artigo vera anita bifulco

1
Jornal da 3ª Idade www.jornal3idade.com.br Um jornal a serviço dos direitos dos idosos- São Paulo setembro de 2014 - ano 11 - especial nº 17 Com o avanço da medicina muitas doenças passaram a ter opções de tratamento que melhoram a qualidade de vida do paciente. Neste contexto, o câncer e outras patologias, mesmo graves, passaram a ser consideradas como doenças crônicas. Com a fase de envelhecimento mais longa, surgem mais en- fermidades e por isso a figura do cuidador ganha destaque. No início do século passado, a expectativa de vida média era de 40 a 50 anos. Hoje, no primeiro mundo, já se atinge os 75 anos ou mais. Morria-se de doenças agu- das, com poucos dias de enfermidade. Hoje, as causas prevalentes de morte são doenças crônicas que podem durar anos. O cuidador é aquela pessoa que se predispõe a acompa- nhar o paciente que neces- sita de cuidados contínuos. Existem dois tipos de cui- dadores: o cuidador formal, pessoa que exerce a função e tem qualificação para isso, e o cuidador informal, aquele que surge espontaneamente dentro da família ou comu- nidade como a pessoa mais indicada e/ou disponível no momento. O cuidador tem papel fun- damental no tratamento e no suporte diário contínuo dos pacientes. É comum observar na experiência clínica que, pessoas acompanhadas por um cuidador melhor prepa- rado e com uma atitude mais positiva frente à doença, costumam exibir um curso clínico mais favorável. O cuidado que objetiva a integralidade do ser humano envolve compromissos, tra- balhos e um ato supremo de doação. A importância do Cuidador no acompanhamento dos pacientes crônicos Vera Anita Bifulco Psicóloga e coordenadora do setor de Psico- oncologia do Grupo IPC Saúde www.institutoipc.com.br O que é preciso para ser um bom Cuidador O cuidador de pessoa idosa profissional é aquele que desempenha funções de acompanhamento e assis- tência exclusivamente à pessoa idosa. Para exercer a profissão é preciso ter mais de 18 anos, ter concluído o ensino fundamental e curso específico de qualificação, conferido por instituição de ensino reconhecida por órgão público de educação. As funções do cuidador de pessoas idosas devem incluir auxílio na realização de rotinas de higiene pes- soal e de alimentação; cui- dados preventivos de saúde e auxílio na mobilidade e apoio emocional para con- vivência social. O profissional pode atuar no domicílio do idoso, em instituições de longa per- manência, hospitais ou até mesmo em eventos cultu- rais e sociais. Poderá ser responsável por administrar medicamentos, desde que autorizados pelo profissio- nal de saúde responsável pela prescrição. Essas são os principais dados do perfil que deve ter uma pessoa que queira tra- balhar como cuidador pro- fissional de idosos, segundo o Projeto de Lei que regula- menta a profissão aprovado no Senado Federal . No Brasil mais de 10% da população já é idosa, com mais de 20 milhões de pes- soas com mais de 60 anos. Segundo o IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas- em menos de quatro décadas o Brasil deverá ter uma população de mais de 64 milhões de idosos, numa porcentagem de quase 180 velhos para 100 jovens. Segundo os especialis- tas, um terço deles, cerca de 21 milhões de idosos, dependerão de produtos, serviços e profissionais especializados. É nesse contexto que a profissão de Cuidador apa- rece como uma das mais necessárias e também uma das que mais requer capa- citação. Requisitos Para ser bom profissional na área é preciso entender as necessidades do idoso ou mesmo uma pessoa mais jovem com doença crônica que esteja vulnerável. Nessa condição as pessoas muitas vezes se sentem assustadas, confusas. Oferecer conforto, calma e confiança para aquelas pes- soas idosas que estão sendo cuidadas é fundamental.

Upload: herminia-brandao

Post on 04-Apr-2016

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Artigo da psicologa Vera Anita Bifulco do IPC

TRANSCRIPT

Page 1: Artigo Vera Anita Bifulco

Jornal da 3ª Idadewww.jornal3idade.com.br Um jornal a serviço dos direitos dos idosos- São Paulo setembro de 2014 - ano 11 - especial nº 17

Com o avanço da medicina muitas doenças passaram a ter opções de tratamento que melhoram a qualidade de vida do paciente. Neste contexto, o câncer e outras patologias, mesmo graves, passaram a ser consideradas como doenças crônicas. Com a fase de envelhecimento mais longa, surgem mais en-fermidades e por isso a figura do cuidador ganha destaque.

No início do século passado, a expectativa de vida média era de 40 a 50 anos. Hoje, no primeiro mundo, já se atinge os 75 anos ou mais.

Morria-se de doenças agu-

das, com poucos dias de enfermidade. Hoje, as causas prevalentes de morte são doenças crônicas que podem durar anos.

O cuidador é aquela pessoa que se predispõe a acompa-nhar o paciente que neces-sita de cuidados contínuos. Existem dois tipos de cui-dadores: o cuidador formal, pessoa que exerce a função e tem qualificação para isso, e o cuidador informal, aquele que surge espontaneamente dentro da família ou comu-nidade como a pessoa mais indicada e/ou disponível no

momento.O cuidador tem papel fun-

damental no tratamento e no suporte diário contínuo dos pacientes. É comum observar na experiência clínica que, pessoas acompanhadas por um cuidador melhor prepa-rado e com uma atitude mais positiva frente à doença, costumam exibir um curso clínico mais favorável.

O cuidado que objetiva a integralidade do ser humano envolve compromissos, tra-balhos e um ato supremo de doação.

A importância do Cuidador no acompanhamento dos pacientes crônicosVera Anita BifulcoPsicóloga e coordenadora do setor de Psico-oncologia do Grupo IPC Saúdewww.institutoipc.com.br

O que é preciso para ser um bom Cuidador O cuidador de pessoa idosa profissional é aquele que desempenha funções de acompanhamento e assis-tência exclusivamente à pessoa idosa. Para exercer a profissão é preciso ter mais de 18 anos, ter concluído o ensino fundamental e curso específico de qualificação, conferido por instituição de ensino reconhecida por órgão público de educação. As funções do cuidador de pessoas idosas devem incluir auxílio na realização de rotinas de higiene pes-soal e de alimentação; cui-dados preventivos de saúde e auxílio na mobilidade e apoio emocional para con-vivência social. O profissional pode atuar no domicílio do idoso, em instituições de longa per-manência, hospitais ou até mesmo em eventos cultu-rais e sociais. Poderá ser

responsável por administrar medicamentos, desde que autorizados pelo profissio-nal de saúde responsável pela prescrição. Essas são os principais dados do perfil que deve ter uma pessoa que queira tra-balhar como cuidador pro-fissional de idosos, segundo o Projeto de Lei que regula-menta a profissão aprovado no Senado Federal . No Brasil mais de 10% da população já é idosa, com mais de 20 milhões de pes-soas com mais de 60 anos. Segundo o IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas- em menos de quatro décadas o Brasil deverá ter uma população de mais de 64 milhões de idosos, numa porcentagem de quase 180 velhos para 100 jovens. Segundo os especialis-tas, um terço deles, cerca

de 21 milhões de idosos, dependerão de produtos, serviços e profissionais especializados. É nesse contexto que a profissão de Cuidador apa-rece como uma das mais necessárias e também uma das que mais requer capa-citação.

Requisitos

Para ser bom profissional na área é preciso entender as necessidades do idoso ou mesmo uma pessoa mais jovem com doença crônica que esteja vulnerável. Nessa condição as pessoas muitas vezes se sentem assustadas, confusas.

Oferecer conforto, calma e confiança para aquelas pes-soas idosas que estão sendo cuidadas é fundamental.