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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3
CONCEIÇÃO CARNEIRO CRISTO
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM: UM ESTUDO NA ESCOLA MUNICIPAL DINHA
ZEZÉ NO MUNICÍPIO DE PEDRÃO
Salvador
2015
CONCEIÇÃO CARNEIRO CRISTO
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM: UM ESTUDO NA ESCOLA MUNICIPAL DINHA
ZEZÉ NO MUNICÍPIO DE PEDRÃO
Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação
Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito
para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica.
Orientador: Prof. Maura Miranda
Salvador
2015
Conceição Carneiro Cristo
A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM: UM ESTUDO NA ESCOLA MUNICIPAL DINHA
ZEZÉ NO MUNICÍPIO DE PEDRÃO
Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em
Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de
Educação, Universidade Federal da Bahia.
Aprovado em janeiro de 2016.
Banca Examinadora
Primeiro Avaliador.____________________________________________________
Segundo Avaliador. ___________________________________________________
Terceiro Avaliador. ____________________________________________________
Dedico este trabalho a meus filhos Erik e Emily, vocês são a razão da minha vida.
Amo vocês!
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por ter mim dado força para vencer os obstáculos
e chegar ate aqui, sem ele nada seria possível.
A minha orientadora Maura Miranda, que com muito carinho, competência e
dedicação, soube conduzir as orientações necessárias para o enriquecimento do
trabalho.
A minha amiga Jocenita Henrique dos Santos Maia, por estar comigo desde o inicio,
pois sem nossa união e dedicação não poderíamos chegar ate aqui.
A meu esposo Elio, por estar ao meu lado contribuindo para que eu alcance meus
objetivos.
A minha mãe, pois, sou o que sou, agradeço a ela, ela é minha inspiração na busca
constante do conhecimento, galgando sempre novos horizontes.
A meu pai, irmãos e amigos pelo apoio e incentivo.
Não deixando de citar as minhas duas jóias preciosas, meus filhos Erik e Emily,
mesmo com a pouca idade que tem, sempre procura mim incentivar e não deixa que
eu fraqueje nunca, amo vocês.
Enfim a todos que diretamente ou indiretamente faz parte do meu crescimento, tanto
profissional quanto pessoal.
O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.
(Isaac Newton)
CRISTO, Conceição. A Participação Da Família No Processo De Aprendizagem:
Um Estudo Na Escola Municipal Dinha Zezé No Município De Pedrão. 2015.
Projeto Vivencial (Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores,
Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo compreender a importância da participação da família no processo de aprendizagem da escola, refletindo sobre qual seu papel e suas possibilidades de colaborar com a melhoria da educação, de forma mais específica nos anos iniciais do ensino fundamental. Os estudos realizados embasaram-se em pesquisas bibliográficas e marcos legais que abordam o tema e em uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa, realizada na escola da rede municipal da cidade de Pedrão-BA, a Escola Dinha Zezé, tendo como sujeitos participantes, professoras e pais de alunos. Os resultados revelaram que, tanto as professoras quanto os pais compreendem a importância da participação da família na escola e reconhecem que quando a família participa do processo escolar há melhorias no desempenho escolar dos alunos. Contudo, a teoria revela que a responsabilidade da família no insucesso escolar é limitada e que sua participação na escola também tem limites, sendo-lhe reservada, portanto, o dever de assegurar a frequência da criança na escola, acompanhar, apoiar e motivaras crianças, colaborar e legitimar as ações desenvolvidas pela instituição. Essa participação não é algo natural e nem deve ser apenas exigida por força de lei, mas deve ser uma das ações a ser motivada pela própria escola.
Palavras–Chave: Família, Escola, Participação, Aprendizagem.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08
1. MEMORIAL. ....................................................................................................... 11
2. A PARTICIPAÇÃO DA FAMILIA NA ESCOLA: MARCOS LEGAIS E
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS ................................................................................. 15
2.1 IMPLICACOES DA PARTICIPAÇAO DA FAMILIA NA ESCOLA NA
APRENDIZAGEM. ..................................................................................................... 17
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: A RELAÇÃO FAMILIA X ESCOLA NO
CONTEXTO DA ESCOLA MUNICIPAL DINHA ZEZÉ, NO MUNICIPIO DE PEDRÃO
........................................................................................................................................22
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA......................................................................22
3.2 ASPECTOS MEMETODOLOGICOS............................................................23
3.3 RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO: ANALISE DA PARTICIPAÇÃO
DA FAMÍLIA NA ESCOLA MUNICIPAL DINHA ZEZÉ..............................................23
3.4 CRONOGRAMA...........................................................................................27
3.5 RECURSOS.................................................................................................28
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................29
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS..................................................................................31
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INTRODUÇÃO
Atualmente a relação entre família e escola é uma das questões mais discutidas por
pesquisadores da área de educação. Família e escola constituem instituições
essencialmente diferentes, mas que em dado momento precisam estar interligados
devido à finalidade comum entre ambas, que é preparar as crianças para a inserção
na sociedade. Por isso, este Trabalho de Conclusão de Curso, na modalidade
Projeto Vivencial, traz no bojo de suas reflexões a participação da família na escola
para assegurar a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem da criança.
O interesse por este tema surgiu a partir de reflexões nos encontros pedagógicos
com professores, ao observar que a não aprendizagem de leitura e escrita de muitos
alunos da Escola Municipal Dinha Zezé no município de Pedrão, era frequentemente
justificada pela não participação da família na vida escolar dos filhos. Era recorrente,
professores culparem a família pelo insucesso escolar, pois, segundo eles os pais e
mães não acompanham seus filhos nas atividades desenvolvidas pela escola,
sendo, portanto, corresponsáveis pelas suas dificuldades de aprendizagem.
Como coordenadora pedagógica da referida escola a questão me inquietou muito
sendo, portanto escolhida para estudos e análises mais sistemáticas. Assim, a
questão que se coloca para estudos é: até que ponto a não participação da família
interfere no processo de ensino e aprendizagem da criança?
Com vistas a responder ao questionamento apresentado foram traçados os
seguintes objetivos: refletir, a partir de bases teóricas, sobre a importância e as
possibilidades de efetiva participação da família no processo de aprendizagem
escolar; identificar práticas atitudinais, de respeito e de afetividade possíveis de se
estabelecer entre escola e família, em seus processos participativos; perceber, no
contexto escolar da Escola Municipal Dinha Zezé, como se dá a participação da
família; identificar as dificuldades vivenciadas pelos pais em relação ao
acompanhamento do desempenho escolar dos seus filhos, propondo estratégias de
intervenção no contexto da prática.
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No plano teórico, o trabalho está fundamentado em estudos de SZYMANSKI (
2011),DIEZ (1994) entre outros e documentos oficiais como a Lei de Diretrizes e
Bases - LDB Nº 9394/96, Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA e
Constituição de 1988. No campo empírico, a presente pesquisa pretende analisar o
contexto social das crianças e de suas famílias da escola citada, de forma a
compreender de que maneira estas podem participar ativamente da vida escolar de
seus filhos, colaborando com a melhoria da aprendizagem das crianças na escola.
Para tal, foi realizada uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa. Para Elisa
Pereira (2001) a pesquisa qualitativa tem caráter exploratório, isto é, estimula os
entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. É
utilizada quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de
uma questão, abrindo espaço para as diferentes interpretações. A pesquisa
qualitativa preocupa-se com a compreensão, com a interpretação do fenômeno,
considerando os significados que os outros dão a sua prática (GNÇALVES, 2001).
Para o desenvolvimento da pesquisa de campo, formam utilizados como instrumento
de coleta, questionários específicos para cada grupo de professores, pais e alunos,
com questões abertas e fechadas, com múltiplas escolhas, que contribuiu bastante
para o desenvolvimento da pesquisa.
O presente trabalho está estruturado em três capítulos: o primeiro capítulo vem
trazendo um memorial, com relatos da minha vida pessoal e profissional, minhas
frustrações, conquistas e desafios até chegar aos espaços onde estou hoje.
O segundo capítulo traz algumas discussões teóricas sobre a participação da família
no processo de aprendizagem e as implicações da participação da família na escola.
No capitulo três são apresentados os resultados da pesquisa de campo, que
revelam como tem se dado a relação família e escola no contexto da Escola Dinha
Zezé, no município de Pedrão, sendo em seguida propostas algumas estratégias em
um plano de intervenção.
O presente estudo parte do princípio de que o fortalecimento dessa parceria,
certamente, poderá colaborar com o trabalho da coordenação pedagógica. Juntos,
família e escola podem buscar estratégias e desenvolver ações que venham
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contribuir com o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos na Educação Básica,
de forma mais específica nos processos de leitura e escrita nos anos iniciais, que
tanto almejamos.
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1. MEMORIAL: ACORDANDO O ADORMECIDO PARA PROJETAR O FUTURO
“A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não
perde o que merece ser salvo.”
Eduardo Galeno
A escrita deste memorial foi solicitada pelo curso de especialização em
Coordenação Pedagógica, Programa Escola de Gestores da Educação Básica,
promovido pela Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Sou
Conceição Carneiro Cristo, vinda de família simples, uma apaixonada por educação.
Costumo dizer que foi a educação que me escolheu, foi amor à primeira vista.
Filha de uma professora leiga, desde pequena já acompanhava minha mãe no
universo escolar, aquele mundo era encantador para mim. Fui crescendo naquele
maravilhoso universo e ajudando a minha mãe a preparar as atividades da sua
turma, naquela época os recursos pedagógicos eram precários, basicamente quadro
negro, giz e o caderno do aluno. Como a classe era multisseriada eu a ajudava a
escrever as atividades dos alunos no caderno. Assim foi por bastante tempo.
Mas, certo dia, com uma mudança de gestão, a secretaria de educação ganha uma
nova secretária, a professora Ilda, que percebe o meu encanto e dedicação para
com a turma de minha mãe, propôs a minha mãe que eu ficasse de fato assumido a
sala com ela e passasse a receber pelo meu trabalho. Como toda mãe quer o
melhor para seus filhos ela logo aceitou.
Assim, fui ficando por muito tempo lecionando com minha mãe na Escola Municipal
Presidente Médici. Logo surge uma vaga em outra escola da zona rural e sou
convidada a assumir. Quanta felicidade agora poderia assumir uma sala sozinha
com toda responsabilidade e dedicação. Terminei meu curso de magistério no ano
de 1996, na Escola Estadual João Benevides Nogueira e assim continuei por
bastante tempo me empenhando com as aprendizagens daquelas crianças.
Em 2000 toma posse um gestor que por motivos políticos não aceita que eu faça
parte do quadro de funcionários. Mas, logo no ano seguinte abre vagas para o
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primeiro concurso público do meu município e com o incentivo da minha grande mãe
fui eu me inscrever para concorrer a uma vaga para o quadro de professores do meu
município. Com muito estudo e dedicação consigo ser aprovada e volto para a
Escola Municipal Santa Terezinha de onde tinha saído. Quanta alegria! De fato,
reafirmo que foi a educação quem me escolheu. No ano de 2002, passo a fazer
parte do quadro de professores concursados do município de Pedrão.
Nesta grande trajetória, minha mãe foi meu amuleto, era como se eu tivesse que
realizar um sonho que seria dela. Adentrei na educação sem a formação adequada,
logo conclui meu curso de magistério, no Colégio Estadual João Benevides Nogueira
no ano de 1996.
No período de 19 de maio a 18 de dezembro de 1997 participei do Programa de
Aperfeiçoamento para professores de 1ª e 2ª séries do Projeto Nordeste pelo
Instituto Anísio Teixeira e Universidade Católica do Salvador. Logo após no período
de 07 de junho a 23 de julho de 1999 venho a participar do mesmo programa, agora
da 1ª a 4ª série.
No ano de 2012 participei do Programa Pro Letramento em Língua Portuguesa.
Em 07 de junho de 2013 concluo minha graduação em Pedagogia pela Universidade
da Bahia (UNEB). E em julho de 2014 concluo minha especialização em Gestão
Educacional pela Faculdade Vasco da Gama.
Participei do curso à distância Cultura Lúdico, promovido pelo Instituto Avisa Lá,
ministrada pela equipe de formadores em ambiente virtual, no período de 20 de
agosto a 20 de dezembro, dedicando 60 horas as atividades propostas.
Tive o prazer de estar no III Seminário Internacional de Educação- Redes
Colaborativas: Biografia da Mudança com a participação de Claudia Molinari e Dr.
AntônioNóvoa, no período de 28 e 29 de setembro de 2014.
O ano de 2014 foi muito especial, realmente pude aprender bastante. Tive também a
oportunidade de participar dos cursos oferecidos pela Nova Escola, através d
Fundação Victor Civita, entre eles estão: Adição e subtração (15 de outubro a 20 de
novembro),Calculo mental (9 de abril a 03 de junho), Matemática na Educação
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infantil (13 de agosto a 07 de outubro), Números racionais (13 de agosto a 07 de
outubro) e Sistema de numeração (11 de julho a 05 de agosto).
Minha vida profissional é pautada na educação, nunca fiz outra coisa e nem saberei
se seria capaz de fazer. Como mencionado anteriormente, adentrei na educação
muito cedo, anteriormente como ajudante da minha mãe, posteriormente como
professora contratada e no ano de 2002 como professora concursada para as
turmas de fundamental 1 e educação infantil.Daí por diante, estou sempre mim
aperfeiçoando, pois, trabalho com vidas, vidas estas que depende de mim para
aperfeiçoar seus conhecimentos.
Em 2013 fui convidada pela secretaria de educação a assumir a coordenação
pedagógica da Escola Municipal Dinha Zezé, única escola da sede de fundamental
1, no princípio fiquei muito apreensiva, mas aceitei o desafio, confesso que adorei a
experiência. No ano de 2014 sou convidada a dividir a função de supervisora técnica
junto a um grande amigo George dos Santos. Não parando por aí, em 2015 nova
mudança George passaria a assumir a supervisão do fundamental 2 e eu assumindo
a educação infantil e fundamental 1, como mim habituei a não fugir dos desafios
aceitei. Pensa que parou por aí? No mês de maio deste ano sou convidada pela
secretaria de educação a assumir a função de coordenador multiplicador do
Programa Pacto Bahia.
Realmente eu e a educação estamos bastante envolvidas, minha única angústia é
perceber que nem todas as pessoas dão a devida importância que ela merece, mas
faz parte do processo, cabe a mim e a todos os envolvidos tentar mudar esta página.
Com as funções que a me foram confiadas, percebo que posso dar uma contribuição
maior para a educação do meu município. Só fico triste ao perceber que o discurso
dos professores em relação a participação da família na escola continua a mesma,
os professores ainda continuam culpando a família pela não aprendizagem dos
alunos. Mas como citei anteriormente estou tendo a oportunidade de conversar com
professores, coordenadores e diretores de escola, para refletirmos diante desta
problemática e algumas concepções já foram mudadas. Como é bom perceber que
os convites feitos aos pais para as reuniões de pais e mestres já tem outra
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perspectiva, uma preocupação maior no que se refere à participação da família na
escola.
O curso de especialização do CECOP 3 realizado pela UFBA, está contribuindo
bastante com as atividades que estou exercendo no momento e assim poderei
contribuir ainda mais com o meu município. A oportunidade de realizar um trabalho
de conclusão (TCC/PV), não hesitei em escolher a temática família e aprendizagem,
pois é um tema que mim deixa inquieta e sei que vou poder contribuir com a
aprendizagem das crianças.
O curso de especialização CECOP 3, vem ainda mais fortalecer o meu trabalho
enquanto coordenadora, sei que tenho muito o que aprender, pois professor deve
ser um eterno pesquisador. Gosto muito de estudar e estar sempre me
especializando, e este curso de especialização está provando para mim mesmo que
eu posso muito mais, agora vou em busca do meu outro objetivo que é o curso de
psicologia e assim contribuir muito mais com a educação do meu município.
Sempre estou em busca de aperfeiçoamento, pois acredito que a educação tem o
poder de transformar a humanidade. Como afirma Paulo Freire “se a educação
sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda".
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2- A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA: MARCOS LEGAIS E
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
A participação qualificada da família na educação das crianças é fundamental para a
formação integral das mesmas. Por isso, o acompanhamento do processo de
escolarização das crianças pela família tem sido considerado requisito necessário
para assegurar o sucesso escolar. Muitos têm sido os discursos de educadores que
enfatizam a ausência dos pais e/ou responsáveis na escola, como um dos principais
problemas que impedem a qualidade da educação pública.
Existe uma vasta legislação que determina a participação da família na escola. A
Constituição da República Federativa do Brasil (1998), no artigo 227, estabelece que
é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, a liberdade, à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligencia, descriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. O Estatuto
da criança e do adolescente (ECA, 1990) nos artigos 4, 43, 53 e 129 ratificam o
dever da família com a educação e estabelece que é direito dos pais ou
responsáveis ter ciência do processo pedagógico. O artigo 129, inciso V, estabelece
a obrigatoriedade da família em matricular os filhos e acompanhar a frequência e o
aproveitamento escolar.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº. 9394/96, nos artigos 2,6,12,13,
tratam do dever da família na matéria educacional. O artigo 2° da LDB estabelece
que a educação é dever da família e do Estado, inspiradas nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana. O artigo 6° declara que é dever dos
pais ou responsáveis efetuar matrícula dos menores, a partir de quatro anos de
idade, assegurando sua permanência até os 17 anos. O artigo 12 afirma que os
estabelecimentos de Ensino, respeitadas as normas comuns e as do Sistema de
Ensino, terão a incumbência de articular-se com as famílias e a comunidade, criando
processos de integração. E por fim, o artigo 13 afirma que os docentes incumbir-se-
ão de colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a
comunidade.
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Recentes avanços na legislação educacional, decorrentes de pressões e da
democratização de diversos setores da sociedade, vêm ampliando o espaço para os
pais participarem de decisões fundamentais sobre a escola de seus filhos. O Art.
206, inciso IV garante uma gestão participativa no ensino público, assegurando o
caráter democrático da educação de forma que as instituições públicas possam criar
uma cultura político-educativa de exercício do princípio e da prática democrática, no
seu cotidiano.
Em grande número de redes de ensino, a participação dos pais no colegiado
escolar, conselho escolar vem se tornando um instrumento legal, oficial e essencial
para a gestão escolar. A Gestão Participativa viabiliza a construção de projetos
educacionais com qualidade social, transformadores e libertadores, nos quais a
escola, em seus diversos espaços e tempos, colabore efetivamente para o exercício
dos direitos, a formação de sujeitos como cidadãos plenos, reafirmando os princípios
da democracia, da solidariedade, da justiça, da liberdade, da tolerância e equidade,
na direção de uma nova sociedade mais justa, igualitária e fraterna.
A escola participativa adiciona contextos sociais diferentes e, justamente por isso,
ansiosos para um tratamento igualitário, que conduzem o debate no sentido mais
crítico e imaginário, ao contrário daquela linha autoritária de modelo direto, onde não
cabem discussões e prolifera a sensatez medieval.
Para Libâneo (apud LIMA e JARDIM, 2004, p. 13) em relação à gestão democrática:
[...] a participação é o principal meio de se assegurar a gestão democrática da escola, pois possibilita envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar: a organização escolar democrática implica não só a participação na gestão, mas a gestão da participação, em função dos objetivos da escola.
Para o autor, o conceito de participação fundamenta-se no de autonomia, que
significa a capacidade das pessoas e dos grupos de conduzirem a sua própria vida.
A autonomia opõe-se às formas autoritárias de tomada de decisão e, dessa forma,
um modelo de gestão democrático participativa tem na autonomia um dos seus mais
17
importantes princípios, implicando a livre escolha de objetivos e processos de
trabalho e a construção conjunta do ambiente de trabalho.
Para que se compreenda o verdadeiro sentido da participação da família na escola,
Diez (1994) afirma que a família e a escola têm na educação da criança um lugar de
encontro, de ação e de relação coordenadas, já que educação não se resume
apenas na aprendizagem de conteúdos e sim no desenvolvimento pleno de todas as
capacidades inerentes ao ser humano. Para ele é bastante importante que exista
uma relação entre pais e professores.
Diante da legislação vigente, percebe-se que os pais são corresponsáveis pela
educação dos filhos e a escola precisa de seu apoio e colaboração. Mas, apesar de
todo aparato da lei em relação e dos fundamentos teóricos que asseguram a
importância da relação família e escola para assegurar o desenvolvimento da
criança, a participação da família na escola não se acontecido de forma satisfatória.
Por isso, é comum escolas de todo Brasil reclamarem da não participação da família
no processo educacional e costuma culpá-la pela não aprendizagem dos alunos.
2.1- IMPLICAÇÕES DA PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA E NA
APRENDIZAGEM
Muitas famílias não se interessam no desenvolvimento de aprendizagem dos filhos e
delegam esta tarefa exclusivamente para a escola. As principais dificuldades
encontradas pelos pais é justamente a falta de conhecimentos acadêmicos e falta de
informação como podem ajudar seus filhos. Mas, é preciso que a escola proporcione
um ambiente de diálogo constante com as famílias. Uma boa relação entre família e
escola deve estar presente em qualquer trabalho educativo que tenha como principal
alvo o aluno.
Szymanski (2011), afirma que é na família que a criança encontra os primeiros
“outros” e, por meio deles, aprendem os modos humanos de existir, seu mundo
adquire significado e ela começa a constituir-se como sujeito. Isto se dá na e pela
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troca intersubjetiva carregada de emoções, sendo o primeiro referencial para a
construção da identidade pessoal.
Szymanski (1997) afirma que a família e a escola possuem finalidades que se
completam, pois, as duas instituições devem preparar as crianças para a vida em
sociedade. A participação da família na vida escolar dos filhos colabora com a
escola e produz um trabalho mais qualificado. Além disso, é de responsabilidade da
família a transmissão de valores culturais de uma geração para outra.
Essa transmissão de conhecimentos e significados possibilita o compartilhar de regras, valores, sonhos, perspectivas e padrões de relacionamentos, bem como a valorização do potencial dos seus membros e de suas habilidades em acumular, ampliar e diversificar as experiências (ESSEN e PALONIA, 2007, p.24).
O papel da família e da escola no desenvolvimento da criança é revelado, também
nos estudos de Levy SemionovichVigotsky (1998) que, afirma em sua teoria que o
desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado que realiza num
certo grupo cultura, sendo a família a instituição que ocupa um lugar privilegiado por
transmitir a herança cultural própria da família. Desta maneira ela se constitui como
um grupo social primário, que se baseia na formação da identidade social e pessoal
do indivíduo.
Corroborando com esta ideia Bordignon (2008) afirma que o sucesso ou o insucesso
dos diversos papéis ou atitudes que vamos exercer ao longo de nossa história,
dependerão, em grande parte de como foram às relações dentro do sistema familiar.
É na família que a criança tem seu primeiro âmbito social e é nele que constrói
valores sociais e éticos, crenças e regras, e esses influenciaram na maneira com
que irá se relacionar com as pessoas futuramente.
Assim sendo, a influência da família na transmissão de valores sociais e éticos e no
desenvolvimento escolar interfere, tanto no lado positivo quanto no lado negativo, na
construção do indivíduo. As atitudes tomadas no âmbito familiar formarão direta ou
indiretamente as decisões futuras dos sujeitos que hoje são filhos e que futuramente
serão bons ou maus alunos, profissionais e pais.
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As descobertas vivenciadas pelas crianças no âmbito familiar servirão de base para
sua vida, pois se representam como momentos únicos de aprendizado. É de
fundamental importância a participação dos pais nessa construção, pois, com este
suporte a criança se sentira segura com as transformações que acorrerem nela
própria e na forma de lidar com os problemas e com o mundo.
Como já fora dito, a família se edifica como instituição que proporciona a primeira
armadura de socialização do indivíduo, vista também, como um sistema social
responsável pela transmissão de valores sociais e éticos e que exerce predomínio
no desenvolvimento do sujeito. Percebe-se então, que a influência da família no
desempenho escolar dos filhos é inegável, e, por isso faz-se necessário observar a
visão da família no que se referem à educação das crianças, para que a escola e
professores possam colaborar de forma mais coerente com a educação de seus
filhos. Dessa forma, a relação família/escola é necessária para que ambas
conheçam suas realidades e suas limitações e busquem caminhos que permitam
facilitar o entrosamento entre si, para o sucesso educacional do filho/aluno.
A escola é uma instituição socializadora e, como tal, tem função de promover em
cada indivíduo a construção de novos conhecimentos, para que este possa aprender
a dividir seu universo pessoal, ampliar sua visão de mundo, de sociedade e,
principalmente, aprender a respeitar outras opiniões e culturas. Campos (1985,
p.199) afirma que “enquanto que a família se encarrega de transmitir conhecimentos
comuns, a escola ocupa-se principalmente da transmissão do saber organizado,
produto do desenvolvimento cultural”.
A relação entre família e escola é bastante conturbada em relação às cobranças da
escola. O educador defende o apoio da família como sendo crucial no desempenho
da escolar. Pai que acompanha a lição de casa. Mãe que não falta nenhuma
reunião. Pais cooperativos e atentos no desempenho escolar dos filhos na medida
certa. Esse é o desejo de qualquer educador. Mas, os educadores precisam
entender que determinadas funções educativas são específicas da escola, como por
exemplo, a aquisição da língua escrita e da leitura. Os pais podem auxiliar, mas esta
é uma tarefa básica da escola.
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Szymanski (2011) afirma que a escola tem uma especificidade, ou seja, tem a
obrigação de ensinar bem os conteúdos específicos de áreas do saber,
determinados quais os assuntos serão abordados para determinados grupos de
alunos, respeitando a idade e o nível de desenvolvimento dos mesmos. A autora
ressalta também que a escola, na possibilidade positiva, pode criar um ambiente que
venha a constituir-se num espelho e num mundo para o sujeito, ajudando-o a romper
com traumas e dificuldades enfrentadas no âmbito familiar e possibilitando aos
indivíduos uma vida digna, com relações estáveis e amorosas.
Os conflitos existentes na relação família x escola preocupam professores, que
encontram muitas dificuldades na tarefa de educar as crianças, já que cada família
parece adotar valores diferentes. Percebe-se que a parceria família e escola é um
desafio, deve-se buscar fazer com que a família percebe a importância da sua
integração no processo educacional para um melhor desempenho escolar dos seus
filhos. É imprescindível a parceria escola e família quando se almeja resultados
positivos no processo de aprendizagem da criança, pois este não se constitui como
o aspecto exclusivo da escola, mas como fenômeno que recebe influências dos mais
variados fatores da vida do sujeito.
Neste sentido, a aproximação da família na dinâmica escolar dos filhos é necessária
e a parceria com a escola é fundamental para o bom desempenho escolar da
criança. A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais para
estabelecer diálogos, passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos,
problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim eles vão se sentir
comprometido com a melhoria da qualidade escolar. Mas, os educadores precisam
estar cientes das limitações dos papeis de cada instituição.
A escola deve também, exercer sua função educativa junto aos pais, discutindo,
informando, orientando sobre os mais variados assuntos, para que em
reciprocidade, escola e família possam proporcionar um bom desempenho escolar e
social às crianças. Mas é preciso que a escola proporcione um ambiente de diálogo
constante com as famílias e assim construir propostas educativas compatíveis com a
realidade dos alunos.
21
O processo de mediação para um relacionamento significativo entre família e escola,
deve ter como ponto de partida a própria escola, visto que os pais têm dificuldade
em participar da vida escolar dos filhos. Para os pais, os professores são os
especialistas em educação, devendo estes auxiliá-los, quando não assumir a
educação de seus filhos.
Entende- se assim que a participação da família na escola é importante, mas a
escola precisa se incumbir da responsabilidade de promover essa aproximação. É
certo que muitas escolas promovem eventos tradicionais como festas de natal, dia
da mãe, dia do pai, oferecendo oportunidades diversificadas que possibilitem a
participação da família com o objetivo de melhorar o espaço escolar. Porém, a
participação da família na escola requer outras ações no âmbito pedagógico, na
gestão cotidiana, no processo de tomada de decisão e não apenas em eventos
esporádicos.
Uma boa relação entre a família e a escola deve estar presente em qualquer
trabalho educativo que tenha como principal alvo o aluno. A escola deve também,
exercer sua função educativa junto aos pais, discutindo, informando, orientando
sobre os mais variados assuntos, para que em reciprocidade, escola e família
possam proporcionar um bom desempenho escolar e social às crianças.
Percebe-se dessa forma, que a interação família/escola é necessária para que
ambas conheçam suas realidades e suas limitações e busquem caminhos que
permitam facilitar o entrosamento entre si, para o sucesso educacional do
filho/aluno.
22
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: A RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA NO
CONTEXTO DA ESCOLA MUNICIPAL DINHA ZEZÉ, NO MUNICÍPIO DE PEDRÃO
3.1-CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA
Fundada em 1980 com a finalidade de atender a clientela da Educação Infantil, a
Escola Pingo de Gente em meados de 1986 e devido as transformações políticas
passa a se chama Escola Municipal Dinha Zezé; nome recebido em homenagem a
uma senhora, figura marcante no município por, apesar de não ter filhos, mantinha
em sua casa, um quarto de bonecas todo arrumado com diversos brinquedos e
roupinhas para as bonecas, onde muitas crianças que não tinham aqueles
brinquedos tinham o prazer de se divertir, brincar e sonhar com uma infância feliz.
A escola foi reconhecida pela portaria nº 005/94, de 13 de setembro de 1994, com o
nome de escola Municipal Dinha Zezé, tendo sua publicação no diário oficial em
18/12/1996. Situada na Avenida José de Lima Valverde, s/n, Bairro Alto do Cruzeiro,
Pedrão – Bahia, a referida escola funciona em um prédio com 08 salas de aula, uma
secretaria, um refeitório, uma sala de informática (à espera dos computadores),
possui 08 banheiros, sendo 04 para o público masculino e 04 para o público
feminino; um pátio coberto e uma área livre.
Atende aproximadamente 300 alunos, na faixa etária de 03 a 15 anos de idade,
sendo aproximadamente 90 alunos da Educação Infantil, no turno matutino das
7:30h às 11:30h e 210 alunos do ensino Fundamental nos turnos matutino e
vespertino das 13:00h às 17:10h.
O Corpo discente é formado por Professores graduando em Pedagogia e
especialista em Psicopedagogia, alfabetização e letramento e gestão educacional
com ênfase em coordenação pedagógica. Nossa clientela são alunos na sua maioria
filhos de famílias carentes dependentes de bolsa família e agricultores rurais.
23
3.2 - ASPECTOS METODOLOGICOS
A pesquisa diante do contexto da pratica buscou desenvolver uma metodologia
adequada, optando por uma pesquisa qualitativa conforme abordado na introdução
deste trabalho, para tanto foram utilizados instrumentos de coleta com entrevistas,
questionários, constando de perguntas direcionadas a onze famílias e duas
professoras de alunos do primeiro ciclo de Alfabetização da Escola municipal Dinha
Zezé.
3.3 - RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO: ANALISE DA PARTICIPAÇÃO DA
FAMÍLIA NA ESCOLA MUNICIPAL DINHA ZEZÉ
Este capítulo tem como propósito compreender como a participação da família no
processo de ensino aprendizagem interfere no desenvolvimento acadêmico dos
alunos da instituição pesquisada. Para tanto, foram entrevistados 11 famílias, e dois
professores. A qualificação das famílias inicialmente facilitará a identificação dos
sujeitos e a contextualização dos seus discursos, à medida que os dados forem
sendo apresentados e interpretados.
Compõem-se como sujeito da pesquisa as professoras do ciclo de alfabetização e
as mães de onze alunos destas turmas. A docente (A) é casada, sem filhos possui
graduação em pedagogia e especialização em psicopedagogia, tem 19 anos de
experiência na área de educação, sendo que há 07 anos trabalha nessa escola.
A docente (B) não tem filhos, possui graduação em pedagogia, tem 12 anos de
experiência na área de educação, sendo que há 10 meses trabalha nessa escola.
Foram entrevistados 10 mães e 1 pai de alunos da escola Municipal Dinha Zezé do
diurno, com faixa etária entre 28 e 47 anos. A composição familiar dos entrevistados
varia entre 02 a 05 pessoas. Quanto ao número de filhos variou entre 01 a 03 filhos,
dos 11 entrevistados, apenas 01 possui o ensino superior, 06 possuem o ensino
médio, 03 possuem o ensino fundamental II e uma possui o ensino fundamental I.
24
A renda familiar dos entrevistados não ultrapassa 1 salário mínimo. A maioria relatou
que não trabalha e que vive de algum benefício. E vivem desta renda entre 03 a 05
pessoas.
Esses dados definem a condição sócio econômica dos pais como sendo na sua
maioria de classe popular com restrições ao acesso aos bens culturais e materiais
produzidos historicamente, o que pode limitar o desenvolvimento acadêmico dos
seus filhos. Alguns teóricos apontam a relevância da instituição escolar para sanar
as faltas por meio da oferta de educação de qualidade, ou seja: professores bem
formados, recursos didáticos e tecnológicos e projetos pedagógicos que possibilitem
a ampliação cultural dos seus alunos.
Ao pesquisar os entrevistados com que frequência acompanha as atividades
escolares do filho 09 pais responderam que sempre acompanha as atividades dos
seus filhos, e apenas 02 responderam que ás vezes acompanha. E ao questionar a
sua participação nas reuniões de pais e mestres 09 pais afirmam que sempre
participam, sendo que 01 dos 09 pais disse que “este ano não foi convidado para
nenhuma reunião” e 02 responderam que participam ás vezes. Na questão sobre
sentir-se incluída nas atividades desenvolvidas pela escola 08 pais responderam
que sempre, 01 respondeu que raramente e 02 que não se sente incluído nas
atividades desenvolvidas.
Ao indagar sobre quais as responsabilidades da família na educação dos filhos foi
unânime nas respostas sobre cuidar das crianças se ensinar o exercício da
cidadania, pois na opinião dos pais é a principal responsabilidade de um pai ensinar
seu filho a respeitar o próximo e zelar dos mesmos como cidadão. Além de cuidar
das crianças e ensinar o exercício da cidadania, entre os 11 pais questionados
09acreditam que ensinar a ler, escrever e fazer cálculos, 06 pais acreditam também
que é dever dele ensinar uma profissão, e 08 acreditam que ensinar a conviver com
outras pessoas é de sua responsabilidade.
As respostas evidenciam a preocupação da família com a educação dos seus filhos
e contradiz a crença de que a família quer jogar essa responsabilidade para a
escola. A família é o núcleo primordial para a educação das crianças na vida em
25
sociedade, assim, uma educação familiar bem fundamentada possui papel
importante no desenvolvimento do comportamento produtivo do aluno.
Para a maioria dos pais cuidarem das crianças, ensinar a ler, escrever e fazer
cálculos, ensinar uma profissão, ensinar a conviver com outras pessoas e ensinar o
exercício da cidadania também são funções da escola. Apenas um pai relata que
nenhum dos itens citados, é função da escola, mas o mesmo também não soube
informar qual seria esta função.
Vale inferir a necessidade de despertar nas famílias a consciência da importância do
seu papel no desenvolvimento social dos filhos, acordando que ela e a escola são
instituições que tem em comum o fato de prepararem as crianças para sua inserção
na sociedade. Em conformidade, ambas desempenham um papel importante na
formação social do sujeito (SZYMANSKI, 2011).
Quando questionado sobre a participação do seu filho na escola foi possível
perceber que a maioria dos pais acredita em uma boa participação, e que apenas 02
pais acham que este ano o desenvolvimento do seu filho foi regular e ruim. Outra
informação que vale ressaltar o fato da maioria dos pais entrevistados afirmarem
que vão sempre que pode, para saber se está tudo bem.
Durante o período da entrevista foi possível notar a presença constante dos
entrevistados. Vale salientar que, de acordo com a observação as professoras
mantêm uma relação amigável com as mães, busca sempre responder aos
questionamentos acerca do desempenho dos alunos. Apenas 03 mães, relatam que
só vão à escola nas reuniões, quando são chamadas. De acordo com Szymanski
(2011), existem vários fatores a serem levados em consideração quando se trata da
relação família-escola, entre eles ação educativa da família que se difere da utilizada
na escola e vice-versa.
Todas as depoentes reconheceram a importância de seu filho fazer reforço escolar,
09 delas conseguem colocar seu filho para que faça reforço escolar 02,
responderam que gostaria mais por falta de “dinheiro” ensinam em casa
mesmo. Quando questionado como se sente ao perguntar sobre o desenvolvimento
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do filho na escola os pais afirmam que não há nenhuma resistência em dialogar com
o corpo docente da escola, e que 06 dos 11 pais entrevistados acreditam muito bem
recebido quando vão á escola e 05 deles acham normal sem nenhuma objeção.
Diante dos depoimentos e observações, no intuito de compreender como a
participação da família interfere no desenvolvimento escolar dos filhos, é possível
concluir que tanto os pais como as professoras consideram imprescindível a
participação da família no desenvolvimento acadêmico do estudante, pois acreditam
que a criança nesta faixa etária é propicia a influência externa e a estrutura familiar é
um fator relevante para seu desempenho na escola, podendo afetar diretamente seu
comportamento e rendimento.
Outro ponto importante na fala da professora (A) foi que a participação da família ás
vezes faz a diferença no desempenho escolar dos seus alunos:
Pois, alguns pais não conseguem lidar com as limitações de seus filhos no processo tempo/ aprendizagem, assim causando algumas limitações, não tendo paciência de esperar o tempo próprio da criança, acabam fazendo as atividades por ela e assim dificultando a sua aprendizagem. (Professora A).
A referida fala revela a necessidade de qualificação da interação família-escola no
sentido de melhor capacitar os pais para orientar as atividades dos filhos e evitar
situações constrangedoras geradas por atitudes antiéticas.
Quando questionados acerca da opinião sobre as reuniões que acontecem nas
escolas, houve opiniões diversificadas entre as entrevistadas. Alguns pais acreditam
que as reuniões são proveitosas, a professora transmite tudo com clareza e quando
tem algo a reclamar, chama o pai em particular. Outros acham repetitivos, pois os
assuntos são os mesmos em todas as reuniões, fala sempre sobre o comportamento
dos alunos e o rendimento escolar, onde poderia tratar dos assuntos referentes ao
filho diretamente com a professora e não com a direção; sem esquecer-se do
espaço físico para as reuniões (sala pequena não comportando a quantidade de
pessoa) onde os pais ficam do lado de fora e não conseguem ouvir e nem opinar.
A docente (A) destaca ainda sobre as reuniões que:
27
Ressignificar as reuniões de pais e mestres tem tornado estes momentos mais participativos na escola. Os critérios criados e adotados para estas reuniões por alguns professores têm elevado o número de pais na escola. (Docente A).
Em contrapartida, as famílias quando questionadas sobre sugestões acerca da
melhoria da relação família-escola no intuito de demarcar as demandas de cada
instituição, opinaram acerca do que consideram importante para uma melhor relação
entre família-escola:
Que os pais se fizessem mais frequentes na escola para saber do
desenvolvimento dos seus filhos. (Fam. E)
A Diretora deveria desenvolver alguns trabalhos na escola para que os pais
estejam mais presentes. (Fam. G)
Eu acho que os professores deveriam ir até a casa dos pais mostrando a eles a
importância de sua presença na escola. (Fam. I)
Os professores deveriam escrever no diário tudo que se passa durante a aula,
como por exemplo: as atividades do dia seguinte e o comportamento de cada um.
(Fam. A)
A família deveria ter um espaço para opinar sobre o cardápio da escola, opinar
sobre ter mais atenção as brincadeiras das crianças no intervalo, para poder explicar
aos pais, direito o que aconteceu quando se machucarem... (Fam.)
3.4 – CRONOGRAMA
Visando atender as solicitações dos pais e os anseios dos professores quanto a
participação da família na escola a presente proposta de intervenção tem por
objetivo desenvolver estratégias metodológicas de oficinas de integração família na
escola, conforme pode ser observado no cronograma abaixo.
Tabela 1
Cronograma da Proposta de Intervenção
AÇÕES PERÍODO / 2016
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MARÇO ABRIL MAIO JUNHO
Reunião com toda comunidade escolar
para apresentação da Proposta de
Intervenção;
X
Realizar estudos teóricos sobre a
importância da participação família na vida
escolar dos filhos;
X X
Encontros com professores, coordenadores
e diretores; X X
Encontro com as famílias; X X X
Realização de palestras e/ ou cursos de
formação, com certificação, para as famílias. X X X
Reunião com a equipe docente da escola
para expor e socializar o relatório final e
avaliação das ações da PI.
X
Realização de oficinas de artesanato com as
famílias. X
Instituir o Conselho Escolar X
Envolver os pais em atividades curriculares
de contação de História X
3.5 – RECURSOS
Humanos
Materiais instrumentais de papelaria diversos
Materiais tecnológicos
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4- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa, desenvolvida a partir da análise metodológica qualitativa, propôs
apresentar a importância da participação da família no processo de aprendizagem:
um estudo na Escola Municipal Dinha Zezé no município de Pedrão, tendo como
base a visão das professoras e de onze pais de alunos.
Entretanto, foi preciso compreender como a família percebe o significado e a
importância da escola na educação de seus filhos, como também ela entende a sua
participação no acompanhamento escolar dos mesmos e a relação família-escola,
examinando essa relação para o processo de aprendizagem dos alunos. Os
resultados da pesquisa apontam que as famílias compreendem a sua importância no
acompanhamento escolar dos alunos por parte delas favorecem o desenvolvimento
dos mesmos, visto que esses se sentem mais motivados e seguros no ambiente
escolar. Destaca-se ainda, que essas famílias depositam na escola e nos estudos a
possibilidade de melhoria na vida dos filhos, elas associam que a educação é o
único meio com o qual os filhos podem ter um futuro promissor. Eles reconhecem
que a escola precisa buscar mecanismo para incentivar aqueles pais que se
descuidam da educação dos filhos.
A pesquisa também mostrou que quando há participação da família na vida escolar
dos filhos as mães são as que estão mais presentes, auxiliando nas atividades da
escola, pois acreditam ser a melhor forma de ajudarem seus filhos, mais muitos dos
pais por não terem tempo de auxiliar seus filhos sozinhos vislumbram no reforço
escolar uma estratégia de auxílio na educação de seus filhos. Ficando evidenciado
também que há uma preocupação das famílias com a vida escolar dos filhos,
mesmo quando por diferentes motivos não ocorra a participação efetiva destes no
cotidiano escolar.
Vale salientar a postura da professora quando questionada sobre a participação da
família no desempenho escolar dos alunos as mesmas reconhecem a importância
desta participação no desenvolvimento e melhoria no desempenho dos alunos, mais
30
muitas vezes os pais não conseguem lidar com as limitações de seus filhos no
processo tempo-aprendizagem, assim causando algumas limitações, não tendo
paciência de esperar o tempo próprio da criança, havendo a necessidade de
qualificação da interação família-escola no sentido de melhor capacitar os pais para
orientar nas atividades dos filhos.
Observa-se que é a relação família na escola é fundamental para a qualidade do
ensino. É importante que a escola promova essa integração, busque estratégias
para aproximar a família, não adianta os educadores dizer que a família não
participa. É preciso que a escola busque condições afetivas para que haja esta
participação.
Fazendo uma relação entre a análise dos dados coletados e a teoria estudada,
observa-se que a escola pesquisada já tem uma pratica de integração família e
escola, contudo é preciso potencializar.
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REFERÊNCIAS
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família. In: FRANCESCHINI, Ingrid S. PORTELLA, Fabiani O. (orgs). Família e
aprendizagem: uma relação necessária. 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2008.
GONSALVES, Elisa Pereira. Iniciação à Pesquisa Científica. Campinas (SP):
Alínea, 2001.
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SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília:
LIBER LIVRO, 2011.
CAMPOS, Maria Christina Siqueira de Souza. Educação: agentes formais e
informais. São Paulo. EPU,1985.
DIEZ, Juan José. Família-escola, uma relação vital. Portugal: Porto, 1994.
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Brasília, DF: Senado, 1998.
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Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 1996
LIMA, Cleidimar Rodrigues de Sousa, JARDIM, Maria da Conceição Parente.
Experiências em construção sobre Gestão Escolar e Conselhos Escolares.
Revista Gestão em Rede, Curitiba, n. 56, p. 13, set. 2004
DESSEN, Maria Auxiliadora, PALONIA, Ana da Costa (2007).A Família e a Escola
como contextos de desenvolvimento humano.Disponível em
www.scielo.br/paideia.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes,
1998.