gestão em tempo real nos transportes públicos de passageiros · dispositivos e redes de sistemas...
TRANSCRIPT
Alexandra António nº 55805 - MEGI
Dispositivos e Redes de Sistemas Logísticos
Dezembro de 2008
Gestão de Operações nosTransportes PúblicosRodoviários de Passageiros
Alexandra António nº 55805 - MEGI
Dispositivos e Redes de Sistemas Logísticos
Dezembro de 2008
Gestão de Operações nosTransportes PúblicosRodoviários de Passageiros
Alexandra António nº 55805 - MEGI
Dispositivos e Redes de Sistemas Logísticos
Dezembro de 2008
Gestão de Operações nosTransportes PúblicosRodoviários de Passageiros
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
2
AGRADECIMENTOS
ENG. JOEL TEIXEIRA, LINK CONSULTING
ENG. MARCELINO MORENO, LINK CONSULTING
ENG. DUARTE SOUSA, HORÁRIOS DO FUNCHAL S.A.
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
3
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 4
TIPOS DE TRANSPORTES............................................................................................................... 4
GESTÃO DE OPERAÇÕES .............................................................................................................. 6
Processo de troca de informação ............................................................................................... 6
Planeamento .............................................................................................................................. 7
Gestão em Tempo Real ............................................................................................................. 8
Sistemas de localização......................................................................................................... 8
Sistema de Gestão das Ocorrências..................................................................................... 13
Sistemas de apoio à gestão das ocorrências ........................................................................ 14
Sistema de apoio ao passageiro ........................................................................................... 17
CÁLCULO DA FROTA IDEAL ....................................................................................................... 19
Sistema GIS............................................................................................................................. 19
Cálculo da frota na Horários do Funchal S.A. ........................................................................ 21
OUTROS CASOS DE ESTUDO ...................................................................................................... 21
Barraqueiro.............................................................................................................................. 21
Horários do Funchal ................................................................................................................ 22
Sistema SIGO – SmartCities ................................................................................................... 24
CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 25
Bibliografia ................................................................................................................................. 27
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
4
INTRODUÇÃO
Este trabalho visa analisar de que forma os operadores de transportes públicos rodoviários
fazem a Gestão Diária e em Tempo Real da sua frota e das Ocorrências. São explicitadas
também quais as ferramentas tecnológicas (software e hardware) existentes para os auxiliar
nessa Gestão.
De entre as várias empresas prestadoras de serviços de transporte público, foram escolhidas três:
Companhia Carris de Ferro de Lisboa S.A, Horários do Funchal Transportes Públicos S.A. e o
Grupo Barraqueiro S.A.
Foi utilizado a primeira, a Carris, como case study. A Horários do Funchal foi escolhida para
explicitar de que forma é calculada a frota ideal. A Barraqueiro foi comentada como outro
exemplo do que é tratado neste relatório.
TIPOS DE TRANSPORTES
Hoje em dia os concelhos circundantes das grandes cidades tornaram-se grandes centros
populacionais. Por exemplo, na área metropolitana de Lisboa, há concelhos que albergam um
maior numero de pessoas que a própria metrópole. Sintra é um desses exemplos. Este concelho
é um dos mais populosos de Portugal, com 409 482 habitantes (2004): tem também as maiores
freguesias do país: Algueirão-Mem Martins e Rio de Mouro.
Uma parte significativa destas pessoas trabalha ou estuda fora da sua área de residência. Esta
situação fez aumentar a procura dos transportes públicos fora da cidade de Lisboa nos últimos
anos. Esta rede de transportes denomina-se por Interurbanos.
A cidade de Lisboa, como exemplo de meio urbano, enfrenta diariamente um grande problema
de estacionamento e de congestionamento do trânsito. Muitas pessoas resolveram assim, adoptar
a utilização de transportes públicos. Esta adopção deve-se não só aos problemas de tráfego, mas
também à maior e melhor oferta que se tem vindo a sentir, com por exemplo a implementação
do sistema de informação ao passageiro ou a implementação da Interoperabilidade pelos
operadores. Estas acções permitiram a diminuição do montante dispendido pelas famílias com
os transportes, facilitar a vida aos utilizadores com a implementação de um smartcard- Lisboa
Viva e cooperação dos vários operadores de transportes públicos.
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
5
Podemos assim falar de dois tipos de transportes públicos: Urbano e Interurbano. Este trabalho
vai incidir sobre os transportes urbanos rodoviários de passageiros.
Este modo de transporte pode ter duas vertentes: transportes flexíveis ou regulares.
Os flexíveis incluem ofertas como Bus on Demand, que são sistemas em que os clientes pedem
os autocarros ou outro meio de transporte rodoviário, por exemplo táxi colectivo. Também
inclui ofertas como o transporte de deficientes ou de crianças, onde o autocarro percorre os
pontos que são pedidos na hora, pelos utilizadores. E rede Madrugada da Carris também poderia
estar incluída neste rol, pois pode percorrer e ir onde é chamada, por exemplo os locais da
cidade mais movimentados pelos noctívagos. Um serviço que também é prestado pela Carris,
através do smartcard Lisboa Viva e que está inserido neste grupo é o de Car Sharing. Este
serviço assemelha-se a um Rent-a-Car, mas é menos burocrático e mais acessível. O utilizador
deste serviço apenas tem de fazer passar o cartão pelo leitor que se encontra no automóvel. Este
serviço é bastante flexível pois permite ao utilizador ir para toda a cidade de forma prática e sem
os custos que a posse de automóvel acarreta, como impostos e seguros. Hoje em dia já existem
bastantes ofertas individuais, mas ainda não estão devidamente articuladas.
As ofertas regulares de transportes públicos rodoviários incluem os serviços de carreiras
comuns que são prestados por exemplo pela Carris ou pela Vimeca/ Lisboa Transportes. Para o
nosso estudo vamos recorrer ao exemplo da Carris. Foi escolhido este porque é o que tem mais
informação disponível e também é um dos maiores operadores de transportes públicos do país.
Actualmente a Carris para garantir a sua oferta de Qualidade ao cliente tem de zelar para que
todos os serviços por que cobra são devidamente realizados. Para isso, conta com meios de
fiscalização da passagem dos autocarros. Esses meios podem ser humanos ou tecnológicos. Os
primeiros são os tradicionais fiscais de tráfego, que estão encarregados de observar se o tudo
está a ser como o previsto.
Os meios técnicos estão sobre a alçada do Centro de Comando Operacional (CCO). Este recorre
às tecnologias de Automatic Vehicle Location (que serão descritas nos capítulos seguintes).
Estas tecnologias recorrem a várias redes para que a informação sobre as localizações dos
autocarros e os seus pontos de passagem cheguem ao CCO: GPRS e TETRA. A primeira é
utilizada pelas redes de telecomunicações, e é bastante passível a falhas. A Rede TETRA tem
bastante mais Qualidade, pois é utilizada pela Protecção Civil. No entanto a rede GPRS é
economicamente mais acessível do que a outra, e pode não ter a melhor qualidade, mas tem a
necessária. Nos capítulos seguintes está melhor descrito como é que ela auxilia no processo de
Tracking das viaturas.
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
6
GESTÃO DE OPERAÇÕES
Quem tem o dever de gerir as operações na nossa empresa - alvo, a Carris, é a CCO- Central de
Comando Operacional. Este comando operacional tem a informação (actualizada a cada 30
segundos) sobre a posição de cada autocarro de cada carreira da Carris. Esta informação está
representada em forma de espinha, onde está representado o ponto exacto onde a viatura se
encontra. Com esta ferramenta, consegue também registar os pontos de passagem de cada uma
das viaturas. A função principal desta entidade é então fiscalizar e regular a passagem dos
autocarros nos diversos pontos das carreiras. A CCO é o centro de informações que gere as
ocorrências de acontecimentos excepcionais. Estes podem ser desde acidentes internos das
viaturas até impedimentos de circulação, por exemplo obstrução das vias. Podemos então falar
de dois tipos de gestão de problemas: problemas internos (relacionados com as viaturas) e
externos (relacionados com a via de circulação).
Como é então possível gerir tudo isto?
O CCO funciona da seguinte forma: as várias carreiras são divididas pelas diferentes pessoas e
equipamentos que se encontram a monitorizar as carreiras. Este processo de divisão não é
aleatório, ocorre pelas linhas, zonas e categorias das carreiras. Este é um modelo focado na
carreira. Cada responsável tem acesso a um mapa em Espinha, com as suas carreiras, que
possibilita ver, a tempo real, em que ponto se encontra um dado veiculo.
Processo de troca de informação
Para além da entidade Central de Comando Operacional existem outras entidades envolvidas na
gestão das operações de uma operadora de transportes públicos rodoviários: Despacho/
Garagem e a Manutenção. Estas duas até podem estar no mesmo espaço físico, mas são
distintas.
O CCO tem sempre informação sobre os imprevistos que acontecem às viaturas, por exemplo
sempre que há necessidade de um veículo de substituição ou de um motorista. Assim pode
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
7
Comunicação das necessidades deviaturas, assim como as suascaracterísticas e de motoristas
A troca de informação processa-se da seguinte forma:
O processo de troca de informação na gestão das ocorrências ou incidentes ocorre da seguinte
maneira: sempre que é envidada para o CCO a informação da ocorrência de um problema
interno numa viatura de uma dada carreira, este reporta ao Despacho/ Garagem que é necessário
uma viatura (e as características desta por exemplo: autocarro articulado) ou de um motorista (o
problema interno também pode provir da incapacidade do motorista para continuar a seu
serviço: por exemplo ataque cardíaco), o Despacho envia o que foi requerido para o local de
onde provem a ocorrência e envia a resposta para o CCO a comunicar que a necessidade já foi
satisfeita, quando o número de viaturas na Garagem atinge um valor mínimo é reportado ao
Manutenção esse evento e esta responde enviando a sua lista de disponibilidades. O Despacho
tem assim também a função de escalonamento dos motoristas dos autocarros.
CCO
Manutenção
Despacho
Número, tipo e estado de viaturasdisponíveis
Comunicaçãodas necessidades
Resposta ao centro
1
2 34
Figura 1: Processo de Troca de Informação (case study Carris)
Figura 2: Integração das diferentes àreas do Sistema de Gestão da Organização
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
8
Planeamento
O Planeamento da Oferta refere-se ao incremento e modificações dos serviços. Esta oferta
refere-se principalmente à de carreiras. Os serviços de carreiras das operadoras de transportes
públicos, não só da Carris, não são constantes ao longo do ano (semana nem do dia). Há uma
maior oferta de serviços de carreiras durante o período de aulas, do que durante o Verão, ou as
carreiras tem maior frequência de passagem das 8 às 10 horas do que, por exemplo, das 14 às 15
horas. Isto deve-se às alterações que também há na procura. Podemos então afirmar que a Oferta
varia com a época do ano, tipo de dia (pois o tempo entre a passagem de autocarros é diferente
numa segunda-feira e no domingo ou feriado) ou com as horas.
A secção de Planeamento, que é constituída pelo Despacho e pela entidade que estuda as
alterações na Procura (que pode pertencer ou não ao Despacho), especifica o número de
carreiras, os seus pontos de passagem, a sua frequência, se existem pontos de passagem que
serão alterados, se vai haver em algum ponto criação ou extinção de serviços, entre outros. É
então elaborado um plano teórico com todas estas modificações e incrementações.
O Despacho, posteriormente pega neste Plano Teórico e faz coincidi-lo com a Gestão diária das
Operações. Esta é a actividade que é a do dia-a-dia, e que dura até à saída do autocarro da
estação. Quanto mais tarde se encontra a execução de todo este processo, menos opções de
mudança há. Ou seja, é mais difícil fazer uma alteração do motorista de uma dada viatura 5
minutos antes da sua saída da estação, do que no dia anterior, ou é mais difícil alterar o percurso
de uma carreira quando ele já está comunicado aos passageiros, do que no seu planeamento.
Gestão em Tempo Real
Hoje em dia existem diversos meios para elaborar a arquitectura de um sistema de gestão de
operações em tempo real. Cada um tem diversas filosofias, orçamentos e equipamento. Não
existem soluções óptimas, mas sim soluções mais adequadas para cada situação em causa.
Sistemas de localização
A banalização da utilização de tecnologia GPS deveu-se ao grande aumento da oferta, que foi
baseada nos desenvolvimentos tecnológicos que se sucederam como uma extraordinária rapidez.
Este sucesso permitiu disponibilizar sistemas bastantes desenvolvidos a preços relativamente
reduzidos. As empresas começaram a considerar que o investimento nestas ferramentas seria
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
9
bastante importante para aumentar a sua eficiência e tornar as suas operações mais eficazes.
Esta situação tornou-se ainda mais crítica aquando da última crise petrolífera, onde muitas
empresas transportadoras viram aumentar os seus custos com combustível em mais de 100%.
Era necessário encontrar uma forma de poder tornar os seus processos mais eficientes, com o
objectivo de poupar recursos. Viram-se então para esta nova ferramenta. Os custos dos sistemas
também vão deixando de ser considerados excessivos, tendo em conta os ganhos
proporcionados pelo maior e mais eficaz controlo da actividade.
A par da diminuição do erro e da elevação dos índices de satisfação dos clientes, é reconhecido
que os sistemas para a gestão de frotas contribuem para racionalizar e diminuir os custos
inerentes à operação logística. Este facto é tanto mais importante quanto os operadores dispõem
de cada vez menos margem, e se vêem obrigados a diminuir custos de forma a manter a sua
oferta competitiva face à concorrência, num quadro de mercado em que os clientes encaram
negativamente aumentos dos preços associados aos serviços de transporte.
A informação, disponibilizada de forma mais exacta e rápida possível, é a principal arma do
gestor para corrigir e aperfeiçoar a sua operação. Isto vale para cada operação realizada
quotidianamente, de per se, e para o funcionamento geral da organização.
Os sistemas que disponibilizam esta informação permitem-lhe acompanhar o desenrolar de
todos os detalhes das operações no terreno. Os motoristas, até há pouco tempo as peças
fundamentais do processo assim que os veículos deixavam a empresa, são agora acompanhados
em tempo real, e sem custos extraordinários de comunicação ou perdas de tempo
correspondentes à mesma, o que era até há pouco impensável. Todos os processos podem ser
melhorados introduzindo correcções de forma imediata ou a partir de uma análise mais cuidada
dos relatórios de actividade fornecidos pelos sistemas. Estes formam um histórico precioso para
a análise de processos e seu consequente e sistemático aperfeiçoamento.
A grande revolução tecnológica que permitiu os modernos sistemas de gestão de frotas deu-se
com uma tecnologia desenvolvida para o exército americano, o Global Positioning System
(GPS), e com a tecnologia de comunicações móveis que permitiram o desenvolvimento dos
telemóveis, o Global System for Mobile Communications (GSM).
São ainda hoje a base dos sistemas disponíveis, por muito que tenham evoluído o hardware e
software utilizados. A miniaturização e a utilização de diversos protocolos relacionados com as
comunicações móveis são de destacar, a par dos progressos a nível de interfaces informáticos.
Permitiram uma base tecnológica reconhecidamente eficaz, dando espaço de manobra para que
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
10
sistemas diversos utilizem e proponham um desenho que se prende com as necessidades do
cliente, e se pode adaptar ao tipo de informação necessária, bem como à regularidade ou rapidez
pretendidas, o que naturalmente corresponde a diferentes estruturas de custos com o
funcionamento do sistema.
O sistema Automatic Vehicle Location (AVL) permite a transmissão da localização em tempo
real de um emissor, que é instalado na viatura de transporte, para um sistema integrado que
permitirá uma melhor gestão e controlo das unidades no terreno, facilitando em muito a
transmissão de informação entre os motoristas e a central de controlo.
Este sistema consiste num receptor de ondas (GPS, GPRS ou GSM) no veículo, uma ligação
para comunicações entre o veículo e a central de controlo e um sistema computorizado com o
software de Tracking nessa central de controlo. O sistema de comunicação é usualmente a rede
de telecomunicações utilizada para os telemóveis.
Um sistema de localização pode funcionar a partir das emissões provenientes da rede de
telecomunicações (GSM ou GPRS) ou dos 24 satélites que rodeiam o planeta Terra. Ambas
usam a técnica da triangulação.
Os sistemas que funcionam com base nas emissões das telecomunicações calculam a distância
do receptor aos dois pontos fixos (duas antenas de telemóveis ou de rádio). Eles criam um
triângulo com os dois pontos fixos e o ponto do telemóvel. A trigonometria diz-lhes
aproximadamente de onde está o sistema AVL a emitir. Este sistema também pode denominar-
se por Radio Direction Finding (RDF). Para os cálculos são utilizadas as intensidades dos sinais
das antenas, e que segundo esse valor conseguem calcular a que distancia se encontram dela.
Depois cruzam a informação referente às duas antenas e encontram a sua posição. Isto pode
acontecer porque, tal como um farol para o barco que se encontra em alto mar, cada antena
emite um sinal codificado e que é único para ela.
As ferramentas de AVL permitem aos operadores de transportes públicos minimizarem os seus
custos operacionais ao garantir:
Redução dos tempos de espera, tanto dos motoristas como dos clientes e obtenção de
dados fiáveis para incentivar uma melhoria nos tempos de execução das tarefas.
Melhoria na qualidade da informação transmitida, permitindo uma maior interacção
entra a base e o veiculo
Um controlo da condução imprópria, por parte dos motoristas ou outros condutores dos
veículos da empresa
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
11
Um maior controlo do uso do veiculo, notando assim quando é utilizado para
actividades não autorizadas pela empresa
A manutenção da viatura, emitindo alertas quando são atingidos pontos configurados
pelo utilizador (mudanças de óleo, rodagem dos pneus, etc.)
Permite enviar vários tipos de alerta para o sistema, qualquer que seja o hardware que
esteja implantado: computador, PDA ou ate telemóvel.
Aumento do numero de veículos que o controlador pode gerir.
Documentação sobre o Tracking dos veículos.
Os sistemas que funcionam por base de Global Positioning System (GPS) denominam-se por
GPS Tracking. A essência deste método é idêntica à anterior: ambas funcionam por
triangulação. A diferença assenta em que este sistema recebe as emissões de GPS provenientes
de quatro dos 24 satélites que rodeiam a Terra. O preço baixo e a omnipresença do GPS fazem
aumentar a confiança nestes sistemas de localização. Os sinais de GPS são impermeáveis à
maioria dos sinais eléctricos e não requerem a instalação de um sistema inteiro. Apenas o
receptor para recolher os sinais provenientes do segmento dos satélites. O GPS fornece a
localização do veículo com valores de erro entre os 7 e os 10 metros.
Após a recepção dos sinais pelo emissor, este faz o cálculo da sua localização, com os dados
que recebem dos pontos fixos. Com a informação da localização, envia para o centro de
controlo essa informação, através da rede de telecomunicações GSM ou GPRS. A identificação
do emissor é enviada juntamente com a localização.
No centro de controlo, é onde o gestor recebe toda a informação sobre as situações de cada
viatura. E aí pode comparar com as rotas esperadas e com os horários previstos e ver se está
tudo como o previsto. Como as informações são enviadas instantaneamente, não há necessidade
de enviar dados sobre os horários. Os próprios sistemas de cálculo – microprocessadores, fazem
o desconto necessário sobre o tempo que os sinais demoram a percorrer o espaço de tempo.
Esta é no entanto uma solução limitada pela margem de erro da localização GPS. Num contexto
urbano, em que os diferentes pontos de paragem estão em muitos casos geograficamente muito
próximos na rede de transportes, uma imprecisão na localização, dentro da gama de erros que o
GPS considera, pode provocar um erro na identificação de uma posição pelo sistema.
Apesar das suas limitações a tecnologia GPS, por ser uma tecnologia muito reconhecida e
utilizada, em constante aperfeiçoamento e economicamente acessível, é componente essencial
de muitos sistemas de gestão em tempo real, mas quase sempre em combinação com outra
tecnologia ou mecanismo que permita o superar ou sustentar de alguma forma das suas
limitações. É no entanto importante tomar em consideração, o sistema GALILEO virá
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
12
aperfeiçoar a capacidade de localização do GPS reduzindo o erro de 10 metros a um intervalo de
1 a 3 metros.
Outra solução passível de ser implementada é denominada por “Km +Abertura de Portas”.
Aqui cada veículo informa automaticamente o sistema central dos quilómetros percorridos até
ao instante, tal como, o momento de chegada a um ponto da rede, associada à abertura das
portas do veiculo. Em que a informação do número de quilómetros percorridos pode ser
recolhida da leitura do odómetro (equipamento destinado a medir a distância percorrida do seu
ciclo computador) ou do GPS dos veículos, sendo que a primeira é a mais utilizada e fiável,
apesar de em alguns casos associada ao desgaste dos pneus dos veículos possa também registar
algumas falhas consideráveis.
Como limitações apresenta essencialmente o facto estar dependente da abertura de portas para a
notificação do sistema central da chegada a determinado nó, o que obriga que o tripulante pare
em todas as estações da rede mesmo que nela não aguardem passageiros, por outro lado limita a
abertura de portas à chegada aos nós o que pode levar em algumas situações à incompreensão e
insatisfação por parte dos passageiros sobre o facto.
Outro método de localização – Signpost Transmitters. Este método é utilizado para localizar
veículos ao longo de rotas inalteráveis, e tal como anteriores são utilizados a partir de pontos
fixos. Este é utilizado em vias de trânsito e em linhas férreas onde os veículos estão a operar
continuamente na mesma rota. Um receptor – transmissor ou um chip com tecnologia de Radio
Frequency IDentification (RFID) é colocado ao longo das rotas dos veículos. Cada unidade de
transporte que passa por um destes postes fixos envia e recebe um sinal para o transmissor do
sistema. O transmissor móvel reporta a passagem pelo poste X do controlador do sistema. Esta
supervisão permite a um centro de controlo monitorizar o progresso dos veículos e vislumbrar
se está a cumprir os horários predefinidos.
Figura 3: GPS tracking
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
13
A solução com recurso a tecnologia RFID é talvez a solução que melhor se ajusta para um
sistema de gestão em tempo real num ambiente urbano. Pois a identificação de cada ponto é
unívoca e não está sujeita ao erro, ou seja, não existe a possibilidade de o sistema erradamente
identificar um ponto como sendo outro, localizado próximo do anterior.
Por outro lado, esta solução é com uma margem considerável em relação às outras apresentadas,
a mais dispendiosa. É uma solução apenas sustentada pela instalação em todos os nós da rede da
tecnologia RFID, o que exige um grande esforço financeiro da empresa operadora.
Existe ainda a chamada “Solução Móvel”, que é economicamente muito acessível, baseando-se
na comunicação entre um dispositivo móvel equipado com GPS e a solução central. Esta
solução nasceu da recente implementação de tecnologia GPS nos telemóveis e nos PDA’s.
Espera-se que a adesão a esta tecnologia seja cada vez maior, contribuindo para que o custo
associado a ela diminua. É expectável que dentro de poucos anos, a maioria dos dispositivos
portáteis já tenham adicionado esta ferramenta. Neste tipo de solução é importante associar ao
dispositivo móvel dos motoristas o “cashing” das mensagens:
Para estender a solução a mais modelos de negócio como o modelo de descarga de
dados ao fim de serviço ou do dia, em alternativa à transmissão de mensagens em tempo
real;
Garantindo maior fiabilidade na transmissão de mensagens, nenhuma se perdia e a
ordem era assegurada;
Esta solução está no entanto sujeita ao erro humano, dependendo do tripulante na notificação de
chegada a determinada paragem, assim como do erro da localização GPS.
Sistema de Gestão das Ocorrências
Para apoiar o CCO na gestão das ocorrências existem vários sistemas externos de informação
relevante para a gestão em tempo real.
Uma delas é a contagem em tempo real de passageiros, e é possível através da lotação em tempo
real. Saber este valor é possível graças à tecnologia associada aos smartcards e ao gesto do
passageiro fazer passa-lo pelo leitor quando entra. A informação da sua entrada no veículo é
transmitida instantaneamente para o sistema central da operadora. Outro sistema é a
videovigilância urbana inteligente, onde as ocorrências urbanas georreferenciadas são
comunicadas ao CCO e este pode tomar as suas previdências de modo a contornar o problema.
Este sistema envia mensagens quando, por exemplo, há algum obstáculo na via que
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
14
impossibilita a passagem da viatura – acidente ou estacionamento irregular. A utilização de
Corredores Bus Intermitente pode dar outra ajuda ao CCO, pois permite a este centro visualizar
o estado da via exclusiva para os autocarros – Corredor Bus e os seus índices de violação. A
informação que provém do equipamento embarcado nas viaturas para a gestão das ocorrências e
do serviço, pode ajudar a identificar possíveis causas de problemas, as ocorrências e o estado do
serviço. O já falado, equipamento embarcado de localização via GPS, de forma a saber em
tempo real a localização e o posicionamento na espinha do veículo. A monitorização técnica da
viatura é essencial para que o CCO seja alertado para uma possível anomalia, ou até alertado a
tempo suficiente para a sua prevenção – por exemplo, estado dos pneus ou nível de óleo. A
monitorização dos padrões de condução é bastante importante, pois permite detectar possíveis
anomalias com o motorista. Por ultimo, a gestão da sinalização luminosa, que permite saber a
tempo real sempre que há irregularidades nos sinais luminosos. Este sistema poderá até estar
programada para dar prioridade aos veículos de emergência, mas também aos de transporte
público.
A Carris tem de ter assim uma solução que permita receber e gerir a informação proveniente de
todos estes sistemas. Esta tem de garantir a integração das três entidades descritas: CCO,
Despacho e a Manutenção.
A Carris actualmente possui três sistemas que concatenam esta informação: monitorização GIS,
em espinha e em Rede.
Desta forma é possível que o software utilizado por esta operadora cumpra o seu principal
objectivo: a gestão das excepções a tempo real. Se este sistema fosse perfeito, quando as
excepções provocassem uma ruptura no Despacho, a Manutenção teria de ser informada
instantaneamente. A Gestão operacional de uma companhia desta natureza tem se ser “na hora”,
e para isso é necessário que o sistema seja único e integrado em todas as áreas. É muito
importante que a informação seja integrada nas três grandes áreas.
Este software também tem de ter em conta o padrão da mobilidade. Durante o dia existem picos
de procura que têm de ser tidos em conta.
Sistemas de apoio à gestão das ocorrências
Descrevem-se de seguida as principais funcionalidades da solução implementada na Carris:
Monitorização em espinha.
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
15
O percurso definido pelo utilizador pode ser configurado pelo mesmo para ser apresentado em
espinha. Nesse caso o percurso é disposto na vertical e cada percurso é representado
independentemente, ou seja, se um ponto pertence simultaneamente a X percursos ele é
representado X vezes.
Monitorização em rede.
O percurso definido pelo utilizador pode ser configurado pelo mesmo para ser apresentado em
rede. Nesse caso o percurso é disposto na horizontal e cada ponto é representado
independentemente, ou seja, se um nó pertence simultaneamente a X percursos ele é sempre
representado uma vez, correspondendo a um ponto de intersecção entre os dois percursos.
É possível alternar, de forma dinâmica, entre um modelo em rede ou em espinha. Se nenhuma
representação for seleccionada pelo utilizador, o sistema tem em conta a configuração pré-
definida para cada percurso (definida na base de dados). Para esse caso, o utilizador pode
configurar cada percurso para uma representação em cascata ou na diagonal.
Figura 4: Modelo em Espinha
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
16
Solução de Geographical Information System (GIS)
A componente GIS é uma solução para a georreferenciação de locais e representação de eventos
em tempo real. As principais funcionalidades da solução implementada:
Georreferenciação de Eventos num mapa cartográfico. A partir do Sistema de
Gestão de Ocorrências (SGO), após se especificar o nome do local de determinado
evento, o sistema quando accionado localiza automaticamente esse local num mapa
cartográfico e representa a área desse local.
Definição de Regiões de Eventos: A partir do SGO, directamente no mapa
cartográfico é possível a definição de regiões representativas do evento
A partir do módulo GIS, é possível visualizar todos os eventos que ainda não foram fechados,
juntamente com a sua descrição. É também possível a adição de eventos de trânsito. Se num
local existe mais do que um evento aberto, a região é marcada com uma cor mais escura.
Toda a funcionalidade de zoom, mini mapa auxiliar à navegação, diferentes vistas (Aérea, de
estradas e “birdseye”), são contributos desta tecnologia.
Figura 5: Modelo em Rede
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
17
Esta tecnologia pode ainda ser utilizada para outros fins:
Pode ser utilizada para informação ao passageiro (disponibilizada por telemóvel,
num portal Web, etc.).
Os fiscais/piquetes poderiam estar equipados com um dispositivo móvel, como o
PDA com suporte GPS, o que permitiria uma informação mais clara e automatizada
da comunicação do local dos acidentes.
Sistema de apoio ao passageiro
O sistema de apoio ao passageiro fornece informação ao passageiro em tempo real. Pode incluir
os horários teóricos da partida e da chegada, bem como as causas das possíveis interrupções.
Esta pode estar disponibilizada de diversas formas, por exemplo, a bordo do veiculo, que
informa quais as próximas paragens e os acessos a outros serviços de transportes públicos (este
método é utilizado pela CP (por exemplo na linha de Sintra)). Em caso de irregularidades no
serviço, o sistema informa o cliente de rotas alternativas ou outros serviços que podem ser
utilizados.
Esta informação tem de ser disponibilizada de modo a que esteja acessível no momento em que
o passageiro precisa de tomar a sua decisão. O modo de transmissão da informação tem de ser
Figura 6: Coponente GIS da Solução
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
18
percebível, fácil de visualizar e de relembrar. Se num local bastante ruidoso, esta informação for
dada através de altifalantes, ela poderá não ser entendida por todos os passageiros. Será também
de esperar que seja disponibilizada de diversas formas, para que seja acessível a todos os
passageiros: mensagens de voz, de texto e Braille.
De forma a responder às necessidades de todos, os passageiros são divididos em grupo, em que
cada um tem os seus requisitos e características: novos passageiros, esporádicos, regulares e os
com mobilidade reduzida.
O primeiro grupo não tem familiaridade com os serviços públicos de transporte. É constituído
por pessoas que geralmente utilizam transporte próprio, turistas ou de passagem pela região.
Este é o grupo que necessita de um maior nível de informação, para que não tenha problema em
planear o seu caminho.
Para o grupo dos esporádicos, a informação deve de ser disponibilizada de forma detalhada e
com indicação dos serviços que estão à sua disposição. Estes clientes são potenciais utilizados
regulares.
O terceiro grupo deve de ser o primeiro a ser informada quando há alguma alteração nos
serviços, por exemplo, mudança de horários, interrupções prolongadas ou eliminação de linhas.
O último grupo tem necessidades especiais de informação. Esta deve de comunicar não só os
horários, paragens, partidas e chegadas, mas também quais são as estações ou pontos de
paragem que estão preparados para os receber. Infelizmente, e especialmente em Lisboa, nem
todos os pontos de paragem dos autocarros estão preparados para receber pessoas com
mobilidade reduzida. Esta situação é mais flagrante nas estações da Carris. Será então
necessário adoptar métodos de comunicação visuais e de voz que estejam disponíveis para todos
os passageiros.
A informação que é dada aos passageiros pode ser reutilizada a partir da que os sistemas de
AVL enviam para o centro de controlo. Esta informação pode ser comparada electronicamente
com a que está teoricamente estipulada para que os passeiros saibam com que brevidade será o
serviço realizado. A brevidade do serviço afecta muito a opinião que os consumidores têm por
ele. Este sistema permitiria explicar aos clientes quais as causas dos atrasos. Esta acção irá fazer
com que o cliente compreenda a situação e que diminua a sua consternação de ter que esperar,
pois muitas destas causas são externas à empresa, como as condições climatéricas ou acidentes
de viação que não permitam a passagem do autocarro.
Estas informações podem ser passadas de diversas formas: telefone, internet, painéis luminosos,
PDA ou por SMS.
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
19
A Carris informa os seus passageiros através de SMS e de painéis luminosos. A informação que
consta desses painéis é baseada no seu planeamento teórico. Este item ainda é um ponto fraco
do sistema de apoio ao cliente desta operadora, pois caso ocorra um imprevisto, o sistema não o
inclui, não usa a informação em tempo real. Por exemplo, imaginemos um passageiro à espera
do autocarro, olha para o painel e vê que faltam 2 minutos para que o seu autocarro chegue,
passam cinco minutos e vê que no painel estão indicados que faltam 10 minutos para que o
próximo passe. Esta é uma falha, a segunda informação que é fornecida ao estudante refere-se
ao autocarro seguinte, não àquele que ele queria ir. O sistema “pensou” que o primeiro
autocarro já tinha passado por aquele ponto, onde na verdade não passou. Estas situações
ocorrem devido ao problema que foi indicado. Uma solução seria usar informação baseada nos
dados provenientes do sistema AVL.
CÁLCULO DA FROTA IDEAL
Neste capítulo estará explicitado como é possível encontrar uma forma de calcular o número de
viaturas ideal para a constituição de uma frota. Será utilizado a empresa Horários do Funchal
S.A. (HF) como case study.
Antes de mais é importante explicar como funciona a principal ferramenta utilizada pela HF
para este cálculo – sistema GIS.
Sistema GIST
O GIST – Gestão Integrada de Sistemas de Transportes, é um sistema de apoio à decisão para o
planeamento operacional de transportes. Este sistema é um pacote com diversos módulos que
permitem gerir a informação base relativa à rede de transportes, às linhas e às viagens a realizar.
Permitem ainda gerar, de uma forma optimizada, os horários das viaturas e dos motoristas,
incluindo o escalamento diário destes últimos. Para alguns dos problemas tratados foram
desenvolvidos procedimentos algorítmicos de optimização e heurísticos, que são propostos ao
gestor do planeamento como possíveis alternativas. As interfaces gráficas utilizadas foram
desenhadas tendo em conta os procedimentos e hábitos tradicionais de planeamento, dado que,
geralmente, é difícil que os algoritmos captem, de uma forma integrada, todos os critérios de
decisão.
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
20
O carácter do sistema GIST passa, essencialmente, pelo seu elevado nível de interactividade
com o utilizador, pelas facilidades de parametrização, pela automatização de processos de
planeamento e pela gestão integrada de dados que, em qualquer momento, proporciona à gestão
da empresa e ao público informação actualizada e consistente. A normalização de dados é uma
característica fundamental do sistema, que permite, de uma forma uniforme e automática, a
disponibilização ao público da informação sobre os percursos das linhas e sobre os seus
horários.
Figura 7: arquitectura de referência do Sistema GIST (Fonte: FEUP)
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
21
Cálculo da frota na Horários do Funchal S.A.
É bastante difícil encontrar a quantidade ideal de viaturas para uma frota. Na Horários do
Funchal os gestores de frota consideram uma folga entre 5 a 10% como medida mais acertada.
Nesta operadora, o número de autocarros necessários é calculado através do GIST. Com essa
informação o serviço de manutenção adiciona o número de viaturas suplentes necessárias, de
modo a que haja possibilidade de fazer face a manutenção preventiva, curativa, reparações
gerias e acidentes.
O número de veículos numa frota depende da sua uniformidade.
Quanto mais uniforme for a frota, menor será a quantidade de veículos de reserva necessários.
Se a frota for muito segmentada, terá de ter uma maior percentagem de viaturas de reserva. Por
exemplo:
1. Numa frota de autocarros de aluguer em que todos têm 53 lugares e 12m de
comprimento, com uma idade média de 5 anos. Se a frota for pequena, por exemplo 10
autocarros, a folga não deverá ser inferior a 10%, para permitir ter um autocarro de
reserva. Se, por outro lado, for grande, 100 autocarros, partindo do princípio que cada
autocarro fará 2 revisões anuais, então a folga baixará para 3 a 5%;
2. Se tiver um serviço especial, como por exemplo a linha ECO da HF, embora o nº de
autocarros a empenhar seja de 3, houve necessidade de adquirir 4. Neste caso a reserva
é de 25%. A linha ECO é um serviço de transporte público de grande frequência que
serve o centro do Funchal unindo a maioria dos parques de estacionamento da cidade.
Este serviço é realizado por mini autocarros eléctricos, amigos de ambiente, que não
têm emissões e não são ruidosos.
OUTROS CASOS DE ESTUDO
Barraqueiro
O grupo Barraqueiro é constituído por várias empresas. Entre elas, a Barraqueiro, Rodoviária
de Lisboa, Rodoviária do Tejo e a Rede de Expressos. Estas são as que estão ligadas ao
transporte rodoviário de passageiros (a este grupo também pertencem a Fertagus e o Metro
Transportes do Sul).
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
22
A Barraqueiro implementou, recentemente, um sistema de apoio ao Cliente: ICTR - Informação
ao Cliente em Tempo Real. Este consiste na instalação nas principais paragens, de painéis
informativos onde é prestada ao cliente a informação em tempo real da hora de passagem do
próximo autocarro, para que o cliente possa ter a noção exacta do tempo de espera.
Este sistema baseia-se na informação transmitida em permanência a uma Central de Comando e
Controle, onde, através do Sistema de localização GPS, o controlador tem o conhecimento
exacto do local onde se encontra o veículo, e do atraso ou avanço existente relativamente ao
respectivo horário de passagem. A comunicação via rádio entre o motorista e a central é
estabelecida sempre que na circulação qualquer facto anómalo se produz.
Este grupo participou no desenvolvimento do sistema GIST - Gestão Integrada do Sistema de
Transportes. Este sistema procura dar resposta à optimização da oferta, tendo como objectivos
principais:
Reduzir o tempo necessário para afectação de meios, (motoristas e viaturas).
Permitir a construção de cenários de apoio à decisão.
Melhorar o nível de informação disponível.
Avançar para metodologias de automatização e plataformas de integração com outros
sistemas
Horários do Funchal
Esta companhia madeirense implementou o Sistema de Apoio à Exploração e Informação aos
Passageiros (XTraN Passenger SAEIP). Este sistema foi desenvolvido pelo consorcio Link
Consulting - Tecmic. Este sistema integra várias áreas da empresa: planeamento, suporte à
decisão, gestão de frota, gestão de serviços de transporte, tripulantes e segurança.
Desta forma é possível à empresa atingir vários propósitos:
• Obtenção de dados de operação de toda a frota, em tempo real, permitindo
acompanhar a execução dos serviços e o registo para análise futura;
• Apoiar a tomada de decisão no terreno, permitindo agir sobre condicionantes à
circulação e evitar que as mesmas tenham impacto no serviço prestado aos passageiros;
• Apoiar a condução, com indicação ao motorista do destino de cada viagem e do
cumprimento dos horários (avanço/atraso), em tempo real;
• Incrementar a segurança a bordo, permitindo múltiplos canais de comunicação com o
centro de controlo, com níveis de prioridade diferenciados em função da urgência;
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
23
• Determinação dos horários reais, tomando por base não apenas os horários teóricos
mas também os impactos temporais de acontecimentos (trânsito, trabalhos nas vias, clima, etc.)
na operação;
• Informar os passageiros, comunicando-lhes horários reais, por via de painéis
electrónicos nas paragens, na página internet do operador ou via telemóvel (SMS);
• Produzir estatísticas que permitam a optimização de processos de planeamento e
apoiar a decisão na óptica da gestão em áreas como o investimento ou os recursos humanos.
Este sistema funciona através da roca de informações entre as várias entidades. Inicialmente, o
centro de controlo o conhecimento georreferenciado da posição da viatura on-time. É possível
afirmar que este sistema é descentralizado, pois toda a frota tem a capacidade de recolha de
dados: localização, velocidade, estado físico da viatura, distancia percorrida através do
odómetro, abertura de portas, indicadores de destino. Depois da recolha, os “autocarros
inteligentes” enviam através de um sistema computorizado, esses dados para o centro de
controlo. Este sistema possui ainda uma consola para a interacção com o motorista. Este pode
ainda comunicar directamente com o centro de controlo através da rede móvel.
A conjugação das teclas de emergência da consola com outros mecanismos de alarme
dissimulados permite diferentes níveis de alerta para o centro de controlo. Desta forma, a
segurança tanto dos passageiros como do motorista é incrementada e gerida.
A bordo existem ainda mecanismos para gestão da comunicação com o centro de controlo por
voz, podendo inclusivamente serem lançadas chamadas de grupo para comunicação de
instruções específicas, no âmbito de um determinado conjunto de veículos.
Toda a informação proveniente dos autocarros é apresentada aos operadores do centro de
controlo, para que possam agir sobre a realização dos serviços com uma visão ampla e integrada
do desempenho da frota.
Os dados recolhidos são consolidados numa base de dados central, servindo de parâmetros para
o cálculo permanente dos próximos tempos de passagem nas várias paragens da rede que serão a
base da informação prestada aos passageiros. O seu registo histórico constitui um activo
informativo importante, que permite enriquecer os diversos processos de planeamento e apoiar a
tomada de decisão a vários níveis da gestão da empresa.
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
24
Toda esta informação, depois de cruzada com recurso a algoritmos avançados, é apresentada
nos múltiplos suportes disponíveis – painéis electrónicos nas paragens, internet e telemóveis
(SMS).
Sistema SIGO – SmartCities
Este sistema foi desenvolvido pelo Consórcio Link Consulting / Tecmic, com objectivo apoiar a
gestão operacional do serviço com base em informação em tempo real e de forma integrada
entre as diferentes áreas, de forma a reduzir o impacto que ocorrências imprevistas têm sobre os
utentes do serviço de transportes. O SIGO tem duas componentes: o sistema de Gestão de
Ocorrências e o sistema de Gestão de Viaturas.
A primeira componente é uma solução de apoio à Gestão de Ocorrências Excepcionais. O
sistema de gestão de viaturas visa apoiar as áreas de manutenção e exploração na gestão de frota
e das suas necessidades, oferecendo um conhecimento em tempo real do estado da frota, de
forma integrada com o sistema de gestão de ocorrências.
Este sistema tem uma maior incidência nas áreas da exploração e da manutenção e na gestão da
informação da organização de forma integrada e em tempo real, recebendo eventos das viaturas
que permitem manter painéis de estado sinópticos e garantindo as comunicações com as
diferentes áreas e Sistemas Centrais da Organização. O sistema executa a gestão operacional da
Figura 8: Sistema SIGO da Link Consulting
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
24
Toda esta informação, depois de cruzada com recurso a algoritmos avançados, é apresentada
nos múltiplos suportes disponíveis – painéis electrónicos nas paragens, internet e telemóveis
(SMS).
Sistema SIGO – SmartCities
Este sistema foi desenvolvido pelo Consórcio Link Consulting / Tecmic, com objectivo apoiar a
gestão operacional do serviço com base em informação em tempo real e de forma integrada
entre as diferentes áreas, de forma a reduzir o impacto que ocorrências imprevistas têm sobre os
utentes do serviço de transportes. O SIGO tem duas componentes: o sistema de Gestão de
Ocorrências e o sistema de Gestão de Viaturas.
A primeira componente é uma solução de apoio à Gestão de Ocorrências Excepcionais. O
sistema de gestão de viaturas visa apoiar as áreas de manutenção e exploração na gestão de frota
e das suas necessidades, oferecendo um conhecimento em tempo real do estado da frota, de
forma integrada com o sistema de gestão de ocorrências.
Este sistema tem uma maior incidência nas áreas da exploração e da manutenção e na gestão da
informação da organização de forma integrada e em tempo real, recebendo eventos das viaturas
que permitem manter painéis de estado sinópticos e garantindo as comunicações com as
diferentes áreas e Sistemas Centrais da Organização. O sistema executa a gestão operacional da
Figura 8: Sistema SIGO da Link Consulting
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
24
Toda esta informação, depois de cruzada com recurso a algoritmos avançados, é apresentada
nos múltiplos suportes disponíveis – painéis electrónicos nas paragens, internet e telemóveis
(SMS).
Sistema SIGO – SmartCities
Este sistema foi desenvolvido pelo Consórcio Link Consulting / Tecmic, com objectivo apoiar a
gestão operacional do serviço com base em informação em tempo real e de forma integrada
entre as diferentes áreas, de forma a reduzir o impacto que ocorrências imprevistas têm sobre os
utentes do serviço de transportes. O SIGO tem duas componentes: o sistema de Gestão de
Ocorrências e o sistema de Gestão de Viaturas.
A primeira componente é uma solução de apoio à Gestão de Ocorrências Excepcionais. O
sistema de gestão de viaturas visa apoiar as áreas de manutenção e exploração na gestão de frota
e das suas necessidades, oferecendo um conhecimento em tempo real do estado da frota, de
forma integrada com o sistema de gestão de ocorrências.
Este sistema tem uma maior incidência nas áreas da exploração e da manutenção e na gestão da
informação da organização de forma integrada e em tempo real, recebendo eventos das viaturas
que permitem manter painéis de estado sinópticos e garantindo as comunicações com as
diferentes áreas e Sistemas Centrais da Organização. O sistema executa a gestão operacional da
Figura 8: Sistema SIGO da Link Consulting
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
25
frota em tempo real, suportando vários serviços tais como Expedição, Monitorização e
Manutenção (de veículos ou equipamentos) e a Gestão de Eventos que ocorram durante a
actividade, tais como acidentes, avarias ou problemas de segurança. O sistema proporciona um
serviço de integração que interliga esses serviços operacionais aos serviços e sistemas já
existentes na organização, permitindo a integração fluente da informação de produção da frota
com as áreas administrativas e de gestão, as quais ganham acesso a relatórios actualizados da
actividade e a indicadores de desempenho. O acesso à informação por parte dos empregados da
organização pode ser efectuado através da intranet ou do telemóvel.
CONCLUSÃO
Neste relatório foram tratados vários pontos relacionados com a Gestão de Operações no
Transportes públicos rodoviários.
Diferenciamos os transportes urbanos e os interurbanos. Embora o case study que foi utilizado
se referisse a uma empresa de transportes urbanos, foi explicada a necessidade a necessidade da
existência de transportes interurbanos que fizessem a ligação entre as diversas áreas
populacionais de uma região.
Utilizamos a Carris, como case study pois é um dos maiores operadores de transportes públicos
do país e é um exemplo do que existe nesta área. A forma de como se processa a integração
dentro da organização é um modelo que foi desenvolvido de forma a integrar todas as entidades
da organização: Centro de Controlo Operacional, Despacho e Manutenção.
Esta integração tem como objectivo a comunicação entre as três entidades. Se houver essa
comunicação, então sempre que ocorre uma excepção ao serviço regular da Carris, todas serão
avisadas, e a resposta será mais eficiente e eficaz. Imaginamos que ocorre um problema com
uma viatura. Essa ocorrência é imediatamente comunicada ao CCO, que reencaminha para a
Manutenção. Esta entidade saberá que é necessário invocar todos os meios necessários: viatura
de substituição, reboque e provavelmente outro motorista. Dado que a Manutenção ficou sem a
reserva, esta saberá se ainda existem outros de prevenção. Caso tenha atingido o ponto mínimo,
esta terá de enviar viaturas para as estações do Despacho. A Manutenção, como também
recebeu a comunicação, sabe que irá receber uma viatura que necessita de reparação, e preparar-
se-á para a receber.
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
26
O Despacho possui várias estações em pontos diferentes da região onde actua. Um exemplo
dessas estações é que está instalado em Miraflores. Desta forma, sempre que há um problema, é
avisado a estação mais próxima do local da ocorrência, para enviar o veículo de substituição.
O Despacho participa também no planeamento das Operações da Carris, e fá-lo coincidir com o
Plano de Gestão Diária das Operações, para que seja fazível, e não haja incoerências. Assim,
sempre que é necessário alterar um ponto do serviço, esta entidade está preparada para o fazer.
Para que a Gestão a Tempo Real ocorra sem problemas é necessário recorrer a várias
ferramentas. Uma delas é o sistema de localização. Este poderá ser de diversos tipos, mas
baseiam-se sempre no mesmo modelo: um equipamento embarcado na viatura calcula a sua
localização e envia essa informação para o CCO, através de uma rede de telecomunicações.
No CCO a posição é monitorizada com dois sistemas: em espinha e em rede. Assim é possível
fazer o controlo do serviço do autocarro e o seu respectivo controlo. Esta é uma ferramenta
essencial na gestão das excepções.
Este sistema deveria ser a base para o Apoio aos Passageiros, pois assim as informações que são
exibidas nos placards ou por SMS (ou internet) eram mais verosímeis. Isto faria com que os
passageiros estivessem menos ansiosos pela chegada do seu autocarro, e consequentemente
aumentava o nível de satisfação dos clientes da Carris.
Para o cálculo da frota ideal, usamos como caso de estudo, a Horários do Funchal. Este
organização madeirense é um bom exemplo da utilização deste sistema. A HF implementou o
sistema GIS, que é um SI que permitiu estabelecer uma metodologia para a reengenharia dos
processos de planeamento operacional desta empresa de transportes.
A operadora Horários do Funchal volta a ser tratada no capítulo de “Outros casos de Estudo”.
Aqui foi explicado, entre outras coisas, como funciona o sistema de apoio aos passageiros desta
operadora. Neste capítulo também foi explicada como se processa a gestão das operações noutra
grande organização dos transportes públicos – a Barraqueiro.
Foi dado um exemplo de um sistema de informação para as empresas de transportes – SIGO.
Este sistema tem como objectivo a monitorização e recolha de informação dos equipamentos,
mas também a sua integração com uma solução de Gestão e Optimização do Serviço, baseada
nas mais modernas plataformas tecnológicas.
Gestão de Operações nos Transportes Públicos Rodoviários de Passageiros
27
Bibliografia
Boletim informativo da empresa Horários do Funchal;
Telematics in a Dutch Public Transport Service, Dutch Transport Organization;
RODRIGUES, Ricardo; Passenger Transportation Services in Real Time Management;
RICARDO, Ana; Gestão em Tempo Real nos Transportes de Passageiros;
ADVANCED PUBLIC TRANSPORTATION SYSTEMS: THE STATE OF THE ART
UPDATE 2006;
Websites consultados:
http://www.tecmic.pt/por/somos.html
http://www.horariosdofunchal.pt/
http://www.gsm-modem.de/vehicle_tracking.html
http://www.quidgest.pt/p_pat_viaPT.asp?LT=PTG
http://www.computerworld.com.pt
http://www.trb.org/
http://www.dot.gov
http://www.itsa.org/
http://www.dft.gov.uk/
http://gnomo.fe.up.pt/~cotrans/get/index-1.htm
http://www.transportes-xxi.net/
http://paginas.fe.up.pt/~sibd/SIfiles/slides_teoricas/Aula01_PSI.pdf
http://en.wikipedia.org/wiki/Automatic_vehicle_location#Applications
http://www.ife.pt/distribuicaoh.asp?publicacaoId=1
http://en.wikipedia.org/wiki/Fleet_management#Vehicle_Tracking
http://en.wikipedia.org:80/wiki/Fleet_telematics
http://www.barraqueiro.com/html/pt_homepage.html
http://www.igeo.pt/servicos/CDI/biblioteca/PublicacoesIGP/esig_2002/papers/p013.pdf