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VITÓRIA, ES | DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019 ESPECIAL Estudo da Ufes avalia relação entre poluição e asma > 5 “Controlar emissões fugitivas é o maior desafio” >8 Estado pode ser referência para outras cidades > 9 Qualidade do ar Soluções aprimoram controles ambientais e buscam reduzir emissões atmosféricas MOSAICO IMAGEM VÁRIAS PESQUISAS E INICIATIVAS vêm sendo desenvolvidas buscando minimizar emissões atmosféricas na Grande Vitória e contribuir para o bem-estar da população

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V I T Ó R I A , E S | D O M I N G O , 2 4 D E N O V E M B R O D E 2 0 1 9

ES P EC I A L

Estudo da Ufesavalia relaçãoentre poluiçãoe asma > 5

“Co n t ro l a re m i ss õ e sfugitivas é omaior desafio” >8

Estado podeser referênciapara outrascidades > 9

Qualidade do arSoluções aprimoram controles ambientais e buscam reduzir emissões atmosféricas

MOSAICO IMAGEM

VÁRIAS PESQUISAS E INICIATIVAS vêm sendodesenvolvidas buscando minimizar emissõesatmosféricas na Grande Vitória e contribuir para obem-estar da população

2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019

Es p e c i a l

Ônibus e caminhões dentro da leiPor meio dos testes defumaça preta, ônibus ecaminhões mantêm osmotores regulados ecaminham na direçãoda sustentabilidade

No momento em que o mun-do busca alternativas sus-tentáveis de crescimento, o

transporte, atividade fundamentalpara o desenvolvimento do Brasil,assume sua responsabilidade emfavor da qualidade de vida e domeio ambiente.

Para aprimorar sua gestão am-biental e cuidar da saúde dos tra-balhadores envolvidos na ativida-de, o setor de transportes do Espí-rito Santo conta com o ProgramaAmbiental do Transporte – Des -poluir, executado no Estado pelaFederação das Empresas deTransporte do Espírito Santo (Fe-t ra n s p o r t e s ) .

Por meio dos chamados testesde fumaça preta, ônibus e cami-nhões mantêm seus motores regu-lados e podem caminhar na mes-ma direção do desenvolvimentos u st e n t áve l .

As inspeções são capazes de de-tectar eventuais problemas mecâ-nicos dos veículos e, quando issoacontece, o técnico responsávelpela avaliação informa à empre-sa/motorista autônomo, que secompromete a investigar as cau-sas, fazer a manutenção do veículo

JOÃO PAULO LAMAS é coordenador do Programa Despoluir no Estado

Ações promovem bem-estarCriado por iniciativa conjunta

da Confederação Nacional doTransporte (CNT), do Serviço So-cial do Transporte (SEST) e doServiço Nacional de Aprendiza-gem do Transporte (SENAT), oPrograma Despoluir consolida-secomo parceiro dos transportado-res por meio de diversas ações quepromovem bem-estar, mudammentalidades e multiplicam co-n h e c i m e n t o s.

Nesse processo, o trabalhadordo setor e as empresas são peçasf u n d a m e n t a i s.

“As empresas e profissionais au-tônomos já entenderam que o pro-grama traz benefícios ambientais eeconômicos, pois um veículo afe-

FIQUE POR DENTRO

99,4% de aprovação no Estado> EM 12 ANOS, o Programa Despoluir,

executado no Estado pela Fetrans-portes, realizou mais de 2,7 milhõesde inspeções veiculares no Brasil.

> O ÍNDICE NACIONAL de veículosaprovados nesse período foi de qua-se 85%.

> O ESPÍRITO SANTO responde porcerca de 15% das inspeções veicula-res realizadas em âmbito nacional.

> 9 9, 4 % foi o índice de aprovação dasinspeções veiculares realizadas noEspírito Santo no período de julho de2018 a junho de 2019.

realizado aqui”, destaca o coorde-nador do Despoluir no EspíritoSanto, João Paulo Lamas.

Ele explica que veículos movi-dos a diesel, cujos motores sãomantidos regulados, emitem umaquantidade infinitamente menorde poluentes no meio ambiente.

“Fazemos as aferições utilizan-do os opacímetros mais modernosdisponíveis no mercado. Essesequipamentos mostram se a fuma-ça emitida está dentro dos parâ-metros exigidos na legislação. Ostestes são realizados a cada trêsmeses e assim conseguimos exe-cutar um trabalho de excelência,obtendo o máximo de qualidade”.

E acrescentou: “É importantedestacar, ainda, o compromissodas empresas com as políticas equestões ambientais. Continua-mos trabalhando forte no senti-do de contribuir cada vez maiscom a redução das emissões vei-culares e, consequentemente,com a melhora na qualidade doar que respiramos”.

rido, além de não poluir o ar, con-some menos combustível”, enfati-za Lamas.

“Oferecer um transporte cadavez mais limpo, eficiente e susten-tável para toda a sociedade é es-sencial para o desenvolvimento”,acrescenta ele.

FOTOS: MOSAICO IMAGEM

PROGRAMA DESPOLUIR visa reduzir a emissão de poluentes: inspeções são capazes de detectar eventuais problemas mecânicos e, quando isso acontece, motorista faz a manutenção indicada

“O Espírito Santoé referência

nos resultados doDespoluir ”João Paulo Lamas, coordenador doDespoluir no Espírito Santo

“Um veículoaferido, além

de não poluir o ar,consome menoscombustível ”João Paulo Lamas, coordenador doDespoluir no Espírito Santo

e reapresentá-lo para realizaçãode um novo teste. E uma vez apro-vados, os veículos recebem o SeloD e s p o l u i r.

Para se ter ideia dos resultadosgerados pelo Programa, entre osdias 1º de julho de 2018 e 30 de ju-nho deste ano, os técnicos realiza-ram 24.673 testes de emissão vei-cular e, em 99,4% deles, os veículosforam aprovados.

Esses números fazem do Espíri-to Santo referência nacional quan-do o assunto são testes de opacida-de e resultados do Despoluir.

“O Estado é líder em número deaferições e aprovações: 15% do re-sultado nacional do Programa é

VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019 ATRIBUNA 3

Es p e c i a l

Sinduscon orientaas construtorassobre boas práticasrelacionadas aocontrole das emissõesde material particulado

FOTOS: MOSAICO IMAGEM

O USO DE TELAS DE PROTEÇÃO nas laterais de edifícios em fase de alvenaria ajuda a controlar a poeira

Findes institui fórumsobre qualidade do ar

A fim de aprofundar estudos so-bre o tema e subsidiar discussõesque contribuam para fortalecer atomada de decisões relacionadasao assunto, a Federação das Indús-trias do Espírito Santo (Findes),por meio do seu Conselho Temáti-co de Meio Ambiente (Coemas),está instituindo um Fórum Temá-tico de Discussões sobre a Quali-dade do Ar.

O Fórum pretende reunir gran-des especialistas no assunto, com oobjetivo de dar transparência equalidade técnica às discussões,segundo informou Graciele Beli-sário, executiva do Coemas.

O Fórum Temático também vaiatuar no sentido de incentivar aampla divulgação do assunto, deforma clara e acessível.

A executiva do Coemas salientaque a qualidade do ar de uma regiãoé resultado de diversos elementos ede diferentes fontes de emissão. “Agrande diversidade de fontes tornacomplexa a gestão do assunto e esse

talvez seja o principal desafio parase alcançar a qualidade do ar emmuitas cidades do Brasil”.

Diante dessa complexidade,muitas vezes as discussões sobre otema acabam caindo no senso co-mum. O Coemas acredita que é ca-da vez mais necessário incentivare estimular pesquisas e estudosque possam dar subsídios técnicospara qualificar essas discussões.

Na avaliação do Coemas, a quali-dade do ar na Grande Vitória temmelhorado gradativamente, confor-me apontam os dados técnicos dis-ponibilizados pelo órgão ambientalestadual, resultado de um monitora-mento feito desde 2000 por meio daRede Automática de Monitoramen-to de Qualidade do Ar (RamqAr)instalada na Grande Vitória. Essasinformações são públicas e podemser consultadas no site do Iema.

“Mesmo com os bons resulta-dos, acreditamos que há espaçopara alcançar performance aindamelhor no futuro”, diz Graciele.

Controlar a emissão de mate-rial particulado é uma preo-cupação da indústria da

construção civil, cuja atividade tam-bém gera esse impacto. As emissõessão temporárias, conforme classifi-ca o Sindicato da Indústria da Cons-t r u ç ã o C i v i l(Si ndus con-E S),já que depen-dem da duraçãodas obras.

Por meio dasua Comissãod e Me i o A m-biente, o sindi-cato orienta asconstrutoras so-bre boas práti-cas relacionadas ao controle dasemissões de material particulado.

O diretor da Comissão de MeioAmbiente do Sinduscon, VictorMacedo, observa que há legisla-ções específicas que regulamen-tam o tema em diferentes esferas:federal, estadual e municipal e épreciso estar atento a elas.

O Sinduscon repassa aos asso-ciados orientações que incluem,por exemplo, a umectação doscanteiros de obras; o cuidado notransporte de materiais, que preci-

sa ser feito em caçambas lonadas;o uso de telas de proteção nas late-rais de edifícios em fase de alvena-ria, para evitar a propagação dapoeira; além do uso de tubulaçõespara retirar da obra os resíduos deconstrução, entre outras medidas.

Macedo destaca que “a maiorgeração de material particulado naconstrução civil ocorre quando hánecessidade de demolições” e,nestes casos, a boa prática reco-mendada é a umectação, além doacondicionamento adequado domaterial para transporte.

O Sinduscon representa cercade 160 empresas no Estado, quesão orientadas a seguir recomen-

dações que con-tribuem parareduzir a emis-são de particu-lados, mas o di-retor da Comis-s ã o d e M e i oAmbiente ob-serva que tam-b é m h á o i m-pacto geradopor reformas e

pequenas obras.Uma outra prática do segmento,

segundo ele, é a comunicação comas comunidades vizinhas aos em-preendimentos em construção, pa-ra alertar sobre eventuais impactose os cuidados a serem adotados.

O Estudo de Impacto da Vizi-nhança, aliás, é uma das exigênciaspara licenciamento de empreendi-mentos da construção civil. O as-sunto foi tema do 1º Seminário deInstrumentos da Política Urbana,realizado em outubro, em Vitória.

Espírito Santo vai ganharlaboratório ambiental inédito

Laboratório é, por definição, umespaço de experimentação quebusca identificar soluções paraeventuais problemas. E o EspíritoSanto vai ganhar um reforço inédi-to nessa área: um laboratório am-biental que, com base em estudos,ciência e tecnologia, pretende de-senvolver soluções para aperfei-çoar a gestão ambiental do setorprodutivo capixaba, em consonân-cia com as melhores práticas in-t e r n a c i o n a i s.

O laboratório ambiental é o ob-jeto de um protocolo de intençõesfirmado em junho entre o Centrode Apoio Operacional da Defesado Meio Ambiente (CAOA) do Mi-nistério Público do Estado do Es-pírito Santo (MPES), a Arcelor-Mittal Tubarão e a Vale.

Caberá ao MPES a gestão do la-boratório, que será uma ferramen-ta de suporte à instituição nas aná-lises de questões ambientais.

A Fundação de Amparo à Pes-

quisa e Inovação do Espírito Santo(Fapes) será a responsável pela ela-boração do projeto do laboratório.

“Essa é uma ação inédita noBrasil e a expectativa é de quevenha a contribuir para a cons-trução de uma sociedade maisdialógica e responsável, inspi-rando o setor produtivo do Esta-

do e os poderes Executivo, Le-gislativo e Judiciário a trabalha-rem em uma agenda positiva emdefesa do desenvolvimento sus-t e n t áve l ”, destacou o CEO deAços Planos América do Sul daArcelorMittal Tubarão, Benja-min Baptista Filho, ao assinar oprotocolo de intenções.

B E N JA M I NB A P T I STAFILHOd u ra n t ea ss i n at u rado protocolode intençõespara criaçãode laboratórioinédito noEs ta d o

Co n s t r u ç ã ocivil a favor domeio ambiente

“A maior geraçãode material

particulado naconstrução civil ocorreem demolições”Victor Macedo, diretor da Comissãode Meio Ambiente do Sinduscon

4 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019

Es p e c i a l

OAB-ES reconheceavanço na legislaçãoÓrgão diz que o Estadoé um dos poucos noPaís a contar comnorma que regulamentarede de monitoramentosobre a qualidade do ar

Guardiã da correta aplicaçãodas leis, a Ordem dos Advo-gados do Brasil Seccional

Espírito Santo (OAB-ES) destacaque o Estado é um dos poucos noPaís a contar com norma regula-mentadora e rede de monitora-mento específicos sobre a qualida-de do ar (Decreto 3463 R/2013).

Isso contribui para que se tenhauma boa gestão do tema, mas naavaliação do presidente da Comis-são de Direito Ambiental da OAB-ES, Alexandre Iunes GodinhoAraújo, é preciso verificar se a le-gislação é efetiva para assegurar aqualidade do ar.

“Apesar de o Decreto Estadualser ainda mais restritivo que a legis-lação nacional (Resolução ConamaN° 491 de 19/11/2018), uma questãotécnica a ser avaliada é se os níveisde restrição são suficientes”.

FOTOS: MOSAICO IMAGEM

ALEXANDRE ARAÚJOafirma que é precisofortalecer o papel dosórgãos ambientaise s ta d u a i s

VISTA DE VITÓRIA: sol e o vento potencializam os efeitos da poluição

VILA VELHA também sofre com o problema da poluição atmosférica

“Tema é complexo”,dizem comunidades

As comunidades da Grande Vi-tória são as principais interessa-das em medidas que contribuampara minimizar os efeitos da po-luição atmosférica e os represen-tantes das associações de mora-dores avaliam que o tema é com-plexo, requer investimentos eacompanhamento por parte dosetor público responsável pelaf i s c a l i z a ç ã o.

Entre os representantes das as-sociações de moradores tambémhá os que avaliam que os investi-mentos que vêm sendo feitos pe-las empresas contribuirão parareduzir impactos.

É o que espera Guilherme Li-ma, presidente da Associação deMoradores do Balneário de Man-guinhos. “Aqui somos atingidospelo pó preto e pelas atividadesda construção civil, mas vemosque as empresas têm feito investi-mentos em tecnologias e açõespara minimizar esse impacto.Ainda falta muito, mas temos en-xergado uma luz no fim do túnel.

A presidente da Associação deMoradores da Mata da Praia,Maria Lucia Souza Dellatorre,destaca que as emissões atmosfé-ricas são um tema complexo ea n t i g o.

Ela observa que, embora algu-mas empresas tenham sistemasde controle, nem sempre são efi-cazes e o sol e o vento – p re s e n ç aconstante na Grande Vitória –contribuem para potencializar oproblema. Maria Lucia enfatizaque são necessários projetosmais eficientes e que beneficiema sociedade.

Bruno Pinho, presidente da As-sociação de Moradores da Ilha doFrade, destaca que investimentossão necessários para superar asemissões de material particuladogeradas em atividades indus-t r i a i s.

“É preciso que as empresas seadaptem para conviver bem coma população, o compromisso cominvestimentos em melhorias de-ve ser contínuo”, afirma.

Araújo acrescenta que, emboranão tenha conhecimento técnicopara avaliar esse aspecto, a OAB-ES pode incentivar as autoridadescompetentes a realizarem estudosque melhor definam os níveis derestrição adequados para garantira qualidade do ar.

Ele destaca que a questão é com-plexa e requer conhecimento téc-nico, o que é área de domínio doInstituto Estadual do Meio Am-biente (IEMA).

O presidente da Comissão de Di-reito Ambiental da OAB-ES salientaque a qualidade do ar é influenciadapela combinação de diversas fontesemissoras: setor de transporte (ro-doviário, ferroviário, aéreo e maríti-mo), atividades da construção civil,queimadas, aerossóis marinhos, usodo solo e atividade industrial.

O principal desafio para aprimo-rar cada vez mais a gestão, segun-do Araújo, é fortalecer o papel dosórgãos ambientais estaduais noque se refere ao monitoramento eidentificação precisa das fontes deemissão, proporcionando à popu-lação maior transparência e co-nhecimento das ações de monito-ramento da qualidade do ar.

A OAB, destaca ele, acompanhaatenta processos administrativos ejudiciais que tendem a punir quempolui e determina o cumprimentodas normas de proteção ambiental.

“Para que se tenha cidades livresda poeira em suspensão, todos de-vem trabalhar em conjunto de ma-neira a tornar realidade os progra-mas de gestão ambiental relacio-nados ao tema, aliado ao desenvol-vimento de novas práticas am-bientais nos núcleos urbanos”, fi-naliza Alexandre Araújo.

Ele cita como exemplo iniciativascomo a troca da matriz energética,uso compartilhado de transportealternativo, melhoria do transportecoletivo, melhoria dos núcleos in-dustriais, como a atualização dosparques tecnológicos, além da im-plantação de novas formas de ges-tão e de controles ambientais.

SAIBA MAIS

Novas práticas ambientaisQualidade do ar

A qualidade do ar é influenciada pe-la combinação de diversas fontesemissoras: setor de transporte (rodo-viário, ferroviário, aéreo e marítimo),atividades da construção civil, quei-madas, aerossóis marinhos, uso dosolo e atividade industrial.

DesafioO principal desafio para aprimorar

cada vez mais a gestão é fortalecer o

papel dos órgãos ambientais esta-duais no que se refere ao monitora-mento e identificação precisa das fon-tes de emissão, proporcionando à po-pulação maior transparência e conhe-cimento das ações de monitoramentoda qualidade do ar.

Programas de gestãoPara que se tenha cidades livres da

poeira em suspensão, todos devem tra-balhar em conjunto de maneira a tornar

realidade os programas de gestão am-biental relacionados ao tema, aliado aodesenvolvimento de novas práticasambientais nos núcleos urbanos.

Ajuda no processoIniciativas como uso compartilhado

de transporte alternativo, melhoria dotransporte coletivo, melhoria dos nú-cleos industriais, além da implantaçãode novas formas de gestão, podemajudar no processo.

D E P O I M E N TO S

“Para que se tenhacidades livres da

poeira em suspensão,todos devem trabalharem conjunto”Alexandre Araújo, pres. da Comissão deDireito Ambiental da OAB-ES

“Novo inventário paraver o que há no ar”

“Defendo a realização de um no-vo inventário de fontes de emissãode material particulado para co-nhecer o que contém o ar que serespira na Grande Vitória. Esse tipode levantamento já foi feito no pas-sado, mas hoje está desatualizado.

Embora as empresas estejaminvestindo e fazendo a sua parte,precisamos que as autoridadespúblicas se manifestem mais comrelação ao meio ambiente”.

Eduardo Antunes Merhi,presidente da Associação deMoradores da Praia da Costa

“Setor públicoprecisa fiscalizar”

“O principal desafio em torno daquestão da qualidade do ar é man-ter redes de monitoramento atua-lizadas e contar com secretariasde meio ambiente estruturadastambém em âmbito municipal.

O setor público precisa fiscali-zar e o setor privado deve buscaras melhores tecnologias de con-trole. Já houve avanços na gestãodo tema, mas há espaço para aevo l u ç ã o”.

Dione Miranda, coordenadora deMeio Ambiente da Associação de

Moradores de Jardim Camburi

VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019 ATRIBUNA 5

Es p e c i a l

Conduzida pela Ufes,pesquisa monitora200 crianças eadolescentes comidade entre 8 e 14 anosque sofrem da doença

MOSAICO IMAGEM

A REGIÃO DE MARUÍPE é uma das que são abrangidas pela pesquisa, ao lado de Andorinhas, Jabour, Maria Ortiz, Bairro República e Enseada do Suá MOSAICO IMAGEM

Médico destaca fatores genéticosO médico alergista José Carlos

Perini acompanha muitos casos deasma em seu consultório. Ele aler-ta que o indivíduo com traço gené-tico da doença desenvolve crisesmuito mais facilmente quando ex-posto a fatores de risco como a po-luição atmosférica.

“Nas cidades, é mais complexovocê escapar dos fatores que de-sencadeiam a asma. Os estudosmostram que a prevalência da as-ma diminui quando você se afastadas grandes vias, o que é muito di-fícil nos dias atuais”, salienta ele.

Perini acrescenta que, em Vitória,a emissão de particulados é equili-brada e morar ou não em determi-nado bairro não faz diferença.

Por isso, na avaliação do médico,o estudo a ser realizado pela Uni-

MOSAICO IMAGEM

JOSÉ CARLOSPERINIacompanhacasos de asmaem seuconsultório

SAIBA MAIS

Público-alvo da pesquisa> 200 CRIANÇAS e adolescentes que

sofrem de asma estão sendo monito-ra d a s .

> BAIRROS ABRANGIDOS: Mar uíp e,Andorinhas, Jabour, Maria Ortiz,Bairro República e Enseada do Suá( Vitória).

> OBJETIVO: identificar a relação en-tre poluentes e casos de asma e con-tribuir para o estabelecimento de pa-râmetros aceitáveis de poluição,com base em dados científicos.

FIQUE POR DENTRO

Cooperação técnica> O DESENVOLVIMENTO do estudo en-

volve investimentos da ordem de R$4,17 milhões, viabilizados a partir deum acordo de cooperação técnicafirmado há um ano entre a Ufes e aArcelorMittal Tubarão.

> A INICIATIVA conta com uma equipemultidisciplinar que inclui médicos,enfermeiros, fisioterapeutas e pro-fissionais de engenharia que farão aanálise dos dados coletados.

versidade Federal do Espírito San-to (Ufes) é de extrema importân-cia para se conhecer melhor os fa-tores que desencadeiam a doençae o reflexo que eles exercem sobreeventuais crises.

O alergista salienta que, além docomponente genético, que é oprincipal, a asma pode ser desen-cadeada por fatores poluentes co-mo poeira, emissão de gases veicu-

lares como o dióxido de carbono(CO2), tabagismo e, em menor in-cidência, pelas condições climáti-cas, além de outros elementos.

Ele explica que uma pessoa quemora em área urbana, como naGrande Vitória, tem mais chancesde ter asma do que quem mora nazona rural ou em cidades afastadasde indústrias e grande movimen-tação de veículos.

“A emissão de particulados podeprovocar crise asmática em funçãodo tamanho da partícula: quantomais fina, mais facilmente ela atin-ge o sistema respiratório”.

Segundo ele, a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) conside-ra o valor aceitável em até 20 partí-c ul as / m3. Acima disso, o impactopara o indivíduo é mais relevante”.

Quem acompanha a rotina depessoas que sofrem de asmasabe que a qualidade do ar

influencia no bem-estar do pacien-te. Um estudo que vem sendo con-duzido pelos Departamentos deCiências Fisiológicas e de Enge-nharia Ambiental da Universidade

Federal do Espírito Santo (Ufes)pretende jogar luz sobre esse tema,identificando que tipo de poluentemais contribui para agravar os sin-tomas de asma em crianças e ado-lescentes de Vitória, aí incluídosmateriais particulados e gases.

O resultado deste estudo, que de-ve ser concluído até 2022, vai orien-tar as agências reguladoras na defi-nição de parâmetros de poluiçãoque sejam toleráveis, contribuindopara o estabelecimento de políticasde prevenção baseadas em dadoscientíficos, segundo observa o mé-dico e professor José Geraldo Mill,que coordena a pesquisa.

Mill é doutor em Farmacologia e

ESTAÇÃO de m o n i t o ra m e n t o

Estudo avalia relaçãoentre poluição e asma

professor titular do Departamentode Ciências Fisiológicas do Centrode Ciências da Saúde da Ufes.

Ele explica que estão sendo mo-nitoradas 200 crianças e adoles-centes com idade entre 8 e 14 anosque sofrem de asma leve ou mode-rada, atendidos em unidades desaúde das regiões abrangidas pelapesquisa: Maruípe, Andorinhas,Jabour, Maria Ortiz, Bairro Repú-blica e Enseada do Suá.

Para isso, foi montada uma esta-ção de monitoramento da qualida-de do ar que conta com tecnologiade ponta e importados espirôme-tros, aparelhos que monitoram opulmão dos pacientes.

A estação de monitoramentoda qualidade do ar, tem capaci-dade para avaliar maior varieda-de de poluentes que os equipa-mentos convencionais disponí-veis até então, além de fornecerdados mais precisos. A estação éitinerante e vai circular pelosbairros onde os pacientes sãom o n i t o ra d o s.

Os pacientes selecionados para apesquisa passaram por uma ava-liação inicial e estão sendo moni-torados em seus respectivos domi-cílios, entre os meses de outubro enovembro, por um período de 15dias ininterruptos, com avaliaçõespela manhã e à noite.

As informações dos pacientesserão confrontadas com os da-dos da estação de monitoramen-to da qualidade do ar, medindo aconcentração de material parti-culado no ar, além da presençade gases como dióxido de enxo-fre, dióxido de carbono, monóxi-do de carbono, ozônio e óxidosde nitrogênio.

“Nas cidades,é mais complexo

você escapar dos fatoresque desencadeiama asma”José Carlos Perini, médico alergista

6 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019

Es p e c i a l

Mo n i t o ra m e n t oem primeiro lugar

Estudo feito desde2016 na Grande Vitóriavisa identificar fontesde emissão ferrosa quecompõem a poeira emsuspensão na região

Monitorar é o primeiro pas-so para conhecer a reali-dade e identificar even-

tuais medidas de controle. Um es-tudo que vem sendo conduzidodesde o final de 2016, na regiãometropolitana de Vitória, buscacaracterizar os compostos ferrugi-nosos presentes no material parti-culado em suspensão no ar.

O resultado desse trabalho pre-tende identificar as fontes deemissão dos materiais de origemferrosa que compõem a poeira emsuspensão na região.

Para isso vem sendo aplicadauma modelagem utilizando os re-sultados das análises das amostrasambientais nos laboratórios doCentro de Desenvolvimento da

MOSAICO IMAGEM

A M O ST R AS do material particulado são coletadas mensalmente em dois pontosespecíficos: Ilha do Boi (foto), em Vitória, e em Cidade Continental, na Serra

O que são grãos escuros em praias?A ocorrência de grãos de mine-

rais escuros nas areias das praiasda Grande Vitória é frequente etem registros históricos, mas umestudo conduzido pela Universi-dade Federal de Ouro Preto(UFOP), em Minas Gerais, vembuscando identificar a procedên-cia desses materiais.

“Monitoramento de variação nacomposição mineralógica e quími-ca dos sedimentos da baía do Espí-rito Santo” é o tema do estudo, quefoi iniciado em agosto de 2016 evem sendo conduzido pelo Depar-tamento de Geologia, da Escola deMinas da UFOP, instituição que éreferência neste segmento.

Realizado em parceria com a Ar-celorMittal Tubarão, o trabalho foidividido em duas etapas. A primei-

ra, que analisou sedimentos praia-nos entre as regiões de Nova Al-meida e Guarapari, foi concluídaem 2017. A segunda e última faseestá em curso e a previsão é de queseja concluída em março de 2020,segundo explica o professor titulardo Departamento de Geologia daUFOP, Paulo de Tarso A. Castro,que vem coordenando o estudo.

A etapa em andamento enfocaamostras de sedimentos coletadosnas praias da Ilha do Boi, Ilha doFrade e Camburi (em Vitória), naparte norte da Praia da Costa (VilaVelha) e em Praia Mole (na Serra).

O professor explica que as meto-dologias utilizadas para a identifi-cação dos minerais escuros são adifração de raios-x e a microscopiaeletrônica de varredura.

MOSAICO IMAGEM

GRÃOS de minerais escuros são comuns nas praias da Grande Vitória

Maior parte dos compostosnão vem da indústria

Nas análises que vêm sendo fei-tas há três anos os resultados se re-petem: há muitos compostos nomaterial em suspensão na regiãometropolitana de Vitória e boa par-te deles não é oriunda de atividadeindustrial, segundo explica o coor-denador do estudo.

A caracterização das amostrasde poeira coletadas na Ilha do Boi,no período de 2015 a 2018, é com-posta, em média, por 30% de ma-teriais à base de ferro e 70% de ou-tros materiais (areia, cinza, mate-riais orgânicos e outros). A partirda aplicação do modelo receptor

BQM nos resultados das análises,constatou-se que a contribuiçãodas atividades da ArcelorMittalTubarão na Ilha do Boi é da ordemde 10% do material analisado.

Por outro lado, no período de2017 a 2018, no ponto de coletapróximo da antiga Portaria Norte,as amostras de poeira são compos-tas de 15% de materiais à base deferro e 85% de outros materiais(areia, calcário, material orgânicoe outros), indicando uma contri-buição das atividades da Arcelor-Mittal Tubarão da ordem de 32%.

Todos esses esforços permitirãotraçar um diagnóstico ainda maispreciso sobre a origem das fontesde emissão e também poderáorientar ações de controle por par-te da empresa, que já vem inves-tindo em melhorias que buscamreduzir as emissões atmosféricasdecorrentes de suas atividades.

Tecnologia Nuclear (CDTN).Esse estudo tem como técnica

principal de caracterização a es-pectroscopia Mössbauer, que é ba-seada na interação entre a radia-ção eletromagnética e a matéria,permitindo a identificação precisadas fases de ferro presentes nasa m o st ra s.

O estudo é conduzido noCDTN, que tem sede em Belo Ho-rizonte (MG) e é uma das unida-des de pesquisa da Comissão Na-c i o n a l d e E n e rg i a Nu c l e a r(CNEN), ligada ao Ministério daCiência, Tecnologia, Inovações eC o m u n i c a ç õ e s.

P ES Q U I SAÀ frente dessa pesquisa, que é

fruto de um convênio de coopera-ção técnica entre o CDTN e a Ar-celorMittal Tubarão, está o pes-quisador doutor José DomingosArdisson, coordenador do Depar-tamento de Nanomateriais e Ma-teriais Nucleares do CDTN, queconta com o apoio de uma equipede especialistas.

Ele explica que amostras do

material particulado (MP) são co-letadas mensalmente em doispontos específicos: Ilha do Boi(Vitória) e Cidade Continental( S e r ra ) .

Essas amostras são analisadastrimestralmente no CDTN, indi-cando a fonte de emissão dos com-postos de ferro ali presentes, ouseja, se os materiais presentes sãopredominantemente de origemnatural ou se são provenientes dosprocessos siderúrgicos e/ou ma-nuseio do minério de ferro.

A granulometria do material, as-sim como a composição química,são parâmetros importantes rela-cionados à periculosidade e à toxi-cidade do particulado e estes parâ-metros estão sendo analisados nasdiferentes fases do projeto.

A fase 1, em andamento, com-preende o estudo dos materiaisparticulados atmosféricos nas fra-ções sedimentáveis (maiores que10 micras).

Na fase 2, em estágio inicial, se-rão estudados os materiais parti-culados atmosféricos nas fraçõesMP10 e MP2. 5.

O NÚMERO

3 anosé o tempo da pesquisa

“Procuramos identificar e separaros minerais de ferro que apresen-tam titânio em sua composição da-queles que são pobres nesse tipo decomponente”, pontua Paulo de Tar-so, explicando que esses últimos,que incluem minerais como a he-matita, é que podem ser provenien-tes das jazidas do Quadrilátero Fer-rífero, de onde vem o minério utili-zado pela ArcelorMittal Tubarão.

Na primeira fase do estufo foramidentificadas concentrações signifi-cativas de material com presença deferro nos balneários pesquisados.

No entanto, análises dos mine-rais feitas por microscópio eletrô-nico e varredura indicaram queboa parte dos grãos é ilmenita, na-tural da região, e não somente he-matita, como indicavam as análi-

ses preliminares.Ao identificar a procedência dos

grãos escuros presentes na areia, oestudo poderá orientar eventuaismedidas de controle. Os dados ob-

tidos até o momento, contudo, in-dicam que há grãos de areia naspraias que têm como fonte as ro-chas naturais existentes na regiãoc o st e i ra .

VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019 ATRIBUNA 7

Es p e c i a l

É o que afirma o diretor-presidente do Iema, destacando queobjetivo é minimizar as concentrações de poluentes na atmosfera

A busca contínua pela me-lhoria dos controles am-bientais é um dos princi-

pais desafios ligados à qualidadedo ar. É o que afirma o diretor-presidente do Instituto Estadualde Meio Ambiente e RecursosHídricos (Iema), Alaimar Fiuza,destacando que o objetivo é mi-nimizar as concentrações de po-luentes na atmosfera.

Ele acrescenta que o Iema –braço da Secretaria de Estadode Meio Ambiente e RecursosHídricos/Seama – cuida da ges-tão e execução da política esta-dual ligada à área e busca agre-gar a seus processos internos asmelhores práticas e os melhoresmodelos de gestão e de meca-nismos de controle ambiental,aplicados tanto no País quantono mundo.

Segundo Fiuza, o Decreto Nº3463-R/2013, que estabelece pa-drões para a qualidade do ar, estásendo revisado pelo Iema e o pro-pósito é torná-lo ainda mais res-t r i t i vo.

“É importante pontuar que osatuais padrões estão alinhadosàs diretrizes da OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) e jásão mais restritivos que os pa-drões estabelecidos pela Reso-lução Conama”, disse ele, refe-rindo-se à resolução do Minis-tério do Meio Ambiente que re-gulamenta o assunto em âmbitof e d e ra l .

O Decreto do Espírito Santopropõe, ainda, a instituição doPlano Estratégico de Qualidadedo Ar (PEQAr), que está em an-d a m e n t o.

O PEQAr tem por objetivo adefinição de diretrizes, ações einstrumentos, visando o atendi-mento das metas estabelecidasna legislação estadual.

O diretor-presidente do Iemaexplica que as medições efetua-

das pelo órgão concentram-se nasatividades industriais, em que épossível identificar a localização e aresponsabilidade da emissão pelaschaminés industriais. O Iema nãofaz, por exemplo, medições de ou-tras fontes, tais como veicular, por-tos, aeroportos, construção civil eo u t ra s.

Sobre as perspectivas de futuro,ele considera que os Termos deCompromisso Ambiental (TCAs),assinados pela Vale, ArcelorMittalTubarão, Ministérios Públicos Fe-deral e Estadual, Iema e Seama,são mecanismos de incremento aocontrole ambiental.

“Após um ano de execução, foipossível implementar também ou-tras ações assertivas, como o au-mento da fiscalização nos parquesindustriais, além de propiciar aexecução de capacitações e forma-ções aos servidores do Iema e mu-nicipais, melhorando a qualidade ea velocidade dos processos de fis-calização”, destaca.

MOSAICO IMAGEM

KADIDJA FERNANDES - 24/05/2019

ÁUREA GALVÃOALMEIDA alerta queé preciso haverformação eaper feiçoamentocontínuo dos agentesde fiscalização

Setor público e privadodevem atuar em conjunto

União de esforços é fundamentalCom cerca de 1,73 milhão de ha-

bitantes, os quatro principais mu-nicípios da Grande Vitória – S e r ra ,Vitória, Vila Velha e Cariacica – vi -venciam problemas semelhantesquando se trata de qualidade do ar.

Mas nem sempre as prefeiturasdispõem de recursos financeiros eaparato técnico para fiscalizar emonitorar. A solução, na avaliaçãodo secretário de Meio Ambiente deVila Velha, José Vicente de Sá Pi-mentel, passa pela união de esfor-ços entre os municípios e o Estado.

“As causas e os efeitos dos fato-res que afetam a qualidade do arnão estão apenas neste ou naquelemunicípio. Os problemas relacio-nados à qualidade do ar afetam to-da a Grande Vitória”, destaca ele,sugerindo que a gestão do temaprecisa ser comum, contemplandotodos os envolvidos.

O secretário enfatiza que cabeao município fiscalizar, licenciar epunir os eventuais infratores dasnormas ambientais.

“No entanto, não há a necessáriacontrapartida de recursos para odesempenho dessas atividades,cuja importância para a proteçãoda saúde humana é indiscutível”,enfatiza Pimentel.

O secretário avalia que é urgenteintegrar os governos e suas agên-cias (conselhos e secretarias demeio ambiente, entre outros ór-gãos) para fazer face ao monitora-mento e controle da qualidade doar, mediante a troca permanentede informações, experiências e atémesmo do compartilhamento dee q u i p a m e n t o s.

“Esse esforço integrado deve re-percutir na legislação, que precisaser atualizada. É preciso tambémtrabalhar para promover o aper-feiçoamento da mão de obra, me-diante melhor aparelhamento,treinamento e qualificação dosservidores e dos serviços. É claroque, para tanto, será indispensávelenfrentar o nó górdio do desafio,que é a questão dos recursos finan-c e i ro s ”, salienta o secretário.

Sobre o futuro da qualidade doar na Grande Vitória, Pimentelacredita que a tendência é de me-lhoria, visto que os equipamentosde controle estão se tornando maiseficientes e a participação públicaestá cada vez mais presente noacompanhamento dos assuntosrelacionados ao meio ambiente.

“Mas o principal motivo para omeu otimismo é a cooperação queestá se desenvolvendo entre osprincipais atores da questão am-biental: o Estado, os municípios, oMinistério Público e as empresas”.

O MUNICÍPIO DE VILA VELHA,assim como Serra, Vitória eCariacica, tem problemassemelhantes quando setrata da qualidade do ar

ANTONIO MOREIRA - 20/012/2018

ALAIMAR FIUZA aponta desafios

Meta é aprimorarcontrole ambiental

“Esse esforçointegrado deve

repercutir na legislação,que precisa sera t u a l i za d a ”José Vicente de Sá Pimentel, sec. deMeio Ambiente de Vila Velha

A busca de alternativas paracontrole e monitoramento dasemissões atmosféricas é umaquestão ambiental de reponsabili-dade de todos, em que o setor pú-blico e o setor privado devematuar conjuntamente, buscandoefetiva conciliação de interesses.

É o que afirma a secretária deMeio Ambiente do município deSerra, Áurea Galvão Almeida. “Atemática da qualidade do ar envol-ve muitos atores e, para a gestãoadequada, é indispensável que a

sociedade seja informada sobre oassunto, sobre os mecanismos decontrole e os impactos gerados”.

F I S CA L I Z AÇÃOA secretária salienta ainda que é

preciso haver a formação e o aper-feiçoamento contínuo dos agentesresponsáveis pelo monitoramento,controle e fiscalização, e das técni-cas de análise e verificação das ati-vidades com potencial poluidor.

A gestão da qualidade do ar é umtema recorrente na Grande Vitória

e, na opinião da secretária de MeioAmbiente de Serra, isso demonstraque ainda há desafios a serem ven-cidos para que o assunto avance.

Esses desafios, segundo ela, pas-sam pela atuação conjunta de to-dos os envolvidos com a questão.

Áurea também alerta que é pre-ciso que se esteja atento a possíveismudanças no cenário econômico,que podem contribuir para oaquecimento do mercado e, con-sequentemente, para a ampliaçãode determinadas atividades.

8 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019

Es p e c i a l

JOHN G. WATSON PROFESSOR DO DESERT RESEARCH INSTITUTE (DRI)

“Controlar emissõesfugitivas é o maior desafio”Cientista destacadificuldade no controledas emissões que sedispersam no ar, masdiz que medidas podemreduzir a poluição

O desenvolvimento urbano eo crescimento do consumoem todos os níveis contri-

buem fortemente para o aumentoda poluição no mundo. Não poracaso, a Organização das NaçõesUnidas (ONU) escolheu a polui-ção do ar como tema das comemo-rações do Dia Mundial do MeioAmbiente de 2019, em 5 de junho.

Segundo dados da ONU Ambien-tal, principal voz global em temasambientais, 92% das pessoas domundo não respiram ar limpo e apoluição do ar custa à economia glo-bal 5 trilhões de dólares por ano.

Como se pode concluir, esse é umproblema de âmbito mundial, umdesafio para as instituições públi-cas e privadas, para os serviços desaúde, para quem precisa assegurarqualidade de vida à população e pa-ra a própria população, que está su-jeita a desenvolver problemas desaúde decorrentes da falta de con-trole sobre a poluição atmosférica.

Conversamos sobre o tema como professor John G. Watson, doDesert Research Institute (DRI),que é especialista no assunto. Eleparticipou em julho do Air Pollu-tion Conference Brazil, evento in-ternacional realizado em Belo Ho-rizonte (MG), que reuniu pesqui-sadores, profissionais da indústriae representantes da comunidadeacadêmica.

Com sede no estado americanode Nevada, o DRI é mundialmentereconhecido por investigar os efei-tos das mudanças ambientais – na -turais e induzidas pelo homem – eno avanço das tecnologias destina-das a apoiar o gerenciamento efi-caz dos recursos naturais. Watsondestaca que controlar emissões fu-gitivas, aquelas que se dispersamno ar, é o principal desafio.

Mestre em Física, o professorWatson tem mais de 40 anos decarreira como pesquisador e coor-denador de mais de 120 estudosenvolvendo qualidade do ar empaíses como o Canadá, no Hemis-fério Norte, e Hong Kong, na Ásia.

Em 2018, ele participou, em Vi-D I V U LG AÇ ÃO

A POLUIÇÃO DO AR foi tema do Dia Mundial do Meio Ambiente de 2019

tória, de um intercâmbio científicocom a Universidade Federal doEspírito Santo (Ufes).

> Quais são os principais de-safios para o controle das emis-sões atmosféricas no mundo?

JOHN G. WATSON Emissões ca-nalizadas de chaminés e saídas deexaustão não são difíceis de identi-ficar e controlar. Elas são tipica-mente contínuas, relacionadas aprocessos conhecidos e podem serdiminuídas a partir da passagemdo efluente por tecnologias consi-deradas como padrão de controle.

As emissões fugitivas, comoaquelas provenientes de arraste

eólico e suspensão mecânica depoeira, são as mais difíceis de con-trolar, uma vez que são intermi-tentes e largamente dispersas so-bre áreas extensas.

> As tecnologias de controletêm avançado suficientemente?

Existem muitas tecnologiasaperfeiçoadas para emissões cana-lizadas, por exemplo, filtros demanga, precipitadores, lavadoresde gases a seco e úmido, denuderstérmicos (tubos de difusão) e con-vertedores catalíticos.

Para emissões difusas, os con-troles incluem encapsulamento,estabilização de superfícies, as-persão, varredura e medidas parareduzir os efeitos do vento, tais co-

mo barreiras e cinturões verdes.O desafio é identificar onde e

quando essas emissões fugitivasocorrem e rapidamente direcionaras medidas de controle para a fon-te causadora.

> O que determina a eficiênciade um sistema de controle dapoluição do ar?

A eficiência dos controles é de-terminada pela proporção de con-centração de poluentes na entradae na saída de uma medida de con-trole. Muitos dispositivos de con-trole exigem manutenção periódi-ca para alcançar uma alta eficiên-cia de remoção de poluente.

> Como equacionar a situaçãodas indústrias cujas fontes deemissão ficam próximas de zo-nas residenciais?

Detectar e agir mediante a medi-ção do arraste de partículas parafora das instalações industriais sãoos modos mais eficientes de redu-zir a exposição das comunidadesvizinhas. Isso requer monitora-mento em tempo real dos indica-dores de poluição e direção do ven-to, assim como comunicação rápi-da com os gestores de meio am-biente para remediar as emissões.

> A evolução das leis ambien-tais tem contribuído para apri-morar os controles?

Emissões canalizadas da maio-ria das indústrias estão sujeitas ataxas máximas de emissão paravários poluentes. Elas são frequen-temente monitoradas dentro doscanais para dar retorno aos opera-dores, assim como fazer cumpriros limites de emissão. Grandes pe-nalidades financeiras, e em algunscasos até criminais, fornecem o in-centivo para manter as emissõesem níveis baixos.

Novos métodos de medição estãosendo desenvolvidos para detectaremissões fugitivas com custo-efi-ciência, mas eles ainda não foramincorporados às leis ambientais,além da observação humana deplumas visíveis. Detecção visível deplumas de emissões fugitivas não étão confiável quanto detecção porinstrumentos, uma vez que nem to-das as plumas são perceptíveis.

> Há uma receita para se con-ciliar atividades econômicas e a

eficácia dos mecanismos de con-trole de poluição atmosférica?

Tendências de longo prazo de vá-rios poluentes são medidas em lo-cais de monitoramento de confor-midade, e elas têm mostrado melho-ria com diferentes medidas de con-trole. O monitoramento de longoprazo é necessário para uniformizaras diferentes condições meteoroló-gicas que levam as concentrações depoluentes a variar de um dia para ooutro e de um ano para o outro.

Análises de custo-benefício sãotambém executadas para determi-nar o valor das medidas de controleda poluição. Essas análises tipica-mente mostram que os benefíciospara a saúde, a visibilidade, os danosmateriais e a deterioração do ecos-sistema excedem em muito os cus-tos com a redução das emissões.

> É possível que indústrias ecomunidades convivam em har-monia ou eventuais conflitossão inerentes à situação?

Indústrias responsáveis assu-mem com seriedade suas res-ponsabilidades ambientais e fa-zem o que é preciso para manteras emissões em níveis aceitáveis.Indústrias bem-intencionadasvão além do mínimo exigido pelaregulamentação em vigor e de-senvolvem novos métodos paramonitorar e responder à emissãoexcessiva de poluentes para forade suas instalações.

QUEM É ELE

Mestre em Física> JOHN G. WATSON é professor do De-

sert Research Institute (DRI). Mes-tre em Física, ele tem mais de 40anos de carreira.

> NESSE PERÍODO, at u o u como pesqui-sador e coordenador de mais de 120estudos envolvendo qualidade do arem países como o Canadá, no Hemis-fério Norte, e Hong Kong, na Ásia. Em2018, participou, em Vitória, de umintercâmbio científico com a Ufes.

D I V U LG AÇ ÃO

JJJOOOHHHNNN GGG...WWWAAATTTSSSOOONNN dddiiizzzqqquuueee ooo dddeeesssaaafffiiioooééé iiidddeeennntttiiifffiiicccaaarrrooonnndddeee eee qqquuuaaannndddoooeeessssssaaasss eeemmmiiissssssõõõeeesssfffuuugggiiitttiiivvvaaasss ooocccooorrrrrreeemmmeee rrraaapppiiidddaaammmeeennnttteeedddiiirrreeeccciiiooonnnaaarrr aaasssmmmeeedddiiidddaaasss dddeeecccooonnntttrrrooollleee pppaaarrraaa aaafffooonnnttteee cccaaauuusssaaadddooorrraaa

“I n d ú st r i a sre s p o n s á ve i s

assumem suasresponsabilidades efazem o que é precisopara manter as emissõesem níveis aceitáveis”

“Novos métodosde medição estão

sendo desenvolvidospara detectar emissõesfugitivas comc u sto - e f i c i ê n c i a ”

VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019 ATRIBUNA 9

Es p e c i a l

TERMO DE COMPROMISSO AMBIENTAL

Referência para outras cidadesEspecialista acreditaque o TCA firmadono Espírito Santopode servir dereferência para outrasregiões do País

MOSAICO IMAGEM

D I V U LG AÇ ÃO

PORTO DE ROTERDÃ, na Holanda, é visto com orgulho pela população

ANTONIO MOREIRA/AT

A P L I CAT I VOEvo l u i rpermite quea populaçãop o ss aacompanharde pertoas ações quevêm sendoi m p l e m e n ta d a spara atender oc o m p ro m i ss oa ss u m i d opela empresa

Transparência e monitoramentoAlém do Termo de Compromis-

so Ambiental (TCA) em si, o pro-motor Marcelo Lemos destaca umoutro diferencial no acordo firma-do com a ArcelorMittal Tubarão: oaplicativo Evoluir.

Criado por deliberação da em-presa, o aplicativo permite que apopulação possa acompanhar asações que vêm sendo implementa-das para atender o compromissoa s s u m i d o.

“O aplicativo coloca na palma da

mão de cada cidadão a possibilidadede monitorar o que a empresa estáfazendo para atender o TCA e até semanifestar caso tenha alguma ob-servação a fazer”, salienta Lemos.

F E R R A M E N TAEle acredita que a ferramenta

pode vir a ser utilizada até mesmopara orientar os órgãos ambientaisque fazem a vistoria de verificaçãode cumprimento das metas assu-midas pela empresa.

D i r igente do Centro deApoio Operacional doMeio Ambiente (Caoa) do

Ministério Público do Estado doEspírito Santo (MPES), o pro-motor de Justiça Marcelo LemosVieira é um entusiasta do Termode Compromisso Ambiental(TCA), firmado em setembro de2018 junto a duas das maioresindústrias capixabas com o obje-tivo de reduzir as emissões at-m o s f é r i c a s.

Ele avalia que o acordo, cons-truído a partir de um processo deautocomposição e com a partici-pação de diferentes atores, podeservir de referência para outrasregiões que vivem situação seme-lhante à que se tem na Grande Vi-tória, em que a atividade indus-trial está muito presente.

Segundo ele, alguns represen-tantes do Ministério Público deoutros estados já vêm manifestan-do interesse em conhecer o TCAfirmado no Espírito Santo, que éum dos maiores do Brasil em ter-mos de valor a ser investido.

Somente a ArcelorMittal Tu-barão, uma das empresas signa-tárias, está investindo R$ 1,14 bi-lhão até o ano de 2023 em açõese projetos que visam reduzir asemissões atmosféricas decor-rentes de suas atividades.

“Vejo esse termo de compro-misso com uma perspectivamuito positiva”, afirma o promo-tor Marcelo Lemos, enfatizandoque as empresas, que são impor-tantes para o desenvolvimento

M A R C E LOLEMOS VIEIRAdiz que algunsre p re s e n ta n t e sdo MinistérioPúblico deoutros estadosjá vêmm a n i f e s ta n d ointeresse emconhecer o TCAfirmado noEspírito Santo,que é um dosmaiores doBrasil emtermos de valora ser investido

econômico, precisam estar inte-gradas à vida da cidade da formamais harmônica possível.

Ele cita o exemplo do Porto deRoterdã, na Holanda, que é vistocom orgulho pela população dacidade que até utiliza suas insta-lações para fotos e outras ativi-d a d e s.

“Somos uma região com voca-ção portuária e temos que fazercom que essa atividade econô-mica esteja integrada à vida dasociedade, de forma sustentá-ve l ”, avalia Lemos.

As empresas que firmaram oTCA, observa ele, abraçaram acausa e estão buscando formasde mitigar o impacto gerado por

A b ra m p a2020> VITÓRIA vai sediar em

abril de 2020 o maiorcongresso ambientaldo Ministério PúblicoBrasileiro – o Abram-pa 2020 – re un in dopromotores de todo oB ra s i l .

> O TCA firmado aquicertamente vai estarentre os temas abor-dados, conforme sa-lienta Marcelo Le-mos.

C O N G R ESS OA M B I E N TA L

suas atividades. “E o mais im-portante é que essa é uma solu-ção construída de forma partici-p a t i va ”, pontua.

Ele observa que há duas for-mas de entregar o Direito à so-ciedade: a partir de sentença ju-dicial ou a partir do consenso,por meio de um processo de au-t o c o m p o s i ç ã o.

Esse último muda o paradigmada entrega do Direito, pois pres-supõe o compromisso e o envol-vimento das partes, deixando deser apenas uma imposição.

As soluções consensuais, se-gundo Lemos, são uma orienta-ção do Ministério Público emâmbito nacional.

“O aplicativocoloca na palma

da mão de cada cidadãoa possibilidade demonitorar o que aempresa está fazendo”Marcelo Lemos Vieira, dirigentedo Centro de Apoio Operacionaldo Meio Ambiente

“Somos uma regiãocom vocação

portuária e temos quefazer com que essaatividade econômicaesteja integrada àvida da sociedade”Marcelo Lemos Vieira, dirigentedo Centro de Apoio Operacionaldo Meio Ambiente

“Vejo esse termode compromisso

com uma perspectivamuito positiva”Marcelo Lemos Vieira, dirigentedo Centro de Apoio Operacionaldo Meio Ambiente

10 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019

Es p e c i a l

PROGRAMA EVOLUIR

Medidas para reduzir a poluiçãoArcelorMittal Tubarão cria programa para reduzir asemissões decorrentes de suas atividades industriais

Desde o ano passado, o dia 21de setembro passou a carre-gar um simbolismo muito

significativo no que diz respeito aocontrole da poluição do ar naGrande Vitória. Foi nesta data, em2018, que foi firmado o Termo deCompromisso Ambiental (TCA)por meio do qual duas das maioresempresas do Espírito Santo assu-miram metas para reduzir asemissões atmosféricas decorren-tes de suas atividades industriais.

FOTOS: MOSAICO IMAGEM

PRINCIPAIS AÇÕES ADOTADAS PELA EMPRESA1 Umectação de vias

A circulação de veículos é um dosfatores que contribui para a ressus-pensão de material particulado e mo-lhar as vias ajuda a evitar que issoocorra. A empresa intensificou esseprocesso, feito com água de reuso.

Como alternativa ao uso da água,está sendo utilizada a aplicação de umpolímero sobre as vias, substânciaque ajuda a reter a poeira no solo.

3 Lavadores de rodasA fim de minimizar o efeito do arras-

te de material particulado decorrenteda circulação de caminhões que en-tram e saem dos pátios de materiais, a

FIQUE POR DENTRO

Termo de CompromissoA m b i e n ta l> O TERMO de Compromisso Ambien-

tal (TCA) envolve 310 ações a seremimplementadas até 2023.

> DESTAS, 173 são melhorias opera-cionais, 75 referem-se a investimen-tos operacionais e 62 correspondema novos investimentos.

> O INVESTIMENTO total previsto é demais de R$ 1,14 bilhão.

O que já foi realizado noprimeiro ano do acordo> 210 AÇÕES executadas no âmbito do

TCA .> 16 AÇÕES executadas voluntaria-

mente pela ArcelorMittal Tubarão.> 65 TRABALHADORES foram reco-

nhecidos por protagonizarem açõesde destaque, contribuindo para apri-morar a performance ambiental daempresa.

> 196 SUGESTÕES de melhorias foramapresentadas por empregados e es-tão sendo adotadas pela compa-nhia.

Uma dessas empresas é a Arce-lorMittal Tubarão que, para darainda mais força ao compromissoassumido com o TCA, criou o Pro-grama Evoluir, um conjunto de prá-ticas e direcionadores de gestão.

Além de contemplar as medidascontidas no TCA, o Evoluir orien-ta de forma permanente os inves-timentos, a gestão e a operação daempresa em relação às questõesambientais, na busca da máximaeficiência.

A empresa e suas equipes – pró -prias e contratadas – vêm empre-endendo uma verdadeira cruzadana busca de soluções que resultemem maior controle das emissõesatmosféricas. E isso não envolveapenas investimentos em melho-rias e em novas tecnologias, masprincipalmente o aprimoramentodos procedimentos de rotina e docomportamento das pessoas quefazem parte da empresa.

O TCA estabeleceu 310 açõesque devem ser cumpridas pelaempresa até o ano de 2023. Destas,210 foram implementadas no pri-meiro ano do acordo, o que equi-vale a quase 68% das metas assu-midas, além de 16 ações voluntá-rias de aprimoramento ambientalrealizadas pela empresa.

O gerente geral de Sustentabili-dade e Relações Institucionais daArcelorMittal Tubarão, João Bos-co Reis da Silva, acrescenta que,além das medidas contidas noTCA, a empresa mapeou volunta-riamente outras 166 ações que fa-zem parte do Programa Evoluir evêm sendo implementadas parale-lamente ao compromisso assumi-do junto ao poder público.

No total, estão sendo investidosR$ 1,14 bilhão para aprimorar odesempenho ambiental da com-panhia.

“Estamos empenhados em bus-

car soluções que minimizem aomáximo o impacto de nossas ativi-dades. Nós e a sociedade capixabareconhecemos a importância quea empresa tem para a economia doEspírito Santo. Respondemos so-zinhos por 13% do PIB e desenvol-vemos várias iniciativas voltadas

ao bem-estar das comunidades e àpreservação ambiental. O que es-tamos buscando é tornar cada vezmais harmoniosa a convivênciaentre a empresa e a população pa-ra continuarmos a contribuir coma economia do Estado e do Brasil”,destaca João Bosco.

EQU I PA M E N TO SDentre as ações já realizadas

para reduzir a dispersão de poeirae evitar o arraste de material nocomplexo industrial da Arcelor-

Mittal Tubarão, boa parte diz res-peito a mudanças em procedi-mentos e investimento em equipa-mentos. Confira algumas dessasações.

2 Uso de polímeroAs pilhas de coprodutos, matéria-

prima e de carvão ganharam cober-tura com polímero, material de baseorgânica que cria uma película pro-tetora e evita o arraste e a dispersãode material particulado.

empresa, que já contava com seis la-vadores de rodas na saída desses pá-tios, está instalando outros 12, pas-sando a ter 18 equipamentos.

4 Lonamento decaminhões

Os caminhões que circulam com ma-terial em granel também passaram autilizar um sistema automatizado de lo-namento, contribuindo para evitar o ar-raste ou a queda de material nas vias.

5 Controle dealtura das pilhas

Um sistema de GPS controla a altu-ra das pilhas formadas ao longo dosPátios de Carvão. Se estiver acima daaltura padrão, automaticamente éemitido um alarme e uma nova área édisponibilizada para a continuidadedo empilhamento do carvão.

O objetivo é assegurar que a pilha fi-que sempre abaixo do cinturão verdeque envolve a área de estocagem, ga-rantindo maior eficiência do cinturão.

MUNICÍPIO de Vitória:moradores são beneficiadoscom medidas que reduzem apoluição atmosférica

“Vamos buscarsoluções que

minimizem ao máximoo impacto de nossasatividades ”João Bosco Reis da Silva, gerente geralde Sustentabilidade e RelaçõesInstitucionais

WIND FENCES são barreiras de ventoformadas por telas protetoras instaladas aoredor dos pátios de estocagem de materiais

VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019 ATRIBUNA 11

Es p e c i a l

PROGRAMA EVOLUIR

Investimento de mais R$ 973 milhões

MUNICÍPIO DA SERRA: em parceria com a prefeitura da cidade, a ArcelorMittal Tubarão vai viabilizar um curso para qualificação de pedreiro refratarista

Te c n o l o g i apermiteacompanharp ro c e ss o s

As ações que estão sendo reali-zadas pela ArcelorMittal Tubarãopara aprimorar o desempenhoambiental podem ser acompanha-das de forma transparente pelapopulação. E a tecnologia é impor-tante aliada nesse processo.

A empresa conta com um aplica-tivo – Evoluir ArcelorMittal – quepermite ao cidadão acompanharas metas e diretrizes do Termo deCompromisso Ambiental (TCA),além das ações que a empresa vemdesenvolvendo para cumpri-las.

O aplicativo pode ser baixadogratuitamente na Google Play Sto-re, para celulares com sistema An-droid, e na App Store para a versãoI O S.

Por meio da ferramenta é possí-vel acessar vídeos, documentos, fo-tos e relatórios que enfocam o an-damento das atividades. O aplicati-vo permite ainda que o cidadão en-vie sugestões e esclareça dúvidas.

Além de disponibilizar informa-ções no aplicativo, a empresa tempromovido reuniões com repre-sentantes de comunidades paraexplicar o que vem sendo feito e oque ainda vai fazer no âmbito dagestão ambiental. Já foram reali-zadas quatro reuniões com essa fi-nalidade envolvendo diferentesc o m u n i d a d e s.

As ações realizadas pela empre-sa em atendimento ao TCA tam-bém são monitoradas pelo poderp ú b l i c o.

Até o momento foram realizadascinco reuniões com a comissão deacompanhamento do TCA, alémde 41 ações de fiscalização, oito dasquais para verificação específica demetas do termo de compromiss o.

PRINCIPAIS AÇÕES ADOTADAS PELA EMPRESA

Além dos R$ 1,14 bilhão de in-vestimentos previstos emações que fazem parte do

Termo de Compromisso Ambien-tal (TCA), a ArcelorMittal Tuba-rão está investindo R$ 973 milhõesem dois outros projetos que tam-bém contribuem para aprimoraros controles ambientais relaciona-dos a emissões atmosféricas.

Esses projetos envolvem a Co-queria Convencional e incluem ainstalação da quarta bateria de for-nos, orçada em R$ 523 milhões, e areforma das baterias de fornos 2 e3, que vai demandar investimentosde R$ 450 milhões.

Somente a quarta bateria de for-nos, que já está sendo construída e

envolverá o trabalho de 700 pes-soas no pico do projeto, vai reduzirem 50% as emissões atmosféricasoriundas desse processo.

Em parceria com a Prefeitura deSerra, a ArcelorMittal Tubarão vaiviabilizar um curso para qualifica-ção de pedreiro refratarista, pro-fissional demandado pelo projetoe com pouca disponibilidade nomercado. A nova bateria de fornostem início de operação previstopara março de 2022.

Também já está em andamentoa reforma da bateria de fornos 3,com 220 pessoas trabalhando nop ro j e t o.

As paredes dos fornos estão sen-do substituídas e a previsão é de

que a obra seja concluída em mar-ço de 2022, quando será iniciada areforma na bateria de fornos 2,com previsão de conclusão em ju-lho de 2024.

A conclusão desse projeto resul-tará em fornos mais modernos ecom melhor tecnologia, contri-buindo para a redução das emis-sões de material particulado.

FOTOS: MOSAICO IMAGEM

VISTA AÉREADE TUBARÃO:e m p re s aestá investindoem dois outrosprojetos paraa p r i m o ra ros controlesa m b i e n ta i sre l a c i o n a d o sa emissõesat m o s f é r i c a s

7 Rede dem o n i t o ra m e n t o

A fim de monitorar as emissõesatmosféricas, a empresa vai ins-talar um sistema de monitora-mento que vai cobrir toda a áreaindustrial. O objetivo é identificare corrigir eventuais desvios coma máxima eficiência.

8 Barreiras deve n t o

Também chamadas de windfences, as barreiras de ventosão formadas por telas proteto-ras instaladas ao redor dos pá-tios de estocagem de materiais.Elas quebram a força do vento,contribuindo para reduzir o ar-raste de particulados. A empre-sa, que já conta com o equipa-mento em um dos Pátios deCarvão, está instalando as bar-reiras no segundo Pátio de Car-vão e no Pátio de Matérias-pri-mas.

9 Sistemas ded e s p o e i ra m e n t o

Serão implementados váriossistemas de despoeiramento(filtros de manga) e um deles,em fase de instalação, é o dosprocessos de basculamento degusa e escória do KR.

São 750 metros de tubula-ções que vão canalizar o mate-rial particulado oriundo des-ses processos, reduzindoemissões fugitivas. A previsãoé de que esteja concluído em2021.

10 D e ss u l f u ra ç ã odos gases de coqueria

Esse projeto, com previsão deconclusão em dezembro de2022, consiste na instalação deequipamentos que irão remover oenxofre de todo o gás gerado noprocesso de produção do coque,reduzindo as emissões da subs-tâ n c i a .

6 Plano Diretorde CorreiasTranspor tadoras

As correias levam materiais deum ponto ao outro no site industriale por meio desse plano a empresavem avaliando as estruturas e iden-tificando soluções que contribuampara reduzir a queda e a dispersãodo material.

Essas soluções incluem alternati-vas como a cobertura ou o enclau-suramento desses equipamentos.Foram instaladas aproximadamente4 mil novas coberturas de correias.

11 Cinturão verdeA área industrial da empresa é cir-

cundada por um extenso cinturão ver-de que funciona como barreira naturalpara minimizar o efeito do vento e o ar-

raste de material particulado.No último ano, ele foi revitalizado e

ganhou o reforço de 15 mil mudas de es-pécies diversas.

12 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2019

Es p e c i a l

“Nova consciênciaambiental ”

“O Programa Evoluir vem esti-mulando uma nova consciênciaambiental entre as pessoas, re-forçando nossos valores e pro-movendo uma calibração na ges-tão ambiental da empresa. Trata-se de um novo olhar, uma novaforma de pensar e de agir, ajus-tando as práticas da nossa rotinae nos levando a repensar proces-sos com o objetivo de aprimorarnosso desempenho ambiental.

Tudo isso vem contribuindopara que haja maior integraçãoentre nossas áreas e equipes, oque é importante porque as pes-soas são a parte principal desseprocesso e serão fundamentaispara dar sustentabilidade às ini-ciativas implantadas no âmbitodo Programa Evoluir”.

Rogério Brilhante, coordenadordo Evoluir pela Gerência Geral

de Infraestrutura, Oficinas eServiços de Manutenção

Ce n t ra l

Funcionários apontam melhoriasQuestionados sobre o Pro-

jeto Evoluir, funcionáriosda ArcelorMittal Tuba-

rão apontaram uma série demelhorias que só foram possí-veis após a implantação do pro-grama, que uniu empresa eequipes em uma verdadeiracruzada na busca por soluçõesque resultem em maior contro-le das emissões atmosféricas.

“O Evoluir está colocandonossa empresa em outro pata-mar de sustentabilidade e o ob-jetivo é fazer desta a melhor si-derúrgica do mundo, referênciaem sustentabilidade”, diz JorgeBittencourt, coordenador geraldo programa.

Luiz Fernando Volpato, coor-denador do Programa Evoluirna Logística, acrescenta: “Que -remos ser a melhor siderúrgicado mundo também na forma detratar o meio ambiente”.

FOTOS: MOSAICO IMAGEM

“Pro d u t i v i d a d ee confiança”

“Estamos muito envolvidoscom o Evoluir, criando e monito-rando projetos e ações paramantermos as diretrizes e pro-porcionarmos uma imagemtransparente e de confiança. To-dos os empregados e parceirosestão conscientes de que temosque proporcionar o melhor paranossas comunidades.

Com o Programa Evoluir, nos-sa área está apresentando me-lhor aspecto visual de limpeza eorganização e a relação entreempresa e comunidade só tendea ser mais positiva. É uma mu-dança de cultura ambiental quepromove mais produtividade,sustentabilidade e confiança.”

Antônio Jorge da Costa Junior,operador da sala de controle da

SunCoke Energy Brasil

“Referência ems u s t e n ta b i l i d a d e ”

“No início desse processo en-tendia o Programa Evoluir comoum grande desafio, mas ao longodo tempo a gente percebe que éuma grande oportunidade de fa-zer uma empresa melhor.

O Evoluir está colocando nos-sa empresa em outro patamar desustentabilidade e o objetivo éfazer desta a melhor siderúrgicado mundo, referência em sus-t e n ta b i l i d a d e .

Num primeiro momento o nos-so desafio era cumprir o que foiacordado no Termo de Compro-misso Ambiental, mas com oEvoluir percebemos um movi-mento de conscientização e demudança de mentalidade porparte de todos nós.”

Jorge Bittencourt,coordenador geral do

Programa Evoluir

“Melhor siderúrgicado mundo”

“Como costuma dizer o nossopresidente (Benjamin Baptista Fi-lho), além das permissões legaisdos órgãos públicos, precisamostambém da licença da sociedadepara manter a operação nessaplanta. Por isso, tratamos comtanta seriedade o compromissocom as diretrizes e metas do Ter-mo de Compromisso Ambiental.

Para garantir o cumprimentodo TCA, criamos internamente oPrograma Evoluir, que vai alémdos termos do acordo. Quere-mos ser a melhor siderúrgica domundo também na forma de tra-tar o meio ambiente. As exigên-cias são cada vez maiores e pre-cisamos estar preparados.”

Luiz Fernando Volpato,coordenador do Programa

Evoluir na Logística

“Planejamentopara ações ambientais”

“Meta é implantarmais de 70 projetos”

“Para cumprir as metas doTermo de Compromisso Am-biental, planejamos implantarmais de 70 projetos. É um desa-fio e tanto. Logo no início desseprocesso percebi que precisa-ríamos de muita energia e do en-volvimento de todas as pessoas,em todos os níveis da empresa.

E abraçamos este desafio co-mo uma oportunidade e essatem sido a motivação na buscapor melhores práticas, soluçõesinovadoras, mais inteligentes esustentáveis, e assim manter aempresa sustentável e motivode orgulho para nossas famíliase para a sociedade.”

Issa Yamazumi Ney,gerente de Área de

Implementação de ProjetosA m b i e n ta i s

“Nosso envolvimento namudança de rotina e emmelhorias está nos levan-do para um cenário am-biental melhor a cada dia.O comprometimento éparte fundamental para al-cançar nossos objetivos etodos estão se envolvendoe absorvendo as ideias pa-ra evoluirmos na busca deum cenário ambiental fa-vo ráve l .

O Evoluir está fazendomuita diferença em nossa

área, pois temos um plane-jamento para as ações am-bientais que nos permiteter um nível superior de exi-gência, com ações concre-tas e eficazes. O Evoluir épensar diferente, pensarno amanhã, fazer além pa-ra entregarmos o melhorpara nossa empresa e so-ciedade.”

Rodrigo Ravani,especialista de processo

de altos-fornos

“Estamos no caminho certo”“Cada empregado tem

papel fundamental para osucesso do ProgramaEvoluir. Além de emprega-dos, somos moradores daGrande Vitória e quere-mos o melhor para nossoEs ta d o .

Estamos no caminhocerto, nos tornando maiseficientes em nossos pro-cessos e controles e isso foipossível porque a empresanos posicionou sobre o queestava acontecendo lan-

çou o Programa Evoluircom o único objetivo dereafirmar à sociedade seucompromisso com o meioambiente.

O Evoluir trouxe mu-dança comportamental.Temos muito a contribuirpara com o futuro de nos-sos filhos e de toda a so-ciedade capixaba.”

Eustáquio Cunha,analista de operação

por tuária

“É uma mudança na forma de atuação”“Nos tornamos agentes

transformadores do nossoambiente de trabalho. Cadaum é parte importante nabusca pela excelência emproduzir sem risco operacio-nal, com qualidade e controlea m b i e n ta l .

Nosso compromisso é ter omeio ambiente como um pilarde sustentação dos nossos re-sultados, ao lado da seguran-ça e da qualidade. Nosso em-penho é diário, temos a liber-dade de parar os equipamen-tos e interromper a linha de

produção quando observa-mos qualquer risco de emis-são atmosférica.

É uma mudança na formade atuação, que reflete o com-prometimento com as ques-tões ambientais. O Evoluir éum passo importante e vem

sendo conduzido com umgrau de exigência e seriedadeque reforça o compromisso daArcelorMittal Tubarão comoempresa sustentável.”

Katia Favalessa Mognato,técnica refratista