viver mais e melhor/arquivos/... · reportagem especial jornal metas. ... bem que é bom viver...

24
80 PRA DOS 17 DE DEZEMBRO DE 2016 REPORTAGEM ESPECIAL JORNAL METAS

Upload: vongoc

Post on 16-Nov-2018

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

80PrA lá dos

17 de dezembro de 2016

reportagem especial

Jornal Metas

Page 2: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR2

VIVER MAIS E MELHOR

Em apenas 50 anos, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou 25,4 anos e passou de 48, na década de 1960, para 73,4 anos em 2010.

Prá lá dos 80

Em apenas 50 anos, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou 25,4 anos e passou de 48, na década de 1960, para 73,4, segundo dados do Censo 2010 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geogra� a e Estatística. O

re� exo disso é o envelhecimento da população. Tudo bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação de médicos e de quem se encaminha para a terceira idade: “viver mais e melhor”. Esse é o desejo da pessoa que chega ou passa dos 60 anos. Velhice não é doença, por isso ninguém deveria morrer dela, porém, se morre em função de diversos fatores, como por exemplo, a falta de um sistema de saúde no Brasil que privilegie o atendimento à pessoa idosa. Dessa forma, a velhice pode se tornar um problema crônico se não houver um preparo adequado para quando ela chegar. E, não tenham dúvida, ela chegará para todos – a menos que algum fato abrevie a vida da pessoa, mas o ciclo � nal da vida é envelhecer e morrer.

A medicina avançou de forma surpreendente nas últimas cinco décadas, dando às pessoas uma expectativa

de vida maior, mas, para desespero de muitos, ainda não descobriu o “elixir” da longevidade. Mesmo assim, existem muitos idosos bebendo a água da imaginária fonte da juventude. São pessoas que já passaram dos 60, 70 e até dos 80, mas carregam o espírito, pensamento e disposição da juventude.

Para esses super idosos, a época de vestir o pijama e � car em casa brincando com os netos ainda não chegou (e parece que não vai chegar nunca). Jogar dominó na praça ou em clubes da terceira idade? Fique certo que essas pessoas recusariam a proposta, podendo até se ofender em caso de insistência porque, no fundo, não se acham velhos o su� ciente para se en� ar neste tipo de programa de matiné. Eles esbanjam entusiasmo e adoram a pro� ssão que construíram ao longo da vida. Fazem parte do grupo de neo idosos que não larga o batente de jeito nenhum.Este caderno especial de � m de ano do Jornal Metas é um grande ensinamento de vida a você que ainda não chegou na velhice, mas que certamente vai fazer parte da turma “Prá lá dos 80”.

Boa leitura!

Pra lá dos 80...

Page 3: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 3

O BRASILDA TERCEIRA IDADEAs estatísticas apontam para o aumento da população de idosos

Realidade

Pra lá dos 80...

30%DA POPULAÇÃO BRASILEIRA SERÁ FORMADA POR IDOSOS EM 2050

19 MILHÕESÉ O NÚMERO DE BRASILEIROS ACIMA DE 80 ANOS EM 2060

509É O NÚMERO DE PESSOAS COM IDADE ENTRE 80 E 89 ANOS EM GASPAR

FONTE: IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRÁFICA E ESTATÍSTICA

1 A CADA 9 PESSOAS NO MUNDO TEM 60 ANOS OU MAIS, SEGUNDO AS NAÇÕES UNIDAS

Page 4: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR4 Pra lá dos 80... J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BRPra lá dos 80...

POR QUE É TÃO DIFÍCIL ENVELHECER NO BRASIL?Espera em � las para consultas e cirurgias e falta de políticas públicas tornam difícil envelhecer com saúde no Brasil

A idosa Rita Cardoso, de 84 anos, passa boa parte do seu tempo entre consultórios médicos e cirurgias.

Há mais de 40 anos foi diagnosticado o primeiro câncer. Desde então, ela já realizou diversas cirurgias para a retirada de pequenos tumores em órgãos do corpo: útero, ovários, pele (quatro vezes no nariz) e até na cabeça. “É difícil eu passar um ano sem fazer três ou quatro cirurgias”, admite a senhora que desde janeiro aguarda na � la para mais um procedimento cirúrgico. Desta vez para a retirada de um tumor no ouvido. A cirurgia está marcada para janeiro de 2017. A demora, segundo Rita, foi porque não havia nenhuma equipe médica disposta a fazer a cirurgia pelo SUS. “Nenhum médico quis assumir”, conta.

O caso de Rita não é uma exceção em um país que ainda não aprendeu a cuidar dos seus idosos. A espera na � la pode ser ainda maior porque não existe senso de urgência no tratamento aos idosos pelo Sistema Único de Saúde, embora uma Lei Federal de 2003 obrigue a dar prioridade de atendimento para crianças, idosos, de� cientes e grávidas. Há três anos, em Cascavel-PR, o aposentado Orlando Vaz, de 84 anos, cansado de esperar por uma cirurgia eletiva de hérnia acabou realizando ele mesmo a cirurgia, utilizando apenas um estilete. As dores, contou ele na época, eram insuportáveis.

DIV

ULG

AÇÃO

Assistência

Page 5: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 5Pra lá dos 80...

JÚLIA DOURADO/JORNAL METAS

Velhice não é doença, logo ninguém deveria morrer de velho, mas morre porque existe uma fenda enorme entre a realidade e o que se oferece de assistência médica e social aos idosos. Faltam políticas públicas claras para a terceira idade, como campanhas de prevenção a doenças típicas da velhice. Estudo desenvolvido pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo, em 2013, apontou que embora a expectativa de vida da população brasileira tenha aumentado, os idosos estão vivendo com menor qualidade de vida, já que convivem mais tempo com doenças crônicas típicas da faixa de idade. A USP alertou ainda, que exames e tratamentos preventivos ajudariam a evitar esse processo.

Apesar de passar tanto tempo de sua vida lutando contra a doença, Rita não perde o bom humor. Para ele, chorar não adianta nada, por isso sofre com paciência. Na família dela, já houve outros casos de câncer. Rita conta que uma prima foi operada há pouco tempo e sua mãe faleceu devido a um câncer, pois na época não havia recursos para enfrentar a doença. Embora tenha esperado um ano na �la para uma cirurgia, Rita não se queixa do SUS. “Eu sei que há muita gente esperando hás meses ou anos por exames ou cirurgias; vejo todo mundo reclamando do SUS, mas eu não posso reclamar, pois �z diversas cirurgias gratuitamente”, revela. Rita tem uma boa alimentação e toma remédios para o diabetes, colesterol e arritmia, assim ela consegue ter saúde para enfrentar as cirurgias.

PESQUISANo Brasil, os idosos podem enfrentar

problemas tanto no SUS quanto nos planos de saúde particulares. Enquanto a rede pública

conta com listas de espera de mais de um ano, o privado pratica preços acima da capacidade �nanceira da maioria da população. O Brasil caminha para se tornar um país de idosos, porém se mostra despreparado para encarar esse futuro próximo. De acordo com a pesquisa Global AgeWatch Index 2015 (realizada pela HelpAge International e pela Universidade de Southampton, no Reino Unido), o Brasil é o 56º lugar no ranking de melhores países para acolher idosos, �cando atrás de dez outras nações da América Latina bem mais pobres, como Equador e El Salvador. A pesquisa estudou vários temas relacionados ao bem-estar social e econômico dos idosos. Em uma série de índices, como o ambiente favorável para os idosos viverem, o Brasil teve sua pior colocação: dos 96 países estudados, �cou em 87º. Entre os problemas que levam o Brasil a esta posição, estão a falta de infraestrutura na saúde e na acessibilidade - o que faz com que seja difícil para o idoso se manter independente.

Para Fábio Marcelo Matos, �sioterapeuta e professor da FURB, existe um dé�cit em

todos os níveis de atenção na saúde do idoso. “Os serviços, principalmente o público, encontram-se em di�culdades de realizar um atendimento mais objetivo e focado ao idoso”, a�rma. Doutorando em desenolvimento regional, o professor realiza pesquisas relacionadas à qualidade de vida do idoso, o idoso no contexto do desenvolvimento regional, políticas públicas do idoso e, envelhecimento ativo, entre outros assuntos ligados à terceira idade.

Fábio lembra que já existem políticas públicas para esta população, como a Política Nacional do Idoso (que tenta nortear os direitos da população idosa) e a Política de Envelhecimento Ativo, patrocinada pela Organização Mundial da Saúde, que, de acordo com o professor, é utilizada de maneira super�cial no Brasil por meio de ações isoladas, que atingem uma pequena parcela deste grupo. Fábio acredita que a criação de novas políticas públicas não é necessária, mas vê a necessidade de fazer valer as que já existem, adaptando e reformulando partes delas para a atual realidade. “Destaco a Política do Envelhecimento Ativo da OMS, que busca integrar as ações em saúde, participação social, educação e segurança (como a autonomia individual), visando integrar o indivíduo em todas as dimensões sociais. Esta política precisa ser assumida pelos gestores e pela sociedade de forma integral, padronizando ações nos territórios e respeitando a forma de viver destes lugares”, ressalta.

Para que o brasileiro envelheça com qualidade, Fábio acredita que é preciso existir centros especializados para o atendimento do idoso, com uma equipe multipro�ssional que atenda necessidades urgentes e encaminhe para outras especialidades, caso seja necessário. “Também acredito que centros de convivência, dinâmicos e integrativos, poderão fazer toda a diferença na vida destas pessoas e nas nossas”, a�rma.

Para não apenas fazer a expectativa de vida aumentar, mas também a qualidade de vida, o professor acredita que são necessárias essas políticas públicas atualizadas e adaptadas às necessidades locais, com gestores que pensem em ações concretas para que as diretrizes existentes sejam aplicadas em uma ampliação na atenção da saúde do idoso. “É preciso também um investimento na educação dos idosos com um sistema de aprendizagem integrativo e construtivo, instruindo e capacitando para novos desa�os, além de estimular a atividade física para estes indivíduos, sempre com orientação de pro�ssionais da área”, �naliza Fábio.

É DIFÍCIL EU PASSAR UM ANO SEM FAZER TRÊS OU QUATRO CIRURGIAS”.

RITA CARDOSO, APOSENTADA

185.598É O NÚMERO DE CIRURGIAS DE CATARATA PELO SUS EM 2015

17,3%DOS IDOSOS NO BRASIL TEM DIFICULDADE DE PRATICAR ATIVIDADES FÍSICAS DIÁRIAS

Page 6: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR6 Pra lá dos 80...

A VELHICE COMEÇANO NASCIMENTOPara especialista, trata-se de um processo contínuo e irreversível

Ciclo

Chegar aos 80 anos de vida não é mais novidade no Brasil - o desa�o é como viver não apenas mais, mas melhor. A

longevidade plena, segundo o médico geriatra Roberto Esmeraldino, está diretamente associada a hábitos de vida. “A velhice é um processo contínuo e irreversível da vida, porém, envelhecer bem ou não depende de uma série de fatores”, alerta. Ele explica que o envelhecimento não começa na transição dos 59 para os 60 anos. “O envelhecimento começa a partir do momento em que somos gerados. Quando nascemos já estamos com nove meses de vida”, lembra o especialista.

De acordo com Esmeraldino, 30% da qualidade do envelhecimento diz respeito à carga genética de cada ser humano e os outros 70% ao comportamento diário da pessoa. “Antigamente, envelhecer era sinônimo de adoecer. Este pensamento precisa mudar, pois a velhice não é uma doença, é apenas uma etapa das nossas vidas. E todas as fases da nossa vida são boas”, ressalta. Mas, então, o que é necessário fazer para se chegar à terceira idade com saúde e vitalidade? O geriatra cita quatro situações que precisam ser consideradas.

Primeiro é necessário cuidar do bem-estar físico e do psico - ou seja, cuidar da mente uma vez que somos movidos pelas nossas emoções. “Além disso, é preciso dar atenção ao bem-estar social - o ser humano não nasceu para viver sozinho - e também ao espiritual, pois, independente da religião, temos que crer e ter fé em algo”, recomenda Esmeraldino. E estes cuidados, segundo ele, devem ser tomados desde muito antes dos 60 anos. “Para chegarmos à terceira idade na melhor forma possível devemos cuidar da nossa saúde desde as fases mais precoces da vida”, reforça.

Esmeraldino chama a atenção para alguns hábitos de vida e orienta. “Cuide de sua alimentação, evite os alimentos muito

O ENVELHECIMENTO COMEÇA A PARTIR DO MOMENTO EM QUE SOMOS GERADOS. QUANDO NASCEMOS JÁ ESTAMOS COM NOVE MESES DE VIDA”.ROBERTO ESMERALDINO, MÉDICO GERIATRA

gordurosos e opte pelos ricos em �bras, frutas e verduras. Lembre-se: beber muita água e praticar exercícios físicos. O tabagismo deve ser evitado e a bebida alcoólica consumida

com moderação”.O lazer, acentua o geriatra, também deve

fazer parte da vida dos idosos e, aquele que tiver saúde e vontade, também pode trabalhar. “Minha recomendação é que o idoso opte por um emprego de meio período. Assim, ele terá tempo para se cuidar, fazer suas atividades físicas e de entretenimento”, orienta.

PREVENÇÃO A prevenção também precisa fazer parte dos

planos de quem pretende ter vida longa e com saúde. “Hoje já não existe mais idade para se procurar um geriatra. Tenho muitos pacientes entre 40 e 50 anos, que possuem um alto nível de estresse e ansiedade”, revela o médico. Outra dica é guardar os exames médicos dos últimos três anos. “Assim, o médico poderá comparar e acompanhar a evolução clínica do paciente”, argumenta.

Quando a pessoa chega aos 80 anos de idade, a dica do doutor Esmeraldino é que ela procure um médico a cada quatro meses ou, no mínimo, duas vezes ao ano. As doenças mais comuns na terceira idade, segundo ele, são hipertensão, osteoporose, osteartrose, diabete, infarto, acidente vascular cerebral (AVC), Alzheimer, Mal de Parkinson e problemas gastrointestinais.

“Antigamente, costumava-se falar que se é

DIETA EQUILIBRADA, CLIMA, MODO DE VIDA E EVOLUÇÃO DA MEDICINA INTERFEREM NA LONGEVIDADE DO HOMEM. O HUFFINGTON POST ELABOROU UMA LISTA COM OS DEZ PAÍSES ONDE AS PESSOAS VIVEM MAIS TEMPO.

1º MÔNACO - 89,68 ANOS.

2º MACAU - 84,43 ANOS.

3º JAPÃO - 83,91 ANOS.

4º CINGAPURA 83,75 ANOS

5º SAN MARINO - 83,07 ANOS

6º ANDORRA - 82,50 ANOS

7º GUERNSEY - 82,24 ANOS.

8º HONG KONG - 82,12 ANOS

9º AUSTRÁLIA - 81,90 ANOS

10º ITÁLIA - 81,86 ANOS,

ONDE SE VIVE MAIS TEMPO

ALEXANDRE MELO/JORNAL METAS

Page 7: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 7Pra lá dos 80...

70%DA QUALIDADE DO ENVELHECIMENTO ESTÁ RELACIONADA AO COMPORTAMENTO DA PESSOA E SÓ 30% À CARGA GENÉTICA.

JÚLI

A D

OU

RAD

O/JO

RNA

L M

ETA

S

velho, não se opera mais. Este pensamento não condiz mais com a realidade - hoje a idade não contradiz mais um processo cirúrgico, a decisão é tomada levando-se em conta o estado clínico do paciente”, justi�ca Esmeraldino.

ATIVIDADESe existisse uma boa receita para envelher,

certamente ela estaria sendo vendida nos balcões das farmácias, pois é nestes estabelecimentos que os idosos buscam a cura para muitas das doenças que surgem na terceira idade. Mas não é assim que as coisas funcionam. As pessoas precisam ir atrás da sua receita, ou melhor, do seu bem estar, que pode ser uma alimentação saudável, prática de exercícios físicos regulares, dormir e acordar cedo, ter amigos, sorrir ou optar por uma pacata vida de interior. João Carlos Isensee ou seu Jango, como é conhecido, não sabe explicar muito porque chegou aos 90 anos com tanta saúde e disposição. Manter-se sempre em atividade pode ser um dos ingredientes da receita da vitalidade estampada no rosto do simpático morador de um sítio na localidade conhecida como Águas Negras, no interior de Gaspar.

O dia para seu Jango começa cedo, antes das 7 horas. Café tomado, ele parte para tratar dos animais, cuidar da horta, de onde tira boa parte dos alimentos que consome, dar ração para as aves e recolher os ovos no galinheiro. Ficar parado não é a praia do seu Jango, que só não faz as tarefas domésticas, como cozinhar, lavar as roupas e limpar a casa, porque os �lhos não deixam. “Ainda tenho muita vontade de trabalhar, se não fosse por um pouco de surdez e a coluna que dói, faria até hoje tudo sozinho”, garante Jango, que não se queixa da di�culdade de levantar peso e o caminhar mais lento. “O importante é que eu ando e enquanto puder me governar, serei uma pessoa feliz”, emenda rapidamente,

procurando sempre enxergar o lado bom das di�culdades. Seu Jango também gostaria de morar sozinho no sítio, mas seus nove �lhos não permitem. Todas as noites, um deles lhe faz companhia. Viúvo há dois anos, ele conta que realizava bem mais atividades antes da morte da esposa. “Nós íamos com frequência à missa, e eu dirigia o carro”. Bastante religioso, ele já não vai com tanta frequência à igreja, reza em casa, mas a participação na festa de Santa Bárbara, a padroeira da comunidade, ele faz questão de estar presente.

Mas, a vida não é só trabalho para o vô

O dia começa cedo para o seu Jango, por volta das 7 horas ele já está cuidando das galinhas, da horta que mantém no quintal de casa e de onde tira boa parte dos alimentos que consome. O aposentado só para mesmo no domingo, quando reúne a família e amigos para o carteado

Jango. O domingo para ele é sempre muito especial. A humilde casa recebe �lhos, netos, bisnetos e amigos, que consomem as horas num animado carteado. Aliás, jogar baralho era a principal diversão da sua juventude. “Acho que começeei a jogar aos 15 anos de idade. Os meus primeiros parceiros já morreram todos, agora os parceiros são minha família e meus amigos que vem aqui todo o domingo para jogarmos”, diz com um sorriso no rosto e a certeza de que estar com a família e amigos é mais um ingrediente na infalível receita da longevidade.

Page 8: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR8 Pra lá dos 80...

ELES AINDA NÃO VESTIRAM O PIJAMA Idosos que não sabem o que é parar e seguem na rotina do trabalho diário

Na ativa

Aos 82 anos, dona Ilka nem pensa em parar de trabalhar e comanda uma loja no centro da cidade de Gaspar

JÚLIA DOURADO/JORNAL METAS

Se até pouco tempo o per�l do idoso era de uma pessoa ociosa, hoje vestir o pijama e passar o dia sentado na varanda

de casa não é o programa de boa parte desta turma quem já passou dos 60 e até dos 80 anos.

Existe um número cada vez maior de idosos

que continua executando suas atividades pro�ssionais como uma forma de ocupação e independência �nanceira, ou, simplesmente, pelo gosto de trabalhar. Neste último grupo está o gasparense Siegfried Wehmuth, de 88 anos, mais conhecido como Lico.

Ele é um legítimo representante da nova

geração de idosos que não querem parar de trabalhar. Serralheiro há mais de 50 anos, Seu Lico mantém uma rotina diária que se inicia lá pelas 7h da manhã de segunda à segunda. Para ele, acordar cedo e trabalhar são os segredos para ter energia e saúde. “Todos os dias, faça chuva ou faça sol, me levanto bem

Page 9: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 9Pra lá dos 80...

Vô Lico tem orgulho do resultado seu trabalho para o desenvolvimento de Gaspar

DIVULGAÇÃO

cedo e me arrumo. Após o café da manhã já procuro fazer algo. Se não tem serviço na empresa, procuro ajudar nos trabalhos de casa, ou na horta que temos no fundo de casa”, conta.

Ele começou a trabalhar aos 18 anos na fábrica de linhas - Círculo S.A, onde foi ajudante, mecânico e então começou a trabalhar com serralheria. Casado há 65 anos com Elza Wehmuth, com quem teve 11 �lhos, Lico fala da alegria de ter conseguido criar sua família pelo fruto do seu trabalho. Para ele, ver seu �lho e seu neto continuando o trabalho que iniciou quando abriu a empresa há mais de 50 anos é motivo de orgulho e felicidade. “Mesmo sendo um trabalho duro e desgastante, é muito bom ver sua pro�ssão sendo continuada pelo �lho e pelo neto. Melhor ainda é poder dividir com eles os desa�os da nossa pro�ssão. Família e amigos são o que há de mais importante na vida”, acentua vô Lico.

O trabalho é razão do orgulho e do sorriso do simpático senhor torcedor do Vasco e que não dispensa o uso de um boné, faça sol ou não. Ele gosta de lembrar dos trabalhos importantes que realizou em sua serralheria, em especial os projetos que modi�caram a rotina da cidade, como as mais de quatro mil peças que foram usadas na �xação do guarda corpo de mais de 1 km de extensão da Ponte do Vale. “Acompanhei de perto a instalação do material. A sensação de ver uma criação a serviço da cidade é recompensadora e me faz ter ainda mais vontade de trabalhar”. Mesmo com a idade avançada, ele não pensa em parar de trabalhar. “É muito grati�cante saber que estou colaborando para a cidade e para as pessoas”. que outras pessoas bordem ou façam algum

outro tipo de arte manual. Ela explica que faz isso para as festas de muitas comunidades de Gaspar. Embora goste de trabalhar com todo o tipo de artesanato, seus preferidos são o crochê e o tricô - o ponto cruz, que também é um dos queridinhos, não está mais em alta, de acordo com a idosa. O trabalho com artesanato começou quando ela e uma prima �zeram um curso em Brusque e, desde os 22 anos, Ilka passou a transmitir esse talento.

Ela se diz satisfeita por ser lembrada pelos gasparenses, que por várias vezes a citaram em pesquisas feitas na cidade. “As pesquisas não me importam muito, eu quero é atender bem as pessoas para que elas voltem à minha loja”, conclui com simplicidade.

O GOSTO PELO COMÉRCIO EU HERDEI DELA, MINHA MÃE TEVE UM ARMARINHO E DEPOIS UMA PADARIA. EU TIVE UMA LANCHONETE, AS PESSOAS FAZIAM FILA PARA COMER NOSSOS QUITUDES”.ILKA WEHMUTH ZENKE, 82 ANOSCOMERCIANTE

DÉCADAS DE ARTESANATOO gosto pelas artes manuais, cultivado desde

que tinha pouco mais de 20 anos, fez dona Ilka Wehmuth Zenke, de 82 anos, abrir, em 1989, a Dona Ondina Aviamentos. Hoje, a loja é referência em produtos para artesanato e cursos de artes manuais e se tornou uma marca tão forte que dona Ilka conta que há muita gente que acredita que seui nome de batismo é Ondina. Na verdade, Ondina é o nome da sua mãe, que ela escolheu para homenagear ao abrir a loja.

“O gosto pelo comércio eu herdei dela, minha mãe teve um armarinho e depois uma padaria. Eu inicialmente tinha uma lanchonete, as pessoas faziam �la para comer os nossos quitutes. Mas nenhum �lho teve interesse em continuar com a lanchonete e então resolvi mudar de ramo”, conta dona Ilka. O começo do novo negócio foi difícil, mas com anos de trabalho e o apoio da �lha, Lorena, que há muitos anos trabalha na loja, a Ondina Aviamentos é o nome mais lembrado na cidade quando se fala em matéria-prima para artesanato.

Hoje, dona Ilka costuma �car em casa de manhã e trabalhar à tarde. “Gosto muito de vir à loja e de conversar com as pessoas, principalmente com as de mais idade. Além do trabalho na loja, ela costuma riscar toalhas para

BENEFÍCIOSSEGUNDO PESQUISAS RECENTES,

OS BENEFÍCIOS PARA OS IDOSOS QUE CONTINUAM ATUANDO PROFISSIONALMENTE VÃO MUITO ALÉM DO FINANCEIRO. HÁ UM GANHO DE AUTOESTIMA, INDEPENDÊNCIA - CASO O EMPREGO SEJA REMUNERADO -, E AINDA A DIMINUIÇÃO DE RISCO DE DESENVOLVIMENTO DE DOENÇAS COGNITIVAS E EMOCIONAIS.

Page 10: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR10 Pra lá dos 80...

HÁ 63 ANOS NA ATIVAO cirurgião-dentista Cláudio Beduschi é prova de que uma vida equilibrada traz resultados positivos na velhice

Longevidade

Se chegar aos 80 anos é superar a expectativa média de vida dos brasileiros, chegar aos 90 é quase

uma façanha. O feito torna-se ainda mais espetacular se esse nonagenário ainda trabalha em uma pro�ssão onde existe até aposentadoria especial após 25 anos de serviços prestados. Estudante da primeira

turma de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina e mais antigo cirurgião-dentista em atividade no estado e, possivelmente do Brasil, Cláudio Beduschi, de 90 anos, poderia se candidatar a ingressar em qualquer um destes livros de recordes que são publicados todos os anos.

Em 2016, ele completou 63 anos de pro�ssão. Para se ter ideia, em 1948, quando o Dr. Beduschi começou a estudar Odontologia, foi criada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, consequência da Segunda Guerra Mundial, que havia terminado apenas três anos antes. Membro da Academia de Odontologia de Santa Catarina, o cirurgião-dentista gasparense já recebeu homenagem da entidade pelo trabalho que prestou durante todos estes anos.

E tudo começou quando o jovem Cláudio

via da janela da sua casa, na Coronel Aristiliano Ramos, o entra e sai de clientes no consultório do dentista licenciado (na época, o pro�ssional que não tinha faculdade, mas curso reconhecido pelo Instituto Politécnico de Florianópolis), Acílio Acácio. Beduschi decidiu que queria ser médico ou dentista e comunicou ao pai, o industrial José Beduschi, e a mãe Irmgard.

Além do amor à pro�ssão, o Dr. Beduschi é uma prova inequívoca de que uma vida equilibrada traz resultados positivos na velhice. A sua aparência física causa inveja a qualquer pessoa que pretenda chegar à terceira idade com boa saúde. Ele não bebeu água da fonte da juventude mas sempre priorizou uma vida com hábitos saudáveis como a prática diária de exercícios físicos e esportes. O futebol, ele revela que jogou até

A foto histórica da primeira turma do curso de Odontologia da Univerisadade Federal de Santa Catarina

ARQ

UIV

O P

ESSO

AL

Page 11: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 11Pra lá dos 80...

1948É O ANO EM QUE O DR. CLÁUDIO BEDUSCHI INGRESSOU NA FACULDADE DE ODONTOLOGIA, DA UFSC, EM FLORIANÓPOLIS

“MINHA SAÚDE É A MESMA, A ÚNICA DIFERENÇA É UM “PROBLEMINHA” NOS JOELHOS. EU DIRIJO, CAMINHO, TENHO MEMÓRIA PERFEITA E NÃO TENHO TREMOR NAS MÃOS, O QUE POSSIBILITA QUE EU CONTINUE ATENDENDO COM QUALIDADE NO CONSULTÓRIO.”

CLÁUDIO BEDUSCHI (90 ANOS), CIRURGIÃ0-DENTISTA

DE ACORDO COM O ÚLTIMO LEVANTAMENTO DO IBGE, O BRASIL POSSUI 21 MILHÕES DE PESSOAS COM MAIS DE 60 ANOS. DESSE NÚMERO, 4,5 MILHÕES AINDA TRABALHAM, OU SEJA, QUASE 22% DO VALOR TOTAL. ENTRE OS PRINCIPAIS MOTIVOS ESTÃO A NECESSIDADE DE UMA REMUNERAÇÃO EXTRA OU A VONTADE DE PERMANECER ATIVO. PARA O GESTOR DE RECURSOS HUMANOS, ELIDIO VANZELLA, EM ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, O MERCADO DE TRABALHO APONTA PARA UMA MAIOR PRESENÇA DOS IDOSOS, ASSOCIADO A UMA QUEDA NA NATALIDADE,PARA VANZELLA, QUE ASSINA O ARTIGO COM OUTROS DOIS GESTORES DE RH, EUFRÁSIO LIMA NETO E CÉSAR DA SILVA, A QUEDA COMBINADA DAS TAXAS DE FECUNDIDADE E MORTALIDADE VEM OCASIONANDO UMA MUDANÇA NAS ESTRUTURAS ETÁRIAS, COM A DIMINUIÇÃO RELATIVA DA POPULAÇÃO MAIS JOVEM E O AUMENTO PROPORCIONAL DOS IDOSOS. EM 1980, DISCORRE NO ARTIGO, A POPULAÇÃO BRASILEIRA DIVIDIA-SE, IGUALMENTE, ENTRE OS QUE TINHAM ACIMA OU ABAIXO DE 20,2 ANOS. EM 2050, ESSA IDADE MEDIANA SERÁ DE EXATOS 40ANOS, DE ACORDO COM O IBGE. “OS IDOSOS ECONOMICAMENTE ATIVOS TERÃO A EXPERIÊNCIA COMO GRANDE ALIADA EM UMA SOCIEDADE BASEADA NA EDUCAÇÃO E QUE TEM A INFORMAÇÃO COMO MATÉRIA-PRIMA”.

PRESENÇA MAIOR DOS IDOSOS

FÁBIO MORETTO/JORNAL METAS

O Dr Beduschi diminuiu um pouco o ritmo, mas continua atendendo a clientela

O dentista exibe, com orgulho, o diploma recebido no dia 14 de dezembro de 1951

55 anos de idade. “Minha saúde é a mesma, a única diferença é um “probleminha” nos joelhos. Eu dirijo, caminho, tenho memória perfeita e não tenho tremor nas mãos, o que possibilita que eu continue atendendo com qualidade no consultório”, a�rma. Embora tenha diminuído um pouco o ritmo de trabalho, o Dr. Beduschi ainda atende, com muita disposição, pacientes quatro dias por semana em seu consultório na rua Coronel Aristiliano Ramos, a principal via comercial de Gaspar. O dentista recorda que antigamente as pessoas faziam �las para serem atendidas em seu consultório, hoje, tudo funciona com hora marcada. Esta não é a única diferença em relação ao começo da sua vida pro�ssional. “A odontologia avançou muito, melhorou bastante. E eu sempre me mantive atualizado com cursos, principalmente de endodontia e cirurgia”, revela o cirurgião-dentista, que iniciou seus estudos no Colégio Santo Antônio, em Blumenau. Ele cursou o ensino médio cientí�co no Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, e voltou a Santa Catarina para ingressar na primeira turma do curso de Odontologia da UFSC no ano de 1948.

Depois de diplomado cirurgião-dentista, ele abriu consultório em Gaspar, onde permanece até hoje. O Dr. Beduschi já cuidou dos dentes de mais de uma geração da mesma família, assim como pelas suas hábeis mãos passou gente famosa da cidade, como prefeitos, vereadores, bispos e eclesiásticos. “Antigamente, as coisas eram muito precárias. Logo que comecei a trabalhar vi que havia di�culdade para alguns pacientes fazerem tratamentos mais modernos, eles não acreditavam na e�cácia destes métodos. Aos poucos, se conscientizaram de que ir ao dentista não é sinônimo de arrancar dentes”, �naliza, com o bom humor de sempre.

FÁBIO MORETTO/JORNAL METAS

Page 12: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR12 Pra lá dos 80...

AS MUDANÇAS FÍSICAS QUE A IDADE IMPÕE Ao longo dos anos, o corpo sofre diversas transformações e o envelhecimento é natural

Embora existam pessoas com longevidade, viver oito, nove ou até mais de dez décadas continua a ser privilégio de poucos. No Brasil, por exemplo, a expectativa de vida era de 33,7 anos

em 1900 e aumentou 41,7 anos durante pouco mais de um século, chegando a 75,4 em 2014, de acordo com dados do último censo do IBGE. A melhora na qualidade de vida é o ponto principal para este avanço.

Com a medicina mais moderna e as pesquisas, hoje podemos entender melhor como é o processo de envelhecimento e as consequências que isto traz para o corpo. “O corpo humano vai sofrendo alterações e perdas com o passar do tempo. Estas modi� cações também tem impacto nas funções corporais, então vamos perdendo a capacidade que tínhamos aos 20 ou 30 anos, que é o nosso melhor momento funcional, e trazendo resultados para as nossas vidas”, explica o � sioterapeuta Fábio Marcelo Matos.

Nosso corpo

PAPILAS GUSTATIVASA NUTRICIONISTA SANDRA

SOARES MELO RECOMENDA QUE A COMIDA DOS IDOSOS SEJA BASTANTE TEMPERADA, COM TEMPEROS NATURAIS, JÁ QUE QUANDO ENVELHECEMOS, AS PAPILAS GUSTATIVAS SE ATROFIAM.

AUDIÇÃOA PARTIR DOS 60 ANOS,

É COMUM OCORRER A DIMINUIÇÃO DA PERCEPÇÃO DE SONS - PRINCIPALMENTE DOS AGUDOS. ESTA ALTERAÇÃO ACONTECE COM 50% DAS PESSOAS COM MAIS DE 70 ANOS.

OSSOSOS OSSOS COMEÇAM A

ENVELHECER DO PONTO DE VISTA FISIOLÓGICO AOS TRINTA ANOS DE IDADE. COM O ENVELHECIMENTO, OS OSSOS PERDEM A DENSIDADE, FICAM MAIS POROSOS E FRÁGEIS.

NO CANAL DO YOUTUBE DO MÉDICO DRÁUZIO VARELLA É POSSÍVEL ENCONTRAR UMA LISTA COM VÍDEOS QUE TRATAM DO ENVELHECIMENTO. O MÉDICO TAMBÉM MANTÉM UMA PÁGINA NO SEU SITE DEDICADA AO ASSUNTO: WWW.DRAUZIOVARELLA.COM.BR/ENVELHECIMENTO

TAMBÉM NO YOUTUBE É POSSÍVEL ENCONTRAR DIVERSOS TED TALKS SOBRE ASSUNTOS RELACIONADOS AO ENVELHECIMENTO. SÃO PALESTRAS EM INGLÊS, PORÉM

COM LEGENDAS EM PORTUGUÊS E HÁ AINDA A POSSIBILIDADE DE USAR A FERRAMENTA “TRADUZIR AUTOMATICAMENTE” DO YOUTUBE. SE VOCÊ TEM INTERESSE NO CONTEÚDO, BASTA PROCURAR PELAS PALAVRAS-CHAVE “TEDX AGING” NO SITE.

É POSSÍVEL AINDA ENCONTRAR UMA SÉRIE DE LIVROS SOBRE O ASSUNTO: O ENVELHECIMENTO DE FORMA GERAL E OUTROS QUE ABORDAM UM TEMA OU DOENÇA ESPECÍFICA DA TERCEIRA IDADE.

SAIBA MAIS

Page 13: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 13Pra lá dos 80...

PELEO ENVELHECIMENTO ESTÁ ASSOCIADO À PERDA DE TECIDO FIBROSO,

À TAXA MAIS LENTA DE RENOVAÇÃO CELULAR E À REDUÇÃO DA REDE VASCULAR E GLANDULAR. O ENVELHECIMENTO FICA APARENTE POR MEIO DA FLACIDEZ, REDUÇÃO DA ELASTICIDADE CUTÂNEA, DESIDRATAÇÃO, PERDA DE GORDURA SUBCUTÂNEA E FORMAÇÃO DE RUGAS SUPERFICIAIS E PROFUNDAS. FATORES EXTERNOS, COMO EXPOSIÇÃO AO SOL E À POLUIÇÃO, AJUDAM NO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO DA PELE.

FONTES: SANDRA SOARES MELO, DRÁUZIO VARELLA, FÁBIO MARCELO MATOS, PORTAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, HTTP://PRE.UNIVESP.BR/CORPO-QUANDO-ENVELHECEMOS#.WE9N2FARK00

ARTICULAÇÕESAS CARTILAGENS DAS ARTICULAÇÕES SE DESGASTAM APÓS ANOS SE MOVIMENTANDO. O

FLUÍDO DAS ARTICULAÇÕES DIMINUI, GERANDO MAIS ATRITO ENTRE CARTILAGEM E OSSOS, O QUE PROVOCA DESDE MODERADO ENRIJECIMENTO ATÉ ARTRITE

CÉREBRODIMINUIÇÃO DO PESO E DO TAMANHO DA MASSA ENCEFÁLICA A PARTIR

DOS 40 ANOS, REDUÇÃO DA CAPACIDADE DE CODIFICAR E DECODIFICAR INFORMAÇÕES. REFLEXOS E COORDENAÇÃO MOTORA TORNAM-SE MAIS LENTOS, ASSIM COMO A CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA E NEUROTRANSMISSÃO, A PRESSÃO TENDE A SE ELEVAR E O RISCO DE AVC.

CORAÇÃOA PRESSÃO SOBRE E OS BATIMENTOS CARDÍACOS TORNAM-SE MAIS

LENTOS. AS ARTÉRIAS E O MÚSCULO FICAM MAIS RÍGIDOS E GORDURA SE ACUMULA NOS TECIDOS.

PULMÃOAS DUAS FUNÇÕES DO PULMÃO (LEVAR OXIGÊNIO PARA O SANGUE E RETIRAR O GÁS

CARBÔNICO DO CORPO) TORNAM-SE MENOS EFICIENTES. O DIAFRAGMA NÃO TEM MAIS TANTA FORÇA PARA INSPIRAR E EXPIRAR AR SUFICIENTE.

MÚSCULOSA MASSA MUSCULAR COMEÇA A DECRESCER A PARTIR DOS 30 ANOS DE IDADE, DEVIDO

À QUEDA NA PRODUÇÃO DE HORMÔNIOS DO CRESCIMENTO E TESTOSTERONA. EMBORA A PERDA NÃO PASSE DE 15% NA VIDA ADULTA, AS FIBRAS MUSCULARES DE CONTRAÇÃO RÁPIDA DIMINUEM DE VOLUME E TAMANHO, O QUE SOMADO À PERDA MUSCULAR FAZ COM QUE FORÇA, VELOCIDADE E PRECISÃO DE MOVIMENTOS SEJAM REDUZIDAS.

VISÃOÉ RECOMENDADO QUE PESSOAS COM IDADE SUPERIOR A 50 ANOS MEÇAM A

PRESSÃO OCULAR E FAÇAM EXAME DE RETINA PARA DIAGNOSTICAR POSSÍVEIS DOENÇAS DA MÁCULA OU GLAUCOMA, QUE SÃO IRREVERSÍVEIS. OUTRAS DOENÇAS QUE PODEM SURGIR COM A IDADE SÃO A CATARATA (ESTA TRATÁVEL COM CIRURGIA), E RETINOPLASTIA DIABÉTICA, NO CASO DE PACIENTES QUE TENHAM DIABETES,

Page 14: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR14 Pra lá dos 80...

EMOÇÕES TAMBÉM PRECISAM SER TRATADAS

Em torno de 60% das queixas dos idosos que

procuram tratamento de saúde tem o lado psico

associado. A a� rmação é da analista comportamental Edina Esmeraldino, que

atende em seu consultório, em Blumenau, dezenas de

casos de idosos com graves problemas emocionais e até

de abandono da família

Saúde e emoções. É possível separar estas duas coisas? Não! A a� rmação é da coach

e analista comportamental Edina Esmeraldino que vai um pouco mais além e chama a atenção para o controle dos sentimentos quando chegamos à terceira idade ou quando lidamos com os idosos. “Se temos di� culdades em lidar com as nossas próprias emoções imagine lidar com os sentimentos dos nossos pais?”, indaga.

E, quando passamos dos 60, 70, 80 anos, a inteligência emocional - que é a capacidade de lidarmos com o que acontece na nossa vida - se torna ainda mais importante. “Eu diria que 60% das queixas físicas dos idosos tem o lado psico associado. Ou seja, mais da metade das reclamações estão ligadas a problemas emocionais e não clínicos”, ressalta. Por isso, de acordo com Edina, tratar a mente e o “coração” é tão importante quanto o tratamento físico. “Nossas emoções são a base da

nossa cadeia imunológica. Muitas vezes o idoso adoece porque está com os sentimentos à � or da pele”.

A analista cita como exemplo quando alguém que já chegou à terceira idade perde o companheiro. “A viúva ou o viúvo vai morar na casa de um dos � lhos e os familiares começam a achar que tem direito de mandar na sua vida. Porém as opiniões do idoso precisam ser respeitadas. Temos sempre que lembrar que atrás de alguém mais velho tem sempre uma longa história de vida”.

Por isso, a� rma Edina, a família tem um papel fundamental no estímulo ao tratamento psico do paciente. “Não devemos colocá-lo no colo e aceitar tudo o que ele quer. É importante que ele conheça seus direitos, mas também seus deveres. Ele não pode, em hipótese alguma, ser infantilizado”.

De acordo com a analista comportamental, muitos dos problemas começam a aparecer

quando os � lhos param de ouvir os pais. “Os casos mais complicados são aqueles que os pacientes vem até o consultório acompanhado de vários � lhos. Cada um acha uma coisa e o

idoso não acha nada e acaba se anulando”.

VIDA ATIVAE, nesta jornada da vida, o

essencial é fazer exatamente o

Comportamento

EMOÇÕES EMOÇÕES TAMBÉM TAMBÉM EMOÇÕES TAMBÉM EMOÇÕES

Page 15: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 15Pra lá dos 80...

O IDOSO TEM QUE SER ACOLHIDO, SER BEM TRATADO. MAS ELE TAMBÉM TEM QUE SABER QUE TEM RESPONSABILIDADE NO TRATAMENTO”EDINA ESMERALDINO, COACH E ANALISTA COMPORTAMENTAL

15%DOS IDOSOS TEM SINTOMAS DE DEPRESSÃO

2,8MILHÕES DE IDOSOS MORAM SOZINHOS NO BRASIL (IBGE)

80%DOS IDOSOS QUE COMETEM SUICÍDIO SÃO HOMENS

60%DAS DOENÇAS DOS IDOSOS TEM O LADO PSICO ASSOCIADO

contrário: incentivar os idosos a continuar a viver. “Hoje, o idoso pode e deve continuar ativo, estudando e, se quiser, trabalhando. Ele precisa participar de grupos ou associações - ou seja, tem que estar socialmente integrado. Uma rotina preenchida com afazeres, atividades físicas e de lazer faz toda a diferença para quem está na melhor das idades”.

ALEXANDRE MELO/JORNAL METAS

Page 16: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

Sentir-se velho é questão de mentalidade. É nisso que acredita Maria do Carmo Carls, mais conhecida como Dona

Polaca, 90 anos. Para ela, envelhecer não pode ser encarado como simples passagem do tempo, é necessário manter corpo e mente ativos. Dona Polaca foi a primeira vereadora mulher de Blumenau, eleita em 1966. O convite da comunidade aconteceu depois que ela tomou frente na criação do clube de mães do bairro Fortaleza há mais de 50 anos. Ela conta que venceu a eleição graças ao trabalho comunitário que realizava e que a dedicação em ajudar o próximo é o motivo que a faz continuar ativa com quase um século de vida.Dona Polaca não está sozinha, muitos médicos atribuem uma vida mais saudável na velhice a atividades regulares. Manter corpo e mente ativos contribui de várias maneiras para uma velhice mais saudável. A simpática senhora conta que desde muito jovem realiza trabalho voluntários, e que ajudar os mais necessitados sempre foi uma de suas preocupações, causa essa que ela continua se dedicando até hoje.

“A velhice chega para todos nós, e exercitar a mente ajuda a ter uma vida melhor. Tento manter uma rotina equilibrada, me alimento bem e não cultivo aborrecimentos. Mas para mim, a família tem um papel fundamental na nossa vida. Quando se tem o amor e o apoio da nossa família temos tudo”, a�rma.

Dona Polaca ainda se emociona ao falar da sua família. Ela conta que perdeu os dois �lhos e marido, mas segue forte e sem desanimar. “É pesado, mas temos que nos manter fortes. Procuro me manter ativa sempre realizando alguma atividade e me sentindo produtiva. Mais importante é continuar lutando”, ensina.

Aos 90 anos, ela ainda dirige seu próprio veículos. “É uma forma de exercitar a minha atenção e o próprio corpo, pois quando dirijo

VIDA LONGA, MAS COM SAÚDEOs exemplos de quem se cuida para manter uma vida saudável

Dona Polaca não abre mão de dirigir seu próprio veículo

DIVULGAÇÃO

Hábitos

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR16 Pra lá dos 80...

procuro sempre me manter atenta a tudo que acontece, acredito que isso ajuda a ter re�exos e pensamentos mais rápidos. Dirigir também me ajuda em outras atividades que preciso ter concentração total”, justi�ca.

Hidroginástica e caminhadas regulares fazem parte da rotina da idosa, que ainda faz todo o serviço da casa. Ela admite que tem a ajuda da nora, mas procura fazer suas obrigações sozinha para se sentir independente.

Além do trabalho voluntário junto a famílias carentes, dona Polaca coordena a pastoral da oração da igreja que frequenta, organiza excursões para amigos e conhecidos há mais de 60 anos e não pensa em parar. “Acordo todos os dias às 6 da manhã e não paro durante todo o dia, não sinto cansaço porque faço com muito amor. Ainda hoje as pessoas se surpreendem com a minha vitalidade, e digo que a vontade de ajudar o próximo é que me mantém feliz, seja com

amigos ou pessoas carentes sempre procurei ajudar”. Dona Polaca já organizou excursões para todo o brasil. “Já pensei em parar, mas o grupo não deixa, falam que se não fosse por mim não nada aconteceria, por isso decidi manter enquanto conseguir”, garante a ativa e alegre senhora.

DONA REGINATambém aos 90 anos, dona Regina Tomio

Wehmuth é cheia de disposição e bom humor. Cuida com esmero de sua casa, no bairro Coloninha, e se divide entre outras atividades; uma delas, as sessões de pilates, que frequenta duas vezes na semana. “Faz mais ou menos cinco anos que comecei. Não costumava caminhar ou fazer outra atividade. Há mais tempo, eu jogava bolão em turma e era só isso. Quem mais me incentivou foi minha �lha, Patrícia. Fui fazer e resolvi �car”, revela.

Para a idosa, as aulas de pilates são uma forma de manter a sua saúde. Ela se sente

Page 17: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

Aos 90 anos, dona Regina mantém o bom humor e muita disposição para realizar várias atividades, como as sessões de pilates, reuniões do Lions Clube de Gaspar e da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas, além das festas da Igreja Luterana e ainda dos afazeres domésticos

FÁBIO MORETTO/JORNAL METAS

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 17Pra lá dos 80...

agora mais ágil e segura nos movimentos. “Não pode é �car parada, tem que ter disposição e isso não me faltou até hoje”, garante dona Regina.

Ela mantém outras atividades. Há 55 anos participa do Lions Clube – entidade em que já foi homenageada pela participação ativa -, do chá das primas, da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (OASE) e das festas da igreja luterana. “Mas eu preciso contar com o apoio da família para poder participar de tudo isso. Alguém precisa me levar e me buscar. No pilates, por exemplo, minha �lha leva e meu �lho busca. Para as outras coisas, também tenho que pensar de que forma eu vou”, diz

Os cuidados com a saúde são reforçados com exames e uma alimentação equilibrada. Dona Regina a�rma que não tirou totalmente o sal nem o açúcar da sua dieta, porém mantém uma alimentação simples e nutritiva, além de não fumar e não beber. “Cuidar da saúde é uma necessidade que todos têm, e é por essa razão que eu me exercito”.

Moradora do bairro Lagoa, em Gaspar, dona Tereza da Silva Wandoll adquiriu um único vício: jogar bingo. A cada 15 dias, lá está ela �rme e forte na Sociedade Tamandaré para a jogatina. “Há tardes em que nem ganho nada, mas gosto de ir para me divertir”, conta. Para ela, um dos ingredientes

da longevidade é manter o cérebro ativo, ou seja, trabalhar sempre. Quando criança ajudava o pai, que tinha uma balsa e fazia o transporte de pedestres e mercadorias de uma margem à outra do rio Itajaí-Açu. Ela foi professora por 10 anos, além de ter trabalhado na roça. Presença constante no grupo de idosos do bairro Lagoa, Tereza costumava ir às tardes dançantes. Em duas delas saiu do salão com as faixas de rainha e princesa da Terceira Idade. Viagens com o grupo também eram frequentes até completar 80 anos. Para prolongar a vida, ela mantém uma alimentação equilibrada e tem a família - �lhos, netos e bisnetos - por perto.

Page 18: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR18 Pra lá dos 80...

DICAS PARA VIVER MAIS E MELHOR

Ser feliz: em momentos, construindo uma forma de bem viver consigo e com os outros.10

Fisioterapeuta e psicóloga reforçam os hábitos que precisa se ter para se tornar um idoso produtivo

Cartilha da saúde

Fábio Marcelo Matos, professor de � sioterapia

que realiza uma série de pesquisas relacionadas à terceira idade e a relação dessas pessoas com a cidade e as políticas públicas dá dez dicas para quem pretende envelhecer com qualidade. “De concreto, sabemos hoje que uma boa alimentação, atividade física, cuidar da saúde com visitas periódicas ao médico e pro� ssionais da saúde, morar com segurança, ter convívio social, fazer algo, ter autonomia, é o que realmente pode não apenas retardar as consequências do processo de envelhecimento, mas trazer boa qualidade de vida durante essa fase da vida”, a� rma. De acordo com o professor, o fato de se fazer presente e participante da vida do idoso, a família já alimenta esta condição de envelhecer com qualidade e segurança. Ele ainda destaca que é importante manter bons hábitos desde a mais tenra idade, cuidando dos excessos e pensando a forma de envelhecer.

1 Cuidados com a saúde: desde os problemas menores até os mais complexos.

2 Convivência social: evitar o isolamento.

3 Manter-se ativo: realizar trabalhos e tarefas cotidianas, mantendo o corpo e a mente em atividade.

4 Praticar atividade física: todos os dias, por meia hora, no mínimo, uma caminhada leve já serve, mas não pode � car parado. Praticar aquilo que goste, que dê prazer e tenha orientação de um pro� ssional.

5 Manter o convívio familiar constante: pois a ruptura traz prejuízos severos a vida do idoso.

6 Estar disposto a aprender: buscar o conhecimento sempre e de várias formas.

7 Usar a tecnologia a seu favor: por mínimo que seja, tentar utilizá-la e aprendê-la.

8 Ensinar: compartilhar com as novas gerações seus conhecimentos, trocando experiências com os mais novos.

9 Alimentar-se bem: utilizar de alimentos que nutrem e que farão a recomposição das necessidades nesta faixa etária, sem exageros e adaptadas às suas preferências.

Page 19: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 19Pra lá dos 80...

É IMPORTANTE MANTER BONS HÁBITOS DESDE A MAIS TENRA IDADE”.

FÁBIO MARCELO MATOS FISIOTERAPEUTA

AUTONOMIA E SAÚDE EMOCIONAL

É essencial que o idoso conte com uma rede de amigos e familiares para que ele possa realizar suas atividades cotidianas. Às vezes, o idoso começa a ir a essas atividades levados pela família e depois dá um jeito de ir sozinho, de carona com algum amigo ou amiga um pouco mais jovem que ainda dirige. Se ninguém da família pode levar e buscar, pode então ensinar o idoso a pegar um ônibus, acompanhando-o nas primeiras vezes.

ALIMENTAÇÃO VARIADANão é de hoje que ouvimos que um prato colorido é receita para uma boa saúde. Sandra

Soares Melo, nutricionista, professora da Univali e doutora em ciência dos alimentos pela Universidade de São Paulo (USP), a�rma que alimentos processados e ricos em gorduras saturadas e trans ou que possuem açúcar devem se tornar exceções no dia a dia de um idoso, ou seja, devem ser consumidos o mínimo possível.

PREVENÇÃO À OSTEOPOROSE

Para prevenir a osteoporose, é preciso consumir alimentos com cálcio. Entre eles, estão a sardinha, feijão branco, gergelim, verduras verdes escuras (brócolis, que deve ser apenas cozido no vapor por pouco tempo) e o leite e seus derivados com menor teor de gordura. Se a pessoa não tem intolerância ou alergia, pode consumir leite e derivados. É comum ver idosos com intolerância, pois há a possibilidade de perder a enzima que digere a lactose com a idade.

MONOTONIA ALIMENTARMonotonia alimentar pode ser descrita como o hábito de comer todo o dia a mesma coisa,

manter uma mesma dieta sem variar nos alimentos. Sandra alerta para o perigo de uma alimentação monótona, já que ela pode trazer de�ciências para a dieta. “A variedade leva a boa alimentação”, rea�rma. Ela recomenda que o ambiente de alimentação dos idosos sofra uma transformação. “Se ele comer sempre sozinho, vai optar por menos variedade”, alerta.

O BOM ENVELHECIMENTOQuanto mais educação, vínculo e apoio familiar e social, atividades, cuidado com a saúde e

�exibilidade emocional, melhor será a saúde do idoso. É preciso ter informação sobre a fase da vida pela qual eles passam para que cultivem bons hábitos - como exames periódicos para acompanhar a saúde, alimentação balanceada, atividades físicas e cognitivas e convívio social. Só de se relacionar com família e amigos, já ajuda a estimular a memória.

MUDANÇAS DE HÁBITOSA alimentação precisa sofrer mudanças quando a pessoa envelhece. Primeiramente, o

número de calorias consumidas precisa diminuir, pois o corpo humano gasta menos energia para manter seu funcionamento. É preciso ingerir mais proteínas, para compensar a perda que ocorre durante o envelhecimento e também estar atento à consistência dos alimentos, que devem ser mais cozidos e macios. O tempero precisa ser caprichado (as papilas gustativas se atro�am com a idade) e natural, utilizando mais ervas como o alecrim, orégano e açafrão da terra e menos sal, pois o sódio pode sobrecarregar os rins.

APRENDIZADO CONSTANTE

O aprendizado deve ser sempre estimulado, uma vez que as atividades cognitivas são tão importantes quanto as físicas. “Pode ser qualquer coisa que a pessoa goste de fazer. Se gosta de pintura, faça um curso. Se gosta de música, aprenda um instrumento. Se gosta de cozinhar, tente fazer pratos novos, para aprender e fazer algo diferente. É importante conhecer novas pessoas e aprender coisas diferentes. Não se pode �car parado no tempo - precisamos aprender coisas novas”, a�rma Kátia.

1 Doenças metabólicas - diabetes, hipertensão

arterial e dislipedimia (aquisição de massa gorda - gordura corporal), que trazem uma série de consequências;

2 Di�culdades locomotoras (artrose

e osteoporose) e quedas - causam um crescente número de fraturas, hospitalizações e óbitos;

3 - Incontinência urinária - têm como consequência

uma queda da qualidade de vida destas pessoas;

4 Saúde mental - demências e doenças psíquicas, como

a depressão. As demências se apresentam de algumas formas, mas a mais conhecida é a de Alzheimer.

DOENÇAS MAIS COMUNS

Existem quatro grandes problemas que podem trazer consequências para a saúde do idoso.

Dicas da Nutricionista Sandra Soares de Melo e da Psicóloga Kátia Ploner

Page 20: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR20 Pra lá dos 80...

LAZER É FUNDAMENTAL PARA ESSA TURMAManter-se bem disposto física e intelectualmente ajuda no bem-estar dos idosos

Se relacionar com pessoas e manter-se �sicamente e intelectualmente ativo. Em todas as etapas da vida,

isto é essencial para a felicidade e bem-estar. No caso dos idosos, a interação social é ainda mais importante, levando em conta o aspecto emocional. Dançar, viajar, jogar... não importa a atividade - o lazer é compromisso inadiável quando estamos na melhor idade. Manter-se ativo, com uma rede social e de amigos evita o isolamento e, consequentemente, uma possível depressão - muito comum nesta faixa etária. Além disso,

o entretenimento mantém a autoestima de quem já está prá lá dos 80...

“Isto aqui anima. Faz bem para a cabeça e para o coração”, garante Antônio Silvio Borghezan, frequentador das tardes dançantes da Sociedade Alvorada, em Gaspar. Prestes a completar 89 anos, o idoso esbanja simpatia e disposição. Tirá-lo da pista de dança para conversar, nem que seja por alguns instantes, não é uma das tarefas mais fáceis. Ao lado da companheira, Maria Luiza Moresco, de 79 anos, ele confessa: “quando não podemos vir ao baile, �camos chateados”.

E foi em uma destas tardes dançantes que Antônio e Maria Luiza se encontraram, há seis anos. Viúvos, eles reconstruíram suas vidas juntos, como diz o ditado popular: na “melhor idade”. “Se eu tivesse �cado em casa, não teria encontrado o Antônio”, lembra Maria Luiza. Ao lado do companheiro, ela

a�rma que também participa de excursões. “Quando tem algum passeio, sempre fazemos questão de participar. É bom encontrar outras pessoas, conversar com os amigos”, justi�ca.

Quem também não arreda o pé dos bailes do Alvorada é Maria Arlete dos Santos, de 82 anos, e o marido, Amaro Wanzuita, de 81. O casal, que mora no bairro Santa Terezinha, prestigia as tardes dançantes desde que elas começaram na sociedade. Juntos há 18 anos, eles a�rmam que a diversão é um dos melhores remédios para a prevenção de doenças. “Participamos das tardes dançantes duas vezes por semana. Não abrimos mão de estarmos aqui pois estes encontros são uma forma de cuidarmos da nossa saúde, principalmente da nossa mente”, a�rma Amaro. A esposa reforça a fala de Wanzuita. “Quando estamos aqui, estamos mais felizes. Fica fazendo o que em casa?”, questiona.

Antônio e Maria Luiza se conheceram em uma das tardes dançantes da Sociedade Alvorada

FÁBI

O M

ORE

TTO

/JORN

AL

MET

AS

Diversão

Page 21: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

NEGÓCIO PROMISSORAntônio Soares, o Tonho do Alvorada, é

quem organiza e promove as tardes dançantes. As festas acontecem três vezes na semana: às quintas-feiras, aos sábados e domingos. E, em todas elas, o salão �ca repleto. Os eventos para a terceira idade começaram há 16 anos. Além da música ao vivo, as tardes dançantes contam com um reforçado café colonial. “Percebi que este público poderia me render um bom lucro, pois, cada vez mais, os idosos estavam procurando diversão. Foi assim que decidi começar a promover as festas”, explica Tonho. E ele estava certo: hoje, além dos gasparenses, os eventos no Alvorada são prestigiados por idosos de cidades próximas, como Ilhota, Brusque e Camboriú. “Este momento de lazer é importante para ocupar o tempo ocioso de quem chegou à melhor idade. A mudança dos idosos que começam a frequentar as tardes dançantes é de 100%. Tem pessoas que chegam aqui mancando e, um mês depois, estão boas”, garante. Segundo ele, o objetivo é fazer com que idoso saia de casa para se divertir e não para ir à farmácia. “Hoje, a expectativa de vida aumentou muito e estou dando minha contribuição para que essas pessoas possam envelhecer com saúde e felicidade. Meu pai faleceu aos 55 anos, mesma idade que estou hoje. Por isso, precisamos pensar neste público, que cresce a cada ano”, �naliza.

A caixa de fotogra�as guarda as lembranças das várias viagens feitas por dona Wanda Alves, de 83 anos. A moradora do bairro Lagoa já esteve no Rio de Janeiro, Piratuba, Foz do Iguaçu, Gramado e, seu destino favorito, Aparecida do Norte. E não é para menos. Wanda carrega dependurado no pescoço uma enorme medalhão com a imagem da santa padroeira dos brasileiros. “Por mais que eu me perca em Aparecida, sempre encontro o caminho de volta porque nunca estou sozinha”. Wanda já foi 14 vezes à cidade do interior paulista, em três delas se perdeu do grupo. Na primeira viagem, o Santuário de Nossa Senhora de Aparecida estava ainda em construção. Ao longo dos anos, Wanda viu o lugar santo tomar forma e se transformar num dos maiores destinos religiosos do Brasil. A 15ª viagem, ela está programando para o próximo ano. Ela diz não gostar de viagens muito longas porque sofre do diabetes. “Preciso levar insulina para tomar, além do fato que a comida dos restaurantes e hotéis também não é como a que eu faço em casa”, comenta.

Com muita disposição e bom humor, dona Wanda mostra que vive de forma equilibrada em uma rotina de exercícios e boa alimentação. Ela já chegou até a ser reconhecida no posto de saúde do bairro como a idosa que tinha mais cuidados com a saúde. “Eu costumava fazer caminhadas e a ginástica, mas agora estou com uma dor na perna, então não consigo mais. Então, quando eu acordo faço exercícios na cama. Alguns exercícios deitada, alguns sentada

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 21Pra lá dos 80...

Dona Wanda guarda, em uma caixa, as lembranças das viagens que realizou nos últimos anos

VIAGENSE FOTOS

MEU PAI FALECEU AOS 55 ANOS, MESMO IDADE QUE ESTOU HOJE”. ANTÔNIO SOARES, O TONHO EMPRESÁRIO DO LAZER

25,4%DOS IDOSOS VIAJAM NO BRASIL.

e outros quando me levanto”, relata. Ela ainda toma grandes cuidados com a alimentação, que é baseada em frutas e verduras especí�cas, e controla a insulina diariamente. Desde que chegou aos 60 anos, Wanda também passou a frequentar as tardes dançantes da terceira idade de seu bairro. O marido era o seu �el acompanhante, porém, há oito anos Wanda �cou viúva. Agora, quem a acompanha é um dos seus �lhos - ela teve 14 no total. “Não foi fácil colocar tantos �lhos no mundo”, diz com mais sonora gargalhada, que mostra o jeito bem humorado que ela tem para enfrentar a vida, suas di�culdades e também para aproveitar seus bons momentos.

O MÉDICO PAULO CASALI, ESPECIALISTA EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA, EXPLICA QUE AS ATIVIDADES DE LAZER PODEM SER EXERCÍCIOS FÍSICOS DE QUALQUER ESPÉCIE E/OU MODALIDADE, JOGOS E BRINCADEIRAS EM GRUPO, LEITURA, ATIVIDADES MANUAIS DANÇA, MÚSICA, CINEMA, TEATRO, PASSEIOS, VIAGENS, ETC. DO PONTO DE VISTA FÍSICO, PODEM PROPICIAR FORTALECIMENTO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO E MELHORAR A MOBILIDADE, FLEXIBILIDADE, EQUILÍBRIO CORPORAL E FORÇA MUSCULAR. NO ASPECTO MENTAL, MELHORA A MEMÓRIA, O RACIOCÍNIO E A VELOCIDADE DO FUNCIONAMENTO E DO METABOLISMO CEREBRAL. NO ASPECTO EMOCIONAL, DIMINUEM A TENDÊNCIA AO ISOLAMENTO E À DEPRESSÃO.

A MEDICINA ACONSELHA

JÚLIA DOURADO/JORNAL METAS

Page 22: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR22 Pra lá dos 80...

A UNIVERSIDADE DA MELHOR IDADECurso Univida prova que é possível voltar a estudar na terceira idade

Educação

A qualidade do envelhecimento está ligada ao bem-estar físico, mental e social. Cada vez mais, as pessoas

buscam e encontram nestes três pilares a melhor forma de chegar à terceira idade. Como? Aprendendo a envelhecer. E quando se fala em aprender, é porque hoje já é possível receber e acessar muita informação sobre a melhor forma de chegarmos melhor idade.

O “envelhecimento ativo” é uma expressão cunhada pela Organização Mundial de Saúde para transmitir um conceito mais

abrangente sobre envelhecimento saudável. E um bom caminho para se chegar lá são as universidades para a terceira idade, que desempenham importante papel na disseminação deste novo conceito, propondo diferentes atividades e integração social. Essa proposta �ca muito clara quando se conhece o Curso Superior de Extensão Univida, implantado há 16 anos na Universidade do Vale do Itajaí. São quatro semestres aprendendo a lidar melhor com essa fase da vida. As aulas presenciais acontecem duas

vezes por semana e abrangem um leque de temas divididos em disciplinas que estão inseridos no dia a dia da sociedade: medicina, psicologia, cidadania, nutrição, turismo, comunidade, atualidades, voluntariado, qualidade de vida, empreendedorismo e o próprio envelhecimento. Além destas disciplinas, pode-se acrescentar outras.

A coordenadora do curso, psicóloga e professora Kátia Simone Ploner, explica que o Univida é a oportunidade para quem nunca cursou uma universidade e mesmo

O Univida é a oportunidade das pessoas continuarem buscando conhecimento na terceira fase da vida

DIV

ULG

AÇÃO

Page 23: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

J O R N A L M E T A S - GASPAR, 17 DE DEZEMBRO DE 2016 - WWW.JORNALMETAS.COM.BR 23Pra lá dos 80...

É permitida a reprodução total ou parcial dos textos e fotos contidos neste suplemento, desde que citadas a

fonte e crédito de imagem

Diretor: José Roberto DeschampsGerente Adm Finan.: Juliana P. Z. DeschampsComercial/Criação: Débora R. N. Linhares e Jessé AlmeidaProdução Gráfica: Fábio MorettoTextos: Kássia Dalmagro (SC 3401 JP) - Alexandre Melo (RS 6901 JP) - Júlia Dourado - Dimas FreitasRevisão: Kássia Dalmagro | Edição: Alexandre Melo | Impressão: Gráfica UMA/Blumenau

[email protected]

Este caderno é um produto da Editora Jornal MetasNão pode ser vendido separadamente.

JORNAL METAS

para quem tem curso superior e gostaria de continuar adquirindo conhecimento. “Os próprios médicos indicam o Univida como forma de tratar diversas doenças psíquicas que atingem os idosos, como por exemplo a depressão”, observa. Os resultados, segundo a coordenadora, são surpreendentes. “Observamos uma melhora na qualidade de vida de maneira geral e na autoestima das pessoas, com a capacidade delas fazerem coisas que antes não imaginavam desenvolver”. A coordenadora também destaca o conhecimento que se adquire, permitindo aos alunos conversarem em casa com os familiares sobre os mais diversos assuntos.

Outro ponto positivo, destaca Kátia. diz respeito ao voluntariado, que nesta fase da vida se torna uma terapia para situações como abandono e solidão. “Os nossos alunos percebem o quanto eles podem fazer pelo outro e passam a se ver como pessoas ainda muito úteis à sociedade. A velhice não é um momento de �lantropia, o idoso precisa entender que é importante para a sociedade e assim também precisa ser visto por outras pessoas”, argumenta a coordenadora.

As aulas teóricas ocorrem no Campus de Itajaí, mas não são exatamente elas que colaboram para uma mudança radical

A disciplina de Turismo é uma das preferidos do alunos do Univida, que realizam viagens pela região para conhecer locais históricos, instituições, empresas e a riqueza cultural de Santa Catarina

na vida dos alunos do Univida. As aulas práticas, realizadas em diferentes ambientes exeternos e internos, aproximam os alunos dos mais diferentes segmentos da sociedade. As turmas visitam laboratórios, como de Odontologia, Fonoaudiologia, Anatomia; programam passeios técnicos para lugares históricos e relevantes no desenvolvimento da cultura regional; aprendem a preparar alimentos saudáveis; estudam, por meio de dinâmicas em grupo, as relações humanas; e visitam instituições que já desenvolvem voluntariado ou que podem receber futuros voluntários. Essa forma diferenciada de buscar conhecimento acaba desinibindo os mais

introvertidos. “Bastam dois ou três encontros e a já se percebe uma completa mudança de comportamento”, revela Kátia.

O sucesso do Univida fez um surgir a versão dois do curso, a pedido dos próprios alunos que queriam permanecer na universidade. A grade curricular do Univida 2 é toda montada em cima de uma pesquisa de demanda junto aos alunos. “Eles é que decidem o que vão estudar”, explica a coordenadora.

A bibliotecária aposentada, Olga Soares da Costa, de 70 anos, está desde 2010 no Univida. Paranaense, ela veio morar em Balneário Camboriú em 2007. “Sempre gostei de estudar e desde quando descobri o Univida minha vida mudou. Só faz bem para a gente, todas as minhas amigas são do Univida. Nos encontramos até fora da universidade”, conta. Olga também elogia os professores que, segundo ela, são de excelentes. “Todos eles têm formação de mestrado ou doutorado”. Ela só lamenta que os próprios acadêmicos da Univali não conheçam o Univida. “Fiz uma pesquisa de interesse junto aos estudantes e muitos não sabiam que existia o Univida. Acho que tem muita gente em casa assistindo TV o dia todo e que também poderia estar participando desta experiência”, �naliza a aluna.

DIVULGAÇÃO

OS NOSSOS ALUNOS PERCEBEM O QUANTO ELES PODEM FAZER PELO OUTRO E PASSAM A SE VER COMO PESSOAS AINDA MUITO ÚTEIS À SOCIEDADE.”

KÁTIA SIMONE PLONERCOORDENADORA DO CURSO UNIVIDA

Page 24: VIVER MAIS E MELHOR/arquivos/... · reportagem especial Jornal Metas. ... bem que é bom viver mais, mas é preciso envelhecer com saúde. E aí está toda a grande preocupação

80...PRA LÁ DOS

WWW.JORNALMETAS.COM.BR