riscos do terrorismo com bombas no brasil

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1 RISCOS DO TERRORISMO COM BOMBAS NO BRASIL VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP, o autor, é Consultor em segurança, um dos profissionais internacionalmente certificados pela American Society for Industrial Security (www.asisonline.org) no Brasil e Diretor da ABSEG (www.abseg.com.br) no Rio de Janeiro. Especializado em segurança física de estabelecimentos e na segurança pessoal de dignitários, é estudioso de temas como planejamentos de segurança física, contra-terrorismo e inteligência. Treinou efetivos de segurança pessoal de diversas instituições públicas e privadas. Instrutor convidado em cursos na PMERJ, ACADEPOL (RJ), SSINTE, SENASP e Centro Regional das Nações Unidas para a Paz, o Desarmamento e o Desenvolvimento Social na América Latina e Caribe (UN-Lirec). Articulista em publicações especializadas em segurança do Brasil e do exterior, como o JORNAL DA SEGURANÇA, as revistas PROTEGER, SECURITY, SEGURANÇA PRIVADA, REVISTA SESVESP, no Brasil, bem como SEGURIDAD LATINA, GLOBAL ENFORCEMENT REVIEW e DIÁLOGO nos Estados Unidos, e INTERNATIONAL FIRE AND SECURITY REVIEW, na Grã-Bretanha, com mais de 50 textos publicados. Possui artigos sobre segurança publicados nos Jornais O GLOBO, JORNAL DO BRASIL e MONITOR MERCANTIL. [email protected] UMA INTRODUÇÃO Na tarde desta quinta-feira, 12 de janeiro de 2012, uma bomba explodiu no Fórum da pequena cidade de Rio Claro (SP). As primeiras notícias dão conta de que uma caixa com destinatário e sem remetente teria sido esquecida sobre uma mesa no primeiro andar do prédio, quando um agente de segurança tentou abrí-la a caixa explodiu. O artefato teria sido dissimulado dentro de um Papai Noel. Infelizmente, a exemplo de tantos dos nossos profissionais de segurança, o agente de segurança também não foi instruído para proceder a identificação de objetos suspeitos e, acredito que na maior boa intenção, fez exatamente aquilo que não devia. Ele certamente não se perguntou se aquela caixa deveria estar ali, quem a colocou, não desconfiou de uma embalagem de encomenda (com destinatário) sem remetente e que não houvesse passado pelo correio... O risco de artefatos explosivos é algo sempre presente. Vejam a quantidade de explosivos que são capturados junto à criminalidade normalmente no Rio de Janeiro e pensem o que daria pra fazer com essas centenas de quilos de material perigoso. Sinceramente, nós negligenciamos esse risco; quer pelo fato de Deus ser brasileiro, quer pelo fato de que os nossos bandidos Graças a Deus aparentemente ainda não terem despontado pra isso. Contudo essa situação pode mudar sem aviso; e considerando que não colocamos a tranca na porta, nem depois desses arrombamentos, a tendência é que tais ocorrências continuem vitimando desavisados cada vez que se repetem.

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Dispositivos Explosivos Improvisados - DEI

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    RISCOS DO TERRORISMO COM BOMBAS NO BRASIL

    VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE,

    CPP, o autor, Consultor em segurana, um dos profissionais internacionalmente certificados pela American Society for Industrial Security (www.asisonline.org) no Brasil e Diretor da ABSEG (www.abseg.com.br) no Rio de Janeiro. Especializado em segurana fsica de estabelecimentos e na segurana pessoal de dignitrios, estudioso de temas como planejamentos de segurana fsica, contra-terrorismo e inteligncia. Treinou efetivos de segurana pessoal de diversas instituies pblicas e privadas. Instrutor convidado em cursos na PMERJ, ACADEPOL (RJ), SSINTE, SENASP e Centro Regional das Naes Unidas para a Paz, o Desarmamento e o Desenvolvimento Social na Amrica Latina e Caribe (UN-Lirec). Articulista em publicaes especializadas em segurana do Brasil e do exterior, como o JORNAL DA SEGURANA, as revistas PROTEGER, SECURITY, SEGURANA PRIVADA, REVISTA SESVESP, no Brasil, bem como SEGURIDAD LATINA, GLOBAL ENFORCEMENT REVIEW e DILOGO nos Estados Unidos, e INTERNATIONAL FIRE AND SECURITY REVIEW, na Gr-Bretanha, com mais de 50 textos publicados. Possui artigos sobre segurana publicados nos Jornais O GLOBO, JORNAL DO BRASIL e MONITOR MERCANTIL. [email protected]

    UMA INTRODUO

    Na tarde desta quinta-feira, 12 de janeiro de 2012, uma bomba explodiu no Frum da pequena cidade de Rio Claro (SP). As primeiras notcias do conta de que uma caixa com destinatrio e sem remetente teria sido esquecida sobre uma mesa no primeiro andar do prdio, quando um agente de segurana tentou abr-la a caixa explodiu. O artefato teria sido dissimulado dentro de um Papai Noel.

    Infelizmente, a exemplo de tantos dos nossos profissionais de segurana, o agente de segurana tambm

    no foi instrudo para proceder a identificao de objetos suspeitos e, acredito que na maior boa inteno, fez exatamente aquilo que no devia. Ele certamente no se perguntou se aquela caixa deveria estar ali, quem a colocou, no desconfiou de uma embalagem de encomenda (com destinatrio) sem remetente e que no houvesse passado pelo correio...

    O risco de artefatos explosivos algo sempre presente. Vejam a quantidade de explosivos que so

    capturados junto criminalidade normalmente no Rio de Janeiro e pensem o que daria pra fazer com essas centenas de quilos de material perigoso. Sinceramente, ns negligenciamos esse risco; quer pelo fato de Deus ser brasileiro, quer pelo fato de que os nossos bandidos Graas a Deus aparentemente ainda no terem despontado pra isso. Contudo essa situao pode mudar sem aviso; e considerando que no colocamos a tranca na porta, nem depois desses arrombamentos, a tendncia que tais ocorrncias continuem vitimando desavisados cada vez que se repetem.

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    H muito tempo eu defendo que temos de instrumentalizar a populao (e sobretudo os profissionais de

    segurana), treinando-os para atuar em face dessas ocorrncias. Cheguei mesmo a fazer um DVD duplo sobre a atuao em caso de bombas, o qual editado e distribudo pelo Jornal da Segurana.

    O trabalho abaixo, publicado originariamente em 2003, foi baseado num artigo que escrevi h alguns anos

    e que foi publicado no Brasil, nos Estados Unidos (pela antiga revista SEGURIDAD LATINA) e tambm na Gr-Bretanha (INTERNATIONAL FIRE AND SECURITY REVIEW). Tais textos me valeram inclusive convites para participar do congresso anual de contra-terrorismo, COUNTER TERROR, que acontece na Inglaterra.

    Estou certo de que o material pode ser de utilidade para mostrar o perigo desses artefatos

    explosivos, ensinar a identific-los e como atuar em caso de se deparar como uma situao onde uma bomba ou objeto suspeito estejam presentes.

    Sempre torcendo para que os nossos criminosos jamais descubram o potencial dos artefatos explosivos. ______________________________

    Segue abaixo o artigo, na ntegra, de 2003:

    A viso de um cenrio de exploso terrorista realmente algo que marca uma pessoa para sempre. No

    espao de menos de 30 dias, em diversas partes do mundo, dezenas de atentados bomba vitimam centenas de pessoas: Na ex-Repblica Sovitica da Chechnia.... No Paquisto... Na Arbia Saudita... Na Colmbia... Em Israel... E agora no Iraque...

    Parece-nos, com razovel grau de certeza, que praticamente todo momento h um atentado terrorista envolvendo artefatos explosivo em curso, sendo planejado ou executado. Quando contrapostos estatstica de aes criminosas/terroristas envolvendo o emprego de artefatos explosivos inevitvel que assumamos uma postura preventiva para lidar com essas ocorrncias.

    Na Amrica Latina, praticamente todos os pases tem histricos de ocorrncia de atentados Bomba. A Colmbia certamente a nao mais assolada pelas bombas terroristas sendo que capacidade explosiva e a sofisticao dos artefatos empregados ultimamente vem causando surpresa aos especialistas. Em Dezembro de 2002, at carros-bomba com comandos motorizados e que poderiam ser guiados por controle remoto at o local da exploso foram desativados pela polcia. Num claro exemplo da globalizao aplicada ao terror, constata-se que a tecnologia empregada na construo de algumas sofisticadas bombas colombianas vem refletindo o letal intercmbio com integrantes do Exrcito Republicano Irlands, de indiscutvel know-how.

    Nos grandes centros brasileiros a opinio pblica est cada vez mais assustada com a ousadia e os recursos postos disposio dos criminosos no Brasil. Comparadas s estatsticas de aes envolvendo artefatos explosivos nos outros pases, poder-se- dizer que se tratam de aes isoladas, mas o fato que em que pese a pouca divulgao dessas aes no faltam exemplos de ocorrncias envolvendo o emprego terrorista de bombas em nosso pas. Em Maro de 2002, criminosos paulistas, j teriam tentado, aparentemente sem sucesso mandar pelos ares, com grande quantidade de alto-explosivo, um carro deixado no Frum Criminal da Barrafunda. Em Maio de 2001 uma bomba explodiu no Frum de So Paulo (ferindo trs pessoas), sendo seguida por outra (no dia 12 de Junho) nas dependncias do Ministrio da Fazenda, tambm na capital paulista. No dia 24 de Julho de 2001, em face da CPI que apura irregularidades na cobrana dos impostos prediais e territoriais urbanos, uma bomba explodiu num balco do setor fazendrio, no interior da Prefeitura do Rio de Janeiro, a qual j tem triste histrico de bombas. Em Setembro de 2001, na Baixada Fluminense (RJ) criminosos, na tentativa de arrombar o cofre de caixa eletrnico, simplesmente pulverizaram a estrutura que distava poucos metros de um posto de gasolina. Em que pese que os nossos terroristas ainda no tenham praticado aes da magnitude de seus congneres da Mfia ou dos Cartis Colombianos por certo no h garantias de que num futuro no venham a faz-lo.

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    O problema srio e muito grave. Vemos todos os dias nos jornais um exemplo dos armamentos

    sofisticados que o dinheiro sujo das drogas faz surgir revelia da represso dos rgos de segurana; e mesmo um cidado comum j deve se permitir imaginar como seria fcil fazer com que tal capital fosse transformado em explosivos como dinamites ou mesmo compostos processados com base em fertilizantes, os quais esto disposio de qualquer produtor rural. Hoje, alm de contar com armas , munies e equipamentos de comunicaes sofisticados, no h dificuldade para que as nossas quadrilhas venham a beneficiar-se tambm de Know-how estrangeiro.

    Em Agosto de 2001, a polcia carioca j apreendia com um cmplice de Fernandinho Beira-Mar centenas de quilos de dinamites, cordis detonantes, espoletas (eltricas e pirotcnicas) e plvora negra... Isso pode ser terrivelmente sintomtico. No ramo da segurana, ao contrrio das cincias naturais ou estatsticas, o fato de uma modalidade de evento (no caso de um carro bomba, por exemplo) no ter se processado at a presente data, no assegura a impossibilidade de sua ocorrncia, apenas indicando que a mesma, por fatores s vezes imponderveis, ainda no foi tentada. Hoje, quadrilhas do Rio de Janeiro j produzem suas prprias granadas de mo, na realidade bombas de nipple fabricadas a partir de explosivos comerciais, com tubos de PVC e pequenas esferas de ao. A fabricao de bombas, que antes era matria para especialistas, j h algum tempo tornou-se assunto de domnio pblico. O advento da Internet abriu para os nossos adolescentes a possibilidade de acessar a um enorme receiturio de frmulas e esquemas para a construo de artefatos explosivos. Os laboratrios de colgio, lojas de ferragens e mesmo as dispensas domsticas fornecem todos os componentes de que se pode necessitar para a construo de um artefato explosivo de razovel poder de destruio. No Brasil trata-se de um "modismo" recente pois, nos Estados Unidos, algumas publicaes como o "LIVRO DE COZINHA DO ANARQUISTA", "O ARSENAL AVANADO DO ANARQUISTA", "COMPOSTO C-4 FEITO EM CASA" ou "ARSENAL DAS GUERRILHAS" j ensinavam, desde os anos setenta, mtodos de sabotagem e extermnio indiscriminado. A bomba que explodiu na garagem do Edifcio World Trade Center (1993) e a empregada contra o prdio pblico em Oklahoma City (1995) foram produzidas a partir da combinao de componentes baratos e de fcil obteno como fertilizantes, leo diesel e acar. Com pedaos de canos, pregos, plvora negra e outros componentes igualmente inocentes se pode produzir engenhos simples, porm de extrema letalidade.

    Alm do seu poder intrnseco como arma, bombas oferecem aos terroristas inmeras vantagens sobre outros tipos de armas e formas de ataque. Em sua explanao no 8 Conferncia Internacional Sobre Artefatos e Mtodos Terroristas, o General-Brigadeiro australiano M. H. MacKenzie-Orr discorreu sobre seis razes para a predileo de terroristas por bombas, em detrimento de outros mtodos de ataque: a) Um espetacular atentado bomba garantia de alcanar publicidade em nvel mundial e atrair ateno para o

    indivduo ou grupo que assumir sua responsabilidade. b) Uma bomba impessoal. c) O emprego do artefato explosivo garante a segurana de quem o colocou, separando o bombardeador da cena

    do ataque. d) A bomba, por si s garantiria a destruio das evidncias periciais (na realidade, uma premissa falsa) que

    auxiliariam as foras de segurana na apurao da autoria do atentado. e) Componentes para a fabricao de bombas esto disponveis em qualquer pas razoavelmente desenvolvido. f) A construo de uma bomba algo relativamente simples de levar cabo.

    Ainda sobre essa ltima afirmao, MacKenzie-Orr acrescentou: Da minha experincia na Irlanda do Norte, torna-se claro que qualquer garoto autodidata de dez anos de idade pode obter esquemas de descrio razoavelmente adequados e construir uma bomba simples e eficaz. Uma outra pessoa, com maior grau de conhecimento tcnico, pode produzir um complexo e traioeiro artefato explosivo improvisado I. E. D. muito mais difcil de detectar e neutralizar. Esses fatores se combinam para fazer das bombas a mais difcil arma do arsenal terrorista com a qual eu haja me deparado.

    Devemos nos conscientizar de que travamos uma batalha constante contra um inimigo violento, que no conhece limites e que vai tentar surpreender sempre. A possibilidade de dispor de artefatos de grande poder explosivo abre para o crime organizado (em particular para os traficantes de drogas) a perspectiva de atingir quaisquer tipos de alvos com enormes possibilidades de xito. Embora consideremos que a criminalidade no

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    busque atrair para si uma avassaladora campanha repressiva das foras de segurana, na conjuntura atual, o xito de qualquer atentado bomba aqui apenas depender da sorte ou competncia particular de seus executores. Praticamente no h medidas de proteo a serem burladas a fim de os criminosos possam perpetrar sua ao. Muitas vidas se perdero, somadas a muitos danos colaterais, apenas pela total ausncia de uma cultura prevencionista no mbito da segurana. Em seu inconsciente coletivo as pessoas preferem apegar-se idia de que o Brasil um pas tranqilo, verdadeiramente abenoado por Deus, de povo ordeiro e pacfico....

    A nossa sociedade precisa deixar a miopia romntica de lado e estar prevenida para lidar com ocorrncias dessa natureza, as quais - hoje se configuram to possveis quanto provveis. Na Colmbia, um nico atentado bomba numa igreja resultou na morte de mais de uma centena de pessoas. Em Israel, em Maro de 2002, s a divina providncia frustrou um atentado empregando uma bomba num caminho tanque cheio, estacionado em um depsito de combustvel. A bomba destruiu a cabine mas, no sendo suficientemente forte para atingir o tanque, provocou um incndio que foi rapidamente debelado pelos funcionrios do depsito. Isso tudo poderia repetir-se aqui!

    importante conscientizar para o risco e afastar a idia de que atentados bomba sejam coisas que apenas acontecem nos outros pases. Todos pblico e profissionais - precisam saber o que esperar e como proceder. No se trata de levantar a lebre para o outro lado, munindo a criminalidade de informaes acerca dos nossos temores e at incitando-os a adotar tais modus operandi; mas de concitar as pessoas a ficarem alertas e colaborarem com as foras de segurana em sentido amplo. Os policiais, estes sim devem ser mais conscientizados acerca de uma forma de ataque que pode lhes acometer sem aviso. Suponhamos que uma guarnio policial em sua viatura, prxima a um presdio, frum ou residncia de uma autoridade veja um carro se aproximando apagado, o veculo pra, seu ocupante larga o carro e corre para fora de do campo de viso dos policiais. Ao se aproximarem do veculo esperando encontrar mais um carro roubado, sem gasolina ou depenado, podero ser vitimados por uma exploso. Imagine-se o efeito de um carro-bomba detonado em frente a uma de nossas Delegacias Legais, em sua maioria trreas e prodigamente envidraadas? Poder-se- dizer que se tratam de cenrios por demais pessimistas ou surreais, porm asseguro que contrapor-se bandidos com metralhadoras pesadas, granadas de mo, lanadores de foguetes e minas terrestres, da mesma forma que metralhar policiais em suas viaturas, em vias expressas no centro da cidade e roubar-lhes as armas tambm seria considerado como tal h bem pouco tempo atrs.

    Na atividade de segurana, prioritariamente, deveramos procurar aprender com os erros dos outros e os exemplos britnico e colombiano poderiam ser suficientes para que no desejssemos ver pessoas explodindo com encomendas postais, sacolas e pacotes em pontos de nibus ou mesmo com carros bomba em nossos j no to prsperos centros financeiros. Nossos planejamentos j deveriam estar sendo revistos e atualizados, pois o tempo de instruir as pessoas agora, antes de algum se aperceba da possibilidade, das nossas vulnerabilidades e as bombas comearem a explodir! O pblico que, vez por outra, se v s voltas com ocorrncias de bomba precisa ser melhor informado.

    O terrorismo das bombas, embora no possa ser de todo evitado, poder ter seus efeitos visivelmente minimizados se todos conhecerem seus papis, de forma melhor colaborar com as autoridades.

    No mbito de empresas e instituies, planejamentos contingenciais devem ser estabelecidos (se possvel com o auxlio dos especialistas da polcia local), de forma que, ante ao menor alerta, se possa dar encaminhamento s providncias que situaes assim vem requerer. Assim como os outros procedimentos de emergncia, a busca a artefatos explosivos deve ser previamente normatizada e ensaiada, podendo ser executada pelos prprios funcionrios, brigadistas de incndio ou seguranas, desde que instrudos para tal. Os efetivos empregados na busca devero ser conhecedores dos diferentes locais onde os artefatos possam ser colocados e procuraro prioritariamente quaisquer objetos que estejam destoando do ambiente, que possam conter ou se constituir numa bomba.

    Uma das sabotagens psicolgicas mais comuns envolve o trote telefnico, com o aviso de que haveria uma bomba pronta para explodir. A primeira reao de algum pouco afeto ao gerenciamento de ocorrncias dessa natureza a de comandar uma rpida evacuao da instalao, com a conseqente paralisao das atividades e o

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    conseqente prejuzo a ela relacionado. No intento de preservar vidas, os administradores ou responsveis pela instalao acabam fazendo exatamente o que o sabotador deseja, ou seja, causar prejuzos atravs da paralisao das atividades cotidianas,da suspenso da produo ou do bom andamento de um servio. Tecnicamente, o ideal ser instruir a(s) pessoa(s) a quem primeiro coubesse o recebimento da comunicao (normalmente a telefonista, atendentes, seguranas, chefes de seo ou as maiores autoridades presentes) acerca de como tratar o informante, das perguntas a serem feitas e de detalhes da transmisso que devem obrigatoriamente serem observados a fim de validar ou no a ameaa de bomba. Em pases como a Gr-Bretanha, Estados Unidos, Canad, Austrlia e Israel, questionrios impressos sob a forma de cartes permitem anotar as caractersticas da chamada a fim de munir as autoridades de um conjunto de informaes essenciais. S muito dificilmente uma instalao ser evacuada sem que haja sido efetuada uma busca minuciosa no local. Infelizmente sabemos que tais procedimentos so sempre de difcil implementao e normalmente caber ao setor de segurana (ou maior autoridade presente) avaliar, principalmente, o histrico de ocorrncias anteriores e a conjuntura poltico-social da instituio em particular, a fim de deliberar se uma comunicao de bomba merece ou no crdito.

    AS BOMBAS

    Simplificando muito a abordagem de um tema que extremamente tcnico e complexo, poder-se- dizer que uma bomba - simples ou disfarada - ser constituda do componente explosivo principal, do explosivo iniciador, detonador ou espoleta e do gatilho de acionamento ou interruptor, o qual, normalmente camuflado, poder tomar inmeras formas. Dificilmente nos depararemos com um objeto que exteriorize aquela idia clssica de bananas de dinamite, fios, relgio e pilhas. As bombas de fabricao caseira interessam-nos particularmente por serem altamente traioeiras e de reconhecimento s vezes difcil, por no obedecerem a nenhum padro. Nas bombas improvisadas, o tamanho, a sofisticao do projeto bem como a capacidade de destruio refletem diretamente a imaginao, o conhecimento tcnico, a habilidade e os recursos postos disposio de quem as constri. Quando nos deparamos com artefatos explosivos de fabricao caseira, devemos considerar a diversidade de formas, tipos, mtodos de acionamento, contra-medidas para o desarme etc. Em se tratando de bombas, no se pode prejulgar! Como o contedo interno da bomba normalmente no visvel, no se pode verificar como um dispositivo em particular opera sem a interpretao de um especialista que - obrigatoriamente - dever valer-se de ferramental prprio e equipamentos sofisticados. Sendo assim, cada ocorrncia dever ser considerada como nica e jamais deveremos subestimar a complexidade dos respectivos mecanismos e pretendermos, ns mesmos, desmontar a bomba.

    As BOMBAS ou ARTEFATOS EXPLOSIVOS variam de acordo com o tamanho, constituio e potncia, sendo que sua capacidade destrutiva nunca proporcional ao tamanho em que se apresentam. Podem ser acondicionadas em caixas de papelo, madeira, maletas, pastas, sacolas, sacos de papel, latas, tubos plsticos, canos plsticos ou metlicos, podem estar envoltas em papel de jornal, papel de embrulho ou papel pardo etc. Diversos meios de disfarce utilizados: Caixas de bombons, de doces, de biscoitos; Latas de biscoitos, de lubrificantes, recipientes de alumnio; Latas de aerosol, extintores de incndio, botijes de gs ou vasos de presso; Garrafas trmicas, inclusive contendo qualquer liquido; Livros, geralmente encadernados com capas duras; Tubos (tipo de pasta de dente, creme de barbear etc); Pacotes aparentando conter fitas de vdeo ou mesmo pequeninas caixas de fitas K-7; Veculos etc.

    Com o propsito de colher os melhores benefcios de seu poder explosivo, as bombas normalmente so colocadas discretamente no local que se deseja destruir. Podem constituir-se em volumes, aparentemente esquecidos em locais de ampla circulao de pessoas, ou deliberadamente posicionados em locais onde podem causar extenso dano material. Quando visam atingir um alvo ou pessoa de forma seletiva, podem ser entregues como simples encomenda (que haja ou no passado pelos correios); Lanadas, normalmente utilizando uma motocicleta (ou de um veculo em movimento) e ainda - quando dispostas no interior desses veculos - estacionada prximo do objetivo que se queira destruir.

    Quanto ao seus sistemas de detonao, as bombas podem apresentar os seguintes mecanismos:

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    - De armadilha: por compresso, por descompresso, por trao, por descontrao ou liberao (ao inversa trao), ssmico (ou vibratrio), fotoeltrico ou anti-magntico; - De tempo: por hora certa ou de retardamento (quando independer de mecanismo de preciso); - De acionamento remoto,quer por fio ou, como o mais usual, a partir do emprego de controles de rdio (como os usados em portes de garagem ou em modelismo) ou telefones celulares.

    AS CARTAS-BOMBA:

    Uma carta-bomba, independentemente do tamanho do envelope, obrigatoriamente apresenta uma espessura maior do que a correspondncia normal. Quem a manipula fica com a impresso de estar diante de um livreto de capa dura, um relatrio, um panfleto dobrado ou mesmo um novo tipo de carto musical, nunca de uma simples carta. A carta parece ser mais pesada do que se contivesse a mesma espessura de papel. Normalmente o explosivo moldado em placas finas e isso faz com que o envelope de uma carta explosiva apresente uma constituio incomum: s vezes bastante rgido e liso, noutras vezes dando a impresso - igualmente suspeita - de falta de elasticidade de seu contedo. O envelope pode transmitir a sensao morta de uma massa de vidraceiro ou argila ao invs de um mao de papis ou panfletos dobrados. Dependendo do tipo de explosivo utilizado, um envelope de papel poder apresentar manchas gordurosas ou mesmo exalar um odor estranho (semelhante ao das massas tipo epxi ou um cheiro de massa de amndoas ou marzipan). Embora cartas-bombas possam ser construdas para detonarem por processos no-eltricos, na maioria desses petardos se emprega fios e algum tipo de fonte alimentadora de energia (como uma pilha pequena). Embora mximas nesse sentido figurem normalmente em cartazes de alerta contra cartas-bomba, um erro pensar que os endereos dos destinatrios sempre sejam genricos (como Ao Sr. Diretor), apresentem erros de ortografia ou ainda sejam redigidos com caligrafia primria. A carta pode ter sido especialmente preparada para simular uma correspondncia normal, com nome correto do destinatrio, remetente e selos na quantidade adequada. O xito do terrorismo postal (seja na forma de cartas ou pacotes) se alicera na tradicional curiosidade dos destinatrios e na sua nsia de abrir rapidamente as correspondncias que lhes chegam s mos. Ao recebermos uma carta ou encomenda que se enquadre nos indcios de suspeio que mencionamos, devemos nos perguntar quem teria remetido a referida correspondncia, checar a informao junto ao remetente e - na dvida quanto procedncia da mesma - coloc-la de lado, para ser examinada pelos tcnicos da polcia.

    OS CARROS-BOMBA:

    Embora com pouco histrico de uso no Brasil, o carro-bomba um dos meios de ataque mais populares, empregado por terroristas e criminosos em todo o mundo. Com um invlucro de grandes dimenses, a montagem da bomba nos carros vem requerer, comparativamente, pouco conhecimento tcnico; no h necessidade de miniaturizao de diferentes tipos de circuito de disparo (como nas pequenas bombas disfaradas), os quais podem ser tremendamente simples, seguros e ainda valer-se da energia fornecida pela bateria. No caso de emprego da bomba no veculo como uma armadilha, os diversos interruptores existentes num carro favorecem ao atacante e

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    dificultam a vida daqueles que, para defender-se, devero empreender extensas buscais visuais, abrindo o veculo, inspecionando suas partes internas e buscando sinais de violao dos diversos circuitos eltricos. Para agravar ainda mais o quadro, sabemos que capacidade de armazenamento de explosivos no interior de um veculo enorme e com sua detonao, toda a estrutura e partes metlicas podem transformar-se em estilhaos, capazes de ampliar ainda mais o efeito devastador da exploso.

    Por carros-bomba compreendemos genericamente: a) Uso de dispositivo explosivo colocado sob ou no interior de um automvel para vitimar seus ocupantes; b) Uso de veculo como embalagem e disfarce de uma grande quantidade de explosivos, que sero

    detonados o mais prximo possvel de seu alvo. Os ataques ao Quartel dos Fuzileiros Navais Americanos e da Legio Estrangeira da Frana em Beirute (levados cabo por um motoristas suicidas em caminhes abarrotados de explosivos), em 1983, s Embaixadas dos Estados Unidos em Beirute e no Kuwait, em 1983,ao World Trade Center, em 1993, Associao Mtua Israelita em Buenos Aires, em 1994, ao edifcio do governo em Oklahoma City, em 1995 e a grande exploso em Docklands, na City londrina ( em Fevereiro de 1996) se enquadram nessa categoria.

    c) Uso de dispositivos complexos, bem dissimulados e com armadilhas, a fim de vitimar policiais e peritos na desativao de artefatos explosivos. Tendo em mente que bons tcnicos em bombas so profissionais de formao difcil e cara ,terroristas, sobretudo, do Exrcito Republicano Irlands (IRA) e do grupo separatista basco, ETA, j perpetraram atentados com bombas em veculos, as quais visavam atingir unicamente aos policiais e militares que atuam em face de tais contingncias.

    d) Uso de veculo para ocultar um sistema de lanamento de munies como foguetes e morteiros. O IRA em vrias oportunidades empregou morteiros rudimentares (confeccionados a partir de canos comerciais soldados) montados em caminhes. No Iraque, casulos lanadores de foguetes aerotransportados ou mesmo estativas rudimentares para rojes RPG-7 j foram montados no interior de carroas a fim de executar disparos em trajetria indireta.

    Para evitar-se o armadilhamento de veculos com explosivos na verdade, bombas em carros vital

    que os sabotadores no possam ter facilitado o seu acesso aos automveis. Motoristas e mecnicos devero ser selecionados e merecedores de confiana. Embora saibamos ser impossvel manter os potenciais carros-alvo em locais seguros 24h/dia, os mesmos no devero ser deixados desguarnecidos em locais onde possam ser sabotados. A vigilncia sobre os mesmos dever ser constante e extremamente atenta principalmente pelo fato de que um pacote explosivo (imantado para prender-se facilmente superfcie metlica e cujo acionamento possa ser feito por controle remoto) pode ser colocado discretamente sob o carro em questo de segundos.

    A fim de evitar armadilhas acionadas por controles via-rdio (a partir da adaptao de controles de brinquedos, portes de garagem, etc) ou via-celular (pelo emprego de telefones adaptados), equipes de encarregadas da proteo de autoridades bem como grupamentos especializados antibomba costumam estar equipados com geradores de interferncia eletrnica capazes de isolar uma rea de segurana num raio de algumas dezenas de metros. Desenvolvido inicialmente por especialistas britnicos, tal recurso de contramedida

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    eletrnica gera um campo de fortssima perturbao eletromagntica que impede o funcionamento de dispositivos acionadores improvisados assim como anula a capacidade de recepo do sinal de aparelhos telefnicos celulares.

    Interferidores eletrnicos podem ser montados em veculos ou mesmo em maletas portteis

    Acautelar-se de veculos -bomba vem requerer cuidados especiais. Independentemente de tratarem-se de veculos pilotados por suicidas ou carros, vans e caminhes abandonados de forma furtiva em vagas de estacionamento, h que se implementar medidas que dificultem o acesso do veculo ao seu alvo. O que na gria chamamos de Endurecer o alvo pode compreender a adoo de recursos como o emprego de vidros revestidos com pelculas balstico-retardantes, aplicao de revestimentos especiais anti-chama, construo de barreiras fixas (ferro e concreto) ou mveis, grandes blocos ocos de plstico cheios de liquido no-inflamvel ou muretas contnuas de concreto (para impedir o acesso de veculos e ainda minimizar os efeitos do sopro numa eventual exploso), construo de fossos, espelhos dgua, estabelecimento de permetros de segurana onde no se permita o acesso de veculos ou em que o acesso, quando facultado, se faz mediante a minuciosa inspeo de segurana. A entrada de veculos no permetro das instalaes deve ser rigidamente controlada. A aproximao deve se dar numa baixa velocidade e para isso o trfego normalmente dever ser obrigado a reduzir a marcha, desviando dos obstculos direita e esquerda, at parar. A disposio dos meios de proteo deve prevenir uma entrada forada a partir do emprego de obstculos fsicos fixos (como blocos de concreto, gales metlicos com lquido, cavaletes metlicos) ou removveis (como dentes hidrulicos retrteis, placas metlicas com pregos para furar pneus e concertinas de arame). Em casos extremos, veculos pesados (como caminhes e at carros de combate) podem ser posicionados de forma transversal na rua ou portaria, a fim de impedir que algum carro tente furar o bloqueio e penetrar na rea segura. No Brasil j tivemos casos como o do motorista Joo Antnio Gomes, o qual, bbado, em Maio de 1989, furtou um nibus na Rodoviria de Braslia e adentrou com mesmo no Palcio Planalto, subindo a rampa e estacionando o veculo dentro do saguo a apenas cinco metros do elevador privativo do presidente da repblica. H poucos meses um cidado desequilibrado num Fiat Uno, que supostamente desejava falar com o presidente Lula, tentou uma entrada forada, sem se identificar, no Palcio da Alvorada. Vale ressaltar que em muitos dos ataques terroristas com carros-bomba perpetrados no Lbano, Israel, Chechnia e recentemente tambm no Iraque, os veculos carregados de explosivo no tiveram muita dificuldade de forar a passagem atravs dos portes de acesso, indo explodir no interior do permetro, bem prximo da instalao que objetivavam destruir. Por mais que as ocorrncias com carros-bomba no sejam usuais no Brasil, quando criminosos do PCC abandonam um veculo num Frum Criminal de So Paulo com 40kg de explosivos, independentemente da real vontade de explodir o carro, eles esto evidenciando a vulnerabilidade de nossos

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    planejamentos de segurana para fazer frente a tais ataques e dizendo, em outras palavras que poderiam vitimar impunemente juzes, funcionrios e o pblico daquele local se assim o quisessem.

    O evitar lanamento de foguetes e morteiros pressupe o estabelecimento de permetros seguros num grande raio, estabelecido a partir dos possveis "alvos", inspecionando o interior dos veculos que podem camuflar os lanadores.

    A DETECO DE BOMBAS:

    Na esmagadora maioria dos casos, uma bomba se constitui num objeto, ainda que aparentemente inocente, que se encontra destoando da paisagem de um determinado local. Pode ser aquele pacote, sacola ou mala, deixado num hall, banheiro ou corredor; ou, num caso ainda mais suspeito, um estranho objeto deixado prximo aos botijes de gs ou no PC de Luz de uma edificao. No casos dos carros-bomba, pode ser um veculo deixado estacionado num mesmo local por mais de um dia, sem motorista, e cujo interior no seja perfeitamente visvel ou que contenha objetos ou volumes dispostos de forma suspeita.

    Embora uma bomba de considervel efeito destrutivo possa ser construda com dois vasilhames, uma rolha e os componentes lquidos apropriados, a maioria das bombas com que normalmente se deparam os grupos especializados em artefatos explosivos contm metal. Os detonadores contm metal, pinos, molas, fios eltricos e baterias tambm so feitos de metal. Partculas metlicas podem ser descobertas pelos mesmos detectores que se utiliza para inspecionar pessoas armadas. O principal inconveniente do emprego de detectores portteis de metal que os mesmos no diferenciam componentes de um artefato explosivo, de clips, grampos de papel ou mesmo etiquetas metalizadas, podendo gerar alarmes falsos idnticos ao provocados por pequenas pilhas, fios e espoletas. Deve-se tomar cuidado para no deixar que uma continuada gerao de alarmes falsos comprometa a eficincia dos encarregados de inspecionar cartas e pacotes. Modernos detectores especiais de cartas bomba (como o SCANMAIL 10K, comercializado pela SCANNA MSC Ltd.) tem a habilidade de diferenciar itens inofensivos como clips e grampos. Tais aparelhos trabalham identificando a presena de material condutvel como fios energizados, baterias, temporizadores ou detonadores que compe normalmente tais artefatos. A visualizao de contedos de uma correspondncia ou pacote suspeito, alm do emprego de equipamentos de Raio-x, pode utilizar-se da projeo de lquidos transparenteadores como o Spray de Gs Freon. O borrifo do spray deixa o papel quase transparente e permite uma boa visualizao de contedos postais.

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    A visualizao de contedos, quase imprescindvel no trabalho das equipes encarregadas da neutralizao de artefatos explosivos, se utiliza do emprego de mtodos de radiologia. Os componentes de uma bomba e o funcionamento de seu mecanismo de acionamento se destacam com grande nitidez numa exposio ao Raio - X. Existem equipamentos portteis (normalmente empregados pelos grupos de E.O.D. de Polcias e Foras Armadas), bem como aparelhos de dimenses consideravelmente maiores, para inspecionar correspondncias e volumes em escritrios ou ainda para a visualizao de bagagem em aeroportos. Em se tratando de aeroportos, hoje so comuns aparelhos que projetam imagens coloridas dos mecanismos inspecionados (como o modelo 520E da RAPISCAN SECURITY PRODUCTS). Vale frisar que, como observaram recentemente autoridades federais norte-americanas que auditaram a segurana das instalaes aeroporturias daquele pas, no caso do emprego de aparelhos radiolgicos, o xito da deteco estar mais associado destreza, a ateno e a qualificao tcnica do operador do que propriamente s caractersticas do hardware.

    Estetoscpios eletrnicos so recursos utilizados por esquadres de bomba em todo mundo, sendo empregados para escutar rudos no mecanismo da bomba.

    Em se tratando de explosivos, os mesmos podem ser farejados por aparelhos especiais ou por animais treinados. A anlise qumica dos vapores empregada por uma variedade relativamente grande de aparelhos - todos extremamente caros - alguns, de considerveis dimenses e outros bastante portteis. Buscando sinais de organo-nitratos que esto presentes na maioria dos explosivos, detectores portteis detectam os vapores desprendidos das massas de explosivo, necessitando ser colocados bem prximos do objeto suspeito. um processo de inspeo rpido, que leva poucos segundos para se consumar.

    Alguns explosivos exalam odor semelhante ao de amndoas ou marzipan, porm no todos. Narizes humanos podem ser "trados" por explosivos que no tem cheiro, principalmente se colocados prximos de produtos cujos odores tendam a prevalecer e paream inofensivos. O emprego de animais, desde cachorros porcos treinados, obedece a princpios de treinamento bem simples: os animais praticamente brincando, se acostumam a procurar objetos com o odor caracterstico e so recompensados quando acham. Especialistas contudo consideram que no seja aconselhvel exigir de cada animal, a identificao de mais de dois tipos de odores. A emanao de vapores dos diversos tipos de explosivos pode reagir com corantes especiais que indicam a presena dos referidos componentes nos volumes mais insuspeitos. O kit de Sprays Detectores de Explosivos, fabricado em Israel, consiste num conjunto de trs latas de aerosol - destinadas a indicar tanto o TNT, TNB, bem como explosivos como SEMTEX H, RDX, C-4 e outros compostos contendo nitratos - podendo ser empregadas tanto na busca como na investigao ps exploso, tratando-se de um recurso cuja relao custo/benefcio tremendamente barata (custando cerca de US$300,00, permite diversas utilizaes).

    Contudo, mais eficaz do que quaisquer outros recursos, podem ser os sinais que indicam algo incomum, percebidos por pessoas alertas e conscientes de tais riscos - o apalpar de uma carta, um pacote

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    ou encomenda que no se solicitou ou esperava receber, um objeto novo em determinado local, o estacionamento de um carro e o nmero de sua chapa, o comportamento suspeito de algum com uma sacola tira-colo ou uma maleta nas mos... No se exige percia ou equipamentos especiais para reconhecer tais coisas, mas apenas precauo e certeza para onde se olhar. O que um cidado comum, sem treinamento, deve fazer identificar os sinais de suspeio em cartas, embrulhos, malas e at em carros estacionados, muito embora a modalidade carro bomba ainda no seja usual no Brasil. Uma vez alertada pelo seu desconfimetro, a pessoa dever isolar o objeto e chamar a polcia. Como bem observou um especialista britnico extremamente raro que algum, to logo desconfie da existncia de uma bomba, seja colhido por ela, pelo menos se ativer-se s normas de segurana que lhe foram ensinadas.

    MEDIDAS PREVENTIVAS, EM CASO DA DESCOBERTA DE BOMBA, ENGENHO OU VOLUME SUSPEITO:

    - Jamais tocar no dispositivo. Se manuseados - no caso de correspondncias ou pacotes -, jamais abri-los; - Em se tratando de cartas ou pacotes, no os introduza em meio liquido (gua ou leo), bem como no os coloque em armrios ou gavetas; - Deparando-se com volume suspeito, proceda imediata evacuao do local, inclusive pavimentos superiores e inferiores; - Isolamento da rea; - Contatar o esquadro especializado em neutralizao de artefatos explosivos da polcia local; - Continuar a busca, paralelamente s demais providncias, at se certificar da inexistncia de outras bombas; - Cortar o fornecimento de energia e gs; - Abrir janelas e basculantes como forma de minimizar os efeitos de sopro (deslocamento violento de ar) de uma eventual exploso; - Se possvel, cercar a bomba com material inerte (pneus, sacos de areia, colches ou gales de gua) sem cobri-la; - Caso haja passantes ou curiosos, procurar identific-los pois, dentre eles, poder estar o sabotador ou algum do seu grupo encarregado de aferir danos ou identificar os integrantes do esquadro de bombas, analisando seus procedimentos e assim alcanar xito num posterior ataque. Filmagens e fotografias da multido podero ser de grande valia para a investigao de autoria do atentado; - Afastar ao mximo a cena dos olhares dos curiosos. No caso de tratar-se de uma bomba de controle remoto, o xito da ao terrorista pressupe que o sabotador deva ter ampla visualizao da rea, a fim de decidir sobre o momento exato da detonao; - Outra medida necessria a de dissimular a chegada dos tcnicos do esquadro especializado pois, no caso de bombas controladas remotamente, o criminoso pode pretender explodi-las sem dar chance de sobrevivncia aos peritos.

    Anexo I MODELO DE NORMAS PARA O RECEBIMENTO DE AMEAAS TELEFNICAS DE BOMBA

    1) Embora a maioria das ameaas telefnicas de bombas se constituam em trotes sem maior importncia, TODAS as ligaes, a princpio devem ser tratadas como se fossem dignas de crdito.

    2) Quem recebe uma ameaa telefnica deve procurar coletar a maior quantidade possvel de dados do informante. importante deix-lo transmitir sua mensagem sem interrupo a fim de que nenhuma informao vital se perca.

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    3) Quem recebe a ameaa deve manter-se calmo, escutar e procurar transcrever com exatido as palavras empregadas pelo informante. Atentar para detalhes como sexo, idade aproximada, jeito de falar (pronncia de determinadas palavras ou fonemas, sotaques regionais brasileiros, sotaques estrangeiros grias, gagueira etc) e a maneira (rpida/lenta, arrastada, distorcida etc) ou tom (calmo, irado, obsceno, etc) em que a mensagem est sendo transmitida.

    4) Caso o interlocutor fale pouco, o receptor da chamada deve tentar indagar sobre mais detalhes acerca da bomba, demonstrando temor pela perda eventual de vidas humanas, implorando o auxlio e tentando despertar a compaixo do informante. Tente faz-lo falar!... importante buscar informaes sobre a localizao do artefato explosivo, qual o seu tipo, o horrio da detonao, quem o colocou e com qual propsito etc...

    5) Ao mesmo tempo em que conversa com o informante, o receptor da chamada preencher com ateno os tens 1 e 2 do questionrio especialmente designado para tais contingncias.

    6) Vale ressaltar que a quantidade e a qualidade das informaes obtidas junto ao receptor da chamada telefnica auxiliar na deciso de considerar ou no o alerta como genuno.

    7) O receptor da chamada no dever dar conhecimento do teor da mesma ningum - exceto pessoal autorizado da Polcia ou setor responsvel pela segurana - a fim de diminuir o risco de alastrar boataria e causar pnico. Vale recordar que muitas chamada do gnero apenas objetivam a desestabilizao psicolgica de seus receptores, com a paralisao de seus afazeres normais.

    8) Depois do recebimento da ameaa as informaes devero - de forma reservada - ser passadas ao responsvel pelo setor de segurana (atravs de Ramais telefnicos seguros), o qual analisar os fatos e decidir o curso de ao adequado.

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    Exemplo de carto/questionrio indicado pelo F.B.I.

    Anexo II MODELO DE QUESTIONRIO DE AMEAA DE BOMBA PARA EMPRESAS OU INSTITUIES

    1)Transcreva o teor da ameaa o mais fielmente possvel, utilizando todas as palavras empregadas pelo informante: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Perguntas a serem dirigidas ao informante: a) Quando a bomba ir explodir?___________________________________________________ b) Qual tipo de bomba?___________________________________________________________ c) Com que ela se parece?_________________________________________________________ d) Onde ela est colocada?________________________________________________________ e) O que pode faz-la explodir?____________________________________________________ f) Quem colocou a bomba?________________________________________________________ g) Por qual motivo?_____________________________________________________________ h) De onde voc est falando?_____________________________________________________ 3) Sexo do informante:________________ Idade Aproximada:____________________ 4) Nmero do telefone que recebeu a chamada:_______________________________________ 5) Nmero do telefone do qual partiu a chamada (se houver BINA):_______________________ 6)Hora da Chamada:_____________ Tempo de durao da chamada:______________________ 7) Sobre o informante: a) Calmo ( ) b) Raivoso ( ) c) Excitado ( ) d) Debochado ( ) e) Triste ( ) f) Choroso ( ) g) Fala Rpida ( ) h) Fala Lenta ( ) i) Fala Anasalada ( ) j) Fala Rouca ( ) k) Fala Normal ( ) l) Fala Abafada ( ) m) Fala Eletronicamente Distorcida ( ) n) Grias ( ) Exemplos:____________________________________________________________________ o) Sotaque Regional Brasileiro? ( ) Qual?________________________________________________________________________ p) Sotaque Estrangeiro ( ) Qual?________________________________________________________________________ q) Gagueira ( ) r) Caso a voz lhe parea familiar ou possa ser comparada voz de algum conhecido, indique a pessoa e um telefone para contato: ________________________________________________________ s) Outros sinais caractersticos da fala do informante: ___________________________________

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    ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8) Rudos de Fundo: a) Rua ( ) b) Vozes ( ) c) Msica ( ) d) Escritrio ( ) e) Telefones ( ) f) Motores de Automveis ( ) g) Motores de Aeronaves ( ); Jato? ( ) Hlice? ( ) h) Oficina ( ) i) Cozinha ( ) j) Serraria ou outras Maquinarias ( ) k) Animais ( ); Quais?___________________________________________________________ l) Ligao parece distante ( ) m) Rudo de esttica, dificultando a recepo ( ) 9) Linguagem da Ameaa: a) Irracional ( ) b) Extremismo Religioso ( ) c) Clara ( ) d) Erros de portugus indicando instruo deficiente ( ) e) Fluente (em portugus correto) ( ) f) Mensagem Lida ( ) g) Mensagem Gravada ( ) h) Aparentava conhecer detalhes sobre a instalao ameaada ( ) i) Aparentava conhecimentos tcnicos sobre explosivos e bombas ( ) J) Referiu-se a algum em particular (alguma autoridade, Diretor da empresa, gerente ou funcionrio)? ( ) Quem?___________________________________________________________________

    Anexo III GLOSSRIO DE TERMOS SOBRE ARTEFATOS EXPLOSIVOS ALTO EXPLOSIVO HE Substncias explosivas poderosas que, mesmo transformando seu estado fsico ao ar livre, produzem uma reao extremamente rpida e violenta, denominada de detonao. Em boa parte das vezes so inertes (no explodem ou incandescem sozinhos) e relativamente seguros, necessitando de um agente iniciador para entrar em reao, no caso, espoletas ou detonadores. Ex.: TNT, RDX, PETN, Composto C-4, Semtex, Dinamite etc... ARTEFATOS EXPLOSIVOS O mesmo que Bombas explosivas. So artefatos manufaturados para causar dano a partir de sua exploso.

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    BAIXO EXPLOSIVO Substncias de baixo poder como explosivos, passam do estado slido para o gasoso com certa lentido (velocidade subsnica). Normalmente deflagram quando confinados, sendo empregados principalmente nas cargas de propulso de projteis, nos rastilhos para os estopins, escavaes de terra etc. Ex.: Plvora negra, plvora sem fumaa. BOMBA DE NIPPLE Bomba simples, elaborada com baixos explosivos (plvoras) confinadas em recipientes fechados e acionada por meio de pavio. A maioria das granadas de fabricao caseira obedece a esse mesmo princpios de construo.

    BOMBA-RELGIO Artefatos explosivos cuja detonao se d por meio de um temporizador, que tanto pode ser um mecanismo de relojoaria ou um timer eletrnico. A vantagem do emprego de tais bombas a de permitir que o criminoso se coloque em segurana muito antes da exploso, a qual pode ser regulada para acontecer em perodos de doze horas (quando empregando relgios mecnicos) ou at com semanas de antecedncia (com uso de aparelhos de programao de tempo eletrnicos).

    BOMBAS Qualquer engenho explosivo ou incendirio capaz de explodir ou incendiar-se mediante ao recebimento de um estmulo externo apropriado. Consistem de vrios elementos combinados numa cadeia de disparo completa

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    com iniciador (espoleta ou pavio), carga explosiva principal (no caso, alto ou baixo explosivo) e um interruptor, que no caso de bombas terroristas normalmente encoberto por um disfarce.

    BOMBAS DISFARADAS Artefatos que no podem ser identificados como bombas por meio da simples observao leiga. H necessidade de exame cuidadoso para se chegar a uma concluso (como por exemplo o emprego de raios-X, anlise de vapores desprendidos, estetoscpio eletrnico, deteco de partculas metlicas etc).

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    BOMBAS SIMPLES Artefatos que, uma vez observados, podem instantaneamente ser identificados como bombas.

    CARTA-BOMBA Denominao generalizada de bombas remetidas por via postal. Normalmente so acionadas quando da abertura dos envelopes ou pacotes. COBERTOR DE BOMBAS Painis flexveis, confeccionados com diversas camadas de tecido balstico resistente (o mesmo dos coletes prova de balas) que disposto sobre ou em volta de uma bomba, a fim de minimizar os efeitos da sua exploso acidental (sopro e estilhaamento). CONTENTOR DE BOMBAS Recipiente de alta resistncia, normalmente confeccionado em ao, por vezes revestido de concreto, capaz de receber bombas pequenas (de at 2 ou 4 kg de alto explosivo) em seu interior e resistir a sua detonao, eliminando os efeitos destrutivos. Usualmente encontrado em instalaes de alto risco, onde exista o perigo ou histrico anterior de ataques com bombas. DEFLAGRAO Um processo subsnico (de velocidade relativamente baixa) pelo qual um baixo explosivo (coma a pvora, por exemplo) libera sua energia atravs de uma queima rpida ou processo de auto-combusto. DETECO DE BOMBAS Trata-se da descoberta e a positiva identificao de uma bomba, a qual pode ou no estar baseada nos mesmos processos de deteco de materiais explosivos, constituintes das bombas (spectometria inica, sensoreamento imunoqumico, cromatografia de gases, inspeo com emprego de animais treinados etc). Pode ser baseada na busca e na identificao visual de componentes (a olho n e ao raio-X), na deteco de partculas metlicas etc.

    Com equipamento de inspeo de fibra tica, o tcnico v por trs do piso de tbuas e no interior do gravador

    DETECO DE EXPLOSIVOS Qualquer recurso, engenho, pessoa ou animal pode ser empregado na deteco de explosivos. Como por exemplo incluem-se os spectmetros de mobilidade inica, os aparelhos de raios-X para a visualizao de bagagens ou pacotes, a combinao de ces treinados e seus condutores, bem como a figura do agente de segurana conduzindo uma inspeo manual em volumes, bolsas e maletas.

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    Detector de vapores explosivos, aparelho de raios-x fixo e porttil

    DETONAO o processo pelo qual um alto explosivo se decompe e libera sua energia, com uma onda de choque e calor que excede a velocidade do som. A velocidade de detonao (velocidade da onda de choque) varia de acordo com o tipo de explosivo empregado e suas caractersticas. DETONADORES Recurso empregado para forar a entrada dos explosivos em reao. Trata-se de um pequeno tubo ou cpsula, contendo uma carga explosiva primria, que vai ativar a carga explosiva principal. O mesmo que acionadores ou espoletas. DINAMITE Explosivo comercial, slido e sinttico, empregado em aes de demolio. Embora de uso controlado pelo Ministrio da Defesa, de obteno relativamente fcil pela grande disponibilidade no meio civil. Normalmente encontrada sob forma de bastonetes cilndricos, envoltos em papis encerados ou plstico. Como um alto explosivo, no detona sozinho; necessitando de um iniciador, no caso, espoletas eltricas ou pirotcnicas. E.O.D. Explosive Ordnance Disposal Sigla inglesa que denomina o trabalho de manuseio e neutralizao de artefatos explosivos. EQUIPE DE BUSCA Numa instituio, trata-se do grupo encarregado de proceder uma inspeo discreta nas instalaes a fim de certificar-se da existncia ou no de artefatos explosivos, obedecendo a um planejamento previamente estabelecido. No necessita ser composto de especialistas em explosivos, apenas devem conhecer muito bem o local onde atuam, assim como estar familiarizados com diversos tipos de artefatos passveis de serem encontrados, seus eventuais disfarces, formas de acionamento etc. Ao contrrio do que se pensa (e erradamente se faz), a equipe especialmente treinada (que conhece mincias da instalao) e no o esquadro anti-bombas da polcia local, quem inicialmente deve proceder a busca no interior da rea sempre que houver uma suspeita de bomba. Uma vez encontrado um objeto suspeito a rea evacuada e completamente isolada, a polcia acionada e assume o comando da ocorrncia. ESPOLETAS ELTRICAS Pequenas cpsulas acionadoras cuja iniciao se d pela passagem de cargas eltricas as quais ativam a sua respectiva carga explosiva.

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    ESPOLETAS PIROTCNICAS Cpsula acionadora cuja iniciao se faz por meio de pavio incandescente, o qual ativa a pequena carga explosiva primria. EXPLOSIVOS Toda substncia, composto ou mistura que, uma vez submetida a um estmulo apropriado (que pode ser calor, choque, frico etc), mediante uma reao qumica, transforma-se violentamente em gases, com a produo de elevadssimas presses e grande desprendimento de calor. EXPLOSIVOS PLSTICOS Materiais altamente explosivos, os quais tem em geral a consistncia de massa plstica. Normalmente trata-se de compostos de RDX e/ou PETN com uma pequena quantidade de leo ou agente plasticizante. EXPRAY Kit de campo, base de aerosis, comercialmente disponvel, capaz de detectar a maioria dos explosivos. A deteco baseada na mudana de cor de papis indicadores especiais quando tratados com um dos trs tipos de spray. Embora muito empregado, o sistema contudo tem limitaes e no pode assegurar a deteo de diversos tipos de compostos como misturas de clorato de potssio, clorato de sdio e nitrato de potssio com acares, enxofre ou carbono.

    Conjunto de valise com os sprays e seu emprego

    GRANADAS Bombas militares de pequenas dimenses, confeccionadas com alto-explosivo, facilmente transportveis e que so lanadas normalmente por arremesso manual. Com um poder de destruio desproporcional ao seu tamanho, tambm podem vitimar pela projeo de estilhaos.

    I.E.D. IMPROVISED EXPLOSIVE DEVICE Trata-se do engenho explosivo improvisado ou de fabricao caseira, extremamente traioeiros e perigosos, uma vez que no obedecem a nenhum padro. Refletem a imaginao de seu construtor, podendo ser simples ou extremamente elaborados e de difcil neutralizao. Hoje, inmeros projetos simples de tais artefatos encontram-se largamente difundidos na rede mundial de computadores, aumentando a dor-de-cabea de planejadores e elementos de segurana.

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    LOCAIS PROPCIOS COLOCAO DE BOMBAS rigor, uma bomba pode ser colocada em qualquer lugar. Com o propsito de colher os melhores benefcios de seu poder explosivo, as bombas normalmente so colocadas discretamente no local que se deseja destruir, posicionadas em locais onde podem causar extenso dano material. Em outra situao, quando se objetiva maximizar perdas de vidas humanas, podem constituir-se em volumes, aparentemente esquecidos em locais de ampla circulao de pessoas. Na dvida, desconfie de tudo aquilo que por ventura estiver destoando da paisagem local.

    MINAS Bombas militares ou improvisadas, as quais so instaladas sob o solo (em tneis ou buracos) com o propsito de explodir a partir da presso exercida sobre seus detonadores ou sob comando. Algumas armadilhas militares empregadas na superfcie do solo tambm so genericamente conhecidas como minas (vide mina a Claymore e suas cpias).

    Esquema de tneis com explosivos, muito empregados na I Guerra Mundial e no Vietn (esq.) e diferentes tipos de

    minas e armadilhas (dir.).

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    Explosivos enterrados foram usados nos atentados contra o Alte.Carrero Blanco na Espanha (esq. E centro,)

    bem como contra o Juiz Giovane falcone na Itlia (dir.)

    Exemplares de minas anti-pessoais, enterrvel e de superfcie (dir. e centro) e anti-tanque (esq.)

    PIPE BOMB Bomba improvisada, com o mesmo princpio da Bomba de Nipple, a partir pedaos de canos metlicos tampados em suas extremidades, recheados com plvoras ou mesmo com alto explosivos. Largamente empregada por terroristas em atentados pelo mundo afora, alm dos danos pela violenta exploso, acarreta srios ferimentos pela projeo de estilhaos.

    Pipe-Bomb, no momento de sua detonao durante as Olimpadas em Atlanta (U.S.A.)

    PLANO DE CONTINGNCIA ANTI-BOMBA Trata-se da normatizao de medidas a serem empregadas em face de um alerta de bombas, o qual pode ser motivado por comunicao annima (telefnica, bilhete ou carta) ou pela descoberta de volume ou engenho suspeito. Um plano definir atribuio e setores da equipe de busca, estabelecer a forma de comunicar a ocorrncia s pessoas do local (de forma a minimizar o risco de generalizao do pnico) bem como todas as demais rotinas de pronta resposta julgadas necessrias, estabelecer procedimentos de evacuao etc SISTEMAS DE DETONAO As bombas, quanto ao seu sistema de detonao dividem-se em: DE ARMADILHA, DE TEMPO e CONTROLADO REMOTAMENTE.

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    - De armadilha: por compresso, por descompresso, por trao, por descontrao ou liberao (ao inversa trao), ssmico (ou vibratrio), fotoeltrico ou anti-magntico; - De tempo: por hora certa ou de retardamento (quando independer de mecanismo de preciso); - De acionamento remoto, quer por fio ou como o mais usual, a partir do emprego de controles de rdio (como os usados em portes de garagem ou em modelismo) e telefones celulares.

    Valise-bomba com mecanismo de detonao ativado por meio de um simples telefone celular

    Livro-bomba com mecanismo de detonao de armadilha ativado pela trao da nota (esq.) ou abertura do livro (ao de descompresso, no livro direita)

    SPRAY TRANSPARENTEADOR Aerosol que pulverizado sobre uma superfcie de papel permite ver atravs do mesmo, facilitando a identificao de contedos de cartas e pacotes.

    Anexo IV REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS E

    INDICAES PARA LEITURA

    1) BOMBS PROTECTING PEOPLE AND PROPERTY, Home Office Public Relations Branch, UK, 1994. 2) E.O.D. IMPROVISED EXPLOSIVES MANUAL, Editora Paladin Press, Colorado, USA, 1990; 3) FEDERAL BOMB INTELLIGENCE U.S. GOVERNMENT GUIDE TO TERRORIST EXPLOSIVES,

    Editora Paladin Press, Colorado, USA, 1991; 4) Heydte, Friederich August, Freiherr Von der. A GUERRA IRREGULAR MODERNA, Biblioteca do

    Exrcito Editora, Rio de Janeiro, 1990.

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    5) W. Myers, Lawrence. COUNTERBOMB, Editora Paladin Press, Colorado, USA, 1991; 6) Souza, Wanderley Mascarenhas de. CONTRA-ATAQUE MEDIDAS ANTIBOMBA, cone Editora Ltda,

    So Paulo, 1993. 7) Livingstone, Neil C. e Arnold, Terrell E.. CONTRA-ATAQUE PARA VENCER A GUERRA CONTRA O

    TERRORISMO. Editora Nrdica, Rio de Janeiro, 1986. 8) Bolz Jr., Frank; Dudonis, Kenneth J. e Schulz, David P.. THE COUNTERTERRORIST HANDBOOK

    Tatics, Procedures and Techniques, CRC Press LLC, Florida, USA, 2000.