formação continuada para eja 2010

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GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINS SECRETARIA DA EDUCAÇÃO E CULTURA SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO DIRETORIA DO ENSINO MÉDIO COORDENAÇÃO DE CURRÍCULO E FORMAÇÃO 2010 FORMAÇÃO CONTINUADA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS OFICINA: LABORATÓRIO DE MATEMÁTICA COORDENADORIA DE CURRICULO DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, COORDENADORIA DE DUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

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Page 1: Formação continuada para eja 2010

GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINSSECRETARIA DA EDUCAÇÃO E CULTURA

SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃODIRETORIA DO ENSINO MÉDIO

COORDENAÇÃO DE CURRÍCULO E FORMAÇÃO

2010

FORMAÇÃO CONTINUADA

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

OFICINA: LABORATÓRIO DE MATEMÁTICA

COORDENADORIA DE CURRICULO DOENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO, COORDENADORIA DE

DUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

Page 2: Formação continuada para eja 2010

GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINSSECRETARIA DA EDUCAÇÃO E CULTURA

SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃODIRETORIA DO ENSINO MÉDIO

COORDENADORIA DE CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO

CARLOS HENRIQUE AMORIMGovernador do Estado

SUZANA DE FREITAS SALAZARSecretária Estadual da Educação e Cultura

NORANEY DE FÁTIMA FERNANDESSubsecretária de Educação

DANIEL RODRIGUESDiretor de Gabinete

ALESSANDRA DE FÁTIMA CAMARGO PEREIRASuperintendente de Educação

VALTERSON TEODORO DA SILVASuperintendente de Gestão

RAYMUNDO AIRES FILHODiretor de Ensino Médio

VANESSA QUINTANILHA DE OLIVEIRA CAVALCANTEDiretora de Ensino Fundamental

ELVIRA N. HERBERTSDiretora de Educação na Diversidade

MARCOS REZENDE MACHADODiretor de Recursos Humanos

ELBA APARECIDA ANTUNES RIBEIROCoordenadora de Currículo do Fundamental

LORENA DE PAULA OLIVEIRA COIELHOCoordenadora de Currículo do Ensino Médio

RUTH DE FÁTIMA PEDREIRA PEREIRACoordenadora de Educação de Jovens e Adultos

Page 3: Formação continuada para eja 2010

Coordenadoria de Currículo e Formação do Ensino Fundamental e Médio:

Abrão de Sousa– Assessor de Língua Portuguesa

Alexandre Costa Barros – Assessor de Matemática

Cássia Mascarenhas Alencar – Pedagoga do Currículo

Cláudia A. Mota de Sousa – Assessora de Matemática

Cynthia Carvalho Silvestre – Assessora de Geografia

Deyse Rangel Cesar – Assessora de Língua Espanhola

Dionízio Pereira Neto - Assessor de Matemática

Élida Sabino da Silva - Assessora de História

Elizama Mauricio de Paiva Santos - Assessora de Língua Portuguesa

Elza Maria da Luz - Assessora de Ensino Religioso

Emerson Azevedo Soares – Assessor de Biologia

Florisvardo Tavares Sousa - Assessor de Biologia

Iveti da Silva Bacri - Assessora de Língua Inglesa

Letícia Brito de Oliveira Suarte - Assessor de Biologia

Luciana Pegoraro Penteado – Assessora de Educação Física

Luciana de Maria Viana Carvalho- Assessora de Química

Luziane Pereira Castro - Assessora de Língua Portuguesa

Maria de Jesus Coelho Abreu - Assessora de Geografia

Maria da Natividade G. Ribeiro – Assessora de Língua Inglesa

Maria Francinete S. C de Souza – Pedagoga do Currículo

Mariana Castro C. L. Silva – Assessora de Língua Portuguesa

Maximiano dos Santos Bezerra – Assessor de História

Patrícia Luciane de Sousa – Assessora de Filosofia

Roseli Bitzcof de Moura - Assessora de Língua Portuguesa

Sadia Maria Soares Azevedo Rocha - Assessor de Língua Portuguesa

Soraia Tomaz Marques - Assessora de Educação Física

Suely Maria de Castro Brandão - Assessor de Matemática

Page 4: Formação continuada para eja 2010

OFICINA DE MATEMÁTICA PARA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOSASSESSORA: CLAUDIA ALVES MOTA DE SOUSA

PÚBLICO: PROFESSORES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Weber Ferreira dos Santos – Assessor de Física

PAUTA

DATA: 06 a 08 de outubro de 2010.LOCAL: ARAGUAINA E PARAISOASSESSORES: Claudia Alves Mota de Sousa Weber Ferreira de Sousa

DATA ITEM DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE RESPONSÁVELTEMPO

PREVISTO

06/10

Abertura Apresentação da equipe e vídeo: Vida

de Maria

Equipe da EJA Início: 08hTérmino: 10hDuração: 02h

Reflexão dos

textos:

’ Ampliando os horizontes na EJA’ e

Reflexão do texto ‘ Da cabeça ao

caderno’;

Vídeo: O discurso do educador com os

alunos da EJA.

Atividade de socialização da aplicação

dos Conteúdos para EJA;

Assessores Cláudia

e Weber

Início: 10hTérmino: 12hDuração: 02h

Laboratório

Didático de

Matemática

Apresentação e demonstração dos

equipamentos do LDM;

Elaboração e apresentação de

atividades em grupo;

Elaboração e socialização de atividades

do dia em grupo;

Modelo de planilha de aula no

Laboratório.

Assessores Cláudia

e Weber

Início: 14hTérmino: 18hDuração: 04h

07/10 Reflexão do

texto

“Etnomatemática”- Ubiratan D’

Ambrósio;

Momento de socialização dos trabalhos;

Assessores Cláudia

e Weber

Início: 08hTérmino: 10hDuração: 02h

Programas Apresentação do jogo:xxxxxxxxxxxxxx

Manuseio do Programa: Matemática em

Movimento

Assessores Cláudia

e Weber

Início: 10hTérmino: 12hDuração: 02h

Page 5: Formação continuada para eja 2010

Tecnologia Assessores Cláudia

e Weber

Início: 14hTérmino: 18hDuração: 04h

08/10

Socialização

final dos

trabalhos

Workshop;

Avaliação dos trabalhos apresentados;

Assessores Cláudia

e Weber

Início: 08hTérmino: 12hDuração: 04h

Palestras Equipe da EJA Início: 14hTérmino: 18hDuração: 04h

Diga-me e eu esqueço.Ensina-me e eu lembro.

Envolva-me e eu aprendo.Confúcio.

OFICINA DE MATEMÁTICAI- APRESENTAÇÃO

A Secretaria de Educação e Cultura, através da Coordenadoria De Currículo Do Ensino Médio e

Coordenação de Jovens e Adultos propõem uma oficina nos Laboratórios de Matemática para os

Professores nas Diretorias Regionais de Ensino do estado do Tocantins, tendo como foco a busca

do conhecimento de situações práticas desenvolvida no Laboratório de Matemática.

A oficina será desenvolvida pela Assessora de Matemática Claudia Alves Mota de Sousa e o

Assessor de Física Weber Ferreira dos Santos.

II- Justificativa

O Laboratório de Matemática é um recurso que permite ao professor melhorar

qualitativamente sua atuação em sala de aula e testar novas metodologias de ensino. No trabalho

diário em sua classe, o professor, utilizando o Laboratório de Matemática, pode buscar soluções

inovadoras que permitam superar os desafios do ensino da Matemática.

O Laboratório de Matemática teve sua origem na necessidade do desenvolvimento de

atividades lúdicas (jogos, paródias e oficinas), para a contextualização da Matemática. Acreditamos

que esse espaço despertaria o interesse dos alunos pelos conteúdos matemáticos, fugindo da rotina

tradicional. O trabalho no Laboratório de Matemática visou também à inclusão digital dos alunos,

promovendo um contexto estimulador e desafiante para a formação do pensamento do ser humano

e de sua capacidade de cooperação.

Page 6: Formação continuada para eja 2010

III- Objetivo geral

Esta oficina tem como foco:

Instrumentalizar o professor para o ensino da Matemática;

Provocar uma reflexão sobre a prática pedagógica do professor e sobre a importância do

planejamento;

Evidenciar a importância das articulações entre os diferentes agrupamentos de conteúdos e

das praticas interdisciplinares;

Contribuir com materiais que possibilitem colocar em ação praticas educativas que envolvam

os alunos, que permitam uma participação ativas deles, valorizando experiências vivenciadas

no dia-a-dia, visando a tornar mais significativos os conteúdos matemáticos.

IV- Objetivos Específicos

Apresentar o Laboratório de Matemática e seus materiais, assim como seu manual;

Indicar procedimentos para utilização dos materiais;

Sugerir atividades, problemas e situações-problemas que facilitem o aprendizado da

Matemática.

Utilizar o Laboratório de Matemática como um espaço privilegiado de investigação por parte

dos alunos e professores, trabalhando o conhecimento matemático através de recursos

materiais.

V- Público Alvo:

Professores da Educação de Jovens e Adultos- EJA das Diretorias Regionais de Ensino

VI- Metodologia:

A oficina será ministrada da seguinte forma:

1º Apresentação dos equipamentos no Laboratório de Matemática;

2º Estudo do Manual;

3º Apresentação do equipamento com a prática pedagógica:

5º Apresentação de jogos pedagógicos

4º Workshop

VII- Materiais utilizados:

Page 7: Formação continuada para eja 2010

Laboratório de Matemática; 4 mesas; 5 notebooks; 5 cartolinas- cores diversificadas; 5 folhas de papel cartão-cores variadas; 1 rolo de papel pardo; 2 fitas pvc transparente; 2 fitas crepes; 15 canetas; 15 lápis; 15 borrachas; 15 réguas; 15 cadernos da EJA; 3 caixas de lápis de cera; 5 tesouras; 3 caixas de pinceis; 3 caixas de lápis de cor; 3 pacotes de ligas coloridas; 1 resma de chamex; 1 rolo de barbante;

1º Blocos de base 2 , 5 e 10.

- Blocos base 2, 5 e 10.

Conceitos associados

Sistemas de numeração posicional Sistema de numeração decimal Seqüência de números: números quadrados. Operações fundamentais: adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação.

Atividade 1 - Representar números

Um número é representado da seguinte maneira:

O algarismo das unidades indica o número de pequenos cubos;

O algarismo das dezenas indica o número de palitos;

O algarismo das centenas indica o número de placas;

O algarismo das unidades de milhar indica o número de cubos. Vamos fazer alguns exemplos:

98 674 2206

Page 8: Formação continuada para eja 2010

Atividade 2 - Adição

Para somar vamos desenvolver os seguintes exemplos: efetue

85 + 59 = 458 + 259 = 1598 + 487 =

Atividade 3 - Subtração

A subtração se desenvolve nas seguintes etapas:

Representa o minuendo

Representa o subtraendo

Retire do minuendo quantas peças tem o subtraendo

Vamos praticar com os exemplos:

88 – 59 = 548 - 129 = 1568 - 569 =

Atividade 4 - Multiplicação

Para multiplicar vamos desenvolver os seguintes exemplos:

35 + 157 = 558 +352 = 1598 + 548

Atividade 5 – Divisão

Para divisãor vamos desenvolver os seguintes exemplos:

26 ÷ 3 = 468 + 4 =

Atividade 6 - Divisores

Para o estudo dos divisores de um número, podem-se fixar os cubos numa linha, na quantidade que represente o número, após esta disposição, fazer tentativas para encontrar outras formas de montar retângulos ou quadrados.

Vamos fazer alguns exemplos:

a) Número 6; b) Numero 16;c) Número 36

Atividade 7 – Números Primos

Só é possível representar um número primo de forma linear.

Vamos fazer alguns exemplos:

Page 9: Formação continuada para eja 2010

a) Número 7; b) Número 17; c) Número 19;

Atividade 8 – Números Quadrados, Potencia e Raiz Quadrada

Números quadrados são aquele que disposto em linhas e colunas forma uma figura quadrada. Quando pretendemos encontrar a raiz quadrada de um número, na verdade, estamos procurando o

lado do quadrado que tem como área o número que está dentro da raiz.

Vamos fazer alguns exemplos:

a) Número de 2 a 10;

b) Número de 12 a 25;

Atividade 9 – Produtos notáveis

Vamos fazer alguns exemplos:

Partindo dos quatros, deseja-se encontrar o próximo quadrado perfeito, para isso temos que acrescentar dois pinos em uma das colunas, dois pinos em uma das linhas e um pino para fechar o cantinho.

Continuando do nove para o próximo número quadrado, temos que acrescentar três pinos em uma das linhas, três pinos em uma das colunas, mais o pino do cantinho.

2º Geoplano retangular e circular

Conceitos associados

Perímetro Áreas Triângulos Retângulos

Atividade 1 - Dado um quadrado desenhado no geoplano, desenhar um outro quadrado que tenha o dobro da área do quadrado dado, calcular sua área e seu perímetro.

Atividade 2 - Construindo polígonos regulares

Procedimentos:

Page 10: Formação continuada para eja 2010

a) Construa o maior número possível de polígonos regulares e represente conforme tabela abaixo.

O desenho padrão para localizar estes elementos listados é:

número de

vértices

número de lados n

ângulo central

Ângulo interno

123 4 56789

10

Atividade 3 - Medindo ângulos no geoplanoProcedimentos:

A medição de ângulos no geoplano pode ser feita das seguintes maneiras:1) usando somente o geoplano.

Podemos determinar a abertura considerando cada um dos arcos formados pelos pontos que dividem a circunferência:

24 divisões 20 divisões 12 divisões

3º Refletor geométrico

A associação das idéias matemáticas e da física pode estimular e dar significado ao aprendizado de ângulos, de polígonos e reflexão de um espelho plano. Ajustando o ângulo entre dois espelhos planos podemos obter os polígonos regulares de um modo virtual.

Conceitos Associados Simetria, eixo de simetria Ângulos Polígonos regulares

Page 11: Formação continuada para eja 2010

Atividade 1 - Obtenção dos polígonos regulares com auxílio do refletor geométrico.

A imagem de um quadrado obtido por dois espelhos planos formando 90.

Procedimentos:

a) o material refletor geométrico proporciona a partir das propriedades dos espelhos planos a obtenção dos polígonos regulares. O polígono depende do ângulo formado pelos dois espelhos:

O ângulo entre os dois espelhos é igual ao ângulo central do polígono polígono

12090726045403630

4º Teodolito a laser

Teodolito é um instrumento de precisão para medir ângulos horizontais e ângulo vertical

Conceitos associados

Medida de ângulos Relações métricas nos triângulos

Atividade 1 - Medida da altura de sala

Procedimentos:

a) Coloque o aparelho a 3 metros da parede. A distância é medida a partir do centro do disco da escala vertical. A escala horizontal deve estar fixa durante toda a atividade.

b) Ative a luz direcionando-a à linha do piso com o rodapé da sala, fixe o parafuso de ajuste para registrar o ângulo;

5º Matemática em movimento

Este aparelho proporciona atividades que visam explorar a noção de tempo,

a medição do tempo.

Page 12: Formação continuada para eja 2010

Aplicações

Explorar a medição de tempo; Medida de comprimento Medida de ângulo Medida de tempo

Atividade 1 - Construção de tabelas de cronometragem

distâncias tempo de deslocamento

observações

5cm10cm15cm20cm

Procedimentos:

a) Nas primeiras atividades a cronometragem pode ser realizada para marcas separadas por distâncias superiores a 20 cm.

6º Tangram números irracionais

A construção da escala e atividades para explorar as operações e as propriedades das operações com números irracionais são os objetivos deste material.

Aplicações Desenvolver atividades que exploram operações de números com radicais;Atividade 1 – Conhecendo as peças Procedimentos:a) Veja como são as peças:

Page 13: Formação continuada para eja 2010

b) Coloque as peças lado a lado:

Atividade 2 - Somando dois números com radicaisProcedimentos:

a) Observe o exercício proposto e resolva com auxílio do material

BIBLIOGRAFIA

Laboratório Didático de Matemática, Ensino Fundamental/ Anos iniciais e Ensino Médio,Genésio Correia de Freitas Neto, 423 págs, Brink Móbil Projetos Educacionais Ltda. Curitiba PR 00800416255.

Page 14: Formação continuada para eja 2010

AULA PRÁTICA DE MATEMÁTICA

COORDENADOR: PROFESSOR (A):

DISCIPLINA: SÉRIE/ANO: BIMESTRE: DATA: Nº:

CONTEÚDO(S) RELACIONADO(S):

OBJETIVOS DA AULA:

MATERIAL (IS) UTILIZADO(S):

PROCEDIMENTOS METODOLOGICO:

CONCLUSÕES:

OBS. GERAL:

ANEXOS (FOTOS DA PRÁTICA, RELATÓRIOS E OUTROS)

Page 15: Formação continuada para eja 2010

Ampliando os horizontes na EJA

Na Educação de Jovens e Adultos, o papel do professor é propor situações que levem o grupo a

usar o que já sabe para aprender a linguagem e as propriedades matemáticas

Page 16: Formação continuada para eja 2010

AGORA É DIFERENTE A aluna da EM Bairro Novo aprendeu a lidar com as operações matemáticas. 

Fotos: Marcelo Almeida

Quando adentra a sala de aula, a turma dos anos iniciais do Ensino Fundamental da Educação de

Jovens e Adultos (EJA) geralmente consegue fazer alguns cálculos e medições, embora ainda não

domine os códigos matemáticos. "No dia a dia, eles fazem compras, usam transporte público e

trabalham na construção civil e em outras áreas nas quais a Matemática está muito presente",

explica Maria Amábile Mansutti, pedagoga do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura

e Ação Comunitária (Cenpec) e coautora da proposta curricular do Ministério da Educação (MEC)

para o 1º segmento da EJA. Levar isso em conta antes de planejar as atividades da disciplina é

fundamental para que todos os estudantes aprendam, de verdade, a lidar com os conceitos e

generalizar os conhecimentos que possuem para empregá-los em outras situações. "É natural que

eles encontrem dificuldades para verbalizar como chegaram ao resultado. Por isso mesmo, precisam

de ajuda para analisar e sistematizar o que conhecem", diz Maria Amábile. O cálculo mental, que a

maioria domina bem por usá-lo com freqüência, é a estratégia que melhor ilustra essa delicada

relação entre o saber formal e o não-formal. A maioria dos alunos não dá tanto valor a ele e almeja

aprender a conta armada. De acordo com Priscila Monteiro, coordenadora de formação em

Matemática da prefeitura de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, e selecionadora do Prêmio

Victor Civita - Educador Nota 10, embora os professores não possam deixar de ensiná-la, precisam

explicar ao grupo que são diversas as estratégias de cálculo válidas, entre elas, o cálculo mental.

Além desse cuidado, devem ser consideradas as situações didáticas para ensinar Matemática na

EJA. Elas funcionam como faróis que sinalizam o que é fundamental explorar com os estudantes

nos primeiros anos de escolaridade. Organizadas por Maria Amábile e Priscila a pedido de NOVA

ESCOLA, elas estão detalhadas a seguir de modo a apresentar os conteúdos fundamentais e indicar

quando e como trabalhar e os objetivos que a turma precisa alcançar.

1. Estratégias de cálculo

O que é Atividade que pede a resolução de um problema lançando mão de diferentes estratégias

(cálculo mental, calculadora ou o algoritmo para obter resultados exatos ou estimados) e a

identificação da situação em que é melhor usar cada uma delas. "Na maioria das vezes, o cálculo

escrito é visto como mais verdadeiro e correto pelos estudantes", diz Maria Amábile. O desafio é

fazer com que percebam que ele nem sempre é o melhor caminho. A grandeza de um número e a

necessidade da operação são as variáveis que determinam o tipo de cálculo que deve ser usado.

Quando propor No mínimo, três vezes por semana, tanto em seqüências didáticas específicas e

atividades de sistematização, como no trabalho permanente, vinculado a outros conteúdos.

O que o aluno aprende A confiar no que pensa, ter segurança para usar os procedimentos

matemáticos, desenvolver estratégias de cálculo e decidir, em situações diversas, pela mais eficaz.

Page 17: Formação continuada para eja 2010

Ele também passa a refletir sobre os cálculos e dispor de meios de aproximação e controle dos

resultados. Ao estimá-los, por exemplo, tem condições de corrigi-lo.

MOMENTO DE CONSTRUÇÃO Trabalhar questões que envolvem geometria na EJA é tão importante quanto ensinar à turma diversas estratégias de

cálculo. Na EMEB Donald Savazoni, em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, espaço e forma são o tema das aulas semanalmente. Uma das

atividades é elaborar figuras geométricas com elásticos, pensando nos ângulos, vértices e lados.

2. Análise de figuras e corpos geométricos

O que é Trabalho que implica no reconhecimento das propriedades das formas e dos sólidos

geométricos. Para conhecer as diferenças e as semelhanças entre as figuras geométricas, e como

elas se relacionam e se agrupam, é importante colocar a turma para descrever, reproduzir, montar,

identificar, explorar e reconhecer as diferentes formas planas e os sólidos geométricos que existem .

Para isso, é preciso lançar mão de materiais diversos, como sólidos geométricos, figuras planas,

papel quadriculado, régua, esquadro e compasso.

Quando propor Semanalmente, desde o início do ano, em sequências didáticas ou atividades

específicas.

O que o aluno aprende A pensar de modo geométrico, ou seja, a se apoiar nas propriedades

estudadas das formas e dos sólidos para antecipar relações não conhecidas. Além disso, passa a

analisar e conhecer, cada vez com mais profundidade, as características de diversas figuras planas

e não planas, a relacioná-las com outras e usá-las para resolver problemas geométricos. Outro

ganho é incorporar a linguagem formal da Matemática a situações de comunicação.

3. Medição e comparação de unidades de medidas

O que é Situação que envolve medição efetiva e comparação e determinação de comprimentos,

capacidades, pesos e durações. Os estudantes de EJA já sabem mensurar - fazem isso no trabalho,

ao preparar uma receita culinária, confeccionar uma roupa, fabricar um móvel etc. Muitas vezes, as

unidades de medida usadas por eles (como o alqueire, que varia de estado para estado) não são as

convencionadas pelo Sistema Internacional de Unidades - por exemplo, o metro, o litro e a hora.

Mesmo assim, devem ser aproveitadas em aula para ampliar a discussão de relações e

equivalência. Nas atividades de medição efetiva, a turma precisa saber o que será mensurado,

escolher o instrumento mais adequado para isso (trena e recipiente para líquido, entre outros) e

decidir a unidade mais eficiente para expressar o resultado.

Quando propor Uma vez por semana, em sequências didáticas.

Page 18: Formação continuada para eja 2010

O que o aluno aprende A comparar grandezas da mesma natureza, utilizar diferentes métodos e

sistemas de medição e lidar com eles.

COMUNICANDO OS RESULTADOS A linguagem matemática pode ser composta por diferentes tipos de registro, sejam eles orais ou escritos. É

importante que os alunos da EJA aprendam a lidar com essa diversidade para expressar como os números e as operações aparecem no dia a dia e

também para revelar a maneira como pensam e manipulam as informações - o que ajuda o professor a diagnosticar a aprendizagem. Na EM Bairro

Novo, em Curitiba, uma das práticas é desafiar a turma a representar graficamente os dados de problemas.

4. Comunicação e sistematização

O que é Oportunidade de explorar os procedimentos e as formas de pensamento empregados na

resolução de um determinado problema, sejam eles orais ou escritos. O importante nesse caso é

garantir que a turma entenda a lógica dos registros. "A escrita matemática é um procedimento que

se aprende. Os conhecimentos que usamos para pensar no resultado de uma conta são diferentes

dos que usamos para escrevê-lo", destaca Maria Amábile. Esse tipo de trabalho é fundamental

porque faz com que o estudante reflita, de forma mais elaborada, sobre o conhecimento que usou

para resolver o problema. A prática também abrange atividades relacionadas à escrita e à leitura

numérica, em que se interpreta e produz o sistema de numeração, ou seja, ela favorece o

entendimento das regras que regem o sistema de numeração decimal. Os registros feitos durante o

processo, mesmo sendo provisórios, devem ser estimulados. O importante é que retratem o que o

adulto pensou. A cada conhecimento novo, uma sistematização coletiva deve ser proposta e

registrada em cartazes.

Quando propor Regularmente, como uma etapa de todas as sequências e projetos didáticos.

O que o aluno aprende A comparar grandezas da mesma natureza e utilizar diferentes métodos e

sistemas de medição e lidar com eles.

BIBLIOGRAFIA

Metodologia do Ensino da Matemática, Dione Lucchesi de Carvalho, 120 págs., Ed. Cortez, tel.

(11) 3611-9616, 32 reais

SITE: http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/ampliando-horizontes-eja-

matematica-situacoes-didaticas-calculo-mental-conta-armada-518279.shtml

Da cabeça ao cadernoEncaminhar a passagem do cálculo mental para o registro em conta armada é uma das tarefas

essenciais na Educação de Jovens e Adultos

Page 19: Formação continuada para eja 2010

Rodrigo Ratier

SOMA DE SABERES Maria das Graças e Custódio se ajudam para entender e aplicar o algoritmo nas operações.

Foto: Léo Drumond

Durante uma pesquisa sobre as razões do fracasso escolar em Matemática, alunos do Ensino

Fundamental foram sabatinados sobre seus conhecimentos da disciplina. Primeiro, eles passaram

por uma prova oral: o entrevistador propunha questões sobre transações realizadas na feira, na

barraca de frutas, no carrinho de pipoca etc. Por exemplo: quanto custam seis cocos? Qual é o troco

se um freguês lhe dá 20 reais? A moçada se saiu muito bem, acertando 97% dos testes. Mas

quando se pedia que resolvessem contas parecidas no caderno... quanta diferença! O índice de

respostas corretas caía para 59%. Esses jovens tinham em comum o fato de ser pobres e ajudar os

pais em algum negócio próprio.

Embora realizado com adolescentes, esse clássico estudo publicado no livro Na Vida, Dez, Na

Escola, Zero ilustra bem a realidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA): alunos que precisam

da Matemática no dia-a-dia fazem muito bem contas "de cabeça", mas têm uma tremenda

dificuldade em passar o raciocínio para o papel. Como explicar essa contradição? A professora da

Universidade de São Paulo Stela Bertholo Piconez, especialista em EJA, arrisca a resposta:

"Cérebro nenhum pede licença para aprender". Isso quer dizer que, independentemente do grau de

escolarização, boa parte dos jovens e adultos possui noções matemáticas. "É um saber nascido dos

desafios mentais impostos pelo cotidiano. Muitos se esquecem de que essas pessoas conseguem

dividir um salário mínimo de 415 reais pelos 30 dias do mês", provoca Stela (leia seqüência didática

abaixo que utiliza o contracheque para reforçar o aprendizado da adição e da subtração).

Isso, claro, não significa que Matemática se aprenda apenas na base da intuição. "A construção do

pensamento matemático exige conhecimento dos fundamentos da disciplina. Só assim os

estudantes conseguem aceitar explicações e explicitar os próprios raciocínios", ressalta Priscila

Monteiro, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. É preciso ter isso em mente no

ensino dos quatro blocos em que a disciplina se organiza: medidas, geometria, introdução à

estatística e números e operações. Mas é no momento de abordar o cálculo (um dos conteúdos de

números e operações) que essa perspectiva se faz mais necessária.

Buscando sentido 

Page 20: Formação continuada para eja 2010

PÉ NA REALIDADE Trabalho com materiais do cotidiano, como o contracheque, ajuda a dar

sentido às operações. Foto: Léo Drumond

Tido como um dos conteúdos mais valorizados no ensino de Matemática em EJA, o algoritmo (conta

armada) é muitas vezes ensinado de forma mecânica. Mas, para que o aprendizado dessa técnica

realmente faça sentido para os alunos, o ideal é começar o trabalho aprimorando os procedimentos

mentais de resolução. "A partir daí, cada estudante deve construir o próprio percurso até os

algoritmos, compreendendo de fato as propriedades da conta armada e reconhecendo quando é

mais vantajoso usá-la", argumenta Priscila. É dos caminhos para conseguir esse avanço que esta

reportagem trata.

Antes de mergulhar de cabeça em cálculos mentais ou escritos, vale investir um certo tempo

investigando quanto a classe já sabe. Para apresentar a disciplina de forma natural e adaptada ao

mundo adulto, o ajuste das propostas usadas na Educação "regular" é essencial. "O que faço com

minhas turmas é começar com materiais reais em que os números estejam presentes, como

encartes de ofertas de supermercado ou a tabela

de classificação do Campeonato Brasileiro", afirma Iara Silva Lucio, mestre em Educação pela

Universidade Federal de Minas Gerais e alfabetizadora de EJA na rede municipal de Belo Horizonte.

Um segundo conselho é evitar o "matematiquês". "Na vida real, ninguém 'efetua' nada, e 'operação'

é de estômago ou de catarata", brinca Stela Piconez. Para evitar essa enrascada, abuse dos

sinônimos. Por que não ler a questão dizendo "realize" e "faça a conta"?

Foto: Léo Drumond

O diagnóstico inicial também ajuda a identificar que conteúdos devem ser enfatizados antes do

ensino dos algoritmos. Ao pedir que a turma escreva um número, podem-se encontrar, por exemplo,

registros como este ao lado.

Page 21: Formação continuada para eja 2010

Essa escrita traz uma hipótese de pensamento apoiada na organização da numeração oral - ou seja,

o número foi representado quase como se fala. O problema é que a escrita matemática funciona

pela organização posicional, gerando uma contradição. "Em vez de recorrer ao método de riscar o

jeito errado e fazer o aluno copiar o certo, o professor deve reconhecer que a hipótese tem lógica.

Mas precisa explicar que, por não ser o jeito como todos escrevem, pode haver confusão: alguém

pode ler trezentos mil, quinhentos e seis", afirma Iara.

Encontro de trajetórias

O JEITO DE CADA UM No quadro, alunos experimentam várias estratégias de

resolução de problemas. Foto: Léo Drumond

O que o professor provavelmente vai descobrir é um grupo heterogêneo, composto por pessoas de

diferentes graus de escolaridade e habilidades matemáticas. Assim é a classe de 3º ano do Colégio

Imaculada Conceição, em Belo Horizonte. Um dos alunos, o pedreiro Custódio Carreiro de Jesus, 59

anos, já sabia fazer cálculos mentais simples, mas não registrava as contas em papel. Num estágio

mais próximo do convencional está sua colega Maria das Graças Gomes, 41 anos. Por ter concluído

a 4ª série, a doméstica já possuía algum domínio da matemática formal. "Como sou vendedora

autônoma de cosméticos, usava a conta armada para saber quanto as pessoas estavam me

devendo. Mas não tinha muita segurança, principalmente nas contas de menos em que tinha de

'pedir emprestado'", relembra.

Foto: Léo Drumond

Alunos com níveis de conhecimento distintos representam uma oportunidade interessante: abre-se a

porta para comparar estratégias de resolução. Aproveitando-se dessa saudável diferença,

Alessandra Rodrigues de Paula, professora de Custódio e Maria das Graças, incentiva o trabalho em

grupos, momento de debate de idéias para chegar a uma resposta. Depois, a fim de enfatizar a

variedade de formas de solução, Alessandra coleta as hipóteses que surgem. Se a proposta for

realizar uma multiplicação simples podem aparecer registros como este ao lado.

Page 22: Formação continuada para eja 2010

Aqui, o que o aluno fez foi escrever o caminho mental usado para resolver a situação, o

reagrupamento de somas sucessivas. Ainda que não seja o algoritmo escolar, a capacidade de

passar o pensamento para o caderno deve ser valorizada. "Podem aparecer outras formas que

devem ser compreendidas conversando sobre o que está escrito e procurando identificar as

propriedades matemáticas que apóiam o cálculo", diz Lucillo de Souza Junior, professor da rede

municipal de Vila Velha, na Grande Vitória. Autor de um artigo sobre a apropriação dos códigos

formais em Matemática, ele leva ao quadro as estratégias que surgem na classe. "O aluno percebe

a validade de seu raciocínio e, ao mesmo tempo, toma contato com formas diferentes (e mais

rápidas) de solucionar a questão."

Descobrir o saber

Com as estratégias lado a lado, o professor deve indicar as vantagens de cada método. No caso do

algoritmo, sua força vem do fato de permitir a obtenção de um resultado independentemente dos

números envolvidos - lembre que agrupamento, estimativa e outras táticas não servem para todas

as ocasiões. Com o tempo, para aperfeiçoar a passagem do cálculo mental para a conta armada, é

possível pedir ao estudante que tente reduzir o registro, aplicando soluções que economizem tempo.

No caso dos alunos da professora Alessandra, a receita tem dado um bom resultado. Maria das

Graças não pede mais ajuda à filha da patroa para fazer subtrações. "Minha lista de dívidas está

bem mais arrumada. Agora não perco dinheiro pela desorganização", orgulha-se. E o pedreiro

Custódio já não precisa calcular quantas pedras de granito cabem num ambiente na base do

olhômetro. "Faço as contas antes no caderno e compro sempre a quantidade correta de peças",

comemora. A próxima aventura é o aprendizado da multiplicação. Com paciência e persistência, eles

vão chegar lá.

BIBLIOGRAFIA

Na Vida, Dez, na Escola, Zero, Terezinha e David Carraher e Analúcia Schliemann, 184 págs., Ed.

Cortez, tel. (11) 3611-9616 , 24 reais

SITE: http://revistaescola.abril.com.br/matematica/pratica-pedagogica/cabeca-ao-caderno-

428091.shtml

PONTOS PARA REFLEXÃO:

A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: ALGUMAS REFLEXÕES

Page 23: Formação continuada para eja 2010

O desafio dos educadores da EJA consiste em tomar como ponto inicial do processo de ensino e aprendizagem da matemática a lógica com a qual o aluno constrói o saber prático, relacionando-a com a lógica do cálculo escrito convencional. Também deverá buscar didaticamente meios para que o conhecimento gerado nesse processo retorne ao contexto social e de trabalho dos educandos. Por isso, não basta apenas valorizar e incorporar em suas práticas as experiências anteriores dos jovens e adultos, seus saberes práticos e sua cultura. É relevante também que o professor lhes permita ter acesso aos conhecimentos matemáticos socialmente construídos e sistematizados pela humanidade, fazendo-os compreender que tais conhecimentos são significativos para um melhor desempenho profissional e para a leitura crítica do que está a sua volta.

Autoras: Maria José Medeiros Dantas de Melo é licenciada em Matemática, especialista em Formação de Formadores em EJA pela UnB, mestre em Educação pela UFRN, doutoranda do programa de Pós-Graduação em Educação/UFRN e professora de Matemática do IFESP.Maria da Conceição Passeggi é doutora em Lingüística pela Université Paul Valéry, Montpellier III . França, pósdoutora em Fundamentos da Educação pela Université de Nantes . França, professora da Pós-Graduação em Educação/UFRN, atuando na linha de pesquisa Formação e Profissionalização Docente e pesquisadora do CNPq.

ATIVIDADE

1) Os textos abordam o papel do professor e o planejamento de sequências didáticas que

considere o que o os alunos da EJA já sabem para aprender a linguagem e as propriedades

matemáticas. Com base nos textos, reúnam em grupo e construa sequências didáticas de

modo a apresentar os conteúdos fundamentais e indicar as competências e habilidades que a

série precisa alcançar.

CONTEUDO EDUCAÇÃO JOVENS E ADULTOS - EJA2º SEGMENTO

BIMESTRE

Page 24: Formação continuada para eja 2010

EIXO:COMPETÊNCIAS HABILIDADE CONTEÚDOS MÍNIMOS

Etnomatemática

Page 25: Formação continuada para eja 2010

O professor Ubiratan D‘Ambrósio, pai da etnomatemática, fala sobre os fundamentos da sua teoria.

Para ele, a matemática é usada como filtro social que define quem tem condições de tomar decisões.

1-Algo fechado completamente, de modo que não deixe penetrar ou escapar o ar. Ou ainda alguma coisa muito difícil de compreender.

2- O elitismo pode se apresentar como diversas formas de pensamento que favorecem as mais prósperas camadas sociais. ...

O ensino de matemática não pode ser hermético1 nem elitista2. Deve levar em consideração a realidade sócio cultural do aluno, o ambiente em que ele vive e o conhecimento que ele traz de casa. Essas afirmações fazem parte da etnomatemática, teoria defendida por Ubiratan D‘Ambrosio, professor emérito de matemática da Unicamp, professor do Programa de Estudos Pós-Graduados de História da Ciência da PUC de São Paulo, professor credenciado no Programa de Pós- Graduação da Faculdade de Educação da USP e do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp.

Condicionamento – Segundo D’Ambrósio, desde pequena a criança é condicionada a achar que a matemática é complicada.

“Se ela tem em casa um irmão mais velho, já ouve que matemática

é difícil. É um comportamento condicionado: ela entra na escola apavorada

com a disciplina.” Ele diz acreditar que o natural seria a matemática ser

tratada como um conhecimento presente em todas as coisas do cotidiano

das pessoas.

“Como era até a Idade Média. Já nos séculos, XVII, XVIII e XIX, a matemática

entra na página da ciência e da tecnologia.

Surge à idéia de uma matemática mais rigorosa e precisa.

A partir da transição do século XIX para o XX, a disciplina

“Passa efetivamente a lidar com tecnologia e

ciência e inicia-se o conceito de que o aluno

tem que estar preparado para isso.”

O professor explica que desse período em diante a escola passou a atribuir à matemática um caráter rigoroso, com muitas abstrações, esquecendo-se que ela está no cotidiano das crianças e que é espontânea.

“Olhar, classificar, comparar são princípios da matemática. Se alguém estender uma mão cheia de balas e outra com poucas para que uma criança escolha, ela reconhece a diferença de quantidades e vai optar pela mão cheia. Isso é uma aplicação cotidiana e prática da matemática.” Para Ubiratan, a escola optou por formalizar essas relações.

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“Pensar em números é abstrato, diferente de pensar em balas. O ensino da matemática assumiu a postura de se encaminhar para o abstrato e se libertar do espontâneo. É daí que vem o distanciamento entre as crianças e a matemática.”

Filtro social – De acordo com D’Ambrósio, outra questão importante a ser ressaltada é a utilização da matemática como filtro de segregação intelectual e social. “A nova organização da sociedade é política. A escola passa a ser o filtro que seleciona quem tem condições de atingir uma posição de decisão e comando. É um filtro que existe na sociedade e no sistema de produção: sem diploma, o indivíduo não está preparado para assumir posições altas. Isso é uma distorção. Capacidade para desenvolver uma função deveria estar relacionada com competência. Com isso, a participação da população nos processos de decisão fica comprometida. A matemática é um instrumento forte neste processo de filtragem”, afirma.

Ele diz acreditar que é necessário um grande esforço dos educadores modernos para que a matemática deixe de parecer tão complexa e elitista. “Os professores precisam aproximar a disciplina do que é espontâneo, deixar a criança à vontade, propor jogos, distribuir balas, objetos, para que o aluno se sinta bem. A criança adquire habilidades para a matemática em casa, no meio em que vive. Cada um tem um modo próprio de aplicá-la. Só que na escola dizem que a matemática não se faz do jeito de casa. Rechaçam esse conhecimento que o aluno traz e isso cria conflito.”

A teoria – Por isso, o professor é o principal idealizador e defensor da etnomatemática, que leva em consideração os fatos e conhecimentos que fazem parte do ambiente cultural no qual a criança vive. “Quando o aluno chega à escola ele traz experiências de casa, traz o conhecimento de jogos, de brincadeiras, pois já viveu sete anos produtivos e criativos. Aprendeu a falar, andar, brincar. Isso não é aproveitado pelo sistema escolar. O professor parece que pede: “esqueça tudo que você fez e aprenda números e coisas mais intelectualizadas.”

Segundo D’Ambrósio, os professores valorizam muito o pensamento formal, têm hesitação e medo de se libertar. “É mais importante aquilo que a criança pode fazer com um instrumento que trouxe de sua vida anterior à escola do que dar instrumentos novos. Com o que ela já sabe de casa pode fazer muito e ser feliz. Só quando o aluno sentir que necessita de algo novo é que o educador deve intervir cultivando e explorando esse desejo de saber e fazer mais.

Neste momento, o professor pode dizer: “você parou aí, vou mostrar como ir adiante”.

Aos poucos, a criança irá aprender as coisas novas apresentadas. A matemática é isso. Só que esse momento não está sendo adequadamente explorado pelo sistema educacional. “Falta uma pedagogia na linha da etnomatemática.”

Mudança de atitude – Para que esse jeito de ensinar seja efetivamente

colocado em prática, o professor Ubiratan diz ser imprescindível uma

mudança de atitude do educador. Ele afirma que o professor que

viu ser possível ensinar matemática considerando os conhecimentos

trazidos pelo aluno, deve propagar essa idéia e passar suas experiências

para outros colegas.

“Neste processo, os que fazem ensinam para os outros. Os educadores

estão interessados em fazer algo melhor. Muita gente pensa que os

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professores são mal preparados. Isso é falso, a preparação é boa e

competente. Os educadores precisam é perder o receio de entrar no novo.

As autoridades também poderiam ter participação mais ativa, propiciando condições para o professor fazer o novo. Mas o que acontece são medidas controladoras como o Provão para alunos e professores.

Não se resolve um problema sério com medidas fiscalizadoras e controladoras. Os professores precisam de medidas mais liberais, pois educadores são criativos e dedicados”, diz.

Raciocínio e razão – Matemática é raciocínio, afirma o professor. Ele argumenta que a música é tão racional quanto a matemática e explica que ser racional é encontrar caminhos para uma situação nova.

“Um jogador de futebol, na grande área, descobre a solução para uma jogada e faz gol. Ele usou o raciocínio. Já um sujeito muito bom em matemática encontra uma situação difícil na vida e não toma a decisão certa, lógica, apesar de todo conhecimento matemático que tem. Portanto, ser racional não significa ir bem em matemática.”

O professor afirma que raciocínio e razão se ajudam e são inerentes à espécie humana, mas a matemática ensinada na escola não explora isso. “A maioria da população passa longe da matemática formal. É um erro pensar que só tem raciocínio quem passa pela escola.”

A matemática do sistema de ensino é muito específica e voltada para tecnologia exige o ensino de uma matemática que permita à criança lidar com o mundo à sua volta, mas há outras prioridades, além disso. “Temos que dar matemática adequada que permita acesso à toda tecnologia. Mas é importante ressaltar que a pessoa não terá falta de acesso só por não saber matemática. A questão de fato é a injustiça social. A criança não deixa de ter comida e hospital por não ter matemática. Os problemas fundamentais da sociedade são de ordem social e política.” D’Ambrósio diz acreditar que os pais são enganados pela falsa idéia de que seus filhos precisam aprender matemática para ter um bom emprego. “Os pais não percebem que a causa do desemprego não está na matemática e sim na organização perversa da sociedade. Enganam-se achando que se o aluno vai bem na escola e em matemática, vai bem na sociedade. Os pais sequer entendem o que está sendo ensinado e acham que sabem o que o filho precisa aprender. Enquanto isso, as crianças se sentem pressionadas a aprender algo que não é gostoso, nem bonito, e não podem se abrir com os pais. Se o aluno não aprendeu frações, recebe punição e a família nem sabe o que é fração. Se a criança diz que não entende o que os professores dizem, os pais ficam bravos, chamam os filhos de burros.

Isso fecha o diálogo. Perde-se aí a confiança que a criança tem nos pais, até para falar de coisas maiores como uma gravidez precoce ou drogas. Os pais têm a melhor das intenções, só que foram enganados pelo sistema, prestam atenção em coisas mais acessórias do que o fundamental, que é a situação difícil que vivemos. “Para eles terem outra compreensão, as autoridades, os professores, precisam ajudar a abrir os olhos dos pais para o fato de que o mais importante não é a matemática, mas as relações humanas.”

O professor reconhece a impossibilidade de a sociedade resolver grandes problemas sem a matemática e seus instrumentos, até cita a questão da falta de água que pede a intervenção de engenheiros para buscar soluções, mas acha que há problemas maiores. “A sociedade não é feita só de engenheiros que irão cuidar da água. A matemática é muito importante na sociedade tecnológica moderna, porém há outros pilares da sociedade que estão sendo colocadas de lado, como as relações humanas que estão ofuscadas pela busca por uma melhor matemática. A escola deveria formar gente melhor, entretanto toda a energia vai para um ensino errado e, entre os alunos,

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para passar em matemática. É necessário que todos achem a matemática importante, mas há outras questões mais fundamentais que não estão sendo olhadas com o mesmo carinho.”

Relações – D’Ambrósio conclui sua reflexão explicando que tudo o que ele disse faz parte da etnomatemática. “A teoria nos ensina a dar importância ao contexto e ao ambiente cultural no qual a matemática se desenvolve. Se os engenheiros da Embraer vão colocar um novo avião no mercado, eles usam a etnomatemática para aquele ambiente. Usam equações complexas para resolver situações de vôo. Já as crianças jogando bolinha de gude estão em um ambiente que pede outra matemática específica. Eles pensam ‘vou jogar assim com o dedão, qual será a trajetória da bolinha, qual força vou usar, qual a distância da outra bola’, isso é matemática. O aluno que sai de casa e vai para a escola tem que traçar um trajeto, isso é etnomatemática adequada àquele ambiente, assim como o piloto de avião que sai de São Paulo e vai para o Rio.

Ele usa a etnomatemática adequada para aquela situação. A teoria intervém na solução da situação que se apresenta e no conhecimento dessa situação. “Mas a matemática que está na escola só reconhece as regras e formalismos desligados das reflexões mutáveis de acordo com o ambiente em que se está.”

BIBLIOGRAFIA

SITE: http://etnomatematica.org/articulos/boletin.pdf

PONTOS PARA REFLEXÃO:

1- Segundo o autor, os educadores precisam perder o receio de entrar no novo: - Como construir esse caminho novo? É possível pensar numa nova maneira de ensinar matemática?

2- Em sua opinião, “Ser racional significa ir bem somente em matemática.”?

3- É um erro pensar que só tem raciocínio quem passa pela escola.”? Que aspectos podemos explorar nessa discussão, no que diz respeito aos ensinamentos matemáticos?

4- A matemática na escola é a mesma de casa, ou não? É preciso mudar?

5- Os alunos mudaram muito com o passar do tempo, isso é normal? O que falta então para melhorar esse comportamento?

Claudia A. Mota de Sousa Weber Ferreira dos Santos Assessora de Matemática Assessor de Física

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GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINSSECRETARIA DA EDUCAÇÃO E CULTURA

SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃODIRETORIA DO ENSINO MÉDIO

COORDENAÇÃO DE CURRÍCULO E FORMAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

OFICINA DE MATEMÁTICA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

AVAL I A Ç Ã O

ÓTIMO

MUITO BOM BOM

REGULAR

Deixe seu comentário ou sugestão sobre essa oficina.

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Metodologia/(práticas) utilizada Atendimento das expectativas

Pontualidade

Comunicação do mediador

Otimização do tempo Envolvimento do grupo

Sua participação

Relação das práticas apresentadas com sua aula/realidade.