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VEJA ANGELINA JOLIE As conseguências radical do câncer. OS RESILIENTES Os setores que resitem a crise e podem salvar o Brasil da recessão. PETROBRAS O buraco da má gestão é ainda mais fun- do: 80 bilhões de reais. Piloto suicida O FATOR HUMANO A ação insana que levou a morte de 150 pessoas a bordo do Airbus A320 é o pior pesadelo para para quem viaja de avião e um alerta de que, apesar de toda a tecnolo- gia, a segurança do voo da ação de gente de carne e osso.

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Eduardo Oscar - PUCPR.

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VEJAANGELINA JOLIE As conseguências radical do câncer.

OS RESILIENTESOs setores que resitem a crise

e podem salvar o Brasil da recessão. PETROBRAS

O buraco da má gestão é ainda mais fun-

do: 80 bilhões de reais.

Piloto suicida

O FATOR HUMANOA ação insana que levou a morte

de 150 pessoas a bordo do Airbus A320 é o pior pesadelo para para quem viaja de avião e um alerta

de que, apesar de toda a tecnolo-gia, a segurança do voo da ação

de gente de carne e osso.

A receita parece simples. Compre uma empresa tradiciona, dona de marcas de consumo famosas, retire as gorduras na admístração opera-cional do negócio e multiplique os lucros. Fácil de

falar, difícil de fazer, sobretudo em um mercado globalizado e altamente com-petitívo. Mas é assim que umtime de executivos brasileiros vem conquistando a admiração do mundo empresaríal dos Estados Unidos, o país que desenvolveu como nenhum outro as técnicas de gestão. Em 2013, quando o fundo SG, dos bra-sileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Tellese Car-los Alberto Sicupira, comprou por 23 bilhões de dólares a Heinz, empresa famosa mundialmente por seus molhos e condimentos, a palavra de or-dem era eliminar ineficiências e ampliar os gan-hos. E assim foí feito. Até mesmo o megainvesti-

dor americano Warren Buffet, que entrou no negócio em parceria com os brasileiros, admitiu que não havia nin-guém melhor que o 3G para executar essa tarefa. “Não fico embaraçado em admitir que a Heinz é muito mais bem administrada pelo presidente do conselho, Alex Behring, e pelo CEO, Bernardo Hees, do que e eu estivesse no co-mando”, disse ele, em uma carta aos acionistas da empresa. “O princípio é 0 seguintez se o negócio tem um poten-

cial de ganho e se as práticas de gestão da empresa podem ser melhoradas, é possível ganha muíto dinheiro”, afirma Ser gio Lazzarini, professor da escola de negócios lnsper. “O Brasil está muito atrás em práticas de gestão. E por isso que o fundo SG se destaca e é tratado como exemplo a ser se-guido aqui e no exterior.” Para au-

mentar os rendimentos, o 3G apli-cou o seu Conceito de “orçamento de base zero”. Trata-se de uma fór-mula radical para manter os cus-tos operacíonais sob

controle. No início do ano, cada área deve j u s t i f i c a r detalhada-mente todos os gastos pre-vistos. A ideia é começar do zero, sem le-var em conta os resultados do período anteri-

Kraft & Heinz

A quinta maior empresa de

alimentos do mundo

Valor de mercado: 48,6 Bil-

hões.

Faturamento (2014) 29 Bil-

AB inBevA maior fabricante de cervejas

do mundo

Valor de mercado: 197,6 bilhões

Faturamento (2014) 47 Bilhões.

Quarteto Bilhonário!Para os criadores da Ambev, o Brasil ficou pequeno faz tempo. O trio expande sua receita de gestão e fecha mais uma aquisição bilionária nos Estados Unidos.

Economia

or. Assim, evita-se que os bons resul-tados passados levem a dcsperdícios e gastos supér-fluos. Até mesmo a impressão de arquivos em có-pias coloridas deve ser justiñcada. Os números são avaliados com rigor, e tudo o que não está de acordo com as metas é eliminado - isso incluiu, no caso da Heinz, o corte de milhares de empregos e o fechamento de cinco fábri-cas na América do Norte. Lemann, figura principal do 30, também se vale de uma prática do ex-presi-dente da General Elec-tric Jack Welch, que pregava um modelo de premiação, a cada ano, dos 20% melhores fun-cionários e a demissão dos 10% piores. Desde 2012, as ações do Burger King subiram 120%, en-quanto as do McDonald’s aumentaram 2,5%. Na Heinz, o choque de gestão resultou cm um cresci-mento de 50% nas margens operacionais e deu fôlego para que o 3G pudesse se preparar para mais uma transação bilionária. Em Janeiro começaram os entendimentos para uma fusão da Heinz com a Kraft, empresa de alimentos processa dos com 98% de seus negócios concentrados na América do Norte. O acordo foi fir-mado na semana passada, por cerca de 45 bilhões de dólares. A Kraft Heinz será a quinta maior empresa dealimentos do mundo e maior que a Coca-C ola nos

Estados Unidos. A partir da fusão, pre-tende aproveitar os pontos fortes de cada marca para avançar no merca-do europeu e em países emergentes. Conforme os brasileiros ganham musculatura, a concorrência se mexe para não se tornar mais uma presa no

caminho do SG. A Coca-Cola passou a usar a estratégia do “orçamento de base zero” e com a meta de poupar 3 bilhões de dólares até 2019. Os negócios do fundo 3G co-

locam os sócios Lemann, Telles e Sicupi-

ra na liderança de um grupo de empresários brasile-iros que não tinham nome como grandes gestores no exteríor. Há outros casos. O frigorífico JBS adquiriu as americanas Pilgrim’s Pride e Swift,

tornando-se o maior produtor mundi-al de carne. Conseguiu reerguer

marcas tradicionais que vinham passando por dificuldades. A Gerdau, a quarta maior em-presa de aço no mundo, opera dezenove usinas nos Estados

Unidos. Não espere, entretanto,

a criação de produtos revo-lucíonários desse grupo de ex-

ecutivos. Lemann e os seus sócios são os Steve Jobs da gestação, não da inovação tecnológica. Eles têm predileção por fazer negócios com cmpresas de con-sumo. Buscam adquirir marcas líderes, mas com espaço para aprimorar os processos produ-tivos, principalmente por meio do famoso choque de eficiên-

cia administrativa. Também é sabida a preferência por setores em que o governo não costuma intervir, para dimínuir as imprevisibilidades do negócio. Foi por esse motivo que a especulação de uma indicação de Sícupira para a presidência do conselho de adminis-tração da Petrobras foi recebida com ceticismo. Na última semana, os brasileiros do 3G foram assunto nos principais jornais de negócios do mundo por ter conseguido criar um império avaliadoem pelo menos 260 bilhões de dólares, um valor superior ao PIB de países como a Irlanda e o Peru. A Petrobras também não sai do noticiário intemacional mas por motivos bem menos nobres.

Burger King & Tim Hortons

A terceira maior rede de fast-

food do mundo.

Valor de mercado: 7,7 Bilhões.

Faturamento (2014) 4,4 Bilhões.

Kraft & Heinz

A quinta maior empresa de

alimentos do mundo

Valor de mercado: 48,6 Bil-

hões.

Faturamento (2014) 29 Bil-

Lojas Americanas

A 150º maior varejista do mundo.Valor de mercado: 5,7 bilhões.Faturamento (2014): 6,8 bilhões.

Enquanto os EUA tentam um acordo nuclear com o Irã, a Arábia Sau-dita bombardeia milícias xiitas no Iêmen e reivindica o direito de ter uma bomba atômica.

O Iêmen é país mais pobre do Oriente Médio. Oito em cada dez habitantes são viciados no qat, uma planta narcóti-ca que, mastigada, deixa as pessoas eufóricas e agressivas. Eternamente imerso em conflitos intemos,o país nunca teve protagonismo fora de suas fronteiras. Na semana passada, o Iêmen passou a ser o centro dos dois principais conflitos do Oriente Médio: a rixa entre muçulmanos sunitas e xiitas e a luta contra o terrorismo. Na quarta-feira 25, uma coalizão de dez países árabes e sunitas, liderada pela Arábia Saudita, iniciou bombardeios aéreos a um aeroporto, a campos de treinamento e à sede da milícia dos hutis no pais. Os rebel-des hutis são apoia dos pelos aiatolás do Irã, que também seguem o ramo xiíta do islamismo. “A Arábia Saudíta, suni-ta, quer evitar a todo custo quc o Iêmen caia sob um regime xiita ínñuenciado pelo ríval Irã”, diz o iraniano Hossein

Askari, da Universidade George Washington. Os hutis são da província de Saada, no norte, e historicamente buscaram proteger a relígião e a cultura zaidistas uma das correntes xiitas, seguida por um terço da população. Nun-ca foram uma ameaça real ao poder constituído do antigo presidente Ali Abdullah Saleh, que era apoiado pelos americanos e foi deposto, em 2011, durante os protestos que varreram toda a região e ficaram conhecidos como Primavera Árabe. Des-de 2013, os hutis mostraram-sc mais beligerantes, tomamm cídades e cerca am a capital, Sanaa. A demonstração de força estava diretamente liga-da ao apoío íraniano, que treinou os milicianos e enviou ao Iêmen mísseis, baterias antiaéreas

O pior está por vir

Internacional

radares, explosivos, silencíadores e munição. Nos últimos dois anos, em toda a região, os xiitas estiveram em ascensão. Na Síria, os libaneses do chbollah, grupo armado apoiados pelo Irã, ganhavam terreno e protegiam com sucesso o díta-dor Bashar Assad. No Ira que, milícias apoiadas pelo Irã es-tão reconquistando áreas sob cotrole do exército terrorista Estado Islâmico (Isis). Na semana passada, os xiitas lutavam em Tikrit auxíliados por bombardeios de caças americanos. A coroação do avanço xiita estava marcada para a terça-fei-ra 31, o prazo-limite para as negociações de seis potências, lideradas pelos Estados Unidos, sobre o programa nuclear íraniano. Embora a intenção declarada fosse a de evitar a bomba atômica do Teerã, ínformações de bastidores indica-vam que as conversas abririam caminho para o Irã a ter um arsenal nuclear, apenas atrasando-o em dez anos. A aproximação entre os Estados Unídos e o Irã ir-ritou muita gente. “Nem os árabes nem os israelenses estão felizes com a insistência de Obama em fazer esse acordo”, diz o historíador iraniano Abbas Amanat, da Universídade Yale, nos Estados Unidos. “Foi ísso que levou o rei Salman, da Arábia Saudita, a assumir uma postura mais autônoma, como demonstra o bombardeio aos hutís no Iêmen.” De Riad, o rei Sa1man, recém-empossado, mandou dou avisar que se acha no direito de investir em uma bomba atômica. Se o Irã tem esse direito, por que ele não teria? Por não terem interesse em aumentar as tensõcs com o Irã, os americanos preferiram não participar diretamente dos bombardeíos no Iêmen. Sauditas e egíp-cios anunciaram que estudam enviar tanques e soldados. Abrem-se, assím, duas possibilidades. A primeira é de uma invasão por terra e uma guerra convencional que poderia sufocar mais rapídamente os hutis. A outra aconteceria na ausência do envio de soldados. Sem um lado capaz de dominar o outro, o conflito na estenderíaquase índefinidamente. O presidentc iemenita Abd Mansur Hadi fugiu para Riad. As forças governamentais continuam lutando contra os hutis e os aliados de Saleh. No sul, um movimento separatista luta pela volta das antigas fronteiras, quan-do havia um Iêmen do Norte capitalista e um do Sul comunista. A Al Qaeda está mais para o centro. Ao lutar uma guerra por procuração Contra a Arábia Saudita, o lrã põe os Estados Unidos em uma posição delicada - e lança mais uma carta na mesa de negocíações nucleares.

Um país divididoO Iêmen está dividido em qua-tro grupos armados.