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1 Primer Congreso Argentino de Estudios Sociales de la Ciencia y la Tecnologia Universidad Nacional de Quilmes 5 y 6 de Julio de 2007 Análise da política brasileira de financiamento à inovação: tendências e mecanismos Eje temático 1 Políticas de ciencia y tecnología: análisis de políticas publicas de ciencia, tecnología e innovación BAGATTOLLI, Carolina Departamento de Política Científica e Tecnológica - UNICAMP, Campinas – Brasil [email protected] DIAS, Rafael de Brito Departamento de Política Científica e Tecnológica - UNICAMP, Campinas – Brasil [email protected] DAGNINO, Renato Peixoto Departamento de Política Científica e Tecnológica - UNICAMP, Campinas – Brasil [email protected] Resumo O presente artigo tem como objetivo analisar a política brasileira de financiamento à inovação no período recente, particularmente após a elaboração da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior [PITCE] em 2003. Procura identificar as principais tendências e mecanismos de fomento à inovação, conferindo particular atenção à descrição e análise dos Fundos Setoriais. Para lograr atingir o objetivo proposto, realizou-se uma coleta de dados junto a fontes secundárias e sua posterior análise tendo como marco analítico conceitual a Análise de Políticas. O que se observa é um forte direcionamento da política de fomento à inovação às chamadas “tecnologias de futuro”, por demais custosas para o desenvolvimento em países periféricos como o Brasil considerando as atuais circunstâncias. Isso reflete uma prática bastante comum na Política Científica e Tecnológica, que é a determinação das prioridades da política com base na consideração do que está na vanguarda internacional, e não partindo de uma análise mais apurada da realidade brasileira. Palavras chave: Inovação, Financiamento, Brasil.

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Análise da política brasileira de financiamento à inovação: tendências e mecanismos

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Page 1: Bagattolli Dias Dagnino

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Primer Congreso Argentino de Estudios Sociales de la Ciencia y la Tecnologia

Universidad Nacional de Quilmes

5 y 6 de Julio de 2007

Análise da política brasileira de financiamento à inovação: tendências e mecanismos

Eje temático 1

Políticas de ciencia y tecnología: análisis de políticas publicas de ciencia, tecnología e innovación

BAGATTOLLI, Carolina

Departamento de Política Científica e Tecnológica - UNICAMP, Campinas – Brasil [email protected]

DIAS, Rafael de Brito

Departamento de Política Científica e Tecnológica - UNICAMP, Campinas – Brasil [email protected]

DAGNINO, Renato Peixoto

Departamento de Política Científica e Tecnológica - UNICAMP, Campinas – Brasil [email protected]

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar a política brasileira de financiamento à inovação no

período recente, particularmente após a elaboração da Política Industrial, Tecnológica e de

Comércio Exterior [PITCE] em 2003. Procura identificar as principais tendências e mecanismos de

fomento à inovação, conferindo particular atenção à descrição e análise dos Fundos Setoriais. Para

lograr atingir o objetivo proposto, realizou-se uma coleta de dados junto a fontes secundárias e sua

posterior análise tendo como marco analítico conceitual a Análise de Políticas. O que se observa é

um forte direcionamento da política de fomento à inovação às chamadas “tecnologias de futuro”,

por demais custosas para o desenvolvimento em países periféricos como o Brasil considerando as

atuais circunstâncias. Isso reflete uma prática bastante comum na Política Científica e Tecnológica,

que é a determinação das prioridades da política com base na consideração do que está na

vanguarda internacional, e não partindo de uma análise mais apurada da realidade brasileira.

Palavras chave: Inovação, Financiamento, Brasil.

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Introdução

A política brasileira de financiamento à inovação segue as prioridades e premissas expressas na

Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior [PITCE], que faz parte de um conjunto de

ações componentes da estratégia de desenvolvimento apresentada no documento Orientação

Estratégica de Governo: Crescimento Sustentável, Emprego e Inclusão Social1.

Foram definidas como quatro as áreas prioritárias: a) semicondutores; b) software; c) fármacos e

medicamentos e; d) bens de capital. A principal justificativa para a consideração destes setores

como sendo os prioritários está na baixa contribuição dos mesmos na pauta de exportações

brasileira, ao mesmo tempo em que esses setores são os que mais pressionam a balança comercial,

em termos de custos associados à importação.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior [MDIC] o objetivo

da PITCE é “o aumento da eficiência econômica e do desenvolvimento e difusão de tecnologias

com maior potencial de indução do nível de atividade e de competição no comércio internacional.

Ela estará focada no aumento da eficiência da estrutura produtiva, aumento da capacidade de

inovação das empresas brasileiras e expansão das exportações. Esta é a base para uma maior

inserção do país no comércio internacional, estimulando os setores onde o Brasil tem maior

capacidade ou necessidade de desenvolver vantagens competitivas, abrindo caminhos para inserção

nos setores mais dinâmicos dos fluxos de troca internacionais” (MDIC, 2003, p. 2-3).

O objetivo deste trabalho é analisar a política de brasileira de financiamento da inovação do período

recente, particularmente após a elaboração da PITCE em 2003, identificando seus principais

mecanismos de fomento e tendências. O artigo divide-se em seis seções, além da presente

introdução. No primeiro item faz-se uma descrição da Política Industrial, Tecnológica e de

Comércio Exterior [PITCE], de suas áreas prioritárias, tecnologias de futuro e instrumentos de

política. A segunda seção apresenta detalhadamente os mecanismos de fomento à inovação

existentes no Brasil: incentivos fiscais, financiamento e o uso de poder de compra do Estado. A

seção que se segue apresenta uma análise dos resultados e implicações da PITCE para as áreas

estratégias e as “tecnologias portadoras de futuro”. A quarta seção está dedicada aos Fundos

Setoriais, enquanto a quinta traz algumas reflexões a respeito das políticas. A sexta e última secção

apresenta as considerações finais do trabalho.

1 O documento na íntegra está disponível em www.sigplan.gov.br /arquivos/portalppa/15_(PlanoBrasildeTodos).pdf

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1 A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior [PITCE]

A inserção externa da indústria é considerada pelo governo federal como o fator decisivo para o seu

desenvolvimento. O interesse de ampliar a participação da indústria nacional no comércio

internacional por meio do aumento das exportações é reiterado constantemente ao longo do

documento (MDIC, 2003). Existe um forte direcionamento das políticas de forma a promover o

aumento das exportações, principalmente de produtos com maior valor agregado e maior conteúdo

tecnológico.

A PITCE prevê apoio a programas de investimentos a empresas com vistas à construção e ou

reforço de infra-estrutura de P,D&E [Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia], objetivando

também facilitar o relacionamento entre os centros de pesquisa e as empresas. De acordo com suas

diretrizes o seu intuito é “Promover a capacidade inovadora das empresas via concepção, projeto e

desenvolvimento de produtos e processos. Estimular o incremento de atividades portadoras de

futuro, como biotecnologia, software, eletrônica e optoeletrônica, novos materiais, nanotecnologias,

energia renovável, biocombustíveis (álcool, biodiesel) e atividades derivadas do Protocolo de

Kyoto” (MDIC, 2003, p. 10).

De acordo com o MDIC “A multiplicidade de situações e as especificidades empresariais

confirmam a necessidade de que a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior seja

discutida e negociada com o setor privado, responsável que é pelos investimentos produtivos e pela

produção industrial” (MDIC, 2003, p. 10). Todavia, membros do setor produtivo ocupam uma

pequena parte dos assentos dos conselhos gestores dos fundos setoriais (única brecha para

participação empresarial nas diretrizes da política de financiamento à inovação). Essa questão será

retomada no quarto item deste trabalho, específico sobre os Fundos Setoriais.

1.1 As áreas prioritárias e as tecnologias de futuro

A PITCE definiu como sendo quatro as áreas prioritárias: a) semicondutores; b) software; c)

fármacos e medicamentos e; d) bens de capital. A principal justificativa para a consideração destes

setores como sendo os prioritários está na baixa contribuição dos mesmos na pauta de exportações

brasileira, sendo os que mais contribuem para a elevada concentração de déficits comerciais

(MDIC, 2003). O argumento é de que nesses setores os déficits tendem a se ampliar

significativamente à medida que se acelera a atividade econômica, implicando em um aumento da

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restrição externa do país. Mas este não é apresentado como o fator decisivo. O fator mais

importante é o fato destes setores estarem fortemente vinculados ao que se convencionou

caracterizar como economia do conhecimento, onde os fatores inovação e qualificação de pessoal

são críticos.

“Para o equilíbrio externo de médio e longo prazo, é fundamental que um país como o Brasil não se

distancie das áreas mais dinâmicas do conhecimento” (MDIC, 2003, p. 5-6). Daí entende-se porque

a consideração dessas quatro áreas como sendo prioritárias para o desenvolvimento científico e

tecnológico do país, orientando as prioridades de financiamento às atividades inovativas.

A PITCE considerou ainda como tecnologias portadoras de futuro: a) biotecnologia; b)

nanotecnologia e; c) biomassa – todas inseridas nas áreas consideradas prioritárias. Assim, os

projetos financiados com recursos públicos (principalmente pela FINEP) obedecem à essa ordem de

prioridades.

1.2 Os instrumentos de política

Para lograr alcançar seus objetivos a PITCE faz uso de um conjunto de instrumentos que estão sob a

responsabilidade de diferentes agências do setor público, trabalhando com cinco linhas de ação: 1)

Inovação e desenvolvimento tecnológico; 2) Inserção externa; 3) Modernização industrial; 4)

Capacidade e escala produtiva; 5) Opções estratégicas. Algumas questões colocadas no referido

documento merecem destaque.

Inovação e Desenvolvimento Tecnológico

O objetivo deste instrumento é promover a articulação dos agentes envolvidos no processo de

inovação do setor produtivo, em especial: empresas, centros de pesquisa públicos e privados,

instituições de fomento e financiamento ao desenvolvimento tecnológico, instituições de apoio à

metrologia, propriedade intelectual, gestão tecnológica e gestão do conhecimento, instituições de

apoio à difusão tecnológica. Considera de grande importância o estímulo a projetos cooperativos

entre universidades e empresas, afirmando que os projetos de pesquisa devem ter relevância para a

sociedade em termos de geração de patentes e de melhoria da estrutura produtiva do país.

Page 5: Bagattolli Dias Dagnino

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Opções estratégicas

A PITCE considera necessário concentrar esforços em algumas áreas intensivas em conhecimento,

opções estratégicas envolvendo atividades que:

a) Apresentam dinamismo crescente e sustentável.

b) São responsáveis por parcelas expressivas dos investimentos internacionais em P&D (grifo

nosso).

c) Abrem novas oportunidades de negócios.

d) Relacionam-se diretamente com a inovação de processos, produtos e formas de uso.

e) Promovem o adensamento do tecido produtivo.

f) São importantes para o futuro do país e apresentam potencial para o desenvolvimento de

vantagens comparativas dinâmicas.

De acordo com esta política, os setores que se enquadram nesses requisitos são: semicondutores,

software, fármacos e medicamentos e bens de capital.

1.3 A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

Com o objetivo de promover e executar as ações previstas na PITCE foi criada a Agência Brasileira

de Desenvolvimento Industrial (www.abdi.com.br). A ABDI trabalha com dois eixos estratégicos

de ação, e para cada um deles possui um macroprograma mobilizador:

Eixo estratégico de ação Macroprograma

mobilizador

Objetivo

Aumento da capacidade inovadora

das empresas

Inova Brasil Aumentar a capacidade de inovação da

indústria brasileira

Fortalecimento e expansão da base

industrial brasileira

Indústria Forte Mudar o patamar competitivo da indústria

brasileira

Entre os projetos realizados pela ABDI estão: a) Planos de Desenvolvimento Setoriais; b) Encontros

Nacionais de Inovação; c) Guia Eletrônico da Inovação; d) Iniciativa Nacional de Biotecnologia e

Fármacos; e) Linhas de Financiamento para Temas Estratégicos e Portadores de Futuro; f)

Acompanhamento da Execução da PITCE.

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2 Os mecanismos de fomento à inovação

Os mecanismos de fomento à inovação, forma pela qual o governo tenta induzir o setor produtivo a

seguir um curso de ação desejado, classificam-se em dois tipos: mecanismos técnicos ou não-

financeiros e mecanismos financeiros.

Infra-estrutura de P&D

Laboratórios de análises de caracterização

Laboratórios de calibração e aferição

Sistema de metrologia, normalização e qualidade

Veículos de difusão tecnológica (bibliotecas, publicações)

Sistema de propriedade intelectual

Sistema de importação de tecnologia

Mecanismos técnicos

Mecanismos de política de comércio exterior

Isenções fiscais Incentivos fiscais

Reduções tributárias

Empréstimos em condições favoráveis

Financiamento com participação nos resultados (risco)

Capital semente

Projetos cooperativos com ICTs

Financiamento

Subvenção

Mecanismos

financeiros

Uso do poder de compra do Estado

Fonte: Weisz (2006, p. 17).

Sem desconsiderar a importância dos mecanismos técnicos, mas ressaltando que este artigo tem

como questão central analisar a política de financiamento à inovação, abordaremos com mais

detalhe apenas os mecanismos financeiros.

2.1 Incentivos fiscais

Atualmente, os incentivos fiscais são basicamente os previstos na Lei nº. 11.196/2005, conhecida

como “Lei do Bem”. O capítulo 3, artigos de 17 a 26, dispõe sobre os meios pelos quais são

concedidos os incentivos às empresas que investem em inovação tecnológica. Dentre os benefícios

aprovados destacam-se:

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• Isenção de PIS/Pasep e Cofins para compra de máquinas e equipamentos por empresas que

exportam 80% de sua produção.

• Duplicação dos valores mínimos de receitas anuais auferidas pelas micro e pequenas

empresas para ingresso no Simples, que passam para R$ 240 mil (microempresas) e R$ 2,4

milhões (pequenas).

• Isenção do PIS/Pasep e Cofins para os fabricantes de computadores com valores de até R$ 4

mil, fazendo com que o preço final dos PC’s tenha uma redução de cerca de 10%.

• Regularização de prestadores de serviços que exercem suas atividades, constituindo pessoas

jurídicas, para recolher menos tributos e encargos sociais.

• Regime especial de tributação com abatimento em dobro das despesas com pesquisa e

desenvolvimento de novas tecnologias.

O decreto 3000/1999 art. 349, que repete a Lei nº. 4506/1964 art. 53 já possibilitava deduzir todos

os custos e despesas operacionais incorridos na execução do projeto de P&D no exercício em que

tiverem sido incorridos. Mas a Lei nº. 11.196/2005 permite também uma dedução adicional de 60%

dos gastos correntes, como mão-de-obra, matérias-primas, entre outros ocorridos durante o projeto,

na apuração do lucro tributável.

As empresas que adotam o regime de contabilidade do lucro real (opcional para empresas com

faturamento de até R$ 23 milhões e obrigatório para empresas com faturamento superior a este

montante) são mais beneficiadas. Estas têm o cálculo do seu CSLL (contribuição social sobre o

lucro líquido) realizado com base no lucro já deduzido dos gastos incorridos no projeto de P&D

(Weisz, 2006).

Com a Lei nº. 11.196/2005 foi extinta a Lei nº. 8.661/1993, que regulamentava os incentivos fiscais

ao PDTI [Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial] e ao PDTA [Programa de

Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário]. Os projetos que gozavam de tais benefícios podem

migrar para o regime previsto na nova lei. Já os incentivos fiscais previstos na Lei nº. 10.637 de 30

de dezembro de 2002, artigos 39, 40, 42 e 43, foram parcialmente cobertos pela lei 11.196/2005,

que revogou os quatro artigos da primeira.

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2.2 Financiamento

A atual estrutura brasileira de financiamento a inovação pode ser analisada a partir das seguintes

entidades/programas:

• FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos.

• Redução de custos para projetos cooperativos.

• Bolsas RHAE - Recursos Humanos para o Desenvolvimento Tecnológico.

• PROGEX – Programa de Apoio Tecnológico à Exportação.

• Rede Brasil de Tecnologia – RBT.

• Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.

• Subvenção Econômica.

o A Lei de Inovação

• As Fundações Estaduais de Amparo a Pesquisa – FAPs.

Considerando os limites deste trabalho abordaremos com mais detalhe a atuação da FINEP, do

BNDES e os mecanismos de Subvenção Econômica, principalmente os previstos na Lei de

Inovação.

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

As ações da FINEP são pautadas pelas prioridades da PITCE, fazendo com que os projetos

financiados obedeçam a essa ordem de prioridades. As modalidades de financiamento oferecidas

pela FINEP são:

• Financiamento reembolsável padrão, onde são financiáveis todos os gastos das empresas,

sejam investimentos, despesas ou custos, incorridos em função da execução de um projeto de

P&D.

• Financiamento reembolsável com equalização da taxa de juros. Trata-se de um mecanismo

previsto na Lei de nº. 10.332/2001, art. 3, II que possibilita a subvenção para cobrir uma

parte dos encargos financeiros do financiamento - um dos mecanismos pelos quais a FINEP

opera o Programa Pró-Inovação.

• Financiamento reembolsável com participação nos resultados. Modalidade de financiamento

com risco, onde a FINEP assume uma parcela do risco tecnológico envolvido no projeto de

P&D.

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Dentre os programas desta instituição destacam-se:

PRÓ-INOVAÇÃO - Programa de Incentivo à Inovação nas Empresas Brasileiras.

Trata-se do programa que fundamenta o financiamento reembolsável padrão. Os principais itens

financiáveis são: a) equipe própria; b) contratação de pesquisadores e especialistas; c) aquisição de

insumos e material de consumo; d) investimento em máquinas e equipamentos; e) outros custos e

despesas envolvidos em atividades de P, D&I.

Programa Juro Zero.

Criado com o intuito de estimular o desenvolvimento científico e tecnológico das micro e pequenas

empresas. São passíveis de financiamento todos os itens referentes aos novos investimentos

constantes do Projeto/ Plano de Negócios da empresa, desde que estejam vinculados direta ou

indiretamente às atividades de inovação tecnológica.

MODERNIT – Programa Nacional de Qualificação e Modernização dos Institutos de Pesquisa

Tecnológica.

Tem como objetivo reestruturar os institutos de pesquisa tecnológica, recuperar sua infra-estrutura

de pesquisa, equipamentos e quadro técnico, reorientando suas atividades para que atendam às

demandas do setor produtivo.

PNI – Programa Nacional de Incubadoras e Parques Tecnológicos.

Objetiva apoiar o planejamento, criação e consolidação de incubadoras de empresas de base

tecnológica, bem como de parques tecnológicos, tanto mistos quanto tradicionais. Em novembro de

2005 foram aprovados 13 projetos para a Linha 1 (Projetos de redes de incubadoras estaduais ou

regionais); 11 projetos para a Linha 2 (Projetos em incubadoras ligados ao setor de energia); seis

projetos para a Linha 3 (Projetos em incubadoras em geral); e três projetos para a Linha 4 –

(Projetos oriundos de fundações de amparo à pesquisa estaduais). A chamada pública lançada em

junho de 2005 aportou R$ 11,2 milhões para incentivar o fortalecimento dos sistemas locais de

inovação com ênfase em estruturação de redes de incubadoras locais e regionais, prospecção de

projetos nas ICT’s com potencial empresarial, pré-incubação, incubação e graduação de empresas

ligadas ao setor de energia e implantação de sistemas integrados estaduais de desenvolvimento de

empreendedorismo (ABDI, 2005).

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Programa de Apoio a Pesquisas em Empresas – PAPPE

Contou, em 2005, com R$ 75,9 milhões para financiamento de 702 projetos aprovados. Desse total,

foram contratados, até outubro de 2005, 572 projetos em 19 Estados (531 empresas envolvidas: 327

micro, 114 pequenas, 74 médias e 16 grandes) (ABDI, 2005).

Projeto Inovar

Lançado pela FINEP em 2000, tem por objetivo promover o desenvolvimento das pequenas e

médias empresas brasileiras de base tecnológica meio de seis frentes:

1. Fórum Brasileiro de Capital de Risco. Trata-se da promoção do encontro de empreendedores

em busca de capital de risco e potenciais investidores.

2. Incubadora de Fundos Inovar. Objetiva estimular a criação de novos fundos de capital de

risco para empresas nascentes e emergentes de base tecnológica.

3. Fórum Brasileiro de Inovação. Destinado a tecnologias ou empreendimentos que ainda não

se encontram em condições de conseguir investidores de risco, tem por objetivo transformar

o conhecimento científico e tecnológico originado nas Instituições Científicas e

Tecnológicas [ICTs] em negócios. Usa, para tal, recursos dos fundos setoriais

correspondentes à tecnologia objeto da ação. Para lograr tal objetivo prevê ações de pré-

incubação, incubação e transferência de tecnologia.

4. Capacitação em capital de risco. Programa de capacitação para diversos tipos de

profissionais envolvidos na indústria de capital de risco.

5. Rede Inovar de Prospecção e Desenvolvimento de Negócios. Esforço conjunto entre FINEP,

SEBRAE, ANPROTEC, Sociedade Softex, CNPq, IEL2, Federações de Indústria e Redes de

Tecnologia com o intuito de identificar e apoiar novas oportunidades de investimento.

Atuam no sentido de: a) Prospectar oportunidades de negócio; b) Apoiar a elaboração de

propostas de financiamento e de planos de negócio; c) Acompanhar projetos apoiados por

mecanismos de financiamento não-reembolsável; d) Prestar aos gestores dos fundos serviços

de acompanhamento dos projetos apoiados com capital de risco; e) Apoiar as empresas em

questões relacionadas à sua constituição jurídica, proteção à propriedade intelectual,

capacitação gerencial, entre outros.

2 SEBRAE [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas], ANPROTEC [Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores], CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], IEL [Instituto Euvaldo Lodi].

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6. Inovar Semente. Previstos para empreendimentos que ainda não têm maturidade suficiente a

ponto de interessar os investidores de risco. Tratam-se, em geral, de inovações que ainda

não se caracterizam como negócios.

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES

O BNDES tem como diretriz financiar todas as etapas envolvidas no processo de inovação, desde o

desenvolvimento de protótipos, até a fabricação de novos produtos e sua comercialização. A divisão

dos recursos de suas linhas de crédito é de 50% para financiamento de P&D e 50% para a

construção de estrutura física para a produção e comercialização dos produtos fruto da inovação –

ambos com juro fixo e spread zero. Os respectivos programas são:

• Programa de Desenvolvimento de Inovação [PDI]. As condições de financiamento do PDI

são: juro fixo de 6% ao ano, spread zero e prazo de até 12 anos para pagar e participação do

banco superior a 80%, podendo chegar a até 100%.

• Programa de Inovação da Produção [IP]. Tem seu custo corrigido pela TJLP, spread zero,

prazos e participação do banco semelhante aos do PDI.

Subvenção Econômica

Regulamentada pelo Decreto nº. 5.563, de 11 de outubro de 2005 e Atos complementares, a

subvenção econômica à inovação é a concessão de recursos financeiros de natureza não

reembolsável para empresas públicas ou privadas que desenvolvam projetos de inovação

considerados estratégicos para o País de acordo com a política governamental (PITCE). Esta

modalidade de apoio no teve início no Brasil com a aprovação e regulamentação da Lei da Inovação

(Lei nº. 10.903/2004) e da Lei do Bem (Lei nº.11.196/2005). A subvenção poderá ser aplicada no

custeio de atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação em empresas nacionais.

Trata-se de um instrumento de estímulo à inovação tecnológica nas empresas mediante o qual a

União, por intermédio das agências de fomento de C&T, incentiva a implementação de atividades

de pesquisa e desenvolvimento tecnológico com a concessão de recursos financeiros. Os recursos

destinados à subvenção econômica instituída pela referida Lei serão aplicados no custeio das

atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico de produtos e processos inovadores nas

empresas nacionais, com vistas a atender aos objetivos e às prioridades da Política Industrial,

Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE.

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A subvenção econômica prevista na Lei da Inovação se destina à cobertura das despesas de custeio

das atividades de inovação, incluindo pessoal, matérias primas, serviços de terceiros, patentes, e

ainda despesas de conservação e adaptação de bens imóveis com destinação específica para

inovação A Lei da Inovação também estabelece os dispositivos legais para a incubação de empresas

no espaço público e a possibilidade de compartilhamento de infra-estrutura (equipamentos e

recursos humanos), públicos e privados, para o desenvolvimento tecnológico e a geração de

produtos e processos inovadores (IBDE, 2005). Já a subvenção prevista na Lei do Bem é destinada

ao ressarcimento de parte do valor da remuneração de pesquisadores titulados como Mestres ou

Doutores que venham a ser contratados pelas empresas (de até 60%, para as pessoas jurídicas

sediadas nas áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM, e de até 40% para pessoas jurídicas

sediadas nas demais regiões do País). Em qualquer dos dois casos a propriedade intelectual é da

empresa.

2.3 Uso do poder de compra do Estado

O uso do poder de compra do Estado sempre foi um mecanismo amplamente utilizado no Brasil,

mas sem um foco na inovação tecnológica. A Lei de Inovação (Lei nº. 10.973/2004, art. 20) abre

uma possibilidade nesse sentido, possibilitando “o uso do poder de compra do Estado quando

permite a possibilidade de órgãos e entidades da administração pública, em matéria de interesse

público, poderem contratar empresa, consórcio de empresas visando à realização de atividades de

pesquisa e desenvolvimento, que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico-

específico ou obtenção de produto ou processo inovador” (Weisz, 2006, p 97). O que é comumente

conhecido por “encomenda de desenvolvimento tecnológico”, modalidade muito utilizada pelos

Fundos Setoriais.

3 Resultados e implicações para as áreas estratégias e as tecnologias portadoras de

futuro

Semicondutores

A regulamentação dos programas específicos ainda está pendente. O resultado positivo, de acordo

com a ABDI, diz respeito ao registro de 181 instituições de ensino e pesquisa credenciadas, 267

empresas produtoras de bens e serviços de informática investindo em atividades de P&D

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envolvendo nessas atividades cerca de 4.500 pesquisadores. 3 No balanço da PITCE feito pela

ABDI em 2005 esperava-se que os incentivos fiscais concedidos às empresas dessa área deveriam

reverter o déficit comercial da ordem de US$ 2 bilhões para um superávit de US$ 70 milhões.

Ainda de acordo com este relatório, os investimentos em P&D acumulados entre 2003 e 2005 foram

da ordem de R$ 1,3 milhões, representando cerca de 4% do faturamento das empresas do setor.

Software

Com o objetivo de estimular o setor foi criado pelo BNDES o Programa para o Desenvolvimento da

Indústria Nacional de Software e Serviços Correlatos – PROSOFT. O objetivos são:

o Contribuir para o desenvolvimento da indústria nacional de software e serviços correlatos.

o Ampliar a participação das empresas nacionais no mercado interno e promover o

crescimento de suas exportações.

o Fortalecer o processo de P&D e inovação no setor de software.

o Promover o crescimento e a internacionalização das empresas nacionais de software e

serviços correlatos.

o Difundir e promover a crescente utilização de software nacional por todas as empresas

sediadas no País e no exterior.

o Fomentar a melhoria da qualidade e a certificação de produtos e processos associados ao

software (ABDI, 2005).

O PROSOFT financia investimentos e planos de negócios de empresas sediadas no Brasil, bem

como a comercialização no mercado interno e as exportações de softwares e serviços correlatos. Até

dezembro de 2005, existiam 69 operações em carteira que reuniam um montante de financiamento

de R$ 289 milhões.

Bens de capital

A principal política adotada para o setor foi a política de desoneração do IPI para máquinas e

equipamentos, a partir do decreto de nº. 5.468/2005, reduzindo para zero as alíquotas do IPI para

bens de capital.

3 Considerando os pesquisadores envolvidos nas empresas e nas instituições de ensino e pesquisa.

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4 Os Fundos Setoriais

A criação dos Fundos Setoriais [FSs] partiu de três questões básicas: 1) ampliar e dar estabilidade

de recursos ao sistemas de C,T&I; 2) eleger o setor produtivo como o agente central das ações dos

fundos; 3) requerer das agências de fomento envolvidas (FINEP e CNPq) o compartilhamento da

gestão da nova política (Pereira, 2005).

A concepção dos fundos, a partir de 1999, criou grandes expectativas com relação a um aumento

dos recursos alocados pelo governo em atividades de C,T&I - principalmente pelo fato das receitas

serem vinculadas. Outra expectativa era a possibilidade da manutenção do seu fluxo. Além da

vinculação dos recursos, outros fatores estruturais contribuíram para a criação dos fundos. Entre

estes se destaca as privatizações de segmentos industriais ligados à infra-estrutura, já que havia a

preocupação de que os setores privatizados não tivessem descontinuidade dos investimentos em

P&D. Mas mesmo a setorialidade dos fundos “pautou-se mais na oportunidade de vincular recursos

ao setor de ciência e tecnologia do que propriamente para alcançar maior nível de aproveitamento

na aplicação dos recursos disponíveis como preconiza a literatura” (Pereira, 2005, p. 9).

A capacidade de investimento difere consideravelmente entre os fundos, mas apesar da importância

dos investimentos realizados estes ficaram muito aquém das expectativas anunciadas. A diferença

entre os valores arrecadados e os aplicados se explica pela restrição fiscal imposta pelo governo

federal a partir de 2000, que até 2003 contingenciou R$ 1,67 bilhão de recursos alocados aos FSs

(valor superior ao montante investido no período, de R$ 1,53 bilhão), fazendo com que o impacto

dos fundos fosse bem menor do que o esperado.

Em 2003 o modelo de gestão dos fundos foi reestruturado, concentrando poderes na Concessão de

Coordenação dos Fundos Setoriais [CCFS]. Foi instituída também a modalidade de apoio

transversal, desvinculando os recursos do seu setor de aplicação - comprometendo as vantagens da

concepção setorial.

O volume de investimentos não sofreu um acréscimo real com a criação dos fundos, que acabaram

apenas por possibilitar que os investimentos em C,T&I retomassem em 2003 os patamares de 1996

(R$ 1, 92 bilhão). Com a perda da capacidade de investimento por parte do MCT os recursos dos

fundos acabaram servindo para compensar essa perda, e não para aumentar os recursos financeiros

disponíveis. Ou seja, frustra-se a expectativa expressa na primeira questão básica: aumentar o

volume de recursos investidos.

Os fundos elegeram o setor produtivo como o ator central (segunda questão de fundo) e os arranjos

cooperativos Universidade-Empresa (U-E) como a maneira de se promover o financiamento e a

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execução da pesquisa científica e tecnológica pela empresa. Mas apesar dos recursos dos fundos

serem provenientes e dirigidos prioritariamente às empresas, apenas 18% dos assentos dos comitês

gestores são ocupados pela classe empresarial, uma participação minoritária.

A participação de projetos envolvendo empresas correspondeu a menos da metade do volume total

de recursos executados. Dos R$ 1,53 bilhões aplicados pelos fundos até 2003 as empresas se

envolveram apenas com cerca de R$ 573 milhões (37,4% dos recursos). A explicação dessa

realidade é algo que demanda uma análise mais complexa, mas acreditar que a empresa no Brasil

tem baixo interesse em promover investimento científico e tecnológico para plausível.

Com relação aos projetos aprovados verifica-se que quase sua totalidade se encaixa nos temas

apontados como prioritários nos documentos constitutivos dos fundos. Dentre os recursos

disponibilizados para os FSs em 2005, R$ 343,3 milhões representam recursos não-reembolsáveis

destinados especificamente para as ações da PITCE. A concessão de crédito para projetos de

inovação em empresas totalizou, em 2005, R$ 650 milhões em recursos reembolsáveis, dos quais

80% também se destinam a projetos prioritários da PITCE. O setor que mais se beneficiou foi o de

bens de capital, destino de 41% dos recursos.

As encomendas tecnológicas corresponderam, em média, a mais da metade dos recursos

executados, mas esse percentual é muito maior em alguns fundos. O CT Mineral e o CT Agro

executaram, respectivamente, 98% e 100% dos seus recursos por meio de encomendas tecnológicas.

Mesmo com alguma variação percentual, a modalidade de encomenda tecnológica é a predominante

em todos os fundos (VELHO, et. al 2005).

Com relação à terceira premissa da criação dos Fundos Setoriais, observa-se que a requerida gestão

compartilhada entre as agências (FINEP e CNPq) não foi alcançada, principalmente por assimetrias

no controle e na operacionalização dos recursos e das diferentes concepções de fomento (Pereira,

2005).

5 Algumas reflexões a respeito das políticas

Nos itens anteriores, descrevemos alguns aspectos principais da política brasileira de inovação.

Nossas reflexões a partir deste ponto serão orientadas pela exposição apresentada até aqui, mas irão

abranger o conjunto maior da política científica e tecnológica. Essa última, por sua vez, está

intimamente ligada a uma série de outras políticas. Erber (2006) classifica a política científica e

tecnológica como a “gêmea xifópaga” da política industrial. Sua relação estreita pode, ainda, ser

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verificada em relação a outras políticas como, por exemplo, a política agrícola e, com intensidade

muito menor, com as políticas de educação e de saúde.

Dois aspectos implícitos nas políticas de inovação descritas anteriormente, e que podem ser

generalizados para a política científica e tecnológica, merecem ser destacados. O primeiro deles diz

respeito à prática da transferência acrítica de modelos para o contexto brasileiro, e passa também

pela ênfase excessiva que é colocada no papel da empresa privada como vetor do desenvolvimento

sócio-econômico. A segunda é referente ao foco, a nosso ver também excessivo, dedicado à “alta

tecnologia”. Vejamos esses aspectos em detalhe.

A transferência indiscriminada de modelos de países desenvolvidos para um contexto distinto

daquele no qual foi gerado implica uma série de complicações. A despeito disso, a política

científica e tecnológica no Brasil (e também no restante da América Latina) tem sido fortemente

apoiada em ações dessa natureza. Vejamos, pois, alguns dos principais problemas relacionados à

emulação acrítica de modelos “importados” dos países desenvolvidos para o contexto brasileiro.

O referencial teórico-analítico que subsidia a política científica e tecnológica no Brasil reflete o que

Dagnino e Thomas (2001) chamam de “enfoque gerencial”, que pode ser definido como um meio

de estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico centrado na empresa privada e mediante a

difusão de métodos gerenciais.

A postura dos gestores de políticas de ciência e tecnologia, marcada pelo enfoque gerencial, está

fundamentada em uma hipótese central, ligada à idéia de que, para que os benefícios da geração de

conhecimento cheguem à sociedade, estes devam, necessariamente, passar pelas empresas. Dentro

dessa concepção, o papel da inovação tecnológica (entendida como a forma principal de

transferência desses benefícios para a sociedade) ganha enorme importância. Assim, como as

empresas passam a ser vistas como os agentes centrais do desenvolvimento técnico-científico (o que

é questionável no caso latino-americano), a difusão de métodos gerenciais passa, naturalmente, a ser

um dos principais instrumentos da condução da política científica e tecnológica nos países da

América Latina (Rodríguez, 1997).

A idéia de que o enfoque gerencial permeia a política científica e tecnológica no Brasil parece ser

bastante conveniente para a presente análise, uma vez que, devido à adoção dessa postura por parte

dos policy makers, os problemas fundamentais ligados ao desenvolvimento econômico – aqueles de

caráter estrutural – passam a ser ignorados, e o incremento da competitividade das empresas passa a

ser o objetivo principal das políticas da área de ciência e tecnologia, como ocorre em grande parte

dos países desenvolvidos. Entretanto, nesses países, a superação de obstáculos estruturais não se

coloca como um problema, de modo que as políticas elaboradas nesse contexto visam atuar sobre

problemas de outra natureza.

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De acordo com Dagnino e Thomas (2001), dois problemas centrais estariam atrelados a essa prática.

O primeiro deles diz respeito ao anacronismo resultante da transferência atrasada dos modelos para

os países latino-americanos. O segundo problema está relacionado à dificuldade da realização de

reflexões teóricas, gerada pela extrapolação inadequada de experiências específicas para contextos

distintos. A problemática da apropriação indiscriminada dos modelos surge, portanto, da

incompatibilidade entre a realidade para a qual foram criados e aquela que se pretende modificar.

Na esfera da política científica e tecnológica brasileira, a emulação de experiências realizadas em

países desenvolvidos gera alguns problemas em relação ao uso de conceitos para a compreensão do

panorama da C&T no Brasil. Em primeiro lugar, os modelos pressupõem que o locus privilegiado

da inovação é a empresa (Dagnino e Thomas, 2001). Entretanto, esse claramente não é o caso do

Brasil. Segundo Brito Cruz (2002), a grande maioria dos cientistas e engenheiros envolvidos em

atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) está concentrada em universidades e institutos de

pesquisa (aproximadamente 89% do total), enquanto os 11% restantes estão nas empresas. Esse

quadro é completamente distinto daquele que se verifica nos países desenvolvidos. No caso dos

EUA, por exemplo, cerca de 70% dos cientistas e engenheiros envolvidos em atividades de P&D

estão alocados nas empresas.

Em segundo lugar, afirmam DAGNINO e THOMAS (2001), os conceitos de inovação e de difusão

tecnológica devem ser aplicados com extrema cautela na representação da realidade brasileira. De

fato, o conceito de inovação tecnológica no Brasil é tomado com excessiva flexibilidade. Em geral,

para que uma empresa possa ser considerada inovadora, basta que seja responsável pela introdução

de uma novidade para a empresa, mesmo que não represente uma novidade para o mercado como

um todo. Confundem-se, portanto, os conceitos de inovação e difusão tecnológica.

O terceiro problema para o qual atentam Dagnino e Thomas (2001) está ligado ao pressuposto

admitido pelos modelos sobre os quais está apoiada a condução da política científica e tecnológica

no Brasil: a concepção de que a fronteira tecnológica a ser explorada é, necessariamente, a da alta

tecnologia. Com isso, os setores industriais tradicionais e as demandas da parcela mais carente da

população permanecem à margem das políticas de ciência e tecnologia.

Mesmo no plano das idéias, a tentativa de reprodução de conceitos criados em países desenvolvidos

para o contexto brasileiro se mostra altamente problemático. Isso é ilustrado, por exemplo, pelo

freqüente uso do conceito de Sistema Nacional de Inovação, utilizado como justificativa ao

estímulo a modelos particulares de arranjos institucionais, como os parques e pólos tecnológicos.

Quando as idéias se convertem em políticas, na prática, os problemas tornam-se ainda mais graves.

Poder-se-ia argumentar que o fracasso das políticas de ciência e tecnologia reproduzidas no Brasil a

partir de outro contexto deve-se não à emulação acrítica e excessiva dessas experiências, mas à sua

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incompletude. Entretanto, deve-se atentar para a existência de obstáculos estruturais nos países

subdesenvolvidos, que não podem ser facilmente removidos, de modo que se torna impossível para

um país como o Brasil reproduzir as experiências realizadas no âmbito dos países centrais. Em

outras palavras, como o contexto geral é distinto, as tentativas de reprodução de fatores específicos

(que dependem do contexto geral) não são viáveis. Não se pode reproduzir uma parte de forma

exata sem que isso seja acompanhado também pela emulação dos elementos do contorno. Portanto,

como existem elementos determinantes irreprodutíveis, toda tentativa de emulação de modelos e

práticas é inadequada.

Como foi mencionado anteriormente, outro aspecto importante relacionado à condução recente da

política científica e tecnológica no Brasil inspirada em experiências de países desenvolvidos diz

respeito ao predomínio de políticas voltadas exclusivamente para setores de alta tecnologia,

decorrente da percepção comum de que seria essa a única “janela de oportunidade” para os países

de industrialização tardia.

A real importância dos setores de alta tecnologia gerou um extenso debate que divide os autores que

tratam do tema. De um lado, estão autores como Freeman e Perez (1988) e Castells (1997), que

acreditam que as novas tecnologias, em especial as TICs [Tecnologias da Informação e da

Comunicação], estão no centro de um novo ciclo expansivo de longo prazo do capitalismo. Do

outro, estão os céticos, como Chesnais (1996), que contestam essa idéia. Há, ainda, aqueles que

observam nessas tecnologias tanto riscos quanto oportunidades. Aqui se encaixam autores como

Herrera (1994).

Contudo, se não existe consenso quanto às reais potencialidades das novas tecnologias como

promotoras de um novo ciclo expansivo de longo prazo do capitalismo, algumas observações

empíricas sugerem que as novas tecnologias de fato não estão na base desse ciclo.

Segundo Hirsch-Kreinsen (2003), as novas tecnologias respondem por uma parcela muito pouco

significante do produto da Europa (portanto, é razoável esperar que, no Brasil, a participação desses

setores seja ainda muito mais modesta). Com base em dados da OCDE (1999), os autores afirmam

que cerca de 97% da produção européia está baseada em setores industriais de baixa e média

tecnologia.

A identificação dos setores industriais de alta tecnologia não é uma tarefa trivial. A classificação

adotada pela OCDE propõe a divisão dos setores da indústria em quatro categorias distintas, de

acordo com a relação entre os investimentos setoriais em P&D e a receita total do setor. São

considerados setores de alta tecnologia aqueles em que a média da relação P&D/receita é superior a

5%;de média-alta tecnologia aqueles em que essa relação fica entre 3% e 5%; de média-baixa

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tecnologia aqueles em que essa relação fica entre 1% e 3%; e de baixa tecnologia os setores em que

a relação P&D/Receita é inferior a 1%.

Nenhum setor industrial brasileiro poderia ser considerado de alta tecnologia ou mesmo de média-

alta tecnologia pelos critérios da OCDE. Apenas seis setores podem ser considerados de média-

baixa tecnologia (máquinas e equipamentos; equipamentos de informática; máquinas, aparelhos e

materiais elétricos; equipamentos de comunicações; equipamentos de precisão; outros

equipamentos de transporte). Todos os demais setores industriais se enquadram na classificação de

setores de baixa tecnologia, pelos critérios da OCDE. Dentre eles, estão setores de grande

importância econômica para o Brasil, em termos de geração de empregos, de geração de produto e

de sua participação na pauta de exportações. Como exemplos, temos os setores de indústria de

transformação, alimentos e bebidas, têxteis, vestuário, couro e calçados (Dias, 2005).

Assim, observa-se, em geral, um baixo volume de atividades ligadas à pesquisa, ao

desenvolvimento e à inovação no Brasil. Contudo, os discursos teóricos e as políticas públicas da

área de ciência e tecnologia não deixam transparecer esse fato. Um exemplo disso são as

prioridades setoriais estabelecidas pelo MDIC.

O setor de bens de capital, uma das prioridades, engloba um conjunto de atividades diversas e

bastante heterogêneas. Os outros três setores eleitos como prioritários, contudo, encaixam-se no

grupo de novas tecnologias que estariam, segundo a maior parte dos autores da Economia da

Inovação, na base de um novo ciclo expansivo de longo prazo do capitalismo. É claro, portanto, o

reflexo dessa percepção na condução da política científica e tecnológica no Brasil.

Por trás desse “fetichismo” exercido pela alta tecnologia está a percepção gerada pelas visões da

neutralidade (ciência livre de valores) e do determinismo (tecnologia é autônoma e condiciona as

mudanças sociais) (Cerezo, 2004). Essa concepção justifica o foco das políticas na alta tecnologia –

associado ao mito da “fronteira sem limites” – e também a falta de planejamento de médio e longo

prazo na esfera da ciência e da tecnologia.

A literatura recente que trata da inserção dos países de industrialização tardia no contexto de

acirramento da competitividade no plano global destaca a importância do estímulo a setores de alta

tecnologia como mecanismo que viabilizaria o desenvolvimento econômico no longo prazo.

Entretanto, alguns autores assumem uma postura mais crítica quanto a essa análise.

De acordo com Chesnais (1996), os países de industrialização tardia estariam ganhando importância

cada vez maior na produção de bens manufaturados. Esse processo pode ser verificado em alguns

países da América Latina (com destaque para o México), do Sudeste Asiático e do Leste Europeu, e

seria uma conseqüência da internacionalização das atividades de produção de grandes empresas

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multinacionais, que estariam buscando a redução dos custos de produção através da migração para

áreas onde a mão-de-obra tem um custo mais baixo. Apesar disso, outras atividades como P&D e

marketing ainda permanecem bastante concentradas nos países da Europa, no Japão e nos EUA.

A participação dos países de industrialização tardia na produção de bens manufaturados realmente

apresentou um aumento importante nos anos mais recentes. Além disso, o conteúdo tecnológico das

exportações desses países também cresceu. Contudo, o aumento da participação desses países nas

exportações de manufaturados não ocorreu de forma homogênea. Mani (2000) destaca o fato de

que, dentre os países periféricos exportadores de manufaturados (portanto, um grupo já restrito

dentro desse grupo), as exportações são muito concentradas. Os países do Sudeste Asiático

respondem pela maior parte das exportações de manufaturados entre os países de industrialização

tardia. O Brasil é o sétimo país desse grupo que mais exporta produtos manufaturados em geral,

atrás de China, Coréia do Sul, Singapura, México, Malásia e Tailândia. A participação brasileira nas

exportações de produtos intensivos em tecnologia é ainda mais modesta.

A estratégia industrial com foco em setores de alta tecnologia talvez seja mais interessante para

países como a Coréia do Sul ou Taiwan, que desenvolveram uma série de competências específicas

e um quadro socioeconômico e institucional favorável, que lhes permitiram uma inserção

competitiva internacional com relativo sucesso. São, ainda, países que conseguiram desenvolver

sistemas de aprendizado ativo, segundo a definição de Viotti (1997). Entretanto, para países como o

Brasil, onde a dinâmica de aprendizado é passiva, a inserção internacional em segmentos industriais

de alta tecnologia torna-se muito mais difícil. Também é razoável supor que a indústria brasileira

não responde a estímulos de políticas da mesma forma com que isso ocorre nesses países, dados os

constrangimentos estruturais existentes no País.

Como foi argumentado ao longo deste artigo, o foco quase que exclusivo da política industrial,

científica e tecnológica brasileira em setores de alta tecnologia mostra-se inadequado à realidade do

País. A mesma observação pode ser feita em relação à emulação acrítica de modelos e práticas que

buscam inspiração nas experiências dos países desenvolvidos.

Para que os policy makers possam conceber políticas de C&T mais adequadas ao contexto

brasileiro, portanto, é necessário incorporar às análises normativas a preocupação em relação aos

determinantes histórico-estruturais do subdesenvolvimento. Com isso, a política científica e

tecnológica brasileira poderá efetivamente assumir um caráter mais adequado em relação à

realidade sobre a qual ela se propõe a atuar.

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Considerações finais

Inserida na PITCE, a política de financiamento à inovação objetiva estimular setores relacionados

com as “tecnologias de futuro”. Na realidade, tais “tecnologias de futuro” tratam-se de setores com

alto coeficiente de capital, com baixa demanda de mão-de-obra. Alocados em países centrais, estes

setores parecem custosos por demais para o desenvolvimento em países periféricos como o Brasil,

considerando as atuais circunstâncias. Não se trata de argumentar a favor do estímulo ao

desenvolvimento científico e tecnológico apenas de setores tradicionais, mas sim defender a

existência de uma análise mais apurada da realidade brasileira na determinação dos setores

prioritários, e não uma simples consideração do que é a “tendência mundial”.

Com relação aos fundos setoriais pode-se dizer que estes se tornaram, de fato, um importante

instrumento de política e financiamento das ações do MCT, mas tiveram seus impactos reduzidos

pelo grande contingenciamento de recursos, perdendo um dos seus atributos de criação, que era

proporcionar aumento e estabilidade de recursos. Outro fator negativo é o fato dos recursos dos

fundos servirem para compensar a defasagem dos recursos alocados pelo MCT, e não para

aumentar o montante investido. Seus recursos são prioritariamente dirigidos às empresas, a projetos

que tenham participação direta de empresas. Mas mesmo com essa ênfase, a participação de

projetos com esse perfil correspondeu a menos da metade do volume total de recursos aplicados.

Considerando a orientação dos fundos ser dirigida à empresa esse percentual deveria ser maior, o

que indica a necessidade de um replanejamento da política.

As fontes de financiamento citadas ao longo deste trabalho não divulgam os valores disponíveis e

alocados por rubrica (desenvolvimento de P&D, aquisição de maquinário, etc.). Todavia, conclui-se

que a PITCE não logrou provocar um aumento na propensão a inovar por parte do empresário

brasileiro, tampouco uma mudança na principal forma de inovar: aquisição de máquinas e

equipamentos. Essa situação está bem ilustrada na Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica

[PINTEC]. Logo, se o governo fomenta mais o avanço tecnológico via aquisição de máquinas e

equipamentos do que pela realização de atividades de P&D é porque valoriza mais o avanço

tecnológico do que o desenvolvimento científico e tecnológico endógeno. A crítica a esse

direcionamento da política, que pode parecer utopia é, na realidade, preocupação com o

desenvolvimento de capacidade local na atualidade e no futuro.

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