a gestao da informacao e do conhecimento

163
Ísis Paim (org.) A Gestão da Informação e do Conhecimento Paim, Ísis (org.) A gestão da informação e do conhecimento / Ísis Paim (org.) – Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação / UFMG, 2003. Bibliografia em cada capítulo Autores deste livro: Beatriz Valadares Cendón; Cláudio Terra; Helena Maria Tarchi Crivellari; Ísis Paim; Jorge Tadeu de Ramos Neves; Marcelo Peixoto Bax; Maria Cezarina Vitor de Sousa; Maria da Graça Eulálio de Souza Bertucci; Marlene de Oliveira; Marta Araújo Tavares Ferreira; Marta Pinheiro Aun; Mônica Nassif Borges; Ricardo Rodrigues Barbosa; Rosa Maria Quadros Nehmy.

Upload: joao-paulo

Post on 09-Sep-2015

38 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Gestao Da Informaca

TRANSCRIPT

A gesto da informao e do conhecimento

sis Paim (org.)

A Gesto da Informao

e do Conhecimento

Paim, sis (org.)

A gesto da informao e do conhecimento / sis Paim (org.) Belo Horizonte: Escola de Cincia da Informao / UFMG, 2003.

Bibliografia em cada captuloAutores deste livro: Beatriz Valadares Cendn; Cludio Terra; Helena Maria Tarchi Crivellari; sis Paim; Jorge Tadeu de Ramos Neves; Marcelo Peixoto Bax; Maria Cezarina Vitor de Sousa; Maria da Graa Eullio de Souza Bertucci; Marlene de Oliveira; Marta Arajo Tavares Ferreira; Marta Pinheiro Aun; Mnica Nassif Borges; Ricardo Rodrigues Barbosa; Rosa Maria Quadros Nehmy.

Como referenciar os captulos do livro?

Autor(es) do captulo. Ttulo do captulo. In: PAIM, sis (org.). A gesto da informao e do conhecimento. Belo Horizonte: Escola de Cincia da Informao/UFMG, 2003. Cap. Nmero do captulo, p. Pgina inicial-Pgina final.

OBS.: preencha todos os campos (basta dar um clique em cima de cada um) com os dados necessrios e copie depois todo o modelo de referncia acima e cole no local desejado.

Pginas inicial e final de cada captulo no livro original impresso de onde se extraiu o texto

DivisesCap.TtuloAutor(es)Pgina InicialPgina Final

Parte 1A gesto da informao e do conhecimento1Da GRI gesto do conhecimentoRicardo Rodrigues Barbosa

sis Paim732

2Portais corporativos: instrumento de gesto de informao e de conhecimentoMarcelo Peixoto Bax

Cludio Terra3354

3Polticas pblicas de informao e desenvolvimentoMarta Pinheiro Aun5591

Parte 2

Gesto da informao e do conhecimento nas empresas4Informao, conhecimento e empreendedorismo nos sistemas de inovao: reflexes a partir da experincia canadenseMarta Arajo Tavares Ferreira

Jorge Tadeu de Ramos Neves93124

5Bases de dados para negciosBeatriz Valadares Cendn125156

6Bases de dados para negcios no BrasilBeatriz Valadares Cendn157198

7Servios e produtos para empresas: um desafio estratgico para os profissionais de informaoMnica E. Nassif Borges

Maria Cezarina Vitor de Souza199218

8As pequenas e mdias empresas e a gesto da informaoMarlene de Oliveira

Maria da Graa Eullio de Souza Berlucci219238

Parte 3

Gesto do conhecimento na nova sociedade, controvrsias e perspectivas9Gesto do conhecimento e codificao de saberes: novas ferramentas para velhas concepesHelena Maria Tarchi Crivellari241266

10Gesto do conhecimento, a doce barbrieRosa Maria Quadros Nehmy

sis Paim267306

SumrioParte I - A gesto da informao e do conhecimento41 - Da gerncia de recursos informacionais gesto do conhecimento

Ricardo Rodrigues Barbosasis Paim132 - Portais corporativos: instrumento de gesto de informao e de conhecimento

Cludio TerraMarcelo Peixoto Bax213 - Polticas pblicas de informao e desenvolvimento

Marta Pinheiro AunParte II - Gesto da informao e do conhecimento nas empresas354 - Informao, conhecimento e empreendedorismo nos sistemas de inovao: reflexes a partir da experincia canadense

Marta Arajo Tavares FerreiraJorge Tadeu de Ramos Neves475 - Bases de dados para negcios

Beatriz Valadares Cendn596 - Bases de dados para negcios no Brasil

Beatriz Valadares Cendn777 - Servios e produtos de informao para empresas: um desafio estratgico para os profissionais de informao

Mnica Erichsen Nassif BorgesMaria Cezarina Vtor de Sousa848 - As pequenas e mdias empresas e a gesto da informao

Marlene OliveiraMaria da Graa Eullio de Souza BertucciParte III - Gesto do conhecimento na nova sociedade, controvrsias e perspectivas929 - Gesto do conhecimento e codificao dos saberes: novas ferramentas para velhas concepes

Helena Maria Tarchi Crivellari10210 - Gesto do conhecimento, doce barbrie?

Rosa Maria Quadros NehmyIsis Paim

Parte I - A gesto da informao e do conhecimento

1 - Da gerncia de recursos informacionais gesto do conhecimento

Ricardo Rodrigues Barbosa

sis Paim

Introduo

A transio de uma sociedade industrial para uma sociedade de informao tem resultado em mudana do foco dos recursos econmicos convencionais (terra, trabalho, capital) para a nfase na informao e - mais recentemente, no conhecimento. Tais transformaes, tanto de ordem econmica, social, poltica quanto de natureza tecnolgica, tm adquirido grande impulso nas ltimas dcadas e vm afetando, de maneira profunda, a vida das organizaes. Estas, que operavam, at h pouco tempo, em contextos relativamente simples e estveis, atualmente se deparam com ambientes cada vez mais complexos e volteis.

Em decorrncia das mudanas no seu ambiente externo, as organizaes em geral, sejam elas empresas ou entidades do setor pblico, tm sofrido intensas transformaes em suas estruturas e processos internos. Essas mudanas resultam, no entender dos autores deste captulo, da interao entre as inovaes tecnolgicas, especialmente no campo da tecnologia da informao e das telecomunicaes, e as transformaes de natureza socio-econmica pelas quais vm passando as sociedades humanas. Naturalmente, as influncias exercidas pelo ambiente externo se manifestam no interior das organizaes.

O resultado desse conjunto de transformaes requer, por parte das organizaes, capacidade cada vez maior de adaptao a situaes complexas, volteis e, por vezes, surpreendentes. De um lado, as empresas precisam promover inovaes, de forma a acompanhar a evoluo das preferncias de seus clientes.J na esfera do setor pblico, as instituies sentem-se pressionadas a atender s crescentes demandas de servios por parte dos cidados. Como resultado, nesse ambiente cada vez mais exigente, as organizaes devem ser capazes de fazer leituras corretas dos ambientes nos quais elas se inserem, de agir com prontido uma vez detectadas necessidades de mudana, e de se adaptarem constantemente a situaes novas.

Por outro lado, assim como os produtos e servios oferecidos no mercado, as idias no campo das cincias sociais tambm tm o seu ciclo de vida. Alguns temas emergem, ganham notoriedade para depois desaparecerem ou ento ressurgirem mais tarde com outras denominaes. De fato, uma das caractersticas da sociedade contempornea a existncia de dinmico mercado de conhecimento. No campo acadmico ou profissional, idias surgem a partir da publicao de um artigo ou de um livro e so disseminadas por intermdio de palestras realizadas em congressos, de artigos publicados em peridicos profissionais e cientficos, alm de meios de comunicao em massa.O mercado de idias no campo da administrao particularmente vibrante. As editoras lanam, em um ritmo que se intensifica a cada dia, grande e diversificado volume de ttulos destinados a gerentes, consultores e pesquisadores. Os gerentes procuram encontrar, nesse conjunto de publicaes, respostas para os dilemas inerentes sua prtica profissional. Os consultores, por sua vez, combinam esses conhecimentos com sua prpria experincia e os aplicam em suas atividades de assessoria. Os pesquisadores, ao buscarem temas para investigao, tambm constituem importante elo nesse ciclo de gerao e consumo de informaes, princpios e modelos a respeito do funcionamento das organizaes. bem verdade que poucas so as idias verdadeiramente inovadoras; em sua maioria, elas constituem variaes de conceitos introduzidos h anos ou mesmo dcadas atrs. no contexto de intensa produo de novas idias a respeito da vida organizacional que surge a gesto do conhecimento (GC).As discusses a respeito do que constituem dado, informao e conhecimento costumam parecer enfadonhas e, at certo ponto, pouco proveitosas. importante, no entanto, para o objetivo deste trabalho, salientar que dado, informao e conhecimento constituem diferentes patamares em um continuum. Em primeiro lugar devemos reconhecer que existem diversos tipos de conhecimento. Nesse sentido, (Choo, 1998) argumenta que uma organizao opera com trs tipos de conhecimento. O conhecimento tcito inerente s pessoas e, por isso, de difcil formalizao e articulao. constitudo de certas habilidades especiais, desenvolvidas com experincia prtica, heurstica e intuio. O conhecimento baseado em regras explicito e forma a base dos regulamentos e procedimentos operacionais, garantindo, assim, certo nvel de eficincia e controle operacionais. O conhecimento de background parte da cultura organizacional, sendo transmitido por intermdio de histrias, metforas, vises e enunciados da misso organizacional. esse tipo de conhecimento que permite aos membros da organizao interpretarem suas realidades interna e externa (FIG. 1).Figura 1 - Trs tipos de conhecimentoTipoFormaExemplosUso

Conhecimento tcitoProcedimentos

embutidos na aoknow-howHeurstica

intuiogarante eficcia na execuo das tarefas

Conhecimento baseado em regrasdeclarativo codificado em programasRotinas

procedimentos operacionais

estruturas de bases de dadospermite eficincia e controle operacionais

Conhecimento de backgroundcontextual expresso em textoshistrias/metforas esquemas mentais/ vises de mundo vises/cenriosinstila o compromisso por intermdio de significados compartilhados

Fonte traduzido e adaptado de CHOO, 1995

Feitas essas observaes preliminares, procuraremos, ao longo deste captulo, discutir a GC sob vrias perspectivas, como suas origens e seus relacionamentos com outras disciplinas dos campos de computao, administrao e cincia da informao. Pretendemos, tambm, explorar as controvrsias que cercam a GC, bem como procurar antever seu futuro desenvolvimento.

Diferentes atitudes em face da gesto do conhecimento

Aos olhos de muitos, a gesto do conhecimento mais um dentre os diversos modismos que, periodicamente, arrastam atrs de si grande nmero de seguidores, ao mesmo tempo em que provocam intensos debates no meio dos pensadores e dos praticantes da administrao. As reaes GC podem ser classificadas em trs categorias de pessoas: os adeptos, os cticos e os questionadores.

Adeptos so os que sadam a gesto do conhecimento como soluo verdadeira e legtima para os problemas das organizaes na chamada sociedade da informao. Acredita-se que esse grupo seja formado, em grande parte, por profissionais ligados tecnologia da informao (TI), uma vez que a introduo de projetos de GC envolve, em sua quase totalidade, a implantao de sistemas automatizados de informao. Corrobora essa idia o grande nmero de ferramentas desenvolvidas at hoje com esse propsito.

Os cticos vm a GC como mais um modismo dentre aqueles que, periodicamente, surgem na literatura administrativa. As pessoas que se enquadram nesse grupo acreditam que, eventualmente, a GC seja substituda por um novo modismo. Outra vertente de pensamento, com restries de natureza conceitual, acredita que o conhecimento, por ser tcito, no passvel de ser gerenciado (Wilson, 2002), mas simplesmente estimulado (Von Krogh et. al., 2001)

Os questionadores tendem a denunciar a gesto do conhecimento como a forma mais moderna de explorao do trabalho pelo capital. Para esse grupo a GC, ao estimular, - muitas vezes mediante a utilizao de incentivos e punies-, a transferncia do conhecimento individual para a esfera institucional, torna o trabalhador mais suscetvel de ser descartado. Ou seja, de acordo com essa perspectiva, uma vez esgotadas as possibilidades de explorao do trabalho manual, o capital volta-se para a explorao das mentes dos trabalhadores.

As diferentes vises da gesto do conhecimento refletem as formas diversas de se enxergarem o conhecimento e a organizao. Por um lado, existem questes de natureza epistemolgica, ou seja, aquelas relacionadas com a prpria natureza do conhecimento. Para Nonaka e Takeuchi (1997), conhecimento crena verdadeira e justificada. Nesse sentido, o conhecimento pode manifestar-se de forma diferenciada e tanto pode ser tcito quanto explcito, medida que essas formas possam ser ... colocadas no papel, formuladas em oraes e perodos ou expressas por meio de desenhos (Von Krogh et al, 2001, p15). Para outros autores, como Wilson (2002), uma vez emitidas, as mensagens orais, escritas, grficas ou gestuais no contm conhecimento e sim informao.

Cabe ressaltar, que existem divergncias a respeito do que seja conhecimento e essas divergncias, naturalmente, se fazem refletir nas concepes a respeito do que constitui gesto do conhecimento. Para uns, gesto do conhecimento um oximoro, uma impassibilidade e o que normalmente se chama de GC , na verdade, gesto da informao (Wilson, 2002). Para outros, ... no se gerencia o conhecimento, apenas capacita-se para o conhecimento (Von Krogh et al, 2001)

Gesto do conhecimento se apresenta, assim, como conceito controverso e multifacetado. De qualquer forma, no obstante o debate a respeito de sua essncia e viabilidade, no se discute a relevncia de determinada gesto fundamentada no conhecimento. Seja esse conhecimento explicito, registrado na forma de documentos dos mais diversos tipos ou tcito, no se questiona a sua importncia para o funcionamento de empresas ou de rgos pblicos na atualidade. O reconhecimento da importncia do conhecimento e da informao no contexto organizacional, na verdade, no constitui idia nova. O que h de novo a recente convergncia de interesses e perspectivas originadas nos campos da tecnologia da informao, da gesto da informao, da estratgia empresarial, da gesto de recursos humanos, dentre outras.

Gesto do conhecimento ltima moda no campo da administrao?

Independentemente das controvrsias que a cercam, a gesto do conhecimento (GC) um dos temas que, desde o incio da dcada de 1990, tm despertado enorme interesse por parte de profissionais das reas de administrao, computao e cincia da informao. Observa-se o crescimento explosivo de publicaes sobre GC nos ltimos anos. Buscas no servio ABI Inform revelaram que o nmero de artigos sobre gesto do conhecimento salta de cerca de cinqenta em 1996 para mais de seiscentos em 1999. Ou seja, observa-se um crescimento de mais de dez vezes em apenas trs anos. Esse fenmeno tambm documentado por Wilson (2002), que, ao consultar as bases de dados da Web of Science no perodo de 1981 at novembro de 2002, constatou um crescimento exponencial de publicaes com a expresso knowledge management em seus ttulos.

Esses dados confirmam que a GC , atualmente, um dos temas preferidos dos meios acadmico e profissional no campo da administrao. Mas, ser que ela veio para durar ou seu destino o mesmo da administrao por objetivos, anlise transacional, liderana situacional, grade gerencial, reengenharia e tantos outros modelos de administrao? Essa uma questo que suscita debates. Sob uma perspectiva temporal, Ponzi & Koenig (2002) argumentam que a gesto do conhecimento j sobreviveu por mais tempo do que sobrevivem os modismos, que de aproximadamente cinco anos. Portanto, sob esse aspecto, os autores defendem a noo de que a GC no seja uma idia efmera como as demais.

Deixando-se de lado a controvrsia a respeito da permanncia da GC como enfoque gerencial, fato que a preocupao com o fenmeno informao/ conhecimento no contexto organizacional no recente. As organizaes sempre foram ambientes nos quais a informao e o conhecimento so continuamente adquiridos, produzidos, compartilhados, registrados e utilizados. O que tem mudado ao longo do tempo a importncia que se tem atribudo informao e ao conhecimento nos planos social e econmico e, como conseqncia, s suas manifestaes organizacionais. O surgimento de expresses como capital intelectual, ativos intelectuais, ativos intangveis, conhecimento empresarial, dentre outros, reflete essa mudana de nfase na pauta de preocupaes das empresas contemporneas. Mesmo as organizaes do setor pblico, em todos os nveis de governo e em diversos pases, tm-se interessado por essas questes.

Para De Long & Seeman (2000), existem pelo menos quatro diferentes perspectivas a respeito da GC no contexto organizacional. Primeiramente, existe a perspectiva estratgica, de acordo com a qual a alta administrao enxerga o conhecimento como um ativo intangvel que pode potencializar os objetivos estratgicos do negcio. A segunda perspectiva, normalmente considerada por gerentes de linha, destaca contedos de conhecimento e como esses devem ser aplicados em situaes prticas. Em terceiro lugar, existe a viso tecnolgica, a qual considera a GC como o resultado do uso da tecnologia da informao e da comunicao no contexto organizacional. Finalmente, a perspectiva de gesto de mudanas geralmente enfatizada por profissionais da rea de recursos humanos, os quais priorizam inovaes no contexto do trabalho, na estrutura e na cultura organizacionais. Como se pode ver, a gesto do conhecimento abrange uma grande diversidade de perspectivas sobre o funcionamento das organizaes. uma abordagem que envolve questes de natureza estratgica, de recursos humanos, de utilizao de ferramentas de tecnologia da informao, bem como da gesto da informao e da documentao organizacionais.

A seguir nos propomos a discutir os fundamentos conceituais da GC. Como ponto de partida, considera-se que a GC constitua uma evoluo da gerncia de recursos informacionais ou GRI. Esta disciplina, j no incio da dcada de 1970, procurava projetar e implementar modelos de gesto com base na integrao entre a administrao, a cincia da computao, e a cincia da informao, conforme descrevemos a seguir.

A gerncia de recursos informacionais

No nova a idia de que a informao represente, ao lado dos demais recursos econmicos, importante recurso organizacional. Esse reconhecimento deve-se, principalmente, exploso bibliogrfica ou informacional, associada proliferao do papel e ao desenvolvimento das tecnologias da informao e das telecomunicaes (Savic, 1992). Forest Woody Horton Jr. considerado um dos pioneiros da GRI, para quem a GRI uma disciplina gerencial que considera a informao como um recurso assim com os recursos financeiros, fsicos, humanos e naturais. A GRI preconiza o manuseio eficiente e eficaz de recursos de informao (dados brutos) e os ativos informacionais resultantes (conhecimento) (Cronin, 1990).

Embora as bases da GRI j estivessem presentes no ambiente organizacional, o grande impulso para o seu desenvolvimento foi dado pelas iniciativas da Federal Paperwork Comission, do Governo Americano, por intermdio do Paperwork Reduction Act, originalmente referendado em 1980. Essa legislao determinou s agncias do governo americano o desenvolvimento e a implementao do conceito de GRI que, para a Comisso, consiste de

... planejamento, gerenciamento, previso oramentria, organizao, direcionamento, treinamento e controle associados com informao governamental. O termo abrange tanto a informao propriamente dita, quanto recursos relacionados, tais como pessoal, recursos financeiros e tecnologia. (Horton, F. W., Marchand, D. A. (Eds.)., apud Cronin (1990)

Em especial, o Paperwork Reduction Act cobre as reas de: reduo do volume de papis, processamento de dados e telecomunicaes, estatsticas, gesto de documentos (records management), compartilhamento e disponibilizao, poltica de informao e desenvolvimento organizacional e administrao.

A partir da iniciativa do Governo Americano, inmeras empresas particulares, localizadas principalmente nos Estados Unidos e na Gr Bretanha, passaram a incorporar, em suas estruturas organizacionais, funes e cargos de Chief Information Officer (CIO). A despeito da popularidade alcanada pela GRI no seio da comunidade empresarial, permaneceu um grande debate a respeito de que a informao seja um recurso como os demais recursos utilizados nas atividades econmicas. De fato, pesquisa relatada por Synnott (1987), que envolveu 130 empresas de grande porte, registrou, que, em 1979, 5% das empresas possuam cargos de CIO que se reportava diretamente ao seu nvel hierrquico mais alto. Cinco anos depois, essa proporo era de aproximadamente um tero.

Como se pode observar, (a GRI constitui campo interdisciplinar de conhecimento. Do campo da administrao ela incorpora as noes de planejamento, organizao, controle, oramento no que se refere aos recursos informacionais. Do lado da cincia da computao, ela incorpora aspectos relacionados com a organizao, distribuio e armazenamento da informao. A cincia da informao contribui com a GRI no que se refere a armazenamento, recuperao e utilizao de documentos e administrao de dados.

Desde o surgimento da GRI, outras disciplinas vieram integrar-se ao que hoje se denomina gesto do conhecimento. Essas novas adeses, cincia da computao, teoria da organizao e aprendizagem organizacional, sero discutidas a seguir.

Pilares conceituais da gesto do conhecimento

Como j foi indicado, a GC tem uma histria relativamente curta, embora suas origens remontem aos primrdios da cincia da computao, da administrao, bem como da cincia da informao. A FIG. 2 representa os relacionamentos entre as diversas abordagens que constituem os pilares conceituais da GC.

Figura 2 Bases conceituais da gesto do conhecimento

Cincia da computao

Os conceitos de dado, informao e conhecimento, no campo da cincia da computao, coincidem apenas em parte com os dos demais campos envolvidos com a gesto do conhecimento. Por exemplo, Bielawski & Lewand (1991, p. 5) citam Scown a respeito dessa distino:

Dados podem ser vistos como quaisquer valores passveis de serem processados por um sistema. Informao pode ser descrita como dados que foram selecionados e organizados para um propsito especfico. Conhecimento, no campo da inteligncia artificial, informao estruturada de maneira a salientar e explorar os relacionamentos entre conjuntos de dados.

A evoluo tecnolgica no campo da microeletrnica, que sucedeu inveno do computador eletrnico, em 1941, levou criao do conceito de Inteligncia Artificial (IA). No bojo desse desenvolvimento, foram criados inmeros sistemas que so capazes, conforme as definies acima, de processar o conhecimento. E, na opinio destes autores, a GC deve seu nome, em grande parte, produo acadmica e tcnica da cincia da computao, em especial inteligncia artificial. Por isso, a cincia da computao foi e continuar sendo esteio fundamental da evoluo da gesto do conhecimento. A ubiqidade dos computadores nas organizaes modernas torna a tecnologia da informao elemento indispensvel para a ocorrncia da gesto do conhecimento.

Teoria da organizao

As organizaes contemporneas tendem a ser consideradas como estruturas caracterizadas por elevados graus de complexidade. A partir de determinado porte, elas tendem a ser formadas por subunidades (departamentos, setores, etc.), as quais desempenham funes especializadas nos campos de produo ou operaes, gesto de pessoas, administrao contbil e financeira, dentre outras. Os membros individuais de tais organizaes complexas, por sua vez, possuem diversos tipos de formao profissional, os quais resultam em formas diferentes de se olharem os mais diversos aspectos da vida organizacional.

Em decorrncia dessa diversidade, as organizaes so visualizadas por uma grande variedade de perspectivas ou metforas, conforme Morgan (1996). Sob perspectiva bastante elementar, a organizao pode ser vista sob os pontos de vista financeiro, estrutural, de recursos humanos, dentre outros. Cada uma dessas vises ou perspectivas salienta determinados aspectos da organizao. Sob o ponto de vista financeiro ou contbil, ganha destaque o ngulo dos recursos monetrios que fluem no apenas internamente, mas tambm entre a empresas e seus clientes, parceiros, fornecedores e instituies financeiras. A tica estrutural salienta os relacionamentos hierrquicos, funcionais e de comunicao entre os diversos setores de uma organizao. As pessoas e suas caractersticas, motivaes e competncias sintetizam o olhar da rea de recursos humanos sobre a realidade organizacional.

Alm das diversas perspectivas apresentadas, uma organizao pode ser vista, tambm, sob o ponto de vista da informao. Na verdade, a informao constitui a prpria essncia de qualquer organizao; ela se encontra embutida em quase todos os aspectos da estrutura e do funcionamento organizacionais. De fato, a informao permeia todos os contextos, sejam eles individuais ou organizacionais. No contexto organizacional, a informao como poeira em suspenso em um cmodo escuro que, apenas quando iluminada por um facho de luz, torna-se visvel. Esse o paradoxo da viso informacional das organizaes: exatamente por ser ubqua que a informao se torna mais difcil de ser enxergada. Sob esse ngulo, pode-se considerar que todo o corpo de conhecimento sobre organizaes tem a ver, de uma forma ou de outra, com seus diversos processos e estoques informacionais. De fato, j no incio do sculo passado, Taylor, conhecido como o precursor da administrao cientfica, defendia a idia de que o trabalho intelectual devesse ser removido do nvel operacional da fbrica para os setores de planejamento ou projetos.

Dentre os autores que destacam o aspecto informacional das organizaes, esto Tom Burns e Graham Stalker. Com base em seus estudos a respeito de empresas escocesas, esses autores desenvolveram os conceitos de organizaes mecansticas (mechanistic) e orgnicas (Burns, Stalker, 1961). As organizaes mecnicas possuem estruturas hierarquizadas, fluxos verticais de comunicao interna, alto grau de formalizao na definio de cargos e tarefas, dentre outras caractersticas. Por outro lado, as organizaes orgnicas possuem estruturas na forma de redes, fluxos de informao laterais e maior fluidez nas definies de tarefas. Em sntese, as empresas orgnicas possuem maior flexibilidade em seus fluxos internos de informao do que as organizaes mecansticas. No contexto do estudo desses autores, as organizaes orgnicas possuam melhores condies de adaptabilidade a ambientes instveis do que as organizaes mecansticas. Os estudos pioneiros de Burns e Stalker inspiraram outros pesquisadores, dentre os quais destacam-se Lawrence e Lorsch, e Galbraith. Para Galbraith (1977), quanto maior o grau de incerteza envolvido na execuo de uma tarefa, maior o volume de informao que precisa ser processada no contexto decisrio associado com a realizao dessa tarefa.

Aprendizagem organizacionalAs idias e modelos que prevaleceram durante a introduo e o crescimento da literatura sobre OH no tornavam explcitas as questes relacionadas com a aprendizagem organizacional. bem verdade que, no contexto da literatura sobre inovao tecnolgica, a questo da aprendizagem organizacional era tratada de forma implcita. No entanto, nesse contexto, a aprendizagem era considerada o processo que resultava no desenvolvimento e na introduo de novos produtos ou de novos processos.

No entanto, a partir do surgimento dos livros A quinta disciplina, de Peter Senge e A empresa criadora de conhecimento, de Nonaka e Takeuchi, a questo da aprendizagem organizacional ganhou corpo terico, ganhou espao nas literaturas acadmica e profissional no campo da administrao e, de maneira especial, integrou- se problemtica da gesto da informao e do conhecimento no campo organizacional (Bemfica, Borges, 1999). Birkinshaw (2001) considera a aprendizagem organizacional como precursora da gesto do conhecimento, e deve seu surgimento ao livro de Senge, acima mencionado. Segundo Senge (1998), as organizaes de aprendizagem fundamentam-se no que ele chama de cinco disciplinas que so o pensamento sistmico, o domnio pessoal, modelos mentais, objetivo comum e aprendizado em grupo.

Capital intelectual

Acompanhando as tendncias contemporneas, as organizaes tm ampliado o seu conceito de capital, tradicionalmente restrito a ativos tangveis, fsico e financeiro , para incluir tambm o capital intangvel. Nesse sentido, fala-se em conhecimento organizacional, aprendizagem organizacional, capital intelectual, competncia, experincia... Apresentando caractersticas distintas dos ativos tangveis, os intangveis chegam a promover a crescente substituio da fora fsica pela cerebral em nossas organizaes e nossas vidas sociais. (Prusak, citado por Klein, 1998) Entretanto, apesar da importncia atribuda aos ativos intangveis, observa-se ainda certa confuso relativa terminologia utilizada. Cabe, pois, elaborar o conceito capital intelectual acima descrito.

Nesse sentido, Stewart (1998) aborda o tema GG atravs do conceito de capital intelectual. Para ele, a GC ocorreria por intermdio de aprendizagem coletiva, enfatizada na organizao do conhecimento. A dificuldade de gerenciamento desse capital reside na forma de categoriz-lo, mencion-lo e na construo de indicadores universais para sua codificao e contabilizao. Para definir esses indicadores, Edvinson e Malone (1998) propem a idia de indicadores que perpassem as reas estratgica, financeira, humana, de clientes, de produo e de inovao. Conforme Rezende (2002), os ativos intangveis compem o capital intelectual de uma organizao. O termo ativo intangvel pode ser usado como sinnimo de capital intelectual e se divide em capital humano (competncia, conhecimento, percia...) capital estrutural e capital do cliente (Stewart, 1998).

Gesto do conhecimento

Um dos mais importantes autores na rea de gesto da informao e do conhecimento, Thomas Davenport desenvolveu um elenco de dez princpios da gesto do conhecimento (Davenport, 1998). Em primeiro lugar de acordo com esse autor, a gesto do conhecimento requer investimentos financeiros considerveis. Sob esse aspecto, se deve reconhecer que diversas atividades relacionadas com a gesto do conhecimento demandam aportes . Dentre essas, encontram-se a criao e transferncia de documentos em sistemas computacionais; agregao de valor por intermdio de edio, formatao e sntese; desenvolvimento de infra-estrutura computacional e de redes e, sobretudo, educao dos empregados na criao, compartilhamento e uso do conhecimento. Se, por um lado, a gesto do conhecimento cara, a sua ausncia mais onerosa ainda. Quanto custa para uma organizao esquecer o que seus funcionrios conhecem, ser incapaz de responder com rapidez as questes apresentadas pelos clientes, ou mesmo deixar de respond-las por completo, ou tomar decises incorretas por falta de conhecimento? (Davenport, op. cit). Os princpios da gesto do conhecimento de Davenport esto enumerados na FIG. 3.

Figura 3 - Dez princpios para a gesto do conhecimento

1. Gesto do conhecimento custa caro (mas a ignorncia tambm custa!).

2. Gesto do conhecimento efetiva requer solues que combinem pessoas e tecnologia.

3. Gesto do conhecimento altamente poltica.

4. Gesto do conhecimento requer gestores do conhecimento.

5. Gesto do conhecimento se beneficia mais de mapas que de modelos, mais de mercados que de hierarquias.

6. O compartilhamento e uso do conhecimento so frequentemente comportamentos anti-naturais.

7. Gesto do conhecimento significa aprimorar os processas de trabalho relacionados com o conhecimento.

8. O acesso ao conhecimento apenas o inicio

9. Gesto do conhecimento nunca tem fim

10. Gesto do conhecimento requer um contrato de conhecimento

Fonte Davenport, 1998

Embora muitos dos princpios acima sejam esclarecedores por si mesmos, alguns merecem ser comentados. Em primeiro lugar, importante reconhecer que a implantao do processo de gesto do conhecimento em uma organizao pode desencadear conflitos de interesse e disputas por territrio. Segundo Davenport, se o conhecimento est associado com pode; dinheiro e sucesso, ento ele tambm est relacionado com tobay, intriga e acordos particulares (back-room deals). Se nenhuma atividade poltica surge ao redor de uma iniciativa de gesto do conhecimento, isso um bom indicador de que a organizao percebe que nada de importante est acontecendo.

O fato que o programa de gesto do conhecimento, como denomina Nehmy (2001), integra autores que revelam condies de produo de uma estratgia de gerncia com foco no conhecimento. Dentre esses autores cabe ressaltar Bell (1973), Drucker (1994), Sveiby (1998), Edvinson e Malone (1997), (Davenport, 1998), Nonaka e Takeuchi (1997) e Stewart (1998). Para esses autores o conhecimento assume papel de recurso econmico e o foco principal da gesto. Conhecimento passa a ter correlao funcional, como o conhecimento tcito dos trabalhadores da empresa. Com caractersticas pragmticas, o conhecimento pode ser diretamente aplicado produo ou ao processo de trabalho a fim de intensificar o lucro e aumentar a competitividade no mercado (Nehmy, 2001). ainda Nehmy que sintetiza as proposies bsicas do programa como ... as de tornar explcitos e de codificar processos individuais e coletivos de conhecimento e comunicao presentes no ambiente organizacional

Bel, Drucker, Sveiby e Edvinson foram precursores da GC. Bell (1973) j anunciava uma nova sociedade com nfase na informao e destacava o conhecimento terico e cientfico. Reportando-se historicamente a Taylor, Drucker desempenhou papel de reconhecida importncia. Apresentando caractersticas pragmticas, como j afirmamos, o conhecimento que esse autor discute refere-se ao conhecimento dos trabalhadores e da empresa. Segundo Drucker, a responsabilidade de controlar os trabalhadores transforma-se em responsabilidade pela gerao do conhecimento operacional gerencial produtivo.

Tambm Sveiby (1995) tinha preocupaes semelhantes e realizou pesquisas e trabalhos sobre a administrao de organizaes do conhecimento. Entretanto, seus trabalhos, bem como os de Edvinson (1997), primeiro diretor de capital intelectual da empresa Skandia, foram publicados na Sucia na dcada de 1980, tendo tido divulgao restrita, por problemas de lngua. Na dcada de 1990, o programa de gesto do conhecimento se consolida, incluindo a contribuio de autores como Nonaka e Takeuchi (1997), Davenport e Prusak (1998) e Stewart (1998). No Brasil, um dos primeiros autores a realizar pesquisa sobre o assunto foi Terra (1999).

Analisaram ainda a gesto do conhecimento empresarial os autores Nonaka e Takeuchi (1997), comparando-a, no seu desenvolvimento no ocidente, com a realidade japonesa. E propuseram a adoo de modelo universal de administrao de empresas e maior flexibilidade de estrutura organizacional. Os autores utilizaram- se dos conceitos de conhecimento tcito e conhecimento explcito desenvolvidos por Polanyi. Define-se, geralmente, como marco no desenvolvimento do programa de gesto do conhecimento, o artigo publicado na Fortune em 1994, por T. Stewart sobre capital intelectual, que trata da gesto dos bens intangveis na empresa. Por outro lado, o termo gesto do conhecimento, tambm amplamente usado pelos autores, refere-se gerncia do conhecimento dos trabalhadores, visando ao aumento da produo. A diferena entre os dois enfoques residiria em dois aspectos: esttico (capital intelectual englobando idias, programas de computador, patentes...) e aspecto dinmico (gesto do conhecimento como atividade). As duas abordagens ainda no esto completamente definidas no campo em questo. Sabe-se que Stewart seja o representante da linha do capital intelectual e Nonaka o da abordagem da gesto do conhecimento. Entretanto, os autores em geral utilizam ambos os termos em seus textos e mesmo s vezes transitam de um contexto para outro, utilizando apenas um ou mesmo os dois. (Nehmy, 2001). Entretanto, com o desenvolvimento do campo, com o passar do tempo, possivelmente as abordagens se tornem mais claramente definidas. (Sveiby 2000, citado por Nehmy).

Perspectivas da gesto do conhecimento

Gesto do conhecimento processo extremamente ambicioso. Vencer as relutncias e deficincias naturais das pessoas no trato com o conhecimento requer muito investimento na criao de estruturas e de cultura condizente com o efetivo compartilhamento de informaes entre as pessoas. Assim, os sistemas computadorizados devem mesclar-se com a teia de conhecimento vivo da organizao. A noo de que as pessoas possam ser consideradas documentos vivos no implica o abandono da idia de que os repositrios do conhecimento possam ser sistematizados e armazenados em bases de dados e compartilhados por intermdio de redes de computadores.

A produo e o uso isolado de conhecimento em organizaes constituem algo extremamente enraizado em nossa cultura profissional. Um dos autores deste captulo coordenou experincia de criao de sistema de informaes gerenciais para uma organizao, na definio de procedimentos para se obterem informaes sobre o ambiente externo, por intermdio de entrevistas com pessoas que tivessem tido contato com profissionais, iniciados pela organizao, com clientes atuais ou em potencial. Ao discutir essas idias com um colega, o autor escutou o seguinte comentrio: Voc acha mesmo que as pessoas vo abrir seus arquivos para voc? O ensinamento que ficou desse incidente que sem o desenvolvimento de uma atmosfera de confiana entre a organizao e seus funcionrios, no se consegue desenvolver o processo de gesto do conhecimento.

Algumas organizaes, como a japonesa Kao, adotam polticas para evitar o acesso desigual informao por parte de seus funcionrios. Nessa empresa, as informaes corporativas encontram-se reunidas em uma nica base de dados e seu acesso aberto a qualquer pessoal independentemente de seu cargo ou nvel (Nonaka, 1997). Nessa linha, ressaltem-se tambm algumas organizaes brasileiras como o Banco do Nordeste e o SERPRO, que facilitam acesso generalizado informao. Por outro lado os feudos de conhecimento constituem ainda caracterstica marcante da maioria de nossas organizaes.

At h poucas dcadas, as empresas eram enxergadas principalmente a partir das perspectivas de finanas, vendas, pessoal, estrutura organizacional e produo. Hoje, o setor de vendas evoluiu para marketing e o de pessoal evoluiu para recursos humanos. Essas mudanas se fazem refletir nos prprios organogramas. Ou seja, em decorrncia da importncia que passaram a assumir; o marketing (antigamente vendas) e administrao de recursos humanos (antigamente pessoal) ganharam status de diretoria na maioria das organizaes de porte mdio ou superior, gerando complexidade. Os antigos departamentos de processamento de dados e tambm a estrutura organizacional se modificaram. De fato, a existncia dessas dificuldades no significa que no se possa gerenciar o conhecimento.

Assim, o receio de ter nosso conhecimento desapropriado por mquina ou por pessoa mais jovem freqentemente povoa nosso imaginrio. Entretanto, enquanto essas atitudes no forem manifestadas plenamente elas no podero ser efetivamente discutidas e eventualmente modificadas. Diante do exposto, podemos discutir a relevncia do presente trabalho. Informao/ conhecimento constituem o objeto de pesquisa, e de estudos da cincia da informao. A Escola de Cincia da Informao vem qualificando, desde 1990, profissionais oriundos de diversas reas, no manejo, na organizao, na seleo, ou seja, na gesto da informao e do conhecimento.

Embora impressionante por seu vigor, o crescimento das publicaes em GC dever, assim como outros fenmenos editoriais do campo da administrao, ser reduzido. Eventualmente, o fenmeno informacional ser analisado sob outra denominao, o que, sem dvida, no diminui sua atual importncia. Certamente, este captulo introdutrio no pretendeu esgotar o tema proposto, tendo apenas apresentado marcos substantivos e autores mais importantes no desenvolvimento da GRI e da GC. Tendo em vista as idias expostas neste captulo, podem-se ressaltar a importncia e a pertinncia do presente livro. Pela primeira vez, um grupo de professores do Programa de Ps-graduao em Cincia da Informao da ECI/ UFMG se debruaram sobre o tema, discutiram uma srie de questes com ele relacionadas e reuniram um conjunto de idias consolidadas neste trabalho que constitui texto extremamente atual e relevante para a rea de Cincia da Informao. Nesse sentido, introduzimos breve contedo dos captulos, conforme se segue.

O professor Marcello Bax desenvolveu, juntamente com o professor Cludio Cirineu Terra, o captulo Novos instrumentos de gesto da informao e do conhecimento: portais corporativos, trabalho sobre portais de informao empresarial. Os portais de informao empresarial ou portais corporativos assumem importncia cada vez maior para os negcios, traduzindo todo o manancial de contedo informacional proveniente das mais variadas fontes da empresa em informao til para a tomada de deciso nos trs nveis de qualquer organizao: estratgico, ttico e operacional. De fato, o portal corporativo tornou-se importante ferramenta para as empresas que competem em mercados onde o acesso eficiente a informaes seja requisito bsico. Embora alguma confuso ainda persista sobre o significado exato do conceito portal corporativo, muitas empresas esto implementando ou planejam implementar tais solues. Este captulo, alm de colaborar para esclarecer o conceito, destaca os benefcios, vantagens e potencialidades, decorrentes da implantao de um portal corporativo, considerando-o como instrumento de gesto de informao. Focalizam-se principalmente os aspectos relativos melhoria do acesso informao corporativa e minimizao do problema de excesso de informaes, ou seja, como os portais corporativos lidam com as dificuldades de acesso informao e, ao mesmo tempo, com a sobrecarga de informaes. Alm disso, analisam-se, em particular a importncia do processo de personalizao e o papel dos mecanismos de busca nos portais corporativos. Descrevem-se ainda problemas envolvidos nos processos de categorizao e taxonomia, fundamentais para a organizao da informao espalhada por toda a empresa.

A professora Marta Pinheiro Aun desenvolveu o captulo 3, Polticas pblicas de informao e desenvolvimento. A demanda por polticas de informao tem crescido nos pases industrializados. No entanto essa demanda vem sendo atendida atravs do estabelecimento de programas para instalao de infra-estruturas de informao e de comunicao e mais recentemente, visando ao desenvolvimento de contedos nacionais, ao acesso s redes e aos estudos contemplando a regulao desses contedos. As polticas pblicas de informao vivem um complexo processo de transio pela dificuldade dos estados nacionais em coordenarem espaos verdadeiramente de interesse de suas sociedades. A insegurana em sua implementao se estabelece, quando no h norte determinado, uma direo apontada normalmente pelas polticas de longo prazo. Assim estabelecem-se planos de curto prazo, atendendo a urgncias, para assim agir-se mais livremente em resposta esfera econmica. H ento maior necessidade de valor crtico no processo de construo de poltica de informao para melhor equilbrio entre os campos tecnolgico e scio-cultural, ou seja, entre o contexto e o contedo, O mais importante para a discusso central proposta nesse texto que dentro do conjunto das demais transformaes a mudana de papel do Estado tambm exerce influncia importante na definio e implementao das novas polticas (ou programas) para informao como observado nos modelos de pases da Europa e nas preocupaes da Unio Europia.

Os professores Marta Arajo Tavares Ferreira e Jorge Tadeu Neves enfocam, no captulo 4, denominado Informao, conhecimento e empreendedorismo nos sistemas de inovao: reflexes a partir da experincia canadense, a gesto da informao e do conhecimento nas interaes interorganizacionais no interior de sistemas de inovao e suas decorrncias. As iniciativas aqui discutidas originaram-se em estudos de caso e experincias na provncia do Quebec, no Canad, onde os professores realizaram estgio ps-doutoral. Os seguintes contedos so objeto de discusso: aspectos conceituais da gesto da informao, do conhecimento e da inovao nas organizaes; o conhecimento e os sistemas de inovao; e as estruturas, servios e sistemas de apoio transferncia de informao e conhecimento no interior do sistema de inovao quebequense, em especial atravs da criao e do desenvolvimento de novos empreendimentos de base tecnolgica.

Os captulos 5 e 6, Bases de dados para negcios e Bases de dados para negcios no Brasil, de autoria da professora Beatriz Valadares Cendn, tratam de fontes de informao. O captulo 5 inclui o conjunto de informaes usadas por administradores para a tomada de deciso, o qual tem sido chamado de informao para negcios. e inclui informaes mercadolgicas, financeiras, estatsticas, jurdicas, sobre empresas e produtos e outras informaes fatuais e analticas sobre tendncias nos cenrios poltico-social, econmico e financeiro nos quais operam organizaes empresariais. Categorizam-se e descrevem-se algumas das principais bases de dados estrangeiras sobre informao para negcios, mostrando o universo de informaes que elas disponibilizam em forma eletrnica. Para fins de discusso, as bases foram agrupadas em 10 categorias: (1) noticias em geral; (2) informaes sobre empresas e setores industriais; (3) diretrios de empresas; (4) informaes sobre produtos; (5) informaes biogrficas; (6) informaes financeiras; (7) informaes para investimento; (8) pesquisas de mercado; (9) informaes jurdicas e (10) informaes estatsticas. Agrupadas dessa forma para fins didticos, na prtica essas categorias se sobrepem e muitas bases de dados se enquadram em mais de uma categoria desta classificao. O capitulo rev tambm algumas das principais empresas produtoras e distribuidoras de bases de dados sobre informao para negcios e as tendncias da indstria de informao eletrnica. No Brasil, essas bases (cap. 6) esto dispersas. No existe atualmente uma publicao que compile e caracterize as fontes brasileiras de informao para negcios. O estudo aqui relatado contribuiu para o melhor conhecimento dessas fontes identificando, selecionando, descrevendo, compilando e avaliando bases de dados brasileiras nas reas de informaes jurdicas, financeiras, sobre empresas e produtos, estatsticas e indicadores econmicos, oportunidades de negcios, vocabulrio, investimento, biogrficas bem como bases de dados bibliogrficas cm temas como administrao e economia. As descries das bases de dados identificadas no projeto esto disponibilizadas no URL: http://www.eci.ufmg.br/cendon/pesquisa.htm. O capitulo 6 apresenta uma viso geral das bases identificadas, descreve a metodologia utilizada para seu levantamento e descrio. Alm disso, analisa o conjunto das fontes de informao obtidas e de seus produtores.

O captulo 7, Servios e produtos de informao para empresas: um desafio estratgico para os profissionais da informao, pela professora Mnica E. Nassif Borges e pela bibliotecria Maria Cezarina Vitor de Sousa, trata dos aspectos bsicos relativos ao planejamento e implementao de servios e produtos de informao para empresas. Apresenta, inicialmente, um breve histrico do provimento de informao para empresas em mbitos internacional e nacional. Em seguida, so discutidas questes primordiais acerca do cliente da informao, do planejamento, marketing e avaliao dos servios/produtos de informao. Ao final, o perfil esperado do profissional da informao, desde o ponto de vista das empresas, apresentado com base em discusses atuais registradas na literatura.

O captulo oito, Pequena e mdia empresas e a gesto da informao, de autoria da professora Marlene de Oliveira e da mestra pelo PPGCI Maria da Graa Eullio de Souza Bertucci, analisa as caractersticas das pequenas e mdias empresas (PMEs) e suas relaes com a gesto da informao partir da introduo da tecnologia. A reviso da literatura aborda a importncia da gesto da informao para as PMEs e os fatores culturais relacionados ao seu impactos na organizaes. As concluses do estudo indicam a necessidade de as tecnologias estarem integradas s relaes scio-culturais da organizao, uma vez que a infra-estrutura tecnolgica e a difuso das tecnologias de informao por si s no garantem aumentos na capacidade competitiva da pequena e mdia empresa.

Nos ltimos dois captulos, as autoras desenvolvem questionamentos em relao gesto do conhecimento. No captulo 9, Gesto do conhecimento e codificao dos saberes: novas ferramentas para velhas concepes, a professora Helena Maria Tarchi Criveilari discute a tenso entre as prticas gerenciais de codificao dos saberes produtivos, incluindo os modelos de gesto do conhecimento e a posio dos trabalhadores detentores desse conhecimento em face do processo. O captulo privilegia o enfoque sobre a noo de relaes de trabalho, evidenciando que as tcnicas - no caso, as de gesto do conhecimento - em si, no so suficientes para fazer alavancar mudanas profundas nas organizaes que as adotam. Na medida em que o sucesso das novas tcnicas dependa do envolvimento do trabalhador, torna-se necessrio que a organizao adote boas relaes de trabalho, traduzidas em termos de polticas de emprego, remunerao, capacitao, entre outras.

O ltimo captulo, Gesto do conhecimento: a doce barbrie, de autoria das professoras Rosa Maria Quadros Nehmy e Isis Paim. Com base nos principais autores que escrevem sobre o tema, as professoras analisam e discutem os seguintes aspectos relacionados com a GC: origens do tema, caractersticas, o novo ciclo econmico e o papel da comunicao na produo de bens e servios, o programa propriamente dito da GC, o capital intelectual, a noo do saber tcito, a empresa do conhecimento, os limites da GC e o regime de acumulao flexvel aliado s novas tecnologias.

Referncias

BELI, D. The coming of post-industrial society: a venture in social forecasting. New York: Basic Books, 1973

BEMFICA, J. C., BORGES, M. E. N. Aprendizagem organizacional e informao. Cincia da informao, v. 28, n. 3, p. 233-240, set./dez. 1999

BIELAWSKI, L., LEWAND, R. Intelligent systems design: integrating expert systems, hypermedia, and database technologies. New York: John Wiley & Sons. 1991

BIRKINSHAW,J. Why is knowledge management so difficult? Business Strategy Review, v.12, n.1, p.11-18, 2001

BURNS, T, STALKER, G. The management of innovation. London: Tavistock. 1961

CHOO, C. W. Information management for the intelligent organization. Medford: Information Today. 1995

_______. The knowing organization: how organizations use information to construct meaning create knowledge, and make decisions. New York: Oxford University Press. 1998

CRONIN, B. Esquemas conceituais e estratgicos para a gerncia da informao. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, v. 19, n. 2, p. 159-220, set. 1990

DAVENPORT, L., PRUSAK, L. Conhecimento empresarial. Rio de Janeiro: Campus. 1998

DE WNG, D., SEEMANN, E. Confronting conceptual confusion and conflict in knowledge management. Organizational Dynamics, v.29, n.1, 2000, p.33-44.

DRUCKER, P. F. The information executives truly need. Harvard Business Review, v., n., p. 54-62, Jan./Feb. 1995

EDVJNSSON, L., MALONE, M. S. Intellectual capital. New York: HarperCoilins, 1997

GALBRAITH, J. Organization design. Reading, Massachusetts: Addison-Wesley, 1977

KLEIN, O. A gesto estratgica do capital intelectual. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998

MORGAN, G. Imagens da organizao. So Paulo: Atlas. 1996

NEHMY, R. M. Q. O ideal do conhecimento codificado na era da informao: o programa da gesto do conhecimento. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2001. (tese de doutorado)NONAKA, I., TAKEUCHI, H. A empresa criadora de conhecimento. In: K. STARKEY (Ed.). Como as organizaes aprendem. So Paulo: Futura, 1997. p27-43

SAVIC, O. Evolution of information resource management. Journal of Librarianship and Information Science, v.24, n.3, September 1992, p.127-138.

SENGE, P. A quinta disciplina. So Paulo: Bestseller, 1998STEWART, T A. Capital intelectual a nova vantagem competitiva das empresas. Rio de janeiro: Campus, 1998

SVEIBY K. E. A nova riqueza das organizaes. Rio de Janeiro: Campus, 1995.

SYNNOTT, W. R. The information weapon: winning customers and markets with technology. New York: John Wiley & Sons, 1987

VON KROGH, G., ICHIJO, K., NONAKA, I. Facilitando a criao de conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 2001

WILSON, T. D. The nonsense of knowledge management. Information Research, v.8, n.1, October 2002.

2 - Portais corporativos: instrumento de gesto de informao e de conhecimento

Cludio Terra

Marcelo Peixoto Bax

Introduo

Os portais de informao empresarial ou portais corporativos assumem importncia cada vez maior para os negcios, traduzindo todo o manancial de contedo informacional proveniente das variadas fontes da empresa em informao til para a tomada de decises nos trs nveis: estratgico, ttico e operacional.

O portal corporativo tornou-se importante ferramenta para as empresas, principalmente as grandes, que competem em mercados globais onde o acesso eficiente a informaes requisito bsico.

Embora alguma confuso ainda persista sobre o significado exato do conceito portal corporativo, muitas empresas esto implementando ou planejam implementar tais solues. Este captulo, alm de colaborar para esclarecer o conceito, destaca os beneficios, vantagens e potencialidades, decorrentes da implantao de um portal corporativo, considerando-o como um novo instrumento de gesto de informao.

Focalizam-se principalmente os aspectos relativos melhoria do acesso informao corporativa e a minimizao do problema de excesso de informaes, ou seja, como os portais corporativos lidam com as dificuldades de acesso informao e, ao mesmo tempo, com a sobrecarga de informaes.

Alm disso, analisam-se, em particular, a importncia do processo de personalizao e o papel dos mecanismos de busca nos portais corporativos. Descrevem-se ainda problemas envolvidos no processo de categorizao e taxonomia, fundamentais para a organizao da informao espalhada por toda a empresa.

Definindo portais corporativos

Os portais corporativos, tambm chamados de EIPs (Enterprise Information Portais), so aplicaes visualmente similares aos portais encontrados na Internet. Embora, em geral, sejam aplicaes mais complexas que encontram justificativa no apoio misso, s estratgias e aos objetivos da organizao e colaboram para a criao e o gerenciamento de um modelo sustentvel de negcios.

Seu objetivo primrio promover eficincia e vantagens competitivas para a organizao que o implementa. A idia por trs desses portais a de desbloquear a informao armazenada na empresa, disponibilizando-a aos utilizadores atravs de um nico ponto de acesso. Esse ponto de acesso nico, que lhe confere o signo de portal, disponibiliza aplicaes e informao personalizadas, essenciais para a tomada de decises nos nveis estratgico (de negcio), ttico e operacional.

Os portais corporativos so instrumentos essenciais ao esforo, cada vez mais importante, em se compartilhar informao e conhecimento no seio das organizaes. Representam mudana necessria no sentido de se estabelecer uma plataforma nica para o e-Business (B2C, B2B, etc), podendo tambm prover a integrao, em tempo-real, de diversos sistemas de informao; o que representa mudana substancial no modo de como ser apresentada a informao e em como os muitos sistemas de back-end precisaro comunicar entre si.A capacidade dos portais corporativos em capturar, organizar e compartilhar informao e conhecimento explcito interessante especialmente para empresas intensivas em conhecimento. O Portai Corporativo deve permitir a superao de alguns desafios relacionados ao gerenciamento estratgico de informao presentes no ambiente corporativo pr-Web e pr-Portal. Esses desafios incluem, para citar apenas alguns:

Presena de sistemas no integrados e formatos de arquivos proprietrios incompatveis;

Dificuldade de acesso gil informao atualizada; e, ao mesmo tempo, sobrecarga de informao;

Redundncia e duplicao de informaes atravs das redes;

Informaes e documentos publicados de modo desorganizado, sem controle de fluxo de aprovao;

Diversidade de caminhos, mtodos e tcnicas diferentes para buscar e acessar a informao;

Dificuldade para as pessoas publicarem informaes acessveis empresa como um todo;

Dificuldade de definio ou ausncia de polticas de segurana;

Usurios no tcnicos excessivamente dependentes do departamento de TI para gerar, divulgar e obter informao;

Arquiteturas proprietrias e caras dificultam a integrao de diferentes tipos de informao.

Alm dos pontos acima, muitos outros poderiam ser citados para ilustrar o nvel de complexidade da gerncia de informao em um ambiente corporativo. Sem os instrumentos de apoio, sejam tecnolgicos ou gerencias, o problema dificilmente suportvel no mdio prazo; a organizao pode no sobreviver concorrncia.

Outro risco que vale a pena ser mencionado que tal complexidade dificulta a definio de polticas de segurana, podendo levar a organizao a sofrer ataques tanto externos quanto internos. Isso leva algumas organizaes a simplesmente bloquearem diversos canais de comunicao, procurando fugir do problema, porm regredindo s vezes at ao estado anterior implantao das redes locais.

As solues de EIP orientam-se pelo fato de estarem as organizaes atuais desafiadas a se tornarem mais geis, hbeis e inteligentes para obterem sucesso. Com efeito, as empresas esto sob imensa presso dos desafios e oportunidades da economia atual, que evolui em ritmo acelerado. Diante de vasta quantidade de fontes de informao para gerenciar; expectativas crescentes dos clientes, equipes cada vez mais multidisciplinares, os colaboradores precisam ter acesso informao relevante e personalizadaem seu contexto apropriado para a tomada de deciso bem embasada.

Minimizando a dificuldade de acesso s informaes

Integrando dados estruturados e no estruturados

Um portal corporativo prov um ponto central de acesso aos recursos de informao de uma empresa (bases de dados e sistemas de informao, documentos, e-mails, etc.) e utiliza metadados XML para integrar dados estruturados e no estruturados espalhados pela empresa.

Dados estruturados esto presentes em banco de dados e arquivos usados por sistemas transacionais recentes e legados e constituem, em geral, apenas uma pequena parte (algo em torno de 10/o, em mdia) dos dados, informaes e conhecimentos relativos aos negcios de uma organizao; o restante composto por dados no estruturados presentes em documentos, relatrios, grficos e imagens, ou em formatos de udio e vdeo. Tais fontes de dados no estruturados no so facilmente acessveis aos sistemas de informao que utilizam banco de dados relacionais. Os portais corporativos utilizam metadados XML para integrar ambas as categorias de dados (estruturados e no estruturados) para possibilitar o acesso integrado a todas as fontes de informao.

Ponto nico de acesso generalizado e personalizado

Outra vantagem percebida com a instalao do portal corporativo reside no fato de proporcionar, como j mencionado, um recurso nico centralizado onde os usurios podem encontrar; extrair e analisar toda a informao que prolifera no ambiente corporativo, muitas vezes geograficamente distribudo. Alm disso, ele expande o mbito atual da informao corporativa para um cenrio em que os usurios finais, que consomem a informao, possam ser tanto empregados, como clientes ou fornecedores.

Nesse contexto, os usurios da informao corporativa se beneficiaro de dados e informaes, transferindo-os, minerando-os e reutilizando-os em diferentes cenrios e aplicaes.

As empresas, por sua vez, podero configurar cada usurio do portai de acordo com nveis de segurana e autorizaes de acesso individuais. Os usurios tm a possibilidade de personalizar seus portais para encontrar, aceder e pesquisar mais facilmente os recursos disponveis na empresa. Muitos usurios j esto familiarizados com a personalizao oferecida atualmente pela maior parte dos portais Internet.

Ao incluir softwares de anlise de informao estruturada e permitir o acesso mais rpido informao no/semi-estruturada relevante e precisa, a partir de um ponto de acesso nico, o portal apia o processo de tomada de deciso na empresa.

Vrias aplicaes acessveis de um nico sistema

Segundo artigo da companhia Merrill Lynch, de novembro de 1998, os portais so constitudos de amlgamas de ferramentas de software que analisam, consolidam, gerenciam, e distribuem informao no seio das empresas e para o mundo exterior. A mesma consultoria, num estudo exaustivo sobre esse assunto elaborado em 1998, dividia os EIPs em trs segmentos de produtos: sistemas de Gesto de Contedo, Armazns de dados (Data Warehouses) e Inteligncia de Negcios (Business Intelligence). Nessa poca, o artigo descritivo do estudo previa que esses segmentos de software convergiriam para uma nica aplicao de informao empresarial.

Aos sistemas de gesto de contedo cabe a tarefa de capturar, arquivar, indexar e distribuir informao externa e interna para a criao de um repositrio de informao corporativo. Os sistemas de Data Warehouse ou Data Marts criam um ambiente de armazenamento onde os dados so orientados a diversas anlises de desempenho corporativo. So usados para suportar solues de BI corporativas complexas. Por outro lado, as aplicaes de Business Intellingence (BI) potencializam as fontes de bases de dados empresariais de forma a que toda a empresa tenha disponvel informao precisa e direcionada. Esses sistemas incluem funcionalidades de processamento analtico (On-Line Analytical Processing, ou OLAP), minerao de dados (Data Mining) etc.

Alm dos dados e informaes: processos

Enquanto os armazns de dados focalizam sobre dados e informao, o portal corporativo deve tambm apoiar os processos e fluxos de trabalho (workflows). Dessa maneira ele prov um ponto central de acesso via navegador Internet a todos os sistemas que cada colaborador da empresa precisa operar e consultar no seu dia-a-dia.

Um desafio para a implementao bem sucedida de um portal a relativa pobre organizao das informaes corporativas, o que atrapalha o trabalho eficiente em conjunto. Capacitados para apoiar a identificao e captura, armazenamento e recuperao de informao de mltiplas fontes, os portais corporativos, ao invs de aplicaes isoladas que operacionalizam assuntos isolados, so ambientes que proporcionam uma viso de todo, fundamental para as definies em nvel estratgico de qualquer negcio.

Lidando com o excesso de informaes

Definindo o problema

Segundo Bawden (2001), sobrecarga informacional (information overload) um estado no qual a informao disponvel e potencialmente til torna-se um obstculo (ou atraso) ao invs de uma ajuda. O excesso de informao est associado perda de controle sobre a informao e inabilidade em usar efetivamente a informao. Como resultado tem-se trabalho ineficiente e eventualmente at risco para a sade.

A questo no nova, existem registros na literatura que atestam referncia ao problema em 1852 (Rada 1991). Segundo alguns autores, por volta dos anos 50 do sculo XX a prpria cincia corria risco. Porm, apenas ao final dos anos 50 e incio dos anos 60 do sculo XX que o estado de sobrecarga informacional compreendido como um problema real. Nos anos 90 torna-se um problema grave, particularmente no mundo dos negcios, com a influncia cada vez maior de novas tecnologias de informao e comunicao: celulares, palms, etc; e particularmente a Internet provendo correio eletrnico, chats e Web. Como indica Shenk (1997), trata-se de um problema importante para indivduos e organizaes e as tcnicas usadas no passado no so mais efetivas hoje. Atualmente o problema afeta diretamente a eficincia do trabalho e a produtividade das organizaes.

Pesquisa da Reuters (Bird 1997) junto a gerentes revelou que a sobrecarga informacional, para dois teros deles, tinha causado perda de satisfao no trabalho e comprometido suas relaes pessoais. Quase a metade acreditava que decises importantes tinham sido atrasadas e afetadas de forma adversa pelo excesso de informao.

O relatrio da Reuters, citado por Bawden (2001), reconhece o problema e argumenta que muitas informaes, se mal organizadas, atrapalham o conhecimento. Com efeito, por um lado parece que o grande desafio para as empresas hoje como gerenciar as informaes de que dispem, e no propriamente como obter novas informaes.

Algumas empresas estariam tratando o conhecimento como commodity e no como um processo de melhoria da inteligncia empresarial como um todo, que e traduziria mais apropriadamente em habilidades superiores de interpretao dos fatos e de tomada de deciso. Isso no quer dizer que as empresas no devam ter uma gesto pr-ativa do conhecimento. Pelo contrrio, essa gesto deve envolver mudanas nos indicadores utilizados para medir o desempenho dos funcionrios, refletindo alteraes mais profundas na cultura organizacional e nas prticas gerenciais.

Nesse mesmo sentido, Stewart (1998) cita o trabalho dos socilogos Sara Keisler e Lee Sproull publicado em seu livro Connections (Sproull, 1993), mostrando que, paradoxalmente, o desejo de parecer racional tem levado a um comportamento no racional, que se traduz em uma preocupao excessiva com a informao por parte das pessoas. Outros autores, por sua vez, tambm distinguem conhecimento de informao. Conhecimento informao interpretada, o que faz com que a simples transferncia de informao no aumente o conhecimento ou a competncia (Nevis et al., 1995; Nonaka, Takeuchi, 1995; Sveiby, 1997; Davenport, Prusak, 1998; entre outros).

Nas organizaes que aprendem, as informaes e os sistemas de informao tm que ser precisos, imediatamente disponveis no tempo e espao, e tm que estar disponveis em um formato que facilite o uso. Na prtica, duas questes ajudam as empresas a desenharem seus sistemas de informao: Como determinada informao agrega valor a determinado processo de deciso? Como ela pode chegar s pessoas que precisam dela?

Embora o problema da sobrecarga informacional no seja novo, podendo ser encontrado deforma recorrente ao longo da histria, suas maiores conseqncias so recentes. Segundo Bawden (2001), a maneira de se lidar com o problema no passado estada ligada forma de estruturao da organizao, particularmente a organizao hierrquica, de padronizao e racionalizao. Arquivos e gavetas para papel, formulrios padronizados etc. Esses mtodos so, aos poucos, superados em tempos de globalizao intensa, com as organizaes menos fortemente estruturadas utilizando novas tecnologias de armazenagem e comunicao. A Forrester Research realizou estudos atestando que a capacidade mdia de armazenamento est crescendo ao ritmo de 50% ao ano.

Assim, parece no existir uma tcnica ou ferramenta que poder resolver o problema como um todo. As solues propostas aparentemente caem em duas categorias: gerencial e tecnolgica.Do ponto de vista gerenciai trata-se de retomar o controle. Como visto, a perda de controle sobre a informao o principal sintoma da sobrecarga. Retomar o controle, tanto no nvel individual quanto no organizacional, pode ser parte importante do remdio. Controle no no sentido coercitivo, mas de alinhamento a um padro que implique o progresso em direo a um objetivo planejado e pr-determinado.Tentativas de quantificar o problema

Segundo estudo realizado pelo Institute of the Future, funcionrios j recebem em mdia 192 mensagens/dia nas seguintes formas: e-mail, cartas, voice mail, livros, revistas, etc. Entrevista do Gartner Group mostrou que os executivos de empresas norte americanas esto gastando em mdia cerca de 108 minutos/dia apenas lidando com mensagens de e-mail. Outras pesquisas apontam, por exemplo, para o crescimento de 6 vezes no uso do e-mail em corporaes americanas nos ltimos 5 anos. Na grande maioria dos casos as Intranets cresceram to rapidamente a ponto de se tornarem difceis de gerenciar e ineficientes. A HP, por exemplo, antes de implementar um EIP, tinha 4.700 URLs em sua Intranet. Existiam mais de um milho de URLs na Intranet da Intel nos primeiros meses do ano de 2001.

Os EIPs vm representando uma tentativa de se reduzir o excesso de informaes que foi exacerbado pela generalizao do uso de aplicaes desktop nos ltimos tempos, principalmente de programas de e-mail e web.

Sobrecarga de informao e os portais corporativos

Na tentativa de lidar com o problema do excesso de informaes os EIPs focalizam suas funcionalidades em trs aspectos particularmente relevantes: personalizao, mecanismos de busca e categorizao.

Personalizao

Os EIPs procuram responder ao desafio crescente da sobrecarga informacional e da escassez de tempo, provendo nveis sofisticados de personalizao. Personalizao significa aqui melhor adaptao das ferramentas s necessidades dos usurios em acessar rapidamente a informao mais relevante para a execuo das atividades profissionais do seu dia-a-dia.

Por exemplo, a partir de uma pesquisa com 22 mil funcionrios, a Johnson Controls implantou um EIP e concluiu que a soluo tenha ajudado a economizar pelo menos uma hora por dia de cada funcionrio. Ao invs de ter que abrir vrias janelas diferentes e lanar as diversas aplicaes cada vez que acessam suas estaes de trabalho, os EIP possibilitam aos funcionrios predefinir as aplicaes que sero abertas simultaneamente a cada momento. Dessa forma, as vrias aplicaes mais freqentemente usadas ficam acessveis com um clique.

Os EIP so particularmente interessantes para pessoas que trabalham em mltiplos projetos simultaneamente e lidam com situaes complexas que requerem variadas fontes de informao e opinies. Os portais facilitam o compartilhamento e a visualizao das mesmas aplicaes simultaneamente por vrios usurios, mesmo estando geograficamente muito distantes uns dos outros.

A personalizao deve acontecer de forma transparente; adaptando e adequando o contedo e/ou a experincia individual com base em informaes implcitas e explcitas, e incorporando-as a caminhos de navegao regulares que minimizam o esforo do usurio.

Os sites mais avanados combinam abordagens de personalizao de dois tipos: pull (puxar) e push (empurrar). A abordagem pull dependente de escolhas feitas pelos usurios, eles prprios comandam a personalizao. A abordagem push pode variar de muito simples a muito sofisticada. As abordagens push mais simples consistem em personalizar o site de acordo com os perfis dos funcionrios (seu papel na organizao, sua localizao fsica, seus direitos de acesso, etc). As mais sofisticadas abordagens de personalizao push so dinmicas, realizadas em tempo real. Baseiam-se no nmero de fontes de informaes consultadas e acumuladas ao longo do tempo, incluindo os caminhos de navegao, dispositivos usados para o acesso, posio geogrfica atual do usurio e a largura de banda disponvel, etc. Considerando tais informaes, os mecanismos de personalizao predizem de forma independente as preferncias dos usurios, mostrando contedos com base em seus papeis, sua localizao, e seu comportamento durante visitas ao portal.

Como a personalizao pode ter nveis de sofisticao diversos (e variados oramentos), as empresas devem decidir previamente que contedos devem ser permanentes para um grupo especfico de usurios e que contedos podem ou devem ser personalizados. Idealmente, cada funcionrio deveria ter um papel associado ao uso que faz do EIP. Isso permite personalizaes pr-definidas, configuradas com facilidade quando novos funcionrios integram-se empresa. Com o passar do tempo os funcionrios desenvolvem uma experincia verdadeiramente personalizada com o portal. Alm disso, essa prtica permite que novos funcionrios iniciem suas atividades acessando informaes e links que so relevantes realizao de suas tarefas iniciais e responsabilidades. A associao de papis tambm permite s empresas fazerem melhor avaliao de que nveis e reas de personalizao, colaborao, uso de informaes e fontes de conhecimentos tero maior impacto no desempenho dos funcionrios.

Portais sofisticados apresentam possibilidades interessantes de personalizao. Dentre as mais avanadas, podem-se citar:

Personalizao da apresentao, na qual vrios elementos das pginas adaptados em moldes (ou templates) podem ser alterados: layout, cor, fontes, etc;

Permisso aos usurios para arrastar e modificar o tamanho das janelas;

Criao de novos templates de pginas com o auxlio de assistentes e sem necessidade de programao;

Personalizao considerando uma combinao de atributos: papis, regras de negcios, padres de navegao, filtragem colaborativa, o dispositivo de acesso utilizado, a largura de banda disponvel etc;

Compartilhar perfis de funcionrios por vrias aplicaes no portal.

Mecanismos de busca

Os mecanismos de buscas so ferramentas familiares a todos os que usam a Internet. Estatsticas mostram que centenas de milhes de pessoas usam mecanismos de busca diariamente. Em meados de 2001, os mecanismos Google e Altavista, lderes de mercado, relataram em mdia 100 milhes de buscas realizadas por dia. Segundo o Nielsen/NetRatings o Google obteve 341 milhes de visitas/dia em 2002. Obviamente, isso no implica que as pessoas estejam encontrando as informaes de que necessitam, com a rapidez que seria desejvel.

No contexto corporativo onde realizam suas atividades profissionais, os funcionrios no tm tempo para navegar na web. Alm disso, precisam procurar no apenas pginas web, mas tambm um nmero variado de fontes de informao, incluindo informaes estruturadas (em geral presentes nos bancos de dados) e no ou semi-estruturadas (aplicaes de desktop como e-mail, documentos word, e Intranet, etc).

Um dos objetivos centrais da gesto do conhecimento e, por conseguinte, dos EIPs auxiliar os funcionrios a encontrarem facilmente as fontes de informaes corporativas mais relevantes no momento exato em que mais necessitam delas. Nesse contexto fica claro que os mecanismos de busca so ferramentas extremamente teis. Eles devem prover, no menor tempo, os resultados mais relevantes para uma dada consulta.

Entretanto, na maioria dos casos os usurios ainda precisam de assistncia para a definio mais precisa do que desejam procurar, quais descritores usar? Como usar a pesquisa avanada? Alm disso, devido s ambigidades inerentes s lnguas naturais, com freqncia documentos referem-se a assuntos ou conceitos similares usando diferentes termos e nveis de profundidade variados, o que pode gerar resultados com baixa preciso. tambm importante notar que pessoas diferentes procuraro por informaes de maneiras diferentes, conforme vrios fatores, tais como:

Nvel de experincia com mecanismos de busca;

Nvel de conhecimento prvio em um domnio ou assunto especfico;

Tipo de personalidade: crebro-esquerdo ou crebro-direito, visual ou textual; e

Preferncia por navegao ou busca direta.

Em resposta a essas variadas circunstncias individuais e tambm ao crescimento exponencial da quantidade de informaes, tipos de dados e fontes de conhecimento, ocorreram vrios avanos interessantes em tais mecanismos nos ltimos anos. Muitas opes de busca, funcionalidades e nveis de sofisticao esto hoje disponveis. Essas funcionalidades so representativas da evoluo dos mecanismos de buscas e podem ser organizadas, segundo (Broader, 2002), em trs geraes:

- Mecanismos de busca de 1 gerao:

Busca por palavra chave ou frase exata, funcionalidades muito comuns nos mecanismos de buscas que listam os resultados com base na ocorrncia da palavra ou frase. Este tipo de mecanismo foi bastante usado em bibliotecas e permitem aos usurios focar suas pesquisas por reas especficas dos documentos tais como, ttulo, palavras-chave e autor;

Busca booleana retorna resultados com base na aplicao de operadores lgicos, tais como AND, OR e NOT;

Buscas com filtros colaborativos, baseados na idia de que indivduos que compartilham interesses comuns consideraro documentos similares relevantes. O mdulo de sugesto de livros da livraria Amazon um exemplo desse tipo de mecanismo;

- Mecanismos de busca de 2 gerao:

Buscas baseadas em popularidade nas quais se altera o ranking dos link.s que sero mostrados, aplicando-se vrios algoritmos que avaliam a perspectiva dos usurios em relao aos documentos ou aos sites retornados. Pode-se, por exemplo, considerar o nmero de vezes que usurios prvios visitaram o link ou quantos estabeleceram links para o site especfico (o Google e muitos outros usam tal tecnologia). Podem-se tambm apresentar os documentos baseando-se em uma avaliao pr-ativa do usurio com relao ao documento ou site;

Busca por conceitos retornam resultados que podem no conter as palavras da busca. Isso ocorre porque o mecanismo procura por palavras correlacionadas com base em um thesaurus. Essa funcionalidade representa uma evoluo dos mecanismos de busca considerados de 3 gerao.

- Mecanismos de busca de 3 gerao:

Buscas contextualizadas: certos mecanismos de busca consideram o contexto em que se apresenta a necessidade informacional do usurio. Isso muito til quando as palavras possuem significados bastante diferentes dependendo do contexto em que so usadas (e.g. a palavra leo pode representar uma bebida ou um animal). A esse fenmeno lingstico especfico d-se o nome de polissemia; existem diversos outros tipos de ambigidades inerentes s lnguas naturais. Mansa Brscher (Brschei 2002) apresenta um estudo aprofundado sobre esses fenmenos lingsticos no portugus e como eles podem ser tratados pelos mecanismos de busca para que estes aumentem sua eficcia.

Buscas em linguagem natural: permitem aos usurios fazerem consultas em linguagem natural. Um exemplo o mecanismo Askjeeves. Claro que este ltimo no pode ser considerado de 3 gerao por apresentar apenas essa funcionalidade.

Buscas em bases de conhecimento: Muito semelhante s buscas em linguagem natural, este tipo de mecanismo cria automaticamente uma base estruturada de casos que permitem ao usurio obter respostas prvias a perguntas semelhantes, O mecanismo aprende a cada vez que uma sesso de interao tipo Pergunta/Resposta ocorre. Se o usurio no obtm a resposta apropriada, ento ele direcionado automaticamente pelo programa para falar com uma pessoa que tenta responder-lhe (este tipo de busca vem sendo muito usado em Call Centers);

Busca por afinidade so similares aos filtros colaborativos. Entretanto, esse tipo de busca leva idia de associar pessoas e documentos s ltimas conseqncias. Muitos nveis de similaridade baseados nas pessoas, autores, leitores e mantenedores dos documentos. Pode ser particularmente til para grandes organizaes para relacionar pessoas com interesses e competncias similares;

Buscas com mapeamento visual permitem aos usurios visualizar os resultados de suas buscas de forma grfica. Documentos so ajuntados e relacionados formando clusters de informaes relacionadas, de acordo com algoritmos de categorizao que permitem navegao facilitada.

O processo de seleo do mecanismo de busca especfico depende das necessidades de cada organizao e da complexidade e tamanho das fontes de informao que devem ser pesquisadas. Isso pode fazer variar muito o custo do projeto. Solues padronizadas de indexao e busca podem ser bastante baratas. Por outro lado, solues completas e sofisticadas para grandes empresas podem significar milhares de reais em licenas de software, hardware, alm dos custos de consultoria e desenvolvimento.

A integrao de mecanismos de busca com a soluo de EIP proporciona funcionalidades interessantes relacionadas gesto de conhecimentos:

Notificao

- Usurios so notificados quando novos documentos so adicionados base de conhecimentos criados por outra pessoa na organizao;

- Usurios e/ou administradores podem programar rotinas de spiders e crawlers; o mecanismo de busca pode ser programado para vasculhar fontes de informao e gerar resultados para grupos especficos;- Notificao baseada em eventos de exceo (vendas caram 20%); o usurio pode definir onde ser notificado (e-mail, page; etc);

Processo de busca e Interface

- O mecanismo permite ao usurio escolher em que fontes realizar pesquisas (diretrios, web, base de dados, etc);

- Salvar os resultados de busca e compartilha-los com outras pessoas na organizao;

- Resultados podem ser personalizados de acordo, papel nveis de acesso dos usurios;

- O mecanismo de busca corrige erros ortogrficos automaticamente;- Mecanismo de busca considera sinnimos;

- Agrupa resultados de pesquisa;

- Permite busca multi-lnguas.

Desempenho do mecanismo e backend

- Integrao do mecanismo de busca com aplicaes de business intelligence;

- Procura por tags XML;

- Mecanismo de categorizao automtica;

Desenvolvendo Categorizaes e Taxonomias

Buscando simplificar a procura e a navegao, organizaes precisam desenvolver estruturas de informao e categorias que sejam facilmente compreendidas pelos usurios da comunidade que utilizar o sistema. Independentemente do poder do mecanismo de busca empregado, na concepo de seu portal toda organizao deve lidar com a questo da categorizao da informao. A categorizao adiciona informao fundamental para a classificao aos documentos, para que estes sejam organizados de acordo com uma taxonomia e facilmente encontrveis mais tarde.

Taxonomias so regras de alto nvel para organizar e classificar. A disciplina no nova e embora tenha sido evidenciada pelo desenvolvimento da Web, sempre foi o ncleo dos estudos de tratamento de informao em biblioteconomia. Atualmente novas ferramentas de software para categorizao automtica emergem e se aperfeioam rapidamente.

A formao de taxonomias se beneficia da marcao (tagging) dos documentos. A marcao um passo importante, no s para garantir que mecanismos de busca encontraro os documentos mais facilmente, e os organizaro em classes, como tambm para a disseminao dos documentos com base em regras de personalizao. O conceito de metadados, ou dados que descrevem dados, base das linguagens de marcao como HTML e XML, central para a evoluo da Internet, tanto em sua parte pblica quanto na corporativa. Os metadados provm os contextos de significados necessrios informao e torna os documentos mais facilmente localizveis por mecanismos de busca, auxiliando-os a resolver diversas ambigidades das lnguas naturais que trazem rudos ao processo de busca.

Metadados tambm desempenham o importante papel de permitir que diferentes documentos sejam agrupados mais facilmente. A captura de metadados deveria ocorrer de preferncia logo aps a criao do contedo. Isso vem sendo facilitado graas ao uso de ferramentas semi-automticas de apoio, que realizam uma combinao de processos de extrao automticos (tipicamente, autor, nome, data, etc) e manuais (palavras-chave, categorias, etc).

A criao dos diversos padres de representao XML (XLink, XFath, XSI, XQuery, etc) vem possibilitando a criao de hiper-espaos de informao muito mais sofisticados. Espaos que permitem o tratamento, por software, de documentos marcados com significados mais livres, com semnticas mais especficas, e, ao mesmo tempo, universais (Berners-Lee, 2003). Essa idia de marcao semntica com o uso de identificadores universais (URI) est na base da concepo do que vem sendo denominado Web Semntica e atribuda a Tim Bernes-Lee, considerado o inventor da Web.

Taxonomias e categorizaes assumem geralmente formas hierrquicas. Entretanto, novas formas mais visuais como grafos ou rvores hiperblicas se tornam comuns. O leitor poder consultar websites tais como: Antrtica, TheBrain ou InXight.Arquitetos de informao, com o auxlio dos geradores ou extratores semi-automticos de contedos, so geralmente responsveis pela criao das taxonomias a serem utilizadas na organizao. Ferramentas de classificao automtica simplificam e agilizam o processo.

O verdadeiro teste para qualquer taxonomia o grau de eficincia que esta proporciona ao grupo de usurios para quem ela foi desenhada: os usurios esto sendo capazes de encontrar informao relevantes de forma eficiente, ou seja, sem desperdcio de tempo?

Alguns dos desafios encontrados na criao e manuteno de uma taxonomia advm dos seguintes fatores:

preciso estar ciente de que a ambigidade parte do processo e estar sempre presente, podendo no mximo ser minimizada;

O certo ou errado universal no existem: assim pessoas diferentes iro desenvolver taxonomias diferentes. Conseqentemente, ajuda muito criar mltiplos caminhos para se encontrar a mesma informao;

Categorizaes automatizadas baseadas na freqncia de palavras podem no gerar bons resultados. Preferencialmente, a construo de uma taxonomia deveria iniciar-se com algumas entradas desenvolvidas conjuntamente pelos geradores de contedo e os arquitetos de informao. Como vimos, algumas novas ferramentas de software permitem hoje recategorizaes semi-automatizadas baseadas em feedbacks dos usurios;

A marcao uma tarefa intensiva e requer cooperao entre os criadores de contedo. Aqui tambm novas ferramentas de extrao automtica ajudam a minimizar as entradas manuais, automatizando a gerao de marcas padronizadas que descrevem os documentos, tais com autores, filiao, data de criao, palavras-chave, etc;

Quem ou qual grupo ir manter a integridade da taxonomia medida que ela evolui no tempo?

Embora, na maioria dos casos, integradores de sistemas externos ou firmas de desenvolvimento web sejam responsveis pelo desenvolvimento de uma taxonomia inicial, claramente a manuteno de um esforo perene relativo arquitetura informacional exigir novas funes alm do uso de ferramentas sofisticadas para automatizar grande parte do esforo de classificao.

Consideraes finais

Os portais corporativos j causam e continuaro a causar mudanas cada vez mais fundamentais nos processos gerenciais e no modo como as empresas funcionam. A implementao de portais corporativos deve ser considerada para servi; principalmente, s necessidades de funcionrios no que tange ao compartilhamento de informaes e conhecimentos. As redes corporativas e as comunidades de prticas que extrapolam as paredes fsicas das organizaes tambm so beneficiadas.

Dessa forma, as plataformas de portais corporativos mais avanadas vo alm do acesso informao estruturada e no (ou semi) estruturada. Elas provem solues que se adeqam s necessidades dirias de informao e de colaborao de cada funcionrio e/ou parceiros de negocio: personalizam o acesso informao, automatizam e melhoram os ciclos de deciso complexos de trabalhadores do conhecimento e podem incentivar nveis mais profundos de colaborao entre empregados.Com a vantagem de prover um nico ponto de contato para todas as fontes de informao, o portal corporativo assume o papel, sem precedente, de integrador universal dentro das organizaes. Por esse e muitos outros motivos comentados no decorrer deste texto, os portais corporativos constituem novos instrumentos de gesto de informao e conhecimento nas organizaes.Referncias

Bawden, D. Information Overload, Library & Information Briefings. v. 92. Jan. 2001. Disponvel em: . Acesso em: 5 jun. 2003.

Berners-Lee, Tim. Web Architecture from 50,000 feet. Disponvel em: . Acesso em: 5 jun. 2003.

Bird, J. The Reuters guide to good information strategy. London: Reuters, 1997.

Brscher, M. A Ambigidade na recuperao da informao. DataGramaZero - Revista de Cincia da Informao. v.3, n.1, fev. 2002. Disponvel em: . Acesso em: 5 jun. 2003.

Broder, Andrei. A taxonomy of web search, ACM SIGIR Forum, v. 36, n. 2, ACM Press, 2002. Disponvel em: . Acesso em: 10 jun. 2003.

Davenport, Th., Prusak, L. Conhecimento empresarial - como as organizaes gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

Nevis, E.C., DiBeila, A.J., and Gould, J.M., 1995. Understanding Organizations as Leaning Systems. Sloan Management Review, v. 36, Winter, p. 7 3-85.

Nonaka, I. and Takeuchi, H. Criao de conhecimento na empresa como as empresas japonesas geram a dinmica da inovao. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

Rada, R. Hypertext from text to expertext. McGraw Hill, 1991.

Shenk, D. Data smog: surviving the information glut. New York: HarperEdge, 1997.

Small, R., Ferreira, S. Multimedia vs. print information resources: information location and use, motivation, and learning patterns for children and adults. Proceedings of the 16th National Convention of the Association for Educational Com, and Tech. Washington, 1994.

Sproull, Lee, and Sara Keisler. Connect tons: new ways of working in the networked organization. Cambridge, Mass.: MIT Press 1993.

Stewart, Thomas A. Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

Sveiby, Karl E. A nova riqueza das organizaes - gerenciando e avaliando patrimnios de conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

3 - Polticas pblicas de informao e desenvolvimento

Marta Pinheiro Aun

Estado Inteligente: base para construo de polticas

No ambiente da sociedade em redes, Bourguinat (1998) prope aos estados uma economia que ele denomina de moral para que a esfera econmica no venha afetar as aquisies institucionais obtidas pelas diferentes sociedades. Para o autor, a revoluo informacional constituda pelo trio mgico; informtica-telecomunicao-eletrnica potencializado pela multimdia, possibilitou uma realidade inegvel, a do processo de globalizao. Na prtica dessa economia ao invs de negar atravs de crticas a globalizao, esta deve ser encarada na forma como tem afetado cada estado em sua individualidade e no de maneira nica, global. Para o autor, como tambm para Lojkine (1998) e Serfati (1999), o que no se pode aceitar seria a fatalidade de um pensamento nico, de uma nica forma de se colocar no mundo e assim, como se todos estivessem atrasados para um grande acontecimento. Para ele no so as naes ou estados a desaparecer, mas o pensamento nico que as pasteuriza, tornando-as irreconhecveis. como se pensar e agir politicamente se t