medicina especializada - a revista médica do hospital samaritano

20
MEDICINA ESPECIALIZADA ALTO DESEMPENHO EM ANO I EDIÇÃO 03 A REVISTA MÉDICA DO HOSPITAL SAMARITANO DRA. FABIANA MARIA AJJAR CONTA A EXPERIÊNCIA NO GRUPAMENTO AÉREO DE SP E A ROTINA NO SAMARITANO ENTREVISTA CIÊNCIA EM PAUTA: PAPEL DA TC DE CORPO INTEIRO NO POLITRAUMA GRAVE A VIDA POR UM FIO CENTRO DE TRAUMA DO HOSPITAL SAMARITANO É REFERÊNCIA EM ATENDIMENTOS DE EMERGÊNCIA

Upload: hospital-samaritano

Post on 23-Jul-2016

249 views

Category:

Documents


15 download

DESCRIPTION

3ª edição da Revista Medicina Especializada do Hospital Samaritano de São Paulo.

TRANSCRIPT

Page 1: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

medicinaespecializada

Alto desempenho em

ano I edIção 03A revistA médicA do hospitAl sAmAritAno

Dra. Fabiana Maria ajjarconta a experiência noGrupaMento aéreo De Sp e a rotina no SaMaritano

e n t r e v i S ta

ciência eM pauta: PAPEL DA TC DE CORPO INTEIRO NO POLITRAUMA GRAVE

a Vida por um fioCentro de trauma do HospItalsamarItano é referênCIa ematendImentos de emergênCIa

Page 2: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano
Page 3: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

3

MEDICINA ESPECIALIZADA é uma publicação jornalística trimestral do Hospital Samaritano de São Paulo, com distribuição gratuita e circulação interna. O conteúdo da publicação é de inteira responsabilidade de seus autores e não representa necessariamente a opinião do Hospital Samaritano. Rua Conselheiro Brotero, 1.486 | 01232-010 | Higienópolis | São Paulo | SP | Brasil www.samaritano.org.br | [email protected] | 11 3821.5300 | fax. 11 3824.0070 Gestão executiva superintendente corporativo Luiz De Luca superintendente Médico Dario Fortes Ferreira superintendente coMercial, MarketinG e desenvolviMento de neGócios Paulo Ricardo Campos Ishibashi superintendente de responsabilidade social Luiz Maria Ramos Filho superintendente de recursos HuManos Carmen Maria Natali Nigro Doro • conselHo editorial Paulo Bianchini, Dario Fortes Ferreira, Luiz Maria Ramos Filho, Paulo Ricardo Campos Ishibashi, Fernando de Andrade Leal, Mara Martin Dreger • equipe de MarketinG Mariana Vendemiatti, Rafael Avad Ernandi, Adriano Ortiz

Jornalista responsável Roberto Souza (MTB: 11.408) editor-cHefe Fábio Berklian editor Rodrigo Moraes reportaGeM Daniella Pina, Lais Cattassini e Vinícius Morais revisão Paulo Furstenau proJeto Gráfico Luiz Fernando Almeida diaGraMação Leonardo Fial, Luiz Fernando Almeida e Willian Fernandes | Rua Cayowaá, 228, Perdizes, São Paulo - SP | www.rspress.com.br

Referênciaem trauma

04 16

06

12 CIÊNCIAEM PAUTA

16 NOTAS

04 Q & A

06 CENÁRIO

Desde que foi criado, em março de 2013, o Centro

de Trauma do Hospital Samaritano vem ganhando

expertise, reconhecimento e fazendo a diferença

na vida de muitos pacientes.

O serviço está estruturado para atender traumas

diversos e tem feito em média 13 internações men-

sais. No ano de 2014, foram feitos 330 atendimen-

tos com ativação da equipe de Trauma, que atua

24 horas por dia, nos sete dias da semana, em um

sistema que envolve um grande número de funcio-

nários das mais variadas áreas e especialidades.

Provavelmente essas informações surpreendam

alguns profissionais e colegas do Samaritano

que ainda desconhecem a estrutura montada no

hospital para atender a esse tipo de demanda.

É uma honra apresentar um pouco mais sobre

esse trabalho e poder dizer que também somos

referência nisso. Confira em Cenário a rotina de

trabalho, estrutura e capacitação dos profissionais

do Centro de Trauma, além de conhecer alguns

dos desafios do dia a dia.

Veja ainda a entrevista (Q&A) com a capitã-

-médica do Grupamento Aéreo de São Paulo e

médica intensivista do Pronto-Socorro do

Samaritano, Dra. Fabiana Maria Ajjar, e o artigo,

na seção Ciência em Pauta, sobre tomografia de corpo

inteiro no atendimento de trauma. Boa leitura!

Dr. Paulo Bianchini, Diretor Clínico

Dr. Dario Fortes Ferreira, Superintendente Médico

Hospital Samaritano de São Paulo

j u l h o • a g o s t o • s e t e m b r o | 2 0 1 5

Page 4: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

H o s p i t a l S a m a r i t a n o

Q + A

4

IntensIvIsta fala da experIêncIa nos ares de são paulo e sobre a equIpe de trauma do HospItal samarItano

Fabiana Maria Ajjar é capitã-médica do

Grupamento Aéreo da Polícia Militar do

Estado de São Paulo e médica intensivis-

ta do Pronto-Socorro do Hospital Sama-

ritano. Ela fala sobre a rotina e desafios

no atendimento feito pelo helicóptero

Águia na cidade de São Paulo e explica o

trabalho da equipe de Trauma do HS.

Como é o seu trabalho no Hospital Samaritano?Sou médica intensivista do Hospital. En-

trei em 2005, na UTI Geral, e atualmente

fico durante o dia na UTI Neuro e faço

alguns plantões no Centro de Tratamen-

to Intensivo da Ala Oeste (CTI-Oeste).

Qual o perfil e como o Centro de Trauma do Hospital Samari-tano foi estruturado? Um hospital pode ter uma estrutura enor-

me, mas, para o atendimento de trauma,

Page 5: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

j u l h o • a g o s t o • s e t e m b r o | 2 0 1 5

Q + A

5

Um hospital pode ter uma estrutura enorme, mas, para o atendimento de trauma, ter à disposição uma equipe especializada 24 horas é o que faz a diferença

ter à disposição uma equipe especializa-

da 24 horas é o que faz a diferença. Após

a autorização obtida pela coordenação

junto à Secretaria de Saúde do Estado de

São Paulo, Corpo de Bombeiros, Grupa-

mento Aéreo do Estado de São Paulo e

superintendência do Hospital, contamos

com uma equipe de trauma à disposição

para o primeiro atendimento (delta) em

até 15 minutos. Os bombeiros têm a op-

ção de trazer pacientes via terrestre para

cá. Tanto o centro de operações quanto o

Grupamento Aéreo de SP estão cientes

disso. Realizamos treinamentos para a

aproximação das aeronaves ao heliponto

e também com o pessoal de segurança

de voo. A equipe daqui já se conhecia por

outros atendimentos do Grupamento

Aéreo em outros hospitais, então o rela-

cionamento com eles é ótimo.

O Hospital recebe todos os tipos de trauma? Certamente. O Hospital Samarita-

no tem estrutura para atender, por

exemplo, o que o próprio Hospital das

Clínicas atende. Tem material, equipa-

mentos e uma equipe de especialistas

em neurocirurgia e neurovascular

preparados. A equipe de Trauma está

acostumada a lidar com pacientes poli-

traumatizados. Para doentes com lesão

de aorta, algo muito grave e com alto

risco de mortalidade, o fato de termos

tratamento endovascular é um bene-

fício fundamental. A estrutura para

receber esses doentes é indiscutível.

Como são realizados os treina-mentos da equipe de Trauma?Fazemos todo o gerenciamento e

questões de prioridade ao atendimento

das vítimas. A parte intra-hospitalar

é gerenciada pelo Dr. Diogo Garcia,

coordenador do Centro de Trauma

do Samaritano. Em relação ao pouso

da aeronave, existe um treinamento

feito pelo Departamento de Seguran-

ça de Voo do Grupamento Aéreo. Há

treinamentos dos brigadistas e das

pessoas que terão acesso à aeronave.

Isso porque há o risco de incidentes em

razão de a aeronave normalmente não

desligar o motor durante a assistência a

vítimas graves. Os protocolos aplicados

são referenciados pela Agência Nacio-

nal de Aviação Civil (Anac) e estão de

acordo com os protocolos do Grupa-

mento Aéreo. Embora existam normas

gerais, cada tipo de aeronave tem uma

forma diferente de atendimento. Por

exemplo, o Grupamento Aéreo tem 23

aeronaves do modelo Esquilo usadas

para o resgate. Se for usada uma ae-

ronave da Força Aérea, cuja entrada é

lateral, o treinamento é diferente.

A senhora também é capitã- -médica do Grupamento Aéreo de São Paulo, chamado Águia. Como é seu trabalho lá?No Águia, sou oficial médica e res-

ponsável pela Unidade Integrada de

Saúde (UIS). Fui a primeira oficial

médica a fazer parte do Grupamento.

Além do atendimento aos pacientes,

realizamos a avaliação ambulatorial de

pilotos, mecânicos, tripulantes ope-

racionais e parte do efetivo do Grupa-

mento. Fazemos um trabalho equiva-

lente ao de um médico de esquadrão

das Forças Armadas. Atendemos

ainda a parte ambulatorial e partici-

pamos efetivamente do treinamento

e formação dos pilotos. A UIS em si,

associada à Segurança de Voo, faz o

treinamento dos médicos do Grupo de

Atenção às Urgências e Emergências

(GRAU) e dos médicos militares. Faz

parte do nosso trabalho assessorar o

comandante em relação à triagem tan-

to dos transportes de órgãos quanto de

transporte intra-hospitalar - fazemos

a avaliação da necessidade de medi-

cação, se está dentro do protocolo, e

assessoramos o comandante para que

ele autorize ou não esse transporte.

Como é trabalhar nas frentes de resgate e recepção dos pacientes no Pronto-Socorro?É um trabalho muito estimulante. Cos-

tumo brincar que acabamos até “indo

procurar” o doente. O primeiro paciente

transportado pelo Águia para o Hospital

Samaritano foi, por coincidência, um

capitão da polícia, que hoje é major.

Ele inclusive já havia nos dado treina-

mento. Fizemos o transporte dele para

o Samaritano, saí do Grupamento para

o plantão noturno no Hospital e acabei

atendendo ele novamente. Isso também

acontece com pessoas que socorremos

para o HC e, depois, são encaminhadas

para o Samaritano. É bem gratificante

acompanhar todas as fases do atendi-

mento ao paciente: resgate, transporte,

recepção e tratamento.© In

ácio

Tei

xeira

/ Ho

spita

l Sam

arita

no

Page 6: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

cenário

6 H o s p i t a l S a m a r i t a n o

Page 7: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

cenário

7j u l h o • a g o s t o • s e t e m b r o | 2 0 1 5

traumaa noite de 31 de agosto de 2014, Jair voltava da

festa de aniversário de suas filhas quando viu sua

vida por um triz. Em uma tentativa de assalto na

avenida Raimundo Pereira de Magalhães, próximo a Pirituba,

zona norte de São Paulo (SP), o bancário levou um tiro nas

costas enquanto tentava parar sua moto no acostamento para

se render. “Joguei para a direita, mas o bandido achou que eu

fosse fugir”, lembra.

Ferido, acabou acelerando a moto e bateu de frente com

um carro. Com a colisão, despencou de um barranco de quase

cinco metros, onde permaneceu até que o corpo de bombeiros

fizesse seu resgate. Jair foi levado para o Hospital Samaritano

e internado em estado gravíssimo. “A situação era tão crítica

que ele não tinha pressão arterial para medir”, conta o coorde-

nador do Centro de Trauma, Dr. Diogo Garcia.

Após receber sangue, Jair teve que ser operado, perdeu o

rim esquerdo, uma parte do estômago, uma parte do intestino

delgado e outra do cólon. Também teve fratura exposta na tíbia

e quebrou o fêmur. No total, foram 45 dias internado, dois me-

ses de colostomia e mais de quatro meses de recuperação. No

último dia 21 de maio, ele voltou ao Samaritano para a cirurgia

de reconstrução do trânsito intestinal e agora passa bem.

N EquipE multidisciplinarEspEcializada E atEndimEnto

continuado aumEntam aschancEs dE sobrEvida dE

paciEntEs com trauma gravE

por daniella pina E lais Cattassini

dinâmica do

O caso do bancário foi um dos mais emblemáticos que já

passaram pelo Centro de Trauma do Hospital Samaritano, em

funcionamento desde março de 2013. O serviço vem sendo

estruturado para atender pacientes em estado grave desde

março de 2012 e hoje atende em média 13 internações men-

sais. No último ano, foram feitos 330 atendimentos com ati-

vação da equipe de Trauma.

A preparação do Centro passou pela elaboração de pro-

tocolos, organização de fluxo, compra de materiais especiais

e treinamento das equipes de Trauma e Enfermagem. “A es-© s

hutte

rsto

ck

a

Page 8: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

cenário

8 H o s p i t a l S a m a r i t a n o

cientes vítimas de grandes acidentes.

Segundo Fernanda, a comunicação

é a chave. “O fluxo de informações é

fundamental para a segurança do pa-

ciente, garantindo que ele encontrará

truturação representa uma mudança

de pensamento do Hospital, que não

estava acostumado a receber esse tipo

de paciente”, salienta o coordenador do

Centro de Trauma.

A equipe do Dr. Diogo Garcia é

formada por cinco cirurgiões com

formação em traumatologia, que

atuam 24 horas por dia, nos sete dias

da semana. “A partir do momento em

que o paciente chega ao Hospital, ou

mesmo quando o corpo de resgate

avisa que o paciente está a caminho,

a equipe de Trauma é acionada e tem

até 15 minutos para se preparar para

recebê-lo”, explica.

O fluxo de resgate é feito por meio

de equipes terrestres e aéreas, com o

apoio de um heliponto localizado no

prédio do Hospital. “Quando somos

avisados de que um helicóptero está

chegando com um paciente, dispara-

mos por SMS a mensagem de que te-

remos um paciente politraumatizado,

ou seja, potencialmente grave. Várias

pessoas do Hospital recebem a in-

formação, de forma que a Tomografia

tem de deixar um aparelho liberado,

o Centro Cirúrgico deixa uma sala

vaga para receber o paciente e a UTI,

o Banco de Sangue e os demais seto-

res de Medicina Diagnóstica também

se preparam”, detalha a gerente de

Enfermagem da área de Emergência,

Fernanda Gatti.

O sistema de comunicação entre

as equipes foi uma das mudanças rea-

lizadas pelo Samaritano para garantir

um atendimento rápido e seguro a pa-

não há dúvidas de que o uso do celular na direção é um dos grandes responsáveis por acidentes de trânsito. segundo pesquisa da universidade de utah, nos Estados unidos, checar o celular regularmente aumenta em 400% o risco de acidentes. Estima-se ainda que 20% dos acidentes de trânsito envolvam o uso do celular.apesar do conhecimento dos riscos que este hábito apresenta, a pesquisa Text and Drive do hospital samaritano revela que muitos não abandonam a prática. um questionário realizado com 327 profissionais da instituição comprova que ao menos 80% deles usam o celular enquanto dirigem. apenas 61 entrevistados (20%) afirmaram deixar o aparelho de lado quando estão no trânsito. a pesquisa aponta ainda que o uso do aparelho é majoritariamente para efetuar ou receber uma ligação. porém, 29% dos respondentes dizem que usam o celular para mandar ou ler mensagens de texto. ao menos 71% dos entrevistados reconhecem que utilizar o celular ao dirigir é muito perigoso, mas 75% dos profissionais não acreditam que mudarão de hábito tão facilmente. cinquenta e três por cento afirmam que mudariam de hábito se sofressem um acidente e 23% fariam essa reflexão se um familiar ou amigo fosse a vítima do trauma.

Sem riSco de acidenteS

Page 9: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

cenário

9j u l h o • a g o s t o • s e t e m b r o | 2 0 1 5

tudo pronto para o atendimento quando

chegar, e também para a segurança do

Hospital, pois buscamos garantir que o

paciente tenha cobertura de seu con-

vênio para ser atendido aqui”, afirma.

Antes de encaminharem pacientes

como Jair, as equipes de resgate en-

tram em contato com o Hospital para

verificar se o paciente possui um con-

vênio válido. A recepção da Emergên-

cia tem até três minutos para fazer a

verificação online.

A estruturação do Pronto-Socorro

para receber vítimas de traumas tam-

bém envolveu toda a equipe médica e

de enfermagem, que, além de garantir

uma resposta rápida ao resgate, é a

primeira a ter o contato com o pacien-

te. Para isso, médicos e enfermeiros

de todos os setores da Emergência re-

cebem treinamentos regulares. “Isso é

muito importante. A primeira pessoa

que receberá esse paciente é o médico

do Pronto-Socorro. A equipe de Trau-

ma é acionada e prontamente vem ao

Hospital, mas o primeiro contato é

com quem está de plantão no local”,

pontua Fernanda.

Nesse cenário, o cirurgião de trau-

ma atua como o capitão do time, na

rápida tomada de decisões e na coor-

denação dos procedimentos. “Se chega

um paciente com uma lesão grave de

crânio, uma lesão de aorta e uma fra-

tura na perna, ele precisará de um neu-

rocirurgião, um cirurgião vascular e

um ortopedista. O cirurgião de trauma

coordena o atendimento e decide quem

opera primeiro”, exemplifica Garcia.

equipe paSSa portreinamentoS conStanteS

© In

ácio

Tei

xeira

• Ho

spita

l Sam

arita

no©

Raf

ael E

rnan

di •

Hosp

ital S

amar

itano

o centro de trauma do hoSpital Samaritano é coordenado pelo dr. diogo garcia

Page 10: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

cenário

10 H o s p i t a l S a m a r i t a n o

atendimentomultidiSciplinarContar com uma equipe multidisci-

plinar é imprescindível para o aten-

dimento de um paciente, e, se essa

equipe for especializada em trauma, as

chances de sucesso no tratamento se

tornam muito maiores. “No Samarita-

no, temos cirurgiões de trauma, neu-

rocirurgiões especializados em neuro-

trauma, ortopedistas especialistas em

traumas ortopédicos, equipe de cirur-

gia vascular especializada em trauma e

endovascular”, detalha o coordenador

do Centro. “Quando o paciente grave

chega, encontra um time que sabe exa-

tamente o que fazer”, completa.

De acordo com o cirurgião orto-

pédico da equipe, Dr. Luiz Fernando

Cocco, o protocolo de atendimento ao

paciente com trauma se inicia com o ci-

rurgião geral. “É esse profissional quem

dará o primeiro atendimento. Depois do

paciente estabilizado, entra o cirurgião

ortopédico com subespecialidade em

trauma.” O cirurgião ortopédico com

subespecialidade em trauma tem gran-

de vivência com pacientes politrauma-

tizados e múltiplas fraturas.

A especialidade é essencial. Segun-

do Fernanda Gatti, o tipo mais comum

de acidente que leva vítimas ao Centro

de Trauma do Hospital Samaritano é

o automobilístico. “Quando a energia

do trauma é muito grande, o sistema

ossoesquelético paga um preço muito

alto, pois ocorrem fraturas múltiplas.

Por isso, o cirurgião ortopédico espe-

cialista é fundamental”, avalia Cocco.

A equipe também dispõe de um

cirurgião vascular especializado em

trauma, responsável por avaliar lesões

vasculares e hemorragias. “Os traumas

mais comuns que acionam o cirurgião

vascular são os de membros inferiores,

quando há trombose, e é necessário

fazer uma revascularização. Nesses

casos, obrigatoriamente o ortopedista

deve estar junto, pois costuma haver

fratura e há a necessidade de primeiro

fixar a parte óssea”, explica o cirurgião

vascular Dr. Henrique Lamego.

Para cirurgias vasculares, por exem-

plo, técnicas minimamente invasivas

como embolização com partícula, em-

bolização com mola e colocação de en-

doprótese garantem uma recuperação

o samaritano é oúnico hospital

privado que recebe vítimas graves

transportadas por helicóptero

© E

dson

Lop

es •

A2AD

deSde junho do ano paSSado, o Samaritano eStáautorizado a receber vítimaS graveS por tranSporte aéreo

Page 11: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

cenário

11j u l h o • a g o s t o • s e t e m b r o | 2 0 1 5

mais rápida. “Não são todos os hospi-

tais que possuem este serviço. Essas

técnicas permitem menos anestesia e

menor agressão ao corpo. Faz muita di-

ferença”, afirma Lamego. Na área orto-

pédica, o Centro possui materiais de úl-

tima geração e protocolo de tomografia

de corpo inteiro exclusivo para trauma.

“Fizemos um balanço que mostrou que

em 20% das tomografias de corpo intei-

ro foram encontradas lesões que passa-

riam despercebidas se não fosse feito o

exame”, complementa Garcia.

O fluxo de encaminhamento das

vítimas traumatizadas, o atendimen-

to em sintonia realizado por uma

equipe especializada e a estrutura

moderna do Hospital Samaritano ga-

rantem a melhor recuperação desses

pacientes, que serão acompanhados

pela mesma equipe até deixarem o

hospital. “Quando o paciente apre-

senta um neurotrauma, por exemplo,

ele passa pela avaliação da equipe

de Neurologia, que intervém em

conjunto com a UTI Neurológica.

Após apresentarem melhora, a equipe

de Reabilitação Pós-Traumática as-

sume, fazendo a reabilitação cogni-

tiva em conjunto com fisiatras, fisio-

terapeutas, fonoaudiólogos e neu-

ropsicólogos”, detalha o neurocirur-

gião Dr. Wellingson Paiva.

De acordo com o especialista, o

cuidado com o paciente que sobreviveu

a um trauma agudo e saiu com seque-

las neurológicas é fundamental para

melhorar sua cognição e reinserção so-

cial. “O Centro de Trauma do Hospital

Samaritano é um dos primeiros do País

com a visão ampla de oferecer desde a

assistência de pronto-atendimento até

a reinserção social completa”, opina.

“Também oferecemos apoio psicoló-

gico aos pacientes e suas famílias, que

geralmente são pegas de surpresa e

precisam de um suporte para enfrentar

essa fase”, complementa Garcia.

Na opinião do coordenador, uma

das principais dificuldades enfrenta-

das pelos pacientes é a negligência no

tratamento do trauma. “Em São Paulo,

por exemplo, há dias em que você en-

contra apenas um neurocirurgião de

plantão na cidade inteira. É uma catás-

trofe, porque, com exceção de quatro

hospitais públicos de excelência, não

existem centros preparados para aten-

der os pacientes traumatizados.” Outra

questão alarmante diz respeito à loca-

lização das vítimas. “Quando uma pes-

soa sofre um trauma, é levada para o

hospital mais próximo, sem chance de

escolha. E muitas vezes esse local pode

não as condições necessárias para se

fazer um bom atendimento”, opina.

caso queira encaminharum paciente para o centrode trauma, ou, em caso de acidente, queira ser atendido pelo hospital samaritano,o contato deve ser feito pelo telefone 3825-5820 ou0800 770 88 778.

atendimento

enSino etreinamentoPara oferecer um serviço de excelência em

trauma, o Hospital Samaritano tem in-

vestido na área de ensino e treinamento.

Todos os meses, o Instituto de Conheci-

mento, Ensino e Pesquisa (ICEP) orga-

niza cursos de aperfeiçoamento, como o

Advanced Trauma Life Support (ATLS),

que pretende padronizar o atendimen-

to de médicos que atuam em serviços de

emergência, aprimorando-os dentro dos

critérios mais avançados atualmente.

Os treinamentos se estendem à equi-

pe de Enfermagem e a todo o corpo clínico

do Hospital. “No fim do ano, teremos um

curso para treinar toda a equipe envolvida

no atendimento de vítimas de desastres

para lidar com os pacientes traumatiza-

dos”, adianta Garcia.

Existe ainda um projeto de pesquisa

para que o Hospital Samaritano se torne

tutor de três centros de traumas públicos

no País, em Palmas (TO), Aracaju (SE) e

Campo Grande (MS). A ideia é montar

fluxos e protocolos para melhorar o aten-

dimento seguindo os mesmos modelos

utilizados na estruturação do Centro de

Trauma do Hospital Samaritano.

© R

afae

l Ern

andi

• Ho

spita

l Sam

arita

noequipe eSpecializada garante o melhoratendimento aoS pacienteS traumatizadoS

Page 12: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

12

r e v i s t a m e d i c i n a e s p e c i a l i z a d a • h o s p i t a l s a m a r i t a n o

ciência em pauta

O PAPEL DA TOMOGRAFIACOMPUTADORIZADA DE CORPO

INTEIRO NO POLITRAUMA GRAVE

AUTOR ClAUs FRAnCisCO GRAsel

O fatOr ‘tempO’ é de fundamental impOrtância,sendO que a atuaçãO entre a primeira e terceira hOras (golden hour of shock) tem Os maiOres efeitOs sObre

as evOluções clínicas e taxas de mOrtalidade

Lesões traumáticas continuam sendo a principal

causa de mortalidade de pacientes com até 45 anos de

idade, tanto nos países desenvolvi-

dos quanto nos emergentes e em

desenvolvimento.

Nos Estados Unidos, o Centro de

Controle e Prevenção de Doenças

(US-CDC) estima um custo anual aci-

ma de 500 bilhões de dólares, soman-

do os cuidados médicos e perda de

produtividade relacionados às lesões

traumáticas no país. Lesões traumáti-

cas importantes (major injuries) devem

ser detectadas e tratadas rapidamen-

te, preferencialmente dentro da cha-

mada golden hour, sendo elementos-

-chave em guidelines e protocolos.

Diagnóstico e terapia efetiva do

politrauma exigem algoritmos clíni-

cos e pré-clínicos associados à logís-

tica de processos altamente padroni-

zados em time interdisciplinar, de

maneira a possibilitar o diagnóstico por imagem de forma

rápida e precisa, em condições de emergência.

O fator ‘tempo’ é de fundamental

importância, sendo que a atuação entre

a primeira e terceira horas (golden hour of shock) tem os maiores efeitos sobre

as evoluções clínicas e taxas de mor-

talidade. A radiologia passou a ser

parte integrante do work-up das equi-

pes de trauma no Advanced-Trauma-

-Life-Support (ATLS) em muitos cen-

tros de trauma de ponta.

Vários modelos de scoring de trau-

ma têm sido recomendados e utiliza-

dos (ISS, TRISS, RISC) com intuito de

categorizar a severidade das lesões e

definir condutas terapêuticas e prog-

nósticos relacionados à sobrevida/

mortalidade. Contudo, sua utilização

na triagem inicial é limitada, além do

consumo de tempo e alto número de

lesões não identificadas.

Estudo sugere que a utilização da TC de corpo inteiro como primeira

modalidade aumenta a proba-bilidade de sobre-

vivência de pacientes com

politrauma grave

Page 13: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

ciência em pauta

13

r e v i s t a m e d i c i n a e s p e c i a l i z a d a • h o s p i t a l s a m a r i t a n o

Os avanços tecnológicos relacionados à tomografia

computadorizada e o advento da tomografia multislice

(MDTC) com alto número de fileiras de detectores, princi-

palmente a partir de 32 e 64 fileiras, permitem atualmente

aquisições muito rápidas com alta resolução espacial (sub-

milimétrica) de regiões inteiras do corpo, bem como a rea-

lização sequencial de múltiplas fases do meio de contraste

endovenoso, com tempo total de exame muito curto, geral-

mente abaixo de um ou dois minutos. Além disso, a capa-

cidade de reconstruções isotrópicas em múltiplos planos

(MIP/MPVR) e as reconstruções em 3D contribuíram para

o aumento da acurácia na detecção de lesões, sendo

importante destacar também o papel fundamental da TC

multislice na exclusão de eventuais lesões traumáticas.

Um estudo multicêntrico retrospectivo publicado em

um dos mais importantes periódicos médicos [1] sugeriu

que a utilização da tomografia computadorizada de cor-

po inteiro como primeira modalidade de imagem

aumentaria significativamente a probabilidade de sobre-

vivência de pacientes submetidos a politrauma grave, em

comparação a um algoritmo utilizando radiografias e

ultrassonografia, eventualmente seguido de tomografia

computadorizada seletiva de regiões do corpo. Quando

utilizado o protocolo de TC de corpo inteiro, houve redu-

ção relativa da mortalidade baseada no TRISS de 25%,

contra 13% baseada no RISC quando utilizados outros

algoritmos diagnósticos (Figura 1).

A partir desse estudo, foram publicados vários outros,

com resultados semelhantes, indicando redução da morta-

lidade entre 20% e 30% e conclusivamente recomendando

a tomografia computadorizada de corpo inteiro como pri-

meiro método diagnóstico em pacientes submetidos a

Mo

rtali

ty r

ate

(%

)

TRISS prognosis

0

25

20

15

10

5

Whole-bodyCT

(n=800)

p<0.001

17-1

17-3

Non-whole-bodyCT

(n=1459)

p=0.66

17-5

23-2

Whole-bodyCT

(n=1400)

Non-whole-bodyCT

(n=2713)

p=0.017

19-9

23-0

20-6

p=0.42

21-3

RISC-score prognosis

Figura 1. resultados da tc de corpo inteiro (lancet 2009; 373:1455-61)

imagem ilustrativa do protocolo de tomografia de corpo inteiro

Grey columns represent the recorded mortality rates. erros bars represent 95% ci. Green bars show that the recorded mortality rates are lowers than the predicted rates. red bars show that the recorded mortality rates are higher than the predicted rates. risc = revised injury severity classification.triss = trauma and infjurity severety score.

trauma grave [2,3,4] e até mesmo em pacientes com insta-

bilidade hemodinâmica borderline.

Outro estudo interessante publicado recentemente

concluiu que a utilização da TC de corpo inteiro estaria

© A

rqui

vo H

ospi

tal s

amar

itano

Page 14: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

14

r e v i s t a m e d i c i n a e s p e c i a l i z a d a • h o s p i t a l s a m a r i t a n o

ciência em pauta

associada à redução significativa da

mortalidade de 30 dias, quando

comparado aos pacientes que rece-

beram TC seletiva [5].

Um estudo prospectivo com foco

ligeiramente diferente realizado por um

grupo da Califórnia (USC) em centro

de trauma acadêmico nível 1, visando à

avaliação de pacientes submetidos a

politrauma sem sinais óbvios de lesão

torácica ou abdominal, demonstrou

que cerca de 19% desses pacientes

apresentavam alterações significativas,

que resultaram em modificação da con-

duta terapêutica [6].

O resultado desses dados, publica-

dos principalmente a partir de 2009,

demonstrando significativo aumento

da probabilidade de sobrevida, tem

levado à incorporação contínua e pro-

gressiva da TC de corpo inteiro no

diagnóstico precoce do trauma grave

nos grandes centros de trauma nível 1 e

em centros acadêmicos, fazendo parte

atualmente de protocolos e guidelines de

importantes instituições na Europa e

Estados Unidos [7] (Figura 2). Contu-

do, vale salientar que não há ainda um

consenso definitivo ou um protocolo

standard universalmente aceito, tendo

sido feitas menções principalmente à

dose de radiação ionizante a que os

pacientes são submetidos quando uti-

lizada a TC de corpo inteiro multifási-

ca e que de fato é significativa.

Deve haver indicação restrita segundo

algoritmos das equipes de trauma,

com aplicação muito controlada,

notadamente em pacientes pediátri-

cos e/ou adolescentes. Porém, diante

Adotamos oprotocolo da

Universidade de Miami/Ryder

Trauma Center, que consiste em tomografia decorpo inteiromultifásica,com estudoangiográfico

ABC

WBCT

Pattern of Injuries?Resources?

DamageControl

Early Total Care

IntensiveCare Unit

X-ray, FAST CPR, Acule Surgery

+ -

Figura 2. algoritmo do hospital da universidade de Zurique

the current multiple traumaalgorithm of our hospital.

abc, airway/breathing/circulation; cpr, cardiopulmonary resuscitation;

fast, focused assessment with sonography for trauma; Wbct,

whole-body ct.(Br J radiol; 88: 20140616)

Page 15: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

ciência em pauta

15

r e v i s t a m e d i c i n a e s p e c i a l i z a d a • h o s p i t a l s a m a r i t a n o

1. huber-Wagner s, lefering r, qvick lm et al. effect of whole-body ct during trauma resuscitation on survival: a retrospective multicentrestudy. lancet 2009;373:1455-61.

2. caputo n d, stahmer c, lim G et al. Whole-body computed tomographic scanning lead to better survival as opposed to selective scanning in trauma patients: a systematic review and meta-analysis. J Trauma Acute care surg 2014;77:534-539.

3. harvey JJ, West ath et al. the right scan, for the right patient, at the right time: the reorganization of major trauma service provision in england and its implications for radiologists. clinical radiology 68 (2013) 871-886.

4. Jiang l, ma Y, Jiang s, Zheng Z et al. comparison of whole-body computed tomography vs selective radiological imaging on outcomes in major trauma patients: a meta-analysis. scandinavian Journal of Trauma, resuscitation and emergency Medicine 2014, 22:54.

5. Yeguiayan J-m, Yap a, freysz m, Garrigue d et al. impact of whole-body computed tomography on mortality and surgical management of severe blunt trauma. critical care 2012 16:r101.

6. salim a, sangthong b, martin m, brown c et al. Whole body imaging in blunt multisystem trauma patients Without Obvious signs of injury. Arch surg. 2006;141:468-475.

7. Gordic s, alkadhi h, hodel s, simen h-p, brueesch m, frauenfelder t, et al. Whole-body ct-based imaging algorithm for multiple trauma patients: radiation dose and time to diagnosis. Br J radiol 2015;88:20140616.

8. dreizin d, munera f. blunt politrauma: evaluation with 64-section Whole-body ct angiography. radiographics2012;32:609-631.

ReFeRÊnCiAs

ClAUs FRAnCisCO GRAsel é coordenador do departamento de ressonância e tomografia do hospital samaritano

da potencial gravidade do politrauma e das evidências

óbvias da performance do método, a dose de radiação tende

a ser irrelevante.

No Hospital Samaritano, adotamos o protocolo da Uni-

versidade de Miami/Ryder Trauma Center, que consiste em

tomografia de corpo inteiro multifásica, com estudo angio-

gráfico (whole-body CT angiography) [7]. Esse protocolo leva à

ótima opacificação de vasos e vísceras sólidas, permitindo

diagnóstico rápido e preciso de lesões significativas, com

identificação daquelas que requerem

intervenção cirúrgica ou endovascular.

Entre as principais, destacam-se as

lesões vasculares severas, hemorragia

ativa, fraturas espinhais instáveis, rup-

tura diafragmática, lesão complexa de

víscera sólida (ex: lesão pancreática

com envolvimento do Wirsung) e lesões

do mesentério ou víscera oca.

O protocolo é constituído de TC sem

contraste do crânio, seguida de fase

arterial/angiográfica do círculo de Willis

até a sínfise púbica e fase portal/venosa do abdômen e pélvis.

São geradas reconstruções coronais e sagitais MPR.

A inclusão dos membros inferiores no estudo ou aquisição

de fase tardia abdominopelviana é opcional, na dependência

de fatores específicos e/ou solicitação da equipe de trauma.

© A

rqui

vo H

ospi

tal s

amar

itano

imagem ilustrativa do protocolo de tomografia de corpo inteiro

Page 16: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

diagnóst ica e terapêut ica

16 H o s p i t a l S a m a r i t a n o

© W

ikim

edia

Com

mon

s

© Im

Ther

a M

edic

al •

repr

duçã

o

TraTamenToinovador para reTinoblasTomaé adoTado pelo HospiTalsamariTano

terápico, consegue-se uma redução signi-ficativa dos efeitos colaterais sistêmicos. Também conseguimos usar drogas muito específicas para esse tipo de tumor, que em maior quantidade seriam tóxicas ao paciente”, afirma.O Hospital já realizou cinco procedimentos desde que introduziu o tratamento. A equi-pe responsável trabalha com a técnica em

outros centros especializados em câncer infantil há quatro anos e agora conta com a tecnologia do Hospital Samaritano para atender à grande demanda de pacientes. “É um tratamento que se presta bastante a dar para a criança uma maior qualidade de vida. Conseguimos mudar o mínimo possí-vel a rotina desse paciente e temos uma boa resposta”, completa Fonseca.

A dissecção endoscópica da submucosa (ESD, sigla em inglês), uma das mais modernas técnicas de tratamento de lesões do aparelho digestivo alto e baixo, passou a ser realizada pelo Serviço de Endoscopia do Hospital Samaritano. “É um procedimento bastante atual. Independentemente do tamanho da lesão, é ressecada apenas uma peça”, afirma o chefe do Serviço de Endosco-pia, José Flávio Andrade Silva.Segundo ele, a equipe especializada do Samaritano realiza esse e outros procedimentos modernos, como a ecoendoscopia infan-til e a ecoendoscopia de vias aéreas com EBUS, que permite a utilização de ultrassom durante a broncoendoscopia. “São proce-dimentos que destacam bem o nosso serviço”, afirma Silva.

Serviço de endoScopia realiza procedimentoScom equipamentoS de ponta

O Hospital Samaritano introduziu a qui-mioterapia intra-arterial para o tratamen-to de retinoblastoma, câncer ocular que atinge majoritariamente crianças com menos de cinco anos. O Samaritano é o terceiro centro de saúde em São Paulo a realizar o procedimento, menos agressivo e mais eficaz no tratamento do tumor.Segundo o médico neurorradiologista e intervencionista do Samaritano, José Roberto Falco Fonseca, o procedimento permite injetar uma quantidade menor de quimioterápicos, mas com uma concen-tração maior, diretamente na artéria oftálmica, que nutre o olho e a retina. “Com uma quantidade menor do quimio-

Page 17: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

P & D

17j u l h o • a g o s t o • s e t e m b r o | 2 0 1 5

Quando se trata de apneia do sono, o

Continuous Positive Airway Pressure

(CPAP) continua sendo o tratamento que

representa menor risco e maior benefício

aos pacientes. Porém, a taxa de adesão ao

método ainda fica na casa dos 60%.

A não adaptação à máscara nasal,

fatores sociais e idade são as prin-

cipais razões para a não adesão ao

CPAP, o que significa risco de agra-

vamento da apneia durante o sono,

aumentando as chances de infarto,

AVC e acidentes causados por sono-

lência. Como alternativa para esses

pacientes, a área de medicina do sono

tem buscado tratamentos fisiológicos,

como o eletroestimulador de nervo

hipoglosso. O tratamento promissor

é uma das grandes apostas mundiais

para o tratamento da Síndrome da

Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS).

A cirurgia para implante do apa-

relho já é feita na Europa e acaba de

ser realizada no Brasil pelo Centro de

Tecnologia em Otorrinolaringologia do

Hospital Samaritano. Apelidado como

marca-passo, o eletroestimulador

segue um conceito muito parecido com

o dispositivo cardíaco e é implantado

no nervo que interliga parte da muscu-

latura motora da língua. “O eletroesti-

mulador funciona com um gerador e o

tratamento contínuo é feito da mesma

forma que o marca-passo cardíaco”,

explica o coordenador do Centro de

Tecnologia em Otorrinolaringologia do

Primeiro implante de eletroestimulador para apneia do sono - SAOS

HS, Dr. Eric Thuler. Em parceria com o

norte-americano Dr. Ofer Jacobowitz,

o especialista foi o responsável pela

primeira cirurgia de implante de ele-

troestimulador de nervo hipoglosso no

País, realizada em julho.

Trabalhos científicos têm mostrado

que a gravidade da SAOS está relacio-

nada com a perda da resposta da mus-

culatura da língua e da faringe. A teoria

é de que a estimulação desse nervo pos-

sa suprir a perda de tonos. No entanto,

a indicação do tratamento é restrita a

casos especiais, como a não adaptação

ao CPAP e a obstrução relacionada à

hipotonia como principal causadora

da SAOS. “Não existe um perfil rígido

dos pacientes indicados à cirurgia, mas

no geral são indivíduos não obesos e

sem alterações anatômicas na face, com

amígdalas em tamanho normal e sem

obstruções nasais”, detalha Thuler.

O Hospital Samaritano vem uti-

lizando essa técnica inovadora desde

julho. “Estruturamos um check-up

do sono que dispõe de um protocolo

de avaliação do paciente com polis-

sonografia e endoscopia com sono

induzido. Dentro desse diagnóstico,

conseguimos identificar os casos que

têm obstrução por causa de ‘queda da

língua’ e esperamos que o eletroesti-

mulador possa ser uma alternativa.”

Na opinião de Thuler, o diagnós-

tico precoce ainda é a melhor forma

de combater a SAOS, já que estudos

mostram que o problema começa na

infância. “Avaliar o crescimento da

face, remover a adenoide e a amígdala

se houver um aumento considerável e

acompanhar esse paciente podem ser

a chave para resolver 99% dos casos”,

pontua. Por falta de informação e aten-

ção a sintomas sutis, muitos pacientes

acabam procurando tratamento já em

estágio avançado da doença. “A ideia

do check-up do sono montado pelo

Samaritano também foi para melhorar

o diagnóstico”, completa. Além do

eletroestimulador do nervo hipoglos-

so, o Hospital tem investido em outros

projetos avançados de pesquisa.

Page 18: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano

diagnóst ica e terapêut ica

18 H o s p i t a l S a m a r i t a n o

© H

ospi

tal S

amar

itano

• Di

vulg

ação

noTas

Desde junho, está disponível o pré-agendamento de cirurgias pelo site samaritano.org.br, na seção exclusiva Área Médica. O novo sistema facilita o trânsito de documentos e pedidos por parte dos médicos e pode ser feito a partir de computadores dentro ou fora do Hospital. “O médico não precisa mais fazer preenchimento de guias e solicitações por telefone. Os impres-sos são gerados automaticamente por uma fer-ramenta gerenciadora em parceria com nosso sistema de gestão hospitalar”, explica a coorde-nadora de Gerenciamento de Leitos e Núcleo de Agendamento, Iriane Dias Murbach. O novo pro-cesso também auxilia no levantamento de docu-mentos para as operadoras de saúde e informa-ções sobre fornecedores e materiais homologa-dos autorizados para a cirurgia.

pré-agendamenTocirúrgico

Em junho deste ano, o Samaritano foi escolhido como um dos três cases de sucesso apresentados no Essentials, da Salesforce.O evento é um dos maiores do País com foco em gestão de relaciona-mento com o cliente e o Samaritano foi o primeiro hospital a participar de uma edição. Com o desafio de melhorar a gestão do relacionamento com pacientes, médicos, fornecedores e operadoras de saúde, o hospital utiliza o Salesforce desde setembro de 2014. A iniciativa visa aumentar a satisfação de clientes, dar mais agilidade aos processos de atendimento e gerar maior consistência na gestão de informações. “O Samaritano sem-pre tentou estar próximo de seus clientes, com processos diferenciados de atendimento. Contudo, as iniciativas de relacionamento ainda eram esparsas e sem grandes possibilidades de mensuração de resultados. Com a Salesforce, conseguimos integrar as áreas de atendimento – desde as recepções até as áreas assistenciais, olhando para o cliente de manei-ra sistêmica em todos os pontos de interação com o Hospital e quando ele não está mais internado”, afirma a gerente de Marketing e Relaciona-mento com Clientes do Hospital Samaritano, Mariana Vendemiatti.

Ferramenta de GeStãoe relacionamento

Idealizado em 2014 e inaugurado neste ano, o Centro de Hérnia

do Núcleo de Gastroenterologia do Samaritano tem o objetivo de

oferecer um cuidado altamente especializado. Com as telas mais

modernas do mercado e técnicas mais atuais e minimamente inva-

sivas, respaldadas pela literatura científica, são realizadas corre-

ções laparoscópicas de todos os tipos de hérnia. Tais recursos redu-

zem o trauma cirúrgico, aceleram a recuperação e o retorno às ati-

vidades. “Especialistas realizam o procedimento com pequenas

incisões que oferecem recuperação rápida e melhor retorno estético

e funcional ao paciente”, explica o cirurgião do aparelho digestivo e

membro do time de Cirurgia do HS, Dr. Alberto Meyer.

De acordo com o assessor médico de projetos, Nam Jin Kim,

o Centro também investe na formação dos profissionais, com trei-

namentos baseados em excelência técnica e critérios rigorosos.

Centro de Hérnia

Page 19: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano
Page 20: Medicina Especializada - A Revista Médica do Hospital Samaritano