leitura e producao textual

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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2011 Leitura e Produção Textual Disciplina na modalidade a distância

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Page 1: Leitura e Producao Textual

Universidade do Sul de Santa Catarina

PalhoçaUnisulVirtual

2011

Leitura e Produção TextualDisciplina na modalidade a distância

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Page 2: Leitura e Producao Textual

CréditosUniversidade do Sul de Santa Catarina | Campus UnisulVirtual | Educação Superior a Distância

ReitorAilton Nazareno Soares

Vice-Reitor Sebastião Salésio Heerdt

Chefe de Gabinete da Reitoria Willian Corrêa Máximo

Pró-Reitor de Ensino e Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e InovaçãoMauri Luiz Heerdt

Pró-Reitora de Administração AcadêmicaMiriam de Fátima Bora Rosa

Pró-Reitor de Desenvolvimento e Inovação InstitucionalValter Alves Schmitz Neto

Diretora do Campus Universitário de TubarãoMilene Pacheco Kindermann

Diretor do Campus Universitário da Grande FlorianópolisHércules Nunes de Araújo

Secretária-Geral de EnsinoSolange Antunes de Souza

Diretora do Campus Universitário UnisulVirtualJucimara Roesler

Equipe UnisulVirtual

Diretor AdjuntoMoacir Heerdt

Secretaria Executiva e CerimonialJackson Schuelter Wiggers (Coord.)Marcelo Fraiberg MachadoTenille Catarina

Assessoria de Assuntos Internacionais Murilo Matos Mendonça

Assessoria de Relação com Poder Público e Forças ArmadasAdenir Siqueira VianaWalter Félix Cardoso Junior

Assessoria DAD - Disciplinas a DistânciaPatrícia da Silva Meneghel (Coord.)Carlos Alberto AreiasCláudia Berh V. da SilvaConceição Aparecida KindermannLuiz Fernando MeneghelRenata Souza de A. Subtil

Assessoria de Inovação e Qualidade de EADDenia Falcão de Bittencourt (Coord.)Andrea Ouriques BalbinotCarmen Maria Cipriani Pandini

Assessoria de Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coord.)Felipe FernandesFelipe Jacson de FreitasJefferson Amorin OliveiraPhelipe Luiz Winter da SilvaPriscila da SilvaRodrigo Battistotti PimpãoTamara Bruna Ferreira da Silva

Coordenação Cursos

Coordenadores de UNADiva Marília FlemmingMarciel Evangelista CatâneoRoberto Iunskovski

Auxiliares de CoordenaçãoAna Denise Goularte de SouzaCamile Martinelli SilveiraFabiana Lange PatricioTânia Regina Goularte Waltemann

Coordenadores GraduaçãoAloísio José RodriguesAna Luísa MülbertAna Paula R.PachecoArtur Beck NetoBernardino José da SilvaCharles Odair Cesconetto da SilvaDilsa MondardoDiva Marília FlemmingHorácio Dutra MelloItamar Pedro BevilaquaJairo Afonso HenkesJanaína Baeta NevesJorge Alexandre Nogared CardosoJosé Carlos da Silva JuniorJosé Gabriel da SilvaJosé Humberto Dias de ToledoJoseane Borges de MirandaLuiz G. Buchmann FigueiredoMarciel Evangelista CatâneoMaria Cristina Schweitzer VeitMaria da Graça PoyerMauro Faccioni FilhoMoacir FogaçaNélio HerzmannOnei Tadeu DutraPatrícia FontanellaRoberto IunskovskiRose Clér Estivalete Beche

Vice-Coordenadores GraduaçãoAdriana Santos RammêBernardino José da SilvaCatia Melissa Silveira RodriguesHorácio Dutra MelloJardel Mendes VieiraJoel Irineu LohnJosé Carlos Noronha de OliveiraJosé Gabriel da SilvaJosé Humberto Dias de ToledoLuciana ManfroiRogério Santos da CostaRosa Beatriz Madruga PinheiroSergio SellTatiana Lee MarquesValnei Carlos DenardinSâmia Mônica Fortunato (Adjunta)

Coordenadores Pós-GraduaçãoAloísio José RodriguesAnelise Leal Vieira CubasBernardino José da SilvaCarmen Maria Cipriani PandiniDaniela Ernani Monteiro WillGiovani de PaulaKarla Leonora Dayse NunesLetícia Cristina Bizarro BarbosaLuiz Otávio Botelho LentoRoberto IunskovskiRodrigo Nunes LunardelliRogério Santos da CostaThiago Coelho SoaresVera Rejane Niedersberg Schuhmacher

Gerência AdministraçãoAcadêmicaAngelita Marçal Flores (Gerente)Fernanda Farias

Secretaria de Ensino a DistânciaSamara Josten Flores (Secretária de Ensino)Giane dos Passos (Secretária Acadêmica)Adenir Soares JúniorAlessandro Alves da SilvaAndréa Luci MandiraCristina Mara SchauffertDjeime Sammer BortolottiDouglas SilveiraEvilym Melo LivramentoFabiano Silva MichelsFabricio Botelho EspíndolaFelipe Wronski HenriqueGisele Terezinha Cardoso FerreiraIndyanara RamosJanaina ConceiçãoJorge Luiz Vilhar MalaquiasJuliana Broering MartinsLuana Borges da SilvaLuana Tarsila HellmannLuíza Koing  ZumblickMaria José Rossetti

Marilene de Fátima CapeletoPatricia A. Pereira de CarvalhoPaulo Lisboa CordeiroPaulo Mauricio Silveira BubaloRosângela Mara SiegelSimone Torres de OliveiraVanessa Pereira Santos MetzkerVanilda Liordina Heerdt

Gestão DocumentalLamuniê Souza (Coord.)Clair Maria CardosoDaniel Lucas de MedeirosJaliza Thizon de BonaGuilherme Henrique KoerichJosiane LealMarília Locks Fernandes

Gerência Administrativa e FinanceiraRenato André Luz (Gerente)Ana Luise WehrleAnderson Zandré PrudêncioDaniel Contessa LisboaNaiara Jeremias da RochaRafael Bourdot Back Thais Helena BonettiValmir Venício Inácio

Gerência de Ensino, Pesquisa e ExtensãoJanaína Baeta Neves (Gerente)Aracelli Araldi

Elaboração de ProjetoCarolina Hoeller da Silva BoingVanderlei BrasilFrancielle Arruda Rampelotte

Reconhecimento de CursoMaria de Fátima Martins

ExtensãoMaria Cristina Veit (Coord.)

PesquisaDaniela E. M. Will (Coord. PUIP, PUIC, PIBIC)Mauro Faccioni Filho (Coord. Nuvem)

Pós-GraduaçãoAnelise Leal Vieira Cubas (Coord.)

BibliotecaSalete Cecília e Souza (Coord.)Paula Sanhudo da SilvaMarília Ignacio de EspíndolaRenan Felipe Cascaes

Gestão Docente e DiscenteEnzo de Oliveira Moreira (Coord.)

Capacitação e Assessoria ao DocenteAlessandra de Oliveira (Assessoria)Adriana SilveiraAlexandre Wagner da RochaElaine Cristiane Surian (Capacitação)Elizete De MarcoFabiana PereiraIris de Souza BarrosJuliana Cardoso EsmeraldinoMaria Lina Moratelli PradoSimone Zigunovas

Tutoria e SuporteAnderson da Silveira (Núcleo Comunicação)Claudia N. Nascimento (Núcleo Norte-Nordeste)Maria Eugênia F. Celeghin (Núcleo Pólos)Andreza Talles CascaisDaniela Cassol PeresDébora Cristina SilveiraEdnéia Araujo Alberto (Núcleo Sudeste)Francine Cardoso da SilvaJanaina Conceição (Núcleo Sul)Joice de Castro PeresKarla F. Wisniewski DesengriniKelin BussLiana FerreiraLuiz Antônio PiresMaria Aparecida TeixeiraMayara de Oliveira BastosMichael Mattar

Patrícia de Souza AmorimPoliana SimaoSchenon Souza Preto

Gerência de Desenho e Desenvolvimento de Materiais DidáticosMárcia Loch (Gerente)

Desenho EducacionalCristina Klipp de Oliveira (Coord. Grad./DAD)Roseli A. Rocha Moterle (Coord. Pós/Ext.)Aline Cassol DagaAline PimentelCarmelita SchulzeDaniela Siqueira de MenezesDelma Cristiane MorariEliete de Oliveira CostaEloísa Machado SeemannFlavia Lumi MatuzawaGeovania Japiassu MartinsIsabel Zoldan da Veiga RamboJoão Marcos de Souza AlvesLeandro Romanó BambergLygia PereiraLis Airê FogolariLuiz Henrique Milani QueriquelliMarcelo Tavares de Souza CamposMariana Aparecida dos SantosMarina Melhado Gomes da SilvaMarina Cabeda Egger MoellwaldMirian Elizabet Hahmeyer Collares ElpoPâmella Rocha Flores da SilvaRafael da Cunha LaraRoberta de Fátima MartinsRoseli Aparecida Rocha MoterleSabrina BleicherVerônica Ribas Cúrcio

Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel (Coord.) Letícia Regiane Da Silva TobalMariella Gloria RodriguesVanesa Montagna

Avaliação da aprendizagem Claudia Gabriela DreherJaqueline Cardozo PollaNágila Cristina HinckelSabrina Paula Soares ScarantoThayanny Aparecida B. da Conceição

Gerência de LogísticaJeferson Cassiano A. da Costa (Gerente)

Logísitca de MateriaisCarlos Eduardo D. da Silva (Coord.)Abraao do Nascimento GermanoBruna MacielFernando Sardão da SilvaFylippy Margino dos SantosGuilherme LentzMarlon Eliseu PereiraPablo Varela da SilveiraRubens AmorimYslann David Melo Cordeiro

Avaliações PresenciaisGraciele M. Lindenmayr (Coord.)Ana Paula de AndradeAngelica Cristina GolloCristilaine MedeirosDaiana Cristina BortolottiDelano Pinheiro GomesEdson Martins Rosa JuniorFernando SteimbachFernando Oliveira SantosLisdeise Nunes FelipeMarcelo RamosMarcio VenturaOsni Jose Seidler JuniorThais Bortolotti

Gerência de MarketingEliza B. Dallanhol Locks (Gerente)

Relacionamento com o Mercado Alvaro José Souto

Relacionamento com Polos PresenciaisAlex Fabiano Wehrle (Coord.)Jeferson Pandolfo

Karine Augusta ZanoniMarcia Luz de OliveiraMayara Pereira RosaLuciana Tomadão Borguetti

Assuntos JurídicosBruno Lucion RosoSheila Cristina Martins

Marketing EstratégicoRafael Bavaresco Bongiolo

Portal e ComunicaçãoCatia Melissa Silveira RodriguesAndreia DrewesLuiz Felipe Buchmann FigueiredoRafael Pessi

Gerência de ProduçãoArthur Emmanuel F. Silveira (Gerente)Francini Ferreira Dias

Design VisualPedro Paulo Alves Teixeira (Coord.)Alberto Regis EliasAlex Sandro XavierAnne Cristyne PereiraCristiano Neri Gonçalves RibeiroDaiana Ferreira CassanegoDavi PieperDiogo Rafael da SilvaEdison Rodrigo ValimFernanda FernandesFrederico TrilhaJordana Paula SchulkaMarcelo Neri da SilvaNelson RosaNoemia Souza MesquitaOberdan Porto Leal Piantino

MultimídiaSérgio Giron (Coord.)Dandara Lemos ReynaldoCleber MagriFernando Gustav Soares LimaJosué Lange

Conferência (e-OLA)Carla Fabiana Feltrin Raimundo (Coord.)Bruno Augusto Zunino Gabriel Barbosa

Produção IndustrialMarcelo Bittencourt (Coord.)

Gerência Serviço de Atenção Integral ao AcadêmicoMaria Isabel Aragon (Gerente)Ana Paula Batista DetóniAndré Luiz Portes Carolina Dias DamascenoCleide Inácio Goulart SeemanDenise FernandesFrancielle FernandesHoldrin Milet BrandãoJenniffer CamargoJessica da Silva BruchadoJonatas Collaço de SouzaJuliana Cardoso da SilvaJuliana Elen TizianKamilla RosaMariana SouzaMarilene Fátima CapeletoMaurício dos Santos AugustoMaycon de Sousa CandidoMonique Napoli RibeiroPriscilla Geovana PaganiSabrina Mari Kawano GonçalvesScheila Cristina MartinsTaize MullerTatiane Crestani Trentin

Avenida dos Lagos, 41 – Cidade Universitária Pedra Branca | Palhoça – SC | 88137-900 | Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279-1271 | E-mail: [email protected] | Site: www.unisul.br/unisulvirtual

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Page 3: Leitura e Producao Textual

PalhoçaUnisulVirtual

2011

Chirley Domingues Mônica Mano Trindade

Revisão e atualização de conteúdo Chirley Domingues

Design instrucional Flávia Lumi Matuzawa Isabel Z. Veiga Rambo

4ª edição

Leitura e Produção TextualLivro didático

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Page 4: Leitura e Producao Textual

Edição – Livro Didático

Professoras ConteudistasChirley Domingues

Mônica Mano Trindade

Revisão e atualização de conteúdoChirley Domingues

Design InstrucionalFlavia Lumi Matuzawa

Isabel Zoldan da Veiga Rambo (4ª edição)

ISBN978-85-7817-284-8

Projeto Gráfico e CapaEquipe UnisulVirtual

DiagramaçãoHigor Ghisi Luciano

Anne Cristyne Pereira (4ª edição)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

Copyright © UnisulVirtual 2011

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

410D71 Domingues, Chirley

Leitura e produção textual : livro didático / Chirley Domingues, Mônica Mano Trindade ; revisão e atualização de conteúdo Chirley Domingues ; design instrucional Flavia Lumi Matuzawa, Isabel Zoldan da Veiga Rambo. – 4. ed. – Palhoça: UnisulVirtual, 2011.

181 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.978-85-7817-284-8

1. Língua e linguagem. 2. Leitura. I. Trindade, Mônica Mano. II. Matuzawa, Flavia Lumi. III. Rambo, Isabel Zoldan. IV. Título.

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Sumário

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7Palavras das professoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

UNIDADE 1 - Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15UNIDADE 2 - Leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41UNIDADE 3 - Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73UNIDADE 4 - Textos acadêmicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99UNIDADE 5 - Tópicos gramaticais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167Sobre os professores conteudistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 171Biblioteca Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181

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Page 6: Leitura e Producao Textual

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Apresentação

Este livro didático corresponde à disciplina Leitura e Produção Textual.

O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz.

Lembre-se que sua caminhada, nesta disciplina, será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual, por isso a “distância” fica caracterizada somente na modalidade de ensino que você optou para sua formação, pois na relação de aprendizagem professores e instituição estarão sempre conectados com você.

Então, sempre que sentir necessidade entre em contato; você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como: telefone, e-mail e o Espaço Unisul Virtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.

Bom estudo e sucesso!

Equipe UnisulVirtual.

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Palavras das professoras

Informações excessivas, instantâneas e superficiais, características do século XXI, levam-nos a ter de fazer escolhas, definir e manifestar nossas opiniões diante dos acontecimentos do mundo e, especialmente, do nosso meio social. O fato é que para sabermos nos posicionar ante esse dinamismo, precisamos aprimorar nossas habilidades de escuta, leitura e escrita, responsáveis pela nossa interação no mundo, o que somente se torna possível por meio de um estudo de língua portuguesa comprometido em nos preparar para a vida pessoal, acadêmica e profissional.

Aqui, você está convidado a intensificar as suas habilidades de leitura e escrita. Fará exercícios que o levarão a indagar sobre a intenção contida nos textos, possibilitando-lhe desenvolver uma postura mais crítica sobre a sua produção textual. De forma integrada à leitura, você desenvolverá a prática de produção de textos, possibilitando-lhe adequar a sua escrita ao contexto que se fizer necessário.

Para desenvolver mais as suas habilidades na leitura e na escrita, dedique-se ao estudo de cada unidade e lembre-se da importância das atividades práticas, pois somente você poderá investir na sua formação como leitor e escritor, duas importantes funções que certamente exercerá ao longo da sua vida acadêmica e profissional.

Bom trabalho!

As autoras

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Plano de estudo

O plano de estudos visa a orientá-lo no desenvolvimento da disciplina. Ele possui elementos que o ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.

O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto, a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação.

São elementos desse processo:

� o livro didático;

� o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);

� as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de autoavaliação);

� o Sistema Tutorial.

Ementa

Níveis de linguagem: características dos diversos tipos de linguagem e suas funções. Leitura: compreensão e análise crítica de texto. Produção de texto: tipos e gêneros textuais; coerência e coesão; adequação à norma culta.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Objetivos

Geral:

A disciplina visa desenvolver a competência do estudante na realização de atividades relacionadas ao uso da língua, tanto do ponto de vista da produção quanto da recepção. Portanto, são objetivos específicos:

Específicos:

� Estimular o acadêmico à realização de atividades práticas de leitura e produção textual.

� Propiciar o conhecimento dos diversos gêneros textuais, com a identificação das características e da linguagem própria de cada um, bem como suas aplicações na sociedade.

� Possibilitar o estudo de regras específicas para adequação do texto à modalidade culta da língua.

Carga Horária

A carga horária total da disciplina é 60 horas-aula.

Conteúdo programático/objetivos

Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à sua formação.

Unidades de estudo: 5

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Leitura e Produção Textual

Unidade 1 - Linguagem

Esta unidade, de caráter introdutório, apresentará os conceitos de língua, linguagem e variação linguística, definições básicas e essenciais ao desenvolvimento da disciplina, bem como um estudo sobre níveis de linguagem e funções de linguagem.

Unidade 2 – Leitura

Esta unidade abordará a importância da leitura e sua influência na escrita, as características dos textos literários e não literários e os níveis de informação explícito e implícito, enfocando a aplicação desses conceitos, a partir de atividades de leitura e interpretação textual.

Unidade 3 – Texto

Nesta unidade, serão apresentados os conceitos essenciais à prática de produção de texto, a definição de gêneros textuais, e os elementos responsáveis pela coerência e coesão dos enunciados, enfocando a aplicação desses conceitos, a partir de atividades de produção escrita.

Unidade 4 – Textos acadêmicos

Nesta unidade, serão apresentados alguns dos gêneros textuais que circulam no ambiente acadêmico, como resumo, resenha e relatório, focando o objetivo, as características e a linguagem adequada a cada um desses textos.

Unidade 5 – Tópicos gramaticais

Nesta unidade, serão apresentados alguns tópicos gramaticais, enfocando a necessidade do conhecimento de tais regras para a adequação do texto à norma culta da língua.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Agenda de atividades/Cronograma

� Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar periodicamente a sala da disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura, da realização de análises e sínteses do conteúdo e da interação com os seus colegas e professor.

� Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço a seguir as datas com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA.

� Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da disciplina.

Atividades obrigatórias

Demais atividades (registro pessoal)

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UNIDADe 1

Linguagem

Objetivos de aprendizagem

Ao final da unidade você terá subsídios para compreender:

� A diferença entre língua e linguagem.

� As causas da variação linguística.

� As situações de uso das modalidades da língua.

� As funções da linguagem.

Seções de estudo

Nesta unidade você vai estudar os seguintes assuntos:

Seção 1 Língua, linguagem e variação

Seção 2 Níveis de linguagem

Seção 3 Funções da linguagem

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de conversa

Durante muito tempo, acreditou-se que dominar a língua portuguesa era falar difícil, ou seja, empregar vocabulário culto e usar frases de efeito com estrutura mais complexa. Hoje, no entanto, sabemos que usar bem o português é, sobretudo, saber adequar a linguagem a diferentes situações sociais das quais participamos. Por exemplo, sabemos que é preciso ter um cuidado especial com a língua quando nos submetemos a uma entrevista de emprego, ou quando elaboramos um texto acadêmico. Mas, em uma conversa com amigos ou familiares, podemos usar uma linguagem mais coloquial. Assim sendo, pode-se dizer que a língua apresenta variações e o que determina a escolha de tal ou tal variedade é a situação concreta de comunicação.

Esse é o tema da presente unidade, que tem como objeto o estudo da linguagem e suas variações. Aqui, você encontrará conceitos básicos de introdução para um trabalho de leitura e produção de textos.

São conceitos essenciais, que serão retomados no decorrer das demais unidades, logo, precisam ser bem compreendidos para facilitar o seu crescimento na disciplina.

Bons estudos!

Seção 1 – Língua, linguagem e variação

Comunicação provém de communicare, verbo latino que significa pôr em comum. Para Medeiros (2000, p. 15), a finalidade da comunicação é pôr em comum não apenas as ideias, sentimentos, pensamentos, desejos, mas também compartilhar formas de comportamento, modos de vida determinados por regra de caráter social.

A comunicação implica, fundamentalmente, a utilização de uma linguagem.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

Como podemos observar na tirinha abaixo:

Como você pode ver, o papagaio se comunica com Hagar utilizando a fala. Mas podemos observar que o cachorro também se comunica, quando rosna para o papagaio, levando esse a entender que o cão também queria bolacha. O humor da tira se dá pelo fato de o papagaio, sentindo-se ameaçado, racionalmente interpretar o desejo do cachorro e, imediatamente, fazer algo que só os seres humanos são capazes de fazer, “produzir enunciado consciente”. Ou seja, os animais apenas reproduzem instintivamente a comunicação, ao contrário do homem que a produz consciente e intencionalmente. Essa característica do ser humano é que nos possibilita a vida em sociedade.

A linguagem humana, segundo Koch (1997a, p. 9), tem sido concebida de maneiras diversas, e a mais recente dessas concepções considera a linguagem como atividade, como forma de ação, como lugar de interação, que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais diversos tipos de atos.

Assim sendo, podemos afirmar que a linguagem Humana é um sistema organizado de sinais, que permite a expressão ou representação de idéias, desejos, sentimento, emoções, como podemos observar nos dois exemplos abaixo:

É PROIBÍDO FUMAR

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Como podemos ver, a linguagem se materializa de duas formas. Na primeira, temos a linguagem verbal, em que são utilizados signos (no caso, as palavras), os quais são uma modalidade constituída de um sistema de sinais convencionados. Esse conjunto de signos é o que denominamos de língua. No segundo exemplo temos a linguagem não verbal que usa os gestos, os sinais e as imagens.

A linguagem se materializa de duas formas. Na primeira, denominada de linguagem não verbal, exploram-se sinais, gestos e imagens. Na segunda, denominada de linguagem verbal, utilizam-se signos, ou seja, é uma modalidade constituída de um sistema de sinais convencionados. Esse conjunto de signos é o que denominamos de língua.

Bem, agora que já abordamos os conceitos básicos sobre a linguagem humana, vamos resumi-los para assimilá-los melhor.

•Linguagem: capacidade de o ser humano se comunicar por meio de um língua.

•Língua: código, sistema de signos convencionais usados pelos membros de uma mesma comunidade.

•Linguagem verbal: constituída de um sistema de códigos convencionados.

•Linguagem não verbal: constituída por imagens, gestos, emoticons, expressão facial etc

Observe os dois exemplos que seguem: A e B

Texto AUma das maneiras de ver o mundo é sob a figura da antítese. Assim, as categorias que encontramos são: os ricos e os pobres, os brancos e os negros, os homens e as mulheres, os heterossexuais e os homossexuais etc.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

Texto B

Figura 1.1 – Ilustração sobre antítese Fonte: Platão e Fiorin. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática,1996.

É fácil perceber que no primeiro exemplo, por meio da linguagem verbal, há uma afirmação genérica entre as diferenças existentes no mundo. Da mesma forma, no segundo, essa temática aparece, uma vez que a figura pretende, por meio da oposição entre a cor e o tamanho das mãos, chamar a atenção para a fome e a desnutrição no continente africano.

Há que se acrescentar, ainda, que podemos utilizar também a linguagem mista, ou seja, a fala e as imagens, os gestos, os sinais para nos comunicarmos. Nesse sentido, fazemos uso, então, da chamada linguagem mista, como na charge abaixo.

Texto C

Figura 1.2 – Charge do Lula Papai Noel Fonte: Folha de São Paulo, 18/11/2006.

A compreensão desse texto de humor ocorre pela associação da imagem-figura de Papai Noel – com a linguagem verbal

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Universidade do Sul de Santa Catarina

– o conteúdo das cartas e a fala da personagem. Inclusive a própria definição da personagem – Presidente Lula e Papai Noel – depende do conteúdo de sua fala.

— Então, agora que você já sabe que língua é um código por meio do qual as pessoas se comunicam e interagem entre si, passemos ao seguinte questionamento:

A língua portuguesa, no Brasil, é um código único a todos os falantes?

Para responder à pergunta acima, você deve levar em conta, por exemplo, a diferença que existe na linguagem em diversos níveis, como: a linguagem que você usa com o seu chefe não é a mesma que você usa com os seus amigos. Ou ainda, o vocabulário dos jovens está mais aberto às mudanças e novidades, diferente do que acontece com os mais idosos, que tendem a um conservadorismo. Aliás, causa-nos grande estranhamento ouvir pessoas idosas, por exemplo, usando uma gíria, não é mesmo? Isso acontece porque temos consciência de que há várias formas de usarmos a língua que falamos.

Assim sendo, se você respondeu NÃO para a pergunta anterior, então, você já está próximo do conceito do assunto que segue, ou seja, Variação Linguística.

A língua portuguesa, como todas as línguas do mundo, não se apresenta de maneira uniforme em todo o território brasileiro. Aliás, assim como a cultura brasileira é plural, há também a pluralidade linguística, o que é facilmente observado em nosso país. Essa pluralidade é o que denominamos variação linguística, e esse é o tema que vamos abordar agora.

Mas qual é o objetivo de estudarmos tal assunto?

Estudar a variação linguística oportunizará você a perceber que diversos fatores, como região, faixa etária, classe social e profissão são responsáveis pela variação da língua. Devemos observar, no

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

entanto, que não há um uso melhor que o outro. Em uma mesma comunidade linguística, coexistem usos diferentes, não existindo um padrão de linguagem que possa ser considerado superior.

O que determina a escolha de tal ou tal variedade é a situação concreta de comunicação.

Níveis de variação linguísticaÉ importante observar que o processo de variação ocorre em todos os níveis de funcionamento da linguagem, sendo mais perceptível na pronúncia ou no vocabulário. Também são vários os fatores que determinam a variação, entretanto, vamos dar ênfase à variação regional, social e por faixa etária, que serão explicadas a seguir.

1) Variação regional (territorial ou geográfica)

Ocorre entre pessoas de diferentes regiões, em que se fala a mesma língua. Segundo Travaglia, essa variação normalmente acontece

[...] pelas influências que cada região sofreu durante sua formação; porque os falantes de uma dada região constituem uma comunidade linguística geograficamente limitada, em função de estarem polarizados em termos políticos, econômicos, culturais e desenvolverem, então, um comportamento linguístico comum que os identifica e distingue. (2002, p. 42).

Então, como você pode ver, são diferentes os falares que se encontram no Brasil, como: os falares gaúcho, nordestino, carioca, o chamado dialeto caipira etc.

Essa diferença pode ser percebida em relação à pronúncia, como por exemplo, a diferença do r e do s, na fala de cariocas, gaúchos, paulistas. Além disso, também fica evidente a diferença em nível vocabular, pois temos várias palavras usadas para fazer referência ao mesmo objeto, e o uso de um ou outro vocábulo varia de região para região. É o que ocorre em:

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� pipa – papagaio – pandorga – maranhão;

� pão francês – pão de trigo – cacetinho;

� aipim – mandioca – macaxeira.

2) Variação social

Ocorre entre pessoas que pertencem a diferentes grupos sociais. Nesse caso, podemos dividir a língua em vários “dialetos” ou “jargões” que, na dimensão social, representam as variações que ocorrem de acordo com a classe a que pertencem os usuários da língua.

Podemos, então, considerar como variedades dialetais de natureza social, os jargões profissionais (linguagem dos artistas, médicos, professores, operários), como também as gírias usadas por diversos grupos como: jogadores de futebol, cantores de Rap, frequentadores de academias de ginástica etc. Assim, pessoas com relações bastante estreitas e interesses comuns tendem a usar uma linguagem mais específica.

Vejam os exemplos nos textos a seguir:

então, a nossa filosofia é mostrar pras pessoas, né, tentar passar pras pessoas que elas podem brilhar, que elas são importantes (...) então nós viramos pro negro e falamos: pô, negócio seguinte, tu é bonito, tu não é feio como dizem que tu é feio. Teu cabelo não é ruim como dizem que teu cabelo é ruim, entendeu? Meu cabelo é crespo, entendeu? existe cabelo crespo, existe cabelo liso. Não tem essa de cabelo bom, cabelo ruim. Por que que cabelo de branco é bom e meu cabelo é ruim?

(Fala de um cantor de Rap)

Outro dia o coruja estava batendo lata e encontrou um tatu. - e aí? eles acertaram o pilão? - Que nada, o espada abiu o caderno e passou o maior chapéu no piolho!

(FUSARO, Kárin. Gírias de todas as tribos. São Paulo: Panda, 2001)

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

Você entendeu os textos dos exemplos? Talvez você sinta dificuldades em relação ao segundo, caso você não compreenda a gíria dos taxistas. Releia o texto, considerando este vocabulário:

Gíria Significado

Abrir o caderno Falar demais, contar a vida.

Bater lata Andar com o carro vazio, à procura de passageiro.

Chapéu Golpe, ato de não pagar ao taxista.

Coruja Taxista que trabalha no período noturno.

Espada Passageiro difícil de enganar.

Pilão Corrida prefixada.

Piolho Taxista que assalta o passageiro, até mesmo à mão armada.

Tatu Passageiro inocente, vítima fácil.

Quadro 1.1 – Referência de gírias e seus significados Fonte: Elaboração do autor.

3) Variação por faixa etária

Os dialetos, na dimensão de idade, representam as variações decorrentes da diferença no modo de usar a língua de pessoas de idades diferentes, normalmente em faixas etárias diversas: crianças, jovens, adultos e velhos.

Assim, seria um fato raríssimo presenciarmos uma pessoa idosa usando expressões como linkar (ligar um site a outro), subir um arquivo (mandar um arquivo para a internet), até mesmo pela pouca ou nenhuma intimidade que esse grupo de pessoas tem com o computador e, consequentemente com a internet.

— Até aqui você viu algumas variações linguísticas. Na próxima seção, você verá a variação de registro, que também é um conceito importante no estudo da linguagem.

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Seção 2 – Níveis de linguagem

Na seção anterior, você estudou os conceitos de língua e linguagem, assim como as variações linguísticas. Dando continuidade ao assunto, vamos abordar a variação de registro, que se define pela forma de utilização da linguagem, levando em conta o contexto da situação.

Um exemplo disso é a forma como falamos com um adulto ou com uma criança. Quando falamos com a criança, a nossa linguagem é mais gestual, mudamos o tom da voz, ou seja, imitamos as próprias crianças.

Antes de estudar esse tipo de variação, que chamaremos de níveis de linguagem, é necessário que você reflita um pouco sobre as características da língua falada e da língua escrita. Nas situações de fala, há um contato direto entre os interlocutores, isto é, falante e ouvinte, o que nos permite fazer repetições e explicações, caso nosso ouvinte não nos compreenda. Quando estamos em uma conversa, mudamos o tom, para dar ênfase a alguma informação, interrompemos, ou somos interrompidos, deixamos frases incompletas, ou, ainda, mudamos o “rumo” do assunto. Isso denota uma outra característica da linguagem oral, a fragmentação. Ou seja, na linguagem oral adequamos a nossa fala, ajustando-a ao interlocutor para sermos por ele compreendidos.

Já nas situações de escrita, o contato entre autor e leitor é indireto, logo, torna-se necessária a formulação de um texto claro, possível de ser compreendido pelo leitor, sem a possibilidade da intervenção simultânea do autor. No texto escrito, as reformulações não são percebidas pelo interlocutor. Ainda que seja reescrito, o texto que chega ao interlocutor não apresenta essas marcas. Nesse nível de linguagem não há a fragmentação e o uso de frases incompletas, a não ser que seja uma atitude intencional do autor, ou o seu estilo de escrita. Mas, normalmente, o texto escrito é completo, com um vocabulário amplo, para evitar as repetições, comuns nas falas.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

Veja o exemplo dos dois fragmentos abaixo. O primeiro, é um trecho da música Valsinha, de Chico Buarque de Holanda, e o segundo uma conversa informal.

Ex1.

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar

Ex2.

Putz... daí a pouco ele chegou e..... nossa! Tava meio estranho. Olhou pra ela dum jeitão meio estranho ... eh.....Daí, chegou junto e pegou ela pra dançar.

Como podemos ver, há uma série de diferenças entre fala e escrita, em relação à estrutura e à organização do texto. Nos dois exemplos percebemos que o texto escrito tem um vocabulário amplo, as frases são completas, não há marcadores de oralidade como “daí”, “putz”, “eh”, bem diferente do que ocorre no fragmento da conversa informal.

Para deixar mais clara as diferenças entre a modalidade oral e a escrita, apresentamos, a seguir, o resumo de algumas características da linguagem oral, extraído do texto de Graciema Pires Therezo, seguido de um quadro comparativo entre aquela linguagem e a linguagem escrita.

Algumas diferenças apresentadas por Graciema são:

� Na linguagem oral é recorrente o uso de onomatopeia, exclamações e entonações. Ex: Putz! Que “noia”!.

� Os anacolutos (rupturas de construção da frase, que se desviam da trajetória) também são comuns na fala. Ex: Essas empregadas, não tenho tido sorte com empregadas domésticas nos últimos anos.

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� A repetição de palavras é uma outra marca frequente da linguagem oral. Ex: A notícia que eu li no jornal de ontem é uma notícia muito séria e não é todo dia que se lê uma notícia como essa.

� A fala emprega formas descontraídas e gírias. Ex: Tô na pressão, mina... As provas na facu tão chegando.

� O uso de certas construções, consideradas difíceis, são pouco usadas na linguagem falada. Ex: Os funcionários, cujos cargos são indicados, têm melhores salários.

Língua oral Língua escrita

Repetição de palavras Vocabulário amplo e variado

Frases inacabadas e interrompidas Frases completas

Sequência de orações com ou sem conexão Orações coordenadas ou subordinadas

Frases feitas, clichês, provérbios, gírias Uso restrito de frases feitas, provérbios, gírias

Marcas da oralidade, como daí, né, tá etc. Ausência desses marcadores

Quadro 1.2 – Comparativo entre língua oral e escrita Fonte : Elaboração do autor.

As características do Quadro 1.2 são predominantes, mas não podem ser vistas como exclusivas do texto oral ou do texto escrito.

Você sabe que nossa produção oral não é sempre igual. Quando falamos, fazemos variações em função do contexto da conversação e de nossos interlocutores. Assim também a escrita não é uniforme. Podemos escrever de várias formas, considerando a finalidade do texto e o leitor a quem nos dirigimos, concorda?

Isso significa que há outro tipo de variação, que pode ser registrado tanto na fala quanto na escrita. Por isso, mais importante que observar as variações entre fala e escrita é observar e fazer uso das diferenças entre os níveis de linguagem.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

Veja o quão estranho nos soa a linguagem de Calvin no quadrinho abaixo:

Ainda que os personagens estejam usando uma linguagem correta, fica evidente que ela é inapropriada, pois ninguém usa essa formalidade quando conversa com os pais. Certo?

Assim sendo, fica claro que usar a linguagem correta também é saber usar o nível de linguagem ideal para cada contexto comunicativo. Perceba que em casa, no trabalho, no encontro com os amigos, expressamo-nos de diferentes formas, ou seja, não nos referimos ao nosso chefe da mesma maneira como nos dirigimos a um amigo, não é mesmo? Nesse sentido, temos de estar atentos à necessidade de usarmos adequadamente os níveis de linguagem, que são: coloquial ou familiar, popular, padrão e culta.

A modalidade coloquial ou familiar é usada entre amigos. Com um vocabulário suficiente para que a comunicação aconteça, essa modalidade é arcada pela descontração da oralidade. Nela podemos encontrar, também, o uso de algumas gírias ou, ainda, inadequações, ou “deslizes” gramaticais.

A modalidade popular é mais usada por aqueles que têm pouco conhecimento da língua portuguesa, ou seja, pessoas que pouco frequentaram a escola. Essa modalidade é marcada pelo uso de gírias, por graves erros gramaticais e por um vocabulário restrito.

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A modalidade padrão é aquela considerada correta. Encontramos facilmente essa linguagem nos jornais, escritos ou falados, É marcada pelo uso correto das normas gramaticais e por um vocabulário livre de gírias.

Alguns autores fazem uma distinção entre as modalidades padrão e culta. Dentre eles destacamos Graciema Pires Therezo, para quem a modalidade culta está acima da linguagem padrão (2008). Essa é a variedade linguística de maior prestígio social. É aquela usada nas situações formais, tanto na fala quanto na escrita. O uso de um vocabulário amplo é a marca dessa modalidade. “É utilizada nos textos didáticos de curso superior, nos comentários críticos de cientistas políticos e econômicos, nas teses e dissertações acadêmicas, em artigos científicos” (2008, p. 40).

A modalidade culta é a língua padrão. É a variedade linguística de maior prestígio social. É aquela usada nas situações formais tanto na fala quanto na escrita.

É facilmente observada em um discurso de formatura, na apresentação de um projeto, na defesa de uma monografia, ou ainda, na produção de textos acadêmicos, jurídicos, empresariais etc.

A modalidade coloquial é a linguagem que utilizamos no nosso cotidiano, para situações informais, tanto na fala quanto na escrita.

É a linguagem que usamos no nosso dia a dia, nas conversas com os amigos, com a família, ou ainda, na produção de alguns textos, como bilhetes ou mensagens eletrônicas.

Precisamos ficar atentos, porém, ao fato de que não há um limite rígido para a distinção dessas modalidades. A distinção entre os níveis de linguagem é determinada pela situação de interlocução, ou seja, usa-se uma ou outra modalidade, ou nível de linguagem, em função do nível de formalidade exigido pelo contexto. Assim, situações mais informais permitem o uso da modalidade coloquial e situações mais formais exigem o uso da modalidade culta. Veja os seguintes exemplos:

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

Situação hipotética: confraternização entre os funcionários da empresa X. Contexto 1

Se você ficar encarregado de publicar um convite a todos os funcionários, você se preocupará em ser objetivo e, principalmente, ser compreendido por todos, até mesmo pelos que não o conhecem. Além disso, como pessoas que ocupam cargos hierarquicamente superiores ao seu, também serão seus interlocutores, você tenderá à formalidade. Provavelmente, seu texto ficará parecido com o que sugerimos abaixo.

“No espírito de encerramento de mais um ano de trabalho, convidamos a todos os colaboradores desta empresa para um jantar comemorativo.

Local: Restaurante XXX

Data: 15/12/2006

Horário: 20 horas

É necessário confirmar presença até dia 10/12/2006, pelo e-mail [email protected].”

Contexto 2:

Agora você é um dos funcionários da empresa que recebeu o convite. Seu interesse é saber se as pessoas que trabalham mais próximas de você, ou seja, aquelas com as quais você tem mais intimidade comparecerão. Muito provavelmente, você mandará a elas um e-mail, de forma descontraída, próximo ao sugerido:

“E aí, pessoal. Tô a fim de ir no jantar do dia 15. Quem vai? Vamos combinar um esquema de carona? Tô esperando. Abração.”

Sabemos que a maioria das situações de fala tendem a ser mais informais que as situações de escrita, o que leva as pessoas a uma conclusão equivocada: é comum que as pessoas façam uma associação de conceitos e denominem uma modalidade como

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linguagem oral/coloquial e a outra como linguagem escrita/culta. No entanto, como você pode ver no exemplo acima, houve a ocorrência dos dois níveis – culto e coloquial – nos dois textos simulados, e ambos foram produzidos de forma escrita.

Além disso, lembre-se de que os conceitos anteriormente apresentados explicitam que tanto a modalidade culta quanto a coloquial aparecem em situações de fala e escrita.

É importante não confudir essa diferença entre modalidade culta e coloquial com a diferença entre fala e escrita.

Para finalizar esta seção, gostaríamos de reforçar que o objetivo de estudar as modalidades que lhe foram apresentadas é fazer com que você fique atento à necessidade de adequação de seu texto falado ou escrito à situação de uso. O ideal é que você se sinta apto a fazer uso da modalidade culta, quando isso se fizer necessário, e da modalidade coloquial, em situações permitidas. Lembre-se disso, no decorrer da disciplina, em todas as atividades de produção textual.

A seguir, você estudará as funções da linguagem como um dos recursos disponíveis para marcar a intencionalidade de um texto.

Seção 3 – Funções da linguagem

Como você já estudou na primeira seção, a linguagem é utilizada para que a comunicação se efetive. Para isso, em um processo de comunicação, alguns elementos são necessários, tais como:

� Emissor – aquele que emite, codifica a mensagem.

� Receptor – aquele que recebe, decodifica a mensagem.

� Mensagem – o conteúdo transmitido pelo emissor.

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Unidade 1

� Código – o conjunto de signos usado na transmissão e na recepção da mensagem.

� Referente – o contexto relacionado ao emissor e ao receptor.

� Canal – o meio pelo qual a mensagem circula.

No processo de comunicação, todos esses elementos estão envolvidos, mas, em razão da intencionalidade do texto, um ou outro elemento deve ser enfatizado, o que resulta nas funções da linguagem.

A seguir, apresentamos cada uma das funções, suas características e contextos de ocorrência, finalizando com um exemplo.

1. Função emotiva (ou expressiva)

É centralizada no emissor, revelando sua opinião ou emoção. Portanto, é notável no texto o uso da primeira pessoa do singular, das interjeições e exclamações. Predominante em textos literários, biografias, memórias, cartas pessoais.

O meu amor, o meu amor, Maria É como um fio telegráfico da estrada Aonde vêm pousar as andorinhas... De vez em quando chega uma e canta (Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá) Canta e vai-se embora Outra nem isso, Mal chega, vai-se embora. A última que passou Limitou-se a fazer cocô No meu pobre fio de vida! No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo: As andorinhas é que mudam.

(POeMINHA SeNTIMeNTAL, Mário Quintana)

2. Função referencial (ou Denotativa)

É centralizada no referente, quando o emissor procura oferecer informações da realidade. A linguagem do texto é objetiva, direta e prevalece o uso da terceira pessoa do singular.

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Predominante em textos acadêmicos, científicos e em alguns textos jornalísticos, como a notícia.

eDUCAÇÃO NÃO ReDUZ DeSIGUALDADe RACIAL

estudo do IBGe revela que quanto maior a escolaridade do trabalhador brasileiro, maior é a diferença no salário dos brancos em relação ao dos pretos e pardos. O levantamento teve por base a Pesquisa mensal de emprego do instituto, restrita às seis maiores regiões metropolitanas do país. (Folha de São Paulo, 18/11/2006, p. 01)

3. Função apelativa (ou conativa)

É centralizada no receptor. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso dos pronomes tu e você, ou o nome da pessoa a quem o emissor se refere. Visa a persuadir, a convencer o interlocutor.

Predominante em sermões, discursos e textos publicitários, já que esses se dirigem diretamente ao consumidor.

Celular de graça

Na sua mão

CLARO

A vida na sua mão

Você ainda ganha o dobro de minutos do seu plano por até 12 meses.

(Texto publicitário – NOKIA – publicado no Diário Catarinense em 19/11/2006)

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

4. Função fática

É centralizada no canal, tendo como objetivo prolongar ou não o contato com o receptor, ou testar a eficiência do canal. Predominante na conversação, como saudações, falas informais e falas telefônicas, quando fazemos uso da linguagem mais por exigência das relações sociais do que pela necessidade de transmissão da mensagem.

No elevador: - Bom dia! - Bom dia! - Que calor tem feito. - Pois é. - Até logo. -Tchau.

5. Função poética

É centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Valorizam-se as palavras e suas combinações, além da forma como é transmitida a mensagem. Predominante em textos com linguagem figurada, como poemas, letras de música, textos publicitários.

Quando os sapatos ringem - quem diria? São os teus pés que estão cantando! (QUINTANA, Mário. Verão. In: Mário Quintana de Bolso. Porto Alegre: L&M, 1997, p. 140.)

6. Função metalinguística

É centralizada no código. É quando a linguagem é usada para falar dela mesma. Ocorre quando um texto comenta outro texto, ou quando o poema fala do próprio poema, ou o cinema explica como se faz um filme.

Predominante em dicionários.

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As expressões são data venia, permissa venia, concessa venia. O senhor, para não usar de aspereza com o juiz, o senhor bota data venia, que quer dizer “com o devido respeito”, bota antes data venia e aí fala o que quiser para o juiz. Os sinônimos de data venia seriam permissa venia, concessa venia. eu jamais repito data venia no mesmo processo. Só data venia, data venia, fica enfadonho, né? (Fala de um advogado no exercício de sua função).

É importante você observar que os textos selecionados apresentam como função predominante aquela que pretendemos exemplificar, mas isso não exclui a possibilidade de um mesmo texto apresentar mais de uma função de linguagem, fato que ocorrerá na atividade proposta para esse assunto.

SínteseAo término desta unidade, você deve ter compreendido alguns conceitos básicos para o estudo da língua portuguesa, os quais retomaremos aqui:

Linguagem deve ser definida como a capacidade de comunicação do ser humano. Manifesta-se tanto por signos linguísticos, ou seja, por palavras, quando denominada de linguagem verbal, quanto por imagens, o que caracteriza a linguagem não verbal.

Língua é um código, conjunto de signos, estabelecido por uma determinada sociedade, em um determinado espaço geográfico.

As línguas não são uniformes. Elas variam, pois as pessoas falam de modo diferente em relação à pronúncia, ao vocabulário, ao uso de gírias e expressões e à estrutura gramatical. Vários fatores podem influenciar essa variação, mas apresentamos como os mais relevantes alguns fatores externos, tais como:

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

� Geográfico: variação decorrente do local onde o falante vive.

� Social: variação decorrente do grupo social ao qual o falante pertence, ou à profissão que exerce.

� Idade: variação decorrente da faixa etária do falante, uma vez que as expressões coloquiais e as gírias mudam rapidamente com o decorrer do tempo.

Além de a linguagem apresentar variações regionais, sociais e de faixa etária, há que se considerar, ainda, a variação de registro. Ou seja, o mesmo falante tem possibilidades de diferentes usos da língua. Por exemplo, em situações informais temos a opção de usar o nível coloquial; já em situações formais, o nível culto certamente é o mais adequado. Ou seja, usar a linguagem culta, a coloquial, a familiar ou a padrão depende das situações de comunicação em que estamos inseridos.

Seis elementos compõem o processo de comunicação: emissor, receptor, mensagem, código, contexto e canal. Quando produzimos nossos textos, enfatizamos um ou outro elemento, de modo intencional, o que resulta em seis diferentes funções da linguagem: emotiva, centrada no emissor; apelativa, centrada no receptor; poética, centrada na mensagem; metalinguística, centrada no código; referencial, centrada no contexto, e fática, centrada no canal.

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Atividades de autoavaliação

1) Leia com atenção a história abaixo e em seguida responda:.

Fonte: http://www.portalimpacto.com.br

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

a) A que variedade linguística o personagem Analista de Bagé nos remete?

b) Destaque do texto palavras ou expressões que evidenciem a variedade linguística apontada.

d) Destaque os marcadores linguísticos da linguagem oral apresentada no diálogo dos dois personagens;

2) Analise o quadro abaixo e indique se a linguagem está ou não adequada à situação. Justifique a sua resposta.

a)

Situação E-mail de uma adolescente a uma amiga

EnunciadoE aí, cara?Vamos no cinema à noite? Bj

Adequação

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b)

SituaçãoE-mail de uma adolescente a uma professora

Enunciado

Professora, Mando-lhe este e-mail para justificar minha ausência no dia da prova. Adoeci de repente, mas amanhã estarei de volta na escola e levarei o atestado médico Obrigada, Juliana da Silva

Adequação

c)

Situação Fala de um adolescente, ao telefone, direcionada a um amigo.

Enunciado Boa tarde. Como você está? Gostaria de saber se poderíamos ir ao cinema no sábado. É sabido que nos divertiremos muito.

Adequação

3) Leia atentamente o texto abaixo. Após a leitura, destaque do texto as características da linguagem falada, exemplificando com as passagens do texto cada característica destacada. Para concluir, reescreva o texto usando a linguagem escrita.

“essa coisa de que pobre é tudo marginal é uma....uma enrolação. Nun tá cum nada isso. Lembro que... acho que foi cuns 9 ou 10 anos, tinha uma grafinada lá no bairro que era pra lá de metida a besta. Putz! Tinha um carinha, mesmo, que.... credo! Se achava! Só na pinta. Roupa de marca, tênis da hora. Mas daí, sem mais nem menos, passou lá no portão de casa e o Duque, meu vira-lata, latiu pra ele. O cara, na maior estupidez, deu uma pedrada no bicho, bem no olho. Nossa! Meu pai, que ..... meu pai era ignorante, mas não ofendia ninguém. Daí meu pai pegou e foi lá na casa do cara. Chegou lá, aí a coisa ficou feia. Meu pai, bem mais educado saiu dizendo, “seu fulano, seu filho jogou pedra no meu cachorro,coitado. Agora o bicho ta lá, com o olho cego. Vê se dá educação pra esse guri, né?” Sabe que o coroa nem ligou pro que meu pai dizia. Minha nossa! Se fosse hoje.... Por isso é que eu acho, que num ta cum nada achar que quem tem dinheiro tem educação e é bom... Olha... Pra dize a verdade, sei lá, viu.... pra mim, quem maltrata um bicho não devia nem ser considerado gente. Devia ser um monstro.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 1

4) O texto que segue é um trecho de uma publicidade institucional financiada pela Unicef e pela Fundação Odebrecht. Leia-o e identifique pelo menos duas funções de linguagem.

Você acha normal

que uma criança carente

fracasse na escola?

Nós não.

Os altos índices de repetência escolar só não são mais perversos que o conformismo da nossa sociedade com esse absurdo. Um absurdo que está presente de modo significativo entre as classes sociais mais ricas e de modo esmagador entre as classes mais pobres.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Saiba mais

Para aprofundar os tópicos abordados sugerimos a leitura de:

FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristóvão. Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992. (Do capítulo primeiro ao sétimo)

BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz? 51ª ed. São Paulo: Loyola, 2009.

__________. A língua de Eulália: novela sociolinguística. 11 ed. São Paulo: Contexto, 2004

SANTANA, Ana Paula Menezes de. As diferentes linguagens na sociedade: o papel que as variantes lingüísticas sociais exercem no processo de formação da língua padrão, causando o “preconceito linguístico”. Disponível em:

http://www.partes.com.br/educacao/varianteslinguisticas.asp. Acesso 23/01/2011. 17h39 min.

THEREZO, Graciema Pires. Redação e leitura para universitários. 2. ed. São Paulo: Alínea, 2008.

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UNIDADe 2

Leitura

Objetivos de aprendizagem

Ao final da unidade você terá subsídios para:

� Diferenciar, a partir de características específicas, textos literários e não literários.

� Compreender que o processo de leitura como construção de sentido envolve conhecimento contextual.

� Perceber que o processo de leitura como construção de sentido envolve, também, o uso de estratégias como a extrapolação do nível explícito de informações.

� Reconhecer as possibilidades de processar inferências sobre as informações implícitas, tais como os pressupostos e os subentendidos.

Seções de estudo

Nesta unidade você vai estudar os seguintes assuntos:

Seção 1 O que significa ler?

Seção 2 Possíveis leituras

Seção 3 Nas entrelinhas

2

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de conversa

Nesta unidade, você é convidado à leitura, pois desenvolver essa competência é um dos objetivos da disciplina. É importante estar ciente de que para fazer um bom curso superior você deverá dedicar um tempo aos estudos extra-aula. Esses estudos pressupõem ter às mãos boas fontes de leitura e fazer bom uso delas. Portanto, é preciso ler. Sem o exercício da leitura, não será possível desenvolver competências necessárias ao aprendizado esperado nas diversas áreas, como capacidade de compreensão, síntese, argumentação e investigação científica.

Portanto, convidamos você a nos acompanhar no roteiro de leitura proposto nesta unidade, partindo da conceituação básica sobre o ato de ler, focalizando diferentes modos de leitura, até a compreensão de como podemos inferir a partir do que lemos.

É necessário que você, ao realizar o estudo de cada seção, busque ampliar sua prática de leitura, não só aproveitando as referências bibliográficas que lhe serão indicadas, como também pesquisando outras fontes nas bibliotecas.

Igualmente se faz necessário que você compreenda que o seu desempenho nas atividades de escrita (direcionadas nas unidades subseqüentes) dependerá de leituras prévias, ou seja, ler é condição essencial para quem se propõe a escrever.

Seção 1 – O que significa ler?

Vamos trabalhar um pouco com a leitura, uma atividade essencial para quem quer escrever bem. Para tanto, iniciaremos com os conceitos de leitura de uma forma bastante resumida, e exercitaremos a leitura e a interpretação de textos variados.

Definir o que significa LEITURA não é uma tarefa fácil, pois, a cada dia, novos conceitos são atribuídos a esse vocábulo.

Poderíamos considerar, para início de conversa, o conceito mais abrangente: ler é decodificar códigos. Mas será que apenas juntar as letras e decodificar as palavras basta para que se faça uma leitura? Obviamente que não. A leitura é uma atividade muito

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mais abrangente, pois o ato de ler é um processo que envolve habilidades que vão além da simples decodificação, como fica claro no fragmento abaixo

“A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possível proficiência. O uso desses procedimentos que possibilitam controlar o que vai sendo lido, permite tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar suposições feitas.” (PCN: terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental: língua portuguesa/Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1998, pp. 69-70)

Assim, mais do que decodificar códigos, o que fazemos durante uma leitura é construir significados a partir daquilo que lemos. Portanto, se adotamos essa perspectiva de leitura, não podemos mais considerá-la um simples ato de decodificação de um produto pronto, mas sim, um processo de significação e de construção do texto.

Nesse sentido, devemos levar em consideração que a leitura é um processo que se dá a partir da interação entre leitor e texto. Assim sendo, o leitor constrói o significado do texto a partir dos objetivos que guiam a leitura.

Pense um pouco: quais motivos levariam você à realização de uma leitura?

Talvez, sejam diversos os objetivos que o impulsionam a ler um texto, iniciando pelos mais prazerosos, como devanear, preencher um momento de lazer, passando pelos mais úteis, como procurar uma informação concreta, seguir uma pauta de instruções para realizar atividades (cozinhar, conhecer regras de um jogo), até os mais complexos, como confirmar ou

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refutar um conhecimento prévio, aplicar a informação obtida com a leitura de um determinado texto na realização de um trabalho.

Independente do objetivo que o conduza ao ato de ler, você deve atentar para o fato de que, na realização de qualquer atividade de leitura, como destaca Orlandi (1999), alguns fatores se impõem e, entre eles, destacamos:

� as especificidades e a história do sujeito leitor;

� os modos e os efeitos de leitura de cada época e segmento social.

Dessa forma, ainda que o conteúdo de um texto não mude, é possível que dois leitores com histórias de leitura e objetivos diferentes subtraiam dessa leitura informações distintas.

A partir do que vimos anteriormente, podemos agrupar a definição de leitura em duas grandes concepções:

• leitura como decodificação;

• leitura como construção de significado.

Considerando a segunda concepção – leitura como construção de significado – a mais adequada à competência que se pretende desenvolver nesta disciplina, iniciemos o nosso roteiro de leitura pela observação de dois textos aqui propostos.

Neste momento, você está convidado a fazer a leitura dos textos para, em seguida, prosseguir com o conteúdo da unidade. Então, vamos ler?

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TEXTO 1Ela tem alma de pomba

Que a televisão prejudica o movimento da pracinha Jerônimo Monteiro, em todos os Cachoeiros de Itapemirim, não há dúvida.

Sete horas da noite era hora de uma pessoa acabar de jantar, dar uma volta pela praça para depois pegar a sessão das 8 no cinema.

Agora todo mundo fica em casa vendo uma novela, depois outra novela.

O futebol também pode ser prejudicado. Quem vai ver um jogo do Cachoeiro F.C. com a estrela do Norte F.C., se pode ficar tomando cervejinha e assistindo a um bom Fla-Flu, ou a um Internacional X Cruzeiro, ou qualquer coisa assim?

Que a televisão prejudica a leitura de livros, também não há dúvida. Eu mesmo confesso que lia mais quando não tinha televisão.

Rádio, a gente pode ouvir baixinho, enquanto está lendo um livro. Televisão é incompatível com livro – e com tudo mais nesta vida, inclusive a boa conversa...

Também acho que a televisão paralisa a criança numa cadeira mais que o desejável. O menino fica ali parado, vendo e ouvindo, em vez de sair por aí, chutar uma bola, brincar de bandido, inventar uma besteira qualquer para fazer. Por exemplo: quebrar o braço.

Só não acredito que televisão seja “ máquina de fazer doido”.

Até acho que é o contrário, ou quase o contrário: é máquina de amansar doido, distrair doido, acalmar, fazer o doido dormir.

Quando você cita um inconveniente da televisão, uma boa observação que se pode fazer é que não existe nenhum aparelho de TV, em cores ou em preto e branco, sem um botão para desligar.

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Mas quando um pai de família o utiliza, isso pode produzir o ódio e rancor no peito das crianças, e até de outros adultos. Se o apartamento é pequeno, a família é grande, e a TV é só uma, então sua tendência é para ser um fator de rixas intermináveis.

- Agora, você se agarra nessa porcaria de futebol.

- Mas, francamente, você não tem vergonha de acompanhar essa besteira dessa novela?

- Não sou eu não, são as crianças!

- Crianças, para a cama.

Mas muito lhe será perdoado, à TV, pela sua ajuda aos doentes, aos velhos, aos solitários. Na grande cidade – num apartamentinho de quarto e sala, num casebre de subúrbio, numa orgulhosa mansão a criatura solitária tem nela a grande distração, o grande consolo, a grande companhia. Ela instala dentro de sua toca humilde o tumulto e o frêmito de mil vidas, a emoção, o suspense, a fascinação dos dramas do mundo.

A corujinha da madrugada não é apenas a companheira de gente importante, é a grande amiga da pessoa desimportante e só, da mulher velha, do homem doente ... ou dos que estão parados, paralisados, no estupor de alguma desgraça ... ou que no meio da noite sofrem o assalto de dúvidas e melancolias ... mãe que espera filho, mulher que espera marido... homem arrasado que espera que a noite passe, que a noite passe...

(Rubem Braga)

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Você acaba de ler uma crônica de Rubem Braga e deve estar pensando: como posso interpretar este texto?

Vamos esclarecer isso. Acompanhe o seguinte roteiro:

1. Você pode já ter lido outras crônicas do mesmo autor, o que permitirá que você faça comparações deste texto com outros, em relação à linguagem e ao estilo próprio de Rubem Braga. Caso isso não tenha ocorrido, é uma boa oportunidade para você pesquisar sobre o autor. Vá à biblioteca, pesquise na internet e faça outras leituras.

2. Um dos primeiros aspectos que chama atenção na leitura de um texto é a linguagem utilizada: perceba que estamos diante de um texto de fácil leitura, uma leitura a ser feita no nosso cotidiano, com uma linguagem próxima ao nível coloquial. Esses traços caracterizam a crônica que, segundo Antônio Cândido, “não é um gênero maior, [...] é um gênero menor. ‘Graças a Deus’, porque assim, ela fica perto de nós. [...] Por meio dos assuntos, da composição aparentemente solta, do ar de coisa sem necessidade que costuma assumir, a crônica se ajusta à sensibilidade de todo o dia”.

3. Após essas observações mais gerais sobre o autor e o tipo de texto por ele produzido, passemos a definir o tema abordado e o ponto de vista assumido pelo autor em relação a isso. Veja que o autor fala da “televisão”, um tema conhecido por todos e já amplamente debatido em nossa sociedade. Em um primeiro momento, ele nos apresenta as desvantagens da TV. E isso é feito, em sequência, do primeiro ao sétimo parágrafo do texto. Ao contrário, no oitavo e nono parágrafos, há a compensação, quando o autor admite um aspecto positivo da TV. O mesmo ocorre nos dois últimos parágrafos do texto. Em meio a essa oposição entre vantagens e desvantagens da TV, o autor lança uma outra questão. Aponta para a possibilidade que todos nós temos de desligar o aparelho, caso a programação nos incomode. E é nesse momento que ele retrata os conflitos familiares que essa atitude pode causar, por meio de um diálogo presente na maioria das famílias brasileiras. Então, podemos concluir que o autor não se posiciona de forma a defender exclusivamente um ponto de vista, mas nos apresenta o problema, de forma a nos fazer ponderar sobre os dois lados da questão. Essa é mais uma característica da crônica, que não

Sugestão: Leia Crônicas 5 – Para Gostar de Ler. Editora Ática. Você encontrará outras crônicas de Rubem Braga e de mais três autores brasileiros: Carlos Drummond de Andrade, Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos.

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tem como objetivo a defesa de uma única ideia para persuadir o leitor. Ao contrário, lança-se o problema para a reflexão.

4. Dada a temática e o posicionamento do autor, passemos a enumerar os argumentos e a forma como foram apresentados. Identificamos no texto parágrafos em que são apresentadas vantagens e desvantagens em relação à TV, então, facilmente poderemos listar quais seriam esses aspectos:

� Negativos: prejudica outras atividades como passeios pela praça, ida ao cinema, ida ao campo de futebol, leitura e conversa. No caso das crianças, concorre com outras brincadeiras que possibilitam mais criatividade e com as atividades físicas.

� Positivos: auxilia no combate à solidão, permite às pessoas o relaxamento e o desvio das preocupações.

Sim, resumidamente, são esses os argumentos apresentados pelo autor. Você deve compreendê-los, não necessariamente aceitá-los. Por fim, o interessante é perceber como esses argumentos foram formulados: pela linguagem simples e pelos exemplos do cotidiano, inclusive com locais e situações bem específicas (Cachoeiros de Itapemirim). Ora, a leitura equivocada seria aquela que julgasse que o tema do texto é a cidade citada. O uso de exemplos específicos, no início do texto, não significa que o problema debatido seja local. O exemplo é apenas uma forma de representação de algo maior. Cabe a você, leitor ou leitora, fazer as comparações e as adequações necessárias.

Veja agora o segundo texto, que aborda um tema nada novo, mas ainda muito pertinente nos dias atuais.

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TEXTO 2A ética dos pequenos atos

O que a história real de um político que fura a fila nos ensina sobre liderança.

É incrível como aprendemos sobre as pessoas usando a técnica denominada “observação passiva”. Trata-se, simplesmente, de prestar atenção ao comportamento humano, especialmente nas pequenas coisas, sem interferir. Tive recentemente uma experiência com a qual pude aprender sobre coerência de conduta. Eu estava na sala de embarque do aeroporto. Também estava ali um conhecido e controvertido político, desses que passam a maior parte do tempo dando explicações sobre suspeitas de corrupção.

Quando o funcionário anunciou o embarque, recomendou que se apresentassem primeiro os passageiros das filas 15 a 28. Os demais deveriam esperar. É uma técnica para agilizar a operação. Como eu estava na fileira 12, esperei. O político, porém, foi o primeiro a se postar no portão de embarque. Certamente estava no fundo do avião, pensei. Entretanto, quando entro no avião, ele está sentado em uma das primeiras poltronas.

Durante o voo refleti sobre o episódio. Por que o fato me incomodava? Ele não havia atrapalhado a viagem, nem comprometera a segurança. Sim, mas, por menor que seja, o descumprimento de uma norma de conduta – ponderei – constitui uma contravenção. Pequena, inocente e até insignificante, mas, mesmo assim, uma contravenção. Do episódio sobraram uma constatação e um aprendizado. A constatação: certamente, para ele, o negócio é levar vantagem, mesmo descumprindo as normas, do avião ou da República. O aprendizado: a ética nas grandes coisas começa nas pequenas. As pessoas agem no atacado como no varejo. Creia, você é observado nas pequenas coisas – positivas e negativas –, principalmente se for o líder de um grupo. Sempre alguém notará as sutilezas de seu comportamento cotidiano e pensará: “Ele é assim”.

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Pausa para exercitar a teoria

1. Como já informado, este texto foi publicado na revista Você S/A. Essa revista é voltada a leitores com interesse no mercado profissional, por isso seu foco está em reportagens sobre o desempenho das empresas, as possibilidades de atualização e aperfeiçoamento dos profissionais, a busca do equilíbrio entre carreira e vida pessoal, dicas econômicas etc. Nesse contexto, é pertinente que haja um espaço destinado à publicação de textos opinativos sobre temas relevantes a esse mundo profissional, como a seção Papo de líder, onde encontramos os textos do professor Eugênio Mussak, consultor na

Para terminar a história do político, o motorista que me apanhou no aeroporto era seu eleitor e fã, a ponto de emocionar-se ao vê-lo. E comentou: “Ele é um bom político – rouba, mas faz”. O que me levou a perguntar-lhe: “O senhor não acha que ele poderia fazer sem roubar?”. “Mas ele é um político...São todos assim”, ponderou. Esse conceito conformista explica muita coisa. Segundo ele, quem detém o poder, e pode ajudar os outros, fica livre de freios morais, aplicáveis aos que dependem de sua compaixão.

Não se trata disso, e sim de obrigação. Ele foi eleito para cuidar dos interesses da sociedade, e não dos seus próprios. Sobre isso, diria Platão: “Ética sem competência não se instala. Competência sem ética não se sustenta”. A não ser, é claro, que levar vantagem em tudo seja um traço cultural, o que significaria apunhalar a meritocracia. E isso não convém a ninguém que considere a ética um valor, especialmente se for um líder.

(Eugênio Mussak. Publicado na revista Você S/A, de novembro de 2006, p. 114)

Agora, façamos um exercício de leitura, pautando-nos em um roteiro equivalente ao do texto 1.

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área de Liderança, Desenvolvimento humano e profissional.

2. A compreensão do texto apresentado requer que você identifique, em um primeiro momento, o tema a ser debatido e a forma como o autor o aborda. Definimos o assunto de um texto quando respondemos, de forma bem ampla e genérica, do que o texto trata. Nesse caso, o assunto em pauta é “ética”. Já o tema, que é uma delimitação do assunto, só é definido quando conseguimos especificar qual é o recorte que o autor faz no texto, isto é, dentre as várias possibilidades de abordar o assunto geral, qual é a escolhida pelo autor. Nesse caso, o texto não fala de ética, de forma geral, ao contrário, fala especificamente da atitude ética esperada em pequenas coisas. Para isso, é interessante notar os dois primeiros parágrafos: antes do debate em si, o autor traz para o texto um trecho narrativo, em que nos relata um fato ocorrido. A partir desse relato, que envolve elementos como lugar e personagens, somos levados ao ponto central do texto: “o descumprimento a uma norma de conduta”, atitude essa condenada pelo autor do texto.

3. Tendo clareza sobre o tema e o posicionamento do autor, passemos a entender qual é a argumentação que sustenta a sua tese. A pergunta que devemos fazer é: Por que a atitude do político é condenada? Por que o autor é contra a atitude do político que, segundo ele, nem chega a causar problemas e é insignificante? A resposta que encontramos no terceiro parágrafo é: “A ética nas grandes coisas começa nas pequenas”. Sim, esse é o ponto central do texto. Essa é a mensagem a ser transmitida. Enfim, essa é a tese defendida pelo autor, que acrescenta ao texto um elemento mais sofisticado, uma figura de linguagem chamada comparação, quando segue com “as pessoas agem no atacado como agem no varejo”. Assim, todo o restante do texto segue nessa linha argumentativa, chamando a atenção para o fato de que sempre seremos

Caso você tenha mais interesse nessa área, acesse www.vocesa.com.br e leia a coluna publicada mensalmente.

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observados e julgados pelos nossos pequenos atos. Dando sequência, ainda encontramos, no penúltimo parágrafo, uma crítica à própria postura do brasileiro que, de um modo geral, aceita a atitude condenada pelo autor, quando essa parte de um político. Finalizando a leitura, podemos perceber que, no último parágrafo, o autor reitera seu posicionamento, defendendo a ética como um valor a ser considerado e, como sustentação a sua argumentação, faz referência a Platão, por meio de um recurso denominado de citação.

Para finalizar essa seção, você viu que não há uma receita para aprender a ler. Não há roteiro pré-estabelecido que dê conta de nortear a leitura de todos os textos. O que propusemos nesta seção foi mostrar a você alguns pontos que nunca podem ser desconsiderados nessa atividade:

� Busque se informar sobre o contexto: conhecer o autor e prestar atenção na época e no local de publicação do texto já fornece pistas de como a leitura deve ser conduzida. Diante da constatação de “quem escreveu” e “quem é o leitor alvo”, você já consegue elaborar algumas expectativas sobre a forma de abordagem do tema.

� Leia quantas vezes for necessário para identificar o tema, a tese defendida, se for o caso, e os argumentos que sustentam essa tese. Escreva isso em tópicos e observe como esses tópicos estão divididos nos parágrafos.

� Volte ao texto e confira se você sabe o significado de todos os termos utilizados. Use o dicionário.

Bem, como você pode ver, a compreensão de um texto exige trabalho, concentração e dedicação. Para isso, um bom recurso é usar uma estratégia de leitura. Leda Tessari Castello-Pereira, no livro Leitura de estudo: ler para aprender a estudar e estudar para aprender a ler, destaca algumas estratégias que são excelentes recursos para que uma boa leitura seja feita. Dentre algumas dessas estratégias destacamos:

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1. Roteiro: essa estratégia sugere que o leitor siga os seguintes passos:

� destacar a tese defendida;

� selecionar os argumentos em favor da tese;

� destacar os contra-argumentos levantados em teses contrárias;

� apresentar a coerência entre tese e argumento.

2. Comentários de margem

� Podem ser resultantes de uma ideia que o texto suscitou, da lembrança de outros textos.

� Servem para registrar o assunto principal daquele parágrafo.

� Devem ser bastante objetivos e sintéticos.

� Funcionam como disparador da memória

3. Esquema

� É uma forma de reorganizar um texto em tópicos sequenciais.

� Ajuda na seleção e na organização das informações mais importantes.

� Deve apresentar apenas o “esqueleto”, ou seja, “as palavras-chave” do texto.

4. Roteiro de Leitura

� Conjunto de instruções, apresentadas na forma de tópicos, para orientar a leitura.

� Formulação de perguntas que possam guiar a leitura.

� Um bom exemplo de roteiro pode ser feito a partir dos seguintes itens; encontrar o assunto, problema, tese e argumentos; ou encontrar definições, exemplos; ou apresentar a linha argumentativa utilizada pelo autor.

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5. Sublinhar

� É destacar as ideias principais.

� Sua finalidade é destacar elementos que servirão de orientação para consulta futura; por isso, tem de ser objetivo e se restringir a palavras ou frases.

� É uma estratégia que monitora a compreensão e permite que se faça um mapeamento do texto.

� Auxilia na concentração na hora da leitura, pois com um objetivo, uma tarefa a realizar, uma ação concreta, se tem mais facilidade de fixar a atenção na leitura e na compreensão das ideias.

� Possibilita voltar ao texto lido, num outro momento.

� Permite fazer uma retomada do texto

Até aqui, nossa intenção foi motivar você a ler e mostrar que a leitura é um ato complexo, que exige mais que a simples decodificação das palavras. Como aluno do ensino superior, você não deve discordar que as leituras que você faz a partir de agora exigem um comprometimento maior. Assim sendo, qualquer atividade de leitura, para você, deve envolver disciplina intelectual, comprometimento e postura crítica, pois o objetivo dessa leitura, certamente, será a apropriação da “significação profunda de um texto”. (CATELLO-PEREIRA, 2003, p. 55)

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Seção 2 – Possíveis leituras

Vamos dar continuidade ao nosso roteiro de leitura, partindo da observação dos dois textos. Analise-os a seguir.

TEXTO 1Touro (21/04 a 20/05)

Quando um Taurino está apaixonado, a influência do planeta de Vênus governa o seu dia. Eles precisam estar completamente certos de seus parceiros, antes de se comprometerem. A qualidade negativa dos Taurinos é a possessividade. São apaixonados, generosos e gostam de presentear seus parceiros com presentes caros, tendo um bom valor como investimento. Felicidade e paixão é uma combinação perfeita para ambos, você e seu parceiro.

TEXTO 2Touro (21/4 a 20/5)

O que é que brilha sem

Ser ouro? – A mulher de Touro!

É a companheira perfeita

Quando levanta ou quando deita.

Mas é mulher exclusivista

Se não tem tudo, faz a pista.

Depois, que dona de casa...

E a noite ainda manda brasa.

(Vinícius de Moraes)

Os dois textos acima falam sobre o mesmo assunto, o signo de Touro. Mas há muitas diferenças nos dois textos que podem ser facilmente apontadas. Vamos apresentar pelo menos três delas:

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A primeira é em relação à forma: o primeiro texto é escrito em prosa, como se escreve a maioria dos textos (cartas, e-mails, notícias, resumos, romances etc). Já o segundo, apresenta uma forma diferente, pois é escrito em versos.

No texto 1 as informações são precisas e tem o objetivo de informar. No entanto, no segundo, a intenção do autor é despertar emoção. É “brincar” com o tema e as palavras.

Outra diferença bastante fácil de ser percebida é a linguagem usada nos dois textos. No primeiro encontramos uma linguagem objetiva, ou seja, as palavras dizem o que querem dizer. Dessa forma, temos o que é chamado de LINGUAGEM DENOTATIVA. No segundo texto, por sua vez, algumas palavras têm significados diferentes daqueles que encontramos no dicionário. Um exemplo é a palavra BRASA. Aqui, sabemos que quando o autor faz referência ao fato de a noite a mulher mandar brasa, não quer dizer que ela manda literalmente o “carvão incandescente, mas sem chamas”, como o dicionário define o termo. Aqui, a palavra brasa está sendo usada no seu sentido figurado. Essa linguagem é definida como LINGUAGEM CONOTATIVA.

A partir dessas diferenças, podemos traçar algumas características do texto literário. Primeiramente, é preciso considerar que para conhecer o texto literário devemos partir do princípio de que ele não tem compromisso com a realidade, com a verdade, com a informação. Literatura é a arte da ficção. São textos escritos para emocionar, mas também para instruir e deleitar. Nesse sentido, a literatura em uma importante função na formação do ser humano, pois, como já nos diz Umberto Eco, “Ela representa visões de mundo e, como tal, objetiva despertar sensações no leitor, para que ele sofra, se alegre, reflita, sonhe, conteste, argumente”. (2003, p.12)

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Para tanto, o uso da linguagem conotativa é fundamental, pois esse recurso permite que o texto literário seja dotado de multissignificação. Ou seja, não há apenas um sentido, uma interpretação possível para o texto literário.

Concluindo, podemos dizer que o texto literário:

� é ambíguo, plurissignificativo e, portanto, aberto a várias interpretações;

� tem uma intenção estética, procurando provocar a surpresa e o prazer. Para tal, recorre a processos estilísticos que reflitem um modo original, diferente de ver e de falar do mundo;

� apresenta o compromisso com a verdade da mensagem, em um plano secundário;

� apresenta como recursos predominantes a função poética da linguagem e a linguagem conotativa;

É preciso tomar cuidado, porém, com a multissignificação que a linguagem conotativa nos possibilita, pois, como afirma Umberto eco: “Há uma perigosa heresia crítica, típica de nossos dias, para a qual de uma obra literária pode-se fazer o que se queira, nela lendo aquilo que nossos mais incontroláveis impulsos nos sugeriram”. (eCO, 2003, p. 12)

Platão e Fiorin também nos alertam para os perigos da interpretação equivocada da linguagem literária. No livro Para entender o texto: leitura e redação, os autores afirmam que: “Sem dúvida, há várias possibilidades de interpretar um texto, mas há limites.” (2007, p. 102) e os autores alertam, “O leitor cauteloso deve abandonar as interpretações que não encontrem apoio em elementos do texto”. (2007, p. 104)

O texto não literário, por sua vez, procura transmitir com objetividade uma mensagem. São textos que lemos nos jornais, nas revistas, nos artigos científicos etc. Assim sendo, o texto não literário:

� evita a ambiguidade, procurando a objetividade;

� tem uma intenção utilitária;

� estabelece como relevante a verdade da informação;

� tem como recurso predominante a função informativa e a linguagem denotativa;

� é quase exclusivamente em prosa.

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• A linguagem conotativa, predominante no texto literário, constitui-se da apresentação das palavras e das expressões em seu sentido não literal e não estável. É a linguagem figurada, rica em recursos que indicam o valor da subjetividade no sentido do texto.

• A linguagem denotativa, predominante no texto não literário, faz uso das palavras e das expressões em seu sentido mais literal e estável. É a linguagem que visa à construção do sentido pelo viés da objetividade..

Veja se você compreendeu e perceba, no exemplo a seguir, o que caracteriza o primeiro texto como não literário e o segundo como literário. Vamos praticar?

O Rio de Janeiro é uma cidade de fama mundial, consolidada como destino turístico para os diferentes fluxos turísticos que se dirigem ao cone sul.

Cartão postal do país, a cidade destaca-se por sua exuberante beleza natural, formada pela perfeita harmonia entre o mar e a montanha. Junte-se a esta topografia monumentos históricos, variada oferta de meios de hospedagem, bares, restaurantes, o sol, a praia, o verde das encostas e chega-se à receita do que faz com que o carioca seja um povo alegre e hospitaleiro. Nele se identifica o estilo de viver, produzir, comportar-se, estar atento a todos os acontecimentos, lançar moda e expressões. [...] (http://www.rio.rj.gov.br/comudes/turismo.htm)

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Retrato de uma cidade

Tem nome de rio esta cidade onde brincam os rios de esconder.

Cidade feita de montanha em casamento indissolúvel

com o mar.

Aqui amanhece como em qualquer parte do mundo

mas vibra o sentimento de que as coisas se amaram durante a noite.

As coisas se amaram. e despertam mais jovens, com apetite de viver

os jogos de luz na espuma, o topázio do sol na folhagem,

a irisação da hora na areia desdobrada até o limite do olhar.

Formas adolescentes ou maduras recortam-se em escultura de água borrifada.

Um riso claro, que vem de antes da Grécia (vem do instinto)

coroa a sarabanda a beira-mar. Repara, repara neste corpo

que é flor no ato de florir entre barraca e prancha de surf,

luxuosamente flor, gratuitamente flor ofertada à vista de quem passa

no ato de ver e não colher.

(Carlos Drummond de Andrade. In: http://www.memoriaviva.com.br/ drummond/poema061.htm)

Você notou que, apesar desses textos abordarem a mesma temática, eles também possuem diferenças?

Pois bem, o primeiro texto (não literário) fala da cidade do Rio de Janeiro de modo claro, pois sua linguagem é objetiva e possui um único sentido: o denotativo. Já no segundo texto (literário), a linguagem de Drummond é poética, portanto, provoca uma interpretação por meio de associações, isto é, trabalha com o sentido não literal: o conotativo.

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Seção 3 – Nas entrelinhas

Dando continuidade ao nosso roteiro de leitura, propomos, que você estude os níveis de informação textual. Quando lemos um texto, podemos perceber que algumas informações estão explícitas, ou seja, aparecem claramente expressas, enquanto outras não. Observe o seguinte exemplo.

Figura 2.1 - Charge Fonte: Folha de São Paulo, 18/11/2006, A26.

Nesta charge, o que há de informação explícita é exatamente aquilo que expressa a fala do personagem: alguém foi selecionado no teste de beleza. Isso nos leva a deduzir, do primeiro quadrinho, que a selecionada é uma das candidatas presentes na sala de espera. Claro que essa primeira interpretação se faz pela associação da linguagem verbal com a não verbal.

No entanto, no segundo quadro, a leitura que podemos fazer da linguagem não verbal é que o abajur foi selecionado. Porém, se a nossa leitura se encerra neste ponto, deixamos de atribuir sentido ao texto, uma vez que causa muita estranheza um objeto ser selecionado em um teste realizado por pessoas.

Então, ao observarmos a charge mais atentamente, chegamos à interpretação desejada: entendemos que o padrão de beleza é tão exigente e até absurdo em relação à magreza das pessoas, que, no

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ambiente retratado na charge, somente o abajur, sendo um objeto de menor espessura, enquadra-se no perfil de modelo.

É relevante você saber que só compreendemos isso porque acionamos o conhecimento que temos do contexto. Sendo a charge um dos modelos de humor de maior conotação sociopolítica, seu propósito é ironizar questões atuais da sociedade, exigindo do leitor conhecimento de mundo, isto é, dos fatores extralinguísticos aos quais elas se referem, para que ocorra de fato a compreensão no momento de leitura.

Isso significa que, para a compreensão de enunciados, segundo Ilari e Geraldi (1987), é necessário que o interlocutor faça inferências, isto é, leia as informações que se apresentam no texto de forma implícita.

Assim sendo, podemos afirmar que todo texto tem conteúdo explícito e implícito. Ou seja, o que há de informações explícitas é exatamente o que está dito no texto. São informações que aparecem claramente expressas. As informações implícitas, por sua vez, são aqueles que o leitor pode inferir da leitura do texto.

Logo, o que você vai aprender nesta seção são os tipos de inferência, que se classificam como pressupostos e subentendidos.

Por exemplo, quando dizemos “o professor parou de fumar”, inferimos que o professor fumava. Esse tipo de inferência classificamos como pressuposição.

Mas ainda podemos inferir que o professor tomou consciência de que fumar é prejudicial à saúde. Esse tipo de inferência pode ser classificada como “subentendido”.

Perceba que chegamos ao pressuposto fumava porque a locução parou de é uma “pista” de que anteriormente a ação era feita. Ao contrário, chegar ao subentendido requer conhecimento de mundo, tanto que, em nosso exemplo, estamos imaginando um leitor que saiba sobre a ligação entre cigarro e saúde. Isso pode variar de leitor para leitor, logo, cabe a você fazer a inferência de acordo com o contexto: ele poderia ter parado de fumar por uma razão financeira, ou porque sua mulher exigira etc.

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Resumindo

Há dois níveis de informação: explícito e implícito.

A informação explícita é a que está literalmente expressa no texto.

A informação implícita é a que aparece velada no texto, ou seja, de forma não direta. Chega-se à leitura do nível implícito por inferências, que se classificam em pressupostos e subentendidos.

Vamos saber um pouco mais sobre o pressuposto (explícito) e o subentendido (implícito).

Podemos começar acrescentando que:

Pressuposto:

Ideia expressa de maneira implícita, mas pode ser compreendida logicamente a partir do significado de certas palavras ou expressões contidas no texto. É o dado que não se põe em discussão.

Veja os exemplos:

1. Os resultados da pesquisa eleitoral ainda não chegaram até nós

Pressuposto: Os resultados já deveriam ter chegado.

2. O caso de tráfico de influência no governo tornou-se público.

Pressuposto: O caso não era público antes.

Como você viu, os pressupostos foram ativados por marcadores que podemos denominar de indicadores linguísticos. Dentre alguns desses marcadores podemos citar:

1. Certos advérbios: ainda, nunca, ontem, agora, depois, possivelmente etc.

2. Certos verbos: tornar, andar, passar, continuar etc.

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3. Orações subordinadas adjetivas: restritivas ou explicativas.

Veja, agora, outros exemplos em que os marcadores linguísticos ativam o pressuposto.

a) Ele passou a trabalhar. Pressuposto: ele não trabalhava antes.

b) Ele continua bebendo. Pressuposto: ele já bebia.

c) Lamento que ele tenha sido demitido. Pressuposto: ele foi demitido.

d) Antes de meu irmão se casar, ele viajou para a Europa. Pressuposto: meu irmão se casou.

Nesses enunciados, estamos chamando atenção para a expressão que ativa a pressuposição, mas podemos, ainda, retomar a leitura e fazer outras inferências, ativadas pelo nosso conhecimento de mundo, inclusas na categoria do subentendido, concorda? Veja exemplos:

a) Ele passou a trabalhar. (Pressuposto: ele não trabalhava antes)

Subentendido: ele pagará suas contas, sem precisar dar satisfações a ninguém.

b) Ele continua bebendo. (Pressuposto: ele já bebia.)

Subentendido: ele terá problemas de saúde.

c) Lamento que ele tenha sido demitido. (Pressuposto: ele foi demitido.)

Subentendido: a demissão foi injusta.

d) Antes de meu irmão se casar, ele viajou para a Europa. (Pressuposto: meu irmão se casou.)

Subentendido: ele quis curtir a vida de solteiro.

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A partir dos exemplos acima, tornam-se mais claras as definições para o subentendido. Nesse sentido, podemos afirmar que os subentendidos:

� são insinuações escondidas por trás de uma afirmação;

� são da responsabilidade do ouvinte, pois são resultado da inferência dele;

� podem variar de acordo com o contexto.

Lembre-se de que os subentendidos apresentados são possíveis leituras, que podem variar de acordo com o contexto, portanto, não podemos tomar tais interpretações como “verdadeiras”, diferentemente da pressuposição, que não pode ser negada por nenhum leitor.

Observe como fazemos esses tipos de inferência em nosso cotidiano:

1) Em um texto publicitário publicado na revista Época (31/06/2006, p. 64), encontra-se o seguinte enunciado:

PROTEÇÃO PARA A GENTE NÃO É SÓ SE PREOCUPAR COM AIR BAG .

E SIM COM O AIR DE MANEIRA GERAL.

A informação explícita é que a GM possui duas preocupações: a segurança das pessoas e a preservação do meio ambiente. No entanto, no nível implícito, há um pressuposto de que as outras marcas teriam como único diferencial o AIR BAG. Ativamos esse pressuposto, através da expressão ‘PARA A GENTE NÃO É SÓ AIR BAG’, o que nos faz inferir que para os demais concorrentes, apenas o AIR BAG é importante. Além do pressuposto, podemos acrescentar outras inferências, tais como os seguintes subentendidos:

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a) A GM preocupa-se muito com a vida de seus clientes.

b) A GM quer conquistar um público preocupado com o meio ambiente.

c) A GM quer montar carros com mais detalhes do que seus concorrentes etc.

2) Em um texto informativo publicado na Folha Online (14/11/2006), encontra-se a seguinte chamada:

PASSAGEIROS ENFRENTAM ATRASOS EM VOOS NO QUARTO DIA DA NOVA CRISE AÉREA

A informação explícita é que há atrasos nos voos. Porém, implicitamente, há um pressuposto de que já houvera crises antes. Perceba, então, que esse recurso da pressuposição tem a função de relembrar o leitor das notícias anteriormente publicadas. Ainda, caso o leitor desconheça essa informação, ele poderá recuperá-la ao acionar esse tipo de inferência. Além disso, o leitor que tem acompanhado as notícias sobre a crise em questão extrapolará a interpretação, visto que estará munido de informações contextuais para inferir com subentendidos, por exemplo:

a) O governo ainda não autorizou a contratação de novos controladores de voos.

b) O consumidor continua sendo a vítima.

c) As empresas aéreas não ligam para o consumidor etc.

Desse modo, a partir dos conceitos expostos e dos exemplos comentados, destacamos a leitura como um processo de construção de sentido, e assumimos também que esse processo depende que se alcance o nível implícito dos textos no ato da leitura.

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Atividades de autoavaliação

1) Leia o texto a seguir e responda às questões subsequentes, percebendo que a interpretação de um texto requer conhecimentos prévios adquiridos em leituras anteriores.

Que tal desligar a TV?

Brasília – Na minha infância, tínhamos apenas uma televisão em casa. Quando estragava, o jeito era esperar pelo conserto.Mas não fazia muita falta. Moleque, gostava mesmo era das brincadeiras de rua. Também a programação não ajudava muito.

Hoje, com a violência nas ruas, trânsito infernal, drogas, as crianças acabam ficando mais dentro de casa. Com isso, a TV ganhou um papel importante no nosso cotidiano. Ainda bem que agora temos programas educativos e infantis de qualidade.

Mas às vezes dá vontade de desligar o aparelho de TV. Foi a sensação que tive ao assistir a um comercial de uma montadora de automóveis dirigido ao público jovem.

Um adolescente chega em casa irritado, num estilo rebelde, jogando os tênis no meio do quarto. Amuado e desolado, senta na cama, pensativo. Lembra-se de seus amigos na escola. A maioria com seus belos carros. ele não.

Só fica satisfeito quando descobre, sobre a cama, uma caixinha. Dentro, as chaves de um carro novinho em folha. Maravilha de exemplo esse dado comercial.

Fico pensando nos adolescentes que não têm carro. Todos devem começar a se sentir no direito de se transformar no mesmo rebelde do comercial. Quem sabe eles não acabam conseguindo faturar um carro zerinho?

Não fossem os bons programas educativos e infantis, além de um bom futebolzinho, dá até vontade de seguir o conselho de um velho amigo. O melhor é não ter televisão dentro de casa. Sobra mais tempo para ler e conversar.

(Folha de S. Paulo, 3/06/1999)

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a) Apresente, de acordo com seu ponto de vista, vantagens e desvantagens da TV, não informadas pelo autor (mínimo duas).

b) Você considera a TV um auxílio ou um obstáculo à cultura?

c) Quem sustenta economicamente a TV?

2) Observe a tira a seguir:

A leitura atenta da tira permite identificar uma opinião implícita (subentendido) de seu autor sobre os jovens.

a) Que opinião é essa?

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b) ela é positiva ou negativa? Por quê?

c) Observe a publicidade abaixo e, em seguida, apresente o pressuposto e o subentendido:

Renault Clio agora com 3 anos de garantia na linha 2011

Renault Clio agora com 3 anos de garantia na linha 2011

Pressuposto: _____________________________________________

Subentendido: ____________________________________________

3) Leia o texto abaixo e destaque os pontos principais usando a estratégia do roteiro.

Trânsito e cidadania

(Rosely Sayão)

O comportamento no trânsito, de motoristas e de pedestres, anda deplorável. A todo momento, cenas lamentáveis ocorrem: motoristas insultam e ameaçam outros motoristas ou pedestres e usam o carro como se fosse uma arma. Parece uma guerra. e o problema não é só nosso: recentemente, a França realizou o “dia da cortesia no trânsito”, em que manter o sangue frio em todas as circunstâncias, sobretudo nos engarrafamentos, e respeitar pedestres, crianças e ciclistas

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foram orientações dos “dez mandamentos da cortesia ao volante”, divulgados nesse dia.

Um dos motivos desse caos é que as pessoas não entendem que o espaço que usam com seus veículos é público. Ao entrar em um carro, propriedade privada, a fronteira entre o público e o privado, que já anda tênue, parece se dissipar. Ao dirigir ou andar nas ruas, as pessoas agem como se cada uma estivesse unicamente por si: ignoram os outros ou se sentem atrapalhadas por eles. As regras e os sinais de trânsito, que existem para ordenar esse espaço público, são desrespeitados repetidamente. Há movimento intenso no entorno da escola e o filho está atrasado? Poucos pais vacilam na decisão de parar em local proibido ou em fila dupla. Poucos hesitam em fazer um retorno proibido para encurtar o caminho ou mesmo em dirigir em velocidade maior do que a permitida para chegar mais rápido.

Até parece que os sinais de trânsito são meros caprichos de um grupo desconhecido de pessoas. Ninguém mais parece entender que as leis de trânsito -aliás, como todas- existem para proteger os cidadãos, e não para agredi-los ou restringir suas vidas. Mas a questão é que o direito de cada um no caso do trânsito -a segurança- só é garantido quando ele próprio respeita as leis. Pelo jeito, o carro deixou de ser um veículo de transporte cujo objetivo é levar as pessoas de um local a outro. Virou sinônimo de poder ou de status. Uma pesquisa britânica mostrou que dois em cada três homens trocariam suas namoradas pelo carro de seus sonhos, vejam só!

A ideia de cidadania ganhou tom pejorativo por causa do individualismo, e isso pode ser constatado principalmente no trânsito. Cidadania supõe se responsabilizar pelo coletivo e, sobretudo no trânsito, o que vemos são atitudes de confronto e de competição. Creio que não é exagero afirmar que vivemos tempos de barbárie nessa questão: cada um por si, e vale tudo para atingir a meta pessoal.

Quando os adultos se comportam assim, ignoram também que colocam os mais novos em risco. São os jovens as maiores vítimas de acidentes de trânsito ou de brigas por desentendimentos com outros motoristas, pedestres ou motociclistas. Isso sem falar nas lições de incivilidade e de grosseria que são passadas a eles. e os velhos? eles que não se atrevam a dirigir ou a andar pelas ruas. Afinal, lugar de velho e de criança não é mais na rua. Não é isso o que temos cultivado? Precisamos continuamente lembrar -e praticar- que, no trânsito, o respeito às leis e os bons modos permitem maior qualidade de vida a todos nós.

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elabore o seu roteiro apresentando os seguintes itens:

a) tema do texto apresentado;

b) tese defendida pela autora;

c) argumentos usados para confirmar a tese defendida.

Argumento1:

Argumento 2:

Argumento 3:

Argumento 4:

d) Conclusão:

4) Que tipo de inferência podemos fazer da leitura do seguinte texto:

Figura 2.2 - HQ Fonte: Caco Galhardo – Folha de S. Paulo, 25/11/2006, Caderno Ilustrada, E15.

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SínteseAo término desta unidade, você deve ter aprendido alguns conceitos acerca de leitura e desenvolvido algumas técnicas de interpretação de textos. Portanto, lembre-se:

� Ler é construir significados a partir da decodificação de códigos e da análise contextual.

� Os textos, sob os aspectos aqui abordados, podem ser classificados em literários e não literários. Os textos literários são aqueles que não têm compromisso com a realidade e podem ser escritos em verso ou prosa, fazendo uso da linguagem conotativa. Os textos não literários são aqueles que, geralmente, procuram transmitir uma mensagem de modo claro e objetivo, fazendo uso da linguagem denotativa.

� O ato de ler, independente de o texto ser literário ou não, leva-nos a fazer inferências, o que se define pela leitura de informações que se apresentam implícitas.

� As inferências podem ser classificadas em: pressupostos, quando o texto apresenta expressões que nos levam a deduzir o que está implícito, e subentendidos, quando fazemos isso a partir do nosso conhecimento extratexto.

Esses conhecimentos, além de possibilitarem a compreensão nas atividades de leitura, servirão de recursos a serem aplicados nas atividades de escrita.

Saiba mais

Aqui vão algumas sugestões:

FIORIN, José Luiz. O dito pelo não dito. In: Revista Língua Portuguesa. Ano 1. No. 6. São Paulo: Ed. Segmento, 2006.

ORLANDI, Eni. Leitura: teoria e prática. Porto Alegre: Mercado Aberto, ano 3, nº 3, 1984.

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CASTELLO-PEREIRA, Leda Tessari. Leitura de estudo: ler para aprender a estudar e estudar para aprender a ler. Campinas, SP: Editora Alínea, 2003.

ECO, Umberto. Sobre a literatura. Rio de Janeiro: Record, 2003.

FARACO, Carlos Alberto e MANDRYK, David. Língua Portuguesa: prática de redação para estudantes universitários. 12. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

FIORIN, José Luiz; PLATÃO SAVIOLI, Francisco. Para entender o texto: leitura e redação. 17. ed. São Paulo: Ática 2007.

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Texto

Objetivos de aprendizagem

Ao final da unidade você terá subsídios para:

� Compreender as diferenças entre os gêneros textuais.

� Perceber as possibilidades de relações intertextuais.

� Identificar e utilizar os recursos necessários à construção de sentido do texto.

� Desenvolver a competência textual no que se refere à habilidade de produção escrita.

Seções de estudo

Nesta unidade você vai estudar os seguintes assuntos:

Seção 1 Tipologia textual

Seção 2 Texto e construção de sentido

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Para início de conversa

A presente unidade tem como objeto de estudo o texto na perspectiva da produção escrita. Aqui, você encontrará condições de estudar o texto, desde sua conceituação, até os elementos que lhe atribuem sentido, passando por temas essenciais como a classificação em gêneros e a produção a partir dos elementos que o constituem.

Lembre-se de que desenvolver a competência textual (leitura e escrita) é o objetivo da disciplina. Portanto, focamos a sua atenção para a prática de leitura e interpretação, esperando que você se esforce na prática de produção escrita, uma vez que o desenvolvimento dessa habilidade requer muito empenho.

A leitura atenta ao conteúdo aqui exposto permitirá que você realize as atividades de autoavaliação com sucesso. Trata-se, na maioria, de atividades de produção textual, às quais esperamos que você se dedique e nas quais desejamos que você encontre o prazer da autoria.

Aceite este nosso convite e entenda que escrever é, de fato, um ato contínuo – de fazer e refazer; construir e reconstruir.

Seção 1 – Tipologia textual

Atente para o fato de que tudo o que você tem recebido como objeto de leitura, independente de sua extensão ou da linguagem de que é constituído, classifica-se como texto.

então, como podemos conceituar texto?

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Comecemos pelas propriedades textuais que podem ser facilmente observáveis no processo de leitura e que devem ser consideradas como essenciais no processo de produção de textos verbais:

a) Um texto não é um aglomerado de frases. Mais do que isso, as partes devem estar articuladas entre si, compondo um todo significativo.

b) Todo texto é produzido por um sujeito em um determinado tempo, em um determinado espaço, com uma determinada finalidade. Por isso, o texto revela ideais e concepções de um grupo social de uma determinada época.

c) Todo texto é escrito, intencionalmente, para um interlocutor ou um grupo de interlocutores, o que implica a escolha da estrutura e da linguagem adequadas.

A partir das afirmações acima, podemos definir texto como uma prática comunicativa, escrita ou falada, de qualquer extensão, cuja unidade compõe um todo significativo, é produzido intencionalmente por um interlocutor, num tempo e em espaços determinados, para um grupo de interlocutores.

então, se eu leio numa placa a palavra SILÊNCIO, isso é um texto? Certamente que sim, se essa palavra estiver numa placa de um corredor de hospital, por exemplo, ela será um texto, pois ela comunica algo a alguém, num determinado contexto.

Vejamos, agora, os exemplos abaixo:

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Como podemos ver, os exemplos acima são de textos com os quais nos deparamos no nosso dia a dia. Cada um deles tem características compartilhadas, como o objetivo para os quais são escritos, a forma de apresentação e o público para o qual se destinam. Assim como esses, temos outros exemplos, como as notícias, os anúncios, os avisos, os relatórios, os manuais de instrução, os sermões, as palestras, os contratos, os poemas, as conversas, as notas fiscais, os recibos de pagamentos, as receitas médicas, os atestados, as declarações, as certidões, os cartões postais etc.

É preciso dizer, porém, que os exemplos apresentados e citados são denominados GÊNEROS TEXTUAIS.

Mas, como poderíamos, então, definir GÊNEROS TEXTUAIS?

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Leitura de Produção Textual

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Gêneros são modelos de textos que usamos em diversos contextos comunicativos.

Para exemplificar, imaginemos os gêneros que a secretária de uma grande empresa precisa saber redigir no seu dia a dia. Ela pode precisar elaborar um memorando, para solicitar algum material de expediente; um e-mail, para se comunicar com o chefe, que está viajando. Deve saber redigir, ainda, uma ata, para registrar o que foi discutido numa reunião, ou até mesmo um convite, caso haja um evento na empresa e ser ela a responsável pela organização desse evento.

Veja quantos modelos essa profissional precisa saber usar no seu ambiente de trabalho. Agora, não esqueça que cada um desses modelos pode incluir a narração, a descrição, a dissertação, a argumentação etc. Ou seja, ela deve fazer uso de vários tipos de textos ao elaborar gêneros textuais diversos.

Isso nos faz lembrar que durante a nossa vida escolar aprendemos que dissertação, narração e descrição são gêneros textuais, não é mesmo?. Hoje, porém, esses últimos são definidos como TIPOS TEXTUAIS. Assim sendo, elaboramos os gêneros textuais usando diferentes modalidades ou tipos textuais.

Você já parou para pensar quais são os textos que o cercam em seu dia a dia? Seriam cartas, anúncios, notícias, avisos, relatórios, crônicas, manuais de instrução, contratos, bilhetes, histórias em quadrinho, poemas e tantos outros?

Cada um desses exemplos equivale a um gênero textual, no qual se agrupam textos com características compartilhadas, como o objetivo, a forma de apresentação e o público para o qual se destinam.

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Pausa para exercitar a teoria

Lembre-se dos textos que você já conhece de sua leitura cotidiana e tente responder às questões:

1. Quais seriam as características compartilhadas por todos os textos classificados como notícia?

2. Como você poderia explicar a diferença entre um aviso e um bilhete?

É importante destacar nesse momento que, segundo Koch (2006), gêneros são tipos relativamente estáveis de enunciados, marcados sócio-historicamente, visto que estão diretamente relacionados às diferentes situações sociais. Não se deve confundir gênero com as modalidades descritiva, narrativa e argumentativa.

Por exemplo, você pode escrever uma carta usando tanto a modalidade descritiva (retratando um lugar) quanto a narrativa (relatando fatos). Da mesma forma, em um relatório, você pode descrever um ambiente e argumentar sobre as necessidades de mudança neste ambiente. Logo, você não está produzindo textos cujos nomes são descrição, narração ou dissertação. Ao contrário, nas situações imaginadas você está produzindo textos denominados carta e relatório e, nesses processos de produção, você pode fazer uso de uma ou mais modalidade de escrita.

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É preciso deixar claro, ainda, que os gêneros são modelos e que esses não têm formas fixas, pois podem ser constituídos e reconstituídos ao longo de nossa existência. Quer um exemplo? Há alguns anos, para nos comunicarmos com alguém que estava em um outro país, usávamos a carta. Hoje, porém, com a tecnologia da informação, usamos o e-mail. Assim sendo, podemos dizer que a carta é um gênero textual que evolui para o e-mail em decorrência da evolução da tecnologia da informação. Mas cuidado, isso não quer dizer que a carta não existe mais. Ela ainda é um recurso usado, por exemplo, por alguém que mora em um local onde não há internet. Certo?!

Mas você deve estar se perguntando:

Um bom motivo pode ser o fato de que aprender a lidar com os textos, saber usá-los adequadamente, em quaisquer situações, torna-nos, com certeza, mais competentes para o uso da linguagem e para o ato comunicativo no contexto que se fizer necessário.

Assim, estudar o conceito de gênero textual nos possibilita compreender que um texto é uma unidade, que contém uma estrutura e uma organização específica e que, o mais importante, exerce uma função social.

Outra informação importante sobre os gêneros textuais refere-se ao “suporte” em que eles são fixados ou produzidos. Ou seja, estamos os referindo ao local ou ambiente de fixação do gênero. Na antiguidade, por exemplo, os homens usavam as tabuinhas ou as paredes das cavernas para escreverem seus textos. Hoje, há diversas possibilidades como o papel, as telas ou qualquer espaço virtual. O suporte é essencial para a circulação dos gêneros e ele pode variar de acordo com as necessidades de quem o está usando. Por exemplo, posso usar um telefone celular para mandar um bilhete ou ler uma notícia.

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O suporte é tão importante que ele pode definir o gênero. Quer ver. Leia o exemplo abaixo:

Ex:

Paulo, te amo, me ligue o mais rápido que puder. Te espero no mesmo local e horário de sempre.

Verônica

Se encontrarmos esse texto num papel sobre a mesa, ele será um BILHETE. Se o encontrarmos numa secretária eletrônica, é um RECADO. Se for enviado pelo correio é um TELEGRAMA. Caso esteja em um celular, será uma MENSAGEM. E se estiver num outdoor, é uma declaração de amor.

A partir do que foi apresentado acima, podemos dizer que o suporte é uma superfície física em formato específico que suporta, fixa e mostra um texto. Essa ideia comporta três aspectos:

1. Suporte é um lugar (físico ou virtual).

2. Suporte tem formato específico – livro, revista.

3. Suporte serve para fixar e mostrar o texto.

É importante deixar claro, ainda, que existem os suportes convencionais e os incidentais, que podem ser assim exemplificados:

a) Suportes Convencionais:

Livro Outdoor

Jornal Folder

Revista Faixas

Quadros de aviso Televisão

b) Suportes incidentais:

Porta de banheiro Paredes

embalagem Pontos de ônibus

Parachoque e Janelas de ônibus

Paralama de caminhão Roupas

Corpo humano (tatuagem)

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Para facilitar a compreensãoApresentamos abaixo um quadro com uma pequena relação de gêneros, associados ao contexto de ocorrência desses. Nesse quadro, você deve estar atento a duas coisas:

a) Perceba que um mesmo gênero textual pode ser recorrente em diferentes espaços. Por exemplo, a crônica, por sua variedade (lírica, reflexiva, humorística) enquadra-se como texto literário, jornalístico, humorístico.

b) Os gêneros textuais não constituem uma lista definitiva. Novos gêneros surgem em decorrência de novos propósitos para a utilização da linguagem e de novas tecnologias.

1. Textos literários

a) Crônica b) Novela c) Poemad) Contoe) Romance

2. Textos jornalísticos a) Notícia

b) Editorialc) Artigo de opiniãod) Resenhae) Classificados

3. Textos acadêmicos

a) Resumob) Resenhac) Relatóriod) Artigoe) Monografia

4. Textos empresariais a) Carta

b) Memorandoc) Atad) Reciboe) Ofício

7. Textos publicitários a) Anúncio

b) Outdoor

6. Textos humorísticos a) História em quadrinhos

b) Chargec) Piada

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Após a leitura de conceitos e de definições sobre texto e gêneros textuais, cabe a você produzir seus próprios textos, o que lhe será proposto na seção autoavaliação.

Seção 2 – Texto e construção de sentido

Esta seção possibilitará que você olhe para dentro do texto, para as partes que o compõem, de forma específica, para os parágrafos e para os períodos que os compõem, observando os elementos linguísticos responsáveis pela construção de sentido no texto.

Assim, independente do gênero que você pretenda produzir - carta, relatório, resenha, conto, memorando, resumo etc -, se pretende fazer uso da modalidade padrão da língua, o que é exigido, na maioria dos textos escritos, alguns são aspectos que devem ser considerados.

Portanto, o objetivo desta seção é propiciar a você o conhecimento dos recursos linguísticos responsáveis pela construção de sentido no texto e, por outro lado, o reconhecimento das estruturas inadequadas à modalidade padrão. Veja cada um desses recursos linguísticos a seguir.

1. Coerência

Um texto é coerente quando apresenta ideias organizadas e argumentos relacionados em sequência lógica, de forma a permitir que o leitor chegue às conclusões desejadas pelo autor. Assim, um texto coerente deve satisfazer a quatro critérios básicos:

� A continuidade: diz respeito à necessária retomada de elementos no decorrer do discurso. Tem a ver com a unidade temática do texto. Uma sequência de temas diferentes a cada parágrafo não será aceita como texto.

� A progressão: o texto deve retomar seus elementos conceituais e formais, mas não pode se limitar a essa repetição. É preciso que apresente novas informações a propósito dos elementos retomados.

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� A não contradição: as ocorrências presentes no texto não podem se contradizer, devem ser compatíveis entre si e com o mundo ao qual o texto representa.

� A articulação: refere-se à maneira como os fatos e os conceitos apresentados no texto se encadeiam, como se organizam, que papéis e valores exercem uns com relação aos outros.

A escolha da profissão não é um ato simples, ao qual se possa chegar sem hesitações e dúvidas. Entretanto, esse momento deve ser respeitado pelos pais.

Nesse caso, o que fere a coerência é a contradição existente entre os dois períodos. Vamos analisar a relação entre esses períodos do seguinte modo:

� Ideia A: “a escolha da profissão é um ato difícil”;

� Ideia B: “o momento da escolha da profissão deve ser respeitado pelos pais”.

Perceba que as ideias A e B não se contradizem, pelo contrário, B é consequência de A. Porém, no texto, as ideias A e B estão associadas pelo conectivo “entretanto”, cuja função é ligar informações opostas.

estabelece-se, então, a contradição: o leitor sabe que não há oposição entre os sentidos de A e B, mas é “forçado”, diante do conectivo “entretanto”, a fazer tal leitura.

Onde está o problema? Na escolha do conectivo. O equívoco do autor se resume em ter utilizado um conectivo de oposição, enquanto pretendia estabelecer ideia de conclusão. Para desfazer a contradição e dar coerência ao texto, basta substituir “entretanto” por algumas opções como: portanto, logo, desse modo, assim.

Vamos analisar mais um caso de incoerência?

Observe este texto:

Meu filho não estuda na UNISUL. Ele não sabe que a primeira Universidade do mundo românico foi a de Bolonha. Essa universidade possui um imenso espaço verde.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Uma sequência de três períodos sobre o mesmo assunto – universidade – não implica um texto coerente. Nesse exemplo, o que ocorre é a falta de continuidade, pois o autor provoca uma ruptura ao se referir a diferentes universidades sem a mínima relação estabelecida entre elas.

Fique atento!

É fácil perceber que não há coerência nos exemplos anteriores. No entanto, muitas vezes, você conseguirá detectar esse problema em textos produzidos por outras pessoas, sem perceber que o mesmo ocorre em seus textos. Portanto, sempre releia com atenção o que escreve, antes de enviar aos leitores.

Para finalizar esse item, acompanhe a definição apresentada por Fávero: “A coerência refere-se aos modos como os componentes do universo textual, isto é, os conceitos e as relações subjacentes ao texto de superfície, unem-se numa configuração de maneira reciprocamente acessível e relevante (2004, p. 10).

2. Coesão

Um texto é coeso quando suas partes estão estruturalmente bem organizadas. Os elementos de coesão são os conectores existentes entre as palavras, as orações, os períodos ou os parágrafos, que garantem a ligação entre as ideias.

São também os recursos de referenciação, aqueles que possibilitam a retomada das palavras no texto, sem repeti-las.

Observe nos exemplos a seguir como alguns recursos linguísticos contribuem para a coesão textual:

a) O presidente chegará amanhã ao Estado de Tocantins, onde ele participará de uma reunião com os líderes do MST.

b) A acadêmica fez a apresentação de seu trabalho.

c) O juiz olhou para o auditório. Ali estavam os parentes e amigos do réu, aguardando ansiosos o veredicto final.

Perceba que, no enunciado (a), “onde” está associado a Tocantins e “ele” a presidente. Em (b), “seu” faz referência à acadêmica e, em (c), “ali” remete a auditório. Em todos esses exemplos, os

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itens destacados são os recursos de ordem gramatical que fazem referência a termos já citados no enunciado.

Trata-se da referenciação, ou seja, um processo por meio do qual se retoma uma palavra ou uma expressão, a fim de se evitar a repetição.

Além desses recursos de referenciação, há outras possibilidades de se evitar a repetição de termos. Podemos, além de retomar nomes com pronomes, fazer uso da substituição vocabular e da elipse. Dando sequência aos exemplos, temos:

d) Todos queriam que o aluno participasse da pesquisa, mas, por ser um acadêmico de primeira fase, seu projeto não foi aceito.

e) Os vereadores deveriam aprovar o projeto. No entanto, não participaram da reunião.

Em (d), temos a substituição do termo “aluno” por “acadêmico”, o que caracteriza um caso de substituição vocabular. No enunciado (e), há um vazio na posição indicada antes do verbo, mas sabemos que o ato de não comparecer está ligado a “vereadores”. Logo, o termo “vereadores” é retomado de forma implícita, pois não está expresso, e esse recurso de omissão de palavras é definido como elipse.

— Não se preocupe com as nomenclaturas utilizadas, pois o que é importante no estudo sobre coesão é que você consiga perceber como os períodos devem ser estruturados e usar os recursos até aqui demonstrados em seus próprios textos!

“Podemos conceituar coesão como o fenômeno que diz respeito ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados”. (KOCH, 1997b, p. 35).

Importante: em alguns casos, coerência e coesão podem ser dois aspectos interligados, assim, quando o enunciado está mal estruturado, o sentido se altera.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Observe um exemplo em que o texto sofre de ambos os problemas:

Como todos estavam decididos a votar contra a alteração da data.

Tem-se aí um caso de enunciado com sentido incompleto. A pergunta que se faz é: Como todos estão decididos a isso, o que acontecerá? Falta coesão, pois falta articular uma última parte a essa ideia. Também falta coerência, uma vez que não se completou a ideia.

Já em outros casos, a falta de elementos coesivos não perturba a coerência do texto.

Observe este exemplo dado em Fávero (2004):

Luiz Paulo estuda na Cultura Inglesa.

Fernanda vai todas as tardes no laboratório de física do colégio.

Mariana fez 75 pontos na FUVeST.

Todos os meus filhos são estudiosos.

O texto está destituído dos elementos de coesão, ou seja, não há elementos de ligação, mas há coerência, pois o último período justifica os anteriores, atribuindo sentido ao todo.

Algumas vezes, ao contrário desse último exemplo, temos situações em que os elementos coesivos não acarretam coerência ao texto. Repare:

Maria está na cozinha. Lá os azulejos são brancos. Também o leite é branco.

Apesar de haver os elementos de referência lá e também, não há relação de sentido entre as partes.

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Unidade 3

Falar de coerência e coesão como mecanismos de construção de sentido do texto, levou-nos a falar em vários momentos sobre elementos de ligação, o que equivale a falar em conectivos.

É de fundamental importância que você saiba fazer uso dos conectivos em seus textos, pois são eles os elementos responsáveis pelo encadeamento lógico das ideias, o que justifica denominá-los de conectores argumentativos.

Mas o que seriam os conectores?

Como a própria palavra define, conectores são elementos que unem, ligam elementos. Na língua portuguesa, os conectores são elementos que permitem a “costura” do texto, deixando-o mais coeso. Podemos utilizar diversos conectivos em nossos textos, como:

� pronomes pessoais (ele, ela, nós, o, a, lhe);

� pronomes possessivos (meu, teu, seu...);

� pronomes demonstrativos (este, esse aquele...);

� pronomes relativos (que, o qual, a qual ....).

Além dos exemplos citados acima, podemos usar também os conectivos que traduzem relações de:

� espaço: aqui, ali, defronte à, lá fora...;

� tempo: depois, antigamente, já ...;

� causa: por causa de, em razão de...;

� finalidade: a fim de, de modo a, para...;

� contraste: por outro lado, ou, ao contrário de...;

Cada um desses conectivos tem um valor e tem como objetivo, além de ligar partes do texto, estabelecer relação semântica de: causa, finalidade, conclusão, contradição, condição etc. Dessa forma, ao produzirmos nossos textos, temos de “ter o cuidado de usar o elemento adequado para exprimir o tipo de relação que se quer estabelecer”, como já enfatizam Platão e Fiorin (2007).

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Vejam o exemplo que os autores citados apresentam.

“Israel possui um solo árido e pouco apropriado à agricultura, porém, chega a exportar certos produtos agrícolas”. (2007, p. 279)

De acordo com Platão e Fiorin, o conectivo PORÉM, usado para unir as duas frases, apresenta uma relação de contradição entre elas. Nesse caso, não teria sentido usar, por exemplo, o termo PORQUE , pois sabemos que esse termo indica causa e se assim o fosse, o enunciado apresentado ficaria sem sentido, pois a exportação de produtos agrícolas não pode ser vista como a causa de Israel ter um solo árido. Certo?

Veja, a seguir, um quadro organizado por grupos de conectores com suas funções textuais.

3. Uso de conectores argumentativos

Para estabelecer ideia de OPOSIÇÃO

Para estabelecer ideia de ADIÇÃO

Para apresentar EXPLICAÇÃO/CAUSA

Para apresentar CONCLUSÃOCONSEQUÊNCIA

Para estabelecer uma CONDIÇÃO

Para estabelecer uma COMPARAÇÃO

MAS E PORQUE LOGO SE DE UM LADO

PORÉM NEM JÁ QUE PORTANTO CASO POR OUTRO

TODAVIANÃO SÓ...MAS TAMBÉM

VISTO QUE ENTÃO CONTANTO ENQUANTO

CONTUDO COMO ASSIM DESDE QUE COMO

NO ENTANTO POIS DESSE MODO MAIS (DO) QUE

ENTRETANTO PORQUANTO POIS MENOS (DO) QUE

EMBORA UMA VEZ QUE POR CONSEGUINTE

MESMO POR ISSO

APESAR DE DE FORMA QUE

AINDA QUE

NÃO OBSTANTE

Quadro 3.1 - Conectores argumentativos Fonte: Elaboração do autor.

Observe como podemos conectar várias ideias em um único período, utilizando os recursos da tabela. Em princípio, temos um aglomerado de frases desconectadas:

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� As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos.

� Em muitas empresas, os homens continuam ganhando mais que as mulheres.

� Ainda há muita discriminação em relação às mulheres.

As possibilidades de se elaborar um período coeso e coerente podem ser muitas. Eis dois exemplos:

As mulheres sempre lutaram pelos seus direitos, mas ainda há muita discriminação em relação a elas, pois os homens, em muitas empresas, ainda ganham mais.

“Mas”: estabelece relação de sentido entre ideias opostas.

“Pois”: introduz uma explicação para ideia anterior.

“elas”: retoma mulheres, evitando repetição do termo.

em muitas empresas, os homens continuam ganhando mais que as mulheres, o que indica haver ainda muita discriminação em relação a elas, apesar de sempre terem lutado pelos seus direitos.

� “elas”: retoma mulheres, evitando repetição do termo.

� “Apesar de”: estabelece relação de sentido entre ideias opostas.

O conteúdo estudado nesta seção deve ser aplicado no momento em que você produzir seus textos. Por isso, é importante exercitar a prática da escrita a partir da construção de pequenos parágrafos, como propomos na seguinte atividade.

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Pausa para exercitar a teoria

Seguindo o exemplo anterior, escolha uma das propostas e una os enunciados em um só período. Não se esqueça dos elementos de ligação e procure evitar repetições.

Atividade 1:

� A terapia do eletrochoque está de volta. � A terapia do eletrochoque foi criada no início do século XX para tratar esquizofrenia e histeria.

� Um estudo da Universidade de Saint Louis acaba de mostrar uma versão light da terapia.

� O estudo mostra que a técnica pode dar bons resultados no tratamento de depressão severa.

escreva sua resposta aqui:

Atividade 2:

� O filme Separados pelo Casamento estreou bem nas bilheterias americanas.

� O filme recebeu algumas críticas maldosas. � O críticos disseram que o casal de atores não tem a mesma química demonstrada por Brad Pitt e Angelina Jolie em Sr. E Sra. Smith.

� Separados pelo Casamento tem como protagonista um casal interpretado por Jennifer Aniston e Vince Vaughn.

escreva sua resposta aqui:

Agora que você já estudou sobre os recursos que contribuem para a construção de sentido do texto, apresentaremos, como finalização desta unidade, alguns dos problemas mais recorrentes e que devem ser evitados quando se pretende produzir textos objetivos e adequados à língua padrão.

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Esclarecendo um pouco mais, em cada item, apresentaremos uma definição do problema, seguida de exemplo e proposta de reformulação do enunciado.

Queísmo

Trata-se do uso excessivo da palavra que nos momentos de ligação entre as orações.

O diretor determinou que a reunião que foi marcada para a semana que vem terá que ser adiada.

O diretor determinou que a reunião marcada para a próxima semana deve ser adiada.

Imprecisão sequencial

Trata-se do uso de uma palavra de forma indevida, pois seu sentido não é adequado ao contexto.

Dessa forma, com transigência e diálogo, os indivíduos discriminados pelo grupo passam a ser assimilados.

(... passam a ser aceitos. Nós podemos assimilar conhecimento, mas não indivíduo.)

Paralelismo

Consiste em apresentar ideias similares em uma forma gramatical idêntica. Trata-se da manutenção do mesmo critério gramatical no decorrer do período. O problema que se observa nos textos, em geral, é a falta de paralelismo.

em público, ele demonstra insociabilidade, ser irritável, desconfiança e não ter segurança.

(em público, ele demonstra insociabilidade, irritabilidade, desconfiança e insegurança.)

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Ambiguidade

Possuem ambiguidade as palavras, as expressões ou os períodos com mais de um sentido. A ambiguidade pode ser estrutural, lexical ou de referência.

� Estrutural: quando a duplicidade de sentido ocorre em função da organização da frase.

O garoto viu o incêndio do prédio.

Há duas possibilidades de leitura: o garoto viu um incêndio que ocorreu no prédio, ou o garoto estava no prédio e, de lá, viu um incêndio.

� Lexical: quando a duplicidade de sentido ocorre em função de um próprio item lexical já possuir mais de um sentido.

eu o vi no banco.

Sem o contexto, não podemos saber se o enunciado se refere a um banco de praça, ou a uma instituição financeira.

� De referência: quando não fica definido qual é o nome que um pronome deve retomar.

Os alunos disseram aos professores que todos eles deveriam ser responsabilizados pelo fato.

Há uma tentativa de usar os pronomes todos eles para fazer referência a um termo anterior, no entanto, não sabemos se eles se refere a alunos ou a professores.

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Importante!

Estamos listando ambiguidade como algo que deve ser evitado nos textos. No entanto, cabe um comentário: a ambiguidade é um problema em textos técnicos, científicos, empresariais, jurídicos, ou seja, textos informativos em geral, que exigem clareza e objetividade.

Em outras situações, como em textos humorísticos ou publicitários, a ambiguidade passa a ser um recurso usado de forma intencional. Vejamos, por exemplo, uma piada:

Marido 1 – Como você ousa dizer palavrões na frente da minha esposa?

Marido 2 – Por quê? era a vez dela?

Nesse caso, o sentido de humor se constrói exatamente pela ambiguidade. O leitor deve, inicialmente, interpretar na frente como marcador de espaço para depois perceber que o sentido desejado da expressão na frente é como marcador de tempo.

Finalizando esta unidade, reiteramos que a importância dos assuntos aqui abordados será percebida nos momentos em que você realizar as atividades de escrita. Portanto, fique sempre atento (a) ao gênero textual que pretende produzir, às referências necessárias e faça bom uso dos conectores argumentativos, responsáveis pelo encadeamento lógico do texto. Além disso, evite os queísmos, os coloquialismos e a falta de paralelismo... Quanto “ismo”!

— Agora, é com você. Aproveite as atividades de autoavaliação.

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Síntese

Nesta unidade, você estudou o processo de elaboração textual e deve ter compreendido que:

� Cada texto diferente utilizado pelos interlocutores corresponde a um gênero textual específico, isto é, possui finalidade, estrutura e linguagem própria.Desse modo, você deve ter percebido a diferença entre bilhete, carta, crônica, anúncio, charge etc.;

� Independente do gênero textual a ser elaborado, algumas características são necessárias para que o texto possa ser compreendido pelos seus interlocutores. Para tal, faz-se necessário cuidar para que o texto contenha as seguintes características:

a) coerência: organização lógica das ideias;

b) coesão: períodos gramaticalmente completos.

Além disso, fique atento para não cometer alguns erros bastante comuns:

a) queísmo: uso excessivo da palavra “que”;

b) imprecisão sequencial: uso de palavra inadequada ao contexto;

c) falta de paralelismo: uso de diferentes critérios gramaticais em um mesmo período;

d) ambiguidade: uso de palavra, expressão ou período com mais de um sentido.

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Atividades de autoavaliação

1) Observe os textos a seguir, levando em consideração critérios como: objetivos, estrutura, linguagem e interlocutor. em seguida, classifique cada um dos textos e justifique a sua classificação.

a)

Poema Tirado de uma Notícia de Jornal

João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

(Manuel Bandeira)

b)

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c)

Quando estiveres lendo essas parcas palavras, já não estarei mais na tua vida.

Adeus

Cassandra.

d)

Uma operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, deflagrada hoje, apreendeu grande quantidade de medicamentos roubados de hospitais públicos, que estavam sendo comercializados indevidamente por uma distribuidora. (Último segundo. 15/02/2011)

e)

Tropa de elite: o filme

O filme Tropa de elite é uma obra que descreve fatos ocorridos na segurança pública do estado do Rio de Janeiro na década de 90, durante a visita que o Papa João Paulo II realizou à Capital Carioca. Sua narrativa é intensa em sua descrição da realidade diária da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro – PMeRJ, totalmente pautada em situações que, segundo o autor, baseiam-se em relatos de fatos reais, que lhe foram feitos por Policiais Militares. O personagem central da trama é um Capitão PM do Batalhão de Operações especiais (BOPe), Tropa de elite da Policia Militar carioca, considerada internacionalmente como a melhor força de Combate Urbano do Mundo.

f)

Título original: (Tropa de elite)

Lançamento: 2007 (Brasil)

Direção:José Padilha

Atores: Wagner Moura, Caio Junqueira, André Ramiro, Milhem Cortaz.

Duração: 118 min

Gênero: Ação

2) Propomos que você escreva três diferentes textos sobre um mesmo tema. Procure assumir um posicionamento sobre a seguinte questão: A TV exerce influência negativa na educação infantil? Tendo clara a sua opinião, deixe-a expressa em três dos cinco gêneros textuais propostos:

a) escreva uma carta a um diretor de emissora de TV convencendo-o da necessidade de mudanças na programação direcionada às crianças. Caso você não tenha críticas a fazer,

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ou seja, caso você não concorde que a influência da TV seja negativa, sua carta deve ser dirigida aos pais ou professores da educação infantil, defendendo a programação televisiva e sugerindo a sua utilização no processo de educação.

b) Invente um fato ligado ao tema e escreva uma notícia para um jornal ou revista (impresso ou eletrônico).

c) Você é o responsável pela divulgação dos programas de uma emissora. Faça um texto para a propaganda favorável à programação infantil, especificando o conteúdo e a qualidade de tal programação.

d) Faça um convite para uma palestra sobre o tema.

e) Suponha que você vá fazer uma pesquisa sobre o tema e decida usar a entrevista como um método para obtenção de dados. elabore o roteiro da entrevista.

3) Construa um período, associando os enunciados a seguir. Não se esqueça: para que seu texto fique coerente e coeso, utilize elementos de ligação e evite as repetições desnecessárias.

� José Wilker é um dos ícones das artes dramáticas no Brasil.

� José Wilker fez 42 filmes e 31 novelas.

� José Wilker interpretou JK.

� José Wilker se diz um admirador do ex-presidente JK.

4) Considerando o que você estudou na Seção 2, propomos alguns exercícios que vão exigir de você uma atenta observação dos enunciados, para que possa reescrevê-los, adequando-os à norma culta. então, vamos praticar? Faça as devidas correções:

a) espero que você me telefone para que possamos discutir as alterações que foram introduzidas no projeto sem que nós autorizássemos.

b) Os garotos acusados como responsáveis pelo acidente dão exemplo de bom comportamento, todavia realizam trabalhos voluntários em hospitais.

c) As etapas previstas para o trabalho são o levantamento das famílias necessitadas, o cadastramento dos membros dessas famílias e distribuir o material para que possam construir suas casas.

d) Os movimentos ultranacionalistas não estão enterrados na Alemanha. Os símbolos nazistas, em tese, são proibidos, logo podem ser vistos em encontros de membros do Partido Nacional Democrata, de extrema direita.

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e) O professor esperava que o orientando entregasse o seu relatório ao coordenador.

5) A coesão das frases abaixo está prejudicada pela ausência de alguns conectivos. Faça a devida conexão, usando os pronomes relativos e as preposições quando o verbo assim o exigir.

a) O envolvimento de menores de ambos os sexos na prática de crimes é uma verdade. Não podemos fugir. Os poderes constituídos deveriam parar e refletir sobre esse fato os jornais enchem suas páginas diariamente. De nada adiantou o estatuto da Criança e do Adolescente, muitos delinquentes adultos se valem da lei para incitar menores à prática de roubos e assassinatos.

b) Falta dinheiro para tudo no Brasil, mas as mordomias continuam. A verdade é que os impostos o governo mantém sua máquina emperrada são mal empregados. Há notícias de que os órgãos públicos compram copos de cristal, talheres de prata, porcelanas finas, luxo não querem abrir mão, mesmo sabendo das dificuldades o povo passa.

Saiba mais

FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2004.

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UNIDADe 4

Textos acadêmicos

Objetivos de aprendizagem

Ao final da unidade, você terá subsídios para:

� Identificar alguns dos gêneros textuais que circulam no ambiente acadêmico, como resumo, resenha e relatório.

� Utilizar os recursos necessários à confecção do trabalho acadêmico.

� Desenvolver a habilidade de produção escrita de textos acadêmicos.

Seções de estudo

Nesta unidade você vai estudar os seguintes assuntos:

Seção 1 Resumo

Seção 2 Resenha

Seção 3 Relatório

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Para início de conversa

Nesta unidade, faremos um recorte, focalizando os textos de fundamental importância no decorrer de sua vida acadêmica, tais como: resumo, resenha e relatório.

Não se trata de uma apresentação exaustiva de todos os tipos de resumo, resenha ou relatório, tampouco uma abordagem para o ensino das normas de estruturação e formatação dos textos. Essas informações você encontrará nas referências indicadas na seção Saiba mais. Trata-se de propor uma leitura desses textos, para que você perceba o processo de elaboração textual, incluindo a observação de aspectos como a finalidade de cada um deles (o que inclusive os diferencia em categorias - gêneros) e a linguagem utilizada. Aprender a redigi-los é uma tarefa para a qual você constantemente será desafiado no processo de aprendizagem das demais disciplinas do seu curso.

Seção 1 – Resumo

No seu dia a dia, muitas vezes, você é levado a contar ou registrar, de maneira informal, o que você vê, ouve ou lê. Isso ocorre quando você, por exemplo, conta um filme, faz anotações relevantes sobre uma palestra ou aula, seleciona aspectos centrais de um texto que esteja estudando etc. Nessas atividades, aparentemente tão corriqueiras, você exercita sua capacidade de síntese, exigida na elaboração de alguns textos, entre eles, o resumo.

Faça um teste: procure se lembrar de um filme que tenha visto recentemente e, em seguida, experimente contar o enredo dele em voz alta. Você percebe que, ao fazer isso, pula alguns detalhes, contando apenas o que julga essencial. Ótimo, pois, desse modo, podemos definir resumo como uma apresentação seletiva, em que destacamos os aspectos que julgamos mais interessantes e/ou importantes.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 4

Além das situações apresentadas, há outros momentos em que você é levado a ler alguns textos que já lhe são apresentados de forma sintetizada. Isso ocorre quando, por exemplo, você lê a sinopse de um filme ou de capítulos de novela, a quarta capa (parte posterior, externa) de um livro etc. Observe:

Quarteto Fantástico (2005)

� Sinopse: Um desastre atinge uma nave espacial, fazendo com que seus quatro tripulantes sofram modificações em seu organismo de forma a ganharem poderes especiais. Reed Richards (Ioan Gruffudd), o líder do grupo, passa a ter a capacidade de esticar seu corpo feito borracha. Sue Storm (Jessica Alba), sua ex-namorada, ganha poderes que a permitem ficar invisível e criar campos de força. Johnny Storm (Chris Evans), irmão de Sue, pode aumentar o calor do seu corpo, enquanto que Ben Grimm (Michael Chiklis) tem seu corpo transformado em pedra e ganha uma força sobre-humana. Ao retornar à Terra, após o acidente, logo os novos poderes começam a se manifestar, fazendo com que todos tenham que se adaptar a eles e também à condição de celebridades que os poderes lhes trazem. (Fonte: <http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/quarteto-fantastico/quarteto-fantastico.asp>)

Nesse caso, temos a sinopse de um filme, cuja finalidade é possibilitar ao leitor a informação rápida de aspectos importantes como enredo, personagens, elenco, a fim de que possa optar por assistir ou não a esse filme. Você já deve ter realizado a leitura de textos como esse publicados em jornais ou na internet.

Logo, o resumo não é um texto que deva lhe causar estranheza, o que nos leva a acreditar que não é difícil estudar a importância deste gênero textual no universo acadêmico.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Como você pode ver nos exemplos apresentados, podemos definir resumo como a condensação de ideias ou fatos apresentados pelo texto original. Mas, ainda que o resumo deva ser uma espécie de esqueleto do texto, ele não pode deixar de apresentar alguns elementos que são essenciais, ou seja:

� cada uma das partes essenciais do texto;

� a progressão em que elas se sucedem;

� a correlação que o texto estabelece entre cada uma dessas partes.

A partir disso, podemos dizer que resumo não é uma colagem de frases do texto original. Aliás, quem resume dessa forma não demonstra o que é essencial para a elaboração de um bom resumo, que é a compreensão do conteúdo global do texto.

Importante deixar claro também que a elaboração de um bom resumo depende de estratégias de leitura e produção de texto. Para tanto, podemos sugerir alguns passos que podem ajudar nessa elaboração.

1. Faça uma primeira leitura do texto ininterruptamente, do começo ao fim. Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder genericamente à seguinte pergunta: do que trata o texto?

2. Com a primeira leitura você não terá a compreensão necessária do texto. Uma segunda leitura, então, é de suma importância. Mas essa segunda leitura deve ser feita com o lápis na mão. Ou seja, sublinhando as palavras difíceis que você não sabe o significado e, se preciso, recorrendo ao dicionário, pois conhecer o vocabulário do texto é essencial para captar o sentido de frases mais complexas (longas, com inversões, com elementos ocultos). Nessa leitura, você deve ter a preocupação de compreender bem o sentido das palavras relacionais, responsáveis pelo estabelecimento das conexões (assim, isto, isso, aquilo, aqui, lá, daí, seu, sua, ele, ela etc.).

3. Num terceiro momento, procure fazer uma segmentação do texto em blocos de ideias que tenham alguma unidade de significação.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 4

Ao resumir um texto pequeno, pode-se adotar como primeiro critério a divisão em parágrafos. Em seguida, com palavras abstratas e mais abrangentes, tente resumir a ideia ou as ideias centrais de cada fragmento.

4. Para a redação final use as suas palavras, procurando não só condensar os segmentos, mas encadeá-los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre eles.

Apresentamos, a seguir, as funções do resumo:

1. Em algumas situações de estudo, você deverá produzir um resumo de filme, livro, capítulo de livro ou texto, quando será avaliado quanto à sua capacidade de compreensão da ideia expressa pelo autor e quanto à sua capacidade de síntese.

este livro retrata a história de um grupo de crianças órfãs, que vivia nas ruas de uma cidade da Bahia. eram um grupo de meninos, conhecidos por todos como os “capitães da areia”, viviam num trapiche abandonado, perto da praia e ocupavam os seus dias a tentar arranjar o que comer ou o que vestir, tendo muitas vezes que roubar para o conseguir. A maioria dos habitantes da cidade rejeitava-os e desprezava-os, devido à sua fama de ladrões e rapazes conflituosos. Contudo e apesar de por vezes terem determinadas atitudes, esses rapazes eram simples crianças, meninos, que por circunstâncias da vida foram obrigados a viver sozinhos, a saber que só poderiam contar com eles próprios para sobreviver. Muitas vezes as suas atitudes eram justificadas pela carência de amor e afeto que tinham, uns porque tinham sido abandonados pelas mães, outros porque nunca as tinham conhecido. No entanto, nenhum deles desejava ir para um orfanato, pois sabiam o valor da palavra liberdade, e não a trocavam por nada.

Ao longo do livro vão sendo retratados vários episódios e peripécias da vida dessas crianças, e apesar de todos eles viverem em condições tão precárias, todos eram motivados por um sonho que gostariam de alcançar. Fonte: Amado, Jorge. Capitães de areia. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Capit%C3%A3es_da_areia.

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2. Em outras situações, você deverá produzir outros gêneros, como artigo, monografia, e apresentará um resumo que indique ao leitor o que ele encontrará em seu texto. Trata-se de um gênero – resumo – inserido em outro gênero – artigo ou monografia.

Observe o texto a seguir, como exemplo de resumo obrigatório antes do início do texto no artigo científico:

O texto da publicidade visa a um contexto comunicativo que se realiza nos domínios da persuasão, e essa se traduz na relação texto-contexto e na força argumentativa da palavra. Logo, esse artigo faz uma reflexão acerca da linguagem publicitária, ressaltando os enfoques pragmático e argumentativo em que esse tipo de texto se revela.

Nunes, Marcia Volpato Meurer. Pragmático e argumentativo: os enfoques da publicidade. In: Palavra, Tubarão, v.1, n. 1, p. 91-101, jan./jun. 2002

Independente do tipo de resumo que você pretende fazer, deve estar atento às seguintes orientações:

� em uma primeira leitura, procure captar a temática e o objetivo do texto;

� em uma segunda leitura, preocupe-se em perceber como o autor desenvolve as ideias principais do texto, procurando descobrir como ele as organiza e de que recursos se utiliza, tais como: provas, exemplos, dados etc; que servem como explicação, discussão e demonstração da proposição original (ideia principal);

� a seguir, volte a ler o trabalho, destacando – por meio de grifos ou marcas – as ideias centrais;

� por fim, reescreva (com suas palavras) essas ideias destacadas, articulando-as.

Vejamos, agora, bons exemplos de resumos apresentado por Anna Rachel Machado, Eliane Gouvêa Lousada e Lília Santos Abreu-Tardelli, no livro intitulado Resumo.

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Texto 1:Em 1948 e em 1976, as Nações Unidas proclamaram extensas listas de direitos hmanos, mas a imensa maioria da humanoidade só tem o direito de ver, ouvir e calar. Que tal começarmos a exercer o jamais proclamado direito de sonhar? Que tal delirarmos um pouquinho? Vamos fixar o olhar num ponto além da infâmia para advinhar outro mundo possível:

– o ar estará livre do veneno que não vier dos medos humanos e das humanas paixões;

– nas ruas, os automéveis serão esmagados pelos cães;

– as pessoas não serão dirigidas pelos automóveis, nem programadas pelo computador,nem comparadas pelo supermercado e nem olhadas pelo televisor.

(Eduardo Galeano, Fórum Social Mundial, 2001. Caros Amigos 01/2000.)

Resumo:

Segundo Eduardo Galeano, há uma contradição entre a existência de extensas listas de direitos humanos e o fato de a maioria da humanidade não ter nenhum. Diante disso, Galeano convida o leitor a sonhar com um mundo possível e apresenta algumas características desse mundo.

Texto 2: Período de férias

O início do ano escolar no mês de fevereiro merece ser revogado, voltando à antiga praxe de começo das aulas em março. O carnaval geralmente cai em fevereiro e interrompe as aulas recém-iniciadas. O verão escaldante torna as aulas penosas e com baixo rendimento. Finalmente, as férias escolares comandam grande parte das férias dos trabalhadores. E as férias destes são o motor do turismo, atividade geradora de empregos e riqueza para o País. (...) Portanto, há grande vantagem para todos na transferência do início das aulas para o mês de março.

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Resumo:

No texto intitulado Período de férias, o autor defende a tese de que as aulas devem voltar a começar em março. Para defender o seu ponto de vista, o autor apresenta como argumentos o fato de que o carnaval normalmente cai em fevereiro, de que o calor é forte e prejudica as aulas e que as férias dos trabalhadores, coincidindo com as escolares, são benéficas para a economia.

Agora é com você. Leia atentamente o texto “A cultura da paz”, de Leonardo Boff, e, seguindo as orientações apresentadas nesta seção, use uma estratégia de leitura, em seguida, faça o resumo do texto.

Texto 3Cultura da paz

(Leonardo Boff)

A cultura dominante, hoje mundializada, estrutura-se ao redor da vontade de poder que se traduz por vontade de dominação da natureza, do outro, dos povos e dos mercados. Essa é a lógica dos dinossauros que criou a cultura do medo e da guerra. Praticamente em todos os países as festas nacionais e seus heróis são ligados a feitos de guerra e de violência. Os meios de comunicação levam ao paroxismo a magnificação de todo tipo de violência, bem simbolizado nos filmes de Schwarzenegger como o “Exterminador do Futuro”. Nessa cultura, o militar, o banqueiro e o especulador valem mais do que o poeta, o filósofo e o santo. Nos processos de socialização formal e informal, ela não cria mediações para uma cultura da paz. E sempre de novo faz suscitar a pergunta que, de forma dramática, Einstein colocou a Freud nos idos de 1932: é possível superar ou controlar a violência? Freud, realisticamente, responde: “É impossível aos homens controlar totalmente o instinto de morte…Esfaimados pensamos no moinho que tão lentamente mói, que poderíamos morrer de fome antes de receber a farinha”.

Sem detalhar a questão, diríamos que por detrás da violência funcionam poderosas estruturas. A primeira delas é o caos sempre presente no processo cosmogênico. Viemos de uma

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imensa explosão, o big bang. E a evolução comporta violência em todas as suas fases. São conhecidas cerca de 5 grandes dizimações em massa, ocorridas há milhões de anos. Na última, há cerca de 65 milhões de anos, pereceram todos os dinossauros após reinarem, soberanos, 133 milhões de anos. A expansão do universo possui também o significado de ordenar o caos através de ordens cada vez mais complexas e, por isso também, mais harmônicas e menos violentas. Possivelmente a própria inteligência nos foi dada para pormos limites à violência e conferir-lhe um sentido construtivo.

Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que instaurou a dominação do homem sobre a mulher e criou as instituições do patriarcado assentadas sobre mecanismos de violência como: o Estado, as classes, o projeto da tecnociência, os processos de produção como objetivação da natureza e sua sistemática depredação.

Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra como forma de resolução dos conflitos. Sobre esta vasta base se formou a cultura do capital, hoje globalizada; sua lógica é a competição e não a cooperação, por isso, gera guerras econômicas e políticas e com isso desigualdades, injustiças e violências. Todas estas forças se articulam estruturalmente para consolidar a cultura da violência que nos desumaniza a todos.

A essa cultura da violência há que se opôr a cultura da paz. Hoje ela é imperativa.

É imperativa, porque as forças de destruição estão ameaçando, por todas as partes, o pacto social mínimo sem o qual regredimos a níveis de barbárie. É imperativa porque o potencial destrutivo já montado pode ameaçar toda a biosfera e impossibilitar a continuidade do projeto humano. Ou limitamos a violência e fazemos prevalecer o projeto da paz ou conheceremos, no limite, o destino dos dinossauros.

Onde buscar as inspirações para cultura da paz? Mais que imperativos voluntarísticos, é o próprio processo antroprogênico a nos fornecer indicações objetivas e seguras. A singularidade do 1% de carga genética que nos separa dos primatas superiores reside no fato de que nós, à distinção

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deles, somos seres sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas de agressividade, temos capacidades de afetividade, compaixão, solidariedade e amorização. Hoje é urgente que desentranhemos tais forças para conferir rumo mais benfazejo à história. Toda protelação é insensata.

O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos da natureza e co-pilotar a marcha da evolução. Ele foi criado criador. Dispõe de recursos de re-engenharia da violência mediante processos civilizatórios de contenção e uso de racionalidade. A competitividade continua a valer mas no sentido do melhor e não de destruição do outro. Assim, todos ganham e não apenas um.

Há muito que filósofos da estatura de Martin Heidegger, resgatando uma antiga tradição que remonta aos tempos de César Augusto, veem no cuidado a essência do ser humano. Sem cuidado ele não vive nem sobrevive. Tudo precisa de cuidado para continuar a existir. Cuidado representa uma relação amorosa para com a realidade. Onde vige cuidado de uns para com os outros desaparece o medo, origem secreta de toda violência, como analisou Freud. A cultura da paz começa quando se cultiva a memória e o exemplo de figuras que representam o cuidado e a vivência da dimensão de generosidade que nos habita, como Gandhi, Dom Helder Câmara e Luther King e outros. Importa fazermos as revoluções moleculares (Gatarri), começando por nós mesmos. Cada um estabelece como projeto pessoal e coletivo a paz enquanto método e enquanto meta, paz que resulta dos valores da cooperação, do cuidado, da compaixão e da amorosidade, vividos cotidianamente.

Resumo:

Leonardo Boff inicia o artigo “A cultura da paz” apontando o fato de que vivemos em uma cultura que se caracteriza fundamentalmente pela violência. Diante disso, o autor levanta a questão da possibilidade de essa violência poder ser superada ou não. Inicialmente, ele apresenta argumentos que sustentam a tese de que seria impossível, pois as próprias características psicológicas humanas e um conjunto de forças naturais e sociais

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reforçariam essa cultura da violência, tornando difícil sua superação. Mas, mesmo reconhecendo o poder dessas forças, Boff considera que, nesse momento, é indispensável estabelecermos uma cultura da paz contra a violência, pois esta estaria nos levando à extinção da vida humana no planeta. Segundo o autor, seria impossível construir essa cultura, pelo fato de que os seres humanos são desprovidos de componentes genéticos que nos permitem sermos sociais, cooperativos, criadores e dotados de recursos para limitar a violência e de que a essência do ser humano seria o cuidado, definido pelo autor como sendo uma relação amorosa com a realidade, que poderia levar à superação da violência. A partir dessas constatações, o teólogo conclui, incitando-nos a despertar as potencialidades humanas para a paz, construindo a cultura da paz a partir de nós mesmos, tomando a paz como projeto pessoal e coletivo. (MACHADO et al, 2004, p. 16)

É importante observar que no resumo você não opina, ou seja, você deve manter a proposta original do autor; ao contrário do que se espera na elaboração da resenha, que será estudada na próxima seção.

Seção 2 – Resenha

Para dar início a esta seção, é importante chamar a atenção para as diferentes nomenclaturas atribuídas à resenha. Assim, pautando-se na comparação com o resumo, na literatura acerca do tema, encontramos as seguintes oposições:

� resumo crítico X resumo;

� resenha crítica X resenha;

� resenha X resumo, denominação essa assumida por nós nessa unidade.

Retomando a última observação da seção anterior, cabe esclarecer que enquanto no resumo devemos apenas sintetizar o texto original, na resenha é obrigatório que, além da síntese, expressemos nosso posicionamento crítico. Leia o texto a seguir:

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A Passagem. (Stay, Estados Unidos, 2005. estréia no país na sexta-feira 30) - Um rapaz (Ryan Gosling) diz para seu psiquiatra (Ewan McGragor) que pretende se suicidar dali a três dias, e o analista, a fim de impedi-lo, corre para deslindar os motivos que estariam por traz da decisão - ou pelo menos essa é a situação que parece estar se desenrolando no início. A partir dela, o diretor alemão Marc Foster (de A Última Ceia) vai criar outras, cada vez mais intrincadas, até que nem os personagens nem a plateia saibam mais discernir o que é real. [...]

Com sua estrutura de quebra-cabeça, A passagem é um programa absorvente - embora de ligeiro não tenha nada. Pontos extras ainda para a concepção visual de Foster e para o ótimo elenco, completado por Naomi Watts, em cartaz também com king Kong. (Fonte: Seção: Veja recomenda. Revista Veja, dezembro de 2005, p. 196)

Trata-se de uma simples resenha de filme, mas propusemos que você a lesse, esperando que observasse como a associação de síntese + crítica acontece de forma entrelaçada no texto.

Além de todas as informações (claro que resumidas) sobre o filme, como título, local, data de estréia e enredo, há o posicionamento crítico do autor, expresso nos trechos grifados (grifo nosso). Sua opinião favorável conduz o leitor a assistir ao filme.

Como o objetivo da resenha, geralmente publicada em jornais e revistas, é a divulgação de objetos de consumo cultural - livros, filmes, peças de teatro etc. -, é preciso que o resenhista, responsável pelo julgamento da obra, tenha conhecimento na área.

Veja mais este exemplo:

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DURO DE MATAR

Jack Bauer ressuscita para vingar a morte de seu melhor amigo.

Logo nos primeiros vinte minutos deste quinto dia na vida do agente Jack Bauer (Kiefer Sutherland) já dá para perceber que vem chumbo grosso pela frente. De cara, dois de seus amigos são assassinados, enquanto um terceiro fica gravemente ferido. É motivo mais que suficiente para Bauer ressuscitar (sim, ele havia “morrido” no final da quarta temporada) e voltar ao batente. e quando falamos de JB, sabemos o que isso significa: conspiração, assassinatos, correria e tortura. Ainda que Sutherland tenha levado o emmy de melhor ator dramático este ano (a série também foi premiada), são os coadjuvantes que roubam a cena. A começar pelo casal presidencial, o aparvalhado presidente Charles Logan (Gregory Itzin) e a problemática primeira-dama Martha (Jean Smart), a mal humorada Chloe o’ Brien (Mary Lynn Rajskub) e os vilões Vladimir Bierko (Julian Sands) e Christopher Henderson (o Robocop Peter Weller), talvez o pior inimigo de Bauer desde a infernal agente dupla Nina Myers. A trama mais uma vez amarra conspirações palacianas e ações terroristas em solo norte-americano, com seguidas reviravoltas e mortes assustadoramente cruéis. A lamentar, o fato de a produção ter desencanado do reloginho e lançado ao espaço justamente aquilo que tornou a série tão surpreendente: a ação em tempo real. 24 Horas – 5ª. Temporada (Fox)

(Luiz Rivoiro, Seção Neurônios, Revista Playboy, outubro de 2006, p. 40)

Apresentamos mais um texto que serve como representação de um tipo de resenha constantemente publicada em revistas: resenha sobre filmes e programas televisivos. Publica-se, então, a opinião de quem produz a resenha, mas isso não significa que você, na posição de leitor da revista, compartilhe dessa mesma opinião. Filmes e programas televisivos são facilmente transformados em objetos de crítica, pois são expostos a julgamento por parte de seus espectadores.

Cabe ressaltar que, neste caso, permite-se a utilização de um nível de linguagem menos formal, considerando o meio de publicação do texto e, consequentemente, o provável público leitor. Entretanto, no caso da resenha exigida no meio acadêmico,

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cujo objeto de crítica é, na maior parte das vezes, uma obra literária ou de natureza técnico-científica, a linguagem utilizada deve estar adequada à modalidade culta, como você poderá observar no texto a seguir:

Este primeiro e vigoroso romance de um médico afegão, que vive agora na Califórnia, narra uma história de intensa crueldade, mas também de intenso amor redentor. Ambos transformam a vida de Amir, o privilegiado jovem narrador de Khaled Hosseini, que atinge a maioridade durante os últimos dias de paz da monarquia, pouco antes da revolução em seu país e sua invasão por forças russas.

Mas os eventos políticos, mesmo os dramáticos como os que são apresentados em O caçador de pipas, são somente parte dessa história. Um enredo mais pessoal, que se desenrola a partir da íntima amizade de Amir com Hassan, filho de um empregado de seu pai, acaba sendo o fio que amarra as pontas do livro. A fragilidade desse relacionamento, simbolizada pelas pipas que os meninos empinam juntos, é testada à medida que eles veem seu antigo modo de vida desaparecer. [...]

(http://www.verdestrigos.org/sitenovo/site/resenha_ver.asp?id=347)

Trata-se da resenha de um livro e, mais uma vez, você pode perceber que a resenha é um tipo de texto pautado no posicionamento do autor acerca do assunto em questão. Neste caso, o autor optou por iniciar o seu texto pela crítica favorável à obra “primeiro e vigoroso romance”, seguida da síntese, para, somente na segunda parte, indicar o título da obra.

Ao contrário, o autor poderia ter iniciado com os dados da obra para, em seguida, apresentar o texto crítico, como podemos observar em:

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Este é um romance emocionante, envolvente, que nos cativa logo nas primeiras páginas. Livro de estréia de Khaled Hosseini, O caçador de pipas é uma narrativa insólita e eloquente sobre a frágil relação entre pais e fi lhos, entre os seres humanos e seus deuses, entre os homens e sua pátria. Uma história de amizade e traição, que nos leva dos últimos dias da monarquia do Meganistão às atrocidades de hoje.

Amir e Hassan cresceram juntos, exatamente como seus pais. Apesar de serem de etnias, sociedades e religiões diferentes, Amir e Hassan tiveram uma infância em comum, com brincadeiras, filmes e personagens. O laço que os une é muito forte: mamaram do mesmo lei te, e apenas depois de muitos anos Amir pôde sentir o poder dessa relação.

Amir nunca foi o mais bravo ou no bre, ao contrário de Hassan, conhecido por sua coragem e dignidade. Hassan, que não sabia ler nem escrever, era muitas vezes o mais sábio, com uma aguda percepção dos acontecimentos e dos sentimentos das pessoas. E foi esse mesmo Hassan que decidiu quem Amir seria, durante a batalha da pipa azul, uma pipa que mudaria o destino de todos. No inverno de 1975, Hassan deu a Amir a chance de ser um grande ho mem, de alterar sua trajetória e se li vrar daquele enjoo que sempre o acompanhava, a náusea que denuncia va sua covardia. Mas Amir não enxer gou sua redenção.

Muito depois de desperdiçada a úl tima chance, Hassan, a calça de veludo cotelê marrom e a pipa azul o fizeram voltar ao Meganistão. não mais àquele que ele abandonara há vinte anos. [...]

Khaled Hosseini. O caçador de pipas. Romance. Fonte: HOSSEINI, Khaled. O caçador de pipas. São Paulo: Nova Fronteira, 2005.

Agora que você já sabe que a resenha é um gênero no qual a sua opinião é de suma importância, lembre-se de que você precisa:

� ter consciência de que você vai elaborar um texto a partir de outro já existente. Isso implica que compreenda e respeite a opinião do autor no texto original;

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� conhecer detalhadamente o objeto a ser resenhado, caso contrário, terá dificuldade até mesmo na elaboração da síntese;

� buscar outras fontes sobre a temática a ser trabalhada, a fim de se propor uma crítica fundamentada;

� ter capacidade de juízo crítico, isto é, saber filtrar as informações que obteve sobre o assunto.

Cabe observar que na resenha você reúne as habilidades de síntese do resumo com a de se posicionar com criticidade perante determinado assunto, fatores imprescindíveis também na elaboração de um relatório científico, objeto de estudo da seção seguinte.

Seção 3 – Relatório

Em sua trajetória acadêmica, provavelmente, você será levado a relatar determinada experiência pela qual tenha passado em função de seus estudos de modo formal.

Neste momento, sugerimos uma atividade em que você deverá descrever, minuciosamente e de forma ordenada, tudo o que viu, ouviu, observou e/ou vivenciou em uma viagem, uma visita, uma experiência de estágio, um experimento ou uma pesquisa. Experimente trazer para o cotidiano e você verá que elaborar um relatório não é uma tarefa tão difícil.

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Pausa para exercitar a teoriaLembre-se de quando era um adolescente e teve que dar satisfação de algo de sua vida a alguém, ou ainda quando resolveu contar detalhadamente uma aventura pela qual tenha passado. Lembrou? então, para ilustrar, leia o texto:

A cadeira do dentistaFazia dois anos que não me sentava numa cadeira de dentista. Não que meus dentes estivessem por todo esse tempo sem reclamar um tratamento. Cheguei a marcar várias consultas, mas começava a suar frio folheando velhas revistas na ante sala e me escafedia antes de ser atendido. Na única ocasião em que botei o pé no gabinete do odontólogo - tem uns seis meses -, quando ele me informou o preço do serviço, a dor transferiu-se do dente para o bolso.

- Não quero uma dentadura em ouro com incrustações em rubis e esmeraldas - esclareci -, só preciso tratar o canal.

- É esse o preço de um tratamento de canal!

- Tem certeza? O senhor não estará confundindo o meu canal com o do Panamá?

Adiei o tratamento. Tenho pavor de dentista. O mundo avançou nos últimos 30 anos, mas a Odontologia permanece uma atividade medieval. Para mim não faz diferença um “pau-de-arara” ou uma cadeira de dentista: é tudo instrumento de tortura.

Desta vez, porém, não tive como escapar. Os dentes do lado esquerdo já tinham se transformado em meros figurantes dentro da boca. Ao estourar o pré-molar do lado direito, fiquei restrito à linha de frente para mastigar maminhas e picanhas. experiência que poderia ter dado certo, caso tivesse algum jeito para esquilo.

A enfermeira convocou-me na sala de espera. Acompanhei-a, após o sinal-da-cruz, e entramos os dois no gabinete do dentista, que, como personagem principal, só aparece depois do circo armado.

- Sente-se - disse ela, apontando para a cadeira.

- Sente-se a senhora - respondi com educada reverência -, ainda sou do tempo em que os cavalheiros ofereciam seus lugares às damas.

Minhas pernas tremiam. ela tomou a apontar para a cadeira. - O senhor é o paciente!

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- eu?? A senhora não quer aproveitar? Fazer uma obturaçãozinha, limpeza de tártaro? Fique à vontade. Sou muito paciente. Posso esperar aqui no banquinho.

O dentista surgiu com aquele ar triunfal de quem jamais teve cárie. Ah! Como adoraria vê-lo sentado na própria cadeira extraindo um siso incluso! Mal me acomodei e ele já estava curvado sobre a cadeira, empunhando dois miseráveis ferrinhos, louco para entrar em ação. Nem uma palavra de estímulo ou reconforto. Foi logo ordenando:

- Abra a boca.

Tentei, mas a boca não obedeceu aos meus comandos. - Não vai doer nada!

- Todos dizem a mesma coisa - reagi. - Não acredito mais em vocês!

- Abra a boca! - insistiu ele. Abri a boca. Numa cadeira de dentista sinto-me tão frágil quanto um recruta diante do sargento do batalhão.

ele enfiou um monte de coisas na minha boca e tocou o dente com um gancho.

- Tá doendo?

- Urgh argh hogli hugli.

Os dentistas são tipos curiosos. enchem a boca da gente de algodão, plástico, secadores, ferros e depois desandam a fazer perguntas. Não sou daqueles que conseguem responder apenas movendo a cabeça. Para mim, a dor tem nuances, gradações que vão além dos limites de um sim-não.

- A anestesia vai impedir a dor - disse ele, armado com uma seringa.

- e eu vou impedir a anestesia - respondi duro, segurando firme no seu pulso.

ele fez pressão para alcançar minha pobre gengiva. Permaneci segurando seu pulso. ele apoiou o joelho no meu baixo ventre. Continuei resistindo, em posição defensiva. ele subiu em cima de mim. Miserável! Gemi quase sem forças. ele afastou a mão que agarrava seu pulso e desceu com a seringa. Lembrei-me de Indiana Jones e, num gesto rápido, desviei a cabeça. A agulha penetrou na poltrona. Peguei o esguichador de água e lancei-lhe um jato no rosto. ele voltou com a seringa.

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- Não pense que o senhor vai me anestesiar como aneste sia qualquer um - disse, dando-lhe um tapa na mão.

A seringa voou longe e escorregou pelo assoalho. Corremos os dois para alcançá-la, caímos no chão, embolados, esticando os braços para ver quem pegava a seringa. Tapei-lhe o rosto com meu babador e cheguei antes. A situação se inverte ra: eu estava por cima.

- Agora sou eu quem dá as ordens - vociferei, rangendo os dentes. - Abra a boca!

- Mas... não há nada de errado com meus dentes.

- A mim você não engana. Todo mundo tem problemas dentários. Por que só você iria ficar de fora? Vamos, abra essa boca!

- Não, não, não. Por favor - implorou. - Morro de medo de anestesia.

era o que eu suspeitava. É fácil ser corajoso com a boca dos outros. Quero ver continuar dentista é na hora de abrir a própria boca. Levantei-me, joguei a seringa para o lado e disse- lhe, cheio de desprezo:

- Você não passa de um paciente!

Fonte: NOVAES, Carlos Eduardo. A cadeira do dentista e outras crônicas. Coleção Para gostar de ler. V. 10. São Paulo: Ática, 1994, p. 48-50.

Agora que você acabou de ler a crônica de Carlos Eduardo Novaes, deve estar se perguntando: o que isso tem a ver com um trabalho acadêmico? Que linguagem é essa? Pois é, essa realmente não é a linguagem adequada ao trabalho acadêmico, mas a descrição e o relato detalhado, esses sim nos remetem à ideia de relatório.

Um relatório científico trabalha com a descrição daquilo que se observa e com o relato dos acontecimentos, entretanto, com o objetivo de registrar permanentemente, por meio da divulgação, os resultados encontrados em uma pesquisa ou em um outro tipo de evento, como visitas e viagens.

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Tendo em vista que esse é um tipo de registro de caráter documental, perceba a importância dos gêneros acadêmicos anteriormente estudados, pois, para darmos sustentação ao relatório e assumirmos um posicionamento ante os resultados nele apresentados, precisamos embasá-lo em outros teóricos, isto é, precisamos saber resumir e resenhar.

Para o bom desenvolvimento de um relatório, é preciso:

a) traçar um plano, especificando o que se objetiva, qual o ponto de partida e como será feito o armazenamento de dados;

b) iniciar a descrição do trabalho, a partir da coleta de dados já ordenada;

c) fazer as críticas sempre fundamentadas em teóricos de renome na área.

Cabe ainda esclarecer que, em função dos diferentes contextos em que se deve apresentar um relatório, há uma classificação para esse tipo de texto. Em algumas situações, devemos fazer um relatório parcial (diário, semanal, mensal, semestral etc). Em outras, fazemos um relatório definitivo, como o relatório final de uma pesquisa. Da mesma forma, quando não nos cabe emitir o parecer da situação, não fazemos um relatório analítico, mas somente descritivo.

Enfim, como todo trabalho acadêmico, o relatório possui uma estrutura específica normatizada pela ABNT, mas que, dependendo da temática abordada, sofre algumas variações.

Veja, como exemplo, o relatório: Atenção Farmacêutica no Brasil: “Trilhando caminhos”, disponível no site: http://www.opas.org.br/medicamentos/docs/rot-atencao-farmaceutica.pdf.

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Síntese

Ao final desta unidade, que contempla o estudo de três gêneros textuais específicos, esperamos que você tenha compreendido as características de cada texto, retomadas a seguir:

� O resumo consiste na síntese de uma obra completa, de um capítulo da obra ou de um outro tipo de texto. Para isso, você deve compreender as ideias apresentadas no texto inicial, selecionar as que julgar relevantes e reescrevê-las com as suas palavras. Atenção: selecionar parágrafos de um texto e copiá-los não significa resumir esse texto. Não cabe, neste gênero, o seu posicionamento crítico sobre o tema apresentado no texto original.

Em algumas situações, você será o próprio autor do texto original, o que facilitará a elaboração do resumo. Isso correrá quando elaborar um resumo indicativo sobre o que escreveu em uma monografia ou em um artigo científico.

� Ao contrário da imparcialidade apresentada no resumo, a resenha se caracteriza por ser um texto composto da síntese das ideias, acrescida da crítica. Nesse caso, caberá a você obter, por meio de leitura, mais informações sobre o tema abordado no texto inicial, para que possa, de maneira fundamentada, expor sua opinião.

Estamos retomando resumo e resenha em uma abordagem mais acadêmica, mas não se esqueça de que, muitas vezes, encontramos tais textos publicados em jornais e revistas de ampla circulação, fazendo uso, inclusive de uma linguagem mais coloquial. Toda obra é passível de crítica (livro, exposição, filme, novela etc), logo, toda obra pode vir a ser o objeto de sua resenha.

� O último texto abordado foi o relatório, que também pode ser realizado em diferentes contextos. Trata-se de relatar a outra pessoa uma situação de viagem, visita, experimento, pesquisa, estágio etc. Caso você apenas descreva a situação tal como observou, sem interferência, terá escrito um

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Universidade do Sul de Santa Catarina

relatório descritivo. Caso você tenha que analisar o que observou, fundamentando-se em conceitos teóricos, emitindo um parecer, terá feito um relatório analítico.

Finalizando esta unidade, é de extrema importância chamar sua atenção para duas questões: a) você poderá se deparar, ao longo de suas tarefas acadêmicas, com outros textos, como artigo científico e monografia. Trata-se de textos mais complexos, que deverão ser escritos como resultados de pesquisa realizada sob orientação. Você poderá se informar sobre a estrutura e a função desses textos nas referências indicadas. b) A prática de escrita dos textos aqui estudados deve ser uma constante e sempre precedida de leitura e pesquisa, para que você possa aprimorar as habilidades já relacionadas, como compreensão textual, capacidade de síntese e crítica.

Atividades de autoavaliação

1) Leia o texto abaixo. em seguida, faça uma nova leitura usando uma das estratégias de leitura estudadas na Unidade 2. elabore um resumo com as ideias principais do texto.

Cotas para negros nas universidades do Brasil

Como podemos entender as “cotas” para o ingresso de negros em universidades no Brasil, se não existe uma política voltada para a educação de base? Investir na educação de base seria a melhor forma de acabar com a deficiência do ensino brasileiro, tendo em vista que o sistema de “cotas” pode se tornar mais uma forma de descriminação contra os afros descendentes, (que poderão ser taxados de incapazes para o ingresso no ensino superior). Mesmo sabendo que nós, brasileiros, temos uma dívida de três séculos ou mais para com os negros do nosso país, sabe-se que é de grande urgência tomar uma atitude, mas talvez as “cotas” não sejam a solução.

Atualmente, fala-se muito em “cotas” como se esse sistema fosse resolver os problemas dos negros. Dados os fatos: as “cotas” são aprovadas, os negros entram nas universidades, entretanto, pairam as perguntas: como teria sido a formação dessa pessoa no ensino fundamental e médio? Quando esses negros terminarem o curso

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Leitura de Produção Textual

Unidade 4

superior, quem irá garantir a sua vaga no mercado de trabalho? Serão inventadas cotas para o exercício da profissão também? Tendo em vista que essa dicotomia que relaciona problema social ao racismo não se acabará, passará a existir uma dicotomia renovada a de que o negro só tem uma formação acadêmica devido às “cotas“, iniciando uma nova dialética na tentativa de provar a capacidade intelectual, moral e social dos afros descendentes.

esse não seria um problema mais econômico do que racista? Ora, quem diz que se deve separar o que pertence ao negro do que pertence ao branco? Quem determina que ser negro é ser raça, e não que os negros estão incluídos na sociedade como todos os seres humanos como todos os homens e as mulheres, com os mesmos direitos econômicos, sociais e culturais? Quem cria a equidistância entre homens brancos e os homens negros? Quem no Brasil pode se dizer puramente negro ou puramente branco? É por isso que me sinto à vontade para dizer que o racismo no país é fato, mas não é substituindo responsabilidades econômicas para uma causa social que poderemos solucionar o problema, transferindo o descaso da educação (que é devido à má distribuição de renda no país) para o problema racial, ao invés de se resolver a questão econômica.. Dessa forma, o próprio negro se rotula e cria o outro, tornando-se ele (negro) mesmo racista ao ponto de não aceitar o que vem a ser feito de forma aleatória para humanos, sem separar onde termina um problema econômico e começa uma causa social, e quando os dois estão juntos e devem ser estudados juntos.

Portanto, o sistema de “cotas” não é a solução do problema racial no Brasil, até porque tem todo um arcabouço social, cultural e econômico que envolve o problema de racismo no Brasil, esse sistema pode ou não ajudar, mas com certeza não é a solução do racismo em nosso país. então, por que desde já não se começa a investir na educação de base, de forma que, todos tenham acesso a ela, (negros, brancos, pobres, índios, imigrantes e descendentes), para que cheguem ao ensino superior em igual, sem que sejam necessárias as “cotas” para que negros tenham possibilidades de frequentar uma universidade e para que quando terminem o curso superior o mercado de trabalho esteja aberto para os receberem sejam ricos ou pobres, negros ou brancos, ou de qualquer linha social de que venha a sua descendência? Acredita-se que as “cotas” geram conflito entra as pessoas, ao contrário do que se acha, ou seja, de que facilitaria a convivência entre “Negros e Brancos”, dentro de uma sociedade sem raça e sem cor. Isso não resolve o problema. Segundo a antropóloga Yonne Magie, professora da UFRJ, no lugar de cotas para “Negros” deve-se abrir vagas nas escolas para todos, e não é só vagas, mas investir na educação de base para que se tenha uma educação de qualidade e não de quantidade. A antropóloga fala também que “falar em ‘raça’ é tentar apagar o fogo com gasolina, pois as ‘cotas’ são um cala-boca para a sociedade e a comunidade

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negra do país”. Com tantos problemas sociais e econômicos no país, querer resolver os problemas de racismo através das “cotas” não é a solução. Pode ser um paliativo, mas não resolverá a crise do racismo no Brasil, tendo em vista que as “cotas” podem servir como novo veículo de discriminação contra os afros descendentes.

José Carlos Miranda, do MNS (Movimento Negro Socialista), afirma que a luta contra o racismo é a luta pela a igualdade, na tentativa de afirmar que todos serão iguais, mesmo tendo em vista que são diferentes e individuais enquanto pessoas. Os negros estão para a sociedade como pessoa e não como raça, coitadinho ou um incapaz, são pessoas que têm as mesmas capacidades como qualquer outro indivíduo no meio social em que vive.

(Roniclay Vasconcelos. 02/04/07)

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Leitura de Produção Textual

Unidade 4

2) Agora, elabore um texto sobre a cultura de poder, violência e dominação que perpetua na nossa atualidade. Publique o seu texto na ferramenta exposição.

Saiba mais

Sobre a elaboração de textos acadêmicos, consulte:

FLORES, Lúcia Locatelli. Redação: o texto técnico/científico e o texto literário, dissertação, descrição, narração, resumo, relatório. Florianópolis – SC: Editora da UFSC, 1994.

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UNIDADe 5

Tópicos gramaticais

Objetivos de aprendizagem

Ao final da unidade, você terá subsídios para:

� Compreender e aplicar algumas das regras de concordância.

� Compreender e aplicar algumas das regras de regência.

� Usar o acento de crase nas situações mais comuns.

� Pontuar o texto de acordo com a modalidade padrão.

Seções de estudo

Nesta unidade você vai estudar os seguintes assuntos:

Seção 1 Concordância nominal e verbal

Seção 2 Regência verbal

Seção 3 Crase

Seção 4 Pontuação

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Para início de conversa

Produzir um texto na modalidade padrão ou norma culta da língua, requer conhecimento de algumas regras gramaticais, definidas na gramática normativa.

Dessa forma, propomos o estudo de algumas dessas regras. É claro que não se trata de um estudo exaustivo da gramática, para o qual precisaríamos de disciplinas específicas, mas de uma apresentação de tópicos relevantes, como concordância, regência, crase e pontuação. Também não se trata aqui de uma exposição completa desses assuntos, porém da seleção dos casos mais intrigantes, ou seja, aqueles que normalmente provocam dúvidas nos momentos de produção escrita.

Assim sendo, as quatro seções desta unidade estão organizadas em exemplos e explicações que se intercalam, visando a abordar as regras de forma direta e objetiva.

Esperamos despertar em você a curiosidade para buscar mais informações nas gramáticas sobre outras regras não estudadas aqui, lembrando que o hábito de consultar gramáticas e dicionários, associado à prática de revisão do próprio texto, é de fundamental importância para que seu trabalho escrito apresente uma linguagem mais adequada à modalidade padrão, exigida no contexto acadêmico e profissional.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

Seção 1 – Concordância

Nesta seção, você verá alguns casos de concordância que merecem um estudo particular. Inicialmente, acompanhe a apresentação de algumas regras de concordância verbal e, na sequência, algumas regras de concordância nominal que, tanto quanto as primeiras, também devem ser colocadas em destaque.

Vamos começar com duas situações:

a) O artigo realizado pela acadêmica será publicado.

b) Os acadêmicos participantes da pesquisa também publicarão seus trabalhos.

Observando os termos destacados em negrito, você concluirá que, no primeiro exemplo, será concorda com o artigo e, no segundo, publicarão concorda com os acadêmicos.

Trata-se do mecanismo da concordância verbal, que tem como regra geral: sujeito no singular, verbo no singular; sujeito no plural, verbo no plural, ou seja:

O verbo concorda com o sujeito.

Concordar verbo com sujeito em situações como as exemplificadas em (a) e (b) não deve ser uma tarefa difícil para você, que já faz isso nos momentos de comunicação oral ou escrita. No entanto, há algumas situações que geram dúvida quanto a deixar o verbo no singular ou no plural. Normalmente, isso acontece quando não conseguimos identificar quem é o “tal” sujeito.

Você verá aqui algumas dessas situações, que podem ser consideradas como casos particulares de concordância verbal.

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Caso 1 – Haverá ou haverão?

Uma das situações em que podemos usar o verbo HAVER é em substituição ao verbo existir, uma vez que os sentidos de ambos se equivalem. Veja a comparação:

1) Existem muitos brasileiros cuja sobrevivência depende de programas governamentais. 2) Há muitos brasileiros cuja sobrevivência depende de programas governamentais.

Observe que o verbo existir está no plural, concordando com o sujeito “muitos brasileiros”, enquanto o verbo haver se mantém no singular. O mesmo ocorre nos exemplos a seguir:

3) Existirão muitos problemas na região atingida pela guerra.4) Haverá muitos problemas na região atingida pela guerra.

Mais uma vez, o verbo existir está no plural, concordando com o sujeito “muitos problemas”, diferente do verbo haver, que permanece no singular. Essa mesma diferença você ainda poderá observar nos exemplos seguintes:

5) Devem existir meios de transporte mais confortáveis em países mais desenvolvidos. 6) Deve haver meios de transporte mais confortáveis em países mais desenvolvidos.

Novamente, no primeiro caso, o verbo está no plural, concordando com o sujeito “meios de transporte”. No segundo enunciado, isso já não ocorre. Observe que agora os verbos principais “existir” e “haver” não estão sozinhos, pois vêm acompanhados de um outro verbo com função auxiliar: o

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

verbo dever. Mesmo nesta situação, a regra de concordância se mantém: o verbo que acompanha existir vai para o plural, e o verbo que acompanha haver fica no singular.

A essa altura, você deve estar concluindo, ou pelo menos questionando:

Nunca devo usar o verbo haver no plural?

Calma, não generalize: em alguns casos você verá o verbo haver no plural.

Veja o seguinte exemplo:

7) Ele havia corrigido prova.

8) Eles haviam corrigido a prova.

Nesses enunciados, o verbo haver apenas acompanha/auxilia o verbo corrigir. Perceba que, nessa função de verbo auxiliar, ele concorda com o sujeito ele/eles, logo é expresso tanto no singular quanto no plural. No entanto, não se trata do mesmo sentido do verbo haver usado anteriormente.

Agora, retomando os enunciados de (2), (4) e (6), em todos esses exemplos, o verbo haver tem sentido de existência. Temos falado que, em situações como essa, o verbo existir concorda com o sujeito e o haver não concorda.

A explicação para isso é muito simples: o verbo haver, quando indica existência ou acontecimento, pertence a uma lista de verbos chamados de impessoais, isto é, verbos que não possuem sujeito, logo, não há com quem fazer a concordância, por isso são usados sempre no singular.

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Essa situação se estende a outros casos na nossa língua. Vamos ver? Observe:

9) Faz um ano que te conheço.

10) Faz três anos que ele desapareceu.

Perceba que, independente de estar diante de uma expressão singular (um ano) ou plural (três anos), o verbo fazer permanece no singular.

Constantemente, ouvimos algumas pessoas, na intenção de “caprichar” na concordância, dizerem frases como Fazem dois anos que estão esperando ajuda. No entanto, agora você sabe que isso está inadequado em relação à regra prescrita pelos gramáticos. Em função de o verbo fazer (usado para indicar tempo decorrido) pertencer à classe dos verbos impessoais, admite-se apenas seu uso no singular: Faz dois anos que estão esperando ajuda. Podemos, assim, sintetizar essa regra, conforme o quadro abaixo:

Verbos Impessoais: permanecem no singular!

Haver no sentido de existir � Havia muitas propostas de emprego naquela época.(Existiam)

Haver no sentido de acontecer � Deve ter havido muitos acidentes no último feriado. (Devem ter ocorrido)

Fazer no sentido de tempo decorrido � Faz três anos que eles se conhecem.

Dando sequência ao roteiro de apresentação de regras de concordância verbal, você estudará outro caso que merece destaque.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

Caso 2 - Aluga-se ou Alugam-se casas?

Quando circulamos pelas ruas de nossas cidades, é comum nos depararmos com placas de venda ou aluguel de imóveis ou produtos, situações em que podemos observar o uso, muitas vezes equivocado, da regra de concordância prevista na gramática normativa, como “aluga-se casas, alugam-se esta casa, terreno vendem-se, conserta-se móveis etc.” Observe como se faz este tipo de concordância:

1) Aluga-se casa.

2) Alugam-se casas.

A dúvida é: o verbo alugar deve concordar com a palavra casa?

Isso pode lhe parecer estranho, uma vez que dissemos anteriormente que o verbo sempre concorda com a palavra que funciona como sujeito na oração. No entanto, no exemplo (1), a palavra casa é sujeito do verbo ALUGAR, por isso, em (2), o verbo vai, necessariamente, para o plural, concordando com o sujeito plural.

A melhor forma de você conseguir identificar isso é fazendo o seguinte teste: Veja se é possível transformar a oração estruturada como alugam-se casas em casas são alugadas. Isso parece perfeito na nossa língua.

Sem dúvida, é mais fácil usar o verbo no plural na segunda situação: casas são alugadas. Mas saiba que ambas as orações são equivalentes, pois estão na voz passiva e, consequentemente, nas duas situações, a palavra casas funciona como sujeito do verbo alugar.

Veja outros exemplos e observe como o verbo sempre está concordando com a palavra em destaque:

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3) Vendem-se imóveis. OU Imóveis são vendidos.

4) Observaram-se os exemplos. OU Os exemplos foram observados.

5) Compram-se quadros antigos. OU Quadros antigos são comprados.

6) Aprovaram-se os orçamentos. OU Os orçamentos foram aprovados.

Atenção, não pense que todas as situações de uso do verbo seguido do pronome “se” pertencem a essa regra.

Muitas vezes, para indeterminar o sujeito, isto é, de forma intencional, não identificá-lo, construímos orações parecidas com os exemplos anteriores, mas com uma condição diferente em relação à concordância: o verbo deve sempre ficar no singular.

É o caso dos exemplos seguintes:

7) Precisa-se de ajudantes.

8) Trata-se de questões difíceis.

9) Necessita-se de verbas para o desenvolvimento de pesquisas.

10) Acredita-se em políticos honestos.

Repare que, mesmo seguidos de palavras no plural (em destaque), os verbos permanecem no singular. Isso ocorre porque tais palavras não funcionam como sujeito para os respectivos verbos; aliás, como você já viu, nesses exemplos, o sujeito não é identificado.

— Para finalizar esse caso, compare as duas situações apresentadas.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

Se, nos exemplos de (3) a (6), conseguimos transformar as orações, mostrando as duas estruturas de voz passiva na nossa língua, o mesmo não ocorre com os exemplos de (7) a (10).

Vamos testar:

7) Precisa-se de ajudantes. (De ajudantes são precisados). (?)

8) Trata-se de questões difíceis. (De questões difíceis são tratadas). (?)

9) Necessita-se de verbas. (De verbas são necessitadas). (?)

10) Acredita-se em políticos honestos. (Em políticos honestos são acreditados). (?)

De fato, a segunda opção parece sempre estranha aos nossos ouvidos, e indicamos isso com o sinal de interrogação: (?). Além disso, essas construções indicadas nos parênteses não são permitidas na norma padrão.

Portanto, você deverá concordar o verbo do seguinte modo:

� Usar plural ou singular (dependendo do sujeito) nos casos equivalentes ao primeiro grupo de exemplos.

Compra-se livro

Compram-se livros

� Usar apenas a forma singular nos casos equivalentes ao segundo grupo de exemplos.

Trata-se de um problema a ser resolvido.Trata-se de vários problemas a serem resolvidos.

Se você é um bom observador, deve ter percebido um ponto que diferencia os exemplos do primeiro grupo dos exemplos do segundo grupo. Nesses últimos, de (7) a (10), o verbo sempre

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exige uma preposição (de, em) e isso impede que tratemos tais orações como as dos exemplos anteriores, de (3) a (6).

Fica registrada aí mais uma dica: na presença de preposição com a particula Se, o verbo permanece no singular.

Observe o exemplo (7) aqui repetido:

Precisa-se de ajudantes.

Ainda no quadro das regras de concordância verbal, seguiremos com uma breve relação de situações sobre as quais você pode ter dúvidas.

Caso 3 - Outros casos relevantes

Observe os seguintes exemplos: A maioria dos examinadores aprovou o projeto.A maioria dos examinadores aprovaram o projeto.

Observe que as duas opções apresentadas estão corretas, pois o verbo pode concordar com a palavra maioria ou com examinadores. O mesmo ocorre com os seguintes exemplos:

Metade dos alunos não apresentou o trabalho.Metade dos alunos não apresentaram o trabalho.

Um grupo de crianças desapareceu.Um grupo de crianças desapareceram.

Outra situação de concordância facultativa ocorre quando escrevemos o verbo antes de um sujeito composto.

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Observe:

Discursaram o presidente e os ministros.Discursou o presidente e os ministros.

Neste caso, o verbo discursar tanto pode concordar com os dois núcleos do sujeito – presidente e ministros – quanto pode concordar com o termo mais próximo: presidente.

Atenção: o mesmo não ocorreria se o verbo viesse após o sujeito, caso em que obrigatoriamente usaríamos o verbo no plural.

Observe o seguinte exemplo:

O presidente e os ministros discursaram.

Além desses casos abordados, em que podemos fazer a concordância de modo flexível, vale a pena, ainda, fazer com que você observe a concordância do verbo em situações em que usamos porcentagens:

25% dos alunos faltaram à avaliação.25% da verba é destinada a projetos educacionais.

Repare que, nos exemplos acima, a concordância não se dá entre o verbo e a expressão que indica porcentagem, mas entre o verbo e a palavra seguinte a essa expressão. Diferente seria se a expressão que indica porcentagem viesse “desacompanhada”. Neste caso, necessariamente, deveríamos concordar o verbo com o numeral:

25% gostam do projeto.Apenas 1% não compareceu à avaliação.

Até agora, mostramos a concordância que se pauta na relação entre verbo e sujeito. Na sequência, abordaremos casos de concordância nominal, ou seja, a concordância que se ocupa da relação entre os nomes.

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Caso 4 - Obrigado ou obrigada?

Agruparemos neste item os casos de concordância nominal nos quais você deve prestar atenção, tanto em sua produção escrita quanto oral.

� Palavras como próprio, mesmo, quite, obrigado, anexo e incluso sempre devem concordar com o termo ao qual se referem. Não se trata apenas da concordância de número (uso de singular ou plural), mas também de gênero (masculino e feminino). Portanto, são adequados os exemplos a seguir:

Eles próprios planejaram toda a viagem.Ela mesma revisou seu texto.Os alunos estão quites com as parcelas da formatura.Ela apenas disse: muito obrigada.Seguem anexas as avaliações.Seguem inclusos os comprovantes.

� Palavras como meio e bastante podem variar ou não.

Observe:

Ele está meio cansado.Ela está meio cansada.

Quando usado no sentido de intensidade, equivalente a expressões como “um pouco” ou “mais ou menos”, meio é invariável. Ao contrário, quando usado no sentido de metade, meio é variável, como fica claro em:

Usou meio copo de leite. Usou meia xícara de leite.

Portanto, diferente da forma como muitas vezes ouvimos, o horário de 12:30 deve seguir a seguinte concordância: meio dia e meia.

Na dúvida sobre o uso da palavra bastante, substitua-a pela palavra muito e verifique se a opção é singular ou plural.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

Exemplo:

Comprei bastantes livros. (muitos)Estão bastante agitados. (muito)

Não é muito comum ouvirmos, mas, no primeiro caso, a forma adequada é bastantes, indicando quantidade. No segundo, trata-se de um uso invariável, quando indica intensidade.

Atenção: lembrete sobre concordância nominal

Menos é uma palavra invariável, portanto, não existe outra maneira de escrevê-la ou pronunciá-la.

Finalizando esta seção, ratificamos que não se pretende esgotar o assunto com esse roteiro aqui apresentado. Estamos apenas chamando a atenção para alguns casos de concordância verbal e nominal que não devem ser esquecidos. Busque outras informações em gramáticas a que você tenha acesso, ou pesquise a partir da referência indicada na seção Saiba Mais.

Dando sequência aos tópicos gramaticais, você estudará, na seção seguinte, algumas das regras de regência que devem ser aplicadas no texto escrito.

Seção 2 – Regência

Inicie o seu estudo sobre regência, observando os seguintes exemplos, que não devem ser muito distantes daquilo que você ouve/fala ou lê/escreve em seu cotidiano.

1) Gosto de sorvete.

2) Sempre implicamos com nossos vizinhos.

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3) As crianças pensaram em você?

4) Estava me referindo aos meus vizinhos.

O que esperamos que você perceba é o uso das preposições (destacadas) em todos os enunciados. Trata-se de uma exigência dos verbos, ou seja, sempre usamos os verbos acima seguidos das preposições em destaque.

Desse modo, podemos conceituar regência verbal como o comportamento do verbo em relação à exigência ou não de preposição.

Por exemplo, não falamos gosto você ou gosto viajar; ao contrário, sem nenhum esforço, dizemos gosto de você ou gosto de viajar. Então, podemos concluir que o verbo gostar exige ou rege a preposição de.

É claro que temos aí um exemplo que não causa grandes problemas, dada a facilidade com que usamos o referido verbo. No entanto, algumas vezes, você ficará em dúvida diante de situações um pouco mais complicadas. Vale a pena, então, conhecer ou relembrar a regência de alguns verbos, que merecem atenção especial.

Caso 1 - Assistir o filme ou Assistir ao filme?

O verbo ASSISTIR pertence a um grupo de verbos que, pelo fato de possuírem mais de um sentido, apresentam diferentes regências. Observe:

5) Eles assistiram ao filme.

Neste exemplo, com o sentido de ver, presenciar, o verbo exige preposição (em destaque). O mesmo ocorre quando usamos assistir no sentido de pertencer, caber, como mostra o seguinte exemplo:

6) Este é um direito que assiste ao consumidor.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

Por outro lado, quando usado no sentido de ajudar, prestar assistência, o mesmo verbo não exige mais preposição, fato que podemos verificar neste último exemplo.

7) O enfermeiro assistiu o doente.

Outros verbos têm comportamento semelhante ao verbo assistir. Observe a regra de regência para o verbo IMPLICAR.

8) O atraso na entrega do projeto implicará prejuízo financeiro.

Neste caso, usamos o verbo com o sentido de acarretar. Geralmente, na linguagem cotidiana, usamos esse verbo com a proposição em. Você já deve ter lido ou ouvido enunciados como o exemplo acima do seguinte modo: “...implica em prejuízo...”, cujo emprego é inadequado, nesse caso, pois segundo a norma, quando usado nesse sentido, o verbo implicar não pede preposição. Portanto, a forma usada em (8) é adequada.

Implicar também pode ser usado no sentido de ter implicância e, quando isso ocorre, devemos usá-lo com a preposição com, conforme exemplo a seguir.

9) Ele sempre implica com os namorados de suas filhas.

Então, tanto assistir quanto implicar são verbos que têm a regência modificada, de acordo com o significado que assumem. Há, ainda, outros verbos que se enquadram nesse grupo. Portanto... seja curioso (a)! Abra uma gramática e veja a regência dos verbos aspirar, agradar, custar, proceder, visar.

Caso 2 - Prefiro estudar do que trabalhar?

Há outras situações em que você também poderá ter dúvidas, mesmo que o verbo seja usado apenas em um único sentido e possua apenas uma regência. Veja os enunciados e decida qual deles está adequado à norma prescrita na gramática.

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10) Prefiro estudar do que trabalhar. 11) Prefiro estudar a trabalhar.

Se você apostou em (11), há duas possibilidades: ou você já tem essa regra memorizada, ou desconfia de que a opção (10) seja muito óbvia. De fato, a forma apresentada no exemplo (10) é a que utilizamos na modalidade coloquial. Na fala, torna-se quase uma regra usar do que entre os dois complementos do verbo preferir.

Entretanto, a forma apresentada em (11) é a adequada, pois a regência de preferir é: “preferir uma coisa a outra”.

Mais uma vez você pode observar a diferença entre a linguagem que utilizamos no dia a dia e a linguagem que nos é exigida em textos escritos na modalidade padrão. Continue investigando como essa diferença é visível em relação às regras de regência. Volte à gramática, ou consulte o dicionário, e veja a regência dos verbos obedecer e desobedecer.

Caso 3 - Informo alguém de algo? Informo algo a alguém?

Há, ainda, os verbos que permitem duas formas de regência para a mesma situação. Assim, podemos usar o verbo INFORMAR nas duas construções exemplificadas a seguir, ambas adequadas à norma.

12) O deputado informou os eleitores sobre o projeto.13) O deputado informou o projeto aos eleitores.

É importante saber que outros verbos têm a mesma regência do verbo informar, como avisar, notificar, cientificar, prevenir.

Caso 4 - As pessoas que eu trabalho ou as pessoas com quem eu trabalho?

Finalizando, é necessário chamar a atenção para uma situação muito comum na linguagem coloquial. Geralmente, ouvimos enunciados semelhantes aos exemplos abaixo:

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14) As pessoas que eu trabalho vieram de outra cidade. 15) Não encontrei as pessoas que você se referiu. 16) As pessoas que eu gosto não vieram à festa.

Você consegue identificar o problema de regência em cada um desses exemplos? Vejamos:

14) O verbo TRABALHAR exige a preposição com. Logo, se você diz “eu trabalho com as pessoas”, o mesmo deve ser feito nas estruturas mais complexas em que aparecem pronomes como que, o qual, quem. Assim, aplicando a regra de regência, corrigimos o enunciado para:

As pessoas com quem eu trabalho vieram de outra cidade.

15) O verbo REFERIR-SE exige a preposição “a”. Por exemplo, dizemos “eu me refiro aos alunos”. Então, devemos reescrever o enunciado do seguinte modo:

Não encontrei as pessoas a quem você se referiu.

16) O verbo GOSTAR, o primeiro abordado nesta seção, exige a preposição de. Você, com certeza, diria “eu gosto das pessoas”, e não “eu gosto as pessoas”. Portanto, corrigindo o exemplo, temos:

As pessoas de quem eu gosto vieram à festa.

Observe que, mais uma vez, estamos chamando a atenção para a estrutura permitida na modalidade coloquial, em oposição à exigência da norma.

Esperamos que você tenha compreendido que o princípio da regência verbal está na exigência que o verbo faz em relação à preposição. Muitos verbos exigem a preposição a, e, quando essa coincide com a ocorrência de outro a, temos o acento indicador de crase. Logo, é praticamente uma consequência do estudo da regência estudar um pouco sobre a crase, o tópico abordado na próxima seção.

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Seção 3 – Crase

Para entender o uso da crase, é interessante que você relembre seus tempos de estudante, em que sua professora dizia: “crase é a fusão de duas vogais iguais em uma só, sendo que uma é preposição e a outra é artigo”.

Então, para você não esquecer mais, vamos reforçar: em Língua Portuguesa, crase é a fusão das vogais idênticas a (preposição) + a (artigo) e é indicada por meio do acento grave.

a + a

à

Lembrou? Pois é, um dia já ouvimos essa explicação, conseguimos lembrar, mas poucos sabem de fato usar a crase. Por que será?

Antes de entrar na exemplificação dos usos obrigatórios ou facultativos da crase, é preciso deixar claro que as pessoas têm dificuldades para usá-la por falta de conhecimentos de regência, pois, para saber se há crase ou não, temos de saber, primeiramente, se a regência da palavra anterior exige ou não a preposição a.

Quer ver?

O verbo IR, por exemplo, exige a preposição a, correto? Então, quem vai, vai a algum lugar. Dessa forma, temos as seguintes construções:

Ex1: Paulo foi ao cinema ontem.

Como você pode ver, o verbo Ir exige a preposição a e cinema (substantivo masculino) exige o artigo o. Assim, temos a (preposição) + o (artigo) = ao.

Vamos, agora, substituir a palavra CINEMA, por uma palavra feminina.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

Ex2: Paulo foi à praia ontem.

Bem, você já deve saber que, como no primeiro exemplo, aqui o verbo Ir continua exigindo a preposição a. Então, ocorre crase por que temos a (preposição) + a (artigo) = à

Acreditamos que a aplicação da crase apenas com base nas regras gramaticais não nos garante o domínio de quando devemos ou não usá-la. Portanto, a partir de agora, apresentaremos uma série de situações cotidianas e dicas para que você saiba como bem aplicá-la. Vamos lá?

Para início de conversa, a primeira coisa que precisamos deixar claro quando se estuda crase é que ela só ocorre diante de palavra FEMININA. Caso contrário, tem-se ao e não à.

A partir do que foi dito acima, você deve ter lembrado da recomendação do seu professor de Língua Portuguesa quando ele disse que para saber quando usar crase, basta substituir uma palavra feminina por uma masculina e, se diante da palavra masculina eu tiver ao, então ocorre crase. Certo?

Bem, essa dica até que tem a sua validade, mas cuidado, por que nem sempre ela é eficiente. Quer ver!

Vejamos a frase abaixo:

Ex: Paulo foi a Roma com sua nova namorada

De nada adianta usar a regra, por que Roma não admite o artigo a.

Hum! Agora você deve estar se perguntando: “Então, como faço para saber se diante de nome de cidades, estados ou países ocorre ou não crase?”

Uma boa saída é trocar o verbo que pede a preposição a pelo verbo VIR.

Ex1: Paulo foi a Roma com a sua nova namorada.

Paulo voltou de Roma com a sua nova namorada.

Ex2: Paulo foi à Itália com a sua nova namorada.

Paulo voltou da Itália com a sua nova namorada.

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Bem, não é difícil concluir que a dica é: se aparecer da (de + a) depois do verbo vir, então ocorre crase, caso contrário, não ocorrerá.

Agora que você sabe que precisa usar a crase sempre que houver um verbo que exige a preposição a, vamos ver outros casos em que o uso da crase é obrigatório, facultativo ou quando não se deve usá-la.

Casos obrigatórios:

Situação 1:

Diante das locuções adverbiais formadas por palavra feminina, como às pressas, à toa, às claras, à tarde, às vezes, à direita, à esquerda etc.

Exs:

1. Escobar voltou à tardinha para encontrar Capitu. (Machado de Assis)

2. O melhor hotel da cidade ficava à esquerda da ponte que dava acesso ao portal principal.

3. Se não economizarmos energia, ficaremos às escuras.

4. Preferiu ser sincero, deixando a traição às claras.

5. Às vezes, é preciso rir para não chorar.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

Deve-se ressaltar, porém, que nas locuções adverbiais que indicam instrumento não ocorre crase.

Ex:

1. A carta foi escrita a mão.

2. As fantasias foram feitas a máquina.

3. João foi morto a facada.

4. Ele saiu com o barco a vela.

Isso fica claro quando você substitui qualquer expressão dessas por uma masculina. Quer ver? Você não diz “A carta foi escrita ao lápis”

Nem:

“João foi morto ao machado”.

Assim como você não diz: “Fiz o pagamento ao prazo”. Mas diz: “Fiz o pagamento a prazo”.

CUIDADO!

Com a expressão a vista, pode ocorrer crase em outras situações. Quer ver?

Ex: O resultado do ENEM está à vista de todos.

Por quê: à vista, aqui, significa ao alcance de todos.

Então: a expressão a vista de, quando significar ao alcance de, será craseado.

Situação 2:

Diante dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo, quando esses vierem precedidos de verbos regidos pela preposição a.

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Exs:

1. Todos irão àquela (a + aquela) praia.

2. Muitos irão àquele (a + aquele) baile.

3. Raquel referia-se àquilo que você fez ontem.

Situação 3:

Diante de locuções prepositivas à frente de, às custas de, à maneira de etc.

Exs:

1. Por causa desses vícios e das mulheres é que as cruzes nascem à beira das estradas. (Visconde de Taunay)

2. A polícia britânica deixou a população à mercê dos terroristas.

Situação 4:

Diante da expressão à moda de ainda que esteja subentendida.

Exs:

1. A festa estava ótima, mas o maior astro da noite saiu à (moda) francesa e não se despediu nem dos anfitriões.

2. Com um vestido à (moda) Chanel, Gisele chegou deslumbrante ao evento.

3. Meu sonho é ter um casaco à moda italiana.

Situação 5:

Diante da palavra casa, terra e distância, quando estas forem determinadas e mesmo que subentendidas.

Exs:

1. Joana chegou à casa de Laura com uma hora de atraso.

2. Chegamos há dois dias à terra de nossos pais.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

3. O corredor ficou à (distância de) cem metros da linha de chegada.

Mas cuidado: diante da palavra distância, quando não estiver determinada, não ocorre crase. Assim, você deve escrever: “Faço curso a distância”. “Fiz a matrícula numa faculdade a distância”.

Situação 6:

Quando houver numerais indicando horas exatas.

Exs:

1. Regressaremos às dez horas.

2. A aula será das duas às seis da tarde.

3. Cheguei à festa às duas da manhã.

4. Encontrei meu amigo à uma hora da tarde.

Atenção!

Quando uma estiver se referindo à hora de relógio, usa-se crase, mas quando significa distância, é diferente. O correto é

a) Meu novo emprego fica a uma hora da minha casa.

b) Itajaí fica a uma hora de Florianópolis.

Mas:

a) Para surpresa de todos, o assalto ocorreu à uma hora da tarde.

b) À uma da madrugada não se deve sair sozinho nas grandes cidades.

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Casos em que não se usa crase

Situação 1:

Diante de palavras masculinas:

Exs:

1. A entrevista foi concedida a Carlos Henrique Amorim.

2. O Banco do Brasil emprestou dinheiro a empreiteiros estrangeiros.

Situação 2:

Diante de verbos no infinitivo (ou seja, não conjugados).

Exs:

1. Depois de uma noite mal dormida, ficou a ver estrelas durante todo o dia.

2. Em Miami, não pude me limitar a comprar apenas o básico.

3. Depois de muita explicação, comecei a entender o uso da crase.

Situação 3:

Diante de uma palavra no plural, quando o a estiver no singular.

Exs:

1. Não devo obediência a leis injustas.

2. Na correção da prova, o professor só fez referência a questões fáceis.

3. Na última eleição, as emissoras só deram espaço a candidatas bonitas.

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Unidade 5

Casos em que o uso da crase é facultativo

Situação 1:

Diante de pronomes possessivos (minha, nossa, tua, sua )

Exs:

1. Obedeço a (à) minha mãe.

2. Disse a (à) tua prima que o jantar não era para qualquer pessoa.

3. A crítica se referia a (à) nossa escola.

Situação 2:

Diante do nome de pessoas do sexo feminino.

Exs:

1. Vou dar emprestar a (à) Dilma o meu casado preto.

2. João fez referência a (à) Laura.

3. O professor fez alusão a (à) Cecília Meireles.

Agora que você já viu alguns tópicos gramaticais fundamentais para a construção de enunciados na norma culta, como concordância, regência e crase, fazemos outro desafio: que tal aprender a usar os sinais gráficos, especialmente a vírgula, de forma que o seu texto reflita o que você realmente deseja?

Afinal, são eles os grandes astros da construção de sentido de um texto.

Vamos, então, à próxima seção.

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Seção 4 – Pontuação

Iniciaremos esta seção convidando você à leitura do enunciado a seguir. Veja se é possível compreendê-lo:

Os analistas desistiram logo o curso foi um fracasso.

A falta de pontuação dificulta a apreensão de um sentido específico. Em princípio, não sabemos se “os analistas desistiram rapidamente e, por isso, o curso foi um fracasso” ou se “o curso foi um fracasso porque os analistas desistiram”.

Observe agora que esses dois sentidos podem ficar claros, caso o enunciado seja refeito com a devida pontuação. Leia-os novamente e perceba o quanto a pontuação é determinante na construção do sentido.

Os analistas desistiram logo. O curso foi um fracasso.Os analistas desistiram, logo, o curso foi um fracasso.

Na fala, esses sentidos seriam marcados pela entonação, isto é, pelo tom que o falante dá à voz para expressar sua intenção. Na escrita, os sinais de pontuação cumprem a função de aproximar o texto do sentido desejado pelo autor.

Como você já sabe, a pontuação abrange vários recursos gráficos, como ponto final, dois pontos, ponto de exclamação, ponto de interrogação, vírgula, ponto e vírgula etc.

No entanto, seguindo a proposta desta unidade, que consiste em enfatizar as situações gramaticais mais relevantes, você verá alguns casos de uso da VÍRGULA, acreditando que as regras que determinam tal uso sejam o ponto de maior dúvida entre maioria dos acadêmicos.

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Unidade 5

Você já deve ter ouvido falar que, ao ler um texto, toda vez que fazemos uma pausa, deve haver uma vírgula. Mas, cuidado: nem toda pausa requer o uso da vírgula.

Na verdade, o uso da vírgula está pautado na estrutura sintática dos períodos, não havendo, portanto, relação direta entre fala e escrita. A seguir, listaremos algumas regras que podem lhe ser úteis quando fizer suas atividades de escrita.

Regra 1

Há uma orientação básica quanto ao emprego da vírgula: Não se separa sujeito de verbo. Observe os exemplos:

1) Os estudantes entregaram o relatório.2) Todos os estudantes da área da Saúde deveriam participar do evento. 3) Todos os estudantes inscritos no último congresso sobre Saúde e Educação devem receber certificado.

Quando a regra número 1 é apresentada, parece que quem a está explicando considera isso muito fácil, não é mesmo? Mas, se assim o fosse, não teríamos tanta gente com dificuldades para usar a vírgula em textos diversos. Então, vamos tentar deixar as coisas mais claras.

Desde cedo, você aprendeu que VÍRGULA INDICA UMA PEQUENA PAUSA. Certo? Bem, isso nem sempre acontece. Então, vamos mudar essa sugestão e usar aquela que nos dá Napoleão Mendes de Almeida, um importante gramático da Língua Portuguesa, que diz o seguinte: “ONDE NÃO HÁ PAUSA, NÃO HÁ VÍRGULA”.

Vejam os exemplos abaixo:

1. Confira o último CD do grupo Vozes da África.

2. Confira, na última listagem publicada, o nome dos classificados no vestibular.

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Ficou fácil, não é mesmo?

Bem, agora, então, vamos continuar apresentando a você algumas regras que podem ajudá-lo a usar a vírgula com maior facilidade.

Regra 2

Há situações específicas em que se deve usar vírgula entre os termos da oração. Vejamos.

Situação 1: Imagine que você está conversando com seu amigo sobre o que você fez ontem à noite.

- (1) O que você fez ontem à noite? - (2) Ontem? Após o curso de inglês, fui ao cinema. - (3) Sozinho? - (4) Não. Fui ao cinema com a Maria, aquela gatinha do 603. - (5) É mesmo, ela é uma gatinha, ou melhor, uma gatona. - (6) Paulo, para com isso! Eu já estou de olho nela faz tempo.

Observe que usamos a vírgula em quatro dos enunciados apresentados, em função de terem diferentes estruturas oracionais. No enunciado (2), a vírgula é usada para separar termos que se encontram “fora do lugar”, isto é, termos que não respeitam a ordem: sujeito + verbo + complementos. Veja:

- (2) [...] Após o curso de inglês, fui ao cinema.

Quem foi ao cinema? Eu (sujeito). Qual é o verbo? “fui” (ir). Qual o complemento? “cinema”

Então, a ordem padrão seria:

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Unidade 5

- (2) Fui ao cinema após o curso de inglês.

Mas, se essa ordem é quebrada, devemos separar aquilo que está deslocado com vírgula, o que resulta em construções como a do enunciado (2). No enunciado (4), a vírgula, após o nome Maria, introduz uma explicação sobre ela, ou seja, é o que as gramáticas trazem sob a denominação de aposto. Observe:

- (4) [...] Fui ao cinema com a Maria, aquela gatinha do 603.

No enunciado (5), a vírgula é utilizada para corrigir, ou melhor, explicar que Maria não é uma gatinha, mas sim uma gatona. Veja:

- (5) [...] ela é uma gatinha, ou melhor, uma gatona.

No enunciado (6), o nome Paulo necessariamente deve vir separado por vírgula, pois indica a pessoa a quem o falante (amigo de Paulo) se dirige. É o que as gramáticas trazem como vocativo. Observe:

- (6) Paulo, para com isso!

Compreendeu? Pois é, você deve estar pensando que é fácil falarmos dessas regras quando usamos exemplos com uma linguagem coloquial, mas, na modalidade culta, a aplicação delas se repete.

Observe, nos trechos a seguir, como a vírgula é aplicada:

“(1) Em Estética da criação verbal (1992), Bakhtin propõe uma reflexão sobre os gêneros discursivos, (2) denominação dada por ele aos tipos relativamente estáveis de enunciados, elaborados em cada esfera da utilização da língua.”

(TRINDADE, Mônica Mano. Dissertação de mestrado. 2001)

Em (1), a vírgula separa um termo deslocado, que indica o local (de publicação) onde o autor propõe uma reflexão. Entre

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as vírgulas indicadas em (2), temos uma explicação ao termo antecedente (gêneros discursivos).

“A intertextualidade em sentido restrito é a relação de um texto com outros textos previamente existentes, isto é, efetivamente produzidos.”

(KOCH, Ingedore. O texto e a construção de sentidos. 1997b)

A expressão isto é introduz uma reexplicação à afirmação anterior.

Regra 3

Cabe esclarecer que, além das regras apresentadas, há situações de uso da vírgula entre as orações. Trata-se da pontuação de estruturas mais complexas, isto é, de períodos compostos, segundo as gramáticas. A seguir, apresentamos os casos mais comuns.

1) Orações sobrepostas (em sequência)

O professor chegou à sala, pediu silêncio, aguardou alguns minutos e começou a aula.

2) Antes de conectivos que estabelecem relações de oposição, explicação, conclusão etc (ver quadro unidade 3 – seção 3)

Esforçou-se muito, porém, não conseguiu o prêmio. (oposição)Estuda muito, logo, será recompensado. (conclusão)

3) Para isolar expressões cuja função seja corrigir ou explicar a oração antecedente.

O meu amigo, que estuda na escola pública, foi aprovado em 1º lugar no concurso. (explicação)

4) Para separar orações deslocadas em relação à ideia principal.

Como ele estava doente, não participou do encontro.

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Unidade 5

Dicas ImportantesDesde o início de nossa vida escolar, temos contato com a aprendizagem da Língua Portuguesa. Mas, apesar de estudar a nossa língua materna por tantos anos, ainda temos inúmeras dúvidas quando vamos produzir um texto, pois o nosso idioma é, de fato, bastante complexo e precisamos estar bem atentos na hora de usá-lo em quaisquer situações comunicativas.

Para ajudá-lo, vamos apresentar, a seguir, algumas dicas para você não se confundir na hora de usar a Língua Portuguesa. Esperamos que possa usar dessas dicas para fugir das armadilhas que muitas vezes o idioma parece nos preparar.

1. Você abre uma exceção ou excessão?

A escrita correta é exceção. Veja outras grafias corretas, ao lado das erradas:

CORRETO INCORRETO

Paralisar paralizar

Beneficente beneficiente

Privilégio previlégio

Adivinhar advinhar

Bem-vindo benvindo

Ascensão ascenção

Empecilho impecilho

De repente derrepente

2. Quando devemos usar há ou a?

Simples: Há indica tempo passado.

pode ser substituído pelo verbo fazer.

Ex: Há muitos anos não vejo meus avós. (FAZ muitos anos que não vejo os meus avós)

Ela o esperava há muito tempo. (Ela o esperava FAZ muito tempo).

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A indica tempo futuro

Ex: Daqui a dois dias vamos partir para nossa primeira viagem à Europa. (a = tempo futuro)

3. Há diferença entra MAIS e MAS?

Claro que há. MAS é uma conjunção e é sinônimo de PORÉM.

MAIS é advérbio, indica quantidade e é o contrário de MENOS. (Em caso de dúvida, troque o mais por menos. Fazendo sentido, a frase estará correta).

Ex: Reclame menos e estude mais.

Ter um diploma é importante, mas ter conhecimento também é.

4. Você conhece o Lobo Mal ou o Lobo Mau?

Lembre-se: MAL é o contrário de BEM.

MAU é o contrário de BOM.

Se não quiser confundir, veja uma dica legal. O que vem antes no alfabeto, L ou U? Você responderá L, com certeza. e o que vem antes no alfabeto, e ou O? e, é claro. então L está para e, assim como U está para O. então, maL – bEm e maU – bOm.

5. O correto é À-TOA, ou À toa?

À-toa significa fácil, desprezível.

Ex: O advogado metido era um sujeitinho À-toa.

À toa significa sem destino, sem rumo, ao acaso.

Ex: Andava à toa na vida, o meu amor me chamou.

6. Devo dizer A FIM de ou AFIM de?

Certamente, você fica A FIM DE. Essa expressão significa finalidade. Corresponde a PARA.

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Unidade 5

Ex: Cheguei até aqui A FIM DE me tornar um ótimo profissional.

Cheguei até aqui para me tornar um ótimo profissional.

AFIM ( numa única palavra) corresponde a semelhante, próximo ou parente por afinidade.

Ex: Os crimes tinham provas afins.

7. Posso afirmar que: “SENÃO apresentar bons exemplos, a matéria não será compreendida”?

Não, mesmo. Pois emprega-se SENÃO quando podemos substituir essa expressão por APENAS, SOMENTE.

Ex: O meu amor é tanto que não vejo outra pessoa, SENÃO você.

Já a expressão SE NÃO pode ser substituída por CASO, NA HIPÓTESE DE.

Ex: SE NÃO for bem nessa matéria ficarei em prova final.

8. Se usarmos ONDE ao in vés de AONDE há algum problema?

Certamente, ONDE indica estada, permanência “em” um lugar.

Ex: Não sei ONDE está o meu dicionário.

Vou saber ONDE você mora.

ONDE deixei meu dinheiro, você nunca vai saber.

AONDE, porém, indica movimento “para” um lugar.

Ex: Não saio de casa com você se não disser AONDE iremos.

Estudo muito, pois sei AONDE quero ir com o meu conhecimento.

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9. Quando se usam essas expressões:

ACERCA DE - significa a respeito de, sobre.

HÁ CERCA DE - indica tempo decorrido, aproximado.

CERCA DE - dá idéia de aproximação, mais ou menos quantidade.

Ex: O presidente vai falar ACERCA DOS (DE+O) assessores corruptos.

O presidente vai falar CERCA DE duas horas.

O presidente falou pela última vez HÁ CERCA DE dois meses.

10. Está coreto dizer: “Deixou todo o trabalho pra mim fazer?”

Se você achou que sim, está completamente equivocado. MIM não faz, por quê:

1º- Antes do verbo no infinitivo (quando não está conjugado) precisamos usar o pronome EU.

Ex: A professora indicou este livro para EU ler.

Deixou todo o trabalho para EU fazer.

11. Quando devo usar SESSÃO, SEÇÃO e CESSÃO?

SEÇÃO significa mera divisão, repartição.

SESSÃO equivale a tempo de uma reunião, função.

CESSÃO é o ato de ceder.

Ex: A SEÇÃO de brinquedos foi a mais visitada em todas as lojas do país.

A última SESSÃO do filme acabou quase às duas horas da manhã.

O prêmio foi uma CESSÃO da empresa patrocinadora do evento.

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12. Qual a grafia correta da palavra: ascender ou acender?

Depende de onde ela for usada. ASCENDER significa subir e ACENDER significa colocar fogo.

Ex: Ela ASCENDEU ao cargo de gerente, mas foi merecido.

Meu pai ACENDIA a lareira nas noites quentes e tocava viola para a família reunida.

13. É preciso distinguir AO INVÉS DE e EM VEZ DE?

É claro que sim.

AO INVÉS DE = ao contrário de.

Ex: AO INVÉS DE ficar quieto, respondia ao juiz a cada pergunta que esse fazia ao advogado.

EM VEZ DE = em lugar de

Ex: EM VEZ DE ficar assistindo a programas idiotas, leia um bom livro.

14. Devo IR AO ENCONTRO DE ou IR DE ENCONTRO A?

Depende. Como há bastante semelhança nas duas expressões, a tendência é confundir uma pela outra. Mas muito cuidado, pois cada uma delas tem sentido próprio. Quer ver?

AO ENCONTRO DE - corresponde a “encontrar-se com”, “sair ao encalço de” ou “estar de acordo”, “ter a mesma opinião”.

IR DE ENCONTRO A - corresponde a “opor-se”, “defrontar-se com”, ou mesmo “contradizer”, “contrariar”.

Ex: A recepcionista foi AO ENCONTRO DA NOIVA, antes que ela soubesse que o noivo não estava no altar.

A professora deixou claro que as respostas erradas não vinham AO ENCONTRO DOS temas estudados.

Como estava em alta velocidade, o motoqueiro foi AO ENCONTRO da árvore e não sobreviveu.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

A opinião dos funcionários veio DE ENCONTRO ÀS necessidades da empresa.

15. Para finalizar, o que devo usar PORQUÊ, POR QUE, POR QUÊ ou PORQUE?

Sabemos que existem muitos “porquês” e que essa expressão é das que trazem mais dúvidas na hora de escrever. Por outro lado, é um assunto que encontramos facilmente em qualquer gramática da Língua Portuguesa. Assim sendo, e para ajudar você a se apropriar mais do conhecimento, deixamos a tarefa que segue:

Procure em gramáticas e sites especializados o emprego correto das diversas formas do PORQUÊ. Socialize sua pesquisa, resumidamente, mas de forma bem clara, no FÓRUM.

Síntese Como você pôde observar, a adequação à modalidade culta da língua implica o conhecimento de algumas regras prescritas pelos gramáticos, o que justifica finalizarmos nossos estudos com esta unidade.

O roteiro aqui proposto partiu da seleção dos aspectos gramaticais mais relevantes ao trabalho de produção de textos, organizado do seguinte modo:

� Abordamos questões de concordância, dando ênfase aos verbos impessoais e aos casos de voz passiva.

� Você estudou um pouco de regência, e deve ter percebido que alguns verbos merecem destaque, pois exigem preposição de um modo diferente ao que você está acostumado a ouvir no cotidiano.

� Dentro do conceito mais amplo de regência, apresentamos os casos mais comuns de uso do acento indicativo da crase.

� Chamamos a sua atenção para a importância da pontuação.

Apresentamos a você algumas dicas interessantes para que não cometa erros comuns, que muitos universitários comentem ao longo da vida acadêmica.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

Em todas essas seções, ao contrário de propor um estudo exaustivo que contemplasse todas as regras dos tópicos abordados, tentamos mostrar a você que compreender apenas algumas delas já o instrumentaliza para investigar e estudar mais, não só sobre o assunto em questão, mas também sobre outros tópicos gramaticais que julgue necessários.

Esperamos ter despertado em você a consciência de que o conhecimento da norma culta requer muita leitura de textos produzidos nessa modalidade, a tarefa árdua de escrever e reescrever, mas, além disso, muito lhe será útil adquirir o hábito da consulta às regras gramaticais na revisão dos próprios textos.

Atividades de autoavaliação

1) Reescreva os enunciados abaixo, adequando-os à norma culta.

a) Devem fazer três anos que não visitamos nossos parentes.

b) Verificou-se os problemas e constatou-se que não haviam formas de solucioná-los.

c) encontrei os profissionais que me referi.

d) Devem haver algumas possibilidades de encontrarmos as pessoas que falávamos.

e) 80% da população preferem cinema do que teatro.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

f) A manifestação implicou na queda do presidente.

2) explique a diferença de sentido entre:

a) A maior parte dos alunos não entregou a secretária.

b) A maior parte dos alunos não entregou à secretária.

3) Os enunciados abaixo, extraídos de textos publicados na revista ÉPOCA (26/06/06), foram, intencionalmente, modificados. Faça a pontuação de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa:

a) Na terça-feira 20 o programa em homenagem a Cláudio Besserman Vianna o Bussunda terminou com todos os integrantes do grupo Casseta & Planeta no estádio do Maracanã. O comediante que morreu vítima de um ataque cardíaco na Alemanha onde gravava programas durante a Copa era uma espécie de artilheiro do grupo de humoristas mais bem-sucedido do Brasil.

b) De acordo com Ziraldo as principais características do humor da turma do Casseta e Planeta são a criatividade a irreverência e principalmente a crueldade. Com a morte de Bussunda o programa perde seus personagens mais populares Ronaldo Fofômeno uma imitação impagável do jogador e o presidente Lula que ele fazia com o dedo mindinho dobrado e a voz rouca.

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Leitura de Produção Textual

Unidade 5

4) Circule nas frases abaixo as expressões que estão em desacordo com o uso correto da Língua Portuguesa e, em seguida, faça as devidas correções.

1. A cerca de duas horas choveu muito na capital.

2. ele chegou a igreja à uma hora.

3. Tinha mal comportamento, mais foi considerado inocente acerca de duas semanas.

4. Aonde estão os mapas da cidade? Quero aproveitar que estou à-toa para concluir meu trabalho.

5. Só verei minha irmã daqui há dois anos, quando for a europa.

6. Desconheço o por que da minha dificuldade com crianças mau educadas.

7. A comida ficou pronta à cinco minutos.

8. Algumas modelos são mais novas, mas parecem mais velhas devido a maquiagem.

9. entre eu pedir algo e vocês realizarem a uma grande diferença.

10. Não é muito fácil acender profissionalmente. É mas fácil para quem já nasceu numa boa família.

11. A criança só incomodava, em vez de brincar.

12. Casei com Carlos por que tínhamos interesses a fins, mais tudo mudou há cerca de dois anos.

13. enviou aquele e-mail para mim ler depois da aula.

14. Após duas horas de espera, o público foi levado à sala de espetáculos.

15. Os telespectadores não sabem o por que da saída inesperada do diretor da nova novela.

16. Depois da notícia, todos sentiram um profundo mau estar.

17. Próximo à casa de Joana há cerca de cinco postos de combustível.

18. Derrepente, começou a chover, mas ninguém saiu do show.

19. Senão fosse professora, seria jornalista.

20. Depois da crise, precisou de várias seções de terapia.

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Universidade do Sul de Santa Catarina

5) Leia atentamente as frases abaixo e empregue a vírgula, quando for necessário.

1. Os alunos apresentaram suas dúvidas com muita objetividade.

2. Com muita objetividade os alunos apresentaram suas dúvidas.

3. De acordo com o diretor que conhece bem o assunto não será fácil resolver o problema da substituição do ator.

4. João Humberto grande jogador da década de 50 passa por grandes dificuldades financeiras.

5. Uma das melhores feiras de informática do Brasil será realizada em Brasília.

6. Naquela oportunidade o juiz que não estava convencido da acusação depois de muito se opor aceitou com ressalvas os argumentos da promotoria.

7. Os senadores de acordo com que veicula na imprensa aceitarão o novo valor do salário mínimo.

8. Uma das maiores empresas automobilísticas do mundo não aceitou as propostas do novo governo americano e manteve a firme decisão de não aumentar o valor do carro zero.

9. O empresário que estava ansioso para fechar a proposta não exitou em divulgar à imprensa seu mais novo pupilo.

10. em caso de necessidade chame a polícia.

Saiba mais

No decorrer desta unidade, sugerimos a você que buscasse mais informações em gramáticas da Língua Portuguesa, bem como ressaltamos a importância da consulta no momento de produção textual.

Os tópicos abordados serão encontrados em qualquer gramática normativa, mas, caso você queira uma sugestão de referência, deixamos aqui algumas dicas.

CEREJA, Roberto. Gramática reflexiva: texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 1999.

CIPRO NETO, Pasquale Gramática da língua portuguesa / Pasquale e Ulisses. São Paulo: Scipione, 1998.

CUNHA, Celso & CINTRA, Luís F. L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

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Para concluir o estudo

No decorrer deste estudo, você foi orientado às atividades de leitura e produção escrita, conforme os objetivos previstos no plano da disciplina. Como aporte teórico a esse trabalho prático, apresentamos conceitos fundamentados em áreas e autores da Linguística que contribuem para o processo de aprendizagem da Língua Portuguesa.

Desse modo, propusemos a você um roteiro que se iniciou com os conceitos básicos sobre língua, linguagem e variação, perpassando pelas concepções de leitura e texto, incluindo os níveis implícitos da linguagem, os gêneros textuais – com especificidade nos textos acadêmicos, até a apresentação de regras gramaticais relevantes à prática de escrita na modalidade culta.

Nossa intenção foi, mais do que o inserir na discussão teórica, oportunizar o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, o que justifica a natureza prática das atividades sugeridas.

Acreditamos que o desenvolvimento da aptidão para ler e produzir textos só se dará pelo esforço constante de sua parte, logo, as tarefas de leitura e produção textual não se encerram com esta disciplina, mas se constituem em um processo contínuo, integrado às atividades envolvidas nas demais disciplinas do seu curso e à sua atuação profissional.

Esperamos apenas ter contribuído para o início desse processo e que você, por ter aceitado nosso convite, tenha concluído esta etapa consciente de que

o texto é um construto histórico e social, extremamente complexo e multifacetado, cujos segredos (quase ia dizendo mistérios) é preciso desvendar para compreender melhor esse “milagre” que se repete a cada nova interlocução – a interação pela linguagem. (KOCH, 2006, prólogo)

Até breve, Chirley e Mônica.

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Referências

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6028: apresentação de resumos: procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

CIPRO NeTO, Pasquale. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Scipione, 1998.

FÁVeRO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2004.

ILARI, Rodolfo; GeRALDI, João Wanderley. Semântica. São Paulo: Ática, 1987.

KOCH, Ingedore. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997 (a).

_____. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997 (b).

_____. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2006.

MeDeIROS, João Bosco. Comunicação em língua portuguesa. São Paulo: Atlas, 2000.

ORLANDI, eni P. Discurso e leitura. Campinas: Unicamp, 1999.

PÊCHeUX, Michel. Análise Automática do Discurso. In: GADeT, F. TAK, T. (orgs.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux.. Campinas: Unicamp, 1990.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação. São Paulo: Cortez, 2002.

TRINDADe, Mônica Mano. Ensinando e aprendendo com humor: leitura e produção de textos humorísticos. Dissertacão (Mestrado em Linguística). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.

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Sobre os professores conteudistas

Chirley Domingues é graduada em Letras Português/Francês e mestre em Literatura Brasileira pela UFSC.

É professora da Universidade do Sul de Santa Catarina, onde leciona as disciplinas de Literatura Portuguesa e Brasileira, Prática de Ensino em Língua Portuguesa, ambas para o curso de Letras, e a disciplina de Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa, para o curso de Pedagogia.

Atua também como coordenadora do curso de Letras da UNISUL – campus Grande Florianópolis.

Mônica Mano Trindade é graduada em Letras - Licenciatura em Língua Portuguesa pela UNICAMP, especialista em Análise do Discurso pela PUCCAMP, mestre em Linguística Aplicada e doutora em Linguística pela UFSC.

Atualmente, é professora da Univesidade Federal da Paraíba (UFP).

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Respostas e comentários das atividades de autoavaliação

Unidade 1

1. a. A variedade linguística regional é a que encontramos nos quadrinhos.

b. Aqui, tem-se o personagem O analista de Bagé, um gaúcho com uma linguagem típica, em que se incluem os vocábulos e expressões: buenas, se abanque,china, tchê etc.

c. Presença de anacolutos (interrupção do pensamento) identificados pelo uso de reticências; redução de palavras, como por exemplo “pra” ao invés de “para”; uso de exclamações.

2. a. Adequado, apesar de contradizer algumas regras gramaticais.

b. Adequado e não contradiz as regras gramaticais.

c. Inadequado, apesar de o enunciado não contradizer as normas gramaticais

3. No texto, encontramos diversas características da linguagem oral, como a ruptura da frase, a repetição, frases inacabadas, vocabulário reduzido, uso de gírias e redução de palavras.

4. Na primeira parte do texto, você deve ter percebido uma forma diferenciada de escrita, ou seja, não há parágrafo, e sim versos centralizados, em destaque. essa estrutura é percebida visualmente e revela a escolha do autor pela função poética (centralizada na forma de organização das palavras). Ainda podemos afirmar que, há a presença da função inativa, devido à presença da 2ª pessoa do plural e pelas expressões usadas no contexto.

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Na segunda parte, encontramos um parágrafo informativo, cuja função é explicar a primeira parte do texto. Caracteriza-se aí a função referencial (centralizada na informação direta e objetiva).

Unidade 2

1. Discuta o tema, fazendo associações com conhecimentos prévios. Por exemplo, você pode pensar na relação existente entre as temáticas TV e violência, TV e interesses econômicos, TV e aquisição de cultura etc. Tente definir um posicionamento crítico, ou seja, identifique o que você considera positivo e o que considera negativo. Discuta no fórum.

2. a. Na opinião do autor, os jovens não têm personalidade. Não criam nada, apenas copiam.

b. Negativa. De acordo com Angeli, os jovens são altamente influenciáveis, o que é um problema, pois isso os leva a seguir caminhos nem sempre confiáveis. ]

c. Pressuposto: antes não tinha garantia de três anos

Subentendido: a garantia era menor de 3 anos ou... agora é uma boa oportunidade; um bom negócio.

3. a. Tema: o trânsito nas cidades brasileiras

b. Tese: O comportamento no trânsito anda deplorável.

c. Argumentos que sustentam a tese:

1. As pessoas não entendem que o espaço que usam com os seus veículos é público;

2. Há um desrespeito às regras e sinais de trânsito;

3. O carro virou sinônimo de poder e status;

4. Presenciamos atitudes de confronto e competição no trânsito.

d. Conclusão: respeitar as leis e ter bons modos resultam em qualidade de vida a todos.

4. Infere-se deste texto que “os casamentos têm curta duração”.

Chegamos a essa inferência – subentendido – pelo conhecimento que temos do contexto, o que inclui saber sobre os atuais problemas em

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relações matrimoniais e as estatísticas para divórcio. Caso contrário, se você não acionar esse contexto no momento de inferir, a última fala ficará desprovida de sentido, pois causa estranheza alguém decidir, simultaneamente, a data do casamento e a do divórcio.

Unidade 3

Pausa para exercitar a teoria: Seção 1

1. Independentemente de conhecer qualquer teoria a respeito da notícia como um gênero jornalístico, você pode perceber, apenas pautado na sua experiência como leitor, que normalmente a notícia é um texto que tem por objetivo relatar um fato ocorrido em um determinado lugar, em uma determinada data, envolvendo determinadas pessoas. Por isso, algumas características textuais se repetem em cada notícia diferente, como fato, lugar, tempo, pessoa. O texto ainda pode conter a causa (ou uma suposta causa) para o ocorrido.

2. Você pode pensar que se trata do mesmo gênero textual, uma vez que o bilhete e o aviso se assemelham em relação ao objetivo – transmitir rapidamente uma informação – e ao fato de ambos não serem extensos. No entanto, eles se diferem em relação ao interlocutor – pessoa a quem o texto é direcionado – e, consequentemente, possuem níveis diferentes de linguagem.

O aviso é destinado a um grupo de pessoas. Ocorre em locais de trabalho ou locais públicos, quando há a necessidade de se transmitir uma informação de interesse do grupo. Por exemplo: em um mural de sala de aula, pode haver um aviso da secretaria, destinado a alunos-bolsistas, informando-os sobre a necessidade de recadastramento. em uma loja, pode haver um aviso destinado aos clientes, informando-lhes a mudança em relação ao horário de funcionamento. Perceba que, nos dois exemplos, a informação é transmitida a um grupo específico e delimitado, mas composto de diferentes pessoas. Isso requer que o texto seja claro e objetivo, visando a ser compreendido por todos, e impessoal, dado o fato de ser publicado em espaços públicos, o que faz com que possa ser lido e observado por todas as pessoas que os frequentam, mesmo quando o aviso não é direcionado a elas. Desse modo, a linguagem do aviso aproxima-se da modalidade culta da língua.

Ao contrário, o bilhete tem um tom mais informal e pessoal, pois tem como interlocutor uma pessoa específica. Mesmo que seja direcionado a um grupo, a relação entre quem escreve o bilhete e quem lê é mais direta e familiar. Por isso, ao escrever um bilhete, usamos a modalidade coloquial.

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Por exemplo, posso entregar um relatório em um departamento e, pelo fato de já ser uma pessoa conhecida do funcionário que receberia meu relatório, sinto que me é permitido, no caso de sua ausência, deixar o trabalho com o bilhete: “Fulano, este é o relatório para enviar amanhã, conforme a gente combinou. Qualquer coisa me liga”.

Pausa para exercitar a teoria: Seção 2

1. Há várias possibilidades de você escrever um período, organizando as ideias que lhe foram apresentadas. eis uma para cada uma das propostas:

A terapia do eletrochoque, criada no início do século XX para tratar esquizofrenia e histeria, está de volta, pois um estudo da Universidade de Saint Louis acaba de mostrar uma versão que pode dar bons resultados no tratamento de depressão severa.

2. “Separados pelo Casamento”, protagonizado por Jennifer Aniston e Vince Vaughn, estreou bem nas bilheterias americanas, mas recebeu algumas críticas maldosas sobre a falta de química entre o casal, quando comparados a Brad Pitt e Angelina Jolie, em “Sr. e Sra. Smith”.

Autoavaliação

1. a. Gênero Textual: poema. escrito para emocionar e sensibilizar o leitor.

b. Propaganda. esse tipo de gênero tem por objetivo persuadir as pessoas para comprarem o produto divulgado.

c. Bilhete ou telegrama. Os gêneros em questão têm por objetivo apresentarem uma comunicação breve.

d. Texto jornalístico. Tem por objetivo noticiar um acontecimento, ou melhor, informar sobre determinado fato.

e. Resenha. esse gênero textual é usado para divulgar livros, filmes, peças teatrais etc. Além de divulgar o objeto resenhado, esse gênero apresenta, ainda, uma avaliação sobre a obra.

f. Ficha técnica. O objetivo desse gênero é apresentar dados referentes ao elenco, à direção e outros dados.

2. Na unidade 2, você já leu e discutiu o tema. Aproveite esse estudo prévio para fundamentar os textos que deve redigir aqui.

Divulgue um dos seus textos para que seja lido pelos colegas.

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3. Apresentamos aqui três sugestões. envie sua resposta para correção, caso tenha dúvida.

José Wilker, um dos ícones das artes dramáticas no Brasil, fez 42 filmes e 31 novelas e interpretou JK, de quem se diz admirador.

Um dos ícones das artes dramáticas no Brasil, com 42 filmes e 31 novelas, José Wilker interpretou o ex-presidente JK, de quem se diz admirador.

Admirador e intérprete de JK, José Wilker também fez 42 filmes e 31 novelas, destacando-se como um dos ícones das artes dramáticas no Brasil.

4. Problema: queísmo

a. Correção: espero o seu telefonema para que possamos discutir as alterações feitas no projeto sem a nossa autorização.

Problema: falta de coerência

“Todavia” liga idéias opostas, e, nesse caso, não há essa oposição entre as orações.

b. Correção: Os garotos acusados como responsáveis pelo acidente dão exemplo de bom comportamento, pois realizam trabalhos voluntários em hospitais.

Problema: falta de paralelismo

As três etapas deveriam ser expressas de uma única forma, o que não ocorre, pois há dois nomes – levantamento e cadastramento – e um verbo – distribuir.

c. Correção: As etapas previstas para o trabalho são o levantamento das famílias necessitadas, o cadastramento dos membros dessas famílias e a distribuição do material para que possam construir suas casas.

Problema: falta de coerência

“Logo” é um conectivo usado para indicar conclusão. As ideias “os símbolos nazistas são proibidos” e “podem ser vistos em encontros de membros do Partido...” são contraditórias, por isso devemos usar um conectivo que indique essa oposição, como “mas”, “porém”, “todavia” (ver quadro de conectivos na seção 3, unidade 3).

d. Correção: Os movimentos ultranacionalistas não estão enterrados na Alemanha. Os símbolos nazistas, em tese, são proibidos, mas podem ser vistos em encontros de membros do Partido Nacional Democrata, de extrema direita.

Problema: ambiguidade

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Universidade do Sul de Santa Catarina

Não fica claro a que palavra o pronome “seu” faz referência: professor ou orientando. Isso autoriza duas interpretações: ou o relatório é do professor ou o relatório é do orientando.

e. Correção:

O professor esperava que o seu relatório fosse entregue ao coordenador pelo orientando. (O relatório é do professor)

O professor esperava que o relatório do orientando fosse por ele mesmo enviado ao coordenador.(O relatório é do orientando)

5. a. O envolvimento de menores,de ambos os sexos, na prática de crimes é uma verdade DA QUAL não podemos fugir. Os poderes constituídos deveriam parar e refletir sobre esse fato COM OS QUAIS os jornais enchem suas páginas diariamente. De nada adiantou o estatuto da Criança e do Adolescente, POIS muitos delinquentes adultos se valem da lei para incitar menores à prática de roubos e assassinatos.

b. Falta dinheiro para tudo no Brasil, mas as mordomias continuam. A verdade é que os impostos COM OS QUAIS o governo mantém sua máquina emperrada são mal empregados. Há notícias de que os órgãos públicos compram copos de cristal, talheres de prata, porcelanas finas, luxo DOS QUAIS não querem abrir mão, mesmo sabendo das dificuldades PeLAS QUAIS o povo passa.

Unidade 4

1. O resumo não pode deixar de apresentar alguns elementos que são essenciais, ou seja: cada uma das partes essenciais do texto; a progressão em que elas se sucedem; e a correlação que o texto estabelece entre cada uma dessas partes. A partir disso, podemos dizer que resumo não é uma colagem de frases do texto original. Retome as sugestões dadas na seção 1 da unidade 4 para a elaboração do resumo proposto.

2. Não se esqueça de que a resenha, além da síntese, exige um posicionamento crítico. Retome as sugestões da seção 2 da unidade 4 para a elaboração da atividade proposta.

Unidade 5

1. a. Deve fazer três anos que não visitamos nossos parentes.

b. Verificaram-se os problemas e constatou-se que não havia formas de solucioná-los.

c. encontrei os profissionais aos quais me referi / a quem me referi.

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Leitura e Produção Textual

d. Deve haver algumas possibilidades de encontrarmos as pessoas de quem falávamos/das quais falávamos.

e. 80% da população prefere cinema a teatro.

f. A manifestação implicou a queda do presidente.

2. a. A maior parte dos alunos não entregou a secretária. b. A maior parte dos alunos não entregou à secretária.

Veja que a mudança em relação ao uso da crase remete-nos a sentidos diferentes para o verbo entregar:

� O enunciado (a) só pode ser usado em um contexto em que os alunos não tenham delatado a secretária para alguém.

� O enunciado (b) deve ser usado para indicar que os alunos não entregaram algo à secretária. Por exemplo, se houvesse uma pergunta como: “a quem os alunos entregaram o relatório?”, caberia a resposta: “a maior parte dos alunos não entregou à secretária”, deixando implícito que o relatório teria sido entregue a uma outra pessoa.

3. a. Na terça-feira 20, o programa em homenagem a Cláudio Besserman Vianna, o Bussunda, terminou com todos os integrantes do grupo Casseta & Planeta no estádio do Maracanã. O comediante, que morreu vítima de um ataque cardíaco na Alemanha, onde gravava programas durante a Copa, era uma espécie de artilheiro do grupo de humoristas mais bem-sucedido do Brasil.

b. De acordo com Ziraldo, as principais características do humor da turma do Casseta & Planeta são a criatividade, a irreverência e, principalmente, a crueldade. Com a morte de Bussunda, o programa perde seus personagens mais populares: Ronaldo Fofômeno, uma imitação impagável do jogador, e o presidente Lula, que ele fazia com o dedo mindinho dobrado e a voz rouca.

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1. Há cerca de duas horas choveu muito na capital.

2. ele chegou à igreja à uma hora.

3. Tinha mau comportamento, mas foi considerado inocente acerca de duas semanas.

4. Onde estão os mapas da cidade? Quero aproveitar que estou à toa para concluir meu trabalho.

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6. Desconheço o porquê da minha dificuldade com crianças mau educadas.

7. A comida ficou pronta há cinco minutos.

8. Algumas modelos são mais novas, mas parecem mais velhas devido à maquiagem.

9. entre eu pedir algo e vocês realizarem, há uma grande diferença.

10. Não é muito fácil ascender profissionalmente. É mais fácil para quem já nasceu numa boa família.

11. A criança só incomodava, em vez de brincar.

12. Casei com Carlos por que tínhamos interesses afins, mais tudo mudou há cerca de dois anos.

13. enviou aquele e-mail para eu ler depois da aula.

14. Após duas horas de espera, o público foi levado à sala de espetáculos.

15. Os telespectadores não sabem o porquê da saída inesperada do diretor da nova novela.

16. Depois da notícia, todos sentiram um profundo mal-estar.

17. Próximo à casa de Joana, a cerca de cinco postos de combustível.

18. De repente, começou a chover, mas ninguém saiu do show.

19. Se não fosse professora, seria jornalista.

20. Depois da crise, precisou de várias sessões de terapia.

5.

1. Os alunos apresentaram suas dúvidas com muita objetividade.

2. Com muita objetividade, os alunos apresentaram suas dúvidas.

3. De acordo com o diretor, que conhece bem o assunto, não será fácil resolver o problema da substituição do ator.

4. João Humberto, grande jogador da década de 50, passa por grandes dificuldades financeiras.

5. Uma das melhores feiras de informática do Brasil será realizada em Brasília.

6. Naquela oportunidade, o juiz, que não estava convencido da acusação, depois de muito se opor, aceitou, com ressalvas, os argumentos da promotoria.

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7. Os senadores, de acordo com que veicula na imprensa, aceitarão o novo valor do salário mínimo.

8. Uma das maiores empresas automobilísticas do mundo não aceitou as propostas do novo governo americano e manteve a firme decisão de não aumentar o valor do carro zero.

9. O empresário, que estava ansioso para fechar a proposta, não exitou em divulgar à imprensa seu mais novo pupilo.

10. em caso de necessidade, chame a polícia.

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Biblioteca Virtual

Veja a seguir os serviços oferecidos pela Biblioteca Virtual aos alunos a distância:

� Pesquisa a publicações online www.unisul.br/textocompleto

� Acesso a bases de dados assinadas www. unisul.br/bdassinadas

� Acesso a bases de dados gratuitas selecionadas www.unisul.br/bdgratuitas

� Acesso a jornais e revistas on-line www. unisul.br/periodicos

� empréstimo de livros www. unisul.br/emprestimos

� escaneamento de parte de obra1

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Qualquer dúvida escreva para [email protected]

1 Se você optar por escaneamento de parte do livro, será lhe enviado o sumário da obra para que você possa escolher quais capítulos deseja solicitar a reprodução. Lembrando que para não ferir a Lei dos direitos autorais (Lei 9610/98) pode-se reproduzir até 10% do total de páginas do livro.

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