apostilha de leitura e producao textual miolo (2)

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  • 8/19/2019 Apostilha de Leitura e Producao Textual Miolo (2)

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    Te r e s i n a / P I j a n e i r o d e 2 0 1 2

    LEITURA E

    PRODUÇÃODE TEXTOS

    Vera Bahiense 

    Elisabeth Feitosa da Silva 

     Adriana Andrade Bahiense 

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    2 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

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    3LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

     APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO

    Prezado aluno,

     A Faculdade Integrada do Brasil – FAIBRA nasce, no início da década de 2000, com a missão deintegrar o Brasil na formação de professores para a Educação Básica. O cenário, àquela época, eradesesperador: milhares de pessoas atuando na Educação Básica sem a formação superior exigida porlei, no contexto da Década da Educação, objetivo maior do Governo Federal à época, preconizadapela LDB, na sua promulgação, em 1996.

    Passada a década de 2000-2010, tais objetivos não foram atingidos. A Década da Educação foi

    prorrogada, o Brasil conta hoje, segundo dados do INEP, de 2010, 623.825 professores sem formaçãosuperior, ou com formação diferente da área que atuam, atuando na Educação Básica.

    Na Região Norte, este número é de 74.821 mil docentes, no Nordeste, 295.345 mil. Metade deles,com toda a certeza, atuam na área da Pedagogia.

     A partir de uma visão educacional contemporânea, empreendedora, que alia princípios teóricosfundantes da Pedagogia, a observação extrema da legalidade da educação superior e básica, a umprocesso de gestão educacional dinâmico e criativo, baseado na responsabilidade e na inclusãosocial, a FAIBRA dá início a um processo que tem possibilitado a um grande número de professoresem exercício na educação básica, o aperfeiçoamento e a conclusão de estudos na área da Pedagogia.

    O Programa de Educação Continuada – PROEC, que oferece cursos ao nível do aperfeiçoamentoe da pós-graduação, utiliza, experimentalmente ao nível do aperfeiçoamento, método de ensino

    semi-presencial.

    Para seus processos de ensino-aprendizagem, ao nível da graduação, da pós-graduação e doaperfeiçoamento, a FAIBRA produz este material que você tem em mãos. Ele é fruto do trabalhoda equipe que coordena o Núcleo de Educação à Distância – NEAD/FAIBRA e que visa darqualidade e mobilidade aos cursos oferecidos nos diferentes níveis de ensino e que já são base parao Credenciamento da FAIBRA no MEC, para a Educação à Distância, assim que o processo sejatotalmente homologado internamente.

     A FAIBRA, nunca é demais ressaltar, tem a responsabilidade e executa todo o seu processo deensino aprendizagem, mesmo que este aluno esteja longe de sua sede, no caso dos cursos deaperfeiçoamento e de pós-graduação.

    Para que possamos atuar em diferentes locais e possibilitar a inclusão social de todos aqueles que

    nos procuram, contamos com parceiros que dão suporte às atividades-meio dos nossos Núcleos deEducação Continuada. Assim, nossos alunos e professores contam com apoio administrativo localpara desenvolverem seus processos de ensino, atividade-fim da Instituição.

     A Faculdade Integrada do Brasil – FAIBRA cumpre sua missão de integrar o Brasil para a formaçãodos profissionais da Educação Básica. Sentimo-nos honrados em ter você como nosso aluno econtamos com seu empenho e dedicação para que este Curso seja um referencial na sua formaçãoe atuação profissional.

    Conte com a FAIBRA através de cada um de seus colaboradores: técnicos, docentes e parceiros. Elesestão à sua inteira disposição.

    Profa. Dra. Vera Lúcia Andrade Bahiense

    Diretora Acadêmica

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    FACULDADE INTEGRADA DO BRASIL – FAIBRA Mantida pela Associação Educacional Cristã do Brasil – AECB

    Credenciada pela Portaria MEC 114, de 12/01/2006.

    Diretor Geral – Jonas Garcia Dias ([email protected])

    Endereços eletrônicos

    Página na Internet: www.faibra.edu.br

    E-mail: [email protected]

    Fone: (86) 3223-0805

    Projeto gráfico, diagramação e arte final: André Brito

    Ficha Catalográfica

    Leitura e Produção Textual. Org. BAHIENSE, Adriana, BAHIENSE, Vera L.A & SILVA,

    Elisabeth Feitosa da. Editora Faibra:Teresina, 2012.

    1. Leitura e Produção Textual. 2. Gêneros Discursivos.. 3. Ensino de Língua Portuguesa.4. História da Escrita. 5. Linguística.

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    5LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

    SUMÁRIO

     Apresentação .............................................................................................................................03

    Objetivo da Disciplina..................................................................................................................06

    1. A comunicação: da Pré-História à contemporaneidade............................................................06

    1.1 Primeiros Sinais......................................................................................................................06

    1.2 O Surgimento da escrita........................................................................................................081.3 A transmissão da informação.................................................................................................09

    2. A Mágica da Leitura.................................................................................................................13

    2.1 A leitura do mundo...............................................................................................................13

    2.2 A leitura da palavra...............................................................................................................15

    2.3 A importância da leitura........................................................................................................17

    2.4 O papel da escola e do professor...........................................................................................18

    Saiba mais..................................................................................................................................223. A Produção de texto................................................................................................................24

    3.1 Gêneros discursivos...............................................................................................................29

    3.2 Gêneros discursivos na sala de aula.......................................................................................35

    3.3 Trabalhado com quadrinhos em sala de aula..........................................................................36

    3.4 É possível escrever bem? .......................................................................................................41

    3.5 Organização textual..............................................................................................................43

    Para refletir..................................................................................................................................45Referências.................................................................................................................................46

    Sobre os Autores..................................................................................................................................................47

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    6 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

    Para começar...

      Prezado (a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à disciplina Leitura e Produção de Texto.  Através dessa disciplina, espera-se que todos compreendam a importância da leitura e daescrita, não apenas no processo de construção de conhecimento do indivíduo, mas especialmentena sua socialização.

      Entender a leitura e a escrita como um passaporte que permite inúmeros destinos é, então,primordial para todos os educadores. Faça um bom estudo!

    Objetivo da disciplina:

      Despertar o aluno para a importância da leitura e da escrita no processo de comunicação e

    consequentemente, na inserção do indivíduo na sociedade. Proporcionar fundamentação teórico-prática acerca das diferentes concepções de leitura, de gêneros discursivos e de contextos deinteração, a partir de produções textuais.

    Objetivos da unidade:

    • Refletir sobre a importância da comunicação.

    • Conhecer o processo de evolução da escrita.

    1. A comunicação: da Pré-história à contemporaneidade

    1.1 Primeiros sinais

      Mesmo com tantos estudos até hoje realizados não se pode precisar com certeza quando defato o homem pré-histórico começou a usar a fala para se comunicar. No entanto, é possível estimarquando ele começou a desenvolver diversas formas de linguagem.

      Acredita-se que as primeiras formas de comunicação ocorreram por meio da emissão desons e de gestos. Com o tempo, o homem primitivo passou a utilizar-se de desenhos que fazia nasparedes das cavernas.

    Pinturas rupestres: foram as primeiras ilustrações feitas pelo homem pré-históricoEram ilustrações feitas geralmente nas paredes das cavernas. Sítios arqueológicos:

    é o local onde se pode encontrar algum tipo de vestígio do homem primitivo.

      Tais desenhos ilustravam diversas passagens do cotidiano dos nossos primeiros antepassados.Registravam nas paredes das cavernas desde a imagem de animais a outras ilustrações que remetema seus medos, suas ansiedades.

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    7LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

      Muitos desses desenhos podem ser vistos até hoje e são um importante vestígio da históriada humanidade e são conhecidos como pinturas rupestres.

     Aqui mesmo no Brasil, existem muitos sítios arqueológicos que guardam tesouros como esses.

    Vejamos alguns exemplos de pinturas rupestres nas páginas a seguir:

    Figura 1 – Pintura encontrada na primeira metade do século XX em uma cavernaem Lascaux na França. Estima-se ter cerca de 17.000 anos.

    Figura 2 – Série de animais descoberta nas paredes de uma caverna também na França em 1994.

    Figura 3 – Encontra-se no interior de uma caverna do Sítio Arqueológico do Abrigo do Morcego em Carnaúba dos Dantas, no Rio Grande do Norte.

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    8 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

    Figura 3 Toca do Boqueirão da Pedra Furada (Pintura escolhida para a logomarcado Parque Nacional Serra da Capivara no Piauí)

      Como se pode notar as pinturas rupestres até então representavam ilustrações cotidianas,mas, com o passar do tempo, o homem primitivo começa a usar símbolos. Muitos atribuem esses

    sinais gráficos relacionados à caça feita pelo homem do paleolítico, que faz marcas com a lança parasimbolizar os animais por ele abatidos.  Assim, por meio das pinturas rupestres o homem primitivo começa a se comunicar por meiode imagens, que compõem as primeiras mostras de linguagem visual da história.1.2 O surgimento da escrita  Você consegue imaginar a vida de hoje sem a escrita? Consegue perceber a sua importânciapara a humanidade? Para o professor e pesquisador Eduardo Gomes, da Universidade Federal do

     Amazonas (UFAM),[...] na evolução humana, a utilização dos registros impressos,sejam os pictogramas rupestres, sejam os primeiros símbolosliterais dos fonemas, tornaram-se indispensáveis às relaçõessócio-econômico-culturais (GOMES, 2007, p. 2)

    Escrita cuneiforme: (do latim cuneus “cunha”, e forma “forma”) é o sistema mais antigo deescrita conhecido até hoje. Passou a ser decifrado ainda no século XIX e até hoje tem sido objeto de estudo

      Como se vê, o surgimento da escrita foi um dos marcos mais significativos de toda a históriada humanidade, tão importante que serve como um marco representativo do fim da pré-história edo nascimento da História.

    O surgimento da escrita foi de fato um evento tão significativo que Barbosa (1991) colocacomo:

    [...] aprimoramento de algo que já era anteriormente conhecido.Infelizmente não conhecemos o nome de nenhum dos autoresdas reformas mais importantes na história da escrita. Seus nomes,

    como o de tantos outros grandes homens, responsáveis pormelhorias essenciais da vida humana (como por exemplo, o usoprático da roda, do arco e flecha, da embarcação a vela) perderam-se para sempre no anonimato da Antiguidade. (BARBOSA, 1991,p. 34).

       Ao que se sabe, ainda que por meio de anônimos, a escrita surgiu por volta de 4.000 a.C. naregião da Mesopotâmia, pelo povo sumério. Essa forma de escrita era representada por desenhossimplificados chamados criptogramas.

    Os sumérios foram ainda os primeiros povos que tentaram abolir de suas representaçõesimagens que conotassem algum significado. Procuraram então associar o som da linguagem faladaa símbolos, dando os primeiros passos rumo a uma escrita silábica.

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      Com o tempo os sumérios passaram a utilizar ferramentas para gravar os criptogramas eposteriormente os caracteres silábicos cujas pontas tinham o formato de uma cunha, o quecaracteriza a escrita cuneiforme.  Muitos desses registros eram feitos em tabuletas de argila que secavam ao sol, ou até mesmo

    eram cozidas em forno, o que garantiu a sua durabilidade.

      Figura 4 - Tábua de argila encontrada na região que se referia a cidade deUr com idade entre 2900-2600 a. C.

    Hieróglifo: a origem do termo vem do grego: ἱερός  (hierós) “sagrado”, e γλύφειν (glýphein) “escrita” – escrita sagrada,que somente os sacerdotes e membros da realeza tinham acesso.

    Hierática: forma simplificda dos hieróglifos, utilizada por sacerdotes nos textos sagrados.

      No entanto, os sumérios não foram os únicos a desenvolver um sistema de escrita. Os egípciosinovaram usando o papiro em rolo ao invés de argila. Além disso, utilizavam tintas e ilustrações de

    forma a complementar as informações que queriam repassar.  Os egípcios tinham duas formas de escrita: os hieróglifos (figuras sagradas) e a hierática, queera mais comum.

    Figura 5 – Hieróglifos do Papiro de Ani, o Livro dos Mortos

    Papiro: uma planta originária das margens do Rio Nilo era preparada para recebera escrita egípcia, e acondicionado na forma de rolo.

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    Figura 6: Papiro de Ani, folhas 29 e 30, do acervo do Museu Britânico

      Além dos egípcios, outros povos passaram a desenvolver seu sistema de escrita o que levouao surgimento dos alfabetos. E nesse contexto os fenícios se destacaram.

      A Fenícia situava-se numa planície costeira representada hoje pelo Líbano e pela Síria. Aindaque se discutam a presença de vestígios de um alfabeto anterior ao dos fenícios, este ainda éconsiderado o primeiro, apesar de também já não haver mais registros devido ao desgaste dos anos.

      O alfabeto fenício era composto por 22 símbolos que representavam as consoantes e datade aproximadamente fins do século XII a.C.. O povo fenício que se destacava ainda na construçãode embarcações, navegação e comércio. E acredita-se que em função disso, o seu alfabeto foi sedisseminando por várias partes.

      Já os gregos, conseguiram a elaboração de um alfabeto com vogais. Há uma controvérsia nahistória com relação a questão da criação do alfabeto. Alguns estudiosos atribuem o desenvolvimentodo alfabeto grego tendo como base o alfabeto fenício. Outros pesquisadores acreditam na influênciados gregos sobre os fenícios antes mesmo de estes elaborarem o seu modelo de alfabeto.

      O que importa, porém, é que devemos muito a essas duas civilizações, pois sem ela,certamente essa apostila sequer teria sido construída, não é mesmo?

      Acredita-se que os gregos foram os primeiros povos a conseguir uma representação gráficados sons das letras. Seu alfabeto era composto por 24 letras, contendo inclusive, vogais.

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    11LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

      Vale lembrar que o alfabeto grego foi um dos que mais se disseminou em toda a Antiguidade,permitindo não somente a difusão de sua cultura clássica, mas também da sua filosofia e atémesmo de textos bíblicos. E foi com a ajuda do alfabeto grego que surgiram outras línguas e seusrespectivos alfabetos, como por exemplo, o latim.

    Comum ao povo romano o latim rapidamente espalhou-se pelo mundo antigo, como uma forma decultura dominante que se deu por meio das conquistas do Império Romano e a partir dele, tem-seo surgimento de outras línguas, de outros povos.

      Com o Cristianismo a popularização do latim se intensificou, uma vez que permitia serfalada, escrita e assim, copiada.

    1.3 A transmissão da informação

      A partir do momento em que o homem começa a apropriar-se da escrita passa a utilizar-sedela principalmente para registrar e documentar fatos e memórias. No entanto, mal sabia que aofazer isso, estava construindo um mundo de informações.

      Na Antiguidade havia duas formas de transmissão da informação: a oral, que certamente eraa mais comum, e a escrita que com o passar do tempo foi se intensificando e se popularizando.

      Ocorre que, com o fim do Império Romano por volta do século VI d.C. surgem os monastériose com eles o ensino e escrita. Os monges eram encarregados de apenas escrever, copiando os textosbíblicos.

      De início os textos eram copiados em rolos de papiro, mas depois devido à sua inviabilidade,passaram a ser escritos em pergaminhos, que após costurados formavam o chamado códex, quetempos depois deu origem aos livros à maneira que os conhecemos hoje.

     

    Figura 6: Pergaminho Figura 7 - Códex

      Cada monge copista era encarregado de escrever de forma manuscrita um códex, e paraisso possuía o seu próprio espaço. E faziam essa atividade ao longo de todo o dia, só parando pararefeições e orações.  Assim, a edição de livros, na forma de códex era de inteira responsabilidade dos clérigose de alguns nobres. Somente a partir do século XIII é que os copistas laicos passaram a redigirdocumentos e textos relacionados à burguesia, nova classe que surgia, dando início a um longo

    processo de acessibilização da leitura.

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    13LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

    Objetivos da unidade:

    • Valorizar o processo de leitura.

    • Compreender a leitura como necessária na vida das pessoas.

    • Relacionar leitura de mundo e leitura de palavra.

    2. A mágica da leitura

    2.1 A leitura do mundo

       Já se viu aqui que as primeiras manifestações de escrita ocorreram por meio dedesenhos feitos pelo homem primitivo. A interpretação desses desenhos e sinais consistia-se numaforma de leitura.

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    Diante disso, é possível dizer que podemos ler muito mais do que palavras. Quer ver?

     

    Posso dizer com certeza que você conseguiu ler cada uma dessas imagens acima, e queinterpretou cada uma delas à sua maneira, correto? Pois então, frente a essa nossa capacidade deler as imagens, é que Paulo Freire (1986, p. 20) já dizia que “[...] a leitura do mundo precede a

    leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”.

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    15LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

      Assim, segundo o saudoso autor, a leitura do mundo é um elemento fundamental para quese possa ler e compreender as palavras.

      Mas o que é pra você ler o mundo? Pare e reflita antes de darmos continuidade.

     Agora escreva abaixo o que é para você essa leitura do mundo, se possível, dando algunsexemplos:

    __________________________________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________

    __________________________________________________________________________________  Quantas vezes você já se pegou dizendo que não gosta de um sabor que nunca provou?Como se pode não gostar daquilo que não se conhece? E o que a leitura do mundo tem a ver comessas questões que à primeira vista, são tão simples?

      Ocorre que a leitura do mundo nada mais é do que a percepção e o julgamento de tudo oque nos rodeia. Na verdade, nossa leitura de mundo é capaz de influenciar opiniões, afetando,inclusive a forma como lemos as palavras.

    2.2 A leitura da palavra

      Ler é muito mais do que dizer palavras em voz alta. Mas há quem diga que ler é apenas isso.Mas e você? Como você define “ler”? O que é ler para você?

    É muito emocionante ver a criança juntando os pedacinhos de uma palavra e assim conseguirsuas primeiras leituras. No entanto, o ato de ler tem um significado que vai muito além da simplessonorização de palavras.

      Para Foucambert (1994, p. 5):

    Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certasrespostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essaescrita, significa construir uma resposta que integra parte das novas informaçõesao que já se é.

      Então, para Foucambert a leitura auxilia na formação de uma idéia, um juízo que se encontraenquanto se busca as respostas. Ler é buscar conhecer, entender e buscar respostas. Ler é buscarcompreender o que está escrito.

      Ler é construir um sentido por meio de cada palavra escrita, buscando um entendimento doque as letras mos oferecem.

      Mas, Vânia Resende vai além de Foucambert e coloca a leitura como um verdadeiro mergulhono mundo. Para a autora a leitura abre as janelas e portas de um mundo todo que deseja ser lido ecompreendido.

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     A leitura é um ato de abertura para o mundo. A cada mergulho nas camadassimbólicas dos livros, emerge-se vendo o universo interior e exterior com maisclaridade. Entra-se no território da palavra com tudo o que se é e se leu atéentão, e a volta se faz com novas dimensões, que levam a re-inaugurar o que já

    se sabia antes. (RESENDE, 1993, p. 164)  Já segundo Nagamine (2001):

    [...] o ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de intelecçãode mundo que envolve uma característica essencial e singular ao homem: a sua capacidade simbólicae de interação com o outro pela mediação da palavra

      Partindo então dessa idéia, de que a leitura possibilita um mundo de possibilidades aoindivíduo é que faz mais sentido a afirmação de Paulo Freire, de que “a leitura do mundo precedea leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”.

      A leitura nada mais é do que uma atribuição de sentido ao que está escrito. No entanto, épreciso lembrar que a interpretação do que foi lido, pode variar de leitor para leitor, uma vez quecada um já traz consigo suas impressões e visões de mundo.

      Essa questão das impressões que o leitor traz consigo é tão séria, que a seguir foram colocadosdois exercícios pra você estar a sua capacidade de leitura. São dois desafios ao seu cérebro. Já podecomeçar?

    Texto 1:

    DE AORCDO COM UMA PEQSIUSA DE UMA

    UINRVESRIDDAE IGNLSEA, NÃO IPOMTRAEM QAUL ODREM AS LTERAS DE UMA PLRAVAA

    ETÃSO, A ÚNCIA CSIOA IPROTMATNE É QUE A

    PIREMRIA E ÚTMLIA LTERAS ETEJASM NO LGAUR

    CRTEO. O RSETO PDOE SER UMA BÇGUANA TTAOL,

    QUE CCOÊ ANIDA PDOE LER SEM POBRLMEA. ITSO

    É POQRUE NÓS NÃO LMEOS CDAA LTERA ISLADOA,MAS A PLRAVAA CMOO UM TDOO. SOHW DE BLOA.

    Texto 2:35T3 P3QU3NO T3XTO 53RV3 4P3NA45 P4R4MO5TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3

    F4Z3R CO1545 1MPR35510N4ANT35! R3P4R3

    N1550! NO CO3ÇO 35T 4V4 M310 COMPL1C4D0,

    M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO

    0 CÓD1GO QU453 4UTOM4TIC4M3NT3,S3M PR3C1S4R

    P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 FIC4R B3M

    ORGULHO5O D1550! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3!

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    PARABÉNS!

    O que dizem os teóricos sobre a leitura?

      Para Nagamine (2001), o ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processode compreensão, de intelecção de mundo que envolve uma característica essencial e singular aohomem: a sua capacidade simbólica e de interação com o outro pela mediação da palavra.

      Para Paulo Freire (1981), o ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escritaou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundoprecede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidadeda leitura daquele.

      Para Marisa Lajolo (2001), Ninguém nasce sabendo ler: aprende-se a ler à medida que se

    vive. Se ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí,na chamada escola da vida...

    Para Isabel Sole (1998), a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto; neste processotenta-se satisfazer [obter uma informação pertinente para] os objetivos que guiam sua leitura.

    2.3 A importância da leitura

      Quando o indivíduo lê, o faz em todos os momentos, embora na maioria das vezes nãoperceba isso. Ele lê não apenas palavras, mas cenas do cotidiano, imagens, expressões faciais. Ele lê

    todo o mundo! E por meio da sua leitura busca compreendê-lo. Seus olhos passam a abrir-se paraatentamente ler o que está a sua volta.

      Diante disso, é possível dizer que a leitura hoje, num mundo cheio de informações por todosos lados, é indispensável. Vivemos na era da informação e do conhecimento e quem não sabe ler,encontra dificuldades em inserir-se nesse contexto.

      A leitura é tão importante que a escola hoje compreende que boa parte do fracassoescolar dos alunos ocorre em função de que estes não tenham uma boa leitura. Acredita-se que adificuldade de leitura implica diretamente na dificuldade de entendimento e de compreensão e,consequentemente, de aprendizagem.

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      Parece que ficou claro o quanto a leitura é importante na vida das pessoas hoje em dia. Mas,e na sua?

      A leitura é importante em sua vida?

      Vamos refletir a esse respeito agora:

    2.4 O papel da escola e do professor

      Diante da importância do ato de ler, fica bem claro que o papel da escola é o de formaralunos leitores. Mas como se forma um aluno leitor?

      De acordo com os PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, tem-seo seguinte:

    Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda

    o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito,identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o textoque lê e os outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem seratribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a sua leitura a partirda localização de elementos discursivos. (BRASIL, 2000, p. 54)

      Entretanto, a escola forma os alunos leitores através não apenas de projetos e propostasmaravilhosas de trabalho. Mas sim, da prática pedagógica que o professor desenvolve no decorrerde suas aulas, no seu trabalho cotidiano.

      O professor não deve se esquecer de que cada um dos seus alunos já traz consigoconhecimento e visão de mundo que certamente estarão associados à sua leitura. Assim, para que

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    19LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

    a leitura seja bem trabalhada, o professor deve continuamente proporcionar situações em que essealuno se depare com os mais diversos tipos de texto.

    E com relação a isso, os PCN da Língua Portuguesa completam ainda que:

    Para aprender a ler, portanto, é preciso interagir com a diversidade detextos escritos, testemunhar a utilização que os já leitores fazem deles eparticipar de atos de leitura de fato; é preciso negociar o conhecimentoque já se tem e o que é apresentado pelo texto, o que está atrás e diantedos olhos, recebendo incentivo e ajuda de leitores experientes.(BRASIL,2000, p. 56)

      O professor, portanto, deve ter claro que para que o aluno compreenda de fato um texto omesmo deve estar inserido num determinado contexto, de maneira a facilitar o entendimento doaluno. Diante disso, para que o um texto possa ser de fato compreendido pelo aluno é preciso quetrabalhem juntos o seu conhecimento prévio, o seu conhecimento de mundo e ao conhecimento

    textual.  No tocante a essa questão; Kleiman (2000, p. 20) afirma que “Quanto mais conhecimentotextual o leitor tiver, quanto maior a sua exposição a todo tipo de texto, mais fácil será suacompreensão.” Assim, pode-se dizer que para que um aluno aprenda a ler, é preciso que a elesejam dadas as mínimas condições para ele também se sinta capaz de produzir textos,

      Mas, para que possa formar um leitor voraz, o professor também deve sentir-se um leitor.É inaceitável um professor que não tenha o hábito da leitura, ou que pior, não goste de ler. Comopode o professor inspirar, tornar os alunos desejosos de leitura, se não o faz com sinceridade?

      E pior que aquele professor que não gosta de ler, é aquele que faz da leitura um pesadelo paraseus alunos. A leitura deve ser prazerosa, estimulada, capaz de permitir ao aluno o desenvolvimentode sua linguagem, de sua oralidade, de sua capacidade de compreensão e é claro, de aprendizagem.

      Pensando nisso, segue um texto muito interessante que objetiva mostrar o que o professornão deve fazer com o intuito de desenvolver a leitura em seus alunos:

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     Doze maneiras simples de tornar difícil a aprendizagem da leitura:

    1. Estabeleça como meta o domínio precoce das regras de leitura;2. Cuide bem para que a fonética seja aprendida e utilizada;3. Ensine as letras ou as palavras, uma a uma, certificando-se de quecada letra ou palavra foi assimilada antes de passar para a seguinte;4. Defina como objetivo principal uma leitura palavra por palavra

    perfeita;5. Não deixe as crianças adivinharem; pelo contrário, exija que elasleiam com atenção;6. Procure evitar de todas as maneiras que as crianças errem;7. Dê um feed-back imediato;8. Detecte e corrija os movimentos incorretos dos olhos;9. Identifique os eventuais disléxicos e trate-os mais cedo possível;10. Esforce-se para que as crianças aprendam a importância da leiturae a gravidade do fracasso;11. Aproveite as aulas de leitura para melhorar a ortografia e a

    expressão escrita; insista também em que os alunos falem a melhorlíngua possível;12. Se o método utilizado não lhe satisfizer, tente outro. Estejasempre alerta para achar material novo e técnicas novas.

    (Artigo publicado em L’Education, 22 de maio de 1980. In:FOUCAMBERT, Jean. A leitura em

    questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994). 

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    Mas e para ser um bom leitor? O que será preciso?

    OS 10 MANDAMENTOS PARA UM BOM LEITOR

    I - Nunca leia por hábito: um livro não é uma escova de dentes. Leia porvício, leia por dependência química. A literatura é a possibilidade de vivervidas múltiplas, em algumas horas. E tem até finalidades práticas: amplia acompreensão do mundo, permite a aquisição de conhecimentos objetivos,aprimora a capacidade de expressão, reduz os batimentos cardíacos, diminuia ansiedade, aumenta a libido. Mas é essencialmente lúdica, é essencialmenteinútil, como devem ser as coisas que nos dão prazer.

    II - Comece a ler desde cedo, se puder. Ou pelo menos comece. E pelosclássicos, pelos consensuais. Serão cinqüenta, serão cem. Não devem faltar

     As mil e uma noites, Dostoiévski, Thomas Mann, Balzac, Adonias, Conrad, Jorge de Lima, Poe, García Márquez, Cervantes, Alencar, Camões, Dumas,Dante, Shakespeare, Wassermann, Melville, Flaubert, Graciliano, Borges,Tchekhov, Sófocles, Machado, Schnitzler, Carpentier, Calvino, Rosa, Eça, Perec,Roa Bastos, Onetti, Boccaccio, Jorge Amado, Benedetti, Pessoa, Kafka, BioyCasares, Asturias, Callado,Rulfo, Nelson Rodrigues, Lorca, Homero, LimaBarreto, Cortázar, Goethe, Voltaire, Emily Brontë, Sade, Arregui, Verissimo,Bowles, Faulkner, Maupassant, Tolstói, Proust, Autran Dourado, Hugo, Zweig,Saer, Kadaré, Márai, Henry James, Castro Alves.

    III - Nunca leia sem dicionário. Se estiver lendo deitado, ou num ônibus, ouna praia, ou em qualquer outra situação imprópria, anote as palavras que vocênão conhece, para consultar depois. Elas nunca são escritas por acaso.

    IV - Perca menos tempo diante do computador, da televisão, dos jornais e crieum sistema de leitura, estabeleça metas. Se puder ler um livro por mês, dos 16aos 75 anos, terá lido 720 livros. Se, no mês das férias, em vez de um, puder lerquatro, chegará nos 900. Com dois por mês, serão 1.440. À razão de um porsemana, alcançará 3.120. Com a média ideal de três por semana, serão 9.360.Serão apenas 9.360. É importante escolher bem o que você vai ler.

    V - Faça do livro um objeto pessoal, um objeto íntimo. Escreva nele; assinaleas frases marcantes, as passagens que o emocionam. Também é importantecriticar o autor, apontar falhas e inverossimilhanças. Anote telefones e endereçosde pessoas proibidas, faça cálculos nas inúteis páginas finais. O livro é o mais

    interativo dos objetos. Você pode avançar e recuar, folheando, com maiscomodidade e rapidez que mexendo em teclados ou cursores de tela. O livrovai com você ao banheiro e à cama. Vai com você de metrô, de ônibus, e detáxi. Vai com você para outros países. Há apenas duas regras básicas: use lápis;e não empreste.

    VI - Não se deixe dominar pelo complexo de vira-lata. Leia muito, leia sempre aliteratura brasileira. Ela está entre as grandes. Temos o maior escritor do séculoXIX, que foi Machado de Assis; e um dos cinco maiores do século XX, queforam Borges, Perec, Kafka, Bioy Casares e Guimarães Rosa. Temos um dosquatro maiores épicos ocidentais, que foram Homero, Dante, Camões e Jorgede Lima. E temos um dos três maiores dramaturgos de todos os tempos, que

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    foram Sófocles, Shakespeare e Nelson Rodrigues.

    VII - Na natureza, são as espécies muito adaptadas ao próprio hábitat quetendem mais rapidamente à extinção. Prefira a literatura brasileira, mas faça

    viagens regulares. Das letras européias e da América do Norte vem a maioriados nossos grandes mestres. A literatura hispano-americana é simplesmenteindispensável. Particularmente os argentinos. Mas busque também o diferente:há grandezas literárias na África e na Ásia. Impossível desconhecer Angola,Moçambique e Cabo Verde. Volte também ao passado: à Idade Média, aomundo árabe, aos clássicos gregos e latinos. E não esqueça o Oriente; nãoesqueça que literatura nenhuma se compara às da Índia e às da China. E chegue,finalmente, às mitologias dos povos ágrafos, mergulhe na poesia selvagem. Sãoeles que estão na origem disso tudo; é por causa deles que estamos aqui.

    VIII - Tente evitar a repetição dos mesmos gêneros, dos mesmos temas, dosmesmos estilos, dos mesmos autores. A grande literatura está espalhada por

    romances, contos, crônicas, poemas e peças de teatro. Nenhum gênero é, emtese, superior a outro. Não se preocupe, aliás, com o conceito de gênero: história,filosofia, etnologia, memórias, viagens, reportagem, divulgação científica, auto-ajuda – tudo isso pode ser literatura. Um bom livro tem de ser inteligente, bemescrito e capaz de provocar alguma espécie de emoção.

    IX - A vida tem outras coisas muito boas. Por isso, não tenha pena de abandonarpelo meio os livros desinteressantes. O leitor experiente desenvolve a capacidadede perceber logo, em no máximo 30 páginas, se um livro será bom ou mau.Só não diga que um livro é ruim antes de ler pelo menos algumas linhas: nadapode ser tão estúpido quanto o preconceito.

    X - Forme seu próprio cânone. Se não gostar de um clássico, não se sinta menosinteligente. Não se intimide quando um especialista diz que determinado autoré um gênio, e que o livro do gênio é historicamente fundamental. O fato deuma obra ser ou não importante é problema que tange a críticos; talvez aescritores. Não leve nenhum deles a sério; não leve a literatura a sério; nãoleve a vida a sério. E faça o seu próprio decálogo: neste momento, você seráum leitor.

    Saiba mais...  O leitor traça planos, estratégias para obter, avaliar e utilizar informação e, assim, construirsignificados, compreender o texto lido. As estratégias de leitura se constroem e se modificam, poiso leitor desenvolve seus modos de ler através da leitura. Nós utilizamos as estratégias abaixo aomesmo tempo e, muitas vezes, inconscientemente.

      São quatro as estratégias de leitura.

      a) Seleção: o leitor elege os índices mais relevantes e úteis para não ficar sobrecarregado deinformações desnecessárias;

    b) Antecipação: capacidade de antecipar o texto com base nas pistas do mesmo; o leitor

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    prevê o que ainda não apareceu a partir de índices como gênero do texto, autor, título, contexto deprodução. Por exemplo, o leitor, ao deparar-se com um texto de Esopo, certamente antecipará quese trata de uma fábula, há animais como personagens e uma moral ao término da história.

      c) Inferência: percepção do que não está dito no texto de forma explícita, ou seja, deduçõesque podem ser confirmadas ou não no decorrer do texto. O leitor tenta adivinhar as informaçõesdas ‘entrelinhas’.Tais predições não são casuais; elas se baseiam nas pistas dadas pelo próprio texto,pelo conhecimento conceitual e lingüístico do leitor.

    d) Verificação: o leitor é o responsável pelo controle de sua própria leitura; é ele que podeconfirmar se foi capaz de compreender o texto, de construir sentido a partir dele, por isso faza análise da compreensão, permitindo confirmar ou rejeitar as deduções realizadas durante aestratégia de inferência, por exemplo.

    Saiba ainda mais sobre leitura:

    Links:

    Mais de 100 artigos sobre leitura, divirta-se!

    http://revistaescola.abril.com.br/leitura/

     Vídeos:

    Documentário sobre a importância da leitura http://www.youtube.com/watch?v=l7Oyfa3CcjM

    Leitura na escola

    http://www.youtube.com/watch?v=a5bnWLrz5K8&feature=related

      Depois de tantas informações sobre leitura, um bom caminho para verificar se tudo o que foi

    dito e discutido pode ser ‘saboreado’ é passar para a prática. Que tal ter acesso, através da leitura,a uma palestra sobre o a importância do ato de ler no Congresso Brasileiro de Leitura (evento queaté hoje acontece a cada biênio na UNICAMP), ministrada nada mais nada menos por Paulo Freire,nosso ‘educador universal’?

    FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 39.ed. – São Paulo,Cortez, 2000.

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    Objetivos da Unidade

    • Refletir sobre o processo de aquisição da escrita

    • Compreender a importância de ler bem• Reconhecer a ligação entre leitura e escrita, de modo a uma colaborar com o

    desenvolvimento da outra

    3. A Produção de texto

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      Já vimos que a invenção da escrita foi um acontecimento tão importante que acabou setornando um dos marcos mais significativos da história da humanidade.

      E vimos também que no mundo de hoje tanto a leitura quanto a escrita são indispensáveis,embora infelizmente o analfabetismo ainda seja uma realidade em pleno século XXI.

    Foi possível compreender também que leitura e escrita andam juntas. Como se uma complementassea outra. Uma conduz à outra. Sem leitura, não há escrita, nem escrita sem leitura. Isso porque nósvimos também que a leitura vai muito além do que a decodificação de letras, e sim a leitura comsentido.

      Assim como a leitura, a produção de textos escritos é uma prática de linguagem e, comotal, uma prática social. Quer dizer: em várias circunstâncias da vida escrevemos textos para diferentesinterlocutores, com distintas finalidades, organizados nos mais diversos gêneros, para circularem em

    espaços sociais vários.Por exemplo: ao lermos um jornal, se o tratamento recebido por determinado assunto em

    uma determinada matéria nos causar indignação — ou mesmo admiração — podemos escreveruma carta para o jornal manifestando nossa forma de pensar a respeito.

    Se quisermos divulgar um serviço que prestamos, podemos escrever um anúncio para umarevista, para um determinado site , para um jornal; ou podemos escrever um folheto de propagandapara ser distribuído na saída do metrô, ou, ainda, organizar um outdoor para veicular informaçãoa respeito do serviço nos lugares que se espera que circulem potenciais interessados no serviçodivulgado.

    Se pretendermos divulgar dados organizados de determinada pesquisa que realizamos, porexemplo, a respeito da evasão dos alunos, escrevemos um artigo acadêmico-científico, para serpublicado em uma revista de educação — ou um livro — que circule no espaço no qual essadiscussão interesse.

    Se quisermos ter notícias de um ente querido que se encontra distante de nós geograficamente,podemos escrever uma carta, ou enviar uma mensagem por e-mail.

    Se desejarmos informar um possível contratante sobre nossa formação e experiência profissionalpara que ele possa avaliar se correspondemos às expectativas que a empresa tem para um provávelfuncionário, elaboramos um currículo.

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      Como se pode ver, produzimos textos em diferentes circunstâncias. A cada circunstânciacorrespondem:

    a) finalidades  diferentes: manifestar nossa forma de pensar a respeito de

    determinada matéria lida; divulgar determinados serviços buscando seduzirpossíveis clientes; convencer a respeito de determinadas interpretações de dados;obter notícias sobre um ente querido; informar sobre sua qualificação profissional;

    b) interlocutores diversos: leitores de um determinado veículo da mídia impressa (jornal, revista);transeuntes de determinados locais (vias de circulação, rodoviária etc.); colegas de trabalho, leitoresde determinada revista acadêmico-científica ou de determinado tipo de livro; um parente próximoou um amigo; um possível contratante;

    c) lugares de circulação determinados: mídia impressa; academia; família ou círculo de amizades;determinada empresa (esfera profissional); vias públicas de grande circulação de veículos e pessoas;

    d) gêneros discursivos específicos: carta de leitores; anúncio; folheto de propaganda; outdoor;artigo acadêmico-científico; carta pessoal; currículo.

    Quer dizer: escrever um texto é uma atividade que nunca é a mesma nas diferentes circunstânciasem que ocorre, porque cada escrita se caracteriza por diferentes condições que determinam aprodução dos discursos. Essas condições referem-se aos elementos apresentados acima. Mas nãoapenas a eles. Um aspecto a ser considerado ainda é o lugar do qual se escreve.

    Todos desempenhamos diferentes papéis na vida: o de mãe/pai, de filho/filha, de irmão/ irmã, de associado de determinado clube, de consumidor de determinado produto, de cidadãobrasileiro, o relativo à profissão que exercemos (professores, médicos, dentistas, vereadores,escritores, revisores, feirantes, digitadores, diretores de escola etc), entre outros. Cada um desses

    papéis estabelece entre nós e aqueles com quem nos relacionamos determinados vínculos, queimplicam responsabilidades assumidas, pontos de vista a partir dos quais os acontecimentos sãoanalisados, recomendações são feitas, atitudes são tomadas...

     Ainda que esses papéis se articulem todo o tempo, uma vez que são todos constitutivos dosujeito e que, dessa forma, influenciam-se mutuamente, quando assumimos a palavra para dizeralguma coisa a alguém, um desses papéis predomina, em função das demais características docontexto de produção (sobretudo do lugar de circulação do discurso e do interlocutor presumido).

    Por exemplo: um cineasta, quando em uma conferência ou mesa-redonda, ao analisardeterminado filme, certamente produzirá um discurso permeado por análises técnicas e históricas.Isso ocorrerá não só porque o discurso será uma conferência, que poderá ter como interlocutores

    estudantes ou outros cineastas, ou porque circulará na esfera acadêmica, tendo, portanto, quese adequar a essas condições, mas também porque o cineasta não poderá, nessas condiçõesenumeradas, produzir o discurso a partir do lugar de pai, por exemplo, ou de amigo de determinadoempresário do ramo, sob pena de não ser eficaz.

    Se estiver conversando com amigos em um encontro casual, ao contrário, o contexto deprodução dado lhe permitirá assumir o lugar de espectador/apreciador da arte do cinema e seudiscurso, certamente, não terá a mesma organização, nem a mesma escolha lexical, podendoser mais descontraído, menos comprometido com argumentações coerentes com determinadasposições teóricas. E isto por causa de todas as condições de produção citadas, incluindo-se nestas opapel social de onde fala o produtor. Da mesma forma, se a uma pessoa for solicitado um discursorecomendando a redução do consumo de energia elétrica, este não será o mesmo, caso seja

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    produzido a partir do lugar de deputado federal, de industrial do ramo da produção de lâmpadas,ou do lugar do pai que fala a seus filhos. Os argumentos serão diferentes porque, embora nãoapenas por este motivo, a relação entre os interlocutores instituiu compromissos diferenciados entreeles.

    Ser um escritor proficiente, portanto, significa saber lidar com todas as características docontexto de produção dos textos, de maneira a orientar a produção do seu discurso pelos parâmetrospor elas estabelecido [1].

    [1] Adaptado do texto original da autora Kátia Bräkling. Disponível em: http://www.educared.org 

      Carlos Drummond de Andrade foi um dos maiores escritores do nosso país. E é ele mesmoquem nos conta como começou a escrever:

      Aí por volta de 1910 não havia rádio nem televisão, e o cinema chegava ao interior do Brasiluma vez por semana aos domingos. As notícias do mundo vinham pelo jornal, três dias depois depublicadas no Rio de Janeiro. Se chovia a potes, a mala do correio aparecia ensopada, uns sete diasmais tarde. Não dava para ler o papel transformado em mingau.

    Papai era assinante da Gazeta de Notícias, e antes de aprender a ler eu me sentia fascinadopelas gravuras coloridas do suplemento de Domingo. Tentava decifrar o mistério das letras em redordas figuras, e mamãe me ajudava nisso. Quando fui para a escola pública, já tinha a noção vaga deum universo de palavras que era preciso conquistar.

    Durante o curso, minhas professoras costumavam passar exercícios de redação. Cada um de

    nós tinha de escrever uma carta, narrar um passeio, coisas assim. Criei gosto por esse dever, que mepermitia aplicar para determinado fim o conhecimento que ia adquirindo do poder de expressãocontido nos sinais reunidos em palavras.

    Daí por diante as experiências foram se acumulando, sem que eu percebesse que estavadescobrindo a leitura. Alguns elogios da professora me animavam a continuar. Ninguém falavaem conto ou poesia, mas a semente dessas coisas estavam germinando. Meu irmão, estudante naCapital, mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre eles. Depois, já rapaz, tive sortede conhecer outros rapazes que também gostavam de ler e escrever.

    Então começou uma fase muito boa de troca de experiências e impressões. Na mesa docafé-sentado (pois tomava-se café sentado nos bares, e podia-se conversar horas e horas semincomodar nem ser incomodado) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegascriticavam. Eles também sacavam seus escritos, e eu tomava parte nos comentários. Tudo comnaturalidade e franqueza. Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que nãodesfrutam desse tipo de amizade crítica.

    Disponível em: http://www.paralerepensar.com.br/drummond_cronicas.htm. Acesso em 14/11/11

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    E você? O que se lembra do período em que começou a escrever?

     Aproveite e faça um breve exercício, contando como chegou até esse curso:

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    3.1 Gêneros discursivos

      Espero que você tenha gostado de escrever! Drummond gostava e muito e aprendeu abrincar com as palavras explorando diversos gêneros discursivos.

    Gêneros discursivos: são as diversas formas de expressão textual, que podeser em forma de poesia, crônica, entre outros.

      Quando usamos a leitura no dia-a-dia, utilizamos os diversos gêneros discursivos, de acordocom a função de cada um.

      “A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaçamento”. Há,portanto, uma razão etimológica para nunca esquecermos que o texto resulta da ação de tecer, deentrelaçar unidades e partes a fim de formarmos um todo inter-relacionado.

      Daí podermos falar em textura ou tessitura de um texto: é a rede de relações que garantemsua coesão, sua unidade”. Segundo Fiorin (2003), “não é amontoando os ingredientes que seprepara uma receita; assim também não é superpondo frases que se constrói um texto”.

      Utilizando ainda a origem etimológica do termo, percebemos que um fio nem milharesdeles compõem um tecido. Para existir tecido é preciso que os fios, mesmo os mais diferentesentre si, formem uma unidade, uma teia. Assim, também é com o bolo, pois colocar leite, ovos,manteiga, açúcar e farinha de trigo num recipiente não resulta em bolo. Para que estes ingredientesse transformem em bolo, é preciso que passem por vários processos, ou seja, acontece umametamorfose daqueles ingredientes que compunham meras individualidades e agora passam a seruma unidade composta pela diversidade.

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      Num texto, as partes não possuem significados independentes, mas cada sentido se relacionacom o outro a fim de construir um sentido global. Entretanto, este não é dado pela soma das partes,mas sim por uma combinação geradora de sentidos.

      Todo texto possui algumas propriedades, O texto possui algumas pou seja, algumasespecificidades básicas que o tornam texto. São elas: a coerência de sentido, a delimitação por doisbrancos e o fato de ser produzido por um determinado sujeito num certo espaço e tempo.

      Possuir coerência de sentido significa que os símbolos constituintes do texto não estão jogadosno papel. Eles se inter-relacionam. Por isso, é perigoso ler as partes do texto, juntá-las e conferir aelas um sentido global, pois o contexto em que se insere é determinante para a compreensão dosentido. O contexto, declara Fiorin (2003), “é a unidade maior em que uma unidade menor estáinserida. Assim a frase (unidade maior) serve de contexto para a palavra; o texto, para a frase etc”.

      “Poder-se-ia, assim, conceituar o TEXTO como uma manifestação verbal, constituída deelementos linguísticos selecionados e ordenados pelos co-enunciadores, durante a atividade verbal,

    de modo a permitir-lhes, na interação, não apenas a depreensão de conteúdos semânticos, emdecorrência da ativação de processos e estratégias de ordem cognitiva, como também a interação(ou atuação) de acordo com práticas socioculturais” (Koch, 1992).

      Existem diversos gêneros discursivos utilizados com os mais diferentes objetivos.

     A notícia, por exemplo, tem o objetivo de informar, contar um fato. Veja:

    Essa manchete é engraçada não é? Pois então, ainda assim a reportagem objetiva apenas contar aosleitores do jornal um fato ocorrido numa sala de aula.

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     Já a manchete ganha ênfase para dar destaque e atrair a atenção do leitor. A manchete precisadespertar o interesse do leitor pela notícia que está sendo veiculada.

    Mas, se por acaso você deseja aprender sobre alguma coisa, lerá um artigo que tem por finalidade

    apresentar o assunto e as informações sem, no entanto, influenciar nas suas emoções. E esse tipo detexto também de caráter informativo, pode ser um verbete de dicionário e até um texto científico.

    Vejamos o exemplo de um texto científico:

    Os pulmões e a respiração1

     Jeanne M. Stellman

      O sistema respiratório é uma das mais importantes vias de entrada para as subs-tâncias tóxicas ou poluentes. Muitas doenças profissionais resultam da acumulação

    de substâncias químicas tóxicas no próprio sistema respiratório, e outras doenças sãocausadas pela passagem de substâncias nocivas dos pulmões para o resto do corpo.

      A finalidade do sistema respiratório é absorver oxigênio do ar e transferi-lo para osangue. Ele também remove gás carbônico - que é o gás residual produzido pelos pro-cessos do corpo - do sangue e o transfere para o ar expirado. Este processo é realizadopelos pulmões. Os pulmões contêm milhões de minúsculos sacos aéreos (alvéolos).

      O sangue flui em torno deles e fica separado do ar por uma membrana deapenas um milionésimo de polegada de espessura. Esta membrana é tão delgada queos gases podem atravessá-la: oxigênio do ar para o sangue e gás carbônico do sanguepara o ar. A cada inalação, ar novo penetra em todo o trato respiratório até os alvéolospulmonares. O sangue absorve então o oxigênio do ar através da delgada parede do

    alvéolo, enquanto descarrega gás carbônico no ar.

      Estas trocas se efetuam de modo bastante rápido e, no espaço de uns poucossegundos, o ar dos alvéolos é expirado. Este é o processo da respiração.

     Disponível em: http://intervox.nce.ufrj.br/~diniz/d/direito/ou-Apostila_Portugues_Texto_Informativo_5.pdf. Acesso em 16/11/11

      Observando o texto apresentado nota-se que nesse gênero discursivo há apenas o objetivo

    de transmitir uma informação ao leitor de maneira clara. O texto científico não leva em consideraçãoimpressões e sentimentos e sim, fatos concretos.

      Há ainda o texto com o objetivo de ajudar passo a passo o leitor a executar uma determinadaação, como é o caso dos manuais de instrução e até das próprias receitas culinárias:

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    Disponível em: http://maringa.odiario.com/blogs/1390khz/2010/08/06/cantinho-da-receita-pudim-de-laranja/.

     Acesso em 15/11/11

    Existe ainda um gênero discursivo carregado de emoção que é a poesia. Através dela o autor brincacom as palavras de maneira a mostrar o seu mais profundo sentimento, que envolve e emociona oleitor.

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     Amor a Distância 2 

    Cris Maia

    Quantas vezes eu já não toquei o vazio,na esperança de te sentir.

    Quantas vezes eu já não ergui minha mão,com vontade de acariciar teu rosto ... ou secar

    uma lágrima.Quantas vezes eu não fechei os meus olhos,para poder visualizar tua boca sorrinEVdo...

    enquanto eu sentia que tusorria... do outro lado.

    Sinto tanto a tua falta...Falta do teu calor...

    Falta dos teus beijos...Falta do teu olhar...

    Mas a tua voz me aquece , me acaricia ,me embala nas minhas noites vazias...E a esperança preenche meus sonhos.

     A esperança de que não tarde o próximo dia

    em que vamos nos encontrar.E de que não tarde, o dia em que não vamos

    mais nos separar...

      Ao contrário das poesias que emocionam, há ainda as tiras de quadrinhos e charges que combom humor compõem outro gênero discursivo:

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    Disponível em: http://www.azideias.net/2007/11/tiras-pequenas.html. Acesso em 16/11/11Os quadrinhos, ao contrário do que se pensa, não conquistam apenas as crianças, mas também osadultos, com suas críticas e sátiras do cotidiano

    Bom, até aqui vimos alguns dos diversos gêneros discursivos. Há quem prefira um a outro, mas oque importa mesmo é que se saiba utilizá-los no cotidiano, conforme as necessidades.

    Saiba mais...

    Gêneros do discurso e texto

      Os gêneros são formas de enunciados produzidas historicamente, que se encontramdisponíveis na cultura, como notícia, reportagem, conto (literário, popular, maravilhoso, de fadas, deaventuras...), romance, anúncio, receita médica, receita culinária, tese, monografia, fábula, crônica,cordel, poema, repente, relatório, seminário, palestra, conferência, verbete, parlenda, adivinha,cantiga, anúncio, panfleto, sermão, entre outros.

    Qualquer manifestação verbal organiza-se, inevitavelmente, em algum gênero do discurso,de uma conversa de bar a uma tese de doutoramento, quer tenha sido produzida em linguagemoral ou linguagem escrita.

    Os gêneros podem ser identificados por três características fundamentais:

    • o tipo de tema que podem veicular;

    • a sua forma composicional;

    • as marcas lingüísticas que definem seu estilo.

     As diferentes manifestações verbais concretizam-se em textos — orais ou escritos —organizados nos gêneros. Estes se referem, portanto, a famílias de textos que possuem característicascomuns.

      Não é qualquer gênero que serve para se dizer qualquer coisa, em qualquer situaçãocomunicativa. Se imaginarmos que alguém pretende discutir uma questão complexa comoa descriminalização das drogas, ou como a pena de morte como forma eficiente de combate àcriminalidade, essa pessoa precisará organizar o seu discurso em um gênero como o artigo de opinião,por exemplo. Esse é o gênero que pressupõe a argumentação em favor de questões controversas,mediante a apresentação de argumentos que possam sustentar a posição que se defende e refutaraquelas que forem contrárias à defendida no texto.

      Se a finalidade, por outro lado, for relatar a um grande público um fato acontecido no diaanterior, o gênero escolhido pode ser a notícia. Se o que se pretende é orientar alguém para arealização de determinada tarefa, pode-se escrever um manual, ou relacionar instruções. Se sedeseja apresentar algum ensinamento utilizando situações vividas por animais que representamdeterminadas características humanas, então a fábula é o gênero mais adequado.

    Portanto, saber selecionar o gênero para organizar o seu discurso implica conhecer suascaracterísticas para avaliar sua adequação:

    • às finalidades colocadas para a situação comunicativa;• ao lugar de circulação;• a um contexto de produção determinado.

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      Pode-se mesmo afirmar que o conhecimento que se tem sobre um gênero determina aspossibilidades de eficácia do discurso.

      Dessa forma, a proficiência do aluno em Língua Portuguesa depende também do conhecimento

    que ele possa ter sobre os gêneros e sua adequação às diferentes situações comunicativas. Suascaracterísticas, portanto, devem ser objeto de ensino, precisam ser tematizadas nas atividades deensino[2].

      [2] Adaptado do texto original da autora Kátia Bräkling. Disponível em:

    http://www.educared.org 

    3.2 Gêneros discursivos na Sala de Aula

      Entre as metodologias de trabalho em sala de aula, principalmente nas aulas de línguaportuguesa, a abordagem dos gêneros discursivos como pano de fundo é sempre muito bem-vinda.

      Como sabemos, gêneros discursivos são as funções de cada texto, podendo ser o telefonema,o e-mail, a carta, a bula de remédio, a lista de compras, a resenha, a conferência, o cardápio derestaurante, o outdoor, a propaganda, a charge, a aula virtual, as notícias...

      Não há comunicação que não esteja devidamente caracterizada em algum gênero e há tipostextuais que estruturam cada manifestação de gênero.

    Isto pode ser de fácil compreensão, pois há grandes e nítidas diferenças, por exemplo, na

    forma como um livro didático é estruturado e na forma como elaboramos uma receita culinária.  Estes tipos textuais são, pelo menos, cinco: narração, argumentação, instrução, exposição edescrição.

      Contudo, o que todo professor precisa considerar antes de abordar os gêneros discursivos éo fato que muito mais importante do que estudar as características de cada gênero e sua estrutura,é fazer com que o aluno vivencie a prática de cada gênero discursivo, de acordo, principalmente,com a sua realidade.

      Neste ponto, é interessante o professor colocar à disposição na sala de aula o maior númeropossível de gêneros, pois desta forma o aluno vai perceber, na prática, qual a funcionalidade decada um, o que certamente facilitará a construção de seu conhecimento.

      Ao dispor jornais, revistas, exemplos de conversa em chats online, charge, propaganda, entreoutros, o professor terá muito menos trabalho para fazer com que o aluno compreenda que a falaprecisará passar por processo de adequação em todos os momentos.

      Esta adequação não é apenas estrutural, mas também contextual, ou seja, todo aquele quepretende ser aceito em sua forma de falar, seja por meio de propagandas, notícias, artigos, e-mail,telefonemas e muitos outros, precisará compreender qual o contexto que envolve a comunicaçãoe adequar sua fala a ele.

      Desta maneira, o fato de a estrutura de uma comunicação em chat online ser mais desprovidade regras gramaticais e ortográficas, não é adequado que assim se proceda em conversações mais

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    formais, mesmo que esta seja no mesmo chat que é usado, em outros momentos, informalmente.

    De acordo com determinados contextos, é perfeitamente possível e correto que se useabreviações e uma linguagem mais informal. É o que ocorre com os chats.

    Contudo, se o chat for usado para se conversar com alguma pessoa com um grau social/ profissional superior ao do outro falante envolvido, as abreviações e a informalidade deverão serevitadas.

      Sendo assim, não é o veículo em si que deve ser foco de trabalho do professor, mas ocontexto que envolve não somente o chat, mas todos os demais gêneros discursivos que se desejarabordar.

      O aluno precisa vivenciar a prática dos gêneros para compreender com mais eficácia a razãode sabermos dar diferentes formas às nossas falas nas mais diferentes ocasiões.

    É importante compreendermos, como pais e professores, que o fato de o aluno usar

    abreviações ao se comunicar na internet, não faz que ele as use em outros contextos, desde que,evidentemente, ele tenha acesso às orientações sobre como adaptar sua fala em diversos gêneros econtextos.

      O aluno que é bem-orientado por seu professor a respeito dos gêneros discursivos e suasestruturas saberá, por exemplo, que não é conveniente escrever numa prova escrita na escola damesma maneira que ele escreve ao mandar um e-mail para um amigo, convidando-o para umafesta, por exemplo.

      Se nós introduzirmos em nossas aulas os gêneros discursivos de maneira que eles consigamperceber a funcionalidade prática da língua, certamente nossos alunos conseguirão adquirir ascompetências necessárias para adequar a fala para o objetivo que desejar atingir, cumprindo, assim,

    seu papel como cidadão que fala e é ouvido dentro de seus pontos de vistas.

     Autora: Erika de Souza Bueno. Extraído de: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1892 seu papel como cidadão que fala e é ouvido dentro de seus pontos de vistas.

    3.3 Trabalhando com Quadrinhos em sala de aula

    Texto de: Juliana Carvalho (Professora e redatora)

    Eu, que fui criança na década de 1980, não me lembro de ter lido (com permissão doprofessor) nenhuma revista em quadrinhos em sala de aula. Infelizmente, não tive nenhum professor

    pioneiro que percebesse as infinitas possibilidades desse material para o trabalho com qualquerdisciplina. Ao contrário, se qualquer aluno fosse visto com uma revistinha, ela era “sequestrada” ese exigia a presença dos pais na escola para a devolução. Todos os dias, depois de ir à escola e fazeras lições da cartilha Casinha Feliz, era ao chegar a casa que eu realmente aprendia a ler com os gibisda Turma da Mônica, comprados aos montes por meu pai. Os gibis não foram apenas coadjuvantesna minha formação leitora; foram fundamentais no processo de aquisição da língua e de capitalcultural.

    Se na década de 80 tive o incentivo dos meus pais para ler as revistinhas, nas décadasanteriores isso não ocorria. As histórias em quadrinhos eram culpadas pelo desestímulo à leitura e àcriatividade, já que mostravam os cenários desenhados e deixavam pouco para a imaginação

    do leitor, o que tornaria as crianças preguiçosas. Além disso, foi publicado nos EUA, no início

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    dos anos cinquenta, o livro Sedução dos Inocentes, de Fredrick Werthan, que apontava os gibiscomo responsáveis pela delinquência juvenil.

    Hoje, os tempos são outros. Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI),

    e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) já os contemplam e destacam sua importância aosugerir o trabalho com diversas mídias em sala de aula. Em 2007, dez anos depois da criação doPrograma Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), as histórias em quadrinhos (HQs) finalmente foramincluídas nos acervos distribuídos a bibliotecas escolares. Foram 14 livros naquela edição e outros16 em 2008. Em 2009, as HQs já representam 4,2% dos 540 títulos listados pelo programa.

    Entre os motivos para utilizar os quadrinhos na escola, estão a atração dos estudantes poresse tipo de leitura, a conjunção de palavras e imagens, que representa uma forma mais eficientede ensino, o alto nível de informação deles, o enriquecimento da comunicação pelas histórias emquadrinhos, o auxílio no desenvolvimento do hábito de leitura e a ampliação do vocabulário. Oque se vê cada vez mais é a formalização desse gênero discursivo na sala de aula, mas muitosprofessores ainda têm dúvidas sobre como utilizá-lo. Que aspectos devem ser explorados? Os

    quadrinhos podem ser utilizados em qualquer disciplina? HQs, tirinhas, charges e cartuns devemser trabalhados da mesma forma?

    Vou tentar responder a algumas dessas dúvidas e dar sugestões para atividades relacionadascom qualquer disciplina, em especial com o ensino de língua portuguesa, do qual posso falar commais propriedade. Para facilitar nosso entendimento, utilizamos tirinhas utilizadas do artista MarceloVital, disponíveis no site www.fulaninho.com.br.

    Os quadrinhos

      As histórias em quadrinhos, charges, cartuns e tirinhas são textos multimodais, ou seja, trazem,além da linguagem alfabética, imagens, disposição gráfica na página, cores, figuras geométricas e

    outros elementos que se integram na aprendizagem. Antes de desenvolver atividades de qualquerdisciplina – um trabalho com operações matemáticas, por exemplo –, é preciso explorar todasessas formas de representação para ampliar a capacidade leitora e garantir que a criança ou jovementenda ao máximo os recursos oferecidos, gerando sentido. Observe a imagem:

     A importância da imagem 

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      Neste quadrinho, a imagem tem um peso grande, pois, se retirássemos as falas, grandeparte dele seria compreendida. A situação está visível no contraste entre a expressão facial dos pais(surpresa e tristeza) e a do filho (feliz). É preciso explorar todos os elementos presentes no cenário,como cores e disposição dos móveis. A sala em tons pastéis e a presença de poucos móveis passam

    uma ideia de organização, e isso reforça a sujeira feita pela criança com tinta cor-de-rosa. Está acargo do texto escrito mostrar o equívoco do filho, ao pensar que a mãe estava chorando de alegria.

    Outro fator importante é o contexto. Principalmente nas histórias produzidas paraadolescentes, como as de super-heróis, estão presentes inúmeras referências atuais e históricas àcultura pop, guerras, personagens políticos e sociais. É fundamental mostrar o contexto em quea HQ foi produzida, no caso de quadrinhos antigos, ou acrescentar mais informações caso hajareferência a algum fato histórico.

      Charges, tirinhas, cartuns e histórias em quadrinhos O que são e como se caracteriza cadaum deles? As definições a seguir foram retiradas da Wikipédia:

      Charge é um estilo de ilustração que tem por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura,algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra é de origemfrancesa e significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-loburlesco.

      Um cartoon, cartune ou cartum é um desenho humorístico acompanhado ou não de legenda,de caráter extremamente crítico retratando de forma bastante sintetizada algo que envolve o dia-a-dia de uma sociedade.

      A tirinha, também conhecida como tira diária, é uma sequência de imagens. O termo éatualmente mais usado para definir as tiras curtas publicadas em jornais, mas historicamente otermo foi designado para definir qualquer espécie de tira, não havendo limite máximo de quadros

    – tendo, claro, o mínimo de dois.  A revista em quadrinhos, como é chamada no Brasil, ou comic book como é predominantementeconhecida nos Estados Unidos, é o formato comumente usado para a publicação de histórias dogênero, desde séries românticas aos populares super-heróis.

    Cores

      As cores são elementos importantes na comunicação visual e, portanto, nas HQs. Nosquadrinhos, grande parte das informações é transmitida pelo uso de cores. A cor é um elemento quecompõe a linguagem dos quadrinhos; mesmo nas histórias em preto-e-branco, não se trata apenasde um recurso estilístico. Os desenhistas americanos perceberam isso passaram a não restringir o uso

    de cores apenas ao cenário. Elas assumiram a capacidade de simbolizar determinados elementos,principalmente nos quadrinhos norte-americanos de massa, passando a simbolizar personagens namente do leitor.

    O Incrível Hulk é verde. O Lanterna Verde também. O Capitão América tem o uniforme comas cores da bandeira norte-americana. Os Smurfs são conhecidos por serem todos azuis. Mauríciode Souza também utilizou as cores para criar as identidades de seus personagens. Uma meninaforte como a Mônica só poderia usar um vestido vermelho; que menino travesso não desejaria darum nó nas orelhas de um objeto tão particular quanto um coelho de pelúcia azul?

      O conhecimento das sensações e reações provocadas pelas cores é um importanteinstrumento de comunicação que tem sido usado nas HQs. Sabemos que o rosa, por exemplo, é

    uma cor feminina e juvenil, assim como o violeta. O vermelho evoca força, energia e está associado

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    à vida, por ser a cor do sangue. Também se usa o vermelho para caracterizar situações de perigo,assim como nos sinais de trânsito. Quadrinhos com cores frias seguidos de quadrinhos com coresquentes podem significar a passagem da tristeza para a alegria ou da doença para a saúde, porexemplo. As estações do ano e os fenômenos climáticos também são representados por cores. O

    fundo preto é muito usado para representar a imaginação das crianças, um espaço onde tudo podeacontecer:

      Os quatro quadrinhos iniciais retratam uma situação que só acontece na cabeça dacriança. No último quadrinho, voltam a luz, as cores e, com elas, a realidade.

    Balões

      Os balões são recursos gráficos utilizados para tornar sons e falas visíveis na literatura. Obalão seria o recurso gráfico representativo da fala ou do pensamento, que procura indicar umpensamento, um monólogo ou um diálogo. O quadrinho necessita do balão para a visualização daspalavras ditas pelas personagens. Diferentemente da literatura, mesmo a ilustrada, os quadrinhosnão precisam indicar ao leitor a qual personagem corresponde aquela fala ou pensamento, pois os

    balões indicam por meio do apêndice.

      O formato dos balões pode variar de acordo com as intenções do autor. O balão de falatem um contorno forte, nítido; o balão de pensamento tem outra forma. Ele é irregular, onduladoou quebrado e o apêndice tem o formato de pequenos círculos. Pensar é algo bem diferente defalar em voz alta, ainda que seja um monólogo, por isso existe essa distinção entre os balões. Ocontorno do balão pode ser tremido, indicando medo ou emoção forte, pode ser recortado, o queindica explosão verbal ou raiva, ou mesmo pontiagudo, fazendo o leitor perceber que o som estásendo emitido por uma máquina. Também podem ser usados alguns contornos metafóricos, comoestalactites (que indicam frieza na resposta) ou pequenas flores (que indicam o oposto). Outracaracterística dos balões é ajudar a mostrar ao leitor a ordem de leitura e a passagem do tempo.

    Uma exigência fundamental é que sejam lidos numa sequência determinada, para que se saibaquem fala primeiro. Uma boa atitude é incentivar seus alunos a descobrir vários tipos de balões e acriar os seus próprios.

    Lapso de tempo

      O lapso de tempo é o espaço que liga o quadro anterior ao posterior. Deve ser completadopela imaginação do leitor, fazendo com que a história tenha sequência. Para entender o quadrinho,é preciso entender o que aconteceu antes e o que acontecerá depois. Isoladamente, um quadrinhoque faz parte de uma história é difícil de entender, mas duas imagens constituem uma narrativa, desdeque sejam colocadas em sucessão ou que o leitor as entenda assim. Nas histórias em quadrinhos, oleitor constrói e confirma a narrativa que faz sentido na história. O lapso de tempo aceitável está no

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    meio de duas imagens que representam continuidade. As transições são possíveis porque o leitorestá acostumado a ler o corpo do texto como narrativa. O leitor procura, então, juntar os quadrospara formar linearidade. Esta busca para “fechar” a narrativa, ou para “completá-la” estimula acriatividade e faz das HQs importantes instrumentos para a formação de leitores.

    Metáforas Visuais

      As metáforas visuais são usadas pelos autores para transmitir situações da história por meiode imagens, sem utilização do texto verbal. Quando o personagem está nervoso, sai fumaça dacabeça dele. Quando alguém está correndo muito rápido, aparecem vários traços paralelos e umanuvenzinha para demonstrar seu deslocamento. Cédulas e moedas indicam que a pessoa estápensando em dinheiro, assim como corações indicam amor. Incentive seus alunos a criar metáforasvisuais. Por exemplo, como seria a metáfora visual para alguém triste?

    Sugestão de atividades

    Língua Portuguesa

    Observe a sequência de quadrinhos.

      Uma atividade muito comum, mas nem por isso menos valiosa, é apagar os textos dosbalões e pedir que as crianças escrevam seus próprios diálogos, fazendo a interpretação dasimagens. Tendo como base esse quadrinho, também podem ser trabalhados temas como linguagem

    informal, compreensão do cenário, coerência das falas com as imagens, convívio entre crianças ouadolescentes.

      Um fator importante nesse quadrinho é o contexto. Quem conhece a praia de Copacabanaimediatamente vai associá-la à tirinha, pelo desenho do calçadão. Quem costuma frequentar essapraia compreenderá mais facilmente os apuros vividos pelo garoto que vai embora enfaixado, poissabe que essa praia costuma estar cheia nos fins de semana e feriados. Crianças que moram emambientes onde não haja praia precisam receber essas informações.

      Essa é uma tirinha que apresenta muitos lapsos de tempo. Que situação deve ter ocorridoentre o quarto e o quinto quadrinhos?

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    Educação Artística

    Os alunos podem analisar a linguagem dos quadrinhos e criar seus próprios personagens, balões,quadros e onomatopeias.

    Matemática

    Os alunos podem ser levados a desenhar histórias explicando operações matemáticas, ou queenvolvam tramas cuja solução seja desvendada pela solução de um problema matemático.

    História e Geografia

    Os quadrinhos de super-heróis trazem muitas referências a fatos históricos, principalmente guerras.Ligas de super-heróis são geralmente compostas por heróis de várias nacionalidades. Algumashistórias da Turma da Mônica fazem referência a fatos históricos do Brasil. Cabe ao professorpesquisar e guardar este material para utilizar quando estiver lecionando sobre o assunto abordado.

    Ciências  Os gibis dos X-Men, por exemplo, tornaram popular o conceito de mutação e podem serusados para iniciar uma aula sobre Darwin. Por outro lado, muitas histórias em quadrinhos falamsobre descobertas científicas. Pesquise os quadrinhos do Quarteto Fantástico, Watchman, Homem-aranha, por exemplo.

     Publicado: em 19 de maio de 2009

    Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0116.html

    3.4 É possível escrever bem?  Sim, claro que é possível escrever bem! Todos podem escrever bem. Mas, certamente, sehouver dedicação.

      A leitura é um bom começo: que lê bastante, além de desenvolver a capacidade argumentativa,aprende novas palavras e com elas, a maneira como devem ser corretamente escritas.

      Não há, portanto, necessidade de ler um dicionário para aprender novas palavras. Só asleituras do cotidiano já ajudam nesse processo. Mas, para isso, a leitura deve ser atenta.

     Além desse conhecimento, escrever pressupõe o domínio de determinados procedimentos:saber planejar o que vai ser escrito em função das características do contexto de produção colocado,saber redigir o que foi planejado, saber revisar o que foi escrito — durante o processo mesmo deescrita e depois de finalizado —, e saber reescrever o texto produzido e revisado.

    Tais procedimentos precisam ser sempre articulados no processo de escrita, que é uma outracompetência que também precisa ser constituída.

      Nesse processo, conhecimentos de várias naturezas entram em jogo:

    a) discursivos (relativos às características do discurso, como características do gênero no qual o textoserá organizado, do contexto de produção especificado, por exemplo);

    b) pragmáticos (relativos às especificidades da situação de comunicação e às diferentes práticas

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    sociais de escrita);

    c) textuais (relativos à linearidade do texto em si: relativos à sintaxe, pontuação, coesão ecoerência);

    d )gramaticais;

      e) notacionais (relativos ao sistema de escrita).

    Para ajudá-los no decorrer do curso, aí vão algumas dicas de como escrever bem. Guarde-as bem!

    SUPER DICAS PARA UM TEXTO BEM ESCRITO

    Thereza Cristina Guerra

    Estrutura do texto: delimitar o objetivo do texto e escolher o tema. Aqui, devem-se evitar detalhessem importância para o leitor, embora pareçam belos ou pitorescos para o redator.

    Introdução: há várias maneiras de começar um texto. Fazer perguntas, montar comparações, contaruma história pessoal ou profissional são algumas delas.

    Desenvolvimento: nesta parte, vamos contar somente o que realmente interessa, argumentando,sem perder o foco no tema escolhido.

    Conclusão: aqui, devemos aplicar as mesmas técnicas usadas na introdução. Porém, podemosterminar de maneira contundente, citando uma frase de autor famoso ou até mesmo criando umaespecial para o texto.

    Preste atenção aos 5 CsCorreção: o redator precisa conhecer muito bem sua própria língua. Como escrever bem se nãoconhecemos a gramática? Às vezes, basta consultar um dicionário ou livros do gênero tira-dúvidas,e muitos erros podem ser eliminados.

    Coerência: está ligada à maneira pela qual distribuímos as idéias no texto, isto é, a ordem lógica decada frase. Escrever o que interessa é essencial.

    Clareza: a escolha correta das palavras e a riqueza do vocabulário são pontos importantes paraquem deseja escrever bem e com clareza.

    Concisão: é expressar um pensamento com o menor número de palavras. Para tal, é importanteevitarmos as repetições de idéias, as frases de duplo sentido ou aquelas muito confusas ou difíceisde entender.

    Conhecimento do assunto: este item talvez seja o mais importante, pois não podemos escreversobre um assunto sem ao menos conhecê-lo um pouco. Aliás, o que prejudica a maioria dos textosempresariais é escrever sem qualquer domínio do tema, sem conhecer o seu objetivo, resultandonuma redação caótica e desestruturada.

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    43LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

    Disponível em:http://carreiras.empregos.com.br/comunidades/rh/fique_por_dentro/250702-td_redacao_eletronica.shtm. Acesso em: 15/11/11

    Saiba mais sobre produção de texto

    Links:

    Várias dicas sobre produção de texto

    http://revistaescola.abril.com.br/producao-de-texto/

     Vídeos:

    Uma proposta de produção de texto

    http://www.youtube.com/watch?v=gg73LAF-Y38

    Inclusão nas aulas de produção de texto

    http://www.youtube.com/watch?v=0Aq03HBFI34

    3.5 Organização textual

      Usando fragmentos do texto da Professora Benedita Azevedo de 2007, faremos um resumosobre a organização textual.

      Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação (ou composição). Existem três

    tipos de redação descrição, narração e dissertação. É importante que você consiga perceber adiferença entre elas. Leia com atenção as seguintes definições:

      Descrição: é o tipo de redação na qual se apresentam as características que compõem umdeterminado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem.

      Narração: é a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorrem emdeterminado tempo e lugar, envolvendo certos personagens.

    Dissertação: é o tipo de composição na qual expomos idéias gerais, seguidas da apresentaçãode argumentos que as comprovem.

      Observe esses exemplos das modalidades acima:

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    44 LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL

    Descrição

      Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trópicos. Os olhosnegros e amendoados a luz interior de sua alegria