas.No plano econômico, as navegações oceânicasdeslocaram o eixo comercial europeu doMediterrâneo para o Atlântico — o que enfraque-ceu as cidades italianas, principais centros da cul-tura renascentista.

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Questão C

A política mundial, nos anos trinta, resultou na SegundaGrande Guerra (1939-1945), que nos seus primeirosanos envolveu principalmente Alemanha, França e Grã-Bretanha. O envolvimento de outras potências comoUnião Soviética, Japão e Estados Unidos, e de paísescomo o Brasil, ocorreu depois. Essa política mundial foiacompanhada, na época, com muita sabedoria e bomhumor, pelo grande caricaturista brasileiro Belmonte.Depois de observar as caricaturas sobre as liderançasdas potências e sobre o governante do Brasil, respondaas questões.

Belmonte, “Hitler e Stalin”. [Fonte: “Caricatura dos tempos”, página56.]

Belmonte, Roosevelt como Hamlet: “To go or not to go?...”. [Fonte:“Caricatura dos tempos”, página 43.]

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Belmonte, “Getúlio e Juca Pato vão à guerra”. [Fonte: “Caricaturados tempos”, página 73.]

C.a) Explique a política seguida pela União Soviética emrelação à Alemanha nazista, a partir de 1939, e osresultados dessa política. (7)

C.b) Que tendência da política externa norte-americana,adotada depois da Primeira Grande Guerra, e pre-dominante nos anos trinta, alimentou as indeci-sões do presidente Roosevelt? De que formaessas indecisões foram definitivamente supera-das? (8)

C.c) Descreva a posição política da ditadura do EstadoNovo (1937-1945) em relação ao nazi-fascismo nosprimeiros anos da Segunda Guerra e explique asrazões das mudanças ocorridas nessa posição. (9)

Resolução

C.a) Em 1939, com a assinatura do Pacto de Não-Agres-são Germano-Soviético (Molotov — Ribbentrop), aUnião Soviética manteve-se fora do conflito e,simultaneamente, encorajou Hitler a entrar emguerra com as potências ocidentais; ademais, aURSS anexou territórios como os Países Bálticos eparte da Polônia. A neutralidade soviética naSegunda Guerra Mundial desapareceu quando opaís foi invadido pela Alemanha, em 1941.

C.b) No Período Entre-Guerras, os Estados Unidos ado-taram uma postura isolacionista em relação aosproblemas políticos mundiais (excetuando-se asquestões relacionadas com a América Latina).Esse isolacionismo foi superado definitivamentequando os japoneses atacaram a base norte-ame-ricana de Pearl Harbor e os Estados Unidos entra-ram na Segunda Guerra Mundial.

C.c) Nos primeiros anos de guerra, Getúlio Vargas man-teve uma posição de neutralidade, tendo em vistaas afinidades ideológicas entre o Estado Novo e onazi-fascismo. Essa posição foi alterada em 1942,quando o Brasil declarou guerra ao Eixo. As causasde tal mudança foram as pressões norte-america-nas e sobretudo o torpedeamento de navios brasi-leiros por submarinos alemães.

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RRRRAAAACCCCIIIIOOOOCCCCÍÍÍÍNNNNIIIIOOOO LLLLÓÓÓÓGGGGIIIICCCCOOOO----MMMMAAAATTTTEEEEMMMMÁÁÁÁTTTT IIIICCCCOOOO

Questão A

A Internet está cada vez mais presente na vida dos bra-sileiros, tanto em casa quanto no trabalho, escolas elocais públicos de acesso. O IBOPE//NetRatings tempesquisado a quantidade de internautas, o tempo queeles ficam conectados e seu comportamento.

A.a)Em relatório divulgado no dia 24/11/2005, oIBOPE//NetRatings revelou que 32,1 milhões debrasileiros, de uma população de 180 milhões,acessam a internet em casa, no trabalho, em ciber-cafés ou telecentros. Qual porcentagem da popula-ção não acessava a internet na época em que foidesenvolvida a pesquisa? (1)Apresente a resposta da questão acima utilizandoduas casas decimais.

A.b)O gráfico abaixo, publicado na edição 1964 de 12de julho de 2006 da Revista Veja, apresenta onúmero de pessoas com conexão de internet emcasa, no período de janeiro de 2005 a maio de2006. Considerando-se que o total da populaçãomantém-se em 180 milhões nesse intervalo detempo, responda:

Fonte: Ibope // NetRatings

A.b.1) No período de janeiro de 2005 a janeiro de 2006,qual foi a variação percentual do número de bra-sileiros com conexão de internet em casa? (2)

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A.b.2) Qual o percentual de brasileiros que tinhamconexão de internet de banda estreita em casaem setembro de 2005? (3)

A.b.3) O que tem ocorrido com o percentual de cone-xão de internet de banda larga e de banda estrei-ta nos domicílios brasileiros no período de janei-ro de 2005 a maio de 2006? (4)

Apresente as respostas das questões acima utilizandoduas casas decimais.

Resolução

A.a)Em 24/11/2005, não acessavam a Internet 180 – 32,1 = 147,9 milhões de brasileiros, que, numapopulação de 180 milhões, correspondem a uma por-centagem de 82,17%, pois

. 0,8217 = 82,17%

A.b.1) De janeiro de 2005 a janeiro de 2006, a variaçãopercentual do número de brasileiros com conexão deInternet em casa foi:

= 13,20%

b.2) Em setembro de 2005, tinham conexão de Internetde banda estreita em casa

39% . 11,9 milhões . 4,64 milhões, correspondendo a

. 0,0258 = 2,58% da população.

b.3) As tabelas seguintes mostram o número de brasi-leiros, e o correspondente porcentual, que, em casa,utilizam banda larga e banda estreita, no período consi-derado.

Com base nos resultados das tabelas, conclui-se que oporcentual de usuários de banda larga vem crescendosignificativamente (aproximadamente 66,7% no perío-do) e o porcentual de usuários de banda estreitaapresentou uma queda menos significativa (19,4% noperíodo).

% dapop.

2,89

2,88

2,58

2,42

2,33

Usuários de banda estreitaem milhões de habitantes

49,1% . 10,6 = 5,20

45,1% . 11,5 = 5,19

39% . 11,9 = 4,64

36,3% . 12 = 4,36

31,8% . 13,2 = 4,20

janeiro/05

maio/05

setembro/05

janeiro/06

maio/06

% dapop.

3,00

3,51

4,03

4,25

5,00

Usuários de banda larga emmilhões de habitantes

50,9% . 10,6 = 5,40

54,9% . 11,5 = 6,31

61% . 11,9 = 7,26

63,7% . 12 = 7,64

68,2% . 13,2 = 9,00

janeiro/05

maio/05

setembro/05

janeiro/06

maio/06

4,64 milhões––––––––––––––

180 milhões

(12 – 10,6) milhões––––––––––––––––––––

10,6 milhões

147,9 milhões––––––––––––––

180 milhões

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Questão B

João tem um capital aplicado em um fundo de rendafixa que rende 1% ao mês, com parte do qual pretendecomprar uma televisão de plasma, no valor de R$ 8.100,00, e tem três opções de pagamento:a) à vista, com 1% de desconto;b) em duas prestações mensais iguais, sem desconto,

vencendo a primeira um mês após a compra;c) em três prestações mensais iguais, sem desconto,

vencendo a primeira no ato da compra.Do ponto de vista financeiro, qual plano de pagamentoé mais vantajoso para João? Justifique sua resposta. (5)

Resolução

a) Preço à vista, com desconto de 1%:(1 – 1%) . 8100 = 8019

b) Em duas parcelas iguais, vencendo a primeira ummês após a compra:1) O valor de R$ 8019,00, que seria desembolsadopelo comprador, após um mês, valerá 1,01 . R$ 8019,00 = R$ 8099,192) Após pagar a primeira parcela, passará a ter R$ 8099,19 – R$ 4050,00 = R$ 4049,193) Dois meses após a compra, ele terá 1,01 . R$ 4049,19 = R$ 4089,684) Após pagar a segunda parcela, terá R$ 4089,68 – R$ 4050,00 = R$ 39,68

c) Em três parcelas iguais, sem desconto, vencendo aprimeira no ato da compra:1) Cada uma das três parcelas terá valor R$ 8100,00 ÷ 3 = R$ 2700,002) O valor de R$ 8019,00 é o valor que seria desem-bolsado pelo comprador no ato da compra para paga-mento à vista.3) Após o primeiro pagamento, o comprador ficarácom R$ 8019,00 – R$ 2700,00 = R$ 5319,004) Valor atualizado, um mês após a compra:1,01 . R$ 5319,00 = R$ 5372,195) Valor após o segundo pagamento:R$ 5372,19 – R$ 2 700,00 = R$ 2 672,196) Valor atualizado, dois meses após a compra:1,01 . R$ 2 672,19 = R$ 2 698,917) Para pagar a terceira parcela, faltará R$ 1,09, pois2 698,81 – 2 700,00 = – 1,09

Conclusão

O plano mais vantajoso para João é o do item (b), poisnesse caso ele economizará, aproximadamente, R$ 40,00.

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Questão C

Um vidraceiro tem um pedaço de espelho, na forma deum triângulo retângulo cujos lados medem 60 cm, 80 cm e 1 m e quer recortar um espelho retangular cujotamanho seja o maior possível. Para ganhar tempo, elequer que dois dos lados do retângulo estejam sobre oslados do triângulo. Determine a medida dos lados doretângulo e a sua área. (6)

Resolução

Interpretando “retângulo maior possível” como sendoretângulo de maior área, temos:

Considerando x cm e y cm as medidas dos lados doretângulo ADEF, de área S cm2, e observando que ostriângulos ABC e DBE são semelhantes pelo critério(AA~), temos:

O vértice da parábola definida por ,

cujas raízes são 0 e 80, tem abscissa xv= = 40.

Para x = 40, resulta y = 30 e S = 1200.

Resposta: As medidas dos lados do retângulo são 40 cm e 30 cm e sua área é igual a 1200 cm2.

0 +80––––––

2

3S = x 1– –– x + 6024

3y = – ––– x + 60

4

3S = x 1– –– x + 6024

5x 60 – y–––– = –––––––80 60

S = x . y5

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AAAARRRRTTTTEEEESSSS VVVVIIIISSSSUUUUAAAAIIIISSSS EEEE LLLLIIII TTTTEEEERRRRAAAATTTTUUUURRRRAAAAQuestão A

Para responder a questão abaixo, leia, do romance deMachado de Assis, o início do segundo capítulo deno-minado “Do livro”:“Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro.Antes disso, porém, digamos os motivos que me põema pena na mão.

Vivo só, com um criado. A casa em que moro éprópria; fi-la construir de propósito, levado de um dese-jo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Umdia, há bastantes anos, lembrou-me reproduzir noEngenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua deMata-cavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economiadaquela outra, que desapareceu. Construtor e pintorentenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmoprédio assobradado, três janelas de frente, varanda aofundo, as mesmas alcovas e salas. Na principal destas,a pintura do teto e das paredes é mais ou menos igual,umas grinaldas de flores miúdas e grandes pássarosque as tomam nos bicos, de espaço a espaço. Nos qua-tro cantos do teto as figuras das estações, e ao centrodas paredes os medalhões de César, Augusto, Nero eMassinissa, com os nomes por baixo... Não alcanço arazão de tais personagens. Quando fomos para a casade Mata-cavalos, já ela estava assim decorada; vinha dodecênio anterior. Naturalmente era gosto do tempometer sabor clássico e figuras antigas em pinturas ame-ricanas. O mais é também análogo e parecido. Tenhochacarinha, flores, legume, uma casuarina, um poço elavadouro. Uso louça velha e mobília velha. Enfim,agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste davida interior, que é pacata, com a exterior, que é ruido-sa.”

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Rio de Janeiro:Aguilar Editora, 1971. p. 809 e 810.

A.a)Nesse início de capítulo, o narrador usa, comoestratégia discursiva, a função metalingüística.Explique como essa função se realiza, relacionandoo primeiro ao segundo parágrafo e apontando impli-cações que essa estratégia narrativa provoca noconjunto da obra. (1)

A.b)O tema da traição, central em romances fundamen-tais do Realismo francês e do português, como é ocaso de Madame Bovary, de Gustave Flaubert(1857) e de O Primo Basílio, de Eça de Queirós(1878), torna-se impreciso na linguagem bastanteconotativa, portanto, ambígua, criada por Machadode Assis (1899). Explique como esse tema é suge-rido por meio da ironia construída no discurso emanifestada mais enfaticamente na frase: “nãoalcanço a razão de tais personagens.” (2)

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Resolução

A.a)A metalinguagem é recurso essencial em DomCasmurro. A situação central dessa narrativa é a deum homem para quem viver consiste em tentarrecuperar um passado que ele julga ter perdidoquando o viveu. Sua primeira tentativa nesse sen-tido foi a construção da casa descrita no segundoparágrafo. Como a casa não lhe deu a sensação dopassado perdido, decidiu-se pela composição deum livro de memórias, esperando que narrar o quese passara lhe devolvesse algo do passado. Assim,para o autor, estabelece-se uma equação exis-tencial em que viver = reviver = escrever. Portanto,não é de estranhar que ele discuta com insistênciaa elaboração do texto, pois é da adequada constru-ção deste que depende o êxito de sua última ten-tativa de resgaste da vida.Assim sendo, vê-se que o primeiro parágrafo trans-crito, evidentemente metalingüístico, introduz adescrição de um empreendimento (a construção dacasa) que apenas servirá de “prólogo” para o seugrande empreendimento existencial / literário – aescrita de um livro em que a preocupação metalin-güística é obsessiva.

A.b)A traição, certa em Madame Bovary e O Primo Ba-sílio, é a maior entre as diversas incertezas quesingularizam Dom Casmurro. Ao final de sua nar-rativa, Bento Santiago bem poderia repetir, não sósobre Capitu, mas sobre si e os demais, a frasecom que se refere às figuras históricas repre-sentadas nos medalhões que ornamentavam acasa de Mata-cavalos. Ele os reproduziu sem os en-tender, como faria com sua vida.

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Questão B

Tanto Dogville, de Lars Von Trier (2003) quanto SinCity, de Robert Rodriguez e Frank Miller (2005) são fil-mes contemporâneos que tratam de um tema univer-sal: a violência. Além disso, têm em comum o fato defazerem uso de recursos expressivos extraídos deoutros sistemas de linguagem (a linguagem teatral e ados quadrinhos, respectivamente).

B.a)Analise se e em que medida a abordagem da te-mática é afetada por esses recursos expressivos.(3)

B.b)Identifique e descreva uma situação em cada umdos filmes que ilustre sua resposta anterior.Justifique. (4)

Resolução

B.a)Lars Von Trier propõe com Dogville uma parábolamoral, uma “novela exemplar” sobre o compor-tamento humano, a vida em comunidade e a ten-são entre o indivíduo e o grupo. A pequena cidadedo meio-oeste norte-americano, reduzida a poucomais de uma dezena de habitantes, em plenaGrande Recessão da década de 1930, constitui umespaço cinematográfico extremamente simples edespojado, que incorpora elementos da linguagemteatral, notoriamente escorados em Bertold Brecht.A ausência de cenário (as duas ou três ruas e pou-cas casas são representadas por linhas pintadas nochão) e a escassez de objetos cenográficos produ-zem como efeito a concentração do espectador noâmago de cada personagem, naquilo que realmen-te interessa ao diretor (autor) do filme: a desumani-zação, o individualismo conservador e possessivo,o ódio e todos os pecados capitais. Como no teatrobrechtiano, a intenção é fazer pensar, suprimir osuperficial e a dispersão do olhar, que se enreda namaldade humana em um crescendo que faz pres-sentir o desfecho: o Juízo Final.Em Sin City a “estetização da violência” transpõeas graphic novels de Frank Miller para o cinema,com efeitos visuais de incontestável impacto.Filmado em sistema digital de alta definição, sem-pre em tela verde, cada cena tenta reproduzir comfidelidade a linguagem e o grafismo das históriasem quadrinhos: os movimentos mínimos da câ-mara, a composição dos elementos, a utilização docolorismo em cenas como as de sangue, de muti-lações, com efeito “hipnótico” de marcante plasti-cidade. As referências ao “film noir” e ao expres-sionismo alemão não comprometem o propósito dereproduzir no cinema a experência pessoal de ler osquadrinhos (a narração em off, os cortes, as transi-ções etc.). Extremamente violento e gráfico, o filmeé um catártico e desesperado display de escatolo-gia, sangue e membros decepados, a que não faltaa colaboração de Quentin Tarantino, mestre dogênero.

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B.b)O “cenário invisível” de Dogville (sem paredes,portas e janelas) permite que o espectador veja oscoadjuvantes em seus afazeres longe do foco prin-cipal da ação. Além de servir como metáfora dofilme, o artíficio ressalta a dramaticidade por meioda encenação. As seqüências nas quais Grace (Ni-cole Kidman) é estuprada são exemplares: a vio-lência é reduplicada e seu campo aprofundado,com a projeção das conseqüências de cada açãoindividual em relação à comunidade.O primeiro episódio de Sin City, no qual o bruta-montes Marv (Mickey Rourke) é injustamente acu-sado pelo brutal assassinato de uma prostituta,única mulher capaz de algum afeto, é exemplar daeficácia da narração em off e da edição frenética naconstrução de um novo gênero, que tem sido reve-renciado como expressivo do ritmo, do gosto e dasensibilidade contemporânea.

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Questão C

Alfredo Volpi é um dos artistas modernos mais impor-tantes do país. É conhecido, entre outras coisas, porapropriar-se de elementos populares, por transitar emvárias vertentes artísticas, como o figurativismo e oconstrutivismo e, segundo alguns críticos, por cons-tituir algumas de suas obras de campos cromáticos ede vibração que as aproximam da estrutura musical.Observe atentamente a reprodução de “Bandeirinha”na página a seguir e identifique os elementos querepresentam tais características nessa obra. Justifiquecada um deles.(5)

“Bandeirinha” (1958) de Alfredo Volpi - coleção MAC-USP (ver reprodução colorida na capa)

Resolução

As bandeirinhas são elementos figurativos procedentesde tradições populares brasileiras. Elas estão entre osmais freqüentes enfeites festivos de nossas comunida-des interioranas. O uso que Volpi faz delas, em compo-sições de austera lógica formal, implica como que uma“abstratização” de suas formas, que passam a integrarestruturas que se equilibram em jogos de linhas e pla-nos que vibram com efeitos cromáticos de impressio-nante intensidade, resultantes da arte de um dos maio-res coloristas de toda a pintura brasileira.

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