modulo 2 - 01 linguas
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LÍNGUAS
Professora MSc. Katiane Iglesias Rocha Araújo
Professor MSc. Grimáldo Grella
Módulo
Unidade Didática – Língua Latina
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Unidade Didática — Língua Latina
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Apresentação
Caro(a) Acadêmico(a),
Bem vindo(a) à Unidade Didática Língua Latina!
Como falantes de língua portuguesa, o latim tem para nós um sabor todo especial: o da redescoberta da
nossa própria língua.
Do latim originaram-se as línguas românicas, como o francês, o italiano, o espanhol e, claro, o português.
É por isso que o estudo da língua latina é tão importante, pois passamos a compreender melhor alguns aspec-
tos que utilizamos todos os dias, quando lemos, escrevemos e falamos.
Na Unidade Didática Língua Latina nós vamos traçar um percurso que vem desde a origem das línguas até
os nossos dias, passando por aspectos fundamentais para a compreensão da estrutura do latim, além de suas
transformações e contribuições para a língua portuguesa.
Você vai entender os casos, as declinações, as conjugações verbais e muitos outros pontos fundamentais
do latim.
Além de tudo isso, você vai perceber o quanto o latim ainda está vivo no nosso dia-a-dia, em expressões
que vão desde o etcaetera (de onde vem a abreviação etc), até um simples P.S. (Post Scriptum), que você coloca
em uma carta, ou mesmo nas fertilizações in vitro (que achamos símbolo de modernidade, não é mesmo), a
partir de considerações sobre etimologia.
Em cada unidade didática você irá ampliar os seus conhecimentos quanto às letras, seja no universo da
escrita, seja no universo da expressão oral, desde a época mais antiga à contemporaneidade!
Professora MSc. Katiane Iglesias Rocha Araújo
Professor MSc. Grimáldo Grella
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AULA 1 — Origem e Formação da Língua Latina
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Conteúdo• Origem das línguas: o indo-europeu; o latim; as línguas românicas
Competências e habilidades• Refletir sobre o mundo em que está, tomando-se como mundo o sistema de representações que
formam o imaginário humano, no caso, o ocidental, relacionando aspectos sociais, culturais e his-tóricos das línguas
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• VIARO, Mário Eduardo. A importância do latim na atualidade. In: Revista de ciências humanas e
sociais, São Paulo: Unisa, 1999. v. 1, n. 1, p. 7-12
Duração2 h/a – via satélite com professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
AULA
1____________________ORIGEM E FORMAÇÃO DA LÍNGUA LATINA
Un
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– Lí
ng
ua
Lati
na
Vamos dar início ao estudo da língua latina. Para tanto, é necessário retomar alguns aspectos his-tóricos sobre a origem das línguas, passando pelo indo-europeu para chegarmos ao latim e às línguas românicas e, entre elas, a nossa língua materna, o português.
A ORIGEM DAS LÍNGUAS
A origem das línguas sempre foi objeto de inte-resse para a humanidade. A língua é um dos mais destacados elementos culturais a ser considerado em cada sociedade. É por meio da língua que cada grupo humano exprime seus pensamentos, constrói em seu imaginário sua concepção de mundo.
Admite-se que as línguas tenham surgido com a
fala, nos primeiros sons articulados pelo homem.
Remontariam, assim, ao próprio aparecimento do
homem. Nesse período as línguas faladas seriam
ágrafas, ou seja, não deixaram escritos que compro-
vassem sua existência.
A criação da língua escrita, no entanto, é mais re-
cente. Originou-se por volta de 4000 a.C. À medida
que era aceita e reconhecida pelos seus falantes, pas-
sou a ter formas peculiares, com sinais e símbolos
próprios. Desse modo teriam tido início os diversos
idiomas espalhados pela terra.
O indo-europeu
Muitos séculos antes de Cristo teria existido um
povo nômade que habitava a Ásia. Esse povo disper-
sou-se pelas regiões que hoje denominamos Índia,
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Oriente Próximo e Europa. Ao espalhar-se por essas
regiões, levou consigo sua língua – o indo-europeu.
Figura 1 – Hieróglifos
Figura 2 – Papiro
O indo-europeu foi descoberto por meio de es-
tudos de gramática comparada: ao aproximarem-se
as raízes vocabulares do latim às de outras línguas
faladas na Índia, na Pérsia, na Grécia, na Gália, na
Germânia e em outras regiões. A partir dessas apro-
ximações, criou-se a hipótese de uma língua que
teria originado esses idiomas. Observe os exemplos
a seguir:
português – pai
latim – pater
espanhol – padre
francês – père
inglês – father
alemão – vater
grego – patér
sânscrito – pitar
Assim, com a dispersão do indo-europeu sur-
giram numerosas línguas, e cada uma delas gerou
posteriormente outros idiomas. Esses idiomas, por
sua vez, foram agrupados em diversos ramos. Mui-
tas dessas línguas não são mais faladas hoje, outras
continuam vivas em grande parte do mundo oci-
dental e em algumas regiões do Oriente. Note a fi-
gura a seguir, onde temos na base o indo-europeu, e
a partir dele os grupos que se ramificaram, além das
línguas que se originaram a partir de cada grupo:
Figura 3 – Línguas provenientes do Indo-Europeu
ORIGEM E FORMAÇÃO DA LÍNGUA LATINA
Afinal, o que é o latim? E qual sua importância?
O latim era a língua falada no Lácio, pequena re-
gião da Itália onde, por volta do século VIII a.C., foi
fundada a cidade de Roma. Com o osco e o umbro,
o latim teria se derivado do ramo itálico que, por
sua vez, originou-se do indo-europeu.
Com a expansão do Império Romano, o latim
também difundiu-se por grande parte da Europa
e regiões. Como língua viva, na época em que era
falada, ela também sofreu, evidentemente, muitas
transformações, originando-se outros idiomas. A
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parte escura nos mapas a seguir representa a expan-
são do Império Romano:
Figura 4 – Expansão do Império Romano
Figura 5 – Expansão do Império Romano
Assim, o latim deve sua importância no passado
ao prestígio de Roma, que surgiu como uma peque-
na aldeia, fundada por pastores na região central
do Lácio, porém tornou-se a capital do Império
Romano, cujos limites se estendiam desde a Lu-
sitânia até o Oriente, a Líbia, as terras germânicas
e outras regiões – e, assim, conforme se expandia
territorialmente, o Império Romano levava consigo
sua língua.
Nas terras menos influentes culturalmente, a lín-
gua de Roma foi implantada sem muitas dificulda-
des, sendo até mesmo ensinada nas escolas. Mas nos
lugares que possuíam certa autonomia cultural, a
latinização não foi completa, como na Grécia, onde
a cultura helênica acabou influenciando a língua la-
tina, que incorporou palavras gregas. Na Idade Mé-
dia, o Latim era a língua internacional da política,
da cultura, da ciência e da religião.
O LATIM E A SUA EVOLUÇÃO
Conforme a época e as circunstâncias em que foi
utilizado, o latim tem diferentes classificações, que
marcam sua evolução:
• Latim pré-histórico: é a língua dos primeiros
habitantes do Lácio, não deixou documentos
escritos.
• Latim proto-histórico: é o latim que aparece nos
primeiros documentos, sendo uma primeira
forma escrita da língua.
• Latim arcaico: utilizado entre o século III a.C.
até o início do século I a.C. Aparece em textos
literários antigos e em textos legais.
• Latim clássico: é o latim cultivado, artístico,
muito diferente do latim que era usualmente
falado. Manifesta-se nas grandes obras literá-
rias do século I a.C., como Virgílio, Cícero,
Horácio, entre outros escritores da época. O
latim clássico conservou-se por estar docu-
mentado na forma escrita, tendo se preservado
até os dias atuais, servindo de base para muitas
considerações que hoje se fazem sobre a gra-
mática da língua.
• Latim vulgar: é a língua oral, ou seja, de fato
falada pelo povo. Como língua viva, estava
sujeita às modificações advindas de diferentes
fatores, como delimitações geográficas, influên-
cias estrangeiras (de outras línguas), nível so-
ciocultural do falante etc. Denomina-se tam-
bém sermo vulgaris, ou a língua do povo, e dis-
tanciava-se muito do latim clássico, pois não
possuía nenhuma preocupação com a forma
ou com a elaboração, servindo primeiramente
à sua função comunicativa.
• Latim pós-clássico: encontra-se em obras literá-
rias menos antigas compostas entre os séculos
I e V da nossa era (d.C.).
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Além dessas classificações do latim, temos
também:
• Latim de tabeliães: utilizado em documentos
oficiais até o século XII.
• Latim eclesiástico: foi adotado pela igreja como
sua língua oficial, sendo obrigatório até 1962 nas
cerimônias religiosas e nos documentos oficiais
da igreja, isto é, nos documentos eclesiásticos.
• Latim científico: a ciência utilizava o latim
como uma linguagem universal, utilizando-o
para escrita de diversos tipos de documentos
como tratados filosóficos, científicos e acadê-
micos até o início do século XX.
Notamos, pois, que o latim teve diversos usos
com o passar dos tempos. E, com isso, também foi
modificando-se. Como deixou de ser uma língua de
fato falada, persistindo apenas em situações artifi-
ciais de comunicação, o latim é considerado uma
língua morta. Desde as invasões bárbaras, o Império
Romano foi decaindo, e o latim perdeu sua unidade
como língua, gerando inúmeros falares locais que
originaram diversos idiomas (CARDOSO, 1999).
! IMPORTANTE
Das variantes mencionadas, as principais são o latim
clássico, que era utilizado na literatura, e o latim vul-
gar, ou a língua propriamente falada pelo povo. Do
latim vulgar é que se derivaram as línguas românicas,
ou neolatinas, que hoje correspondem ao francês, ao
italiano, ao espanhol, ao catalão, ao romeno e ao
português. Podemos dizer que as línguas românicas
são expressões atuais do latim.
Observe no mapa a seguir a expansão das línguas
românicas no mundo:
Figura 6 – Línguas Românica
O LATIM E SUA ESTRUTURA: MORFOLOGIA
NOMINAL
Já contextualizamos a origem e a formação da
língua latina. Agora é a vez de considerar a estru-
tura ou a língua propriamente dita. Vamos buscar
uma forma simples de apresentar cada aspecto do
funcionamento do latim. Trataremos da fonética
(os sons) e da tipologia dos nomes (substantivos),
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incluindo gênero e número, além de considerar os
adjetivos, pronomes e numerais.
Vimos os aspectos históricos referentes à língua
latina. No entanto, para o estudo de uma língua isso
não basta.
É preciso que se conheça sua estrutura interna, os
mecanismos que determinam seu funcionamento.
Conforme estudos de Cardoso (2005), o latim é
considerado uma língua flexiva ou flexional, isto é,
em suas palavras existe um elemento significativo, e
a esse elemento são acrescentados morfemas (mor-
fema = unidade mínima significativa, envolvendo
significados e possibilidades combinatórias) que
indicam categorias variáveis: em nomes indicam
gênero (masculino, feminino ou neutro), número
(singular ou plural), caso gramatical (nominativo,
genitivo etc); nos verbos indicam pessoa, tempo,
modo e voz. Na frase, as palavras articulam-se por
relações de dependência, conforme o caso grama-
tical.
Por exemplo:
Nomes Verbos
dominus amamos
dominum amabamus
dominorum amabimus
Assim, podemos dizer que o latim é uma língua
sintética, econômica, ou seja, apresenta várias no-
ções concentradas em uma só forma.
Os sons do latim
Apesar de o latim ser uma língua morta que não
é mais falada, há registros deixados por alguns gra-
máticos que tratam de sua fonética, que nos falam
sobre os sons utilizados pela língua latina.
A língua que falamos, a portuguesa, originou-se
do latim e é considerada uma língua neolatina. En-
tão há semelhanças que podem nos ajudar para a
compreensão sobre o funcionamento da língua la-
tina, mas sem generalizações. Os fonemas do latim,
assim como no português, classificam-se em três
categorias: vogais, semivogais e consoantes.
• Vogais: os sons vocálicos podem ser breves ou longos.
a) breves: são marcados pelo sinal denominado braquia ( � ).
/�/ /�/ /ã/ /�/ /�/
Ex.: leg�ere – ler (a sílaba tônica é a que ante-cede a vogal breve)
b) longos: são marcados pelo sinal chamado ma-cro (¯).
/�/ /�/ /�/ /�/ /�/
Ex.: del�re – destruir (a sílaba tônica é a da vogal longa).
• Semivogais: são duas – /i/ e /u/ –, e diferen-ciam-se das vogais correspondentes por es-tarem sempre seguidas de vogal, como nos exemplos juba, lê-se iuba (juba), e vita (vida) lê-se uita. Com o passar dos tempos, e com as transformações ocorridas, adquiraram valor consonantal e correspondem hoje aos fonemas /j/ para a semivogal latina /i/, e /v/ para a semi-vogal latina /u/.
• Consoantes: as consoantes latinas eram inicialmente:
/p//b/
/t//d/
/k/(quê)/g/(guê)
/f/ o v derivou da semivogal (/u/, como vimos)
/s/não o som/z/
/r/ vibrante, diferente do dígrafo (/rr/ do por-tuguês)
/l/
/m//n/(nasais)
A correspondência entre letra e fonema é imper-feita, ou seja, letras diferentes podem representar o mesmo fonema, ou o inverso disso. A representação gráfica desses fonemas representados utilizava as letras seguintes, escritas sob forma maiúscula ocidental:
A, B, C, D, E, F, G, H, I, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, V e X.
• C, K, Q E CH representam o mesmo fonema/K/;
• G é sempre /guê/.
• X representa o grupo de consoantes duplas /ks/
Ex.: lux – luz (lê-se lucs, nox, rex, lex).
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• T seguido de i e mais uma vogal tem som de ∫: Ex.: natio, silentium.
Figura 7 – “Bucólicas”, de Virgílio
Morfologia nominal
Segundo Cardoso (1999), na língua latina, as pa-
lavras podem se flexionar, assumindo formas dife-
rentes conforme o caso gramatical, o gênero e o nú-
mero. Assim, temos palavras variáveis como nomes
(substantivos, adjetivos, numerais e pronomes), ver-
bos (não há artigos em latim) e invariáveis (a maior
parte dos advérbios, as preposições, as conjunções,
as interjeições, com algumas exceções, e partículas,
principalmente as interrogativas).
Quanto ao estudo dos nomes, vamos evidenciar
os substantivos, considerando gênero, número, os
casos gramaticais e as declinações.
Os nomes com os quais nomeamos as coisas e os
seres são os substantivos. Nos substantivos temos
uma raiz significativa à qual se agregam elementos
significativos, que são chamados prefixos, sufixos,
desinências etc.
Exemplos:
Amor (amor)
Am – raiz
Amicus (amigo)
Amica (amiga)
Amicitia (amizade)
Gênero do substantivo
Em latim existem três categorias de gêneros:
masculino, feminino e neutro. Todavia, em algu-
mas línguas, o masculino e o feminino são empre-
gados para seres sexuados, enquanto o neutro para
seres assexuados. No latim, isso não acontece, e tais
gêneros são empregados indiferentemente.
Em geral são masculinos os substantivos que de-
signam seres do sexo masculinos e ofícios mascu-
linos, além desses estão também os nomes de rios,
de mares e de ventos; são femininos os substantivos
que se referem a seres do sexo feminino e, ainda,
os nomes de árvores, de ilhas e de cidades; o uso
do neutro não segue uma lógica, podendo-se defi-
nir a forma neutra quando se apresentam flexiona-
das. Alguns seres sexuados são designados neutros,
como mancipium (escravo), por exemplo. Já quan-
to aos seres assexuados, podem ser designados tanto
por palavras masculinas ou femininas como pelas
neutras.
Número do substantivo
Distinguem-se duas categorias de número em
Latim, assim como no português: o singular e o
plural. No entanto, há palavras que são empregadas
somente no plural, denominando-se pluralia tan-
tum: e também aquelas em que, se usadas no singu-
lar têm um significado, e se empregadas no singular
têm um significado, e se empregadas no singular
têm outro. Veja os exemplos:
Singular Plural
littera (letra) litterae (carta)
fortuna (sorte) fortunae (bens)
Pluralia Tantum
nuptiae (núpcias) arma (armamentos)
Adjetivos, pronomes e numerais
Os adjetivos são as palavras que servem para qua-
lificar ou caracterizar os substantivos. Há casos, no
entanto, em que o adjetivo assume papel de subs-
tantivo, por exemplo, os adjetivos pátrios como Ro-
mani (romanos), Graeci (gregos), ou formas gene-
ralizadas, como bonus (o bom) etc.
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Em relação ao caso gramatical latino, o adjetivo
irá exercer sintaticamente funções como adjunto
adnominal, aposto ou predicativo do sujeito e, as-
sim, irá ser empregado no mesmo caso do substan-
tivo que acompanha.
Ex.: Regina pulchra est (A rainha é bonita). – pulchra
é predicado do sujeito, e segue o caso nominativo.
Os adjetivos são declinados como os substanti-
vos, na primeira, segunda ou terceira declinação. Os
adjetivos da primeira e segunda declinação são ditos
de primeira classe, enquanto os da terceira declina-
ção são de segunda classe. Quanto ao gênero, apre-
sentam-se no masculino, feminino e neutro, e são
enumerados nessa seqüência, por exemplo: bonus,
bona, bonum, ou altus, alta, altum, ou ainda bonus,
a, um. Ou altus /a/ um.
Quanto aos adjetivos numerais, há três espécies:
cardinais, ordinais, distributivos ou multiplicativos.
Os três primeiros adjetivos numerais cardinais
são declináveis: (unus, a, um; duo, ae, o; tres, três,
tria). Do quatuor até o centum são indeclináveis.
Os adjetivos numerais ordinais indicam a ordem
e são declináveis: primus, prima, primum; secundus,
a, um; tertius, a, um.
Os adjetivos distributivos que repartem em gru-
pos determinando os objetos: singuli, um por um;
bini, dois a dois, dois para cada um, dois de uma
vez, declinam-se como no plural boni, bonae, bona.
Adjetivos numerais multiplicativos, chamados
também advérbios numerais, são os numerais que in-
dicam o número de vezes em que um objeto ou uma
quantidade é tomada. Em português dizemos uma
vez, duas vezes, mil vezes etc.; em latim emprega-se
um só palavra para essas expresões; exemplos: semel =
uma vez; bis = duas vezes; ter = três vezes; decies = dez
vezes; vicies = vinte vezes e centies = cem vezes.
Os pronomes têm dupla função: podem tanto ter
um significado próprio como podem assumir o sig-
nificado do substantivo, substituindo-o.
Há, em latim, seis espécies de pronomes: 1º pro-
nomes pessoais, 2º pronomes possessivos, 3º pro-
nomes demonstrativos, 4º pronomes interrogativos,
5º pronomes relativos, 6º pronomes indefinidos.
Todos eles, com exceção dos pronomes pessoais,
podem ser empregados como adjetivos.
Os pronomes pessoais (ego, tu etc.) já são de-
marcados pela desinência pessoal na forma verbal,
sendo utilizados quando se quer dar ênfase. Não há
pronome pessoal de terceira pessoa (ele), designan-
do-se a terceira pessoa com pronomes demonstrati-
vos (is, ea, id ou ille, illa, illud).
Atividade
Leia o texto a seguir:
De Roma à Lusitânia
Figura 8 – Do latim ao português
Trabalhadores Romanos no início do Império
Tudo começou no Lácio, aquele que gerou “a úl-
tima flor inculta e bela”, disse Bilac. A moçada rús-
tica do Lácio surgiu no centro da Península Itálica,
fundou Roma, expandiu-se a partir do século 4° a.C.
e não parou mais. Chegou à Península Ibérica (His-
pãnia) no século 3° a.C., mas só a dominou em 19
a.C., dividindo-a em províncias, como a Lusitânia
(Portugal).
A língua portuguesa é filhote, portanto, do latim
vulgar, levado pelos colonizadores. Os romanos
haviam dominado os gregos 150 anos antes de in-
corporado muito da sua cultura. Depois passaram
por lá os visigodos e, por fim, os árabes, antes que
a língua portuguesa se individualizasse, depois de
passar pela fase de romance, o idioma de transição.
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Unidade Didática — Língua Latina
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Surgiram o italiano, o espanhol, o francês, o catalão, o provençal, o reto-romano, o romeno, o sardo e o dalmático, falado até o fim do século 19 na Dalmá-cia, região da Croácia, costa leste do mar Adriático.
1. Em grupos (até quatro componentes) organizem um debate sobre a temática trabalhada na Aula 1.
Organizem-se para apresentar aos demais cole-gas as considerações levantadas no debate do grupo, em forma de tópicos.
2. Pesquise e responda:
a) O que é o latim? Onde e quando foi falado? Qual a sua importância histórica? Quais lín-guas que originou?
b) Sabe-se que a língua latina pode ter classifi-
cações diversas, conforme a época e a função
social que desempenhou. Fale sobre essa temá-
tica, destacando as principais, exemplificando.
c) Descreva em poucas palavras o caminho per-
corrido desde o indo-europeu até o latim,
sintetizando as informações apresentadas na
Aula 1.
! ATENÇÃO
Leia o texto “A importância do latim na atualidade”, de
Mário Eduardo Viaro. Esse texto irá permear as nossas
discussões nessa unidade didática!
Figura 9 – “Grafitos das Bucólicas em Pompéia
MENDES, J. P. Construção e arte das Bucólicas de Virgílio. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1985. p. 43.
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AULA 1 — Origem e Formação da Língua Latina
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Figura 10 – “Bucólicas”
VIRGÍLIO, Bucólicas, trad. e notas de Péricles Eugênio da Silva Ramos, introdução de Nogueira Moutinho, [Ilus. Marcelo Lima]. São Paulo: Melhoramentos, Ed. Universidade de Brasília, 1933.
I Bucólicas: Nota Introdutória, p. 28.
Bucólicas: relativo aos pastores de qualquer
tipo de rebanho e seus animais; relativo à vida e
costumes do campo; campestre. Derivação por
extensão de sentido – relativo à natureza, à vida
natural – conforme dicionário eletrônico Houaiss,
29/08/2007.
* ANOTAÇÕES
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Unidade Didática — Língua Latina
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Conteúdo• Iniciação ao estudo da morfologia nominal da língua – os casos gramaticais do latim
Competências e habilidades• Levar o aluno a compreender a estrutura básica da língua latina, estabelecendo as relações pertinen-
tes com a língua portuguesa
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizado no Portal• Noções fundamentais de análise sintática
Duração2 h/a via satélite com o professor interativo
2 h/a presencial com o professor local
6 h/a mínimo sugerido para auto-estudo
AULA
2____________________OS CASOS LATINOS
Un
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ica
– Lí
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ua
Lati
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Nesta aula nós realizaremos um estudo compa-
rado entre a língua latina e a língua portuguesa, no
que diz respeito a sintaxe. Assim, iremos conhecer
os casos gramaticais do latim e entender como eles
atuam na formação das frases, do texto...
Esse é um assunto que merece atenção especial.
Toda a organização da frase latina dá-se em decor-
rência dos casos, pois cada um deles apresenta-se
conforme seu valor sintático na frase.
Em português, nós não temos a noção de caso
gramatical. Mas em latim os nomes (substantivos,
adjetivos e pronomes) assumem formas distintas
conforme o caso em que estão empregados.
Assim como os nomes assumem formas distin-
tas, para cada nome há um conjunto de forma que
podem ser assumidas – a esse conjunto de formas
dá-se o nome de declinação. Portanto, declinar um
nome quer dizer enunciar todas as suas formas, caso
por caso (CARDOSO, 1999).
Os casos latinos são ao todo seis, e para melhor
expressá-los, vamos recorrer a aspectos da sintaxe
(análise sintática da frase):
a) Nominativo: (de nominare, nomear) serve
para dar o nome dos seres, respondendo às
perguntas: quem? ou o quê? Ex.: Umbra est
amoena. – A sombra é agradável. – É o caso
do sujeito e do seu predicativo, com verbo no
modo pessoal.
b) Vocativo: (de vocare, chamar) serve para in-
terpelar o objeto ou a pessoa a quem nos diri-
gimos. Ex.: Umbra, ub es? – Sombra, onde es-
tás? – É o caso do vocativo.
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AULA 2 — Os Casos Latinos
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c) Genitivo: (de gignere, gerar) designa a coisa
ou a pessoa a quem pertence um objeto, res-
pondendo às perguntas: de quem? de quê? Ex.:
Nigror umbrae. – O negrume da sombra. – É o
caso do adjunto restritivo.
d) Dativo: (de dare) designa o objeto ou a pessoa
a quem uma ação aproveita ou desaproveita,
respondendo às perguntas: a quem? ou para
quem? a quê? ou para quê? Ex.: Lucem redda-
mus umbrae. – Demos luz à sombra ou para a
sombra. – É o caso do objeto indireto.
e) Ablativo: (de auferre, tirar) designa a pessoa ou
o objeto com, em, de ou por quem e por que algu-
ma ação é praticada. Ex.: Umbra veniunt frigora.
– Da sombra vem o frescor. – É o caso do ad-
junto adverbial, exprimindo as circunstâncias
de modo, tempo, lugar, causa, matéria, instru-
mento e do complemento de causa eficiente:
Amor a Deo. – Sou amado por Deus; Terra sole
illustratur. A terra é alumiada pelo sol.
f) Acusativo: (de accusare, acusar) designa o ob-
jeto de uma ação, respondendo às perguntas;
quem? quê?. Ex.: Lux fugat umbram. – A luz afu-
genta a sombra. – É o caso do objeto direto e de
seu predicativo: Creo te regem. – Faço-te rei.
! ATENÇÃO
Vamos declinar, por exemplo, a palavra rosa, rosae
(rosa). Note que normalmente apresenta-se nos dicio-
nários ou vocabulários a palavra nos casos nominativo
singular e genitivo singular, respectivamente:
Singular Plural
Nominativo ros-a ros-ae
Vocativo ros-a ros-ae
Gentivo ros-ae ros-arum
Dativo ros-ae ros-is
Ablativo ros-a ros-is
Acusativo ros-am ros-as
Revisando
Na construção da frase, cada palavra irá ser declinada de acordo com a função sintática que
desempenha.
Note a relação dos casos com a função sintática:
1) Rosa pulchra est. – Rosa é bonita. – nominati-
vo (sujeito)
2) Rosa est Mariae. – A rosa é da Maria. – geni-
tivo (complemento nominal)
3) (Ego) Rosam dabo Mariae. – Darei a rosa à
Maria. – acusativo (objeto indireto)
4) (Ego) Rosam dabo Mariae. – Darei a rosa à
Maria. – dativo (objeto indireto)
5) (Ego) De Maria loquor – Falarei sobre Maria
– ablativo (adjunto adverbial)Romulus a pas-
tore educatus est – Rômulo foi educado pelo
pastor – ablativo (agente da passiva).
6) Maria, ubi es? – Maria, onde estás? – vocativo
(vocar, chamar).
SAIBA MAIS
Material Complementar:
Noções fundamentais de análise sintática (disponível no
Portal Acadêmico).
Tenha em mãos esse material, pois vamos utilizá-lo du-
rante a aula via satélite.
+
AtividadeLeia o texto a seguir:
O Brasil
Brasilia terra nostra est. Americae maxima terra
Brasilia est. In Brasilia olim silvae erant. Silvae terrae
nostrae erant magnae et pulchrae. Silvas ferae habi-
tabant. Incolae Brasiliae erant indigenae habitabant
parvas casas in silvis et terram colebant. Adorabant
lunam et stellas. Indigenae tenebant lanceas, clavas
et sagittas. Brasilia hodie terra culta est. Opera sem-
per fuit grata incolis Brasiliae. In scholis magistrae
narrant puellis pulchras historias nostrae carae pa-
triae. Brasiliam multo amo. Brasiliam amamus. Sal-
ve, Brasília, nostra cara patria!
Vocabulário
adorabant: adoravam
Brasilia: Brasil
casa: choupana
colebant: cultivavam
erant: existiam
hodie: hoje
in: em, no
indigena: indígena
luna: lua
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Unidade Didática — Língua Latina
70
olim: outro
parva: pequena
pulchrae: belas
sagittas: setas
tenebant: tinham
1. A partir do texto, identifique o caso, o número
e a função sintática de:
a) silvae
b) silvas
c) silvis
d) Brasília
e) Brasiliae
f) Brasiliam
g) parvas casas
h) stellas
2. Aquila no captat muscas. (provébio)
Diga qual o sujeito desta oração:
Sobre o sujeito, qual o caso e o número: ______
Vocabulário
aquila, ae: águia
capio, is, cepi, captum, capere: apanhar, agarrar,
pegar.
capto, as, avi, atum, are: tentar agarrar; apanhar;
procurar; cortejar; lisonjear; fazer por enganar; es-
preitar.
fortuna, ae: destino, sorte
musca, ae: mosca
non: não
rego, is, rexi, rectum, regere: dirigir, governar, etc.
sapientia, ae: sabedoria
vita, ae: vida
sum, es, fui, esse: ser, estar, existir
O verbo da oração é captat (apanhar). Dê a tradu-
ção da frase:
3. Vitam regit fortuna, non sapientia. (Cícero)
Análise da oração:
Em “Vitam regit fortuna” o verbo é transitivo direto.
Diga qual é o objeto direto: ;
número: ; caso: .
Decline no singular as palavras: vita, ae; fortuna,ae
e sapientia,ae.
Singular Singular Singular
Nom.
Voc.
Gen.
Dat.
Abl.
Acus.
* ANOTAÇÕES
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AULA 3 — As Declinações
71
Vamos dar continuidade ao estudo da morfolo-
gia nominal. Nesta aula, vamos falar sobre as de-
clinações do latim. No Portal Acadêmico está uma
tabela das declinações, como material de suporte às
atividades. Preste bastante atenção e faça as leituras
sugeridas como suporte para um bom acompanha-
mento das temáticas trabalhadas.
Como já mencionamos, em latim os nomes pos-
suem uma raiz fixa à qual são acrescentados pre-
fixos, sufixos, desinências. A esse radical podem
unir-se, também, vogais temáticas, isto é, vogais que
determinam o grupo a que pertence o substantivo
– ou sua declinação.
Temos, então, as vogais temáticas: -a-, -o-, -i-, -u, -e-.
Existem algumas palavras, entretanto, que não apresen-
tam essa vogal temática. Tais palavras foram incluídas
entre aquelas que têm vogal temática -i-. Dessa forma,
Conteúdo• Morfologia nominal: as cinco declinações da língua latina
Competências e habilidades• Desenvolver no aluno a habilidade lógica, reconhecendo a estrutura da língua latina, estabelecendo
as relações pertinentes com a língua portuguesa
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizados no Portal• Atividades para auto-avaliação
Duração2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com o professor local
6 h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
AULA
3____________________AS DECLINAÇÕES
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Lati
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na língua há cinco declinações, ou seja, cinco gru-pos em que se dividem os nomes.
Por sua vez, para cada declinação temos formas próprias para cada um dos casos latinos, que even-tualmente podem se repetir. Então, para compreen-dermos o funcionamento do latim, precisamos ter
em mente as declinações e os casos latinos.
COMO RECONHECER A DECLINAÇÃO DE UM
NOME?
Para reconhecer a declinação de um nome temos de
observar a forma que ele assume no genitivo singular,
pois esse é o único caso gramatical do latim que apre-
senta terminações distintas para cada uma das decli-
nações. Note, ainda, que terminação não é o mesmo
que desinência. Entenda-se, pois, por terminação a
parte final da palavra que se conecta ao radical.
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Unidade Didática — Língua Latina
72
! IMPORTANTE
Para exemplificar vamos considerar a palavra rosa, rosae ou rosa, ae – a primeira forma refere-se ao nominativo sin-gular da palavra, e a segunda diz respeito ao genitivo singu-lar; já na segunda notação temos o nominativo singular se-guido da terminação do genitivo singular, inferindo-se que será anexado ao radical da palavra (CARDOSO, 1999).
Então, para cada uma das declinações o genitivo singu-lar terá uma terminação específica: ae – rosa, ae, pri-meira declinação; – i – dominus, i; segunda declinação; – is – vultur, is: terceira declinação; – us – manus, us: quarta declinação; – ei – dies, ei: quinta declinação.
PRIMEIRA DECLINAÇÃO
A primeira declinação tem o genitivo singular em ae. Abrange nomes femininos e masculinos em em a. Ex.: rosa, rosae, = rosa; puella, ae, = menina. Os substantivos masculinos nessa declinação cor-respondem aos nomes de ofícios comuns a pessoas do sexo masculino, como nauta, ae, = marinheiro,
agricola, ae, = agricultor.
1ª declinação (tema A)
Casos Sing. Plu.
Nominativo ros-a ros-ae
Vocativo ros-a ros-ae
Genitivo ros-ae ros-arum
Dativo ros-ae ros-is
Ablativo ros-ae ros-is
Acusativo ros-am ros-as
OBS: lembre-se de que é no genitivo singular (em negrito) que as declinações podem ser identificadas com maior facilidade. Observe que é bastante simples: a palavra conserva a sua raiz, à qual as terminações vão sendo conectadas.
2ª declinação (tema O)
A segunda declinação tem o genitivo singular em i. Abrange nomes masculinos e femininos em us,
masculinos em er e neutros em um.
Casos Sing. Plu.
Nominativo domin-us domin-i
Vocativo domin-e domin-i
Genitivo domin-i domin-orum
Dativo domin-o domin-is
Ablativo domin-o domin-is
Acusativo domin-um domin-os
Ex.: Hortus, i (masc. = jardim); Alvus, i (fem. =
ventre).
A maior parte dos nomes em us são masculinos.
Pertencem ao gênero feminino todos os nomes de
árvores, cidades, ilhas, e vários nomes de países,
como Aegyptus, o Egito.
Os nomes em er, masculinos todos perdem, nos ou-
tros casos, o e do nominativo e do vocativo, com ex-
ceção de alguns poucos que se declinam como puer.
Ex.: Líber, i (masc. = livro); Puer, i (masc.= menino).
Os nomes em um são do gênero neutro. O nomi-
nativo, o vocativo e o acusativo são sempre idênticos
e terminam em a no plural.
Neutros em UM
Casos Sing. Plu.
Nominativo templ-um templ-a
Vocativo templ-um templ-a
Genitivo templ-i templ-orum
Dativo templ-o templ-is
Ablativo templ-o templ-is
Acusativo templ-um templ-a
Esquema sobre a segunda declinação
Casos Sing. Plu.
Nominativo -us,-er, ir, -um -i,-i, -i, -a
Vocativo -e, er, ir, -um -i, -i, -i, -a
Genitivo -i -orum
Dativo -o -is
Ablativo -o -is
Acusativo -um -os, -os, -os, -a
Adjetivos das duas primeiras declinações
Adjetivos em us pertencem à primeira declina-
ção e à segunda. No masculino, declinam-se como
dominus; no feminino, como rosa; e no neutro
como templum. Ex.: bonus, bona, bonum, bom.
Boni, bonae, bona. O adjetivo concorda em gênero,
número e caso com o nome ao qual se refere.
3a declinação (tema I)
A terceira declinação tem o genitivo singular em
is. Compreende nomes masculinos, nomes femini-
nos e nomes neutros.
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AULA 3 — As Declinações
73
Alguns são parissilábicos, isto é, têm tantas sílabas no nominativo singular como no genitivo; outros são imparissilábicos, isto é, têm no genitivo singular uma sílaba a mais do que no nominativo. Nomes im-parissilábicos têm o genitivo plural em um; nomes parissilábicos têm o genitivo plural em ium.
O radical dos nomes imparissilábicos termina, geralmente, por consoante. Acha-se, suprimindo a desinência is do genitivo singular.
O radical é muitas vezes modificado ou alterado no nominativo singular. Por isso, as terminações desse caso são muitas diversas.
No nominativo, ora é s a desinência, ora não há desinência alguma, é o que se dá sempre com os no-mes neutros.
Nomes com nominativos sem desinências
O radical desses nomes termina, geralmente, por uma consoante líquida.
3a declinação
Casos Sing. Plu.
Masculinos e femininos
Nominativo vultur(m) vultur-es
Vocativo vultur vultur-es
Genitivo vultur-is vultur-um
Dativo vultur-i vultur-ibus
Ablativo vultur-e vultur-ibus
Acusativo vultur-em vultur-es
Casos Sing. Plu.
Neutros
Nominativo fulgur fulgur-a
Vocativo fulgur fulgur-a
Genitivo fulgur-is fulgur-um
Dativo fulgur-i fulgur-ibus
Ablativo fulgur-e fulgur-ibus
Acusativo fulgur fulgur-a
Nomes com o nominativo em S. Ex.; princips, principis; dux, ducis; lapis, lapidis.
Genitivo plural em IUM nos imparissilábicos. Ex.; dens, dentium.
Genitivo plural em ium nos nomes parissilábicos. Ex.; avis, avis, f. (aves) caedes, caedes, f. (assassino) uter, uteris, m. (odre).
Nomes neutros em E, Al, AR parissilábicos em
e têm o ablativo em i e o nominativo, vocativo e
acusativo plural em ia. Ex.; mare, maris; animal,
animalis.
4a declinação (tema U)
A quarta declinação tem o genitivo singular em
us, e abrange masculinos e femininos e nomes neu-
tros u.(menos sus, suis: porco e grus, grui: ave).
4a declinação
Casos Sing. Plu.
Masculinos e femininos
Nominativo man-us man-us
Vocativo man-us man-us
Genitivo man-ui man-uum
Dativo man-u man-ibus
Ablativo man-u man-ibus
Acusativo man-um man-us
Casos Sing. Plu.
Neutros
Nominativo corn-u corn-ua
Vocativo corn-u corn-ua
Genitivo corn-us corn-uum
Dativo corn-ui corn-ibus
Ablativo corn-u corn-ibus
Acusativo corn-u corn-ua
Podemos elaborar um quadro com as desinên-
cias da maior parte das palavras da 3ª declinação:
Singular Plural
N. = várias terminações - es
V. = igual ao nominativo - es
G. = is - um ou ium
D. = i - ibus
Abl. = e - ibus
Acus. = em es
5a declinação (tema E)
É a mais simples de todas e possui poucas pala-
vras. Abrange os substantivos de tema em e, e são, na
maioria, palavras femininas. Apenas dies, die, i(dia) e
meridies, meridiei (meio dia) são masculinos.
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Unidade Didática — Língua Latina
74
Casos Sing. Plu.
Nominativo di-es di-es
Vocativo di-es di-es
Genitivo di-ei di-erum
Dativo di-ei di-ebus
Ablativo di-e di-ebus
Acusativo di-em di-es
+ SAIBA MAIS
CARDOSO, Z. de A. Iniciação ao Latim. 4.ed. São Pau-
lo: Ática, 1999.
Este livro apresenta de forma simples, resumida, mas
muito abrangente, os fundamentos da língua latina.
É uma leitura rápida, mas muito útil para quem pre-
tende ampliar ou aprofundar seus conhecimentos sobre
latim!
Atividade1. Observe as figuras a seguir:
panis ignis
equus sol
ovum puer
vesper arbor
mundus
Diga a que declinação pertence as palavras e em qual caso estão empregadas. Em seguida, faça uma análise comparativa entre essas palavras e as pala-vras da língua portuguesa correspondentes a esses referentes, quais as semelhanças e as diferenças.
2. Note as palavras panis, vésper e arbor. A partir do radical dessas palavras, diga algumas palavras do português que tenham delas derivado.
Veja o exemplo:
Equus eqüino equitação égua
Panis
Vesper
Arbor
3. Você conhece a fábula da Cigarra e da Formi-ga? Leia o texto a seguir e faça uma tradução para o português (o intuito desse exercício é que você visualize a estrutura da língua, principalmente as terminações das palavras):
Cicada et formica
Formica est laboriosa, sed cicada laboriosa non est. Quotidie laborat et cicada errat e cantat. Nullam escam habet. Tum formicam petit et escam rogat. Formica non negat escam cicadae. Bona et laborio-sa formica dat escam pigra cicadae. Cicada cantat et
formica saltant. Salve, cicada.
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AULA 3 — As Declinações
75
Vocabulário
cicada: cigarra
laboriosa: trabalhadora
quotidie: todos os dias
labora: trabalha
errat: passeia
hora: estação
advenit: chega
nulla: nenhuma
esca: alimento
petit: procura
rogat: pede
saltat: dança
4. Usualmente encontramos nomes em latim nas
marcas de produtos, nomes fantasia de empresas e
outros.
Figura 10 – Fachada prédio comercial em Campo Grande, MS.
Figura 11 – Lupo,– “ meia da loba”
Nos exemplos, as palavras em latim Lupo, de
lupus, i (lobo), e Pax, de pax, pacis (paz), são uti-
lizadas como marca de um produto e na fachada
de uma empresa. Faça uma pesquisa de campo, ou
seja, vá ao seu objetivo de interesse, na sua cidade, e
faça uma relação dos nomes em latim que você en-
controu nas ruas e lojas. Depois, diga qual a tradu-
ção dessas palavras e qual a relação de sentido que
estabelecem. Diga, também, qual a declinação e em
que casos estão as palavras que você encontrou.
* ANOTAÇÕES
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Unidade Didática — Língua Latina
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Conteúdo• Sistema verbal da língua latina
Competências e habilidades• Desenvolver no aluno a habilidade lógica, reconhecendo a estrutura da língua latina, estabelecendo
as relações pertinentes com a língua portuguesa
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizado no Portal• Atividades para auto-avaliação
Duração2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com o professor local
6 h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
AULA
4____________________A ESTRUTURA VERBAL: TEMPOS, MODOS E CONJUGAÇÕES VERBAIS; O VERBO ESSE
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Agora que você já conhece os casos e as declina-ções é a vez de estudar o sistema verbal da língua latina. Fique atento!!! Vamos tratar desse assunto de forma bem simples, mas muito útil!
Como na língua portuguesa, o sistema verbal do latim possui uma pluralidade de tempos, modos, vozes e pessoas. Não se pretende nesta aula que você decore todas essas variações, mas que compreenda seu funcionamento, que se mostra de forma bastan-te racional em sua organização.
TEMPOS E MODOS VERBAIS
De acordo com Cardoso (1999), os tempos ver-bais em latim agrupam-se em dois blocos:
a) infectum (não-feito) – indicam ações ou pro-
cedimentos gerais que não estão terminados,
concluídos, ou que ainda estão em prossegui-mento. Abrange os tempos presente, imperfei-to (pretérito) e o futuro.
b) perfectum (feito, realizado) – indicam ações que começaram e terminaram, que já foram concluídas. Inclui os tempos perfeito (preté-rito), mais-que-perfeito (pretérito) e o futuro perfeito.
Esses tempos verbais podem ser conjugados em vários modos: indicativo, subjuntivo, imperativo. Também são utilizados nas formas não pessoais, isto é, no infinitivo, no gerúndio, no particípio, também no gerundivo e no supino.
Como já vimos, em relação aos casos e às decli-
nações existe um radical ao qual se agregam as ter-
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AULA 4 — A Estrutura Verbal: tempos, modos e conjugações verbais; o verbo esse
77
minações (desinências etc). No sistema verbal isso
não é diferente: temos radicais para o infectum, o
perfectum e o supino.
Mas você deve estar perguntando o que é supino,
não é mesmo? Para compreendermos o funciona-
mento de uma língua, é preciso ter em mente alguns
aspectos de sua estrutura. Conforme nos explica
Cardoso (1999), o supino é um antigo nome verbal
em -tu. Foi muito utilizado na época arcaica, mas
seu uso foi reduzido no período clássico. Restou do
supino somente o acusativo (em -um), e o ablati-
vo em -u). Almeida (1997) acrescenta, ainda, que
o supino é uma forma especial do infinitivo invariá-
vel, utilizada para indicar finalidade. Por exemplo,
amatum (para amar), auditum (para ouvir).
Há três radicais diferentes no verbo latino. Va-
mos observar como eram tais radicais para esses
tempos:
Exemplo: verbo laudare (louvar)
Infectum Perfectum Supino
laud- laudau- laudat-
laudo (louvo)
laudas
laudavi
(louvei)
laudaturus,a,um
(devendo louvar)
laudabam (louvava) laudaveram (louvara)
laudabo (louvarei) laudavero (terei
louvado)
OBS: Em latim, há quatro conjugações. Distinguem-se pela terminação do infinitivo presente e da primeira pessoa
singular do indicativo presente.
1ª c/i are Ind/Pre o laudo laudare
2ª c/i ere - eo deleo delere
3ª c/i ere - o ou io lego legere
4ª c/i ire - io audio audire
Ex.: o verbo laudare (louvar); tempos primitivos:
laudo,as, laudavi, laudatum, laudare = a louvar.
CONJUGAÇÕES VERBAIS
Os verbos latinos são geralmente agrupados em
quatro conjugações. A primeira caracteriza-se pela
presença da vogal temática -a; a segunda apresenta a
vogal temática -e; a terceira conjugação é mais com-
plexa, pois é formada pela vogal temática -e (bre-
ve), e também por verbos atemáticos, como ferre;
(fero, fers, tuli, latum, ferre – levar, trazer) e a quarta
conjugação traz a vogal temática -i. Há, no entan-
to, verbos da terceira conjugação que confundem
com os da quarta conjugação, por exemplo, dicere
(dizer), que não apresenta a vogal temática na pri-
meira pessoa do singular no presente do indicativo,
na forma dico, is, xi, ctum, cere.
Há, ainda, verbos que não se enquadram em ne-
nhuma conjugação, como o verbo esse, (ser, estar);
trata-se de um verbo especial que auxilia os outros
verbos, principalmente na voz passiva.
Temos, então, numa perspectiva resumida, as
conjugações com verbos terminados em:
are = laudare (louvar)
ere = delere (destruir)
ere = legere = (ler)
ire = audire (ouvir)
VOZES VERBAIS
Em latim há voz ativa e voz passiva (como no
português). Há alguns verbos latinos que só pos-
suem a forma ativa, como o verbo esse; e outros que
são conjugados apenas na forma passiva, embora
tenham significação ativa, como mentiri (mentir)
ou prosficicsi (partir), que são chamados de verbos
depoentes.
A voz passiva pode indicar também impessoali-
dade do sujeito, como em dicitur (falar-se), bibitur
(beber-se) (CARDOSO, 1999, p 68).
Verbos irregulares e verbos defectivos
São considerados irregulares os verbos que não
acompanham as formas geralmente usadas nas con-
jugações. Os mais importantes são ferre (levar), velle
(querer), ire (ir) e seus compostos.
Derivam de velle os verbos nolle (não querer) e
malle (preferir). Há também o verbo edere – edo, is,
edi, esum, edere (comer), que é irregular.
Os verbos defectivos são aquele que não são
conjugados em algumas pessoas, tempos ou mo-
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Unidade Didática — Língua Latina
78
dos. Estão entre os verbos defectivos aqueles que
indicam fenômenos da natureza, que são conju-
gados somente na terceira pessoa do singular e no
infinitivo, como pluit (chove), tonat (troveja), nin-
git (neva).
! IMPORTANTE
O verbo esse não se enquadra em nenhuma das con-
jugações vistas. Apresenta certas peculiaridades, sendo
muito antigo na língua. Na língua portuguesa, quanto
ao sentido, corresponde aos verbos ser, estar e haver
(quando no sentido de existir).
Presente Pret Imp. Futuro Pret Perf.
sum eram ero fui
es eras eris fuist
est erat erit fuit
sumus eramus erimus fuimus
estis eratis eritis fuistis
sunt erant erunt fuerunt
Atividade1. Longa est vita, si plena est. (Sêneca)
A forma est é a terceira pessoa do singular do ver-
bo esse, no presente do indicativo. O verbo esse é
um verbo de ligação, ou seja, pede um predicativo
do sujeito que é expresso no mesmo caso do sujeito
(nominativo).
Qual é o sujeito da oração?
Número?
Qual é o predicativo do sujeito?
Número?
2. Verae amicitiae sempitenae sunt. (Cícero)
A forma verbal sunt é a terceira pessoa do plural
do verbo esse, no presente do indicativo. Assim com
o singular est, também exige predicativo do sujeito.
Transcreva da oração:
O sujeito:
O adjunto adnominal que qualifica o sujeito:
O predicativo:
Traduza a frase:
3. Traduza as frases seguintes:
Sempronia est magistra:
Livia est discípula:
Discipulae sedulae sunt:
Julia et Silvia quoque discipulae sunt:
Discípula bona semper sedula est:
Vocabulário
amicitia, ae: amizade
longus, a, um: longo
plenus, a, um: cheio
sempiternus, a, um: eterno
verus, a um: verdadeiro
Sempronia, ae: Simpronia
est (esse): ser, é
magistra, ae: mestra, professora
Lívia, ae: Lívia
discípula, ae: aluna
sedula, ae: aplicada, atenta
sunt (esse): ser, estar, são
quoque: também
bonus, a, um: boa
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AULA 4 — A Estrutura Verbal: tempos, modos e conjugações verbais; o verbo esse
79
Observe abaixo a tabela de conjugação completa do verbo auxiliar ESSE (SER, ESTAR)
Verbo sum (ser, estar)
Indicativo Subjuntivo Imperativo Infinitivo Particípio
P S
sum (eu sou) sim se – está tu ser = estar
es sis
est sit es esse
P P
sumus simus
estis sitis
sunt sint Este (sede vós
I S
eram (eu era) essem
eras esses
erat esset
I P
eramus essemus
eratis essetis
erant essent
F S
ero (eu serei) se – esta
eris es ou esto dever ser,estar devendo ser
erit esto fore (invariável) futurus, a, um
F P
erimus
eritis este ou estote ou futurum, am
erunt sunto um esse
P/P/S
fui (eu fui) fuerim
fuit fueris
fuist fuerit
P/PP
fuimus fuerimus ter sido, estado
fuistis fueritis
fuerunt fuerint fuisse
Compostos de Sum
Absum, estar ausente; Desum, faltar a; Obsum, prejudicar.
Adsum, estar presente, Insum, estar em, Praesum, estar à frente.
Em prosum, ser útil, pro torna-se antes de vogal. Ind. Pres.: prosum, prodes, prodest, prosumus, prodestis, prosunt. Imp. proderam, fut.
prodero, Imper. prodes Inf. prodesse.
Em possum, poder, pot torna-se antes das vogais, torna-se pos antes de s e faz cair o f do perfeito. Ind. pres. Possum, potes, potest,
possumus, potestis, possunt. Imperf. poteram, Fut. potero, Perf. potui, Sub posim, possem, Inf. posse.
O imperativo, futuro do infinitivo, particípio futuro não se usa.
+ q p S
fueram(eu fora)
fuissem
fueras fuisses
fuerat fuiset
+ q p p
fueramus fuissemus
fueratis fuissetis
fuerant fuissent
F A S
fuero
fueris
fuerit
F A P
fuerimus
fueritis
fuerint
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Unidade Didática — Língua Latina
80
Conteúdo• Aspectos da transição da língua latina à língua portuguesa
Competências e habilidades• A partir do estudo comparativo da língua latina e da língua portuguesa, levar o aluno a perceber
questões referentes aos estudos lingüísticos, como as transformações de uma língua, suas variantes, entre outros fatores, numa perspectiva diacrônica e sincrônica
Textos e atividades para auto-estudo disponibilizado no Portal• Atividades para auto-avaliação
• Atividades de revisão para avaliação
Duração2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com o professor local
6 h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
AULA
5____________________DO LATIM AO PORTUGUÊS;
METAPLASMOS E ETIMOLOGIA
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Lati
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Finalmente, vamos concluir nossa unidade didáti-
ca considerando as transformações que conduziram
o latim às expressões que hoje utilizamos: as línguas
românicas e, entre elas, a língua portuguesa.
DO LATIM ÀS LÍNGUA ROMÂNICAS
O latim vulgar, como língua viva, estava sujeito a
constantes modificações. Entretanto, o latim clássi-
co se tornava cada vez mais uniforme, afastando-se
da forma falada.
Enquanto a escrita, sob a forma do latim clássico,
permaneceu intacta, a oralidade, passou por trans-
formações tamanhas que originou outros falares. As
pessoas pensavam que estavam falando latim, mas
na verdade já falavam outras línguas.
Figura 12 – Expansão da língua portuguesa
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AULA 5 — Do Latim ao Português; Metaplasmos e Etimologia
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O latim vulgar, ou a língua que era falada pela di-
versidade de povos dominados pelo Império Roma-
no, não é uma língua, um idioma em sentido estri-
to, mas, antes disso, é uma concepção que abrange
os falares mais diversos, não sendo fixo ou estável.
Era um latim falado em diferentes localidades: Itá-
lia, Gálea, Espanha e em vários outros. Para cada
uma dessas regiões havia também falares locais aos
quais o latim ia se sobrepondo, ou seja, as línguas de
substrato, que aos poucos cessaram de ser faladas,
deixando um resíduo de hábitos articulatórios, de
questões morfológicas e sintáticas, introduzindo na
língua latina termos romanizados, visto que esses
povos conservavam algumas palavras de sua língua
nativa.
Assim, o latim vulgar passou a apresentar dife-
renciações locais, constituindo pouco a pouco o
que hoje denominamos francês, italiano, espanhol,
português...
Os sons, as formas e os significados da maioria
das palavras permaneceram inalterados no latim
clássico. Em contrapartida, no latim vulgar, a fo-
nética, a morfologia, o emprego, o significado das
palavras e a sintaxe foram quase totalmente modi-
ficados. Desse modo, o latim serviu de base às di-
ferentes línguas românicas, que são na atualidade
expressões modernas do latim vulgar.
Essa diferenciação do latim vulgar de uma re-
gião para a outra, que resultou nas transformações
semânticas, fonéticas, morfológicas e sintáticas,
criando as línguas românicas, é devida a vários fa-
tores, entre os quais podemos destacar o isolamen-
to geográfico de um local ao outro, a variação cul-
tural, as circunstâncias educacionais, os substratos
lingüísticos originais e os superstratos lingüísticos
subseqüentes.
A LÍNGUA PORTUGUESA
Embora a influência do latim tenha sido decisiva
para a formação da língua portuguesa, há outros fa-
tores que merecem serem destacados.
A invasão dos povos bárbaros, desmembrando o
Império Romano e isolando as diversas regiões nas
quais Roma exercia influência, aumentou o proces-
so de dialetação do latim vulgar. Tais dialetos foram,
pouco a pouco, tornando-se tão diferentes entre si,
que acabaram por resultar em línguas diversas.
Além dos bárbaros, a chegada dos árabes à Pe-
nínsula Ibérica, onde se localiza Portugal, também
teve influência decisiva para a formação da língua
portuguesa, trazendo consigo inovações quanto ao
vocabulário e à pronúncia.
Mais tarde, com a reconquista da região e a con-
seqüente expulsão dos árabes, foram formando-se
reinos, entre eles, destacamos os de Leão e Castela,
pois mais tarde constituíram o Condado Portuca-
lense, que no ano de 1143 veio a ser Portugal.
A dialetação do latim vulgar, a influência das in-
vasões bárbaras e árabes, aspectos dos quais já fa-
lamos, conferiram ao falar da região do Condado
Portucalense feições típicas que, mesmo que ainda
não fosse a língua portuguesa tal como hoje a co-
nhecemos, já se afastava muito da língua latina tal
como havia sido implantada pelos romanos. A essa
língua intermediária, entre o latim vulgar e o portu-
guês propriamente dito, damos o nome de romanço.
A exemplo do português, as outras línguas români-
cas como o espanhol, o italiano, entre outras, tam-
bém tiveram seus romanços, que dariam mais tarde
origem às línguas modernas.
Dessa forma, nas regiões da Gallaecia (Galiza) e
da Lusitânia formou-se o romanço galego-portu-
guês. Quando Portugal separou-se da Galiza, no
século XII, o galego-português era o idioma falado
em toda a região, e por três séculos foi o veículo da
produção poética trovadoresca. Gramaticalmente,
o galego-português sofreu uma série de transforma-
ções até adquirir, já no século XVI, características
distintas que resultaram na língua portuguesa.
Temos, então, as fases históricas da língua portu-
guesa, conforme Campedelli (1999, p. 17).
Português proto-histórico
Do final do século IX até o século XII
Textos em latim bárbaro
Os mais antigos documentos: um título de doação de 874 e um
título de venda de 883.
Português arcaico Do século XII ao século XVI
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Textos em galego-português e textos só em galego ou só
em português.
Os documentos literários dessa época são as cantigas de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer,
além das novelas de cavalaria e demais registros comerciais,
históricos etc.
Português moderno Século XVI
Uniformização da língua
A literatura renascentista portuguesa, principalmente a obra de Camões, teve papel
fundamental na uniformização nessa etapa. Do século XVI são
as primeiras gramáticas e os primeiros dicionários da língua
portuguesa
Assim, a própria língua portuguesa foi sofrendo
modificações, por derivação, estrangeirismo, entre
muitos fatores que, com o passar dos tempos, re-
sultou na língua tal como a conhecemos e falamos
hoje.
O PORTUGUÊS NO MUNDO
São evidentes as diferenças que existem entre o
português falado em Portugal e o falado no Brasil. É
uma forma de podermos visualizar as transforma-
ções que podem ocorrer numa língua.
A principal causa da expansão do português pelo
mundo foram as grandes navegações, entre os sé-
culos XV e XVI, que levaram a língua às colônias
portuguesas.
Assim, hoje o português é falado no Brasil, em
Portugal e em cinco países africanos como língua
oficial. Mas a língua portuguesa também é falada
em outros lugares da América do Norte e da Euro-
pa, por causa do grande contingente de imigrantes.
Hoje, a língua portuguesa é falada por cerca de
180 milhões de pessoas, somente no Brasil, fican-
do em sexto lugar entre as línguas mais faladas no
mundo (CAMPEDELLI, 1999, p. 17).
! IMPORTANTE
Metaplasmos
Os metaplasmos dizem respeito às transforma-
ções fônicas e morfológicas ocorridas nas palavras,
tanto na escrita como na fala.
Essas alterações não ocorrem somente em relação
ao latim, mas na própria língua portuguesa, ou em
outras línguas como um todo. São alterações que
ocorrem de geração para geração, e é natural que
ocorram, pois as línguas estão vivas no uso que fa-
zemos delas diariamente.
Em geral, tais modificações se dão devido a troca,
acréscimo ou supressão de fonemas, podendo tam-
bém ser originadas por transposição do fonema ou
do acento tônico.
Nosso intuito aqui é que você compreenda como,
com o passar do tempo, tais transformações foram
correndo. Você não precisa se preocupar em de-
corar os metaplasmos que vamos mencionar, mas
entender como ocorreram na fonética e na morfo-
logia. Assim, temos:
Metaplasmos de permuta
Consistem na troca ou substituição de um fone-
ma por outro. Entre os processos ocorridos nessa
categoria, podemos evidenciar:
a) Sonorização – é a troca de um fonema surdo
pelo sonoro correspondente (homorgânico).
São os fonemas /p/, /t/ /c/, e /f/ que sonori-
zam /b/, /d/, /g/ e /v/, respectivamente. Exem-
plos: lupo>lobo; totu>todo; acuto>agudo;
profectu>proveito.
b) Vocalização – é a transformação de um fone-
ma consonantal em um vocálico. Exemplos:
octo>oito; pectu>peito; palpare>poupar.
c) Consonantização – é a transformação de um
fonema vocálico em consonantal. Exemplo:
vita>vida; vivere>viver.
d) Assimilação – é o metaplasmo caracterizado
pela perfeita identidade ou aproximação de
dois fonemas, originado pela influência que
um exerce no outro. Pode ser vocálica, conso-
nantal, total, parcial, regressiva ou progressi-
va. Exemplo: paomba>poomba>pomba; per-
sicu>pessicu>pêssego.
e) Dissimilação – é a queda ou diversificação do
fonema, por já existir fonema semelhante ou
igual na palavra. Exemplo: local (e)>lugar;
parabola>paravra>palavra.
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f) Nasalização e desnasalização – é a transfor-
mação de um fonema oral em nasal, ou vi-
ce-versa. Exemplo: mãe (matre)>mãe; coro-
na>coroa>coroa.
g) Apofonia ou deflexão – a sílaba inicial é mo-
dificada quando se junta a um prefixo.
Exemplo: sub+jactu>subjectu>sujeito; ob+
fácil>officiu>ofício.
h) Metafonia – é a modificação sofrida pela vo-
gal tônica de uma palavra em virtude da in-
fluência sofrida pela aproximação da vogal
ou semivogal /i/ da sílaba seguinte. Exemplo:
dormio>durmo.
Metaplasmos de aumento
Ocorreram devido à junção de outros fonemas.
Podem ser denominados também metaplasmos por
acréscimo. São eles:
a) Prótese – é o siples acréscimo de um fonema
a uma palavra. Exemplo: spiritu>espírito; scri-
bere>escrever.
b) Epêntese – é o acréscimo de um no interior
do vocábulo. Exemplo: um(e)ru>ombro; stel-
la>estrela.
c) Paragoge – ou epítese, é o acréscimo de
um fonema no final da palavra. Exemplo:
ante>antes; zink>zinco.
d) Anaptixe – é um tipo especial de epêntese,
que consiste na intercalação de um fonema
vocálico para desfazer um grupo consonantal.
Exemplo: blatta>bratta>barata.
Metaplasmos de subtração
Também denominados metaplasmos de supres-
são, são caracterizados pela subtração ou diminui-
ção de fonemas nas palavras. São eles:
a) Aferes – corresponde à queda do fonema no
início do vocábulo. Exemplo: attonitu>tonto;
acumen>agume>gume.
b) Síncope – é a queda do fonema no interior da
palavra. Exemplo: malu>mau; teneru>tenro.
c) Haplologia – é um tipo especial de síncope,
representada pela queda da sílaba medial, por
haver outra igual ou semelhante na palavra.
Exemplo: vendita>vendeda>venda.
d) Apócope – é a queda do fonema no final da
palavra. Exemplo: mar>mar.
e) Sinalefa ou elisão – é a queda do fonema vo-
cálico no final do vocábulo, quando a palavra
seguinte começa por vogal. Exemplo: de+
intro>dentro.
f) Crase – é a fusão de dois fonemas vocálicos
em um só. Exemplo: pede>pee>pé; colore>
coor>cor.
Metaplasmos de transposição
São representados pela deslocação de um fonema
ou do acento tônico da palavra.
a) Transposição do fonema – pode ser verificada
na mesma sílaba ou entre sílabas.
Essa transposição recebe a denominação de metá-
tese ou hipértese. Exemplo: semper>sempre (trans-
formação na mesma sílaba); rabia>raiva (transposi-
ção entre sílabas).
b) Transposição do acento tônico – recebe o
nome de hiperbibasmo. Pode ser sístole, ou
o recuo do acento tônico, como em saliva>
saivá>selva (arcaico)>seiva; ou diástole, ou o
avanço do acento tônico, como em júdice>juiz,
muliere>mulher.
Para refletir
Etimologia
Todos nós temos um interesse em saber o signifi-
cado das palavras, de onde elas vieram. Assim surgiu
a etimologia, para estudar a origem das palavras.
A partir da descoberta das semelhanças entre as
línguas românicas, provenientes do latim, os estu-
dos de etimologia ganharam força, pois havia sido
encontrada uma relação existente entre algumas
palavras. Então, descobriu-se que as palavras passa-
vam por alterações específicas para entrar na língua
portuguesa, francesa e outras.
Por exemplo, há palavras latinas que contém as
iniciais pl-, e que passavam pelas mesmas modifica-
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Unidade Didática — Língua Latina
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ções para chegar ao português, com as iniciais ch-,
como acontece em:
Latim Português
plicare chegar
plenus cheio
plorare chorar
São tendências gerais, alterações que ocorrem
com bastante freqüência. É claro que há palavras
que fogem a essas tendências, como acontece com a
palavra estrela, que veio do latim stella. Inicialmen-
te, o r que foi inserido não tinha explicação, mas
se descobriu que essa palavra sofreu influência da
palavra astrum (BUENO, 2002, p. 11).
Além das palavras derivadas de palavras latinas,
há no português palavras que se originam de outras
línguas românicas ou estrangeirismos. O mesmo
acontece em relação ao português, que contribuiu
para o vocabulário de outras línguas.
Atividade1. A partir das leituras disponibilizadas no Por-
tal Acadêmico, observe a etimologia de algumas
palavras.
Agora, organize um breve glossário etimológi-
co da língua portuguesa (com no mínimo quinze
palavras).
2. utilizando também o material disponibilizado
no Portal, selecione pelo menos cinco palavras e fale
sobre os metaplasmos, utilizando-as como exemplos.
3. A partir da leitura do texto: “A importância do
latim na atualidade”, disponível na Aula 1, selecio-
ne algumas palavras do latim utilizadas atualmente.
Fale sobre o uso e o sentido dessas palavras.
* ANOTAÇÕES
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Referências
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