linguas amerindias

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Biblioteca Digital Curt Nimuendaju http://biblio.etnolinguistica.org Rodrigues, Aryon Dall’Igna. 1970. Línguas ameríndias. In Grande Enciclopédia Delta- Larousse, p. 4034-4036. Rio de Janeiro: Editora Delta. Permalink: http://biblio.etnolinguistica.org/rodrigues_1970_linguas_amerindias O material contido neste arquivo foi escaneado e disponibilizado online com o objetivo de tornar acessível uma obra de difícil acesso e de edição esgotada, não podendo ser modificado ou usado para fins comerciais. Seu único propósito é o uso individual para pesquisa e aprendizado. Para o esclarecimento de possíveis dúvidas ou objeções quanto ao uso e distribuição deste material, ou para comunicar problemas com sua legibilidade (páginas defeituosas, etc.), entre em contato com os responsáveis pela Biblioteca Digital Curt Nimuendaju, no seguinte endereço: http://biblio.etnolinguistica.org/index:contato O presente trabalho, parte da Coleção Aryon Rodrigues , foi digitalizado e disponibilizado pela equipe da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju em julho de 2010.

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Page 1: Linguas amerindias

Biblioteca Digital Curt Nimuendaju httpbiblioetnolinguisticaorg Rodrigues Aryon DallrsquoIgna 1970 Liacutenguas ameriacutendias In Grande Enciclopeacutedia Delta-

Larousse p 4034-4036 Rio de Janeiro Editora Delta Permalink httpbiblioetnolinguisticaorgrodrigues_1970_linguas_amerindias O material contido neste arquivo foi escaneado e disponibilizado online com o objetivo de tornar acessiacutevel uma obra de difiacutecil acesso e de ediccedilatildeo esgotada natildeo podendo ser modificado ou usado para fins comerciais Seu uacutenico propoacutesito eacute o uso individual para pesquisa e aprendizado Para o esclarecimento de possiacuteveis duacutevidas ou objeccedilotildees quanto ao uso e distribuiccedilatildeo deste material ou para comunicar problemas com sua legibilidade (paacuteginas defeituosas etc) entre em contato com os responsaacuteveis pela Biblioteca Digital Curt Nimuendaju no seguinte endereccedilo httpbiblioetnolinguisticaorgindexcontato O presente trabalho parte da Coleccedilatildeo Aryon Rodrigues foi digitalizado e disponibilizado pela equipe da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju em julho de 2010

~ ========= =_ _ o _

L1NGUA

4034

- Evoluccedilatildeo A partir dos fins do seacutec XII a liacutengua portuguecircsa submeteu-se agrave disciplina gramatical A reconquista cristatilde expandiu para o Sul de Portugal o galaico-portuguecircs No tempo de D Dinis jaacute seI notavam algumas diferenccedilas em relaccedilatildeo ao galego Na eacutepoca quinhentista a diferenciaccedilatildeo era tal que Gil Vicente usava o sotaque beiratildeo para dar a nota ruacutestica O seacutec XVI eacute o da expansatildeo ultramarina do porruguecircs com fixaccedilatildeo definitiva no Brasil em caraacuteter de liacutengua comum geral e de cultura vernaacuteculo para quase totalidade da populaccedilatildeo - Liacutenguas francas As liacutenguas francas mais conheshycidas satildeo o Sabir o Pidgin-English o Brokenshy-English e Beach-Ia-mar e o Chinook largon V CRIOULO e JERGA A liacutengua franca denomina-se tambeacutem Sabir que adquiriu essa acepccedilatildeo por representar-lhe o exemplo mais importante O desenvolvimento de uma liacutengua franca no Brasil entre o seacutec XVI e o iniacutecio do seacutec XIX eacute questatildeo mais ou menos aceita entre filoacutelogos e historiadoshyres brasileiros e estrangeiros embora por carecircncia de documentaccedilatildeo direta a caracterizaccedilatildeo de sua estrutura e evoluccedilatildeo constitua problema cientiacutefico em aberto capital entretanto para a eventual explicaccedilatildeo na aacuterea brasileira de certos divergentes foneacuteticos de um mesmo eacutetimo indiacutegena A liacutenguashy-franca falada no Brasil designada desde o seacutec XVI sob o nome de liacutengua geral foi majoritaacuteria ateacute iniacutecios do seacutec XI x Essa liacutengua natildeo se confundiria com falares predominantemente urbanos os falares ou dialetos crioulos que se teriam desenvolvido em certas cidades brasileiras de grande contingente africano (e indiacutegena) falares que seriam essencialshymente o por uguecircs reduzido agrave sua extrema simplishyticaccedilatildeo estrutural e vocabular em consequumlecircncia da grande pobreza do universo significado que constishyt uiria a essecircncia das relaccedilotildees entre senhores e escravos bull Liacutenguas ameriacutendias As liacutenguas indiacutegenas do Nocircvo Mundo ou liacutenguas ameriacutendias natildeo apresenshytam nenhuma caracteriacutestica estrtural pela qual se distingam particularmente das liacutenguas dos demais continentes Natildeo haacute no entanto nenhuma relaccedilatildeo demonstrada entre qualquer liacutengua ameriacutendia e idiomas natildeo americanos (salvo o caso do esquimoacute que por certo penetrou na Ameacuterica vindo da Sibeacuteria oriental em eacutepoca relativamente recente) Igualmente nada hi que una as muitas liacutenguas ameriacutendias entre si A expressatildeo liacutenguas ameriacutenshydias tem pois um significado eminentemente geograacutefico O tipo linguumliacutestico polissinteacutetico ou incorporante dado outrora como caracteriacutestico das liacutenguas ameriacutendias natildeo eacute nem geral nas Ameacutericas nem exclusivo destas Tambeacutem natildeo haacute caracteriacutesticas estruturais que oponham as liacutenguas ameriacutendias da Ameacuterica do Sul agraves das Ameacutericas Central e do Norte O continente americano e talvez mais particularshymente a Ameacuterica do Sul eacute aquecircle em que se encontra maior pluralidade linguumliacutestica - um maior nuacutemero de liacutenguas para uma populaccedilatildeo de baixa densidade demograacutefica Presentemente apenas umas quinze liacutenguas ameriacutendias contam com mais de 100 mil falantes e somente trecircs dessas satildeo usashydas por mais de um milhatildeo de indiviacuteduos cada uma o Queacutechua o Aimara e o Guarani paraguaio Ao todo orccedila por cecircrca de 500 o nuacutemero de liacutenguas ameriacutendias ainda hoje faladas Um nuacutemero consideraacutevel mas de estimativa dificil deixou de ser falado e em geral desapareceu sem deixar vestiacutegios desde o descobrimento da Ameacuterica pelos europeus Muitas das liacutenguas existentes acham-se presentemente em processo de desaparecimento

I J em consequumlecircncia da conquista europeacuteia faladas

agora por apenas poucas dezenas de indiviacuteduos - O estudo das liacutenguas ameriacutendias O estudo cienshytiacutefico das liacutenguas ameriacutendias desenvolveu-se mais fico das liacutenguas ameriacutendias desenvolveu-se mais cedo mais raacutepido e mais intensamente na Ameacuterishyca do Norte Jaacute em 1891 apresentou J W PoweU uma classificaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias ao norte do Meacutexico a qual embora modificada subsequumlenshytemente em muitos detalhes conserva-se em suas divIsotildees principais O maior progresso da investigashyccedilatildeo linguumliacutestica na Ameacuterica do Norte deu-se enshytrentanto na primeira metade do seacutec XX sobreshytudo graccedilas a Franz Boas cujo Manual das liacutenguas iacutendias americanas (Handbook of American Indians

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Languages) especialmente a introduccedilatildeo agrave primeira parte (191 1) teve influecircncia decisiva na orientaccedilatildeo puramente cientiacutefica que se passou a dar ao estudo das liacutenguas ameriacutendias nos Estados Unidos De importacircncia natildeo menos decisiva foram os linguumlistas Leonard Bloomfield e Edward Sapir ecircste uacuteltimo autor de notaacutevel siacutentese classificatoacuteria das liacutenguas ameriacutendias da Ameacuterica do Norte em grande parte tentativa mas que tem sido confirmada consideragravevelmente por estudos posteriores No Meacutexico e na Ameacuterica Central soacute por volta de 1935 comeccedilou a ser superada a fase predominanshytemente amadoresca dos estudos de liacutenguas ameshyriacutendias e na Ameacuterica do Sul soacute em 1950 Isso natildeo significa entretanto que anteriormente natildeo se tenham realizado estudos linguumliacutesticos na Ameacuterica latina mas ecircstes foram sempre relativamente poushycos e sujeitos a muitas limitaccedilotildees No Brasil por exemplo o estudo cientiacutefico das liacutenguas ameriacutendias comeccedilou na realidade com as expediccedilotildees do antropoacutelogo alematildeo Karl von den Steinen agrave regiatildeo das cabeceiras do rio Xingu em 1884 e 1887 Ao extraordinaacuterio ecircxito cientiacutefico dessas viagens deve-se a realizaccedilatildeo de uma seacuterie de outras expediccedilotildees alematildes ao Brasil entre as quais as de Paul Ehrenreich Max Schmidt e Theodor Kochshy-Gruumlnberg foram de particular importacircncia para o acrecircscimo dos conhecimentos lingUumliacutesticos A essa seacuterie de antropoacutelogos visitantes deve somar-se o nome de Curt (Unkel) Nimuendajuacute que tendp emigrado para o Brasil de 1905 a 1945 contribuiu de maneira particularmente extensiva para o coshynhecimento das liacutenguas ameriacutendias decircste paiacutes Mas foi soacute com a entrada em cena do Instituto Linguumlisshytico de Veratildeo (Summer Institute of Linguistics) (no Meacutexico e Guatemala em 1937 no Peru em 1946 e posteriormente na Boliacutevia no Brasil nO Equador na Colocircmbia) instituiccedilatildeo que reUacutene grand~ nuacutemero de pesquisadores treinados em linguumliacutestica descritiva que se iniciou uma fase de documentaccedilatildeo cientiacutefica sistemaacutetica e intensiva das Iinguas ameriacutendias em grande parte da Ameacuterica latina Atualmente aleacutem dos membros daquela instituiccedilatildeo haacute muitos outros linguumlistas filiados a diferentes institutos de pesquisas e universidades que se ocupam das liacutenguas ameriacutendias na Ameacuterica latina natildeo soacute do ponto de vista descritivo mas investigando tambeacutem problemas comparativos classhysificatoacuterios sociolinguumliacutesticos pedagoacutegicos etc - Classificaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias Os estudos classificatoacuterios mais recentes aleacutem de precisar cada vez maior nuacutemero de detalhes nas relaccedilotildees que se vatildeo descobrindo entre as diferentes liacutenguas ameriacutendias tecircm tendido a estabelecer grandes grupos linguumliacutesticos aos quais se daacute o nome de filos (do grego phylon) Em geral um filo abrange vaacuterios troncos ou famiacutelias de liacutenguas e pressupotildee uma comunidade de origem consideragravevelmente remota no tempo para tocircdas as liacutenguas incluiacutedas Ainda eacute bastante hipoteacutetica a constituiccedilatildeo de vaacuterios d~sses filos sobretudo daqueles da Ameacuterica do Sul A mais recente revisatildeo dos filos de liacutenguas ameriacutendias publicada em 1964-1965 por C F P F M Voegelin distingue onze filos para todo o continente e mais vaacuterias famiacutelias e liacutenguas isoladas ou natildeo classificadas Decircsses filos oito se situam na Ameacuterica do Norte incluindo o Meacutexico I Filo Artico Americano-Paleossiberiano (que inshyclui a liacutengua esquimoacute) lI Filo Na-Dene (cujo principal componente eacute a famiacutelia Atapasca com liacutenguas setentrionais no Canadaacute e Alasca liacutenguas ocidentais na Califoacuternia e liacutenguas meridionais principalmente nos Estados do Arizona e Nocircvo Meacutexico entre estas uacuteltimas incluem-se as liacutenguas dos iacutendios Apache e Naacutevaho [Naacutevajos] )

IlI Filo Macro-Algonquino (cujo principal composhynente eacute a famiacutelia Algonquina a que pertencem entre outras as liacutenguas dos iacutendios Cree Algoquin Fox Menomini Blackfoot no Canadaacute e no Norte dos EUA IV Filo Macro-Sioux (que inclui entre outras as famiacutelias Sioux e Iroquesa na parte oriental e central dos EUA v Filo Hoka (entre outras famiacutelias Pomo Yuma Shasta Tlapaneca Tequistlateca principalmente na Califoacuternia e no Meacutexico) VI Filo Penuti (entre outras famiacutelias Chinook Yokuts Maidu Wintun Miwok-Costano Kalashypuya e a liacutengua Zuni no Oeste dos EU A tamilias Mixe-Zoque Totonaca e Maya - a que pertenshycem entre outras as liacutenguas Maja e Qujcheacute - no Meacutexico e Guatemala e a famiacutelia Uru-Chipaia na Boliacutevia)

VlI Filo Azteca-Tano (com as famiacutelias Kiowa-Tano e Uto-Azteca [Yuto-Azteca] agrave primeira pertencem as liacutenguas Kiowa em Oklahoma e Tiwa Tewa e Towa no Nocircvo Meacutexico agrave segunda que se estende desde o Centro dos EUA ateacute o Norte de Hondushyras filiam-se o Naacuteuatl claacutessico - tambeacutem conheshycido como Mexicano ou Azteca - e moderno no Meacutexico as liacutenguas dos iacutendios Comanche e Shoshyshone na Califoacuternia e muitas outras entre as quais o lute lUte Utah] e o Paiute Hopi Paacutepago Yaqui Tarahumara Huichol Cora) VIII Filo Oto-Mangue (com as famiacutelias Mangue Otomi Popoloca Mixteca Chinanteca e Zapoteca no Meacutexico e Ameacuterica Central) Dos filos restantes um situa-se predominantemenshyte na Ameacuterica do Sul mas inclui tambeacutem uma famiacutelia centro-americana IX Filo Macro-Chibcha (incluindo entre outras as famiacutelias Misumalpa ou Misquito-Sumo-Matagalpa na Ameacuterica Central do Panamaacute ateacute a Guatemala Chibcha na Colocircmbia Panamaacute Costa Rica e Nicaraacutegua Waikaacute no Sul da Venezuela e Norte do Brasil Barbacoa na Coloacutembia e Equador Chocoacute no Panamaacute Colocircmbia e Equador) As duas uacuteltimas grandes unidades satildeo macro-fiIos entidades mais abrangentes que os filos e de caraacuteter muito mais hipoteacutetico Ambas satildeo exclusishyvamente sulmiddotamericanas x Macro-filo Jecirc-Pano-Karib (que inclui O filo Macro-Jecirc nO Brasil e entre outras as famiacutelias Tacana-Pano no Brasil Peru e Boliacutevia Nambishyquara no Brasil Karib no Brasil Guumlianas Veneshyzuela Colocircmbia e antigamente Antilhas Witoto na Colocircmbia Peru e Brasil Mataco no Chaco paraguaio e argentino Lule-Vilela-Charrua na Argentina extremo sul do Brasil e Uruguai Huarshype no Sul da Argentina) XI Macro-filo Andino-Equatorial (incluindo o filo Quechumara - que compreende as liacutenguas quecircshychua e aimara esta falada na Bolivia aquela estendendo-se amplamente pelo Equador Peru

Boliacutevia ateacute o Norte da Argentina - e entre outras as famiacutelias Chon na Patagocircnia e Terra do Fogo Zaacuteparo no Equador e Peru Tukano nO Brasil Colocircmbia Equador e Peru Katukina no Brasil Boliacutevia Peru Colocircmbia Venezuela Guumliashynas e antigamente Antilhas de onde uma liacutenshygua foi transportada para Honduras Britacircnicas Honduras e Guatemala Tupi no Brasil Argentina Paraguai Boliacutevia Peru e Guiana Francesa Samushyko no Paraguai e Boliacutevia Guahibo-Panuacutegua na Colocircmbia e Venezuela) - Liacutenguas ameriacutendias do Brasil Falam-se no ~rasil ainda hoje de 120 a 150 liacutenguas ameriacutendias E provaacutevel que ecircsse nuacutemero represente apenas a metade do total de liacutenguas vivas agrave eacutepoca do descobrimento do paiacutes pelos europeus Das liacutenguas desaparecidas soacute muito poucas foram documenshytadas razoagravevelmente duas durante o periacuteodo coloshynial uma ou duas nos uacuteltimos anos Algumas dezenas delas satildeo conhecidas sotildemente por amostras de vocabulaacuterio colhidas em diferentes eacutepocas por missionaacuterios naturalistas sertanistas ou antropoacuteshylogos A maioria poreacutem teraacute desaparecido sem deixar traccedilos Pelo menos dezesseis das liacutenguas sobreviventes satildeo faladas por menos de cinquumlenta pessoas e estatildeo pois na iminecircncia de desaparecer (destas apenas cinco tecircm sido objeto de documenshytaccedilatildeo cientiacutefica) O maior nuacutemero de liacutenguas ameriacutendias brasileiras de 70 a 80 satildeo faladas por um nuacutemero que vai de 50 a lOOO pessoas ao passo que apenas dezessele contam com mais de um milhar de falantes e destas soacute trecircs com mais de 5000 (mas nenhuma excede 6000) guarani tereshyna e tukuna Das duas liacutenguas documentadas no periacuteodo coloshynial O tupi-guarani foi registrado em duas variantes (dialelos) o tupinambaacute ou tupi antigo falado nos seacutecs XVI e XVII em consideraacutevel extensatildeo do litoral brasileiro de Satildeo Paulo ao Maranhatildeo - o que levou os colonizadores portuguecircses a chamaacuteshy-lo liacutengua geral do Brasil ou simplesmente e por excelecircncia liacutengua brasiacutelica e o guarani antigo registrado na primeira meta da do seacutec XVII no Oeste do atual Estado do Paranaacute onde os jesuiacutetas espanhoacuteis estabeleceram suas famosas reduccedilotildees de Guairaacute com iacutendios guarani e um seacuteculo depois bem mais ao sul niacutelS novas missotildees espanholas que entatildeo se estenderam agrave esquerda do rio Uruguai nO territoacuterio do atual Esl do Rio Grande do Sul O tupinambaacute foi amplamente documentado sobreshytudo pelos jesuiacutetas portuguecircses aleacutem de duas gramaacuteticas uma do padre Joseacute de Anchieta (1595) outra do padre Luiacutes Figueira (1621) as quais

s

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4035 apresentam anaacutelises bastantes detalhadas da liacutengua e de um bastante amplo dicionaacuterio compilado por diversos missionaacuterios (Vocabulaacuterio na Liacutengua Brashysiacutelica) foi escrito apreciaacutevel volume de textos principalmente dois catecismos bem desenvolvidos - um decircles com umas quatrocentas paacuteginas em lupinambaacute - e a produccedilatildeo poeacutetica e dramaacutetica do padre Anchieta Em volume bem menor haacute documentos elaborados pelos franceses que estiveshyram no Rio de Janeiro em meados do seacutec XVI e no Maranhatildeo no iniacutecio do seacutec XVII OS uacutenicos docushymentos de autoria de um iacutendio satildeo algumas cartas escritas pelo ceacutelebre Felipe Camaratildeo conservadas na Holanda e ainda ineacuteditas Ao contraacuterio de uma suposiccedilatildeo que surgiu no seacuteculo passado e que desde entatildeo indevidamente ganhou aceitaccedilatildeo geral ecircsses documentos todos refletem com muita fidelishydade a liacutengua realmente usada pelos iacutendios lupishynambaacute nos seacutecs XVI e XVII e natildeo revelam nenhuma reelaboraccedilatildeo ou qualquer outra alteraccedilatildeo essencial que justifique falar-se em algo como tupi jesuiacutetico ou supor-se que a liacutengua dos documentos missionaacuterios portuguecircses tenha sido disciplinada regularizada alatinada ou simplificashyda pelos padres - O guarani do seacutec XVIImiddot foi documentado essencialmente peJo padre peruano Antonio Ruiacutez de Montoya que decircle fecircz uma sucinta gramaacutetica e dois alentados dicionaacuterios aleacutem de compor um volume de catecismo A documentaccedilatildeo do seacutec XVlI eacute devida principalmente ao jesuiacuteta italiano Paulo Restivo que adaptou agrave forma dialetal de suas missotildees e ampliou consideragravevelmente a gramaacutetica de RuIacuteZ de Montoya assim como adaptou o dicionaacuterio espanhol-guarani mas tambeacutem foram produzidos outros documentos notaacuteveis nessa eacutepoca como a traduccedilatildeo para o guarani do livro de hisshytoacuteria das reduccedilotildees do seacutec XVl escrito em espashynhol por RuIacuteZ de Montoya (Conquista espiritual) e a coleccedilatildeo de sermotildees postos por escrito em seu estilo pelo cacique Nicolaacutes Yapuguay (Serrrwnes y exemplos) A outra liacutengua registrada no periacuteodo colonial foi o kaririacute do qual tambeacutem foram conservados por escrito dois dialetos o kipeaacute ou kirirl de J eru no Sul do Est de Sergipe com uma gramaacutetica (1699) e um catecismo (1698) do jesuiacuteta italiano Luiacutes V Mamiani e o dzubukuaacute das ilhas (particularmente a de Aracapaacute) da parte mais setenirional do meacutedio rio Satildeo Francisco na fronteira da Bahia com Pemambuco com um catecismo feito pelo capuchinho francecircs Bernard de Nantes (1709) Do afluxo de naturalistas estrangeiros ao Brasil ao terminar O periacuteodo colonial nO iniacutecio do seacutec XIX resultou notaacutevel incremento da documentaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias Grande parte daqueles pesquisadores procurou colecionaacute-Ias tal como colecionavam exemplares da fauna e da flora mediante a coleta de amostras Tomaram como amostras listas de palavras mais longas ou mais curtas segundo as circunstacircncias da coleta as quais procuravam escrever como podiam conforme os haacutebitos de escrita de suas respectivas liacutenguas (em geral alematildeo ou francecircs) O primeiro e maior colecionador nesse sentido foi o botacircnico alematildeo _ Carl Friedrich Philipp von Martius o qual juntashymente com seu companheiro o woacutelogo Johann Baptist von Spix coletou vocabulaacuterios de cecircrca de 50 liacutenguas ameriacutendias os quais publicou reunidos com outros tantos registrados por Castelnau Walshylace Saint-Hilaire Natterer Wied-Neuwied etc na sua obra conhecida sob o tiacutetlllo Clossaria Linguarum Brasiliensium (1867) Esse tipo de documentaccedilatildeo continuou sendo praticado ateacute o dia de hoje natildeo soacute por viajantes estrangeiros mas tambeacutem por brasileiros e para a maioria das liacutenguas ameriacutendias ainda soacute se dispotildee de material dessa natureza extremamente limitado para proshyporcionar efetivo conhecimento delas No segundo Impeacuterio por estimulo do proacuteprio Imperador procurou-se estudar com mais detalhe as liacutenguas documentadas no periacuteodo colonial e a entatildeo liacutengua geral do Amazonas tambeacutem chamashyda tupi vivo ou nheengatuacute a qual eacute uma forma do tupinambaacute profundamente alterada do fim do seacutec XVII ao comecircccedilo do seacutec XIX principalmente por ter passado a ser usada como liacutengua franca exclusivamente por caboclos e iacutendios natildeo tupishy-guarani Dentre as vaacuterias contribuiccedilotildees feitas para o conhecimento dessa liacutengua - cujo uso se estendeu ao longo do Amazonas e pox alguns de seus afluentes sobretudo o rio Negro - destaca-se o Curso de liacutengua geral segundo Ollendorf compreshyendendo O texto origilliJl de lendas lupis (1876) de

J V Couto de Magalhatildees que constituiu O melhor trabalho de documentaccedilatildeo linguumliacutestica feito por um brasileiro no seacuteculo passado A aplicaccedilatildeo de COnceitos e meacutetodos da ciecircncia Iinguumliacutestica ao estudo de uma liacutengua ameriacutendia do Brasil foi feita por Karl von den Steinen em seu tratamento descritivo e comparativo da liacutengua bashykairiacute (1892) Certamente estimulado pela obra de Steinen J Capistrano de Abreu empreendeu O estudo da liacutengua kaxina vaacute (1914) tendo produshyzido a melhor contribuiccedilatildeo brasileira para a docushymentaccedilatildeo linguumliacutestica na primeira metade do seacutec xx Outras contribuiccedilotildees esparsas surgiram poste-shyriormente algumas de grande meacuterito mas em geral sem se beneficiarem dos progressos da teacutecniacuteshyca de documentaccedilatildeo e anaacutelise Iinguumliacutestica Soacute haacute cecircrca de um dececircniacuteo que realmente se iniacuteciou trabalho de documentaccedilatildeo sistemaacutetica e tecnicashymente bem orientada cujos primeiros resultados comeccedilam apenas a ser publicados - Classificaccedilatildeo das liacutenguas do Brasil Os estudos para classificaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias do Brasil cqmeccedilaram com Martius (1867) e tiveram contrishybuiccedilotildees maiores (em alguns casos em comum com as demais liacutenguas sul-americanas) de Karl von den Steinen Paul Ehrenreich Theodor Koch-Gruumlnberg ~aul Rivet Wilhelm Schmidt Curt Nimuendltiuacute Cestmiacuter Loukotka Joseph Alden Mason A tenshydecircncia predominante nesses estudos durante totildeda a primeira metade do seacutec xx (vaacutelida aliaacutes para tocircda a Ameacuterica do Sul) foi de natureza por assim dizer analiacutetica manifestada na discriminaccedilatildeo de um maior nuacutemero de famiacutelias linguumliacutesticas Exemshyplos tiacutepicos dessa fase satildeo as classificaccedilotildees de Rivet (1924 1952) e Loukotka (1935 1939 1944 1952) ecircste uacuteltimo tendo chegado a distinguir ateacute 114 familias ria Ameacuterica do Sul das quais 48 no Brasil Nos uacuteltimos anOS tem-se invertido a tendecircncia dominante de modo que as classificaccedilotildees mais recentes procuram estabelecer grandes siacutenteses associando muitas familias dentro de entidades maiores como os troncos e filos Representativas dessa nova tendecircncia satildeo as classificaccedilotildees de Maushyriacutecio Swadesh (1959) e Joseph H Greenberg (1960) A proposiccedilatildeo de poucos filos muito abranshygentes (para o Brasil apenas trecircs segundo Greenshyberg) ainda se baseia antes de tudo no raciociacutenio de que eacute muito provaacutevel que tocircdas as liacutenguas tenham em uacuteltima instacircncia uma soacute origem e natildeo tanto em semelhanccedilas descobertas mediante comparaccedilatildeo sistemaacutetica das liacutenguas entre si Soacute a melhoria e intensificaccedilatildeo da documentaccedilatildeo linguuml iacutestica como vem ocorrendo nos uacuteltimos anos no Brasil eacute que vai permitir a elaboraccedilatildeo de classificaccedilotildees bem fundadas em todos os seus detalhes Presentemente uma classificaccedilatildeo geneacutetica mais ou menos detalhada das liacutenguas ameriacutendias do Brasil SOacute pode ser formulada em tecircrmos provisoacuterios A que se daacute adiante representa na maioria dos casos o consenSO predominante dos diversos espeshycialistas quanto agraves relaccedilotildees jaacute descobertas entre as diferentes liacutenguas Como ainda natildeo haacute consenso socircbre a constituiccedilatildeo de filos apresentam-se aqui middot apenas dois niacuteveis de agrupamentos as famiacuteli as que reuacutenem liacutenguas com afinidade geneacutetica relatishyvamente estreita e os troncos que incluem vaacuterias famiacutelias (ou liacutenguas natildeo classificadas em famiacutelias) e que pressupotildeem afinidade de origem muito mais remota Nos nuacutemeros que precedem cada nome o primeiro algarismo indica o tronco o segundo indica a famiacutelia o terceiro a liacutengua e o quarto o dialeto (dialetos satildeo liacutenguas tatildeo semelhantes entre si que umas resultam compreensiacuteveis para os falanshytes de outras e por isso satildeo tratadas aqui como uma soacute liacutengua um complexo dialetal nemmiddot sempre estaacute em uso um nome particular para um comshyplexo dialetal) zero nas posiccedilotildees de tronco e famiacutelia indica que ainda natildeo foram descobertas afinidades nos respectivos niacuteveis 1 Tronco Tupiacute 11 Familia Tupiacute-Guaraniacute 111 tupiacute a) t antigo ou tupinambaacute b) t moderno ou nheengatuacute 112 guaraniacute a) g antigo b) g moderno 1121 kaiwaacute 11222 nhandeacuteva 1123 mbiaacute 113 xetaacute 114 tenetehaacutera 1141 guajajaacutera 1142 tembeacute 1151 asuriniacute 1152 suruiacute do Tocantins (mudjetiacutere) 116 apiakaacute do Tapajoacutes 117 tapirashypeacute 118 kamayuraacute 119 kawahiacuteb 1191 pashyrintintiacuten 1192 paranawaacutet (pawateacute takwateacutep ipotewat) 1193 wirafeacuted 1194 tukumanfeacuted 1195 diahoacutei 1196 tenhariacuten (bocircca-negra) 1197 juacutema 1198 kayabiacute 1110 apiakaacute do Tapajoacutes 11111 urubu (kaapoacuter) 11112 manajeacute (amanashyjeacute) 11113 anambeacute 11114 turiwaacutera 11121

lINGUA

oyampiacute 11122 emeriotilde (eacutemeacuterillon emerenhatildeo) 11123 karipuacutena do Uaccedilaacute 1113 awetiacute 1114 maweacute (satareacute) 12 Famiacutelia Mundurukuacute 1211 mundurukuacute do Cururu 1212 mundurukuacute do Canumatilde 122 kuruaacuteya 13 Famiacutelia Juruacutena 131 juruacutena 132 xipaacuteya 133 manitsawaacute 14 Famiacutelia Arikecircm 141 arikecircm 142 karitiacircna 143 kabixiacircna 15 Famiacutelia Tupariacute 1511 tupariacute 1512 wayoroacute 1513 apitxuacutem 1514 mekecircns (amniapeacute guashyrateacutegaya kuaratiacutera) 152 makuraacutep 153 kepkishyriwaacutet 16 Famiacutelia Ramaracircma 1611 ramaragravema 1612 itogapuacutek (ntogapiacuted) 162 urumiacute 1631 urukuacute 1632 araacutera do Jiparanaacute 17 Famiacutelia Mondeacute 171 mondeacute (sanamaikatilde salamatildei) 1721 aruaacute 1722 aruaxiacute 1731 diguumlt (gaviatildeo do Jiparanaacute) 1732 suruiacute do Jipashyranaacute 174 cinta-larga 101 puruboraacute 2 Tronco Macro-Jecirc i1 Famiacutelia Jecirc 211 timbiacutera 2111 canela (ramkoacutekamekra) 2112 krikau 2113 tajeacute 2114 krenjeacute (krem-yeacute) 2115 apiriayeacute L 116 krahoacute 2117 gaviatildeo do Tocantins 2118 apacircshyniekra (aponejikratilde) 212 kayapoacute 2121 kradauacute 2122 xikriacuten 2123 dioacutere 2124 gorotiacutere 2125 kubeacuten-kran-kegn 2126 kubeacuten-kragnotiacutere 2127 mentuktiacutere (txukahamatildei) 2128 kayapoacute do sul 213 suyaacute 214 akwecircn 2141 xavacircnte 2142 xerecircnte 2143 xikriabaacute 215 kaingaacuteng 2151 kaingaacuteng do norte 2152 kaingaacuteng central 2153 kaingaacuteng do sul 216 xokleacuteng (xokrecircn botocudo de Santa Catarina) 217 jeikoacute 22 Famiacutelia Kamakatilde 2211 kamakatilde 2212 mongotildeyo 2213 kotoxoacute (kutaxoacute) 222 meniecircn 223 masakaraacute 23 Familia Maxakaliacute 231 maxakaliacute 232 mashykoniacute 233 monoxotilde 234 kapoxoacute 235 pataxoacute 236 malaliacute 24 Famiacutelia Coroado 241 coroado 242 puriacute 243 koropotilde 25 Famiacutelia Kaririacute 251 kiririacute 2511 kipeaacute 2512 dzubukuaacute 252 sabuyaacute 26 Familia Borocircro 261 borocircro 262 umouna 201 botocudo 2011 krekmuacuten 2012 naknashynuacutek 2013 djiporoacuteka 2014 bakuecircn 2015 pojitxaacute 2016 krenaacutek 2017 nakrehaacute 202 iatecirc (fulniocirc karnijoacute) 203 ofayeacute (opayeacute) 2041 karajaacute 2042 javaeacute 205 guatoacute 3 Tronco Aruaacutek 31 Famiacutelia Aruaacutek 3111 terecircna 3112 guanaacute 3113 kinikinaacuteo 3114 layacircna 312 paresiacute 3131 wauraacute 3132 mehinaacuteku 3133 yawalashypitiacute 3134 kustenaacuteu 3141 apurinaacute (ipurinaacute) 3142 kaxarariacute 315 kuruoa 316 kanamareacute 317 maniteneriacute 318 kuxitxineriacute (kujijeneriacute) 319 araikuacute 3110 kariaiacute 3111 manaacuteu 3 112 maraacutewa 31 13 uiriacutena 3114 paseacute 3115 kayuishyxacircna (kauixacircna) 3116 jumacircna 31171 mariateacute 31172 wainumaacute 3118 baniacutewa 3119 bareacute 31201 warekeacutena 31202 karuacutetana 31203 yushyrupariacute-tapuacuteya 31211 hohocircdene (huhuacutedene) 31212 sukuriyuacute-tapuacuteya (moriwecircne) 31213 ipeacuteshyka-tapuacuteya (kumadaacute-mnanai kumacircndene) 31214 tariacircna 31215 yiboacuteya-tapuacuteya 31216 yawareteacuteshy-tapuacuteya 31217 siusiacute-tapuacuteya (walipeacuteri-daacutekenei) 31218 kadaupuriacutetana 31219 iacutera-tapuacuteya (maacuteshypanai) 312110 kaacutewa-tapuacuteya (maacuteulieni) 312111 pakuacute-tapuacuteya (payualiacuteene) 312112 tatuacute-tapuacuteya (adyacircnene) 312113 kuatiacute-tapuacuteya (kapiteacute-mnashynei) 3122 xiriacircna 3123 yabaacircna 3124 manshydawaacuteka 31251 wapitxatildena 31252 atoraacutei 3126 maopityaacuten (mapidiaacuten) 3127 palikuacuter 3128 aruaacute 32 Famiacutelia Arawaacute 321 kuliacutena 3221 yamashymadiacute 3222 yaruaacutera 323 paumariacute 324 dani 325 arawaacute 326 madihaacute 01 Famiacutelia Kariacuteb 011 bakairiacute 0121 nahushykwaacute 0122 kuikuacutero 0123 kalapaacutelo 013 1 araacutera do Xingu 0132 paririacute 013 2 txikacircn 0134 apiakaacute do Tocantins 014 palmeacutela 015 pimenteira 016 galibiacute 017 apalaiacute (aparaiacute)

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0181 urukuyacircna 0182 wayacircna 0191 hixkashyryacircna 0192 ka txuacuteyana 0193 waiwaacutei 0110 wayumaraacute 0111 makiritaacutere (mayongoacuteng dyeushykwacircna) 0112 pauxiacircna 0113 tirioacute 01141 makuxiacute 01142 ingarikoacute 01143 waymiriacute 0115 taulipaacuteng (taurepatilde) 02 Famiacutelia Xirianaacute 021 ninacircm 0211 nishynacircm do Mucajaiacute (xirixacircna apiuasteacuteri porauteacuteri ) 0212 nimacircm do U raricaaacute e Paraacutegua (aiwataacuteshyteri kurarikateacuteri) 022 sanumaacute 0221 sanumaacute do Araccedilaacute (kwatoteacuteri tokoximeacuteri) 0222 sanushymaacute do Auaris (samataacuteri) 023 yainomaacute 0231 yainomaacute do Apiauacute (apiauteacuteri kasteacuteri) 0232 yainomaacute do alto Ajarani (orateacuteri jauariacute) 024 yanomacircm 0241 waikaacute (paramiteacuteri parahuacuteri maacuteita maraxiteacuteri aikamteacuteri) 0242 pakidaiacute 03 Famiacutelia Tukacircno 03 11 tukacircna (daxseacutea) 0312 piraacute-tapuacuteya (waikino) 0313 wanacircna (koacutetedia) 0314 tatuacute-tapuacuteya 03 15 tsecircna 0316 tuyuacuteka 0317 yuritiacute-tapuacuteya 0318 baraacute 0319 txuacutena (e outros dialetos) 0321 idemasacircn (iiacuteshy-tapuacuteya makuacutena) 0322 yebaacute 0331 kobeacutewa (heheacutenawa) 0 332 jiboacuteyamiddottapuacuteya (dyureacutemawa) 0341 desaacutena (winaacute) 0342 txiracircngo (sirianaacute) 0343 yupuacutea 0344koretuacute do Apapoacuteris 04 Famiacutelia Makuacute 0411 makuacute do Tiqilieacute (yehuacutebde) 0412 makuacute de Iauareteacute (huacutebde) 0413 makuacute de Satildeo Gabriel (doacuteu) 05 Famiacutelia Katukina 051 katukiacutena 05 2 kashynamariacute 053 katawixiacute 054 parawaacute 06 Famiacutelia Boacutera 061 miracircnha (miracircnia) 07 Famiacutelia Muacutera 0711 muacutera do Manicoreacute (bohuraacute) 0712 mura do Autaacutes 0713 muacuteramiddot -pirahatilde 074 matanawiacute 08 Famiacutelia Pacircno 081 kaxinawaacute 082 remo (nukuiacuteni) 083 poyanaacutewa 084 marinaacutewa 08 5 amawaacuteka 086 kapanaacutewa 087 tuxinaacutewa 088 yaminaacutewa 089 katukina do Gregoacuterio 0810 maruacutebo (mayoruacutena) 0811 kuliacuteno 0812 karishypuacutena do Guaporeacute 09 Famiacutelia Txapa kuacutera 0911 toraacute 0912 urupaacute 09 13 jaruacute 0914 wanhacircm 0915 pakaanoacuteva 0921 moreacute 0922 kumanaacute 010 Famiacutelia Nambikwaacutera 0101 nambikwaacutera (anunsuacute) 01011 kitanJuacute 01012 sawentesuacute 01013 halotesuacute 01014 walditesuacute 0102 munshyduacuteka 0103 txiwaisuacute 0104 galeacutera (manarisuacute) 0105 mamaindeacute 0106 nikadotisuacute 0107 sashybonecircs 011 Faffillia Guaikuruacute 0111 kadiweacuteu 0112 guaxl 001 maacuteku 00 2 auakecirc 003 tukuacutena 004 koeruacutena 0051 maxubiacute 0052 arikapuacute 006 jabutiacute 0071 kanoecirc 0072 kapixanaacute 008 huariacute 009 aripaktsaacute (eripaktsaacute canoeiro) 0010 iracircntxe 0011 otiacute 0012 kukuraacute 0013 trumaacutei 0014 tarairiuacute 0015 xukuruacute 0016 gamela

tingua-de-boi s f Planta fIliciacutenea da famiacutelia das polipodiaacuteceas (Ceterach offlCinaruin) Eacute uma samambaia de focirclhas lanceolado-lineares com segshymentos arredondados curtos e inteiros verdes e glabras na parte superior e cobertas de escamas ferruginosas brilhantes na face inferior pereshyne rizomatosa frequumlente em sebes muros e reshygiotildees pedregosas O mesmo que cete~aque e escoshylopecircndrio I Espeacutecie de fungo da famiacuteli a das polishyporaacuteceas (Fistulina h epalica) Eacute um cogumelo comesshytiacutevel que se desenvolve no tronco das aacutervores (principalmente carvalhos e castanheiros) de cocircr

vermelho-escura na parte de cima e que se projeshyta horizontalmente como uma liacutengua carnuda ateacute 30cm de compr O mesmo que liacutengua-de-vaca fishygado-de-boi liacutengua-de-caslanheiro e tortuhoshy-vermelho

lingua-de-castanheiro s f BOI O mesmo que liacutenshygua-de-boi (Fistulina hepatica)

liacutengua-de-cobra s f Bot O mesmo que ofioglossomiddot

tingua-de-moacuteccedila s f Espeacutecie de patildeo-de-loacute corshytado em fatias e embebido em calda de accediluacutecar

liacutengua-de-mulata s f Doce de pasta de aboacuteshybora e accediluacutecar qu e eacute pocircsto a secar ao sol em peshyquenas porccedilotildees I Biscoito de farinha de trigo e cocircco II lct Peixe pleuronectiforme da f~miacutelia dos cinoglossiacutedeos (Symphurus plagusia) E um linguado de cecircrca de 15cm

tingua-de-sapo s f Planta da famiacuteIia das pipeshyraacuteceas (Peperomia transparens) E uma erva de caule verde-claro transparente suculento e nodoshyso focirclhas alternas cordiformes tambeacutem sucushyIe~tas e transparentes e flocircres muito miuacutedas dispostos em espigas pequenas O mesmo que babashy-de-sapo e ervade-vidro

liacutengua-de-sogra s f Brinquedo que consiste em uma tira dupla colada que ao ser soprada se desenrola e faz vibrar um assobio colocado na extremidade

liacutengua-de-teiuacute s f Aacutervore da famiacutelia dasmiddot lacourmiddot tiaacuteceas (Casearia sylvestris) do Meacutexico Antilhas e Ameacuterica do Sul de focirclhas alternas persistentes lanceoladas flocircres verde-brancacentas O mesmo que cafeacute-do-diabo chaacute-de-bugre erva-da-pontashyda erva-de-bugre guaccedilatunga guaiubim pau-deshy-lagarto satildeo-go nccedilalinho)

liacutengua-de-vaca s f Bigorna de ferreiro pontia shyguda de um lado e redonda do outro II Bot Planta borraginaacutecea (Anchusa italica) tambeacutell chamada bugassa I Nome comum a vaacuterias plantas en tre elas a erva-grossa a Fislulina hepalicQ o fumoshy-bravo (Elephantopus) e a mariamiddotgomes II lct Peixe teleoacutesteo (Synaptura lusitanica) da famiacutelia dos pleuronectiacutedeos comum na costa portuguecircsa

linguado adj Heraacutel Diz-se dos animais cuja liacutengua eacute representada em esmalte diferente do do corpo (para o leatildeo o leopardo o urso o locircbo e a aacuteguia a expressatildeo eacute lampassado) + s m Cada uma das tiras compridas de papel em que ordinagraveshyriamente Se escreve qualquer composiccedilatildeo destishynada agrave impressatildeo I Barra de ferro fundido gushysa I Lacircmina comprida I (pop) Liacutengua grande II let Designaccedilatildeo vulgar de vaacuterias espeacutecies (cecircrshyca de vinte e cinco) de peixes pleuronectiformes caracterizados pela forma do corpo oval e achashytado com barbatanas em ambos os bordos que vivem deitados socircbre o flanco esquerdo no fundo dos mares na areia vizinha das margens A face superior eacute pigmentada e possui os dois olhos e as duas narinas a face inferior eacute descolorida e em oacutergatildeos sensoriais Haacute duas famiacutelias principais na ordem a dos soleiacutedeos que compreende as socirclhas ou tapas e a dos pleuronectiacutedeos que abrange os linguados protildepriamente ditos A carne de tocircdas as espeacutecies eacute muito apreciada Embora sejam peixes dos mares quentes e temperados satildeo tambeacutem pescados no canal da Mancha e no mar do Norte A maior espeacutecie brasileira eacute o Paralichthys brasishyliensis que chega a atingir 1m tambeacutem chamado pescado-real bull Folclore Haacute uma curiosa explicaccedilatildeo popular para a forma da bocircca do linguado Nossa Senhora teria perguntado ao linguado se a mareacute estava na enchente ou na vazante e o peixe em vez de responder tecirc-la-ia arremedado com voz fina e nasalada revirando a bocircca Acredita o povo que O peixe ficou de bocircca torta como castigo

linguado-lixa s m lct O mesmo que tapa

linguagem s r Qualquer meio de expressatildeo de sentimentos e pensamentos (Satildeo diferentes as noccedilotildees de linguagem que envolve o emprecircgo da palavra e de liacutengua [a liacutengua portuguecircsa franshycesa) que define mais precisamente sistema de signos que constitui a base objetiva da linshyguagem) I Modo de se exprimir proacuteprio de cershytas pessoas de certos estados de certas proshyfissotildees de certos assuntos A linguagem do advogado dos poetas e em sentido figurado A linguagem do amor das paixotildees I Vocabulaacuteshyrio e sintaxe proacuteprios de uma eacutepoca de um escrishy

tor I Maneira de expressatildeo estilo Faar uma linguagem clara I (p ext) Grito canto dos animais II Linguagem de maacutequina (Eletr) coqjunto de caracteres e de regras para represhysentaccedilatildeo de informaccedilotildees de maneira a serem inshyterpretadas por um computador II Linguagem muda maneira de se fazer compreender sem falar de modo mimico expressivo II Linguagem original (Compt) linguagem usada no preparo de um problema para aplicaccedilatildeo no computador II Linguashygem poeacutetica V POEacuteTICA

bull Funccedilotildees e estruturas da linguagem A linshyguagem tem uma funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo e outra de organizaccedilatildeo das categorias conceituais admishytidas por uma comunidade linguumliacutestica Cada liacutengua segmenta difentemente a realidade e organiza-a agrave sua maneira as liacutenguas satildeo os instrumentos os meios os coacutedigos utilizados para servir de comushynicaccedilatildeo entre vaacuterios interlocutores A segmenshytaccedilatildeo diversa manifesta-se nas diferentes denomishynaccedilotildees das liacutenguas e a comunicaccedilatildeo na linguagem proposicional Expressatildeo da vida social a linguashygem eacute tambeacutem a condiccedilatildeo pois supotildee um acocircrdo socircbre uma norma socircbre siacutembolos socircbre regras Essa aceitaccedilatildeo das normas distingue as sociedades humanas das sociedades animais A linguagem baseia-se na associaccedilatildeo de um conceito ou sigshynificado e de uma imagem acuacutestica ou significante associaccedilatildeo arbitraacuteria que cria uma unidade ou signo linguumlistico Cada liacutengua eacute analisaacutevel em unidades significativas que se articulam em segshymentos menores ou fonemas natildeo tendo outra funccedilatildeo a natildeo ser a de distinguir formas diferentes Cada fonema caracteriza-se por certo nuacutemero de traccedilos particulares dos quais um eacute pertinente (distintivo) assim b opotildee-se a p pelo traccedilo pershytinente da sonoridade Todos os elementos da liacutengua qualquer que seja o niacutevel em que se coloque (fonemas palavras frases) satildeo inseridos num isshytema de oposiccedilotildees definido por suas relaccediloes internas por sua estrutura Uma linguagem pode manifestar-se de modo diferente nas diversas frashyccedilotildees da comunidade segundo o grau de intercomshypreensatildeo fala-se de diaetos ou de pronuacutencias As condiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas ou sociais poshydem provocar a ruptura da comunidade Iinguumliacutesshytica e a diferenciaccedilatildeo dos dialetos a ponto de se tornarem liacutenguas diferentes (assim do lattm desshycendem as liacutenguas romacircnicas) que constituem uma famiacutelia linguumliacutestica Dentro de uma sociedade os grupos fechados cuja atividade eacute a mesma criam expressotildees tecircrmos teacutecnicos ou giacuterias que contecircm traccedilos especiacuteficos bull Telec A telegrafia utiliza-se de trecircs tipos de linguagem a linguagem clara que deve Ser comshypreendida por uma das cinquumlenta e sete liacutenguas cujo emprecircgo eacute autorizado internacionalmente a linguagem convencional redigida com palavras reais ou natildeo e cujo coqjunto constitui frases iacutencompreensiacuteveis e a linguagem cifrada formada por palavras ou cifras que tecircm uma significaccedilatildeo secreta

bull Linguagem afe tiva e linguagem intelecliva A mensagem que se comunica atraveacutes da linguagem pode conter uma simples informaccedilatildeo de natureza intelectiva ou consistir na expressatildeo de sentimento~ e emoccedilotildees que um indiviacuteduo experimente ou deseje provocar socircbre o acircnimo de um interlocutor virtual ou real A funccedilatildeo baacutesica de comunicaccedilatildeo que eacute a de linguagem diversifica-se assim em trecircs uma funccedilatildeo informativa ou denotativa uma funccedilatildeo expressiva e uma funccedilatildeo apelativa para utilizar de modo aproximado uma distinccedilatildeo estabelecida por Karl BuumlWer A mensagem linguumliacutestica que se caracteriza principalmente como manifestaccedilatildeo subjetiva ou como apecirclo tem recebido a desigshynaccedilatildeo de linguagem a[etiva ou expressiva em oposiccedilatildeo a uma outra principalmente represenshytativa de ideacuteias ou informativa conhecida coshymo linguagem intelecliva A linguagem coloquial comporta quase sempre as duas formas conshyjugadas em grau que varia segundo a natushyreza do que se comunica ou a situaccedilatildeo em que se acham falante e ouvinte A linguagem literaacuteria costuma ser predominantemente afetiva enquanto a linguagem cientiacutefica busca ser essencialmente intelectiva Para manifestaccedilatildeo da afetividade ou para a comunicaccedilatildeo de ideacuteias tocircda liacutengua dispotildee de recursos especiais Assim a linguagem aacutefetiva pode fazer uso da frase exclamativa enquanto a intelec tiva deve por princiacutepio limitar-se agrave frase declarativa de caraacuteter loacutegico-discursivo A linshyguagem afetiva pura sem um ponto de partida

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Page 2: Linguas amerindias

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- Evoluccedilatildeo A partir dos fins do seacutec XII a liacutengua portuguecircsa submeteu-se agrave disciplina gramatical A reconquista cristatilde expandiu para o Sul de Portugal o galaico-portuguecircs No tempo de D Dinis jaacute seI notavam algumas diferenccedilas em relaccedilatildeo ao galego Na eacutepoca quinhentista a diferenciaccedilatildeo era tal que Gil Vicente usava o sotaque beiratildeo para dar a nota ruacutestica O seacutec XVI eacute o da expansatildeo ultramarina do porruguecircs com fixaccedilatildeo definitiva no Brasil em caraacuteter de liacutengua comum geral e de cultura vernaacuteculo para quase totalidade da populaccedilatildeo - Liacutenguas francas As liacutenguas francas mais conheshycidas satildeo o Sabir o Pidgin-English o Brokenshy-English e Beach-Ia-mar e o Chinook largon V CRIOULO e JERGA A liacutengua franca denomina-se tambeacutem Sabir que adquiriu essa acepccedilatildeo por representar-lhe o exemplo mais importante O desenvolvimento de uma liacutengua franca no Brasil entre o seacutec XVI e o iniacutecio do seacutec XIX eacute questatildeo mais ou menos aceita entre filoacutelogos e historiadoshyres brasileiros e estrangeiros embora por carecircncia de documentaccedilatildeo direta a caracterizaccedilatildeo de sua estrutura e evoluccedilatildeo constitua problema cientiacutefico em aberto capital entretanto para a eventual explicaccedilatildeo na aacuterea brasileira de certos divergentes foneacuteticos de um mesmo eacutetimo indiacutegena A liacutenguashy-franca falada no Brasil designada desde o seacutec XVI sob o nome de liacutengua geral foi majoritaacuteria ateacute iniacutecios do seacutec XI x Essa liacutengua natildeo se confundiria com falares predominantemente urbanos os falares ou dialetos crioulos que se teriam desenvolvido em certas cidades brasileiras de grande contingente africano (e indiacutegena) falares que seriam essencialshymente o por uguecircs reduzido agrave sua extrema simplishyticaccedilatildeo estrutural e vocabular em consequumlecircncia da grande pobreza do universo significado que constishyt uiria a essecircncia das relaccedilotildees entre senhores e escravos bull Liacutenguas ameriacutendias As liacutenguas indiacutegenas do Nocircvo Mundo ou liacutenguas ameriacutendias natildeo apresenshytam nenhuma caracteriacutestica estrtural pela qual se distingam particularmente das liacutenguas dos demais continentes Natildeo haacute no entanto nenhuma relaccedilatildeo demonstrada entre qualquer liacutengua ameriacutendia e idiomas natildeo americanos (salvo o caso do esquimoacute que por certo penetrou na Ameacuterica vindo da Sibeacuteria oriental em eacutepoca relativamente recente) Igualmente nada hi que una as muitas liacutenguas ameriacutendias entre si A expressatildeo liacutenguas ameriacutenshydias tem pois um significado eminentemente geograacutefico O tipo linguumliacutestico polissinteacutetico ou incorporante dado outrora como caracteriacutestico das liacutenguas ameriacutendias natildeo eacute nem geral nas Ameacutericas nem exclusivo destas Tambeacutem natildeo haacute caracteriacutesticas estruturais que oponham as liacutenguas ameriacutendias da Ameacuterica do Sul agraves das Ameacutericas Central e do Norte O continente americano e talvez mais particularshymente a Ameacuterica do Sul eacute aquecircle em que se encontra maior pluralidade linguumliacutestica - um maior nuacutemero de liacutenguas para uma populaccedilatildeo de baixa densidade demograacutefica Presentemente apenas umas quinze liacutenguas ameriacutendias contam com mais de 100 mil falantes e somente trecircs dessas satildeo usashydas por mais de um milhatildeo de indiviacuteduos cada uma o Queacutechua o Aimara e o Guarani paraguaio Ao todo orccedila por cecircrca de 500 o nuacutemero de liacutenguas ameriacutendias ainda hoje faladas Um nuacutemero consideraacutevel mas de estimativa dificil deixou de ser falado e em geral desapareceu sem deixar vestiacutegios desde o descobrimento da Ameacuterica pelos europeus Muitas das liacutenguas existentes acham-se presentemente em processo de desaparecimento

I J em consequumlecircncia da conquista europeacuteia faladas

agora por apenas poucas dezenas de indiviacuteduos - O estudo das liacutenguas ameriacutendias O estudo cienshytiacutefico das liacutenguas ameriacutendias desenvolveu-se mais fico das liacutenguas ameriacutendias desenvolveu-se mais cedo mais raacutepido e mais intensamente na Ameacuterishyca do Norte Jaacute em 1891 apresentou J W PoweU uma classificaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias ao norte do Meacutexico a qual embora modificada subsequumlenshytemente em muitos detalhes conserva-se em suas divIsotildees principais O maior progresso da investigashyccedilatildeo linguumliacutestica na Ameacuterica do Norte deu-se enshytrentanto na primeira metade do seacutec XX sobreshytudo graccedilas a Franz Boas cujo Manual das liacutenguas iacutendias americanas (Handbook of American Indians

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Languages) especialmente a introduccedilatildeo agrave primeira parte (191 1) teve influecircncia decisiva na orientaccedilatildeo puramente cientiacutefica que se passou a dar ao estudo das liacutenguas ameriacutendias nos Estados Unidos De importacircncia natildeo menos decisiva foram os linguumlistas Leonard Bloomfield e Edward Sapir ecircste uacuteltimo autor de notaacutevel siacutentese classificatoacuteria das liacutenguas ameriacutendias da Ameacuterica do Norte em grande parte tentativa mas que tem sido confirmada consideragravevelmente por estudos posteriores No Meacutexico e na Ameacuterica Central soacute por volta de 1935 comeccedilou a ser superada a fase predominanshytemente amadoresca dos estudos de liacutenguas ameshyriacutendias e na Ameacuterica do Sul soacute em 1950 Isso natildeo significa entretanto que anteriormente natildeo se tenham realizado estudos linguumliacutesticos na Ameacuterica latina mas ecircstes foram sempre relativamente poushycos e sujeitos a muitas limitaccedilotildees No Brasil por exemplo o estudo cientiacutefico das liacutenguas ameriacutendias comeccedilou na realidade com as expediccedilotildees do antropoacutelogo alematildeo Karl von den Steinen agrave regiatildeo das cabeceiras do rio Xingu em 1884 e 1887 Ao extraordinaacuterio ecircxito cientiacutefico dessas viagens deve-se a realizaccedilatildeo de uma seacuterie de outras expediccedilotildees alematildes ao Brasil entre as quais as de Paul Ehrenreich Max Schmidt e Theodor Kochshy-Gruumlnberg foram de particular importacircncia para o acrecircscimo dos conhecimentos lingUumliacutesticos A essa seacuterie de antropoacutelogos visitantes deve somar-se o nome de Curt (Unkel) Nimuendajuacute que tendp emigrado para o Brasil de 1905 a 1945 contribuiu de maneira particularmente extensiva para o coshynhecimento das liacutenguas ameriacutendias decircste paiacutes Mas foi soacute com a entrada em cena do Instituto Linguumlisshytico de Veratildeo (Summer Institute of Linguistics) (no Meacutexico e Guatemala em 1937 no Peru em 1946 e posteriormente na Boliacutevia no Brasil nO Equador na Colocircmbia) instituiccedilatildeo que reUacutene grand~ nuacutemero de pesquisadores treinados em linguumliacutestica descritiva que se iniciou uma fase de documentaccedilatildeo cientiacutefica sistemaacutetica e intensiva das Iinguas ameriacutendias em grande parte da Ameacuterica latina Atualmente aleacutem dos membros daquela instituiccedilatildeo haacute muitos outros linguumlistas filiados a diferentes institutos de pesquisas e universidades que se ocupam das liacutenguas ameriacutendias na Ameacuterica latina natildeo soacute do ponto de vista descritivo mas investigando tambeacutem problemas comparativos classhysificatoacuterios sociolinguumliacutesticos pedagoacutegicos etc - Classificaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias Os estudos classificatoacuterios mais recentes aleacutem de precisar cada vez maior nuacutemero de detalhes nas relaccedilotildees que se vatildeo descobrindo entre as diferentes liacutenguas ameriacutendias tecircm tendido a estabelecer grandes grupos linguumliacutesticos aos quais se daacute o nome de filos (do grego phylon) Em geral um filo abrange vaacuterios troncos ou famiacutelias de liacutenguas e pressupotildee uma comunidade de origem consideragravevelmente remota no tempo para tocircdas as liacutenguas incluiacutedas Ainda eacute bastante hipoteacutetica a constituiccedilatildeo de vaacuterios d~sses filos sobretudo daqueles da Ameacuterica do Sul A mais recente revisatildeo dos filos de liacutenguas ameriacutendias publicada em 1964-1965 por C F P F M Voegelin distingue onze filos para todo o continente e mais vaacuterias famiacutelias e liacutenguas isoladas ou natildeo classificadas Decircsses filos oito se situam na Ameacuterica do Norte incluindo o Meacutexico I Filo Artico Americano-Paleossiberiano (que inshyclui a liacutengua esquimoacute) lI Filo Na-Dene (cujo principal componente eacute a famiacutelia Atapasca com liacutenguas setentrionais no Canadaacute e Alasca liacutenguas ocidentais na Califoacuternia e liacutenguas meridionais principalmente nos Estados do Arizona e Nocircvo Meacutexico entre estas uacuteltimas incluem-se as liacutenguas dos iacutendios Apache e Naacutevaho [Naacutevajos] )

IlI Filo Macro-Algonquino (cujo principal composhynente eacute a famiacutelia Algonquina a que pertencem entre outras as liacutenguas dos iacutendios Cree Algoquin Fox Menomini Blackfoot no Canadaacute e no Norte dos EUA IV Filo Macro-Sioux (que inclui entre outras as famiacutelias Sioux e Iroquesa na parte oriental e central dos EUA v Filo Hoka (entre outras famiacutelias Pomo Yuma Shasta Tlapaneca Tequistlateca principalmente na Califoacuternia e no Meacutexico) VI Filo Penuti (entre outras famiacutelias Chinook Yokuts Maidu Wintun Miwok-Costano Kalashypuya e a liacutengua Zuni no Oeste dos EU A tamilias Mixe-Zoque Totonaca e Maya - a que pertenshycem entre outras as liacutenguas Maja e Qujcheacute - no Meacutexico e Guatemala e a famiacutelia Uru-Chipaia na Boliacutevia)

VlI Filo Azteca-Tano (com as famiacutelias Kiowa-Tano e Uto-Azteca [Yuto-Azteca] agrave primeira pertencem as liacutenguas Kiowa em Oklahoma e Tiwa Tewa e Towa no Nocircvo Meacutexico agrave segunda que se estende desde o Centro dos EUA ateacute o Norte de Hondushyras filiam-se o Naacuteuatl claacutessico - tambeacutem conheshycido como Mexicano ou Azteca - e moderno no Meacutexico as liacutenguas dos iacutendios Comanche e Shoshyshone na Califoacuternia e muitas outras entre as quais o lute lUte Utah] e o Paiute Hopi Paacutepago Yaqui Tarahumara Huichol Cora) VIII Filo Oto-Mangue (com as famiacutelias Mangue Otomi Popoloca Mixteca Chinanteca e Zapoteca no Meacutexico e Ameacuterica Central) Dos filos restantes um situa-se predominantemenshyte na Ameacuterica do Sul mas inclui tambeacutem uma famiacutelia centro-americana IX Filo Macro-Chibcha (incluindo entre outras as famiacutelias Misumalpa ou Misquito-Sumo-Matagalpa na Ameacuterica Central do Panamaacute ateacute a Guatemala Chibcha na Colocircmbia Panamaacute Costa Rica e Nicaraacutegua Waikaacute no Sul da Venezuela e Norte do Brasil Barbacoa na Coloacutembia e Equador Chocoacute no Panamaacute Colocircmbia e Equador) As duas uacuteltimas grandes unidades satildeo macro-fiIos entidades mais abrangentes que os filos e de caraacuteter muito mais hipoteacutetico Ambas satildeo exclusishyvamente sulmiddotamericanas x Macro-filo Jecirc-Pano-Karib (que inclui O filo Macro-Jecirc nO Brasil e entre outras as famiacutelias Tacana-Pano no Brasil Peru e Boliacutevia Nambishyquara no Brasil Karib no Brasil Guumlianas Veneshyzuela Colocircmbia e antigamente Antilhas Witoto na Colocircmbia Peru e Brasil Mataco no Chaco paraguaio e argentino Lule-Vilela-Charrua na Argentina extremo sul do Brasil e Uruguai Huarshype no Sul da Argentina) XI Macro-filo Andino-Equatorial (incluindo o filo Quechumara - que compreende as liacutenguas quecircshychua e aimara esta falada na Bolivia aquela estendendo-se amplamente pelo Equador Peru

Boliacutevia ateacute o Norte da Argentina - e entre outras as famiacutelias Chon na Patagocircnia e Terra do Fogo Zaacuteparo no Equador e Peru Tukano nO Brasil Colocircmbia Equador e Peru Katukina no Brasil Boliacutevia Peru Colocircmbia Venezuela Guumliashynas e antigamente Antilhas de onde uma liacutenshygua foi transportada para Honduras Britacircnicas Honduras e Guatemala Tupi no Brasil Argentina Paraguai Boliacutevia Peru e Guiana Francesa Samushyko no Paraguai e Boliacutevia Guahibo-Panuacutegua na Colocircmbia e Venezuela) - Liacutenguas ameriacutendias do Brasil Falam-se no ~rasil ainda hoje de 120 a 150 liacutenguas ameriacutendias E provaacutevel que ecircsse nuacutemero represente apenas a metade do total de liacutenguas vivas agrave eacutepoca do descobrimento do paiacutes pelos europeus Das liacutenguas desaparecidas soacute muito poucas foram documenshytadas razoagravevelmente duas durante o periacuteodo coloshynial uma ou duas nos uacuteltimos anos Algumas dezenas delas satildeo conhecidas sotildemente por amostras de vocabulaacuterio colhidas em diferentes eacutepocas por missionaacuterios naturalistas sertanistas ou antropoacuteshylogos A maioria poreacutem teraacute desaparecido sem deixar traccedilos Pelo menos dezesseis das liacutenguas sobreviventes satildeo faladas por menos de cinquumlenta pessoas e estatildeo pois na iminecircncia de desaparecer (destas apenas cinco tecircm sido objeto de documenshytaccedilatildeo cientiacutefica) O maior nuacutemero de liacutenguas ameriacutendias brasileiras de 70 a 80 satildeo faladas por um nuacutemero que vai de 50 a lOOO pessoas ao passo que apenas dezessele contam com mais de um milhar de falantes e destas soacute trecircs com mais de 5000 (mas nenhuma excede 6000) guarani tereshyna e tukuna Das duas liacutenguas documentadas no periacuteodo coloshynial O tupi-guarani foi registrado em duas variantes (dialelos) o tupinambaacute ou tupi antigo falado nos seacutecs XVI e XVII em consideraacutevel extensatildeo do litoral brasileiro de Satildeo Paulo ao Maranhatildeo - o que levou os colonizadores portuguecircses a chamaacuteshy-lo liacutengua geral do Brasil ou simplesmente e por excelecircncia liacutengua brasiacutelica e o guarani antigo registrado na primeira meta da do seacutec XVII no Oeste do atual Estado do Paranaacute onde os jesuiacutetas espanhoacuteis estabeleceram suas famosas reduccedilotildees de Guairaacute com iacutendios guarani e um seacuteculo depois bem mais ao sul niacutelS novas missotildees espanholas que entatildeo se estenderam agrave esquerda do rio Uruguai nO territoacuterio do atual Esl do Rio Grande do Sul O tupinambaacute foi amplamente documentado sobreshytudo pelos jesuiacutetas portuguecircses aleacutem de duas gramaacuteticas uma do padre Joseacute de Anchieta (1595) outra do padre Luiacutes Figueira (1621) as quais

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Biblioteca Digital Curt Nimuendaju httpbiblioetnolinguisticaorg

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4035 apresentam anaacutelises bastantes detalhadas da liacutengua e de um bastante amplo dicionaacuterio compilado por diversos missionaacuterios (Vocabulaacuterio na Liacutengua Brashysiacutelica) foi escrito apreciaacutevel volume de textos principalmente dois catecismos bem desenvolvidos - um decircles com umas quatrocentas paacuteginas em lupinambaacute - e a produccedilatildeo poeacutetica e dramaacutetica do padre Anchieta Em volume bem menor haacute documentos elaborados pelos franceses que estiveshyram no Rio de Janeiro em meados do seacutec XVI e no Maranhatildeo no iniacutecio do seacutec XVII OS uacutenicos docushymentos de autoria de um iacutendio satildeo algumas cartas escritas pelo ceacutelebre Felipe Camaratildeo conservadas na Holanda e ainda ineacuteditas Ao contraacuterio de uma suposiccedilatildeo que surgiu no seacuteculo passado e que desde entatildeo indevidamente ganhou aceitaccedilatildeo geral ecircsses documentos todos refletem com muita fidelishydade a liacutengua realmente usada pelos iacutendios lupishynambaacute nos seacutecs XVI e XVII e natildeo revelam nenhuma reelaboraccedilatildeo ou qualquer outra alteraccedilatildeo essencial que justifique falar-se em algo como tupi jesuiacutetico ou supor-se que a liacutengua dos documentos missionaacuterios portuguecircses tenha sido disciplinada regularizada alatinada ou simplificashyda pelos padres - O guarani do seacutec XVIImiddot foi documentado essencialmente peJo padre peruano Antonio Ruiacutez de Montoya que decircle fecircz uma sucinta gramaacutetica e dois alentados dicionaacuterios aleacutem de compor um volume de catecismo A documentaccedilatildeo do seacutec XVlI eacute devida principalmente ao jesuiacuteta italiano Paulo Restivo que adaptou agrave forma dialetal de suas missotildees e ampliou consideragravevelmente a gramaacutetica de RuIacuteZ de Montoya assim como adaptou o dicionaacuterio espanhol-guarani mas tambeacutem foram produzidos outros documentos notaacuteveis nessa eacutepoca como a traduccedilatildeo para o guarani do livro de hisshytoacuteria das reduccedilotildees do seacutec XVl escrito em espashynhol por RuIacuteZ de Montoya (Conquista espiritual) e a coleccedilatildeo de sermotildees postos por escrito em seu estilo pelo cacique Nicolaacutes Yapuguay (Serrrwnes y exemplos) A outra liacutengua registrada no periacuteodo colonial foi o kaririacute do qual tambeacutem foram conservados por escrito dois dialetos o kipeaacute ou kirirl de J eru no Sul do Est de Sergipe com uma gramaacutetica (1699) e um catecismo (1698) do jesuiacuteta italiano Luiacutes V Mamiani e o dzubukuaacute das ilhas (particularmente a de Aracapaacute) da parte mais setenirional do meacutedio rio Satildeo Francisco na fronteira da Bahia com Pemambuco com um catecismo feito pelo capuchinho francecircs Bernard de Nantes (1709) Do afluxo de naturalistas estrangeiros ao Brasil ao terminar O periacuteodo colonial nO iniacutecio do seacutec XIX resultou notaacutevel incremento da documentaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias Grande parte daqueles pesquisadores procurou colecionaacute-Ias tal como colecionavam exemplares da fauna e da flora mediante a coleta de amostras Tomaram como amostras listas de palavras mais longas ou mais curtas segundo as circunstacircncias da coleta as quais procuravam escrever como podiam conforme os haacutebitos de escrita de suas respectivas liacutenguas (em geral alematildeo ou francecircs) O primeiro e maior colecionador nesse sentido foi o botacircnico alematildeo _ Carl Friedrich Philipp von Martius o qual juntashymente com seu companheiro o woacutelogo Johann Baptist von Spix coletou vocabulaacuterios de cecircrca de 50 liacutenguas ameriacutendias os quais publicou reunidos com outros tantos registrados por Castelnau Walshylace Saint-Hilaire Natterer Wied-Neuwied etc na sua obra conhecida sob o tiacutetlllo Clossaria Linguarum Brasiliensium (1867) Esse tipo de documentaccedilatildeo continuou sendo praticado ateacute o dia de hoje natildeo soacute por viajantes estrangeiros mas tambeacutem por brasileiros e para a maioria das liacutenguas ameriacutendias ainda soacute se dispotildee de material dessa natureza extremamente limitado para proshyporcionar efetivo conhecimento delas No segundo Impeacuterio por estimulo do proacuteprio Imperador procurou-se estudar com mais detalhe as liacutenguas documentadas no periacuteodo colonial e a entatildeo liacutengua geral do Amazonas tambeacutem chamashyda tupi vivo ou nheengatuacute a qual eacute uma forma do tupinambaacute profundamente alterada do fim do seacutec XVII ao comecircccedilo do seacutec XIX principalmente por ter passado a ser usada como liacutengua franca exclusivamente por caboclos e iacutendios natildeo tupishy-guarani Dentre as vaacuterias contribuiccedilotildees feitas para o conhecimento dessa liacutengua - cujo uso se estendeu ao longo do Amazonas e pox alguns de seus afluentes sobretudo o rio Negro - destaca-se o Curso de liacutengua geral segundo Ollendorf compreshyendendo O texto origilliJl de lendas lupis (1876) de

J V Couto de Magalhatildees que constituiu O melhor trabalho de documentaccedilatildeo linguumliacutestica feito por um brasileiro no seacuteculo passado A aplicaccedilatildeo de COnceitos e meacutetodos da ciecircncia Iinguumliacutestica ao estudo de uma liacutengua ameriacutendia do Brasil foi feita por Karl von den Steinen em seu tratamento descritivo e comparativo da liacutengua bashykairiacute (1892) Certamente estimulado pela obra de Steinen J Capistrano de Abreu empreendeu O estudo da liacutengua kaxina vaacute (1914) tendo produshyzido a melhor contribuiccedilatildeo brasileira para a docushymentaccedilatildeo linguumliacutestica na primeira metade do seacutec xx Outras contribuiccedilotildees esparsas surgiram poste-shyriormente algumas de grande meacuterito mas em geral sem se beneficiarem dos progressos da teacutecniacuteshyca de documentaccedilatildeo e anaacutelise Iinguumliacutestica Soacute haacute cecircrca de um dececircniacuteo que realmente se iniacuteciou trabalho de documentaccedilatildeo sistemaacutetica e tecnicashymente bem orientada cujos primeiros resultados comeccedilam apenas a ser publicados - Classificaccedilatildeo das liacutenguas do Brasil Os estudos para classificaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias do Brasil cqmeccedilaram com Martius (1867) e tiveram contrishybuiccedilotildees maiores (em alguns casos em comum com as demais liacutenguas sul-americanas) de Karl von den Steinen Paul Ehrenreich Theodor Koch-Gruumlnberg ~aul Rivet Wilhelm Schmidt Curt Nimuendltiuacute Cestmiacuter Loukotka Joseph Alden Mason A tenshydecircncia predominante nesses estudos durante totildeda a primeira metade do seacutec xx (vaacutelida aliaacutes para tocircda a Ameacuterica do Sul) foi de natureza por assim dizer analiacutetica manifestada na discriminaccedilatildeo de um maior nuacutemero de famiacutelias linguumliacutesticas Exemshyplos tiacutepicos dessa fase satildeo as classificaccedilotildees de Rivet (1924 1952) e Loukotka (1935 1939 1944 1952) ecircste uacuteltimo tendo chegado a distinguir ateacute 114 familias ria Ameacuterica do Sul das quais 48 no Brasil Nos uacuteltimos anOS tem-se invertido a tendecircncia dominante de modo que as classificaccedilotildees mais recentes procuram estabelecer grandes siacutenteses associando muitas familias dentro de entidades maiores como os troncos e filos Representativas dessa nova tendecircncia satildeo as classificaccedilotildees de Maushyriacutecio Swadesh (1959) e Joseph H Greenberg (1960) A proposiccedilatildeo de poucos filos muito abranshygentes (para o Brasil apenas trecircs segundo Greenshyberg) ainda se baseia antes de tudo no raciociacutenio de que eacute muito provaacutevel que tocircdas as liacutenguas tenham em uacuteltima instacircncia uma soacute origem e natildeo tanto em semelhanccedilas descobertas mediante comparaccedilatildeo sistemaacutetica das liacutenguas entre si Soacute a melhoria e intensificaccedilatildeo da documentaccedilatildeo linguuml iacutestica como vem ocorrendo nos uacuteltimos anos no Brasil eacute que vai permitir a elaboraccedilatildeo de classificaccedilotildees bem fundadas em todos os seus detalhes Presentemente uma classificaccedilatildeo geneacutetica mais ou menos detalhada das liacutenguas ameriacutendias do Brasil SOacute pode ser formulada em tecircrmos provisoacuterios A que se daacute adiante representa na maioria dos casos o consenSO predominante dos diversos espeshycialistas quanto agraves relaccedilotildees jaacute descobertas entre as diferentes liacutenguas Como ainda natildeo haacute consenso socircbre a constituiccedilatildeo de filos apresentam-se aqui middot apenas dois niacuteveis de agrupamentos as famiacuteli as que reuacutenem liacutenguas com afinidade geneacutetica relatishyvamente estreita e os troncos que incluem vaacuterias famiacutelias (ou liacutenguas natildeo classificadas em famiacutelias) e que pressupotildeem afinidade de origem muito mais remota Nos nuacutemeros que precedem cada nome o primeiro algarismo indica o tronco o segundo indica a famiacutelia o terceiro a liacutengua e o quarto o dialeto (dialetos satildeo liacutenguas tatildeo semelhantes entre si que umas resultam compreensiacuteveis para os falanshytes de outras e por isso satildeo tratadas aqui como uma soacute liacutengua um complexo dialetal nemmiddot sempre estaacute em uso um nome particular para um comshyplexo dialetal) zero nas posiccedilotildees de tronco e famiacutelia indica que ainda natildeo foram descobertas afinidades nos respectivos niacuteveis 1 Tronco Tupiacute 11 Familia Tupiacute-Guaraniacute 111 tupiacute a) t antigo ou tupinambaacute b) t moderno ou nheengatuacute 112 guaraniacute a) g antigo b) g moderno 1121 kaiwaacute 11222 nhandeacuteva 1123 mbiaacute 113 xetaacute 114 tenetehaacutera 1141 guajajaacutera 1142 tembeacute 1151 asuriniacute 1152 suruiacute do Tocantins (mudjetiacutere) 116 apiakaacute do Tapajoacutes 117 tapirashypeacute 118 kamayuraacute 119 kawahiacuteb 1191 pashyrintintiacuten 1192 paranawaacutet (pawateacute takwateacutep ipotewat) 1193 wirafeacuted 1194 tukumanfeacuted 1195 diahoacutei 1196 tenhariacuten (bocircca-negra) 1197 juacutema 1198 kayabiacute 1110 apiakaacute do Tapajoacutes 11111 urubu (kaapoacuter) 11112 manajeacute (amanashyjeacute) 11113 anambeacute 11114 turiwaacutera 11121

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oyampiacute 11122 emeriotilde (eacutemeacuterillon emerenhatildeo) 11123 karipuacutena do Uaccedilaacute 1113 awetiacute 1114 maweacute (satareacute) 12 Famiacutelia Mundurukuacute 1211 mundurukuacute do Cururu 1212 mundurukuacute do Canumatilde 122 kuruaacuteya 13 Famiacutelia Juruacutena 131 juruacutena 132 xipaacuteya 133 manitsawaacute 14 Famiacutelia Arikecircm 141 arikecircm 142 karitiacircna 143 kabixiacircna 15 Famiacutelia Tupariacute 1511 tupariacute 1512 wayoroacute 1513 apitxuacutem 1514 mekecircns (amniapeacute guashyrateacutegaya kuaratiacutera) 152 makuraacutep 153 kepkishyriwaacutet 16 Famiacutelia Ramaracircma 1611 ramaragravema 1612 itogapuacutek (ntogapiacuted) 162 urumiacute 1631 urukuacute 1632 araacutera do Jiparanaacute 17 Famiacutelia Mondeacute 171 mondeacute (sanamaikatilde salamatildei) 1721 aruaacute 1722 aruaxiacute 1731 diguumlt (gaviatildeo do Jiparanaacute) 1732 suruiacute do Jipashyranaacute 174 cinta-larga 101 puruboraacute 2 Tronco Macro-Jecirc i1 Famiacutelia Jecirc 211 timbiacutera 2111 canela (ramkoacutekamekra) 2112 krikau 2113 tajeacute 2114 krenjeacute (krem-yeacute) 2115 apiriayeacute L 116 krahoacute 2117 gaviatildeo do Tocantins 2118 apacircshyniekra (aponejikratilde) 212 kayapoacute 2121 kradauacute 2122 xikriacuten 2123 dioacutere 2124 gorotiacutere 2125 kubeacuten-kran-kegn 2126 kubeacuten-kragnotiacutere 2127 mentuktiacutere (txukahamatildei) 2128 kayapoacute do sul 213 suyaacute 214 akwecircn 2141 xavacircnte 2142 xerecircnte 2143 xikriabaacute 215 kaingaacuteng 2151 kaingaacuteng do norte 2152 kaingaacuteng central 2153 kaingaacuteng do sul 216 xokleacuteng (xokrecircn botocudo de Santa Catarina) 217 jeikoacute 22 Famiacutelia Kamakatilde 2211 kamakatilde 2212 mongotildeyo 2213 kotoxoacute (kutaxoacute) 222 meniecircn 223 masakaraacute 23 Familia Maxakaliacute 231 maxakaliacute 232 mashykoniacute 233 monoxotilde 234 kapoxoacute 235 pataxoacute 236 malaliacute 24 Famiacutelia Coroado 241 coroado 242 puriacute 243 koropotilde 25 Famiacutelia Kaririacute 251 kiririacute 2511 kipeaacute 2512 dzubukuaacute 252 sabuyaacute 26 Familia Borocircro 261 borocircro 262 umouna 201 botocudo 2011 krekmuacuten 2012 naknashynuacutek 2013 djiporoacuteka 2014 bakuecircn 2015 pojitxaacute 2016 krenaacutek 2017 nakrehaacute 202 iatecirc (fulniocirc karnijoacute) 203 ofayeacute (opayeacute) 2041 karajaacute 2042 javaeacute 205 guatoacute 3 Tronco Aruaacutek 31 Famiacutelia Aruaacutek 3111 terecircna 3112 guanaacute 3113 kinikinaacuteo 3114 layacircna 312 paresiacute 3131 wauraacute 3132 mehinaacuteku 3133 yawalashypitiacute 3134 kustenaacuteu 3141 apurinaacute (ipurinaacute) 3142 kaxarariacute 315 kuruoa 316 kanamareacute 317 maniteneriacute 318 kuxitxineriacute (kujijeneriacute) 319 araikuacute 3110 kariaiacute 3111 manaacuteu 3 112 maraacutewa 31 13 uiriacutena 3114 paseacute 3115 kayuishyxacircna (kauixacircna) 3116 jumacircna 31171 mariateacute 31172 wainumaacute 3118 baniacutewa 3119 bareacute 31201 warekeacutena 31202 karuacutetana 31203 yushyrupariacute-tapuacuteya 31211 hohocircdene (huhuacutedene) 31212 sukuriyuacute-tapuacuteya (moriwecircne) 31213 ipeacuteshyka-tapuacuteya (kumadaacute-mnanai kumacircndene) 31214 tariacircna 31215 yiboacuteya-tapuacuteya 31216 yawareteacuteshy-tapuacuteya 31217 siusiacute-tapuacuteya (walipeacuteri-daacutekenei) 31218 kadaupuriacutetana 31219 iacutera-tapuacuteya (maacuteshypanai) 312110 kaacutewa-tapuacuteya (maacuteulieni) 312111 pakuacute-tapuacuteya (payualiacuteene) 312112 tatuacute-tapuacuteya (adyacircnene) 312113 kuatiacute-tapuacuteya (kapiteacute-mnashynei) 3122 xiriacircna 3123 yabaacircna 3124 manshydawaacuteka 31251 wapitxatildena 31252 atoraacutei 3126 maopityaacuten (mapidiaacuten) 3127 palikuacuter 3128 aruaacute 32 Famiacutelia Arawaacute 321 kuliacutena 3221 yamashymadiacute 3222 yaruaacutera 323 paumariacute 324 dani 325 arawaacute 326 madihaacute 01 Famiacutelia Kariacuteb 011 bakairiacute 0121 nahushykwaacute 0122 kuikuacutero 0123 kalapaacutelo 013 1 araacutera do Xingu 0132 paririacute 013 2 txikacircn 0134 apiakaacute do Tocantins 014 palmeacutela 015 pimenteira 016 galibiacute 017 apalaiacute (aparaiacute)

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4036

L1N

linguado

0181 urukuyacircna 0182 wayacircna 0191 hixkashyryacircna 0192 ka txuacuteyana 0193 waiwaacutei 0110 wayumaraacute 0111 makiritaacutere (mayongoacuteng dyeushykwacircna) 0112 pauxiacircna 0113 tirioacute 01141 makuxiacute 01142 ingarikoacute 01143 waymiriacute 0115 taulipaacuteng (taurepatilde) 02 Famiacutelia Xirianaacute 021 ninacircm 0211 nishynacircm do Mucajaiacute (xirixacircna apiuasteacuteri porauteacuteri ) 0212 nimacircm do U raricaaacute e Paraacutegua (aiwataacuteshyteri kurarikateacuteri) 022 sanumaacute 0221 sanumaacute do Araccedilaacute (kwatoteacuteri tokoximeacuteri) 0222 sanushymaacute do Auaris (samataacuteri) 023 yainomaacute 0231 yainomaacute do Apiauacute (apiauteacuteri kasteacuteri) 0232 yainomaacute do alto Ajarani (orateacuteri jauariacute) 024 yanomacircm 0241 waikaacute (paramiteacuteri parahuacuteri maacuteita maraxiteacuteri aikamteacuteri) 0242 pakidaiacute 03 Famiacutelia Tukacircno 03 11 tukacircna (daxseacutea) 0312 piraacute-tapuacuteya (waikino) 0313 wanacircna (koacutetedia) 0314 tatuacute-tapuacuteya 03 15 tsecircna 0316 tuyuacuteka 0317 yuritiacute-tapuacuteya 0318 baraacute 0319 txuacutena (e outros dialetos) 0321 idemasacircn (iiacuteshy-tapuacuteya makuacutena) 0322 yebaacute 0331 kobeacutewa (heheacutenawa) 0 332 jiboacuteyamiddottapuacuteya (dyureacutemawa) 0341 desaacutena (winaacute) 0342 txiracircngo (sirianaacute) 0343 yupuacutea 0344koretuacute do Apapoacuteris 04 Famiacutelia Makuacute 0411 makuacute do Tiqilieacute (yehuacutebde) 0412 makuacute de Iauareteacute (huacutebde) 0413 makuacute de Satildeo Gabriel (doacuteu) 05 Famiacutelia Katukina 051 katukiacutena 05 2 kashynamariacute 053 katawixiacute 054 parawaacute 06 Famiacutelia Boacutera 061 miracircnha (miracircnia) 07 Famiacutelia Muacutera 0711 muacutera do Manicoreacute (bohuraacute) 0712 mura do Autaacutes 0713 muacuteramiddot -pirahatilde 074 matanawiacute 08 Famiacutelia Pacircno 081 kaxinawaacute 082 remo (nukuiacuteni) 083 poyanaacutewa 084 marinaacutewa 08 5 amawaacuteka 086 kapanaacutewa 087 tuxinaacutewa 088 yaminaacutewa 089 katukina do Gregoacuterio 0810 maruacutebo (mayoruacutena) 0811 kuliacuteno 0812 karishypuacutena do Guaporeacute 09 Famiacutelia Txapa kuacutera 0911 toraacute 0912 urupaacute 09 13 jaruacute 0914 wanhacircm 0915 pakaanoacuteva 0921 moreacute 0922 kumanaacute 010 Famiacutelia Nambikwaacutera 0101 nambikwaacutera (anunsuacute) 01011 kitanJuacute 01012 sawentesuacute 01013 halotesuacute 01014 walditesuacute 0102 munshyduacuteka 0103 txiwaisuacute 0104 galeacutera (manarisuacute) 0105 mamaindeacute 0106 nikadotisuacute 0107 sashybonecircs 011 Faffillia Guaikuruacute 0111 kadiweacuteu 0112 guaxl 001 maacuteku 00 2 auakecirc 003 tukuacutena 004 koeruacutena 0051 maxubiacute 0052 arikapuacute 006 jabutiacute 0071 kanoecirc 0072 kapixanaacute 008 huariacute 009 aripaktsaacute (eripaktsaacute canoeiro) 0010 iracircntxe 0011 otiacute 0012 kukuraacute 0013 trumaacutei 0014 tarairiuacute 0015 xukuruacute 0016 gamela

tingua-de-boi s f Planta fIliciacutenea da famiacutelia das polipodiaacuteceas (Ceterach offlCinaruin) Eacute uma samambaia de focirclhas lanceolado-lineares com segshymentos arredondados curtos e inteiros verdes e glabras na parte superior e cobertas de escamas ferruginosas brilhantes na face inferior pereshyne rizomatosa frequumlente em sebes muros e reshygiotildees pedregosas O mesmo que cete~aque e escoshylopecircndrio I Espeacutecie de fungo da famiacuteli a das polishyporaacuteceas (Fistulina h epalica) Eacute um cogumelo comesshytiacutevel que se desenvolve no tronco das aacutervores (principalmente carvalhos e castanheiros) de cocircr

vermelho-escura na parte de cima e que se projeshyta horizontalmente como uma liacutengua carnuda ateacute 30cm de compr O mesmo que liacutengua-de-vaca fishygado-de-boi liacutengua-de-caslanheiro e tortuhoshy-vermelho

lingua-de-castanheiro s f BOI O mesmo que liacutenshygua-de-boi (Fistulina hepatica)

liacutengua-de-cobra s f Bot O mesmo que ofioglossomiddot

tingua-de-moacuteccedila s f Espeacutecie de patildeo-de-loacute corshytado em fatias e embebido em calda de accediluacutecar

liacutengua-de-mulata s f Doce de pasta de aboacuteshybora e accediluacutecar qu e eacute pocircsto a secar ao sol em peshyquenas porccedilotildees I Biscoito de farinha de trigo e cocircco II lct Peixe pleuronectiforme da f~miacutelia dos cinoglossiacutedeos (Symphurus plagusia) E um linguado de cecircrca de 15cm

tingua-de-sapo s f Planta da famiacuteIia das pipeshyraacuteceas (Peperomia transparens) E uma erva de caule verde-claro transparente suculento e nodoshyso focirclhas alternas cordiformes tambeacutem sucushyIe~tas e transparentes e flocircres muito miuacutedas dispostos em espigas pequenas O mesmo que babashy-de-sapo e ervade-vidro

liacutengua-de-sogra s f Brinquedo que consiste em uma tira dupla colada que ao ser soprada se desenrola e faz vibrar um assobio colocado na extremidade

liacutengua-de-teiuacute s f Aacutervore da famiacutelia dasmiddot lacourmiddot tiaacuteceas (Casearia sylvestris) do Meacutexico Antilhas e Ameacuterica do Sul de focirclhas alternas persistentes lanceoladas flocircres verde-brancacentas O mesmo que cafeacute-do-diabo chaacute-de-bugre erva-da-pontashyda erva-de-bugre guaccedilatunga guaiubim pau-deshy-lagarto satildeo-go nccedilalinho)

liacutengua-de-vaca s f Bigorna de ferreiro pontia shyguda de um lado e redonda do outro II Bot Planta borraginaacutecea (Anchusa italica) tambeacutell chamada bugassa I Nome comum a vaacuterias plantas en tre elas a erva-grossa a Fislulina hepalicQ o fumoshy-bravo (Elephantopus) e a mariamiddotgomes II lct Peixe teleoacutesteo (Synaptura lusitanica) da famiacutelia dos pleuronectiacutedeos comum na costa portuguecircsa

linguado adj Heraacutel Diz-se dos animais cuja liacutengua eacute representada em esmalte diferente do do corpo (para o leatildeo o leopardo o urso o locircbo e a aacuteguia a expressatildeo eacute lampassado) + s m Cada uma das tiras compridas de papel em que ordinagraveshyriamente Se escreve qualquer composiccedilatildeo destishynada agrave impressatildeo I Barra de ferro fundido gushysa I Lacircmina comprida I (pop) Liacutengua grande II let Designaccedilatildeo vulgar de vaacuterias espeacutecies (cecircrshyca de vinte e cinco) de peixes pleuronectiformes caracterizados pela forma do corpo oval e achashytado com barbatanas em ambos os bordos que vivem deitados socircbre o flanco esquerdo no fundo dos mares na areia vizinha das margens A face superior eacute pigmentada e possui os dois olhos e as duas narinas a face inferior eacute descolorida e em oacutergatildeos sensoriais Haacute duas famiacutelias principais na ordem a dos soleiacutedeos que compreende as socirclhas ou tapas e a dos pleuronectiacutedeos que abrange os linguados protildepriamente ditos A carne de tocircdas as espeacutecies eacute muito apreciada Embora sejam peixes dos mares quentes e temperados satildeo tambeacutem pescados no canal da Mancha e no mar do Norte A maior espeacutecie brasileira eacute o Paralichthys brasishyliensis que chega a atingir 1m tambeacutem chamado pescado-real bull Folclore Haacute uma curiosa explicaccedilatildeo popular para a forma da bocircca do linguado Nossa Senhora teria perguntado ao linguado se a mareacute estava na enchente ou na vazante e o peixe em vez de responder tecirc-la-ia arremedado com voz fina e nasalada revirando a bocircca Acredita o povo que O peixe ficou de bocircca torta como castigo

linguado-lixa s m lct O mesmo que tapa

linguagem s r Qualquer meio de expressatildeo de sentimentos e pensamentos (Satildeo diferentes as noccedilotildees de linguagem que envolve o emprecircgo da palavra e de liacutengua [a liacutengua portuguecircsa franshycesa) que define mais precisamente sistema de signos que constitui a base objetiva da linshyguagem) I Modo de se exprimir proacuteprio de cershytas pessoas de certos estados de certas proshyfissotildees de certos assuntos A linguagem do advogado dos poetas e em sentido figurado A linguagem do amor das paixotildees I Vocabulaacuteshyrio e sintaxe proacuteprios de uma eacutepoca de um escrishy

tor I Maneira de expressatildeo estilo Faar uma linguagem clara I (p ext) Grito canto dos animais II Linguagem de maacutequina (Eletr) coqjunto de caracteres e de regras para represhysentaccedilatildeo de informaccedilotildees de maneira a serem inshyterpretadas por um computador II Linguagem muda maneira de se fazer compreender sem falar de modo mimico expressivo II Linguagem original (Compt) linguagem usada no preparo de um problema para aplicaccedilatildeo no computador II Linguashygem poeacutetica V POEacuteTICA

bull Funccedilotildees e estruturas da linguagem A linshyguagem tem uma funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo e outra de organizaccedilatildeo das categorias conceituais admishytidas por uma comunidade linguumliacutestica Cada liacutengua segmenta difentemente a realidade e organiza-a agrave sua maneira as liacutenguas satildeo os instrumentos os meios os coacutedigos utilizados para servir de comushynicaccedilatildeo entre vaacuterios interlocutores A segmenshytaccedilatildeo diversa manifesta-se nas diferentes denomishynaccedilotildees das liacutenguas e a comunicaccedilatildeo na linguagem proposicional Expressatildeo da vida social a linguashygem eacute tambeacutem a condiccedilatildeo pois supotildee um acocircrdo socircbre uma norma socircbre siacutembolos socircbre regras Essa aceitaccedilatildeo das normas distingue as sociedades humanas das sociedades animais A linguagem baseia-se na associaccedilatildeo de um conceito ou sigshynificado e de uma imagem acuacutestica ou significante associaccedilatildeo arbitraacuteria que cria uma unidade ou signo linguumlistico Cada liacutengua eacute analisaacutevel em unidades significativas que se articulam em segshymentos menores ou fonemas natildeo tendo outra funccedilatildeo a natildeo ser a de distinguir formas diferentes Cada fonema caracteriza-se por certo nuacutemero de traccedilos particulares dos quais um eacute pertinente (distintivo) assim b opotildee-se a p pelo traccedilo pershytinente da sonoridade Todos os elementos da liacutengua qualquer que seja o niacutevel em que se coloque (fonemas palavras frases) satildeo inseridos num isshytema de oposiccedilotildees definido por suas relaccediloes internas por sua estrutura Uma linguagem pode manifestar-se de modo diferente nas diversas frashyccedilotildees da comunidade segundo o grau de intercomshypreensatildeo fala-se de diaetos ou de pronuacutencias As condiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas ou sociais poshydem provocar a ruptura da comunidade Iinguumliacutesshytica e a diferenciaccedilatildeo dos dialetos a ponto de se tornarem liacutenguas diferentes (assim do lattm desshycendem as liacutenguas romacircnicas) que constituem uma famiacutelia linguumliacutestica Dentro de uma sociedade os grupos fechados cuja atividade eacute a mesma criam expressotildees tecircrmos teacutecnicos ou giacuterias que contecircm traccedilos especiacuteficos bull Telec A telegrafia utiliza-se de trecircs tipos de linguagem a linguagem clara que deve Ser comshypreendida por uma das cinquumlenta e sete liacutenguas cujo emprecircgo eacute autorizado internacionalmente a linguagem convencional redigida com palavras reais ou natildeo e cujo coqjunto constitui frases iacutencompreensiacuteveis e a linguagem cifrada formada por palavras ou cifras que tecircm uma significaccedilatildeo secreta

bull Linguagem afe tiva e linguagem intelecliva A mensagem que se comunica atraveacutes da linguagem pode conter uma simples informaccedilatildeo de natureza intelectiva ou consistir na expressatildeo de sentimento~ e emoccedilotildees que um indiviacuteduo experimente ou deseje provocar socircbre o acircnimo de um interlocutor virtual ou real A funccedilatildeo baacutesica de comunicaccedilatildeo que eacute a de linguagem diversifica-se assim em trecircs uma funccedilatildeo informativa ou denotativa uma funccedilatildeo expressiva e uma funccedilatildeo apelativa para utilizar de modo aproximado uma distinccedilatildeo estabelecida por Karl BuumlWer A mensagem linguumliacutestica que se caracteriza principalmente como manifestaccedilatildeo subjetiva ou como apecirclo tem recebido a desigshynaccedilatildeo de linguagem a[etiva ou expressiva em oposiccedilatildeo a uma outra principalmente represenshytativa de ideacuteias ou informativa conhecida coshymo linguagem intelecliva A linguagem coloquial comporta quase sempre as duas formas conshyjugadas em grau que varia segundo a natushyreza do que se comunica ou a situaccedilatildeo em que se acham falante e ouvinte A linguagem literaacuteria costuma ser predominantemente afetiva enquanto a linguagem cientiacutefica busca ser essencialmente intelectiva Para manifestaccedilatildeo da afetividade ou para a comunicaccedilatildeo de ideacuteias tocircda liacutengua dispotildee de recursos especiais Assim a linguagem aacutefetiva pode fazer uso da frase exclamativa enquanto a intelec tiva deve por princiacutepio limitar-se agrave frase declarativa de caraacuteter loacutegico-discursivo A linshyguagem afetiva pura sem um ponto de partida

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Page 3: Linguas amerindias

4035 apresentam anaacutelises bastantes detalhadas da liacutengua e de um bastante amplo dicionaacuterio compilado por diversos missionaacuterios (Vocabulaacuterio na Liacutengua Brashysiacutelica) foi escrito apreciaacutevel volume de textos principalmente dois catecismos bem desenvolvidos - um decircles com umas quatrocentas paacuteginas em lupinambaacute - e a produccedilatildeo poeacutetica e dramaacutetica do padre Anchieta Em volume bem menor haacute documentos elaborados pelos franceses que estiveshyram no Rio de Janeiro em meados do seacutec XVI e no Maranhatildeo no iniacutecio do seacutec XVII OS uacutenicos docushymentos de autoria de um iacutendio satildeo algumas cartas escritas pelo ceacutelebre Felipe Camaratildeo conservadas na Holanda e ainda ineacuteditas Ao contraacuterio de uma suposiccedilatildeo que surgiu no seacuteculo passado e que desde entatildeo indevidamente ganhou aceitaccedilatildeo geral ecircsses documentos todos refletem com muita fidelishydade a liacutengua realmente usada pelos iacutendios lupishynambaacute nos seacutecs XVI e XVII e natildeo revelam nenhuma reelaboraccedilatildeo ou qualquer outra alteraccedilatildeo essencial que justifique falar-se em algo como tupi jesuiacutetico ou supor-se que a liacutengua dos documentos missionaacuterios portuguecircses tenha sido disciplinada regularizada alatinada ou simplificashyda pelos padres - O guarani do seacutec XVIImiddot foi documentado essencialmente peJo padre peruano Antonio Ruiacutez de Montoya que decircle fecircz uma sucinta gramaacutetica e dois alentados dicionaacuterios aleacutem de compor um volume de catecismo A documentaccedilatildeo do seacutec XVlI eacute devida principalmente ao jesuiacuteta italiano Paulo Restivo que adaptou agrave forma dialetal de suas missotildees e ampliou consideragravevelmente a gramaacutetica de RuIacuteZ de Montoya assim como adaptou o dicionaacuterio espanhol-guarani mas tambeacutem foram produzidos outros documentos notaacuteveis nessa eacutepoca como a traduccedilatildeo para o guarani do livro de hisshytoacuteria das reduccedilotildees do seacutec XVl escrito em espashynhol por RuIacuteZ de Montoya (Conquista espiritual) e a coleccedilatildeo de sermotildees postos por escrito em seu estilo pelo cacique Nicolaacutes Yapuguay (Serrrwnes y exemplos) A outra liacutengua registrada no periacuteodo colonial foi o kaririacute do qual tambeacutem foram conservados por escrito dois dialetos o kipeaacute ou kirirl de J eru no Sul do Est de Sergipe com uma gramaacutetica (1699) e um catecismo (1698) do jesuiacuteta italiano Luiacutes V Mamiani e o dzubukuaacute das ilhas (particularmente a de Aracapaacute) da parte mais setenirional do meacutedio rio Satildeo Francisco na fronteira da Bahia com Pemambuco com um catecismo feito pelo capuchinho francecircs Bernard de Nantes (1709) Do afluxo de naturalistas estrangeiros ao Brasil ao terminar O periacuteodo colonial nO iniacutecio do seacutec XIX resultou notaacutevel incremento da documentaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias Grande parte daqueles pesquisadores procurou colecionaacute-Ias tal como colecionavam exemplares da fauna e da flora mediante a coleta de amostras Tomaram como amostras listas de palavras mais longas ou mais curtas segundo as circunstacircncias da coleta as quais procuravam escrever como podiam conforme os haacutebitos de escrita de suas respectivas liacutenguas (em geral alematildeo ou francecircs) O primeiro e maior colecionador nesse sentido foi o botacircnico alematildeo _ Carl Friedrich Philipp von Martius o qual juntashymente com seu companheiro o woacutelogo Johann Baptist von Spix coletou vocabulaacuterios de cecircrca de 50 liacutenguas ameriacutendias os quais publicou reunidos com outros tantos registrados por Castelnau Walshylace Saint-Hilaire Natterer Wied-Neuwied etc na sua obra conhecida sob o tiacutetlllo Clossaria Linguarum Brasiliensium (1867) Esse tipo de documentaccedilatildeo continuou sendo praticado ateacute o dia de hoje natildeo soacute por viajantes estrangeiros mas tambeacutem por brasileiros e para a maioria das liacutenguas ameriacutendias ainda soacute se dispotildee de material dessa natureza extremamente limitado para proshyporcionar efetivo conhecimento delas No segundo Impeacuterio por estimulo do proacuteprio Imperador procurou-se estudar com mais detalhe as liacutenguas documentadas no periacuteodo colonial e a entatildeo liacutengua geral do Amazonas tambeacutem chamashyda tupi vivo ou nheengatuacute a qual eacute uma forma do tupinambaacute profundamente alterada do fim do seacutec XVII ao comecircccedilo do seacutec XIX principalmente por ter passado a ser usada como liacutengua franca exclusivamente por caboclos e iacutendios natildeo tupishy-guarani Dentre as vaacuterias contribuiccedilotildees feitas para o conhecimento dessa liacutengua - cujo uso se estendeu ao longo do Amazonas e pox alguns de seus afluentes sobretudo o rio Negro - destaca-se o Curso de liacutengua geral segundo Ollendorf compreshyendendo O texto origilliJl de lendas lupis (1876) de

J V Couto de Magalhatildees que constituiu O melhor trabalho de documentaccedilatildeo linguumliacutestica feito por um brasileiro no seacuteculo passado A aplicaccedilatildeo de COnceitos e meacutetodos da ciecircncia Iinguumliacutestica ao estudo de uma liacutengua ameriacutendia do Brasil foi feita por Karl von den Steinen em seu tratamento descritivo e comparativo da liacutengua bashykairiacute (1892) Certamente estimulado pela obra de Steinen J Capistrano de Abreu empreendeu O estudo da liacutengua kaxina vaacute (1914) tendo produshyzido a melhor contribuiccedilatildeo brasileira para a docushymentaccedilatildeo linguumliacutestica na primeira metade do seacutec xx Outras contribuiccedilotildees esparsas surgiram poste-shyriormente algumas de grande meacuterito mas em geral sem se beneficiarem dos progressos da teacutecniacuteshyca de documentaccedilatildeo e anaacutelise Iinguumliacutestica Soacute haacute cecircrca de um dececircniacuteo que realmente se iniacuteciou trabalho de documentaccedilatildeo sistemaacutetica e tecnicashymente bem orientada cujos primeiros resultados comeccedilam apenas a ser publicados - Classificaccedilatildeo das liacutenguas do Brasil Os estudos para classificaccedilatildeo das liacutenguas ameriacutendias do Brasil cqmeccedilaram com Martius (1867) e tiveram contrishybuiccedilotildees maiores (em alguns casos em comum com as demais liacutenguas sul-americanas) de Karl von den Steinen Paul Ehrenreich Theodor Koch-Gruumlnberg ~aul Rivet Wilhelm Schmidt Curt Nimuendltiuacute Cestmiacuter Loukotka Joseph Alden Mason A tenshydecircncia predominante nesses estudos durante totildeda a primeira metade do seacutec xx (vaacutelida aliaacutes para tocircda a Ameacuterica do Sul) foi de natureza por assim dizer analiacutetica manifestada na discriminaccedilatildeo de um maior nuacutemero de famiacutelias linguumliacutesticas Exemshyplos tiacutepicos dessa fase satildeo as classificaccedilotildees de Rivet (1924 1952) e Loukotka (1935 1939 1944 1952) ecircste uacuteltimo tendo chegado a distinguir ateacute 114 familias ria Ameacuterica do Sul das quais 48 no Brasil Nos uacuteltimos anOS tem-se invertido a tendecircncia dominante de modo que as classificaccedilotildees mais recentes procuram estabelecer grandes siacutenteses associando muitas familias dentro de entidades maiores como os troncos e filos Representativas dessa nova tendecircncia satildeo as classificaccedilotildees de Maushyriacutecio Swadesh (1959) e Joseph H Greenberg (1960) A proposiccedilatildeo de poucos filos muito abranshygentes (para o Brasil apenas trecircs segundo Greenshyberg) ainda se baseia antes de tudo no raciociacutenio de que eacute muito provaacutevel que tocircdas as liacutenguas tenham em uacuteltima instacircncia uma soacute origem e natildeo tanto em semelhanccedilas descobertas mediante comparaccedilatildeo sistemaacutetica das liacutenguas entre si Soacute a melhoria e intensificaccedilatildeo da documentaccedilatildeo linguuml iacutestica como vem ocorrendo nos uacuteltimos anos no Brasil eacute que vai permitir a elaboraccedilatildeo de classificaccedilotildees bem fundadas em todos os seus detalhes Presentemente uma classificaccedilatildeo geneacutetica mais ou menos detalhada das liacutenguas ameriacutendias do Brasil SOacute pode ser formulada em tecircrmos provisoacuterios A que se daacute adiante representa na maioria dos casos o consenSO predominante dos diversos espeshycialistas quanto agraves relaccedilotildees jaacute descobertas entre as diferentes liacutenguas Como ainda natildeo haacute consenso socircbre a constituiccedilatildeo de filos apresentam-se aqui middot apenas dois niacuteveis de agrupamentos as famiacuteli as que reuacutenem liacutenguas com afinidade geneacutetica relatishyvamente estreita e os troncos que incluem vaacuterias famiacutelias (ou liacutenguas natildeo classificadas em famiacutelias) e que pressupotildeem afinidade de origem muito mais remota Nos nuacutemeros que precedem cada nome o primeiro algarismo indica o tronco o segundo indica a famiacutelia o terceiro a liacutengua e o quarto o dialeto (dialetos satildeo liacutenguas tatildeo semelhantes entre si que umas resultam compreensiacuteveis para os falanshytes de outras e por isso satildeo tratadas aqui como uma soacute liacutengua um complexo dialetal nemmiddot sempre estaacute em uso um nome particular para um comshyplexo dialetal) zero nas posiccedilotildees de tronco e famiacutelia indica que ainda natildeo foram descobertas afinidades nos respectivos niacuteveis 1 Tronco Tupiacute 11 Familia Tupiacute-Guaraniacute 111 tupiacute a) t antigo ou tupinambaacute b) t moderno ou nheengatuacute 112 guaraniacute a) g antigo b) g moderno 1121 kaiwaacute 11222 nhandeacuteva 1123 mbiaacute 113 xetaacute 114 tenetehaacutera 1141 guajajaacutera 1142 tembeacute 1151 asuriniacute 1152 suruiacute do Tocantins (mudjetiacutere) 116 apiakaacute do Tapajoacutes 117 tapirashypeacute 118 kamayuraacute 119 kawahiacuteb 1191 pashyrintintiacuten 1192 paranawaacutet (pawateacute takwateacutep ipotewat) 1193 wirafeacuted 1194 tukumanfeacuted 1195 diahoacutei 1196 tenhariacuten (bocircca-negra) 1197 juacutema 1198 kayabiacute 1110 apiakaacute do Tapajoacutes 11111 urubu (kaapoacuter) 11112 manajeacute (amanashyjeacute) 11113 anambeacute 11114 turiwaacutera 11121

lINGUA

oyampiacute 11122 emeriotilde (eacutemeacuterillon emerenhatildeo) 11123 karipuacutena do Uaccedilaacute 1113 awetiacute 1114 maweacute (satareacute) 12 Famiacutelia Mundurukuacute 1211 mundurukuacute do Cururu 1212 mundurukuacute do Canumatilde 122 kuruaacuteya 13 Famiacutelia Juruacutena 131 juruacutena 132 xipaacuteya 133 manitsawaacute 14 Famiacutelia Arikecircm 141 arikecircm 142 karitiacircna 143 kabixiacircna 15 Famiacutelia Tupariacute 1511 tupariacute 1512 wayoroacute 1513 apitxuacutem 1514 mekecircns (amniapeacute guashyrateacutegaya kuaratiacutera) 152 makuraacutep 153 kepkishyriwaacutet 16 Famiacutelia Ramaracircma 1611 ramaragravema 1612 itogapuacutek (ntogapiacuted) 162 urumiacute 1631 urukuacute 1632 araacutera do Jiparanaacute 17 Famiacutelia Mondeacute 171 mondeacute (sanamaikatilde salamatildei) 1721 aruaacute 1722 aruaxiacute 1731 diguumlt (gaviatildeo do Jiparanaacute) 1732 suruiacute do Jipashyranaacute 174 cinta-larga 101 puruboraacute 2 Tronco Macro-Jecirc i1 Famiacutelia Jecirc 211 timbiacutera 2111 canela (ramkoacutekamekra) 2112 krikau 2113 tajeacute 2114 krenjeacute (krem-yeacute) 2115 apiriayeacute L 116 krahoacute 2117 gaviatildeo do Tocantins 2118 apacircshyniekra (aponejikratilde) 212 kayapoacute 2121 kradauacute 2122 xikriacuten 2123 dioacutere 2124 gorotiacutere 2125 kubeacuten-kran-kegn 2126 kubeacuten-kragnotiacutere 2127 mentuktiacutere (txukahamatildei) 2128 kayapoacute do sul 213 suyaacute 214 akwecircn 2141 xavacircnte 2142 xerecircnte 2143 xikriabaacute 215 kaingaacuteng 2151 kaingaacuteng do norte 2152 kaingaacuteng central 2153 kaingaacuteng do sul 216 xokleacuteng (xokrecircn botocudo de Santa Catarina) 217 jeikoacute 22 Famiacutelia Kamakatilde 2211 kamakatilde 2212 mongotildeyo 2213 kotoxoacute (kutaxoacute) 222 meniecircn 223 masakaraacute 23 Familia Maxakaliacute 231 maxakaliacute 232 mashykoniacute 233 monoxotilde 234 kapoxoacute 235 pataxoacute 236 malaliacute 24 Famiacutelia Coroado 241 coroado 242 puriacute 243 koropotilde 25 Famiacutelia Kaririacute 251 kiririacute 2511 kipeaacute 2512 dzubukuaacute 252 sabuyaacute 26 Familia Borocircro 261 borocircro 262 umouna 201 botocudo 2011 krekmuacuten 2012 naknashynuacutek 2013 djiporoacuteka 2014 bakuecircn 2015 pojitxaacute 2016 krenaacutek 2017 nakrehaacute 202 iatecirc (fulniocirc karnijoacute) 203 ofayeacute (opayeacute) 2041 karajaacute 2042 javaeacute 205 guatoacute 3 Tronco Aruaacutek 31 Famiacutelia Aruaacutek 3111 terecircna 3112 guanaacute 3113 kinikinaacuteo 3114 layacircna 312 paresiacute 3131 wauraacute 3132 mehinaacuteku 3133 yawalashypitiacute 3134 kustenaacuteu 3141 apurinaacute (ipurinaacute) 3142 kaxarariacute 315 kuruoa 316 kanamareacute 317 maniteneriacute 318 kuxitxineriacute (kujijeneriacute) 319 araikuacute 3110 kariaiacute 3111 manaacuteu 3 112 maraacutewa 31 13 uiriacutena 3114 paseacute 3115 kayuishyxacircna (kauixacircna) 3116 jumacircna 31171 mariateacute 31172 wainumaacute 3118 baniacutewa 3119 bareacute 31201 warekeacutena 31202 karuacutetana 31203 yushyrupariacute-tapuacuteya 31211 hohocircdene (huhuacutedene) 31212 sukuriyuacute-tapuacuteya (moriwecircne) 31213 ipeacuteshyka-tapuacuteya (kumadaacute-mnanai kumacircndene) 31214 tariacircna 31215 yiboacuteya-tapuacuteya 31216 yawareteacuteshy-tapuacuteya 31217 siusiacute-tapuacuteya (walipeacuteri-daacutekenei) 31218 kadaupuriacutetana 31219 iacutera-tapuacuteya (maacuteshypanai) 312110 kaacutewa-tapuacuteya (maacuteulieni) 312111 pakuacute-tapuacuteya (payualiacuteene) 312112 tatuacute-tapuacuteya (adyacircnene) 312113 kuatiacute-tapuacuteya (kapiteacute-mnashynei) 3122 xiriacircna 3123 yabaacircna 3124 manshydawaacuteka 31251 wapitxatildena 31252 atoraacutei 3126 maopityaacuten (mapidiaacuten) 3127 palikuacuter 3128 aruaacute 32 Famiacutelia Arawaacute 321 kuliacutena 3221 yamashymadiacute 3222 yaruaacutera 323 paumariacute 324 dani 325 arawaacute 326 madihaacute 01 Famiacutelia Kariacuteb 011 bakairiacute 0121 nahushykwaacute 0122 kuikuacutero 0123 kalapaacutelo 013 1 araacutera do Xingu 0132 paririacute 013 2 txikacircn 0134 apiakaacute do Tocantins 014 palmeacutela 015 pimenteira 016 galibiacute 017 apalaiacute (aparaiacute)

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4036

L1N

linguado

0181 urukuyacircna 0182 wayacircna 0191 hixkashyryacircna 0192 ka txuacuteyana 0193 waiwaacutei 0110 wayumaraacute 0111 makiritaacutere (mayongoacuteng dyeushykwacircna) 0112 pauxiacircna 0113 tirioacute 01141 makuxiacute 01142 ingarikoacute 01143 waymiriacute 0115 taulipaacuteng (taurepatilde) 02 Famiacutelia Xirianaacute 021 ninacircm 0211 nishynacircm do Mucajaiacute (xirixacircna apiuasteacuteri porauteacuteri ) 0212 nimacircm do U raricaaacute e Paraacutegua (aiwataacuteshyteri kurarikateacuteri) 022 sanumaacute 0221 sanumaacute do Araccedilaacute (kwatoteacuteri tokoximeacuteri) 0222 sanushymaacute do Auaris (samataacuteri) 023 yainomaacute 0231 yainomaacute do Apiauacute (apiauteacuteri kasteacuteri) 0232 yainomaacute do alto Ajarani (orateacuteri jauariacute) 024 yanomacircm 0241 waikaacute (paramiteacuteri parahuacuteri maacuteita maraxiteacuteri aikamteacuteri) 0242 pakidaiacute 03 Famiacutelia Tukacircno 03 11 tukacircna (daxseacutea) 0312 piraacute-tapuacuteya (waikino) 0313 wanacircna (koacutetedia) 0314 tatuacute-tapuacuteya 03 15 tsecircna 0316 tuyuacuteka 0317 yuritiacute-tapuacuteya 0318 baraacute 0319 txuacutena (e outros dialetos) 0321 idemasacircn (iiacuteshy-tapuacuteya makuacutena) 0322 yebaacute 0331 kobeacutewa (heheacutenawa) 0 332 jiboacuteyamiddottapuacuteya (dyureacutemawa) 0341 desaacutena (winaacute) 0342 txiracircngo (sirianaacute) 0343 yupuacutea 0344koretuacute do Apapoacuteris 04 Famiacutelia Makuacute 0411 makuacute do Tiqilieacute (yehuacutebde) 0412 makuacute de Iauareteacute (huacutebde) 0413 makuacute de Satildeo Gabriel (doacuteu) 05 Famiacutelia Katukina 051 katukiacutena 05 2 kashynamariacute 053 katawixiacute 054 parawaacute 06 Famiacutelia Boacutera 061 miracircnha (miracircnia) 07 Famiacutelia Muacutera 0711 muacutera do Manicoreacute (bohuraacute) 0712 mura do Autaacutes 0713 muacuteramiddot -pirahatilde 074 matanawiacute 08 Famiacutelia Pacircno 081 kaxinawaacute 082 remo (nukuiacuteni) 083 poyanaacutewa 084 marinaacutewa 08 5 amawaacuteka 086 kapanaacutewa 087 tuxinaacutewa 088 yaminaacutewa 089 katukina do Gregoacuterio 0810 maruacutebo (mayoruacutena) 0811 kuliacuteno 0812 karishypuacutena do Guaporeacute 09 Famiacutelia Txapa kuacutera 0911 toraacute 0912 urupaacute 09 13 jaruacute 0914 wanhacircm 0915 pakaanoacuteva 0921 moreacute 0922 kumanaacute 010 Famiacutelia Nambikwaacutera 0101 nambikwaacutera (anunsuacute) 01011 kitanJuacute 01012 sawentesuacute 01013 halotesuacute 01014 walditesuacute 0102 munshyduacuteka 0103 txiwaisuacute 0104 galeacutera (manarisuacute) 0105 mamaindeacute 0106 nikadotisuacute 0107 sashybonecircs 011 Faffillia Guaikuruacute 0111 kadiweacuteu 0112 guaxl 001 maacuteku 00 2 auakecirc 003 tukuacutena 004 koeruacutena 0051 maxubiacute 0052 arikapuacute 006 jabutiacute 0071 kanoecirc 0072 kapixanaacute 008 huariacute 009 aripaktsaacute (eripaktsaacute canoeiro) 0010 iracircntxe 0011 otiacute 0012 kukuraacute 0013 trumaacutei 0014 tarairiuacute 0015 xukuruacute 0016 gamela

tingua-de-boi s f Planta fIliciacutenea da famiacutelia das polipodiaacuteceas (Ceterach offlCinaruin) Eacute uma samambaia de focirclhas lanceolado-lineares com segshymentos arredondados curtos e inteiros verdes e glabras na parte superior e cobertas de escamas ferruginosas brilhantes na face inferior pereshyne rizomatosa frequumlente em sebes muros e reshygiotildees pedregosas O mesmo que cete~aque e escoshylopecircndrio I Espeacutecie de fungo da famiacuteli a das polishyporaacuteceas (Fistulina h epalica) Eacute um cogumelo comesshytiacutevel que se desenvolve no tronco das aacutervores (principalmente carvalhos e castanheiros) de cocircr

vermelho-escura na parte de cima e que se projeshyta horizontalmente como uma liacutengua carnuda ateacute 30cm de compr O mesmo que liacutengua-de-vaca fishygado-de-boi liacutengua-de-caslanheiro e tortuhoshy-vermelho

lingua-de-castanheiro s f BOI O mesmo que liacutenshygua-de-boi (Fistulina hepatica)

liacutengua-de-cobra s f Bot O mesmo que ofioglossomiddot

tingua-de-moacuteccedila s f Espeacutecie de patildeo-de-loacute corshytado em fatias e embebido em calda de accediluacutecar

liacutengua-de-mulata s f Doce de pasta de aboacuteshybora e accediluacutecar qu e eacute pocircsto a secar ao sol em peshyquenas porccedilotildees I Biscoito de farinha de trigo e cocircco II lct Peixe pleuronectiforme da f~miacutelia dos cinoglossiacutedeos (Symphurus plagusia) E um linguado de cecircrca de 15cm

tingua-de-sapo s f Planta da famiacuteIia das pipeshyraacuteceas (Peperomia transparens) E uma erva de caule verde-claro transparente suculento e nodoshyso focirclhas alternas cordiformes tambeacutem sucushyIe~tas e transparentes e flocircres muito miuacutedas dispostos em espigas pequenas O mesmo que babashy-de-sapo e ervade-vidro

liacutengua-de-sogra s f Brinquedo que consiste em uma tira dupla colada que ao ser soprada se desenrola e faz vibrar um assobio colocado na extremidade

liacutengua-de-teiuacute s f Aacutervore da famiacutelia dasmiddot lacourmiddot tiaacuteceas (Casearia sylvestris) do Meacutexico Antilhas e Ameacuterica do Sul de focirclhas alternas persistentes lanceoladas flocircres verde-brancacentas O mesmo que cafeacute-do-diabo chaacute-de-bugre erva-da-pontashyda erva-de-bugre guaccedilatunga guaiubim pau-deshy-lagarto satildeo-go nccedilalinho)

liacutengua-de-vaca s f Bigorna de ferreiro pontia shyguda de um lado e redonda do outro II Bot Planta borraginaacutecea (Anchusa italica) tambeacutell chamada bugassa I Nome comum a vaacuterias plantas en tre elas a erva-grossa a Fislulina hepalicQ o fumoshy-bravo (Elephantopus) e a mariamiddotgomes II lct Peixe teleoacutesteo (Synaptura lusitanica) da famiacutelia dos pleuronectiacutedeos comum na costa portuguecircsa

linguado adj Heraacutel Diz-se dos animais cuja liacutengua eacute representada em esmalte diferente do do corpo (para o leatildeo o leopardo o urso o locircbo e a aacuteguia a expressatildeo eacute lampassado) + s m Cada uma das tiras compridas de papel em que ordinagraveshyriamente Se escreve qualquer composiccedilatildeo destishynada agrave impressatildeo I Barra de ferro fundido gushysa I Lacircmina comprida I (pop) Liacutengua grande II let Designaccedilatildeo vulgar de vaacuterias espeacutecies (cecircrshyca de vinte e cinco) de peixes pleuronectiformes caracterizados pela forma do corpo oval e achashytado com barbatanas em ambos os bordos que vivem deitados socircbre o flanco esquerdo no fundo dos mares na areia vizinha das margens A face superior eacute pigmentada e possui os dois olhos e as duas narinas a face inferior eacute descolorida e em oacutergatildeos sensoriais Haacute duas famiacutelias principais na ordem a dos soleiacutedeos que compreende as socirclhas ou tapas e a dos pleuronectiacutedeos que abrange os linguados protildepriamente ditos A carne de tocircdas as espeacutecies eacute muito apreciada Embora sejam peixes dos mares quentes e temperados satildeo tambeacutem pescados no canal da Mancha e no mar do Norte A maior espeacutecie brasileira eacute o Paralichthys brasishyliensis que chega a atingir 1m tambeacutem chamado pescado-real bull Folclore Haacute uma curiosa explicaccedilatildeo popular para a forma da bocircca do linguado Nossa Senhora teria perguntado ao linguado se a mareacute estava na enchente ou na vazante e o peixe em vez de responder tecirc-la-ia arremedado com voz fina e nasalada revirando a bocircca Acredita o povo que O peixe ficou de bocircca torta como castigo

linguado-lixa s m lct O mesmo que tapa

linguagem s r Qualquer meio de expressatildeo de sentimentos e pensamentos (Satildeo diferentes as noccedilotildees de linguagem que envolve o emprecircgo da palavra e de liacutengua [a liacutengua portuguecircsa franshycesa) que define mais precisamente sistema de signos que constitui a base objetiva da linshyguagem) I Modo de se exprimir proacuteprio de cershytas pessoas de certos estados de certas proshyfissotildees de certos assuntos A linguagem do advogado dos poetas e em sentido figurado A linguagem do amor das paixotildees I Vocabulaacuteshyrio e sintaxe proacuteprios de uma eacutepoca de um escrishy

tor I Maneira de expressatildeo estilo Faar uma linguagem clara I (p ext) Grito canto dos animais II Linguagem de maacutequina (Eletr) coqjunto de caracteres e de regras para represhysentaccedilatildeo de informaccedilotildees de maneira a serem inshyterpretadas por um computador II Linguagem muda maneira de se fazer compreender sem falar de modo mimico expressivo II Linguagem original (Compt) linguagem usada no preparo de um problema para aplicaccedilatildeo no computador II Linguashygem poeacutetica V POEacuteTICA

bull Funccedilotildees e estruturas da linguagem A linshyguagem tem uma funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo e outra de organizaccedilatildeo das categorias conceituais admishytidas por uma comunidade linguumliacutestica Cada liacutengua segmenta difentemente a realidade e organiza-a agrave sua maneira as liacutenguas satildeo os instrumentos os meios os coacutedigos utilizados para servir de comushynicaccedilatildeo entre vaacuterios interlocutores A segmenshytaccedilatildeo diversa manifesta-se nas diferentes denomishynaccedilotildees das liacutenguas e a comunicaccedilatildeo na linguagem proposicional Expressatildeo da vida social a linguashygem eacute tambeacutem a condiccedilatildeo pois supotildee um acocircrdo socircbre uma norma socircbre siacutembolos socircbre regras Essa aceitaccedilatildeo das normas distingue as sociedades humanas das sociedades animais A linguagem baseia-se na associaccedilatildeo de um conceito ou sigshynificado e de uma imagem acuacutestica ou significante associaccedilatildeo arbitraacuteria que cria uma unidade ou signo linguumlistico Cada liacutengua eacute analisaacutevel em unidades significativas que se articulam em segshymentos menores ou fonemas natildeo tendo outra funccedilatildeo a natildeo ser a de distinguir formas diferentes Cada fonema caracteriza-se por certo nuacutemero de traccedilos particulares dos quais um eacute pertinente (distintivo) assim b opotildee-se a p pelo traccedilo pershytinente da sonoridade Todos os elementos da liacutengua qualquer que seja o niacutevel em que se coloque (fonemas palavras frases) satildeo inseridos num isshytema de oposiccedilotildees definido por suas relaccediloes internas por sua estrutura Uma linguagem pode manifestar-se de modo diferente nas diversas frashyccedilotildees da comunidade segundo o grau de intercomshypreensatildeo fala-se de diaetos ou de pronuacutencias As condiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas ou sociais poshydem provocar a ruptura da comunidade Iinguumliacutesshytica e a diferenciaccedilatildeo dos dialetos a ponto de se tornarem liacutenguas diferentes (assim do lattm desshycendem as liacutenguas romacircnicas) que constituem uma famiacutelia linguumliacutestica Dentro de uma sociedade os grupos fechados cuja atividade eacute a mesma criam expressotildees tecircrmos teacutecnicos ou giacuterias que contecircm traccedilos especiacuteficos bull Telec A telegrafia utiliza-se de trecircs tipos de linguagem a linguagem clara que deve Ser comshypreendida por uma das cinquumlenta e sete liacutenguas cujo emprecircgo eacute autorizado internacionalmente a linguagem convencional redigida com palavras reais ou natildeo e cujo coqjunto constitui frases iacutencompreensiacuteveis e a linguagem cifrada formada por palavras ou cifras que tecircm uma significaccedilatildeo secreta

bull Linguagem afe tiva e linguagem intelecliva A mensagem que se comunica atraveacutes da linguagem pode conter uma simples informaccedilatildeo de natureza intelectiva ou consistir na expressatildeo de sentimento~ e emoccedilotildees que um indiviacuteduo experimente ou deseje provocar socircbre o acircnimo de um interlocutor virtual ou real A funccedilatildeo baacutesica de comunicaccedilatildeo que eacute a de linguagem diversifica-se assim em trecircs uma funccedilatildeo informativa ou denotativa uma funccedilatildeo expressiva e uma funccedilatildeo apelativa para utilizar de modo aproximado uma distinccedilatildeo estabelecida por Karl BuumlWer A mensagem linguumliacutestica que se caracteriza principalmente como manifestaccedilatildeo subjetiva ou como apecirclo tem recebido a desigshynaccedilatildeo de linguagem a[etiva ou expressiva em oposiccedilatildeo a uma outra principalmente represenshytativa de ideacuteias ou informativa conhecida coshymo linguagem intelecliva A linguagem coloquial comporta quase sempre as duas formas conshyjugadas em grau que varia segundo a natushyreza do que se comunica ou a situaccedilatildeo em que se acham falante e ouvinte A linguagem literaacuteria costuma ser predominantemente afetiva enquanto a linguagem cientiacutefica busca ser essencialmente intelectiva Para manifestaccedilatildeo da afetividade ou para a comunicaccedilatildeo de ideacuteias tocircda liacutengua dispotildee de recursos especiais Assim a linguagem aacutefetiva pode fazer uso da frase exclamativa enquanto a intelec tiva deve por princiacutepio limitar-se agrave frase declarativa de caraacuteter loacutegico-discursivo A linshyguagem afetiva pura sem um ponto de partida

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Page 4: Linguas amerindias

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L1N

linguado

0181 urukuyacircna 0182 wayacircna 0191 hixkashyryacircna 0192 ka txuacuteyana 0193 waiwaacutei 0110 wayumaraacute 0111 makiritaacutere (mayongoacuteng dyeushykwacircna) 0112 pauxiacircna 0113 tirioacute 01141 makuxiacute 01142 ingarikoacute 01143 waymiriacute 0115 taulipaacuteng (taurepatilde) 02 Famiacutelia Xirianaacute 021 ninacircm 0211 nishynacircm do Mucajaiacute (xirixacircna apiuasteacuteri porauteacuteri ) 0212 nimacircm do U raricaaacute e Paraacutegua (aiwataacuteshyteri kurarikateacuteri) 022 sanumaacute 0221 sanumaacute do Araccedilaacute (kwatoteacuteri tokoximeacuteri) 0222 sanushymaacute do Auaris (samataacuteri) 023 yainomaacute 0231 yainomaacute do Apiauacute (apiauteacuteri kasteacuteri) 0232 yainomaacute do alto Ajarani (orateacuteri jauariacute) 024 yanomacircm 0241 waikaacute (paramiteacuteri parahuacuteri maacuteita maraxiteacuteri aikamteacuteri) 0242 pakidaiacute 03 Famiacutelia Tukacircno 03 11 tukacircna (daxseacutea) 0312 piraacute-tapuacuteya (waikino) 0313 wanacircna (koacutetedia) 0314 tatuacute-tapuacuteya 03 15 tsecircna 0316 tuyuacuteka 0317 yuritiacute-tapuacuteya 0318 baraacute 0319 txuacutena (e outros dialetos) 0321 idemasacircn (iiacuteshy-tapuacuteya makuacutena) 0322 yebaacute 0331 kobeacutewa (heheacutenawa) 0 332 jiboacuteyamiddottapuacuteya (dyureacutemawa) 0341 desaacutena (winaacute) 0342 txiracircngo (sirianaacute) 0343 yupuacutea 0344koretuacute do Apapoacuteris 04 Famiacutelia Makuacute 0411 makuacute do Tiqilieacute (yehuacutebde) 0412 makuacute de Iauareteacute (huacutebde) 0413 makuacute de Satildeo Gabriel (doacuteu) 05 Famiacutelia Katukina 051 katukiacutena 05 2 kashynamariacute 053 katawixiacute 054 parawaacute 06 Famiacutelia Boacutera 061 miracircnha (miracircnia) 07 Famiacutelia Muacutera 0711 muacutera do Manicoreacute (bohuraacute) 0712 mura do Autaacutes 0713 muacuteramiddot -pirahatilde 074 matanawiacute 08 Famiacutelia Pacircno 081 kaxinawaacute 082 remo (nukuiacuteni) 083 poyanaacutewa 084 marinaacutewa 08 5 amawaacuteka 086 kapanaacutewa 087 tuxinaacutewa 088 yaminaacutewa 089 katukina do Gregoacuterio 0810 maruacutebo (mayoruacutena) 0811 kuliacuteno 0812 karishypuacutena do Guaporeacute 09 Famiacutelia Txapa kuacutera 0911 toraacute 0912 urupaacute 09 13 jaruacute 0914 wanhacircm 0915 pakaanoacuteva 0921 moreacute 0922 kumanaacute 010 Famiacutelia Nambikwaacutera 0101 nambikwaacutera (anunsuacute) 01011 kitanJuacute 01012 sawentesuacute 01013 halotesuacute 01014 walditesuacute 0102 munshyduacuteka 0103 txiwaisuacute 0104 galeacutera (manarisuacute) 0105 mamaindeacute 0106 nikadotisuacute 0107 sashybonecircs 011 Faffillia Guaikuruacute 0111 kadiweacuteu 0112 guaxl 001 maacuteku 00 2 auakecirc 003 tukuacutena 004 koeruacutena 0051 maxubiacute 0052 arikapuacute 006 jabutiacute 0071 kanoecirc 0072 kapixanaacute 008 huariacute 009 aripaktsaacute (eripaktsaacute canoeiro) 0010 iracircntxe 0011 otiacute 0012 kukuraacute 0013 trumaacutei 0014 tarairiuacute 0015 xukuruacute 0016 gamela

tingua-de-boi s f Planta fIliciacutenea da famiacutelia das polipodiaacuteceas (Ceterach offlCinaruin) Eacute uma samambaia de focirclhas lanceolado-lineares com segshymentos arredondados curtos e inteiros verdes e glabras na parte superior e cobertas de escamas ferruginosas brilhantes na face inferior pereshyne rizomatosa frequumlente em sebes muros e reshygiotildees pedregosas O mesmo que cete~aque e escoshylopecircndrio I Espeacutecie de fungo da famiacuteli a das polishyporaacuteceas (Fistulina h epalica) Eacute um cogumelo comesshytiacutevel que se desenvolve no tronco das aacutervores (principalmente carvalhos e castanheiros) de cocircr

vermelho-escura na parte de cima e que se projeshyta horizontalmente como uma liacutengua carnuda ateacute 30cm de compr O mesmo que liacutengua-de-vaca fishygado-de-boi liacutengua-de-caslanheiro e tortuhoshy-vermelho

lingua-de-castanheiro s f BOI O mesmo que liacutenshygua-de-boi (Fistulina hepatica)

liacutengua-de-cobra s f Bot O mesmo que ofioglossomiddot

tingua-de-moacuteccedila s f Espeacutecie de patildeo-de-loacute corshytado em fatias e embebido em calda de accediluacutecar

liacutengua-de-mulata s f Doce de pasta de aboacuteshybora e accediluacutecar qu e eacute pocircsto a secar ao sol em peshyquenas porccedilotildees I Biscoito de farinha de trigo e cocircco II lct Peixe pleuronectiforme da f~miacutelia dos cinoglossiacutedeos (Symphurus plagusia) E um linguado de cecircrca de 15cm

tingua-de-sapo s f Planta da famiacuteIia das pipeshyraacuteceas (Peperomia transparens) E uma erva de caule verde-claro transparente suculento e nodoshyso focirclhas alternas cordiformes tambeacutem sucushyIe~tas e transparentes e flocircres muito miuacutedas dispostos em espigas pequenas O mesmo que babashy-de-sapo e ervade-vidro

liacutengua-de-sogra s f Brinquedo que consiste em uma tira dupla colada que ao ser soprada se desenrola e faz vibrar um assobio colocado na extremidade

liacutengua-de-teiuacute s f Aacutervore da famiacutelia dasmiddot lacourmiddot tiaacuteceas (Casearia sylvestris) do Meacutexico Antilhas e Ameacuterica do Sul de focirclhas alternas persistentes lanceoladas flocircres verde-brancacentas O mesmo que cafeacute-do-diabo chaacute-de-bugre erva-da-pontashyda erva-de-bugre guaccedilatunga guaiubim pau-deshy-lagarto satildeo-go nccedilalinho)

liacutengua-de-vaca s f Bigorna de ferreiro pontia shyguda de um lado e redonda do outro II Bot Planta borraginaacutecea (Anchusa italica) tambeacutell chamada bugassa I Nome comum a vaacuterias plantas en tre elas a erva-grossa a Fislulina hepalicQ o fumoshy-bravo (Elephantopus) e a mariamiddotgomes II lct Peixe teleoacutesteo (Synaptura lusitanica) da famiacutelia dos pleuronectiacutedeos comum na costa portuguecircsa

linguado adj Heraacutel Diz-se dos animais cuja liacutengua eacute representada em esmalte diferente do do corpo (para o leatildeo o leopardo o urso o locircbo e a aacuteguia a expressatildeo eacute lampassado) + s m Cada uma das tiras compridas de papel em que ordinagraveshyriamente Se escreve qualquer composiccedilatildeo destishynada agrave impressatildeo I Barra de ferro fundido gushysa I Lacircmina comprida I (pop) Liacutengua grande II let Designaccedilatildeo vulgar de vaacuterias espeacutecies (cecircrshyca de vinte e cinco) de peixes pleuronectiformes caracterizados pela forma do corpo oval e achashytado com barbatanas em ambos os bordos que vivem deitados socircbre o flanco esquerdo no fundo dos mares na areia vizinha das margens A face superior eacute pigmentada e possui os dois olhos e as duas narinas a face inferior eacute descolorida e em oacutergatildeos sensoriais Haacute duas famiacutelias principais na ordem a dos soleiacutedeos que compreende as socirclhas ou tapas e a dos pleuronectiacutedeos que abrange os linguados protildepriamente ditos A carne de tocircdas as espeacutecies eacute muito apreciada Embora sejam peixes dos mares quentes e temperados satildeo tambeacutem pescados no canal da Mancha e no mar do Norte A maior espeacutecie brasileira eacute o Paralichthys brasishyliensis que chega a atingir 1m tambeacutem chamado pescado-real bull Folclore Haacute uma curiosa explicaccedilatildeo popular para a forma da bocircca do linguado Nossa Senhora teria perguntado ao linguado se a mareacute estava na enchente ou na vazante e o peixe em vez de responder tecirc-la-ia arremedado com voz fina e nasalada revirando a bocircca Acredita o povo que O peixe ficou de bocircca torta como castigo

linguado-lixa s m lct O mesmo que tapa

linguagem s r Qualquer meio de expressatildeo de sentimentos e pensamentos (Satildeo diferentes as noccedilotildees de linguagem que envolve o emprecircgo da palavra e de liacutengua [a liacutengua portuguecircsa franshycesa) que define mais precisamente sistema de signos que constitui a base objetiva da linshyguagem) I Modo de se exprimir proacuteprio de cershytas pessoas de certos estados de certas proshyfissotildees de certos assuntos A linguagem do advogado dos poetas e em sentido figurado A linguagem do amor das paixotildees I Vocabulaacuteshyrio e sintaxe proacuteprios de uma eacutepoca de um escrishy

tor I Maneira de expressatildeo estilo Faar uma linguagem clara I (p ext) Grito canto dos animais II Linguagem de maacutequina (Eletr) coqjunto de caracteres e de regras para represhysentaccedilatildeo de informaccedilotildees de maneira a serem inshyterpretadas por um computador II Linguagem muda maneira de se fazer compreender sem falar de modo mimico expressivo II Linguagem original (Compt) linguagem usada no preparo de um problema para aplicaccedilatildeo no computador II Linguashygem poeacutetica V POEacuteTICA

bull Funccedilotildees e estruturas da linguagem A linshyguagem tem uma funccedilatildeo de comunicaccedilatildeo e outra de organizaccedilatildeo das categorias conceituais admishytidas por uma comunidade linguumliacutestica Cada liacutengua segmenta difentemente a realidade e organiza-a agrave sua maneira as liacutenguas satildeo os instrumentos os meios os coacutedigos utilizados para servir de comushynicaccedilatildeo entre vaacuterios interlocutores A segmenshytaccedilatildeo diversa manifesta-se nas diferentes denomishynaccedilotildees das liacutenguas e a comunicaccedilatildeo na linguagem proposicional Expressatildeo da vida social a linguashygem eacute tambeacutem a condiccedilatildeo pois supotildee um acocircrdo socircbre uma norma socircbre siacutembolos socircbre regras Essa aceitaccedilatildeo das normas distingue as sociedades humanas das sociedades animais A linguagem baseia-se na associaccedilatildeo de um conceito ou sigshynificado e de uma imagem acuacutestica ou significante associaccedilatildeo arbitraacuteria que cria uma unidade ou signo linguumlistico Cada liacutengua eacute analisaacutevel em unidades significativas que se articulam em segshymentos menores ou fonemas natildeo tendo outra funccedilatildeo a natildeo ser a de distinguir formas diferentes Cada fonema caracteriza-se por certo nuacutemero de traccedilos particulares dos quais um eacute pertinente (distintivo) assim b opotildee-se a p pelo traccedilo pershytinente da sonoridade Todos os elementos da liacutengua qualquer que seja o niacutevel em que se coloque (fonemas palavras frases) satildeo inseridos num isshytema de oposiccedilotildees definido por suas relaccediloes internas por sua estrutura Uma linguagem pode manifestar-se de modo diferente nas diversas frashyccedilotildees da comunidade segundo o grau de intercomshypreensatildeo fala-se de diaetos ou de pronuacutencias As condiccedilotildees poliacuteticas econocircmicas ou sociais poshydem provocar a ruptura da comunidade Iinguumliacutesshytica e a diferenciaccedilatildeo dos dialetos a ponto de se tornarem liacutenguas diferentes (assim do lattm desshycendem as liacutenguas romacircnicas) que constituem uma famiacutelia linguumliacutestica Dentro de uma sociedade os grupos fechados cuja atividade eacute a mesma criam expressotildees tecircrmos teacutecnicos ou giacuterias que contecircm traccedilos especiacuteficos bull Telec A telegrafia utiliza-se de trecircs tipos de linguagem a linguagem clara que deve Ser comshypreendida por uma das cinquumlenta e sete liacutenguas cujo emprecircgo eacute autorizado internacionalmente a linguagem convencional redigida com palavras reais ou natildeo e cujo coqjunto constitui frases iacutencompreensiacuteveis e a linguagem cifrada formada por palavras ou cifras que tecircm uma significaccedilatildeo secreta

bull Linguagem afe tiva e linguagem intelecliva A mensagem que se comunica atraveacutes da linguagem pode conter uma simples informaccedilatildeo de natureza intelectiva ou consistir na expressatildeo de sentimento~ e emoccedilotildees que um indiviacuteduo experimente ou deseje provocar socircbre o acircnimo de um interlocutor virtual ou real A funccedilatildeo baacutesica de comunicaccedilatildeo que eacute a de linguagem diversifica-se assim em trecircs uma funccedilatildeo informativa ou denotativa uma funccedilatildeo expressiva e uma funccedilatildeo apelativa para utilizar de modo aproximado uma distinccedilatildeo estabelecida por Karl BuumlWer A mensagem linguumliacutestica que se caracteriza principalmente como manifestaccedilatildeo subjetiva ou como apecirclo tem recebido a desigshynaccedilatildeo de linguagem a[etiva ou expressiva em oposiccedilatildeo a uma outra principalmente represenshytativa de ideacuteias ou informativa conhecida coshymo linguagem intelecliva A linguagem coloquial comporta quase sempre as duas formas conshyjugadas em grau que varia segundo a natushyreza do que se comunica ou a situaccedilatildeo em que se acham falante e ouvinte A linguagem literaacuteria costuma ser predominantemente afetiva enquanto a linguagem cientiacutefica busca ser essencialmente intelectiva Para manifestaccedilatildeo da afetividade ou para a comunicaccedilatildeo de ideacuteias tocircda liacutengua dispotildee de recursos especiais Assim a linguagem aacutefetiva pode fazer uso da frase exclamativa enquanto a intelec tiva deve por princiacutepio limitar-se agrave frase declarativa de caraacuteter loacutegico-discursivo A linshyguagem afetiva pura sem um ponto de partida

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