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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA
EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3
MARIA JOSÉ SACRAMENTO DA SILVA
AS ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA
CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS DA ESCOLA MUNICIPAL LUZ
DIVINA- CABACEIRAS DO PARAGUAÇU/BA
SALVADOR-BA
2016
MARIA JOSÉ SACRAMENTO DA SILVA
AS ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA
CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS DA ESCOLA MUNICIPAL LUZ
DIVINA- CABACEIRAS DO PARAGUAÇU/BA
Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional
Escola de Gestores da Educação Básica Pública,
Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia,
como requisito para a obtenção do grau de Especialista em
Coordenação Pedagógica.
Orientadora: Profa. Ma. Aline de Oliveira Costa Santos
SALVADOR - BA
2016
MARIA JOSÉ SACRAMENTO DA SILVA
AS ATRIBUIÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA ESCOLA
CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS DA ESCOLA MUNICIPAL LUZ
DIVINA- CABACEIRAS DO PARAGUAÇU/BA
Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em
Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de
Educação, Universidade Federal da Bahia.
Banca Examinadora
Primeiro Avaliador.____________________________________________________
Segundo Avaliador. ___________________________________________________
Terceiro Avaliador. ____________________________________________________
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela minha existência.
À minha família, em especial a minha filha Íris Bella pela paciência, companheirismo e
carinho.
A querida Tutora Nara Dantas pelo excelente acompanhamento e compromisso com a nossa
turma com muito amor e dedicação.
À equipe do Curso de Especialização Coordenação Pedagógica - CECOP/UFBA que me
proporcionaram a felicidade de participar da especialização, na qual os conhecimentos
adquiridos serão de grande importância para minha trajetória profissional.
Agradeço aos professores do curso que brilhantemente contribuíram para meu crescimento
enquanto pessoa e futura especialista e parceria constante e belíssimo trabalho que, por muitas
vezes me fez sonhar.
À minha querida orientadora, Professora Aline, pela dedicação, paciência e estímulo ao me
direcionar neste trabalho de forma confiante na concretização do mesmo.
Obrigada!
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no
trabalho, na ação-reflexão.
Paulo Freire
SILVA, Maria José Sacramento da. As atribuições do Coordenador Pedagógico na escola
contemporânea: Desafios da Escola Municipal Luz Divina- Cabaceiras do
Paraguaçu/BA. 2016. Projeto Vivencial (Especialização em Coordenação pedagógica) –
Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da
Bahia, Salvador, 2016.
RESUMO
O presente Trabalho de Conclusão de Curso, na modalidade Projeto Vivencial tem como
objeto de estudo as Atribuições do Coordenador Pedagógico no contexto escolar. A escola,
enquanto espaço de formação, exerce grande influência na sociedade contemporânea, ao
passo que as demandas da sociedade também se refletem na escola. Sendo assim, o ambiente
escolar encontra-se permeado de novas questões relativas ao atual momento. O estudo visa
refletir sobre as atribuições do coordenador pedagógico, suas perspectivas e desafios na
sociedade contemporânea. Apresenta-se como questão principal da pesquisa, quais as
atribuições do coordenador pedagógico na escola municipal Luz Divina diante dos desafios
postos pela contemporaneidade? A justificativa para a escolha do tema surgiu a partir da
experiência da autora enquanto Coordenadora Pedagógica da Escola Luz Divina, localizada
em Cabaceiras do Paraguaçu/BA, onde se percebeu, por parte da comunidade, uma falta de
conhecimento sobre as atribuições da coordenação. Apresenta-se uma proposta de intervenção
com o intuito de levar ao conhecimento da comunidade escolar as atribuições e a importância
do coordenador pedagógico. Para o desenvolvimento de tal proposta foi realizada uma
pesquisa de natureza qualitativa, na qual foi utilizada a abordagem teórico-empírica. O
aspecto teórico foi contemplado a partir do levantamento bibliográfico, e o aspecto empírico
pelo trabalho de campo realizado na escola supracitada, com a aplicação de questionários.
Com a aplicação deste projeto espera-se melhoria na prática pedagógica, proporcionando
reflexões sobre as atribuições do coordenador pedagógico, contribuindo para uma prática de
excelência.
Palavras-chave: Coordenação Pedagógica. Escola Pública. Aprendizagem.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
PI Projeto de Intervenção
PPP Projeto Político Pedagógico
PV Projeto Vivencial
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UFBA Universidade Federal da Bahia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 10
1. MEMORIAL ACADÊMICO: A CADA OLHAR NOVOS DESAFIOS ......................................... 13
1.1 Desafios da escolarização .................................................................................................... 13
1.2 Desafios da profissão ........................................................................................................... 14
2. A ESCOLA E A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA SOB NOVOS OLHARES: REVISANDO
A LITERATURA ................................................................................................................................ 18
2.1 A escola na contemporaneidade ............................................................................................... 18
2.2 As atribuições do Coordenador Pedagógico ........................................................................... 20
2.2.1. As atribuições do Coordenador Pedagógico no munícipio de Cabaceiras do Paraguaçu –
BA ................................................................................................................................................. 24
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: EM BUSCA DE UMA COMPREENSÃO DAS
ATRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA MUNICIPAL LUZ DIVINA
............................................................................................................................................................... 28
3.1Conhecendo um pouco da Escola Municipal Luz Divina ....................................................... 28
3.2 Objetivos da Proposta de Intervenção..................................................................................... 30
3.3 Metodologia ............................................................................................................................... 30
3.4. Analisando as informações coletadas: o que dizem os profissionais .................................... 31
3.5 Apresentação das Ações ............................................................................................................ 34
3.5.1 Cronograma das ações .......................................................................................................... 35
3.6 Resultados Esperados ................................................................................................................... 35
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 36
REFERENCIAS......................................................................................................................37
APÊNDICE .......................................................................................................................................... 39
INTRODUÇÃO
O debate sobre as atribuições do coordenador pedagógico é complexo, pois envolve
elementos históricos e questões relacionadas às mudanças da sociedade. A figura deste
profissional representa a fusão do supervisor e do orientador educacional, funções que foram
redefinidas no bojo das discussões ocorridas no âmbito da sociedade brasileira, na década de
1990, quando surge a figura do coordenador pedagógico. Nesse sentido, a compreensão sobre
quais são suas atribuições na escola atual requer um conhecimento das mudanças ocorridas e
das demandas da escola.
Na atualidade, uma das atribuições se refere diretamente ao trabalho docente; sua
principal função está voltada para os aspectos pedagógicos do processo educativo, exigindo
uma postura de liderança e disposição para que seu trabalho venha contribuir para o
desenvolvimento das crianças, buscando colaborar para o crescimento da comunidade escolar.
Diante da importância deste profissional que ganhou relevância a partir da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – nº 9394/96 focalizou-se como objeto de
estudo do presente TCC/PV as atribuições do Coordenador Pedagógico. Apresentou-se como
problema a seguinte questão: Quais as atribuições do coordenador pedagógico na sociedade
contemporânea? Tendo em vista as transformações ocorridas no contexto social, que se
refletem na escola e demandam dos profissionais que nela atuam novas abordagens, torna-se
relevante e necessário o debate sobre as atribuições do Coordenador Pedagógico. Nesta
perspectiva, apreende-se que:
A principal função do coordenador pedagógico se divide entre a formação
continuada de professores e a articulação do Projeto Político Pedagógico da
escola. Isto não significa que deva abandonar as demais atividades, mas é
preciso priorizar sua função de formador e articulador. No contexto dessa
nova perspectiva profissional, a centralidade atribuída aos coordenadores e
as exigências a eles apresentadas acarretam consequências para a
organização e a gestão da escola, evidenciando a reestruturação do trabalho e
a consequente alteração na sua natureza e definição (AMADO E
MONTEIRO, 2012, p.5).
Mas ao adentar na unidade escolar o coordenador pedagógico assume diversas
atividades administrativas que se distanciam das reais atribuições do coordenador pedagógico.
As atividades exercidas vão desde a substituição do professor em sala de aula, a elaboração de
ofícios, digitação de avaliações, além de outras. Muitas vezes não sobra tempo para
desenvolver atividades que poderiam contribuir com o processo de ensino-aprendizagem, o
que inviabiliza o trabalho da coordenação pedagógica. Diante disso surgem outras questões
como: Quais demandas cabe ou não ao coordenador pedagógico no ambiente escolar? Como a
coordenação pedagógica pode contribuir diretamente no aprendizado das crianças? De que
forma atuar frente a uma situação de perda de identidade do coordenador do coordenador
pedagógico?
São com os questionamentos citados acima que me defronto no dia a dia enquanto
Coordenadora Pedagógica na Escola Luz Divina, localizada no município de Cabaceiras do
Paraguaçu, interior do Estado da Bahia. Sinto-me frustrada, aflita e angustiada, perante a
comunidade escolar. Por isso, a escolha do tema Atribuições do Coordenador Pedagógico
para desenvolver este TCC/PV.
Nesse sentido, a proposta de intervenção apresentada se propõe a levar ao
conhecimento da comunidade escolar as reais atribuições do coordenador pedagógico. O
aprofundamento teórico em relação ao contribuiu para compreensão da importância e das
funções que cabem ao coordenador.
Para o desenvolvimento de tal proposta foi realizada uma pesquisa de natureza
qualitativa, na qual foi utilizada a abordagem teórico-empírica. O aspecto teórico foi
contemplado a partir do levantamento bibliográfico, e o aspecto empírico pelo trabalho de
campo realizado na escola supracitada, com a aplicação de questionário envolvendo
profissional da referida escola, diretor, vice-diretor, professores, auxiliares administrativos,
merendeiras.
Desta forma, investigarei sobre as atribuições do coordenador pedagógico no ambiente
escolar de forma a contribuir para a melhoria da qualidade do trabalho do coordenador
pedagógico e consequente melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.
O presente trabalho está estruturado em três capítulos, além dessa introdução e das
considerações finais. No primeiro capítulo apresento o memorial da minha trajetória
acadêmica e profissional, onde são registrados os vários olhares nesta trajetória até aqui.
O segundo capítulo se refere à fundamentação teórica, na qual buscamos suporte
teórico em autores como José Carlos Libâneo (2012) e Dalila Oliveira (2010) para discutir
sobre a escola na contemporaneidade. Utilizamos ao livro “Coordenação do Trabalho
Pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula” de Celso
Vasconcelos (2013) e o artigo de Paulo Lima e Sandra Santos (2007), para discorrer sobre as
sobre as atribuições do coordenador pedagógico no contexto escolar.
O terceiro e último capítulo apresenta a proposta de intervenção intitulada “Proposta
de Intervenção: Em busca de uma compreensão das atribuições da coordenação pedagógica na
Escola Municipal Luz Divina”. Cujo objetivo é saber quais as atribuições do coordenador
pedagógico na escola municipal Luz Divina diante dos desafios postos pela
contemporaneidade, onde espera-se buscar informações pertinente sobre o que pensam os
profissionais da escola acerca das atribuições do coordenador pedagógico para posteriormente
lançar medidas para que sejam esclarecidas as atividades que devem exercer este profissional
visando o desenvolvimento de todos.
1. MEMORIAL ACADÊMICO: A CADA OLHAR NOVOS DESAFIOS
Não é preciso consenso nem arte, nem beleza ou idade: a vida é sempre
dentro e agora. (A vida é minha para ser ousada.) A vida pode florescer
numa existência inteira. Mas tem de ser buscada, tem de ser conquistada.
Lya Luf
Ao memoriar trago lembranças e experiências vividas na vida familiar, acadêmica e
profissional, as quais revelam uma trajetória que em cada momento esteve permeada por
desafios. Nasci no ano de 1979 em Cabaceiras do Paraguaçu-BA, filha e neta de lavradores,
residentes no Sítio Lagoa Seca, deste município. Sou primogênita de uma família de dois
homens e duas mulheres.
Minha mãe, uma mulher sábia, que teve a oportunidade de estudar apenas até a 2ª série
do antigo primário, muito batalhadora, submissa ao esposo, e dedicada ao lar e aos filhos, que
muito me ensina. Hoje encontra-se impossibilitada de até mesmo pentear os cabelos devido
aos inúmeros problemas de saúde decorrente dos enormes esforços no trabalho do campo.
Meu pai, um homem trabalhador, engajado politicamente, que lutou para concluir os estudos
em busca de alcançar seus objetivos, um deles de representar oficialmente o povo da nossa
cidade. Hoje, vereador de Cabaceiras do Paraguaçu-BA. Um grande projeto de vida sendo
concretizado. Meus pais são as minhas referências, não poderei falar de mim, sem antes falar
desses que me deram a vida e me ensinaram a “olhar” o mundo e enfrentar os desafios
impostos pela vida.
1.1 Desafios da escolarização
Entrar na escola foi algo tão marcante que ainda me lembro das primeiras aulas
improvisadas na casa de uma colega distante de minha mãe, onde preparava sem recurso
algum, só alguns papéis e um antigo livro, era o suficiente para a construção da tabuada e a
leitura dirigida. Totalmente tradicional a orientadora tomava decisões, resolvia os problemas,
explicava, ensinava de acordo com sua prática. Dias difíceis, pois o ambiente rural não
oferecia condições favoráveis para uma boa aprendizagem, capaz de levar a construção do
conhecimento. Era uma sala improvisada que não desfrutávamos de nenhum conforto, nem
mesmo a possibilidades da realização de brincadeiras. Contudo, era maravilhoso, pois apesar
das dificuldades, tinha ânimo para levantar cedo, cuidar da casa, dos irmãos e a tarde me
dirigir para "meu" momento de aprendizagem, onde sabia que mais cedo ou tarde iria
concretizar meus sonhos.
Não demorou em que minha mãe notasse meu interesse e dos meus irmãos pelo estudo
e, decidiu nos trazer para a cidade, não tendo o apoio do meu pai. Pela idade, fui obrigada a
iniciar meus estudos na 2ª série, deixando de frequentar a primeira etapa da Educação Básica,
que é a Educação Infantil, como também a 1ª série do Ensino Fundamental de 8 anos. Antes
da concretização da matrícula tive que responder uma prova para sondagem de
conhecimentos, após resultado fui matriculada na Escola Comendador Temístocles, na 2ª série
do Ensino Fundamental.
Nesta instituição tive o total apoio de todo o corpo docente, pela bagagem que possuía.
Minha professora, Anair Sampaio, me auxiliava até nos momentos recreativos, mas por pouco
tempo, pois me adaptei com facilidade e acompanhei a turma, ficando na instituição até a 4ª
série. Recordo-me nitidamente das filas no pátio para o momento de falar com Deus e da
execução do Hino Nacional.
Após conclusão do Ensino Médio, ingressei na docência por necessidade mesmo, pois
quando assumi uma turma multisseriada também em 1998, ainda não tinha concluído o
Ensino Médio em Formação Científica. Tinha casado recentemente (aos 16 anos) e por isso
precisava urgente de um trabalho. E através de amizades consegui, sem o Magistério, sem
experiência uma turma para lecionar. Uma das tarefas mais difíceis de minha vida, errei várias
vezes, hoje tenho certeza que deixei cicatrizes nos meus alunos, mas percebo que se tivesse a
presença de um coordenador pedagógico tal experiência poderia ser diferente.
1.2 Desafios da profissão
Por mais que desejasse trabalhar em outra área, as oportunidades me “empurravam”
para o campo educacional. Assim, em 2004 iniciei minha graduação, e logo depois comecei a
trabalhar em uma escola particular renomada na cidade, o que me ajudou muito. Assim, de
2004 a 2006 fiz a Graduação em Normal Superior pela Faculdade Maria Milza – FAMAM,
tendo como título de trabalho de conclusão de curso: Informática na educação: Será que
estamos preparados? Neste momento percebi que meu caminhar estava apena iniciando.
Minha sede pelo desconhecido crescia a cada momento. Neste momento a pesquisa tornou-se
um desafio diante dos inúmeros problemas encontrados. Percebi o quanto era valioso
desvendar questões, em busca do conhecimento.
No ano de 2008 passei em dois concursos públicos para o cargo de professor do
primeiro ciclo do Ensino Fundamental, um em Cruz das Almas e outro em Cabaceiras do
Paraguaçu. Experiência ímpar, sair da rede particular com uma estrutura maravilhosa e
debruçar esforços em turmas carentes foi um grande desafio.
Em 2009 ao ser chamada para trabalhar nas Secretarias de Educação dos municípios,
percebi que meu compromisso profissional estava além da sala de aula. Neste momento era
preciso buscar ajuda e visibilidade para a comunidade escolar e local, de forma a atender, na
medida do possível as necessidades locais. Neste momento iniciei Especialização em Gestão
Administrativa na Educação, pela Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB-Brasil, e conclui
em 2011 com trabalho monográfico intitulado Gestão Democrática e as práticas de Gestão no
Contexto Escolar. A apropriação dos conhecimentos gerou uma capacitação importante, onde
pude gerenciar mudanças na estrutura escolar baseado em informações pertinentes a
comunidade escolar. O que contribuiu para as minhas futuras inquietações.
Após conclusão desta especialização, de 2011a 2012 continuei os estudos com a
Especialização em Educação Infantil, pela Universidade Federal da Bahia - UFBA com
trabalho intitulado Educação Infantil: etapa fundamental para o desenvolvimento cognitivo da
criança. E pela necessidade concluir a graduação em Pedagogia, neste período 2011 a 2012.
Essa formação, sem dúvidas, ofertou subsídios teóricos e metodológicos para a efetivação da
minha prática, pois no momento estava coordenadora pedagógica da Educação Infantil.
Conhecer as políticas públicas educacionais e a legislação referente à primeira etapa da
Educação Básica refletiu de forma positiva naquele momento, e ainda contribuiu para aguçar
minha vontade de sanar alguns entraves quanto o papel do coordenador pedagógico.
Durante o período que fiquei trabalhando na Secretaria de Educação do município de
Cabaceiras do Paraguaçu, coordenando praticamente 29 unidades escolares, muitas foram as
inquietações, principalmente no que diz respeito ao papel do coordenador pedagógico.
Coordenar esse quantitativo de escola foi frustrante. Articular o projeto pedagógico, formar
corpo docente, transformar o ambiente escolar no local de efetivo aprendizado e sucesso
educacional, tornou-se impossível. Inicialmente, por me deparar com professores totalmente
acomodados, acostumados a receber os planejamentos prontos, aquele minuciosamente
detalhado com dias de aulas, conteúdos a serem trabalhados, com duração prevista, sem um
mínimo de diagnostico prévio, muito menos considerando a realidade da turma. Diante de
uma realidade frustrante, a minha função não foi colocada em prática. Os encontros
aconteciam com pouca frequência, o que impossibilitou atuar de forma que o trabalho
atingisse, principalmente o aprendizado das crianças.
Atualmente exerço a função de coordenadora pedagógica na Escola Municipal Luz
Divina no município de Cabaceiras do Paraguaçu. Assim, no dia a dia, como coordenadora
pedagógica, ao adentrar na escola, me envolvo com funções tais como elaboração de ofícios,
digitação de avaliações, além de atender pais, resolver questões de indisciplina das crianças,
como também problemas com a falta de professores, o que muitas vezes ocorre até a
substituição de docente na sala de aula, indo além das suas funções pedagógicas. Como forma
de não comprometer meu trabalho, coloco em pauta, primeiro as atividades de coordenação,
gerenciando o tempo de forma eficiente para ajudar a equipe escolar. Infelizmente, muitas
vezes não consigo colocar em prática as atividades pré-estabelecidas, o que causa desconforto
e angustia.
Desta forma, o excesso de atividade acaba descentralizando as atribuições e como
consequência o trabalho fica comprometido. Por esse motivo que, a formação continuada do
coordenador é importante. Pois é, imprescindível conhecer base teórica para nortear a reflexão
sobre a prática, que acontece através da Formação Continuada em serviço.
Com isso, meu percurso de fato aconteceu. Assim, iniciei com estudos e reflexões
sobre as mais variadas situações, principalmente, quanto à conscientização da importância do
professor pesquisador, professor reflexivo e atuante. Mais adiante, quando comecei a
Especialização em Coordenação Pedagógica, fortaleceu o desejo de continuar meus estudos,
minhas pesquisas acerca das atribuições do coordenador pedagógico, para que, desta forma,
pensar em soluções para melhorar a qualidade do trabalho docente, mobilizado pela vontade
da formação, da busca pela educação de qualidade.
Dentre as minhas experiências na carreira profissional na Educação, destaco como
propulsora para minha escolha pelo tema atribuições do Coordenador Pedagógico ressaltando
as perspectivas e desafios da contemporaneidade, uma das minhas primeiras experiências
como docente, ao ser aprovada no concurso para professor em Cabaceiras do Paraguaçu e
Cruz das Almas.
Assim, minha trajetória foi intensificada pela vontade de ajudar os professores a serem
personagens da sua própria história e, não meramente reprodutores. Meus estudos foram
decisivos para que alguns paradigmas fossem quebrados.
Diante do exposto, a minha atuação na escola de grande porte, com 480 alunos, 16
docentes, direção, 02 vices, no total de 32 funcionários é impossível de serem colocadas em
prática às atribuições no Coordenador Pedagógico. Os momentos planejados para formação e
reflexão não são colocados em prática, o que poderia proporcionar mudanças significativas,
pois são momentos de troca de experiências, produção do conhecimento, reflexão e mudanças
de ações fundamentais para o avanço educacional tal almejado. Importante mencionar que
mesmo diante de tantos entraves, é necessário promover mudança de postura em busca de
uma educação de qualidade, priorizando constante reflexão e formação da equipe escolar para
desenvolver o papel social da escola, promovendo assim a formação integral dos alunos.
Acredito que fortalecerei minha prática tanto como coordenadora, quanto como
docente, pois uma pesquisa como essa engrandece nosso alicerce profissional, nos tornando
mais experientes e competentes para atuar como agentes de mudança na Educação. Meu
comprometimento com os estudos, pesquisas acerca das atribuições do Coordenador
Pedagógico ressaltando suas perspectivas e desafios possibilitará melhorias para a minha
prática. Pois na Escola Municipal Luz Divina aonde atuo como coordenadora pedagógica
muitas são as tarefas que desempenho.
2. A ESCOLA E A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA SOB NOVOS OLHARES:
REVISANDO A LITERATURA
Para se compreender a escola nos dias atuais é preciso vê-la sob novos olhares, pois a
mudanças ocorridas na sociedade se refletem no ambiente escolar e requerem dos
profissionais que nela atuam novas respostas para velhos problemas, ao passo que também
questões que antes não existiam, surgem para tornar o cenário ainda mais complexo. Neste
contexto, os papéis exercidos pelos gestores, professores e especialmente pelos coordenadores
pedagógicos necessitam de novos direcionamentos.
Com o objetivo de compreender melhor este contexto atual recorremos aos
pesquisadores José Carlos Libâneo (2012) e Dalila Oliveira (2010) para discutir sobre a escola
na contemporaneidade. E para discutir sobre as atribuições do coordenador pedagógico
recorremos ao livro “Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto político-pedagógico
ao cotidiano da sala de aula” de Celso Vasconcelos (2013) e o artigo de Paulo Lima e Sandra
Santos (2007).
2.1 A escola na contemporaneidade
Diante de uma sociedade marcada pela busca desenfreada pelo lucro e pelo consumo
imposto pelo capitalismo, educar para a vida tornou-se uma tarefa difícil. As escolas estão
fragmentadas nos sentidos teóricos, pedagógico e político e consequentemente colaboram
com a formação fragmentadas de crianças e jovens.
A formação do cidadão como ser pensante, atualmente, estar além de suas
possibilidades. A escola é olhada como uma instituição social onde são delegadas distintas
missões como forma de promover o aluno, não permitindo formar cidadãos como sujeitos
críticos, culturais, afetivos e principalmente construtores do seu processo, visando à
erradicação das desigualdades sociais, qualidade de vida e educação para todos. Segundo
Libâneo (2012):
Na atualidade, as pessoas aprendem na fábrica, na televisão, na rua, nos
centros de informações, nos vídeos, no computador, e cada vez mais se
ampliam os espaços de aprendizagem. A instituição escolar, portanto, já não
é considerada o único meio ou o meio mais eficiente e ágil de socialização
dos conhecimentos [...]. (LIBÂNEO, 2012, p.62).
Assim, a escola deixa de ser considerada uma instituição única de adquirir
conhecimentos, não eximindo sua função social, mesmo diante de consideráveis mudanças.
Ainda é uma instituição de ensino com características próprias, buscando educar em meios ao
processo de reestruturação dos sistemas educativos. Ainda segundo Libâneo (2012, p. 63) “a
escola de hoje precisa não apenas conviver com outras modalidades de educação não formal,
informal e profissional, mas também articular-se e integrar-se a elas” como inclusive ressalta
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394, de 1996 – LDB/1996, no seu Artigo 1º, que
diz:
Art. 1º. A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino
e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais. § 1º. Esta Lei disciplina a educação escolar, que se
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições
próprias. § 2º. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do
trabalho e à prática social. (BRASIL, 1996, grifo nosso)
Nesta perspectiva, a escola tem papel fundamental na vida da criança e do educando
em geral, e deve contribuir na sua formação enquanto indivíduos pensantes e aprendizes. Para
isso deve oferecer condições e oportunidades apropriadas para seu desenvolvimento e
aprendizagem. Importante destacar a realização de uma reavaliação do sistema capitalista
diante da complexidade enfrentada pela escola. Libâneo (2001), a este respeito diz que:
O capitalismo, para manter sua hegemonia, reorganiza suas formas de
produção e consumo e elimina fronteiras comerciais para integrar
mundialmente a economia. Trata-se, portanto, de mudanças com o objetivo
de fortalecê-lo, o que significa fortalecer as nações ricas submeter os países
mais pobres à dependência, como consumidores. (LIBÂNEO, 2001, p.64)
Muitas situações têm presenciados vindos da onda da globalização, sendo apreciado
em várias circunstancias, capaz de levar o cidadão a um considerável retrocesso, onde a nova
realidade mundial, a ciência e a inovação tecnológica dão espaço para ausência de uma
educação transformadora. Oliveira (2004) considera:
Na transição dos referenciais do nacional-desenvolvimentismo para o
globalismo, a educação passa por transformações profundas nos seus
objetivos, nas suas funções e na sua organização, na tentativa de adequar-se
às demandas a ela apresentadas. Diante da constatação de que a educação
escolar não consegue plenamente às necessidades de melhor distribuição de
renda e, por extensão, saldar a dívida social acumulada em décadas passadas,
à crença nessa mesma educação como elevador social é arrefecida.
(OLIVEIRA, 2004, p.1129).
Este cenário permite constatar que a educação escolar não consegue por si só, atender
as necessidades de sua clientela, embora tenha sido considerada o meio mais seguro para o
desenvolvimento individual quanto coletivo, com intuito de redução da desigualdade social.
Desta forma, passa a ser imperativo as instituições escolares formarem cidadãos capacitados
para viverem na sociedade.
Diante do exposto, percebemos que na sociedade contemporânea a escola está no
centro de diversas contradições. Sabemos que a escola sozinha não pode exercer a tarefa de
educar, pois precisa da colaboração das demais instituições sociais para exercer tal função.
Mas, a sociedade cobra da escola e de seus profissionais a promoção dessa educação. Neste
cenário, o papel exercido pelos coordenadores pedagógicos é de fundamental importância,
uma vez que eles são os principais responsáveis pela mediação entre escola e sociedade.
Nesta perspectiva, a ideia de “educar para vida” abrange um significado amplo de
educação, como está exposto no primeiro artigo LDB/1996, acima citada. Ainda conforme a
LDB/1996 promover essa educação é dever da família e do Estado. Nesse sentido, a escola,
enquanto instituição social, braço do Estado, tem responsabilidade de proporcionar uma
educação para “o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho”, como diz o Artigo 2º da LDB/1996.
Neste aspecto, o intenso processo de mudanças que vem ocorrendo no mundo
contemporâneo, decorrentes dos processos de globalização, o papel do coordenador
pedagógico ganha novas discussões. De acordo com a Constituição Federal de 1988, a atual
Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, Lei nº 9394/96 e o Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA de 1990, é garantido o direito à educação a criança e ao adolescente,
direitos estes que necessitam ser seguidos por todos os profissionais que atuam no contexto
escolar, favorecendo o processo de ensino e promovendo a aprendizagem no espaço escolar.
2.2 As atribuições do Coordenador Pedagógico
Nos últimos anos a função do coordenador pedagógico tem sido alvo de debates e
discussões no interior da escola diante das possibilidades de atuação. Este profissional tão
importante no espaço escolar e pouco valorizado exerce diariamente diversas atividades além
de suas funções. A exemplo disso, Vasconcellos (2013. p. 86) afirma: “Há a demanda pela
definição do papel do coordenador pedagógico; certamente esta busca reflete o desejo de
redefinição da atuação do profissional”.
Como desafio inicial, a primeira atribuição do coordenador pedagógico é planejar e
acompanhar a execução de todos os processos didático pedagógico, reconhecida como tarefa
de importância primordial e de inegável responsabilidade, encerrando as possibilidades e
limites da atuação deste profissional.
Pertinente afirmar que, a escola como espaço complexo e desafiador diante de
transformações significativas decorrente de uma sociedade tumultuada, conta com pessoas de
diversos contextos, de características distintas e olhares diferenciados. E, é neste cenário que a
figura do coordenador pedagógico surge como líder e articulador deste espaço. Segundo
Libâneo (1985):
A atuação da escola consiste na preparação intelectual e moral dos alunos
para assumir sua posição na sociedade. O compromisso da escola é com a
cultura, os problemas sociais pertencem à sociedade. O caminho cultural em
direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se esforcem.
Assim, os menos capazes devem lutar para superar suas dificuldades e
conquistar seu lugar junto aos mais capazes. (LIBÂNEO, 1985, p. 23).
Na experiência profissional do coordenador pedagógico a comunicação surge também
como característica fundamental, pois um trabalho realizado através de uma expressão de
forma clara e objetiva gera melhores resultados entre os atores. Neste sentido, professores e
coordenação precisam trabalhar juntos, tendo em vista as tarefas peculiares a cada profissional
numa perspectiva de gestão democrática e participativa na escola. Vasconcellos (2013) diz
que:
Quando analisamos a função social da escola (a educação através do ensino),
nos damos conta de que a atuação da coordenação pedagógica se dá no
campo da mediação, pois quem está diretamente vinculado à tarefa de
ensino, stricto sensu, é o professor. [...] Neste contexto, é preciso atentar
para a necessária articulação a pedagogia de sala de aula e a pedagogia
institucional [...]. (VASCONCELLOS, 2013, P.88).
Segundo Piletti (1998, p.125) ao coordenador pedagógico, assim como os demais
profissionais da educação são atribuídas algumas funções:
a) Acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência e
avaliação; b) Fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-
se e aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício profissional;
c) Promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a
comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo; d)
Estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas atividades,
procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que
aparecem. (Apud LIMA e SANTOS, 2007, p.79).
O desconhecer das referidas atribuições gera muitos questionamentos e dúvidas quanto
às funções do coordenador pedagógico. Desta forma, todos os atores envolvidos no processo
educacional acabam determinando e concebendo a este profissional como sendo um “faz
tudo”, sendo o responsável por todas as atividades da escola, o que acaba desempenhando as
tarefas que lhe são postas. Bartman (1998, p.1) nos diz que:
[...] o coordenador não sabe quem é e que função deve cumprir na
escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem é o seu
grupo de professores e quais as suas necessidades. Não tem
consciência do seu papel de orientador e diretivo. Sabe elogiar, mas
não tem coragem de criticar. Ou só critica, e não instrumentaliza. Ou
só cobra, mas não orienta. (Apud LIMA e SANTOS, 2007, p.81).
Neste contexto, surgem conflitos do coordenador pedagógico decorrente a falta de
conhecimento das suas funções nos atores no processo educacional. O constrangimento diário
na abordagem concorre para um andamento negativo do trabalho pedagógico, provocado
também por questões políticas locais. Toda essa confusão, quanto às atribuições, gera uma
perda de identidade profissional acerca da relevância do trabalho do coordenador pedagógico
na escola no processo de ensino-aprendizagem.
Desconhecer as atividades próprias ao cargo ou função do coordenador acaba
desfavorecendo o avanço do trabalho e, consequentemente, prejuízos para a melhoria da
qualidade da escola, e comprometimento do sucesso dos professores em sala de aula. Lima e
Santos (2007) reforça dizendo que:
[...] ainda hoje, muitos profissionais que exercem o cargo ou função de
coordenador pedagógico ainda não tem total clareza da identidade e
delimitação de sua competência na vida escolar. Tal indefinição acaba por
favorecer situações de desvios no desenvolvimento do seu trabalho e a
assunção de imagens construídas no interior da escola como pertinentes às
suas atribuições, das quais o profissional deve dar conta. (LIMA E
SANTOS, 2007, p. 82).
Diante do exposto, o olhar frente ao trabalho pedagógico necessita de transformação.
As solicitações para execução de tarefas como realizar trabalhos burocráticos e da secretaria,
substituição de professores, aplicação de prova, problemas com pais e alunos, dentre outros,
precisam ser desconstruídas como tarefa do coordenador, para que sua prática venha
contribuir para mudanças positivas relacionadas, principalmente, ao exercício profissional dos
professores, atentando-se as necessidades dos docentes, proporcionando subsídios teóricos e
metodológicos. Segundo Lima e Santos (2007):
Este olhar necessário como busca identitária, não é objeto outorgado
somente por normalização institucional, mas certamente é um espaço de
conquista, é um espaço de resolução de conflitos e de assunção do papel
profissional do coordenador pedagógico como ator social, agente facilitador
e problematizador do papel docente no âmbito da formação continuada,
primando pelas intervenções e encaminhamentos mais viáveis ao processo
ensino-aprendizagem. (LIMA E SANTOS, 2007, p.83).
Nesta perspectiva, a formação continuada aparece como pressuposto para construção
da identidade e de uma prática significativa para o papel docente como também ao exercício
da cidadania. Visto que entre as tarefas do coordenador o atendimento ao professor configura
como elemento fundamental a sua práxis, onde este deve possibilitar situações para acontecer
o desenvolvimento docente.
Christov (2009, p. 9) afirma que “A atribuição essencial do coordenador pedagógico
está, sem dúvida alguma, associada ao processo de formação em serviço dos professores”.
Essa atividade peculiar ao coordenador pedagógico apresenta como um relevante instrumento
capaz de observar as características do professor como também conhecer um pouco mais de
seu perfil, seu método de trabalho, o que irá favorecer e fortalecer a intervenção junto ao
professor, atrelado às diversidades culturais presentes no ambiente escolar.
Neste sentido, a coordenação pedagógica deve garantir a existência de um espaço
dialógico, favorecendo uma reestruturação das posturas dos atores envolvidos com a
educação. Lima e Santos (2007) diz que:
Cabe ao coordenador pedagógico, juntamente com todos os outros
educadores, exercer o “ofício de coordenar para educar” também aqui no
sentido de possibilitar trocas e dinâmicas da própria essência da
aprendizagem: aprender a aprender e junto com, essência do que se concebe
como formação continuada de educadores. (LIMA E SANTOS, 2007, p.
84).
Oportuno ressaltar que neste processo o coordenador pedagógico não é o único
profissional a exercer tarefas importantes, mas compreender que o trabalho coletivo traz
resultados e características marcantes para o desenvolvimento da escola, no tocante à
formação continuada, inclusive a deles próprios, e a articulação do Projeto Político
Pedagógico (PPP). Essa questão do PPP é lembrada por Vasconcellos (2013), quando sublima
ser:
[...] o plano global da instituição. Pode ser entendida como a sistematização,
nunca definitiva, de um processo participativo, que se aperfeiçoa e se objetiva
na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer
realizar, a partir de um posicionamento quanto a sua intencionalidade e de
uma leitura da realidade. (VASCONCELLOS, 2013, p. 17).
Assim, para que as propostas estejam de acordo com a real situação e elaborado com a
participação de todos, o PPP deve ser construído com a participação da comunidade escolar,
tendo em vista sua importância, que de acordo com Vasconcellos (2013, p. 21) “O Projeto
tem uma importante contribuição no sentido de ajudar a conquistar e consolidar a autonomia
da escola [...]”. Que seja um trabalho efetivamente participativo, trabalhados para que as
propostas elencadas ultrapassem as páginas planejadas e tornem ações consolidadas no espaço
proposto.
2.2.1. As atribuições do Coordenador Pedagógico no munícipio de Cabaceiras do Paraguaçu –
BA
É desafio de todos, diretores, pais, professores, alunos e funcionários transformar o
espaço escolar em um lugar onde, de fato, se desenvolva novas experiências e competências
como forma de contribuir para a melhoria da sociedade, da qual o sujeito está inserido. Mas
dentre todos estes segmentos listados, o coordenador pedagógico, deve buscar uma educação
básica de qualidade, pois é a principal finalidade de seu trabalho.
Segundo Lei Municipal n.º 222 / 2011 – de 20 de maio de 2011, que “Dispõe sobre o
Estatuto do Magistério Público Municipal...” em seu art. 9º, compete ao Coordenador
Pedagógico a supervisão do processo didático, em seu tríplice aspecto, de planejamento,
controle, e avaliação, além das seguintes atribuições:
I - coordenar o planejamento e a execução das ações pedagógicas da
Secretaria Municipal de educação e das Unidades de Ensino; II - articular a
elaboração participativa do Projeto Político-Pedagógico da Escola e da
Secretaria Municipal de Educação; III - acompanhar o processo de
implementação das diretrizes da Secretaria de Educação relativas à avaliação
da aprendizagem e dos currículos, orientando e intervindo junto aos
professores e alunos quando solicitado e/ou necessário.
Neste contexto, o coordenador pedagógico, surge como personagem de grande
importância no cenário escolar. Suas atividades devem primar, principalmente, pelo
desenvolvimento do professor, proporcionando-os subsídios teóricos e metodológicos como
forma de inovar e promover o sucesso do trabalho em sala de aula, na busca de formas para
acontecer à aprendizagem. Ressaltando a importância da realização da avaliação constante.
A este respeito, no mesmo artigo da Lei Municipal, no parágrafo IV, diz que também
compete ao coordenador pedagógico, “IV - avaliar os resultados obtidos na operacionalização
das ações pedagógicas visando a sua reorientação”, capaz de qualificar o processo de ensino
aprendizagem. De acordo com Vasconcellos (2013):
O trabalho de orientação, comprometido com a mudança, deve partir de onde
o sujeito (professor, aluno, pai, etc.) está e não de onde se considera que
eventualmente deveria estar. Este é um princípio básico do interacionismo
que deve aplicado não só em sala de aula (partir de onde o aluno está!) [...].
Não cair numa análise moralista, de acusação, como se a pessoa tivesse o
tipo de prática que tem por ter decidido livre e conscientemente. Ter clareza,
no entanto, que partir de onde está não é ficar lá. Entender não para
justificar, mas para ajudar a mudar. (VASCONCELLOS, 2013, p. 75).
Ainda de acordo com a Lei é de competência do coordenador pedagógico:
V - coordenar e acompanhar as atividades dos horários de Atividade
Complementar na Unidade Escolar, viabilizando a atualização pedagógica
em serviço; VI - estimular, articular e participar da elaboração de projetos
e/ou programas especiais junto à comunidade escolar; VII - elaborar,
acompanhar e avaliar, em conjunto com a Direção da Unidade Escolar, os
planos, programas e projetos voltados para o desenvolvimento da escola, em
relação aos aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros, de pessoal e
de recursos materiais.
Assim, as atividades desenvolvidas pelo coordenador pedagógico deverá apresentar
uma visão ampla acerca dos objetivos, metas e estratégias no que se refere à boa
aplicabilidade de suas atribuições. Perpassando por desafios de forma a desenvolver, articular
e promover atividades significativas no contexto escolar. Vasconcellos (2013, p. 28) ratifica
dizendo que “O que transforma a realidade são as ações”, assim a cooperação mutua deve
prevalecer numa perspectiva transformadora de melhoria gerada pela força da coletividade.
Neste aspecto, importante considerar o item VII, ainda do Art. 9º, onde diz que
“promover ações que otimizem as relações interpessoais na comunidade escolar”, seja
também uma atribuição do coordenador pedagógico. A este respeito, Placco (2010) diz que;
Só quando existe uma real comunicação e integração entre os atores do
processo educativo há possibilidade de emergência de uma nova prática
docente, na qual movimentos de consciência e de compromisso se instalam,
ao lado de uma nova forma de gestão e uma nova prática docente.
(PLACCO, 2010, p.52).
A efetivação de uma comunicação sólida e amigável entre os atores do espaço escolar
proporcionará maiores resultados, diante das problemáticas diárias. Uma vez que as relações
de trabalho são fortemente influenciadas pelas relações interpessoais. Neste sentido, é
importante que haja uma sintonia, visando um desenvolvimento articulado do trabalho.
Ainda segundo a Lei Municipal cabe ao coordenador pedagógico:
IX– divulgar e analisar, junto à comunidade escolar, documentos, projetos
e/ou programas do Órgão Central, buscando implementá-los na Unidade
Escolar, atendendo às peculiaridades local; X – analisar os resultados de
desempenho dos alunos, visando a correção de desvios no Planejamento
Pedagógico; XI – identificar, orientar e encaminhar, para serviços
especializados, alunos que apresentem necessidades de atendimento
diferenciado; XII – promover e incentivar a realização de palestras,
encontros e similares, com grupos de alunos e professores sobre temas
relevantes para a educação;
Diante do contexto, o coordenador pedagógico tem função mediadora, no sentido de
cumprir obrigações curriculares passando a conjugar os verbos aceitar, trabalhar,
operacionalizar propostas da escola diante dos compromissos com os alunos. Ainda merece
destaque para:
XIII – propor, em articulação com a direção, a implantação e implementação
de medidas e ações que contribuam para promover a melhoria da qualidade
do ensino e o sucesso escolar dos alunos; XIV - organizar e coordenar a
implantação e implementação do Conselho de Classe numa perspectiva
inovadora de instância avaliativa do desempenho dos alunos; XV –
promover reuniões e encontros com os pais, visando a integração
escola/família para promoção do sucesso escolar dos alunos; XVI –
estimular e apoiar a criação de Associações de Pais, de Grêmios Estudantis,
Colegiados Escolares e outros que contribuam para o desenvolvimento e a
qualidade da educação; XVII - exercer outras atribuições correlatas e afins.
O documento evidencia que a relação entre aprendizagem e trabalho pedagógico,
configura numa prática educativa voltada para uma reflexão das ações. Falar de atribuições do
coordenador pedagógico e suas funções no ambiente escolar, é uma forma de dar sentido a
este profissional, cujas atribuições constata-se uma grande indefinição na prática, pois, na
maioria das vezes, deixa de realizar suas reais tarefas, ficando sobrecarregado nas suas
atribuições específicas.
É neste momento que a função formadora, articuladora e transformadora do
coordenador pedagógico deve fomentar o ensino e aprendizagem com vistas à promoção e o
sucesso no processo educativo.
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: EM BUSCA DE UMA COMPREENSÃO DAS
ATRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA MUNICIPAL LUZ
DIVINA
O presente projeto de intervenção está situado no Eixo 09 - Coordenação Pedagógica:
Relações, Dimensões e Formas de Atuação no Ambiente Escolar do Curso de Especialização
em Coordenação Pedagógica -CECOP, oferecido através de uma parceria entre UFBA e a
Escola de Gestores do Ministério da Educação - MEC. A proposta será implementada em uma
das escolas do município de Cabaceiras do Paraguaçu, Escola Municipal Luz Divina e tem
por objetivo principal apresentar à comunidade escolar as atribuições da coordenação
pedagógica, pois entendemos que a partir desse conhecimento o trabalho do coordenador será
mais valorizado e respeitado dentro da instituição, o que resultará em benefícios para a equipe
gestora, corpo docente, alunos e demais profissionais.
3.1Conhecendo um pouco da Escola Municipal Luz Divina
Situada no município de Cabaceiras do Paraguaçu-BA, a Escola Municipal Luz
Divina, está localizada na sede de município. A Unidade Escolar pertence à Rede Pública
Municipal de Ensino, tendo como co-gestora a Secretaria Municipal de Educação e como
Entidade Mantenedora a Prefeitura Municipal. Localiza-se à Rua Voo do Gênio, S/N -
Cabaceiras do Paraguaçu – BA. Criada pelo Decreto Municipal nº 081/ 2001 de 1 de
dezembro de 2001, sob CNJP nº 02.163.131/0001-15, código do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP nº 29335639.
A Escola Municipal Luz Divina foi construída com recursos do Ministério da
Educação e Cultura – MEC -, em convênio com a Prefeitura Municipal, inaugurada no mês de
junho, no ano de 1994, na administração “A Força da Nossa Gente” gestão do prefeito
Antônio Martins, vice-prefeito Heraldo Gomes da Silva e Presidente da Câmara Gildásio
Ribeiro Santana, com o propósito de incentivar a comunidade no processo de educação
formal. Sendo tal prefeito um homem católico e, o momento que concebeu a ideia de construir
tal escola foi uma iluminação divina, ele resolveu inaugurar a escola com o nome “Luz
Divina”.
Fisicamente, hoje, a Unidade Escolar possui onze salas de aula, uma secretaria escolar,
uma sala de professores, seis sanitários para uso dos discentes, um sanitário de acessibilidade,
uma sala de direção, um banheiro para docentes, uma cozinha, uma sala de leitura, um
almoxarifado e um depósito para merenda. A unidade possui um sistema de ventilação e
iluminação naturais, situando-se estrategicamente no centro da cidade, o que facilita o acesso
da comunidade escolar e da comunidade social do entorno.
Administrativamente a Escola Municipal Luz Divina é constituída por uma diretora,
duas vice-diretoras, uma coordenadora pedagógica, uma secretária e funcionários de suporte,
os quais exercem as funções de auxiliar de serviços gerais, assistente administrativo, portaria,
vigilante, inspetor e merendeira.
Neste ano letivo de 2015, a referida unidade escolar teve alunos distribuídos em
período diurno de funcionamento, com alunado de faixa etária de 06 a 14 anos, no total de
470 discentes, inseridos no Ensino Fundamental das séries iniciais, com uma clientela
pertencente à comunidade de baixa renda, oriundos tanto da zona rural como urbana.
Há a predominância de diversas religiões. A atividade econômica principal é a lavoura
de fumo. Outra atividade produtiva é a lavoura de mandioca, laranja, como também criação de
bovinos. Nosso aluno, no contexto atual, é de classe média baixa com sérios problemas na
constituição de suas famílias, a maioria desintegrada. Em função disto, a escola procura
atender e minimizar as necessidades materiais e afetivas do corpo discente. A Escola, hoje,
funciona com dois turnos, manhã e tarde.
Pedagogicamente a escola trabalha duzentos dias letivos anuais, como determina a
LDB/1996, intercalado com quinze dias de recesso escolar entre os meses de junho a julho.
Assim, desenvolvemos o processo ensino-aprendizagem, numa carga horária anual de
oitocentas horas, que são distribuídas nas disciplinas da Base Nacional Comum.
Neste espaço educacional, a figura do coordenador pedagógico é considerada peça
chave para o processo de ensino e aprendizagem, se deixasse de ser concebido um
profissional conhecido como espécie de faz tudo no ambiente escolar. De fato, as atribuições,
se fossem colocadas em prática aconteceria o desenvolvimento pleno do estudante,
contribuindo para o melhor acontecer. No entanto, as funções deste profissional nem sempre é
delimitada dentro da escola. Muitos acham que auxiliar diretor nas questões burocráticas,
resolver problemas de indisciplina de alunos, dentre outros achismos, são atribuições deste
profissional. Nesta perspectiva aprofundar estudos acerca das verdadeiras atribuições do
coordenador pedagógico ajudará significamente no processo de ensino e aprendizagem.
3.2 Objetivos da Proposta de Intervenção
Com o intuito de colaborar com a Escola Municipal Luz Divina apresentamos como
objetivo principal:
- Apresentar à comunidade escolar de forma clara as atribuições do coordenador
pedagógico.
E como objetivos específicos procurar-se-á: investigar sobre as atribuições do
coordenador pedagógico no ambiente escolar; definir as atribuições e relações que são de
responsabilidade do coordenador pedagógico; contribuir para a melhoria da qualidade do
trabalho do coordenador pedagógico e consequentemente contribuir com a melhoria da
qualidade do ensino e da aprendizagem na escola.
3.3 Metodologia
Para desenvolver uma proposta que contribua com a escola de forma significa é
necessário contar com a participação da comunidade escolar. Nesse sentido, é de fundamental
importância a escolha de uma metodologia que contemple a participação dos envolvidos.
Assim, definimos a metodologia da pesquisa-ação, que segundo Thiollent (1986):
[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 1986, p. 14).
A escolha da pesquisa-ação deu-se por compreender que as
informações/questionamentos buscados entre os pesquisados darão subsídios para a
construção de uma proposta que contemple as demandas da comunidade escolar, e
consequentemente, contribua para a resolução do problema coletivo identificado neste
trabalho. Thiollent (1986) elenca alguns aspectos da pesquisa-ação:
a) há uma ampla e explícita interação entre pesquisadores e pessoas
implicadas na situação investigada; b) desta interação resulta a ordem de
prioridade dos problemas a serem pesquisados e das soluções a serem
encaminhadas sob forma de ação concreta; c) o objeto de investigação não é
constituído pelas pessoas e sim pela situação social e pelos problemas de
diferentes naturezas encontrados nesta situação; d) o objetivo da pesquisa-
ação consiste em resolver ou, pelo menos, em esclarecer os problemas da
situação observada; e) há, durante o processo, um acompanhamento das
decisões, das ações e de toda a atividade intencional dos atores da situação;
f) a pesquisa não se limita a uma forma de ação (risco de ati-vismo):
pretende-se aumentar o conhecimento dos pesquisadores e o
conhecimento ou o "nível de consciência" das pessoas e grupos
considerados. (THIOLLENT, 1986, p.16, grifos nossos).
É importante destacar, como diz o autor, que o objetivo da pesquisa-ação consiste em
resolver ou pelo menos minimizar o problema apresentado e deve servir também para
aumentar o conhecimento dos pesquisadores e das pessoas do grupo. Desta forma, a
participação dos profissionais que constroem o dia a dia da escola é indispensável na
pesquisa. Por isso a opção pela aplicação de questionários, com intuito de buscar informações
sobre as atribuições do coordenador pedagógico, a fim de agregar conhecimentos com visões
amplas, almejando soluções para o problema identificado.
3.4. Analisando as informações coletadas: o que dizem os profissionais
A pretensão inicial era de aplicar o questionário a todos os profissionais da escola e
também aos pais, mas em virtude do término antecipado do ano letivo, por ordem da
Secretaria Municipal de Cabaceiras do Paraguaçu, fomos impulsionados a trabalhar com uma
amostra dos profissionais da escola. Assim, o questionário foi aplicado com 5 profissionais
que representam segmentos diferenciados na escola: a diretora, a secretária escolar, uma
merendeira, e dois técnicos administrativos. Ressaltamos que futuramente, pretendemos
desenvolver a proposta aos demais funcionários como também aos pais.
O questionário foi elaborado de forma simples e objetiva, com cinco questões abertas.
A primeira pergunta se refere à opinião dos entrevistados sobre as atribuições que deveriam
ser exercidas por uma coordenadora pedagógica. Na análise das respostas identificamos que
na opinião da maioria a coordenação pedagógica deveria:
- Coordenar e acompanhar todo o trabalho pedagógico da escola;
- Oferecer apoio pedagógico aos professores e auxiliá-los em suas atividades de sala
de aula;
- Promover reuniões com professores e equipe gestora;
- Elaborar projetos pedagógicos.
De fato, as atribuições elencadas acima, demostram algumas das atribuições do
coordenador pedagógico na escola, mas sabemos que o trabalho da coordenação é muito mais
abrangente, como ressalta Vasconcelos (2013):
Os desafios são enormes; com certeza, a mudança não vai se dar por práticas
isoladas. A superação do trabalho fragmentado no interior da escola é, pois
uma importantíssima meta. Todavia, como sabemos, isto também não
acontecerá de maneira espontânea. É preciso um esforço decidido e
qualificado. (VASCONCELLOS, 2013, p. 82).
Diante do exposto pelo autor e das respostas obtidas no questionário confirmamos a
necessidade dessa proposta na escola, visto que dois dos respondentes não responderam a
questão.
A escola como instituição de ensino de práticas pedagógicas frente aos diversos
problemas torna-se necessário que os profissionais, principalmente o coordenador pedagógico
estejam conscientes de seu papel, da importância da aplicabilidade das suas atribuições,
promovendo o desenvolvimento das capacidades dos alunos.
Questionados sobre quais atribuições exerce a coordenadora da Escola Municipal Luz
Divina, todos pontuaram ações desenvolvidas pela coordenadora, como:
- Acompanha o trabalho pedagógico;
- Realiza trabalho de elaboração e digitação de documentos (ofícios, avaliações,
convites, comunicados, informes, etc.);
- Auxilia no controle e disciplina dos estudantes;
- Elabora projetos, ajuda no planejamento das atividades pedagógicas junto com
professores e direção;
- Promove reuniões com professores.
Diante do exposto, fica evidente as diversas funções que exerce o coordenador
pedagógico na referida unidade de ensino. É interessante observar que quando perguntamos
quais atribuições „deveriam‟ ser exercidas pela coordenação, não apareceu o trabalho de
digitação. O que nos leva a perceber que existe um consenso de que esta atividade não
corresponde à função da coordenação. Portanto, divulgar as reais atribuições deste
profissional é importante para que toda comunidade entenda a importância da gestão do
trabalho pedagógico, que se difere do trabalho burocrático.
Ao responder a pergunta do questionário que indaga sobre a importância do trabalho
da coordenação na opinião de cada um, todos responderam que desenvolver um ensino de
qualidade na educação na elaboração de projetos proporcionando o melhor para a unidade
escolar, reiterando a importância deste profissional para o processo educacional.
Neste contexto, o coordenador pedagógico é peça fundamental na escola, pois, este
deve buscar integração dos envolvidos no processo ensino e aprendizagem com o objetivo de
ajudar efetivamente na construção de um espaço que favoreça um ambiente de qualidade.
Quanto aos fatores que interferem no desenvolvimento do trabalho do coordenador
pedagógico, foi destacado a ausência de profissionais habilitados capaz de desenvolver as
atividades administrativas na escola como também ausência de sala para o coordenador, e
reconhecimento e apoio diante das diversas funções que desempenha.
Quanto a última questão “Na sua opinião que ações poderiam ser desenvolvidas pela
coordenação para contribuir ...” nenhuma resposta foi encontrada. A este respeito, fica evite
que os profissionais se omitem em contribuir para que ações sejam colocadas em prática de
forma a fortalecer as atividades do coordenador pedagógico, consequentemente o
desenvolvimento de toda a comunidade escolar.
As respostas colaboraram para reafirmar a necessidade de uma compreensão sobre as
reais atribuições do coordenador na escola, uma vez que o coordenador pedagógico constitui-
se como elemento principal das ações da comunidade escolar. Pois, dentre as diversas
atribuições, destaca-se, pela sua importância na articulação, elaboração e execução do PPP
junto à comunidade; como também provocador e apoio na reflexão sobre a prática docente em
sala de aula, assumindo uma formação continuada aos profissionais, focando em discussões
na formação do aluno como ser humano e cidadão, capaz de fazer análises críticas sobre a
realidade.
3.5 Apresentação das Ações
A partir das reflexões teóricas e das análises das respostas dos questionários aplicados
com alguns profissionais da Escola Municipal Luz Divina apresentamos proposições que
visam ressignificar a visão da comunidade escolar com relação ao papel da coordenação.
Assim pensamos em um projeto para ser desenvolvido durante o primeiro semestre do ano
letivo de 2016, em 5 momentos diferenciados, direcionados a todos os segmentos da
comunidade.
O primeiro momento consistirá na apresentação da proposta a equipe gestora, ao corpo
docente e aos demais funcionários da escola. Antes do início das aulas o tema será pautado
nas reuniões de planejamento pedagógico. (Neste e em outros momentos poderão ser exibidos
documentários sobre a escola na era contemporânea. Tem um documentário que se chama
“Pro Dia Nascer Feliz”, que é ótimo para discutir o que é a escola hoje e os desafios postos.
Ou relatos de experiência, ou sensibilização através de textos, poesias, músicas. É claro que é
importante trazer uma discussão teórica, mas é preciso inovar).
No início do ano letivo, segundo momento, as ações serão desenvolvidas para
provocar os alunos. Em toda escola será espalhado cartazes com questionamentos a respeito
da coordenação. Exemplo: O que é a coordenação pedagógica? O que faz a coordenação
pedagógica? Tais questionamentos serão debatidos em sala de aula e com a mediação da
professora deve ser construído de forma coletiva uma lista com as atribuições da coordenação
pedagógica.
O terceiro momento será desenvolvido na primeira reunião com os pais do semestre
letivo. Nessa reunião um dos pontos de pauta será sobre esclarecimento sobre as atribuições
da coordenação.
Depois de esclarecer a comunidade escolar sobre as atribuições do coordenador no
quarto momento será planejado juntamente com os professores um programa de formação
continuada. Neste momento os professores apontarão, a partir das necessidades, os temas a
serem contemplados.
O quinto momento consistirá da avaliação do projeto. Será aplicado questionários
como forma de avaliar os resultados da proposta com todos os envolvidos.
3.5.1 Cronograma das ações
Período Descrição das Ações
1º momento Fevereiro Apresentação da proposta a equipe gestora, ao corpo docente e aos
demais funcionários da escola.
2º momento Março Ações serão desenvolvidas como forma de provocar os alunos.
3º momento Março Reunião com os pais com esclarecimento sobre as atribuições da
coordenação.
4º momento Abril Planejamento com os professores com foco na formação continuada.
5º momento Abril Avaliação.
3.6 Resultados Esperados
Com a aplicação deste projeto espera-se melhoria na prática pedagógica, abrindo
novas perspectivas para as atividades na referida unidade escolar como, principalmente,
formador dos docentes, criando espaços para que estes docentes possam relatar experiências,
proporcionando reflexões sobre as atribuições do coordenador pedagógico, contribuindo para
uma prática de excelência.
Espera-se, também, que o desenvolvimento desta Proposta de Intervenção possibilite
mudanças significativas no ambiente escolar, onde contribuirão para construção de uma
prática educativa em que procure sanar/minimizar os principais problemas e dificuldades,
diante da incompreensão sobre as atribuições do coordenador pedagógico. Para isso, os
profissionais vão se integrar coletivamente na busca de uma escola de qualidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto neste trabalho, é oportuno fazer algumas considerações sobre seus
resultados. Pois no decorrer do desenvolvimento falei das minhas experiências, refleti sobre
as atribuições do coordenador pedagógico, suas perspectivas e desafios na contemporaneidade
e, ainda elenquei alguns momentos como estratégias para serem aplicados na Escola
Municipal Luz Divina.
Importante afirmar que muitos são os desafios enfrentados na e pela escola na
contemporaneidade, onde tais desafios precisam ser assumidos e superados pela coletividade
da comunidade escolar.
Neste sentido, o coordenador pedagógico necessita criar ações que sejam pautados no
desenvolvimento das crianças. Lembrando, que para o enfretamento de desafios é necessário
contar com diversas competências e saberes. Segundo Vasconcellos (2013, p.90) “[...] sua
práxis, portanto, comporta as dimensões reflexivas, organizativa, conectiva, interventiva e
avaliativa”.
Neste sentido, suas atribuições deverão estar imbuídas na missão de uma nova
caracterização para a educação. E que a realização de atividades que fogem sua função,
resultará no retrocesso educacional. Por isso, que conhecer suas reais atribuições contribuirá
de forma significativa na qualidade da educação.
Neste contexto, é preciso que as discussões sobre as atribuições no espaço escolar
sejam ampliadas e consideradas como fator necessário para a promoção de um ensino de
qualidade. Ressaltando que a escola como instituição social precisa ter um olhar sobre sua
função transformadora. Onde deverá estabelecer claramente seus propósitos para uma
construção coletiva de uma escola de qualidade.
A expectativa é a de que este trabalho possibilite mudanças positivas diante da
aplicação das estratégias aqui apresentadas, a fim de colher bons frutos.
Consolidar suas reais atribuições e conquistar um espaço reconhecido, o coordenador
pedagógico precisa estar ciente de seu papel, comprometido com uma ação pedagógica
competente, crítica e transformadora.
REFERÊNCIAS
AMADO, Cybele. MONTEIRO, Elisabete. Coordenação Pedagógica em foco. Ano XXII,
Boletim 1, abril 2012.
BRASIL: Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.
Acesso em: 01 de novembro de 2015.
BRUNO, Eliane Bambini Gorgueira; CHRISTOV, Luiza Helena da Silva (org). O
Coordenador Pedagógico e a Educação Continuada. São Paulo: Edições Loyola, 2009.
GOVERNO DO ESTADO DA BA. Padrão de Competência para os Coordenadores
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