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a revista do engenheiro civil techne téchne 141 dezembro 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 141 ano 16 dezembro de 2008 R$ 25,00 Tecnologias sustentáveis Fábrica da Mahle Fábrica da Duratex Materiais autolimpantes Steel frame ISSN 0104-1053 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 4 1 OBRAS INDUSTRIAIS Mahle, em Jundiaí (SP) Duratex, em Agudos (SP) ARTIGO Materiais autolimpantes Engenharia high tech Engenharia high tech Turbinas eólicas, sistemas geotérmicos, fachadas inteligentes. A tecnologia a serviço da sustentabilidade Bahraim World Trade Center, Bahraim capa tech 141.qxd 4/12/2008 14:53 Page 1

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‘a revista do engenheiro civil

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www.revistatechne.com.br

IPTapoio

Edição 141 ano 16 dezembro de 2008 R$ 25,00

Tecnologias sustentáveis■

Fábrica da Mahle

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Materiais autolim

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ISSN

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1

OBRAS INDUSTRIAIS

Mahle, em Jundiaí (SP)Duratex, em Agudos (SP)

ARTIGOMateriais autolimpantes

Engenharia high techEngenharia high techTurbinas eólicas, sistemas geotérmicos, fachadasinteligentes. A tecnologia a serviço da sustentabilidade

Bahraim World Trade Center, Bahraim

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2 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008

É parte integrante desta revista uma amostra da manta tipo III da Denver

SUMÁRIO

SEÇÕESEditorial 4Web 8Área Construída 10Índices 14IPT Responde 15Carreira 16Melhores Práticas 18P&T 55Obra Aberta 58Agenda 60

CapaLayout: Lucia LopesFoto: divulgação Atkins

ENTREVISTAEngenharia econômicaGeraldo Antonio Cesta, diretor da Rodobens,

assegura volta à normalidade domercado e defende a industrialização

30

20

CAPASustentabilidade high techNo mundo, multiplicam-se edifícios

capazes de produzir parte da energia que consomem

24 INDÚSTRIAExpansão coordenadaNova planta industrial da Duratex

em Agudos (SP) demandasoluções para suportar grandes máquinas

40 CENTRO TECNOLÓGICO

Padrão sustentávelObra com demandas de

sustentabilidade, nova unidade da Mahle fica quase toda a cargo do escritório de arquitetura

46 IMPERMEABILIZAÇÃO –PINI 60 ANOS

Tecnologia estanqueDos primeiros sistemas à base

de betume às modernas mantas de EPDM, mercado tem soluçõespara todos os tamanhos

50 ARTIGOO uso da fotocatálise em

materiais autolimpantesNovos materiais podem revolucionar

as propriedades dos sistemas construtivos

61 COMO CONSTRUIRSteel frame – InstalaçõesVeja como executar as instalações

elétricas e hidráulicas da casa rápida com estrutura leve

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EDITORIAL

4 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008

Engenheiros e arquitetos nem sempre se entendem.

O pragmatismo característico de um parece árido demais para

o outro. A provocação encontra lastro na realidade, mas não

constitui regra. Há quem defenda, como o arquiteto e professor

Siegbert Zanettini, que as duas especialidades não estejam nem

sequer separadas. Outro arquiteto de renome, João Filgueiras

Lima, o Lelé, segue na mesma linha: afirma mal distinguir, no

dia-a-dia, se o que pratica é engenharia ou arquitetura. Se alguns

conflitos persistem, também há cada vez mais espaço para

o diálogo. Seja por conta das crises (no plural mesmo) ou pela

inexorável necessidade de tornar os projetos mais sustentáveis,

engenheiros e arquitetos precisam conversar – tecnicamente

falando. As obras desta edição mostram uma forte convergência

nesse sentido. Na fábrica da Duratex em Agudos (SP), não foi nada

fácil "sustentar" enormes máquinas e aconchegá-las numa planta

enxuta. Em Jundiaí (SP), o arquiteto Roberto Loeb conseguiu uma

implantação surpreendente do Centro de Pesquisa da Mahle, num

talude às costas da Serra do Japi. Em obras como as retratadas na

reportagem de capa (página 30), na qual edifícios se contorcem,

turbinas giram ao vento e fachadas mudam de cor, a aproximação

era imprescindível para chegar a empreendimentos que fossem,

ao mesmo tempo, mais sustentáveis, eficientes e que se revelassem

marcos urbanos. Serão viáveis por aqui num futuro próximo?

Difícil saber, ainda mais com a crise financeira mundial.

Mas por que não prestar atenção às tendências internacionais?

O casamento da tecnologia avançada de construção com uma

arquitetura contemporânea, inteligente e eficiente, já foi marcado.

Os padrinhos são os profissionais: engenheiros e arquitetos.

E todos torcem para dar certo.

Tecnologia e arquitetura contemporâneas

VEJA EM CONSTRUÇÃO MERCADO

VEJA EM AU

� Pré-fabricados de concreto� Edifício do US Census

Bureau, nos EUA, SkidmoreOwings & Merrill

� Crise imobiliária� Mercado de capitais� Carga tributária� A questão do funding

� Revestimento texturizado� Instalação de hidromassagem� Maquetista� Como abrir uma empresa

VEJA EM EQUIPE DE OBRA

Paulo Kiss

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6 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008

Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)

DDiirreettoorr GGeerraall

Ademir Pautasso Nunes

DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo

Eric Cozza [email protected]

EEddiittoorr:: Paulo Kiss [email protected]:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Renato Faria (produtor editorial)

RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa; Gabriela Malentacchi (trainee)

IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli PPrroodduuççããoo eeddiittoorriiaall:: Agatha Sanvidor (trainee)

CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.

Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano,João Fernando Gomes (presidente), Günter Leitner, José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam),

José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi, Osmar Mammini,Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Fernandes Hachich

EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira

AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Anderson Vasconcelos Fernandes e Leonardo Santos de SouzaEEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina FerreiraÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Maria Fernanda Matos Silva

CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira FerreiraSSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio Pini

PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Oliveira,Adriano Andrade, Jane Elias,Eduardo Yamashita, Flávio Rodriguez e Vando Barbosa

EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: A C Perreto, Daniele Joanoni, Danilo Alegre, Ricardo Coelho e Marcelo Coutinho.MMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Margareth Alves

LLIIVVRROOSS EE AASSSSIINNAATTUURRAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini

SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo MachadoMMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza

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EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528

MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105

PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336

RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222

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São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337

ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053Assinatura anual R$ 300,00 (12 exemplares)Assinatura bienal R$ 600,00 (24 exemplares)

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam,necessariamente, as opiniões da revista.

VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaanntteeSegunda a sexta das 9h às 18h

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Para solicitar reimpressões de reportagens

ou artigos publicados:

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PINIrevistasRReeddaaççããoofone (11) 2173-2303fax (11) 2173-2327e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINImanuais técnicosfone (11) 2173-2328e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr

PINIsistemasSSuuppoorrtteefone (11) 2173-2400e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm

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PINIserviços de engenhariafone (11) 2173-2369

e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

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8 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008

Fórum TéchneO site da revista Téchne tem um espaçodedicado ao debate técnico e qualificadodos principais temas da engenharia.Confira os temas em andamento.

Você está com medo de perder o emprego?Acredito em uma acomodação domercado. Existirão cortes e teremos deconviver com incertezas e receios porum longo período, mas passará. Achoque é um momento especialmente bompara o crescimento profissional.Planejamentos criteriosos, negociaçãoe projetos bem desenvolvidos serãonecessários para superação pessoal eempresarial. A "crise" tornará clara adiferença entre aparência e experiência,valorizando os profissionais maisexperientes e com mais conteúdo.Jorge Ferrari [20/11/2008]

Acredito que haverá uma queda deempregos de um modo geral, pois com adiminuição do crédito e uma dificuldademaior das pessoas realizaremfinanciamentos para aquisição dosimóveis, as vendas inevitavelmentediminuirão e conseqüentemente asempresas terão de demitir paraconseguirem se manter funcionando.Bruno Pacheco [20/11/2008]

Os profissionais brasileirosrespeitam as normas?A fiscalização deficitária por parte dosconselhos regionais e das prefeiturasgera uma grande margem dedesrespeito às normas construtivas e/outécnicas de construção, facilitando o livrearbítrio dos proprietários e profissionaisna adequação da obra ao critério "baixocusto", desconsiderando as questões desalubridade e até de segurança. Sérgio Vinícius Calvoso [29/11/2008]

Para provar que são sustentáveis, alguns edifícios tornaram-se grandes geradoreseólicos e transformadores voltaicos. Veja mais imagens e plantas de alguns dessesempreendimentos, alguns até extravagantes, como Burj al-Taqa, Genzyme Center,Dynamic Tower, e Bahrain World Trade Center (foto).

Sustentabilidade high tech

Obras de ampliação da fábrica da Duratex exigiram intensotrabalho de coordenação para o cumprimento do cronograma. Veja mais imagens com detalhes construtivos.

Engenhariacoordenada

Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdospublicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

www.revistatechne.com.br

Novo centro de Tecnologia e Pesquisada Mahle Metal Leve, em Jundiaí (SP),foi construído em três edifícioscirculares interligados, para evitardeslocamentos de terra. Confira asplantas do projeto na versão online de Téchne.

Padrão sustentável

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TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 200810

ÁREA CONSTRUÍDA

Era de apenas 12 horas o período dispo-nível para a Concrejato realizar serviçosde reparo e recuperação estrutural emdiversos pontos da ETA (Estação deTratamento de Água) Guandu, localiza-da no km 19,5 da rodovia BR 465, noRio de Janeiro. Houve intervenções emcerca de 1.500 m², que compreendiamtrês reservatórios e dois canais de inter-ligação. "Uma vez por ano, a Cedae(Companhia de Águas e Esgotos do Riode Janeiro) interrompe o funcionamen-to da ETA para manutenção", explicaMarcello Carvalho,gerente de contratosda Concrejato. De acordo com o enge-nheiro, a intervenção realizada no últi-mo dia 6 de novembro é planejadadesde o ano anterior. "Os serviçosforam determinados e quantificadospor meio de filmagem da equipe técnicada Cedae", explica. Há seis meses, aConcrejato foi escolhida para realizaçãodos serviços na ETA.As principais pato-logias encontradas eram processos de

Em 12 horas, empresa faz reparos em Estação de Tratamento de Água

Como os avanços relacionados à tec-nologia do concreto estrutural vãoimpactar os canteiros de obras nospróximos anos? A utilização de pré-moldados alcançará, em larga escala,os segmentos residenciais e comer-ciais? Qual é a viabilidade técnica eeconômica do uso do concreto auto-adensável? Essas são algumas ques-

Seminário sobre estruturas de concreto vai abordar tendências de mercadotões a serem apresentadas e discuti-das por especialistas e profissionaisdurante o Seminário “Estruturas deConcreto – Tendências, Projeto eExecução”, que será promovido pelaPINI no dia 11 de março de 2009, noMilenium Centro de Convenções,em São Paulo (SP). Profissionais reno-mados como os engenheiros de es-

truturas Ricardo França e FranciscoOggi, e a superintendente do CB-18,Enga Inês L. S. Battagin, já confirma-ram participação na programação,que contará também com a apresen-tação de cases de obras. Informaçõese inscrições: (11) 2173-2395 – site:www.piniweb.com/seminariocon-creto – e-mail: [email protected].

houve a injeção de poliuretano nas áreasonde foram detectados vazamentos deágua e grauteamento ou lançamento deconcreto projetado em áreas que de-mandavam recuperação estrutural."Houve a necessidade de misturar aoconcreto aditivos para pega rápida,paraque os equipamentos pudessem traba-lhar dali a poucas horas sem 'lavar' osprodutos utilizados", explica Carvalho.

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Danos em alvenaria tratados comconcreto projetado

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Injeção de poliuretano nas juntas paraestancar vazamentos

Concreto contém aditivo anticorrosivopara reduzir o tempo de pega

carbonatação e oxidação de paredes eestruturas de concreto armado, lixivia-ção do agregado miúdo da camada ex-terna de concreto e perda de volumeconsiderável de água tratada por falhasnas juntas de dilatação. Aproximada-mente 150 operários de mão-de-obradireta e cerca de 15 supervisores, dividi-dos em quatro equipes,estiveram envol-vidos na operação.Entre as intervenções

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Empresa comercializará paredes duplas de concreto pré-fabricadaszada para montagem, segundo a em-presa. Entre as placas de concreto, ar-madas, esse é lançado "in loco" e, de-pois de curado, a construção torna-seuma estrutura monolítica estável. Deacordo com a fabricante, as paredesduplas pré-moldadas já saem da fá-brica com acabamento fino e possibi-litam customização – batentes, jane-las, saídas de encanamento e energia,aplicação de pintura, textura etc. Emfase final de implantação, a fábrica daSudeste ficará em Nova Odessa, nointerior de São Paulo, em uma área de50 mil m².

No início de 2009 devem começar aser comercializadas no Brasil paredesduplas de concreto pré-fabricadas. Osistema construtivo, largamente uti-lizado na Europa e na América doNorte, permite executar uma casa de250 m² em menos de uma semana, deacordo com a Sudeste, empresa queoferecerá o produto. Esse sistemaconstrutivo prevê cinco etapas deexecução: aprovação do projeto, pro-dução, transporte, montagem e en-trega, todas integradas por software.O processo construtivo automatiza-do dispensa mão-de-obra especiali-

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Á R E A C O N S T R U Í D A

Rede de lanchonetes executa restaurante sustentável

luminárias fluorescentes foram substi-tuídas por outras de menor potência emaior eficiência ou por lâmpadas tipoLED, as mesmas que passam a ser utili-zadas nos luminosos externos. O siste-ma de ar-condicionado é operado porum dispositivo ultrassônico que moni-tora as temperaturas interna e externa,a direção e velocidade do vento e aabertura das janelas. A carga térmica

instalada para refrigeração será 25%menor. As válvulas de descarga dosvasos sanitários terão descarga de doisfluxos e águas pluviais serão aproveita-das para a remoção dos dejetos dosmictórios. A rede de fast-food esperareduzir por ano 14% do consumo deenergia, o equivalente a 50 mil kW, eeconomia de 217 mil litros de água,cerca de 50%.

O McDonald's construiu um restau-rante sustentável em Bertioga, no lito-ral paulista. Na América Latina, é a pri-meira unidade "verde" da rede multi-nacional, que já possui um restaurantesustentável em Chicago. Obras seme-lhantes estão sendo finalizadas naCosta Rica e na Argentina. O restau-rante sustentável serve de centro detestes para novas tecnologias de cons-trução do McDonald's. Suas novasunidades seguem as diretrizes do selode certificação Leed (Leadership in En-ergy and Environmental Design), con-tam com sistema de aquecimento solarpara a água e iluminação favorecidapor uma maior área de janelas e pare-des de vidro. Sensores e sistema de au-tomação garantem o melhor aprovei-tamento da luz natural. A iluminaçãosolar responderá por 2,5% do total daenergia consumida.Os vidros recebempelículas para não comprometer a efi-ciência do ar-condicionado. Todas as

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14

ÍNDICESCimento sobe maisApesar de alta mais discreta emnovembro, preço do insumo não pára de aumentar

Em novembro, o índice global doIPCE (Índice PINI de Custos de

Edificações) encerrou o mês com dis-creta alta de 0,18%, percentual inferiorà inflação de 0,38% apresentada peloIGP-M (Índice Geral de Preços de Mer-cado) da Fundação Getúlio Vargas.

Entre os insumos que sofreramalta neste mês, encontram-se a pedrabritada no 2 e o bloco de concreto devedação de 14 cm x 19 cm x 39 cm.Ambos sofreram variação de 6,58% e4,64%. Em outubro, o metro cúbicoda pedra britada no 2 custava R$ 66,52,passando para R$ 70,90 em novem-bro. Já o custo da unidade do bloco deconcreto de vedação de 14 cm x 19 cmx 39 cm,que era de R$ 1,44 em outubro,subiu para R$ 1,50 no mês seguinte.

O cimento Portland CPII, que nomês de outubro havia sofrido inflaçãode 17,53%, apresentou alta de 0,51%em novembro, passando o preço dosaco de 50 kg de R$ 21,64 para R$ 21,75.

Insumos como barra de aço CA-50 3/8" (Ø = 10 mm/m = 0,617kg/m) e tubo soldável de cobre classeE (Ø = 22 mm) apresentaram defla-ção de 0,16% e 1,17%, respectiva-mente, e materiais como perfil dealumínio para caixilho anodizadofosco (espessura da parede: 2mm/largura 1"/comprimento 2") eassoalho de madeira (espessura = 20mm/largura = 200 mm) mantiveramseus preços.

Contudo, construir em São Pauloficou em média 13,63% mais caro nosúltimos 12 meses, percentual supe-rior ao apresentado pelo IGP-M, queacumula alta de 11,88%, sobre omesmo período.

SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:[email protected]. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com.br

IPCEIPCEIPCE mão-de-obra

materiaisglobal

Índice PINI de Custos de Edificações (SP)Variação (%) em relação ao mesmo período do ano anterior

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TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008

Data-base: mar/86 dez/92 = 100Mês e Ano IPCE – São Paulo

gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraaNNoovv//0077 111155..222255,,6622 5544..770077,,9922 6600..551177,,7711dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99jul 126.483,39 61.004,39 65.478,99ago 129.006,55 63.527,56 65.478,99set 129.925,73 64.446,74 65.478,99out 130.691,57 65.212,58 65.478,99NNoovv//0088 113300..993300,,9999 6655..445522,,0000 6655..447788,,9999Variações % referente ao último mêsmês 0,18 0,37 0,00acumulado no ano 13,52 19,40 8,20acumulado em 12 meses 13,63 19,64 8,20Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir dasvariações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado porpesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência.Fonte: PINI

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Envie sua pergunta para o email [email protected] RESPONDE

Patentes Quero patentear um produto paraconstrução civil. Existe um órgãoespecífico onde eu devo registrá-lo? Comoposso resguardar o direito sobre o produtopara que outros fabricantes não o copiem?Eudes Vinícius Costa

Campinas (SP)

No Brasil, a análise de pedidos de pa-tente (incluindo busca por produtosiguais ou idênticos já patenteados oucom pedidos de patente já depositados,no País ou no exterior), a aprovação e arespectiva expedição da Carta-Patente éde responsabilidade do INPI (InstitutoNacional da Propriedade Industrial),autarquia federal vinculada ao Ministé-rio do Desenvolvimento,Indústria e Co-mércio Exterior. Segundo o INPI, "pa-tente é um título de propriedade tempo-rária sobre uma invenção ou modelo deutilidade,outorgado pelo Estado aos in-ventores ou autores ou outras pessoas fí-sicas ou jurídicas detentoras de direitossobre a criação. Em contrapartida, o in-ventor se obriga a revelar detalhada-mente todo o conteúdo técnico da ma-téria protegida pela patente". A tempo-ralidade referida no texto é, em geral, dedez anos, após o que a invenção passapara o domínio público. Durante oprazo de vigência da patente, o titulartem o direito de excluir terceiros, semsua prévia autorização,de atos relativos àmatéria protegida, tais como fabricação,comercialização, importação, uso, ven-da etc. Ainda de acordo com o INPI, osseguintes itens devem ser observados napreparação de um pedido de patente:

1. Apresentar os detalhes técnicos deforma a permitir o exame técnico dopedido, ou seja, apresentá-los de formaclara de modo que o examinador com-preenda perfeitamente a matéria dopedido e indicar, quando for o caso, amelhor forma de execução;2. Não dar margem a que qualquerconcorrente venha reivindicar outropedido para alternativas da mesma in-venção (incluir essas alternativas noseu próprio pedido), ou seja, especifi-car todas as concretizações do objetoque se deseja comercializar e que este-jam dentro do escopo do pedido;3. O concorrente somente terá condi-ções de pleitear algo que seja efetivoavanço em relação à técnica descrita

no pedido e não uma variante cons-trutiva do objeto de seu pedido.Existem diversas empresas que asses-soram juridicamente o pedido de pa-tentes, tanto no País como no exterior,sendo o assunto regido internacional-mente por disposições da OMC (Or-ganização Mundial do Comércio).Para mais informações relativas aosprocedimentos oficiais, favor consul-tar www.inpi.gov.br. Há também di-versas obras e tratados jurídicos sobreo assunto; uma delas: "Tratado dePropriedade Industrial", de J. Gamada Cerqueira.Ercio Thomaz

Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do

Ambiente Construído)

A patente tem por objetivo resguardar o direito de propriedade do inventor, mas temvalidade temporária, em geral de dez anos. O assunto é regido internacionalmentepela Organização Mundial do Comércio, assim sistemas estrangeiros também têmseus direitos resguardados

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CARREIRA

Pode-se dizer que a carreira deengenheiro geotécnico existe há

mais de 80 anos. O marco inicial desua história se deu em 1925, com apublicação do trabalho Erdbaume-chanik, que lançou as bases do co-nhecimento em Mecânica dos Solos.O livro foi escrito pelo austríaco Karlvon Terzaghi, considerado o pai daEngenharia Geotécnica.

"Ao longo do tempo, essa área doconhecimento cresceu, absorvendo aMecânica das Rochas e a Geologiaaplicada à Engenharia", afirma Al-berto Sayão, professor da PUC-RJ(Pontifícia Universidade Católica doRio de Janeiro) e membro da ABMS(Associação Brasileira de Mecânicados Solos e Engenharia Geotécnica).De acordo com Sayão, o campo de

Engenheiro geotécnicoAlém das funções clássicas de investigação de solos e de projetos defundações e contenções, campo de atuação se amplia para áreas ambientale de exploração de petróleo

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atuação do engenheiro geotécnicovem se ampliando. Uma das áreas dedestaque, exemplifica, é a ambiental,com atribuições de investigação donível de contaminação de solos e ela-boração de projetos de tratamentodos terrenos – trabalho importanteem tempos de expansão das frontei-ras imobiliárias na direção de antigasregiões industriais de grandes cen-tros urbanos. Além da ConstruçãoCivil, o setor petrolífero do País ten-de a ser um pólo de atração de en-genheiros geotécnicos, dada a ex-pansão das atividades de exploraçãode óleo na costa nacional.

No segmento imobiliário clássi-co, os serviços desse profissional sãosolicitados principalmente nas etapasiniciais da obra. É ele quem coorde-

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Ivan Joppert Júniorprojetista de fundações e diretor daInfraestrutura Engenharia

Como foi o início de sua carreira?Comecei como estagiário numagrande empresa chamada Themag.Na época, tive a felicidade deestagiar na Usina Hidroelétrica deTucuruí (AM) e fiquei maravilhadocom os equipamentos deterraplanagem, pelo túnel escavado em rocha sob as estruturas de concreto,instrumentações da barragem elaboratório de solos. Foi paixão àprimeira vista que dura até hoje.

Como é a sua rotina diária?Normalmente chego muito cedo noescritório para organizar projetos, nomeio da manhã visito obras defundações e contenções e à tardedesenvolvo projetos. À noite sonho comas obras com as quais estou envolvido.Acredito que a maioria dos profissionaisdesse ramo tem estilo de vida muitoparecido com o meu.

Como você se atualizaprofissionalmente?

nará as atividades de investigação dosolo, terraplanagem, escavações,contenções, projeto e execução defundações, entre outros.

Nas sondagens dos terrenos, oengenheiro geotécnico é responsá-vel por identificar as camadas desolo da região, determinar suaspropriedades mecânicas e geotéc-nicas – como a resistência e a defor-mabilidade –, realizar a análisequalitativa dessas informações, es-tudar a hidrologia subterrânea e es-tabelecer as camadas seguras paraapoio das fundações, entre outrasatribuições. É sua responsabilida-de, também, realizar estimativas dedeformações ou rupturas devido aescavações de terra ou aterro emobras de terraplanagem.

O profissional

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pelo mercado. Alberto Sayão con-corda com o projetista: "na faculda-de, o profissional aprende a calculare projetar; no canteiro, porém, eletoma contato com as diversas meto-dologias construtivas, problemas esoluções". "O melhor profissional éaquele que estudou muito e queamassou muito barro, errou bas-tante e aprendeu com seus erros olimite da sua área de atuação", brin-ca Joppert.

A realização de cursos de atua-lização e pós-graduação em geo-tecnia é indispensável. Para Alber-to Sayão, depois de dois anos emcanteiro, o engenheiro está apto apartir para um curso de pós-gra-duação. Na visão do professor, amelhor opção seria o mestrado."Cursos de Especialização (latosensu) em Geotecnia são maisraros no País", afirma. "O Mestra-do, por sua vez, é um grande trei-namento. Com os conhecimentosadquiridos na graduação, o alunose debruça sobre um problema, re-solve-o e enfim o reporta em seutrabalho final." Para Joppert, a par-ticipação em congressos e palestrastambém é importante para agregarao conhecimento do profissional aexperiência prática de outros cole-gas do ramo.

Essa base teórica e prática irácompor os fundamentos da carrei-ra do engenheiro geotécnico. Porisso, o profissional deve focar suaformação básica em disciplinascomo geologia, mecânica dos solose obras de terra, fundações, estabi-lidade da construção e estruturasde aço e concreto armado. Comessas ferramentas, será mais fácillidar com os desafios que surgirãono dia-a-dia. Mas, apesar das difi-culdades, para Ivan Joppert Júnioro trabalho é gratificante. "Nãoexiste rotina, todos os dias vocêaprende e tem que utilizar o seupotencial intelectual e toda a suaexperiência e conhecimento pararesolver os problemas cotidianos.A sensação de realização é muitogrande", conclui.

Renato Faria

Atribuições: investigação de solos,elaboração de projetos de fundações,contenções e escavações, supervisãode serviços de terraplanagem,perícias técnicasFormação: graduação emengenharia civil e pós-graduação(especialização ou mestrado) comdisciplinas da área geotécnica

Currículo

Leio tudo o que é publicado. Nesseaspecto, parabenizo a Téchne que,por vezes, me proporcionou novosconhecimentos por meio de suaspublicações técnicas.

Quantas horas, em média,trabalha por dia?Eu não trabalho, eu me divirtoexercendo a minha profissão emmédia 12 horas por dia de segunda a sexta-feira e quatro horas no sábado.

Quais as maiores dificuldadesenfrentadas no dia-a-dia?Atualmente, os prazos apertados e oconseqüente desgaste que geram nosrelacionamentos profissionais.

Do que você mais gosta em suaprofissão?O que mais me atrai é a falta depadronização das obras, pois o solo éheterogêneo, cada obra tem a suasolução particular, o que exigecriatividade constante para solucioná-las.

O cálculo das fundações e con-tenções de uma construção, áreaonde solo e estrutura estão em per-manente interação, também deveficar sob responsabilidade de umengenheiro geotécnico. Ele estará àfrente do planejamento e execuçãodas escavações e contenções do ter-reno, acompanhando com atençãoas acomodações de solos decorren-tes do serviço. Esse profissional es-colherá, ainda, o melhor tipo decontenção para cada obra, além decuidar da estabilização dos solos, nocaso de terrenos acidentados.

Nas etapas de produção e execu-ção dos projetos de um edifício, ocalculista das fundações manterá,na maior parte do tempo, contatopróximo com o arquiteto e, princi-palmente, com o calculista estrutu-ral da construção. O primeiro traçao desenho geral do edifício, o se-gundo projeta a estrutura e deter-

mina as cargas atuantes nas basesdos pilares – informações necessá-rias para que o projetista de funda-ções dimensione a base de apoio doedifício e escolha a melhor tecnolo-gia para sua execução: radier, sapa-tas, tubulões, estacas pré-moldadase hélice contínua, entre outros.Eventuais ajustes são tratados como calculista estrutural, que negociaalterações no desenho com o arqui-teto responsável.

E qual o caminho para chegar àEngenharia Geotécnica? Para quemacaba de sair da faculdade, o ideal,segundo os engenheiros entrevista-dos pela Téchne, é primeiro adqui-rir certa experiência em canteiro. "Émuito difícil um engenheiro come-çar uma carreira geotécnica sendoum recém-formado", afirma IvanJoppert Júnior. Ele acredita que,nessa especialidade, a experiênciado profissional é muito valorizada

(mecânica dos solos, estabilidadedas construções, estruturasmetálicas e de concreto armado)Experiência: de dois a cinco anostrabalhando em canteirosAptidões: afinidade com cálculosestruturais, estabilidade dasestruturas, mecânica dos solos,entre outros

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MELHORES PRÁTICAS

Lajes nervuradasMontagem e desenforma das cubetas plásticas exigem cuidados paranão danificar as peças. Atenção especial também durante o lançamento e adensamento do concreto

FixaçãoNão se deve utilizar pregos na fixação das fôrmas.A montagem correta dispensa qualquer elementofixador. Os fabricantes consideram danificadas as peçasdevolvidas com pregos ou furos.

DesmoldanteQuando todas as cubas plásticasestiverem posicionadas, aplica-seo líquido desmoldante emconcentrações adequadas sobre asuperfície limpa. O trabalho podeser feito com o auxílio de rolo oupor aspersão.

ConcretagemAs fôrmas plásticas têm um limite deresistência à pressão exercida sobresua superfície. Portanto, asconcretagens devem ser feitas emcamadas, evitando o acúmulo deconcreto sobre as peças.

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Colaboração: Tito Lívio Garcia Chagas, assistente técnico da Atex do BrasilPor questões logísticas, as fotos não foram tiradas na mesma obra

DesenformaA desenforma deve ser realizada comcuidado, sem forçar os cantos dapeça, regiões mais frágeis. Isso deveser feito a uma distância deaproximadamente 10 cm ou 15 cmda quina da fôrma.

Vibração RetiradaAtenção para que a peça não caia degrandes alturas e seja danificada.Durante a desmoldagem, senecessário, peça o auxílio de umsegundo operário para a retiradasegura da fôrma.

O adensamento do concreto deve ser realizado na regiãode encontro das nervuras. Recomenda-se que odiâmetro do vibrador não seja maior do que 25 mm,independentemente do tipo e da altura da fôrma.

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ENTREVISTA

20 TÉCHNE 141 | DEZEMBRO DE 2008

GERALDO ANTONIO CESTA

Formou-se engenheiro civil em1981 pela Escola de Engenharia dePiracicaba. Diretor técnico daRodobens Negócios Imobiliáriosdesde o ano de 2006, ingressoucomo gerente técnico na empresaem 1995. Tem 27 anos deexperiência profissional emempresas privadas do segmento deConstrução Civil. Desenvolveuprojetos, sistemas construtivos eadministrou equipes de produção.Participou do lançamento de 70empreendimentos, que somam 18 mil unidades habitacionais. Atuando no segmento imobiliário

econômico, a Rodobens NegóciosImobiliários foi uma das primeirasempresas a apostar na utilização desistemas construtivos industrializa-dos. São fôrmas de plástico, aço oualumínio preenchidas com concretocelular para executar de uma vez só asparedes das casas. O sistema possibili-ta à Rodobens executar uma unidade acada dois dias, em média.

A empresa foca seus lançamentosem cidades do interior brasileiro compopulação acima de 150 mil habitan-tes. Já executou empreendimentos em31 cidades de nove Estados do País. Àrevista Téchne, o diretor técnico da Ro-dobens Negócios Imobiliários,GeraldoAntonio Cesta, conta como é feito o ge-renciamento e o controle de qualidadede obras geograficamente tão disper-sas. Para isso, a empresa se vale até deuma TV corporativa que transmite, viasatélite, programas para a capacitação a

distância da mão-de-obra. "Os progra-mas são transmitidos ao vivo e há apossibilidade de interação com a pro-gramação via telefone, com perguntasdos telespectadores", afirma Cesta.

De acordo com o engenheiro, omomento de turbulência não deve afe-tar o planejamento da área de Enge-nharia da Rodobens em 2009. Os lan-çamentos prometidos para 2008 e asmetas para 2009 estão mantidos, a des-peito da crise de crédito no mercado.Da mesma forma, as equipes contrata-das para essas obras continuarão naempresa. Quanto ao suprimento deequipamentos e materiais de constru-ção, ele acredita que o novo cenárioserá de equilíbrio entre oferta e deman-da. "[Com a crise de crédito] permane-ceram em cena os lançamentos que efe-tivamente tinham base sólida paraacontecer. Isso fez com que aquela de-manda [por equipamentos e materiais]sofresse um desaquecimento", afirma.

Engenharia econômica

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Crise não inviabiliza construção industrializada. Uso de sistemas construtivosprontos permite equipes mais enxutas, defende diretor técnico da Rodobens

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A Rodobens Negócios Imobiliáriostem obras espalhadas pelo País,algumas delas executadas emparceria com construtoras eempreiteiras locais. Como é feita aadministração de tantos contratos?Existem duas situações, basicamente.Em alguns casos, nós temos sócios-parceiros. Portanto, além de constru-tor, ele é sócio no empreendimento.Nesses casos, o meu gerenciamentofica minimizado, porque ele também éexercido pelo parceiro. Eu faço apenasuma supervisão. Quando nós nãotemos sócios, eu mesmo exerço o ge-renciamento da construção. Emambos os casos, nós contratamosmão-de-obra local e a treinamos pre-viamente. Essas empresas são convi-dadas a virem a São José do Rio Preto[interior de São Paulo], onde é a nossabase, para receber capacitação teóricade uma semana a dez dias. Depois, vol-tam ao local da obra e levam consigoum supervisor nosso, que acompanhaos primeiros trabalhos pós-treina-mento. Esse líder supervisiona emobra a aplicação prática do trabalhoteórico desenvolvido em nossa base.Esse acompanhamento se estende porum mês, ou até mais, até que eles te-nham efetivo domínio da execução dosistema construtivo. O gerenciamentodessas obras é feito totalmente da cen-tral. Há um time composto por geren-tes técnicos e coordenadores locaisque prestam contas à base.

Quais são os desafios enfrentadospara garantir a padronização daqualidade?O trabalho mais difícil é selecionar etreinar a mão-de-obra adequadamen-te, formar a primeira equipe. Tanto nocaso do parceiro, que é nosso sócio,como na situação em que nós geren-ciamos, a dificuldade é a mesma: cons-cientizar a equipe pioneira sobre a ne-cessidade de executar a obra dentro denossos padrões de qualidade e deprazo. Porém, depois desse período decerca de dois meses entre o início dotreinamento teórico e o final da super-visão dos trabalhos práticos, esta pri-meira equipe acaba se tornando umagente multiplicador. Ela transmite as

orientações e o conhecimento de exe-cução do sistema construtivo para asoutras. Portanto, a partir do momentoem que formamos o primeiro grupo,as coisas ficam mais fáceis.

Como a empresa utiliza a Tecnologiada Informação na área deEngenharia?As obras são, naturalmente, todas in-formatizadas e interligadas em redecom São José do Rio Preto. Existe ummodelo de gestão de empreendimen-tos, baseado em alguns relatórios, emque o engenheiro exerce a supervisão eo acompanhamento da obra aomesmo tempo em que remete osdados aqui para a nossa central. Oacompanhamento é feito a distância,diariamente, por meio de um painelde controle aqui na central. A partirdas informações que surgem no siste-ma, caso vejam que uma obra exigeuma atenção maior, os gerentes oucoordenadores tomam as medidaspreventivas necessárias.

E em outras áreas da empresa?Na parte de treinamento, além do tra-balho com as equipes feito "in loco" emnossa base no interior de São Paulo,nós temos uma TV corporativa. Noscanteiros, há uma antena que recebe osinal transmitido via satélite. Com ouso dessa tecnologia, nós fazemos trei-namento também a distância. Existem

eventos programados, as equipes sedeslocam para o ponto da obra ondeficam o receptor e o aparelho de televi-são e assistem aos programas geradosaqui em nossa base. Essa ferramentatem sido muito importante para quepossamos divulgar o conhecimentoteórico, as inovações. Além disso, osprogramas são transmitidos ao vivo ehá a possibilidade de interação com aprogramação via telefone, com per-guntas dos telespectadores.

Qual o investimento nessa tecnologia?Trata-se de um investimento antigo.Acentral de TV corporativa é do grupoRodobens, não foi feita especialmentepara nosso segmento de Construção.O que nós pagamos é o custo horáriode funcionamento de TV, de locaçãodo satélite e eventualmente algumcusto de produção de algum progra-ma, gravação e distribuição em DVD.Mas não é um valor muito alto.

Como vocês trabalham em Pesquisa e Desenvolvimento de sistemas construtivos?Todos que atuam na empresa estãoantenados nas novidades. Quandoalgo interessante surge, as sugestõessão encaminhadas para mim. Boa ouruim, a idéia é enviada. Eu repassopara meu departamento de projetos,onde há profissionais – dois enge-nheiros e uma arquiteta – que filtramas sugestões e analisam sua viabilida-de econômica.

Qual a importância, para a empresa, da Avaliação Pós-Ocupação dos imóveisproduzidos em larga escala?Nós temos, ligado ao nosso departa-mento de marketing, um canal de co-municação que, além de receber as li-gações dos clientes com dúvidas oureclamações, exerce um trabalho depesquisa pós-ocupação com essesconsumidores. Por meio dessa ação,visa-se descobrir, com os clientes,itens que possam agregar valor aoproduto, que justifiquem alteraçãode projeto, aspectos do imóvel quelhes agradam ou desagradam. O tra-balho é feito semestralmente e os re-

“Depois desseperíodo de cerca dedois meses entre oinício do treinamentoteórico da mão-de-obra e o final dasupervisão dostrabalhos práticos,esta primeira equipeacaba se tornando umagente multiplicador”

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sultados são transmitidos para anossa área técnica de forma que pos-samos analisá-los e adaptar nossosprojetos de acordo com o interessede nosso cliente.

Que tipos de modificações deprojeto já foram feitas com basenessas avaliações?Essas modificações não são significati-vas, porque nós realizamos muitaspesquisas antes de lançar um em-preendimento.Portanto,no projeto, jáestá embutido o desejo do cliente. De-pois da ocupação, o que existe é maisum refinamento. Eu tenho certa limi-tação para mexer na estrutura da casa,pois elas são feitas em concreto commoldes de alumínio ou plástico. Noentanto, já tivemos casos de aberturasde portas, modificação de um layoutinterno de banheiro – trocando a posi-ção de pias e bacias sanitárias, porexemplo. Mas, de maneira geral, oprojeto já é lançado bastante maduro.

A certificação ambiental deempreendimentos residenciais é viável?A certificação ambiental é tão maisimportante ou viável quanto maiorfor o empreendimento. Uma coisa évocê fazer um empreendimentonuma área razoavelmente urbaniza-da, onde ele terá pouco ou nenhumimpacto no entorno no que se refere aaumento do trânsito ou de demandade recursos. Em empreendimentosmenores, em regiões já desenvolvidas,é de pouca validade fazer um trabalhonesse sentido. Porém, existem outrosempreendimentos, grandes, em queinvestir nisso vale a pena. Nós temosum empreendimento em Palhoça, lo-calizado numa área de 200 hectares,que abrigará em torno de sete mil mo-radias entre condomínios horizontaise verticais, além de edifícios comer-ciais e de serviços. É uma cidade, com28 mil a 30 mil moradores. Em proje-tos desse tamanho, aplicar conceitosde sustentabilidade é fundamental.No desenvolvimento desse projeto,nós agregamos à nossa equipe profis-sionais da área de sustentabilidade eplanejamento urbano ligados a uni-

versidades locais. Tudo para que oprojeto atenda a essas necessidades.Buscamos oferecer meios de trans-porte alternativos, construímos ciclo-vias, investimos em paisagismo. Tantoque nós pensamos em cadastrá-lopara receber uma das certificações desustentabilidade disponíveis no setorde construção brasileiro.

Há cerca de seis meses, asconstrutoras se queixavam da faltade engenheiros qualificados nomercado, e houve uma verdadeiracorrida por esses profissionais.Como isso ocorreu na empresa?Eu acredito que esse problema tenhaocorrido de fato. Houve um longo pe-ríodo de baixa atividade no setor daConstrução que fez as pessoas perde-rem o interesse em seguir na Enge-nharia Civil. A quantidade de matrí-culas nas escolas de Engenharia foicaindo e elas deixaram de formar pro-fissionais. Some-se a isso o fato dehaver uma demanda forte e concen-trada num período e você tem o pro-blema que ocorreu. Nós não sentimosmuito esse problema devido à nossaregião de atuação. Essa falta ocorreumais nos grandes centros urbanos,onde se concentrava o grande volumede lançamentos. Como nossa atuaçãoé pulverizada, no interior de SãoPaulo e em outros Estados, nós nãosentimos muito o problema.

E como está o planejamento para ospróximos meses?

Os nossos empreendimentos com lan-çamento prometido para 2008 estãomantidos, não houve nenhum cance-lamento. As nossas metas de lança-mento para 2009 também estão man-tidas. Nós sempre tivemos muito cui-dado na hora de lançar, estudandosempre muito bem a viabilidade dosempreendimentos, porque o riscosempre existiu, não é agora que ele émaior. A turbulência fez com que asempresas pesquisassem um poucomais, coisa que a gente sempre fez.Nossas pesquisas de mercado sempresão feitas muito próximas das datas delançamento, porque elas têm prazo devalidade. E essas pesquisas dão solidezao nosso planejamento, por isso a ma-nutenção de nossa meta para o anoque vem.

Como isso se reflete no quadro defuncionários?Nós sempre trabalhamos com timesbastante enxutos, que vão sendo incre-mentados de acordo com as necessida-des. Nós apenas antecipamos as con-tratações, em relação ao período deexecução dos empreendimentos, parapoder oferecer o treinamento necessá-rio à mão-de-obra. Então, as pessoasque eram para ser contratadas já fazemparte de nosso quadro. Os profissio-nais de que eu vou precisar no início de2009 já estão na empresa e vamos darcontinuidade ao trabalho para atingiraquilo que nós projetamos.

Qual o perfil profissional doengenheiro indispensável para aempresa?Além de um bom conhecimento geralem Construção Civil, é desejável queele tenha experiência na condução deempreendimentos habitacionais –horizontais ou verticais. Outra carac-terística que nós valorizamos muito éque ele tenha noções gerenciais sóli-das para administrar não só a execu-ção do empreendimento, mas tam-bém seu desempenho financeiro. Umdiferencial importante, para nós, éuma formação complementar em En-genharia de Produção. São caracterís-ticas que se ajustam ao nosso sistemade produção seriado.

“Nós temos uma TVcorporativa. Noscanteiros, há umaantena que recebe osinal transmitido viasatélite. Com o usodessa tecnologia, nósfazemos treinamentotambém a distância”

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O que mudou na relação com osfornecedores?Eu estava mais preocupado antes doperíodo de turbulência. Havia muitoslançamentos projetados por outrasempresas – muitos viáveis, outrosnão. E, mesmo que elas anunciassemum empreendimento que às vezesnem era viável, isso gerava demandajunto aos fornecedores. E em deter-minado momento eles alegaram quenão teriam capacidade para atender aessa demanda. Com essa nova realida-de, houve um refinamento. Permane-ceram em cena os lançamentos queefetivamente tinham base sólida paraacontecer. Isso fez com que aquela de-manda sofresse um desaquecimento.Eu estou mais tranqüilo agora, nãoestou mais enfrentando problemas defalta de materiais – como o cimento,por exemplo.

Quais suas perspectivas para preços de materiais de construçãopara 2009?

As empresas se acomodam. Elas esta-vam num crescente, planejando au-mento de produção, de plantas fabris,para atender uma demanda que setornou muito menor. Elas tambémestão se adequando à nova realidadedo mercado, dando uma tranqüilida-de maior para o consumidor. No nívelem que estava, certamente enfrenta-ríamos problemas.

A viabilidade econômica dossistemas construtivosindustrializados é afetada no novo contexto?

Eu acredito que o sistema construti-vo que adotamos é adequado. Elepropicia um ritmo de construçãomais cadenciado e organizado, e comuma demanda menor de mão-de-obra especializada. Não é uma mão-de-obra artesanal, eu mesmo aformo. Portanto, eu tenho um con-trole maior da situação. Eu não vejonenhum reflexo negativo da atual si-tuação sobre esse sistema.

O VGV (Valor Geral de Vendas) é umindicador adequado para medir aeficiência das incorporadoras?Acho que o VGV, isoladamente, não éum indicador que diga algo sobreuma empresa ou sobre o mercado.Pode-se ter um VGV projetado quenão se sabe se o mercado vai absorver.Outra questão: qual será a rentabili-dade que esse VGV irá gerar? UmVGV alto é bom, desde que o mercadoconsuma esses produtos todos e quesua rentabilidade seja adequada.

Renato Faria

“A certificaçãoambiental é tão maisimportante ou viávelquanto maior for oempreendimento”

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INDÚSTRIA

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Expansão coordenadaObras de ampliação de fábrica da Duratex em Agudos (SP) exigiramcoordenação e acompanhamento intensivos das equipes de engenharia paracumprimento de cronograma

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De acordo com o cronograma daDuratex, está prevista para este

mês a conclusão das obras civis deampliação de sua unidade de produ-ção de chapas de MDF em Agudos(272 km a Oeste da cidade de SãoPaulo). Quando a nova linha entrarem operação, a unidade verá tripli-cada sua capacidade de produção domaterial, matéria-prima utilizadaprincipalmente pela indústria move-leira. Isso deve ocorrer em março de2009, cerca de 22 meses depois doinício do planejamento das obras.

Era abril de 2007 quando os en-genheiros da Duratex começaram ase reunir com os fornecedores domaquinário de produção – Andritz,Vincky, Siempelkamp, entre outros.Nesse primeiro momento, foi defini-do o layout básico e a localização dosequipamentos na planta. Em agostodaquele ano, essas empresas forne-ciam os projetos de engenharia deseus equipamentos para a Duratex."Apenas com esses projetos 'conge-lados', ou seja, em sua configuraçãofinal, os projetos de engenharia civil

poderiam ser iniciados", revela Clau-dio Rosseto, gerente de engenhariada unidade de Agudos. É ele o res-ponsável pelo meio de campo entreas equipes de engenharia dos forne-cedores e da fábrica da Duratex."Depois do 'congelamento' do la-yout, apenas pequenas alteraçõeseram solicitadas pelos fornecedores,e essas eram imediatamente comu-nicadas para as equipes de engenha-ria responsáveis", explica.

A partir do momento em que oscontratos com os fornecedores eram

de 52 m e um vão de 54 m em umadireção; na transversal, os pilaresdistanciam-se de 13,25 m. Aintenção era proporcionar maiorflexibilidade de layout, inclusiveconsiderando a possibilidade detransformar o galpão em uma linha

Execução antecipadaDe acordo com Luiz HenriqueYogolare, a ordem "mais comum" deconstrução de uma obra industrial éexecutar primeiro o Edifício daProdução. "A Expedição geralmente éo último edifício erguido", afirma.Mas não foi o que ocorreu nessa obra.Havia um problema logístico: jáexistia uma fábrica de MDF operandono local. No entanto, a rua de acessoà sua área de expedição localizava-seexatamente onde o novo Edifício deProdução seria construído. Portanto,se ele fosse executado primeiro, nãohaveria como despachar os produtosda linha em operação. Optou-se,portanto, por antecipar a construçãoda área de Expedição da nova fábrica, por onde os produtos da linha de produção existentepoderiam ser escoados. Com isso, a via estaria liberada para dar lugar à nova estrutura.O galpão de 25 mil m² foi executadoem cinco meses. Com lados de 158 me 159 m, conta com poucos pilares egrandes vãos vencidos pela estruturametálica da cobertura. São dois vãos

Expedição

de produção em intervençõesfuturas. "O maior desafio para fazeresse tipo de reforma em edifíciosexistentes é a grande quantidadede pilares, que inviabilizam ainstalação de máquinas no local",afirma Yogolare.

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Concretagem da base do pilar com os chumbadores já posicionados

Confecção e transporte doselementos pré-moldados com o "calço" metálico

Encaixe da peça noschumbadores da base

Fixação do elemento estrutural por meio de porcas e contraporcas

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Edifício da produção

Pilares pré-moldadosTodos os pilares pré-moldados deconcreto foram "calçados" com umabase metálica. Sua função é possibilitaruma fixação mais fácil do elemento pré-moldado à base de concreto, por meiode chumbadores com porca e

Passo-a-passo da execução

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Cronograma e fundaçõesCom a nova área de expedição pronta,partiu-se para a execução do edifício daprodução. A complexidade do processode construção dessa estrutura decorredo prazo apertado para sua entrega.Faltavam apenas quatro meses paraentregar o edifício antes que as peças daprensa – coração da linha de produçãode MDF – começassem a chegar daAlemanha para serem montadas no local.Primeiro, foram produzidas as fundaçõesda estrutura do edifício e da prensa.Localizadas sobre solo siltoso, asestruturas exigiam fundações profundasnas regiões de maior carregamento. As estacas hélice-contínua tinhamdiâmetros variáveis entre 30 cm e 60 cme comprimentos de 15 m a 20 m. O dimensionamento das fundações das bases considerava, ainda, cargashorizontais da ordem de 140 t resultantesda operação do motor da prensa.

Base da prensaO segundo passo foi a concretagem dalaje de fundo e das paredes laterais dorebaixo onde seria montado oequipamento. Alegando segredoindustrial, a empresa não revela ocomprimento da base, mas afirma que amáquina de prensagem será a maior domundo. Em 12 horas, foram lançados450 m³ de concreto para a produção dalaje de fundo, que teria 60 cm deespessura. Duas semanas depois, foramconcretadas as duas paredes laterais dorebaixo, cada uma em seis horas. Todasas peças foram submetidas a umasemana de cura úmida.De acordo com o projetista estruturalLuiz Cholfe, o desafio era produzir peçascom grandes dimensões sem juntas dedilatação. "Por isso, o cálculo foi feitolevando-se em conta os efeitos detemperatura, retração e carregamentodas peças", explica. Houve também

adição de microssílica à mistura, queproporcionou menor índice de vazios aoconcreto e ganhos de resistência –projetado para atingir fck de 35 MPa, oconcreto ensaiado alcançou resistênciassuperiores a 40 MPa, de acordo com osengenheiros da Duratex. A taxa de açodas armaduras da base da prensa é de150 kg/m³ de concreto.Logo depois vieram as frentes deprodução das estruturas pré-fabricadasde concreto – pilares, lajes e vigas-calhas – e a estrutura metálica utilizadana cobertura e no fechamento. Por fim,foram executados os pisos e osacabamentos do edifício.

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contraporca, reduzindo o tempo deexecução do serviço. As peças foram fabricadas por uma dasfornecedoras de estruturas metálicas daobra. Elas são enviadas para a fábrica deestruturas pré-moldadas de concreto,

onde os pilares são confeccionados.Yogolare conta que a base metálicapossui armaduras de arranque, que sãounidas à armadura do pilar. Os pilarespré-moldados apóiam vigas-calhas ecoberturas metálicas.

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FundaçõesA maioria das fundações dos equipamentos dasáreas externas foi executada com estacasescavadas. No caso da refinadora (equipamentoque, segundo recomendações do fabricante,não poderia estar sujeito a vibrações muitointensas), foi preciso criar um sistema deamortecimento que garantisse sua estabilidadedurante a operação. Esse sistema era compostopela base do equipamento, chamada de blocode inércia, uma peça maciça de concreto deaproximadamente 70 m³ (10,9 m x 2,3 m x 3,0 m, com alguns recortes) e fck 30 MPa. Esta era separada do bloco de fundações poruma camada de 40 mm de neoprene, materialque auxilia na absorção das movimentações da refinadora. Todo o sistema é apoiado sobreoito tubulões de 90 cm de diâmetro e bases de 2,0 m de diâmetro.

Áreas externas

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FICHA TÉCNICA

Construtoras:Toda, RibeiroCaram e ResiplanConcreto: Holcim e EngemixAço para armaduras: GerdauPré-moldados de concreto: CinasaFundações (execução): ExataFundações EspeciaisTopografia: GeoplanEstruturas metálicas: Estrutel,Metasa e MarfinTelhas metálicas: MBPMontagem eletromecânica:Palmont e EbapiInstalações elétricas: ELMontagens e JapyConsultoria de fundações:Cepollina Engenheiros ConsultoresProjetos de estruturas e defundações (áreas externas):França & AssociadosProjetos de estruturas deconcreto, metálicas, defundações, coberturas, bases deequipamentos, pipe-rack e pisosde concreto (edifícios daProdução e Expedição): StaturaEngenharia e ProjetosPisos (execução):ATTEngenharia e Construções

Executados com fôrmas deslizantes em dez dias cada um, os dois silos de concretoarmado que estocarão os cavacos de madeira têm 25 m de diâmetro e 20 m de altura

Áreas externas (continuação)TopografiaDe acordo com Yogolare, da Duratex, osconstrutores acompanharam de perto ostrabalhos de topografia. "Apesar deserem trabalhos de construção civil, nósalcançamos um nível de precisão deengenharia mecânica", afirma Yogolare.Como os equipamentos foramcomprados com antecedência defornecedores europeus – que viriam aoBrasil apenas para os trabalhos demontagem –, edifícios, aberturas eestruturas deveriam estar rigorosamentenas posições previstas em projeto. Todocuidado era pouco para evitarretrabalhos, já que, no contrato firmadocom aquelas empresas, cláusulas

previam multas se houvesse atrasos nocronograma. "A precisão dos níveis alaser era da ordem de décimos demilímetros, para distâncias, e de umsegundo, para ângulos", explica oengenheiro. Para assegurar a precisãodos resultados, a Duratex contratou umaequipe de topografia própria, de formaque as duas medições fossemimediatamente comparadas.

assinados, o relógio começava a cor-rer para a Duratex. Para evitar atra-sos no cronograma e não dependerde apenas uma construtora, a em-presa contratou três empreiteiraspara tocar as obras de ampliação. Asáreas externas – onde estão os pri-meiros equipamentos da linha deprodução – ficaram por conta daRibeiro Caram. O Edifício da Pro-dução, sob responsabilidade daConstrutora Toda. O galpão da Ex-pedição foi executado pela Cons-trutora Resiplan. "Assim, se hou-vesse paralisação em uma das fren-tes da obra por qualquer motivo, te-ríamos a garantia de que as outraspartes estariam em andamento", ex-plica Luiz Henrique Yogolare, enge-nheiro da Duratex.

Renato Faria

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Sustentabilidade high techExtravagantes, edifícios como os de Dubai e China tentam provar que são sustentáveis. Por isso, transformaram-se em grandes geradores eólicos e captadores fotovoltaicos. Mas isso é viável?

Nos parques de diversões da arqui-tetura contemporânea, a corrida

tecnológica flerta agora o discursoecológico. Turbinas eólicas incorpo-radas em arranha-céus em Bahrain,grandes painéis fotovoltaicos emDubai, sistemas geotérmicos na Chi-na e imensas coberturas vivas na Ca-lifórnia vão bem além das exigênciasde certificações ambientais. Mas quan-to esses recursos podem de fato con-tribuir para melhorar a eficiênciadas edificações – e mais, o quão pró-ximo da realidade esses sonhos nasalturas chegam?

Os fortes ventos trocados entre oGolfo Pérsico e o deserto levaram auma escolha óbvia em países da Pe-nínsula Arábica: turbinas eólicas in-corporadas na edificação. "No caso dearranha-céus, pode haver um poten-cial de aproveitamento. Estamos fa-lando de mais de 100 m de altura,onde a velocidade do vento tende a sermais alta do que no solo", diz o enge-nheiro Fernando Westphal, gerente deeficiência energética do Centro deTecnologia de Edificações.

Desde abril de 2008 três turbinasunidirecionais de 29 m de diâmetrogiram entre as duas torres gêmeas de240 m de altura e em forma de vela doBahrain World Trade Center, criadopelo escritório britânico Atkins.O ob-

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jetivo é que a brisa do Golfo Pérsicosuprisse até 15% da energia consumi-da pelo prédio. Isso representaria 1,3mil MWh por ano, suficientes parailuminar 300 casas e deixar de emitir55 t de carbono anuais.

Segundo a Atkins, o custo de até30% do valor do projeto tornaria in-viável a integração de turbinas delarga escala, tanto por conta da adap-tação do projeto do prédio quanto daspesquisas de turbinas especiais. A so-

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Bahrain World Trade Center, do escritório britânico Atkins, incorporou três turbinaseólicas, que geram 15% da energia consumida pelo edifício

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lução foi usar turbinas convencionaissustentadas cada uma por um eixohorizontal de 50 t.

A solução não foi a ideal – melhorseria que tivessem eixo vertical. "Asturbinas eólicas de eixo vertical têm avantagem da facilidade de manuten-ção, normalmente funcionam comvento vindo de todas as direções, sema necessidade de possuírem mecanis-mos como leme para colocarem as pásna direção dos ventos", diz a professo-ra Eliane Fadigas, do Departamentode Engenharia e Automação Elétricasda Escola Politécnica da Universidadede São Paulo. Mas o balde de realismono deserto de fantasias fez com quesua incorporação custasse menos de3% do projeto, segundo o escritório.

Para resolver o fato de a turbinaser fixa, a Atkins projetou para as tor-res um perfil elíptico que afunila ovento. Testes em túnel de vento mos-traram que o desenho não apenasforma pressão negativa na parte detrás do prédio, o que acelera o ventoentre as torres em até 30%, comotambém o desvia num percurso emformato de "S" cujo centro permanecequase perpendicular à turbina dentrode um azimute de 45º.

Embora a idéia do BWTC tenhasido diminuir a dependência de reser-vas energéticas fósseis num clima de-sértico, seu projeto não tem estraté-gias de baixa emissão de carbono dospadrões europeus.

Caro demais para o Brasil? Por en-quanto, sim. Embora algumas regiõesbrasileiras como o litoral do Nordestee o Rio Grande do Sul tenham um po-tencial eólico grande, "o preço da ele-tricidade praticada no Brasil em todosos setores consumidores faz ainda in-

Dubai International Financial Centre LighthouseDubai, Emirados Árabes UnidosAtkins� Altura: 400 m (66 andares)� Três turbinas eólicas de eixo horizontalde 29 m de diâmetro e 225 kW máximoscom ventos entre 15 e 20 m/s� 4.000 painéis fotovoltaicos� Projeto conceitual

Burj al-Taqa, BahrainBahrainGerber Architekten, DS Plan� Altura 322 m (68 andares)� Sistema de "torres de vento"� Turbina eólica de eixo vertical Darrieus de 60 m de altura no topo do edifício� 32 mil m² de painéis fotovoltaicos� Estação de hidrólise para produção de H2

� Brise giratório que acompanha o sol� Formato cilíndrico para diminuir aárea exposta ao sol forte do Golfo Pérsico� Custo: US$ 406 milhões� Status: projetoD

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viável economicamente a instalaçãotanto da tecnologia fotovoltaicaquanto eólica em edificações nas áreasurbanas", diz Eliane.

Mas, segundo Westphal, não fal-tam recursos e razões para investido-res bancarem essas tecnologias emempreendimentos de alto nível. "Cer-tamente, o investidor vai tirar proveitocomo uma estratégia de marketing,mas a sociedade vai sair ganhandocom o alívio proporcionado ao parquegerador de energia, o que diminui osimpactos ambientais. Esse alívio podeser ínfimo, se pensarmos em um oudez prédios. Mas se a tecnologia fordisseminada, o custo tende a baixar,mais empreendimentos passam a ad-

quirir o sistema e aí começamos a terbenefícios significativos para todos."

Tecnologia dez, emissões zeroA China, onde ficam 16 das 20 ci-

dades mais poluídas do mundo, estácorrendo atrás para não sobrar comoa vilã ecológica do século 21. Além deconstruções com certificação Leed doGreen Building Council na Vila Olím-pica de Pequim e da ecocidade Dong-tan, em construção para servir de mo-delo de sustentabilidade na Expo-Xangai de 2010, está previsto para essemesmo ano o primeiro arranha-céucom emissão zero de carbono do país– e do mundo. A americana SkidmoreOwings & Merrill espera que o vento e

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ajuda a forçar o ar por quatro fendasna fachada, cravadas em dois andaresmecânicos, onde estão instaladas tur-binas eólicas de eixo vertical. Segundoa Skidmore, esse design deve forçar avelocidade em 2,5 vezes – compen-sando o fato de turbinas de eixo verti-cal serem, segundo Eliane, menos efi-cientes que as de eixo horizontal.

Um sistema baseado na inérciatérmica do solo resfria a 25ºC no sub-terrâneo a água aquecida a 38ºC nastorres de resfriamento do prédio. NoBrasil, embora haja pouca informaçãosobre o potencial geotérmico para ageração de energia, também é possível,segundo Westphal, usar a inércia tér-mica do solo para a climatização deambientes internos. "Em São Paulo, secavarmos um buraco de 6 m de pro-fundidade,a temperatura do solo esta-rá praticamente a 20ºC o ano inteiro.Esse potencial pode ser utilizado pormeio de um sistema de tubos enterra-dos", diz. Tal sistema consiste de umasérie de tubos que, quando adequada-mente dimensionados a uma certaprofundidade, podem resfriar o ar ex-terno que passa em seu interior quan-do estiver acima de 20ºC antes de in-troduzi-lo no ambiente interno para arenovação de ar. Embora exija umconsumo para ventilação, este é aindabem menor que o de condicionadores.

Para tornar o arranha-céu energe-ticamente independente, a Skidmoreincluiu ainda painéis fotovoltaicos noprojeto. Embora vários prédios come-cem a adotar esses painéis, seu uso emáreas urbanas, servidas por rede elé-trica, ainda não é viável, segundoEliane. "Sua eficiência está em tornode 13%. Porém, geram energia emcorrente contínua, enquanto nossascargas funcionam em corrente alter-nada, necessitando de outros compo-nentes no sistema, entre eles os inver-sores. Assim, a eficiência total fica emtorno de 10%." Mas, para a professo-ra, esses módulos já são viáveis emáreas remotas onde não há viabilidadede estender a rede da concessionária.

Torres de ventoO arquiteto alemão Eckhard Ger-

ber e os engenheiros ambientais da

Genzyme CenterCambridge, Massachussetts, EUABehnisch Architekten� 33 mil m² em 12 andares� Iluminação interna natural mantida porheliostato no teto que acompanha o sol ereflete raios sobre espelho, que por suavez os projeta para o átrio do prédio� Redirecionamento de raios no átrio pormeio de candelabros de espelhos� Venezianas motorizadas que direcionamautomaticamente luz natural no perímetrodo edifício de acordo com movimento do sol� 30 mil pontos de automatizaçãocontrolados por um sistema central� Cobertura viva� 1/3 de fachadas duplas, separadas em1,2 m com vão ventilado durante o verão� 18 jardins internos� Painéis fotovoltaicos� Status: inaugurado (2004)

Academia de Ciências da CalifórniaSão Francisco, Califórnia, EUA Renzo Piano Building Workshop,Stantec Architecture, Arup, SWA Group� 10 mil m² de cobertura viva absorvem14 milhões de litros de água pluvial por ano� 213 mil kWh gerados por ano por 60 mil células fotovoltaicas (5% a 10% do consumo do prédio)� 90% do entulho dos prédios antigosreutilizados na construção de uma estrada� 12 mil toneladas de aço recicladas e usadas na estrutura metálica do novo prédio� 50% de madeira certificada� 90% de espaços de ocupação intensailuminados naturalmente� Isolamento termoacústico feito comalgodão de jeans reciclado� Custo: US$ 429 milhões� Status: inaugurado (2008)

o sol sejam capazes de abastecer toda aenergia consumida pelo prédio proje-tado para a Guangdong Tobacco, emCantão, iniciado em 2006.

Com as estratégias de redução eabsorção de energia, o prédio deveconsumir 65% menos que o previstopelas leis chinesas.

Nas orientações Norte e Sul foi

feito duplo fechamento em vidro low-E, com ventilação entre as duas lâmi-nas, e instalada persiana automatiza-da; a Leste e Oeste, o fechamento foitriplo, protegido por brise soleil.

Contrariando o senso comumsobre prédios altos, a face mais largada torre é a que recebe maior carga devento. A estrutura curvilínea da torre

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DS-Plan também entraram na corri-da da emissão zero, desta vez com umsistema de refrigeração da arquiteturapersa: as torres de vento (veja ilustra-ção). Na Burj al-Taqa, aberturas na fa-chada a cada cinco andares permiti-rão que a pressão negativa criada naface oposta à que recebe a carga devento retire o ar quente das salas.Num poço subterrâneo com água domar, o ar seco do deserto será refrige-rado pela evaporação. Com o diferen-cial de pressão entre o interior do pré-dio e o poço causado pelos ventos,não será necessária nenhuma ventila-ção mecânica para trazer o ar frescoaté os corredores e escritórios pormeio de cinco átrios perimetraistransparentes e um central, nos quaisserão instalados jardins suspensos.

Para evitar o aquecimento por ra-diação, um escudo solar cobrindo umsegmento de 60º girará em torno doprédio entre as camadas da fachadadupla de acordo com o percurso dosol. Diferentemente de brises soleil es-tacionários, o escudo ficará somenteonde e quando for necessário.

Segundo Gerber, esses e outros sis-temas devem reduzir em 40% o con-sumo energético do prédio em com-

paração a semelhantes. Para torná-lo100% auto-suficiente, foram previstosuma turbina eólica de eixo verticaltipo Darrieus de 60 m de altura notopo da torre, dois conjuntos de pai-néis fotovoltaicos no total de 15 milm² e uma ilha flutuante de painéis so-lares de 17 mil m² sobre o mar. O exce-dente deve ser usado na eletrólise deágua para obter hidrogênio, utilizadona geração de eletricidade à noite.

Rodas gigantesNa gincana tecnológica não basta

mais que hélices girem.O prédio intei-ro precisa fazer malabarismos. O ar-quiteto florentino David Fischer crioua Dynamic Tower – um projeto de edi-fícios de uso misto cujos andaresgiram independentemente numa ve-locidade de uma rotação por 1,5 horaem volta de um eixo central, ondeestão instalados elevadores e tubula-

Academia de Ciências da Califórnia, que recebeu certificado Leed Platina do GreenBuilding Council americano; seus 10 mil m² de cobertura vegetal absorvem 14milhões de litros de chuva por ano e contribuem com o isolamento térmico

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Vegetação: grama sobre coberturaSistema antierosãoTerraVegetação de material recicladoMembrana de retenção de águaInsulamentoCamada de concreto leveTelha metálica

Painéis fotovoltaicossobre a face sul

Cobertura retrátil paraproteção contra sol e chuva

Vidro laminadode segurança

Saídas de arpelo altoda cobertura

Cortina de vidrotransparenteextrabranco

Sistema deaquecimentopelo piso

Painel de vidro contracorrente de ar gelado

Corte da praça

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Cenpes da Petrobras-RJ Rio de Janeiro (RJ)Siegert Zanettini, José Wagner Garcia(co-autor), Centro de Pesquisas daPetrobras, Labaut-FAU-USPStatus: Projeto

DDeezz eessttrraattééggiiaass ddee ssuusstteennttaabbiilliiddaaddee ddoo CCeennttrroo ddee PPeessqquuiissaass ddaa PPeettrroobbrraass1 - Orientação solar adequada2 - Forma arquitetônica adequada aoscondicionantes climáticos locais3 - Materiais construtivos das superfíciestermicamente eficientes4 - Superfícies envidraçadas com taxa de WWR (Window Wall Ratio) adequada5 - Proteções solares externas adequadasàs fachadas6 - Ventilação natural7 - Iluminação natural8 - Uso da vegetação9 - Sistema para uso racional e reúso de água10 - Materiais de baixo impacto ambiental

ções elétrico-hidráulicas. Escondidaentre cada andar está instalada umaturbina eólica horizontal que giranesse mesmo eixo. Fischer espera queelas gerem toda a energia do edifício-carrossel, junto a células fotovoltaicasinstaladas nas lajes de cada andar, queterão 20% da superfície exposta ao sol.

A primeira torre, com 80 andaresespalhados em 420 m, está previstapara Dubai – onde apartamentos jápodem ser reservados. A segundadeve ser construída em Moscou, com70 andares e 400 m de altura.

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Eldorado Business TowerSão Paulo (SP)Aflalo & Gasperini Arquitetos � Resíduos destinados à reciclagem� Materiais utilizados na construçãoproduzidos na região� Vagas no estacionamento destinadasa bicicletas e a veículos de combustívelmenos poluente� Água captada da chuva e dacondensação do sistema de ar-condicionado usada na irrigação deáreas verdes permeáveis, no espelhod'água, em vasos sanitários do térreo e

dos subsolos e na lavagem dos pisos das garagens� Janelas com vidros de alta transmissãoluminosa e baixa emissividade (0,30)� Ar-condicionado com volume de arvariável (VAV)� Elevadores com ADC e frenagemregenerativa, que recupera para outroselevadores energia dissipada quando umpára numa descida� Luminotécnica noturna com lâmpadasfluorescentes atrás de fachada de vidro,evitando holofotes M

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Somente o eixo central deve serconstruído no canteiro de obras. Já osapartamentos serão como um grandeLego, compostos de módulos em for-mato de fatias com acabamento e sis-tema elétrico-hidráulico prontos, in-dustrializados na Itália. Os gastos comtransporte estão muito longe de qual-quer parâmetro de sustentabilidade,mas, por outro lado, a montagem insitu dos módulos por meio de guin-dastes é extremamente limpa.

Segundo Fischer, cada andar po-derá ser completado em sete dias, com

tempo de construção reduzido emaproximadamente 30%. De acordocom o arquiteto, a construção daDynamic Tower precisaria de 600operários e 80 técnicos no canteiro,comparados a 2.000 num projeto demesma escala não pré-fabricado.

Os objetivos da pré-fabricação nãosão apenas reduzir o tempo de monta-gem e diminuir gastos na escala, mastambém replicar o modelo e espalhartorres giratórias pelo mundo.

Alcir Moro, presidente da cons-trutora curitibana Moro, não se mos-tra eufórico diante da idéia de DavidFischer. "Esse projeto é apenas publi-cidade. Não há nada construído. Aprimeira verdadeira torre giratóriaconstruída no mundo está aqui, noBrasil", diz Moro.

Após dez anos de projeto e constru-ção, foi concluído em 2004 em Curitibaseu Suíte Vollard. São duas torres inter-ligadas de 11 andares: uma circular emque cada pavimento gira independen-temente,propulsionado por um motorde ¾ de HP,na velocidade de uma rota-ção por hora, e outra fixa onde estãoinstaladas a circulação vertical e a partehidráulica, como cozinha.

Até hoje, a rotação dos aparta-mentos não resultou em moradores."Trata-se de um prédio conceitual, deum laboratório. Foram decoradosquatro apartamentos para uma feira

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e, depois, desmontados", diz Moro.Hoje, passa por uma reforma quedeve ser concluída em abril de 2009.Cada apartamento de 287 m² custaráR$ 1,5 milhão – sem turbinas eólicas.

Jardins suspensos da CalifórniaQuem visita o parque Golden

Gate, São Francisco, nos Estados Uni-dos, encontra 10 mil m² de sua vegeta-ção suspensa sobre colinas artificiaispontuadas por clarabóias. Abaixo des-sas 1.200 toneladas de solo e plantasnativas foi inaugurado em setembrode 2008 o novo edifício da Academiade Ciências da Califórnia – complexoque reúne aquário,planetário e museude História Natural. O prédio, queconsome 35% menos energia do que oprescrito pelas leis da Califórnia, rece-beu o certificado Leed Platina doGreen Building Council americano.

Mas o quão longe vai o benefícioproporcionado por esse tipo de co-bertura? Neste caso, além de absorver14 milhões de litros de água pluvialpor ano, ela substituiu o isolamentotérmico, ajudando a diminuir o usode ar-condicionado. Os gastos commanutenção como irrigação, podas ereposição foram reduzidos com a es-colha de plantas nativas, que melhorse adaptam ao clima da região.

Já em edifícios com áreas menoresde cobertura, a contribuição é peque-na. "Mas se a maioria dos prédios pas-sar a adotar esse tipo de solução, o be-nefício para o ambiente urbano vale apena, pois diminui o efeito de ilha decalor", diz Westphal.

Casa dos espelhosO escritório Behnisch Architekten

recebeu da empresa de biotecnologiaGenzyme um quebra-cabeça: encai-xar 920 escritórios em 33 mil m²usando o mínimo de energia tantopara circulação vertical quanto parailuminação e climatização.

A resposta foi uma microcidadeespalhada em 12 andares ao redor deum enorme átrio central, iluminadacompletamente com luz natural.

Para isso, foram adotadas duas es-tratégias. No perímetro do prédio, ve-nezianas motorizadas direcionam a luz

natural para forros refletores das salas.Já no átrio, a luz entra e é dispersa pormeio de uma cobertura de anteparosprismáticos móveis. Para aproveitar omáximo de iluminação durante o dia,heliostatos instalados na cobertura doátrio acompanham o movimento dosol para redirecionar os raios para es-pelhos fixos que, por sua vez, projetamos raios para o átrio. Dentro do prédio,candelabros de espelhos redirecionamos raios para as salas.

O átrio central serve também para

receber o ar quente dos escritórios,que sobe e sai por sua cobertura. Essefluxo constante mantém os ambientesfrescos e ventilados nas estaçõesquentes. O prédio também recebeu ocertificado Leed Platina.

Um projeto assim, no entanto, nãopode ser transferido automaticamenteao Brasil, em cuja latitude o céu possuimuito mais luminância. "Enquantoem países de clima temperado as gran-des áreas envidraçadas se justificampelo aproveitamento de luz natural,

Espelhos

Cortina de vidro

Espelhos fixos

Cobertura prismática

Sede da empresa de biotecnologia Genzyme; escritório Behnisch Architekten empregouheliostatos, espelhos fixos e cobertura prismática para direcionar raios solares até oátrio central do prédio, onde são redistribuídos por espelhos suspensos

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PetrobrasVitória (ES) Sidonio Porto Arquitetos Associados� Áreas verdes e espelhos d'água entreos prédios, para manter microclimas� Relação janela–parede de 0,42 eaproveitamento de iluminação natural em2/3 da profundidade das salas� Coletores solares para aquecimento de água para restaurante

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� Painéis fotovoltaicos� Uso de painéis em concreto pré-fabricado� Água pluvial armazenada em lagospara ser reutilizada em irrigação� Tratamento de esgoto para reúso eminstalações sanitárias

Dynamic TowerDubai, Emirados Árabes UnidosDynamic Architecture (David Fischer)� Altura: 420 m (80 andares)� 79 turbinas eólicas de eixo vertical� Células fotovoltaicas� Montagem modular com pré-fabricados� Projeto conceitual, apartamentos sob encomendaDDeettaallhhaammeennttoo:: 20 primeiros andares: escritórios 21o ao 35o: hotel de luxo36o ao 70o: apartamentos residenciais71o ao 80o: mansões verticais Nas entradas das mansões serãoinstaladas garagens, que os moradoresmais afortunados acessarão por meio deelevadores para carros. Cada unidade, de 124 m2 a 1.200 m2, deverácustar entre US$ 4 milhões e US$ 40 milhões. D

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no Brasil elas apenas trazem proble-mas de ofuscamento de difícil contro-le", diz Westphal. "Não tem por queusar um peitoril transparente aqui,pois não há ganhos significativos emtermos de luz natural. Há, sim, o au-mento de carga térmica e desconfortopor assimetria de radiação." Para o en-genheiro, mesmo os caros vidros dealto desempenho que permitem a exe-cução de grandes áreas envidraçadassem prejuízo ao conforto térmico nãose justificam. "Aumentar custos não éa melhor solução do ponto de vista daengenharia. Não é sustentável."

Portanto, o melhor aqui seria di-minuir a área de janelas e projetarproteções solares externas como bri-ses, que permitem o bloqueio da ra-diação solar direta quando for indese-jável no interior da edificação.

Seriam necessárias soluções mira-bolantes dignas dos quadrinhos doprofessor Pardal para atingir a susten-tabilidade? Não, segundo o engenhei-ro Nelson Kawakami, diretor-executi-vo do Green Building Council Brasil,organização gestora da certificação desustentabilidade Leed (Leadership inEnergy and Environmental Design),que já tem 79 construções registradasno País, a maioria – mas não todas –no eixo Rio–São Paulo.

"A tecnologia ajuda, mas não é es-sencial", diz Kawakami. "O principalpara fazer um projeto sustentável é avontade de fazê-lo, e não a sofisticaçãotecnológica. O prédio do Banco SulAmericano (1960/63) de Rino Levi, naAvenida Paulista, já era um prédiocom conceito de sustentabilidade."

Kawakami cita como exemplo deconstrução sustentável brasileira oCenpes (Centro de Pesquisas da Petro-bras) no Rio de Janeiro,de Siegbert Za-nettini e José Wagner Garcia, que deveser concluído em 2010. "Ele traz tudode interessante do ponto de vista deum projeto sustentável e sem grandestecnologias", diz. Essencial para o pro-jeto foi a integração de todas as disci-plinas – arquitetura, sistemas de ecoe-ficiência, paisagismo, planejamento eprodução da obra. Para Kawakami,não existe mais espaço para o arquitetoformalista na era da sustentabilidade.

Pearl River TowerCantão, Guangdong, ChinaSkidmore, Owings & Merrill� Altura: 309 m (71 andares)� Turbinas elólicas de eixo vertical (Darrieus)� Painéis fotovoltaicos

� Base larga e estreita para captar mais vento� Torres d'água com resfriamentogeotérmico� Em construção

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Na capital paulista, o Eldorado Bu-siness Tower, do escritório Aflalo &Gasperini Arquitetos, obteve a pré-cer-tificação Leed Platina do GBC-Brasil.Para isso, atingiu 50% de economia deágua, 30% de energia e 75% de resí-duos desviados de aterros sanitários.

Canarinho ecológicoA Copa de 2014 deve botar em

prática no Brasil mais estratégias sim-ples a favor do meio ambiente. A Fifaexigiu que o estádio do Maracanã re-cebesse um estacionamento para pelomenos cinco mil carros na depredadaregião dividida entre o Maracanã eSão Cristóvão pela linha de trem. Oescritório Artetec Arquitetura pro-pôs a transformação do lugar emuma estação multimodal ecologica-mente correta, combinando as esta-ções existentes de trem, metrô e ôni-bus, um estacionamento de carrossobre a linha de trem e outro para bi-cicletas. Todos os estacionamentosem volta do estádio devem ser trans-formados em parques para aumentara permeabilidade do solo, freqüente-mente inundado no verão. Tambémum reservatório subterrâneo seráconstruído para armazenar as águasda chuva coletadas pela cobertura daestação, que depois devem ser usadaspara irrigação.

Estatal verdeO conjunto de 160 mil m² abriga-

rá o maior centro tecnológico daAmérica Latina, com 4.500 cientistas.Seu desenho, predominantementehorizontal, prevê um edifício centralde escritórios com 300 m de compri-mento e 50 m de largura do qual par-tirão prédios laterais, onde se abriga-rão laboratórios, orientados a Norte eSul para evitar a radiação direta.

O projeto foi fortemente influen-ciado pelo clima quente–úmido, deta-lhadamente analisado a partir de umbanco de dados climáticos feito peloLabaut FAUUSP de cada uma das8.760 horas de um ano, incluindotemperatura, umidade, direção e velo-cidade do vento, radiação solar e pre-cipitação. Suas plantas estreitas comfachadas sombreadas favorecerão ven-tilação e iluminação naturais e a vistapara o mar.Os edifícios serão conecta-dos por espaços de transição entre in-terior e exterior, com jardins implan-tados no terraço do edifício central,entre os prédios laboratórios, nasáreas de convivência e nas passagensentre edifícios, criando microclimas.

Outro ponto positivo é a indus-trialização de seus componentes –ponto em que, segundo Kawakami, oBrasil ainda precisa evoluir, mas quegrandes lideranças como o arquitetoJoão Filgueiras Lima, o Lelé, já desen-volveram sistematicamente.

O canteiro do Cenpes foi pensadocomo um local de montagem, e nãoconstrução. Com exceção de algunspilares de apoio e fundações de con-creto, privilegiou-se o uso do aço nasestruturas, enquanto o fechamentoexterno foi feito com painéis pré-moldados de concreto e as vedaçõesinternas, em drywall.

Além de um canteiro de obraslimpo, isso permite uma grande flexi-bilidade para desmontar, transportare montar as peças caso seja necessárioreconfigurar o layout do prédio.

Outra unidade da Petrobras –um conjunto de 110 mil m² numaárea arborizada da praia do Canto,Vitória (ES) – foi projetada pelo es-critório de Sidonio Porto com estra-tégias ambientais.

Além de levar em consideração aorientação solar e usar um cinturãoverde de árvores antigas, SidonioPorto prevê microclimas mantidospor espelhos d'água e vegetação, bri-ses de chapas perfuradas em branco,aletas que formam uma espécie de ve-neziana externa e vidros com pig-mentação verde-claro. Isso não ape-nas protege da insolação como nãoimpede a circulação do ar junto às fa-chadas.A previsão é que o ganho solarfique abaixo de 0,35.

Estudos de vento foram feitos a par-tir de dados do Ministério da Aeronáu-tica relativos ao aeroporto de Vitória. Acombinação do arranjo dos edifícios e atopografia do terreno permitirão a inci-dência dos ventos sobre todo o conjun-to. Nos edifícios que precisarem de ar-condicionado, a ventilação natural so-bre as fachadas removerá parte do calorabsorvido da radiação solar.

A maioria de seus prédios terá nalaje um piso técnico aberto, como umhiato entre o volume construído e suacobertura. Isso formará um espaçointermediário ventilado que cancela-rá ganhos advindos da radiação solar.Já a cobertura do auditório terá umterraço-jardim.

Mas não são necessários os inves-timentos de uma megaestatal paraconstruir verde.

Edifício Suíte Vollard, concluído em 2004; sua construtora, a curitibana Moro, afirmaser o primeiro no mundo a girar. O recurso, que não tem propósito ambiental, elevouo custo das unidades a R$ 1,5 milhão

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Aberturas na cobertura da novaestação liberarão o ar quente, en-quanto um jardim interno imensoabaixo do nível térreo contribuirápara o microclima e painéis solaresna cobertura e no estacionamentogerarão energia. O projeto deve co-meçar a ser realizado em agosto de2009, mas já rendeu uma mençãohonrosa no prêmio Holcim de 2008para a América Latina.

Com o pé mais no chão, estraté-gias podem ser adotadas nas maissimples construções. É o que mostrouum time do Laboratório de EficiênciaEnergética em Edificações da Univer-sidade Federal de Santa Catarina lide-rado pela arquiteta Maria AndréaTriana e pelos engenheiros RobertoLamberts e Marcio Antonio Andradeao desenvolver uma torre de armaze-namento, tratamento e aquecimento

solar de água pluvial que pode ser in-corporada tanto por moradias novasquanto existentes, mesmo em regiõesonde predominam autoconstruçõesde grande adensamento. O projetoganhou menção honrosa na premia-ção da Holcim.

Em uma porção inferior da torrede ferrocimento há uma cisterna quearmazena água de chuva coletadapelo telhado da casa. Ela é utilizada,por exemplo, nas descargas. Um cole-tor solar aquece essa água, que é man-tida quente em um tambor, para serutilizada no banho. Ao substituir ochuveiro elétrico, um quarto do con-sumo de energia da casa pode ser re-duzido. Já na parte superior é armaze-nada água tratada e potável, para astorneiras de pias.

Eliane considera os coletores sola-res para aquecimento de água umadas alternativas mais interessantes."Infelizmente, seu uso no Brasil aindaé muito tímido. Agora que estão sur-gindo leis municipais e políticas deincentivos para essa tecnologia.Porém há muito por fazer pois nãobasta exigir seu uso. As edificaçõestêm que estar preparadas para recebê-las", diz a professora.

Seja de alta ou baixa complexida-de, disseminar tecnologias energeti-camente eficientes é importante paraque futuramente seus custos caiam."Foi o que aconteceu com as lâmpa-das fluorescentes compactas", exem-plifica Westphal. "No início, eramcaras e a economia não pagava o in-vestimento em curto prazo." Com seuincentivo, ganharam credibilidade,seu uso cresceu, e sua oferta também.Resultado: hoje há lâmpadas com-pactas de qualidade por R$ 9,00 con-tra incandescentes comuns a R$ 2,00."O custo é quatro vezes maior e a efi-ciência também. Ou seja, ela se paga."

E esse é o papel de certificaçõescomo o Leed – ou dos experimentosde "professores Pardais".Empresas quetêm recursos instalam tecnologias ino-vadoras. Isso impulsiona a introduçãodessas inovações no mercado, popula-riza os produtos e reduz os custos. Nofim, todos saem ganhando.

Maurício Horta

Melhores estratégias para um prédioenergeticamente eficiente no Brasil� Uso de brises para promover aproteção solar nas horas mais críticas�Peitoris opacos, com tratamento térmico� Uso de vidros com baixo fator solar� Integração entre luz natural eartificial, por meio de sensores econtroles que promovam odesligamento do sistema artificialquando a luz natural for suficiente� Sistemas de ar-condicionado com alta eficiência e adequadamente dimensionados

� Ciclos economizadores integrados aossistemas de ar-condicionado, quando oclima for propício� Sistemas de distribuição de ar e controlemais individualizados�Ventilação natural, quando o uso daedificação permitir�Simulação computacional do desempenhotérmico e energético da edificação paradefinir as estratégias mais adequadas aoclima e dimensionar adequadamente ossistemas de ar-condicionado

Bahrain World Trade CenterBahrainAtkins� Altura: 240 m (50 andares)� Três turbinas eólicas de eixo horizontal

de 29 m de diâmetro e 225 kW máximoscom ventos entre 15 e 20 m/s� Status: construído� Geração: 1,3 mil MWh por ano

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CENTRO TECNOLÓGICO

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Padrão sustentávelNova unidade de pesquisa e treinamento da Mahle levou a coordenação deprojetos até às últimas consequências, para um resultado sustentável e degrande impacto arquitetônico

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Graças ao método cooperativo detrabalho, foi possível "juntar as duaspontas". Para esse Centro de Tecnolo-gia, o trabalho ficou menos burocráti-co: quem fez o projeto tratou direta-mente com a construtora e suas de-mandas, evitando um caminho hie-rárquico e demorado de diversasaprovações, totalmente desconecta-das com a realidade do canteiro deobras. "Participávamos todos de reu-niões semanais para apontar mudan-ças, recalcular custos e propor novosprazos", conta o arquiteto.

Roberto acredita que o funda-mental é administrar desentendi-mentos e crises de forma criativa. "ATorre de Babel é uma realidade, e de-pois de algum tempo de trabalho jun-tos começaram a emergir os atritos.Para resolvê-los, fizemos uma reuniãocoletiva com todos os que participa-vam da obra, como em uma grandeouvidoria, com o objetivo de detectaro que era desorganização, desculpa eintrigas, e quais eram exatamente asfaltas substanciais no canteiro."

O resultado foi uma obra executa-da dentro do orçamento do cliente,no prazo estipulado, e que teve ótimarepercussão com o contratante.

Estudos do campoNo início das negociações, a

Mahle entregou ao escritório de ar-quitetura um programa de uso feitopelas pessoas que ocupariam o novo

RESUMO DA OBRA

Proprietário: Mahle Metal Leve S/ALocalização: Rodovia dosBandeirantes, Jundiaí (SP)Atividade final: industrialPeríodo de implantação: dez/2006 aabril/2008Construção: Racional Engenharia Ltda.Gerenciadora: Roberto Loeb eAssociados Ltda.Área construída: 17.200 m² Área do empreendimento: 50.000 m²Área total: 125.000 m2

(incluindo a Área de

Arquitetura, interiores, gerencia-mento de projetos e de obras.

Quando assumiu o que viria a ser onovo Centro de Tecnologia e Pesquisada Mahle Metal Leve, em Jundiaí(SP), a Roberto Loeb Associadostinha a intenção de implantar ummodelo de trabalho quase ideal, e queraramente se coloca em prática:"Queríamos romper com o padrãoem que o arquiteto desenha a forma ea construtora a constrói", explicam osautores Roberto Loeb e Luis Capote.

"Fomos responsáveis por todo oprocesso: conceito, projetos de arqui-tetura, hidráulica, elétrica, estrutura,gerenciamento, pagamentos. Partici-pamos, junto com o cliente, da seleçãoda construtora. Fomos nós quem es-tabelecemos os critérios – e a escolhi-da foi a Racional Engenharia, porqueera a que tinha o melhor currículo e omelhor escopo de propostas. Eles fize-ram a revisão das especificações e dossistemas construtivos de forma a nãoalterar qualidade e conceito arquite-tônicos originais e nem extrapolar oteto declarado pelo cliente para o or-çamento", resume Loeb. Para ele, essaé a única forma de evitar os clássicosconflitos entre projeto e construção.

O segredo, conta, é fechar o focoem resultados, não perder tempo comdisputas de poder e dar continuidadeao trabalho – os arquitetos também fi-zeram interiores, comunicação visual eainda prestam serviços de atendimen-to pós-obra. A construtora, por outrolado,fica mais protegida: "É oferecido aela um canal de diálogo; a obra não setorna uma camisa-de-força onde aconstrutora tem que tomar decisões,sozinha, interferindo no resultado es-perado pelo cliente", diz Loeb.

"Entramos com a engenharia devalor, consultores técnicos e a convi-vência com gerenciadora, para levan-tar a melhor solução logística e viabi-lização de orçamento e prazos", contaWaldemar Marotta Júnior, diretor-executivo da Racional.

Proteção Permanente)Volume de Concreto: 9.500 m³(incluindo 800 m³ de vigas pré-moldadas)Estrutura metálica: 250 t Aço: 450 tEstacas escavadas: 3.000 mTubulões: 560 mLaje alveolar: 13.800 m² Ar-condicionado: 800 TRCarga elétrica: 5.500 KVANúmero de trabalhadores: 500,no pico (em jan/2008)

Uma escada transversal resolve a circulação interna em cada um dos três edifícios; madeirapara pisos e uso do azul na iluminação criam conforto e fazem a comunicação visual

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prédio. Elas sabiam bem o que que-riam, mas não sabiam colocá-lo emnúmeros. "O resultado era sempre umprédio muito maior do que o pensadopela Mahle. Para solucionar, enxerga-mos que haveria inúmeros 'clientes' –laboratórios especializados, equipe decombustíveis, equipe da sala de testes,recursos humanos –, e a abordagemfoi atender a todos individualmente,como se fossem projetos separados,conta Loeb."

Depois de definidos, para cadaambiente, sua ocupação, quantidade

de luz e energia necessária, máqui-nas e equipamento, impacto sobreestrutura do edifício, entre outros,foi passado aos futuros ocupantes daedificação um checklist para queaprovassem as idéias dos projetistas.Elas se transformaram, enfim, emtrês edifícios semicirculares interli-gados, nos arredores das rodoviasBandeirantes e Anhanguera, cujaimplantação foi estudada em sobre-vôos de helicóptero.

Segundo os arquitetos, para resol-ver a implantação bastou observar a

maneira como agricultores no entor-no do terreno respeitavam as curvasde nível. "O programa já previa três ní-veis – área social, equipes de pesquisa esalas de teste –, e tínhamos de obede-cer a algumas diretrizes do terreno, emdeclive: o impacto sobre ele tinha deser mínimo, porque se tratava de áreade preservação ambiental,e decidimosentão implantar edifícios circularesem três níveis, para que o terrapleno –deslocamento de terra – fosse evitadoao máximo", descreve Roberto.

Um túnel pré-fabricado de concre-to (2 m x 2,5 m) interliga os três edifí-cios (ou três anéis) por um eixo centralque se ramifica nas asas, e dá enormeflexibilidade às instalações prediais einfra-estrutura (energia, combustíveis,informática). Já a circulação entre osedifícios fica resolvida, dentro de cadaprédio, por uma escada transversal e,entre eles, por uma ponte.

Solução arquitetônica relativamen-te simples, para um projeto de grandecomplexidade, o Centro de Tecnologiatem iluminação natural e vista para ohorizonte em todos os anéis (cada umdeles com um pavimento térreo e ummezanino). "Em duas das lajes usamossistema de proteção térmica com len-çóis d'água,que dão condições de reser-va para incêndio, além de criarem mi-croclima mais amigável", define Loeb.

Condução da obra"Entramos junto com a empresa

contratada para a terraplanagem,para acompanhamento dos trabalhose, conforme os anéis iam sendo libera-dos, iniciávamos a fundação", afirmaMarcelo Soerensen, gerente de proje-tos da Racional. Ele confirma que ocálculo do transporte de terra foi feitopara evitar sua importação ou expor-tação e, assim, maiores interferênciasna geologia do entorno, que é área depreservação permanente (APP). Odesnível entre um anel e outro variade 9 m a 10 m, e a implantação segue adeclividade do morro.

Os taludes que iam surgindo foramamplamente integrados à arquitetura,ficando à vista em áreas internas dosprédios, como vestiário e restaurante.Criava-se um platô e um talude, suces-

Peças estruturais de concreto armado protendido eram pré-fabricadas na porçãosuperior do terreno; fôrmas de pilares circulares eram montadas sobre o bloco defundação e depois concretadas

A implantação em três níveis circulares respeitava a declividade do terreno e evitavao deslocamento de terra, com redução dos impactos ambientais

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sivamente; tudo o que era escavado,aproveitava-se no mesmo lugar, con-tam os engenheiros da Racional.

Como a arquitetura definiu fun-dações e estruturas, a engenharia en-trou para o seu desenvolvimento – emconcreto e metal. "No caso das funda-ções sobre os platôs, a escavação eramecânica (estacas escavadas consti-tuídas por concreto); sobre os taludes,teve de ser manual, por questões deagilidade e segurança", explica Marot-ta. Ele relata que no terceiro anel haviapilares que nasciam no meio do talu-de, onde não foi possível entrar commáquinas. Nesses pontos, construía-se um pequeno platô, para que tubu-lões manuais fossem executados.

No que diz respeito à estrutura,ponto nodal foi a logística no canteiro.Não era possível trazer a ele peças pré-fabricadas que excedessem 16 m, poiso acesso era dificultado pelo declive doterreno. "Assim, foi montado na partesuperior do terreno, acima do terceiroanel, um segundo canteiro, de pré-moldados, onde peças estruturais deconcreto protendido eram produzidasem fôrmas metálicas e depois trans-portadas com guindaste", afirma Soe-rensen. "Os pilares, por serem circula-res, foram moldados 'in loco': a fôrmaera montada sobre o bloco de funda-ção e depois concretada."

Os engenheiros contam, porém,que a estrutura metálica estava no pro-jeto original. "Haveria o grande conve-niente do peso e da montagem, mas ocusto era mais elevado, e optamosentão pelo sistema de vigas pré-moldadas, pilares 'in loco' e lajes alveo-lares e treliçadas. A estrutura metálicaficou apenas para brises e marquises",conta Soerensen. Como lajes erampeças menores, a logística de transpor-

ção, restaurante, vestiários, auditórioe estacionamento.

Estruturalmente, os mezaninossão iguais nos três anéis. "São vigaspré-moldadas, com lajes alveolaresapoiadas sobre pilares circulares mol-dados 'in loco'", ressalta o engenheiroda Racional.

Brises e marquises externas têmestrutura metálica: os primeiros blo-queiam insolação por toda a extensãodos três edifícios, protegendo os me-zaninos com chapas perfuradas e per-fis especialmente desenhados para oprojeto. "Têm função de cobertura",afirma Soerensen. Já as marquises sãoconstituídas por telhas metálicas.

A fixação adotada é a de chumba-dores metálicos, com arranques dei-xados nas vigas ou nos pilares duran-te a pré-moldagem (para, depois,serem aparafusadas "in loco"). Ondeocorreram algumas adaptações deprojeto, e o brise teve de ser ampliado,usaram-se chumbadores químicos.

te foi facilitada; elas foram compradase trazidas para o canteiro de obras.

Marotta conta que o terceiro anelexigiu cuidados especiais de um pro-jetista de estruturas contratado parafazer esses cálculos. Grandes bases deconcreto armado de 11 t são apoiadassobre a estrutura pré-moldada, inter-mediadas por amortecedores. A solu-ção responde à necessidade das salasde teste de motores.A idéia era que vi-brações provocadas sobre as bases nãofossem transferidas à estrutura. "Écomo se tivéssemos construído umacaixa dentro de outra caixa maior,com os amortecedores entre elas",aponta Roberto Loeb. No mezaninodo terceiro anel está o coração do cen-tro de testes, com ar-condicionado,subestação de combustível, ar com-primido, abastecimento de água paraarrefecimento e ventilação.

No segundo anel ficam laborató-rios e data center, enquanto o primei-ro andar é reservado para administra-

Taludes à vista são importante elemento arquitetônico; no terceiro anel, pilaresnascem no meio dele, o que exigiu escavações manuais

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O desnível entre um anel e outro é de cerca de 10 m.A implantação segue a declividade do morro

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Respeito ambientalO meio ambiente foi fator essencial

ao direcionamento dos trabalhos nocanteiro de obras. Não houve aloja-mento para as equipes dentro ou pró-ximo do terreno (o convívio não eraideal,com geração de lixo e outros resí-duos, como esgoto), e os pernoitesforam em Jundiaí e Jordanésia, comtransporte diário até a obra.

Foram discutidos muitos detalhescom a Secretaria do Meio Ambiente,como o uso de uma cerca de arame lisocom aberturas que protegessem a APPda ação dos operários e permitisse, aomesmo tempo, que animais das matasarredores transitassem livremente.

Para o abastecimento da obra, foifeito um poço artesiano que ficou, de-pois, para uso do empreendimento.Não há rede externa de abastecimento."Trata-se de zona rural, no meio damata da Serra do Japi; apesar do en-contro das duas grandes rodovias, não

havia fornecimento de água e nem sis-tema de esgoto", conta Marotta.

Além do poço artesiano, foi desen-volvido um sistema de tratamento deesgoto dentro do próprio terreno,comreaproveitamento de água.As estaçõesde tratamento ficam em sua porçãomais inferior: "São tratados tanto o es-goto sanitário quanto o industrial; oúltimo em proporção bem menor(500 l diários, comparados com os 25m3 de capacidade do tanque). A águacom o esgoto sanitário sofre trata-mento biológico e é reusada em ba-cias, mictórios, espelhos d'água e siste-ma de arrefecimento de motores emteste", explica Marcelo. A água resul-tante do tratamento do esgoto indus-trial também é reutilizada. "Estaçõesde tratamento químico e biológico sãosistemas separados, assim como os deágua para reúso e água potável." Espe-lhos d'água, por sua vez, têm um siste-ma de circulação interno, que fica nos

mezaninos, com processos de sucção,filtragem e bombeamento.

Acompanhando o conceito am-biental do projeto, taludes ficam expos-tos nos interiores, sem qualquer revesti-mento. No primeiro anel, em áreas so-ciais,a terra à vista está protegida por umvidro,para que usuários não pisem nemjoguem lixo; nas áreas externas, onde otalude aparece, é coberto por vegetaçãode sombra e meia-sombra. Nos vestiá-rios, ele é cercado por uma mureta, e a

A entrada de luz natural é facilitada pela arquitetura de interiores (forro) eaproveitada em salas de trabalho com fechamentos em vidro

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FICHA TÉCNICA

Projeto básico e projetodetalhado: Roberto Loeb eAssociados; projeto estrutural:Escritório Técnico CésarPereira Lopes; estruturasmetálicas: Projeto Alpha;fundações: Infra-Estrutura;elétrico/hidráulico: RobertoLoeb e Associados/J. Pinha;HVAC: Roberto Loeb eAssociados/GlobalClima;iluminação: Roberto Loeb eAssociados e Senzi; construçãocivil: Mega (empreiteiraprincipal); 33 A, JRSA, CPG(subempreiteiras); controle daqualidade da construção: JBA eFalcão Bauer; estruturasmetálicas: Sulmeta; montagem:elétrica: Teckma; hidráulica:Teckma; mecânica: Teckma; ar-condicionado: Climapress;cobertura: Metalúrgica Barrado Piraí; concreto estrutural:Holcim; aço estrutural: Gerdau;fôrmas e escoramentos: SHFôrmas e Rohr; pré-moldadospara estrutura e fechamento:Concreciti e COM;equipamentos de ar-condicionadoe ventilação: Climapress eCarrier; transformadores:Contrafo; gerador: Stemac;quadros elétricos: Monter;luminárias; Interpan eLumicenter; guindastes:Gonçalves, Cunzolo e Içaar;forros: Ciasul; divisórias:Dimoplac, Abatex e Metalplac;vidros: Vidraçaria SãoFrancisco e Gattera;esquadrias/venezianas: Alphafer,Sermontec, Kelfla, Firmino,RackAccima; pisos: Tecnipiso,Gran Nobre, Felgueiras, ACE eAnchortec; tratamento acústico:Isonar; pinturas: Isocor;marcenarias: Ghilhen; ETE:Procytec (contratado pelocliente); combustíveis: Teckma;arrefecimento: Teckma; gasesespeciais: White Martins;balança para caminhões: Toledo

terra fica totalmente aberta ao usuário,"in natura",como gostam de dizer os en-genheiros. "Como não há incidência di-reta de água,não fizemos nenhum siste-ma de contenção – o talude já foi calcu-lado em inclinação ideal para que per-manecesse estável", conta Soerensen.

As instalações elétricas também exi-giram planejamento especial: quantomais próxima a subestação de distribui-ção elétrica estiver dos pontos de maiorcarga, maior será a economia com ma-teriais, já que os cabos de baixa tensãocustam mais. A empresa levou o racio-cínio ao pé-da-letra e construiu duassubestações – uma para primeiro e se-gundo anéis, e outra para o terceiro. Doponto de chegada de energia até as su-bestações,colocaram-se cabos de médiatensão e, apenas a partir das subesta-ções, saem os cabos de baixa tensão, di-retamente para os equipamentos.

Fechamento e interioresA alvenaria tem revestimento rús-

tico, e a exposição dos taludes faz aponte com o conceito arquitetônicomais "natural". Nas fachadas, grandesvãos são fechados em vidro, com per-fis não encaixilhados, o que oferecemaior continuidade e transparência.

O projeto inicial previa piso eleva-do e forro – cujo valor ultrapassava oteto orçamentário –,o que levou os ar-quitetos a eliminarem totalmente opiso, além de optarem por placas mi-nerais acústicas.

"Para substituir o piso elevado,foram sugeridos sistemas de tubosmetálicos verticais de Ø 2" (que cap-tam toda a fiação elétrica), como pos-tes, removíveis, que vão do forro até asmesas de trabalho; tubos de ar-condi-cionado também ficaram aparentes, oque fez com que ganhássemos muitono custo e no prazo", conta Loeb.

As salas de teste do terceiro anelsão isoladas acusticamente com pla-cas de lã de rocha de 2" de espessura:portas de metal com borracha de ve-dação e paredes protegidas por mate-rial metálico perfurado e absorventerevestem todos os ambientes. Alvena-rias foram preenchidas com areiapara que se chegasse à atenuaçãoacústica de 40 dB.

"A iluminação influencia confor-to e disposição ao trabalho, com bi-blioteca, restaurante e áreas sociais,no primeiro anel, avarandadas",mostra o arquiteto responsável.Assim, os pisos são em granilite, ma-deira, ou manta vinílica; onde salasfechadas foram necessárias, a solu-ção foi usar divisórias com forroacústico, desmontáveis e flexíveis.Para Loeb, a vantagem é que os ver-dadeiros contêineres, que são assalas de reuniões, por não terem li-gação construtiva com o piso ou oforro, podem ser transferidas paraoutras áreas, conforme a necessida-de do cliente.

Giovanny Gerolla

Nas salas de teste do terceiro anel, paredes estão protegidas por material metálicoperfurado absorvente; alvenaria preenchida com areia atenua som em 40 dB

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IMPERMEABILIZAÇÃO – PINI 60 ANOS

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Os números informados por umafabricante de sistemas de imper-

meabilização mostram o nível de ma-turidade em que chegou esse segmen-to: se no início da década de 1990eram apenas 15 ou 20 produtos dispo-níveis em seu catálogo, hoje chegam amais de 150.

Uma extensa gama de produtose sistemas de impermeabilizaçãosurgiu na década de 1970 – mantase emulsões asfálticas, emulsõesacrílicas, sistemas à base de epóxi eà base de cimento modificado compolímeros. No entanto, de acordocom Flávio de Camargo Martins,coordenador técnico de uma em-presa associada ao IBI (InstitutoBrasileiro de Impermeabilização),apesar de alguns desses sistemas

Tecnologia estanqueDesenvolvimento de novas matérias-primas permitiu aos fabricantes ampliar adiversidade de sistemas de impermeabilização asfálticos e não-asfálticos

Linha do tempo

Década de 1920�A impermeabilização dos primeirosedifícios no Brasil era feita com piche,e o asfalto era importadoprincipalmente da Alemanha e daSuíça. A tendência de aplicação doproduto se estendeu até a década de 1940.

Década de 1930� O engenheiro Otto Baumgart trazda Europa um produto composto desais metálicos e silicatos, aplicável asistemas rígidos, misturados àsargamassas e concretos. O material éusado até hoje.

Década de 1950� Década de criação da Petrobras,do Conselho Nacional de Petróleo eda Refinaria Presidente Bernardes,em Cubatão. A indústria brasileira deimpermeabilização se desenvolve,lançando novos produtos nomercado. Surgem as emulsões esoluções asfálticas, além de feltrosasfálticos e asfalto oxidado, todosprodutos nacionais.

Década de 1960� Cresce a penetração no mercadodos elastômeros sintéticos(neoprene e o hypalon). Começa,

também nessa época, a fabricaçãodas primeiras mantas elastoméricasbutílicas. Com notável elasticidade eboa durabilidade, o produtorepresentou um salto de qualidadeda impermeabilização na construçãobrasileira. Resistente a grandesvariações térmicas e a intempéries,as mantas butílicas são adequadaspara uso em estruturas sujeitas agrandes movimentações.

Década de 1970�A ABNT (Associação Brasileira deNormas Técnicas) cria a primeiracomissão de estudos de

Impermeabilizantes de base betuminosa, como as mantas asfálticas, ainda são osprodutos mais utilizados pelos construtores brasileiros

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Proteção duplaUsada em superfícies onde não hámargem de tolerância para infiltrações evazamentos, essa manta combina duascamadas redundantes deimpermeabilização: uma membranatermoplástica junto a uma mantageotêxtil de bentonita. A primeira, de altaresistência mecânica, funciona como umacamada de proteção passiva contrainfiltrações. No entanto, caso essaprimeira membrana falhe e se rompa, amanta geotêxtil entra em açãopromovendo proteção ativa por meio dabentonita sódica, que, em contato com aágua, expande-se e se torna impermeável.

Fitas auto-adesivasUtilizadas na colagem de mantas deEPDM, o produto funciona como uma fitadupla face de alto desempenho. A fitareduz o tempo de execução daimpermeabilização das estruturas. Podeser aplicado a mantas aderidas à laje,mecanicamente fixadas ou flutuantes.Proporciona aumento de produtividade –o serviço pode ser feito até duas vezesmais rápido, de acordo com o fornecedor.

impermeabilização. As primeiras normastécnicas surgem na metade da década.�As obras do Metrô de São Pauloimpulsionam o desenvolvimento datecnologia de impermeabilização noPaís. Cresce a preocupação com aanálise e especificação dos materiais. � É fundado o IBI (Instituto Brasileirode Impermeabilização), para difundirinformações técnicas a aplicadores,fabricantes, construtores, usuários eprofissionais de órgãos públicos eoutras entidades.

Década de 1980�Mercado começa a utilizar mantas

de EPDM, produto elastomérico decaracterísticas semelhantes às dasmantas butílicas. Surgem também asmantas asfálticas com armadura depoliéster não-tecido que se aderem àbase por asfalto oxidado a quente.

Décadas de 1990 e 2000� São desenvolvidas mantas comacabamentos diversos, comoalumínio, ardósia e poliésterpintável. Novas matérias-primasconferem maior resistênciamecânica e química a mantas,emulsões e sistemas deimpermeabilização rígida.

terem se popularizado entre osconstrutores, outros acabaramcaindo no ostracismo. "Devido aoalto custo e pequena disponibilida-de de matérias-primas no mercadonacional, [esses produtos] não em-placaram e acabaram ficando res-tritos a campos de aplicação especí-ficos", explica Martins.

Porém, veio a década de 1990 e asituação mudou. No segmento demantas, destaca-se o desenvolvi-mento de mantas asfálticas de altaperformance, modificadas comnovos tipos de polímeros, que incre-mentaram o desempenho e a dura-bilidade desses sistemas. Tambémsurgiram as mantas com revesti-

mentos variados, como alumínio,ardósia e poliéster pintável, para usoem áreas de tráfego leve e que dis-pensam aplicação de revestimentosprotetores. Mantas anti-raiz, que in-corporam herbicidas, também sãoexemplos de novos produtos.

Segundo Marcos Storte, gerentede negócios de outra empresa mem-bro do IBI, a introdução de novas re-sinas permitiu o desenvolvimento demais produtos também no segmen-to de impermeabilização moldada“in loco”. Martins concorda, ressal-tando o surgimento de matérias-pri-mas de polímeros acrílicos commaior flexibilidade e menor absor-ção de água.

Emil Fehr, gerente de marketingde outro fabricante associado à enti-dade, explica que o mercado brasilei-ro tem visto surgir diversos produtosde base não betuminosa com carac-terísticas "interessantes". No entanto,alerta, muitos produtos importadosforam desenvolvidos para realidadesdiferentes da brasileira – comoclima, sistemas construtivos, dispo-nibilidade de certos insumos etc. – enão necessariamente são soluçõesque se ajustem à realidade do País. "Oideal é a utilização de produtos que jáestejam previstos em uma normatécnica brasileira", afirma.

Renato Faria

Conheças alguns produtos

Introdução de novas resinas permitiuaprimorar sistemas de membranasacrílicas cimentícias

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Aderência a frioAs mantas auto-adesivas dispensam o usode maçarico ou emulsão asfáltica, reduzindoos riscos para os aplicadores quanto aqueimaduras e exposição a gases tóxicos.Sua face superior é revestida com váriaslâminas entrecruzadas de PEAD (Polietileno

Cristalização capilarAplicado em forma de pasta, oimpermeabilizante por cristalização capilarpenetra na matriz do concreto. Em contatocom a água, seus componentes químicossão ativados e cristalizam-se, vedandofissuras e microcanais que se formam noconcreto. O processo funciona compressão d'água positiva ou negativa.Compatível com concretos, blocos eargamassas, o produto não tóxico pode serusado inclusive em reservatórios de águapotável. Dispensa longos períodos de cura.

Manta para piscinasDe aparência semelhante à das demais mantas do mercado, as mantas especiais parapiscinas apresentam maior resistência mecânica para suportar a carga dinâmica daágua contra a estrutura. À base de asfalto, o produto é estruturado com uma camadade não-tecido em poliéster e coberto com filme de polietileno.

Manta isolanteAs mantas asfálticas revestidas, na faceexposta, com filme de alumínio refletemgrande parte da radiação solar,proporcionando maior isolamentotérmico ao ambiente, além daimpermeabilização em si. Aplicável emestruturas não transitáveis, o produtotambém dispensa proteção mecânica.

Mantas anti-raizA adição de herbicida à base deasfalto no processo de produção é aprincipal característica das mantasasfálticas anti-raiz. Isso proporcionaao produto proteção contra o ataquede raízes de plantas, que podemperfurar a manta, afetando o sistemade impermeabilização.

Membranas EPDMAs membranas de borracha EPDM sãoresistentes aos raios UV, ao ozônio e àdegradação por calor. Mesmo submetidas abaixas temperaturas, continuam com altaflexibilidade. Podem alongar-se em maisde 400%, o que lhes confere alto poder deabsorção de movimentação da estruturaimpermeabilizada.

de Alta Densidade), que proporcionamestabilidade dimensional, resistência arasgos, puncionamentos e impactos. A faixaadesiva fica na extremidade inferior damanta. Sua aplicação deve ser feita sobresuperfície limpa e revestida com primer.

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Envie artigo para: [email protected] texto não deve ultrapassar o limitede 15 mil caracteres (com espaço).Fotos devem ser encaminhadasseparadamente em JPG.ARTIGO

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As fachadas das edificações apre-sentam alteração de cor e escure-

cimento ao longo de sua vida útil, exi-gindo limpezas freqüentes, com gran-de impacto nos custos de manutenção.Surgiram diversos métodos objetivan-do reduzir a velocidade de alteração decor das fachadas modificando-se aspropriedades superficiais dos mate-riais de construção.

A técnica mais comum para essefim é a hidrofugação, também denomi-nada no mercado por impermeabiliza-ção, e que reduz a absorção de água e,conseqüentemente, o crescimento demicrorganismos, o principal responsá-vel pelas sujidades. Ocorre, porém, queessa técnica tem efeito reduzido nas de-mais causas da alteração de cor das fa-

O uso da fotocatálise emmateriais autolimpantes

chadas, quais sejam: deposição de par-tículas de poluição e pichação.

Uma técnica moderna que vemsendo desenvolvida é a fotocatálise,que tem como base a criação de super-fícies autolimpantes pela simples inci-dência de radiação ultravioleta. O seudesenvolvimento teve início na décadade 70, no Japão, quando o pesquisadorHonda e seu aluno Fujishima, com oobjetivo de criar sistemas para trata-mento de água mais eficientes, desco-briram que alguns semicondutores sãocapazes de reduzir a água em hidroxilae oxigênio, quando incididos por ra-diação ultravioleta (Mills et al, 2002).

A aplicação dessa técnica para aconstrução civil teve início na década de90 do século passado, no Japão, quandoempresas e universidades iniciaram ostestes em concretos e placas cerâmicas.

Desde então, o interesse pela apli-cação da técnica, aplicada a outros ma-teriais tem crescido em todo o mundo,principalmente por conta do potencialde tornar as superfícies autolimpantese por possibilitar a transformação de

Flávio Maranhãodoutorando do Departamento de

Construção Civil da EscolaPolitécnica da Universidade de SãoPaulo e professor da Faculdade deTecnologia e Ciências Exatas daUniversidade São Judas Tadeu

Kai Lohprofessor doutor do Departamento

de Construção Civil da EscolaPolitécnica da Universidade

de São Paulo

Vanderley Moacyr Johnprofessor doutor do Departamento

de Construção Civil da EscolaPolitécnica da Universidade

de São Paulo

Figura 1 – Exemplos de uso de painéis com propriedades fotocatalíticas no Palácio da Polícia (Bordeaux, França) e na Igreja daMisericórdia (Roma). Obtido em www.italcementigroup.com no dia 22 de janeiro de 2008

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partículas poluentes como NOx e VOC(tolueno, xileno, em compostos me-nos agressivos como CO2, H2O, O2) esais minerais.

Os grandes marcos que impulsio-naram a fotocatálise são:� Projeto PICADA da união européia(www.PICADA-PROJECT.com)�Projeto COSTO Action 540 tambémda União Européia (www.cost540.com)�Photocatalyst Techno Fair no Japão.Feira que apresenta as inovações tec-nológicas sobre o temaAinda não existem normas técnicasque permitam avaliar a eficiência dosprocessos fotocatalíticos, como ressal-tado por Peterka et al (2007), o que di-ficulta a disseminação de produtoscom essas propriedades. Já existe umagama de produtos comercializados

utilizando os processos fotocatalíti-cos, em sua maioria destinada aosprodutos não-porosos. As aplicaçõesmais comuns são:�Antiembaçantes: vidros e espelhos� Autolimpantes: tintas, vidros ecerâmicas � Antibactericidas: placas cerâmicasesmaltadas,purificadores de ar e água,vasos sanitáriosDesses,os produtos com maior sucessocomercial são os vidros autolimpantes(Mills et al,2006). Diversas empresas jácomercializam esse tipo de produto emtodo o mundo, dentre os quais: Pil-kington Glass (nome comercial: Acti-ve™); Pittsburg Plate Glass (nome co-mercial: SunClean®); St-Gobain (no-me comercial : Bioclean®) e AFG (no-me comercial: Radiance Ti ®).

Os edifícios considerados comomarcos no uso dessa técnica são: a Igre-ja Dives in Misericordia em Roma, Itá-lia, e a sede da polícia de Bordeaux,França, ambos construídos em 2003.

Apesar de ser uma área de pesquisacom crescente intensidade nos paísesmais desenvolvidos, no nosso país exis-tem apenas pequenas iniciativas sobre otema. Dentre esses, destacam-se traba-lhos do grupo liderado pelo professordoutor Wilson Jardim,do Departamen-to de Química da Unicamp (exemplo deartigo, Nogueira; Jardim, 1998) e o lide-rado pela professora doutora MarciaMakito Kondo,da Universidade Federalde Itajubá. Ambos os grupos utilizam afotocatálise para o desenvolvimento desistemas de tratamento de água (exem-plo de artigo: Santos; Kondo, 2006).

FotocatálisePrincípio físico

A fotocatálise é um processo natu-ral que ocorre em semicondutoresquando excitados por radiação ultra-violeta. Os semicondutores caracteri-zam-se por possuírem uma camada devalência incompleta e uma camadacondutora separada por uma "band-gap". Nos condutores essa "bandgap" éinexistente enquanto que nos isolantesela é muito grande.

Esses materiais, quando são incidi-dos por uma radiação ultravioleta comenergia igual ou superior à energia da"bandgap" (hv), provocam transferên-cia de elétrons da banda de valênciapara a condutora, com energia capaz

Figura 2 – Esquema de oxidação deredução de semicondutores. BV = Bandade Valência e BC = Banda Condutora

Figura 3 – Representação dos orbitais de compostoscondutores, semicondutores e isolantes. Baseado emAmbrosio Junior (sd.)

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BandaCondutora

Condutor

Banda deValência

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Semi-

Bandgap

Banda deValência

BandaCondutora

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Isolante

Bandgap

Banda deValência

BandaCondutora

Sujeiras

Água

As sujeiras fixadas sobrea superfície sãodesprendidas delas sob oefeito do TiO , e quandolavadas por águas dechuva ou jato

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Poluentes (NOx) sãodepositados sobre asuperfície transformando-osem nitratos (que sãoeliminados pela matrizde cimento da cobertura)

Poluentes

TiO2

Figura 4 – Mecanismo da ação autolimpante e despoluidora de uma superfície compropriedades fotocatalíticas

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de degradar compostos aderidos emsua superfície,por exemplo,partículasde poluição.

Diversos semicondutores vêmsendo testados para aplicações fotoca-talíticas, sendo que para os materiaisde construção, especificamente, cons-tata-se uma grande predominânciados minerais ou óxidos de titânio, emespecial o anatásio por ser o mais rea-tivo. Essa predominância deve-se aoelevado poder fotocatalítico desse mi-neral, pela existência de grandes reser-vas no mundo, por seu baixo custo deobtenção e processamento e pelabaixa toxidade quando comparadoscom outros semicondutores.

Natureza das sujidades nas edificaçõesDe uma maneira geral a alteração

do aspecto das fachadas é causada portrês fatores:

� Deposição de poluentes atmosféri-cos: principalmente os resíduos decombustíveis fósseis dos automóveis(Pio et al. 1998)� Proliferação de microrganismos:principalmente os fungos e algas(Gaylarde; Gaylarde, 2005)�Ação do homem: principalmente apichação

Os dois primeiros decorrem dainteração entre as propriedades dosmateriais utilizados (rugosidade,porosidade, pH, composição quími-ca, entre outras) e o meio em queestá inserido (detalhes de projeto,fluxo de vento e chuva, direção da fa-chada, intensidade de poluentes,entre outros).

Um ponto comum nesses agentes,que levam à alteração de cor das su-perfícies, são substâncias predomi-nantemente de natureza orgânica.

Mecanismo de ação A ação autolimpante e despolui-

dora de superfícies pela ação fotoca-talítica atuam de maneira conjunta.Durante o dia, a superfície é excitadapela radiação ultravioleta do sol re-sultando na oxidação dos compostosorgânicos que foram depositadosdurante o período noturno. Simulta-neamente, há redução do ângulo decontato, tornando a superfície hidro-fílica. A água presente nessa superfí-cie transforma-se em uma lâmina re-movendo todas as partículas aderi-das. Dados de literatura mostramque superfícies com propriedades fo-tocatalíticas tornam-se menos sus-ceptíveis ao desenvolvimento de mi-crorganismos (Bonetta et al, 2007).

Os resultados das pesquisas dosautores, ainda em escala laboratorial,confirmam os dados da literatura emostram que telhas de fibrocimentosem amianto e blocos cerâmicos, tra-tados de modo a apresentarem pro-priedades fotocatalíticas, mostramum elevado potencial em decompormanchas de pigmento azul e na re-moção de manchas de alguns tiposde pichação.

Redução da poluiçãoAlém do potencial autolimpan-

te, uma superfície com propriedadesfotocatalíticas pode contribuir paraa despoluição do ar. Como já com-provado por autores como Yu(2003), Poon; Cheung (2007) Hüs-ken et al (2007) é possível decom-por: NOx, SOx, NH3 e compostos or-gânicos nocivos à saúde como obenzeno, o tolueno e a acetona etransformá-los em substâncias maisinócuas. Essa é uma área de grandeinteresse por parte dos pesquisado-res em nível internacional.

Aplicações em escala de laborató-rio mostram que é possível reduzir ematé 63% o teor de tolueno (Demeeste-re et al, 2008); até 80% o teor de NOx

(Chen; Li, 2007 e Maggos et al, 2008).Aplicações em escala piloto já

estão sendo iniciadas em pavimentoscimentícios em vários países comoJapão, Itália, França, Bélgica e Holan-da (Luca; Pecatti, 2007). Também

Figura 5 – Nas duas primeiras fotos acima, materiais sem propriedadesfotocatalíticas. Nas fotos de baixo percebe-se que o pigmento azul desaparece.Esse material possui propriedades fotocatalíticas

Radiação ultravioletaAntes da exposição

Após a exposição

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foram testadas aplicações em pavi-mentos de concreto e em pisos inter-travados (pavers); os resultados con-firmaram os dados obtidos em escalalaboratorial com reduções de até 40%na concentração de NOx nas vias ondeforam utilizados produtos com pro-priedades fotocatalíticas.

DurabilidadePoucos trabalhos publicados apre-

sentam dados quantitativos sobre a

durabilidade das superfícies com pro-priedades fotocatalíticas, sendo esseum dos principais gargalos para omaior desenvolvimento dessas técni-cas (Gurol, 2006).

Por ser um processo simples e na-tural, que depende apenas da excita-ção de elétrons pela radiação inciden-te e posterior liberação da energia dabandagap, é de se esperar que não hajaalteração de seu desempenho aolongo do tempo.Autores como Cassar

Figura 6 – Redução da intensidade de pichações na superfície de blocos cerâmicoscom propriedades autolimpantes (resultado dos autores)

(2004) e Vallée et al (2004), com baseem estudos em ambiente laboratoriale em escala piloto, confirmaram quenão há redução da atividade fotocata-lítica ao longo do tempo. Porém, hácontradições quanto à durabilidadedo uso da técnica; trabalhos desen-volvidos por Rao et al (2004); Yu(2003) e Poon; Cheung (2007) apre-sentaram resultados contrários.

De uma maneira geral os resul-tados mostram que a redução dopoder fotocatalítico está ligada àperda de área exposta à radiação ul-travioleta, causada pela adesão desubstâncias como chicletes e óleosou de compostos resultantes do pro-cesso de oxidação (Demeestere et al,2008). Além disso, para os produtoscimentícios, o processo de carbona-tação dos compostos hidratadospode vir a ser responsável por umaimportante redução no poder foto-catalítico em condições especiais(Lackhoff et al, 2003).

ConclusõesA fotocatálise apresenta um gran-

de potencial em contribuir com a sus-tentabilidade do ambiente construí-do, pois permite reduzir a freqüênciade limpezas com grande impacto emcustos de manutenção. Essa técnicatransforma os edifícios em células ca-pazes de contribuir para a limpeza depoluentes nocivos existentes em seuentorno, como os compostos orgâni-cos voláteis (COVs) e os compostosde nitrogênio (NOx).

Exposição a radiação UVInicial Após 72 horas Após três semanas

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LEIA MAIS

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Photocatalytic Activity ofSemicondutor-modified Cement-influence of Semicondutor Typeand Cement Ageing. MarionLackhoff; Xavier Prieto; NikolausNestle; Frank Dehn; ReinhardNiessner. Applied Catalysis B:Environmental 43 (2003), 205-216.Photocatalysis on TiO2 Surfaces:Principles, Mmechanism andSelected Results.Amy Linsenberg;Guangquan Lu; John Yates Jr. Chem.Rev, 1995, 95, 735-758.Photocatalytic Degradation ofNOx in a Pilot Street CanyonConfiguration Using TiO2-mortarPanels.Th. Maggos; A. Plassais; J.G.Bartzis; Ch. Vasilakos; N.Moussiopoulus; L. Bonafous.Environment Monit. Assessment(2008), 136, 35-44.A web-based Overview ofSemiconductorPphotochemistry-based CurrentCommercial Applications.AndrewMills; Soo-Keun Lee. Journal ofPhotochemistry and Photobiology A:Chemistry, 152 (2002), 233-247.Photocatalytic Oxidation of Soot by P25 TiO2 Films.AndrewMills; Jishun Wang; Mark McGrady. Chemosphere (2006), 64, 1032-1035.A Fotocatálise Heterogênea e SuaAplicação Ambiental. RaquelNogueira; Wilson F. Jardim. QuímicaNova, 21(1) (1998).Limits of Application ofPhotocatalytic Technologies toConstruction Mmaterials. F.Peterka; J. Jirkovky; P. St'ahel; Z.Navrátil. International RilemSymposium on Photacatalytis,

Environmnet and Constructionmaterials, Italy, 2007.Atmospheric Aerosol and Soilingof External Surfaces in an UrbanEnvironment. C.A. Pio; M.M.Ramos; A.C. Duarte. AtmosphericEnvironment vol. 32, no 11, pp. 1979-1989, 1998.No Removal Efficiency ofPhotocatalytic Paving BlocksPrepared with RecycledMaterials. C.S. Poon; E. Cheung.Construction and Building Materials,21 (2007) 1746-1753.Immobilized TiO2 PhotocatalyticDuring Llong-term Use:Decrease in Activity.VenkataSubba Rao; MachirajuSubrahmanyam; Pierre Boule.Applied Catalysis B: Environmental49 (2004), 239-249.Imobilização de TiO2 emConcretos: Fotodegradação deClorofórmio e Fenol.Valquíria C.Santos; Marcia M. Kondo. QuímicaNova, 29, N. 2, 251-255, 2006.Innovative Self-cleaning and de-pollution Façade Surface.Vallée, et. al. CIB World Congress2004. disponível no sitewww.italcementi.it/newsite/tx_millennium/files/pubblicazioni/CIB-2004 final-submission130204.pdf.Deactivation and Regeneration ofEnvironmentally Exposed Titanium Dioxide (TiO2) Based Products. Jimmy Chai-Mei Yu. Acessado no dia 22 dejaneiro de 2008http://www.epd.gov.hk/epd/english/environmentinhk/air/studyrpts/files/report-updatedcb_paving_blocks_2003.pdf

Diversas pesquisas e aplicaçõesdos processos fotocatalíticos em ma-teriais de construção estão sendo de-senvolvidas em diferentes partes domundo. No Brasil, os autores desteartigo estão desenvolvendo um estu-do que tem como objetivo a criaçãode superfícies autolimpantes em ma-teriais de construção porosos, e que

permita reduzir a deposição e a de-gradação de poluentes atmosféricos,microrganismos e a pichação.

Para o desenvolvimento do estu-do foram selecionados materiais po-rosos, os mais utilizados na execuçãode vedações externas, os quais são: te-lhas de fibrocimento sem amianto,materiais cerâmicos, placas de grani-

to e argamassas mistas. A superfíciedesses materiais foi tratada de modo aapresentar propriedades fotocatalíti-cas as quais foram submetidos à radia-ção ultravioleta. Os resultados preli-minares mostraram-se promissores e,além disso, os testes desenvolvidospermitiram aperfeiçoar a técnica foto-catalítica citada na literatura.

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ACABAMENTOS

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MASSA CORRIDA A massa corrida Hidra é indicadapara uniformizar, nivelar ecorrigir imperfeições emsuperfícies de alvenaria,concreto aparente, fibrocimentoe repinturas em interiores eexteriores. Disponível emembalagem de 50 kg.Hidra(41) 3657-1352www.calhidra.com.br

PRODUTOS & TÉCNICAS

TELHA A Eterville, da Eternit, é umatelha em CRFS (CimentoReforçado de Fio Sintético), quesimula o formato de 16tradicionais telhas de barro comacabamento colorido. De acordocom a fabricante, seu tamanho eleveza proporcionam economiano madeiramento da cobertura.Eternit(11) 3038-3838www.eternit.com.br

COBERTURA,IMPERMEABILIZAÇÃO EISOLAMENTO

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PRODUTOS & TÉCNICAS

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FUNDAÇÕES E INFRA-ESTRUTURA

TUBOS DEREVESTIMENTO A Incotep fabrica o Inço TopDrill, tubo de revestimento paraestaca raiz. De acordo com afabricante, o produto apresentamaior resistência ao atrito doque os tubos de aço ASTM A 106.Possui, também, o dobro dadureza dos tubos metálicos.Incotep(11) 2413-8333www.incotep.com.br

FÔRMAS Os sistemas de fôrmas eescoramentos TIP foramprojetados para se adaptar aqualquer tipo de estrutura deconcreto graças, de acordo coma fabricante, à combinação entreseus componentes. O baixo pesodas peças, a simplicidade deuniões e encaixes e diferentesregulagens de alturas facilitam amontagem, segundo afabricante, e reduzem o custocom mão-de-obra.TipForm(21) 2441-1178www.tipform.com.br

CONCRETO E COMPONENTES PARA ESTRUTURA

INSTALAÇÕESHIDRÁULICAS

ESCORAMENTO As escoras C3 apresentam,segundo o fabricante, vida útilsuperior à das concorrentesdevido ao seu exclusivo sistemade proteção para rosca, queevita a entrada de sujeira egarante o perfeitofuncionamento da peça. Issopermite uma desenforma maisfácil, sem a necessidade de usarforça ou pancadas. C3 Equipamentos(54) 3026-2488www.cimcomponentes.com.br

TUBOS Os tubos lisos coextrudadosUnikap são fabricados emPolipropileno CopolímeroRandom Tipo 3, próprio paracondução de água quente e fria. A empresa também forneceao mercado todas as conexões e acessórios para atender àsmais variadas especificações de projetos.Unikap(11) 2088-3937www.unikap.com.br

GABARITO Para racionalizar e possibilitarmaior economia de tempo, mão-de-obra e material, a Scanmetalcriou o gabarito duplo pararequadração de vãos defachadas e portas. O uso doproduto implica dispensa de contramarco e todas as suas etapas.Scanmetal(11) 2693-5946www.scanmetal.com.br

INSTALAÇÕESCOMPLEMENTARES E EXTERIORES

PISO As placas maciças Atos parapisos elevados têm dimensõesde 600 mm x 600 mm e 30 mmde espessura. Produzidas em açocarbono, laminada e estampadaa frio em prensa hidráulica. O cimento leve, isento deresíduos e impurezas, garante o preenchimento sem bolhas de ar e com melhor isolamento acústico.Atos(11) 2207-0765www.atospisos.com.br

INSTALAÇÕESELÉTRICAS E DETELECOMUNICAÇÕES

ABRAÇADEIRASA Fixtil ampliou sua gama deprodutos no segmento deelétrica com o lançamento doskits de abraçadeiras de náiloncoloridas. Indicadas paraamarrações de embalagens,mangueiras e fios, estãodisponíveis no mercado nascores azul, vermelha, amarela,preta e verde, nas medidas 2,5 mm x 100 mm, 3,5 mm x 140 mm.Fixtil(11) 5034-1436 www.fixtil.com.br

JANELAS, PORTAS E VIDROS

PRÉ-MOLDADOS A AJ Paes atua no segmento depré-moldados de concreto desde1968. Já forneceu soluções paraobras de edificações, estaçõesde tratamento de esgoto, caixasd'água em anéis pré-fabricados,entre outros. Fornece aindaelementos pré-moldados, comobancos, tubos, mesas etc.AJ Paes(11) 3985-3030www.ajpaes.com.br

CONCRETO ECOMPONENTES PARA A ESTRUTURA

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MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS

ELEVADOR A ThyssenKrupp Elevadoreslança a nova cabina New Export.O produto conta com iluminaçãocom LEDs, teclado alfanuméricocom números de 0 a 9 e pé-direito de 2,20 m ou 2,40 m. ThyssenKrupp Elevadores(11) 2147-3100www.thyssenkruppelevadores.com.br

BARRAS ANTIPÂNICO Devido ao uso crescente debarras antipânico, a DKS Barrasvem desenvolvendo sistemasque apresentem maiorsegurança durante o uso. Asbarras podem ser aplicadas aportas de alumínio, madeira,ferro e corta-fogo.DKS Barras(11) 2484-2013www.dksbarras.com

JANELAS, PORTAS E VIDROS

PRENSA Ideais para quem busca produzirblocos e pisos intertravados, asVibro Prensas Vibrafort sãoequipamentos robustos combaixo índice de manutenção, deacordo com o fabricante.Possuem alto poder de vibraçãoe compactação, produzindoblocos com e sem funçãoestrutural dentro dasespecificações das normas.Vibrafort(11) 2910-7373www.vibrafort.com.br

VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS

FORROA Knauf do Brasil lança novaschapas Cleaneo Acústico. Alémdas possibilidades estéticas queoferecem, contam com umtratamento que neutralizaodores, melhorandocontinuamente a qualidade do ar dos ambientes em que são aplicadas.Knauf do Brasil0800-7049922www.knauf.com.br

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OBRA ABERTA

Estacas Pré-fabricadas deConcreto – Teoria ePráticaClaudio Gonçalves, George dePaula Bernardes e LuisFernando de Seixas Neves616 páginasVendas pelo portalwww.lojapini.com.brEstacas Pré-fabricadas deConcreto – Teoria e Prática éuma continuação dos estudosdesenvolvidos nos livros"Ensaio de CarregamentoDinâmico", de 1996, e"Controle de FundaçõesProfundas através de MeiosDinâmicos", de 2000. Com umenfoque diferente, a obraaborda os aspectos teóricos epráticos sobre a fabricação,cravação e controle defundações em estacas pré-fabricadas de concreto. O trabalho divide-se em 24capítulos, subdivididos demodo que cada tópico tenhauma abordagem prática, semse distanciar em demasia doembasamento teórico. Todosos capítulos são ricamenteilustrados para maiorcompreensão do texto, alémde inúmeras tabelas deparâmetros geotécnicos.

Livros

Diálogos Geológicos: ÉPreciso Conversar Maiscom a TerraÁlvaro Rodrigues dos SantosEditora Nome da Rosa182 páginasVendas pelo portalwww.lojapini.com.brO geólogo Álvaro Rodriguesdos Santos expõe a importânciade considerar o fator geológicoem todas as ações humanasque, direta ou indiretamente,interferem no meio ambiente.Grandes desastres, acidentes einsucessos técnicos sãoconsequências dessa falta decuidado. A adaptação dosprojetos humanos ao meiofísico em que se inserem exigeíntimo conhecimento dainteração entre umempreendimento e ascaracterísticas geológicas doterreno. Esse entendimento éde competência exclusiva daGeologia de Engenharia. Nesselivro, o autor traça a evoluçãohistórica da relação entre ohomem e o meio ambiente,discute a importância dogeólogo e da Geologia deEngenharia, apresenta estudosde caso de obras imobiliárias ede infra-estrutura e defende adiscussão exaustiva dosacidentes de Engenharia.

Acústica Questão Ambiental:Ackerman ProjetosAcústicosEvelise GrunowEditora C4A vida contemporânea, sobretudonos grandes centros urbanos, éafetada pelo problema crônico daintensa geração de ruídos dediversas naturezas. Além deprejudicar o bem-estar daspessoas, também influenciam noequilíbrio ambiental. Para que osruídos não dominem o mundo, éimprescindível que a concepçãodos empreendimentos inclua umbom projeto de acústica. Osarquitetos devem ir além daestética e trazer também soluçõesque atendam aos padrões deconforto ambiental em qualquerlocal de convívio humano. O livroAcústica Questão Ambiental reúnealguns dos projetos maissignificativos desenvolvidos pelaAkkerman Projetos Acústicos, que,em mais de 30 anos de atuação,idealizou obras de referência naárea. O livro, escrito pelajornalista Evelise Grunow, trazuma seleção de projetoscontemporâneos que traduzemaspectos como sustentabilidade esituação das cidades, formandoum rico painel dos principaisdesafios e soluções apontadospela empresa.

CBCA (Centro Brasileiroda Construção em Aço) –Steel FramingFone: (21) 2141-0001www.cbca-ibs.com.brAgora, o site do CBCA contacom uma seção inteiramentededicada ao sistemaconstrutivo light steel framing.Reúne informações sobre essatecnologia que vão desde ascaracterísticas básicas domaterial e dos processos até asvedações e acabamentos. O foco, no entanto, é o açoutilizado para a fabricação dosperfis que compõem aestrutura do sistema. Assim, aseção conta com uma tabelacom os revestimentos mínimospara o aço de perfis estruturaisou não-estruturais. Tambémtraz os contatos defornecedores de perfis,construtoras, montadoras eempresas de cálculo estruturalespecializadas em steel framing.

Sites

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Seminários e Conferências11/3/2009Estruturas de Concreto – Tendências, Projeto e ExecuçãoSão PauloAs tendências de projeto e execução deestruturas, os avanços da tecnologia doconcreto estrutural, a utilização de pré-moldados e a viabilidade técnica eeconômica do concreto auto-adensável sãoalguns dos principais temas a seremabordados neste seminário promovido pelaPINI. Profissionais renomados como osengenheiros de estruturas Ricardo França e Francisco Oggi, e a superintendente do CB-18, Enga Inês L. S. Battagin, jáconfirmaram palestras, cuja programaçãocontará também com a apresentação decases de obras.(11) 2173-2395www.piniweb.com/[email protected]

Feiras e Exposições2 a 6/2/2009World of ConcreteLas VegasA WOC (World Of Concrete) é a maiorexposição mundial de produtos etecnologias feitas com concreto. Reúneanualmente fornecedores, construtores eengenheiros de diversos países a fim deestabelecer parcerias e conhecer asnovidades do setor. Para 2009, serãoapresentados seminários entre os dias 2 e6 de fevereiro e, em paralelo, uma feiracompleta com novas soluções para oaumento da produtividade, qualidade evelocidade na execução das [email protected]

3 a 5/3/2009EcobuildLondresO Ecobuild, que começou em 2004

como uma pequena conferência sobregreenbuilding, promoverá em suaquinta edição mais de 100conferências, seminários e dezenas deatrações especiais. O evento receberácerca de 800 expositores e 30 mil visitantes. www.ecobuild.co.uk

24 a 27/3/2009RevestirSão PauloA feira reúne os maiores fabricantes derevestimentos e fornecedores e tornou-se uma das principais vitrines do País delançamentos em revestimentoscerâmicos, granitos, mármores,laminados, mosaicos e outros.(11) 4613-2000www.exporevestir.com.br

24 a 28/3/2009Feicon Batimat 2009São PauloA Semana Internacional da Indústria daConstrução em São Paulo, direcionada aengenheiros, arquitetos,incorporadores, decoradores e lojistasde materiais de construção reúnenovidades em alvenaria e cobertura,esquadrias, instalações elétricas,hidráulicas, sanitárias, equipamentoselétricos, dispositivos, fios, cabos eoutras tendências do mercado. (11) 3060-5000www.feicon.com.br

2 a 6/6/2009M&T ExpoSão PauloA M&T Expo, 7a Feira Internacional deEquipamentos para Construção e 5a Feira Internacional de Equipamentospara Mineração, é um evento denegócios que oferece oportunidades deinvestimento em equipamentos, peças,componentes, novas tecnologias eserviços. Os organizadores esperam

reunir cerca de 350 expositores e 500marcas de mais de 25 países numa áreade 85 mil m². www.mtexpo.com.br

26 a 28/8/2009 Concrete Show South AmericaSão PauloO evento internacional de negócios etecnologia para fornecedores da cadeiade concreto e seus usuários reúneinovações e tendências mundiais emsoluções, sistemas e métodosconstrutivos à base de concreto. Alémda exposição, o Concrete Showpromove uma série de seminários,workshops e palestras. www.concreteshow.com.br

Batimat2 a 7/11/2009ParisA Batimat (Salão Internacional deConstrução) é a maior feira de tecnologiapara o setor da construção civil, que reúneos melhores produtos e sistemas domundo todo. Segundo estimativas dosorganizadores do evento, são esperadosem 2009 mais de 3.400 expositores ecerca de 470 mil visitantes.www.batimat.com

Cursos e Treinamentos6/3/2009Especialização em Gestão AmbientalSão Carlos (SP)Estão abertas as inscrições para o cursode especialização em Gestão Ambientalda Universidade Federal de São Carlos(UFSCar). O curso, que terá aulas demarço de 2009 a junho de 2010, éoferecido pelo Departamento deEngenharia Civil da Instituição e temcarga horária de 384 horas.Fone: (16) 3351-8262www.deciv.ufscar.br/gestaoambiental [email protected]

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AGENDA

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As instalações elétricas e hidráuli-cas para edificações com sistema

construtivo steel frame são as mesmasutilizadas em edificações convencio-nais e apresentam o mesmo desempe-nho, não variando em razão do siste-ma construtivo. Assim, os materiaisempregados e princípios de projetotambém são os mesmos aplicados emedificações convencionais e, portanto,as considerações para projeto, dimen-sionamento e uso das propriedadesdos materiais não divergem do trata-mento tradicional nessas instalações.

O mesmo acontece com as insta-lações para telefonia, internet, gás,cabos de TV e de aquecedor solar,que, de maneira geral, não deman-dam condições especiais além daque-las tradicionalmente utilizadas nasconstruções convencionais.

Dessa maneira, nas tubulações deágua fria ou quente nos sistemas,pode-se utilizar todos os materiaisque são empregados nas construçõescomuns, tais como o PVC (policlore-to de vinila), o PEX (polietileno reti-culado), o PPR (polipropileno copo-límetro random), o CPVC (policlore-to de vinila cloratado), o cobre, entreoutros (figura 1). Particularmente, sefor utilizar tubulações de cobre (usa-das tanto para água quente quanto

para gás) deve-se tomar o cuidado dese empregar espaçadores plásticosque as isolam do aço galvanizado dosperfis, impedindo a formação de cor-rosão galvânica. Para garantir a fir-meza necessária para sua operação, osregistros hidráulicos devem ser para-fusados a peças auxiliares instaladasna horizontal (figura 2).

Apesar da facilidade de uso dosmateriais convencionais no sistema,há disponibilidade no mercado demateriais elétricos e hidráulicos pro-

jetados especialmente para drywall esteel frame, como as caixas elétricasque se fixam diretamente nas placasde gesso acartonado. Porém, assimcomo nas instalações hidráulicas, osmateriais de instalações elétricas con-vencionais, como caixas de luz plásti-cas e conduítes corrugados ou lisos,podem ser usados sem problemas. Nocaso das caixas de luz comuns, elaspodem ser fixadas também em peçasauxiliares ou nos montantes da estru-tura (figura 3).

Antonio Wanderley [email protected]

Alexandre Kokke [email protected]

José [email protected]

Casa de steel frame –instalações parte 4

Figura 1 – Instalação hidráulica comtubulações de cobre e de PVC

Figura 2 – Registro fixado em peça auxiliar

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COMO CONSTRUIR

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Pode-se admitir que, do ponto devista das instalações no sistema steelframe, de certa forma todas as pare-des funcionam como shafts visíveis,facilitando a execução e a manuten-ção desses subsistemas (figura 4).

Para a passagem das instalaçõespelos montantes e vigas de piso, essesdevem ser furados, de acordo comnormalização existente. A NBR15253:2005 normaliza os furos para

passagem de instalações, prevendoque aberturas sem reforços podemser executadas nos perfis de steelframe, desde que devidamente consi-deradas no dimensionamento estru-tural. Os furos devem ter seu maioreixo coincidente com o eixo longitu-dinal do perfil e geometria de acordocom a figura 5. A distância entre eixosde furos sucessivos deve ser de, nomínimo, 600 mm e a distância entre a

extremidade do perfil e o centro doprimeiro furo deve ser no mínimo de300 mm. Para aberturas com formasdiferentes e dimensões maiores queas da figura 5, devem ser executadosreforços nessas aberturas, a seremprojetadas conforme práticas aceitasna engenharia estrutural. Nessescasos, os furos devem ser reforçadospor uma chapa de aço galvanizadoparafusada ao elemento estrutural,de espessura no mínimo igual ao doelemento perfurado e deve se esten-der 25 mm além das bordas do furo.

Tubulações sanitáriasA passagem de tubulação de água

fria ou quente ou de conduítes elétri-cos pelas vigas de piso é feita atravésde furos como os previstos emnorma. Para as tubulações sanitárias,que normalmente possuem diâme-tros mais elevados é interessante queseu caminhamento horizontal ocorrasob a laje (oculto por forro) e que sejao mais curto possível, sendo conduzi-das para as paredes. Alguns modelosde vasos sanitários possuem saída nahorizontal, ligada diretamente na pa-rede, mostrando-se interessante parao sistema steel frame.

Quando há necessidade das tubu-lações atravessarem as vigas de piso oucobertura através de furos, dependen-do da magnitude dos diâmetros, essasituação deve ser analisada juntamentecom o calculista da estrutura e, emgeral, é necessária a instalação de umapeça de reforço à viga nessa região.Nessa situação, também pode-se subs-tituir as vigas,de piso ou de sustentaçãoda cobertura, por treliças ou tesouras,que possuem espaços maiores entre aspeças e permitem facilmente a passa-gem das tubulações (figura 6).

A racionalização construtiva per-mite uma interessante vantagem dosistema steel frame em relação às cons-truções convencionais, pois, enquantonas obras convencionais as tubulaçõesnormalmente são instaladas antes daconcretagem das vigas e das lajes e,assim, podem sofrer danos nessa fase,no sistema steel frame as tubulaçõespodem ser locadas posteriormente,evitando-se o risco de dano (figura 7).

Figura 3 – Caixa de luz fixada em montante

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Figura 5 –Abertura nos perfis para passagem de tubulação

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Figura 4 – Parede em steel frame funcionando como shaft

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O fato de as paredes e lajes fun-cionarem como shafts visitáveispermite que as interferências entreos sistemas elétrico e hidráulicosejam fáceis de serem visualizadasdurante a execução das instalações,o que facilita o trabalho e diminui achance de acidentes como, porexemplo, danificar algum cano aofurar quando se executa a instalaçãoelétrica (figura 8).

Se as tubulações hidráulicas por-ventura estiverem sujeitas a vibrações,para evitar sua transmissão à estruturada edificação, que causa efeito bastan-te indesejável, pode-se fixar as tubula-ções aos perfis com braçadeiras ou in-troduzir-se espumas ou peças plásticasespeciais nos furos para acomodá-las(figura 9). Além de evitar a transmis-são das vibrações, essas espumas oupeças plásticas também servem paraevitar que, durante a execução das ins-talações, ocorram cortes nos tubos ounos conduítes, em virtude do seu atri-to com as bordas dos furos.

Posicionamento das tubulaçõesRecomenda-se que as tubulações

verticais sejam instaladas junto à almados montantes, pelo lado externo, oulivres no vão entre eles. Nunca devemestar dispostas "dentro" do montante,pois, nessa situação, existe o risco deperfuração das tubulações pelos para-fusos no momento da fixação das pla-cas de fechamento da parede.

Embora o sistema permita, porsua flexibilidade, as instalações das tu-bulações em direções diagonais entreos montantes, ou seja, permita a pas-sagem da tubulação de maneira variá-vel, é fortemente recomendado que astubulações tenham caminhamentoclaro e descriminado em projeto, paraque o futuro proprietário do imóvelpossa fazer furos nas paredes sem cor-rer o risco de perfurar tubulações.

É recomendado que a execuçãodas instalações ocorra após a finaliza-ção completa da montagem das estru-turas das paredes, lajes e coberturasem steel frame. Também é desejávelque os revestimentos externos e a co-bertura já estejam instalados, minimi-zando o risco de danos às instalações

Figura 6 – Passagem de instalações por tesoura de cobertura

Figura 7 – Passagem de conduítes pelas vigas de laje

em virtude de vento e chuva, além dediminuir a chance de acidentes comos profissionais envolvidos. Evidente-mente, ao término de todas as instala-ções, deve-se testá-las antes de se pro-ceder ao fechamento das placas inter-nas da edificação.

Como foi comentado no artigosobre fundações para steel frame, éimportante que os locais de passa-gem das instalações executados nosradiers ou nos baldrames das funda-ções sejam bem locados, para nãogerar problemas no alinhamentodos painéis e retrabalho para seuajuste (figura 10). Novamente, essasdefinições devem ser bem estabele-cidas no projeto e coordenadas portoda a equipe de obra.

Seguindo a linha de raciocínio dosistema steel frame de valorizar a in-dustrialização dos componentes, emsituações de repetibilidade da edifica-ção como, por exemplo, em projetosde conjuntos habitacionais, pode serelaborada uma linha de produção em

que se montam partes das instala-ções, criando cavaletes, que são leva-dos prontos para colocação na paredeou na laje, agilizando o processo demontagem da edificação. No caso deuma obra única, esse procedimentopode não ser interessante.

Em uma construção de alvenariaconvencional, algumas vezes a pare-de é totalmente construída, chegan-do a receber chapisco e emboço,quando o profissional responsávelpelas instalações chega à obra e que-bra a parede, que acabou de ficarpronta, para a passagem dos canosou dos conduítes. Todo esse proces-so gera grande transtorno, sensaçãode retrabalho na obra e uma enormequantidade de entulho. Consideran-do que, somente na cidade de SãoPaulo são geradas, diariamente,cerca de 17 mil t de entulho prove-nientes da construção civil (Téchneno 82, janeiro de 2004, por Bruno Lo-turco), percebe-se uma grande van-tagem que esse sistema racionaliza-

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LEIA MAIS:

Steel framing: Arquitetura.ArleneMaria Sarmanho Freitas. CBCA (Cen-tro Brasileiro da Construção em Aço).

Steel framing: Engenharia. Fran-cisco Carlos Rodrigues. CBCA (Cen-tro Brasileiro da Construção em Aço).

NBR 15253:2005 – Perfis de AçoFormados a Frio, com RevestimentoMetálico, para Painéis Reticuladosem Edificações: Requisitos Gerais.ABNT (Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas).

Figura 8 – Facilidade de visualização de interferências entre instalações elétricase hidráulicas

Figura 9 – Peças plásticas de proteção dos conduítes

Figura 10 – Importância da locaçãocorreta dos pontos na fundação

do oferece e que se traduz tambémem ganho de qualidade ambiental,uma vez que no steel frame a paredesó é fechada após a execução com-pleta das instalações.

Nesse mesmo sentido, outragrande vantagem que o sistema ofere-ce é a fácil manutenção de todas asinstalações, bem como a instalação deoutras novas sem a necessidade derasgar todo o caminhamento da tu-bulação. O sistema steel frame permi-te que se instale uma tubulação de umponto a outro da parede minimizan-do os transtornos, com rapidez e

mantendo o local limpo, o que já nãoocorre com a colocação pelo métodotradicional em paredes de alvenariaonde, para embutir a tubulação, inva-riavelmente utilizam-se ponteiras ouequipamentos como as conhecidasserra-mármore que geram muito pó eainda, posteriormente, é necessária areconstituição do reboco e do acaba-mento da parede. A recomposição daparede de steel frame, cortada para apassagem da tubulação, pode ser feitacom a mesma parte da placa de reves-timento (gesso acartonado, placa ci-mentícia etc.) que foi removida, sem

geração de resíduo ou gasto comnovo material.

O sistema steel frame, com suaconcepção racionalizada, permite aexecução das instalações com o míni-mo de transtorno, pouco desperdícioe grande facilidade de controle e ins-peção dos serviços concluídos.A pas-sagem das instalações ocorre por es-paços plenamente visíveis, sem que-bradeira e com minimização dosconflitos entre instalações de diver-sos sistemas. Sendo um sistema ra-cionalizado, a discriminação do ma-terial empregado é feita no projeto e,portanto, a perda ou desperdício épraticamente nulo.

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