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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOSERVIÇO SOCIAL
JOELSON PINHEIRO DE LIMA
CRIANÇAS ABANDONADAS NO BRASIL: UM PROBLEMA SOCIAL OU POLÍTICO?
Quixeramobim2012
JOELSON PINHEIRO DE LIMA
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CRIANÇAS ABANDONADAS NO BRASIL: UM PROBLEMA SOCIAL OU POLÍTICO?
Trabalho apresentado ao Curso de Serviço Social da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas de Psicologia Social; Sociologia; Filosofia; Fundamentos históricos, teóricos e metodológicos do Serviço Social II.
Prof. Lisnéia Rampazzo, Sergio de Goes Barboza, Márcia Bastos e Adarly Rosana.
Quixeramobim
2012
SUMÁRIO
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RESUMO_________________________________________________4
INTRODUÇÃO_____________________________________________5
DESENVOLVIMENTO_______________________________________6
CONSIDERAÇÕES FINAIS___________________________________9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS_____________________________10
RESUMO
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Esta produção textual objetivou compreender a realidade
social do abandono de crianças, fazendo uma analise de seu contexto histórico
e atual, mostrando o mesmo como um problema social que persiste há séculos.
Mostrou também a realidade e o interesse escondido que existia nas Casas
dos Expostos e a “roda dos expostos”, ao qual esta representou um elevado
índice de mortalidade infantil. Também abordou os padrões que regiam a
sociedade da época (séculos XVIII, XIX e XX), e os motivos que levavam as
mães a abandonar seus filhos, como por exemplo, o ato do pecado.
Observou também as políticas sociais marcantes no governo
Vargas, tendo como foco a criança pertencente ao Estado. Processo esse que
foi se descentralizando com o decorrer dos anos e governos posteriores, e
sendo marcante com a implantação do ECA – Estatuto da Criança e do
Adolescente. Além disso, o presente estudo mostrou a carência de políticas
sociais que aparam a mãe da criança e que garantam, em todas as classes
sociais, os direitos de todas as crianças brasileiras. Mostrando também que é
dever do Estado, Sociedade e Família cuidarem de nossas crianças.
INTRODUÇÃO
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O presente texto irá discorrer sobre a questão das crianças
abandonadas no Brasil, se o mesmo é um problema social ou político.
Evidenciando as primeiras formas de abandono, os motivos, as instituições que
aparavam essas crianças e o desenvolvimento das mesmas, juntamente com o
desenvolvimento das práticas assistenciais.
Discorrerá também sobre as políticas sociais do governo
Vargas, os órgãos surgidos na época, à questão do direito do Estado sobre a
criança e o crescimento do Serviço Social que foi marcante nesse período.
Será enfatizado também a criação do ECA – Estatuto da
Criança e do Adolescente, a carência das políticas/programas sócias, o dever
da sociedade e família na proteção a criança. Abordará o cenário atual que
leva a mãe a abandonar um filho, visto que esse ato se da por diversos
motivos, os quais o Estado apresenta sua parcela de culpa.
DESENVOLVIMENTO
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Analisando o contexto histórico, observa-se que o abandono
de crianças é um problema que vem desde a antiguidade e que persiste no
mundo contemporâneo, tornando-se uma realidade lamentável. Sendo esta
uma realidade social presente há séculos, as crianças abandonadas
antigamente recebiam os termos de “expostos” e “enjeitados”, os quais
caracterizavam o seu abandono em alguns locais na esperança de serem
recolhidos. Nesse cenário, surgiu assim a Casa dos Expostos e a “rodas dos
expostos”, esta uma decisão política errada.
Criadas no ato da caridade, as casas dos expostos na
verdade tinha como intuito escondido “mascarar” a realidade do abandono,
dando uma boa identidade à sociedade da época. A roda dos expostos tinha
como característica o anonimato da pessoa que deixava o bebê, abandonando-
o. Segundo alguns autores, a roda estimulou o abandono, pois trouxe um efeito
contrário ao seu propósito e as instituições começaram a ser marcadas por
doenças que trouxeram a alta taxa de mortalidade infantil.
Com isso, tal intuito de mascarar a realidade não foi mais
possível e foram tomadas algumas medidas que fizeram com que ocorre-se à
institucionalização do abandono. Fato importante a ser destacado, pois
seguindo os anos posteriores novas formas de enfrentamento ao abandono
foram criadas, o que fez com que surgissem algumas práticas assistenciais,
estando às mesmas relacionadas aos serviços sociais. A roda foi um marco no
Brasil.
Visando todo o contexto que marcava as primeiras formas de
abandono, este era considerado uma questão de cunho social, os quais se
davam por motivos éticos, morais, econômicos, por falta de afetividade, por
medo, por julgamentos e por fatores sociais. Posteriormente, o avanço
industrial influenciou tal ato. No Brasil, além desses motivos estarem presentes,
o analfabetismo, segundo alguns dados, pode ter sido um importante motivo
para o abandono. A personalidade ou a concepção de sujeito da época era
marcada pelos padrões que regiam a sociedade, onde os mesmos deveriam
ser mantidos e o cidadão ter um perfil sem julgamentos. Os atos fora desses
padrões vigentes eram considerados pecados, e as crianças surgidas desse
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pecado eram abandonados, fato que aumentou o número de abandonos. Além
disso, nos anos seguintes, uma característica importante foi o vinculo que
começou a surgir entre mãe e filho e o sentimento de culpa.
O abandono de crianças, embora tenha sido intenso nos
séculos anteriores, ainda ocorre hoje. Tendo sua raiz como um problema
social, porém com o fator político influenciando, o mesmo esta presente nas
sociedades e está constantemente sendo questionado na mídia e ressaltado
nas políticas públicas brasileiras. Englobando um cenário de pobreza, é um
fato marcante no Brasil e se da por diversos motivos sociais e políticos.
Assim, tendo como enfoque o que leva uma mãe a abandonar
um filho, pode-se destacar que hoje, esse ato ocorre por dificuldades
financeiras, falta de estruturação familiar, rejeição da mãe perante a sociedade
por algum motivo, personalidade da mãe, representação social, sua identidade
pessoal/individual, além da situação socioeconômica e das políticas públicas
que envolvem a vida da mãe ou da família em geral. Além disso, a questão do
aborto ser proibido pode fazer com que essa mãe abandone a criança.
Também, observa-se que hoje a concepção de sujeito é diferente de
antigamente, podendo o mesmo ser uma pessoa influenciável, ter uma “crise
de identidade”, onde sua subjetividade se da pelos determinantes sociais, aos
quais estes os levam a praticar o abandono de uma criança.
Na questão do abandono, embora sua raiz seja social, as
políticas sociais e públicas tem seu peso nesse problema social. As
desigualdades sociais, a miséria, a falta de oportunidades, o não planejamento
ou o planejamento frágil de medidas que visem evitar o abandono de crianças
e a mortalidade das mesmas, além da questão da desigualdade econômica da
família, estão presentes na realidade social de muitas famílias.
Voltando um pouco ao passado, ao ressaltar essas políticas
sociais, faz-se uma analise das mesmas a um período marcante do Brasil, que
foi o governo Vargas. A Era Vargas, como é chamado, foi um período
importante para a profissionalização do Serviço Social e para as práticas de
assistência social, onde vários órgãos foram criados, entre eles: o SAM –
Serviço de Assistência ao Menor; a LBA – Legião Brasileira de Assistência, e o
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Conselho Nacional de Serviço Social. Esses órgãos tinham como intenção o
atendimento a população e, em especial, a criança. É importante salientar que
nesse período a criança era vista como objeto do Estado, cabendo ao mesmo
sua proteção. E uma prática muito usada foi à internação e o ajustamento
social dos menores. Passada a Era Vargas e também o período da Ditadura
Militar, houve o período da redemocratização da sociedade brasileira, ao qual a
criança passa a ser vista como responsabilidade da família, da sociedade e do
Estado, passando a ser um sujeito de direitos, o que ocorre atualmente. É
nesse contexto que surgiu o ECA.
Importante instrumento na luta contra o abandono de crianças
e na defesa dos direitos das mesmas, o ECA – Estatuto da Criança e do
Adolescente (LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990), traz uma série de
leis/artigos, o qual ressalto:
Art. 4º- É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (ECA).
Observa-se que promulga o cuidado que devemos ter,
sociedade e poder público, para com nossas crianças e adolescentes, evitando
tal prática do abandono, garantindo as mesmas todos os direitos que lhe são
assegurados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Diante dos fatos mencionados, pudemos perceber que o
abandono e o descaso com nossas crianças é uma realidade social que
persiste há séculos. Sendo o mesmo um problema social de caráter individual e
coletivo (Estado, Sociedade e Família), tanto por parte dos problemas/motivos
individuais restritos ao individuo, no caso a mãe da criança, que comete o ato,
e por parte da carência das políticas sociais/públicas. Observa-se que ocorre
um abandono do Estado para com algumas famílias, caracterizando um
cenário de desemprego e a desestruturação familiar. Além disso, alguns
autores ressaltam que esse problema social ocorreu e ocorre mediante aos
interesses políticos, econômicos e pelos acontecimentos sociais que marcaram
a nossa história.
Pudemos perceber também que o Brasil passou por uma
série de estruturação em relação aos programas sociais referente às crianças e
ao adolescente. E que o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, foi e é
um importante instrumento na luta pela proteção integral da criança e do
adolescente. Também, é importante salientar as crianças como atores sociais,
que participam/interagem no mundo, e que esse processo ainda gera
discussões.
Ainda há um enorme caminho a trilhar, muitos obstáculos a
ultrapassar. Pontua-se que o Brasil necessita de um programa mais
estruturado que proporcione a resolução do problema social na sua raiz e não
por partes. E que as ações governamentais garantam direitos e condições
dignas para cada cidadão como emprego, saúde, educação, lazer, fator esse
que, em parte, ajuda na estruturação familiar. Além disso, é importante o amor
materno para o bebê, a proteção do seu desenvolvimento, a valorização do
mesmo e o aparato a mãe, evitando que ela cometa esse ato cruel que é
abandonar o próprio filho. Devido às dimensões do problema, é um caminho
difícil, porém não é impossível.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
10
BARBOZA, Sergio de Goes. Sociologia: serviço social / Sergio de Goes
Barboza. – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
Casos de crianças abandonadas no Brasil. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=A8KePbWwgJg. Acesso em: 15 de Outubro
de 2012.
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (LEI 8.069). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm. Acesso em: 27 de
Setembro de 2012.
FERREIRA, João Vicente Hadich. Filosofia: serviço social / João Vicente
Hadich Ferreira. – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
GOES, Adarly Rosana Moreira. Fundamentos históricos, teóricos e
metodológicos do serviço social II: serviço social / Adarly Rosana Moreira
Góes. – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
PEREZ, José Roberto Ruz; PASSONE, Eric Ferdinando. Políticas sociais de
atendimento às crianças e aos adolescentes no Brasil. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/cp/v40n140/a1740140.pdf. Acesso em: 01 de Outubro
de 2012.
SIKORSKI, Daniela. Psicologia Social: serviço social / Daniela Sikorski,
Lisnéia Aparecida Rampazzo. – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
SOEJIMA, Carolina Santos; WEBER, Lidia Natalia Dobrianskyj. O que leva
uma mãe a abandonar um filho. Disponível em:
http://www.nac.ufpr.br/artigos_do_site/2008_O_que_leva_uma_mae_a_abando
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TRINDADE, Judite Maria Barboza. O abandono de crianças ou a negação
do óbvio. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0102-01881999000100003&nrm=iso&tlng=pt. Acesso
em: 20 de Setembro de 2012.