edição especial - ano i - junho / 2015

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JORNAL VOZ do MOVIMENTO Edição Especial - Ano 1 - Junho / 2015 Página 02 Página 02 Página 03 A ofensiva do capital na luta pela Terra Projeto Cubano põe fim ao analfabetismo Novas famílias se acampam durante o Abril Vermelho A força Sem Terra na luta pela REFORMA AGRÁRIA

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Edição Especial do Jornal Voz do Movimento construído pelo Coletivo de Comunicação e Juventude do MST na Bahia. Leia e compartilhe esta ideia!

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Page 1: Edição Especial - Ano I - Junho / 2015

1Jornal Voz do Movimento - Junho / 2015

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VOZ do MOVIMENTOEdição Especial - Ano 1 - Junho / 2015

Página 02 Página 02 Página 03

A ofensiva do capital na luta pela Terra

Projeto Cubano põe fim ao analfabetismo

Novas famílias se acampam durante o

Abril Vermelho

A força Sem Terra na luta pela

REFORMA AGRÁRIA

Page 2: Edição Especial - Ano I - Junho / 2015

2 Jornal Voz do Movimento - Junho / 2015

EDITORIAL

Jornal Voz do Movimento

Todos os textos e fotos desta edição foram produzidos pelo Coletivo de Comunicação e Juventude do MST na Bahia, composta por jovens Assentados e Acampados em dez regiões do estado.Para mais informações, acesse WWW.VOZDOMOVIMENTO.ORG ou entre em contato com nossa Assessoria de Imprensa pelo e-mail [email protected].

A ofensiva do capital na luta

pela Terra

Vivemos um momento de intensas lutas no campo e na cidade. Diversas manifestações e ocupações mobilizam toda classe trabalhadora contra a perca de direitos e a criminalização das lutas populares. O agronegócio, inimigo declarado da agricultura camponesa e familiar, segue na ofensiva para o controle e concentração da terra, dos recursos naturais, da mineração, água e sementes. Priorizando os monocultivos de soja, milho, carnes e celulose. Além disso, pautam junto à sociedade através dos veículos de comunicação de massa, a necessidade da liberação de mais sementes transgênicas e com isso, o uso de mais venenos na produção de alimentos. Não podemos esquecer, que este modelo capitalista ocupa as escolas para distribuir materiais e criar sua hegemonia, financiando e se apropriando das expressões populares da cultura, nas regiões, para atingir a juventude, e criar um ambiente positivo para eles. Diante desta realidade, o Movimento Sem Terra e outras organizações do campo e da cidade lutam contra o uso dos agrotóxicos das empresas do agronegócio. Para isso, estamos construindo lutas e dialogando com a sociedade sobre a importância de se discutir um modelo produtivo que respeite a saúde humana e a natureza. Nossa proposta é a produção de alimentos agroecológicos, sem o uso de venenos. A Reforma Agrária Popular é uma pauta de todos os trabalhadores. Com isso, estar nas ruas levantando as bandeiras e fortalecendo esta luta é uma tarefa que precisa ser assumida por todos os setores da sociedade. Confira nesta edição especial do Jornal Voz do Movimento, as principais ações realizadas pelos Trabalhadores Sem Terra contra a ofensiva deste modelo capitalista. O MST convoca toda população a fortalecer as lutas contra o capital e construir uma sociedade realmente justa e emancipada, sem desigualdades e exploração.

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Mais de 4.200 novas famílias se acampam durante o Abril Vermelho

Durante o mês de abril trabalhadores e trabalhadoras sem terra do estado da Bahia deram seguimento a Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária e ocuparam vários latifúndios. Ao todo foram 33 fazendas ocupadas e mais de 4.200 novas famílias sem terra acampadas. Com o objetivo de avançar na unidade e compromisso na luta pela Reforma Agrária Popular, contra agronegócio e a violência no campo os Sem Terra mostraram a força que tem a classe trabalhadora organizada. Em todo o estado, ainda existem 25 mil famílias acampadas em 10 regiões. A destinação de novas terras é parte de constantes pressões feitas pelo Movimento ao governo estadual e federal. “Queremos e podemos produzir alimentos saudáveis e construir nossa soberania alimentar e com isso romper de vez com as relações de produção capitalista”, afirma Evanildo Costa, da direção do MST no estado. As ocupações ocorreram desde a Fazenda São Desidério, no município São Desidério com 2.430 ha, no oeste do estado, à Fazenda Planície no município Itanhém, localizada na BA 290 com 600 ha de propriedade de Jorge Afonso dos Santos. No município de Jequié a Fazenda Copacabana também foi ocupada. De propriedade de Antônio César Mesquita a área tem 750 ha. Em Teodoro Sampaio, a Fazenda Gameleira com 700 ha. E no município Potiraguá, a Fazenda Olinda, de propriedade da Veracel, com 1.800 ha foi ocupada em denúncia ao avanço do capital estrangeiro no estado. As lutas continuam

Entre os motivos, conforme aponta o estudo, estariam o avanço das fronteiras agrícolas e o aumento da grilagem de terra em especial na Bahia. Para Marcio Matos da direção nacional do MST as ocupações cumprem o papel de precionar o estado a realizar a Reforma Agrária.

Em todo o estado, ainda existem 25 mil famílias acampadas

em 10 regiões

por toda Bahia, já que dados recentemente publicados no Relatório Daluta Brasil 2013, do Nera-Unesp, mostram que áreas

rurais de posse ou propriedade de particulares cresceram 6,3 milhões de hectares de 2011 para 2012.

Acampamento no Extremo Sul Baiano

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Depois de quatro meses estudando autonomia, feminismo, luta de classe e políticas públicas em oito regiões da Bahia, 500 mulheres que participaram do Projeto de Capacitação e Formação de Mulheres Assentadas e Acampadas no Estado da Bahia para o Acesso a Políticas Públicas se encontraram para o Seminário de Integração, Culminância e Avaliação. O seminário aconteceu em São Gonçalo e contribuiu com mais um espaço de formação, tendo como base o estudo a cerca do olhar feminino sobre as conquistas e desafios junto aos direitos sociais. Além disso, foi mais uma ferramenta para se discutir e cobrar junto às representações governamentais o acesso as políticas públicas voltadas às mulheres camponesas. O encontro foi marcado pelas místicas que sempre traziam reflexões sobre os desafios da mulher na sociedade, e o combate a violência.As mulheres estavam em rodas de conversas avaliando o projeto e socializando as diversas histórias de vida .

Trabalhadoras debatem políticas públicas em

Seminários de Integração

MST realiza Encontro de Produção com Sem Terra de toda Bahia

Aconteceu de 27 a 30/5 o Encontro Estadual do Setor de Produção da Bahia reunindo cerca de 100 trabalhadores e trabalhadoras de dez regiões do estado na Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, localizada no Assentamento Jaci Rocha no Prado, extremo sul baiano. Os Sem Terra estudaram as contradições do modelo de desenvolvimento do campo, as novas legislações e exigências para acessar as diferentes linhas de créditos agrários, os canais de comercialização e as possibilidades de certificação da produção orgânica. De acordo com João Paulo, da direção nacional, as crises nos recursos naturais são consequências da produção do agronegócio. “Nós, quanto classe trabalhadora, que lutamos contra o modo de produção capitalista e propomos a agroecologia para mudar a matriz produtiva de nosso país.

Projeto Cubano põe fim ao analfabetismo em áreas de

Reforma Agrária“Zerar o analfabetismo é o primeiro passo para libertar o trabalhador das prisões deste sistema desigual”, afirma o coletivo de Educação do MST durante a formatura de 180 trabalhadores Sem Terra que participaram do projeto cubano de alfabetização para jovens e adultos “Sim, eu Posso”. A comemoração aconteceu neste ultimo sábado (09/05) na Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, localizada no Assentamento Jaci Rocha, e reuniu mais de 300 famílias.

Jovens Sem Terra estudam a realidade brasileira em curso

de formaçãoPensar a organização política e a gestão das tarefas da cultura, comunicação e juventude dentro do MST perpassa a construção de debates em torno das questões sociais visando a transformação social. Tendo este ideal como base, foi realizada a primeira etapa do Curso dos Setores de Comunicação, Cultura e Juventude no Centro de Formação Paulo Freire em Caruaru no Pernambuco. O curso reuniu 30 militantes de sete estados do nordeste e construiu linhas políticas organizativas de acordo com as realidades estaduais.

Famílias conquistam dois Assentamentos no extremo

sul baianoMotivados pela simbologia das ferramentas de trabalho e participação de homens e mulheres na construção da Reforma Agrária, cerca de 2 mil trabalhadores Sem Terra estiveram presentes no dia 30/4 no Ato de Imissão de Posse dos Assentamentos Jaci Rocha e Antônio Aráujo, localizados no município do Prado no Extremo Sul baiano. O ato foi marcado pela assinatura do decreto de imissão de posse da fazenda Colatina e Cotia pelo Governador da Bahia Rui Costa, o Ministro da Defesa Jaques Wagner e o Ministro de Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias. Os 4 mil hectares da área conquistada estavam sendo utilizados para produção de gado e eram visados pelo agronegócio para desenvolver a monocultura de eucalipto. Agora são assentadas 227 famílias em lotes de 10 hectares, organizadas em núcleos familiares.

VOZES EM MOVIMENTO

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Em marcha, Sem Terra defendem a Reforma Agrária e denunciam o

agronegócio

Cerca de 6 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra marcharam de Feira de Santana a Salvador entre os dias 09 e 17/3 em defesa da Reforma Agrária e dialogando com a sociedade sobre as contradições do agronegócio. A marcha percorreu mais 116 km e mobilizou trabalhadores de dez regiões da Bahia. Contou também com a participação de outros movimentos sociais que acompanharam e contribuíram nas atividades culturais, de formação e tarefas que precisam ser realizadas para garantir bons resultados com a luta. O MST entregou uma pauta de reivindicação pontuando a questão da terra, assistência técnica, crédito, educação, projetos e financiamento para atividades com as mulheres e jovens.

Além disso, o documento questionava a morosidade da justiça referente ao assassinato do militante Fábio Santos, que completou dois anos de impunidade em abril. As mulheres protagonizaram sua participação na Marcha durante o ato de abertura da atividade, que aconteceu na Praça da Prefeitura de Feira de Santana, reunindo cerca de 3 mil trabalhadoras do campo e da cidade.As mulheres em luta denunciaram a violência, o modelo capitalista e o agronegócio. Diante destas questões, pautaram a construção de um território livre, tendo como base a democratização da propriedade da terra e da produção agroecológica. Já a juventude, realizou durante a marcha uma Agitação e Propaganda contra a homofobia. Os meninos se vestiram de meninas e as meninas se vestiram de meninos.

Sem preconceitos ou padrões, mais de 100 jovens deram visibilidade aos LGBT Sem Terra e lutaram contra qualquer tipo de violência. Reafirmaram também que a luta pela Reforma Agrária Popular deve ser uma bandeira de todos. Exemplo disso foram às faixas e cartazes distribuídas nas filas da marcha que discutia a participação dos LGBT na luta pela terra e exigiam o fim da violência. No dia 17 os trabalhadores chegaram a capital baiana, e ocuparam o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Em seguida, participaram de uma Assembléia na Governadoria do Estado com respostas positivas a pauta de reivindicação. De acordo com Glória Barbosa, do Assentamento Lulão, a marcha foi um avanço na organização do Movimento e no debate social sobre a Reforma Agrária. “Muitas pendências existem. Nossos

projetos dependem do Estado e isso é um problema. Outra questão é a desapropriação de terra que está travada no país. Esta marcha simboliza para mim a unidade que queremos construir e o fortalecimento da Reforma Agrária”, explica Glória. O MST avalia de maneira positiva as negociações, tendo em vista que na maioria dos pontos reivindicados houve uma sinalização positiva. Para Marcio Matos da direção nacional, o MST iniciou um novo ciclo no debate agrário baiano por conta das sinalizações positivas. “Este ano, preparamos uma pauta de reivindicação para que pudéssemos dialogar com o governo. Nesta negociação estabelecemos prioridades, e nossas demandas são estratégicas para o desenvolvimento social da Agricultura Camponesa, garantindo sua soberania.Nossa vitória foi o compromisso assumido pelo governador com nossa pauta, e isso se respalda na construção de uma Reforma Agrária capaz de garantir desenvolvimento ao trabalhador rural”, conclui. Após a Assembleia e a sinalização positiva do governo, os trabalhadores retornaram a seus Assentamentos e Acampamento com o desafio de continuar na luta e fazer grandes jornadas de ocupações de terra na Bahia.

A marcha percorreu mais 116 km e mobilizou

trabalhadores de dez regiões da Bahia

No dia 17 os trabalhadores chegaram

a capital baiana, e ocuparam o Incra