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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM A LOGÍSTICA REVERSA, SUAS FUNÇÕES E SEU PAPEL NOS PROCESSOS PRODUTIVOS Por: Marcos Aurélio Emiliano Henck Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2011

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Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · finanças e marketing. O autor destacando que a partir de 1962 foi inventada uma organização profissional de gestores

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A LOGÍSTICA REVERSA, SUAS FUNÇÕES E SEU PAPEL NOS PROCESSOS PRODUTIVOS

Por: Marcos Aurélio Emiliano Henck

Orientador

Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A LOGÍSTICA REVERSA, SUAS FUNÇÕES E SEU PAPEL NOS PROCESSOS PRODUTIVOS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Logística

Empresarial

Por : Marcos Aurélio Emiliano henck

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AGRADECIMENTOS

Ao corpo docente da Universidade ,

especialmente os envolvidos no projeto

A vez do Mestre, aos companheiros de

trabalho que contribuíram , principal-

mente com material para pesquisa, às

pessoas que direta ou indiretamente

participaram dessa humilde obra

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à Deus que me deu

forças , ao meu pai Jorge Henck , à minha

mãe Neide Emiliano , à minha irmã

Christiane . à minha esposa Sonia Regina

e mais uma vez aos meu amigos

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RESUMO

Neste estudo analisou-se como foco de estudo a logística reversa, levando

suas funções para a empresa e seu papel nos processos produtivos e

empresariais., onde foi possível concluir que a Logística Reversa tem recebido

maior atenção, e passou a ser estudada visando a sua adaptação em um

mercado altamente com-petitivo. Além do aumento da eficiência e da

competitividade das empresas, a mudança na cultura de consumo por parte

dos clientes também tem incentivado a Logística Reversa. Os consumidores

estão exigindo um nível de serviço mais elevado das empresas e estas, como

forma de diferenciação e fidelização dos clientes, estão investindo em

Logística Reversa. Além disto, como resultado do desenvolvimento econômico,

a consciência ambiental está aumentando e, nesta perspectiva, a Logística

pode agregar valor, ser uma estratégia de competitividade, e gerar qualidade

aos processos produtivos empresariais.

.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho, foi basicamente voltada para o

es-tudo da literatura pertinente ao tema, buscando preencher todas as lacunas

sobre o assunto , além disso, a utilização massiva do ferramental da internet ,

indispensável nos dias de hoje , além do conhecimento e experiência de

diversos profissionais . Revistas e pequenas publicações também deram apoio

comple-mentar ao trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Logísitca Reversa 11

CAPÍTULO II - A Logística Reversa como

Estratégia Competitiva e Sustentável 23

CAPÍTULO III – A Logísitica nos Processos

Produtivos e suas perspectivas 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40

ÍNDICE 59

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INTRODUÇÃO

Este estudo tem como tema a logística reversa, levando suas funções para a

empresa e seu papel nos processos produtivos e empresariais. Assim, destaca-se que a logística reversa é um seguimento importante dentro

da área de logística isso porque mostra como o retorno de produtos

defeituosos (em sua maioria) chegando de volta a seu fabricante, diante deste

cenário tem-se um problema a ser analisado, onde se pretende levantar as

funções e aplicações da logística reversa dentro do meio empresarial e

produtivo. Se Justifica a escolha deste tema , devido a muitos não entenderem as

funções e o papal da logística reversa no meio empresarial ,e uma vez que

este seguimento da logística é importante e essencial para o desenvolvimento

empresarial, este es-tudo entende ser importante explicitar as funções e os

papeis da logística reversa. Assim tem-se como objetivo geral, a intenção de analisar a logística reversa e

suas funções para a empresa , e seu papel nos processos produtivos e

empresariais. Já como objetivos específicos, pretende-se destacar conceitos e histórico

acerca da logística, evidenciar a importância da logística tradicional para o

meio empre-sarial, demonstrar o cenário onde a logística reversa se introduz,

analisar funções e papeis da logística reversa em suas características e

abrangência. Como hipótese tem-se a seguinte sentença: a logística reversa, na atualidade

onde nem sempre os produtos são produzidos com qualidade total, passa a ter

um papel fundamental no meio empresarial e no desenvolvimento industrial.

Saber o que fa-zer com os produtos devolvidos e conhecer as melhores formas

de destinar estes produtos é vital para o meio empresarial e comercial na

atualidade. Assim através desta hipótese se mostra a solução para o problema

acima citado, ou seja, através de um estudo aprofundado da logística reversa ,

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é possível mostrar para empresá-rios e para a sociedade, funções da logística

reversa e seu papel nos processos produtivos e empresariais. O estudo pretende angariar o maior tipo de informações , que permitam

caminhar pelo tema , possibilitando o incremento do debate já existente, a

criação de novos pontos de discussão e, se possível auxiliando na

minimização de arestas ou res-pondendo questões. A pesquisa se limitará à busca bibliográfica, documental e legislativa mais

recente possível, priorizando textos mais recentes que tratem do tema de

forma dinâmica e flexível, além da utilização da Internet como vasta fonte de

informações . Serão levantados os materiais possíveis, que serão um a um fichados após

leitura cuidadosa , compondo um conjunto de informações que serão

selecionadas e classificadas, de acordo com os subtemas que já são pré-

definidos e que direcionam o estudo. O método de procedimento se define portanto, como monográfico por tratar de

tema específico, atual e baseado na literatura existente, que será a base para

todas as discussões durante o estudo.

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CAPITULO I

A LOGISTICA REVERSA

1.1 Logística empresarial

Da mesma forma que ocorreu com a logística, A definição de logística reversa

também evoluiu ao longo do tempo. Inicialmente, em seu conceito mais

simples, a logística foi definida como o movimento de materiais do ponto de

origem ao ponto de consumo. Assim também aconteceu com a logística

reversa, que teve como definição nos anos 80 , o movimento de bens do

consumidor para o produtor, por meio de um canal de distribuição (Lambert &

Stock apud Rogers & Tibben-Lembke 2001), ou seja, o escopo da logística

reversa era limitado a esse movimento, que faz com que os produtos e

informações sigam na direção oposta às atividades logísticas normais (“wrong

way on a one-way street”). Já nos anos 90, autores como Stock (1992)

introduziam novas abordagens da logística reversa, como a logística do retorno

dos produtos, redução de recursos, reciclagem, e ações para substituição de

materiais, reutilização de materiais, disposição final dos resíduos,

reaproveitamento, reparação e remanufatura de materiais. Em 1998, Carter e

Ellram definindo a Logística Reversa, incluíram a questão da eficiência

ambiental. A evolução desses conceitos tem ampliado a definição de logística

reversa tal como o proposto por Leite: “uma nova área da logística empresarial,

preocupa-se em equacionar a multiplicidade de aspectos logísticos do retorno

ao ciclo produtivo destes diferentes tipos de bens industriais, dos materiais

constituintes dos mes-mos e dos resíduos industriais, por meio da reutilização

controlada do bem e de seus componentes , ou da reciclagem dos materiais

constituintes, dando origem a matérias-primas secundárias que se reintegrarão

ao processo produtivo” (Leite, 2000, p.1). Para o autor Bowersox (2001) analisando a evolução da Logística, surgiu a

necessidade de começar essa análise a partir dos últimos 50 anos. Apesar de

muitos analisarem essa atividade antiga, apenas a partir da Segunda Guerra

Mun-dial houve um considerável progresso do conceito moderno do sistema

logístico.

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O autor destacando prossegue que a logística é uma das áreas mais

desafiadoras da administração, no setor público e privado. Bowersox (2001) afirma também que antes da década de 50, as empresas

desem-penhavam as atividades de logística de maneira funcional , não

havendo nenhum conceito ou teoria formal sobre o tema. Analisando o início do século, cuja economia era predominantemente agrária,

a grande inquietação era com o transporte, para escoar a produção agrícola. Lambert et all (1999) citam que na década de 50, a logística apresentava-se

fragmentada e descoordenada, sendo que as atividades de

transporte/armazenagem/distribuição pertenciam a diferentes áreas como

finanças e marketing. O autor destacando que a partir de 1962 foi inventada uma organização

profissional de gestores de logística e professores, apelidada de Conselho de

Administração Logística (CLM – Council Logistic Management), voltada para

desenvolvimento de atividades logísticas promulgando a seguinte definição de

logística segundo Ballou (2001, p. 21): Logística é o processo de planejamento, implementação e

controle do fluxo eficiente economicamente eficaz de

matéria-prima, estoque em processo, produtos acabados

e informações relativas desde o ponto de origem até o

ponto de consumo, com o propósito de atender às

exigências dos clientes. Novaes (2007, p.35), trás o conceito de logística adotado pelo Council of

Supply Chain Management Profissional norte-americano: Logística é o processo de planejar, implementar e

controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem

de produtos, bem como os serviços e informações

associados, cobrindo desde o ponto de origem até o

ponto de consumo, com o objetivo de atender aos

requisitos do consumidor.

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Em Ballou (1993), encontra-se a definição da logística empresarial,

como sendo todas as atividades de movimentação e armazenagem , que

facilitam o fluxo de produtos desde a aquisição da matéria-prima, até o ponto

de consumo final, adequado aos clientes a um custo razoável. O autor destaca

a importância do sis-tema de transporte, administração de tráfego, manuseio e

armazenagem de produ-tos e informações de planejamento logístico, como

atividades necessárias para deixar produtos e serviços disponíveis aos clientes

no momento, local e forma desejados. Segundo Ballou (1993), toda logística gira em torno de um produto. Suas

características devem moldar as estratégias logísticas para deixar o produto

disponível para o cliente na hora certa, na quantidade certa e no preço viável.

Dessa forma, as estratégias deverão levar em conta atributos físicos como:

peso, forma e volume, os quais terão influência no custo logístico final. Existe uma definição recente, dada pelo Council of Supply Chain

Management Professionals (2006, p. 1), afirmando que:

[...] a logística é um processo da cadeia de suprimentos que cuida

do planejamento, implementação e controle do eficiente e efetivo

fluxo direto e reverso de bens, serviços e informações

relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo com o

propósito de atender as necessidades dos consumidores. Em Rogers e Tibben-Lembke(1999:2) a Logística Reversa é definida como:

“Processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo

efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques de processo, produtos acabados

e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de

origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino” A definição de Logística apresentada pelos autores Dornier et al (2000:39)

abrange áreas de atuação novas incluindo o gerenciamento dos fluxos

reversos: “Logística é a gestão de fluxos entre funções de negócio. A definição

atual de logística englo-ba maior amplitude de fluxos que no passado.

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Tradicionalmente as companhias incluíam a simples entrada de matérias-

primas ou o fluxo de saída de produtos Em McDuffie et al. (2001), está a afirmação de que a excelência logística

vem se se tornando uma forte fonte de vantagem competitiva. Empresas

passaram a enxergar a logística nas décadas de 1980 e 1990, não mais como

uma simples fonte de redução de custos, mas também como fonte de melhoria

aos produtos e serviços oferecidos aos clientes.

O valor econômico da cadeia reversa não é muito fácil de

mensurar, geralmente são relacionadas quantidades

retornadas ao ciclo produtivo pelos canais reversos com

as quantidades produzidas pela cadeia produtiva direta.

Como exemplos têm-se as latas de alumínio que, no

Brasil, a economia reversa representa 95,7% da

economia direta, ou seja, do total de latas de alumínio

fabricadas e comercializadas na cadeia de distribuição

direta, 95,7% correspondem a materiais que retornam ao

ciclo produtivo sendo reciclados. As baterias de veículos

são 80%; ferro e aço 30%; alumínio 20% papelão 79%

(CEMPRE, 2009, p, 01)

Ross (1998) separa as atividades logísticas em quatro grupos

funcionais, nas quais as atividades primárias correspondem a logística a

montante, as ativi-dades de processamento e a logística a jusante e as

secundárias as atividade de apoio. A logística a montante (inbound logistics)

inclui as projeções de vendas, planejamento de estoques, aquisições e o

transporte à fábrica. As atividades de processamento (process activities)

incluem a produção, o processamento para a criação de valor, gestão de

estoques de produtos semi-acabados e armazenamen-to de produtos

acabados e a logística a jusante (outbound logis-tics) consiste na gestão de

estoques de produtos acabados, de pedidos dos clientes e o transporte interno

e/ou externo das empresas. Já as atividades de apoio (support activities)

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referem-se ao planejamento e controle do sistema logístico e a engenharia

logís-tica. Com base na definição de Ross (1998) sobre a divisão das atividades

logís-ticas, ressalta-se a importância de outro conceito, que consiste na busca

por um gerenciamento integrado destas atividades. Tendo em vista os autores citados, destaca-se que entre as vantagens

com-petitivas obtidas com a logística integrada, estão: a flexibilidade

operacional, a cria-ção de valor para o cliente, os benefícios sinérgicos obtidos

com a relação sistêmi-ca de competências essenciais (core competences), dos

envolvidos na integração e a obtenção de melhores resultados com menores

custos. Além disso, o gerenciamento integrado das atividades logísticas, é uma

condição necessária para o aumento da excelência operacional nas empresas,

permitindo a obtenção de ganhos reais em velocidade, melhorando a

capacidade de reação e inovação no mercado. Verifica-se também que os

conceitos de logís-tica integrada estão ligados direta-mente à questão da

satisfação das necessi-dades e desejos dos clientes, ou seja, quanto melhor o

projeto para a integração da operação logística de uma organização, melhor

será o resultado na satisfação dos mesmos. Está cada vez mais difícil para as empresas desenvolverem e manterem

uma vantagem competitiva em seu mercado-alvo. O nível de competição no

mer-cado, e a exigência do consumidor têm aumentado, e as empresas estão

buscan-do novos caminhos para ganharem seu diferencial competitivo.

Algumas empresas têm vendido e comercializado não apenas seus produtos,

mas seus próprios pro-cessos logísticos, descobrindo que a logística pode ser

usada como uma fonte para a criação de vantagem competitiva no mercado. Por esse motivo, atingir a excelência logística tem sido objeto de estudo

de diversas pesquisas desenvolvidas nos últimos quinze anos. Tais pesquisas

mos-tram que esta excelência ou a busca dela depende de diversos fatores,

quais se-jam: dar ênfase no planejamento, no monitoramento de desempenho

e no contínuo investimento em tecnologias da informação; se comprometer em

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estabelecer rela-cionamentos cooperativos com clientes, fornecedores e

prestadores de serviço e formalizar e integrar as diferentes atividades

logísticas na organização (BOWERSOX, CLOSS e STANK, 1999). A primeira etapa para se tornar uma empresa de excelência em

logística, é desenvolver estratégias para melhoria do desempenho da

organização, nos atribu-tos dos serviços logísticos considerados mais

importantes para os consumidores. Fatores como sistemas de informações,

tecnologias computacionais e treinamento de funcionários são essenciais para

o desenvolvimento de uma organização que entende e responde aos requisitos

e às necessidades dos consumidores (STOCK e LAMBERT, 1992). Lambert & Stock (1981 apud ROGERS e TIBBEN-LEMBKE, 2001, p.

129) conceituam a logística reversa: [...] como "ir pela contra mão de uma rua de mão única

porque a grande maioria das entregas de produtos flui

em uma direção", ou seja, o movimento de bens do

consumidor para o produtor por meio de um canal de

distribuição.

1.2 Logística reversa e diferenças

A expressão Logística Reversa , assim como os estudos iniciais desta

temática, podem ser encontrados na literatura dos anos 70 e 80, tendo seu

foco principal relacionado com o retorno de bens para serem processados em

reciclagem dos materiais, sendo denominados e analisados como canais de

distribuição reversos (LEITE, 2005). A partir da década de 90, com a ampliação do escopo da Logística

Empresarial, surgiram definições específicas para a LR, que demonstram certa

evolução com o passar do tempo: - Kopicki et al.(1993) analisam a LR como a atividade que gerencia o processo

reverso à logística direta, tratando do fluxo dos produtos no sentido desde o

con-sumo até a origem; - Fuller e Allen (1995) analisam a cadeia de retorno e reciclagem de pós -

consumo , introduzindo o conceito de integração circular da LR, distinguindo as

atividades fundamentais que participam da cadeia reversa;

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- Leite (2003) incorpora à definição de LR , a diferença no fluxo de retorno dos

bens de pós-venda e pós-consumo e identifica o seu valor agregado ao ciclo

de negócios, sendo estes: econômico, ecológico, legal, logístico, e de imagem

corpo-rativa. Em tudo que foi visto até o momento, assim como em outras definições

consulta-das e não referenciadas, pois não agregam elementos de interesse,

podem-se distinguir aspectos comuns, explícitos e implícitos, como os

objetivos e a impor-tância do ponto de vista da agregação de valor, além dos

motivos dos retornos que estabelecem a diferença fundamental para a

destinação final dos produtos, tais como: - Mercado primário e secundário; - Conserto; - Remanufatura; - Desmanche; - Reciclagem; - Aterro

sanitário; - Incineração. Abaixo destacam-se as diferenças entre a logística empresarial e a logística

reversa Tabela 1: Diferenças entre logística direta e logística reversa

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Fonte: Reverse Logistics Council (2009)

1.3 Importância da Logística Reversa

O avanço tecnológico acelerou a introdução de novos produtos no mercado,

levan-do a maiores condições de consumo e ao crescimento do descarte de

produtos usados, aumentando o lixo urbano, principalmente em países com

menor desen-volvimento econômico e social. Isto ocorre porque os canais

reversos de distri-buição, normalmente, não estão estruturados, havendo

desequilíbrio entre as quantidades de material descartado e reaproveitado.

Como exemplo, pode-se citar o Brasil, onde a coleta seletiva do lixo urbano

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não é prática comum, dificultando o estabelecimento de um canal de

distribuição reverso, porque produtos recicláveis, como as embalagens de

PET, vidro, papelão, são descartados junto a quaisquer outros tipos de lixo,

inviabilizando parte destes produtos para reaproveitamento. III SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia Os produtos descartados no meio ambiente trazem o que denomina-se

poluição, fato gerador dos custos para a sociedade em termos de gastos para

destinação final e, para as empresas como custo da repercussão negativa em

sua imagem corporativa. Mas, para LEITE (2003), em uma análise mais

profunda, revela um custo que ultrapassa essas duas dimensões: os custos

ecológicos, gerados pelo impacto dos produtos no meio ambiente. O autor

discorre sobre a revalorização ecológica dos bens de pós-consumo, como “a

eliminação ou a mitigação desse somatório de custos dos impactos no meio

ambiente, provocados pela ação nociva de produtos perigosos à vida humana

ou pelos excessos desses bens”. De modo que se agrega valor ecológico ao

bem em fim de vida, através da logística reversa, no intuito de resgatar o valor

correspondente a esses custos. Valor este nem sem-pre tangível. Para

controlar este cenário de grande impacto ambiental, as empre-sas, o governo e

a sociedade devem somar esforços para aplicar programas de reciclagem e,

deste modo, conscientizar a população sobre sua importância. O governo vale-se de legislações ambientais que regulamentam o descarte e

depósitos em aterros sanitários e, ainda, o regulamentam o uso de matérias-

pri-mas secundarias, entre outros. Os consumidores estão mais sensíveis a

proble-mas ecológicos, principalmente em países desenvolvidos, onde

consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos manufaturados com

tecnologias que não agridam o meio ambiente. Enquanto as empresas

procuram elaborar canais reversos, no intuito de adequarem-se as exigências

legislativas e dos consumido-res, além de visarem um diferencial estratégico

para imagem corporativa e alcançar novos mercados. Cabe mencionar que as atividades da LR, para obter o reaproveitamento de

produ-tos usados por meio da utilização do fluxo reverso, podem agregar valor

ao produ-to no mercado, pela imagem corporativa associada ao respeito ao

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meio ambiente, além de captar oportunidades econômicas para o processo

produtivo, como a redução de compra de matéria-prima virgem. Outros pontos

a serem lembrados e que podem impulsionar a aplicação da Logística Reversa

são: Os custos de descarte em aterros sanitários têm aumentado; Considerações econômicas e ambientais estão forçando as empresas a

utilizarem embalagens retornáveis; Maior consciência das empresas com relação a todo o ciclo de vida de seus

produ-tos, ou seja, ser legalmente responsável pelo seu destino após a

entrega dos pro-dutos ao cliente, evitando a geração de impacto negativo ao

meio ambiente; A ma-téria-prima nova está se tornando menos abundante, e

conseqüentemente, mais cara; Economias geradas para a empresa devido ao

reaproveitamento de materiais e componentes secundários. Além de

apresentar diferenciação em serviço ao cli-ente , à medida que o fabricante

tem políticas mais liberais de retorno de produtos, apresentando uma

vantagem em relação à concorrência; Eliminação de produtos que se tornam obsoletos devido ao alto grau de

desenvol-vimento tecnológico. Face as regulamentações, muitas empresas são

obrigadas a recolherem seus produtos quando os mesmos atingem o final da

vida útil; As em-presas devem desenvolver produtos “amigáveis ao meio

ambiente”; Técnicas para recuperação de produtos e gerenciamento do desperdício

devem ser desenvolvidas. No Brasil, o governo federal está empenhado em

estabelecer regulamentações para os segmentos que apresentam risco ao

meio ambiente. Pó-rém, algumas empresas e parte da sociedade brasileira,

mesmo antes de imposi-ções governamentais, estão se conscientizando

quanto à importância da preserva-ção do meio ambiente e dos ganhos que

todos os envolvidos podem obter, sejam eles econômicos, sociais ou de

imagem corporativa. Apesar de muitas empresas saberem da importância do fluxo reverso, a

maioria delas tem dificuldades ou desinteresse em implementar o

gerenciamento da LR, devido fundamentalmente a:

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- Falta de sistemas informatizados integrados às práticas de gestão. Isto leva

em certas ocasiões, a utilizar os mesmos sistemas da logística tradicional ou,

no melhor dos casos, a adaptar sistemas existentes para atividades similares

de processos diretos (GUARNIERI et al., 2006); - A idéia de que o fluxo reverso somente representa custos e, como tal, recebe

pouca ou nenhuma prioridade nas empresas (QUINN, 2001); - Dificuldade em medir o impacto dos retornos de produtos e/ou materiais, com

o conseqüente desconhecimento da necessidade de controlá-lo (ROGERS;

TIBBEN-LEMBKE, 1999). Neste mundo globalizado, a sobrevivência das empresas depende, em

primeiro lugar, da satisfação das necessidades e expectativas do cliente a

quem são diri-gidos seus produtos e empresas. A Logística utilizada no

planejamento estratégico como arma de marketing, é fundamental para se

conseguir esta vantagem compe-titiva decorrente da melhoria do serviço ao

cliente. A segmentação dos mercados tem-se convertido numa das estratégias para

lograr este fim. Isto implica em um aumento no lançamento de novos produtos

em todos os setores empresariais. A conseqüência deste processo é a

redução do ciclo de vida mercadológico e útil dos produtos, o que trás como

resultado maiores quanti-dades de produtos e materiais retornando aos

processos produtivos ou descar-tados ao fim da vida útil e que podem provocar

poluição por contaminação ou ex-cesso (LEITE, 2006). É preciso equacionar estes fluxos reversos, sob a ótica de agregar algum tipo

de valor seja econômico ou de imagem corporativa (LEITE, 2005). Além disto, o apropriado gerenciamento dos canais reversos pode servir como

fonte de informação sobre as expectativas e hábitos dos clientes, contribuindo

para que as empresas proporcionem serviços diferenciados e visíveis aos

olhos destes (LEITE; BRITO, 2003). Um planejamento de LR envolve praticamente os mesmos elementos de um

plano de logística direta: nível de serviços, armazenagem, transporte, nível de

estoques, fluxo de materiais e sistemas de informações. Porém, como integrar

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a LR na po-lítica logística da empresa, é hoje um dos grandes desafios do

administrador logístico (LEITE, 2005).

Destaca-se que muitos pesquisadores afirmam de que as incertezas de tempo,

quantidade e qualidade dos produtos retornados, são as principais diferenças entre estes fluxos , e daí derivam muitos outros problemas que impedem o

trata-mento igual. A incerteza dificulta o planejamento, a gestão do inventário, o marketing e influi

no preço e no relacionamento entre os membros da cadeia. Por este motivo, é

neces-sário tratar os dois fluxos de forma diferente (MITRA, 2007). Existem estudos sobre formas para diminuir essa incerteza nestes fluxos. A

imple-mentação de requerimentos legais, e incentivos financeiros por parte

dos órgãos governamentais, como ocorre em países de Europa, é a base para

a redução da variabilidade nos fluxos de retorno (WEBSTER, 2008). Destaca-se que cada atividade de LR tem suas particularidades com respeito à

logística do canal direto. Isto implica em novas funções, novos relacionamentos

internos e externos na cadeia para os quais é preciso definir: - Quem tem a responsabilidade de controlar as atividades de LR na

organização? - Quais relacionamentos serão decisivos nesta gestão? Diferentes estudos de caso abordados na bibliografia analisam quando as ativi-

dades de LR merecem serem gerenciadas de forma independente (LEITE,

2005). Outros casos discutem sobre as vantagens de terceirizar esta área alegando

as mesmas razões estratégicas utilizadas na Logística tradicional (KIM, 2001). Quanto aos relacionamentos seria preciso analisar tanto o ambiente interno

como o externo à organização. Porter (1991) argumenta que as firmas reagem

de forma criativa e dinâmica às regulamentações ambientais, convertendo-se

estas muitas vezes em pressões externas que levam a parcerias com

fornecedores, com clientes para a troca de mercadorias com o governo e

comunidade no concernente a políticas de desenvolvimento social. Aborda-se neste ponto a eficiência das atividades de LR através da utilização

do outsourcing, ou terceirização, de todo o fluxo ou de algumas partes do

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mesmo, demonstrando tanto aumento de custos iniciais, como economias de

custo, após um tempo de operação do canal reverso (LEITE, 2005). Outro aspecto amplamente pesquisado na literatura consultada, refere-se à

natu-reza do valor agregado proporcionado por práticas de LR, o qual varia

fundamen-talmente em função dos objetivos estratégicos que se pretendem

alcançar. O objetivo econômico ou de recuperação é o mais evidente, não só pela

agregação de valor monetário, mas, também, porque pode diminuir as perdas

pela recupera-ção do valor empregado no processo produtivo, proporcionando

economias de custo (ROGER; TIBBEN-LEMBKE, 1999). O objetivo de ganhos de imagem corporativa é apontado de forma geral como

prio-ritário na maioria dos programas de LR. Muitos autores definem esta

imagem, co-mo sendo aquele conjunto de atributos que diferenciam um

produto de uma em-presa dos produtos de seus concorrentes, os quais podem

ser alcançados através do cumprimento de: - Objetivos ecológicos que demonstram a preocupação com os problemas

ambien-tais, estabelecendo incentivos à reciclagem e a modificações de

desenho para di-minuir impactos ao meio ambiente; - Mediante legislações expressas que obrigam aos fabricantes a providenciar a

co-leta e destino de produtos perigosos; - Objetivos sociais em favor da comunidade, entre os que se destacam

determi-nadas ações como as doações, criação de emprego, projetos

educacionais e co-munitários. O objetivo de competitividade por diferenciação do nível de serviços aos

clientes está presente nos dois tipos de canais reversos (LEITE, 2005). Quando se trata do retorno de produtos de pós-venda (produtos que retornam

com pouco ou nenhum consumo), os ganhos evidenciam-se na fidelização de

clientes na competitividade por custos de serviço e imagem empresarial. Para o retorno de produtos pós-consumo (produtos que retornam no fim de sua

vida útil) os ganhos manifestam-se em competitividade de custos pelas

economias na confecção do produto e também de imagem empresarial.

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Geralmente, estes objetivos se estabelecem em função das estratégias

empresa-riais que sejam adotadas. De maneira geral, na adoção de uma

estratégia está implícito o cumprimento de objetivos que se traduzem em

atividades, ou progra-mas específicos de LR, e a classificação destes

programas é função de determi-nados motivadores ou direcionadores. Os direcionadores podem ser ambientais, legais e tecnológicos, econômicos,

le-gais e de responsabilidade social, de cidadania corporativa; obrigações

legais e de motivação econômica (BRITO, 2004) Nesta Tese foi seguido o critério de Leite (2006), que identifica cinco

direcionado-res nos programas de LR, como mostrado a seguir: - Programas econômicos (PE) – o programa visa algum tipo de lucro ou

resultado financeiro favorável à organização; - Programas de imagem (PI) - o programa visa proteger ou reforçar a imagem

empresarial através de propaganda ou atividades específicas que demonstrem

preocupação com o meio ambiente; - Programas de cidadania (PC) - o programa visa responder a algum tipo de

solicitação social como o exercício voluntário de responsabilidade social e

corporativa; - Programas legais (PL) - o programa é realizado por força de lei existente

quando esta responsabiliza o setor ou as empresas da cadeia direta pelo

descarte de seus produtos no final da vida útil ou obriga a empresa à recepção

dos produtos retornados pelos consumidores; - Programas de serviço ao cliente (PS) - o programa visa diferenciar a empresa

pelo serviço prestado, sendo este de reparo e consertos como diferencial de

venda, ou de garantia de pós-venda, através de trocas de produtos, reparos e

consertos de produtos não consumidos.

CAPITULO II

A LOGÍSTICA REVERSA COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA E

SUSTENTÁVEL

A competitividade no mundo atual, impulsiona as organizações a

desenvolverem estratégias a fim de manter ou conquistar diferenciais

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competitivos , de acordo com Porter (1986). Neste cenário o que pode ser

observado é a presença da pou-ca diferenciação de produtos e serviços

(características tangíveis), resultado do processo de isomorfismo mimético

entre os concorrentes de uma mesma indústria, conforme assinala Dimaggio e

Powell (2005). Direcionando as firmas para estratégias endereçadas a um

diferencial competitivo sustentável. O foco de interesse na logística empresarial

é crescente, sendo responsável em garantir a disposição dos produtos no

tempo, momento, lugar e condições certas e a logís-tica reversa, que de

acordo com Porter e van der Linder (1995a, b), são inves-timentos verdes,

como forma de iniciativas competitivas e que são assinaladas como um

instrumento que pode economizar recursos, eliminação de resíduos de forma

correta, melhoramento na produtividade, e um mecanismo que agrega valor a

imagem corporativa. Partindo de um ponto de vista mais amplo para o desenvolvimento e a

implementação estratégica, Porter (1996) ressalta, a importância da análise

tanto dos fatores internos como os externos de uma organização. Com o

objetivo de identificar as atividades mais relevantes organizacionais a fim de

adaptá-las ou reestruturá-las, conforme assinala Teece (1986) endereçando-as

para uma vantagem competitiva. Teece (1986) colabora fazendo a mesma

analogia de Porter (1996), dado ênfase às características da capabilidade

dinâmica, ou seja, o fato do gestor perceber as oportunidades e as ameaças

relacionadas ao ambiente externo de seu negócio, na qual, a organização

evolui e inova seus processos, com o propósito de atender expectativas do

mercado consumidor. Sendo assim, conhe-cer os fatores internos e externos

proporciona a organização desenvolver e imple-mentar estratégias que

possam propiciar a criação, como também manter um dife-rencial frente a seus

concorrentes. As mudanças globais têm levado ao aumento da competição internacional.

Estas mudanças buscam competitividade em outros fatores diferenciadores

como ima-gem, inovação e relacionamentos.

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- Benefícios proporcionados ao meio ambiente contribuem para o ganho de

com-petitividade das empresas por meio de estratégias que contribuem com a

respon-sabilidade social; - Maior competitividade com redução de custos e com políticas liberais de

retorno, com reflexos na rentabilidade da empresa; - Diferenciação de imagem corporativa mediante a utilização da LR estratégica-

mente para se posicionar como empresa cidadã, obtendo-se aumento de valor

de marca e valor dos produtos. De fato, a vantagem competitiva da LR se origina em atividades segmentadas

co-mo produção, projeto, marketing e logística, dentre outras. Cada uma

destas ativi-dades é fonte de vantagens competitivas e a LR, por perpassar

várias destas fun-ções, pode ser responsável por vantagens competitivas

ligadas a cada uma delas. Muitos ganhos em competitividade podem ser obtidos , a partir destas

vantagens competitivas que se refletem nas esferas econômica, social e

ambiental e, neste caso, a LR agrega valor (LEITE, 2003). Inúmeros estudos práticos realizados dentro e fora do Brasil, corroboram com

o anteriormente dito: - Mitra (2006) analisa diferentes estudos que reportam a economia de energia

com processos de remanufatura , se comparados com processos de

manufatura de novos produtos, evidenciando a diminuição de custos e os

ganhos ao meio ambiente; - Souza, Vasconcelos e Pereira (2006) analisam o sistema de LR na

reciclagem das latas de alumínio mostrando os resultados econômicos

alcançados, assim como a geração de empregos e renda mediante o

desenvolvimento de projetos de caráter social voltados para a educação

ambiental; - Souza e Lopes (2008) demonstram como a LR, utilizada de diferentes

formas, pode ser fonte alternativa de renda contribuindo para a

sustentabilidade do negócio, reduzindo os desperdícios e os impactos social e

ambiental;

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- Hernández et al. (2007) analisam como a criação de um consórcio para a

gestão de resíduos industriais, melhorou indicadores de desempenho

empresarial relacio-nados com aspectos econômico-financeiros devido à

diminuição de despesas, mas também influenciou de forma positiva a imagem

das empresas envolvidas frente à comunidade e governo, oferecendo emprego

e melhores condições de vida à população. Portanto, embora existam diferenças entre os conceitos de competitividade e

sus-tentabilidade, a tendência é buscar diferenciais de competitividade,

mediante a inclusão de variáveis econômicas, sociais e ambientais e a LR,

como mostrado an-teriormente, pode ter um impacto significativo para alcançar

este propósito, mas, para isto, precisa-se de: - Estudos mais profundos que demonstrem essas vantagens sobre o

desempenho empresarial (CASTRO, 2007, 2008); - Formas de mensurar esse impacto através de indicadores de desempenho,

sen-do estes os parâmetros mais utilizados para isso, pois fornecem

informações sobre determinada atividade que se deseja monitorar e padrões

de comparação para tal fim (CHAVES; ASSUMÇÃO, 2008). 2.1 Estratégia empresarial e Logística Reversa

A sustentabilidade e perpetuidade das empresas no longo prazo se tornaram

objetivos da mesma ordem da necessidade do lucro de curto prazo. Portanto,

além da busca deste lucro em suas transações, é necessário atender a uma

variedade de interesses sociais, ambientais e governamentais que garantam a

lucratividade ao longo do tempo. Desta forma, as empresas são avaliadas sob diferentes perspectivas, as quais

poderão ser satisfeitas mediante o planejamento empresarial em seus

diferentes níveis (estratégico, tático e operacional), que deve ser elaborado

considerando a visão holística de competir, colaborar e inovar (LEITE, 2006). O planejamento não é uma resposta informal ou casual a uma crise. É um pro-

cesso consciente e sistemático de tomar decisões sobre objetivos e metas. Na atualidade torna-se uma atividade que envolve todos os níveis da

organização. Os administradores têm que pensar estrategicamente e focalizar

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questões exter-nas no longo prazo , e questões táticas e operacionais no curto

prazo (BATEMAN; SNELL, 1998). Estratégia é a seleção dos meios de qualquer natureza que são empregados

para atingirem objetivos. Autores modernos estabelecem as definições de

estratégia de forma simples e com aspectos em comum que incluem metas,

políticas, planos, objetivos e relações da organização com seu ambiente

(MINTZBERG, 2004). Dos mais variados conceitos existentes sobre estratégia empresarial, é

possível concluir que o planejamento está presente em todos eles, sendo um

processo sistêmico, permanente e interativo cujo objetivo é o ajuste, cada vez

mais rápido, da empresa ao seu ambiente, estando constantemente avaliando

as realidades dos ambientes interno e externo para tomada de decisões

efetivas (MELO; OLIVEIRA; MORAES FILHO, 2008). Tão importante como ter estratégias é poder implementá-las: - Gup (1980) e Bateman e Snell (1998) definem um conjunto de passos para o

processo de planejamento estratégico que vão desde a definição da visão até

a definição dos planos de ação com todo o processo de orçamento; - Redi (2003) estabelece um modelo integrado de implementação da estratégia

a partir do uso integrado do BSC e o Gerenciamento pelas Diretrizes; - Melo, Oliveira e Moraes Filho (2008) relatam os resultados obtidos mediante

um processo de planejamento estratégico realizado numa empresa de

reciclagem de rejeitos industriais destacando a importância de avaliar o

desempenho da organi-zação através da definição de metas. Estes estudos demonstram que, independentemente do procedimento

metodoló-gico seguido para a implementação das estratégias da organização,

é preciso a avaliação e controle do cumprimento destas através de uma visão

de conjunto que mostre tanto o resultado final como os fatores que incidem

nele. Sendo assim, a definição de indicadores de desempenho, que formem um

sistema compatível com os objetivos estratégicos da organização, pode

representar a opor-tunidade para a implementação das estratégias em todas

as áreas funcionais (PORTER, 1999).

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Desta maneira, sistemas de gestão do desempenho devem basear-se em

siste-mas de indicadores , que mostrem coerência entre os indicadores

mensurados, fatores críticos, estratégias competitivas e objetivos adotados

(PORTER, 1999). Os primeiros relatos sobre Sistemas de Medição de Desempenho, no Século

XX, ocorreram com a adoção do Tableaux de Bord em 1932, como forma das

organi-zações entenderem as relações entre ações e resultados.

Posteriormente, muitos outros sistemas foram surgindo, entre os quais se

destacam (PORTER, 1999): • Administração por Objetivos (1954); • Gerenciamento pelas Diretrizes (1960); • Melhoria de Desempenho (1989).

Na década de 90 começaram a surgir sistemas de avaliação de desempenho,

preocupados com outras questões como desempenho dos processos,

qualidade, satisfação dos clientes, motivação dos funcionários, etc. Estas abordagens já apresentavam a visão de causa e efeito, relacionando um

efeito nos resultados, ou saídas de um processo, a um conjunto de causas que

podem ter influenciado tal fato (CAMPOS, 2001). A seguir são mencionadas algumas das mais usadas (MARINHO; SELIG,

2008): • Balanced Scorecard (BSC) (1992); • Navegador Skandia (1995); • Gerenciamento Total da Melhoria Contínua (1997); • Value Chain Scoreboard (2001); • Performance Prism (2002).

De forma conjunta com estes sistemas de gestão e avaliação de desempenho,

têm surgido outros modelos mais específicos para determinadas áreas

funcionais, que incentivam melhorias contínuas pela proposição de processos,

métricas e funda-mentação teórica, como o modelo SCOR - Supply-Chain

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Operations Reference, desenvolvido pelo SCC - Supply-Chain Council (SCC,

2003). O SCOR descreve atividades em cadeias de suprimentos, abordando cinco

ma-croprocessos: planejamento, fornecimento, produção, entrega e retorno.

Os ma-croprocessos se dividem em subprocessos, para os quais são definidos

atributos de desempenho e instruções de melhores práticas, permitindo a

comparação e a transferência de conhecimento entre as cadeias de

suprimento (SCC, 2003).

CAPITULO III

A LOGISTICA NOS PROCESSOS PRODUTIVOS E SUAS PERSPECTIVAS

3.1 A Perspectiva financeira e a Logística Reversa

A perspectiva financeira mede fundamentalmente o retorno sobre o capital

inves-tido e o valor econômico agregado, e é representada pelas informações

obtidas a partir dos sistemas de mensuração tradicionais. Tem sido uma prática comum medir também outros indicadores, que vão além

de bons resultados financeiros no curto prazo e, num contexto de análise no

longo prazo, podem ser incluídos os interesses e as expectativas dos

acionistas e o acesso ao capital (EPELBAUM, 2004) As empresas, organizações e Estados se vêem diante de um enorme desafio,

que é colocar em prática a logística reversa de maneira eficiente e com o

menor custo possível, pois a tendência de tratar os produtos em fim de ciclo de

vida já é reali-dade. Estimativas alertam que a cada dez anos se dobra o

volume de lixo eletro-nico produzido, portanto, estes produtos deverão ser

decompostos em componen-tes recicláveis , ou destinados ao descarte de

maneira segura, sem risco a socie-dade e ao meio-ambiente. Acredita-se que

com estas mudanças , também devem surgir oportunidades para criação de

novas empresas , com possibilidade de lucro eminente e um novo nicho de

mercado. Se encarada como uma nova tendência de negócios, podemos criar

e desenvolver metodologias especializadas nesta área, para o cumprimento do

seu objetivo principal de criação de valor para produtos no final do ciclo de

vida, poderá ainda ser fonte de criação de mais empregos e contribuir com a

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sustentabilidade do nosso planeta. Muitas organizações ainda têm a

percepção que a logística reversa é somente custo, porém esta visão é míope,

pois deve ser enxergar a logística reversa como oportunidade de obtenção de

ganhos, com processos logísticos arrojados e ambiciosos , tendo resultados

através de novas fontes de matérias primas e produtos gerados a partir destes

processos. A sustentabilidade do nosso planeta a nível ambiental, a legislação ambiental

cada vez mais restritiva, e a escassez de recursos naturais, são os principais

fatores que contribuem para que a logística reversa seja a área da logística

com um futuro promissor. Cada vez mais, os clientes valorizam as empresas

que possuem poli-ticas ambientais mais exigentes, sendo um fator de

competitividade entre empre-sas e logo uma estratégia de diferenciação entre

empresas concorrentes. A logística reversa já está no nosso cotidiano e no contexto empresarial, pode

ser uma grande fonte de recursos e de competitividade para empresas

empreendedoras que passam a observar a logística reversa como nicho de

mer-cado que deve aumentar suas demandas pelos próximos anos. Já existem campanhas de empresas com “selo verde” ou ainda a logística

verde que está associada a imagem da empresa que tem a preocupação com

a susten-tabilidade, com o bem estar do planeta, mantendo desta forma a

imagem de em-presa que está preocupada com o meio ambiente e o futuro da

humanidade. Isto poderá torná-la mais competitiva e com maior valor de

mercado, com o aumento do valor das suas ações em bolsas no mercado

financeiro, por exemplo. E as ONGS é que fazem este monitoramento. Empresas que tendem a área vermelha não têm processos de tratamento de

resíduos, poluem muito e não se preocupam com a logística reversa. Observem que já houve mudanças em relação a classificação das empresas,

provavelmente por lançamentos de novos produtos ou processos que não

atingi-ram o êxito esperado no seu inicio. Este acompanhamento mostra aos consumidores e ao próprio mercado,

empresas que investiram para aprimorar seus em projetos quanto as questões

relacionadas com seus resíduos e podem com isto serem comparadas com

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outras empresas e terem a preferência do consumidor consciente no momento

de efetuar suas opções de compra. Portanto o objetivo estratégico da LR é o de agregar valor aos produtos que

serão devolvidos ao seu ponto de erigem. Para que este objetivo seja

cumprido é neces-sário que as organizações e os profissionais de logística

entendam e planeje ações para gerenciar todo este fluxo reverso de materiais

e informações na medida das necessidades do mercado com foco no cliente. E é uma forte aliada nas questões relacionadas com a sustentabilidade. Não podemos esquecer que a logística reversa vem se revelando uma grande

fonte de competitividade, o desenvolvimento e aprimoramento dos processos

desta logística poderão trazer resultados financeiros, de imagem corporativa,

resultados políticos com governos e organizações e condição de melhores

níveis de serviços. Ainda contribuir com o aumento de postos de trabalho

dentro da logística e trazer resultados com as novas fontes de matérias primas

que disponibiliza a partir de seus projetos de reaproveitamento de materiais e

componentes. 3.2 Perspectiva do cliente e a Logística Reversa

O cliente como peça importante do processo logístico, é muito bem

enten-dido na definição de Bozzi (2002) que impõe a criação de valor

para o cliente final como a meta principal do SCM. De forma que o

consumidor passa a ser o fator desencadeante do processo de interação

entre os membros do canal, de forma sinérgica, para que cada etapa do

processo seja realizada com a máxima eficácia possível em direção as

redes de valor. Arnold (1999) traz a concepção de valor para o cliente como a

freqüência, e a disponibilidade dos produtos em boas condições e na

quantidade cer-ta. Desta forma, a integração dos processos é de

fundamental importân-cia na aplicação do SCM, como estratégia na

busca pela redução de cus-tos em toda a estrutura logística da

organização, aqui representada pelos parceiros, fornecedores, o centro

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distribuidor e a sua rede de distribuição, com o foco na rede de valor e na

satisfação de seus clientes finais e iniciais. Para PORTER a cadeia de valor identifica as relações e as interdepen-

dências entre compradores, fornecedores, intermediários e consumidores

finais. Permitindo assim, a identificação do valor criado para o cliente, ge-

rando a partir daí, uma vantagem competitiva para a corporação. Este valo pode ser definido através da expectativa do cliente e do seg-

mento de mercado que esta sendo analisado, e pode ser dividido em

duas categorias: Atividades primárias – logísticas de suprimentos, operações, logística de

distribuição, marketing e vendas; ·Atividades de apoio – infra-estrutura da empresa, gerenciamento de re-

cursos humanos, desenvolvimento de tecnologia. Com cada uma destas atividades trabalhando em sintonia a fim de ofere-

cer um valor superior aos seus clientes. BOZZI (2000) discute que o valor para o cliente é gerado por meio de

pre-ços baixos, melhores produtos , maior variedade e convivência,

melhor disposição e produtos mais frescos. Para isso a indústria precisa

oferecer um serviço superior aos clientes desde a disponibilidade de

produtos, até a equipe de atendimento colocada a disposição dos

mesmos. Todas as argumentações acima, podem ser muito bem entendidas com a

afirmação de Hunter (1998 apud HARRISON e HOEK, 2003, p. 56). O

autor explica a elevação das expectativas dos clientes e a dispersão do

know-how tecnológico da seguinte forma: O campo de batalha é o bolso do cliente. Os protagonistas são as

maiores corporações do mundo. Suas armas são tecnologias que

aumentem a compreensão de clientes individuais, e ofereçam um melhor

acesso a estes clientes. Os vitoriosos serão aqueles que puderem organi-

zar toda a sua empresa em torno dos desafios de obter um acesso mais

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barato a clientes mais lucrativos e mais fieis. Vivemos em uma era de

compradores especializados. Os clientes já estão se tornando mais

críticos e exigentes do que nunca. Eles sabem que podem bancar o mer-

cado, e estão fazendo exigências cada vez maiores aos fornecedores,

para que estes lhes dêem o que eles querem imediatamente. Portanto, chega-se à conclusão , que as organizações que pretendem se

manter neste mercado volátil e exigente, devem implementar ou

aprimorar seus sistemas de apoio à gesto, colocados a serviço do estudo

do com-portamento dos clientes, a fim de adquirir subsídios que revelem

os hábi-tos, e as necessidades emergentes dos mesmos, e os

transformem em ferramentas capazes de elevar as expectativas,

proporcionando resulta-dos relevantes e promissores a organização.

3.2.1 Fatores Chaves de Retenção do Cliente De acordo com as informações fornecidas acima, pode-se entender que

a preocupação central das empresas nos dias atuas, tem sido a atração

dos clientes, e uma atenção pormenorizada na sua permanência à longo

prazo, que segundo Cristopher (1999, apud SOUZA et al, 2000) é mais

lucrativo manter um cliente do que conseguir um novo negócio, pois pode

levar algum tempo até o novo cliente proporcionar lucro, o mesmo autor

defende a idéia que quanto melhor for o serviço prestado, e quanto maior

for a sua satisfação mais ele direcionará as suas compras aquela em-

presa. Portanto, mantê-los como clientes ativos e fiéis durante um determinado

período, é mais lucrativo para a organização, de forma que o serviço

colo-cado à disposição do mesmo é de fundamental importância para sua

re-tenção, não podendo deixar de ser citada a questão da velocidade,

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quali-dade e flexibilidade como pontos de agregação de valor aos

consumido-res. Com o aumento das expectativas dos mesmos em função de um melhor

nível de educação e da melhora na capacidade de discernir entre uma

gama de produtos, e sendo influenciado ainda pela questão ecológica na

preservação do meio ambiente, torna-se necessário uma atenção cada

vez mais presente por parte das organizações, no que diz respeito aos

seus relacionamentos com os clientes empresariais – que representa o

ambiente de transação imediato da organização, que pode ser caracte-

rizado ainda como um relacionamento de empresa a empresa B2B,

business-to-business, e dos clientes finais – representados pelos consu-

midores, ou através do relacionamento também conhecido como B2C,

business-to-customer, a fim de integrar os relacionamentos B2B com o

processo do B2C. A medida de retenção de clientes pode ser facilmente respondida com

uma pergunta direta “Quantos dos clientes que tínhamos há doze meses

e ainda temos hoje?” Cristopher (1998 apud HARISSON e HOEK 2003,

pág. 64), a outra medida considerada, diz respeito a comparação do valor

das compras realizadas a doze meses com o valor das compras feitas

pe-los clientes retidos. No entanto, a retenção nos relacionamentos B2C

é mais complexa e complicada, em função da dificuldade em reconhecer

os clientes individuais de varejo, assim, as grandes corporações

adotaram a ferramenta dos cartões de fidelidade, que surgiram e

proliferaram-se rapi-damente, passando a identificar os hábitos de

consumo e o padrão de gastos dos seus clientes potenciais. 3.2.2 Vantagens a partir da Retenção do Cliente

É desnecessário discutir sobre a importância da retenção dos clientes pa-

ra as organizações, pois de acordo com as argumentações anteriores, a

retenção dos mesmos só traz benefícios a empresa por oferecer segundo

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Johnson e Clark (2001 apud HARISSON e HOEK 2003, pág. 64) os se-

guintes elementos: ·Geram fluxos de receita de longo prazo (valores altos pelo seu tempo de

vida); ·Tendem a comprar mais que os clientes novos; ·Tendem a aumentar as compras com tempo; ·Podem estar dispostos a pagar preços mais altos; ·Fornecem economia de custos para atrair novos clientes; Assim sendo, as organizações devem procurar implementar uma mudan-

ça de mentalidade e redirecionar o seu foco para a satisfação do

consumi-dor final, através de serviços superiores, produtos de qualidade

e rapidez no atendimento, na medida em que a logística tem como

desafio reforçar a fidelidade dos clientes, superando as suas expectativas

através de um desempenho superior. 3.3 Perspectiva dos processos internos e a Logística Reversa

Kaplan e Norton (2000) divulgam que todos os processos internos são interes-

santes e devem ser bem executados, mas existem aqueles que exercem maior

impacto sobre sua proposição de valor para os clientes. É tarefa dos gestores

a identificação clara desses processos em cada caso particular para alcançar

su-cesso com a aplicação do BSC (CAMPOS, 2001). Para analisar esta perspectiva, Kaplan e Norton (2001) sugerem um modelo de

cadeia de valor genérica destacando quatro processos fundamentais:

processos de inovação, processos operacionais, processos de gerenciamento

do cliente e processos reguladores & ambientais. O desafio consiste em identificar, para cada caso específico de aplicação do

BSC, a cadeia de valor envolvida para se poder definir claramente como cada

um destes processos internos teriam que alcançar a excelência. De modo geral, e sem ainda aprofundar nesta temática, pode-se afirmar que a

LR está relacionada com estes quatro processos , que fazem parte da cadeia

de valor sugerida por Kaplan e Norton (2001) da seguinte forma:

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• Ampliar os negócios - significa criar valor no longo prazo por meio de de-

senvolvimento de novos produtos e serviços que considerem o aspecto

am-biental desde sua concepção, ou seja, a inovação tem um papel

importante nesse processo. Amaral (2003) está de acordo com outros

estudiosos que mencionam a inclusão da dimensão tecnológica no

conceito de sustentabi-lidade, avaliando os esforços que fazem as

empresas para criar novas tecnologias que sejam capazes de

desenvolver processos mais limpos, e com menos gastos de recursos

materiais. Segundo classificação feita por Leite (2000), a tecnologia é

um fator necessário para garantir as condições essenciais no

estabelecimento dos fluxos reversos de pós-consumo; • Aumentar valor para o cliente - significa expandir, aprofundar ou

redefinir os relacionamentos com os clientes, aqui a LR tem um impacto

forte; • Excelência operacional - indicadores de produtividade e custos são

identifi-cados com o bom desempenho na área de operações. Práticas

de LR ge-ram ganhos pelas economias obtidas na confecção do produto

ao serem utilizados componentes e materiais recuperados mediante a

reciclagem (LEITE, 2005); • Cidadania - administrar os relacionamentos com os grupos de interesse

externo é um aspecto fundamental para a sobrevivência das

organizações. A LR está inserida neste contexto de satisfação de

interesses múltiplos, sobretudo no que se refere ao cumprimento da

legislação, aspecto esse que passou a exigir novas posições

estratégicas das empresas com relação ao impacto de seus produtos e

serviços. Leite (2000), ao realizar uma pesquisa no Brasil, ressaltou a importância da

legis-lação como fator modificador para a organização da logística reversa. Posteriormente, o mesmo autor constatou que são poucos os programas com

di-recionadores legais e de cidadania (ecológicos) na realidade empresarial

brasileira, o que parece indicar pouco uso de legislações específicas no país e,

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portanto, a idéia de cidadania ou responsabilidade social ainda não aparece

como importante no cenário empresarial (LEITE, 2006). Mas, a tendência é o incremento da legislação, como vem acontecendo nos

países da Europa que estabeleceram níveis mínimos de recuperação para

quase todos os produtos e embalagens estimulando as atividades do canal

reverso, sob pena de se perder as licenças de operação (HAMMOND;

BEULLES, 2007). 3.4 Perspectiva em aprender e crescer e a Logística Reversa

O aprendizado e o crescimento da empresa significam a capacidade que a

empre-sa possui em manter seus recursos humanos num elevado grau de

motivação, sa-tisfação e produtividade. Os estudos realizados por Kaplan e Norton (1997) revelam diferentes

categorias para esta perspectiva: capacidade dos funcionários, dos sistemas

de informação e motivação. Wernke (2002) afirma que, embora nem sempre seja possível encontrar um

equi-líbrio entre estas categorias, elas são importantes e demonstram a

capacidade da empresa de reter talentos humanos, aspecto este fundamental

para medir indica-dores de desempenho intangíveis. Norton e Kaplan (2001) citam que, em um estudo realizado com diferentes

empre-sas, o valor contábil dos ativos tangíveis não era maior do que 15% do

seu valor de mercado, o restante era atribuído aos ativos intangíveis,

associados com o conhe-cimento, capital intelectual e humano, daí a

importância dos investimentos para garantir a sobrevivência e a renovação das

empresas em todos seus níveis de atividade. Políticas de LR requerem recursos humanos capacitados e treinados para essa

atividade, bem como o conhecimento de novas tecnologias; portanto, precisa-

se investir de forma estratégica nesta área. Assim, pode-se concluir que as práticas de LR podem influir positivamente no

desenvolvimento do capital humano. As exigências de inovações tecnológicas para cumprir requisitos legais e a

estruturação dos canais reversos, como uma nova atividade na qual a

experiência ainda é incipiente, estão precisando de investimentos e

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manutenção do capital humano e intelectual para aumentar a sustentabilidade

econômica, social e ambiental. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo mostrou que a globalização da economia tem gerado uma

dinâmica nas empresas nunca antes vista, mudando seus processos

produtivos e de aten-dimento ao consumidor. Com isto, o conceito de Logística

Empresarial, que se preocupa com a administração dos fluxos de bens,

serviços e informações, vem ganhando destaque. Desta forma, a Logística se especializou para atender uma necessidade

crescente de ferramentas de gestão , eficientes ao fluxo de retorno de produtos

e materiais, ou seja, novas tecnologias e novas necessidades impostas pelo

mercado, criaram novas funções e novos papéis para a Logística. Surge então a Logística Reversa vista neste estudo como o processo de

planeja-mento, implementação e controle do fluxo de produtos acabados e de

suas infor-mações, desde o ponto de consumo até o retorno à origem com o

propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino. Concluiu-se assim que sem ser uma novidade, a Logística Reversa tem

recebido maior atenção, e passou a ser estudada visando a sua adaptação em

um mercado altamente competitivo. Além do aumento da eficiência e da

competitividade das empresas, a mudança na cultura de consumo por parte

dos clientes também tem incentivado a Logística Reversa. Os clientes estão

cobrando um nível de serviço mais elevado das empresas e estas, como forma

de diferenciação e fidelização dos clientes, estão investindo em Logística

Reversa. Além disto, como resultado do desenvolvimento econômico,

Concluiu-se assim que sem ser uma novidade, a Logística Reversa tem

consciência ambiental está aumentando e, nesta perspec-tiva, a Logística

pode agregar valor. A responsabilidade ambiental e a conscientização da sociedade, exercem

pres-sões externas que se refletem no desenvolvimento de legislações

adaptadas aos modos de produção e consumo sustentáveis, visando minimizar

os impactos das atividades produtivas ao meio ambiente. Seja em nome do

meio ambiente, ou de-vido a seu potencial de incremento simultâneo entre a

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satisfação do cliente e a rentabilidade da empresa, a Logística Reversa

ganhou importância no cotidiano das empresas nos mais diversos setores da

economia. Conclui-se com isso a diferença dos objetivos para selecionar os diferentes

tipos de programas de Logística Reversa, sendo estes: econômicos, legais, de

imagem, de cidadania corporativa ou de serviço ao cliente. Tudo isto, unido às

característi-cas próprias dos retornos e ao próprio tratamento dado ao conceito

de Logística Reversa, que pode abranger todas as operações relacionadas

com a reutilização de produtos e materiais no processo produtivo, ou aquelas

relacionadas com o fluxo de materiais que voltam à empresa por algum motivo.

Por fim, entendeu-se que cada empresa utiliza procedimentos de planejamento

da Logística Reversa atrelados a diferentes departamentos de forma que

através dela se possa beneficiar o processo produtivo como um todo.

Segundo López (1986), uma das perguntas mais óbvias e nem por isso

mais fácil de responder, é a que se refere aos motivos que levaram o homem a

trabalhar. A resposta de que o faz para satisfazer suas necessidades não

resolve a questão, pois encerra outra pergunta: Quais são estas

necessidades?

Todo mundo concorda que os homens trabalham para satisfazer suas

necessidades. O desacordo começa a aparecer no momento em que se

procura concretizar quais são estas necessidades. É claro que os filósofos

trataram ampla e inteligentemente desse tema ao longo dos séculos, mas com

freqüência suas elaborações serviram unicamente de base para formular

teorias, sem buscar com elas um direcionamento da ação prática. Entretanto,

ao denunciar situações reais em que certas necessidades ficavam insatisfeitas,

essas teorias se tornaram um elemento influente para provocar mudanças na

realidade. Nesse setor essen-cialmente prático que é o ambiente econômico

das empresas, tende-se a dar como certo que já sabemos o suficiente sobre

as necessidades humanas, através daquilo que o senso comum nos diz a

propósito do tema.

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Na opinião de López, como as empresas dedicam-se à produção de

bens e serviços que satisfazem necessidades humanas, parece claro que, se

uma pessoa emprega seu esforço numa empresa, o faz para conseguir uma

parte destes bens e serviços, ou o seu equivalente em valor econômico. Se a

empresa funciona bem, será capaz de gerar suficiente valor econômico para

satisfazer os que contribuem com seu trabalho para gerá-lo.

BIBLIOGRAFIA

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BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 1993.

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BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. FLEURY, P. F.; NAZARIO, P. R. S.; WANKE, P. F. Papel do Transporte na Estratégia Logística. Revista Tecnologística, São Paulo, 01 dez. 2000. HERNÁNDEZ, C. T.; MARINS, F. A. S.; CASTRO, R. C. A logística reversa e a responsabilidade social corporativa: influência nos indicadores de desempenho empresarial. In: XIV Simpósio de Engenharia da Produção - XIV SIMPEP. São Paulo: Bauru, 2007. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A Estratégia em Ação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. LAMBERT, Douglas M.; STOCK, James R.; VANTINE, José G. Administração estratégica da logística. São Paulo: Vantine Consultoria, 1999. MINTZBERG, H. Ascensão e queda do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman. 2004. ROGERS, D.; TIBBEN-LEMBKE, R. An examination of reverse logistics practices. Journal of business logistics. University of South Florida, Tampa: College of Business Administration. v.22, n.2, p. 129-148, 2001. SELLITTO, M. A.; MENDES, L. W. Avaliação comparativa do desempenho de três cadeias de suprimentos em manufatura. Produção, v.16, n.3, p.552-568. Set/Dez, 2006.

ÍNDICE

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FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A LOGISTICA REVERSA 9

1.1 Logística empresarial 9

1.2 Logística reversa e diferenças 12

1.3 A importância da Logísitica Reversa 16

CAPITULO II A LOGÍSTICA REVERSA COMO ESTRA-

TÉGIA COMPETITIVA E SUSTENTÁVEL 23

2.1 Estratégia Empresarial e logística Reversa 25

CAPITULO III A LOGÍSTICA NOS PROCESSOS

PRODUTIVOS E SUAS PERSPECTIVAS 28

3.1 A Perspectiva financeira e a Logística Reversa 28

3.2 Perspectiva do cliente e a Logística Reversa 30

3.2.1 Fatores Chaves de Retenção do Cliente 32 3.2.2 Vantagens a partir da Retenção do Cliente 33 3.3 Perspectiva dos processos internos e a Logística 34

Reversa

3.4 Perspectiva em Aprender e Crescer e a Logística

Reversa 36

CONSDERAÇÕES FINAIS 37

BIBLIOGRAFIA 39

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ÍNDICE 40