a quimica dos alimentos

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS ___________________________________________________________________________ RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO (CONSEPE) N°. 19/2009 Dispõe sobre o Projeto Pedagógico do Curso de Nutrição, Campus de Palmas. O Egrégio Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão Consepe, da Fundação Universidade Federal do Tocantins UFT, reunido em sessão no dia 25 de junho de 2009, no uso de suas atribuições legais e estatutárias, RESOLVE: Art. 1º. Aprovar o Projeto Pedagógico do Curso de Nutrição, no Campus de Palmas. Art. 2º. Esta Resolução entra em vigor a partir desta data. Palmas, 25 de junho de 2009. Prof. Alan Barbiero Presidente cps

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A química dos alimentos

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  • SERVIO PBLICO FEDERAL

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

    ___________________________________________________________________________

    RESOLUO DO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSO (CONSEPE)

    N. 19/2009

    Dispe sobre o Projeto Pedaggico do Curso de

    Nutrio, Campus de Palmas.

    O Egrgio Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso Consepe, da Fundao

    Universidade Federal do Tocantins UFT, reunido em sesso no dia 25 de junho de 2009, no uso

    de suas atribuies legais e estatutrias,

    RESOLVE:

    Art. 1. Aprovar o Projeto Pedaggico do Curso de Nutrio, no Campus de Palmas.

    Art. 2. Esta Resoluo entra em vigor a partir desta data.

    Palmas, 25 de junho de 2009.

    Prof. Alan Barbiero

    Presidente

    cps

  • 2

    SERVIO PBLICO FEDERAL

    FUNDAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

    Campus Universitrio de Palmas

    PROJETO PEDAGGICO DO CURSO DE GRADUAO EM NUTRIO

    Palmas (TO), abril de 2009.

  • 3

    SERVIO PBLICO FEDERAL

    FUNDAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

    Campus Universitrio de Palmas

    PROJETO PEDAGGICO DO CURSO DE GRADUAO EM NUTRIO

    Palmas, abril de 2009.

  • 4

    SERVIO PBLICO FEDERAL

    FUNDAO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

    Administrao Superior

    Dr. Alan Barbiero

    Reitor

    Dr. Jos Expedito Cavalcante

    Vice-reitor

    Msc. Ana Lcia de Medeiros

    Pr-reitoria de Administrao

    Dra. Isabel Cristina Auler Pereira

    Pr-reitoria de Graduao

    Dr. Mrcio Antnio da Silveira

    Pr-reitoria de Pesquisa e Ps-graduao

    Msc. Marluce Zacariotti

    Pr-reitoria de Extenso, Cultura e Assuntos Comunitrios

    Dr. Pedro Albeirice da Rocha

    Pr-reitoria de Assuntos Estudantis

    Msc. Rafael Jos de Oliveira

    Pr-reitoria de Avaliao e Planejamento

  • 5

    Sumrio

    1. CONTEXTO INSTITUCIONAL .............................................................................................. 7

    1.1 Histrico da Universidade Federal do Tocantins - UFT ................................................ 7 1.2 A UFT no Contexto Regional e Local ................................................................................. 9

    1.3 Perfil Institucional .............................................................................................................. 11

    1.4. Misso institucional ........................................................................................................... 12

    1.5. Estrutura Organizacional ................................................................................................. 15

    1.5.1. Os Campi e os respectivos cursos.............................................................................. 16

    2. CONTEXTUALIZAO DO CURSO .................................................................................. 17

    2.1. Nome do Curso .................................................................................................................. 17

    2.2. Modalidade do curso ......................................................................................................... 17

    2.3. Endereo do Curso ............................................................................................................ 17

    2.5. Turno de Funcionamento ................................................................................................. 17

    2.6. Direo do Campus ........................................................................................................... 17

    2.7 Coordenador(a) de Curso/rea ........................................................................................ 23

    Maria Vilian Ferreira de Queiroz ........................................................................................... 23

    2.8 Relao Nominal dos Membros do Colegiado ................................................................. 23

    2.9 Comisso de elaborao do PPC ....................................................................................... 23

    2.10. Histrico do curso: sua criao e trajetria .................................................................. 24

    3. BASES CONCEITUAIS DO PROJETO PEDAGGICO INSTITUCIONAL .................. 30

    3.1. Fundamentos do Projeto Pedaggico dos cursos da UFT ............................................. 33

    3.2. A construo de um currculo interdisciplinar: caminhos possveis ............................ 34

    3.3. Desdobrando os ciclos e os eixos do projeto .................................................................... 41

    3.4. A interdisciplinaridade na matriz curricular do curso .................................................. 42

    3.5. Formas de Ingresso e Mobilidade entre os Cursos ......................................................... 44

    4. ORGANIZAO DIDTICO-PEDAGGICA ................................................................... 45

    4.1. Administrao Acadmica ................................................................................................ 45

    4.2. Coordenao Acadmica .................................................................................................. 46

    4.3. Projeto Acadmico do Curso ............................................................................................ 46

    4.3.1. Justificativa ................................................................................................................. 46

    4.3.2. Objetivo da rea de conhecimento do Curso ........................................................... 50

    4.3.3. Objetivos geral e especficos do Curso ..................................................................... 51

    4.3.4. Perfil profissiogrfico ................................................................................................. 52

    4.3.5. Competncias, atitudes e habilidades ....................................................................... 52

    4.3.6. Campo de atuao profissional ................................................................................. 55

    4.3.7. Organizao Curricular ............................................................................................ 56

    4.3.7.1. Proposta curricular ............................................................................................. 58

    4.3.7.2. Estrutura Curricular .......................................................................................... 58

    4.3.7.3. reas Curriculares .............................................................................................. 61

    4.3.7.3.1. Matriz Curricular do Ciclo de Formao Geral ....................................... 73

    4.3.7.3.2. Matriz Curricular do Ciclo de Formao Especfica ................................ 78

  • 6

    4.3.7.4 - Ementrio ........................................................................................................... 82

    4.3.9. Interface com programas de fortalecimento do ensino: Monitoria, PET e demais

    programas de melhoria da graduao .............................................................................. 119

    4.3.10. Interface com as Atividades Complementares .................................................... 119

    4.3.11. Prtica profissional e Estgio Supervisionado.................................................... 120

    4.3.12. Trabalho de Concluso de Curso .......................................................................... 120

    4.3.13. Avaliao da Aprendizagem, do Curso e da Instituio .................................... 120

    5. CORPO DOCENTE, CORPO DISCENTE E COROPO TCNICO-ADMINISTRATIVO

    ...................................................................................................................................................... 127

    5.1. Formao acadmica e profissional do corpo docente ................................................. 127

    5.2. Regime de trabalho ......................................................................................................... 128

    5.3. Ncleo Docente Estruturante ......................................................................................... 128

    5.4. Formao e experincia profissional do corpo tcnico-administrativo ...................... 128

    6. INSTALAES FSICAS E LABORATRIOS ................................................................ 128

    6.1. Laboratrios .................................................................................................................... 128

    6.1.1. Laboratrios especializados .................................................................................... 129

    6.2. Biblioteca .......................................................................................................................... 135

    6.3 Instalaes e equipamentos complementares ............................................................. 136 6.4 - rea de lazer e circulao ............................................................................................. 137

    6.5. Recursos audiovisuais ..................................................................................................... 138

    6.6. Acessibilidade para portadores de necessidades especiais .......................................... 138

    6.7. Sala de Direo do Campus e da Coordenao do Curso ........................................... 139

    REFERNCIAS ......................................................................................................................... 139

    ANEXOS ..................................................................................................................................... 141

    REGIMENTO DO CURSO DE NUTRIO .......................................................................... 141

    REGULAMENTO DO ESTGIO CURRICULAR OBRIGATRIO E NO-OBRIGATRIO DO CURSO DE

    NUTRIO ................................................................................................................................ 146

    REGULAMENTO DE TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO DE NUTRIO ..... 152

    MANUAL DE BIOSSEGURANA .......................................................................................... 169

    CURRICULUM VITAE LATTES DO CORPO DOCENTE ................................................. 174

  • 7

    1. CONTEXTO INSTITUCIONAL

    1.1 Histrico da Universidade Federal do Tocantins - UFT

    A Fundao Universidade Federal do Tocantins (UFT), instituda pela Lei 10.032, de 23

    de outubro de 2000, vinculada ao Ministrio da Educao, uma entidade pblica destinada

    promoo do ensino, pesquisa e extenso, dotada de autonomia didtico-cientfica, administrativa

    e de gesto financeira e patrimonial, em consonncia com a legislao vigente. Embora tenha

    sido criada em 2000, a UFT iniciou suas atividades somente a partir de maio de 2003, com a

    posse dos primeiros professores efetivos e a transferncia dos cursos de graduao regulares da

    Universidade do Tocantins, mantida pelo estado do Tocantins.

    Em abril de 2001, foi nomeada a primeira Comisso Especial de Implantao da

    Universidade Federal do Tocantins pelo Ministro da Educao, Paulo Renato, por meio da

    Portaria de n 717, de 18 de abril de 2001. Essa comisso, entre outros, teve o objetivo de

    elaborar o Estatuto e um projeto de estruturao com as providncias necessrias para a

    implantao da nova universidade. Como presidente dessa comisso foi designado o professor

    doutor Eurpedes Vieira Falco, ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    Em abril de 2002, depois de dissolvida a primeira comisso designada com a finalidade de

    implantar a UFT, uma nova etapa foi iniciada. Para essa nova fase, foi assinado em julho de

    2002, o Decreto de n 4.279, de 21 de junho de 2002, atribuindo Universidade de Braslia

    (UnB) competncias para tomar as providncias necessrias para a implantao da UFT. Para

    tanto, foi designado o professor Doutor Lauro Morhy, na poca reitor da Universidade de

    Braslia, para o cargo de reitor pr-tempore da UFT. Em julho do mesmo ano, foi firmado o

    Acordo de Cooperao n 1/02, de 17 de julho de 2002, entre a Unio, o Estado do Tocantins, a

    Unitins e a UFT, com intervenincia da Universidade de Braslia, com o objetivo de viabilizar a

    implantao definitiva da Universidade Federal do Tocantins. Com essas aes, iniciou-se uma

    srie de providncias jurdicas e burocrticas, alm dos procedimentos estratgicos que

    estabelecia funes e responsabilidades a cada um dos rgos representados.

  • 8

    Com a posse aos professores, foi desencadeado o processo de realizao da primeira

    eleio dos diretores de campi da Universidade. J finalizado o prazo dos trabalhos da comisso

    comandada pela UnB, foi indicado uma nova comisso de implantao pelo Ministro Cristvam

    Buarque. Nessa ocasio, foi convidado para reitor pr-tempore o professor Doutor Srgio Paulo

    Moreyra, que poca era professor titular aposentado da Universidade Federal de Gois (UFG) e

    tambm, assessor do Ministrio da Educao. Entre os membros dessa comisso, foi designado,

    por meio da Portaria de n 002/03 de 19 de agosto de 2003, o professor mestre Zezuca Pereira da

    Silva, tambm professor titular aposentado da UFG para o cargo de coordenador do Gabinete da

    UFT.

    Essa comisso elaborou e organizou as minutas do Estatuto, Regimento Geral, o processo

    de transferncia dos cursos da Universidade do Estado do Tocantins (UNITINS), que foi

    submetido ao Ministrio da Educao e ao Conselho Nacional de Educao (CNE). Criou as

    comisses de Graduao, de Pesquisa e Ps-graduao, de Extenso, Cultura e Assuntos

    Comunitrios e de Administrao e Finanas. Preparou e coordenou a realizao da consulta

    acadmica para a eleio direta do Reitor e do Vice-Reitor da UFT, que ocorreu no dia 20 de

    agosto de 2003, na qual foi eleito o professor Alan Barbiero. No ano de 2004, por meio da

    Portaria n 658, de 17 de maro de 2004, o ministro da educao, Tarso Genro, homologou o

    Estatuto da Fundao, aprovado pelo Conselho Nacional de Educao (CNE), o que tornou

    possvel a criao e instalao dos rgos Colegiados Superiores, como o Conselho Universitrio

    (CONSUNI) e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso (CONSEPE).

    Com a instalao desses rgos foi possvel consolidar as aes inerentes eleio para

    Reitor e Vice-Reitor da UFT conforme as diretrizes estabelecidas pela lei n. 9.192/95, de 21 de

    dezembro de 1995, que regulamenta o processo de escolha de dirigentes das instituies federais

    de ensino superior por meio da anlise da lista trplice.

    Com a homologao do Estatuto da Fundao Universidade Federal do Tocantins, no ano

    de 2004, por meio do Parecer do (CNE/CES) n041 e Portaria Ministerial n. 658/2004, tambm

    foi realizada a convalidao dos cursos de graduao e os atos legais praticados at aquele

    momento pela Fundao Universidade do Tocantins (UNITINS). Por meio desse processo, a UFT

    incorporou todos os cursos e tambm o curso de Mestrado em Cincias do Ambiente, que j era

  • 9

    ofertado pela Unitins, bem como, fez a absoro de mais de oito mil alunos, alm de materiais

    diversos como equipamentos e estrutura fsica dos campi j existentes e dos prdios que estavam

    em construo.

    A histria desta Instituio, assim como todo o seu processo de criao e implantao,

    representa uma grande conquista ao povo tocantinense. , portanto, um sonho que vai aos poucos

    se consolidando numa instituio social voltada para a produo e difuso de conhecimentos,

    para a formao de cidados e profissionais qualificados, comprometidos com o desenvolvimento

    social, poltico, cultural e econmico da Nao.

    1.2 A UFT no Contexto Regional e Local

    O Tocantins se caracteriza por ser um Estado multicultural. O carter heterogneo de sua

    populao coloca para a UFT o desafio de promover prticas educativas que promovam o ser

    humano e que elevem o nvel de vida de sua populao. A insero da UFT nesse contexto se d

    por meio dos seus diversos cursos de graduao, programas de ps-graduao, em nvel de

    mestrado, doutorado e cursos de especializao integrados a projetos de pesquisa e extenso que,

    de forma indissocivel, propiciam a formao de profissionais e produzem conhecimentos que

    contribuem para a transformao e desenvolvimento do estado do Tocantins.

    A UFT, com uma estrutura multicampi, possui 7 (sete) campi universitrios localizados

    em regies estratgicas do Estado, que oferecem diferentes cursos vocacionados para a realidade

    local. Nesses campi, alm da oferta de cursos de graduao e ps-graduao que oportunizam

    populao local e prxima o acesso educao superior pblica e gratuita, so desenvolvidos

    programas e eventos cientfico-culturais que permitem ao aluno uma formao integral. Levando-

    se em considerao a vocao de desenvolvimento do Tocantins, a UFT oferece oportunidades de

    formao nas reas das Cincias Sociais Aplicadas, Humanas, Educao, Agrrias, Cincias

    Biolgicas e da Sade.

    Os investimentos em ensino, pesquisa e extenso na UFT buscam estabelecer uma

    sintonia com as especificidades do Estado demonstrando, sobretudo, o compromisso social desta

  • 10

    Universidade para com a sociedade em que est inserida. Dentre as diversas reas estratgicas

    contempladas pelos projetos da UFT, merecem destaque s relacionadas a seguir:

    As diversas formas de territorialidades no Tocantins merecem ser conhecidas. As

    ocupaes do estado pelos indgenas, afro-descendentes, entre outros grupos, fazem parte dos

    objetos de pesquisa. Os estudos realizados revelam as mltiplas identidades e as diversas

    manifestaes culturais presentes na realidade do Tocantins, bem como as questes da

    territorialidade como princpio para um ideal de integrao e desenvolvimento local.

    Considerando que o Tocantins tem desenvolvido o cultivo de gros e frutas e investido na

    expanso do mercado de carne aes que atraem investimentos de vrias regies do Brasil, a

    UFT vem contribuindo para a adoo de novas tecnologias nestas reas. Com o foco ampliado,

    tanto para o pequeno quanto para o grande produtor, busca-se uma agropecuria sustentvel, com

    elevado ndice de exportao e a conseqente qualidade de vida da populao rural.

    Tendo em vista a riqueza e a diversidade natural da Regio Amaznica, os estudos da

    biodiversidade e das mudanas climticas merecem destaque. A UFT possui um papel

    fundamental na preservao dos ecossistemas locais, viabilizando estudos das regies de

    transio entre grandes ecossistemas brasileiros presentes no Tocantins Cerrado, Floresta

    Amaznica, Pantanal e Caatinga, que caracterizam o Estado como uma regio de ectonos.

    O Tocantins possui uma populao bastante heterognea que agrupa uma variedade de

    povos indgenas e uma significativa populao rural. A UFT tem, portanto, o compromisso com a

    melhoria do nvel de escolaridade no Estado, oferecendo uma educao contextualizada e

    inclusiva. Dessa forma, a Universidade tem desenvolvido aes voltadas para a educao

    indgena, educao rural e de jovens e adultos.

    Diante da perspectiva de escassez de reservas de petrleo at 2050, o mundo busca fontes

    de energias alternativas socialmente justas, economicamente viveis e ecologicamente corretas.

    Neste contexto, a UFT desenvolve pesquisas nas reas de energia renovvel, com nfase no

    estudo de sistemas hbridos fotovoltaica/energia de hidrognio e biomassa, visando definir

    protocolos capazes de atender s demandas da Amaznia Legal.

    Tendo em vista que a educao escolar regular das Redes de Ensino emergente, no mbito

    local, a formao de profissionais que atuam nos sistemas e redes de ensino que atuam nas

    escolas do Estado do Tocantins e estados circunvizinhos.

  • 11

    1.3 Perfil Institucional

    De acordo com o Estatuto da Fundao Universidade Federal do Tocantins (arts. 1 e 2), a

    UFT uma entidade com personalidade jurdica de direito pblico, instituda pela Lei 10.032, de

    23 de outubro de 2000, vinculada ao Ministrio da Educao. uma entidade pblica destinada

    promoo do ensino superior, da pesquisa e da extenso, dotada de autonomia didtico-cientfica,

    administrativa e de gesto financeira e patrimonial, de acordo com a legislao vigente.

    A Universidade norteia-se pelos princpios estabelecidos no Estatuto e no Regimento,

    tais como:

    I. estimular a criao cultural e o desenvolvimento do esprito cientfico e do pensamento

    reflexivo;

    II. formar profissionais nas diferentes reas do conhecimento, aptos insero em setores

    profissionais e participao no desenvolvimento da sociedade brasileira, colaborando na

    sua formao contnua;

    III. incentivar o trabalho de pesquisa e investigao cientfica, visando ao desenvolvimento da

    cincia, da tecnologia e da criao e difuso da cultura, desenvolvendo-se, desse modo, o

    entendimento do homem e do meio em que vive;

    IV. promover a divulgao dos conhecimentos culturais, cientficos e tcnicos que constituem

    patrimnio da humanidade, bem como comunicar o saber por meio do ensino, de

    publicaes ou de outras formas de comunicao;

    V. suscitar o desejo permanente de aperfeioamento cultural e profissional e possibilitar a

    correspondente concretizao, integrando os conhecimentos que vo sendo adquiridos

    numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada gerao;

    VI. estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e

    regionais, prestar servios especializados comunidade e estabelecer com esta uma relao

    de reciprocidade;

    VII. promover a extenso de forma aberta participao da populao, visando difuso das

    conquistas e benefcios resultantes da criao cultural e da pesquisa cientfica e tecnolgica

    geradas na Instituio.

  • 12

    Com uma estrutura multicampi, a UFT distingue-se, nesse aspecto, das demais

    universidades federais do sistema de ensino superior do pas, que, em geral, so unicampi, com

    atividades concentradas num s espao urbano. Essa singularidade da UFT se expressa por sua

    atuao em sete campi, implantados em diferentes cidades (Araguana, Arraias, Gurupi,

    Miracema, Palmas, Porto Nacional e Tocantinpolis), com distncias que vo de 70 a 600 km da

    capital (Palmas).

    Dessa forma, as inter-relaes, o fluxo de informaes e as demandas infra-estruturais que

    se estabelecem ou que so necessrios administrao de um sistema multicampi, como o da

    UFT, diferem bastante do modelo tradicional de uma instituio centralizada em um s campus.

    Destacam-se, nesse aspecto, os requisitos maiores de descentralizao e a imposio de custos

    operacionais mais elevados.

    Com essa realidade acadmico-administrativa integrada num sistema multicampi, a UFT

    requer, para o seu funcionamento, uma estrutura complexa de grande porte, o que, por sua vez,

    gera custos operacionais especficos. Essa singularidade no pode ser desconsiderada quando se

    analisa a gesto oramentrio-financeira e acadmico-administrativa da Instituio.

    A UFT, com seus sete campi, tem uma dimenso que abrange todo o estado do Tocantins.

    a mais importante instituio pblica de ensino superior do estado, em termos de dimenso e

    desempenho acadmico.

    1.4. Misso institucional

    O Planejamento Estratgico - PE (2006 2010), o Projeto Pedaggico Institucional PPI

    (2007) e o Plano de Desenvolvimento Institucional - PDI (2007-2011), aprovados pelos

    Conselhos Superiores, definem que a misso da UFT Produzir e difundir conhecimentos

    visando formao de cidados e profissionais qualificados, comprometidos com o

    desenvolvimento sustentvel da Amaznia e, como viso estratgica Consolidar a UFT como

    um espao de expresso democrtica e cultural, reconhecida pelo ensino de qualidade e pela

    pesquisa e extenso voltadas para o desenvolvimento regional.

    Em conformidade com o Projeto Pedaggico Institucional - PPI (2007) e com vistas

    consecuo da misso institucional, todas as atividades de ensino, pesquisa e extenso da UFT, e

  • 13

    todos os esforos dos gestores, comunidade docente, discente e administrativa devero estar

    voltados para:

    o estmulo produo de conhecimento, criao cultural e ao desenvolvimento do esprito

    cientfico e reflexivo;

    a formao de profissionais nas diferentes reas do conhecimento, aptos insero em

    setores profissionais, participao no desenvolvimento da sociedade brasileira e colaborar

    para a sua formao contnua;

    o incentivo ao trabalho de pesquisa e investigao cientfica, visando ao desenvolvimento

    da cincia, da tecnologia e a criao e difuso da cultura, propiciando o entendimento do

    ser humano e do meio em que vive;

    a promoo da divulgao de conhecimentos culturais, cientficos e tcnicos que

    constituem o patrimnio da humanidade comunicando esse saber atravs do ensino, de

    publicaes ou de outras formas de comunicao;

    a busca permanente de aperfeioamento cultural e profissional e possibilitar a

    correspondente concretizao, integrando os conhecimentos que vo sendo adquiridos

    numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada gerao;

    o estmulo ao conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais

    e regionais; prestar servios especializados comunidade e estabelecer com esta uma

    relao de reciprocidade;

    a promoo da extenso aberta participao da populao, visando difuso das

    conquistas e benefcios resultantes da criao cultural, da pesquisa cientfica e tecnolgica

    geradas na Instituio.

    Como forma de orientar, de forma transversal, as principais linhas de atuao da UFT

    (PPI, 2007 e PE 2006-2010), foram eleitas quatro prioridades institucionais:

    a) Ambiente de excelncia acadmica: ensino de graduao regularizado, de qualidade

    reconhecida e em expanso; ensino de ps-graduao consolidado e em expanso; excelncia na

    pesquisa, fundamentada na interdisciplinaridade e na viso holstica; relacionamento de

  • 14

    cooperao e solidariedade entre docentes, discentes e tcnico-administrativos; construo de

    um espao de convivncia pautado na tica, na diversidade cultural e na construo da cidadania;

    projeo da UFT nas reas: a) Identidade, Cultura e Territorialidade, b) Agropecuria,

    Agroindstria e Bioenergia, c) Meio Ambiente, e) Educao, f) Sade; desenvolvimento de uma

    poltica de assistncia estudantil que assegure a permanncia do estudante em situao de risco

    ou vulnerabilidade; intensificao do intercmbio com instituies nacionais e internacionais

    como estratgia para o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da ps-graduao.

    b) Atuao sistmica: fortalecimento da estrutura multicampi; cooperao e interao

    entre os campi e cursos; autonomia e sinergia na gesto acadmica e uso dos recursos;

    articulao entre as diversas instncias deliberativas; articulao entre Pr-Reitorias, Diretorias,

    Assessorias e Coordenadorias.

    c) Articulao com a sociedade: relaes com os principais rgos pblicos, sociedade

    civil e instituies privadas; preocupao com a eqidade social e com o desenvolvimento

    sustentvel regional; respeito pluralidade e diversidade cultural;

    d) Aprimoramento da gesto: desenvolvimento de polticas de qualificao e fixao de

    pessoal docente e tcnico-administrativo; descentralizao da gesto administrativa e

    fortalecimento da estrutura multicampi; participao e transparncia na administrao;

    procedimentos racionalizados e geis; gesto informatizada; dilogo com as organizaes

    representativas dos docentes, discentes e tcnicos administrativos; fortalecimento da poltica

    institucional de comunicao interna e externa.

    A UFT uma universidade multicampi, estando os seus sete campi universitrios

    localizados em regies estratgicas do Estado do Tocantins, o que propicia a capilaridade

    necessria para que possa contribuir com o desenvolvimento local e regional, contemplando as

    suas diversas vocaes e ofertando ensino superior pblico e gratuito em diversos nveis.

    Oferece, atualmente, 43 cursos de graduao presencial, um curso de Biologia a distncia,

    dezenas de cursos de especializao, 07 programas de mestrado: Cincias do Ambiente (Palmas,

    2003), Cincia Animal Tropical (Araguana, 2006), Produo Vegetal (Gurupi, 2006),

    Agroenergia (Palmas, 2007), Desenvolvimento Regional e Agronegcio (Palmas, 2007),

    Ecologia de Ectonos (Porto Nacional, 2007), mestrado profissional em Cincias da Sade

  • 15

    (Palmas, 2007). E, ainda, um Doutorado em Cincia Animal, em Araguaina; os minteres em

    Recursos Hdricos e Saneamento Ambiental (Palmas, parceria UFT\UFRGS), Arquitetura e

    Urbanismo (Palmas, parceria UFT\UnB), os dinteres em Histria Social (Palmas, parceria

    UFT/UFRJ), em Educao (Palmas, parceria UFT\UFG) e Produo Animal (Araguana, parceria

    UFT\UFG).

    1.5. Estrutura Organizacional

    Segundo o Estatuto da UFT, a estrutura organizacional da UFT composta por:

    Conselho Universitrio - CONSUNI: rgo deliberativo da UFT destinado a traar a

    poltica universitria. um rgo de deliberao superior e de recurso. Integram esse

    conselho o Reitor, Pr-reitores, Diretores de campi e representante de alunos, professores

    e funcionrios; seu Regimento Interno est previsto na Resoluo CONSUNI 003/2004.

    Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso CONSEPE: rgo deliberativo da UFT em

    matria didtico-cientfica. Seus membros so: Reitor, Pr-reitores, Coordenadores de

    Curso e representante de alunos, professores e funcionrios; seu Regimento Interno est

    previsto na Resoluo CONSEPE 001/2004.

    Reitoria: rgo executivo de administrao, coordenao, fiscalizao e superintendncia

    das atividades universitrias. Est assim estruturada: Gabinete do reitor, Pr-reitorias,

    Assessoria Jurdica, Assessoria de Assuntos Internacionais e Assessoria de Comunicao

    Social.

    Pr-reitorias: de Graduao; de Pesquisa e Ps-graduao, de Extenso e Cultura, de

    Administrao e Finanas; de Avaliao e Planejamento; de Assuntos Estudantis.

    Conselho do Diretor: o rgo dos campi com funes deliberativas e consultivas em

    matria administrativa (art. 26). De acordo com o Art. 25 do Estatuto da UFT, o Conselho

    Diretor formado pelo Diretor do campus, seu presidente; pelos Coordenadores de Curso;

    por um representante do corpo docente; por um representante do corpo discente de cada

    curso; por um representante dos servidores tcnico-administrativos.

  • 16

    Diretor de Campus: docente eleito pela comunidade universitria do campus para

    exercer as funes previstas no art. 30 do Estatuto da UFT e eleito pela comunidade

    universitria, com mandato de 4 (quatro) anos, dentre os nomes de docentes integrantes da

    carreira do Magistrio Superior de cada campus.

    Colegiados de Cursos: rgo composto por docentes e discentes do curso. Suas

    atribuies esto previstas no art. 37 do estatuto da UFT.

    Coordenao de Curso: o rgo destinado a elaborar e implementar a poltica de

    ensino e acompanhar sua execuo (art. 36). Suas atribuies esto previstas no art. 38 do

    estatuto da UFT.

    Considerando a estrutura multicampi, foram criadas sete unidades universitrias

    denominadas de campi universitrios.

    1.5.1. Os Campi e os respectivos cursos

    Campus Universitrio de Araguana: oferece os cursos de licenciatura em Matemtica,

    Geografia, Histria, Letras, Qumica, Fsica e Biologia, alm dos cursos de Medicina Veterinria

    e Zootecnia. Alm disso, disponibiliza os cursos tecnolgicos em Cooperativismo, Logstica e

    Gesto em Turismo; o curso de Biologia a distncia; o Doutorado e o Mestrado em Cincia

    Animal Tropical.

    Campus Universitrio de Arraias: oferece as licenciaturas em Matemtica, Pedagogia e

    Biologia (modalidade a distncia) e desenvolve pesquisas ligadas s novas tecnologias e

    educao, geometria das sub-variedades, polticas pblicas e biofsica.

    Campus Universitrio de Gurupi: oferece os cursos de graduao em Agronomia,

    Engenharia Florestal; Engenharia Biotecnolgica; Qumica Ambiental e a licenciatura em

    Biologia (modalidade a distncia). Oferece, tambm, o programa de mestrado na rea de

    Produo Vegetal.

    Campus Universitrio de Miracema: oferece os cursos de Pedagogia e Servio Social e

    desenvolve pesquisas na rea da prtica educativa.

  • 17

    Campus Universitrio de Palmas: oferece os cursos de Administrao; Arquitetura e

    Urbanismo; Cincias da Computao; Cincias Contbeis; Cincias Econmicas; Comunicao

    Social; Direito; Engenharia de Alimentos; Engenharia Ambiental; Engenharia Eltrica;

    Engenharia Civil; Medicina, as licenciaturas em Filosofia, Artes e Pedagogia. Disponibiliza,

    ainda, os programas de Mestrado em Cincias do Ambiente, Arquitetura e Urbanismo,

    Desenvolvimento Regional e Agronegcio, Recursos Hdricos e Saneamento Ambiental,

    Cincias da Sade.

    Campus Universitrio de Porto Nacional: oferece as licenciaturas em Historia,

    Geografia, Cincias Biolgicas e Letras e o mestrado em Ecologia dos ectonos.

    Campus Universitrio de Tocantinpolis: oferece as licenciaturas em Pedagogia e

    Cincias Sociais.

    2. CONTEXTUALIZAO DO CURSO

    2.1. Nome do Curso

    Curso de Nutrio

    2.2. Modalidade do curso

    Bacharelado

    2.3. Endereo do Curso

    Av: NS 15 ALC NO 14, 109 Norte, Caixa Postal 114 - 77001-090

    Palmas TO.

    Fone: (63) 3232- 8020 ou 8022 Fax: (63) 3232-8020

    2.4. Nmero de Vagas

    40 vagas por semestre

    2.5. Turno de Funcionamento

    Integral

    2.6. Direo do Campus

    Diretor do Campus de Palmas: Prof. Dr. Aurlio Pessa Picano.

  • 18

    As atribuies da Direo do Campus e do Conselho Diretor conforme o Regimento Geral

    da Universidade Federal do Tocantins de 2003, Cap. II Da Administrao das Unidades

    Universitrias, so as seguintes:

    Art. 25 - O Campus a unidade universitria responsvel pelas atividades de ensino, pesquisa e

    extenso, realizando a integrao acadmica, cientfica e administrativa de um conjunto de

    disciplinas, definido pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso, atravs de uma equipe

    docente nele lotada.

    Art. 26 - O Conselho Diretor rgo dos Campi de Ensino e Pesquisa com funes deliberativas

    e consultivas em matrias administrativas, no compreendidas nas atribuies dos rgos

    superiores.

    Art. 27 - Compete ao Conselho Diretor de Campus:

    I. coordenar o trabalho do pessoal docente, visando unidade e eficincia do ensino, pesquisa

    e extenso;

    II. encaminhar Diretoria de Planejamento e Oramento o plano de atividades elaborado para

    servir de base ao oramento do exerccio seguinte, indicando o cronograma financeiro de

    aplicao dos recursos previstos;

    III. tomar conhecimento do relatrio apresentado pelo Coordenador de Campus sobre as

    principais ocorrncias do plano anterior e do plano de atividades para o novo ano letivo;

    IV. encaminhar o nome do Coordenador eleito mais votado para nomeao pelo Reitor;

    V. solicitar, fundamentalmente, ao Conselho Universitrio, por votao de 2/3 (dois teros)

    dos respectivos membros, a destituio do Coordenador de Campus antes de findo o seu

    mandato;

    VI. elaborar e modificar o Regimento de Campus para aprovao final pelo Conselho

    Universitrio;

    VII. zelar pela observncia das normas relativas ao recrutamento, seleo e aproveitamento dos

    monitores de ensino;

    VIII. propor admisso de novos docentes, concesso de licenas e resciso de contratos;

    IX. adotar providncias para o constante aperfeioamento do seu pessoal docente;

  • 19

    X. implementar a aplicao de normas tendentes a permitir a avaliao quantitativa da carga

    docente e de pesquisa, a fim de deliberar sobre processos de ampliao ou de reduo do

    corpo docente;

    XI. organizar as comisses julgadoras dos concursos para provimento dos cargos de

    professores;

    XII. propor a atribuio do ttulo de Professor Emrito;

    XIII. atribuir encargos de ensino, pesquisa e extenso ao pessoal que o integre, respeitadas as

    especializaes, e elaborar a correspondente escala de frias, respeitando o calendrio de

    atividades da Universidade;

    XIV. adotar ou sugerir, quando for o caso, providncias de ordem didtica, cientfica e

    administrativa que julgar aconselhveis para o bom andamento dos trabalhos;

    XV. elaborar a lista de oferta das disciplinas de sua responsabilidade e aprovar os planos de

    ensino das diversas disciplinas, aps anuncia das Coordenaes de Cursos;

    XVI. sugerir os programas das disciplinas s Coordenaes de Cursos para homologao

    posterior pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso;

    XVII.fixar os pr-requisitos de cada disciplina, com aprovao do Conselho de Ensino, Pesquisa

    e Extenso;

    XVIII. propor a criao de novas disciplinas ou de servios especiais dentro dos critrios do

    Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso;

    XIX. endossar projetos de pesquisa e os planos dos cursos de especializao, aperfeioamento e

    extenso que se situem em seu mbito de atuao;

    XX. emitir parecer em assunto de sua competncia;

    XXI. exercer todas as atribuies que lhe sejam conferidas por este Regimento.

    Pargrafo nico - Das decises do Conselho Diretor caber recurso, no prazo mximo de 10

    (dez) dias, aos rgos Superiores.

    Art. 28 - O Regimento de Campus dispor sobre as condies de funcionamento do Conselho

    Diretor de Campus.

    Art. 29 - A criao, supresso, desdobramento ou fuso de Campi podero ser implementadas

    por sugesto das Pr-Reitorias de Graduao e Pesquisa e Ps-Graduao ao Conselho de Ensino

  • 20

    Pesquisa e Extenso, para manifestao e encaminhamento (ou no) de proposta ao Conselho

    Universitrio.

    Art. 30 - So atribuies do Diretor de Campus:

    I. administrar o Campus;

    II. representar o Campus perante os demais rgos da Universidade, quando esta

    III. apresentao no couber a outro membro do Campus por disposio regimental;

    IV. promover aes tendentes a assegurar coordenao, superviso e fiscalizao sobre todas

    as atividades do Campus, dentro das disposies legais, estatutrias e regimentais,

    respeitando-se, ainda, as determinaes dos rgos Superiores da Universidade;

    V. convocar e presidir as reunies do Conselho Diretor de Campus, delas participando com

    direito a voto, inclusive o de qualidade;

    VI. integrar o Conselho Universitrio;

    VII. encaminhar Reitoria, em tempo hbil, a proposta oramentria do Campus;

    VIII. apresentar Reitoria, aps conhecimento pelo Conselho Diretor de Campus, anualmente, o

    relatrio das atividades desenvolvidas;

    IX. delegar, dentro dos limites legalmente estabelecidos, atribuies ao seu substituto.

    Conforme o Regimento Geral da Universidade Federal do Tocantins de 2003, SEO I -

    Das Coordenaes e dos Colegiados de Cursos, as coordenaes de cursos (ou reas) so

    estruturadas a partir dos seguintes princpios:

    Art. 36 - As Coordenaes de Cursos so rgos destinados a elaborar e implementar a poltica

    de ensino e acompanhar sua execuo, ressalvada a competncia do Conselho de Ensino,

    Pesquisa e Extenso.

    Pargrafo nico - A representao do corpo discente ser de 1/5 (um quinto) do nmero de

    docentes dos colegiados de cursos que tem direito a voto e voz.

    Art. 37 - Compete aos Colegiados de Curso:

    I. propor ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso a organizao curricular dos cursos

    correspondentes, estabelecendo o elenco, o contedo e a seqncia das disciplinas que o

    formam, com os respectivos crditos;

  • 21

    II. propor ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso, respeitada a legislao vigente e o

    nmero de vagas a oferecer, o ingresso nos respectivos cursos;

    III. estabelecer normas para o desempenho dos professores orientadores para fins de

    matrcula;

    IV. opinar sobre os processos de verificao do aproveitamento adotados nas disciplinas que

    participem da formao dos cursos sob sua responsabilidade;

    V. fiscalizar o desempenho do ensino das disciplinas que se incluam na organizao

    curricular do curso coordenado;

    VI. conceder dispensa, adaptao, cancelamento de matrcula, trancamento ou adiantamento

    de inscrio e mudana de curso mediante requerimento dos interessados, reconhecendo,

    total ou parcialmente, cursos ou disciplinas j cursados com aproveitamento pelo

    requerente;

    VII. estudar e sugerir normas, critrios e providncias ao Conselho de Ensino, Pesquisa e

    Extenso, sobre matria de sua competncia;

    VIII. decidir os casos concretos, aplicando as normas estabelecidas;

    IX. propugnar para que os cursos sob sua superviso se mantenham atualizados;

    X. eleger o Coordenador e o Coordenador Substituto;

    XI. coordenar e supervisionar as atividades de estgio necessrias formao profissional dos

    cursos sob sua orientao.

    Art. 38 - Aos Coordenadores de Cursos (ou de reas) compete:

    I. representar sua Coordenao de Curso como membro do Conselho de Ensino, Pesquisa e

    Extenso;

    II. presidir os trabalhos da Coordenao de Curso;

    III. propor ao Coordenador do Campus a substituio do seu representante no

    IV. Conselho Diretor, nos termos do Regimento do Campus;

    V. responder, perante o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso, pela eficincia do

    planejamento e coordenao das atividades de ensino nos cursos sob a sua

    responsabilidade;

  • 22

    VI. expedir instrues referentes aos cursos;

    VII. representar contra medidas ou determinaes emanadas da Direo ou do

    VIII. Conselho Diretor que interfiram nos objetivos ou normas fixados para o curso pelo

    Colegiado.

    1 - Os Coordenadores de Cursos podero ter regime de trabalho de dedicao exclusiva,

    incluindo-se as atividades de ensino, pesquisa e extenso.

    2 - No impedimento do Coordenador, assumir a Coordenao o membro escolhido pelo

    colegiado.

    Art. 39 - O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso estabelecer o nmero e denominao das

    Coordenaes de Curso e, em cada caso, sua competncia quanto aos diferentes cursos mantidos

    pela Universidade.

    Pargrafo nico - Cursos de graduao, referentes a uma mesma rea de atividade ou

    conhecimento, sero coordenados, no plano didtico-cientfico, pela mesma Coordenao de

    Curso.

    Art. 40 As Coordenaes de Cursos sero escolhidas por eleio, atravs de voto secreto,

    procedida pelo colegiado de curso correspondente.

    Art. 41 - Ser de 2 (dois) anos o mandato do Coordenador de Curso, permitida apenas uma

    reconduo.

    Art. 42 Os Colegiados de Cursos reunir-se-o, ordinariamente, uma vez ao ms e,

    extraordinariamente, quando convocados pelos seus coordenadores, por 1/3 (um tero) de seus

    membros ou pelas Pr-Reitorias.

    Art. 43 - As deliberaes dos Colegiados de Cursos sero tomadas por votao, assistindo a

    qualquer de seus membros a faculdade de remeter o seu voto divergente ao Conselho de Ensino,

    Pesquisa e Extenso, no qual receber processamento como recurso.

    Art. 44 Os Colegiados de Cursos podero propor ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extenso

    a substituio de seus coordenadores, mediante a deliberao de 2/3 (dois teros) de seus

    integrantes.

  • 23

    2.7 Coordenador(a) de Curso/rea

    Maria Vilian Ferreira de Queiroz

    2.8 Relao Nominal dos Membros do Colegiado

    Prof Dr Marta Azevedo dos Santos

    Prof MSc. Villian Ferreira de Queiroz

    Conforme aprovado no Projeto de Reestruturao e Expanso da UFT, 38 professores

    sero concursados com vistas a constituir o quadro dos cursos da rea de Sade Enfermagem e

    Nutrio. Esses professores, em conjunto com os j concursados para o curso de Medicina,

    integraro a rea de Sade nesta IFES.

    rea 2009 2010 2011 2012 TOTAL

    Cincias da Sade

    07 10 07 14 38

    2.9 Comisso de elaborao do PPC

    A elaborao do Projeto Pedaggico do Curso de graduao em Nutrio iniciou-se em

    setembro de 2008, a partir de reunies regulares com a PROGRAD. Integram a comisso

    responsvel pela elaborao do PPC os seguintes membros:

    Prof Dr Marta Azevedo dos Santos

    Prof MSc. Villian Ferreira de Queiroz

    Prof Dr Gessi Carvalho de Arajo

    Prof MSc. Christine Ranier Gusman

    MSc. Clemilson da Silva ( Membro do NEST/UFT e professor da ETSUS )

    Dayana Aparecida Franco Tcnica administrativa - Graduao em Enfermagem

  • 24

    2.10. Histrico do curso: sua criao e trajetria

    Observamos na trajetria do cenrio mundial, a emergncia das mais diversas reas de

    atuao, dentre elas destacamos aqui, o campo da Nutrio, nos aspectos cientficos, poltico-

    social e profissional, sendo este ltimo aspecto fenmeno relativamente recente, caracterstico do

    incio do sculo XX. As condies histricas para a constituio deste campo cientfico,

    acumuladas ao longo da histria da humanidade, foram estimuladas a partir da revoluo

    industrial europia, culminando seu processo de construo com o advento da Primeira Guerra

    Mundial. Neste sentido, no perodo entre as duas Guerras Mundiais, tanto em pases da Europa

    (Inglaterra, Frana, Itlia, Alemanha, Dinamarca, entre outros), como da Amrica do Norte

    (Estados Unidos e Canad) e, posteriormente, da Amrica Latina (Argentina e Brasil), onde

    foram criados os primeiros centros de estudos e pesquisas, os primeiros cursos para formao de

    profissionais especialistas e as primeiras agncias condutoras de medidas de interveno em

    Nutrio.

    Na Amrica Latina, a emergncia da Nutrio foi fortemente influenciada pelo mdico

    argentino Pedro Escudero, criador do Instituto Nacional de Nutrio em 1926, da Escola

    Nacional de Dietistas em 1933 e do curso de mdicos dietlogos da Universidade de Buenos

    Aires. As concepes de Escudero sobre este campo do saber foram difundidas em toda a

    Amrica Latina, em funo, inclusive, da concesso anual a cada pas latino-americano de bolsas

    de estudos para a realizao de Cursos de Diettica no referido instituto. Assim, entre os

    primeiros brasileiros a estagiarem ou realizarem cursos promovidos por Escudero na Argentina,

    destacamos: Jos Joo Barbosa e Sylvio Soares de Mendona (curso de dietlogos); Firmina

    SantAnna e Lieselotte Hoeschl Ornellas (curso de dietistas) e Josu de Castro.

    No panorama brasileiro, a Nutrio emerge no decorrer dos anos 1930-1940, como parte

    integrante do projeto de modernizao da economia brasileira, conduzido pelo chamado Estado

    Nacional Populista. Entretanto, preciso registrar que, desde a segunda metade do sculo XIX, o

    saber sobre a alimentao da populao brasileira comeou a despontar de forma mais

    sistematizada, onde temos duas vertentes nutricionais que se confrontam e se complementam,

  • 25

    uma que estuda os aspectos nutricionais na sua dimenso bio-fisiolgica, e outra em seus

    aspectos psico-sociais.

    Desta forma, temos ao longo das dcadas de 1930/40, estas duas vertentes unificadas

    objetivando o processo de consolidao do campo da Nutrio no Brasil. Estes primeiros

    nutrlogos brasileiros logo iniciaram o processo de produo e difuso de estudos e pesquisas

    sobre composio qumica e valor nutricional de alimentos nacionais, sobre consumo e hbitos

    alimentares e sobre o estado nutricional da populao brasileira, procurando, desta maneira,

    garantir especificidade e legitimidade para esta nova rea do saber cientfico que se constitua no

    pas. Da mesma forma, sobretudo a partir da segunda metade dos anos 1930, passaram a

    evidenciar certa organicidade intelectual com o chamado Estado Populista, contribuindo para a

    formulao das primeiras medidas e instrumentos da Poltica Social de Alimentao e Nutrio,

    os quais comeavam a ser implantados no Brasil.

    Em relao ao processo de formao do nutricionista brasileiro, idealizado pela primeira

    gerao de mdicos nutrlogos, seu incio ocorreu na dcada de 1940, quando foram criados os

    quatro primeiros cursos do pas. As poucas anlises realizadas sobre este processo, em seu incio,

    apontam caractersticas histricas bastante especficas, apesar das influncias externas sofridas,

    tanto das escolas norte-americana e europias, como principalmente da escola argentina de Pedro

    Escudero.

    Conforme relatam alguns estudos, no Brasil segundo Vasconcelos (2002), este profissional

    surge dentro do setor da sade, tendo como objeto de trabalho a alimentao do homem no seu

    plano individual ou coletivo. Outras pesquisas, entretanto, indicam o surgimento simultneo do

    nutricionista no setor de administrao de servios de alimentao do trabalhador (nos

    restaurantes populares), onde, tendo por vontade e iniciativa governamental, buscando a

    legitimao social, dos aspectos nutricionais, constituindo-se em instrumento de alvio de tenses

    sociais. Ou seja, a nfase do processo de formao do nutricionista, neste primeiro momento, foi

    a capacitao de um profissional para atuao tanto em Nutrio Clnica (Dietoterapia), como em

    Alimentao Institucional (Alimentao Coletiva). Uma outra caracterstica especfica deste

    incio do processo de formao profissional foi quanto adoo da terminologia nutricionista.

    Em primeiro lugar, destaca-se que, nesta fase inicial, o profissional era formado dentro de um

    curso tcnico de nvel mdio e era chamado de dietista, a exemplo da formao e denominao

  • 26

    verificadas nos pases da Europa, EUA e Canad. Paulatinamente, os cursos brasileiros foram

    sofrendo alteraes, aproximando-se das caractersticas do curso do Instituto Nacional de

    Nutrio da Argentina, onde os egressos do curso de nutrio, profissional de nvel universitrio,

    apresentavam conhecimentos especficos de Nutrio, com funes e responsabilidades prprias

    de ateno diettica ao indivduo sadio ou enfermo, de forma individual ou coletiva.

    Nos anos 50 foram criados mais dois cursos para formao de nutricionistas e no final da

    dcada de 60 existiam sete cursos no Brasil. Algumas anlises apontam eventos bastante

    antecedentes como sinalizadores da emergncia do campo da Nutrio em Sade Pblica.

    Segundo estas avaliaes, no ps-Segunda Guerra Mundial, uma nova ordem poltico-econmica

    comeou a ser estabelecida no plano internacional. A partir de 1946, teve incio a chamada guerra

    fria entre os pases capitalistas industrializados do hemisfrio norte, liderados pelos EUA, e os

    pases socialistas da Europa Oriental e da sia, liderados pela Unio das Repblicas Socialistas

    Soviticas (URSS). Neste contexto, o campo da Nutrio, o qual havia emergido, em sua escala

    universal, no decorrer da Primeira Guerra Mundial, encontrou os espaos institucionais

    adequados para a sua ampliao e consolidao. Estes espaos institucionais foram sendo

    ocupados no interior das organizaes de carter internacional, criadas com o intuito de

    administrar os conflitos desta nova ordem mundial.

    Assim, pode-se identificar que a emergncia do campo da Nutrio em Sade Pblica,

    dentro do contexto internacional, ocorreu especificamente no interior de agncias especializadas

    da Organizao das Naes Unidas (ONU), tais como o United Nations International Childrens

    Emergency Fund (UNICEF), a Food and Agriculture Organization (FAO), a Organizao

    Mundial de Sade (OMS) e a Organizao Pan-Americana de Sade (OPAS).

    No caso do Brasil, a emergncia do processo de institucionalizao do campo da Nutrio

    em Sade Pblica tem sido associada fundao, em 1957, do Curso de Nutricionistas do ento

    Instituto de Fisiologia e Nutrio da Faculdade de Medicina de Recife, apontado por alguns

    estudos como o primeiro curso brasileiro a formar profissionais voltados para a atuao no campo

    da Nutrio em Sade Pblica. No nosso entendimento, a emergncia deste campo cientfico,

    denominado de Nutrio em Sade Pblica, tambm reconhecido por Nutrio em Medicina

    Preventiva, por Nutrio Social, por Nutrio Comunitria ou, ainda, por Nutrio em Sade

    Coletiva, foi um produto do processo histrico de especializao e diviso do trabalho/ saber no

  • 27

    interior da complexa e multidisciplinar cincia da Nutrio, constituda nos anos 1930-1940 no

    Brasil (Vasconcelos, 1999b).

    Ao final deste perodo, alm da ampliao do nmero de cursos, profissionais e reas de

    atuao, outras importantes conquistas foram incorporadas histria do nutricionista no Brasil.

    A luta pelo reconhecimento do curso de nutricionista como de nvel superior teve seu incio por

    volta de 1952, quando no s os cursos at ento existentes como tambm a ABN comearam a

    encaminhar ao Ministrio da Educao os primeiros pedidos de reconhecimento. Aps dez anos,

    atravs do Parecer n 265, de 19 de outubro de 1962, o ento Conselho Federal de Educao

    (CFE) reconheceu os Cursos de Nutricionistas como de nvel superior, estabelecendo o primeiro

    currculo mnimo e fixando durao de trs anos para a formao de nutricionistas, a nvel

    nacional.

    A expanso do nmero de cursos e de nutricionistas no pas, nos anos 60, forjou a

    ampliao e diversificao do mercado de trabalho, bem como o processo de organizao,

    mobilizao e luta desta categoria profissional em prol dos seus interesses e necessidades

    especficos. Destaca-se tambm, importantes eventos no que tange s discusses travadas em

    torno do processo de formao acadmica do profissional, ocorridos nos anos 1970-1984, tais

    como: 1) a fixao pelo CFE, em 1974, do segundo currculo mnimo, o qual estabelecia uma

    carga horria total de 2880 horas, a ser integralizada com uma durao de 4 anos e 2) e, a

    realizao dos I e II Diagnsticos dos Cursos de Nutrio, realizados em 1975 e 1980,

    respectivamente, com objetivos de avaliar a formao do nutricionista em todo o territrio

    nacional.

    Em segundo lugar, destaca-se a aprovao da Lei n 6.583, de 20 de outubro de 1978

    (publicada no Dirio Oficial da Unio em 24/10/1978), a qual cria os Conselhos Federal e

    Regionais de Nutricionistas, regula o seu funcionamento, e d outras providncias (Vasconcelos,

    2002).

    Nos ltimos quinze anos verificou-se um processo de expanso do nmero de Cursos de

    Nutrio muito mais intenso do que no perodo anterior. Dados recentes apontam que em 31 de

    janeiro de 2000 existiam 106 Cursos de Nutrio no pas, sendo 22 pblicos e 84 privados.

    Portanto, pode-se observar uma expanso de cerca de 342% no nmero de cursos, um aumento

    exclusivamente determinado pela criao de 75 novos cursos privados.

  • 28

    Em relao distribuio dos 106 Cursos de Nutrio por Regio e Estado do pas, o

    estudo de Calado (2000) in Vasconcelos 2002, demonstra que, deste total, 64 (60,4%) localizam-

    se na Regio Sudeste; 23 (21,7%), na Regio Sul; 8 (7,5%), na Regio Nordeste; 8 (7,5%), na

    Regio Centro-Oeste; e 3 (2,8%), na Regio Norte. Alm disso, o Estado de So Paulo lidera a

    relao com 42 (39,6%) do total de cursos, seguido pelos Estados do Rio de Janeiro, Paran e Rio

    Grande do Sul, os quais apresentam, respectivamente, 12 (11,3%), 12 (11,3%) e 9 (8,5%) deste

    total.

    Ainda de acordo com Calado (2000), a oferta de vagas na Graduao em Nutrio, em

    janeiro de 2000, correspondia a cerca de oito mil por ano. Por outro lado, medida que observou-

    se um acelerado aumento destas vagas nos cursos privados das Regies Sudeste, Sul, Centro-

    Oeste e Norte, na Regio Nordeste o nmero permaneceu inalterado desde 1982. Levando em

    considerao o nmero existente em 1980 (1592 vagas), neste perodo de vinte anos, observa-se

    um crescimento de 502,5% ou cerca de cinco vezes maior.

    O estudo de Calado ainda aponta que, segundo dados recentes do Conselho Federal de

    Nutricionistas, h um aumento do nmero de cursos e de vagas, nos ltimos quinze anos tambm

    observou uma ampliao quantitativa de nutricionistas no pas. Dados apontam um efetivo de

    27834 profissionais registrados, at 30 de junho de 2000, nos sete Conselhos Regionais existentes

    no pas.

    Alm destes fatos, outros eventos importantes, ocorridos nos anos 1985-2000, merecem

    ser destacados, entre eles, o crescente processo de mobilizao e politizao da categoria, que

    resultou na realizao de importantes eventos tcnico-cientficos e sindicais e na criao da

    Associao Brasileira de Nutrio (ASBRAN), em 8 de junho de 1990, em substituio

    FEBRAN, e, por fim, a aprovao da Lei n 8234, de 17 de setembro de 1991 (publicada no

    Dirio Oficial da Unio de 18 de setembro de 1991), a qual regulamenta a profisso de

    nutricionista e determina outras providncias.

    Neste cenrio, torna-se fcil reconhecer o grande paradoxo do processo de modernizao

    brasileira: o desenvolvimento econmico conquistado ao longo dos ltimos 60 anos, o qual

    coloca o pas no ranking das dez grandes potncias econmicas mundiais, permitindo que apenas

    uma pequena parte da populao possa situar-se na esfera de consumo e reproduo material das

  • 29

    sociedades mais desenvolvidas do mundo, enquanto uma significativa parcela permanece

    condenada s mais degradantes condies de reproduo e de existncia humana.

    No seio destas contradies que levaram milhes de brasileiros a um intenso processo de

    excluso social, nas duas ltimas dcadas, o povo bombardeado diariamente com cenas de

    barbrie, de corrupo, de extrema violncia e de irracionalidade, as quais poderiam prenunciar

    um cenrio de caos para este incio do terceiro milnio. Por outro lado, nos ltimos anos,

    tambm assistimos ao desenrolar dos movimentos ecolgico, biotico, da Ao da Cidadania

    contra a Fome, a Misria e pela Vida e tantos outros, cujos objetivos so a construo de novos

    paradigmas, de resgate e/ou adoo de novos valores humanos, de preocupao com a qualidade

    de vida e o estabelecimento de novas relaes entre os homens e entre homens-natureza, onde

    os princpios da igualdade fundamental de direito e de co-responsabilidade de todos os indivduos

    possam prevalecer. , portanto, no interior destes ltimos movimentos que se espera poderem

    assentar-se as perspectivas imediatas e mediatas desta prtica profissional.

    Entre os avanos e conquistas pode-se destacar a sensvel ampliao dos campos de

    atuao profissional, fato gerador de um crescente processo de especializao/diviso do objeto

    de trabalho/estudo do nutricionista e, conseqentemente, de uma melhor qualificao das suas

    habilidades e competncias tcnico-cientficas. Por outro lado, em tempos de globalizao, a

    incorporao dos avanos cientfico-tecnolgicos oriundos principalmente da Informtica e

    Computao, bem como da indstria de mquinas e equipamentos, impor a construo de um

    novo perfil profissional. Apesar da tendncia unificao (ou uniformizao) dos hbitos e

    padres alimentares que o processo de globalizao econmica parece desencadear, tambm se

    observa uma crescente preocupao/conscientizao com o resgate e a preservao da cultura

    diettica nacional, com o controle de qualidade e com a segurana alimentar. Ou seja, a

    incorporao de novos valores e princpios oriundos de outros campos disciplinares, sem dvida,

    propiciar a sntese de uma nova Nutrio no sculo XXI, o que poder contribuir para a

    superao do paradoxo nutricional brasileiro (desnutrio versus obesidade).

    O centro de cincias da sade na UFT recente, contando atualmente com apenas um

    curso, o de medicina, implantado no ano de 2007. Tendo a universidade uma proposta

    interdisciplinar, integradora e multiprofissinal, faz-se mister que outros cursos da sade venham a

  • 30

    somar o saber nesta rea. Sendo de fundamental importncia a criao de novos cursos, dentre

    os quais, o que ora apresentamos, o curso de Nutrio.

    Cabe ressaltar que o curso de Nutrio no faz parte de nenhuma escola formadora de curso

    superior, no estado do Tocantins, sendo de fundamental importncia a sua criao na

    Universidade Federal do Tocantins - UFT.

    3. BASES CONCEITUAIS DO PROJETO PEDAGGICO INSTITUCIONAL

    Algumas tendncias contemporneas orientam o pensar sobre o papel e a funo da

    educao no processo de fortalecimento de uma sociedade mais justa, humanitria e igualitria. A

    primeira tendncia diz respeito s aprendizagens que devem orientar o ensino superior no sentido

    de serem significativas para a atuao profissional do formando.

    A segunda tendncia est inserida na necessidade efetiva da interdisciplinaridade,

    problematizao, contextualizao e relacionamento do conhecimento com formas de pensar o

    mundo e a sociedade na perspectiva da participao, da cidadania e do processo de deciso

    coletivo. A terceira fundamenta-se na tica e na poltica como bases fundamentais da ao

    humana. A quarta tendncia trata diretamente do ensino superior cujo processo dever se

    desenvolver no aluno como sujeito de sua prpria aprendizagem, o que requer a adoo de

    tecnologias e procedimentos adequados a esse aluno para que se torne atuante no seu processo de

    aprendizagem. Isso nos leva a pensar o que o ensino superior, o que a aprendizagem e como

    ela acontece nessa atual perspectiva.

    A ltima tendncia diz respeito transformao do conhecimento em tecnologia acessvel

    e passvel de apropriao pela populao. Essas tendncias so as verdadeiras questes a serem

    assumidas pela comunidade universitria em sua prtica pedaggica, uma vez que qualquer

    discurso efetiva-se de fato atravs da prtica. tambm essa prtica, esse fazer cotidiano de

    professores de alunos e gestores que daro sentido s premissas acima, e assim se efetivaro em

    mudanas nos processos de ensino e aprendizagem, melhorando a qualidade dos cursos e criando

    a identidade institucional.

  • 31

    Pensar as polticas de graduao para a UFT requer clareza de que as variveis

    inerentes ao processo de ensino-aprendizagem no interior de uma instituio educativa, vinculada

    a um sistema educacional, parte integrante do sistema scio-poltico-cultural e econmico do

    pas.

    Esses sistemas, por meio de articulao dialtica, possuem seus valores, direes, opes,

    preferncias, prioridades que se traduzem, e se impem, nas normas, leis, decretos, burocracias,

    ministrios e secretarias. Nesse sentido, a despeito do esforo para superar a dicotomia

    quantidade x qualidade, acaba ocorrendo no interior da Universidade a predominncia dos

    aspectos quantitativos sobre os qualitativos, visto que a qualidade necessria e exigida no deixa

    de sofrer as influncias de um conjunto de determinantes que configuram os instrumentos da

    educao formal e informal e o perfil do alunado.

    As polticas de Graduao da UFT devem estar articuladas s mudanas exigidas das

    instituies de ensino superior dentro do cenrio mundial, do pas e da regio amaznica. Devem

    demonstrar uma nova postura que considere as expectativas e demandas da sociedade e do

    mundo do trabalho, concebendo Projetos Pedaggicos com currculos mais dinmicos, flexveis,

    adequados e atualizados, que coloquem em movimento as diversas propostas e aes para a

    formao do cidado capaz de atuar com autonomia. Nessa perspectiva, a lgica que pauta a

    qualidade como tema gerador da proposta para o ensino da graduao na UFT tem, pois, por

    finalidade a construo de um processo educativo coletivo, objetivado pela articulao de aes

    voltadas para a formao tcnica, poltica, social e cultural dos seus alunos.

    Nessa linha de pensamento, torna-se indispensvel interao da Universidade com a

    comunidade interna e externa, com os demais nveis de ensino e os segmentos organizados da

    sociedade civil, como expresso da qualidade social desejada para a formao do cidado. Nesse

    sentido, os Projetos Pedaggicos dos Cursos (PPCs) da UFT devero estar pautados em diretrizes

    que contemplem a permeabilidade s transformaes, a interdisciplinaridade, a formao

    integrada realidade social, a necessidade da educao continuada, a articulao teoria prtica e

    a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso.

    Devero, pois, ter como referencial:

  • 32

    a democracia como pilar principal da organizao universitria, seja no processo de

    gesto ou nas aes cotidianas de ensino;

    o deslocamento do foco do ensino para a aprendizagem (articulao do processo de ensino

    aprendizagem) re-significando o papel do aluno, na medida em que ele no um mero

    receptor de conhecimentos prontos e descontextualizados, mas sujeito ativo do seu

    processo de aprendizagem;

    o futuro como referencial da proposta curricular tanto no que se refere a ensinar como nos

    mtodos a serem adotados. O desafio a ser enfrentado ser o da superao da concepo de

    ensino como transmisso de conhecimentos existentes. Mais que dominar o conhecimento

    do passado, o aluno deve estar preparado para pensar questes com as quais lida no

    presente e poder defrontar-se no futuro, deve estar apto a compreender o presente e a

    responder a questes prementes que se interporo a ele, no presente e no futuro;

    a superao da dicotomia entre dimenses tcnicas e dimenses humanas integrando ambas

    em uma formao integral do aluno;

    a formao de um cidado e profissional de nvel superior que resgate a importncia das

    dimenses sociais de um exerccio profissional. Formar, por isso, o cidado para viver em

    sociedade;

    a aprendizagem como produtora do ensino; o processo deve ser organizado em torno das

    necessidades de aprendizagem e no somente naquilo que o professor julga saber;

    a transformao do conhecimento existente em capacidade de atuar. preciso ter claro que

    a informao existente precisa ser transformada em conhecimento significativo e capaz de

    ser transformada em aptides, em capacidade de atuar produzindo conhecimento;

    o desenvolvimento das capacidades dos alunos para atendimento das necessidades sociais

    nos diferentes campos profissionais e no apenas demandas de mercado;

    o ensino para as diversas possibilidades de atuao com vistas formao de um

    profissional empreendedor capaz de projetar a prpria vida futura, observando-se que as

    demandas do mercado no correspondem, necessariamente, s necessidades sociais.

  • 33

    3.1. Fundamentos do Projeto Pedaggico dos cursos da UFT

    No ano de 2006, a UFT realizou o seu I Frum de Ensino, Pesquisa, Extenso e Cultura

    (FEPEC), no qual foi apontado como uma das questes relevantes as dificuldades relativas ao

    processo de formao e ensino-aprendizagem efetivados em vrios cursos e a necessidade de se

    efetivar no seio da Universidade um debate sobre a concepo e organizao didtico-pedaggica

    dos projetos pedaggicos dos cursos.

    Nesse sentido, este Projeto Pedaggico objetiva promover uma formao ao estudante

    com nfase no exerccio da cidadania; adequar a organizao curricular dos cursos de graduao

    s novas demandas do mundo do trabalho por meio do desenvolvimento de competncias e

    habilidades necessrias a atuao, profissional, independentemente da rea de formao;

    estabelecer os processos de ensino-aprendizagem centrados no estudante com vistas a

    desenvolver autonomia de aprendizagem, reduzindo o nmero de horas em sala de aula e

    aumentando as atividades de aprendizado orientadas; e, finalmente, adotar prticas didtico-

    pedaggicas integradoras, interdisciplinares e comprometidas com a inovao, a fim de otimizar

    o trabalho dos docentes nas atividades de graduao.

    A abordagem proposta permite simplificar processos de mudana de cursos e de

    trajetrias acadmicas a fim de propiciar maiores chances de xito para os estudantes e o melhor

    aproveitamento de sua vocao acadmica e profissional. Ressaltamos que o processo de ensino e

    aprendizagem deseja considerar a atitude coletiva, integrada e investigativa, o que implica a

    indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso. Refora no s a importncia atribuda

    articulao dos componentes curriculares entre si, no semestre e ao longo do curso, mas tambm

    sua ligao com as experincias prticas dos educandos.

    Este Projeto Pedaggico busca implementar aes de planejamento e ensino, que

    contemplem o compartilhamento de disciplinas por professores(as) oriundos(as) das diferentes

    reas do conhecimento; trnsito constante entre teoria e prtica, atravs da seleo de contedos e

    procedimentos de ensino; eixos articuladores por semestre; professores articuladores dos eixos,

    para garantir a desejada integrao; atuao de uma tutoria no decorrer do ciclo de formao

  • 34

    geral para dar suporte ao aluno; utilizao de novas tecnologias da informao; recursos

    udios-visuais e de plataformas digitais.

    No sentido de efetivar os princpios de integrao e interdisciplinaridade, os currculos

    dos cursos esto organizados em torno de eixos que agregam e articulam os conhecimentos

    especficos tericos e prticos em cada semestre, sendo compostos por disciplinas,

    interdisciplinas e seminrios integradores. Cada ciclo constitudo por eixos que se articulam

    entre si e que so integrados por meio de contedos interdisciplinares a serem planejados

    semestralmente em conformidade com a carga horria do Eixo de Estudos Integradores.

    3.2. A construo de um currculo interdisciplinar: caminhos possveis

    Buscar caminhos e pistas para a construo de um currculo interdisciplinar nos remete

    necessidade de uma formulao terica capaz de dar sustentao s proposies.

    As incertezas interpostas nos levam a retomar Edgar Morin que em sua obra O

    Paradigma perdido: a natureza humana (1973) integrou e articulou biologia, antropologia,

    etnologia, histria, sociologia, psicologia, dentre outras cincias para construir a cincia do

    homem. Enfatizou o confronto que vem sendo feito entre o mundo das certezas, herdado da

    tradio e o mundo das incertezas, gerado pelo nosso tempo de transformaes e, nesse sentido,

    passou a entender o homem como uma unidade biopsicossociolgica, caminhando de uma

    concepo de matria viva para uma concepo de sistemas vivos e, desses, para uma concepo

    de organizao. Segundo ele,

    o ser vivo est submetido a uma lgica de funcionamento e de desenvolvimento

    completamente diferentes, lgica essa em que a indeterminao, a desordem, o

    acaso intervm como fatores de organizao superior ou de auto-organizao.

    Essa lgica do ser vivo , sem dvida, mais complexa do que aquela que o nosso

    entendimento aplica s coisas, embora o nosso entendimento seja produto dessa

    mesma lgica (MORIN, 1973: 24).

  • 35

    O pensamento complexo proposto por Morin pressupe a busca de uma percepo de

    mundo, a partir de uma nova tica: a da complexidade. Prope uma multiplicidade de pontos de

    vista; uma perspectiva relacional entre os saberes em sua multiplicidade; a conquista de uma

    percepo sistmica, ps-cartesiana, que aponta para um novo saber, a partir do pensamento

    complexo. A complexidade do real, como um novo paradigma na organizao do conhecimento,

    abala os pilares clssicos da certeza: a ordem, a regularidade, o determinismo e a separabilidade.

    Ainda, segundo Morin (1994: 225), a complexidade refere-se quantidade de

    informaes que possui um organismo ou um sistema qualquer, indicando uma grande

    quantidade de interaes e de interferncias possveis, nos mais diversos nveis. De acordo com

    seus pressupostos,

    essa complexidade aumenta com a diversidade de elementos que constituem o

    sistema. Alm do aspecto quantitativo implcito neste termo, existiria tambm a

    incerteza, o indeterminismo e o papel do acaso, indicando que a complexidade

    surge da interseco entre ordem e desordem. O importante reconhecer que a

    complexidade um dos parmetros presentes na composio de um sistema

    complexo ou hipercomplexo como o crebro humano, assim como tambm est

    presente na complexa tessitura comum das redes que constituem as comunidades

    virtuais que navegam no ciberespao (MORIN, 1994: 225).

    Na perspectiva de Morin (1994), portanto, a complexidade est no fato de que o todo

    possui qualidades e propriedades que no se encontram nas partes isoladamente. O termo

    complexidade traz, em sua essncia, a idia de confuso, incerteza e desordem; expressa nossa

    confuso, nossa incapacidade de definir de maneira simples, para nomear de maneira clara, para

    por ordem em nossas idias. O pensamento complexo visto como uma viagem em busca de

    um modo de pensamento capaz de respeitar a multidimensionalidade, a riqueza, o mistrio do

    real e de saber que as determinaes (cerebral, cultural, social e histrica), que se impe a todo o

    pensamento, co-determinam sempre o objeto do conhecimento (MORIN, 2003: 21).

    Analisar a complexidade, segundo Burnham (1998: 44), requer o olhar por diferentes

    ticas, a leitura por meio de diferentes linguagens e a compreenso por diferentes sistemas de

    referncia. Essa perspectiva multirreferencial entendida como um mtodo integrador de

  • 36

    diferentes sistemas de linguagens, aceitas como plurais ou necessariamente diferentes umas

    das outras, para elucidar a complexidade de um fenmeno. Nessa acepo, segundo Ardoino, se

    torna essencial, nos espaos de aprendizagem,

    o afloramento de uma leitura plural de seus objetos (prticos ou tericos), sob

    diferentes pontos de vista, que implicam vises especficas, quanto linguagens

    apropriadas s descries exigidas, em funo de sistemas de referenciais

    distintos, considerados e reconhecidos explicitamente, como no redutveis uns

    aos outros, ou seja, heterogneos (ARDOINO, 1998: 24).

    A partir dessa complexidade, Morin prope despertar a inteligncia geral adormecida pela

    escola vigente e estimular a capacidade de contextualizar e globalizar; de termos uma nova

    maneira de ver o mundo, de aprender a viver e de enfrentar a incerteza. A educao, nessa

    perspectiva, se configura como uma funo global que atravessa o conjunto dos campos das

    cincias dos homens e da sociedade, interessando tanto ao psiclogo social, ao economista, ao

    socilogo, ao filsofo ou a historiador etc. (ARDOINO, 1995 apud MARTINS, 2004: 89). A

    incorporao da diversidade do coletivo e a potencializao das experincias multirreferenciais

    dos sujeitos requer no somente a concepo de um currculo que privilegie a dialogicidade, a

    incerteza e certeza, a ordem e desordem, a temporalidade e espacialidade dos sujeitos, mas,

    tambm, a utilizao de dispositivos comunicacionais que permitam a criao de ambientes de

    aprendizagem capazes de subverter as limitaes espao-temporais da sala de aula.

    Refletir sobre esse novo currculo implica consider-lo como prxis interativa, como

    sistema aberto e relacional, sensvel dialogicidade, contradio, aos paradoxos cotidianos,

    indexalidade das prticas, como instituio eminentemente relevante, carente de ressignificao

    em sua emergncia (BURNHAM, 1998: 37). O conhecimento entendido no mais como

    produto unilateral de seres humanos isolados, mas resultado de uma vasta cooperao cognitiva,

    da qual participam aprendentes humanos e sistemas cognitivos artificiais, implicando

    modificaes profundas na forma criativa das atividades intelectuais.

    Sob esse olhar, o currculo se configura como um campo complexo de contradies e

    questionamentos. No implica apenas seleo e organizao de saberes, mas um emaranhado de

    questes relativas a sujeitos, temporalidades e contextos implicados em profundas

  • 37

    transformaes. Configura-se como um sistema aberto, dialgico, recursivo e construdo no

    cotidiano por sujeitos histricos que produzem cultura e so produzidos pelo contexto histrico-

    social (BURNHAM, 1998; MACEDO, 2002). Nessa nova teia de relaes esto inseridos os

    processos educativos, que se tornam influenciveis por determinantes do global, do nacional e do

    local. Para compreend-lo, torna-se imperativo assumirmos uma nova lgica, uma nova cultura,

    uma nova sensibilidade e uma nova percepo, numa lgica baseada na explorao de novos

    tipos de raciocnio, na construo cotidiana, relacionando os diversos saberes.

    Nesse sentido, adotar a interdisciplinaridade como perspectiva para a transdisciplinaridade

    como metodologia no desenvolvimento do currculo implica a confrontao de olhares plurais na

    observao da situao de aprendizagem para que os fenmenos complexos sejam observados.

    Implica tambm, como afirma Burnham, entender no s a polissemia do currculo,

    mas o seu significado como processo social, que se realiza no espao concreto da

    escola, cujo papel principal o de contribuir para o acesso, daqueles sujeitos que

    a interagem, a diferentes referenciais de leitura de mundo e de relacionamento

    com este mesmo mundo, propiciando-lhes no apenas um lastro de conhecimentos

    e de outras vivncias que contribuam para a sua insero no processo da histria,

    como sujeito do fazer dessa histria, mas tambm para a sua construo como

    sujeito (qui autnomo) que participa ativamente do processo de produo e de

    socializao do conhecimento e, assim da instituio histrico-social de sua

    sociedade (BURNHAM 1998: 37).

    Nessa perspectiva, o conhecimento passa a se configurar como uma rede de articulaes

    desafiando nosso imaginrio epistemolgico a pensar com novos recursos, reencantando o ato de

    ensinar e aprender ao libertarmos [...] as palavras de suas prises e devolvendo-as ao livre jogo

    inventivo da arte de conversar e pensar (ASMANN, 1998, p. 82).

    Nosso desafio mais impactante na implementao de novos currculos na Universidade

    Federal do Tocantins (UFT) est na mudana desejada de avanar, e talvez, at superar o enfoque

    disciplinar das nossas construes curriculares para a concepo de currculos integrados, atravs

    e por meio de seus eixos transversais e interdisciplinares, caminhando na busca de alcanarmos a

    transdisciplinaridade. Considerando que desejar o passo inicial para se conseguir, apostamos

  • 38

    que possvel abordar, dispor e propor aos nossos alunos uma relao com o saber

    (CHARLOT, 2000), em sua totalidade complexa, multirreferencial e multifacetada.

    Nesse fazer, os caminhos j abertos e trilhados no sero descartados, abandonados. As

    rupturas, as brechas, os engajamentos conseguidos so importantssimos e nos apoiaro no

    reconhecimento da necessidade de inusitadas pistas. Portanto, a soluo de mudana no est em

    tirar e pr, podar ou incluir mais um componente curricular, uma matria, um contedo, e sim,

    em redefinir e repensar o que temos, com criatividade, buscando o que pretendemos. Essa

    caminhada ser toda feita de ir e vir, avanos e recuos e, nesse movimento de ondas, possvel

    vislumbrarmos o desenho de um currculo em espiral, ou seja, um trabalho que articula e

    abrange a dinamicidade dos saberes organizados nos ciclos e eixos de formao.

    Essa construo de uma matriz curricular referenciada e justificada pela ao e interao

    dos seus construtores, com nfase no-linear, nos conduzir a arquiteturas de formao no-

    determinista, com possibilidades de abertura, o que propiciar o nosso projeto de

    interdisciplinaridade, flexibilidade e mobilidade. Nesse sentido, no tem nem incio nem fim,

    essa matriz tem,

    Fronteiras e pontos de interseco ou focos. Assim um currculo modelado em

    uma matriz tambm no-linear e no-seqencial, mas limitado e cheio de

    focos que se interseccionam e uma rede relacionada de significados. Quanto

    mais rico o currculo, mais haver pontos de interseco, conexes construdas

    e mais profundo ser o seu significado. (DOLL JR., 1997: 178).

    Curricularmente, essa matriz se implementa por meio de um trabalho coletivo e solidrio

    em que o planejamento reconhece como importante deste fazer o princpio da auto-organizao

    da teoria da complexidade. A dialogicidade fundamental para evitarmos que a prpria crtica

    torne-se hegemnica e maquiada. Desassimilao de hbitos e mudanas de estruturas no so

    fceis. frustrante o esforo que leva a produes sem sentido. Entretanto, no se muda sem

    alterar concepes, destroar profundamente contedos e rotinas curriculares costumeiras.

    O modelo disciplinar linear ou o conjunto de disciplinas justapostas numa grade

    curricular de um curso tm tido implicaes pedaggicas diversas e deixado marcas nada

    opcionais nos percursos formativos. O currculo centrado na matria e salivado nas aulas

  • 39

    magistrais tem postado o conhecimento social de forma paralela ao conhecimento acadmico.

    Nesse sentido, o conhecimento aparece como um fim a-histrico, como algo dotado de

    autonomia e vida prpria, margem das pessoas (SANTOM, 1998: 106), perpassa a idia de

    que nem todos os alunos tm condies de serem bem sucedidos em algumas disciplinas,

    legitimando o prprio fracasso acadmico. Um currculo disciplinar favorece mais a propagao

    de uma cultura da objetividade e da neutralidade, entre tantas razes, porque mais difcil

    entrar em discusses e verificaes com outras disciplinas com campos similares ou com parcelas

    comuns de estudo (SANTOM, 1998: 109). Como conseqncia, as contradies so relegadas

    e as dimenses conflituosas da realidade social refutadas, como se fosse possvel sua ocultao.

    A crise que desequilibra valores e posturas do sculo passado a mesma que d foras

    para alternativas curriculares no sculo XXI. As crticas tecidas ao currculo disciplinar propem

    perspectivar a embriologia do currculo globalizado, currculo integrado ou currculo

    interdisciplinar. Apesar de alguns autores no distinguirem interdisciplinaridade de integrao,

    muitos defendem que interdisciplinaridade mais apropriada para referir-se inter-relao de

    diferentes campos do conhecimento, enquanto que integrao significa dar unidade das partes, o

    que no qualifica necessariamente um todo em sua complexidade. Os currculos

    interdisciplinares, hoje propostos, coincidem com o desejo de buscar modos de estabelecer

    relaes entre campos, formas e processos de conhecimento que at agora eram mantidos

    incomunicveis (SANTOM, 1998: 124). Nessa perspectiva,

    No desenvolvimento do currculo, na prtica cotidiana na instituio, as diferentes reas

    do conhecimento e experincia devero entrelaar-se, complementar-se e reforar-se

    mutuamente, para contribuir de modo mais eficaz e significativo com esse trabalho de

    construo e reconstruo do conhecimento e dos conceitos, habilidades, atitudes, valores,

    hbitos que uma sociedade estabelece democraticamente ao consider-los necessrios para

    uma vida mais digna, ativa, autnoma, solidria e democrtica. (SANTOM, 1998: 125).

    Nosso currculo desejado um convite a mudanas e afeta, claro, as funes dos

    professores que trabalham em um mesmo curso. Nossa opo de organizao do currculo novo

    cria colegiados de saberes e ilhas de conhecimentos que potencializaro a formao de

    arquiplagos de vivncias e itinerncias participativas. Distancia-se, pois, do currculo disciplinar

    em que possvel o trabalho isolado, o eu-sozinho e incomunicvel. No qual, encontram-se

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    professores que so excelentes em suas disciplinas, mas que por estarem, muitas vezes,

    preocupados somente com suas matrias, chegam a induzir os alunos a acreditarem e se

    interessarem por esta ou aquela disciplina em detrimento de outras, por acreditarem que h

    disciplinas mais importantes e outras menos importantes.

    A construo da realidade social e histrica depende de seus sujeitos, de seus

    protagonistas. A matriz curricular ter a cara ou ser o monstro que os desenhistas

    conseguirem pintar a partir da identidade possvel construda.

    No entanto pode-se falar, conforme (SANTOM, 1998: 206) em quatro formatos de

    integrar currculos: a) integrao correlacionando diversas disciplinas; b) integrao atravs de

    temas, tpicos ou idias, c) integrao em torno de uma questo da vida prtica e diria; d)

    integrao a partir de temas e pesquisas decididos pelos estudantes. Alm da possibilidade ainda

    de: 1) integrao atravs de conceitos, 2) integrao em torno de perodos histricos e/ou espaos

    geogrficos, 3) integrao com base em instituies e grupos humanos, 4) integrao em torno de

    descobertas e invenes, 5) integrao mediante reas de conhecimento.

    Por meio da implantao do programa de reestruturao e expanso de seus cursos e

    programas, a UFT objetiva a ampliao do acesso com garantia de qualidade. Os princpios que

    orientam a construo de suas polticas de formao esto assentados na concepo da educao

    como um bem pblico, no seu papel formativo, na produo do conhecimento, na valorizao dos

    valores democrticos, na tica, nos valores humanos, na cidadania e na luta contra a excluso

    social. Nesse sentido, enfatiza que a Universidade no deve apenas formar recursos humanos para

    o mercado de trabalho, mas pessoas com esprito crtico e humanista que possam contribuir para

    a soluo dos problemas cada vez mais complexos do mundo. Para tanto, prope o exerccio da

    interdisciplinaridade, com vistas atingirmos a transdisciplinaridade, ou seja, uma nova relao

    entre os conhecimentos.

    Isso implica, ainda, os seguintes desdobramentos:

    introduzir nos cursos de graduao temas relevantes da cultura contempornea, o que,

    considerando a diversidade multicultural do mundo atual, significa pensar em culturas, no

    plural.

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    dotar os cursos de graduao com maior mobilidade, flexibilidade e qualidade, visando

    o atendimento s demandas da educao superior do mundo contemporneo.

    Este projeto possui uma construo curricular em ciclos. A idia proporcionar ao aluno

    uma formao inicial ampla, evitando assim a profissionalizao precoce uma das grandes

    causas da evas