apostila de metodologia - unic

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ - UNIC FACULDADE DE ENGENHARIA -ENGENHARIA CIVIL- Cuiabá/MT 2010 METODOLOGIA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA -APLICADA AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL- Material Apostilado -seleção, organização e produção- Professoras: Dra. Ariagda Moreira Dra. Glória Botelho MsC. Janaina Lenza PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ - UNIC

FACULDADE DE ENGENHARIA -ENGENHARIA CIVIL-

Cuiabá/MT

2010

METODOLOGIA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

-APLICADA AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL-

Material Apostilado

-seleção, organização e produção-

Professoras: Dra. Ariagda Moreira Dra. Glória Botelho MsC. Janaina Lenza

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-aplicada ao curso de Engenharia Civil- Abordagens teóricas “Ler é viver” (C. Baudelaire)

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A G

J

Dra. Ariagda Moreira Dra. Glória Botelho

MsC. Janaina Lenza

METODOLOGIA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

-APLICADA AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL-

Este material visa oferecer aos discentes uma base para reflexão acerca de temas teóricos, que fundamentam o emprego correto de metodologias. E, também, o desenvolvimento e difusão da relevância do conhecimento científico e tecnológico, que embasam a construção dos trabalhos acadêmicos nas diferentes disciplinas do curso.

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A G

J

Dedico, aos professores e alunos, valentes e perseverantes, que

mesmo diante de todas as adversidades e dificuldades

enfrentadas na Educação, acreditam em seu poder de

transformação, assim como, na força da comunicação, do

conhecimento e da ciência e não desistem jamais...

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A G

J

A Pedra

O distraído nela tropeçou...

O bruto a usou como projétil.

O empreendedor, usando-a, construiu.

O camponês, cansado da lida, dela fez assento.

Para meninos, foi brinquedo.

Drummond a poetizou.

Já, Davi, matou Golias, e Michelangelo extraiu-lhe a mais bela

escultura...

E, em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra,

mas no homem!

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A G

J SUMÁRIO

Ø APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 6

Ø CRONOGRAMA DE CURSO ................................................................................... 9

Ø LEITURA, LEITOR E TEXTO ............................................................................. 10

Ø NOÇÕES DE LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E TIPOLOGIA TEXTUAL ........... 12

Ø PENSAMENTO E CRITICIDADE COMO ELEMENTOS DIFERENCIADORES ... 14

Ø CONCEPÇÕES SOBRE O CONHECIMENTO NUMA PERSPECTIVA

HISTÓRICO-DIACRÔNICA ................................................................................. 16

1. Conhecimento comum e científico: breves reflexões ............................... 16 2. Teoria do conhecimento na Antiguidade .................................................. 18 3. Teoria do conhecimento na Idade Média .................................................. 19 4. Teoria do conhecimento na Idade Moderna .............................................. 19 5. Teoria do conhecimento no Contemporâneo: crise da razão ..................... 20

Ø TRABALHOS ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS .................................................... 22

1. As academias e a produção da ciência: generalidades .............................. 22 2. Textos de perfil apenas acadêmicos ............................................................. 23 3. Textos acadêmicos com perfil científico ...................................................... 26 4. Recursos linguísticos para trabalho acadêmico e científico ...................... 32

Ø BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 34

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A G

J APRESENTAÇÃO

Quando falamos de cursos superiores, estamos nos referindo, indiretamente, a

Academias de Ciências, já que a Faculdade nada mais é do que o local próprio da busca e

elaboração constante do saber científico. Neste sentido, se as pessoas procuram a Academia

em busca do alto conhecimento, elas precisam entender que Metodologia Científica nada mais

é do que a disciplina que "estuda os caminhos do saber". E, mais ainda, quando o acadêmico

entende que "método" quer dizer caminho, "logia" quer dizer estudo e "ciência" quer dizer

saber, ele compreenderá melhor o porquê da disciplina nos currículos de todas as áreas do

conhecimento. Mas também, terá mais clareza sobre o fato de que aprender a pesquisar exige

muito estudo e dedicação, que poeticamente falando, nada mais é do que, “transpiração e

inspiração”. Acreditando nisto, para a disciplina “Metodologia Científica e Tecnológica – aplicada ao

curso de Engenharia Civil” da Universidade de Cuiabá (UNIC), apresentamos alguns dos

inúmeros tópicos e aspectos da metodologia, que regulam a produção acadêmica e científica

no Brasil. Mas, principalmente, procuramos capacitar os alunos na construção de pesquisas

mais autônomas, sem cópias e sem os improdutivos “recorta e cola”. Na oportunidade,

divulgamos, também, Cronograma do Curso, que explicita os conteúdos e metodologias das

aulas e das avaliações na disciplina. E, para desenvolvê-la, aproveitando ao máximo a carga

de 60 horas/aula, contemplada em 2 bimestres, sistematizamos o processo ensino-

aprendizado em bases teóricas, que visassem estimular o pensamento crítico, mas,

fundamentalmente, o exercício prático do conhecimento científico e tecnológico.

Desta forma, para a parte prática do conhecimento sobre Metodologia Científica

adotamos, de Pedro Augusto Furasté, o livro Normas Técnicas para o Trabalho Científico – elaboração e formatação (2010). Entre outros, citados na bibliografia, trata-se de um autor de

abordagem bastante didática, de linguagem clara e acessível –sem perder a profundidade–

elementos que garantem uma pesquisa segura à referências e dados completos e atualizadas.

Recomendamos, então, que os alunos tenham em mãos esta obra, para que possamos

desenvolver, além de exercícios, debates e seminários, uma produção textual, pautada no

fazer, na pragmática “mão na massa”; isto porque, assim como os dicionários, as gramáticas,

as enciclopédias e os sites de busca, os livros de metodologia científica são, também,

materiais de consulta.

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A G

J E quanto a esta Apostila? Bem, ela foi pensada para atender aspectos teóricos da

ementa da disciplina, que não são contemplados na obra de Furasté e mesmo em outras. Por

isto, apresentamos, aqui, sínteses de teorias (base para as atividades práticas, proporcionadas

pela leitura de artigos sobre temas afins), que deverão ser, posteriormente, ampliadas a partir

da bibliografia recomendada. Com tal propósito, o foco destas reflexões está na forma de

construirmos o pensamento, o conhecimento e a ciência, que desenvolvemos ao longo dos

aprendizados.

Mais amplamente discutido ao longo da Apostila, vamos observar que, o pensamento,

inato aos seres humanos, infelizmente, na maioria das vezes, não se processa criticamente, e

que o conhecimento comum é muito diferente do conhecimento científico, tanto na forma de

aquisição, quanto na forma de elaboração e uso. Além disto, vamos saber, ao longo dos 2

bimestres acadêmicos, que as formas de linguagem, os gêneros e as tipologias textuais

formulam a vida interativa do homem na sociedade moderna, onde seu aprimoramento na

oratória e na escrita faz toda a diferença na sua vida.

Neste sentido, a aptidão para falar, ler e escrever com eficiência é um dos mais

significativos indicadores de bom desempenho nos campos pessoal e profissional. E, ler não é

apenas um ato decodificador de códigos, implica em ser capaz de apreender os sentidos

inscritos no interior de um texto e de correlacioná-los com o conhecimento de mundo do leitor,

que pode se revelar na fala mais prosaica do indivíduo. Escrever bem, por sua vez, depende

diretamente de leituras: quanto mais se lê, melhor se escreve. Assim, produzir um bom texto

no meio acadêmico assegura, além de boas oportunidades profissionais, o Poder de

manipulação, convencimento e persuasão dos interlocutores que se pretende alcançar,

inclusive do professor.

A comunicação oral e escrita, então, é um processo sócio interacionista, em que a

palavra encerra a força de aprisionar e/ou libertar o indivíduo. Aprisiona quando ele

desconhece a dimensão da potencialidade comunicativa e, liberta à medida que o indivíduo

apreende e conhece das palavras, aquilo que Carlos Drummond poetizou como as “mil faces

secretas sob a face neutra”. Menos poético, mas muito pertinente, no campo das teorias da

linguagem, o russo Mikhail Bakhtin, elabora a palavra como elemento que guarda em si a

maior carga ideológica; através dela pode-se desenhar o “horizonte social” da pessoa.

Estruturalista, este estudioso já ressaltava, desde suas pesquisas iniciais, que a palavra só

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A G

J alcança força e sentido na interação comunicativa entre interlocutores. E, só se torna um

instrumento libertário e democrático, quando aproxima, identifica e melhora indivíduos.

Sendo assim, como educadoras, professoras universitárias há mais de 12 anos,

acreditamos na força de tais princípios e, por isso, procuramos aprimorá-los, sempre pautadas

na máxima socrática, que postula: “só sei que nada sei”. Coerente com esta lógica, queremos

destacar que procuramos produzir, selecionar e organizar um material atual, reflexivo e

provocador, que tratasse de temas relevantes para os acadêmicos, mas que,

fundamentalmente, estivesse em conformidade com os (PCNs) Parâmetros Curriculares

Nacionais, formulados pelo (MEC) Ministério de Educação e Cultura.

Finalmente, salientamos que o objetivo maior da Apostila é difundir o alto conhecimento

e embasar teoricamente a prática metodológica e a produção de textos mais coerentes,

autônomos e científicos, conforme determinam as (NBRs) Normas Brasileiras de Registros,

contidas na (ABNT) Associação Brasileira de Normas Técnicas. Além de orientá-los também

no uso da ciência para escolha e desenvolvimento de trabalhos sobre temas verdadeiramente

relevantes para a área do conhecimento, na qual os alunos destes cursos –futuros

engenheiros civis– atuam ou pretendem atuar.

Contem conosco, um grande abraço e bom curso...

Dra. Ariagda Moreira

Dra. Glória Botelho

McS. Janína Lenza

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A G

J CRONOGRAMA DO CURSO

*Aula /Mês Conteúdo Programático 1º - Agosto Apresentação da Disciplina – Plano de ensino. 2º - Agosto - Fichamento

- Esquemas: orientação para elaboração. 3º - Agosto O processo de leitura e da produção de textos no fazer universitário

- Resumos: conceituação, características e tipos. - Resenha: conceituação e características. - Atividade de aprendizagem: leitura e interpretação de texto. P1 - Os alunos deverão trazer revista da área, e realizar um resumo/resenha sobre o assunto. Posterior entrega do trabalho (Após uma semana).

4º - Agosto - Ciência: conceituação, princípios e leis gerais. Pensamento crítico e conhecimento. P1 - (RECEBER O RESUMO/RESENHA DA AULA ANTERIOR)

5º - Setembro - Relatório de Estágio e Relatório técnico científico. Feriado 6ª - Setembro

FERIADO DA INDEPENDÊNCIA - Normas técnicas da ABNT citações e referência de documentos eletrônicos.

7º - Setembro P2- ATIVIDADES DA BIBLIOTECA. 5 – Referências. 8º - Setembro P2 – Laboratório de informática: Normas de citação e referência de documentos eletrônicos. (entrega

em dupla). 9º - Setembro AVALIAÇÃO OFICIAL 1 10º - Outubro VISTA PROVA

-Projeto de pesquisa: processo de pesquisa como uma das ferramentas de produção do Conhecimento. - Pesquisa: conceituação / Principais abordagens / Pesquisa bibliográfica e documental. Separação dos grupos para produção do artigo.

11º - Outubro FERIADO DE NOSSA SENHORA APARECIDA -Projeto de pesquisa: processo de pesquisa como uma das ferramentas de produção do Conhecimento. - Pesquisa: conceituação / Principais abordagens / Pesquisa bibliográfica e documental. Separação dos grupos para produção do artigo.

12º - Outubro -Projeto de pesquisa: processo de pesquisa como uma das ferramentas de produção do Conhecimento. - Pesquisa: conceituação / Principais abordagens / Pesquisa bibliográfica e documental. Separação dos grupos para produção do artigo. - Artigo científico: Conceito e elaboração. - Seminário: conceituação, forma de constituição e apresentação. - Paper: conceito e elaboração. AFERINDO ARTIGO

13ª - Outubro - Artigo científico: Conceituação e elaboração. - Paper: conceito e elaboração. AFERINDO ARTIGO

14º - Novembro FERIADO DE FINADOS - TC ou Trabalho monográfico - Conceito e elaboração

15º - Novembro - Apresentação e entrega do artigo – Parcial – Apresentação Oficial – **Entrega do artigo na CD nos padrões estabelecidos.

16º - Novembro AVALIAÇÃO DO ESTUDO DIRIGIDO – ED. - Apresentação e entrega do artigo – Parcial – Apresentação Oficial – **Entrega do artigo na CD nos padrões estabelecidos.

17º - Novembro Apresentação e entrega do artigo – Parcial – Apresentação Oficial – **Entrega do artigo na CD nos padrões estabelecidos.

18º - Novembro AVALIAÇÃO DE SEGUNDA CHAMDA DO ESTUDO DIRIGIDO – ED 19º - Dezembro SEGUNDA CHAMADA E VISTO DE PROVA 20º - Dezembro Exame Final *As datas das aulas são definidas conforme a turma.

**O artigo em CD substituirá a 2ª Prova Oficial e terá como critério avaliativo: aprofundamento do tema,

fundamentação teórica, observância da metodologia científica, da formatação e do nível culto de linguagem, além

da organização e pontualidade na entrega.

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J “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior

leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente.” (Paulo Freire)

LEITURA, LEITOR E TEXTO1

Há várias possibilidades de definir leitura e os mecanismos físicos e mentais que

envolvem esta importante potencialidade humana. E, embora haja diferentes conceitos para

esta prática, todos eles destacam o quanto a leitura é relevante para o indivíduo. E, como ela

transforma sua visão de mundo, abrindo-lhe inúmeras “janelas” em direção ao sucesso

pessoal e profissional. Entre tantos conceitos, o professor dr. Osvaldo Cupertino Duarte2,

define a leitura como sendo: Um processo múltiplo, que envolve aspectos neurofisiológicos, cognitivos, afetivos, argumentativos e simbólicos, além possibilitar um tipo muito particular de prazer: um estado mental capaz de vencer as barreiras do tempo e do espaço. Não é, contudo, uma operação abstrata. Ela pressupõe o uso do corpo e suscita um comportamento. É compromisso consigo e com o que está ao seu entorno. É, enfim, uma operação capaz de assentar o leitor na máquina do mundo.

Sendo assim, e se considerarmos a situação da leitura no Brasil, somos levados a

ponderar, entre outras, a seguinte questão: Compete apenas a nos professores (num contexto

universitário de não-leitores) promover a leitura, para o engrandecimento de nossa cultura,

com intuito de incutir o gosto e o deleite? Acreditamos que não, já que as implicações apontam

para mais de um fator.

Um deles se relaciona à questão de que na infância, fase que representa o início do

processo de aquisição da leitura, o ambiente afetivo familiar, deve ter uma responsabilidade

maior. Isto porque a função de um mediador da leitura –mãe, pai, avô, avó, tio e outros–

consegue na maior parte dos casos, como evidenciam diversas pesquisas, criar encantamento

pelas histórias lidas e contadas. Condição que acaba por incitar a busca pelas fontes

primárias, como livros, revistas e jornais, em idades mais tenras.

Outro elemento que independe da orientação do professor na promoção da leitura, está

na motivação interior, própria e original do jovem; particularidade que difere um “leitor

1 [Síntese da comunicação “A leitor e o leitor do texto literário”, apresentada no Congresso Nacional de Leitura, promovido pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em junho de 2002]. 2 [Professor titular da Universidade Federal de Rondônia (UFRO), mestre e doutor em Educação, com livros e artigos publicados sobre o tema da leitura].

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A G

J dorminhoco” de um “leitor atento”, conforme distingue Luis Fernando Veríssimo. Por outro

lado, na vida adulta, inserido principalmente no espaço acadêmico, a indicação e orientação

da chamada “alta leitura”, é, além de atribuição do professor de todas as áreas, a grande

oportunidade que o aluno tem de se tornar um leitor mais crítico.

De qualquer forma, fora ou dentro do espaço escolar, a promoção da leitura e a

construção da criticidade não é uma tarefa fácil. Esta prática, fundamentalmente, das fontes

primárias, exige concentração e silêncio, que acabam por distanciar os alunos, de suas

“galeras e tribos”. Moderada, a “reclusão” para leitura é menos invasiva, quando intermediada

pelos meios tecnológicos, pois além de mais rápida e interativa, é para eles, mais atraente. O

ideal mesmo seria uma composição entre fontes primárias e tecnológicas, uma vez que uma

não substitui a outra, antes, se completam. Articuladas, vão proporcionar maior aptidão para

produção de textos proficientes, habilidade apontada como “o mais significativo indicador de

bom desempenho linguístico” (FIORIN & SAVIOLI,2003).

De todo modo e por todo o exposto, preferimos o pressuposto de que nem a

pesquisa/ciência, nem a sociedade se beneficiam, quando o que chamamos de “alta leitura” é

lida apenas por algumas centenas de pessoas. Tais discussões nos permitem ajuizar, em

benefício do leitor, que boa parte da apreensão dos sentidos de um texto, está relacionada não

só à capacidade interpretativa da pessoa, mas também à qualidade deste texto. Um texto

correspondente à situação e momento adequados, além de bem compreendido, sintetizado e

sumarizado só poderá gerar uma leitura de qualidade, seja para promoção de puro deleite ou

da pesquisa.

Neste sentido, ampliando as reflexões sobre a prática da leitura, seria possível afirmar

que o efeito produzido por um texto (primário ou tecnológico) em diferentes leitores é maior ou

mais nobre que, o provocado pela leitura de massa, em um leitor comum? Seria possível

afirmar que o poder interpretativo e crítico do consumidor de “alta leitura”, são mais nobres que

o prazer e fantasia do outro? Acreditamos que não, por entendermos que se trata somente de

objetos e objetivos distintos, para uma mesma prática sempre relevante: a leitura.

Desta forma, mesmo que a leitura de massa não cumpra perfeitamente as funções,

formativa, de conhecimento do mundo e do ser, afastando-se da formação científica e

tecnológica, nenhuma leitura deixa de cumprir a função psicológica. Aquela que é

fundamental, uma vez que está relacionada ao anseio de bem estar do ser humano, e é

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A G

J responsável por suprir sua humana de fantasia e imaginação, através do mergulho no mundo

das histórias prosaicas e simuladas.

Em suma, devemos salientar que cada tipo de leitura cumpre sua função; a “alta leitura”

promove o progresso e civiliza a sociedade. Com outro escopo, a de massa, com maior

abrangência, tem função humanizadora porque, seja qual for a experiência que ela traga, traz

como matéria vivida e, portanto, é também de alguma forma educadora.

NOÇÕES DE LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO E TIPOLOGIA TEXTUAL3

Diferenciador do ser racional e irracional, o uso e funcionamento da linguagem

cognitiva, é que eleva o ser humano à condição de cognição e o faz produzir textos diversos

(não verbal e verbal). E, entende-se por texto, todo tipo de manifestação sócio-cultural que

formula interação, comunicabilidade e mensagens compreensíveis entre indivíduos, de acordo

com várias correntes linguísticas. Adotando esta lógica, uma fotografia, um quadro, uma

expressão fisionômica, os sinais de trânsito, entre outros, são formas textuais, que circulam

nas sociedades; todas deixam mensagens inteligíveis e aproximam os indivíduos.

A vertente não verbal, carregada de subjetividade e conotações, aguça sobremaneira a

capacidade de interação entre as pessoas, ainda que não seja a manifestação mais usual da

linguagem. Por sua vez, a verbal, na regularidade e dimensão de seu funcionamento pelo

verbum (oral e escrito), configura infindáveis contornos discursivos, que buscam refletir as

condições e intenções (ditas e não ditas), na comunicação entre os falantes de dada

sociedade. Sobre este tópico, a lingüista Ingedore Grunfeld V. Koch, afirma que o locutor quer,

quase sempre, situar-se no eixo discursivo principal e para isto ele "procura manifestar um

saber e obriga o interlocutor a aderir ao seu discurso, aceitando-o como verdadeiro" (KOCH,

2000:87), e isto ocorre, fundamentalmente, no exercício do pensamento crítico e na difusão do

saber científico, que objetiva, também, ser Poder.

Assim, pelo fato de serem considerados produtos da atividade humana, os textos4

estão sempre vinculados às necessidades, interesses e condições de funcionamento das

3 [Resumo de um capítulo da apostila “Leitura e Produção de Sentidos”, preparada para o curso de pós-graduação Metodologias Aplicadas ao Ensino da Língua Portuguesa, oferecido pela Universidade de Cuiabá (UNIC), em março de 2007].

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A G

J formações sócio-política-econômicas das sociedades. A etimologia ensina que a palavra texto

vem do latim textum; elemento que remete a tecidos, fios que se entrelaçam. Assim como sua

gênese indica, em um texto, certos elementos podem ser comparados aos fios que costuram

entre si as partes de uma vestimenta. Cortados esses fios, sobram apenas simples pedaços

desconexos.

Nesta perspectiva, o texto pode ser dividido, então, em dois grandes grupos: não verbal

e verbal. No primeiro, inserem-se toda forma interativa de comunicação humana, que não

utiliza a palavra, nem oral, nem escrita. Já, no segundo grupo, encontram-se as estruturas

comunicativas que utilizam a palavra, seja ela oral ou escrita. Este último, em sua modalidade

oral, corresponde a forma de comunicação mais prosaica, rápida e eficiente de comunicação

entre as pessoas, considerando que ainda hoje existem sociedades ágrafas. A linguagem, oral e escrita, é um produto cultural. Assim, todo texto é um artefato,

objeto que na verdade é fruto de uma criação coletiva. No texto, a voz do seu produtor se

manifesta ao lado de um coro de outras vozes. Um coro, harmônico ou desarmônico, que

dialoga sobre um tema e com os quais o autor se põe em acordo ou desacordo. Em relação à

escrita é uma modalidade da comunicação humana, componente da linguagem verbal, com

características específicas e normatizadoras, que a diferenciam da oralidade, a outra

modalidade da linguagem verbal, a mais utilizada e difundida entre os seres humanos. Os gêneros textuais são incontáveis, variados em forma e conteúdo, e empregados

para os mais diversos fins, indispensáveis no mundo contemporâneo. Como exemplos de

gêneros textuais, podemos citar: bula de remédio, relatório, receita culinária, resumo, manual

de produto, cartaz, monografia, certidão, filme, artigo, livro, capa de livro, contra capa, poema,

ficha catalográfica, orelha de livro, jornal, panfleto, fotografia, tese, anúncio, charge, entre

tantos outros. Cada um dos variados gêneros textuais, fundamentalmente os de linguagem

verbal, pode apresentar um ou mais tipo de redação, que vão criar os efeitos de sentido que o

gênero precisa construir. Assim, os gêneros textuais podem apresentar-se em três tipos

textuais: descritivo5; narrativo6 e dissertativo (argumentativo).

4 [Neste caso, entende-se por texto, segundo várias correntes linguísticas, todo tipo de manifestação sócio-cultural que formula interação, comunicabilidade e mensagens compreensíveis entre indivíduos. Adotando este enfoque, já mencionado, uma fotografia, um quadro, uma expressão fisionômica, os sinais de trânsito, entre outros, são formas textuais.] 5 [Descrição é uma caracterização em que o autor apresenta detalhes pormenorizados ou mesmo superficiais de alguma pessoa, objeto, paisagem, bicho, planta, ser imaginário, entre outros. Trata-se de aspectos e detalhes que o

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A G

J Esta última tipologia –dissertativa/argumentativa– no trabalho científico e tecnológico,

é a mais relevante, pois consiste na promoção de debate, discussão, questionamento, análise

e crítica, expressando nosso ponto de vista de fatos da realidade que nos cerca. Consiste

também em desenvolver um raciocínio, com provas que fundamentam nossa posição.

Polemizar, inclusive, com opiniões e com argumentos contrários aos nossos, estabelecendo

relações de causa e consequência.

Além do exposto, esta tipologia implica em tirar conclusões, dar exemplos, fazer

intertextualizações a favor ou contrárias as nossas idéias. Classicamente, um texto dissertativo

deve apresentar uma introdução, um desenvolvimento e, finalmente, um desfecho, ou uma

conclusão, sendo que cada uma destas partes corresponde a uma micro-dissertação, cujo

conteúdo apresenta os elementos essenciais deste texto: defesa de ponto de vista e

argumentação. Este tipo de redação é o mais complexo, sempre muito explorado nos

concursos, vestibulares, exames e trabalhos acadêmicos, em geral, porque exige grande

esforço cognitivo, pensamento crítico e amplo conhecimento do autor, que busca nas “teias”

do texto, persuadir e convencer seu interlocutor.

O PENSAMENTO E A CRITICIDADE COMO ELEMENTOS DIFERENCIADORES7

É acertado o pressuposto de que todo ser humano sabe pensar; no entanto, nem todos

o fazem da melhor forma, extraindo a essência de seus pensamentos. Isto quer dizer que, de

maneira geral, nossas formulações cognitivas, rotineiramente, não alcançam patamares

razoáveis de compreensão, análise e crítica. A condição de pensar criticamente representa, na

autor percebeu e quer levar o ouvinte/leitor a perceber. O texto descritivo trabalha aguça e provoca nossa capacidade de percepção, enquanto sujeitos que estamos ao contato sensível com o mundo]. 6 [Narração implica em contar algo. Ao narrar somos chamados a enredar nossas histórias: as passadas, as futuras, as presentes, as imaginárias, as alheias, as ouvidas, as lidas, as sonhadas, pois existem inumeráveis histórias no mundo e em cada um de nós. A vida humana é uma grande narrativa. Sendo assim, na narração criamos personagens, construímos enredos. Ela exige de nós muita imaginação criadora: o que, como, com quem, onde e quando acontecem os fatos narrados. O mestre brasileiro da Teoria Literária, Antônio Cândido, ensina que há várias destas instâncias narrativas que podem ser suprimidas ao se contar uma história, mas adverte que não existe narração sem personagens e sem enredo, pois são elas que constroem a lógica sociológica das tramas, ainda que sejam, verossímil ou inverossímil]. 7 [O artigo “Constituição do pensamento crítico” (2007), de Tomás Magalhães Carneiro serviu de texto base para a resenha crítica que elaboramos para esta Apostila.]

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A G

J atual sociedade ocidental –volátil, fragmentada e superficial– grande diferencial na vida de um

ser humano; uma vez que esta potencialidade a capacidade de apresentar e avaliar

raciocínios, que determimam a autonomia cognitiva dos indivíduos.

O que não significa afirmar que pensamento crítico é filosofia, pois não é possível fazer

filosofia sem pensar criticamente, mas é possível pensar criticamente sem fazer filosofia.

Assim, o que é o pensamento crítico? É, em síntese, analisar nossas fontes, símbolos,

linguagens, razões e argumentos de forma clara, inquisidora e precisa. É, também, pensar

corretamente, exercitar e usufruir das mais valias intelectuais e sociais que estão disponíveis.

De todo modo, para qualquer área do conhecimento, esta formulação reflete

nitidamente a relevância do pensamento crítico, que, na concepção de John Dewey, “é o

estudo ativo, persistente e cuidado de uma crença ou de uma suposta forma de conhecimento

denso, através da análise dos fundamentos que a apoiam e das conclusões para que

apontam.” Além disto, pensar criticamente, no contexto atual, diferencia e distingue o indivíduo

de outros, nesta “pós-modernidade” globalizada, imediatista e, até mesmo, superficial,

proporcionando mais oportunidades pessoais e profissionais.

Há que salientar algumas outras definições históricas sobre o pensamento crítico,

como, por exemplo, “o pensamento Crítico é um pensamento razoável e refletido, preocupado

em ajudar-nos a decidir em que acreditar ou o que fazer” (ENNIS, Robert, 1998). Outro

pensador conceitua assim, esta esfera do pensamento: “O Pensamento Crítico é uma forma

de pensamento – acerca de qualquer assunto ou problema – no qual o pensador melhora a

qualidade dos seus raciocínios. Para isto, recorre a técnicas que lhe permitem captar as

estruturas inerentes ao pensamento, impondo-lhe capacidade intelectual elevada“ (PAUL,

Richard, 2001).

Um último, filósofo inglês de meados do século passado, postula que “o Pensamento

Crítico é a interpretação e a avaliação ativa e competente de observações, comunicações,

informações e argumentações” (SCRIVEN, Michael, 2003). Pelas conceituações apresentadas

e pelo exposto, podemos observar que, definido de várias formas e a partir de diferentes

óticas, o pensamento crítico exige do sujeito social as mais elevadas e distinguidas maneiras

de elaboração e articulações cognitivas, que o colocam em um patamar de superioridade, se

comparado ao simples pensar. Isto não significa dizer que devemos anular e descartar o

pensamento simples, prosaico e cotidiano. Ele tem, certamente, emprego e funções próprias e

significativas para o ser humano.

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A G

J Considerando sua dimensão superior para o progresso e civilização social, o

pensamento crítico aponta, então, para alguns pressupostos, que também o legitimam como

aquele que sendo especializado, nem sempre está ao alcance de todos. O primeiro deles

estabelece que, o pensamento crítico é uma competência básica como são, a leitura e a

escrita. E, como estas, deve ser ensinado de forma direta, constante e progressiva, uma vez

que não é inato aos seres humanos. Assim, não basta, como normalmente se faz, esperar que

os indivíduos aprendam a pensar de forma crítica, como que por osmose, ou seja

indiretamente. A aprendizagem direta das técnicas de análise e avaliação de argumentos, e o

exercício constante destes instrumentais concretos são formas eficazes (e divertidas) de se

aprender a pensar criticamente.

O segundo pressuposto diz respeito a uma questão ligadas as subjetividades humanas,

ou seja, nenhum indivíduo pensa pelo outro. Somente pensando por si mesmo, com

autonomia cognitiva, que se pode chegar a desenvolver formas eficazes de pensamento:

perguntar, refutar, analisar, argumentar e inferir; aspectos aprimorados de uso da cognição,

que levam o indivíduo a melhorar e exercer ativamente uma cidadania participativa,

contestadora e ativa, que se dá, em grande parte, pela Educação formal, que exige formas

mais complexas de raciocínio.

CONCEPÇÕES SOBRE O CONHECIMENTO NUMA PERSPECTIVA

HISTÓRICO-DIACRÔNICA8

1. O conhecimento comum e o científico: breves reflexões

Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno

qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em

nossa vida cotidiana, através de experiências, dos relacionamentos interpessoais, das leituras

de livros e artigos diversos. Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos

8 Trata-se de uma resenha crítica-descritiva do texto Afinal, o que é Conhecimento?, disponível em www.mundodosfilosofos.com.br, acessado em 10 de março de 2005.

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A G

J capazes de pensar, criar e transformar o conhecimento; somos os únicos capazes de aplicar o

que aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento. Além

disto, somos os únicos capazes de criar um sistema tão aprimorado de símbolos, como a

linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres

humanos.

Essas características são únicas e nos permite dizer que somos diferentes dos gatos,

dos cães, dos macacos e dos leões. Ao criarmos os sistemas de símbolos, através da

evolução natural e científica da espécie humana, permitimo-nos também ao pensar

criticamente, promover, por conseqüência, a ordenação e a previsão dos fenômenos que nos

cerca. E, também, dotados de aparatos tão sofisticados de cognição, nos tornamos cada vez

mais aptos na classificação e análise dos conhecimentos à luz da ciência.

Nesta linha de raciocínio, na ordem das coisas, a aquisição do conhecimento, desde

aquele denominado vulgar, pragmático, comum ou empírico, até o científico e filosófico,

próprio do Homo Academicus, conforme termo cunhado por Pierre Bourdieu9, é inerente aos

seres humanos. Mas, embora todos os indivíduos possuem maiores ou menores

conhecimentos –conforme valoram as sociedades– considerando o grau de instrução,

saberes, modo de participação e inserção na estrutura sócio-cultural, há, como sabemos,

visível distinção e relevância dos altos conhecimentos nas sociedades, inclusive nas

modernas. E, no Brasil, o cenário social e profissional não se mostra diferente; situação que

exige das pessoas cada vez mais qualificação, aprimoramento e desenvolvimento das

competências.

Os textos científicos, ao lado de toda produção escrita (jornais, revistas, panfletos,

cartazes, cinema, novas tecnologias e outras) de uma sociedade, são denominados (MCS)

Material de Circulação social, divulgados a um público maior, considerado leigo pelos

intelectuais. Ao observarmos tanto os textos leigos, quanto os científicos, percebemos

determinadas marcas enunciativas, visto que os autores utilizam recursos lingüísticos próprios

de cada fenômeno textual, para facilitar a produção de sentidos e, conseqüentemente, a

interlocução. Quanto aos textos científicos, grande parte deste conhecimento produzido no

meio social se formaliza e se difunde através de textos verbais escritos, baseados em

9 [Homo Academicus é também o título de uma das várias obras do sociólogo francês, ainda sem tradução no Brasil. Nela, ele discute, entre outros aspectos, o papel e o lugar do intelectual no contemporâneo. Trata-se de um texto relevante para pessoas de diferentes campos profissionais, que têm suas atividades permeadas pelas concepções e intervenções do alto pensamento e conhecimento, prioritariamente o das Academias].

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A G

J metodologias e formatação muito específicas e rigorosas. E, o contexto intelectual, propagador

de todo este conhecimento, é, preferencialmente, o meio acadêmico. Para compreendermos melhor como se deu, ao longo da história da humanidade, a

conformação do chamado alto conhecimento, proponho um breve panorama sobre a gênese e

as influências de algumas teorias do conhecimento, estabelecendo parâmetros de avaliação,

critérios de verdade e objetivação. Além, é claro, da metodologia e da relação sujeito e objeto,

para as diversas configurações e níveis de conhecimento, diante da crise da razão que se

instaurou no século XX. Crise esta que se prolonga no presente século, através dos desafios

da construção de uma ética normativa, compatível com as evoluções das descobertas e do

conhecimento no campo científico.

Antes de apresentar a diacronia histórica do conhecimento, apresento uma formulação

de seu conceito, como, a relação que se estabelece entre sujeito, que conhece ou deseja

conhecer e o objeto a ser conhecido ou que se dá a conhecer. Como ponto de partida para

este percurso, destaco, na Grécia Antiga entre as várias visões e métodos de conhecimento,

três, que são exemplares:

- Sócrates: Estabelecendo seus métodos: ironia e maiêutica10.

- Platão – Doxa11 – A ciência é baseada na opinião.

- Aristóteles – Epistemologia12 – A ciência é baseada observação (Experiência). 2. Teoria do Conhecimento na Antiguidade

Muitas foram as contribuições que os filósofos gregos e latinos deixaram,

principalmente, para o mundo ocidental, sobre a construção e entendimento da noção de

conhecimento:

10 [Processo dialético e pedagógico socrático, em que se multiplicam as perguntas a fim de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito geral do objeto em questão. A chamada ironia socrática.] 11 Para Sócrates, assim como para seus concidadãos a 'doxa' não era algo que seria provável ou semelhante em referência a algum padrão definido, mas sim a forma pela qual o mundo se revela aos olhos de cada um. O pressuposto dos habitantes da 'polis' era de que um mesmo mundo se abre a todos de maneira diferente pelo fato de que cada um ocupa nele um lugar distinto. Pautado no pensamento socrático, Francisco Xarão explica que, "A palavra 'doxa' significa não só opinião, mas também glória e fama. Como tal, relaciona-se com o domínio político que é a esfera pública em que qualquer um pode aparecer e mostrar que é. Nesta possibilidade de aparecer e brilhar dos outros, considerada pelos atenienses como privilégio do domínio público, é que os homens atingem sua plena humanidade. Todos aqueles que viviam somente no domínio privado - a família (mulher e filhos) e os escravos - não eram, por isso, reconhecidos como plenamente humanos" (XARÃO, 2000: 58). 12 Conjunto de conhecimentos que têm por objeto o conhecimento científico, visando a explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou lingüísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos, e avaliar os seus resultados e aplicações.

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A G

J - Estabeleceram a diferença entre conhecimento sensível e conhecimento intelectual;

- Estabeleceram diferença entre aparência e essência;

- Estabeleceram diferença entre opinião e saber;

- Estabeleceram regras da lógica para se chegar à verdade.

3. Teoria do Conhecimento na Idade Média

Apropriando das valorosas contribuições dos gregos e latinos, o conhecimento na

chamada Idade das Trevas, muito resumidamente, pode ser assim descrito:

- Na Patrística – Temos a tendência da conciliação do pensamento cristão ao

pensamento platônico, sendo seu grande expoente Santo Agostinho.

- Na Escolástica - Temos a anexação da Filosofia Aristotélica ao pensamento cristão,

com o estreitamento da relação fé e razão, sendo seu grande expoente São

Tomás de Aquino.

- Nominalismo – Temos o final do domínio do pensamento medieval, com a separação

da Filosofia da teologia, através do esvaziamento dos conceitos. Sendo seus

expoentes Duns Scott e Guilherme de Oclkam.

4. Teoria do Conhecimento na Idade Moderna

A primeira revolução científica trouxe várias mudanças para o pensamento científico,

dentre as quais podemos destacar a mudança da visão teocentrista (Deus é o centro do

conhecimento), para visão antropocentrista (o homem é o centro do conhecimento).

- O racionalismo de René Descartes – O discurso do Método: A máxima do

cartesianismo “Cogito ergo sun”.

- O empirismo:

a. John Lock – a experiência

b. David Hume – a crença

- O criticismo kantiano: O conhecimento a priori: Universal e necessário.

- A herança iluminista: A razão.

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A G

J 5. Teoria do Conhecimento no Contemporâneo: a crise da razão

Nesta fase, o assunto é muito amplo e, também, muito discutido por vários filósofos.

Não vem ao caso, neste curso, tratarmos profundamente da compreensão do conhecimento

científico, em um período tão conturbado como o nosso. O objetivo foi apenas provocar

dúvidas, questões e reflexões através de um pequeno esboço sistemático da história do

conhecimento. Entre tantas teorias, vale destacar, o novo iluminismo de Habermas, em que a

chamada Razão Crítica precisa:

- Fazer a crítica dos limites;

- Estabelecer princípios éticos;

- Vincular construção a raízes sociais.

Neste sentido, a construção do conhecimento fundado sobre o uso crítico do

pensamento, da razão, do conhecimento, vinculado a princípios éticos e a raízes sociais é

tarefa que precisa ser retomada a cada momento, sem jamais ter fim. Para sistematizar

algumas reflexões acerca da apreciação destes temas, numa ótica contemporânea, com

enfoque crítico-analítico, destaco alguns modos de conhecer o mundo e suas formas de

abordagens, para se chegar ao que entendemos como conhecimento verdadeiro.

Modos de Conhecer o

Mundo

Critérios de verdade

Objetivação

Metodologia

Relação sujeito-Objeto

1. O Mito

A Fé

Dogmatismo – Doutrinamento e

Proselitismo

A experiência pessoal

Relação Suprapessoal, na

qual a revelação do Sagrado se manifesta

sobrenaturalmente ao profano, através

do rito (Dramatização do mito, ou seja, da

liturgia religiosa).

2. A Filosofia

A razão

A razão discursiva

A dialética

Relação transpessoal em

que a palavra diz as coisas. O mundo se manifesta pelos fenômenos e suas

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A G

J (O discurso) relações.

3. O Senso Comum

A cultura ética e moral

A Tradição cultural

As crenças silenciosas

(Ideologias)

Relação interpessoal, em que sobressai a

ideologia estabelecida pelas

idéias dominantes e pelos poderes estabelecidos.

4. A Arte

A estética

Esteticismo = A subjetividade do

artista e do contemplador

(observador) da arte

O gosto

Relação pessoal, na qual a criatividade e a percepção da

realidade do autor e a interpretação e sensibilidade do observador se

projetam.

5. A Ciência

A experimentação

Objetividade -Comprovação de uma determinada

tese de modo objetivo

A observação

Relação “impessoal”, a

isenção do cientista diante de sua

pesquisa: o mito da neutralidade

científica (In. AFINAL, o que é o conhecimento?, 2005)

Podemos considerar, então, que o conhecimento advém da experimentação do

homem, de suas crenças e vivências. É por meio de sua percepção de mundo que o ser

constrói seu arcabouço cognitivo, a imagem que ele tem do ambiente em seu entorno e que

determina seu comportamento na sociedade. E, embora, metodologicamente o conhecimento

possa ser dividido em quatro partes –popular, filosófico, religioso e científico– nota-se na

práxis humana a possibilidade da presença e mesmo da interrelação de todas elas, uma vez

que nenhum indivíduo possui o conhecimento pleno, ainda que de uma área específica.

De todo modo, quando o ser humano se vê diante de um objeto, fato ou fenômeno

alheio à sua inteligência e sua compreensão, ele pode se apoiar, tanto no senso comum,

quanto em sua religiosidade ou crenças místicas, em busca de um entendimento. Seu

conhecimento nesse caso passa a ser mera doxa, conforme propõe sua conceituação. Por

outro lado, se o fato, objeto ou fenômeno em pauta é de domínio do indivíduo, ou através do

estudo e da pesquisa ele poderá estabelecer um pensamento científico, compreendendo

nitidamente o porquê daquele fato, ou como ele ocorre, este indivíduo encontra os caminhos,

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A G

J que lhe revelam a divagação e a filosofia, de modo a utilizar o domínio da razão e da cognição

sobre estes elementos observados. Agindo assim, a pessoa avança, segundo nos ensinou

Platão, em direção à episteme, deixando a simplicidade doxai.

Sendo assim, o conhecimento, bem como as paixões e subjetividades próprias da

natureza do homem, é dinâmico, ele se altera e é recriado pelo homem, visto que ele

internaliza e, ao mesmo tempo, desvenda o mundo em seu entorno, interagindo com ele, na

construção de seu habitat. Podemos concluir, por todo o exposto, que, as esferas do

conhecimento se consagram à vida do indivíduo como um todo e não em partes isoladas, já

que ele é um ser totalitário e assim age em seu meio. Deste modo, dependendo do conjunto

de corpora que a pessoa reunir em toda sua existência –de seus objetivos pessoais,

profissionais e sociais, de uma maneira geral– o homem vai empregar, conforme necessidades

e interesses, cada um dos tipos de conhecimento disponível para ele em seu aprimoramento.

TRABALHOS ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS13

1. As academias e a produção da ciência: generalidades Os trabalhos produzidos nas faculdades e universidades, desenvolvidos por discentes

ou docentes, são, todos, considerados atividades acadêmicas. Estas se configuram em

diferentes formas e conteúdos de um labor cognitivo próprio do meio. Entretanto, grande parte

do que se desenvolve de todo esta produção, não é ciência, já que de acordo com certas

especificidades –metodológicas, formais, conteudísticas, filosóficas, empíricas, entre outras– o

trabalho científico é determinado e diferenciado. Assim, em consonância com estas idéias, o

pesquisador argentino Ezequiel Ander Egg, postula que a atividade científica “es una forma

especial de actividad humana dirigida conscientemente a la obtención metódica y sistemática

de conocimientos objetivos sobre la realidad natural y social, y sobre la propia subjetividad del

ser humano” (EGG, 1999:75).

Ressaltadas as diferenças primárias entre o trabalho acadêmico e o

acadêmico/científico, cabe mencionar que as estruturas e normas metodológicas que devem

13 [Trata-se de algumas considerações pessoais, sobre aspectos metodológicos de textos acadêmicos e científicos, fundamentadas em Furasté (2010)]

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A G

J constar nestas atividades são, no Brasil, regulamentadas14, conforme sabemos, pela (ABNT).

Dentro do universo variado de trabalhos acadêmicos, cada tipo de texto apresenta forma e

estrutura específicas, disponíveis nos livros que tratam de métodos e metodologias científicas.

Para discutirmos sobre alguns destes textos, apresento parte do artigo “Uma Perspectiva de

Progresso para a Engenharia da Linguagem”, de António H. Branco, professor da Universidade

de Lisboa, utilizado aqui para exemplificar tais elaborações: [...] o facto é que não há, nem haverá, equipamento "universal" para a Engenharia da Linguagem, pronto a ser importado. Cada língua natural pressupõe, para o desenvolvimento e aplicação das tecnologias para a linguagem humana, a existência de recursos específicos. Dada a natureza das línguas naturais, não se pode, nem se pode esperar poder, importar ou adaptar a esmagadora maioria do equipamento de Engenharia da Linguagem construído para uma língua X para o reusar no processamento de outra língua Y. O melhor que se pode esperar neste particular é usar algumas metodologias de construção de recursos de base testadas para outras línguas e, desejavelmente, padronizar os recursos a desenvolver de acordo com práticas e exigências internacionais [...]. (BRANCO, 2000, p. 47)

2. Textos de perfil apenas acadêmico

Fichamento: é uma forma textual, que agrega, além da possibilidade de se exercitar a

capacidade de ler e escrever coerentemente, a forma mais eficiente de organizar e classificar

livros, revistas, artigos e documentos, em geral, para uma futura pesquisa. Isto porque, ele

permite um fácil acesso aos dados fundamentais para o desenvolvimento e conclusão do

trabalho. Os registros e a disposição das fichas dependerão da capacidade de organização de

cada um. Os registros podem ser feitos em folhas de papel comum, nas fichas apropriadas ou,

mais modernamente, em qualquer programa de banco de dados de um computador. O

importante é que elas estejam bem organizadas e de acesso fácil para que os dados não se

percam, pois não há uma regulação específica da (ABNT) para esta atividade. Existem três

tipos básicos de fichamentos: o fichamento bibliográfico, o fichamento de resumo ou conteúdo

e o fichamento de citações. Exemplo: Artigo: “Uma Perspectiva de Progresso para a Engenharia da Linguagem” “Cada língua natural pressupõe, para o desenvolvimento e aplicação das

tecnologias para a linguagem humana, a existência de recursos específicos “(BRANCO, 2000, p. 47).

14 [Há que considerar que alguns trabalhos, preferencialmente os da área médica, são normatizados pela Metodologia de Vancouver, que também fundamenta a maioria das teses de doutoramento, de diferentes áreas do conhecimento.]

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A G

J Esquema: é a síntese de um determinado texto ou idéia de um autor em tópicos explicativos,

ou seja, um esboço funcional. Estes tópicos se apresentam por meio de frases curtas e claras,

que podem vir numeradas, identificadas por letras ou símbolos organizadores. Tais tópicos

podem apresentar subtópicos arranjados através de chaves, colchetes e setas indicadoras,

que auxiliam na compreensão do texto, não existe também uma regulação da ABNT para este

trabalho. E, além de exercitar o poder de leitura e síntese do autor, assim como o fichamento,

pode ser um eficiente compilador de materiais para o desenvolvimento de uma pesquisa

maior. Exemplo: - Não há equipamento universal para a Engenharia da Linguagem. - Cada língua é única. - Os equipamentos utilizados para uma língua X não se adequarão as outras. - Uso de metodologias e recursos de base} exigência internacional.

Há ainda outra forma de se utilizar o esquema. Trata-se de um importante recurso, que deve

ser incluído no final de um projeto de pesquisa. Nele, o pesquisador elaborará um Esquema do

Trabalho, que é uma espécie de esboço daquilo que ele pretende fazer em sua pesquisa. Este

Esquema orientará o pesquisador até a elaboração do texto final. Por se tratar de um esboço,

ele pode ser alterado durante o desenvolvimento da pesquisa. Assim, depois de concluído o

trabalho científico, este Esquema funcionará como seu Sumário. Exemplo: Educação da Mulher: a perpetuação da injustiça 1. INTRODUÇÃO 2. HISTÓRICO DO PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE 3. O PODER DA RELIGIÃO 3.1 O mito de Lilith/Eva 3.2 O mito da Virgem Maria 4. O PROCESSO DE EDUCAÇÃO 5. O PAPEL DA MULHER NA FAMÍLIA 5.1 A questão da maternidade 5.2 Direitos e deveres 5.3 A moral da família 5.4 Casamento: um bom negócio 5.5 A violência 6. UM CAPÍTULO MASCULINO 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 8. BIBLIOGRAFIA OU REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9. ANEXOS

Resumo: É uma síntese fiel das idéias, conceitos e fatos contidos no texto. Resumir não é

reproduzir frases do texto original, fazendo uma colagem de pedaços de texto. Quem resume

deve exprimir, com as próprias palavras, as idéias principais do texto, um exercício livre para

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A G

J todo estudioso. Portanto, não é possível resumir o que não foi compreendido. Existem, entre

outras possibilidades, duas classificações de resumos:

- Informativo: são as informações específicas contidas no documento. Neste texto pode-se

relatar sobre objetivos, métodos, resultados e conclusões. Sua precisão pode substituir a

leitura do documento original, ou, ao menos, esclarecer muito dele.

- Indicativo: são descrições gerais do documento, sem detalhar da obra analisada, sua

“imprecisão” pode funcionar como elemento de convite e provocação de leitura da obra.

O exemplo que segue, se enquadra mais na categoria de informativo: Resumo de parte do artigo, “Uma Perspectiva de Progresso para a Engenharia da Linguagem”, de António H. Branco Não existe equipamento universal para a Engenharia da Linguagem, pois cada língua necessita uma aplicação específica. Os equipamentos desenvolvidos para uma língua X, não se aplicarão as outras. É preciso desenvolver pelo menos algumas metodologias e recursos de base para atender práticas e exigências internacionais.

No caso de um resumo, em que o resumidor é o próprio autor do trabalho (artigo científico,

relatório técnico-científico, monografia, dissertação e tese), este seguirá algumas normas

institucionais e estabelecidas pela (ABNT), além do que, o autor e somente ele poderá

desenvolver este resumo. Outra informação sobre este gênero textual está na obrigatoriedade,

em alguns dos trabalhos científicos, de se apresentar um resumo também em língua

estrangeira, assim proposto:

- Resumo em Língua Portuguesa: Texto (e não tópicos) que represente um resumo conciso do

trabalho. Não deve ultrapassar 500 palavras. É um item obrigatório.

- Resumo em Língua Estrangeira: Tradução, para o inglês, espanhol ou francês, do resumo

em língua portuguesa. É um item obrigatório.

Resenha: É uma síntese analítica que implica em comentários, posicionamentos, avaliações

do resenhador sobre o texto. A resenha pode tomar, de acordo com a capacidade do autor, a

destinação, os objetivos e orientação do trabalho, um perfil puramente escolar/acadêmico, ou

ainda um perfil científico, inclusive passível de publicação, em veículos especializados. Sendo

assim, classicamente a resenha apresenta-se sob dois contornos, que na prática se integram:

- descritiva: busca construir imagens e detalhes do texto, uma vez que o autor utiliza

principalmente elementos descritivos para passar seus pontos de vista.

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A G

J - crítica: é pontuada de apreciações, notas, valorações e comparações estabelecidas pelo

juízo crítico do resenhador. Veja o exemplo: Os aparatos da Engenharia da Linguagem

-resenha crítica- De acordo com Branco (2000), em seu artigo “Uma Perspectiva de Progresso para a Engenharia da Linguagem”, aqui resenhado, não há equipamentos da Engenharia da Linguagem, ramo novo e promissor da área, que possam atender o estudo de todas as línguas naturais. Os idiomas, evolutivos e complexos, apresentam características próprias que não os universaliza. São tantas e complexas peculiaridades, que só se pode pensar na elaboração de métodos de base ajustáveis a alguns.

A resenha pode passar de uma simples atividade acadêmico/escolar, a um texto científico,

passível, inclusive, de publicação em revistas especializadas. Para tanto, ela deverá seguir

orientações institucionais e da (ABNT), que vão definir critérios metodológicos, conteudísticos

e de formatação.

Relatório de estágio: Documento que contém relato completo e objetivo do cumprimento de

estágio, ou ainda de alguma outra tarefa acadêmica. Ele apresenta as experiências vividas,

programas desenvolvidos, objetivos propostos e alcançados e observações técnicas

realizadas, além de outras informações relevantes sobre a experiência individual ou de grupo.

Ao relator, o autor deve priorizar a utilização dos verbos no pretérito e expressões descritivas.

Este tipo de trabalho deve ser executado, segundo orientação da (ABNT), que o diferencia do

Relatório Técnico-científico, um tipo de texto geralmente mais denso, que não só atende aos

interesses e necessidades acadêmicas, mas também, profissionais.

3. Textos acadêmicos com perfil científico

Há, dentro das Academias, alguns trabalhos com inerentes contornos científicos,

como, por exemplo, o artigo científico, o projeto de pesquisa, a monografia, a dissertação, a

tese, entre outros. Estes se distanciam dos trabalhos puramente acadêmicos, uma vez que

são, totalmente, compromissados com as exigências da ciência, tanto nos aspectos

metodológicos, quanto na formulação de um marco teórico denso e considerável, além da

adoção de uma estrutura formal pertinente ao tipo de pesquisa realizada. Para estas

atividades, o princípio básico e preliminar da delimitação ou recorte do tema, fará toda a

diferença no desenvolvimento da pesquisa. Isto porque, não se faz um bom trabalho científico,

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A G

J com a pretensão de tentar abarcar a totalidade e/ou a generalidade do assunto selecionado.

Uma boa investigação dispensa a horizontalidade do tema, para mergulhar na verticalidade,

que aprofunda com o olhar voltado para um objeto bem definido. Vejamos no exemplo abaixo,

como a eliminação de subtemáticas, faz do exercício da delimitação, um forte aliado ao

desenvolvimento coeso e coerente de um tema:

(FURASTÉ, 2010:24)

Projeto ou pré-projeto: Texto que apresenta o plano previamente traçado para ações de

determinado trabalho, que será desenvolvido posteriormente. Para a ABNT é a “descrição da

estrutura de um empreendimento ou trabalho a ser executado, é uma das fases da pesquisa”.

São indispensáveis neste tipo de texto algumas subdivisões que se organizam também em

partes pré-textuais, textuais e pós-textuais. A diferença, que nos projetos, as partes/capítulos

(seções) textuais devem ser apresentadas na sequência, sem abrir uma lauda nova para cada

uma. Observe como se apresenta uma página de projeto de pesquisa:

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A G

J

(FURASTÉ, 2010: 212)

Elementos pré-textuais *Capa – Traz a identificação completa da instituição, da autoria, do título, do local e da data;

(opcional)

*Lombada – é o dorso do projeto (livro), quando se apresenta encadernado em capa dura, e

traz algumas referências ao trabalho; (opcional)

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A G

J *Folha de rosto – Revela a identificação da autoria, do título, e traz também uma síntese do

trabalho - tema, disciplina, finalidade e orientação – além, do local e da data;

*Listas – abreviações, imagens entre outras; (opcional)

*Sumário ou índice – Apresenta, de modo organizado e crescente, todas as partes do projeto

em suas respectivas páginas no trabalho; (obrigatório)

Elementos Textuais

*Introdução – É a parte em que o autor fala um pouco de sua formação acadêmica e

profissional, de seus primeiros contatos com o tema (objeto da pesquisa), dos motivos que o

levaram a escolhê-lo, e, de modo geral, se for o caso, do tempo previsto para realizá-lo, além

do custo estimado do projeto; (opcional) *Desenvolvimento – representa a base do projeto, parte em que se relatam todos os

pormenores do trabalho a ser desenvolvido; (obrigatório)

Elementos do desenvolvimento

No desenvolvimento do projeto, ou seja, no corpo do texto (corpus), devem

constar os seguintes elementos, numerados, ou não, em seqüência única,

sem abrir nova página para cada um deles.

*Tema – é a identificação clara e objetiva do assunto a ser desenvolvido; (obrigatório) *Delimitação – É a relação de corte temático até chegar no tema específico do trabalho

pretendido (objeto da pesquisa); (opcional)

*Problema – Mostra a questão ou as questões que serão exploradas a partir da delimitação do

tema. Devem ser formulados alguns questionamentos ou dúvidas que levam o autor(a) a

discutir, debater e propor soluções relevantes para a área do conhecimento, sobre o tema

(objeto). Para se desenvolver um projeto é fundamental que se busque problemas ou dúvidas,

sem os quais não há pesquisa a ser feita; (obrigatório)

*Hipóteses – são premissas estabelecidas sobre o tema, que remetem às possíveis respostas

ao problema colocado. Elas podem ser constatadas ou não no final da pesquisa, e devem ser

divididas de acordo com a complexidade do trabalho; (obrigatória)

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A G

J *Objetivos: É a definição, com precisão e clareza, das metas, propósitos e resultados

concretos a que se pretende chegar, podem ser:

Geral – É o fim, último e principal resultado, que se pretende alcançar. Para se

chegar a ele, pode-se desmembrá-lo, traçando outros;

Específico – Eles são instrumentais ou métodos para se chegar ao objetivo

geral e fornecem uma visão embasadora para o próprio tema; (obrigatórios)

*Justificativa – Revela as explicações detalhadas e a apresentação dos motivos que levaram à

decisão de se abordar este tema dentro do universo acadêmico. Nesta se explicita porque o

trabalho é relevante e valoroso para o autor, para a sua área de atuação e até mesmo para a

sociedade. Uma justificativa bem feita é de suma importância, pois garante a adesão de

pessoas, de recursos operacionais e até financeiros para o projeto; (obrigatória) *Referencial teórico – Trata-se da apresentação dos argumentos de autoridade, ou seja, um

corpus de teorias e teóricos, que fundamentarão o trabalho. Tratam-se dos pressupostos que

darão suporte científico ao trabalho; (obrigatório)

*Metodologia (tipo de pesquisa) – É a especificação do tipo de método de pesquisa que o

autor utilizará, como por exemplo: quantitativa, qualitativa, bibliográfica, de campo, estudo de

caso, amostragem, recursos, etc. Todo o encaminhamento metodológico vai depender do

tema, do tipo e da área de conhecimento da pesquisa; (obrigatória) *População e amostra – quando o objeto e o tipo da pesquisa exigirem; (opcional) *Recursos – quando o objeto e o tipo de pesquisa exigirem; (opcional)

*Cronograma – Define a distribuição das tarefas e etapas que permitirá um aproveitamento

racional e lógico da disponibilidade de tempo para a realização da pesquisa. Estabelecem-se

datas para leituras, entrevistas, redação, revisão e entrega; (obrigatório)

Elementos pós-textuais

*Anexos – Apresenta ao leitor informações extras como: fotos, gráficos, pesquisas de campo,

mapas entre outros. Estes devem ser mencionados no Desenvolvimento do projeto, remetendo

o leitor aos anexos através de identificação numérica; (opcional)

*Referências bibliográficas – Trazem todas as fontes de pesquisa mencionadas no projeto:

livros, documentos, revistas, jornais, sites entre outros, que devem ser mencionados segundo

critérios estabelecidos pela ABNT. (obrigatória) Atenção! Não há Considerações Finais ou Conclusões em projetos de pesquisa.

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A G

J Artigo científico: Trata-se de um texto para ser publicado em revistas científicas com autoria

declarada, que apresenta, discute e analisa idéias, métodos, técnicas, processos e resultados

nas mais diversas áreas do conhecimento. Este texto segue as normas da (ABNT), mas

normalmente cada revista adota alguns critérios próprios no tocante aquelas orientações, que

ela oferece mais de uma opção de registro, como exemplo, cito: registro de nota de

esclarecimento, que pode vir tanto no pé da página, quanto no final do artigo; à utilização de

resumos em língua materna e em outro idioma, como: inglês, espanhol e francês; citações;

referências; número de laudas; fontes e espaçamento, entre outros.

Monografia: É um documento constituído de uma só parte (seção) de desenvolvimento ou de

um número preestabelecido de partes que se complementam. É amplamente utilizado para

apresentar as impressões e comentários dos acadêmicos e pós-acadêmicos sobre um ou mais

temas ligados a determinado conteúdo das diferentes áreas de atuação profissional. No caso

das pós-graduações (lato sensu15), ele visa à obtenção do título de Especialista. Este texto é

dividido em várias partes16, que organizam e detalham o trabalho. Estas partes se apresentam

assim: Elementos pré-textuais *Capa *Lombada *Folha de rosto *Ficha catalográfica *Errata (opcional) *Folha de Aprovação *Dedicatória (opcional) *Agradecimentos (opcional) *Epígrafe (opcional) *Resumo em língua vernácula *Resumo em língua estrangeira *Listas (opcional) *Sumário ou índice Elementos textuais *Introdução *Desenvolvimento (em seções e subseções) *Conclusão ou considerações finais Elementos pós-textuais

15 [São cursos com possibilidade de pesquisas mais amplas, são ainda mais curtos, com exigência científica e regulamentações mais flexíveis, por isto, oferecidos em larga escala em todo território nacional.] 16 [Cada um destes elementos do trabalho deve apresentar- se organizado em uma nova folha.]

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A G

J * Bibliografia ou referência bibliográfica

* Anexos (opcional)

Dissertação: É o texto que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição

de um estudo científico anterior, de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o

objetivo de reunir, analisar, interpretar informações. O texto deve evidenciar o conhecimento

de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização autônoma. É um

trabalho feito sob a coordenação de um orientador (obrigatoriamente um Doutor) e visa a

obtenção do título de Mestre, e é um curso stricto sensu17. Formalmente suas partes (seções)

estruturais são como as de uma monografia.

Tese: Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de

uma pesquisa científica de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em

investigação original (proposição de uma teoria ou prática, que configurem uma tese),

constituindo-se em real contribuição para a área do conhecimento em questão. É feito sob a

coordenação de um orientador (obrigatoriamente um Doutor –com mais de 3 anos de

titulação– Livre Docente ou Pós-doutor) e objetiva a conquista do título de Doutor.

Formalmente suas partes (seções) estruturais são como as de uma monografia.

4. Recursos linguísticos para o trabalho acadêmico e científico

Paráfrase: consiste em retomar o pensamento de algum teórico, reelaborando as idéias

originais com as pessoais, tornando o texto tão autônomo, que o distancia sobremaneira do

texto fundador. Na paráfrase18 não são mencionadas as palavras do autor, por isto não é

necessária a utilização das aspas, ou mesmo, a menção ao nome do estudioso.

Citação indireta: trata-se de uma referência menos literal ás idéias de algum teórico, na qual se

menciona o autor, mas não se copia seu texto, conforme se conforma em suas idéias e suas

posições pessoais. Há recomendações da (ABNT) para este procedimento.

17 [São cursos com possibilidades de pesquisas restritas e bem delimitadas, São ainda, mais longos, com grande exigência científica e com temas efetivamente relevantes para a área. Por isto, a oferta é pequena e os processos que selecionam os candidatos são complexos e difíceis. Eles formam mestres, doutores e pós-doutores e são ofertados prioritariamente pelas universidades federais do nosso país.] 18 [Furasté (2010:115) não faz uma distinção entre a paráfrase e a citação indireta, item no qual eu não concordo com ele. Neste aspecto, como pesquisadora de linguagens, prefiro adotar uma perspectiva lingüística, que aponta vários elementos diferenciadores dos dois recursos. Tal postura não é contrária a normas da (ABNT), que também não mencionam nenhuma incorreção para esta distinção].

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A G

J Citação direta: consiste em retomar na íntegra o pensamento ou idéia de alguém, utilizando as

mesmas palavras. Neste caso é necessário utilizar as aspas e mencionar o autor, a obra, a

data de publicação e a página, conforme determina a (ABNT).

Interpretação: consiste em explicar, explanar ou aclarar o sentido de uma palavra, frase ou

texto, buscando sua denotatividade.

Crítica: consiste em posicionamentos contrários e favoráveis, com maior carga de

subjetividade, buscando a conotatividade das palavras, frases ou textos, bem fundamentados.

Análise: consiste em explicar, esquadrinhar e examinar com minúcia o material estudado.

Argumentação: consiste em debater um assunto, examinar, investigar questionando,

defendendo e/ou impugnando.

Intertextualidade: consiste em retomar outros autores, textos, personalidades e fatos históricos

que são conhecidos. Este recurso vai, além de intensificar argumentos, valorizar o texto.

Notas de esclarecimento: é um tipo de recurso utilizado em trabalhos acadêmicos para

explicar, avaliar, questionar ou mesmo fazer recomendações bibliográficas, que romperiam a

coesão textual, caso estivessem no corpus da pesquisa. Elas podem vir de duas maneiras: no

roda-pé da página, ou no final do texto, antes da bibliografia. A (ABNT) regulamenta, como

outros, este recurso, mas as instituições têm autonomia para determinar seu formato.

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