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UTILIZAÇÃO DO QFD PARA DESENVOLVIMENTO DE NOVO HIDRATANTE NO MERCADO COSMECEUTICO Claudia Pinto de Carvalho (UNISUAM ) [email protected] Livia Antunes Dutra (UGF ) [email protected] No mundo globalizado, a sobrevivência das empresas frente à forte concorrência está atrelada a sua capacidade de atender rapidamente às necessidades dos clientes. Para que possam promover as mudanças necessárias, em um tempo adequado, as empresas precisam de um sistema de gestão que as ajudem a enfrentar os desafios que encontrarão. Nesse contexto, a qualidade passou a ser pré-requisito para qualquer empresa, e cada vez mais, elas buscam as necessidades e vontades de seus clientes, transformando-as em especificações de seus produtos e serviços. O Quality Function Deployment (QFD) busca traduzir a voz do cliente em requisitos técnicos, auxiliando os desenvolvedores a incorporar no projeto as verdadeiras necessidades dos clientes. Logo, os produtos passam ter as características que os clientes desejam. O objetivo do trabalho é demonstrar a aplicação da metodologia QFD para o desenvolvimento de um novo produto para hidratação da pele no mercado cosmético não popular (cosmecêutico). Esse subprojeto foi realizado em parceria com o Laboratório Marpesa, que desejava lançar o H-Derm no mercado. O hidratante é mais eficiente que os demais por ser produzido por um processo bioquímico diferenciado, o que lhe confere melhores características como maior penetrabilidade dérmica e funções tônica, adstringente e queratolítica. Através do QFD, foi realizado um estudo pormenorizado, que permitiu algumas considerações acerca do melhor mercado para lançar o produto, do seu desempenho comparado aos concorrentes e da sua demanda potencial. A coleta de dados foi feita através de dois questionários aplicados, em momentos distintos, a um grupo de 48 mulheres convidadas, a fim de conhecer suas necessidades e desejos quanto ao consumo de produtos hidratantes para pele e para que elas pudessem opinar sobre a qualidade do H-Derm, destacando o que esperam de um produto ideal. Com os dados coletados, foram construídas as Matrizes da Qualidade. Assim, constatou-se a qualidade do produto e a satisfação dos consumidores, sendo observado, inclusive, que tipo de pele (ressecada ou não) não influencia no nível de satisfação quanto ao produto. Também, verificou-se que seu desempenho é superior ao dos cosméticos atuais e que o mercado cosmecêutico é o mais adequado para lançamento. Quanto às XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10 Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

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UTILIZAÇÃO DO QFD PARA

DESENVOLVIMENTO DE NOVO

HIDRATANTE NO MERCADO

COSMECEUTICO

Claudia Pinto de Carvalho (UNISUAM )

[email protected]

Livia Antunes Dutra (UGF )

[email protected]

No mundo globalizado, a sobrevivência das empresas frente à forte

concorrência está atrelada a sua capacidade de atender rapidamente

às necessidades dos clientes. Para que possam promover as mudanças

necessárias, em um tempo adequado, as empresas precisam de um

sistema de gestão que as ajudem a enfrentar os desafios que

encontrarão. Nesse contexto, a qualidade passou a ser pré-requisito

para qualquer empresa, e cada vez mais, elas buscam as necessidades

e vontades de seus clientes, transformando-as em especificações de

seus produtos e serviços. O Quality Function Deployment (QFD) busca

traduzir a voz do cliente em requisitos técnicos, auxiliando os

desenvolvedores a incorporar no projeto as verdadeiras necessidades

dos clientes. Logo, os produtos passam ter as características que os

clientes desejam. O objetivo do trabalho é demonstrar a aplicação da

metodologia QFD para o desenvolvimento de um novo produto para

hidratação da pele no mercado cosmético não popular (cosmecêutico).

Esse subprojeto foi realizado em parceria com o Laboratório Marpesa,

que desejava lançar o H-Derm no mercado. O hidratante é mais

eficiente que os demais por ser produzido por um processo bioquímico

diferenciado, o que lhe confere melhores características como maior

penetrabilidade dérmica e funções tônica, adstringente e queratolítica.

Através do QFD, foi realizado um estudo pormenorizado, que permitiu

algumas considerações acerca do melhor mercado para lançar o

produto, do seu desempenho comparado aos concorrentes e da sua

demanda potencial. A coleta de dados foi feita através de dois

questionários aplicados, em momentos distintos, a um grupo de 48

mulheres convidadas, a fim de conhecer suas necessidades e desejos

quanto ao consumo de produtos hidratantes para pele e para que elas

pudessem opinar sobre a qualidade do H-Derm, destacando o que

esperam de um produto ideal. Com os dados coletados, foram

construídas as Matrizes da Qualidade. Assim, constatou-se a qualidade

do produto e a satisfação dos consumidores, sendo observado,

inclusive, que tipo de pele (ressecada ou não) não influencia no nível

de satisfação quanto ao produto. Também, verificou-se que seu

desempenho é superior ao dos cosméticos atuais e que o mercado

cosmecêutico é o mais adequado para lançamento. Quanto às

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características da demanda, esta se mostrou mais inclinada aos

hidratantes cosméticos comuns, onde parece haver pouca preocupação

com a hidratação plena da pele. Portanto, sugeriu-se um QFD do H-

Derm no mercado cosmecêutico para verificar a importância dos

requisitos do cliente e dos requisitos técnicos do produto para esse

mercado especificam

Palavras-chaves: QFD, mercado cosmeceutico

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1. Introdução

No mundo globalizado, a sobrevivência das empresas frente à forte concorrência está atrelada

a sua capacidade de atender rapidamente às necessidades dos clientes. Nesse contexto, a

Qualidade é um pré-requisito para qualquer empresa, pois cada vez mais elas buscam

conhecer as necessidades de seus clientes, transformando-as em especificações de seus

produtos/serviços.

O objetivo deste trabalho foi demonstrar a aplicação do Desdobramento da Função Qualidade

(QFD) para o desenvolvimento de um novo hidratante corporal (H-Derme) no mercado

cosmecêutico (cosmético não popular), a fim de possuírem todas as características

importantes para os clientes, atendendo seus desejos e necessidades. Foi realizado um estudo,

considerando dois momentos distintos, através de questionários aplicados a um grupo

mulheres colaboradoras da pesquisa.

Neste, foram levantadas algumas considerações acerca do melhor mercado para lançar tal

produto, do desempenho do mesmo comparado aos seus concorrentes e da sua demanda

potencial. Além disso, buscou-se conhecer as necessidades dos clientes-potencial quanto ao

consumo de hidratantes para pele e opiniões sobre a qualidade do H-Derme, destacando o que

esperam de um produto ideal.

Através desse trabalho, a qualidade do produto percebida pelas colaboradoras foi mensurada e

observou-se que o mesmo teria boa aceitação no mercado. Ressalta-se que o H-Derme teve

seu processo ajustado conforme os resultados parciais dessa pesquisa e, hoje, encontra-se

modestamente à venda no mercado e sem propaganda.

2. Fundamentação teórica

Este trabalho foi fundamentado nos conceitos da Qualidade, atribuindo valores ao produto ou

serviço, buscando o atendimento e superação das expectativas do cliente. A Qualidade Total

vem resgatar o valor dos clientes para o processo das empresas como uma atitude gerencial,

denotando a atenção da empresa quanto à visão, percepção e opinião de um grupo diante do

bem que ela oferece.

O QFD é um método no qual as demandas dos consumidores/clientes são convertidas em

características de qualidade e no qual se desenvolve um projeto de qualidade para um produto

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acabado, por meio do desdobramento das relações entre demandas e características. O

desdobramento tem início na qualidade de cada componente funcional e se estende para a

qualidade de cada parte ou processo. Dessa forma, a qualidade total do produto será entendida

através de uma rede de relações. Em outras palavras, o QFD traduz as necessidades do cliente

em requisitos que circundam todo o processo de elaboração do produto: pesquisa de

planejamento, engenharia, produção, marketing, vendas, entre outros. Entretanto, a

dificuldade de toda coleta de dados da voz do cliente (VOC) desmotiva o uso do método

(Carnevalli, 2004). Ressalta-se que a técnica da VOC, apesar de ter baixo custo para empresa,

agrega valores tecnológicos ao produto, além de servir como parâmetro para análises de

adequação do que é elaborado pelos gerentes de processo e produção.

QFD consiste na utilização de um viés de comunicação que sistematiza uma informação

atrelada à qualidade e posteriormente ordena um processo visando um resultado de fundo

qualitativo. Ou seja, o QFD busca atingir um padrão ideal que garanta a qualidade ao longo da

elaboração de um produto. Consoante Michel (2009), esta técnica é capaz de abranger

vertentes diferentes e auxiliar no levantamento das necessidades do cliente considerando

dimensões como: qualidade, tecnologia, custos e confiabilidade. A partir destes itens, podem

ser encontradas diversas variações dos modelos QFD.

Alguns benefícios com a utilização do QFD são obter reduções do tempo de desenvolvimento

do produto, das reclamações de clientes, de custos, de perdas e do número de mudanças de

projeto. Além disso, permite o aumento de comunicação entre departamentos funcionais,

crescimento e desenvolvimento de pessoas através do aprendizado mútuo, e maior

possibilidade de atendimento a exigências de clientes.

A técnica QFD sugere a criação de uma matriz que representa três fases do processo de

conhecimento do produto: a extração, a correlação e a conversão. Quando se utiliza uma

matriz, o objetivo é dar visibilidade às relações entre as tabelas, que podem ser: quantitativa,

qualitativa e de intensidade.

Cheng e Melo Filho (2007) introduziram a ideia de QFD amplo, ressaltando os tipos de

desdobramentos que constituem o QFD. Existem diferentes versões do QFD utilizadas no

mercado. As mais conhecidas são: QFD das Quatro Ênfases, Matriz das Matrizes, QFD das

Quatro Fases e o QFD Estendido. A primeira é a versão original do QFD, considerada a mais

completa por estar pautada em dois focos de desdobramentos: o QD (abrange o

desdobramento do produto e visa uma aplicação abrangente da qualidade percebida pelo

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cliente) e o QFDr (trata do desdobramento do trabalho). Logo, observa-se que o foco no QD é

a qualidade exigida do produto solicitada pelos clientes, enquanto no QFDr, o foco está na

execução bem feita do trabalho humano.

Hoje, compreende-se o QFD como uma metodologia de planejamento estratégico, empregada

durante todo o processo de desenvolvimento do produto.

3. Estudo de caso

No corpo humano, o colágeno une e fortalece os tecidos. Até os 30 anos de idade, o

organismo se encarrega de fabricá-lo suficientemente, mas, com o passar dos anos, a pele

perde a sua elasticidade natural e aparecem as primeiras rugas. Outros elementos também

contribuem para o aspecto opaco e áspero da pele, como fatores climáticos, substâncias

químicas, etc. A pele ressecada é mais frágil e sujeita a irritações. Portanto, a hidratação da

pele é fundamental para manter a jovialidade e, para conservá-la saudável, há necessidade de

aplicação diária de um bom hidratante capaz de repô-la e protegê-la dos agentes nocivos.

Diante desse cenário, o Laboratório Marpesa de Produtos de Beleza e Higiene Ltda,

desenvolveu um hidratante corporal inovador denominado H-Derme, que promete ser muito

eficiente no combate ao ressecamento da pele. O produto é o objeto desse trabalho e está

focado no público feminino acima de 25 anos de idade. Através do QFD então, objetiva-se

conhecer as necessidades e os desejos das mulheres quanto ao consumo de produtos para

hidratação da pele, bem como obter suas opiniões quanto ao desempenho do hidratante H-

Derme comparado aos hidratantes utilizados com maior frequência por elas. Dessa forma,

espera-se verificar se o H-Derme realmente deve ser lançado no mercado de cosmecêuticos ou

se deveria seguir a linha dos cosméticos populares, identificar os pontos fortes e fracos do

produto frente às exigências dos consumidores e frente aos concorrentes potenciais, fomentar

melhorias no projeto do produto e elaborar um planejamento estratégico mais adequado ao

nicho de mercado que se desejar explorar.

O H-Derme é um hidratante natural para a pele gerado por um processo bioquímico, onde

interagem amônia, colágeno hidrolisado e extrato de hamamelis virginiana em nanopartículas

que, agregados ao ácido esteárico e a glicerina, formam um creme evanescente. Diferencia-se

dos demais hidratantes porque, no momento da sua aplicação e massagem na pele, o creme,

em contato com o ar, gera ureia rica em nitrogênio, composto orgânico que, juntamente com o

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colágeno (natural). Tem boa penetrabilidade dérmica. Assim, o produto é mais facilmente

absorvido pela pele. Além disso, o extrato de hamamelis em nanopartículas confere ao creme

uma função tônica, adstringente e queratolítica, ativando a circulação, reduzindo secreções e

protegendo a pele de infecções.

3.1. Coleta de dados

Trata-se de um estudo experimental longitudinal de intervenção, contando com uma amostra

composta por 48 mulheres colaboradoras, todas acima de 25 anos. O tamanho amostral foi

determinado (imposto) pelo número de amostras disponíveis para pesquisa. Todas receberam

uma amostra do H-Derme, com compromisso de uso do produto, no mínimo nas mãos e

pernas, para preenchimento dos dois instrumentos de pesquisa, no início da mesma e após o

uso do produto. A escolha pelas mãos e pernas para o teste do produto foi devido à maior

tendência dessas áreas ao ressecamento da pele, possibilitando avaliar melhor a eficácia do

produto.

Na primeira etapa da pesquisa, buscou-se levantar aspectos atuais a serem enfrentados pela

empresa com a inserção do produto no mercado, descrevendo as expectativas dos

consumidores de hidratantes para a pele a partir dos sujeitos da pesquisa, identificando

características triviais para aquisição de um creme para esse fim. Foi aplicado um

questionário para caracterização do sujeito e do consumidor. A caracterização do sujeito

objetiva obter uma visão global da amostra quanto ao biótipo físico, faixa etária, grau de

Figura 1 – Imagem do produto H-Derme

Fonte: Arquivo pessoal (2012)

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escolaridade, meios utilizados para se iterar sobre acontecimentos atuais e, principalmente,

situações (hábitos comportamentais, alimentares etc.) que podem influenciar no ressecamento

da pele. Já a caracterização do consumidor visa captar informações sobre a frequência e

situações em que ocorre o ressecamento da pele, preferências quanto à utilização de cremes

hidratantes, indicações de critérios relevantes no momento da aquisição de um hidratante para

a pele.

Na segunda etapa da pesquisa (após utilização do produto), com a aplicação de um segundo

questionário, buscou-se analisar a opinião do sujeito quanto ao H-Derme e sua análise

comparativa com outros cremes hidratantes comumente utilizados pelos próprios, agora

categorizados como Cosméticos ou Cosmecêuticos. Nessa fase, contou-se com a participação

de 44 colaboradoras, o que corresponde a 92% de participação em relação à amostra inicial.

3.2. Resultados obtidos

3.2.1. Caracterização dos sujeitos

Os sujeitos pesquisados foram identificados e analisados a partir da aplicação do primeiro

instrumento de pesquisa. Quanto ao perfil dos sujeitos, constatou-se que 40% estão

concentrados na faixa etária de 30 a 44 anos, seguido das faixas de 45 a 60 anos (35%); 39%

se declararam de origem europeia; 64% residem na cidade do Rio de Janeiro; 64% estão com

peso normal; 57% completaram o Ensino Superior; 93% utilizam televisão como meio de

comunicação, seguido da internet (86%), jornais (80%), rádio (77%) e revistas (57%).

Portanto, trata-se de uma amostra economicamente ativa, que possui bom nível de

escolaridade e pode exercer influência sobre outras pessoas (formadores de opinião). Além

disso, o quesito “meio de comunicação” aponta os meios mais utilizados pelos sujeitos para se

manterem informados, revelando possíveis canais de contato do produto H-Derme com os

seus consumidores.

Quanto aos quesitos relacionados à pele dos sujeitos, a análise cruzada das variáveis

estudadas permite melhor visualização dos relacionamentos existentes e possível associação

entre as mesmas. Assim, foram efetuados cruzamentos com as duas principais variáveis: tipo

de pele e intensidade do ressecamento da pele.

De acordo com a figura 2, observa-se pouca influência do tom natural da pele sobre o tipo de

pele de corpo. Assim, a maior parte da amostra apresenta pele normal, independentemente do

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seu tom natural de pele. Já na figura 3, verifica-se que há indícios de relação positiva entre

faixa etária e tipo de pele: quanto maior a faixa etária, mais seca a pele tende a ser. Já sobre o

tipo de pele normal e oleosa não se pode fazer a mesma afirmação. A pele normal é o tipo

mais comum entre os adultos de 25 a 59 anos estudados.

Considerando as variáveis ‘alimentação’ (frequência de ingestão de legumes, frutas etc.) e

‘tipo de pele’ (figura 4), nota-se que estas são independentes para essa amostra. Na figura 5,

visualiza-se que a variável ‘frequência de utilização de produtos “agressivos”’ exerce certa

influência (relação inversa) sobre o tipo de pele de corpo. Isso acontece especialmente sobre a

pele seca e normal, uma vez que a quantidade de pessoas com pele seca tende a crescer e de

pessoas com pele normal, diminuir, pois a frequência de uso desses produtos aumenta.

Figura 2 - Tipo de pele de corpo X tom

natural de pele

Fonte: Elaboração própria

Figura 3 – Tipo de pele de corpo X faixa

etária

Fonte: Elaboração própria

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Figura 6 - Tipo de pele de corpo X

frequência de exposição à temperatura

elevada

Fonte: Elaboração própria

Figura 7– Tipo de pele de corpo X

frequência de exposição à temperatura

baixa

Fonte: Elaboração própria

Figura 4 - Tipo de pele de corpo X

frequência de ingestão de legumes,

verduras, etc

Fonte: Elaboração própria

Figura 5 – Tipo de pele de corpo X

frequência de utilização de produtos

“agressivos” à pele

Fonte: Elaboração própria

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Quanto à temperatura elevada (figura 6), é indiferente a frequência de exposição a ela para o

tipo de pele. Porém, para exposição à temperatura baixa (figura 7), observa-se ligeiro aumento

da quantidade de pessoas com tipo de pele seca quando cresce a frequência de exposição a

ela. Em ambos os casos, observou-se maioria de tipo de pele normal para todas as opções de

frequência de exposição listadas.

Nas figuras 8 e 9, vê-se pouca relação entre as variáveis ‘ingestão média de copos de água por

dia’ e ‘situação quanto ao fumo’ sobre o ‘tipo de pele’.

Figura 8 - Tipo de pele de corpo X ingestão

média de copos de água por dia

Fonte: Elaboração própria

Figura 9 – Tipo de pele de corpo X

situação quanto ao fumo

Fonte: Elaboração própria

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Em relação à variável ‘frequência de exercícios físicos’, observa-se que a pele é menos seca

para aqueles que praticam mais exercícios físicos (figura 10). Dentre as modalidades de

esporte mais praticadas pelos sujeitos, a caminhada representou 32%, como visto na figura 11.

Constata-se que nem todos os fatores que se imaginava exercer influência sobre o tipo de pele

do corpo das pessoas, de fato exercem tal influência. Esse fato pode ser devido ao tamanho da

amostra do estudo.

Para a caracterização dos sujeitos como consumidores, também foram efetuados alguns

cruzamentos dos dados coletados. A figura 12 mostra que 84% dos sujeitos estudados

relataram ocorrência de ressecamento na pele com certa frequência. De acordo com as figuras

13 e 14, não é possível afirmar que existe relação entre alimentação e frequência de utilização

de produtos “agressivos” com o ressecamento da pele. Observa-se que a pele não ressecada

tem um ligeiro crescimento conforme aumenta a frequência de ingestão de alimentos

saudáveis na figura 13, assim como ela tem queda em relação ao aumento da frequência de

utilização de produtos “agressivos” à pele (figura 14). Na figura 14, apenas se pode indicar

que a quantidade de pessoas que apresentam ressecamento da pele é sempre maior que a

quantidade das que não apresentam.

Figura 10 - Tipo de pele de corpo X

frequência de exercícios físicos

Fonte: Elaboração própria

Figura 11 – Modalidades de esporte

praticadas

Fonte: Elaboração própria

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As figuras 15 e 16 não permitem afirmar que existe relação entre as variáveis para a amostra

considerada. Embora se observe ligeira queda da pele não ressecada de acordo com o aumento

da frequência de exposição à temperatura elevada (figura 15) e à temperatura baixa (figura

16), não se observa comportamento inverso da pele ressecada. Quanto à ‘ingestão média de

copos de água por dia’, verifica-se que existe uma tendência a relação inversa entre ela e o

‘ressecamento da pele’: ocorre diminuição do ressecamento da pele com o aumento da

Figura 12 – Pele ressecada

Fonte: Elaboração própria

Figura 13 – Pele ressecada X frequência de

ingestão de legumes, verduras, etc

Fonte: Elaboração própria

Figura 14 – Pele ressecada X frequência de

utilização de produtos “agressivos’ à pele

Fonte: Elaboração própria

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quantidade de copos de água ingeridos por dia (figura 17). Na figura 18, não se nota

influência da situação quanto ao fumo com o ressecamento da pele.

Em relação à variável frequência de exercícios físicos, o ressecamento da pele reduz

conforme se intensifica a prática de exercícios físicos (figura 19). Para aquelas pessoas que

declararam não ter a pele ressecada, o aumento da frequência de exercícios físicos de fato

pouco influencia no ressecamento da pele. Algumas outras situações provocam o

ressecamento da pele e, de acordo com a figura 20, elas são as mesmas, para aqueles que

possuem a pele ressecada ou não. Dentre as situações em que mais ocorre o ressecamento da

pele, estão: o uso de produtos químicos, com 61% da amostra com ressecamento da pele; o

inverno, com 50% da amostra com ressecamento da pele; e a exposição ao vento e à chuva,

com 30% da amostra com ressecamento.

Considerando os resultados expostos, conclui-se que nem todos os fatores que se imaginava

exercer influência sobre a ocorrência de ressecamento da pele, de fato exercem. Este resultado

pode estar relacionado ao pequeno tamanho da amostra. Outra razão plausível é a

possibilidade da ocorrência de ressecamento na pele nesta amostra seja mais influenciada por

situações específicas (verão, inverno, envelhecimento etc.) que por fatores ligados a hábitos e

comportamentos.

Quanto ao posicionamento dos sujeitos diante dos critérios de aquisição de produtos

hidratantes, a figura 21 demonstra que 48% priorizam qualidade. Amigos e dermatologista

Figura 15 – Pele ressecada X frequência de

exposição à temperatura elevada

Fonte: Elaboração própria

Figura 16 – Pele ressecada X frequência de

exposição à temperatura baixa

Fonte: Elaboração própria

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foram as recomendações mais citadas, o que corrobora 95% da amostra relatarem que

aceitariam experimentar um hidratante novo no mercado. Quanto a possibilidade de usar um

produto natural com qualidade comprovada, todas se mostraram disponíveis.

Figura 17 – Pele ressecada X ingestão

média de copos de água por dia

Fonte: Elaboração própria

Figura 18 – Pele ressecada X situação

quanto ao fumo

Fonte: Elaboração própria

Figura 19 – Pele ressecada X frequência de

exercícios físicos

Fonte: Elaboração própria

Figura 20 – Pele ressecada X situações em

que ocorre o ressecamento da pele

Fonte: Elaboração própria

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Dentre os critérios avaliados no momento da compra de hidratante (figura 22), observa-se que

o produto ser não pegajoso é o mais importante, seguido da eficiência e do cheiro. O critério

de menor importância é o tempo de resposta.

Figura 21 – Critérios para compra de hidratantes para

a pele

Fonte: Elaboração própria

Figura 22 – Classificação média dos requisitos dos clientes

Fonte: Elaboração própria

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A segunda etapa da pesquisa buscava itens que viabilizassem a análise competitiva do H-

Derme. Para tanto, era preciso que os sujeitos utilizassem o produto. Nessa fase, contou-se

com 92% de participação em relação à amostra inicial. De acordo com os relatos, o produto

foi utilizado, principalmente, nas mãos e pernas.

Visando levantar possíveis concorrentes, foi solicitado aos sujeitos que indicassem os

hidratantes utilizados com maior frequência. A análise foi efetuada sob a marca dos

hidratantes.

Observa-se nas figuras 23 e 24 que Natura é o grande concorrente do H-Derme, quando os

produtos são tratados individualmente. Contudo, há uma grande diversidade de marcas citadas

na pesquisa, o que dificulta a comparação de desempenho entre elas e o H-Derme. A fim de

otimizar a comparação e de verificar se o H-Derme deve ser lançado como cosmecêutico ou

como cosmético, as marcas foram agrupadas, utilizando-se como critério a forma como os

produtos dessas marcas são divulgadas no mercado.

Figura 23 – Hidratantes utilizados nas mãos

Fonte: Elaboração própria

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3.2.2. Casa da Qualidade

As figuras 25 e 26 mostram as Casas da Qualidade para H-Derme - uso nas mãos e pernas.

Optou-se pela construção de duas Casas da Qualidade devido ao anseio de se investigar se o

produto apresenta diferenciação de resultados para diferentes regiões do corpo. Em ambas as

casas, as informações iniciais são praticamente idênticas: requisitos dos clientes, requisitos

dos produtos, relacionamento entre requisitos dos clientes e dos produtos, relacionamento

entre os próprios requisitos dos produtos, grau de importância do cliente, grau de importância

da empresa, grau de importância geral, argumento de vendas e plano de qualidade. A

diferenciação somente ocorre na análise do H-Derme, pois o desempenho do produto

separadamente para mãos e pernas, assim como hidratantes utilizados com maior frequência.

A análise da matriz de relacionamento revela a existência de 62 relações de ordem forte, por

exemplo, eficiência e nanotecnologia. Ligações de ordem moderada foram 22.

Figura 24 – Hidratantes utilizados nas pernas

Fonte: Elaboração própria

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Figura 25 – Casa da Qualidade para o H-Derme (uso nas mãos)

Fonte: Elaboração própria

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Figura 26 – Casa da Qualidade para o H-Derme (uso nas pernas)

Fonte: Elaboração própria

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Segundo os clientes, os requisitos mais importantes na compra de um hidratante são: não ser

pegajoso, eficiência, cheiro, não ser oleoso, facilidade de absorção, sensação de hidratação

pós-uso, facilidade de aplicação e tempo de resposta, respectivamente. Contudo, para a

empresa, dos quatro requisitos mais importantes indicados pelos clientes, apenas eficiência

está entre os itens de qualidade principais ou mandatórios do produto, por proporcionar maior

satisfação aos clientes à medida que aumenta seu nível de desempenho. O tempo de resposta

rápido, que é uma das grandes vantagens do H-Derme, não teria influência sobre os clientes,

que, ao invés disso, prefeririam um produto que não fosse pegajoso e que tivesse cheiro mais

atraente. Esse resultado preliminar permite levantar a hipótese de que o público em geral pode

se importar mais com itens acessórios do que com itens principais em um hidratante. Embora

relate se preocupar com eficiência do produto, verifica-se que a mesma não é requisito

prioritário e pode acabar sendo suprimida por outros requisitos também considerados

importantes, como cheiro e não ser oleoso. A hidratação da pele em si pode ficar muito aquém

do que se espera de um produto hidratante, o que é aceito pelo cliente.

O Benchmarking do mercado é responsável por viabilizar a avaliação técnica competitiva

entre o novo produto e os produtos já massificados no mercado. Uma grande diversidade de

produtos foi citada pelos sujeitos, por isso foram agrupados em cosméticos e cosmecêuticos.

A figura 27 mostra a análise comparativa de acordo com os requisitos dos clientes. Vale

ressaltar que não foi possível efetuar a comparação do H-Derme com produtos cosmecêuticos

considerando o uso nas pernas, em virtude de não ter sido citado seu uso nessa região.

Diante do exposto, observa-se que o H-Derme só foi inferior aos cosméticos no quesito

cheiro. Nos demais, foi idêntico ou superior, especialmente nos itens eficiência e hidratação

pós-uso. E, quanto aos cosmecêuticos, o H-Derme se equiparou a eles na maioria dos

quesitos. Esses resultados mostram que o H-Derme se assemelha aos hidratantes cosméticos

que se encontram no mercado atualmente, mas o “plus” na sua composição faz seu

desempenho nitidamente superior ao desempenho dos cosméticos.

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O plano de qualidade, realizado por meio da interpretação quantitativa do grau de importância

dos requisitos e da avaliação competitiva do mercado, indica valores a serem considerados

pela empresa diante da importância a ser dada para cada item do produto descrito pelo cliente,

tanto para enxergar os seus concorrentes quanto para analisar o produto H-Derme. Não ser

pegajoso, eficiência, cheiro e sensação de hidratação pós-uso são os itens que devem estar

sempre com nota máxima 4 e os outros itens podem se permitir uma nota 3.

O índice de melhoria indica quais requisitos devem ser melhorados, quais podem ser

melhorados e quais podem ser mantidos no nível atual, considerando o plano de qualidade e a

análise do produto H-Derme. Assim sendo, os índices de melhoria identificados na pesquisa

são: melhorar o cheiro e ser menos pegajoso. Conforme a pesquisa, para o uso nas pernas, o

H-Derme não é pegajoso, mas se torna um pouco pegajoso quando usado nas mãos.

Fonte: Elaboração própria

Figura 27 – Análise comparativa do H-Derme com cosméticos e cosmecêuticos

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O peso absoluto do requisito do cliente é obtido pela multiplicação dos itens grau de

importância geral (grau de importância do cliente X grau de importância da empresa),

argumento de vendas e índice de melhoria. Denota os requisitos dos clientes mais importantes

para o produto, isto é, aqueles que devem ser analisados, acompanhados e melhorados

constantemente. Considerando o uso do H-Derme nas mãos, são respectivamente: cheiro, não

ser pegajoso, tempo de resposta, facilidade de aplicação, não ser oleoso, sensação de

hidratação pós-uso, facilidade de absorção e eficiência. Já para o uso nas pernas, há uma

ligeira mudança na ordem: cheiro, não ser pegajoso, não ser oleoso, sensação de hidratação

pós-uso, tempo de resposta, facilidade de aplicação, eficiência e facilidade de absorção.

A matriz de correlações demonstra as correlações existentes entre os itens técnicos do

produto, indicando o nível de interferência que uma alteração em alguns requisitos técnicos

do produto provoca nos demais. Nesse estudo, somente se identificou correlações positivas ou

inexistentes entre os itens. Dentre as correlações positivas, pode-se destacar: nanotecnologia e

colágeno hidrolisado, nanotecnologia e extrato de hamamelis, extrato de hamamelis e

tecnologia de produção, etc.

Por fim, para avaliar o grau de importância dos requisitos do produto, identificando aqueles

que devem ser priorizados no desenvolvimento do H-Derme, foi efetuada a multiplicação do

peso relativo de cada requisito do cliente (PRRC) pela relação de intensidade entre os

requisitos do cliente e os requisitos do produto. Verificou-se resultado praticamente idêntico

nas duas casas da qualidade, onde a formação de ureia, a tecnologia de produção, o tempo

entre o término da produção do produto e o seu envase foram os itens de maior grau de

importância do produto.

4. Conclusão

Este trabalho buscou demonstrar a aplicação do QFD para o desenvolvimento de um novo

produto no mercado cosmético não popular, com o objetivo principal de obter a avaliação do

produto quanto ao mercado a ser lançado, a sua eficiência e a sua demanda. A partir dos

resultados obtidos nas casas da qualidade, conclui-se que o H-Derme é um produto de alta

qualidade percebida, cumprindo sua missão de hidratar a pele. O produto se assemelha aos

atuais hidratantes cosméticos, contudo apresenta desempenho superior, equiparando-se aos

produtos cosmecêuticos. Assim, os resultados apontam para o mercado cosmecêutico como o

mercado mais apropriado para lançamento do hidratante H-Derme.

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A amostra da presente pesquisa parece representar o público mais voltado aos hidratantes

cosméticos, onde há alguma preocupação com a eficiência do produto, mas outros fatores

tidos como secundários, como cheiro são de maior relevância. Acredita-se que, por esse

motivo, foram encontradas algumas divergências entre clientes e empresa no que tange aos

graus de importância dos requisitos.

Assim, é sugerido efetuar uma avaliação específica do H-Derme com o público voltado ao

mercado cosmecêutico, bem como comparações com os concorrentes. Esta avaliação

viabilizaria observar se os mesmos graus de importância para os requisitos do cliente e

requisitos técnicos do produto seriam obtidos. Sugere-se um aumento na amostra para um

melhor planejamento do produto.

Referências

CARNEVALLI, José Antonio; SASSI, Andreza Celi; MIGUEL, Paulo A. Cauchick.

Aplicação do QFD no desenvolvimento de produtos: levantamento sobre o uso e

perspectivas para pesquisas futuras. Gestão & Produção. São Carlos: UFSCAR, v.11, n.1, p.

33-49, jan./abr. 2004.

CHENG, Lin Chih; MELO FILHO, Leonel Del Rey de. QFD: Desdobramento da função

qualidade na gestão de desenvolvimento de produtos. Belo Horizonte: Edgard Blücher, 2007.

DUTRA, Livia Antunes. Utilização do QFD para aumento de chance de sucesso no

lançamento de produto no mercado cosmético não popular. 57p. X Jornada de Iniciação

Científica da UGF. Rio de Janeiro: UGF, 2012.

MICHEL, P. A. C., QFD no Desenvolvimento de Novos Produtos: Um Estudo sobre a sua

Introdução em uma Empresa Adotando a Pesquisa-Ação como Abordagem Metodológica.

Rev. Produção, Janeiro/Abril, 2009.