o profetismo

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1 Antigo Testamento O Profetismo em Israel

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Antigo Testamento

Antigo Testamento

O Profetismo em

Israel

O Profetismo em

Israel

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• O termo grego "profeta" traduz a palavra hebraica nabî’, usada correntemente no AT.

• Têm existido muitos esforços no sentido de conhecer de um modo exato o significado deste termo.

• No passado alguns linguistas tentaram fazer derivar este termo duma raiz que significa brotar, enquanto outros quiseram antes entendê-lo como uma forma passiva do verbo que significa entrar, encontrando nestas raízes um modo de explicar o fenómeno profético e o seu elemento extático.

• Atualmente os linguistas relacionam, de um modo geral, o termo nabî' com o termo acádico nabú que significa chamar, nomear.

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• Contudo, persistem muitas dúvidas quanto ao modo de o entender.

• Para alguns deve entender-se no sentido passivo: o arrebatado, o chamado pelo espírito, enquanto outros defendem o sentido ativo: o arauto, ou locutor.

• De qualquer forma, podemos dizer que o "profeta" era alguém que tinha como missão transmitir uma mensagem que a divindade lhe confiava.

• No caso dos profetas de Israel, esta missão é confirmada pela fórmula com que introduzem a sua comunicação "assim fala Javé...“, semelhante à forma epistolar usada no médio oriente.

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Os livros proféticos, o seu contexto histórico

• Javé está presente na história e dialoga com o ser humano na história.

• Alguns profetas foram conselheiros, outros opositores e a outros coube o duplo papel.

• A profecia, sobretudo depois do séc. VIII, não esteve apenas ligada à monarquia, mas a todo o povo.

• Muitos oráculos denunciavam a injustiça em Israel e mostram onde Deus intervém para dar alimento ao povo ou ajudá-lo a instalar-se na terra de Canaã.

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Os livros proféticos, o seu contexto histórico

• Agora Deus intervém para condenar o mal. Não se pode viver mais na sombra do Deus bom e misericordioso.

• Deus não pode mais com o pecado de Israel.

• Os profetas introduzem a dimensão ética em Israel. Todos os textos que têm uma dimensão ética e se referem a épocas anteriores foram escritos depois dos textos proféticos.

• O profetismo surgiu muito ligado a questões político/religiosas, mas na terceira fase pretende uma reconstrução política.

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Profetas de Israel

Josué

Samuel (livros 1 e 2) Profetas anteriores

Reis (livros 1 e 2)

Estes profetas – anteriores – viveram numa época anterior ao período do exílio – o período profético por excelência, embora os textos tenham sido escritos muito posteriormente.

Os seus livros pertencem ao grupo dos livros históricos e deuteronomistas (da 2ª lei).

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Profetas de Israel

Isaías (I, II e III)

Jeremias Ezequiel

- Lamentações

- Baruc - Miqueias

- Daniel - Naum

- Oseias - Habacuc Profetas

- Joel - Sofonias menores

- Amós - Ageu

- Abdias - Zacarias

- Jonas - Malaquias

Estes profetas – anteriores – viveram numa época anterior ao período do exílio – o período profético por excelência.

Os seus livros pertencem ao grupo dos livros históricos e deuteronomistas (da 2ª lei).

Profetas posteriores

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Profetas Anteriores

• A profecia bíblica inseria-se no contexto da profecia de todo o antigo Médio-Oriente.

• O profetismo não surgiu do nada. Vários profetas consideram-se continuadores dos seus antepassados.

• A profecia deuteronomista está influenciada por uma visão de explicação do exílio

• O exílio aconteceu porque Israel não viveu a Aliança e não escutou a promessa que Deus lhe fez.

• Os grandes culpados são os líderes, sobretudo os do Reino do Norte.

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Profetas Anteriores

• Os redatores do Deuteronómio atribuem a origem do profetismo a Moisés e estende-se até ao último profeta em Israel. O profeta é uma resposta de Deus para intervir na história.

• (Nu 11,10-25) Moisés já não é capaz de resolver todos os problemas de Israel. Deus tira um pouco do Espírito de Moisés e doa-o aos 70 anciãos para que se comportarem como profetas – legitimação da profecia – brota do Espírito de Javé.

• O profeta nunca fala em nome próprio, mas em nome de Javé.

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Profetas Anteriores

• O profetismo surge de uma intervenção direta de Javé. Deus não muda as pessoas, usa-as. Os profetas são mediadores.

• A história deuteronomista defende que a profecia começou com Samuel em Silo (I Sam 3 e 4).

• Miriam está contra a exclusividade do profetismo masculino. Débora já era uma juíza e proferia profecia em relação à atividade militar (Jz 4 e 5).

• Com a monarquia ganha relevo a profecia ligada à corte.

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O início do profetismo com Elias e Eliseu

• Durante 2 séculos, desde a morte de Salomão até à queda da Samaria, as referências à profecia reduzem-se quase todas ao reino do norte.

• Elias anuncia já a divisão entre o norte e o sul. Depois desta profecia ganha força uma profecia contra a corte ao ponto de gerar deposições de reis no reino do norte.

• No norte havia muito mais sincretismo religioso – profetas de Baal, no monte Carmelo. É neste contexto que vão trabalhar Elias e Eliseu.

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O início do profetismo com Elias e Eliseu

• Elias vai dizer que Deus está contra o povo mas vai guardar e proteger apenas um pequeno resto.

• Normalmente a verdadeira profecia incomodava – é difícil dizer às pessoas aquilo que elas não querem ouvir.

• O profetismo bíblico afasta-se cada vez mais das formas de profetismo extra-bíblico. Está cada vez mais ligado à vida social, política e religiosa e à monarquia.

• I Rs 20, 33.21,17-22 – Quando há um oráculo, este começa sempre por “Assim fala o Senhor...”

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Samuel (escrito cerca de 550 a. C.)

• Samuel está na fase da transição entre o ser juiz e o ser um profeta.

• É este o profeta que vai abençoar os primeiros reis: Saul e depois David.

• Inicialmente opunha-se à criação de uma monarquia – afirmava que o verdadeiro rei é Deus e se o povo tem um rei na terra abandona o verdadeiro rei que é Deus.

• Muito do conteúdo dos livros de Samuel têm a intenção de mostrar a glória do período áureo da monarquia como objetivo a alcançar de novo, depois do exílio.

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PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII

• Nenhum dos profetas escreveu os livros que têm o seu nome.

• A linguagem vem de âmbitos muito diversos:

– oráculos familiares,

– do quotidiano,

– do ambiente cultual como:

• hinos,

• instruções,

• orações

• preceitos jurídicos.

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PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII

• Os profetas usaram a linguagem de alguém que é acusador e de alguém que é acusado, com o objetivo de obterem a conversão.

• Há determinados tipos de oráculos que são quase exclusivos da linguagem profética: oráculos de vocação e de salvação.

• Os oráculos de Condenação/conversão – foram proferidos sobretudo antes do exílio;

• Os oráculos de Salvação – foram proferidos sobretudo depois do exílio.

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PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII

Da Profecia ao Livro• A passagem da palavra oral à palavra escrita – o

profeta tinha como missão comunicar. Eram homens da palavra, terão escrito muito poucos oráculos.

• O interesse pela escrita terá surgido da necessidade dos profetas, a partir do séc. VIII, escreverem as suas declarações para as confiar aos discípulos.

• Outros dizem que foi a necessidade de registar e escrever os anúncios como memória de algo que vai acontecer.

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PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII

Da Profecia ao Livro• Os textos deixados pelos profetas foram

conservados e lidos. • Cada livro profético tem uma história

– a da sua redação – a das fases que sofreu cada livro– a história de fidelidade dos discípulos– a mensagem do profeta– o interesse que tiveram pela mensagem.

• Houve momentos da história de Israel que provocaram leituras diferentes dessa história.

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PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII

Da Profecia ao Livro• Por exemplo os 2 exílios

– Um desses momentos foi o da queda da Samaria. Com a queda do Reino do Norte, Judá ficou desprotegido. O Reino do Norte foi transformado em província da Assíria e esta ficou muito próxima de Jerusalém.

• Nos séc. VII e VI a. C. há um outro momento de grande revisão e releitura da história de fé com o exílio da Babilónia - desde aí Israel nunca mais teve independência política. Só a conseguiu no século XX – todas as escolas dos discípulos dos profetas a repensar a mensagem do próprio profeta. Ex.: Livro de Isaías.

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PROFETAS POSTERIORES – Séc. VIII

Da Profecia ao Livro• Na época dos persas, depois do exílio, Esdras e

Neemias testemunham grandes rivalidades entre os que ficaram e os que voltaram da Babilónia – é nesta época que começa o judaísmo, a estruturação da fé. Até aí era a fé dos pais.

• Esta época foi muito importante para a última redação do Antigo Testamento e, em particular, dos textos dos profetas.

• Nenhum livro profético foi o olhar de uma pessoa só (como hoje acontece) aliás, esse foi o processo de escrita de qualquer livro bíblico.

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Contexto Histórico e etapas de redação

• Durante a época anterior ao exílio os profetas anunciavam o castigo. Quando esse castigo aconteceu, passaram a falar da esperança.

• É depois do exílio que os profetas Jeremias e Ezequiel começam a falar de uma nova aliança.

• Tal como detetaram a corrupção, também na desgraça veem que Deus não os abandonará.

• O Deutero-Isaías ou Isaías dos cap. 40 a 55 é um profeta que já fala do regresso do exílio. Compara Ciro (rei dos persas) ao “servo”, mas apenas de um momento, enquanto o “servo” será um salvador definitivo.

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Contexto Histórico e etapas de redação

• Depois do exílio é necessário reorganizar a sociedade e reconstruir o Templo. É o momento em que nasce o judaísmo.

• A profecia dos séc. VIII e VII incidiu nas injustiças sociais e todos os profetas, ao seu modo, falaram da corrupção social.

• Amós fala contra as injustiças sociais da Samaria com a complacência do Templo. Miqueias fala contra os latifundiários... Outros falam da corrupção religiosa, do culto a outros deuses, mas todos foram contra um culto vazio que pretendia a manipulação de Deus com peregrinações, promessas, orações... em vez de ver Deus como o justo que está ao lado dos mais fracos.

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A mensagem profética do Exílio

Ezequiel; Isaías (40-55); Jeremias• Desprezo pelos estrangeiros – porque assumiram a

soberania que pertencia a Jahvé;• Denúncia dos ídolos estrangeiros;• Anúncio da Salvação.

• A mensagem profética do tempo da restauraçãoZacarias, Ageu, Isaías (56-66)

•  Vitória sobre os inimigos;• Ideia de um juízo terrível;• Salvação para os justos.

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A mensagem profética do tempo do silêncio

Joel, Malaquias, Abdias• A profecia começa a ceder lugar à apocalíptica.

Neste tempo já há muitos textos proféticos escritos. Já não há a necessidade de intermediários.

 

• Da apocalíptica judaica – a conceção apocalíptica (revelação) já na época judaica – grande quantidade de livros desta corrente são apócrifos.

• Trata-se de uma literatura própria das épocas de crise, em que se procura revelar os caminhos de Deus sobre o futuro para consolar e encorajar os justos perseguidos, dando-lhes a certeza da vitória final.