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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL CURSO DE SERVIÇO SOCIAL RONIZE LEITE DE MORAIS ACOLHIMENTO NAS UNIDADES DE SAÚDE DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO NATAL: reflexões sobre a realidade da rede de atenção básica NATAL/RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

RONIZE LEITE DE MORAIS

ACOLHIMENTO NAS UNIDADES DE SAÚDE DA SECRETARIA MUNICIPAL DE

SAÚDE DO NATAL: reflexões sobre a realidade da rede de atenção básica

NATAL/RN

2016 ‘

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RONIZE LEITE DE MORAIS

ACOLHIMENTO NAS UNIDADES DE SAÚDE DA SECRETARIA MUNICIPAL DE

SAÚDE DO NATAL: reflexões sobre a realidade da rede de atenção básica

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para a conclusão do Curso de Serviço Social, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob orientação da Profª. Drª. Maria Dalva Horácio da Costa.

NATAL/RN

2016

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA

Morais, Ronize Leite de.

Acolhimento nas unidades de saúde da Secretaria Municipal de Saúde do

Natal: reflexões sobre a realidade da rede de atenção básica / Ronize Leite de

Morais. - Natal, RN, 2016.

74f.

Orientador: Profa. Dra. Maria Dalva Horácio da Costa.

Monografia (Graduação em Serviço Social) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de

Serviço Social.

1. Acolhimento - Unidades de saúde - Monografia. 2. Humanização -

Monografia. 3. Controle Social – Monografia. 4. Gestão Participativa -

Monografia. 5. Sistema Único de Saúde (SUS) - Monografia. I. Costa, Maria

Dalva Horácio da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/BS/CCSA CDU 614.2:351

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me fortalecer e por não ter permitido

que eu fraquejasse diante das dificuldades, e por ter colocado pessoas especiais na

minha vida, pessoas estas, que muito me ajudaram.

A minha mãe(in memoriam) que estava sempre na torcida por mim e pelos

seus ensinamentos que contribuíram para o meu desenvolvimento. A minha família,

ao meu irmão que sempre me incentivou e me apoiou e ao meu filho pela

compreensão dos momentos ausentes.

Agradeço em especial a minha orientadora professora Dra. Maria Dalva de

Horácio da Costa pelo carinho, pelo o incentivo e pelo o apoio nos momentos difíceis.

Foi uma convivência muito rica de ensinamentos e de muito conhecimento que levarei

comigo pelo o resto da minha vida. A você, professora Dalva, meus sinceros

agradecimentos e gratidão.

E, agradeço imensamente ao querido e dedicado supervisor de campo

Fernando Luiz Bandeira Antas, Ouvidor do SUS do sistema Municipal de saúde do

Natal/RN, incluindo o grande acolhimento que me dispensou durante o estágio

curricular no referido órgão.

As minhas amigas que conheci durante o curso, pelo o carinho e apoio nesta

jornada, que sempre me animaram nos momentos de cansaço e desânimo.

A todos os professores do curso sem nenhuma exceção, pelos

ensinamentos compartilhados. Foi uma convivência maravilhosa e enriquecedora.

Enfim, a todas as pessoas que me incentivaram e torceram por mim.

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RESUMO

Esse trabalho tece reflexões sobre o acolhimento operacional realizado no cotidiano

das unidades básicas de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Natal/RN,

debruça-se sobre as principais dificuldades encontradas no cotidiano dos processos

de trabalho em saúde, considerando as inúmeras necessidades que não podem ser

resolvidas pelos profissionais de saúde devido a fragmentação das ações, saberes e

dificuldades do acesso aos serviços em outros níveis de atenção. Sua finalidade é

proporcionar reflexões com vistas a contribuir com a construção do acolhimento na

Unidade Básica de Saúde, enquanto processo que torna a assistência à saúde digno

de qualidade, na perspectiva da gestão participativa, envolvendo aliança entre

usuários e trabalhadores do SUS e de sua luta para tornar a assistência à saúde

digna e de qualidade a que tem direito todos os cidadãos. Portanto fortalecer a

Ouvidoria SUS como mecanismo de controle social e gestão participativa. Consiste

em uma pesquisa qualitativa bibliográfica sobre o tema e documental com base em

produções da Ouvidoria SUS Natal/RN, particularmente o relatório sobre estudo de

demandas e os resultados da pesquisa sobre a satisfação dos usuários da rede de

atenção básica de saúde, realizada pela referida Ouvidoria no período de 2014 à

2015. Conclui que avaliação dos usuários, ao associar sua insatisfação em relação

às condições de funcionamento dos serviços e ao “mal atendimento”, revela reais os

problemas existente na rede pública mas ainda constitui uma compreensão que

simplesmente reduz e culpabiliza os profissionais dado o desconhecendo acerca dos

reais determinantes, que concorrem decisivamente para essa situação. Assim,

chamamos a atenção dos desafios aos trabalhadores em saúde para reverter essa

avaliação lutando juntos pela defesa do SUS, publico, estatal com gestão

democrática e participativa.

Palavras-chave: Acolhimento, Humanização, SUS, Controle Social. Gestão Participativa.

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ABSTRACT

This study reflects about operational reception accomplished during Basic Health

Units´ activities of Natal´s Municipal Department of Healt, and also explains about

the main difficulties found in the work processes used in health´s daily routine,

considering the needs that cannot be solved by healthcare professionals due to

fragmentation of actions, knowledge and difficulties in accessing the services in other

levels of care. The aim of this work is to provide reflections in order to contribute to

the building of reception in the Basic Health Unit as a process which gives proper

quality to health assistance, in the participatory management perspective, involving

alliance between Unique Health System´s (SUS) users and workers and their fight for

a decent and quality health assistance to all citizens who have rights are entitled to

expect. Therefore, it is important to strengthen SUS Ombudsman as a mechanism of

social control and participatory management. This is a qualitative bibliographical

research about the theme and a documental research based on SUS Ombudsman´s

productions in Natal/RN and, particularly, based on the report about study of demands

and results of research about basic public health care´s users satisfaction, made by

the ombudsman from 2014 to 2015. We concluded that users’ evaluation, after

associating operating conditions in the service with “poor attention”, reveals that

problems in public network are real, but still an understanding that restrains the guilty

to the professionals, considering the lack of knowledge about the real determinants

which contribute towards this situation. Thus, we highlight the health professionals´

challenges to reverse this evaluation fighting together for a public and state-owned

SUS with a participatory and democratic management.

Keywords: Reception. Humanization. SUS. Social Control. Management.

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LISTA DE ILUTRAÇÕES

Gráfico 1- Opinião dos usuários sobre o atendimento na UBS- Natal RN

Gráfico 2 – Opinião dos usuários em percentual(%) sobre os profissionais da UBS

Gráfico 3 – Opinião dos usuários sobre o tempo de espera para serem atendidos

Gráfico 4 – Opinião dos usuários sobre as informações prestadas

Gráfico 5 – Opinião dos usuários sobre a estrutura física da UBS

Gráfico 6 – Opinião dos usuários sobre os serviços oferecidos na UBS

Gráfico 7 – Total de demandas recebidas pela Ouvidoria Municipal do SUS Natal-

RN em 2014

Gráfico 8 – Manifestações da sociedade natalense registradas na Ouvidoria SUS

RN / Ouvidoria Nacional e na Ouvidoria SUS Natal em 2014

Gráfico 9 – Solicitações da sociedade natalense registradas na Ouvidoria SUS RN/

Ouvidoria Nacional e na Ouvidoria SUS Natal em 2014

Gráfico 10 – Principais solicitações registradas na Ouvidoria Municipal do SUS

Natal-RN em 2014

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Gráfico 11 – Denúncias da sociedade natalense registradas na Ouvidoria SUS RN/

Ouvidoria Nacional e na Ouvidoria SUS Natal em 201

Gráfico 12 - Reclamações da sociedade natalense registradas na Ouvidoria SUS

RN e na Ouvidoria SUS Natal em 2014

Gráfico 13 – Principais reclamações registradas na Ouvidoria SUS Natal em 2014

Gráfico 14– Outras reclamações registradas na Ouvidoria SUS Natal em 2014

Quadro 1 – Acolhimento nas Unidades Básicas de Saúde

Tabela 1 – Percentual de cirurgias solicitadas na Ouvidoria SUS Natal em 2014

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LISTA DE SIGLAS

ABO - Associação Brasileira de Ouvidorias

ACS – Agente Comunitário de Saúde

AIS - Ações Integradas de Saúde

BITS - Banco de Informações Técnicas em Saúde

CAPS - Centro de Atenção Psicossocial

CGU - Controladoria-Geral da União

CIMS - Comissões Interinstitucionais Municipais de Saúde

CIS - Comissões Interinstitucionais de Saúde

CMS – Conselho Municipal de Saúde

CNS – Conselho Nacional de Saúde

DENASUS - Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde

DOGES - Departamento de Ouvidoria Geral do SUS

ESF – Estratégia Saúde da Família

FHC – Fernando Henrique Cardoso

INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

MDB - Movimento Democrático Brasileiro

MF – Ministério da Fazenda

MJ – Ministério da Justiça

MP – Ministério Público

MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social

MRSB - Movimento da Reforma Sanitária Brasileira

MS – Ministério da Saúde

RN – Rio Grande do Norte

SESAP – Secretaria Estadual de Saúde Pública

SGEP - Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

SNO - Sistema Nacional de Ouvidoria

SUDS - Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

SUVAG - Sistema Universal Verbotonal de Audição Guberina

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UBS – Unidade Básica de Saúde

UNICAT - Unidade Central de Agentes Terapêuticos

UPA - Unidades de Pronto Atendimento

USF – Unidade Saúde da Família

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................13

2 A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO – PNH: QUESTÕES

CONCEITUAIS E TÉCNICO-

OPERATIVAS.......................................................................................................18

2.1 NOTAS SOBRE PROCESSO BÁSICO DE HUMANIZAÇÃO.........................22

2.2. OS SENTIDOS ATRIBUIDOS AO ACOLHIMENTO PRECONIZADOS NA PNH ...............................................................................................................................25

2.3.CONSIDERAÇÕES SOBRE OS SERVIÇOS DE ATENÇÃO BÁSICA NO

MUNICÍPIO DO NATAL/RN..........................................................................27

3. A QUESTÃO DO ACOLHIMENTO NAS UBS DA SMS NO MUNICÍPIO DE

NATAL/RN......................................................................................................................32

3.1 REFLEXÕES SOBRE A SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DO SUS ACERCA DO

ATENDIMENTO REALIZADO NAS UBS DA SMS/NATAL..........................38

3.1.1- Dos Resultados........................................................................................39

3.2 ACOLHIMENTO E HUMANIZAÇÃO NO CONTEXTO DAS UBS NO MUNICÍPIO

DO NATAL/RN......................................................................................................44

4. A OUVIDORIA E O ACOLHIMENTO COMO UM DOS MECANISMOS DE

GESTÃO PARTICIPATIVA DO SUS.......................................................60

4.1 OUVIDORIA ENQUANTO MECANISMO DE CONTROLE SOCIAL E

ARTICULAÇÃO COM AS POLÍTICAS E DIREITOS SOCIAIS.............................62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 68 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 71 ANEXO I..............................................................................................................73

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1 INTRODUÇÃO

O acolhimento faz parte da Política Nacional de Humanização do Ministério

da Saúde que traduz os princípios e o modo de operar as relações dos profissionais

com os usuários. Constitui uma forma de humanizar e organizar o trabalho do

acolhimento na saúde. A implantação do acolhimento possibilita encaminhar as

necessidades mais imediatas da população atendida, preservando o acesso

universal e a organização da demanda na assistência aos usuários.

Pois, é a partir do acolhimento que é criado um espaço de diálogo entre

profissionais e usuários correspondendo para a resolução das necessidades

imediatas, como por exemplo, prestar uma informação ou orientação para o acesso

aos serviços.

A nossa experiência de estágio curricular obrigatório na Ouvidoria SUS do

município do Sistema Municipal de Saúde do Natal/RN, possibilitou aproximação

com muitos e diversificados questionamentos em ralação à insuficiência e

qualidade dos serviços prestados revelando problemas relativos ao modelo

assistencial e gerencial adotado na rede da SMS/Natal, nos chamando a atenção

que dentre as diversas reclamações havia queixas quanto ao atendimento realizado

pelos profissionais, ou seja questões relacionadas ao acolhimento prestado aos

usuários que recorrem aos serviços de saúde. Razão pela qual a referida Ouvidoria,

em 2015, durante o mandato do Ouvidor Fernando Luiz Bandeira Antas, realizou

uma pesquisa sobre a satisfação dos usuários, iniciando pela realidade das

Unidades Básicas de Saúde da rede da SMS/Natal.

Dentre os resultados, foi constatado que grande parte das demandas que

chegam à Ouvidoria refere-se à insatisfação com o atendimento, nas informações

prestadas aos usuários, dificuldades para marcar exames médicos, como também,

pela falta de medicamentos ou pela demora de chegar esse medicamento. Porém,

dada a frequência com a insatisfação acerca da forma como foram atendidos nas

unidades de saúde, ao mesmo tempo em que em todos os planos, programas e

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projetos elaborados pela SMS/Natal há forte destaque para a politica de

humanização, optamos por analisar a questão do acolhimento, por se tratar de um

dos dispositivos preconizados pela PNH, que aborda justamente a importância do

acolhimento como estratégia para melhorar a qualidade da atenção prestada pelos

profissionais de saúde.

Assim, o propósito desse trabalho é refletir sobre a questão da humanização

do atendimento na rede da SMS/Natal, destacando as questões relativas ao

processo de acolhimento realizado pelos profissionais de saúde nas Unidades

Básicas de Saúde em Natal/RN. E, contribuir para fortalecer a Ouvidoria SUS como

mecanismo de controle social e gestão participativa.

Nesse sentido, debruça-se sobre as principais dificuldades encontradas no

cotidiano dos processos de trabalho em saúde, considerando as inúmeras

necessidades que não podem ser resolvidas pelos profissionais de saúde devido a

fragmentação das ações, saberes e dificuldades do acesso aos serviços em outros

níveis de atenção, destacando-se os serviços especializados.

Esse estudo consiste em uma pesquisa documental qualitativa a partir de

documentos produzidos pela Ouvidoria SUS Natal/RN, principalmente os relatórios

de estudo de demandas e, especialmente busca tecer reflexões sobre os resultados

da pesquisa sobre a satisfação dos usuários da rede de atenção básica de saúde,

realizada pela referida Ouvidoria no período de 2014 à 2015, justamente durante a

realização do estágio curricular obrigatório II, o que nos possibilitou uma

participação ativa como membro da equipe que elaborou e aplicou o questionário.

Além disso, realizarmos pesquisa bibliográfica como procedimento de

investigação que abordam a importância da implementação do acolhimento nas

Unidades Básicas de Saúde.

Antes da Constituição Federal de 1988, a saúde não era um direito de todos

e quem prestava a assistência à saúde para a população era o Instituto Nacional de

Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS). Era um sistema associado à

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contribuição previdenciária, restringindo à cobertura aos demais que não eram

vinculados ao mercado de trabalho.

Com o surgimento do Sistema Único de Saúde –SUS ocorreram intensos

debates e movimentos sociais que agitaram as décadas de 1970 e 1980 pois, a

cobertura assistencial era de baixa qualidade, os recursos financeiros escassos e a

situação de saúde do País muito precária.

Diante desse cenário, na década de 80 teve início o movimento da Reforma

Sanitária, que culminou na VIII Conferência Nacional de Saúde. Com a Constituição

de 1988, a saúde foi reconhecida como direito social e dever do Estado e aprovou

a criação do SUS, sendo regulamentada, no entanto, em 1990 através da Lei

Orgânica de Saúde n°8080(BRASlL,2008).

Ao longo de sua implantação e desenvolvimento o SUS é um sistema ainda

em processo de construção, seus princípios e diretrizes vêm sendo implementados

de forma gradativa ao longo dos últimos anos através de uma série de mecanismos

legais, institucionais e organizacionais.

Dessa forma, dentre as mudanças desencadeadas no Sistema Único de

Saúde, o acolhimento se consolidou uma das mais significativas propostas, que é a

maior integração entre trabalhador e usuário.

Partindo dessa perspectiva de mudança, pela implementação de práticas

de acolhimento nas ações e na construção de relações mais comprometidas e

solidárias no cotidiano dos serviços de saúde, é que se destaca a relação do objeto

desse estudo. É a reflexão para a modificação de práticas de acolhimento proposta

pela Política Nacional de Humanização.

No que refere aos determinantes de tal situação o Ministério da Saúde

reconhece que:

O SUS apresenta diversos problemas destacando a precarização das relações entre profissionais de saúde e os usuários, o desrespeito aos direitos do usuário, a formação ainda alienante dos trabalhadores em relação ao debate e a

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formulação da política pública de saúde, o controle social ainda incipiente, a centralização da atenção na doença e o despreparo das equipes de saúde para lidar com as dimensões sociais subjetivas inerentes às práticas da atenção à saúda.(BRASIL,2008).

Apesar da expansão da rede pública de saúde, o SUS encontra-se com

grandes dificuldades para alcançar a efetivação do princípio constitucional da

universalidade, expressando-se na elevada insuficiência de consultas, exames,

leitos e serviços que tem se traduzido em demanda reprimida, mas também em

problemas relacionados a forma de organização dos serviços e atenção prestada a

população que tem chamado a atenção para um dos pontos essenciais do acesso,

no sentido de buscar acolher os usuários que procuram os serviços. Aqui nesse

estudo, especialmente dedicado ao acolhimento nas Unidades Básicas de Saúde.

Segundo, conceito adotado pelo o Ministério da Saúde, acolhimento é a

escuta qualificada e a postura cidadã e humanizada dada a todo usuário que

procura os serviços de saúde. Está relacionado tanto com a atitude individual de

cada profissional de saúde e também na forma de reorganização de processo de

trabalho do serviço, de forma a facilitar a escuta qualificada dos usuários e a

resolução dos seus problemas. (BRASIL,2008).

Na Política Nacional de Humanização, o acolhimento é considerado a

recepção do usuário, desde a sua entrada, responsabilizando-se integralmente por

ele, ouvindo seu problema, permitindo que ele expresse suas preocupações,

angústias, garantindo atenção resolutiva e articulação com outros serviços de saúde

para a continuidade da assistência quando necessário. (BRASIL, 2004).

O acolhimento apresenta uma relevância ética a partir do compromisso dos

trabalhadores da saúde no reconhecimento do outro, acolhendo-o com suas

diferenças, o seu modo de viver, sentir e estar na vida, gerando uma

intencionalidade de ações que respondam ás reais necessidades obtidas.

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Assim, o acolhimento significa e requer uma mudança na organização do

processo de trabalho e uma nova diretriz para a instituição, além de uma postura

diferenciada do profissional de saúde frente ao usuário.

Por isso, é fundamental que os profissionais inseridos nos serviços de

saúde desenvolvam habilidades para a aplicação de instrumentos que possibilitem

a reflexão crítica e a transformação de seu processo de trabalho.

Com base nessas considerações, o presente estudo visa subsidiar

reflexões no sentido de contribuir com a construção do acolhimento a partir de

reflexões sobre a realidade vivenciadas nas Unidades Básicas de Saúde de Natal,

enquanto processo que pode colaborar para tornar a assistência à saúde digna e

de qualidade a que tem direito todos os cidadãos, portanto devendo ser realizada

com a participação de toda a equipe de saúde.

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2. A POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO- PNH: QUESTÕES

CONCEITUAIS E TÉCNICO-OPERATIVAS

Há um consenso entre os defensores da Reforma Sanitária Brasileira de que

a implantação do SUS ao longo dos últimos anos foi importante para o campo da

saúde pública brasileira, como a descentralização e a regionalização da atenção e

da gestão, e a ampliação dos níveis de universalidade, equidade, integralidade e

controle social. Por outro lado, o sistema ainda convive de forma contraditória com

problemas de diversas ordens, como a intensa fragmentação e verticalização dos

processos de trabalho, a precarização das relações entre trabalhadores, gestores e

usuários e, ainda, o despreparo dos profissionais para lidar com as dimensões

sociais e subjetivas presentes nas práticas de atenção à saúde (HUMANIZA

SUS,2004, p.1)

O reconhecimento de tais problemas constitui a base da construção da

Política Nacional de Humanização da Gestão e da Atenção à Saúde - PNH,

também, conhecida como, Humaniza SUS, criada em 2004, que conforme diversos

documentos produzidos pelo Ministério da Saúde constitui uma resposta a vários

problemas e limitações identificados no processo de consolidação do Sistema

Único de Saúde. Nesse sentido,

A Humanização implica a valorização e o protagonismo dos diferentes atores envolvidos no processo de produção da saúde, sejam trabalhadores, usuários ou gestores, e a criação de vínculos solidários e de participação coletiva no processo de gestão. Assim a PNH baseia-se em três princípios, a partir dos quais se desdobra enquanto política pública de saúde: transversalidade, indissociabilidade entre atenção e gestão e protagonismo, co-responsabilidade e autonomia dos sujeitos e dos coletivos. (BRASIL, 2008).

Quanto à sua operacionalização, conforme explicita a PNH, deve ocorre por

meio da:

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Construção de espaços de troca de saberes e experiências entre sujeitos, fortalecendo o trabalho em equipes multiprofissionais, valorizando as necessidades e interesses dos diferentes sujeitos, buscando resgatar os fundamentos básicos que norteiam as práticas de saúde no SUS, pactuação entre gestão e atenção aos usuários.(C.f. BRASIL,2008)

A implantação da PNH visa, portanto, a inclusão dos diferentes agentes nos

processos de produção de saúde. Para viabilização dos princípios e resultados

esperados do Humaniza SUS, a PNH opera com alguns dispositivos, ou seja, com

estratégias que visam possibilitar a transformação dos modelos de atenção e

gestão, dentre os quais, destacam-se:

O acolhimento com classificação de risco, equipe Transdisciplinar de Referência e de Apoio Matricial, Grupos de Trabalho de Humanização, Sistemas de Escuta Qualificada para usuários e trabalhadores, Câmara Técnica de Humanização, Colegiado e Contrato de Gestão, Visita Aberta e Direito à Acompanhante, Programa de Formação em Saúde do Trabalhador, Projeto de Saúde Coletiva e Projeto Memória do SUS, entre outros, que dá certo. (BRASIL, 2008).

Desde de sua implementação em 2003, a PNH destina-se ao

aprimoramento do Sistema Único de Saúde por meio da humanização das relações

entre todos os agentes envolvidos, constatando a sua importância no modo de

humanizar, por traduzir os princípios e modos de operar no conjunto das relações

entre profissionais e usuários, entre os diferentes profissionais, entre as diversas

Unidades e serviços de saúde e entre as instâncias que constitui o SUS.

Nesse sentido, o confronto de ideias, o planejamento, os mecanismos de

decisão, as estratégias de implementação e de avaliação, mas principalmente o

modo como tais processos se dão, devem incidir para a construção de trocas

solidárias e comprometidas com a produção de saúde.

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A PNH busca provocar transformações nos modos de cuidar e de fazer

gestão. Sendo assim, está em constante processo de reconstituir, seja

desestruturando relações de poder dentro do sistema de saúde, ou baseando-se

em diferentes experiências do SUS que dá certo. Pois, a PNH aposta na mudança

entendendo que o sujeito constrói o mundo enquanto constrói a si mesmo.

As críticas à normatização rígida dos processos de organização dos

serviços de saúde, que definem as modalidades de acesso, modos de cuidar

centrados na doença, na queixa, modos de trabalhar que destituem a capacidade

de decidir e possibilidades de participação de trabalhadores e usuários, é muito

relevante e deve ser encarado por uma política compromissada com a produção de

vida, estabelecendo sua especificidade de se voltar para os processos e para os

sujeitos que produzem saúde

Nessa perspectiva, a PNH aposta no reposicionamento dos sujeitos, ou

seja, no seu protagonismo, na eficiência do coletivo, na importância da construção

de redes de cuidado compartilhados. São apostas fundamentais da Política de

Humanização o direito à saúde, garantido pelo o acesso com responsabilização e

vínculo, continuidade do cuidado em rede, garantia dos direitos aos usuários,

aumento de eficácia das intervenções e recursos e o trabalho criativo e valorizado

através da construção do reconhecimento e do cuidado aos trabalhadores da saúde.

Nos primeiros anos da PNH foram destinados à formulação e consolidação

da humanização como política pública, com a sustentação na mobilização dos

serviços de saúde, trabalhadores, gestores e usuários. Foi um processo de

conhecer a PNH por meio de atividades extensivas.

Ainda em 2003, foram-se construindo as bases da atual Política Nacional

de Humanização da Atenção e da Gestão do SUS à medida que esta ia sendo

experimentada. Realizou-se o mapeamento de práticas inovadoras e exitosas que

superaram desafios por meio da criação e invenção de novos modos de fazer,

caminhando em direção às mudanças almejadas na saúde. (PASCHE,2009).

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O mapeamento de tais práticas objetivou a composição dos elementos

mais importantes na organização da PNH, já que esta indica, além do que fazer,

também o como fazer. A partir daí, passou-se a disseminar a ideia que há um SUS

que dá certo.

A partir de 2006, com o investimento da PNH em processos de formação

de apoiadores institucionais, essas atividades extensivas foram articuladas de

forma mais sistematizadas com realizações de apoio a serviços e equipes de saúde.

A função de apoio resulta da ação de sujeitos que vivenciam o processo de trabalho

de coletivo, amparando nas tarefas de qualificar suas ofertas clínicas e de saúde

pública, de um lado e ampliar o grau de grupalidade do outro.

Considera-se ação importante, foi a realização de processos e atividades

de formação. Formação para a PNH é inseparável de intervenção e por isso, os

cursos promovidos são estratégias, ao mesmo tempo de capilarização da política e

de experimentação de diretrizes, métodos e dispositivos da PNH em toda rede do

SUS.

O desafio que se coloca é no sentido de ampliar a institucionalidade da

PNH como política do SUS, o que exige organização sistemática da PNH, junto as

Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Apoiar e fomentar a descentralização

através da criação de coordenações regionais da Política de Humanização, de

Grupos de Trabalho de Humanização, tem sido uma aposta importante, por se tratar

de espaços estratégicos para a efetivação do Humaniza SUS.

O apoiador institucional deve se posicionar na intercessão, do meio dos acontecimentos, abrindo possibilidades de articulações, deslocamentos, conexões e movimentações. Assim sendo, tem a capacidade de produzir com os trabalhadores novos territórios pautados pela autonomia e invenção.(VASCONCELOS; MORSCHEL,2009).

Para o Ministério da Saúde, o apoiador institucional, tem a função de criar

espaços coletivos de análises críticas dos valores, contextos, saberes e práticas,

bem como fomentar trocas e inserções; mobilizar os sujeitos para a construção de

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objetivos, compromissos, pactuações, contratos e projetos; qualificar as ações

institucionais possibilitando o aumento da capacidade de avaliar, analisar e intervir

nos processos por meio do trabalho de acompanhamento, coordenação,

planejamento e supervisão; propiciar que os profissionais de saúde passem a atuar

embasados por novos referencias(BRASIL,2008).

2.1. NOTAS SOBRE PROCESSO BÁSICO DE HUMANIZAÇÃO

Na acepção formulada pelo Ministério da Saúde, a humanização é

compreendida como a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo

de produção de saúde, dentre os quais: usuários, trabalhadores e gestores, cujos

valores que norteiam esta política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos,

co-responsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários e a

participação coletiva no processo de gestão.

Nessa direção, propõe que a Humanização se constitua suporte norteador das

práticas de atenção e gestão em todas esferas do SUS. É entendida como um

conjunto de princípios e diretrizes que se traduzem em ações nas diversas práticas

de saúde e esferas do sistema caracterizando uma construção coletiva.

A política de humanização deve, portanto, traduzir princípios e modos de

operar no conjunto das relações entre profissionais e usuários, entre diferentes

profissionais, entre as diversas unidades e serviços de saúde, entre as instâncias

que constituem o SUS. O confronto de ideias, o planejamento, os mecanismos de

decisão, as estratégias de implementação e de avaliação, mas principalmente o

modo como tais processos se dão, devem incidir na construção de trocas solidárias

e comprometidas com a produção de saúde, como também, da produção de

sujeitos.(HUMANIZA SUS, 2004, p.2)

Dessa forma, deve-se levar em conta as necessidades sociais, desejos e

interesses dos diferentes atores envolvidos no campo da saúde que transforma a

política em ações materiais e concretas. Tais ações políticas têm a capacidade de

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transformar ou manter a ordem, construir novos sentidos, colocando-se, assim a

importância e o desafio de estar constantemente construindo e ampliando os

espaços de troca.(HUMANIZA SUS,2004, p.3).

Assim, a humanização como estratégia de interferência no processo de

produção em saúde, estabelece uma construção ética em concordância com a

responsabilidade na base das ações desenvolvidas juntos aos

usuários.(HUMANIZA SUS,2004, p.3)

Humanizar a atenção e a gestão em saúde no SUS contribui efetivamente

para a qualificação da atenção e da gestão, ou seja, atenção integral, equânime,

com responsabilização e vínculo, para a valorização dos trabalhadores e para o

avanço da democratização da gestão e o controle social.(HUMANIZA SUS,

2004,p.5)

Portanto, as estratégias gerais na implementação da PNH, pressupõe a

atuação em vários eixos que objetivam a institucionalização, difusão desta

estratégia e principalmente a apropriação de seus resultados pela sociedade

(HUMANIZA SUS, 2004,p.6).

Nesse sentido, conforme explicitado na PNH (BRASIL,2004), essa

institucionalização perpassa os seguintes eixos:

Das instituições do SUS – no qual, pretende-se que a PNH faça parte

do Plano Nacional, dos Planos Estaduais e Municipais dos vários

governos, sendo pactuada na agenda de saúde, ou seja, na agenda

de compromissos pelos gestores e pelo Conselho de Saúde

correspondente;

Da gestão do trabalho - no qual define-se a promoção de ações que

assegurem a participação dos trabalhadores nos processo de

discussão e decisão, fortalecendo e valorizando os trabalhadores, sua

motivação, o autodesenvolvimento e o crescimento profissional;

Do financiamento - que preconiza a integração de recursos

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vinculados a programas específicos de humanização e outros

recursos de subsídio à atenção, unificando-os e repassando-os fundo

a fundo mediante o compromisso dos gestores com a Politica Nacional

de Humanização;

Da atenção - que propõe uma política incentivadora do protagonismo

dos sujeitos e da ampliação da atenção integral à saúde, promovendo

a intersetorialidade;

Da educação permanente - indica-se que a PNH componha o

conteúdo profissionalizante na graduação, pós-graduação e extensão

em saúde, vinculando-a aos pólos de Educação permanente e as

instituições de formação;

Da informação/comunicação – apresenta a importância e

necessidade de utilizar a mídia e propagar um discurso social amplo,

propiciando a inclusão da PNH, no debate da saúde;

Da gestão da PNH - indica-se o acompanhamento e avaliação

sistemáticos das ações realizadas, estimulando a pesquisa

relacionada às necessidades do SUS na perspectiva da humanização.

De acordo com o Ministério da Saúde (Brasil, 2004), os avanços e os desafios

do SUS institui uma política pública de saúde que visa à integralidade, ao aumento

da equidade e à incorporação de novas tecnologias e especialidades dos saberes.

Portanto, independentemente dos avanços direcionados aos princípios

norteadores e à descentralização da atenção e gestão, o Sistema Único de Saúde

tem enfrentado entraves que dificultam ou, mesmo impedem a concretização do seu

ideário. Conforme explicitado na PNH(Brasil, 2004), alguns deles refere-se a:

► Fragmentação do processo de trabalho e das relações entre os diferentes

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profissionais;

► Fragmentação da rede assistencial dificultando a complementaridade entre a

rede básica e o sistema de referência;

► precária interação nas equipes e despreparo para lidar com a dimensão subjetiva

nas práticas de atenção, além das questões de financiamento do sistema.

Esse conjunto de problemas se entrecruzam no cotidiano dos serviços e

incidem na qualidade da atenção, desaguando nas reclamações relacionadas à

forma de tratamento/ abordagem dispensada pelos profissionais de saúde no atual

contexto do SUS. .

2.2 OS SENTIDOS ATRIBUÍDOS AO ACOLHIMENTOS PRECONIZADOS NA PNH

Conforme definição adotada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2004), o

acolhimento como postura e prática nas ações de atenção e gestão nas unidades

de saúde favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso dos

usuários com as equipes e os serviços, contribuindo para a promoção da cultura de

solidariedade e para a legitimação do sistema público de saúde. Favorece a

possibilidade de avanços na aliança entre usuários, trabalhadores e gestores da

saúde em defesa do SUS como uma política pública essencial para a população

brasileira.

Ainda existem grandes lacunas nos modelos de atenção e gestão dos

serviços referente ao acesso e ao modo como o usuário é acolhido nos serviços de

saúde pública. O desafio a ser enfrentado por trabalhadores, pelos gestores e

usuários na construção e na efetivação do SUS como política pública, é transpor os

princípios aprovados para a área da saúde nos textos constitucionais para as

práticas de operar o trabalho da atenção e da gestão em saúde. Isso requer o

compartilhamento entre as três esferas de governo (municipal, estadual e federal),

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os trabalhadores da saúde e a sociedade civil, em especial por meio das instâncias

de participação e de controle social do SUS (HUMANIZA SUS,2009, p.12).

Os processos de produção de saúde dizem respeito, necessariamente, a

um trabalho coletivo e cooperativo, entre sujeitos, e se fazem numa rede de relações

que exigem interação e diálogo permanente. Cuidar dessa rede de relações,

permeadas como são por assimetrias de saber e de poder, é uma exigência maior,

um imperativo no trabalho em saúde. Pois é por meio dessas tais relações, de seus

questionamentos que são construídos as práticas de co-responsabilidade nos

processos e produção de saúde e de autonomia das pessoas implicadas,

consolidando assim, a indissociabilidade entre a produção de saúde e a produção

de subjetividades.

Nesse sentido, o acolhimento é uma das diretrizes que contribui para alterar

uma situação, na medida em que incorpora a análise e a revisão cotidiana das

práticas de atenção e gestão implementadas nas unidades do SUS.

Pois como diretriz, o acolhimento é apontado como uma tecnologia do

encontro, um modo afetivo construído a cada encontro portanto, como construção

de redes de conversações afirmadoras de relações de capacidade nos processos

de produção da saúde. Como ação técnico-assistêncial possibilita que se analise o

processo de trabalho em saúde com foco nas relações e pressupõe a mudança da

relação profissional/usuário e sua rede social, profissional/profissional, mediante

parâmetros técnicos, éticos, humanitários e de solidariedade, levando ao

reconhecimento do usuário como sujeito e participante ativo no processo de

produção da saúde. (BRASIL,2010, p.18).

Colocar o acolhimento em ação, como diretriz operacional requer uma

nova atitude de mudança no fazer em saúde e provoca:

► o protagonismo dos sujeitos envolvidos no processo de produção de saúde; a

valorização e a abertura para o encontro entre o profissional de saúde, usuário e

sua rede social, como liga fundamental no processo de produção de saúde;

► uma reorganização do serviço de saúde a partir da problematização dos

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processos de trabalho, de modo a possibilitar a intervenção de toda a equipe

multiprofissional encarregada da escuta e da resolução do problema do usuário;

► elaboração de projetos terapêuticos individuais e coletivos com equipes de

referência em atenção diária que sejam responsáveis e gestores desses projetos;

mudança estruturais na forma de gestão do serviço de saúde, ampliando os

espaços democráticos de discussão e decisão, de escuta, trocas e decisões

coletivas;

► uma postura de escuta e compromisso em dar respostas as necessidades de

saúde trazidas pelo usuário; uma construção coletiva de propostas com a equipe

local e com a rede de serviços e gerenciais centrais e distritais.

Portanto, o acolhimento implica troca de conhecimentos tomando para si a

responsabilidade de amparar o outro em suas demandas, com responsabilidade e

resolutividade assinalada pelo o caso em questão. É constituir uma ação que deve

ocorrer em todos os locais e momentos do serviço de saúde.

2.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS SERVIÇOS DE ATENÇÃO BÁSICA NO

MUNICÍPIO DO NATAL/RN

O Sistema Único de Saúde (SUS) no município do Natal tem sido

tencionado por grandes dilemas e embates que perpassam os conflitos de

interesses entre os defensores do SUS como sistema universal, público e estatal e

os que ganham com a privatização da saúde defendem o SUS privatizado,

terceirizado, aprofunda-se um prologado processo de desfinanciamento dos

serviços e ações realizados pela rede própria do SUS sobretudo, afetando

profundamente a gestão do SUS enquanto responsabilidade fundada nos principios:

Universalidade, Acessibilidade, Continuidade, Integralidade, Responsabilidade,

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Humanização, Vínculo, Equidade, Participação Social e Transversalidade.

Atualmente a atuação do serviço das práticas na atenção básica se

consolida como conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo que

abrangem a promoção, proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico,

o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. Desenvolvida através de

práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativa, a partir do trabalho em

equipe e de um território delimitado, na qual se assume a responsabilidade sanitária,

considerando-se a dinamicidade e a singularidade desse território.

Como a realidade espacial é bastante diferenciada em função da dinâmica

social que existe em uma concentração de Unidades em áreas de melhor

beneficiamento social acaba ´por não responder a realidade da atenção básica

devido as necessidades se diferenciarem de um espaço para o outro.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a atenção básica no

município de Natal alcança 84% da sua população, considerando que são

identificadas uma população de mais de cento e trinta mil pessoas sem a cobertura

assistencial formal, distribuída nas áreas de maior pobreza da cidade, ou seja, um

elevado número significativo da exclusão das políticas sociais.

Dessa maneira, se faz necessário o uso de tecnologias de cuidados

complexos e variados que devem auxiliar no manejo das demandas, dos problemas

e das necessidades de saúde de maior frequência e relevância de cada realidade

local. Considera-se ainda, os critérios de risco, vulnerabilidade, resiliência e ética

no acolhimento de tais demandas.

Para fins de planejamento e delimitação de território, o território de Natal é

dividido em cinco Distritos Sanitários, que são: Leste, Oeste, Sul, Norte I e Norte II.

Esses distritos obedecem, na maioria das vezes, os limites das regiões

administrativas. O distrito Leste abriga somente os bairros dessa região, o distrito

sanitário Oeste corresponde aos bairros de sua região administrativa, com exceção

do bairro Planalto que está incluso no distrito Sul, o distrito Norte I abriga os bairros

de Redinha, Pajuçara e Lagoa Azul e o Norte II abriga os bairros de Salina, Igapó,

Potengi, e Nossa Senhora da Apresentação.(SMS- Versão Preliminar profissionais

e gestores,2014, p.7). Considera-se a análise espacial da distribuição das Unidades

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de Saúde do município de Natal na atenção básica, vale destacar que existe uma

concentração de Unidades em zonas de melhor beneficiamento social, como é o

caso da zona Sul e na ocorrência em áreas de expansão urbana e de menor poder

aquisitivo da população, como é o caso dos bairros de Nossa Senhora da

Apresentação, Lagoa azul e Planalto, ocorre uma carência quanto as Unidades de

atenção básica. Vale destacar também, que a zona Leste apesar de conter vários

equipamentos de saúde de média e alta complexidade, também possui carência

quanto as Unidades de atenção básica. (Cf. SMS/Natal, 2014)

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde a cobertura assistencial

da atenção básica à saúde está organizada a partir da Estratégia de Saúde da

Família, apresentando atualmente uma cobertura de cerca 84%, com um total de

131 equipes de saúde da família e 98 de saúde bucal, distribuídas em 54 Unidades

Básicas de Saúde.

Portanto, a atenção básica a partir do programa da Estratégia de Saúde da

Família é uma estratégia que busca a forma atual de cuidar da saúde das pessoas.

Nela, as Unidades Básicas de Saúde passam a ser a porta de entrada do Sistema

Municipal de Saúde, num esforço para resolver a maior parte de seus problemas. O

PSF se baseia na promoção da saúde e na prevenção da doença, além de tratar as

doenças mais comuns, um dos seus princípios fundamentais é a atenção integral e

humanizada, que conduz ações para a humanização da atenção e do acolhimento,

o receber bem, o dar respostas às necessidades de saúde da população. (Cf.

SMS/Natal, 2014).

Porém, de maneira geral a realidade da abrangência do programa resulta

aspectos espaciais diferenciados por incluir o conceito de risco e vulnerabilidade

como critérios de cobertura assistencial.

Portanto, quando a distribuição espacial das UBS se dá em função da

dinâmica da disponibilidade de terrenos passíveis de compra legal pelo poder

público e não das necessidade epidemiológicas e sociais existentes no território,

ocorre distorções na acessibilidade em geral se reproduzem também no acesso às

demais políticas sociais atingindo principalmente a população mais

vulnerabilizadas, as quais têm mais dificuldades de realizar deslocamentos para

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buscar atendimentos e áreas mais distantes de seu local de moradia, sendo um

aspecto a ser considerado no processo de acolhimento com vistas à adequada

orientação e encaminhamento.

O acolhimento deve estar presente em todas as ações das unidade de

saúde, sendo um princípio na ESF, para tanto, é fundamental que todos os

componentes das equipes nucleares e de apoio à estratégia estejam sensibilizados

em relação a essa diretriz.

O projeto de melhoria da humanização do atendimento, donde se inclui o

acolhimento com classificação de risco vem sendo inserido como uma linha

transversal a todos os programas na rede municipal de saúde, com vistas a

promover mudanças da abordagem e recuperação de uma ampla progressão de

valores institucionais e pessoais. Pois, são passos essenciais para a implementação

de uma nova cultura de atuação na rede básica de saúde. O desafio que se coloca

é torna-lo de fato uma ação concreta a ser implementada em todos níveis de

atenção e serviços, ainda que tenha algumas particularidades:

1) Na atenção especializada, constitui conjunto de ações e

serviços ambulatoriais e hospitalares que visa atender aos

principais problemas de saúde da população, cuja complexidade

da prática clínica demande a disponibilidade de profissionais

especializados e a utilização de recursos tecnológicos de apoio

diagnóstico e terapêutico;

2) Na atenção ambulatorial de média complexidade são inseridos

a maioria dos procedimentos necessários para o diagnóstico,

tratamento e reabilitação, ressaltando-se o caráter

complementar e suplementar à atenção básica.

Oficialmente, a rede de saúde, sob gestão da da SMS/Natal, contempla a

atenção especializada através da organização de serviços em policlínicas distritais

com unidades ambulatoriais autônomas e ainda, através de contratualização com a

rede privada e filantrópica para serviços especializados.

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Considera-se que a rede municipal a média complexidade é realizada

preferencialmente nas policlínicas distritais, seguidas dos ambulatórios públicos e

em caráter complementar pela rede filantrópica e privada contratada. Ressalta-se

que os critérios de atendimento da demanda de referência e contra-referência para

os procedimentos inclusos nesse nível de atenção devem atender as normas

estabelecidas pelo Sistema Municipal de Regulação.

Já no nível da atenção da alta complexidade é organizado por um conjunto

de procedimento com características especiais utilizando capacidade tecnológica

mais avançada e desse modo, maior custo. Os procedimentos de alta complexidade

ambulatorial são de responsabilidade do Estado e o seu movimento de

operacionalização é através da Central de Regulação do Estado.

Na atenção hospitalar é denominado o maior nível de complexidade no

sistema, ocupando importante papel na pirâmide de atenção à saúde, responsável

pela prestação de serviços especializados. Os serviços na atenção hospitalar são

integrantes dos níveis de média e alta complexidade, estando intimamente ligados

à diversidade das especialidades médicas, inovações tecnológicas e qualificação

profissional. Na modalidade de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), são

destinados ao atendimento de pacientes graves ou de risco que dispõem de

assistência médica e de enfermagem ininterruptos com equipamentos específicos

próprios, recursos humanos especializados e que tenham acesso a outras

tecnologias destinadas a diagnósticos e terapêuticos.

O grande problema é que tanto a articulação dessa rede, quanto a

capacidade de oferta dos serviços e ações necessárias ainda são insuficientes,

deficientes, marcada pela precariedade nas condições efetivas de funcionamento,

seja estrutura física, manutenção de equipamentos, abastecimentos de insumos e

medicamentos, generalizada insuficiência de funcionários em todos as unidades e

serviços, constituindo problemas que limitam e dificultam o acesso que se dá tornam

muito distante a lógica preconizada no desenho de rede oficialmente planejado.

Tais problemas, exigem preparação dos profissionais para acolher os usuários na

perspectiva de garantia dos direitos em um contexto de extrema precarização das

condições e relações de trabalho.

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3. A QUESTÃO DO ACOLHIMENTO NAS UBS DA SMS NO MUNICÍPIO DE NATAL

As demandas à Ouvidoria Municipal do SUS de Natal, observadas durante a

realização do estágio curricular no período de 2014 à 2015 referentes às

reclamações e denúncias dos usuários sobre as condições de

atendimento/acolhimento pelos profissionais nas unidades de saúde do município,

pudemos identificar um problema que nos estimulou a buscar desenvolver nossa

proposta de intervenção em algumas dessas Unidades e a definirmos em conjunto

com nosso supervisor de campo, o então Ouvidor SUS, como critério para realizar

a intervenção, escolher unidades dos Distritos Sanitários que tivessem muitas

reclamações registradas.

Na ocasião, constatamos que nas Unidades Saúde da Família de Nazaré

(Distrito Oeste), Nova Natal (Distrito Norte I) e na Unidade Básica de Saúde de

Lagoa Seca (Distrito Leste), havia muitas manifestações dos usuários que

reclamavam e ou denunciavam o mau atendimento por parte da equipe profissional,

indicando problemas que no mínimo expressam a não implementação da diretriz do

acolhimento prevista na PNH.

Tendo em vista que o acolhimento é uma diretriz técnico-assistencial

comprovadamente voltada para reorganizar o processo de trabalho da equipe nas

unidades de saúde, qualificar a assistência prestada e viabilizar a garantia do

acesso à saúde de forma integral, equânime e universal, durante a intervenção,

escolhemos como público prioritário os profissionais de saúde que atuam nas

unidades, com o intuito de possibilitar à informação e incitar a reflexão destes

profissionais, quanto à forma de atendimento, a organização dos serviços e as

dificuldades enfrentadas no cotidiano de trabalho.

Nesse sentido, entre o mês de outubro do ano de 2015, durante a realização

do projeto de intervenção intitulado com tema: O Acolhimento nas Unidades Básicas

de Saúde foram realizadas as seguintes ações elencadas no seguinte quadro 1:

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QUADRO 1- Acolhimento nas Unidades Básicas de Saúde

Tema da Ação: O Acolhimento nas Unidades de Saúde Objetivo: Possibilitar a informação sobre o Acolhimento, de acordo com a proposta da

PNH/SUS, buscando incitar a reflexão dos profissionais das Unidades acerca do atendimento.

ATIVIDADE DATAS HORÁRIO LOCAL PÚBLICO ALVO

Recursos Humanos

1ª Roda de Conversa

07/10/2015

14h

USF do Nazaré

Profissionais

Profissional da ouvidoria e as Estagiárias

2ª Roda de Conversa

17/10/2015 14h30min UBS de Lagoa Seca

Profissionais Profissional da ouvidoria e as Estagiárias.

3ª Roda de Conversa

23/10/2015 13h30min USF de Nova Natal

Profissionais Profissional da ouvidoria e as Estagiárias.

FONTE:SMS OUVIDORIA SUS,2015

As estratégias de ação realizadas nesse projeto discutidas, planejadas e

pactuadas com o supervisor de campo e a supervisora de ensino, no sentido de

organizar o projeto de intervenção para em seguida levar a proposta às unidades

escolhidas para executar as ações.

Para isso, além das demandas dos usuários que procuraram a Ouvidoria

para reclamar do mau atendimento nas três unidades escolhidas, sentimos

necessidade que a equipe da Ouvidoria realizasse um levantamento acerca da

satisfação dos usuários em cada unidade, a fim de aprrender o que eles achavam

do atendimento realizado pelos profissionais, para posteriormente realizar a

intervenção. Após cuidadosa avaliação sobre que instrumento seria mais viável e

adequado, optamos por aplicar um questionário, em cujo processo de elaboração e

aplicação tivemos participação intensa juntamente com os demais membros da

equipe, especialmente o citado Ouvidor.

O desenvolvimento do projeto de intervenção, inicialmente, tinha a previsão

de realizar duas atividades - uma mesa redonda com profissionais da área, no

sentido de envolver toda a equipe profissional das unidades, objetivando ampliar o

conhecimento prévio sobre as diretrizes e princípios do SUS, a política de

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Humanização e a Proposta do Acolhimento.

Entretanto, só conseguimos realizar rodas de conversa com as equipes das

unidades devido à dificuldade de profissionais com disponibilidade em participar

naquele momento. Em tais rodas, foram utilizadas metodologias participativas com

vistas a proporcionar reflexões do ponto de vista dos profissionais quanto à forma

de atendimento e à organização dos serviços nas unidades, seria realizada uma

roda de conversas envolvendo estes profissionais, buscando uma reflexão crítica

quanto ao fluxo de atendimento ao usuário e principais problemas enfrentados.

A partir daí o Ouvidor SUS, nosso supervisor de campo contatou a Direção

das unidades explicando sobre o nosso estágio na Ouvidoria e que a intervenção

que pretendíamos realizar estava voltada para os profissionais, e que seria

importante ouvir também os usuários que procuram as referidas unidades a respeito

do atendimento.

Vale ressaltar que não houve nenhum entrave por parte dos representantes

das unidades em nos receber, agendaram uma data e disponibilizaram o espaço

físico das unidades para que pudéssemos realizar as atividades - aplicar o

questionário com os usuários e roda de conversa com os profissionais).

Para avaliar a percepção dos usuários sobre o acolhimento pela equipe

profissional das unidades, focando no atendimento realizado, utilizou-se um

questionário contendo 10 perguntas referentes: ao atendimento, à estrutura física

das unidades, às informações prestadas pelos profissionais, aos serviços

oferecidos e sugestões para melhorar o atendimento nas unidades.

No dia 13 de agosto de 2015, foi aplicado o questionário na USF de Nazaré com

os usuários que aguardavam ser atendidos, e que pertenciam à estratégia eram

convidados a responder, respeitando-se sempre a aceitação em responder ou não

o questionário. Para isso, seguiu-o as recomendações do Conselho Nacional de

Saúde, de acordo com a Resolução de número 196/1996. Os usuários participaram

livremente ao responder o questionário, sendo informados dos seus objetivos,

respeitando a motivação dos mesmos em participar. Foi aplicado com 15 pessoas

de ambos os sexos, na faixa etária entre 18 a 58 anos. Através da análise das

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respostas obtidas, foi possível constatar que os usuários consideram o atendimento

pouco acolhedor, considerando-se que a maioria das respostas foram insatisfatórias

relacionadas tanto à falta de atenção dos profissionais, quanto aos serviços

oferecidos, sendo insuficientes para atender as necessidades de quem procura a

USF.

No dia 19 de agosto de 2015, fomos à UBS de Lagoa Seca, na qual, 18

usuários de ambos os sexos, na faixa etária entre 19 a 77 anos responderam ao

questionário. Através da análise das questões, identificamos que os usuários

consideram que o atendimento precisa melhorar muito, pois a maioria das respostas

revelaram um alto grau de insatisfação, em geral fazendo referência ao atendimento

e às informações prestadas pelos profissionais da unidade.

No dia 03 de setembro de 2015, foi aplicado questionário na USF de Nova

Natal com 17 usuários de ambos os sexos, na faixa etária entre 18 a 52 anos. Na

análise realizada, pudemos perceber muita insatisfação dessas pessoas, no que se

refere ao atendimento (demora para ser atendido, falta de atenção e cordialidade

dos profissionais e as informações prestadas ), como também a estrutura física da

unidade que precisa de melhorias.

Além de coincidir com as reclamações que chegam à Ouvidoria acerca das

dificuldades de acesso e no acesso, manifestados pelos usuários dos serviços

prestados nas USF de Nazaré e Nova Natal, e na UBS de Lagoa Seca, durante a

a aplicação do questionário e realização das rodas de conversa com os usuários

nas citados unidades, nos possibilitou entender que realmente seria interessante

demandar uma ação voltada para os profissionais, esperando-se com isso, que

estes possam discutir sobre as ações desempenhadas, as dificuldades enfrentadas

no cotidiano de trabalho e de que forma isso pode ser melhorado.

Após planejarmos a ação, foram organizadas as três rodas de conversas,

uma em cada Distrito escolhido (Oeste, Leste e Norte I). Assim, ficou definidos que

que:

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1) As atribuições e competências da Ouvidoria Municipal do SUS,

seriam apresentadas pelo supervisor de campo, apontando sua

importância para o controle social, a forma de participação dos

usuários na Ouvidoria;

2) As estagiárias, em seguida realizariam a apresentação do projeto;

3) A realização da roda de conversas com os profissionais referentes

as reclamações dos usuários acerca do atendimento nas unidades

e o processo de trabalho destes profissionais.

Além disso, surgiu a necessidade e nós apresentamos a proposta a produção

de um folder informativo sobre o acolhimento, como também providenciamos cópias

dos folders sobre as atribuições da Ouvidoria e cópias da Lei que instituiu a

ouvidoria para entregar aos profissionais nas unidades.

As rodas de conversas foram realizadas nos dias 07, 17 e 23 de Outubro de

2015 no turno vespertino. A primeira roda foi realizada na Unidade Saúde da Família

de Nazaré no Distrito Oeste, no dia 07 de outubro de 2015, tendo início às 14h e

finalizada às 15h 50min. Compareceram ao evento 24 (vinte e quatro) profissionais

da referida unidade.

A segunda roda foi realizada na Unidade Básica de Saúde de Lagoa Seca no

Distrito Leste, no dia 17 de outubro de 2015, tendo início às 14h30min e finalizada

às 16h15min. Compareceram ao evento 15 (quinze) profissionais de saúde.

A terceira roda foi realizada na Unidade Saúde da Família de Nova Natal no

distrito Norte I, no dia 23 de outubro de 2015, tendo início às 13h30min e finalizada

às 15h15m. Compareceram ao evento 43 (quarenta e três) profissionais de saúde

da unidade.

Em síntese, antes da abertura das rodas de conversas, nos espaços físicos

de cada unidade destinados para desenvolvermos a ação, realizamos a entrega dos

folders e da Lei que instituiu a Ouvidoria, depois o supervisor de campo fez uma

apresentação sobre a Ouvidoria, em seguida as estagiárias apresentaram o projeto

e, por fim foi realizada a roda de conversa mediada pelo profissional da Ouvidoria.

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Durante a realização da roda de conversa em cada unidade, alguns

profissionais participaram falando sobre o acolhimento, de como realmente deveria

funcionar na prática, relataram as condições de trabalho, abordaram as principais

dificuldades enfrentadas como:

Estrutura física inadequada, dificultando o processo de trabalho dos

profissionais e o acolhimento aos usuários;

Faltam profissionais nas unidades, e os servidores assumem múltiplas

funções;

Falta de material e insumos para realizar alguns procedimentos;

Relataram ainda suas angústias, sobre a falta de acolhimento e de atenção

para com o profissional da saúde.

Ressalte-se, que dessa forma a Ouvidoria Municipal do SUS também

contribuiu para a participação do usuário na avaliação dos serviços prestados nas

unidades de saúde do município. Neste sentido, o nosso projeto de intervenção

consistiu em estimular os profissionais a realizarem reflexões sobre o processo de

trabalho e ao mesmo tempo, conhecerem o papel, a importância e a dinâmica da

funcionamento ouvidoria, como instrumento de gestão participativa, nos quais os

profissionais tem um papel essencial e estratégico.

Assim, consistiu em um passo com vistas à criar oportunidade de reflexões

conjunta entre profissionais e ouvidoria acerca da sua atuação, com vistas á

produção de cuidado de forma humanizada, com base nas reais necessidades dos

usuários. A partir desse trabalho foi estruturada uma pesquisa sobre a satisfação

dos usuários cujos resultados estão sintetizados no próximo item.

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38

3.1 REFLEXÕES SOBRE A SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DO SUS ACERCA

DO ATENDIMENTO REALIZADO NAS UBS DA SMS/NATAL

Os graves problemas detectados pela Ouvidoria Municipal do SUS de

Natal RN, referentes às reclamações e denúncias sobre as condições de

atendimento / acolhimento pro parte dos profissionais nas unidades de saúde,

enquanto manifestações dos usuários conseguem obter informações e chegarem

até a Ouvidoria para reclamar, certamente constituem uma amostra da magnitude

dos problemas vivenciados na grande maioria das unidades, aumentando a

necessidade e a relevância quanto a realização de uma pesquisa de satisfação do

usuário na própria unidade, a fim de apreender o que esses usuários acham do

atendimento realizado pelos profissionais.

As 10 questões constantes no questionário, conforme se pode averiguar no

Anexo I, estão voltadas para captar a avaliação dos usuários sobre o acolhimento

pela equipe profissional da Unidade, com o enfoque no atendimento realizado pelos

profissionais da USF.

Na UBS de Nova Natal, abordando de forma aleatória, quem aparecesse no

momento, o questionário foi aplicado junto a 18 usuários de ambos os sexos na

faixa etária entre 18 a 52 anos, sendo 1 pessoa do sexo masculino e 17 do sexo

feminino.

No dia 09 de setembro de 2015, no espaço físico da Unidade, foram

aplicados 15 questionários, enquanto os usuários aguardavam pelo atendimento, e

que pertenciam à área de abrangência da Unidade, eram convidados a responder

o questionário, respeitando-se sempre a aceitação em participar ou não da

entrevista.

A aplicação foi precedida de solicitação de consentimento livre e esclarecido,

seguindo as recomendações do Conselho Nacional de Saúde, de acordo com a

Resolução de número 196/96. Os usuários participaram livremente ao responder o

questionário, sendo informados dos seus objetivos, respeitando a motivação dos

mesmos em participar.

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39

3.1.1- Dos Resultados

Dos 18(dezoito) usuários entrevistados da UBS, 17(dezessete) eram do sexo

feminino e 1(um) do sexo masculino. Quando se perguntou sobre o atendimento na

Unidade, os usuários entrevistados classificou o atendimento como bom (50%) e a

outra parte dos entrevistados classificaram como ruim ou péssimo(50%). Conforme

exposto no gráfico 1.

Gráfico 1. Opinião dos usuários sobre o atendimento na UBS-Natal RN

No gráfico 2 abaixo apresentada, apresentamos a respostas dadas pelos

usuários que responderam o questionário, no que se refere à insatisfação

classificação quanto a sua avaliação acerca do atendimento realizado pelos

profissionais da UBS.

50%

28%

22%

Opinião dos usuários sobre o atendimento:

BOM RUIM PÉSSIMO

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40

Gráfico 2. Opinião dos usuários em percentual(%) sobre os profissionais da UBS

Constatou-se que Apesar da metade dos entrevistados classificaram os

profissionais da UBS como bom (50%) a outra metade classificaram como ruim ou

péssimo(50%). Alguns usuários justificaram suas respostas relatando que alguns

profissionais não prestam bem os serviços, não são atenciosos e em algumas

ocasiões são “ignorantes” .

Apontam que na citada unidade, alguns profissionais dispensam não

realizam escuta qualificada das queixas com vista à identificação das necessidades

dos usuários. Assim, 50% classificaram como ruim ou péssimo.

Observe-se na figura 3 que em relação ao tempo de espera para serem

atendidos, 22% dos usuários responderam que algumas vezes não esperam muito

tempo para serem atendidos enquanto 78% afirmaram que esperam muito tempo

para serem atendidos. Os usuários relatam falta de respeito e atenção, consideram

que deveriam ter mais organização por parte dos profissionais com mais

responsabilização e respeito.

50%

33%

17%

BOM

RUIM

PÉSSIMO

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41

Gráfico 3.Opinião dos usuários sobre o tempo de espera para serem atendidos.

Ressalte-se que esse denominado muito tempo de espera não foi

detalhadamente dimensionado, porém os dados existentes nas reclamações feitas

diretamente Ouvidoria indicam que junto ao longo tempo de espera ocorre a não

explicações sobre as causas e sobre perspectivas de atendimento.

Quanto a avaliação dos usuários acerca das informações prestadas, 34%

dos usuários relatam estar satisfeitos com as informações prestadas pelos

funcionários porém, 66% dos usuários consideram insatisfeitos classificando como

ruim ou péssimo, conforme demonstrado no Gráfico 4.

78%

22%

SIM

NÃO

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42

Gráfico 4.Opinião dos usuários sobre as informações prestadas.

No que se refere a avaliação dos usuários com relação a estrutura física

das UBS, 50% dos usuários entrevistados declaram satisfeitos, relatando que a

Unidade oferece um bom funcionamento e os outros 50% dos usuários

entrevistados declaram insatisfeitos, relatam que a Unidade necessita de uma

reforma.

Gráfico 5.Opinião dos usuários sobre a estrutura física da UBS:

34%

33%

33%

BOM RUIM PÉSSIMO

50%50%SIM

NÃO

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43

Quanto aos serviços oferecidos apenas 11% considerou satisfatório e

89% avaliou que o serviço deixa a desejar.

Gráfico 6. Opinião dos usuários sobre os serviços oferecidos na UBS:

Esse deixa a desejar foi detalhado com avaliação de o SUS como um todo e

não apenas a UBS, deveria oferecer mais especialidades médicas, mais remédios

para a população e mais profissionais qualificados. Nesse sentido, especificamente

nhoque se refere a UBS, sugerem mais exames e equipamentos, mais oferta de

alguns procedimentos, organização para entrega de fichas, mais pontualidade e

mais atenção com as pessoas idosas e crianças no atendimento.

Ao analisarmos o conjunto das respostas apontando elevada insatisfação

com o atendimento indicam que em geral, os usuários consideram o atendimento

pouco acolhedor. Essa questão os afeta tanto quanto as dificuldades em relação as

condições materiais de prestação dos serviços, tais como falta de acesso a

procedimentos, medicamentos. Nas entrelinhas sinalizam que sofrem não só com

a falta de acesso em si, mas com a forma como são (des) tratados. Leia-se, a falta

de humanização do atendimento. Essa mensagem está implícita nos dados

11%

89%

SIM

NÃO

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44

analisados pelo Brito e Larissa (2014), que destacaremos no próximo item para

ampliar a reflexão sobre o acolhimento no cotidiano das UBS em Natal.

A implantação de uma política como a PNH depende amplamente dos

trabalhadores para a sua funcionalidade. São eles que, em última instância a

colocam em ação, em prática, não havendo uma compreensão adequada dos

princípios e diretrizes que regem a PNH, os dispositivos, que são os operadores

destes, ficam restritos ao arranjo técnico e não transformam a realidade dos sujeitos

e dos serviços de saúde.

Parte-se da compreensão de que a fragmentação dos conhecimentos

promove a dicotomização entre quem pensa e quem executa, promovendo a

alienação e desfavorece o desenvolvimento da autonomia e protagonismo, um dos

princípios dessa politica. E, que a alienação real dos trabalhadores é, portanto, a

separação concreta e cotidiana, dos produtores da gestão, dos meios de produção

e do resultado de seu próprio trabalho, conforme bem coloca Campos (2000), .

3.2 – ACOLHIMENTO E HUMANIZAÇÃO NO CONTEXTO DAS UBS NO MUNICÍPIO DO

NATAL

Este item concentra-se em uma breve contextualização e análise das

reclamações e denúncias apresentadas à Ouvidoria SUS no ano de 2014,

sintetizadas por Brito e Larissa (2015), apresentados no TCC intitulado: Direito à

saúde e controle social: problematização das demandas colocadas à Ouvidoria

Municipal do SUS em Natal/RN. No geral esse estudo aponta que dentre as

reclamações, o denominado mau atendimento aparece como um problemas central,

sobretudo nas manifestações que envolvem as Unidades Básicas de Saúde do

município de Natal, talvez por ser o serviço mais próximo, que usuário utiliza ou

tenta acesso mais vezes.

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45

Gráfico 7 – Total de demandas recebidas pela Ouvidoria Municipal do SUS

Natal-RN em 2014

FONTE:(BRITO, LARISSA, 2015)

► Mau atendimento médico;

► Não realização de visitas domiciliares pelos Agentes Comunitários de

Saúde;

►Não atendimento médico e demora no atendimento médico;

► Falta de acolhimento/atendimento dos servidores;

► Falta ou demora pela chegada de medicamentos nas unidades de saúde;

► Dificuldades para marcar consultas médicas;

►Falta de materiais médicos;

► Péssima estrutura física das USF/SMS/Hospitais/Clínicas;

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1 2

3 4

,38% 16

(21)

33 ,54%

(43) ,92% 10

(14)

60 ,84%

(78)

Solicitações Reclamações Denúncias Total

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46

► Dificuldades para marcar exames médicos;

► Dificuldades para conseguir tratamentos médicos.

Além de tais reclamações, que correspondem a 33,54% do total, seguido de

solicitações de providências que reforçam a tais reclamações, esses dados já

apontam que no início do funcionamento da Ouvidoria SUS Natal há uma percepção

do usuário deste órgão sobre seu papel, como por exemplo, fazer mediações e

resolução de problemas.

A Ouvidoria Municipal do SUS Natal-RN foi instalada em março de 2014,

como foi dito no capítulo anterior, porém mesmo depois de sua instalação, 58% das

demandas foram registradas diretamente na Ouvidoria SUS Natal a partir de julho

de 2014 e 42% das demandas registradas nesta Ouvidoria são concernentes a

demandas da Ouvidoria SUS/RN e da Ouvidoria Nacional do ano de 2013 e de

2014, que foram encaminhadas no mês da instalação da Ouvidoria SUS Natal, ou

seja, 58% das demandas só foram manifestadas diretamente na Ouvidoria SUS

Natal cinco meses após sua instalação, isto aconteceu devido o desconhecimento

da sociedade natalense sobre o funcionamento da Ouvidoria SUS Natal, como

demostraremos nos gráficos a seguir.

Esses fatores dos resultados dos dados evidenciam a pouca eficiência na

qualidade nos serviços prestados e baixa capacidade de resolução dos problemas.

A PNH busca a valorização do cotidiano dos serviços de saúde, sendo o

processo de trabalho peça fundamental para que esta política se efetive. Essa

política não depende de normas, protocolo ou aparato burocrático, e sim do

empenho dos diferentes sujeitos envolvidos no processo de produção em saúde.

Dessa maneira, não há como mudar os modos de prestar assistência a uma

população sem que altere a organização dos processos de trabalho.

[...]qualquer projeto mudancista que aspire ao sucesso deveria tentar, ao mesmo

tempo, tanto a mudança das pessoas, dos seus valores, da sua cultura ou ideologia,

quanto providenciar alterações no funcionamento das instituições sociais. Dizendo

de outra maneira, temos que mexer, simultaneamente, com as pessoas, com as

estruturas e com as realizações entre elas(CAMPOS,2006, P.30)

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47

Assim, a construção de bases que privilegiem e fomentem análises

criticas das situações cotidianas do serviço prestado, incentivem o envolvimento

com o processo de trabalho, autogestão e projeto institucional, bem como mobilizem

para a participação nas tomadas de decisões viabilizam-se por meio da constituição

de dispositivos concretos, materiais, políticos, operacionais, técnicos e gerenciais.

Gráfico 8 – Manifestações da sociedade natalense registradas na Ouvidoria

SUS RN / Ouvidoria Nacional e na Ouvidoria SUS Natal em 2014

Ouvidoria SUS RN / Ouvidoria Nacional

Ouvidoria SUS Natal

FONTE: (BRITO,LARISA,2015)

As solicitações registradas na Ouvidoria SUS/RN e na Ouvidoria Nacional

são alusivas aos meses de abril a novembro e as solicitações registradas na

Ouvidoria Municipal do SUS Natal/RN são referentes aos meses de agosto a

dezembro. Em relação às denúncias, estas foram registradas na Ouvidoria SUS/RN

e na Ouvidoria Nacional nos meses de janeiro a agosto, enquanto que na Ouvidoria

Municipal do SUS Natal/RN, foram registradas em agosto até novembro. As

reclamações foram registradas na Ouvidoria SUS/RN de janeiro a setembro e na

Ouvidoria Municipal do SUS Natal/RN foram registradas de julho até dezembro.

Já referente às solicitações da sociedade natalense registradas na

Ouvidoria SUS/RN e na Ouvidoria Nacional, estas são referentes aos meses de

abril a novembro, tendo o total de 52% das solicitações registradas. Enquanto que

as solicitações registradas na Ouvidoria Municipal do SUS Natal/RN são dos

meses de agosto a dezembro, tendo o total de 48% das solicitações demandadas.

Conforme ilustrado no gráfico 3.

42 %

58 %

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48

Gráfico 9 – Solicitações da sociedade natalense registradas na Ouvidoria

SUS RN / Ouvidoria Nacional e na Ouvidoria SUS Natal em 2014

FONTE: (BRITO,LARISSA,2015)

Foram identificadas nestas solicitações o fato de que:

► 25% constituem solicitações de consultas médicas;

► 21% constituem pedidos urgentes por cirurgias;

►17% constituem solicitações de exames médicos;

►17% constituem solicitações de medicamentos;

► 4% constituem solicitações de construção de Unidade Básica de Saúde;

► 4% constituem solicitações de aparelho auditivo;

► 4% constituem solicitações de tratamento contra tabagismo;

► 4% constituem solicitações de suportes médicos para cuidados em casa

(gaze, esparadrapo);

► 4% constituem solicitações por limpeza em terrenos baldios.

Do total de manifestantes cidadãos, 14,49% são solicitantes usuários do

sistema SUS. Portanto, em sua maioria referem-se a dificuldades de acesso e

insuficiência de insumos, como demonstra o gráfico a seguir.

52 % 48 %

Ouvidoria SUS RN / Ouvidoria Nacional Ouvidoria SUS Natal

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49

Gráfico 10 – Principais solicitações registradas na Ouvidoria Municipal do

SUS Natal-RN em 2014

Cirurgias

Exames médicos

Medicamentos

Construção de UBS

Consulta médica

Aparelho auditivo

Tratamento contra

tabagismo

Suportes médicos

Limpeza em terrenos

baldios

FONTE:(BRITO, LARISSA,2015)

Ao analisarmos os dados, constata-se que 80% das solicitações são

relativas à: cirurgias, exames médicos, consultas médicas e medicamentos. Indica

que o SUS Municipal apresenta muitas dificuldades de assegurar não só acesso

em termos de quantidade mais também com a qualidade a que tem direito os

cidadãos.

Conforme a tabela a seguir, as cirurgias pedidas foram 0,05% de

revascularização do miocárdio e 0,05% de troca de válvula mitral, de caráter

urgente para cidadãos que sofrem de pressão alta ou que tiveram recente infarto,

e, 0,10% de cirurgia de hérnia e 0,05% de cisto no pescoço, sendo estas duas

últimas solicitadas para idosos com mais de 80 anos, isto é, a dificuldade de acesso

já está postergando por de mais, pois isto é solicitação de extrema urgência e

deveria ser atendida o mais breve possível. E, em situação de desespero da família,

21 %

% 17

% 17 4 %

25 %

4 % % 4

4 % % 4

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50

estes usuários já tentaram acesso a outras alternativas para resolução de seus

problemas, porém não foram atendidos, tendo a Ouvidoria SUS Natal como

esperança de solução urgente.

Tabela 1 – Percentual de cirurgias solicitadas na Ouvidoria SUS Natal em

2014

Tipo de Cirurgia Percentual

Cirurgia de hérnia 0,10%

Troca de válvula mitral 0,05%

Revascularização do miocárdio 0,05%

Cisto no pescoço 0,05%

FONTE:(BRITO, LARISSA,2015)

Embora em percentuais pequenos, se faz necessário que a gestão busque

urgente solução para tais demandas, haja vista que trata-se de procedimentos que

o Município precisa se estruturar adequadamente para pactuar e garantir o acesso,

além de considerarmos que maioria dos desassistidos provavelmente não

apresentaram reclamação a Ouvidoria por ser um dispositivo recém implantado na

SMS/Natal.

Os exames médicos solicitados são 0,04% de espirometria, 0,04% de

retossigmoidoscopia com cópia rígida, 0,04% de eletroneuromiografia e 0,04% de

mamografia. 17% referem-se às solicitações de medicamentos, os mais solicitados

são cloridrato bupropiona, fingolimode, colírios xalatan, carbonato de lítio,

carbolitum e fluoxetina.

Como se pode observar no gráfico 4, a solicitação por consultas médicas foi

a maior demandada em 2014. Conforme o detalhamento no relatório da Ouvidoria

SUS Natal (2014) a solicitação por consultas médicas referem-se principalmente a

Angiologista, Urologista, Clínico Geral, Endocrinologista e Neurologista, incluindo

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cidadão solicitando um atendimento/tratamento médico pelo mesmo profissional

que o operou em uma instituição médica que não é mais conveniada ao SUS.

Apesar da menor proporção, chamam a atenção pela natureza e importância

as demandas como solicitação de construção de Unidade Básica de Saúde no

bairro Alvorada Zona Norte II, solicitação de aparelho auditivo, solicitação por

tratamento contra tabagismo, solicitação de suportes médicos para cuidados em

casa (gaze, esparadrapo) e também limpeza em terrenos baldios por haver

infestação de mosquitos, indicando necessidade de ações no campo da promoção

da saúde. Conforme relatório da Ouvidoria SUS Natal (2014), em tais solicitações

foram citadas as seguintes unidades e serviços:

I. Da rede da SMS/Natal: Unidade Saúde da Família do município Angicos,

USF de Vale Dourado, USF de Brasília Teimosa, USF de Novo Horizonte e

USF de Cidade Nova; as Policlínicas: sul e leste; Clínica Anote de Ortopedia;

II. rede filantrópica (contratualidade): SUVAG – Centro de Saúde

Auditiva;

Da rede da SESAP/RN: Hospital Colônia Dr. João Machado, Hospital Dr.

Deoclécio Marques de Lucena, Hospital Giselda Trigueiro; UNICAT - Unidade

Central de Agentes Terapêuticos;

III. Da rede da UFRN: Hospital Universitário Onofre Lopes.

Ao analisar tais solicitações, na maioria destas foram identificadas algumas

reclamações relacionadas à demora por cirurgias, dificuldades em solicitar exames

médicos e consultas médicas e também demora pela chegada de medicamentos

nas unidades de saúde. Portanto, isto indica a necessidade de articulação com

outras gestões municipais para sugerir que a gestão responsável tome as

providências necessárias, além de advertir a necessidade de Ouvidorias em outros

municípios.

Estas solicitações de medicamentos, de cirurgias, de exames médicos e de

consultas médicas aponta que o sistema público de saúde não está garantindo o

direito do cidadão de ser atendido e receber tratamentos médicos, receber

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medicamentos e realizar exames e cirurgias de alta complexidade. É dever do

Estado promover saúde pública e conforme o Artigo 200 da Constituição Federal

de 1988 sobre a Saúde,

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições,

nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de

interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos,

equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

Acrescente-se que o Artigo 200 da Constituição Federal de 1988 deixa

claro a competência que o Estado tem em relação a promoção a saúde pública

sobre a produção e distribuição de medicamentos e outros produtos para a

sociedade brasileira, além disso, o decreto 7.508, que regulamenta a Lei 8.080,

decreta no Artigo 2° nos parágrafos III, VI, VII e VIII,

III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário

no SUS; VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde

articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de

garantir a integralidade da assistência à saúde; VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde

específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo ou

de situação laboral, necessita de atendimento especial; e VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica – documento que

estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde;

o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais produtos

apropriados, quando couber; as posologias recomendadas; os

mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos

resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS.

Quanto às denúncias da sociedade natalense registradas na Ouvidoria

SUS/RN e na Ouvidoria Nacional, estas são referentes aos meses de janeiro a

agosto, tendo o total de 1,12% de denúncias. Já as denúncias registradas na

Ouvidoria Municipal do SUS Natal/RN são dos meses de agosto a novembro,

tendo o total de 0,84% de denúncias, como mostra o gráfico seguinte.

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53

Gráfico 11 – Denúncias da sociedade natalense registradas na Ouvidoria

SUS RN / Ouvidoria Nacional e na Ouvidoria SUS Natal em 2014

FONTE:(BRITO, LARISSA,2015)

Observa-se que 0,14% referem-se a servidores que não comparecem ao

local de trabalho e/ou que entram/saem fora do horário de trabalho, 0,14% são

relacionados a direção responsável pela CAPS OESTE por má utilização dos

alimentos desta unidade e 0,14% referentes à falta de servidores para substituir os

que estão de férias. No total de denunciantes, 0,63% são profissionais da saúde e

4,83% são cidadãos usuários do SUS.

Nestas denúncias, analisa-se o quanto é necessária à melhoria na gestão

do trabalho, pois esta prática de servidores irem embora antes do término horário

de trabalho ou não comparecer no ambiente de trabalho prejudica no atendimento

aos cidadãos que utilizam por direito o sistema do SUS. Isto indica necessidade de

melhorias na política de gestão do trabalho em saúde voltada para qualificar a

atenção aos servidores. Para isso, se requer problematizar as denúncias

registradas na Ouvidoria SUS e pactuar soluções negociadas.

Sobre a falta de servidores para substituir outros que estão de férias ou

mesmo estão de licença médica, é uma discussão complexa devido à ausência de

concurso público que tem implicado em defasagem de pessoal conforme tem

alertado o Conselho Municipal de Saúde de Natal em resoluções sobre orçamento

da saúde, como a resolução de N°033 do ano de 2012 (anexo E) implicando cada

vez mais em terceirização e existir poucos especializados na rede própria do SUS.

0

2

4

6

8

Ouvidoria SUS RN / Ouvidoria Nacional

Ouvidoria SUS Natal

1 ,12% 0 ,84%

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54

A terceirização de serviços é a relação trilateral que possibilita à empresa

tomadora de serviços (empresa cliente) descentralizar e intermediar suas

atividades acessórias (atividades-meio), para terceirizantes (empresa

fornecedora), pela utilização de mão-de-obra terceirizada (empregado

terceirizado), o que, do ponto de vista administrativo, é tido como

instrumento facilitador para a viabilização da produção global, vinculada

ao paradigma da eficiência nas empresas. (REBICKI, 2015)

Porém este tipo de serviço tem sido insustentável em relação ao

investimento em terceirização, é muito caro e também há muitos problemas com

contratos, por isso a resposta para esta questão é promover concursos públicos,

além de capacitar os servidores para atendimento e acolhimento aos usuários do

SUS.

Gráfico 12 - Reclamações da sociedade natalense registradas na Ouvidoria

SUS RN e na Ouvidoria SUS Natal em 2014

Ouvidoria SUS RN Ouvidoria SUS Natal FONTE:(BRITO, LARISSA,2015)

Conforme relatório da Ouvidoria SUS Natal do ano de 2014, nestas

reclamações foram identificados:

1. O mau atendimento médico;

2. Não realização de visitas domiciliares pelos agentes comunitários de

saúde;

3. Não atendimento médico;

6 ,02%

12 ,47%

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55

4. Demora no atendimento médico;

5. Falta de acolhimento/atendimento dos servidores;

6. Falta ou demora pela chegada de medicamentos nas unidades de

saúde;

7. Servidores de nível superior que vão embora antes de terminar o

turno;

8. Bairros que não são cobertos pela estratégia saúde da família;

9. Dificuldades para marcar consultas médicas;

10. Falta de materiais médicos;

11. Péssima estrutura física das USF/SMS/hospitais/clínicas;

12. Falta de máquinas de alta tecnologia médica ou máquinas de alta

tecnologia médica;

13. Dificuldades para marcar exames médicos;

14. Dificuldades para conseguir tratamentos médicos;

15. Não realização de visitas nos bairros pelos agentes de

endemia/dengue;

16. Dificuldades para vacinar;

17. Infestação de pernilongos e mosquitos em terrenos baldios ou

residências abandonadas;

18. Demora em realizar cirurgias;

19. Poucas fichas de atendimento médico;

20. Dificuldades em marcar cirurgias;

21. Falta de profissionais especializados.

Sobre tais reclamações, vejamos a ilustração no gráfico a seguir.

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56

Gráfico 13 – Principais reclamações registradas na Ouvidoria SUS Natal em

2014

Falta de acolhimento/atendimento dos

servidores

Falta ou demora pela chegada

de medicamentos

Dificuldades para marcar

consultas

Dificuldades para marcar exames

médicos

FONTE: (BRITO, LARISSA,2015)

Segundo Brito;Larissa (2015), uma dos problemas que mais aparecem nas

reclamações feitas à Ouvidoria SUS no ano de 2014, atingindo um percentual de

16% de todas as reclamações recebidas, refere-se à falta de

acolhimento/atendimento dos servidores nas USF, na SMS, nos Hospitais e nas

Clínicas, mais precisamente na regulação para marcações de exames ou

consultas. Chamando a atenção o fato de 10% dos cidadãos reclamaram falta de

médicos na rede, mas também de sua ausência ou não comparecerem ao

consultório e principalmente a negação de atendimento, demonstrado no gráfico 8,

por elas elaborado:

16 %

20 %

24 %

20 %

10 %

10 %

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57

“Gráfico 14 – Outras reclamações registradas na Ouvidoria SUS Natal em

2014”

FONTE:(BRITO, LARISSA,2015)

% 14

% 10

% 7

% 4

% 4

% 4 % 3

% 7 % 14

% 3

% 7

7 %

3 % % 3 % 10

Mau atendimento médico

Não realização de visitas domiciliares pelos ACSs

Demora no atendimento médico

Servidores de nível superior que vão embora antes de terminar o turno

Bairros que não são cobertos pela Estratégia Saúde da Família

Falta de materiais médicos

Péssima estrutura física das USF/SMS/Hospitais/Clínicas

Falta de máquinas de alta tecnologia médica ou máquinas de alta tecnologia médica quebradas Dificuldades para conseguir tratamentos médicos

Não realização de visitas nos bairros pelos agentes de endemia/dengue

Dificuldades para vacinar

Infestação de pernilongos e mosquitos em terrenos baldios

Demora para realizar cirurgias

Poucas fichas de atendimento médico

Falta de profissionais especializados

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58

Para Brito e Larissa (2015), as principais reclamações relacionadas ao mau

atendimento dos seguintes profissionais, relacionam-se aos seguintes fatos:

► Médicos - associada má ou incompleta explicação e orientações dadas

pelo médico, incompleta análise médica num total de 14% e 7% reclamaram

pela demora no atendimento médico, em razão de alguns demoraram a

chegar ao consultório ou demoraram a atender urgentemente pessoas

idosas;

► ACS – 10% reclamaram que não houve realização de visitas domiciliares

pelos ACSs;

► 4% reclamaram que a exemplo dos médicos, outros servidores de nível

superior vão embora do serviço antes de terminar o turno.

Conforme relatório da Ouvidoria SUS Natal (2014), em tais reclamações

foram citadas as seguintes unidades e serviços:

I. Da rede da SMS/Natal: USF de Nova Descoberta, USF de Nazaré,

USF de Felipe Camarão, USF de Vale Dourado, USF de Neópolis, USF de

São João, USF de Monte Líbano, USF de Vista Verde, USF de Cidade

Nova, USF de Bom Pastor, USF de Parque das Dunas, USF de Parque dos

Coqueiros, USF de Cidade da Esperança, USF de Quintas, USF de Lagoa

Azul, USF de Bairro Nordeste, USF de Planalto e USF de Bela Vista; as

Policlínicas: Oeste, sul e leste; UPA Pajuçara e UPA Cidade da Esperança;

II. Da rede filantrópica (contratada): Hospital Brasileiro da Visão,

Clínica de Olhos Los Angeles;

III. Da rede da SESAP/RN: Hospital dos pescadores, Hospital

Monsenhor Walfredo Gurgel, Hospital Memorial, Hospital Colônia Dr. João

Machado,

Hospital Dr. Deoclécio Marques de Lucena e Hospital Giselda Trigueiro;

UNICAT - Unidade Central de Agentes Terapêuticos;

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IV. Da rede da UFRN: Hospital Universitário Onofre Lopes.

Não se trata de culpabilizar os trabalhadores em saúde pela dramática

situação existente na rede pública de saúde, mas de alertar para o fato de que os

usuários, trabalhadores e gestores possuem a corresponsabilidade pela

organização e funcionamento dos serviços de saúde por meio da participação e do

controle social. E, que somente compartilhado saberes, compromissos e

responsabilidade será possível estabelecer uma nova prática que requer a luta

organizada e articulada de trabalhadores e usuários do SUS.

Nesse sentido, compreendemos acolhimento como processo que

necessariamente integra os esforços em prol de humanização do atendimento na

perspectiva da construção de uma gestão realmente participativa.

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4 A OUVIDORIA E O ACOLHIMENTO COMO UM DOS MECANISMOS DE

GESTÃO PARTICIPATIVA DO SUS

O exercício do Controle Social se baseia na democratização do

conhecimento e estimula a organização da sociedade para o efetivo exercício da

democracia direta na gestão do Sistema Único de Saúde. É garantia constitucional

de que a população através de suas entidades representativas participará do

processo de formulação das políticas de saúde e do controle social de sua execução

em todos os níveis.

Assim, a Ouvidoria procura auxiliar o processo de construção da cidadania,

pois, é um órgão cuja função principal é ouvir as manifestações do usuário acerca

dos serviços prestados intervindo na relação entre o usuário e administração

pública, estimulando a propagação da cidadania e de gestão participativa.

A Gestão Participativa é uma estratégia transversal, presente nos processos

cotidianos da gestão do SUS, que possibilita a formulação deliberativa pelo conjunto

de atores no processo de controle social. Requer a adoção de práticas e

mecanismos que efetivam a participação dos profissionais de saúde e da

comunidade.

Assim sendo, a gestão estratégica pressupõe a ampliação de espaços

públicos e coletivos para o exercício do diálogo e da pactuação das diferenças, de

forma a construir um conhecimento compartilhado sobre saúde, preservando a

subjetividade e a singularidade presentes na relação de cada indivíduo e da

coletividade, com a dinâmica da vida. Esta prática amplia a queixa das

necessidades e dos desejos da população e a escuta dos profissionais e dos

serviços, para que o acolhimento e o cuidado tenham significado para ambos.

As Ouvidorias são ferramentas estratégicas de promoção da cidadania em

saúde e produção de informações para tomada de decisões. Caracterizar-se pela

participação direta do cidadão, configurando-se um canal direito de comunicação

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dos usuários do sistema e da comunidade, contribuindo para a construção da

política de saúde do País e fortalecendo o controle social. Conforme preconiza o

Projeto Participa SUS, as Ouvidorias devem funcionar como canais democráticos

de comunicação, destinados a receber manifestações dos cidadãos, incluindo

reclamações, denuncias, sugestões, elogios e solicitação de informações, devendo

ser descentralizados com vistas ao amplo alcance da população aos serviços

disponibilizados nas Ouvidorias do SUS (BRASIL,2007).

A proposição de um Sistema Nacional de Ouvidorias do SUS, estruturado no

interior da Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS deve atuar

de forma auxiliar e complementar, considerando as estruturas já institucionalizadas,

tais como os Conselhos de saúde, as Comissões Intergestores, as Corregedorias e

o Sistema Nacional de Auditorias. Assim, as Ouvidorias devem se articular com os

órgãos competentes para a correção dos problemas identificados e realizar estudos

e pesquisa visando a produção de conhecimento, no campo da Ouvidoria em saúde,

para subsidiar a formulação de política e gestão do SUS e o sistema informatizado

Ouvidor SUS, que deve acompanhar a condução e adoção de providencias frente

as manifestações pelos órgãos responsáveis.

Dessa maneira, as propostas da PNH vão justamente ao encontro da busca

de alternativas para a inclusão dos indivíduos nos processos de gestão e a

minimização das situações vividas no cotidiano. Assim, o próprio serviço de

Ouvidoria supõe um dispositivo de escuta das manifestações dos usuários e

promoção de autonomia, quando possibilita ao sujeito expressar sua opinião e,

assim influenciar possíveis mudanças.

A possibilidade de produção de sujeitos proposta pela PNH através de

incentivo ao protagonismo propicia a consolidação da Ouvidoria, um instrumento de

cogestão contribuindo para a resolução dos conflitos envolvidos no processo saúde

e gestão dos serviços. Considera-se que a PNH pretende, através do processo de

cogestão, produzir sujeitos não somente participativos, mas causador pelos

processos envolvidos nestas mudanças. Causador pelo entendimento de que a

participação dos mesmos é peça fundamental nestes processos, sendo a

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valorização do usuário algo além da escuta às suas manifestações, mas a

interiorização dos mesmos nestes processos.

4.1 OUVIDORIA ENQUANTO MECANISMOS DE CONTROLE SOCIAL E ARTICULAÇÃO

COM AS POLÍTICAS E DIREITOS SOCIAIS

A partir da Constituição Federal de 1988 que se firmou a importância de

promover a saúde, como direito fundamental de cidadania, cabendo ao Estado à

obrigação de garanti-la a todos os cidadãos. Sob esta condição defendeu-se a

assistência à saúde integral e de caráter universal, com acesso igualitário dos

usuários aos serviços, sendo estes hierarquizados e a sua gestão descentralizada,

estabeleceu-se que as ações de saúde deveriam estar submetidas a órgãos do

executivo com representação paritária entre usuários e demais representantes do

governo nas suas diversas instâncias, dos profissionais de saúde e dos prestadores

de serviços, incluindo-se o do setor privado.

De acordo com o Decreto nº 7.508 de 28 de junho de 2011, ao regulamentar

a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90), “estabelece a organização do SUS em

regiões de saúde, sendo estas instituídas pelo Estado em articulação com os seus

municípios. As regiões de saúde representam o espaço privilegiado da gestão

compartilhada da rede de ações e serviços de saúde, essa forma de organização

tem como objetivo garantir o acesso resolutivo e de qualidade à rede de saúde,

constituída por ações e serviços”.

Através da Lei n° 8.142/90 estabeleceu-se formas de participação da

população na gestão do Sistema Único de Saúde e controle social. As Conferências

e os Conselhos de Saúde reúnem-se os representantes da sociedade, que são os

usuários do SUS, do governo, dos profissionais de saúde, dos prestadores de

serviço, dentre outros, a fim de avaliar a situação da saúde e propor as diretrizes

para a formulação da política de saúde.

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63

Tendo o SUS como um dos seus princípios organizativos a participação

social, este foi fortalecido com a publicação da Lei de Acesso à Informação (Lei nº

12.527), que tem o propósito de regulamentar o direito constitucional de acesso dos

cidadãos às informações públicas e seus dispositivos são aplicáveis aos três

poderes da União, Distrito Federal, Estados e Municípios.

É nesse cenário de inserção da participação do cidadão no exercício de sua

cidadania e controle social das políticas públicas que se faz necessário a criação de

um canal alternativo de acesso às informações do Sistema Único de Saúde. Nesse

sentido, a Ouvidoria em saúde é considerada uma possibilidade política de alterar

à lógica da centralização das informações, de instituir aos órgãos públicos canais

de acesso capazes de acolher, amparar, sustentar e dar significado a presença e

as ações de profissionais de saúde, gestores e usuários ao considerar suas

dimensões subjetivas e singulares, logo, descentralizando os serviços e em seguida

a sua ampliação nas ações em saúde.

Pois a Ouvidoria é um dos componentes da política de Gestão Estratégica e

Participativa do SUS, constituindo-se num espaço democrático de comunicação e

articulação entre o cidadão e o gestor, tendo como objetivo fortalecer o controle

social e qualificar a gestão. Por assegurar ao cidadão a oportunidade de participar

da Gestão de Políticas Públicas da Saúde num funcionamento de escuta qualificada

através do tratamento das manifestações do cidadão.

A Ouvidoria SUS deve ser entendida como uma ferramenta de gestão que

auxilia o cidadão em suas ralações com o Estado, é um canal direto do cidadão com

os gestores do Sistema Único de Saúde que recebe reclamações, denúncias,

solicitações, sugestões e elogios, além de prestar informações. Estimula a

participação do cidadão no controle e avaliação da prestação dos serviços públicos,

favorece mudanças e ajustes nas atividades e processos das instituições a frente

das necessidades apresentadas pelo cidadão. Também tem como propósito

conhecer o grau de satisfação do usuário, buscando soluções para as questões

levantadas, oferecendo informações gerenciais e sugestões a instituições, visando

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o aprimoramento dos serviços prestados contribuindo para a melhoria dos

processos administrativos.

Nesse sentido, para atingir seus objetivos tem desenvolvido práticas e

mecanismos voltados à ampliação de espaços públicos e coletivos para o exercício

do diálogo e da pactuação de ações propensas à melhoria da gestão do Sistema

Único de Saúde, dando forma e estrutura à participação da comunidade como

diretriz organizativa do sistema.

Pois, foi a partir de acordo com as diretrizes estabelecidas no plano municipal

de saúde 2003/2005 ratificadas no plano municipal de saúde 2006/2009, que tem

se pautado pelo fortalecimento da gestão participativa e vem enfrentando o desafio

de fortalecer o SUS Municipal com a perspectiva de garantir a universalização dos

serviços, constituídos pelo esforço coletivo do setor público, profissionais e

instâncias colegiadas que representam a sociedade civil, discutindo através dos

diversos fóruns propostas para um atendimento digno e eficiente. Para tanto, dispõe

de alguns dispositivos que propiciam uma escuta mais qualificada, tanto para os

trabalhadores, quanto para os usuários do SUS.

Nesta perspectiva, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal criada pela Lei

nº 3.394 de 21 de janeiro de 1986, um Órgão de atividade-fim integrante da

Administração Pública Municipal Direta, nos termos das Leis Complementares n°

020, de 02 de março de1999 e Lei Complementar n° 061 de 02 de junho de 2005,

com o objetivo de garantir a oportunidade de participar da gestão pública em saúde,

baseando-se nos princípios e diretrizes que determinam as ações e serviços em

saúde, expressas na Constituição Federal e na Lei 8.080/90, efetivou a criação da

Ouvidoria Municipal do SUS de Natal como um canal democrático de informação e

de escuta.

A Ouvidoria SUS do Município de Natal foi instituída pela Lei n° 6.019, de 28

de dezembro de 2009, como um Órgão da estrutura administrativa e funcional da

Prefeitura Municipal de Natal vinculado à Secretaria Municipal de Saúde de Natal

localizada na Rua Fabrício Pedroza, 915, Petrópolis – Edifício Novotel Ladeira do

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sol. CEP: 59014-030. As ações da Ouvidoria Municipal foram pensadas para serem

desempenhadas por servidores integrantes do quadro de pessoal do Sistema

Municipal de Saúde, Secretaria de Saúde e por aqueles cedidos a este Órgão por

força da municipalização dos serviços de saúde, a serem devidamente capacitados

e treinados para este fim.

Apesar da Ouvidoria municipal do SUS de Natal ter sido instituída por Lei em

2009, a sua implantação passou a ser executada em abril de 2014. Com apenas

um ano de funcionamento, a instituição tem como missão propiciar condições para

a manutenção de um canal aberto e continuo de comunicação, tendo como função

essencial o diálogo com a população, ouvindo, disseminando informações,

registrando e possibilitando a articulação entre o gestor e o controle social na busca

da melhoria da qualidade dos serviços prestados ao cidadão do SUS.

De acordo com a Lei nº 6019/2009,

Art. 3º - São objetivos da Ouvidoria Municipal do Sistema Único de Saúde:

I – ampliar a participação dos usuários do Sistema Único de Saúde Municipal garantindo a escuta, análise e o retorno de suas demandas;

II – criar um canal direto de comunicação e escuta que tenha como características independência, autonomia e ética, preservando o sigilo que a atividade requer;

III – possibilitar à instituição a avaliação contínua da qualidade dos serviços prestados;

IV - produzir relatórios que subsidiem a gestão nas suas tomadas de decisão.

Suas competências se direcionam basicamente em receber as

manifestações dos cidadãos, tais como solicitações, denúncias, reclamações,

informações, elogios e sugestões, referentes aos serviços prestados pelo Sistema

Municipal de Saúde e encaminhar tais demandas aos órgãos competentes,

estabelecendo um prazo de até quinze dias, para o recebimento das respostas às

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respectivas demandas. As demandas poderão chegar à Ouvidoria por vias de

entrada, como telefone (existe atualmente duas linhas telefônicas), comunicação

presencial, e-mail, carta, etc.

Para assegurar ao cidadão a oportunidade de participação na gestão, a

Política Municipal de Saúde de Natal se baseia nas diretrizes que determinam as

ações em saúde proporcionando e garantindo as ações de promoção à saúde com

ênfase na intersetorialidade, buscando fortalecer o processo de distritalização, na

implantação na gestão participativa, na modernização a estrutura administrativa,

como também, no desenvolvimento de uma política de Recursos Humanos.

Assim, a Ouvidoria Municipal do SUS de Natal, instituída pela Lei nº 6.019,

de 28 de dezembro de 2009, em seu Art. 2º:

A Ouvidoria Municipal do Sistema Único de Saúde tem como papel principal dialogar com a população, buscando atendê-la em suas manifestações quanto ao Sistema Único de Saúde do Município para efetivação dos seus princípios e diretrizes, constituindo-se em um canal articulador entre o gestor e o controle social, tendo como estratégia a gestão participativa e o exercício da cidadania.

Para a consolidação do SUS, a formulação da política de saúde deve emergir

dos espaços onde acontece a aproximação entre a construção da gestão

descentralizada, o desenvolvimento da atenção integral à saúde e o fortalecimento

da participação popular, significando um avanço para o controle social. Vale

destacar aqui, a importância da criação de alternativas eficientes de informação e

de escuta do cidadão usuário e da população em geral, como nos espaços das

ouvidorias do SUS, transformando-as em fontes de informações para fomentar a

gestão do SUS nas três esferas de governo.

Nesse sentido, torna-se de extrema importância à escuta do cidadão usuário,

favorecendo o acesso e a transparência no sistema único de saúde. A transparência

no sistema único de saúde promove as políticas públicas e as políticas sociais que

tem como suporte norteador a melhoria das condições de vida para a população de

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67

modo amplo, no intuito de contribuir com a igualdade de oportunidades e construir

valores éticos socialmente aceitos. Dessa forma, a inclusão social tem como

propósito reforçar a construção e consolidação dos valores democráticos e ampliar

a cidadania.

Dessa maneira, a Ouvidoria promove uma intermediação proporcionando a

inclusão social na melhoria da prestação dos serviços públicos, gerando a igualdade

de oportunidades permitindo que o direito do cidadão seja garantido dentro da

administração pública.

Na perspectiva do controle social vinculada a participação da população na

análise dos serviços prestados faz contribuir no processo de revalorização dos

sujeitos e, portanto, na garantia de seus direitos.

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68

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de construção do SUS, tem enfrentado muitos obstáculos e

problemas em relação à sua organização, estruturação, financiamento e modelos

assistenciais. Porém sua expressão prática tem sido resumida nas reclamações da

população usuária quanto às dificuldades de acesso os serviços de saúde e à forma

como são atendidos, por vezes, associando-se a ideia de insensibilidade, grosseria

e/ou indiferença em relação a dor e ao sofrimento e muitas vezes ao desespero

vivenciado.

Constatamos que os usuários deixaram patente a sua insatisfação com o

atendimento destacando a flagrante falta de acolhimento como um problema

decisivo para sua avaliação negativa, quanto ao atendimento dispensado pelos

profissionais de saúde. Embora enfatizem queixa com a forma de atendimento dos

médicos, ausência e insuficiência dos médicos, bem como problemas com os ACS

destacando um problema local, em geral trazem relatos de várias experiências

demonstrando. ser um problema afeto a todas as unidades e serviços.

Ao aparecer como uma questão transversal a maioria das reclamações, o

“mau atendimento”, ainda que um problema que anda junto às dificuldades de

acesso, são enfatizados como queixas do tipo, além de não ter o acesso em si, não

temos a devida explicação, a medida em que muitas vezes os próprios profissionais

respondem que o problema é na secretaria, mas também não sabem explicar a

causa e quando de fato será que maioria dos problemas serão resolvidos. Portanto,

acabam dando respostas evasivas que não contribuem para os usuários buscarem

alternativas no plano individual e coletivo enquanto sujeitos de direitos.

Assim, as reflexões sobre a importância do acolhimento, de acordo com

Costa (2015), só tem sentido se for capaz de contribuir no sentido de possibilitar

reconhecermos a necessidade de profundas mudanças no modelo gerencial e

assistencial na perspectiva da defesa e consolidação do sistema público, universal,

estatal e com gestão participativa que possibilite uma atuação cotidiana com base

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em relações de trabalho democráticas e ambientes de trabalho que possibilite

efetivo cuidado tanto dos usuários, quanto dos trabalhadores do SUS.

Conclui-se que essa avaliação dos usuários, ao associar sua insatisfação

às condições de funcionamento dos serviços e ao “mal atendimento”, problemas

frequentemente veiculados pela mídia para atacar o SUS como sistema público, por

um lado revela reais os problemas existente na rede pública e por outro revela uma

compreensão que simplesmente reduz e culpabiliza os profissionais pela ´forma

como é realizado o atendimento desconhecendo os reais determinantes, que

concorrem decisivamente para essa situação.

Note-se que, mesmo que em algumas falas, os usuários reconheçam que

os profissionais atendem em situação de grande precariedade e que fazem o que

podem, ainda que destacando que há muitos problemas relacionados à falta e

insuficiência de profissionais, principalmente médicos e ACS, insumos,

principalmente medicamentos, aspectos da estrutura física, demora ou longa

espera por consultas, exames e leitos. Em geral, tendem a ressalvar o esforço

individual de alguns, enquanto atitude como exceção, mas em regra vêm os

profissionais como distanciados do seu sofrimento ao ponto de nivelar e conferir

grande peso a sua avaliação negativa relacionando mau atendimento à atuação dos

profissionais, com grande destaque para a falta de acolhimento às suas demandas,

inclusive para se disponibilizar a dar informações mais precisas sobre onde, como

e a quem recorrer institucionalmente para buscar solução para seu caso.

Assim sendo, concordamos com Costa (2015), que um dos grandes

desafios dos trabalhadores em saúde é enquanto sujeitos coletivos organizados

redirecionar suas práticas, desenvolver estratégias capazes de construir uma

aliança com os usuários no sentido de juntos lutarem por melhores condições de

atendimento que passa tanto por conquistar melhores condições de trabalho,

quanto por redirecionar suas praticas na perspectiva da gestão participativa. O que

necessariamente, implicará em se apropriar dos fundamentos da gestão

participativa, dentre os quais, alguns se fazem presentes nas diretrizes e

dispositivos da PNH, transformando os momentos de acolhimento em espaço para

o fortalecimento de sujeitos coletivos de direitos, o que exige atuar buscando

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responder o problema individual sem perder de vista a dimensão coletiva e assim

estimulando a reação dos usuários para perceberem e atuarem para mudar a lógica

como vem sendo estruturado, organizado, gerenciado o SUS no município de

Natal/RN, principalmente o destino dado aos recursos do SUS, comprovadamente

alocados e aplicados prioritariamente na rede privada contratualizada em

detrimento da manutenção, ampliação e fortalecimento da rede própria do SUS.

Portanto reiteramos as palavras Costa (2015), enquanto pesquisadora /

militante em defesa do SUS e contra a privatização da saúde, de que a

humanização não se reduz a acolhimento, na realidade, compõe um dos aspectos

que integram à luta para promover profundas mudanças no modelo assistencial e

gerencial na perspectiva humanização do atendimento no cotidiano do SUS. Razão

pela qual, advogamos que para efetivar o acolhimento na perspectiva da garantia

dos direitos dos usuários sem culpabilizar os trabalhadores em saúde, implica

engajamento destes na resistência para junto com os usuários fazer a defesa

intransigente da efetivação dos princípios do SUS.

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REFERÊNCIAS

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Brasília, DF: Senado, 2008

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. HumanizaSUS: acolhimento com avaliação e

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DF, 2004. Disponível em: http://bvms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf.

Acesso em 08 de novembro de 2015.

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________. Política Nacional de Humanização, Brasília,2004

________. Política Nacional de Humanização, Brasília,2007

________. Política Nacional de Humanização. Brasília,2008

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______ . Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2ª. Edição. Brasília,

DF: 2008. Acesso em 08 de novembro de 2015.

http://bvms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …€¦ · Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA Morais, Ronize Leite de. Acolhimento nas

72

________. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política

Nacional de Humanização. HumanizaSUS: política nacional de humanização: a

humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as

instâncias do SUS. Brasília, DF, 2004. Disponível em

http://bvms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf. Acesso em: 09

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COSTA, Maria Dalva Horácio. Saúde como politica de seguridade social.

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SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. (Re)desenhando a Rede de Saúde na

cidade de Natal. Natal, 2007

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VASCONCELOS M.F.F.;MORSCHEL, A. O Apoio institucional e a produção de

redes: do desassossego dos mapas vigentes na saúde coletiva. Interface:

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SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE OUVIDORIA SUS

ANEXO I

Questionário Aplicado Pela Ouvidoria SUS Natal no Período de 2014 à 2015

Idade: __________

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

1 - O que você acha do atendimento nessa unidade de saúde?

( ) ótimo

( ) bom

( ) ruim

( ) péssimo

2 - Como você considera o tempo despendido na sala de espera para poder ser

atendido?

( ) Rapidez no atendimento

( ) Demora no atendimento

3 - A equipe profissional que faz o atendimento na unidade é atenciosa/educada?

Caso a resposta seja não, explicar por que.

( ) Sim

( ) Não

4 - Quanto aos serviços oferecidos na unidade, você acha que atende a

necessidade dos usuários? Caso a resposta seja não, o que precisa ser

feito/melhorado?

( ) Sim

( ) Não

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5 - Qual a sua avaliação geral do atendimento por parte das equipes profissionais

da unidade?

6 - Qual a sua sugestão para melhorar o atendimento nessa unidade?

7 - As informações prestadas pelos profissionais dessa unidade aos usuários você

considera:

( ) Bom ( ) Ótimo ( ) Ruim ( ) Péssimo

8 - Em relação a área física oferece um bom funcionamento?

9 - No agendamento das consultas especializadas há demora na espera?

10 - Dê uma nota de 1 a 10 em relação ao atendimento dessa unidade.