edição 191 - junho 2013

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FERNANDO BRAGA Leiloeiro Público ANO XV - Nº 191 - JUNHO DE 2013 - RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA Bienal de Veneza página 6 Fundação Iberê Camargo página 16 www.areliquia.com.br / jornalareliquia.blogspot.com / facebook.com “A Relíquia” / twitter.com/areliquia INFORMATIVO DOS ANTIQUÁRIOS, LEILOEIROS, GALERISTAS E COLECIONADORES LEILÕES DE JUNHO RIO DE JANEIRO • ALPHAVILLE • CAPADÓCIA • GARAGE SALLES • MARIA PIA ATHAIDE • ANDRÉ CENCIN • CASA 8 • JAMES LISBOA • VICTOR HUGO PORTO ALEGRE GARIMPO PONTO DE ARTE Louvre Louvre SÃO PAULO O Museu do Louvre é o mais impor- tante e um dos maiores museus do mun- do, com um acervo de mais de 380 mil peças. Mantém em exibição permanente mais de 35 mil obras de arte, distribuí- das por cerca de três quilômetros de ga- lerias abertas ao público. Páginas 20, 21, 22, 23, 24, 30 e 31. Nesta mostra organizada pelo MASP e British Council, Lucian Freud põe em relevo a arte do retrato, expressa em 44 gravuras acompanhadas por seis pinturas e 28 fotos do artista e seus modelos no ateliê, clicadas por seu as- sistente David Dawson. De 28 de ju- nho a 13 de outubro. Páginas 18 e 19 800 anos de história Os departamentos As coleções A moça de vestido verde EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO - 15 ANOS Lucian Freud no MASP Lucian Freud no MASP

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Page 1: Edição 191 - Junho 2013

FERNANDO BRAGA Leiloeiro Público

ANO XV - Nº 191 - JUNHO DE 2013 - RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDA

Bienal de Venezapágina 6

Fundação Iberê Camargo

página 16

www.areliquia.com.br / jornalareliquia.blogspot.com / facebook.com “A Relíquia” / twitter.com/areliquia

INFORMATIVO DOS ANTIQUÁRIOS, LEILOEIROS, GALERISTAS E COLECIONADORES

LEILÕES DE JUNHO

RIO DE JANEIRO• ALPHAVILLE• CAPADÓCIA• GARAGE SALLES• MARIA PIA ATHAIDE

• ANDRÉ CENCIN• CASA 8• JAMES LISBOA• VICTOR HUGO

PORTO ALEGRE

GARIMPOPONTO DE ARTE

LouvreLouvre

SÃO PAULO

O Museu do Louvre é o mais impor-tante e um dos maiores museus do mun-do, com um acervo de mais de 380 milpeças. Mantém em exibição permanente

mais de 35 mil obras de arte, distribuí-das por cerca de três quilômetros de ga-lerias abertas ao público. Páginas 20, 21,22, 23, 24, 30 e 31.

Nesta mostra organizada pelo MASPe British Council, Lucian Freud põe emrelevo a arte do retrato, expressa em44 gravuras acompanhadas por seispinturas e 28 fotos do artista e seusmodelos no ateliê, clicadas por seu as-sistente David Dawson. De 28 de ju-nho a 13 de outubro. Páginas 18 e 19

l 800 anos de histórial Os dep artamentos

l As coleções

A moça de vestido verde

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO - 15 ANOS

Lucian Freud no MASPLucian Freud no MASP

Page 2: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA2 - Junho de 2013 A RELÍQUIA

Tel.: (21) 2235-8015 / 3579-3710 / 9607-2692 / 9605-4724www.portaldotempoantiguidades.com.br / [email protected]

Shopping dos AntiquáriosRua Siqueira Campos, 143 - Slj. 153 - Copacabana - RJ

Page 3: Edição 191 - Junho 2013

Junho de 2013 - 3A RELÍQUIA

Espaço Ernani Arte e Cultura

Espaço Ernani Arte e CulturaRua São Clemente, 385 - Botafogo - Rio de Janeiro - RJTel.: (21) 2539-2637 - [email protected]

A mais tradicional casade leilões do Brasil,

fundada em 1906

O Espaço Ernani Arte e Cultura abre a temporada de exposiçõesfotográficas do Festival Internacional FotoRio 2013, com

"O Fantasma da Máquina", de Pedro Stephan

Conhecido como documentarista que causou rebuliçocom seus ensaios provocantes “Entre Amigos & Amores,os espaços gls do Rio” e “Luana, a Rainha da da Lapa”,Pedro Stephan entra no território dos sonhos, revelandoa noite da cidade maravilhosa sob um outro prisma: ima-gens oníricas, surreais, enigmáticas, para além dos cartõespostais e do marketing turístico.

O ensaio, feito num cruzamento de ruas em Copaca-bana, local emblemático da vida noturna carioca, foi real-izado altas horas da madrugada, durante várias semanas,enquanto o lugar era freqüentado por toda a sorte de fau-na, flora e as máquinas.

Usando apenas um pincel, que tinge de negro umaparte da cena, Stephan criou um cenário onírico, onde asimagens se descolam do real. Ali toda a ação paralisada

pela câmera se dá em camadas, sendo metáfora da aceler-ação absurda deste momento. “Humanos-máquina, vive-mos conectados em tempo real, onde tudo acontece maisrápido do que podemos entender, debater ou digerir” ex-plica o fotógrafo.

O artista deixou de lado o viés antropológico com queabordou temáticas tabu, como a prostituição trangêneroem “A Rainha da Lapa” e desta vez mergulhou no mundodo inconsciente, mas sempre tendo como cenário a noitedo Rio “O ensaio é também sobre espaço público noturno,enquanto espaço afetivo, um território habitado e carrega-do da memória afetiva do passado das pessoas” esclareceStephan. Dez fotos em tamanho 1x 75 integram a ex-posição.

Vernissage: 5 de junho, 19hs, aberto a todos.

Grande Leilão Residencialem Petrópolis,

Cidade Imperial

Imóvel, objetos de arte,antiguidades

Exposição: 5, 6 e 7 de julho

Leilão: 12 e 13 de julho

Grande Leilão FazendaSão Luiz da Boa Sorte,

em Vassouras

objetos de arte,antiguidades

Exposição:13 a 28 de julhoLeilão: a definir

Grande leilão comemorativo de 107 anos de tradição

Receba sempre nossos comunicados de leilão. Para isso nos envie por e-mail: nome, telefone e e-mail - [email protected]

Page 4: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIACir culação Nacional

Publicação mensal da Sabordo SaberEditora

FUNDADORESLitiere C. Oliveira

Luiz Carlos Marinho

EDIT OR

Litiere C. Oliveira - Reg.Prof. MTb 15109

e-mail: [email protected]

RIO DE JANEIROPublicidade:

Rua Siquira Campos, 143 - Sl 73 - Copacabana - RJTel.: 21 2265-9945

Redação / Ar quivo / DistribuiçãoRua Esteves Júnior 9, casa 01

Laranjeiras - CEP22231.160 - Rio de JaneiroTel.: 21 2265-0188 / Tel / Fax: 2265-9945

Cel.: 9613-2737 / 8899-0188e-mail: [email protected]

SÃO PAULORepresentante: Juliano Alves

Tel: (11) 5666-6240 / 995981145 / 97389-3445e-mail: [email protected]

PORTO ALEGRE

Representante: Elisa MoogTel: 51 2112-8038 / 9955-9962

DIAGRAMAÇÃOFelipe A. Oliveira

CONSELHO EDITORIALItamar Musse, Fernando Braga, Luis Octávio Louro Gomes,

Manuel Machado, Paulo Roberto S. Silva e Francisco P. Cunha,Ricardo Kimaid, Roberto Haddad, Rudinel Vicente do Couto,

Hebert Gomes, Pedro Arruda e Virgínia Arruda

COLABORADORESJoão Ubaldo Ribeiro ( ABL), Ferreira Gullar, Ledo Ivo (ABL),

Paulo Coelho (ABL), Antônio C. Austregésilo de Athayde,Rosângela de Araujo Ainbinder, Ana Beatriz Gomes, Tatiana

Maria Dourado, Rachel Brenner, Luiz Marinho, Paulo Scherer

Tiragem desta edição: 15.000 exemplares

Os conceitos e opiniões emitidas em colunas e matérias assinadas, são de responsabilidade única e exclusiva de seus autores.

Variados tipos de porcelana e cristal, joias, prataria, tapetes, objetos

Art-Noveau e Art-Déco, entre outros, em exposição nas barracas montadasThere is a wide variety of porcelain, crystal, jewellery, silverware and carpets, amongstother objects of interest. These are displayed and sold at stalls around the market tower.

FEIRAS DE ARTE E ANTIGUIDADESART AND ANTIQUES FAIRS

RIO DE JANEIROSÁBADO - SATURDAY

• Shopping Cassino Atlântico -Av. Atlântica, 4240 - Copacaba-na - Antique fair in air condi-tioned surroundings with a tea-shop and live music• Feira do Tr oca - Pça XV, emfrente às Barcas (Bric-à-brac ondetambém se pode encontrar anti-guidades).

DOMINGO - SUNDAY

• Praça Santos Dumont (em fren-te ao Jóquei) - Jardim Botânico• Feira de Antiguidades de Pe-trópolis - Praça Visconde deMauá

BRASÍLIATodo último final de semana decada mês - Shopping Gilberto Sa-lomão

SÃO PAULOSÁBADO - SATURDAY• Feira de Antiguidades da Pra-ça Benedito Calixto -Pinheiros

DOMINGO - SUNDAY

• Feira de Antiguidades doMASP - Vão Livre do Museude Arte de São Paulo - Av. Pau-lista• Feira de Antiguidades do Bi-xiga - Praça Dom Orione - Bixiga• Feira de Antiguidades doMuBE (Museu Brasileiro daEscultura) - Av. Europa, 218 -Jardins• Feira de Ar te e AntiguidadesVitrine dos Jardins - Rua Had-dock Lobo, 1307 - Rua Augusta,2530 - Jardins• Mercado de Antiguidades deSantos - Piso superior do Mer-cado Municipal. Praça IguatemiMartins, s/n°, Vila Nova, San-tos/SP.

BELO HORIZONTE• Feira de Antiguidades Tom JobimSábados, 10 às 17h - Av. Bernar-do Monteiro - Santa Efigênia

PORTO ALEGRE• Feira do Caminho dos Anti -quários - Pça. Daltro Filho - Sá-bados, 10 às 16h• Brique da Redenção -Domin-gos, 9 às 18h - Av. José Bonifá-cio sn. - Bom Fim• Feira do 5ª Avenida -Av.Mostardeiro, 120 - Todos sábadosdas 10h às 18h

SÃO LUÍS• Feira de Antiguidades de SãoLuís - Todo último sábado domes no Tropical Shopping.Av.Colares Moreira, 440 - Renas-cença 2

COMPROOBRAS DE:

LEOPOLDO GOTUZZO

ÂNGELO GUIDO

LIBINDO FERRÁS

PEDRO WEINGARTNER

ADO MALAGOLI

AUGUSTO LUIZ DE FREITAS

FRANCISCO STOCKINGER

DISCAR (51) 3330.47638421.9306

e-mail: [email protected]

Rua Cel. Bordini, 907 - Moinhos de V entoCEP 90440-001 - Porto Alegre/RS

4 - Junho de 2013 A RELÍQUIA

Leilão de Junho de 2013Presencial e on-line

Porcelanas, pratarias, imagens, marfins, quadros, lustres,móveis, bronzes, tapetes, relógios, opalinas, faqueiros,

aparelhos de jantar, toalhas de mesa, etc

26Exposição: 1 e 2 de junho de 2013

(sábado e domingo), das 15h às 22hLeilão: 3 e 4 de junho de 2013

(segunda e terça-feira) a partir das 20hEstamos recebendo peças

Local: Rua Pinheiro Machado, 25 loja B e C,Laranjeiras. Rio de Janeiro. Cep: 22231-090

Tel: (21) 2553-0791 e 9974-4409www.cristinagoston.com.br

[email protected]

Pagamos aos proprietários uma semana após o leilão

ComproPinturas de artistas paranaenses

Alfredo AndersenA. Nisio

Theodoro de BonaMaria Amélia Assumpção

Miguel BakunGuido ViaroFreysleben

Traple

41-9971-048441-3013-7218

[email protected]

Page 5: Edição 191 - Junho 2013

Junho de 2013 - 5A RELÍQUIA

Page 6: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA6 - Junho de 2013

ABienal de Veneza (55ª edição da Esposizione In-ternazionale d'Arte - La Biennale di Venezia)acontece entre 1º de junho e 24 de novem-bro de 2013, nos Giardini, no Arsenale e emvários locais ao redor da cidade italiana. Inti-

tulada O Palácio Enciclopédico, propõe-se a indagarsobre o domínio da imaginação. Interroga, por meioda arte, sobre o destino das "imagens interiores emum mundo assediado por imagens exteriores". Acuradoria é de Massimiliano Gioni,

O Palácio Enciclopédico está instalado no PavilhãoCentral (Giardini) e no Arsenale, formando um úni-co itinerário, com obras abrangendo todo o séculopassado, ao lado de várias novas comissões, incluin-do mais de 150 artistas de 37 países. Com 88 partici-pações nacionais também serão exibidos, entre estes,10 países que estão participando pela primeira vez.

O projeto, Biennale Sessions está de volta em2013, para Universidades e Academias de BelasArtes, que serão fornecidos com condições favo-ráveis para uma visita de três dias para grupos depelo menos 50 pessoas que compõem alunos eprofessores. Além disso, a Bienal vai organizar umprograma de encontros sobre arte, entre as quaisuma série de conversas com o ator Marco Paoli-ni, e quatro eventos sobre os temas do mito dosartistas autodidatas.

O Brasil na BienalA representação oficial brasileira na mostra, comcuradoria do venezuelano Luis Pérez-Oramas, le-va a Veneza, segundo o curador, as produções designificativos artistas brasileiros contemporâneos(há controvérsias). O Pavilhão Brasileiro, localiza-do nos Giardini, deve organizar sua presença atra-vés de uma estrutura "constelar", procedimento jáexperimentado na Bienal de São Paulo. Ancoram amostra os artistas Hélio Fervenza (Sant'Ana do Li-vramento, 1963) e Odires Mlászho (Mandirituba,1960), convidados a produzir obras inéditas para aexposição. Conforme aponta Pérez-Oramas: "Am-bos são artistas que empreenderam uma densaprodução, sustentada por um esforço sistemáticode inteligência formal e cujas obras, complexas ericas, merecem uma recepção mais estudada porparte da crítica contemporânea. Suas obras, poucoconhecidas fora do Brasil, serão sem dúvida re-

velações para o público internacional". Outrosbrasileiros participam da Bienal, fora do pavilhãonacional, convidados pelo próprio curador da Bi-enal para integrar a mostra principal. São os artis-tas, Paulo Nazareth, Tamar Guimarães e ArthurBispo do Rosário (1910-1989).A mais antiga das grandes mostras internacionaisde arte, a 55ª Bienal de Veneza oferece, a cadadois anos, uma grande exposição coletiva e de-zenas de pavilhões nacionais. O pavilhão do Bra-sil, por sua vez, construído em 1964 no espaçomais prestigiado do evento italiano, os Giardini, éo lugar onde o próprio país escolhe e expõe artis-tas que a cada nova edição o representam. Desde1995, a responsabilidade por essa escolha foi ou-torgada pelo governo Brasileiro à Fundação Bie-nal de São Paulo, reconhecimento da grande im-portância da instituição - a segunda mais longeva

no gênero em todo o mundo - para as artes vi-suais do país.

A Santa Sé vai ser um país na Bienal de Veneza

O Vaticano terá pela primeira vez um pavilhãona mais antiga e importante bienal de arte do mun-do. Reconhecido como Estado soberano, terá umpavilhão nacional no Arsenal, entre os 88 paísesque terão representações oficiais na mais importan-te e antiga bienal de artes plásticas do mundo. OVaticano entregou ao fotógrafo tcheco Josef Kou-delka a missão de trabalhar o tema intitulado "Crea-tion, De-Creation and Re-Creation" e encomendoutrabalhos a três artistas plásticos italianos. A instala-ção do pavilhão do Vaticano custou cerca de 750mil euros (R$ 2 milhões), valor inteiramente cober-to por patrocinadores corporativos italianos.

Colagem - Bauhausmachine (2010) de Odires Mlászho

55ª Bienal de Veneza55ª Bienal de Veneza

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Page 8: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA8 - Junho de 2013

Leilão de Arte eAntiguidades em Itaipava

Catálogona internet já

disponível

CONTATOS:

Tel: 24-2222.6879, 24-9994.6493 e 21-9851.5188www.mariapia.lel.br / [email protected] / [email protected]

Presencial e on line

em tempo real

EXPOSIÇÃO:Dias 29 30, 31 de Maio e

01 a 03 de Junho das11:00 às 20:00 horas

LEILÃO:Dias 06, 07 e 08 de

Junho a partir das 19:30horas

LOCAL:Estrada União e Indústria.

14.999 - ItaipavaPetrópolis - (Antiga

Fazenda Imperial, temuma grande placa:

“Castelinho”.

Agradecimentos: aos comitentes que nos confiaram suas peças, aos clientes que sempre prestigiam nossos pregões. A minha equipe que soube com muita dedicação e conhecimento do seu ofício tornar este leilão possível; Assistente: Wilma, Cláudia e Elenice; CPD: Trustinfo, que com muita competência desenvolveu o sistema;

Logística: Thiago, Everaldo; Fotógrafo: Lucien; Freteiros: Waldeci e Anderson; E por fim a minha amiga Sonia Possini.

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10 - Junho de 2013 A RELÍQUIA

RICARDO KIMAID

Demorou a estourar na mídia e vir a públicoo fato das grandes casas de leilões internacio-nais descobrirem ou suspeitar sobre o derramede obras falsas de origem brasileira em seuspregões. Há muito tempo venho perguntando oporquê de se levar trabalhos de artistas brasi-leiros para serem apregoados na Europa e EUA.Parece até que fazem isso para "esquentar" aspeças, uma vez que tanto a Sotheby´s quanto aChristies, entre outras grandes, são entidadesque gozam de prestígio elevado no mercado dearte internacional.

Repito a pergunta: Qual o sentido de se via-jar tanto, gastar tanto tempo e dinheiro paracomprar ou vender a arte brasileira, se o inte-resse pelas mesmas, quase sempre seja peculiarpara o mercado doméstico? É estranho e sus-peito! Agora, com certeza haverá de se ter maiscuidado dessas casas ao captarem trabalhos da-qui, e se assegurarem devidamente. Quantoaos que correm atrás de moleza, e que lá ad-quiriram obras, devem estar com uma comichãode dúvidas.

A esperteza de se fazer bons negócios temseu preço, e em um mundo tão integralizado,os espertos estão perdendo espaço; tanto o es-perto que vende quanto o que compra.

A facilidade de se copiar obras como essas

que foram ilustradas pela imprensa como fal-sas ou duvidosas, principalmente dessa ondade contemporâneos que não precisam de muitatécnica ou aprendizado para sua execução, ca-pacita qualquer amador, mesmo sem grandesrecursos, de fazer igual, ou até melhor que aobra legítima. Não vou enumerar a quantidadede artistas cuja obras não tem o menor respaldocom que a distinga como tal, que nasceramadultos, e foram celebrados por uma mídia ig-norante, culturalmente falando, cujo viés é ape-nas a valorização mercantil de suas obras. Essesentão serão os alvos preferidos pelos falsifi-cadores.

Mudando de assunto, estive na SPArte nomês passado, e confirmei minha opinião a res-peito dessas feiras, que a meu ver, nada trouxede alentador, em se falando de algo novi-dadeiro. Uma rápida passagem entre os contem-porâneos sugeriu-me intitular como vejo essemovimento; "Ice Art".

Encontrei sim, no pavilhão que chamam degalerias secundárias, belas pinturas de artistasque escreveram com louvor a história de nossomercado de arte; vi Portinari, Di Cavalcanti, Se-gall, Guignard e Ismael Nery, Pancetti, entre ou-tros, que estiveram muito bem representadoscom obras que os dignificaram. O modernismo

não foi um movimento passageiro; veio para fi-car reconhecido e imortalizado pelos seus feitos.Isso, minha gente, não é saudosismo; é cultura,artigo tão em desuso por essa geração que nãotiveram o privilégio de vivê-la.

Ricardo [email protected]

www.rembrandt.com.brtel. 21 2273-3398

Obras Falsas

Jovens ExpressõesSeguindo tendências de exposições de artes nacio-

nais e internacionais "Jovens Expressões" traz ao pú-blico a produção de novos artistas evidenciando adiversidade plástica e temática das obras. Sob curado-ria e organização de Bruna Azevêdo, Livia Bessa eKarenina Marzulo, também artistas plásticas, a expo-sição leva à Sala de Cultura Leila Diniz, em Niterói -RJ, um conjunto de obras que proporciona ao públicoa apreciação das questões que envolvem essa novageração e a sensibilidade com a qual ela se expressa.

" Jovens Expressões', título da exposição, foi es-colhido por remeter à atualidade, ao que está sen-do produzido agora. No entanto, jovens artistasnão são necessariamente jovens ou estudantes. Otítulo se refere a jovens produções que compõem ocenário artístico atual, ao que está sendo questiona-do e produzido agora. Por este motivo, o tema élivre e cada artista escolheu em sua produção pes-soal 3 trabalhos que gostaria de mostrar ao públi-co. Posteriormente, com o trabalho de todos os ar-tistas em mãos, foi feita a curadoria pelas tambémartistas e expositoras Bruna Azevêdo, Livia Bessa eKarenina Marzulo. Ao todo serão expostos 26 tra-balhos de 25 artistas. A exposição possui trabalhos

nas modalidades de pintura, desenho, gravura, es-cultura, história em quadrinho, arte digital e pintu-ra em suas diversas técnicas, proporcionando aopúblico diversidade temática e estética."

Expositores: Antonio Amador, Bidi Bujnowski,Bruna Azevêdo, Camilla Freitas, Dally Schwarz, De-nis Mello, F. Fernandes, Felippe Sabino, Fernandode Paula, Granja da Silva, Joana Burd, KareninaMarzulo, Liz Minelli, Livia Bessa, Lua Barbosa, LudLov, Marcelo Magon, Marise Castro, Natália Ni-chols, Nhuxa Gaissionok, Regina Guimmaraes, Re-nato Shamá, Sirlanney, Tainá Alvim, Toni Araujo

Jovens ExpressõesAbertura (vernissage): 06 de junho (quinta-feira) - 17 hrs às 21 hrsPeríodo: 06 de junho à 29 de junho De Segunda a Sexta das 10h às 17hSábado de 14h às 17hLocal: Sala de Cultura Leila DinizRua Professor Heitor Carrilho, 81 - Centro - Niterói - RJEntrada Franca

SERVIÇO

Grande Leilao Residencial Copacabana(Presencial e on line)

EXPOSIÇÃO29 e 30 de junho (sábado e domingo) - das 11 às 17 hrs

LEILÃO1 e 2 de julho (segunda e terça) ás 19 hrs

LOCALRua Leopoldo Miguez 15/ apto 201. Copacabana/RJ

Moveis, quadros, tapetes antigos, cristais,porcelanas, pratarias, bronze, imagens, peças de

arte e decoração que integram as residências.

Catálogo disponível na internet a partir de 15 dejunho de 2013 no site:

www.conradoleiloeiro.com.br

Organização: Equipe Conrado LeiloeiroInformações: (21) 84241327 / 84226282

[email protected]

Page 11: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA Junho de 2013 - 11

Paulo Roberto de Souza e Silva e Francisco Eduardo de Oliveira Pereira da Cunha

Rua Siqueira Campos, 143 - S/L. 144/145/146Cep. 22031-070 - Copacabana - Rio de Janeiro - RJ

Tel.: (021) 2256-1552 - Fax: 2523-9489 - Cel.: 9994-7394email: [email protected]

www.onzedinheiros.com.br

Escritório de Arte

Leilões Residenciais

ONZE DINHEIROS

Monument al Par deVasos em Op alina

branca com pinturas -flores, medindo 60 cm

de alturaFrança, séc. XIX

Onze Dinheirosparabeniza A Relíquia

pelos 15 anos

de serviços prestados

ao mercado de arte

Page 12: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA12 - Junho de 2013

Page 13: Edição 191 - Junho 2013

Junho de 2013 - 13A RELÍQUIA

Page 14: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA14 - Junho de 2013

Em setembro, Import antíssimo Leilão no PalácioPrincesa Isabel, no Centro Histórico de Petrópolis

Page 15: Edição 191 - Junho 2013

Junho de 2013 - 15A RELÍQUIA

À Relíquia,nossos

parabéns, pormais um ano deárduo trabalhono estímulo à

cultura, à arte e às

antiguidades denosso País.

SHIN QL – 08, Conjunto 07, Casa 2 - Lago Norte - CEP 71520-275, Brasília – DFTels: (61) 3368-5054 / 9976-5736

E-mails: [email protected] - [email protected]

Page 16: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA16 - Junho de 2013

Paulo Pasta e Elida Tessler na Fundação Iberê CamargoPaulo Pasta e Elida Tessler na Fundação Iberê Camargo

Após iniciar o calendário de 2013 com a mos-tra William Kentridge: Fortuna e com IberêCamargo: O Carretel - Meu Personagem, aFundação Iberê Camargo dá sequência a suaprogramação com dois grandes nomes da

arte contemporânea brasileira. Dia 7 de junhoabrem juntas para visitação a exposição de obrasmais recentes do pintor, desenhista, ilustrador eprofessor Paulo Pasta, que terá como curador Ta-deu Chiarelli, e a panorâmica dos últimos 20 anosde produção de Elida Tessler, artista conhecida porentrelaçar palavras a objetos, com curadoria de Glo-ria Ferreira.

Infusão luminosaPaulo Pasta. A pintura é que é isto, com curado-

ria de Tadeu Chiarelli, apresenta 34 trabalhos (25pinturas e 9 desenhos) da produção mais recentedo artista, entre 2008 e 2013. Ao longo dos anos,sua pintura vem adquirindo mais fluidez, como seperdesse a opacidade e ganhasse mais luminosida-de, sem deixar de lado a característica marcante emseu trabalho, a indefinição com as formas e as cores."Minha pintura sempre guarda para si uma indefi-nição, como uma espécie de segredo, algo que pos-sa instigar o olhar. Como se ela pudesse produzir oinstante", diz.

A pintura de Paulo Pasta possui uma fisicalidadenotória, e não apenas por suas dimensões e cores,mas também pela intensificação de todos os ele-mentos que a constitui, tornando sua presença umpedido de convivência por parte do espectador, oque vai além de uma simples contemplação. Nostrabalhos Dia e Noite, que serão exibidos no 4º an-dar da Fundação Iberê Camargo, há um aspecto at-mosférico que ele imprime, principalmente, pormeio do uso das cores. "Nunca uso a cor pura. Otom se desdobra em vários outros tons, criandouma atmosfera de infusão luminosa. Parece quesempre estou pintando estados da consciência", con-ta o artista, expoente da chamada Geração 80 depintura no Brasil.

Para o curador Tadeu Chiarelli, "É no jogo entre ocaráter tíbio dos limites das áreas de cor e a potên-cia dessa última, que, parece, se encerra o poder desuas pinturas atuais". Segundo Chiarelli, embora pa-reçam tender sempre a uma estruturação prévia queprivilegia o estático e se constituam a partir de coresquase nunca primárias, frente a elas percebe-se quedeterminadas áreas do quadro pulsam, como se qui-sessem escapar do plano em direção ao espaço tridi-mensional.

Influências de Volpi e IberêNo catálogo da mostra, o curador destaca pontos

de contato entre a pintura de Paulo Pasta e do con-sagrado pintor brasileiro Alfredo Volpi, cuja marcapessoal era o tema das bandeirinhas e dos casarios.De acordo com ele, as estruturas de Pasta tendem ase repetir de uma tela para outra, sofrendo, com otempo, delicadas mudanças em sua morfologia. So-bre a Fundação Iberê Camargo, o artista diz ser ummuseu feito para um pintor, pensado enquanto luze espaço para abrigar a pintura. "Se a minha pinturanão tiver a luz adequada, ela não vive". Estar próxi-mo da obra de Iberê e do prédio erguido em sua ho-menagem faz Paulo Pasta lembrar a influência queo artista teve em sua vida. "Iberê representou paramim a possibilidade da existência da pintura, de umarelação profunda e verdadeira com ela".

Elida Tessler: Gramática IntuitivaA mostra da artista Elida Tessler será uma pano-

râmica dos últimos 20 anos de sua produção. Esta éa segunda exposição individual da artista em PortoAlegre. A primeira foi em 1988, no MARGS, no qualela apresentou exclusivamente trabalhos em desen-ho. "De alguma forma, estou me reapresentando ao

público de minha cidade natal". Segundo Elida, estaserá a primeira vez que ela mesma poderá ver umaquantidade tão grande de trabalhos seus juntos, dia-logando entre si. Frequentemente, ela realiza propo-sições para lugares específicos, de acordo com as ca-racterísticas arquitetônicas do local.

A mostra Elida Tessler: gramática intuitiva, noterceiro andar da instituição, apresenta 14 instala-ções com curadoria de Gloria Ferreira e marca oencontro entre ela e Elida, que teve início como co-legas de Doutorado em 1989, em Paris. Desde então,elas vem mantendo uma conversa em exposiçõesno Brasil e no exterior e em atividades acadêmicas."Para mim, esta curadoria veio dar forma a um in-tenso e precioso diálogo, concebido em torno dedois eixos principais: a relação entre arte e litera-tura, incluindo a presença da palavra no contextodas artes visuais, e a questão da passagem do tem-po e seus registros cotidianos", conta Elida.

A artista tem utilizado o termo "gramática intui-tiva" informalmente há alguns anos, quando perce-beu que para realizar os trabalhos, criava regraspreliminares, com a intenção de sublinhar palavrasespecíficas em suas leituras literárias. Para a con-cepção de O homem sem qualidades caça palavras(2007), por exemplo, Elida estabeleceu a regra derasurar todos os adjetivos no livro, assumindo oque estava sendo sugerido pelo próprio título doromance do autor austríaco Robert Musil, O Ho-mem Sem Qualidades. O trabalho reúne 134 telasde algodão cru com formato correspondente àquelasdas revistas de passatempo. Em cada tela, há 40 ad-jetivos retirados do romance de Musil. Além dosadjetivos, Elida também realizou outros trabalhosque envolveram o uso de substantivos, verbos, ad-vérbios e gerúndios.

Para a exposição, Elida criou um trabalho inédi-to no qual faz uma referência especial ao livro deIberê Camargo Gaveta dos Guardados e ao deGonçalo M. Tavares, Biblioteca. "Tenho particularapreço por livros e bibliotecas. Guardo na memóriao ato de buscar as referências nos fichários do Ins-tituto de Artes da Ufrgs desde os meus tempos deestudante". Há alguns anos, Elida encontrou algunspacotes contendo as fichas catalográficas que seriamdescartadas após a digitalização. "Certamente o tra-balho assumiria uma espécie de homenagem à bi-blioteca".

O trabalho resultou em um móvel de madeira,evocando a gaveta do fichário original, apresenta-do de forma circular, aludindo a um determinadociclo de tempo. "Nos tempos atuais, quando tantose discute a substituição do 'objeto livro' pelo 'livroeletrônico', e por esta via, as aceleradas transfor-mações que estamos vivendo, este trabalho pro-põe uma reflexão sobre o descarte e a memóriadas coisas".

Ao lado dos curadores Tadeu Chiarelli e Glória Ferreira, os artistas apresentam doisgrandes momentos das suas produções. Mostras serão inauguradas juntas no dia

6 de junho e exibidas ao público de 7 de junho a 18 de agosto

Paulo Pasta - Cruz Púrpura Laranja 2010

Elida Tessler - O homem sem qualidades, 2007

Edouard Fraipont

Elida Tessler

PAULO PASTA E ELIDA TESSLER

Abertura: 06 de junho, para convidados. Vsitação: de 07de junho a 18 de agosto. De terça a domingo, das 12h às19h e quinta, das 12h às 21h.

Local: Fundação Iberê Camargo - Av. Padre Cacique,2000, Porto Alegre - RS - ENTRADA FRANCA

INFORMAÇÕES: 3247.8000 ou pelo site www.ibereca-margo.org.br

SERVIÇO

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Junho de 2013 - 17A RELÍQUIA

Leilão ResidencialAntiguidades, Móveis e Objetos de Arte

Sábado, 15 de junho às 15hLocal: Rua Eça de Queiroz, 333 - Petrópolis - Porto Alegre - RS

Visitação: 12, 13 e 14 das 10h às 18h* Garage Sale durante a visitação

Catálogo disponível: www.spazzioantiguidades.com.br/leilao

Loja Garimpo: R. Câncio Gomes, Esquina com a R. Emancipação - B. Floresta - Porto Alegre - RSContatos: [email protected] / 51 3061.0095 / 51 8167.9594 e 51 8136.8433

CAPTAÇÃO PERMANENTE DE PEÇAS

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A RELÍQUIA18 - Junho de 2013

Lucian Freud no MASPLucian Freud no MASP

Amostra LUCIANFREUD: Corpos e Ros-tos, que traz pela pri-meira vez ao Brasil umdos principais artistasdo pós-guerra, tem fo-co em sua produçãográfica e apresentadois períodos marcan-

tes em sua carreira como gravuris-ta: o primeiro deles na década de1940, quando ainda jovem fez umpequeno número de gravuras expe-rimentais e, depois de um longo in-tervalo, um segundo momento apartir da década de 1980, quandocriou uma sucessão de obras ex-traordinárias usando a técnica daágua-forte. Estes trabalhos mais re-centes incluem uma ampla seleçãode nus e retratos e foram descritoscomo "uma conquista paralela à suaspinturas".

Com curadoria de Richard Rileye Delphine Allier e colaboração deTeixeira Coelho, a exposição trazainda ao público brasileiro seisóleos: um autorretrato do começo desua carreira e cinco pinturas de dife-rentes décadas, incluindo Girl withRoses, de 1947-48. E se completacom a exibição de 28 fotos tiradaspor David Dawson, seu assistente,amigo e fotógrafo oficial que alémde registrar os movimentos do artis-ta e seus modelos no ateliê, costu-meiramente servia ele próprio demodelo para Lucian Freud, que nas-ceu em 1922 na Alemanha e natu-ralizou-se inglês em 1939.

Em suas fotos Dawson buscavaimprimir a mesma dramaticidadedas pinturas de Lucian Freud, jogan-do com a luz e os objetos em cena

em registros do artista e das pessoasque ele retratava, como será vistonesta exposição. "As fotografias pes-soais de David Dawson, assistentede Freud por mais de vinte anos,trazem uma visão única da vida doartista", observa Richard Riley, chefede Exposições e Artes Visuais noBritish Council e curador desta mos-tra que integra o Transform, progra-ma de arte da instituição.

Palestra com David DawsonNo dia 27 de junho, às 15h, David

Dawson dará uma palestra gratuitasobre seu trabalho como assistente efotógrafo oficial de Lucian Freud noGrande Auditório do MASP.

Serviço EducativoComo para as demais exposições

temporárias e mostras de obras doacervo realizadas pelo MASP, Lu-cian Freud: Corpos e rostos tem umprograma educativo elaborado espe-cialmente para atender aos visitan-tes, professores e alunos de escolaspúblicas e privadas. As visitas orien-tadas são realizadas por uma equi-pe de profissionais especializados.Informações: 3251.5644, ramal 2112.

Lucian Freud, por TeixeiraCoelho:

Lucian Freud praticou o que sepode descrever como humanismo in-cômodo. "Pinto o que vejo, não oque você quer que eu veja", costu-mava dizer aos que o censuravampor um verismo que julgavam ex-agerado. De fato, Lucian Freud mos-trava um comprometimento totalcom seus modelos, persistentemen-te buscando apreender toda sua ver-

dade, que ele via como algo invasi-vo e perturbador, não tranquil-izador. Essa persistência o levava agastar 18 meses de trabalho comuma modelo, sete noites por sema-na, para chegar à obra final.

Outra persistência sua foi com ofigurativismo, que não abandonouem nenhum momento. Essa insistên-cia chegou mesmo a causar escânda-lo quando, em 1976, uma exposiçãona Hayward Gallery de Londres or-ganizada pelo também artistaR.B.Kitaj defendeu o que este cha-mava "Escola de Londres", reunindoartistas como o próprio Lucian

Freud, Frank Auerback, Francis Ba-con, Leon Kossof e outros que fa-ziam do figurativismo um elementode resistência contra o abstracionis-mo dominante. Abstracionismo, comLucian Freud, só aquele acidental-mente feito por seus pincéis quandoos limpava nas paredes de seu ate-liê, sobrepondo mancha de tinta amancha de tinta...

Lucian FreudFilho de pais judeus, Ernst Lud-

wig Freud, arquiteto, e de LucieBrasch, era neto de Sigmund Freud,o pai da psicanálise. >>>

Consagrado como um dos mais importantes artistasda atualidade, Lucian Freud põe em relevo a arte doretrato, fio condutor de seu trabalho. Nesta mostraorganizada pelo MASP e British Council, o centro ésua obra gráfica, expressa em 44 gravuras acompan-hadas por seis pinturas e 28 fotos do artista e seusmodelos no ateliê, clicadas por seu assistente DavidDawson, que virá para abertura da mostra e farápalestra aberta ao público na quinta-feira, 27. A ex-posição fica em cartaz de 28 de junho a 13 de out-ubro, no MASP.

Lucian Freud - Jovem com rosas

Fotos: Divulgação

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Junho de 2013 - 19A RELÍQUIA

Em 1934, para escapar do antisse-mitismo nazista, Ernst Freud levousua família para Londres. Em 1938,Sigmund Freud se juntou a eles. Lu-cian obteve a cidadania britânica noano de 1939. Durante esse períodoestudou na escola Dartington Hall,em Totnes, Devon, e posteriormen-te na Bryanston School.

Freud estudou brevemente naCentral School of Art em Londres,depois, com grande sucesso, na Ce-dric Morri's East Anglian School ofPainting and Drawing em Dedham,e também na Universidade londrinade Goldsmiths de 1942 a 1943. Des-de então, ele serviu como marinhei-ro mercante no comboio atlânticoem 1941 antes de ser invalidado doserviço em 1942.

Sua primeira exposição individualna Lefevre Gallery em 1944, apre-sentou o agora celebrado ThePainter's Room. No verão de 1946,ele viajou até Paris antes de ir paraItália e lá ficar por vários meses.Desde então morou e trabalhou emLondres.

As primeiras pinturas de Freudsão frequentemente associadas como surrealismo e por apresentar pes-soas e plantas em justaposições in-comuns, mas a partir da década de1950 ele começou a pintar retratos,

geralmente nus, para a quase com-pleta exclusão de tudo o mais, e co-meçou a usar um impasto mais es-pesso. Com o uso dessa técnica, elelimpava seu pincel a cada pincela-da. As cores nessas pinturas são ti-picamente emudecidas. Os retratosde Freud geralmente apenas repre-sentavam os modelos, as vezes nusno chão ou na cama, mas as vezeso modelo é justaposto com algomais, como em Menina com um cãobranco e Homem nu com chapéu.Os temas de Freud são geralmentede pessoas nas suas vidas; amigos,família, amores, crianças. Nas pala-vras do artista "o assunto do tema éautobiográfico, tudo sempre tem aver com esperança e memória e sen-sualidade e envolvimento, mesmo."

"Eu pinto gente - diz Freud - não

pela maneira que elas se parecem,não exatamente a despeito do queelas são, mas como elas por acaso separecem." Freud pintou um bom nú-mero de amigos artistas, incluindoFrank Auerbach, e também Henriet-ta Moraes, uma musa para muitosartistas do bairro londrino de Soho.

Freud era um dos mais conheci-dos artistas britânicos que trabalha-va com um estilo tradicional repre-sentativo, e recebeu o Prêmio Tur-ner no ano de 1989. De acordo como jornal Sunday Telegraph de 1 desetembro de 2002, Freud teria cercade 40 filhos, reconhecendo todosquando se tornam adultos. Depoisde seu romance com Lorna Garman,ele se casou com sua sobrinha Kitty(filha do escultor Jacob Epstein e dasocialite Kathleen Garman) em 1948,mas seu casamento acabou depoisde quatro anos quando ele iniciouum romance com Lady CarolineBlackwood, escritora. Eles se casa-ram em 1957.

Sua pintura After Cezanne, que énotável pelas suas formas incomuns,foi comprada pela Galeria Nacionalda Austrália por 7,4 milhões dedólares. A sua parte superior es-querda desta pintura foi 'grafitada'.

Lucian Freud foi professor visitan-te na Slade School of Fine Art de1949 a 1954, na Universidade deLondres. Apesar de internacional-mente conhecido como um dos maisimportantes artistas do século XX, hápoucas oportunidades de ver as pin-turas e gravuras de Lucian Freud naGrã-Bretanha. Em 1996, houve umagrande exibição de 27 obras e 13gravuras na Abbot Hall Art Galleryem Kendal, cobrindo todo os perío-dos da obra de Freud. Isso foi nota-velmente seguido por um grande re-trospectivo na Tate Britain em 2002.Durante o período de maio de 2000a dezembro de 2001, Freud pintou arainha Isabel II do Reino Unido.

Morreu em julho de 2011, aos 88anos.

Lucian Freud - Esther

Mulher com tatuagem no braço

David Dawson - Desenho com giz, começo de uma gravura

Lucian Freud no seu atelier

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20 - Junho de 2013 A RELÍQUIA

Museu do LouvreMuseu do Louvre

OMuseu doLouvre (Muséedu Louvre) é omais importan-te e um dosmaiores mu-seus do mun-do. Seu acervopossui mais de

380 mil peças e mantém emexibição permanente maisde 35 mil obras de arte, dis-tribuídas em nove departa-mentos. Sua seção de pintu-ras, com 12 mil peças, per-de apenas para o MuseuHermitage, em São Peters-burgo, na Rússia, e é, ainda,o museu mais visitado domundo, tendo recebido 9,7milhões de pessoas em 2012.

Localizado no centro deParis, entre o rio Sena e aRue de Rivoli, na linha cen-tral da Avenida Champs-Elysées, o museu tem o seupátio central ocupado pelafamosa Pirâmide de Vidro.Para quem gosta de núme-ros, o Louvre possui cercade três quilômetros de gale-rias abertas ao público, on-de se pode caminhar por sé-culos e séculos de civiliza-

ção, e por muitos quilôme-tros de geografia e cultura,constituindo assim o obser-vatório mais completo paraa história da arte e do mun-do.

O museu abrange oito milanos da cultura e das civili-zações Oriental e Ocidental.Lá se encontram enormes co-leções e artefatos do AntigoEgito, da civilização greco-romana, artes decorativas eaplicadas, obras importantescomo a Mona Lisa - a estrelado museu -, a Vênus de Milo,a Vitória de Samotrácia, obras-primas dos grandes artistasda Europa, como Michelan-gelo di Lodovico BuonarrotiSimoni, Leonardo di Ser Pie-ro da Vinci, Rafael Sanzio,Ticiano Vecellio (ou Vecelli),Rembrandt Harmenszoonvan Rijn, Francisco José deGoya y Lucientes, Peter PaulRubens, e tantos outros. Ou-tra preciosidade, O Códigode Hamurabi, a mais antigacoleção de leis conhecida pornossa civilização, está grava-do em uma estela 1 cilíndri-ca de diorito, descoberta nacidade de Susa, Irã (1901)

também pode ser visitada nomuseu. Vê-se, assim, que oLouvre tem a maior e a maisdiversificada coleção deobras de arte que possa ha-

ver no mundo, e o excessode riqueza excita qualquervisitante.

Vista do Castelo do Louvre na Idade Média - miniatura dosirmãos de Limbourg, do célebre "Livro das Horas" do Duque

de Berry (Museu Conde de Chantilly)

Leonardo da Vinci, A Gioconda0sm, 77 x 53 cm. A Mona Lisa

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ELÍQUIA Junho de 2013 - 21

uvreuvre

Gioconda (1503-1506), sa é a grande estrela do Louvre

Francisco I, rei de França (1530), OSM, 96 x74 cm. Atribuído a Jean e a François Clouet

Fra Angélico, A Coroação da Virgem (1435).Têmpera sobre madeira, 2,09 x 2,06 cm

Voltando à sua localiza-ção, o Museu do Louvre es-tá encravado no coração deParis e ainda conserva, nasua arquitetura, a marca daépoca em que era o sinalinequívoco de poderio."Posicionado-se no centro domuseu e tomando como ei-xo visual o Arco do Triunfoe o Jardim das Tulherias , avisão se estenderá em quilô-metros por uma das mais ci-vilizadas paisagens domundo, e a Agulha de Cleó-patra, no meio da Praça daConcórdia, passará exata-mente pelo centro de nossafocalização. Alguns quilôme-tros mais adiante, no finaldos Campos Elíseos, o Arcodo Triunfo das Estrelas coin-cidirá também com o centrodo primeiro arco e a agulhaegípcia se converterá no eixocomum dos edifícios triun-fais. À nossa esquerda, maisalém de todos os prédios, fi-ca o rio Sena, esse pontomáximo de toda referênciaparisiense e, mais adiante, larive gauche, o Bairro Latino,o Panteon, Saint-Germain,Montparnasse... Tudo o quehá muitos séculos é tradiçãode vida na inteligência fran-cesa; à direita, la rive droite,os grandes bulevares, a Pa-ris clássica e característica, aelegância. Às nossas costas,"a Paris gótica": Saint-Chapelle, Notre-Dame e a il-ha de São Luís. Estar nasTulherias, antes de entrar noLouvre, é como estar numlugar onde os séculos tives-sem deixado no solo su-cessivas camadas de ci-vilização".*

Mas nem sempre foi as-sim!

A HistóriaParis fedia no século XII,

quando o rei Felipe Augusto(1165 - 1223) decidiu cons-truir o Castelo do Louvre,provavelmente porque ele sesentia asfixiado e aprisiona-do no velho palácio da Île dela Cité. A área em volta dolocal da construção serviacomo desembarcadouro, ma-tadouro, peixaria, curtume eum imenso bordel a céuaberto, ambiente propíciopara disseminação dedoenças. Não foi à toa queo rei decidiu construir tam-bém o mercado coberto em

Les Hal-les, pa-

r a

transfe-rir os comerciantes

da área do castelo. O primeiro castelo

real do Louvre foierguido por FelipeII em 1190, como

uma fortaleza, pro-jetada para defender

Paris mesmo se elafosse atacada a partirdo rio. Sua aparência

original (foto napágina 16) emnada se parececom o palácio

atual. A antiga fortaleza ti-nha um imponente torreãocircular envolto por um re-cinto munido de torres edois alojamentos. No sécu-lo XIV, Carlos V (1338-1380)transformou-a em um palá-cio, mas foi Francisco I(1494 - 1547) e, depois,Henrique II (1519 - 1559)que colocaram abaixo o an-tigo Castelo do Louvre paraconstruir um palácio real,inspirados pela Renascença.As fundações da torre ori-ginal da fortaleza estão soba Sala das Cariátides domuseu.

No entanto, a escolha doLouvre como residência re-al foi de duração efêmera,pois a França atravessou emseguida longas décadas con-turbadas, com a loucura deCarlos VI, a violência civil ea Guerra dos Cem Anos,eventos durante os quais osreis abandonaram Paris pa-ra se instalarem no Vallée dela Loire ou na Île-de-France.

Mais tarde, reis comoLuís XIII (1601 - 1643) e LuísXIV (1638 -1725) tambémdariam contribuições notá-veis para a feição do atualPalácio do Louvre, com aampliação do Cour Carreé ea criação da Colunata dePerrault. As transformaçõesnunca cessaram na históriado museu, e a antiga fortale-za militar medieval acaboupor se tornar um colossal

complexo de prédios, hojedevotados inteiramente àcultura.

Continua na página seguinte

Vitória deSamotrácia,

cerca de 190a.C. Mármore,

alt. 3,38 m.Esta Vitória,

representadana forma deuma mulher

alada, foiencontrada em

1863 numacolina que

dominava umsantuário. Éconsiderada

uma obra-prima daescultura

Vênus de Milo,cerca de100 a.C. Mármore, alt. 2,02m. A Vênus tornou-se umsímbolo da arte clássica

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Continuação da página anterior

A RELÍQUIA22 - Junho de 2013

Dentre as mais recentes e significativas mudan-ças, desde o lançamento do projeto Grand Louvrepelo então presidente François Mitterrand, estão atransferência para outros locais de órgãos do go-verno que ainda funcionavam na ala norte, abrindograndes e novos espaços para exposição, e a cons-trução da Pirâmide de Vidro, desenhada pelo ar-quiteto chinês I. M. Pei no centro do pátio do palá-cio, por onde se realiza agora o acesso principal.

"O Louvre não é, em seu conjunto atual, um pa-lácio muito velho; o velho Louvre, ao redor da CourCarreé (Pátio Quadrado), foi terminado há três sécu-los, porém o iniciado que gosta de procurar sobreas pedras a marca da história dos homens tem, en-tretanto, muita coisa para descobrir ao longo dassalas e corredores, desde raros vestígios no subsolodo primeiro Louvre, de Felipe Augusto, até às mar-cas, no Pavilhão de Flora, da última revolução fran-cesa, ou da Comuna de 1871, que incendiou asTulherias. E, no lado sudoeste do Cour Carreé, ocorpo do rei Henrique IV foi exposto para as ho-menagens do povo de Paris, e existe também a es-cada pela qual, segundo a história ou lenda, pas-sava o jovem Luís XIV para ir cortejar Maria Man-cini, a neta de Mazzarino. Bonaparte, quandoprimeiro-cônsul, participava de reuniões na Gale-ria que é hoje chamada de Galeria Henrique IV; e,se a grande galeria não é exatamente aquela emque ele passou no dia do seu casamento com MariaLuísa, da Áustria, é a que atravessou, em um som-brio dia de setembro de 1870, a Imperatriz Eugê-

nia, fugindo do Palácio das Tulherias para o exílio.E a mesma pedra guarda as marcas do grande es-forço mantido através de quatro séculos: são os mo-nogramas dos inúmeros reis que terminaram as di-versas partes da construção".*

O nascimento do museuO Museu do Louvre não pode ser comparado a

quase nenhum museu no mundo, pois foi criado ese desenvolveu na época em que a França era agrande potência do mundo. Não é uma instituiçãoracional , mas um fenômeno histórico. O Louvre é oque é porque é o herdeiro das coleções reais, por-que é o beneficiário dos sequestros revolucionários,da concentração napoleônica, porque durante trêsséculos foi em Paris que se concentrou o poder e

a riqueza, e os aficionados e os mecenas mais ri-cos, arrastando em sua estrada os melhores artis-tas e os melhores artesãos.

Pode-se dizer que a vocação museológica do pa-lácio do Louvre remonta a Felipe Augusto, pois omaravilhoso castelo por ele construído já continhamuitas obras de arte. Já, no século XVI, o rei Fran-cisco I resolveu demolir a fortaleza e em seu lugarconstruir um palácio no estilo arquitetônico daépoca. A obra continuou nos reinados seguintes, eHenrique II concretizou o projeto de um suntuosopalácio composto por vários edifícios. Catarina deMédici (1519-1589) mandou edificar o Palais des Tui-leries (Palácio das Tulherias) em 1564, a 600 metrosdo Louvre. >>>

Pierre Paul Rubens, A Chegada de Maria deMédicis a Marselha (1622-1625), ost 394 x 295

cm. Um dos 20 quadros encomendados a Rubenspara pintar "as histórias da vida muito ilustre e

das proezas heróicas" da rainha e da suaregência. Serviria para decorar uma galeria do

Palácio de Luxemburgo

Rembrandt Van Rijn, Betsabé no banho (1654),ost 142 x 142 cm

Pieter Brueghel o Velho, Os Mendigos (1568), OSM,18,5 x 21,5 cm. É a única obra do artista no Louvre

Johannes Vermeer, A Rendeira (1670-1671), ostcolada em madeira, 23,9 x 21 cm. Um dos dois

únicos quadros de Vermeer no museu. O outro éO Astrônomo de 1668

Hyacinthe Rigaud, Retrato de Luís XIV, rei deFrança (1701), ost 277 x 194 cm

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A RELÍQUIA Junho de 2013 - 23

Casada com Henrique II, foi ela quem mandouconstruir a Pequena Galeria, chamada hoje Galeriade Apolo, e quem teve a ideia de unir, por meiode uma comprida galeria, o Palácio do Louvre àresidência das Tulherias. Mas, foi Henrique IV, em1595, quem começou a fazer a Grande Galeria, de442 metros de comprimento, unindo a Galeria deApolo ao Palácio das Tulherias. Na sequência, em1624, Luís XIII iniciou a ampliação do Cour Carreée mandou edificar o Pavilhão do Relógio, que de-pois seria ligado ao Pavilhão de Beauvais por umaala simétrica ao Pavilhão de Lescot, sobre a atualRua de Rivoli. Os trabalhos continuaram com LuísXIV e Mazzarino, em 1655 foi concluída a ala suldo Cour Carreé, sobre o Rio Sena, e no final de1667 Luís XIV construiu a Colunata de Perrault,que se tornou o terceiro lado do Cour Carreé.

Com a mudança da corte de Luís XV para Versa-lhes, o Louvre ficou abandonado, sendo ocupadopor todo tipo de pessoas, incluindo artistas, insti-tuições e, também, comerciantes com barracas insta-ladas em toda parte. Sob o governo do Rei Sol, ne-nhuma melhoria foi realizada, e somente no séculoXVIII o arquiteto Gabriel reformou o andar supe-rior do Cour Carreé. Em 1777, o Conde de Aingivil-ler mandou remover os modelos das fortalezas doreino que enchiam a Grande Galeria e determinouque os arquitetos e decoradores fizessem um proje-to para a instalação de um Museu nessa área dopalácio, o que aconteceu em 1793. Durante o Im-pério de Napoleão I, continuou-se a ampliação domuseu, unindo o Pavilhão Marsan na extremidadedo Palácio das Tulherias, com a ala norte do CourCarreé. Foi o arquiteto Visconti, em 1852, e logodepois Hector-Martin Lefuel, que terminaram aunião do Louvre com as Tulherias, prolongando aGrande Galeria até a metade do trajeto, por meiode edifícios paralelos, criando dois pátios internosseparados pela monumental Sala dos Estados. De-pois, foram criadas as salas Van Dyck, Rubens,Schlichting e Chauchard. Em 1871, a Comuna in-cendiou o Palácio das Tulherias, e a III República,então, decidiu destruir definitivamente essa resi-dência real. Com o desaparecimento desse Palácio,os dois grandes braços do Louvre abriram-se, as-sim, para uma grande perspectiva, que dá para o(agora) Jardim das Tulherias , a Concórdia e o Arcodo Triunfo. A partir desse momento o Palácio doLouvre tomou seu aspecto definitivo.

Os departamentos - PinturasPode-se afirmar que o acervo do Museu do Lou-

vre começou a ser formado na época de Francisco I,com a compra das primeiras pinturas estrangeiras.As grandes entradas de obras-primas por intermé-dio da monarquia aconteceram praticamente duran-te os reinados de Francisco I, Luís XIV e Luís XVI.O que não significa que, entre esses períodos, nãotenham ocorrido aquisições. Foi Luís XII (1462 -1515) quem introduziu na França o gosto pela arterenascentista italiana. Seu pintor preferido era Leo-nardo da Vinci (1452 - 1519), a quem tentou atrairpara a França. No entanto, quem conseguiu trazerLeonardo foi Francisco I, instalando o mestre ita-liano no Castelo de Cloux, próximo ao Castelo Realde Amboise, no Vallée de la Loire.

Continua na página seguinte

Escola de Fontainevleau - Gabrielle d'Estrées euma das suas irmãs no banho (1595), óleo s/madeira, 96 x 125 cm. A irmã de Gabrielle é

provavelmente a duquesa de Villars, que belisca omamilo, gesto codificado que faz alusão ao nasci-mento do duque de Vendôme, em 1594, filho da

amante do rei. O anel significa prova de amor

Nicolas Poussin, O Rapto das Sabinas (1637-1638),ost 159 x 208 cm

Frans Hals, A Boêmia (A Cigana) (1630), óleo s/madeira, 58 x 52 cm

Raffaello Santi (Rafael), A Sagrada Família, ost 2,07x 1,40 cm (Col. Francisco I)

Jean-Honoré Fragonard, O Ferrolho (1778) ost 129 x 194 cm

Francesco Guardi, A Partida do Bucentauro para oLido de Veneza, no dia da Ascensão (1766-1770),ost 66 x 101 cm. Quadro da única série de Guardi,

foram 12 pinturas, das quais 10 estão no Louvre

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A RELÍQUIA24 - Junho de 2013

Continuação da página anterior

Através do relato do Cardeal de Aragão, sabe-seque Leonardo trouxe três quadros de sua autoria,um São João Batista, uma Santa Ana e um Retrato deMulher, sem dúvida a Mona Lisa. A Virgem das Pe-dras só apareceu em 1625, em Fontainebleau. Alémde Leonardo da Vinci, Francisco I também trouxe opintor florentino Andrea del Sarto, que pintou parao rei a tela Caridade, que se encontra também noLouvre. O rei também adquiriu a obra-prima a BelaJardineira, de Rafael.

Desde a Renascença, os edifícios do Palácio doLouvre foram concebidos para alojar obras de arte.Desde o tempo de Catarina de Médici, a Galeria deApolo era decorada com os retratos dos reis daFrança. Maria de Médici, mulher de Henrique IV,encomendou a Rubens uma série de quadros, en-tre os quais a obra-prima Desembarque da Rainha.Os vinte e sete quadros dessa série estão expostosna Grande Galeria do Louvre. O Cardeal de Riche-lieu doou em 1636, a Luís XIII, entre outras obras,A Virgem, de Leonardo, e Os Peregrinos de Emaús,de Paolo Veronese. Entre 1660 e 1671, o rei LuísXIV adquiriu, do banqueiro Everhard Jabach, umacoleção que incluía todas as obras de Tiziano, queestão no museu, além de uma das mais importantesobras de Caravaggio, A Morte da Virgem. Em 1649,o colecionador Louis La Caze, ao morrer, deixousua extraordinária coleção para o Louvre, que in-cluía a Cigana, de Frans Hals, e o célebre Betsabé noBanho (ou O Banho de Betsabé), de Rembrandt.

O Pavilhão do Rei continha objetos raros e pre-ciosidades acumuladas pela nobreza. A chamada Co-leção do Rei, com peças reunidas desde a épo-ca de Francisco I à de Luís XIV, foi transferi-da para Versalhes pelo Rei Sol, o que gerouprotestos por parte dos parisienses. Em fun-ção disso, entre 1750 e 1785, organizou-seuma exposição de obras-primas selecio-nadas nas coleções reais do Palácio deLuxemburgo. O sucesso foi tanto que oMarquês de Marigny, SuperintendenteGeral dos Edifícios do Rei, e seu suces-sor, o Conde de Angivillier, desenvolve-ram a ideia de tornar o Louvre um mu-seu permanente . O projeto se transfor-mou em lei em 6 de maio de 1791, quan-do a Assembleia Revolucionária decretouque o palácio deveria ser um repositóriode todos os monumentos das ciências edas artes. Grande parte das peças levadaspara Versalhes voltaria depois para o Lou-vre.

O enriquecimento mais espetacular dascoleções reais, porém, foi, sem dúvida, con-seguido por Luís XIV, pois sob o seu reina-do foram adquiridas cerca de 1.500 pintu-ras, com predominância dos mestres daépoca, entre eles Nicolas Poussin, ClaudeGellée (ou Claude Lorrain) e Charles LeBrun. O Rei Sol recebeu de presente, da Re-pública de Veneza, a Refeição em Casa de Si-mão, de Veronese, e o Príncipe Pamphilj ofe-receu a Deusa da Boa Ventura, de Caravag-

gio. O rei já possuía, em 1681, quatorze obras deVan Dick. A compra de vinte quadros do Príncipede Carignan, em 1742, permitiu a entrada de obrasimportantes, como A Virgem com Cordeiro, de Ra-fael, o Anjo Gabriel Abandonando Tobias, de Rem-brandt, e a Virgem da Almofada Verde, de AndreaSolari.

Quando o museu foi inaugurado em 10 de agos-to de 1793, pôde oferecer um panorama quase com-pleto da pintura italiana, flamenga e holandesa dosséculos XVI e XVII. Além das coleções reais, houveum incrível acúmulo de obras apanhadas na Itália eem Flandres, e o acervo continuaria a aumentar no

período do Primeiro Império. Além dos espó-lios de guerra, o acervo cresceu como conse-quência da Revolução. Nessa época, oconfisco dos bens da Igreja levou aoMuseu Central, transformado em Mu-

seu Napoleão, obras excepcionais,como A Virgem do Chanceler Rollin,de Van Eyck, e em 1802 o museuadquiriu a série única de Frances-co Lazzaro Guardi, A equestrePestre Senef.

Aliás, mesmo o Congressode Viena tendo imposto a res-tituição da maioria das obrastomadas pelo Diretório e porNapoleão (cerca de cinco milpeças), o museu conseguiuconservar centenas de quadros,dentre eles As Bodas de Canaã,de Veronese, São Francisco, deGiotto di Bondone, a Virgemcom Anjos, de Cenni di PetroCimabue, a Coroação da Virgem,de Fra Angelico, e a Virgem da Vi-tória, de Andrea Mantegna, entreoutros.

Em 1863, com a aquisição da Co-leção Campana - um total de 643 te-las italianas dos séculos XIV e XV -

veio a Anunciação, de Leonardo da Vinci. As com-pras continuaram e, em 1870, foi adquirida a telaRendeira, o primeiro Johannes Vermeer do Louvre, eBoi no açougue, de Rembrandt.

Continua na página 30

Sarcófago do Conselheiro Imeneminet, telaaglomerada estucada e pintada. Alt. 188 cm

Eugene Delacroix, A Liberdade que guia o povo(1830), ost 260 x 325 cm

Escriba sentado, Saqqara, 2620-2500 a. C.Calcário pintado, Alt 53 cm

A Tríade de Osorkon, cercade 874-850 a.C (22ª Dinastia)

Ouro, lápis-lazúli, vidro. Alt 9cm; Larg. 6 cm

Page 25: Edição 191 - Junho 2013

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A RELÍQUIA28 - Junho de 2013

Por Litiere C. OliveiraDestaques

Pintor brasileiro volta a expor no Louvre

No próximo dia 7 de junho, terá início a 12ªEdição Primavera da "Feira Internacional de Ar-te Contemporânea", no Carrousel du Louvre, emParis (França).

O evento é um dos mais importantes da Eu-ropa, recebendo anualmente milhares de visitan-tes do todo o mundo. Um dos fatores determi-nantes é que a mostra acontece no subsolo doMuseu do Louvre, no Palácio do Louvre, espaçode 7.100 m² que é o centro de todas as conven-ções e exposições que ocorrem em Paris.

A curadora Geni Settanni, da Waylight Even-tos Culturais, convidou o artista plástico paulis-ta Rafael Murió, que participará pela quarta vezdessa mostra, com duas telas. Rafael Murió estácompletando 50 anos de carreira e vem se desta-cando por ser um dos pintores com maior pre-sença em eventos internacionais. Recentementeparticipou da "Artexpo New York", nos EstadosUnidos, e da "Art Meeting in Portugal", na ci-dade do Porto. No ano passado, seus quadrosforam destaques em outras importantes exposi-ções de países como Espanha e França.

Suas obras estão presentes em acervos degrandes colecionadores, principalmente euro-peus, americanos e australianos. No País, podemser encontrados nos principais leilões do merca-do de arte, além de galerias e museus. Detéminúmeros certificados, prêmios e menções honro-sas, além de registros em diversos guias de arte.

Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica

Até o dia 30 de junho pode ser feita a inscri-ção para o "Prêmio Odebrecht de Pesquisa His-tórica", que patrocina a realização do projeto pre-miado e publica um livro. Informações e inscri-ções pelo site: www.odebrecht.com/pesquisahis-torica

Bruno Giorgi e CaribéDuas vidas não seriam suficientes para Bruno

Giorgi e Caribé produzirem todas essas escultu-ras que estão circulando no mercado de arte.

Pierre VergerQuantos anos serão necessários para uma ga-

leria de arte de Salvador, definir se oito fotogra-fias de Pierre Verger são realmente autênticas,e a partir dessa definição, avaliar/ comprar oudevolver as fotos ao seu proprietário? Três anostá bom?

Com a presença do presidente da AlemanhaJoachim Gauck, em São Paulo, foi oficialmenteaberto em maio o Ano da Alemanha no Brasil,com duração prevista até o início da Copa doMundo em junho de 2014. Durante esse período,além da colaboração econômica, será abordado to-da a diversidade das relações entre os dois paí-ses: cultura, educação, sociedade, ciência, tecno-logia, estilo de vida e esporte, temas de eventos

em diversos Estados brasileiros.Na área cultural, a Câmara do Tesouro da Sa-

xônia colocará à disposição importantes peças dagrande exposição "Curiosidade Mundial - 500Anos de Arte na Alemanha". Entre outubro de2013 e maio de 2014 serão expostas, primeiro noRio de Janeiro, e depois em Brasília e São Paulo,diversas obras de arte, pinturas, gravuras, de Dü-rer e Cranach até Baselitz.

A ausência de muitas galerias de arte estran-geiras foi notada na lista de 100 galerias que esta-rão participando da 3ª edição da ArtRio - Feira In-ternacional de Arte Contemporânea do Rio deJaneiro. Entre as oito galerias londrinas que esti-veram presentes em 2012, apenas duas retorna-rão: White Cube e Nosco. Das nove galerias deNova York que estiveram na feira no ano passado,cinco estarão fora em 2013: Sonnabend, Marlbo-rough, Sikkema Jenkins & Co, Tanya Bonakdar eMagnan Metz, mas os organizadores conseguirama adesão de mais três galerias americanas. Da Ale-manha (Berlim) três das cinco galerias presentesem 2012 não estarão no Rio em 2013: Neuger-riemschneider, Galerija Gregor Podnar e GentiliApri. A ausência de galerias da Escandinávia (eramduas em 2012: Andersen's Contemporary e NilsStaerk) será também muito sentida, assim como asaída da única galeria asiática de 2012 (Kaikai Ki-ki, de Tóquio), e das espanholas Fernando Pra-

dilla, de Madri, e Senda, de Barcelona, sem contara suíça Hauser & Wirth (Zurique).

Turbinada pela ajuda financeira da prefeiturado Rio de Janeiro, além de outras benesses rara-mente concedidas a eventos desse tipo, e ajuda-da pela novidade da feira numa cidade carentede salões de arte, a 1ª ArtRio bombou, levandoseus organizadores a dobrar o tamanho da feiraem 2012, assim como as exigências que deixa-ram de fora diversas galerias que queriam par-ticipar. Mas o resultado financeiro e de públicodeixou a desejar em 2012, sendo esse provavel-mente o motivo da debandada das galerias es-trangeiras. Com relação à participação brasileira,o grupo de sempre.

O comitê de seleção este ano é formado pelosgaleristas Anita Schwartz, Cecília Tanure (A GentilCarioca) Alexandre Gabriel (Galeria Fortes Vilaça/ SP), Greg Lulay (David Zwirner / Nova York, EUA)e Matthew Wood (Mendes Wood DM / SP).

Debandada de galerias estrangeiras naArtRio Feira de Arte Contemporânea

"Escadas", de carmela gross,Na casa frança-brasil

Ano da Alemanha no Brasil

Artista paulistana traz ao Rio sua produção re-cente, que brinca com a oposição e a ambiguidadede ideias, conceitos e sensações.Com uma obra derepercussão internacional e presença em coleçõesimportantes, como as do Museum of Modern Art(MoMa/NY, EUA), da Pinacoteca de São Paulo,do MAC e do MAM de São Paulo, do Museu deArte de Brasília e do Museum of Fine Arts deHouston, EUA, Carmela Gross não apresentava

uma individual no Rio desde 1994. O convite pa-ra ocupar o espaço neoclássico da Casa França-Brasil trouxe desafios e, ao mesmo tempo, a opor-tunidade de amplificar alguns conceitos com que aartista vem trabalhando nos últimos anos. Cominauguração dia 4 de junho às 19h, a exposição"Escadas"é realizada e patrocinada pela Secretariade Estado de Cultura (SEC), Casa França-Brasil eCitroën.

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A RELÍQUIA Junho de 2013 - 29

Coleção Grieco no Museu de Arte Sacra - SPColeção Grieco no Museu de Arte Sacra - SP

Aabertura da exposição "Memória, Devoção eBrasilidade - Coleção Ruth e Paschoal Grie-co", dia 14 de maio passado, no Museu deArte Sacra de São Paulo, foi muito concor-rida, atraindo pessoas de vários Estados. A

mostra, com curadoria de Beatriz Vicente de Aze-vedo, exibe, até 7 de junho, 93 peças entre imagi-nária, talhas, mobiliário, pinturas e prataria.Umdos objetivos da mostra é reafirmar a enorme im-portância que as coleções particulares possuem pa-ra a preservação de patrimônios culturais. Funcionalidade e simbolismo são marcas de ca-da uma das peças pertencentes ao núcleo de pra-taria sacra cristã desta coleção, reunida pelo casalGrieco, tais como navetas, turíbulos, caldeiras pa-ra água benta, sinetas, âmbulas, cálices, galhetas,bacias, gomis, luminárias, candelas e castiçais. En-tre os destaques da exposição estão a coroa, obastão e a salva encimada por uma pomba, obje-tos utilizados na tradicional Festa do Divino Espí-rito Santo. "Os bens culturais que Ruth e Paschoal, com rigore critério, reuniram ao longo de mais de quatrodécadas são testemunhos "sólidos" e relevantesda memória e da identidade brasileira. O senti-do religioso do casal que reuniu esta coleção vaiao encontro da devoção que permeava os sécu-los anteriores. A fé católica, o amor ao Brasil, o

respeito pelo passado e a consciência da impor-tância de preservar estes verdadeiros tesouros sãoevidentes" - comenta Beatriz Vicente de Azevedosobre os objetos em exibição". E continua:"Ao se deparar com uma coleção como esta, é im-possível não ser tomado pela admiração, mas osentimento mais forte que este encontro provoca éa gratidão, em nosso nome, mas principalmenteem nome das gerações futuras. Cada peça que in-tegra a coleção passou pela lupa, pelo estudo depublicações e pela pesquisa minuciosa".

Emanuel Araujo entre Ruth e Paschoal Grieco

Fernando Braga e Itamar Musse

Sylvia de Souza Aranha e Cristiane Musse

Page 30: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA30 - Junho de 2013

Foi nesse ano, naIII República, queo museu passou a

ser Museu Nacio-nal e as obras

t o r n a r a m - s epropriedade

do Estado.Posteriormente, em 1897, foi cria-da a Sociedade dos Amigos doLouvre, a quem o museu deveuma série de impressionantesdoações. Os Mendigos, o únicoquadro de Pieter Brueghel (o Ve-lho) existente no museu, foi doa-do por Paul Martz. A doação deCarlos de Beistegui, em 1942, le-vou ao museu uma das maiorestelas de Goya, o Retrato da Marque-sa de Solana. O Barão de Rothschild, porsua vez, doou o Retrato de Lady Alston,do pintor inglês Thomas Gainsborough.

Os numerosos quadros franceses doséculo XVII procedem, na sua maio-ria, das igrejas e conventos de Paris.O Louvre deve muito também aMazzarino, e depois a Jean-BaptisteColbert, a formação do acervo depintura francesa. O primei-ro tinha adquirido grandequantidade de telas deNicolas Poussin, a maiorparte (32 quadros) adqui-

rida de início por Luís XIV. O rei enco-mendou ao pintor Hyacinthe Rigaud o

magnífico Retrato de Luís XIV, pintadoem 1701. A pintura francesa se enri-

queceu com as telas de Ferdi-nand Victor Eugène Delacroix,dentre elas a famosa A LiberdadeGuiando o Povo, adquirida dire-tamente do pintor em 1831. As

aquisições continuaram regu-larmente até 1915 e, mais re-centemente, o museu rece-beu a preciosa pintura A

Virgem da Cartuxa, de Jean de Beaumetz.Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial

(1939-1945), as coleções do Museu do Louvre fo-ram evacuadas, com exceção das peças mais pesa-das, que permaneceram protegidas por sacos deareia. Esse acervo foi inicialmente depositado noCastelo de Chambord (Real Château de Chambord),no Vallée de la Loire, e a seguir foi dispersado emvários locais, permanecendo constantemente emmudança, por medidas de segurança.

Estatueta dadeusa Ishtar Babilônia,cerca de 250a.C.Alabastro,ouro, bronze

e rubis. Alt.25 cm

Germain Pilon, Virgem Dolorosa (C. 1585) -Terracota policromada, Alt 1,59 cm. Prove-niente da Saint-Chapelle de Paris (Saque

revolucionário)

Escudo de Carlos IX (1572) - Ferromartelado e revestido de ouro, esmalte.

Alt. 68 cm; Larg. 49 cmCoroa de Luís XV (1722), Prata dourada, pedraspreciosas e o diamante Regente de 530 quilates

encontrado na Índia

Virgem com Menino deJeanne d'Évreux (1339),

prata dourada e esmalte.Alt. 68 cm

Michelangelo Buonarroti, Escravos(1513-1515). Estátuas inacabadas,

mármore. Alt. 2,09 m

Pierre Puget, Milo de Crotona(1670-1682). Mármore, alt. 2,70m

Continuação da página 24

Page 31: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA Junho de 2013 - 31

Mesmo esvaziado, o museu reabriu ao públi-co em 1940 com uma coleção de cópias em gessode estátuas célebres.

A reorganização das coleções do museu na dé-cada de 1980 dividiu o conjunto de pinturas, e aspeças produzidas após 1848 foram transferidas pa-ra o Musée d'Orsay. O restante permanece expostona Ala Richelieu, no Cour Carré e na Ala Denon.

Antiguidades egípciasO Departamento de antiguidades egípcias do

Louvre conta com mais de 50 mil objetos, eabrange os períodos desde o Antigo Egito até aArte Copta , incluindo os períodos helenístico,romano e bizantino, e seu conjunto oferece umaampla visão da cultura e sociedade egípcias emtodos os seus aspectos. Esse departamento foicriado em 1826 por decreto do rei Carlos X, im-pressionado pela atuação do egiptólogo Jean-François Champollion. Entre outras realizações, orei também adquiriu 4.000 peças pertencentes aHenry Salt, egiptólogo e cônsul da Inglaterra noCairo (Egito). Nesse conjunto veio A Grande Es-finge de Tanis e a grande cuba em granito do fa-raó Ramsés III. Além disso, o acervo cresceu comas remessas de achados arqueológicos das expedi-ções francesas ao Egito. Instalado na Ala Denon eem salas do Cour Carré, a coleção inclui papiros,múmias, joalheria, instrumentos, jogos, armas eoutros objetos de arte. Dentre as peças mais inte-ressantes, estão a famosa escultura O Escriba Sen-tado, a estela do Rei-Serpente, e O Portador de ofe-rendas , além de sarcófagos e objetos variados.

Antiguidades OrientaisEste Departamento concentra-se na história e

arte do Oriente Próximo desde as primeiras civi-lizações até antes da presença muçulmana na re-gião, e seu desenvolvimento acompanhou o de-senvolvimento da arqueologia oriental na França.As primeiras aquisições ocorreram por obra dePaul-Emile Botta, que em 1843 realizou uma ex-pedição a Khorsabad (Iraque), e seus achados de-ram origem ao Museu Assírio do Louvre. A cole-ção é particularmente notável pelas peças da Su-méria e da cidade de Akkad (Mesopotâmia), co-mo a Estela dos Abutres, as estátuas de Gudea ede Abih-il (ou Ebih-Il), touros alados de Khorsa-bad, e painéis de azulejos esmaltados de Susa(Irã), e o Código de Hamurabi.

Antiguidades gregas, romanas e etruscasEste Departamento é um dos mais antigos do

Louvre, foi projetado desde o nascimento do Mu-seu Central das Artes, em 1793, mas inauguradosomente em 1800. Sua coleção inclui peças de to-da a região do Mediterrâneo, desde o períodoNeolítico até o do Helenismo. O conjunto come-çou a ser formado no tempo do rei francês Fran-cisco I, e neste início se concentrava em escul-turas. Os saques revolucionários e os saques deguerra de Bonaparte na Itália aumentaram muitoo número de obras greco-romanas. A compra dacoleção dos príncipes Borghese, da Itália, em1807, por Napoleão I (mais de 500 mármores) co-locou o Louvre em primeiro lugar no ranking dosmuseus com mais antiguidades. Mais tarde, omuseu passou a receber vasos, cerâmicas, traba-

lhos em marfim, afrescos, mosaicos, vidros ebronzes de várias procedências. Pontos altos des-se vasto Departamento são a Vitória de Samotrá-cia, a Vênus de Milo, o Apolo de Piombino, a Dianade Versalhes, o Hermes amarrando as sandálias, e ovaso Hércules e Anteu, este último de Eufrônio.

Arte islâmicaEmbora seja o Departamento mais recente do

museu - foi criado em 2003 -, sua coleção de maisde seis mil itens cobre 13 séculos de história daarte islâmica na Europa, Ásia e África, entre vi-dros, metais, madeiras, tapetes, cerâmicas e miniat-uras. A primeira seção islâmica do Louvre foi cria-da em 1890, por dois conservadores do Departa-mento de Objetos de Arte, Émile Molinise e Gas-ton Migeon . Dentre as peças expostas destacam-secomo principais: a Píxide de Al-Mughira, uma caixade marfim da Andaluzia; o Batistério de Saint-Louis,uma bacia de metal do período Mamluk; e o VasoBarberini, um vaso de metal da Síria.

EsculturasEste Departamento concentra-se nas peças de

escultura criadas antes de 1850 e que não se en-quadram no departamento de antiguidades etrus-cas, gregas nem romanas. Desde o início o Paláciodo Louvre foi um depósito de obras escultóricas,mas a sistematização de suas peças só aconteceudepois de 1824. Seu acervo primitivo era na ver-dade reduzido a cerca de 100 peças, pela mudan-ça da corte para Versalhes, e assim permaneceuaté 1847. Somente na administração de LouisCharles Léon Courajod, a partir de 1871, a repre-sentação de esculturas cresceu, especialmentequanto às peças francesas. Com a criação do Mu-seu d'Orsay parte do acervo recolhido até entãofoi transferida para esse museu, permanecendono Louvre as obras criadas antes de 1850. Atual-mente as peças francesas estão expostas na AlaRichelieu, e as estrangeiras na Ala Denon. O con-junto de esculturas da França oferece um painelamplo e farto dessa modalidade de arte: vai des-de a Idade Média até meados do século XIX, comdestaque para: Le tombeau de Philippe Pot (a tumbade Philippe Pot); o par de esculturas represen-tando Carlos V e Joana de Bourbon, a Fonte de Dia-na; o magnífico conjunto de esculturas de Madon-nas góticas; e obras de escultores do porte de JeanGoujon, Germain Pilon, Jean-Antoine Houdon,Antonio Canova, Giambologna (Jean Boulogne),os irmãos Andrea e Giovanni della Robbia, e omaior de todos, Michelangelo (Michelangelo diLodovico Buonarroti Simoni).

Artes decorativas (Objetos de Arte)Este Departamento cobre desde a Idade Média

até meados do século XIX, tendo sido criado co-mo uma subseção do Departamento de Escul-turas. Foi incorporando obras confiscadas na Re-volução Francesa e outras oriundas da Basílica deSaint-Denis, o mausoléu da monarquia francesa.O Departamento recebeu grandes acréscimos coma aquisição das coleções Durand, Revoil, Sauva-geot e Campana. As peças são exibidas no pri-meiro pavimento da Ala Richelieu e na Galeriade Apolo. Dentre seus itens mais preciosos estãoa coroa de Luís XV, o bronze Nesso e Djanira, de

Giambologna, o Vaso Suger (ou A Águia de Su-ger), a tapeçaria A caça de Maximiliano, a coleçãode vasos de Sèvres da Madame de Pompadour, e adecoração dos apartamentos de Napoleão III.

Gravuras e desenhos A origem deste grande Departamento, com

mais de 100 mil peças, está nas coleções reais. Foisendo aumentado com aquisições e doações, e foiaberto ao público primeiramente em 1797. Hojeestá organizado nas seções : o antigo Cabinet duRoi e seus acréscimos posteriores; e nas exibidasno Pavilhão de Flora . Em virtude da sensibili-dade à luz dos papéis existentes nesse Departa-mento , apenas uma pequena parte dessa coleçãose encontra em exposição, e as peças são cons-tantemente substituídas , mas consultas podemser efetuadas mediante agendamento. Alguns dosautores mais importantes com obras em desenhoou gravura são: Leonardo da Vinci, Rembrandt,Jacques-Louis David, Jean-Honoré Fragonard,Jean-Auguste Dominique Ingres, Delacroix, Char-les Le Brun, A.L.Barve e Albrecht Dürer.

Artes da África, da Ásia, da Oceania e das Américas

Este departamento começou a ser formado em13 de abril de 2000, quando cerca de cento e vin-te obras da África, da Ásia, da Oceania e dasAméricas entraram no Louvre para serem exibi-das nas salas do Pavilhão das Sessões. Não foiobservada nenhuma hierarquia entre as obras,que são mostradas num percurso lógico, tanto anível histórico como geográfico, começando pelaÁfrica, depois abordando a Ásia e Oceania, se-guindo para a Ilha de Páscoa, América do Sul eterminando no Ártico. O departamento foi com-posto pelas mais belas pecas das coleções públicasdo Museu do Homem, Museu Nacional das Artesde África e da Oceania, e museus regionais co-mo o de Boulogne-sur-Mer, de Rochefort, etc.

¹ Pedra vertical monolítica destinada a ter inscriçõesFotos: Litiere C. Oliveira / Reproduções / Arquivo

Fonte: Museu do Louvre, Réun. des Musées Nationaux,Texto de Jean Chatelain, Jeannine Baticle,

Arquivo A Relíquia, Wikipédia.

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Page 32: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIA32 - Junho de 2013

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Page 33: Edição 191 - Junho 2013

Junho de 2013 - 33A RELÍQUIA

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A RELÍQUIA Junho de 2013 - 37

padrões próprios à cultura de outros povos dis-tantes de nós, no tempo e no espaço? Há aquiuma razão profunda. Embora em cada cultura ospadrões tenham significados específicos, em suasformas e desenhos eles são universais. Há mui-tas maneiras de se empreender uma viagem pelomundo dos padrões que encontramos no dia adia de nossa experiência, nas formas da naturezae naquelas criadas pelo homem. Com seu olharatento e amoroso, a fotógrafa Zaida Siqueira e aartista plástica Heloísa Nilo nos convidam, comsuas diferentes linguagens, a compartilhar comelas uma mesma alegria de redescoberta das coi-sas do mundo, e a mesma lição de sabedoria aque ela pode nos conduzir." Maria Lucia Montes

Lucy Citti FerreiraDe 15 de junho a 19 de outubro de 2013. A

mostra trará a público um recorte de um conjun-to recentemente doado ao museu que evidenciaráa contribuição da artista para a história da artebrasileira.

Alexandre Estrela - 1 Homem entre 4 paredes

De 26 de maio a 4 de agosto. A Pinacoteca doEstado de São Paulo apresenta a exposição 1 Ho-mem entre 4 paredes. A instalação é compostapor um túnel de 22m que termina numa sala on-

de é projetada a imagem muito ampliada de umatatuagem, composta por cinco pontos, ao mesmotempo, em que é emitido um som cujo volumeaumenta gradativamente de acordo com a intensi-ficação da velocidade da projeção. A relação entreo espectador e o trabalho deixa de ser de obser-vação e se torna uma intensa experiência física.

Alexandre Estrela (Lisboa, 1971), é considera-do um dos principais artistas da nova geraçãoportuguesa e esta é a primeira individual do ar-tista no Brasil. Seu trabalho teve suas primeirasapresentações públicas no início da década de 90em exposições coletivas, tais como Artstrike(1991), Independent Worm Saloon (1994) ou Wall-mate (1995), entre muitas outras, que reuniramalguns dos mais significativos artistas de uma no-va geração. Tomando como ponto de partida aspráticas conceptuais dos anos 1970 e desenvol-vendo-as num momento de radicais alteraçõestecnológicas, esta geração reconfigurou o objetoartístico e alterou radicalmente o horizonte daprodução nacional. As suas obras produzidasdentro desse contexto tecnológico da informaçãopromovem um contínuo deslocamento entre for-mas e categorias estéticas. Assim, os vídeos deAlexandre Estrela nos levam a questionar o senti-do da visão e mesmo o nosso entendimento doque vemos. O artista mantem em Lisboa um im-portante espaço para exibição de filmes e vídeosexperimentais, o Oporto, que aglutina toda umageração interessada nas possibilidades tecnológi-cas da imagem. Pinacoteca do Estado de São Pau-lo - Praça da Luz, 2 - São Paulo, SP. Tel. 55 113324-1000

Julia Jacobina

O Museu Brasileiro da Escultura, no dia 04 dejunho, com vernissage a partir das 19h., abre suaexposição " Rumos e Destinos" de José Moura-George. Estarão expostas pinturas acrílicas sobretela e papel artesanal, um total de 30 obras.

A pintura de Moura-George pretende no atode, habitar pensando na tela, aparentar um paisa-gismo conceptual, onde, em paralelo ao rigorconstrutivo das geometrias a luminosidade dascores nos leve para a sustentável certeza da pon-derabilidade. Suas obras criam imagens de paisa-gens perdidas, linhas do horizonte, que se for-mam no olhar.

Essa dualidade estimula o movimento, conflitointerior, a cor e a dinâmica dos cincos sentidosunidos num único sentido - o olhar -.

Padrões, de Zaida SiqueiraCom vernissage no dia 20 de junho às 19h e

aberta para visitação entre os dias 21 de junho e 7de julho, das 10h às 19h, o MuBe exibe os regis-tros fotográficos de Zaida Siqueira sobre os pa-drões existentes na natureza, nas rendas, nos teci-dos e em objetos do cotidiano.

"Linhas retas, sinuosas, convergentes, parale-las, que se afastam ou se reúnem, formando todotipo de desenho: repita um deles de maneira re-gular e terá um padrão, como na estampa de umtecido, a forma de uma renda, a decoração de umazulejo, os vazios e cheios de uma escultura… Vi-síveis nas coisas mais diversas e numa infinidadede variações, padrões existem em todas as cultu-ras porque são capazes de traduzir de forma sim-bólica elementos essenciais da experiência hu-mana. Eles condensam valores e crenças forma-dos desde tempos imemoriais por diferentes so-ciedades, indissociáveis do ambiente natural emque vivem seus membros e, antes deles, viveramseus antepassados. Que se tome um povo indíge-na da Amazônia e se verá que os padrões pre-sentes em sua cultura traduzem uma visão demundo, uma cosmologia que sustenta sua orga-nização social, mitos que falam de sua origem, ri-tos que marcam o lugar dos indivíduos na comu-nidade e seu destino após a morte… Isto é o queganha forma simbólica e expressão visível nos pa-drões que se repetem, dos desenhos de sua pintu-ra corporal aos de sua cestaria ou suas peçascerâmicas.

Entretanto, o que nos parece familiar em tais

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38 - Junho de 2013 A RELÍQUIA

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Junho de 2013 - 39A RELÍQUIA

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Apenas dois meses após o lançamen-to do Livro A FAZENDA SÃO LUIZDA BOA SORTE E O CICLO DOCAFÉ, das editoras SENAC e RosaReal, quando recebeu mais de milconvidados nos Salões do Hotel Co-pacabana Palace, no Rio, a Jornalis-ta, Liliana Rodriguez realiza umanova e instigante tarefa.

A instalação da mostra CASA REAL, é umaexposição com mobiliário e arte dos séculos VXI-II e XIX, que acontecerá em julho, em Vassouras,no coração do Vale do Café, no Rio de Janeiro.

Acostumada a vencer desafios, a escritora/edi-tora/apresentadora e produtora, trabalha agorana montagem do evento que acontecera na Fazen-da São Luiz da Boa Sorte , de 13 a 28 de julho.

O CASA REAL vai reunir mobiliário e objetos co-muns das Casas de Vivenda dos Barões do Vale, noapogeu do Ciclo do Café. Através da seleção depeças de antiquários e colecionadores, decoradores,historiadores e arquitetos montarão os ambientes tí-picos da época, como: a capela interna do casarão, asala dos saraus, das Senhoras, dos Barões, os quartosdas donzelas, a cozinha...Enfim, um retrato do queera a vida na intimidade das famílias.

As pecas expostas estarão a vendaDurante o evento, patrocinado pela Oi, acon-

tecerão palestras e workshops diários sobre os te-

mas referentes a exposição: prataria, tapeçaria,decoração, restauro,gastronomia, arte, cultura eturismo. Haverá também, uma serie de atra-ções musicais e apresentação de temas paralelos,focados no empreendedorismo e na capacitaçãoprofissional.

“O Casa Real era um Sonho do meu marido,Nestor Rocha, hoje Presidente do PRESERVALE eentusiasta da Cultura e arquitetura do Vale do Ca-fé, cuja história nos remete ao apogeu do Ciclo doCafé, que levou o Brasil a ser o maior Produtordo grão do Mundo, no século XIX", conta Liliana.

E se tornou possível, com o patrocínio da Oie com a chancela do Ministério da Cultura.

“Desde que nos deparamos com propriedade,de 1835, totalmente destruída pela ação do Ho-mem e do tempo, nos encantamos. Levamos quaseuma década restaurando o casarão,praticamentesaqueado, cujas portas, janelas, gradis, moveis, ti-nham sido destruídos ou levados. Isso sem falardo entorno da Fazenda, e do gado, depauperado’’.

Agora, com a Mostra Casa Real, o que se pre-tende é criar um "Programa Real", próximo à Vas-souras, que recebeu o título de" Imperial Cida-de" e hoje guarda nas fachadas de seus casarios,palacetes, fazendas históricas e monumentos aslembranças de uma época de muita riqueza e dor,pela escravidão, que nunca será esquecido. Du-rante o período conhecido como Ciclo do Café, acidade rivalizou com a capital , o Rio de Janeiro.

Dali saíram as sacas de café que sustentaram pormuitos anos este país. Hoje, o seu conjunto histó-rico urbanístico e paisagístico está protegido pelode tombamento do Instituto do Patrimônio Histó-rico e Artístico Nacional - IPHAN. A 24 de de-zembro de 1984, Vassouras foi declarada, por for-ça de lei, em Estância Turística.

A Fazenda São Luiz da Boa Sorte, que sediaráo CASA REAL, pertenceu a uma das famíliasmais importantes do período, os Gomes Ribeirode Avelar. Paulo Gomes Ribeiro Avelar, o Barãode São Luiz, viveu ali até sua morte, em 1870.Em vida, além de produtor foi um dos mais im-portantes comerciantes da região, lembrado noDicionário Laemmert, e gozou de íntima relaçãocom a Corte. É ali na fazenda restaurada que iráacontecer a Exposição Casa Real, porque paraalém de uma simples visitação, pensa-se em umprojeto maior que agregue valor e conhecimento eque irradie para toda região do Vale do Café.

Antes de tudo, este é um projeto cultural deresgate de nossa identidade enquanto nação.

O Casa Real será aberto (para convidados) nosábado, dia 13 de julho, com uma visita sensorial,especialmente elaborada pelo design Jair de Sou-za; um espetáculo de época, criado pelo diretorFernando Bicudo e culminará com um Show deluzes, assinado por Peter Gasper.

A Programação para o Público será de quarta adomingo, das 12: 00 às 18:00 até 28 de julho.

Primeira exposição de Mobiliário e arte dos séculos XVIII e XIXem Vassouras, no Vale do Café

A RELÍQUIA Junho de 2013 - Encarte 1

Casa RealCasa Real

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A RELÍQUIAEncarte 2 - Junho de 2013

Depois dos engenhos edo ouro das Gerais,veio o café dominar aeconomia, cujo ciclocomeçou a ser forma-do nos finais de sete-centos e foi até mea-dos do séculoseguinte. Foi com o

café que se lançaram os alicercesdas grandes propriedades rurais,alcançando o auge após a Inde-pendência. O ciclo econômico docafé foi relativamente curto - duroumenos de um século - mas, alémde trazer riquezas para o Brasil epara uma casta de fazendeiros, dei-xou para a posteridade as magnífi-cas sedes das fazendas, casarões esolares, verdadeiros palacetes, tes-temunho de uma época de opulên-cia e esplendor na região cafeeira.

Nesse contexto se insere a sededa fazenda São Luiz da Boa Sorte,cuja história é narrada no livro deLiliana Rodriguez "A Fazenda - SãoLuiz da Boa Sorte e o Ciclo do Ca-fé", recentemente publicado pela Ro-sa Real e Senac Editoras. A autoravolta ao passado para nos contar asaga da fazenda, símbolo de opu-lência e prosperidade do áureo Ci-clo-do-Café que quase foi ao chãocom os inúmeros saques sofridos.Após anos de abandono, a fazenda,que pertenceu ao Barão de São Luiz,ressurge em todo o seu esplendordepois de minuciosa restauração.

A HistóriaNo século XIX, o café despontou

no cenário internacional e o produ-to, muito valorizado nos EstadosUnidos, encontrou no Vale do Pa-raíba terras e climas propícios paraa produção em larga escala. O cul-tivo do grão gerou um ciclo de de-senvolvimento intenso, e o Valepassou a ser o maior produtor decafé do país. A cidade de Vassou-ras inaugurou, assim, uma estreitarelação com a nobreza. São dessaépoca as construções palacianas eo gosto por móveis, louças e pra-tarias ao estilo francês, sem contaros títulos de nobreza, que marca-

ram o auge da relação com a fidal-guia portuguesa e fizeram de Vas-souras a terra dos barões.

Oriunda de duas propriedadesdistintas, ainda que próximas ter-ritorial e afetivamente, a FazendaSão Luiz da Boa Sorte só foi regis-trada na Matriz de Paty do Alferesem 1856, muito tempo depois deos irmãos Gomes Ribeiro de Avel-

lar terem tomado posse destas.As fazendas São Luiz, de Fran-

cisco Gomes Ribeiro de Avellar, eBoa Sorte, de Quintiliano GomesRibeiro de Avellar, nasceram cola-das uma à outra e certamente jádestinadas a serem unidas. De co-ração, presume-se, sempre o foram.Entretanto, nos registros oficiais, is-so só viria a ocorrer anos mais tar-

de, e não pelas mãos da família Ri-beiro de Avellar. Com a morte deFrancisco Avellar, a Fazenda SãoLuiz passou para seu irmão PauloGomes Ribeiro de Avellar, o Barãode São Luiz, depois que este se ca-sou com Feliciana Joze de Carva-lho, a viúva do irmão.

O responsável pela unificaçãofoi João Gomes dos Reis, que her-

Capela de São Luís (C. 1844) construída em homenagem a São Luis, Rei de França

Salão Principal da sede, a tradicional sala de música, que reúne elementosrurais e urbanos que refletiam os costumes da época, numa convivência

harmoniosa entre peças simples e sofisticadas

Altar da Capela de São Luís

No teto do quarto do PadreCláudio, acima do lustre, painel

com motivo de anjos pintado pelaPrincesa Maria Gabriela de Orleans

e Bragança

FAZENDA SÃO LUIZFAZENDA SÃO LUIZFotos: Cristiano Mascaro

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A RELÍQUIA Junho de 2013 - Encarte 3

dou uma delas, a São Luiz, do es-pólio de sua sogra, Zeferina Ade-laide, viúva de João Barbosa dosSantos Werneck. Posteriormente,em 13 de janeiro de 1891, ele ad-quiriu a Boa Sorte no leilão públicodos bens de Quintiliano Gomes Ri-beiro de Avellar. Quando se tor-nou proprietário das duas sedes,imagina-se que as tenha unido não

só fisicamente como também nonome: São Luiz da Boa Sorte.

A Fazenda São Luiz foi, durantemuitos anos, uma das maiores pro-dutoras de café da região do Vale.Depois de 1870, as plantações de ca-fé se expandiram em direção ao oes-te paulista, onde se obtinha um cul-tivo de melhor qualidade por causada chamada terra roxa, ideal parasua cultura. A partir da década de1880, São Paulo passou a ser o pri-meiro produtor nacional de café, en-quanto no Vale do Médio Paraíba ociclo praticamente se encerrava, ter-minando com ele a história dasgrandes fortunas da região. Come-ça então um período de decadência,quando muitas sedes de fazendasda região sofreram com o abando-no ou o descaso de novos proprietá-rios, como foi o caso da São Luiz.

A RevitalizaçãoJá em 1942, a Fazenda São Luiz

da Boa Sorte é vendida em ruínaspara Rodrigo Ventura Magalhães,que efetua uma grande reforma nacasa-grande. Quarenta anos depois,em 1982, Ventura vende a fazendapara o armador Wilfred Penha Bor-ges, que fica com a propriedade porapenas três anos, passando para Ri-cardo Pimentel, que promove uma

reforma na parte inferior da casa-grande e constrói um haras. Final-mente, em 2004, o casal Nestor Ro-cha e Liliana Rodriguez, adquire aFazenda São Luiz da Boa Sorte no-vamente em ruínas, e começamuma longa e criteriosa recupera-ção do patrimônio que durouexatos nove anos.

Quando a propriedade,de 1835 foi adquiridaem 2007, seu estadoera precário. Esta-va totalmente

destruída pela ação do homem edo tempo. O casarão, praticamen-te saqueado, cujas portas, janelas,gradis, moveis, tinham sido des-truídos ou levados. O interior es-tava tomado por bois e vacas, queali se abrigavam como se estives-sem em um curral. No telhado, ha-via arbustos e ninhos de passari-nhos, isso sem falar do entorno daFazenda, e do gado, depauperado.

A restauração do casarão durouquase uma década, mas os trabalhosse iniciaram pela capela da fazenda,conforme relato no livro de LilianaRodriguez: "Percebemos então queera urgente iniciar nosso projeto, ea capela tornou-se prioridade. Sabía-mos que não seria uma tarefa sim-ples e que a restauração deveria serprecisa, do ponto de vista do Patri-mônio Histórico e Cultural.

Continua na página seguinte

Liliana e Nestor no lançamento do livro da fazenda no Copacabana Palace

Sala principal de jantar do casarão da fazenda

Inúmeras vezes constatamosque a maioria dos projetosculturais, independentementedo seu valor, apoiados porgrandes empresas, dura muitopouco tempo, às vezes apenasum dia. Este com certezacompletará pelo menos umséculo. E nós, minha mulher,meus filhos e eu, estamosfelizes por sermos guardiõestemporários dessa verdadeiraobra de arte do século XIX epor possibilitarmos a outraspessoas o prazer de conhecê-la

Nestor Guimarães Martins da RochaPresidente do Preservale

LUIZ DA BOA SORTELUIZ DA BOA SORTE

A fachada principal

da casa

Foto: Vera Donato

Page 44: Edição 191 - Junho 2013

A RELÍQUIAEncarte 4 - Junho de 2013

Para enfrentar esse desafio, era preciso buscarapoio e orientação. Começamos uma imensa jorna-da de pesquisa técnica até que, finalmente, con-seguimos autorização do Governo do Estado para,por meio da Secretaria de Cultura, captar recursoscom base na Lei de Incentivo do ICMS".

Finalmente, depois de meses de cuidadoso tra-balho de restauro, coordenado pelo arquiteto JoãoReis, a capela de São Luiz foi oficialmente rei-naugurada, em 23 de junho de 2007.

Terminada a capela, as atenções se voltarampara o casarão, que, paralelamente ao restauro dacapela, já tinha sofrido algumas intervenções. Ehavia muito trabalho a fazer no entorno da sede,ou seja, na área global da fazenda. Levaram qua-se uma década restaurando o casarão.

Conforme explica Liliana Rodriguez, esse traba-lho foi facilitado pela realização de alguns proje-tos no município de Vassouras:

"Novos ventos começaram a soprar, num mo-vimento de reconciliação com o brilho do passadohistórico, cultural e ambiental dessa região. Di-versos projetos desenvolvidos em Vassouras e emseu entorno refletem o esforço de recuperação ede busca por uma ocupação sustentável como ga-rantia de um legado melhor e mais justo para asgerações futuras."

E continua: "Alinhados com esse pensamento,criamos na Fazenda São Luiz da Boa Sorte o nos-so próprio projeto de reflorestamento. Para come-çar esse novo tempo, a planta escolhida foi o pau-brasil, árvore nativa que quase foi extinta. Assim,como um gesto simbólico de amor a terra, ao nos-so país e aos nossos descendentes, e no intuito decontribuir com o reflorestamento da região, esta-mos promovendo o replantio de espécies da MataAtlântica. Em pouco tempo, serão árvores frondo-sas e sinalizarão uma luz em direção ao futuro."

Hoje, completamente restaurado, o imponentecasarão da Fazenda São Luiz da Boa Sorte mostratodo seu esplendor, um exemplo vivo da opulên-cia e riqueza de uma época de ouro, verdadeirarelíquia na História do Brasil.

Continuação da página anterior

Cozinha situada nosfundos do casarão,

como era costume noséculo XIX, ambiente

no qual as famíliaspassavam maior parte

do tempo. O pé-direitomedindo quase quatro

metros de alturafacilitava a ventilação.

Na ambientação atual,aparecem utensílios de

uso doméstico daépoca, como as tinas

de cobre, as lanternasde pé em estilo de

travessões recortados.

“Sant'ana Caminhante”Imagem brasileira demadeira policromada edourada, sobre umarcaz de madeira noinício do século XIX.Umas das maispopulares na iconografiareligiosa, a mãe deN.Senhora costuma serrepresentada emcadeira alta, com suafilha ao lado,ensinando-a a ler.Nessa escultura aSant'ana caminha comsua filha, o que éressaltado é o espaço àvolta, ou seja, o mundoreal, e não mais o dos livros

Painel deazulejosportugueses comimagem de SãoLuís; originalconservado naFazenda

A escarradeira segue um modelo clássicode uma bacia circular funda com tampa

afunilada e furada no centro.Em geral, asescarradeiras eram feitas de faiança ou

porcelana e decoradas com adornosmoldados e esmaltados.

Matéria extraídado livro A Fazenda - SãoLuiz da BoaSorte e o Ciclodo Café Autora: LilianaRodriguez (foto).Rio de JaneiroEd Senac Rio /Rosa Real, 2012196p. : il. ; 30 mInclui bibliografia