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  • Revista do CONAPRA - Conselho Nacional de Praticagem - Ano VIII - N0 20 - Out/2006 a Jan/2007 Brazilian Pilots Association Magazine - Year VIII - N 0 20 - Oct/2006 to Jan/2007

    Revista em revista:parte 2

    Revista em revista:parte 2

    CONAPRA: novo presidentetoma posseCONAPRA: novo presidentetoma posse

    Veja as matrias quemarcaram os oitos anos

    da Rumos Prticos

    P R O D U T O S

    Chapus confeccionados em

    microfibra peletizada e forrados

    com entretela fina e carneira em

    algodo. Com cordo e pingente

    para regulagem e boto tique-

    taque nas laterais em alumnio.

    Cor: bege Tamanhos: P e G

    CHAPUS, BONS, PARKAS E MOCHILAS

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    Acomodao do material

    ESPECIFICAES

    Bons em microfibra peletizada

    nos modelos "americano" e

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    Cores: azul marinho e vermelho

    Parka confeccionada emintertec, material imper-mevel e resistente, quedeixa a pele respirar. Possuifitas reflexivas nas mangas,capuz que pode ser acondi-cionado na gola, bolsosexternos, cadaro para regu-lagem na cintura e velcropara fechamento no pulso.Disponvel na cor vermelhocom azul marinho.

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    Capacidade: pequena = 20 litros / grande = 30 litros Tecidos: cordura plus Acolchoado: espuma de poliuretano de alta densidade e forro de

    tecido em malha de ventilao Configurao: 3 compartimentos com divises especficas para equipamentos de prticos / alas e costas acolchoadas

    w w w. c o n a p r a . o r g . b r

  • 4Revista em revista: parte 2

    CONAPRA e IMPA

    nesta edio

    Rua da Quitanda, 191 6 andar CentroRio de Janeiro RJ CEP: 20091-005Tel.: (21) 2516-4479conapra@conapra.org.brwww.conapra.org.brdiretor-presidente:Carlos Eloy Cardoso Filhodiretores:Carlos Jesus de Oliveira ScheinJoo Paulo Dias SouzaMarcio Campello Cajaty GonalvesRalph Rabello de Vasconcellos Rosadiretor / vice-presidente snior da IMPA:Otavio Fragoso

    planejamento:Otavio Fragoso, Flvia Pirese Claudio Davanzoedio e redao:Maria Amlia Martins(jornalista responsvel MTb/RJ 26.601)reviso:Lourdes Pereiraverso:Aglen McLauchlandireo de arte:Katia Pirandafotolito / impresso:Davanzzo Solues Grficas

    As informaes e opinies veiculadasnesta publicao so de exclusiva responsabilidade de seus autores.No exprimem, necessariamente,pontos de vista do CONAPRA.

    Neste nmero o leitor encontrar textos

    selecionados de edies anteriores da revista

    do CONAPRA. A idia nasceu da vontade de

    passar em revista a publicao Rumos

    Prticos, que completa oito anos em 2007.

    Resgatar matrias antigas uma forma de

    homenagear pessoas e instituies que

    foram importantes para a praticagem nesse

    perodo. tambm uma boa oportunidade

    para se pensar no que deve ser feito para o

    contnuo aperfeioamento da profisso.

    Boa leitura e toda fora adiante!

    Veja tambm neste nmero a renovao

    do quadro de executivos das entidades

    representativas dos prticos em nvel

    nacional e internacional.

    36Foto da capa:Glaucio Lacerda / Posse CONAPRA

  • edio especialedio especial

    0 ato de aber-tura do 14 Congresso da

    IMPA, realizado em Shanghai no dia 9de novembro deste ano, seguindo o pro-gramado em acordo com os organi-zadores e a nossa Associao, contoucom a presena de autoridades locaisrepresentando o Governo Municipal dacidade, o Ministrio das Comunicaesda China, a Administrao do Porto deShanghai, a Administrao de Seguran-a Martima da China e o ComitOrganizador do Congresso. Alm destasautoridades, compunham a mesa dehonra, o Presidente da IMPA. 0 Secre-trio-Geral da IMO, e a Diretoria doComit de Cooperao Tcnica da IMO.

    Dentre os discursos da aberturadestacaremos o proferido pelo Secre-trio-Geral da IMO, Sr. W. A. O'Neil,cujas palavras foram dirigidas ao Pre-sidente da IMPA, representando todosos prticos desta Associao.

    Transcrevo aqui, a seguir, algumas dassuas dedues, concluses e idias pormim traduzidas de forma livre:

    ...a minha presena aqui no somente pelo reconhecimento da impor-tante posio da IMO no comrcio mar-timo mundial, mas tambm pela determi-nao da IMPA de participar com a IMO

    nos trabalhos desta entidade, dando esteapoio que reconhecido e bem recebido.

    A IMO completa 5O anos e consideraisto um marco, mas quando o assunto segurana no mar, a IMO ainda nova-ta, visto que os prticos esto envolvi-dos neste tema h sculos. Embora ouso do prtico a bordo dos navios sejauma prtica estabelecida desde osprimrdios da navegao comercial, aimportncia do prtico nem sempre aceita sem alguma hesitao.

    Penso nisto e nos temas delicados queenvolvem a praticagem no mundo. Seique voc no me convidou para estreitarlaos polticos. Tenho de compartilharcom voc mesmo nos assuntos mais de-licados que tocam meus nervos, discutin-do com franqueza e emitindo nosso pare-cer a respeito dos temas que enfrentare-mos no caminho para o prximo sculo.

    Vrios itens considero importantes,sem estar em ordem de prioridade aminha lista a seguinte: PrivatizaoCusto da praticagem Natureza daobrigatoriedade do servio de pra-ticagem _ VTS e a praticagem;aceitao de alguma forma de con-trole da terra _ Relacionamento eresponsabilidade do Comandante edo prtico _ Problema de comuni-cao e linguagem usada no pas-sadio _ Responsabilidade civildo prtico em caso de aci-dente _ Introduo do desen-

    volvimento tecnolgico, particular-mente do Transponder, ECDIS, eGPS _ Recrutamento e treinamentode prticos em vista da poucaexperincia de outros martimos _Natureza de servios de prati-cagem: Prtico independente;Prtico contratado; Prtico empre-srio; Prtico empregado de autori-dades porturias ou martimas.

    A IMO reconhece a importncia da pra-ticagem e desde 1968 recomendou aosGovernos que organizassem as pratica-gens e estabelecessem as reas e os tiposde navios com praticagem obrigatria.

    Um dos problemas ligados aos dastripulaes multinacionais a dificul-dade de idioma.

    A IMO est revendo os procedimen-tos operacionais e de treinamento e

    certificao de prticos e esperaconcluir este trabalho

    at 2000.

    4

    H oito anos, no primeiro nmero da Embarque doPrtico, o prtico Hlcio Kerr (ento vice-presidenteda IMPA) traduziu trechos do discurso do secretrio-geral da IMO, proferido no congresso da IMPA denovembro de 1998. Confira:

    A ABERTURA, BREVES COMENTRIOS SOBRE ALGUNS TEMASE OS PARTICIPANTES

    Revista em revista: parte 2

    'Rumos Prticos' seleciona textos quemarcaram os oito anos da publicao

    Para comemorar seus oito anos de vida a revista do CONAPRA preparouuma edio especial em que foram selecionadas algumas matrias denmeros anteriores. So textos que fazem parte da histria da revistaRumos Prticos que, por sua vez, faz parte da histria do ConselhoNacional de Praticagem.

    A idia de fazer uma revista partiu da diretoria que atuou no binio97/98, mas a concretizao do projeto s aconteceu quando a diretoriaseguinte foi empossada. O primeiro nmero comeou a circular em 99,pouco depois do prtico Carlos Eduardo Massayoshi assumir a presidn-cia do CONAPRA em janeiro do mesmo ano.

    No nmero anterior (edio 19) a Rumos Prticos entrevistou CarlosHermann, prtico que definiu a linha editorial do veculo. SegundoHermann, a revista foi concebida para veicular textos tcnicos, ressaltaro bom relacionamento da praticagem com a Marinha, levar aos prticosassuntos de seu interesse _ notadamente os relacionados seguranada navegao e preservao do meio ambiente _ e divulgar umaimagem positiva da profisso perante a comunidade martima, ostomadores de servios e a Marinha do Brasil. Objetivos que at hojenorteiam os rumos editoriais da revista.

    Revisitar matrias que trazem, entre outros assuntos, o folclrico prticode Sergipe Z Peixe, a portaria do Ministrio da Defesa reconhecendo oCONAPRA como rgo de representao da praticagem, o novo sistemade identificao de prticos elaborado pelo Conselho Nacional dePraticagem conforme recomendao da IMO e a indita participao deum prtico como assessor tcnico da delegao brasileira nas reuniesda IMO, significa fazer um balano dos acontecimentos e das pessoasque marcaram a profisso nesses oito anos. Significa tambm chamar aateno para uma profisso to fundamental e silenciosa quanto antiga.

    edio 1 (jan/fev 99), pgina 7

    5

  • Histria _ Z PEIXE

    O Brasileiro de 72 anos Jos MartinsRibeiro Nunes pilota cargueiros epetroleiros atravs dos baixios entoele salta sobre a balustrada e nadavrios quilmetros de volta.

    Quando os navios que chegam soanunciados, o "homem-peixe" nada parauma bia longe de Aracaju. Algumasvezes ele precisa perseverar por umanoite inteira, porque eles atrasaram achegada ao ponto de encontro.

    Com mais de 50 anos de profisso noporto de Aracaju, nem uma vez o"homem-peixe" conseguiu ter uma mo-desta prosperidade. Seu orgulho soduas condecoraes pelo salvamentode navios quebrados.

    Na praia de Aracaju, a capital do Estadode Sergipe, h ainda grande atividade.Milhares sentam-se nos bares, batemcom os martelos de madeira nas pataspeludas dos caranguejos, bebem whiskyimportado e divertem-se com as facescoradas de vermelho sob a luzneon, ao pr do sol sobreo Atlntico. Na

    existe lancha para transportar os prti-cos aos navios que esto entrando.Barcos de pesca so contratados para atarefa. A "Cooperativa dos Prticos"subsiste com Z Peixe e trs pilotos.O trio divide entre si o salrio por cadanavio manobrado para a terra, divideentre si os presentes de capites ami-gos, s vezes uma garrafa de whisky,s vezes uma caixa de garrafas decerveja alem.

    A embocadura do rio Sergipe umadas traioeiras entradas de portosbrasileiros. Ondas de cinco metros dealtura empurram o mar pela baa, umbanco de areia de um quilmetro delargura em forma de "S" impede a pas-sagem de entrada para o canal. O ventosopra metade do ano com fora de tor-menta. Cada dia movimentam-se ascorrentes martimas, quase cada dia asbias precisam ser deslocadas, paraalertar os navios sobre os baixios. Abordo opera o seminu Z Peixe entretodos os capacetes protetores, rdioscomunicadores e computadores debordo como um camaro numa usinaatmica. E todos os marinheiros olhampara os ps dele, para verificar se alenda do piloto de p descalo doSergipe verdadeira. Ento, o grandemomento, o "show", pelo qual toda tri-pulao aguardava, vem primeiro dealto-mar, quando o velho j conduziu umnavio para fora. O dubl dos pilotos. ZPeixe sobe na borda de ferro da balaus-trada prxima ponte de comando,curva-se a quinze metros sobre o mar esalta. Salta como um peixe voador paracima com braos rasgados "para manter

    o equilbrio e conseguir cair longe donavio, salta como um dos saltadoresde rochedos de Acapulco.

    Ele no nada atravs da imensido degua, ele abre caminho atravs dela.Nessa altura ele se orienta quase semenxergar. Freqentemente ele olha parafrente, para l, onde se encontra acosta brasileira. S existe uma coisa.Voc precisa nadar, sem parar, senovoc no chega nunca terra. Z Peixenada lentamente com a cabea sobre agua ao redor de 2000 braadas porquilmetro de modo que as medusasno lhe venham aos olhos. A corrente odesvia, ento eminente uma maratonade dez, doze quilmetros, mas isso noo assusta: A corrente termina sempreem alguma praia do Estado de Sergipe.

    Medo de grandes peixes, o homem-peixeno tem. Caso um desses tubares des-graados cruzasse seu caminho, brincaele, homem morto e o grande focinhocontinua o seu caminho. Ele tem respeitosomente ao cao, pois a estpida feraenxerga mal e ataca tudo que lheaparece frente do focinho, at mesmopneus de automveis. Ele tem a sen-sao de sorte quando encontra um car-dume de golfinhos, algumas vezes eles oseguem, emergem e submergem, porms o fazem quando esto com disposiopara isso. A gua j era a caixa de areiade Z Peixe desde que tinha trs anos.Eu ca no rio Sergipe e ali estou semprebem. Quando fazia mar baixa, a cidadetoda cheirava a peixe. Z Peixe ia atravsdos mal cheirosos baixios e recolhiacaranguejos. Ele j era conhecido com aidade de dez anos como criana maravi-lha em todo Sergipe. Em 1937 o viunadar um capito-de-fragata como umafera dos mares e pela primeira vezchamou de Z Peixe. E assim at hojeficou e tambm todos os demais. Desdeos cinqenta anos ele no tomou maisnenhum banho, com exceo do mar. Nousa sapatos, a no ser para ir missa.Como o senhor Hulot, vai pedalando umabicicleta, de terno preto com as pernas

    das calas bastante gastas, para aCatedral, com o calado sobre o porta-pacotes. Os odiados calados ele enfia sprximo da casa de Deus.

    Na verdade ele to sadiamentedesavergonhado como um peixe nagua. Ele pesa 58 quilos. Sua pele escu-ra, de molho em dezenas de anos nagua do mar, est como mumificada, eos mosquitos h muito quebram seusferres contra ela.

    H muito ele mora na casa com as pare-des caiadas de branco, onde elenasceu, uma casinha de pescador de150 anos de idade. Tudo que ele possui,so trs cmodas. Quando ele as abre,faz ento um balano dos seus haveres:Recortes de jornais, atravs dos quaisj araram os dentes de ratos, cartas deadmiradores, as quais cheiram de toimpregnadas de sal e bolor, como seestivessem no Titanic, fotos do Znadando, nas quais sua cabea danasobre as ondas como um coco.

    Para o Nordeste, que no Brasil a regiorida esquecida, ele uma figura deculto. Z Peixe apresenta-se em talk-shows, seu nome dado a iates e Vice-Almirantes tratam-no de "Sua Excelncia".

    Na competio, travessia da enormeboca do rio Sergipe, ele acompanha anatao esportiva em uma barcaa.Quando ocorre uma regata, ele fica svezes no farol e percorre o mar, comseus olhos de ave, procurando barcosconhecidos. Quantos homens elesalvou a vida? Cem, com certeza.Jos Martins Ribeiro Nunes j eraheri popular no ano de 1973.

    No porto de Aracaju houve naquelapoca um petroleiro em chamas,cuja tripulao havia abandonadoo navio. Z Peixe subiu a bordoe pilotou o archote deleo derramado paramar aberto. H 18quilmetros

    edio especialedio especial

    A revista alem Stern publicou uma reporta-gem sobre o lendrio prtico sergipano Z Peixee a Embarque do Prtico publicou a traduodo texto em sua segunda edio:

    6

    gua no h mais ningum, pois aressaca demasiado perigosa nestapoca do ano e tambm h tubaresl fora.

    De repente os comedores de ostrasacham que esto vendo um fantasma.L vem o velho voando como um JamesBond surfista atravs da ressaca, lana-se pelo quebra-mar, passa pelos baresda praia e na rua pega um nibus nadireo do centro.

    O fantasma chama-se Jos (Z) MartinsRibeiro Nunes e o mais famoso piloto(prtico) brasileiro. Nunca usa sapatos efora um calo de banho nada veste,quando parte com um navio para maraberto e nada alguns quilmetros retor-nando costa. Isso, porm, no o maislonge nem tudo. "Claramente alucinado"o chama a revista "Veja", como "Z Peixe"o homem-peixe se dedica a seu trabalho.Por rdio concorda em encontrar-se comum dos grandes cargueiros no mar. Adoze quilmetros de distncia da praiade Atalaia Dmpelt uma bia sinalizado-ra da marinha brasileira no Atlntico.

    Sobre essa bia, escorregadia pela guado mar, est o homem de 72 anos apare-cendo como Hans Albers sobre o mar eali espera, que o cargueiro vagarosa-mente aparea no horizonte. Demora-seo navio, "a fica difcil". "J fiquei a noitetoda sobre a bia, amarrado bem firme".Assim como ele, "existe somente um acada poucas centenas de anos", diz oCapito do Porto Vincius e nuncaningum o contradisse.

    O escritrio de pilotos de Aracaju o mais pobre dos trpicos. No

    O PRTICO Z PEIXE RECEBE O TROFUDO PRESIDENTE DO CONAPRA

    da costa ele abandonou o navio-tanques ondas, fez o seu salto estilo Acapulcoe iniciou o longo "Trn" de retomo. Cincohoras mais tarde arrojava-se ele narebentao em terra. Recentemente eledeu grandes gargalhadas em Aracaju,quando o homem-peixe pilotava entran-do no porto o "Cheremkhovo", o primeironavio russo a baixar ncora em Sergipe.

    Durante a viagem, atravs do canal,usou toda sua moderao de piloto. Ascomplicaes internacionais comearamquando Z Peixe deixava o navio russo.Ele j se balanava sobre a balaustrada,enfiando o saco plstico com o dinheirodo nibus no calo de banho e abria osbraos para saltar "quando o capito sedesesperou". "Prenda-o", gritou ele,"prenda-o"! "Um suicida"! Grande corre-ria. Uma cena como num filme depastelo. Metade da tripulao subindoas escadas de ferro e gritando atrs dohomem-peixe e tentavam salvar ohomem meio nu do salto da morte.Quando finalmente Z pensava emretomar sua tranqilidade nadando nomar, eles jogam ainda uma dzia debias salva-vidas "e gritam como odiabo". Houve uma reclamao oficialdos russos, pois o Brasil lhes havia envi-ado "um louco no lugar de um piloto".Entretanto mofa at hoje a reclamaonos arquivos do capito dos portos, juntocom as declaraes do fantasma emAracaju. "Por que vou precisar de umbarco", disse Z Peixe na defensiva, "euno entanto posso nadar..."

    texto original: revista alem Sterntradutor: Tullio Catundo

    7

    edio 2 (mar/jul 99), pginas 3 e 4

  • Artigo da edio 5 trouxe tonaconseqncias da poluio marinha:

    Impacto por derramamento de leonos recifes de coral

    Com o crescente nmero de acidentesenvolvendo vazamentos de leos,registrados nos ltimos meses emdiversos pontos do pas, resolvipreparar alguns artigos que abor-dassem os principais impactos causa-dos por essas substncias em algunsecossistemas e sua biota constituinte.

    Os recifes de coral so importantesecossistemas que se espalham porboa parte dos mares tropicais, poden-do ser considerados comoas maiores construesefetuadas pelos seresvivos. Os ecossistemascoralinos so caracteri-zados pela alta diversi-dade biolgica, eleva-do grau de complexi-dade nas relaesintra e interespecfi-cas, ambientes degrande produtividadee importante fontede protenas paraalimentao hu-mana em inme-ros pases. Segun-do Smith (1978),os recifes ocupamuma rea mundi-al de aproxima-damente 6,2 x105 km2. Des-tes, aproxima-

    damente, 16% esto situados noOceano Atlntico, 54% no sudeste dasia, 20% no Oceano Pacfico e 10% noMar Vermelho (Sorokin, 1993), podendoproduzir um rendimento potencial anualde pescados da ordem de 6 x 106

    toneladas, em todo o mundo (Smith,1978), perfazendo um total de 7% dacaptura marinha mundial (Russ, 1991).

    Segundo Dubinsky & Achituv (1990), osrecifes de coral podem ser definidoscomo construes biognicas marinhas,

    de estrutura carbontica resisten-te s ondas,

    8

    edio especialedio especial

    Campanha de segurana veiculada em 2000:

    edio 5 (mai/ago 2000), pgina 5 pgina 11

    Acima, a reproduo do original daportaria do Ministrio da Defesa, de24 de abril de 2000, reconhecendoo CONAPRA como rgo de represen-tao da praticagem:

    9

    Marcelo Dantas Telles

    Praticante de Prtico da Zona de Praticagem da Baa de Todos osSantos _ Mestre em Oceanografia Biolgica

    (Fundao Universidade do Rio Grande _ FURG _ RS)

    pgina 16

  • compostas por esqueletos dos organis-mos construtores dos recifes (coraishermatpicos). Essa estrutura desen-volvida in situ, no sendo resultado dacimentao de restos de organismosmortos, transportados de outros locais(Cocks & McKerrow, 1978 apudDubinsky & Achituv, 1990). Os princi-pais construtores dos recifes so oscnidrios e as algas calcrias, alm deoutros organismos que contribuem naedificao atravs das suas carapaase outros elementos estruturais inor-gnicos como os moluscos, as espon-jas, os vermes poliquetos. A proporodesses construtores varia entre dife-rentes ambientes. Nos corais her-matpicos, a alta taxa de deposio decarbonatos atribuda associaosimbitica com microalgas denomi-nadas de zooxantelas. Esses organis-mos clorofilados, dependem da energiasolar para realizarem com habilidade afotossntese. Dessa forma, os coraishermatpicos esto associados a guasrasas e com baixos teores de materialem suspenso. Os recifes de coralesto distribudos em guas cujas tem-peraturas no se apresentam menoresque 18 C no inverno (Sorokin, 1993)ocupando assim a poro de guastropicais dos oceanos.

    No Brasil, os recifes so separados emduas regies pelo rio So Francisco, quese constitui na maior barreira de disper-so das larvas (Veron, 1995). Na partenorte desta rea, poucos trabalhosforam desenvolvidos na caracterizaoe quantificao dos recifes. Na partesul, que coincide com o litoral da Bahia,Leo (1996) classificou em cinco dife-rentes tipos de recifes: bancos recifaisadjacentes praia, bancos recifais iso-lados, recifes em franja, construescogumelares (chapeires) isoladas erecifes superficiais.

    No sul da Bahia, a regio de Abrolhoscontm o maior e mais importante com-

    plexo de recifes de coral da Amrica doSul (LaboreI, 1969 a,b).

    Na rea de Abrolhos encontram-sedezesseis espcies de corais, entredezoito existentes no Brasil, com seteespcies endmicas do litoralbrasileiro. So elas: Mussismiliabraziliensis, M. hispida, M. harttii,Favia leptophyla, F. gravida, Siderastreastellata e Scolymia wellsi.

    Como vimos, os recifes de coral soimportantes no suporte de pescariascosteiras e ainda na proteo de linhasde costas tropicais da ao erosiva deondas, fornecendo tambm uma impor-tante base para o turismo e recreao.Devido a sua importncia e complexi-dade, estes ecossistemas devem serestudados e monitorados de formasistmica (Telles, 1998).

    O conhecimento dos efeitos da poluiopor leo nos corais tem crescido bas-tante nos ltimos anos como resultadode inmeros estudos efetuados emcampo, aps eventos de poluio agudaou crnica em diversas localidades.Existe uma dificuldade significativa emanalisar os efeitos causados pelo derra-mamento de leo, devido ao grandenmero de variveis envolvidas como:tipo e volume de leo derramado, tipo evolume de detergente usado nalimpeza, grau de exposio da reaimpactada envolvendo a hidrodinmicalocal, a amplitude de mar e ainda anatureza do recife atingido.

    Em alguns casos, o efeito txico do leofoi considerado letal para os corais poisalguns processos vitais ficaram seria-mente comprometidos. Os principaisefeitos j registrados em literaturacomo conseqncia deste agente polu-ente so: (I) os tecidos destes animaismorrem em contato direto com o leo;(II) a sua presena na gua reduz o nvelde oxignio dissolvido, indispensvel

    edio especialedio especial

    11

    respirao dos organismos; (III) h umadiminuio da luminosidade na colunad'gua sob o leo, dificultando oprocesso de fotossntese das algas sim-biontes dos corais; (IV) a presena doleo provoca expulso prematura daslarvas, diminuindo sua taxa de sobre-vivncia e, por conseguinte, o sucessoda colonizao de novos substratos; (V)ainda restringe a nutrio dos corais,uma vez que tanto o fitoplncton comoo zooplncton ficam reduzidos em reaspoludas; (VI) h uma superproduo demuco na superfcie dos corais comoestratgia de defesa.

    Apenas para ilustrar alteraes sofridasem uma comunidade recifal das zonasintertidal e subtidal, usarei o exemploreportado por Jackson et al. (1989)como o maior derramamento de leocru (8 milhes de litros) ocorrido noCanal do Panam na sua porocaribenha. Segundo o autor, toda acomunidade recifal apresentava sinaisde estresse recente devido presenado leo, incluindo: branqueamento,aumento da produo de muco eturgescncia dos tecidos vivos. Trsmeses aps o derramamento, houve umdeclnio da cobertura recifal em 76%entre as profundidades de 0,5 a 3,0metros e 56% entre as profundidadesde 3,0 a 6,0 metros.

    A poluio pelo leo afetou de formadiferente vrias espcies de coral. Aespcie ramosa, Acropora palmata,sofreu um impacto maior quando com-parada s espcies de colnias massi-vas. ndices que caracterizam a estru-tura da comunidade como nmero decorais, cobertura total dos corais ediversidade de espcies diminuramsubstancialmente nas reas impac-tadas. Ainda segundo Jackson et al.(1989), o prazo mnimo para restau-rao da comunidade original seria de10 a 20 anos, assumindo a no ocor-rncia de novos eventos poluidores.

    Aps a toxicidade inicial ser dissipada,o recrutamento das larvas planctni-cas de diversos organismos alm deadultos, tem como principais fontes deaporte as pores recifais afastadasque tenham sofrido um mnimo ouinexistente impacto.

    As principais conseqncias obser-vadas aps um evento de grandespropores impactantes nos recifesde coral, so: (I) a diminuio imediatadas taxas de capturas de diversosorganismos da ictiofauna, carcinofauna,malacofauna entre outros, sendo impor-tantes fontes de protena para alimen-tao humana; (II) diminuio imediatado aporte de turismo em reas previa-mente visitadas. Esses dois itenssupracitados causam vultosos impactoseconmicos e sociais a toda reaenvolvida durante o processo de restau-rao ambiental que, como vimos, levaalgumas dcadas.

    Bibliografia Citada:

    DUBINSKY, Z. & ACHITUV, Y. 1990.Evolution and Zoogeography of coralreefs. In: D.W., G00DALL (Ed.)Ecosystems of the World: Coral Reefs,N0 25. Elsevier, p.1-9.

    JACKSON, J.B.C.; CUBIT, J.D.;KELLER, B.D.; BATISTA, V.; BURNS, K.;CAFFEY, H.M.; CALDWELL, R.L.;GARRITY, S.D.; GELTER, C.D.;GONZALEZ, C.; GUZMAM, H.M.;KAUFMANN, KW; KNAP, A.H.;LEVINGS, S.C.; MARSHALL, M.J.;SLEGER, R.; THAMPSON, R.C. & WEIT,E. 1989. Ecological effects of a major oilspill on Panamanian coastal marinecommunites. Ecology 243:37-44.

    LABOREL, J.L. 1969a. Madreporaireset Hydrocoralliaires Recifaux ds CotesBresiliennes. Sistematique, Ecologie,Repartition Vertical et Geographie. Ann.Inst. Oceanog. Paris, (47):171-229.

    10

    edio 5 (mai/ago 2000), pgina 18

    LABOREL , J . L . 1969b . LesPeuplements de Madreporaires dsCtes Tropicales du Bresil. Ann. I'Univ.d'Abidjan, Ser. E, 260 p.

    LEO, Z.M.A.N. 1996. The coral reefsof Bahia: morphology, distribution andthe major environmental impacts. An.Acad. bras. Cienc., 68 (3): 439-452.

    RUSS, GR 1991. Coral Reef Fisheries:Effects and Yields. In: P.F., SALE (Ed.)The ecology of fishes on coral reefs. p.601-635.

    SMITH, S.V. 1978. Coral reef areaand contributions to processes andresources of the world's ocean. Nature,273: 225-226.

    SOROKIN, Y.I. 1993. Coral ReefEcology. Ecological Studies 102.Springer Verlag. 465 p.

    TELLES, M.D. 1998. Modelo trofo-dinmico dos recifes em franja do ParqueNacional Marinho dos Abrolhos _ Bahia.Tese de Mestrado, Fundao Univer-sidade do Rio Grande _ FURG _ 150 p.

    VERON, J.E.N. 1995. Corals in spaceand time: biogeography and evolutionof the Scleractinia. UNSW Press, 321

  • 12

    edio especialedio especial

    No nmero 7 a revista abordou um tema que voltaria a ser objeto dereflexo em edies futuras devido a sua importncia _ a fadiga:

    Em relatrio do Clube P&I do ReinoUnido, publicado em 1992, est declara-do que a maior percentagem de encalhese colises martimas ocorre no perododas 4 s 8 horas.

    Hoje, mais do que nunca, o prtico tra-balha sob presso para aumentar onmero de horas trabalhadas, combi-nando assim desempenho e especia-lizao, tudo em prol do desenvolvimen-to da eficincia.

    Como reconhecer a fadiga emvoc e nos outros?

    Seus nveis de vigilncia ou percepo deseu estado so diretamente influencia-dos pela fadiga e sempre que isto ocorreo desempenho humano diminudo.

    A fadiga pode afetar a capacidade paradesenvolver tarefas que envolvamesforo fsico, bem como a habilidadepara solucionar problemas complexosou tomar decises.

    edio 7 (fev/out 2001), pginas 20, 21 e 22

    A tabela a seguir descreve algunsefeitos da fadiga, acompanhados daperda de condies para desempenho deatividades e sintomas destes problemas.

    Diminuio de desempenhoSintomas

    1. Dificuldade de concentrao

    Inabilidade para organizar uma sriede atividades. Preocupar-se com umnico ponto ou fato. Ficar preso a umproblema simples, no dando a atenodevida ao mais importante. Voltar aantigos e ineficientes hbitos. Estarmenos atento do que o usual.

    2. Diminuio da habilidade de tomardecises

    Dificuldade para aquilatar distncias,velocidade, tempo etc. Incapacidadepara avaliar a gravidade de uma situa-o. No atentar para pontos quedeveriam ser levados em conta.

    Escolher opes claramente arriscadas. Ter dificuldade para resolver simplesproblemas de aritmtica, geometria etc.

    3. Memria fraca

    Esquecer a seqncia de algumatarefa ou suas partes. Dificuldadepara lembrar fatos ou procedimentos. Esquecer total ou parcialmente algumatarefa ou obrigao.

    4. Lentido de reao

    Reagir lentamente em situaesnormais, anormais ou de emergncia.

    5. Descontrole fsico

    Aparentar estar bbado. No con-seguir ficar acordado. Ter a voz afetada,vagarosa e desconexa, e falar ofensas.

    6. Mudana de humor

    Ficar mais calado do que o normal. Apresentar estado de irritao anormal.

    7. Mudana de atitude

    Dificuldade para prever perigo. Difi-culdade para perceber e obedecer sinaisde alerta. Parecer desconhecer suaprpria fraqueza para execuo da ativi-dade. Assumir muitos riscos. Ignorarverificaes e procedimentos normais. Demonstrar atitude de descuido.

    O que provoca a fadiga?

    No poder dormir: Alguns prticosso obrigados a cumprir longas nave-gaes aps terem viajado grandesdistncias at o ponto de embarque.

    Dormir mal: Durante navegaes maislongas, os prticos tiram pequenos cochilos,mal acomodados. Muitas vezes aguardamna lancha, dormindo como podem.

    Insuficiente tempo de descanso

    os perodos de trabalho e aprender afazer sua avaliao particular da fadiga.

    Os prticos devem estar bem de sade,evitar substncias como drogas ou lcoole fazer avaliaes mdicas peridicas.

    Todos os prticos devem trabalhar sob osmesmos acordos locais, nacionais ouinternacionais.

    Qual o efeito que a fadiga provocano desempenho da atividade?

    O prtico administra situaes de altorisco que requerem intensa concentraoe nvel apurado de destreza. Deste modo,qualquer diminuio na qualidade do seudesempenho pode ter resultado catastr-fico. O erro causado pela fadiga pe emrisco o navio, sua tripulao, o porto e omeio ambiente, alm do prprio prtico.

    Todos os anos existem mortes de prti-cos. Muitas delas ocorrem nas escadasdurante o desembarque para a terra,quando h alto risco j que o prticoest relaxado aps um estressanteperodo de navegao e manobra nopassadio. Igualmente, quando retornapara casa dirigindo seu carro, necessitater extrema cautela.

    Como os prticos podemproteger-se do ataque da fadiga?

    As administraes nacionais devemdesenvolver sistemas, como os j emvigor na Austrlia, para evitar as situ-aes de fadiga.

    Criando o controle de sade emperodos regulares e estabelecendopadres de condies fsicas.

    Regulando as horas de trabalho detodos os prticos, incluindo os de reser-va, para substituir os que julgarem emprocesso de fadiga.

    Os prticos devem preparar-se para o

    entre os perodos de trabalho: comum em vrios portos que os navioscheguem agrupados quase num mesmohorrio e, para manter o movimentofluindo normalmente, h a diminuiodo tempo entre as manobras. Asescalas de servio podem ser alteradaspor avisos inesperados.

    Estresse: Este provavelmente oponto mais importante, que vem s,independentemente de outros fatores.O trabalho do prtico extremamenteestressante. Ele embarca em naviosestranhos, com caractersticas e tripu-laes desconhecidas, e as autoridadesdos terminais esperam dele que traga onavio rapidamente, no importando ascondies do seu funcionamento ou oestado meteorolgico do momento. Nomundo inteiro, os prticos encontram-sesob presso para efetuar um trabalhoem condies seguras em meio con-corrncia. Segurana e concorrnciararamente so compatveis.

    Viagem ou deslocamento: comumo deslocamento do prtico a grandes dis-tncias, usando helicpteros barulhentosou pequenas lanchas, somente parachegar ao ponto de incio do seu traba-lho. Estes so fatores de debilitaomesmo antes do comeo das manobras.

    Passadios sem boas condies:Iluminao inadequada, baixo nvel deoxigenao, isolamento social, barulhoe vibraes so fatores que tambmcausam fadiga.

    Como podemos aliviar os efeitosda fadiga?

    O componente chave para administrar oproblema da fadiga o estabelecimen-to da carga de trabalho sem horasexcessivas e com suficientes perodosde recuperao.

    Os prticos e suas famlias precisamcoordenar as atividades que antecedem

    A fadiga do prtico martimo

    Traduo livre da minuta preparadapela IMPA usando vrias fontes de

    informao, entre elas o "Module 4"(Fadiga e os Comandantes)

    A fadiga do prtico, incluindo suascausas e meios para combat-la, diferente daquela que enfrentam astripulaes embarcadas que trabalhamem regimes regulares de servio.

    Os horrios dos prticos so irregularese o trabalho desenvolve-se em longosperodos, muitas vezes em escalas deservios com resultados imprevistos.Tambm comum o prtico ficar obriga-do a longas e extenuantes viagens deida e volta ao seu ponto de embarque.

    O trabalho noturno no mar e as escalasde servio rotativas produzem areduo da segurana da atividade doprtico mais do que se desenvolvidadurante o dia ou em perodos demudanas de turno fixas durante a noite.

    Como qualquer humano, o prticopode ser fraco para julgar seusprprios limites de cansao e parasentir os sinais de alerta relativos fadiga e suas conseqncias.

    13

  • perodo de trabalho de forma profis-sional em cada ponto, como descanso,sono, alimentao, abstinncia alcool, cafena, drogas etc.

    Casos estudados

    Encalhe do panamenho "New Reach"em Heath Reef, Great Barrier Reef, em17 de maio de 1999 _ o prtico estavaem adiantado estado de sonolncia. Anavegao de 464 milhas e o prticoestava a bordo h 34 horas. O navio flu-tuou com seus prprios meios eprosseguiu viagem.

    Encalhe do "Venus" no rio St. Lourenoem 17 de abril de 1997 _ o prtico noestava ambientado rotina de trabalhonoturno no retorno das frias.

    Coliso entre o "Nirja" e o "HamiltonEnergy" em 11 de dezembro de 1993,em Hamilton Harbour, Ontrio _ o prti-co executou trs servios consecutivosem 24 horas sem o descanso adequadoe regulamentar.

    Fontes:

    IMPA _ Recomendao 26, Prevenoda Fadiga. Fatores Humanos emOperaes Martimas: Administrando aFadiga, Vigilncia e Suporte nasOperaes do Prtico Martimo _

    Vincent Cantwell, 1998.

    Segurana e Fadiga _ ProfessorTjorbojn Akerstendt, 2000.

    Relatrio da Diretoria de Segurana eTransporte Canadense na coliso doNirja com o Hamilton Energy.

    di retor-presidente doCONAPRA, Otavio Fragoso,e os diretores MarceloCajaty e Siegberto SchenkJnior participaram do encon-tro de julho.

    Fora o convvio sempre cordial eamigvel que caracteriza o rela-cionamento com os represen-tantes da IMPA, a diretoria doCONAPRA _ que j vem integrandocom assiduidade as reuniespreparatrias da posio brasileira,organizadas pela SEC-IMO no Rio deJaneiro _ teve uma calorosa acolhidada delegao permanente do Brasil. Osdelegados brasileiros transmitiramimportantes informaes baseadas naexperincia dos ltimos anos e facili-taram ao mximo essa primeira partici-pao na IMO, oferecendo documentos,apresentando funcionrios respon-sveis e esclarecendo dvidas nodecorrer dos trabalhos.

    Tradicionalmente, durante a semana dereunio do NAV, a IMPA oferece umcoquetel em seu navio-sede, oWellington, atracado no Tmisa, emTemple Stairs. Pela primeira vez, a de-legao brasileira na IMO participoudeste evento, a convite do CONAPRA,com a presena do Alte. Srgio GitiranaFlorncio Chagasteles, representantepermanente do Brasil na IMO; do CMGMarcos Augusto de Almeida, represen-tante alterno da RPB-IMO; do CLCDarlei Santos Pinheiro, representanteda CONTTMAF em Londres junto RPBIMO; e de Walter de S Leito, repre-sentante da Petrobras na CCA-IMO. Oevento foi prestigiado, ainda, por duasfiguras ilustres: William O'Neil e

    15

    BRASIL MAIS PERTO DA IMO

    A diretoria do CONAPRA esteve presentena 49a reunio do subcomit deSegurana da Navegao (NAV) daOrganizao Martima Internacional(IMO), realizada em julho passado nasede da organizao, em Londres. ONAV e o subcomit STW, que trata denormas de treinamento e servio dequarto, compem o Comit deSegurana Martima (MSC), principalrgo tcnico da IMO.

    A atuao do MSC extremamente re-levante porque ele abarca, porexemplo, questes relacionadascom auxlios navegao, procedi-mentos para evitar colises, segu-rana martima, investigao de aci-dentes e informaes hidrogrficas,entre muitas outras, sendo o comitde maior importncia para os prticosde todo o mundo e influenciando pro-fundamente o exerccio e o desenvolvi-mento da praticagem. Por esta razo,muitas delegaes participantes destefrum, especialmente as de pases comcaractersticas de coastal states ouport states, contam com a presena deprticos entre seus membros. Almdestes, que representam os interessesde seus respectivos pases de origem, aIMPA tambm se faz presente noscomits, subcomits e grupos de traba-lho da IMO, na condio de organizaono-governamental.

    Com uma delegao permanente naIMO, composta pela sua diretoria, aIMPA dispe de credenciais para quali-ficar tambm alguns representantescomo observadores, em carter tem-porrio. Nesta condio, exatamente, o

    EfthimiosMitropoulos _ respec-

    tivamente, o atual e o futurosecretrio-geral da IMO, eleito h pouco.

    A partir dos bons resultados conquista-dos pelo CONAPRA no encontro doNAV, a diretoria da entidade pretendeparticipar mais ativamente das dis-

    cusses na IMO e acom-panhar de perto

    edio especialedio especial

    A revista registrou em 2001 o jeito criativoe hospitaleiro da tripulao de um navio

    alemo receber os prticos:

    Participao do CONAPRA na 49 sesso do subcomit deSegurana da Navegao da IMO, em 2003, foidestaque da edio 10:

    14

    BOM HUMOR NOMV BRASILIA

    Nem s de situaes estressantes viveum prtico. Histrias pitorescas tam-bm fazem parte de sua luta diria. OMV Brasilia, de bandeira alem, umbom exemplo. Sua imponente super-estrutura obriga o prtico a escalarinterminveis 121 degraus _ o equiva-lente a um prdio de oito andares _

    para chegar ao passadio.

    Porm, o que poderia representar umobstculo transformado, com bas-tante humor, em momentos de des-contrao pelo capito do navio,Ulrich Ratajczak. No meio do per-curso h uma placa (foto 1) anunci-ando uma espcie de pit stop, comdireito a uma confortvel poltronae mensagens de incentivo.

    Finalmente, quando o passadio alcanado, o prtico rece-bido com uma nova placa (foto2) congratulando-o pela per-sistncia e convidando-o aassumir suas funes.

    MV Brasilia _ Lugar deDescanso dos Prticos

    Pare por um momento Relaxe Em poucos minutosvoc estar no topo Quando chegar aotopo, ganhar umdrink de cortesia!!! No se preocupe,seja feliz

    Parabns! Voc est no topo!

    Magnfica vista da torre do navioagora Voc encontrar pessoas amistosasaqui E o caminho de volta ser bem melhordo que o de ida ( uma promessa) Aproveite sua permanncia a bordo

    edio 7 (fev/out 2001), pgina 23 edio 10 (jul/set 2003), pgina 4

  • 16

    Saudita) e no mar Adritico; e alterou osEST entre Korsoer e Sprogue, naDinamarca, e o do estreito deSingapura. As anlises feitas sobrenovos traffic lanes para navios com car-gas em granel perigosas ao longo deFinisterre sero encaminhadas direta-mente 23a assemblia geral.

    O grupo de trabalho tambm deliberoua criao da primeira ATBA (rea aser evitada) compulsria do mundo,localizada na costa nordeste da NovaZelndia, e modificou regras derepresentao cartogrfica no estreitode Torres, em reas de precauo nomar Adritico e na ATBA no compul-sria situada no Peruvian ParacasNational Park. Especificamente noestreito de Torres, foram aprovadospontos de reporte compulsrio pelosnavios, na rota interna da GrandeBarreira de Corais, na Austrlia, e aolargo do Finisterre.

    Ainda mais dois grupos se constituram.Um tcnico, com o propsito de deta-lhar o display e a utilizao das infor-maes do AIS mostradas nas telas doradar e do Ecdis (carta eletrnica),que incluiu em suas discusses o estu-do do IEC (International EletrotechnicalCommittee) estabelecendo padres deperformance para a apresentao dedados dos diversos equipamentos denavegao inter-relacionados; e outrogrupo para redigir o texto sobre as duasdecises da assemblia relativas alocais de refgio.

    Durante as atividades, a IMPA revelou oresultado de uma pesquisa feita anopassado, em associao com a OCIMF ea INTERTANKO, a respeito de falhasnos equipamentos de amarrao ereboque (cabeos, guinchos etc.), almde um documento _ em nome da IHMAe da IAPH _ relacionando acidentesocorridos a defeitos em cabos de amar-rao. Por solicitao da IMO, a IMPA

    as decises desse centro to impor-tante para a comunidade martimainternacional, semelhana das pra-ticagens de diversas naes.

    Acompanhe, a seguir, o resumo dorelatrio preparado pela IMPA sobre a49a reunio do subcomit de Seguranada Navegao.

    "Como de hbito, o evento contou comum expressivo nmero de prticos,atuando como representantes da dele-gao de seus pases ou da IMPA.Foram eles:

    Hein Mehrkens _ presidente da IMPAGeoff Taylor _ vice-presidente da IMPARen Richard _ vice-presidente da IMPANick Cutmore _ secretrio-geral da IMPAOtavio Fragoso, Siegberto Schenk eMarcelo Cajaty _ observadores da IMPAClaude Huaut _ FranaGianfranco Gasperini _ ItliaBertil Hammargren _ SuciaCahit Istikbal _ TurquiaMike Watson _ EUABenny Petterssen _ SuciaPaul Kirchner _ EUALes Cate _ Reino UnidoGeorge Quick _ ICFTUMichel Pouliot _ CanadWolfgang Leue _ AlemanhaThemistocles Daskalalakis _ GrciaRein Van Gooswilligen _ HolandaValery Latypov _ Ucrnia.

    Na introduo, o secretrio-geralWilliam O'Neil comentou o novo serviode VTS, em teste nos estreitos deIstambul e Canakkale, e a discussosobre "locais de refgio", que seseguem aos acidentes com o Castor, oErika e o Prestige.

    Como em todos os encontros do NAV,formou-se um grupo de trabalho sobreesquemas de separao do trfego, queaprovou novos EST em Ra's Al Kuh (Ir),no porto de Ra's Al Khafji (Arbia

    Nome de um documentoapresentado pela IALA, cujaproduo se baseou nametodologia "Formal SafetyAssessment". Da mesma forma,a IMPA pretende envolver-se nodebate da questo, entendendo aparticipao dos prticos comoproveitosa e oportuna".

    deve submeter proposta referente aestas questes na prxima reunio doNAV, em 2004.

    Os seguintes temas ainda foram abor-dados no encontro:

    Estudo de viabilidade para a insta-lao de VDRs em navios j existentes.

    Apesar de considerada vivel e dese-jvel, a instalao s ter sua data dis-cutida na prxima reunio do MSC;

    Segurana dos grandes navios depassageiros.

    Documento submetido pela Noruega,apontou deficincias atribudas ausncia de um Prtico na equipede trabalho. Como conseqncia,a IMPA alertou seus associa-dos daquele pas, que pas-saro a participar doprocesso;

    Medidas de reforo segurana(security) martima.

    Vrios assuntos entraram em pauta,inclusive o sistema Satnav europeuchamado Galileo;

    Anlise de acidentes.

    Um resumo est disponvel no site daIMO desde julho de 2003;

    Mensagens binrias do AIS.

    Trata-se dos pacotes de informaespredefinidas trocadas entre navios eentre estao em terra e navio. Consi-derando que, em grande parte, rela-cionam-se praticagem, a IMPA con-tinuar acompanhando esta discusso;

    Medidas de segurana para naviosoperando em canais estreitos e emreas de trfego denso.

    17

    edio especialedio especial

    edio 10 jul/set 2003), pginas 6 e 8

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    ente e suas condies de vida. Essasmanifestaes de comprometimentocom a cidadania do suporte imagemda empresa, criando um diferencialextremamente positivo. Assim sendo,toda a fora frente! O passo seguinte a seleo criteriosa de projetos, atidentificarmos o de perfil compatvelcom nosso conceito de movimentosocial. O importante nunca esquecer:muito mais do que um desafio oudemonstrao de coragem, a manobrasocial uma prtica de solidariedade.

    Existe um lugar...

    No Brasil, vrias iniciativas de contra-partida social tm se pautado pelaseriedade e continuidade, merecendoo apoio e o respeito de toda asociedade. Um desses projetos realizaum trabalho pioneiro com crianas, noenfoque da importncia do ncleofamiliar. Trata-se das Aldeias InfantisSOS Brasil, um movimento social quecria famlias para crianas que neces-sitam de famlias.

    Segundo um velho ditado, uma cami-nhada de mil lguas comea com oprimeiro passo. Nada mais perfeito: oadulto de hoje foi a criana do passado;a qualidade da infncia ser determi-nante na formao do homem. Quantomais acolhermos a criana, especial-mente dando-lhe um lar para am-la eeduc-la, menores sero as chances dese tornar um adulto marginalizado, emcondies desiguais de cidadania.

    Os sonhos, em sua grande maioria,nascem da associao de pensamentose sentimentos, mas houve uma vez em

    Manobra social

    Planos, estratgias, negociaes, abusca constante da excelncia paraconsolidar a prtica da qualidade. Semdvida alguma, afirmar diariamente va-lores ticos atravs de aes o melhorcaminho para o crescimento e a con-quista do reconhecimento. Entretanto,na medida em que alcanamos nossosobjetivos, tambm avanamos em nos-sas responsabilidades. Observamos queos limites e as possibilidades de atu-ao vo muito alm das fronteiras dosportos e das dimenses dos navios.Com a globalizao da economia e acompetitividade acirrada, torna-seimperioso que as empresas superemseus horizontes e respectivas vocaes,participando efetivamente da elabo-rao de alternativas e solues quecontribuam para o aperfeioamento e aqualidade de vida do personagem prin-cipal: o homem. Entender os novosrumos da poltica econmica nogarante a sobrevivncia da empresa etampouco a prosperidade dos negcios. necessria uma evoluo institu-cional, aes com o objetivo de pro-mover no servios ou produtos, mas onome da empresa, associado quali-dade e credibilidade, comenfoque no homem,seu ambi-

    Nas Aldeias Infantis SOS, que dispemde toda a estrutura pedaggica, as cri-anas levam uma vida normal: freqen-tam escolas, recebem assistncia mdi-ca e odontolgica e tm cuidados deuma equipe treinada e especializadaque as orienta no seu desenvolvimento.Cada Aldeia possui de 10 a 12 casas-lares, acolhendo cerca de 10 crianasde idade e sexo diferentes, muitas viven-do com seus irmos biolgicos, preser-vando os laos afetivos e familiares.

    E o melhor de tudo: cada casa respon-sabilidade de uma "me" social, queno gerou as crianas, mas gerou afamlia das crianas quando abraou a

    misso de entregar sua vida para outrasvidas crescerem com amor e dignidade.

    A comunidade administrada por umdirigente que exerce a funo de "pai"social das crianas e tambm coordenaos demais projetos, como: a casa tran-sitria, destinada a fornecer apoio esegurana s crianas vtimas de aban-dono ou maus tratos, em situao derisco social, que permanecem ali atque se encontre a soluo definitivapara cada uma delas; os centros decapacitao de jovens, que buscamdescobrir a potencialidade vocacionalde cada um, orientado-os no seu desen-volvimento profissional; a casa de

    que a dor gerou um sonho... Apsretornar ao seu pas, um certo soldadoficou frente a frente com seu maiorinimigo: os horrores da guerra. Eram gri-tos e gemidos que seus olhos enxer-gavam e o corao escutava. No haviamais armas, trincheiras, nem o fogo doscanhes. No existia nada, somentedestruio e abandono. As lgrimas semisturavam ao sangue da alma, trans-formada em novo campo de batalha.ramos todos rfos de pais, filhos,famlias, amigos. Precisvamos enxugaro pranto e recomear, de casa em casa.

    Aquele soldado chamava-se HermannGmeiner e, apesar de tanta tristeza, umsopro de vida e esperana ainda lheanimava o esprito.

    Encontrou sua irm em casa, cuidandodos nove irmos, com a coragem e aentrega de que s o amor materno capaz. Descobriu, ento, a misso doseu retorno da guerra: construircasas-lares, criando famlias paracrianas que estavam necessitando defamlias. Cada casa acolheria nove cri-anas e, o mais importante, uma mu-lher desempenharia o papel materno,educando com carinho e orientandoseu desenvolvimento moral e familiar.Foi assim que tudo comeou. E, em1949, surge na ustria, com o entoeducador austraco Hermann Gmeiner,a primeira Aldeia Infantil SOS. Comooutros nomes da Histria, Hermann satingiu seu objetivo porque transfor-mou idias em palavras e palavras emaes. Atuantes no Brasil desde 1967,as 14 Aldeias esto presentes em dezunidades federativas com 36 projetos,atendendo mais de cinco mil crianase adolescentes.

    jovens, residncias juvenis que com-plementam o processo de integrao sociedade dos jovens oriundos dasAldeias SOS; e ainda o centro social,cujo objetivo resgatar a cidadania eprovocar mudanas na qualidade devida das pessoas nas famlias e comu-nidades, atravs dos Ncleos deEducao Infantil, Sociedade eCidadania, Jovens e Mercado deTrabalho e Sade da Famlia.

    luz para todos ns sabermos queexiste um lugar acolhendo, transfor-mando, abrindo caminho para crianasseguirem a estrada da vida, com segu-rana, dignidade e amor.

    edio especialedio especial

    Matria sobre cidadania, publicada no nmero 11, abriu caminhopara reportagens sobre incluso social:

    edio 11 (out/2003 a jan/2004), pginas 32 e 33

    18

  • BAHIA APIMENTA OS DEBATES

    O sedutor cenrio da terra de Jorge Amado abrigou o XXV Encontro Nacionalde Praticagem, realizado de 30 de maro a 2 de abril ltimo. Os prticosreceberam as boas-vindas com um coquetel noturno, seguido de jantar, noClub Med de Trancoso, que foi sede do evento.

    A abertura dos trabalhos aconteceu na manh do dia 31, dando incio srie de palestras. A tarde ficou livre e comeou com um bomchurrasco aperitivo na praia, antes do almoo. No mesmo dia, depoisdo jantar, houve um baile de mscaras, em que os prticos, comsuas acompanhantes, puderam relaxar e preparar-se para amaratona do dia 1, quinta-feira: mais de quatro horas deAssemblia Geral Extraordinria.

    Entremeada por um coffee break para que os participantespudessem tambm posar para a foto oficial, a assemblia termi-nou por volta das 14 horas e deu lugar a uma extensa progra-

    mao social. Primeiro veio o almoo e depois o torneio de arco eflecha, aula de dana, jantar, night club... Haja flego!

    O ltimo dia destinou-se ao acerto das pendncias do encontro, mas sem descuidar da parte recreativa.Uma regata entre alguns dos participantes terminou com a vitria do prtico Marcelo Cajaty, diretor do CONAPRA

    e presidente da Praticagem do Rio Grande. O jantar de encerramento fechou com chave de ouro as atividades programadas, que,segundo os prticos, proporcionaram doses extras de entretenimento e uma convivncia mais prxima entre os profissionais.

    O amigo Salviano

    Foi com grande tristeza que recebemosa lamentvel notcia do falecimento, em21 de janeiro passado, do Exmo. Sr. JuizLuiz Carlos de Arajo Salviano, nascidoem 8 de abril de 1950, Juiz Civil desteTribunal Martimo, nomeado por decre-to do Presidente da Repblica, de 12 deagosto de 1985, em vaga decorrente daaposentadoria do Juiz Jorge Gomes.

    O Juiz Salviano era mais do que umsimples companheiro, era um grandeamigo para todas as horas. Capito-de-longo-curso dos mais brilhantes,alcanou este posto mais cedo do que amdia por merecimento, sendo um dosmais novos CLC, tendo sido tambmprimeiro colocado na Escola de MarinhaMercante, hoje CIAGA, por todo o cursode formao. Comandou o N/M"Netuno" por 10 vezes, e o "Minerva" e"Pedro Teixeira" uma vez cada. Foi ime-diato de diversos navios, vice-presi-dente deste Tribunal por dois perodos,presidente da Comisso de Licitao doTribunal Martimo por duas ocasies,participou do Congresso Internacionalsobre Responsabilidades nos AssuntosMartimos, representando oTribunal Martimoem Cdiz,

    na Espanha, e, finalmente, presidiu aComisso de Jurisprudncia do TribunalMartimo por dois perodos e atuoucomo membro desta comisso emdiversos perodos, sendo bacharel emDireito pela Universidade Estcio de S,em 3 de junho de 1991.

    Deixa o Juiz Salviano uma lacuna nesteTribunal Martimo que ser muito difcilde preencher, pois seus con-ceitos e opinies eram sem-pre discutidos com a finali-dade de esclarecer os fatos,suscitando anlises moti-vadoras que conduzissem compreenso do proble-ma, permitindo, dessamaneira, que o processofosse orientado no senti-do de cooperar com umresultado justo.

    A caracterstica mar-cante de sua perso-nalidade, em minhamodesta opinio,era a simplicidade,primando pelo con-vvio com os ami-gos e por suapaixo por jogarfutebol. O desa-parecimento pre-maturo do JuizSalviano nosleva a refletirsobre a neces-sidade de unir-mos esforospara superara ausncia desuas opiniestcnicas em-

    basadas na sua larga experinciaprofissional, aliadas sua brilhanteinteligncia.

    Assim, pedimos a Deus que, de ondeele estiver no momento, ilumine a todosns com sabedoria e bom senso.

    Everaldo TorresJuiz do Tribunal Martimo

    20 21

    edio especialedio especial

    Relembre a homenagem feita ao juiz do Tribunal Martimo Luiz Carlosde Arajo Salviano, morto em 2004:

    O XXV Encontro Nacional de Praticagem,em Trancoso, BA, contou com a presena deMichael Watson, atual presidente da IMPA:

    edio 12 (jan/mai 2004), pgina 17

    PRTICOS BRASILEIROS E SEUS FAMILIARES COMTE. ARIONOR DE CASTRO, MICHAEL WATSON,VICE-ALTE. AURLIO FILHO E CMG CSAR SIDNIO

    PALESTRA DURANTE O XXV ENCONTRONACIONAL DE PRATICAGEM

    edio 12 (jan/mai 2004), pgina 14

  • Com a profisso quepediu a Deus

    Histrias de pescador ele temde sobra porque foi da pesca

    que tirou o seusustento durante muito tempo.

    Mas a histria que DilsonEsprito Santo mais gosta de

    contar a da sua prpria vida,de como transformou seu

    sonho de meninoem realidade

    Filho de um estivador, Dilson tem 59anos e marinheiro da Rio Pilots emMangaratiba. Casado, pai de cinco filhos,esse angrense seguramente um privi-legiado, pois pertence classe daque-les que amam a sua profisso. Indagadosobre o que mais gosta em seu trabalho,ele responde emocionado: Tudo.

    Aos 13 anos comeou a trabalhar comopescador. Ele conta que muitas vezesdormia no barco e s acordava na horade ajudar os companheiros a puxar arede do mar. Aos 21 anos veio oprimeiro embarque no Trito, um barcopesqueiro de 24 metros. O dono perce-beu logo que eu levava jeito e tratou deme embarcar. Cheguei a passar 90 diasno Rio Grande do Sul, lembra.

    Em 75 conseguiu tirar a carteira demoo de convs e a no parou mais.Foram sucessivos cursos e embarquesque lhe habilitaram a ingressar em 2003na categoria de mestre de cabotagem, oseu maior orgulho. Catlico, acreditaque tudo foi obra de Deus. essadevoo que lhe d foras para diaria-mente mesmo nos dias em que chegaexausto em casa, depois de pegar duascondues e trabalhar 24 horas agradecer a Deus por ter o ofcio comque sonhou.

    Marinheiro e artesoFoi observando os pescadores mais ve-lhos fazerem costuras em suas redes de

    sisal que o marinheiro aprendeu afazer cabos perfeitos, todos arre-matados e sem aparecer a ponta,como faz questo de frisar. Hoje,com seu talento natural aperfeioa-do, Dilson confecciona at minia-turas de peas nuticas, como aescadinha de oito degraus queornamenta o auditrio do CONAPRAno Rio de Janeiro.

    Das imagens que guarda namemria, uma das mais marcantes a da travessia da Ilha da Gipia aoPorto de Angra dos Reis, que seupai fazia a remo, no brao. Outraimagem que gosta de descrever a

    22 23

    dos navios vindo de Sepetiba nomomento em que despontam na IlhaGuaba, conduzidos pelos prticos ecom suas luzes de navegao acesas.Eu acho isso lindo, diz ele com umapoesia capaz de criar uma verda-deira aquarela na imaginao deseu interlocutor.

    Dilson um homem realizado, mas commuitos sonhos ainda. Um deles refa-zer a viagem do Rio de Janeiro ao RioGrande do Sul, s que dessa vez denavio, sem passar as privaes quesofreu no Trito. Privaes das quaisele fala com um sentimento quase quenostlgico, passando bem longe daamargura. Talvez seu sobrenome

    Esprito Santo no sejapor acaso.

    edio especialedio especial

    Cada vez mais prtico

    SIM Card identificar prticode forma rpida e eficiente

    Os atentados terroristas ocorridos em11 de setembro de 2001 nos EstadosUnidos levaram a Organizao Marti-ma Internacional (IMO) a implantarnovas medidas para reforar a segu-rana de navios e instalaes por-turias. Em dezembro de 2002, os go-vernos contratantes da ConvenoInternacional para a Salvaguarda daVida Humana no Mar de 1974 realizaram em Londres uma confernciana qual foi estabelecido o ISPS Code(Cdigo Internacional de Proteo deNavios e Portos).

    Com o novo sistema, o nvel de exignciapara identificao das pessoas queembarcam em navios ou entram eminstalaes porturias aumentou e, na-turalmente, os requisitos de autenti-cao tornaram-se mais rigorosos.Nesse contexto, a cincia da biometriatem sido de grande utilidade, pois per-mite uma identificao inequvoca a par-tir da medio das caractersticasbiolgicas de cada indivduo. Essatecnologia vem sendo utilizada comsucesso para reconhecer pessoas ematividades forenses, bancrias e de pro-teo de patrimnios, entre outras.

    Baseado nesse princpio, o CONAPRAdesenvolveu um sistema de identifi-cao dos prticos brasileiros, segundorigorosos requisitos de segurana e deacordo com a Conveno 185 de 2003da Organizao Internacional doTrabalho (OIT), que trata da identifi-cao de martimos. Reconhecido emoutubro de 2004 pela Autoridade

    Martima Brasileira, o novo mtodoest em fase de implantao.

    O reconhecimento dos prticosbrasileiros ser feito atravs de umcarto que engloba trs formas de veri-ficao de identidade:

    1) atravs de dados pessoais (texto),faciais (foto) e grafolgicos (assinatura)para identificao visual do profissional;2) atravs de dados pessoais no formatodigital (certificado digital A-3) para iden-tificao digital do usurio atravs de seuPIN (Personal Identification Number) ; 3) atravs de dados pessoais e biom-tricos no formato de cdigos de barras,padronizados pela Conveno deDocumentos de Identificao deMartimos da OIT _ ILO SID Convention(Revised ), 2003, (n 185).

    O PID (Pilot Identification Card ) ter oformato de um SIM Card carto pls-tico com caractersticas grficasantifalsificao e um chip de armazena-mento de informaes digitais.Trata-se da mesma tecnologia utilizadana indstria de telefones celularesGSM e de cartes de crdito paraidentificar seus clientes, trazendo aindainformaes adicionais impressas deforma inaltervel.

    No XXVII Encontro Nacional dePraticagem, realizado em novembro, emFlorianpolis, SC, agentes do CONAPRAcomearam a coletar digitais e fotosdos prticos presentes. Todo o material,assim como o cdigo de barras 2-D,ser impresso pelo prprio CONAPRA, orgo emissor dos novos documentosde identificao.

    A verificao da identidade do prticoser feita das seguintes formas:

    1) Por comparao visual: atravs datradicional comparao entre os dadospessoais, fotografia e assinatura apre-sentados pelo portador contra os conti-dos no carto;

    2) Pelo cdigo de barras biomtricoSID 2-D: se o local de verificao pos-suir sistemas capazes de ler o cdigo debarras e os dados biomtricos deimpresses digitais preconizados pelaConveno SID ILO, poder comparar osdados biomtricos do portador contraos contidos no cdigo de barras padroSID PDF417 2-D;

    3) Por certificao digital: caso overificador conte com leitores decartes tipo SIM, a identidade do prti-co poder ser confirmada contra o certi-ficado digital, atravs da comparaocom sua chave privada criptografada(PIN) contida no chip do carto;

    4) Por consulta ao website: acessan-do o site do CONAPRA, a identidade doprofissional poder ser checada atravsdo nmero da CIR/cdigo de bar-ras 2-D, que confirmar os dadospessoais cadastrados na entidadeemissora, inclusive a fotografia.

    O novo carto permitir que os prti-cos acessem seu local de trabalhorapidamente, sem risco de embaraosou mal-entendidos que comprometama sua atividade. E, finalmente, para oCONAPRA, esse sistema representaruma maneira eficaz de identificar osprticos que esto devidamente habilita-dos em nosso pas, garantir a autenti-cao de seus associados para oferecermaior segurana de acesso sua base dedados e permitir a assinatura digital dedocumentos e a criptografia de comuni-caes entre os mesmos associados.

    Os atentados terroristas

    ocorridos em 11 de setem

    bro de 2001

    nos Estados Unidos

    levaram a Organizao

    Martima

    Internacional (IMO) a im

    plantar novas medidas p

    ara reforar a

    segurana de navios e in

    stalaes porturias. Em

    dezembro de

    2002, os governos cont

    ratantes da Conveno

    Internacional

    para a Salvaguarda da

    Vida Humana no Mar

    de 1974

    realizaram em Londres u

    ma conferncia na qual f

    oi estabeleci-

    do o ISPS Code (Cdigo

    Internacional de Prote

    o de Navios

    e Portos).

    Com o novo sistema, o

    nvel de exigncia para

    identificao

    das pessoas que emb

    arcam em navios ou

    entram em

    instalaes porturias a

    umentou e, naturalment

    e, os requi-

    sitos de autenticao

    tornaram-se mais rigor

    osos. Nesse

    contexto, a cincia da bio

    metria tem sido de grand

    e utilidade,

    pois permite uma identif

    icao inequvoca a parti

    r da medio

    das caractersticas b

    iolgicas de cada ind

    ivduo. Essa

    tecnologia vem sendo ut

    ilizada com sucesso par

    a reconhecer

    pessoas em atividades

    forenses, bancrias e

    de proteo

    de patrimnios, entre ou

    tras.

    Baseado nesse princpio,

    o CONAPRA desenvolveu

    um sistema

    de identificao dos pr

    ticos brasileiros, segund

    o rigorosos

    requisitos de segurana e

    de acordo com a Conven

    o 185 de

    2003 da Organizao Int

    ernacional do Trabalho (O

    IT), que trata

    da identificao de mar

    timos. Reconhecido em

    outubro de

    2004 pela Autoridade M

    artima Brasileira, o novo

    mtodo est

    em fase de implantao.

    O reconhecimento dos pr

    ticos brasileiros ser feit

    o atravs de

    um carto que engloba tr

    s formas de verificao d

    e identidade:

    1) atravs de dados pess

    oais (texto), faciais (foto

    ) e grafolgi-

    cos (assinatura) para iden

    tificao visual do profis

    sional;

    2) atravs de dados pesso

    ais no formato digital (ce

    rtificado di-

    gital A-3) para identifica

    o digital do usurio at

    ravs de seu

    PIN (Personal Identificatio

    n Number) ;

    3) atravs de dados pe

    ssoais e biomtricos no

    formato de

    cdigos de barras, p

    adronizados pela Con

    veno de

    Documentos de Identific

    ao de Martimos da O

    IT - ILO SID

    Convention (Revised), 200

    3, (n 185).

    O PID (Pilot Identification

    Card) ter o formato de

    um SIM Card

    carto plstico com ca

    ractersticas grficas an

    tifalsificao

    e um chip de armaz

    enamento de informa

    es digitais.

    Trata-se da mesma te

    cnologia utilizada na

    indstria de

    telefones celulares GS

    M e de cartes de c

    rdito para

    identificar seus clien

    tes, trazendo ainda

    informaes

    adicionais impressas de f

    orma inaltervel.

    No XXVII Encontro Nac

    ional de Praticagem, r

    ealizado em

    novembro, em Florian

    polis, SC, agentes do

    CONAPRA

    comearam a coletar dig

    itais e fotos dos prtico

    s presentes.

    Todo o material, assim

    como o cdigo de bar

    ras 2-D, ser

    impresso pelo prprio C

    ONAPRA, o rgo emiss

    or dos novos

    documentos de identifica

    o.

    A verificao da identidad

    e do prtico ser feita da

    s seguintes

    formas:

    1) Por comparao vis

    ual: atravs da tradicion

    al compara-

    o entre os dados pess

    oais, fotografia e assinat

    ura apresen-

    tados pelo portador cont

    ra os contidos no carto;

    2) Pelo cdigo de barr

    as biomtrico SID 2-D:

    se o local de

    verificao possuir sistem

    as capazes de ler o cdig

    o de barras

    e os dados biomtricos

    de impresses digitais p

    reconizados

    pela Conveno SID ILO,

    poder comparar os dado

    s biomtricos

    do portador contra os co

    ntidos no cdigo de barr

    as padro SID

    PDF417 2-D;

    3) Por certificao di

    gital: caso o verificado

    r conte com

    leitores de cartes tipo S

    IM, a identidade do prtic

    o poder ser

    confirmada contra o certi

    ficado digital, atravs da

    comparao

    com sua chave privada

    criptografada (PIN) co

    ntida no chip

    do carto;

    4) Por consulta ao web

    site: acessando o site do

    CONAPRA,

    a identidade do profissi

    onal poder ser checad

    a atravs do

    nmero da CIR/cdigo de

    barras 2-D, que confirma

    r os dados

    pessoais cadastrados

    na entidade emissora

    , inclusive

    a fotografia.

    O novo carto permitir q

    ue os prticos acessem

    seu local de

    trabalho rapidamente, se

    m risco de embaraos ou

    mal-entendi-

    dos que comprometam a

    sua atividade. E, finalm

    ente, para o

    CONAPRA, esse sistema

    representar uma mane

    ira eficaz de

    identificar os prticos q

    ue esto devidamente h

    abilitados em

    nosso pas, garantir a a

    utenticao de seus ass

    ociados para

    oferecer maior seguran

    a de acesso sua base

    de dados e

    permitir a assinatura digi

    tal de documentos e a cri

    ptografia de

    comunicaes entre os m

    esmos associados.

    Identidade de Prti

    cos

    Maritime Pilot Identifi

    cation

    16

    SIM Card identificar p

    rtico de forma rpida

    e eficienteCada vez mais prtico

    Cada vez mais prtico

    Marinheiro e Arteso

    Filho de um estivador, Dilson tem 59anos e marinheiro da Rio Pilots emMangaratiba. Casado, pai de cinco filhos,esse angrense seguramente um privi-legiado pois pertence classe daquelesque amam a sua profisso. Indagadosobre o que mais gosta em seu trabalho,ele responde emocionado: Tudo.

    Aos 13 anos comeou a trabalhar comopescador. Ele conta que muitas vezesdormia no barco e s acordava na horade ajudar os companheiros a puxar arede do mar. Aos 21 anos veio oprimeiro embarque no Trito, um barcopesqueiro de 24 metros. O dono perce-beu logo que eu levava jeito e tratou deme embarcar. Cheguei a passar 90 diasno Rio Grande do Sul, lembra.

    Em 75 conseguiu tirar a carteira demoo de convs e a no parou mais.Foram sucessivos cursos e embarquesque lhe habilitaram a ingressar em 2003na categoria de mestre de cabotagem, oseu maior orgulho. Catlico, acreditaque tudo foi obra de Deus. essadevoo que lhe d foras para diaria-mente mesmo nos dias em que chegaexausto em casa, depois de pegar duascondues e trabalhar 24 horas agradecer a Deus por ter o ofcio comque sonhou.

    Marinheiro e artesoFoi observando os pescadores mais ve-lhos fazerem costuras em suas redes desisal que o marinheiro aprendeu a fazercabos perfeitos, todos arrematados esem aparecer a ponta, como fazquesto de frisar. Hoje, com seu talento

    natural aperfeioado, Dilson confeccionaat miniaturas de peas nuticas,como a escadinha de oito degraus queornamenta o auditrio do CONAPRA noRio de Janeiro.

    Das imagens que guarda na memria,uma das mais marcantes a da traves-sia da Ilha da Gipia ao Porto de Angrados Reis, que seu pai fazia a remo, nobrao. Outra imagem que gosta dedescrever a dos navios vindo deSepetiba no momento em que despon-tam na Ilha Guaba, conduzidos pelosprticos e com suas luzes de navegaoacesas. Eu acho isso lindo, diz elecom uma poesia capaz de criar umaverdadeira aquarela na imaginao deseu interlocutor.

    Dilson um homem realizado, mas commuitos sonhos ainda. Um deles refa-zer a viagem do Rio de Janeiro ao Rio

    29

    Com a profisso quepediu a DeusHistrias de pescador ele tem de sobra porque foi

    da pesca que tirou o seu sustento durante muito

    tempo. Mas a histria que Dilson Esprito Santo

    mais gosta de contar a da sua prpria vida,

    de como transformou seu sonho de menino

    em realidade

    Grande do Sul, s que dessa vez denavio, sem passar as privaes quesofreu no Trito. Privaes dais quaisele fala com um sentimento quase quenostlgico, passando bem longe daamargura. Talvez seu sobrenome Esprito Santo no seja por acaso.

    Fot

    graf

    o: E

    vald

    o

    A vida do marinheiro Dilson Esprito Santofoi um dos destaques do nmero 14:

    Leia sobre o documento de identificao de prticoselaborado em conformidade com o ISPS Code e reconhecido em 2004:

    edio 14 (set/2004 a jan/2005), pgina 16 edio 14 (set/2004 ajan/2005), pgina 29

  • 824

    j relataram dificuldades em chegar rapi-damente ao passadio por problemas deburocracia de identificao no embarque.

    Para o ano de 2005, o CONAPRA deverparticipar em janeiro do STW-36, sub-comit que trata de treinamento, emmaio do MSC-80 e em junho doNAV-51, com muito orgulho, junto Delegao Brasileira.

    25

    edio especial

    Em dezembro de 2005 prtico teve participao indita comoassessor tcnico da delegao brasileira em reunio da IMO:

    edio 14 (set/2004 a jan/2005), pginas 30 e 31

    edio especial

    Praticagem brasileira temparticipao indita

    na 79 reunio do Comitde Segurana Martima

    Foi marcante para a praticagembrasileira a 79 reunio do Comit deSegurana Martima da IMO, realizadade 1 a 10 de dezembro, em Londres.Pela primeira vez na histria, a Dele-gao Brasileira contou com um prticona posio de assessor tcnico.

    Esta participao na Delegao Brasi-leira ocorreu devido conjuno de doisfatores. O CONAPRA, por entender aimportncia de estar atualizado com osacontecimentos internacionais, comeou,h dois anos, a acompanhar algumas dassesses da IMO sentado bancada daIMPA. Paralelamente, a RepresentaoPermanente Brasileira (RPB) na IMO vemse organizando e fortalecendo desde areestruturao que levou um Almirante-de-Esquadra ao posto de RepresentantePermanente. Inicialmente com o Almiran-te Mauro Csar e, agora, sob o comandodo Almirante Srgio Chagasteles, a RPBconta com uma estrutura da Marinha doBrasil dedicada ao assunto e a partici-pao de especialistas das mais diversasreas como assessores tcnicos.

    A percepo dos titulares da delegaosobre os objetivos construtivos de nossamisso possibilitou o convite feito aoCONAPRA para compor a Bancada Bra-sileira. Marcelo Cajaty, representante doCONAPRA no MSC-79, fez a seguinteanlise sobre a participao da pratica-gem brasileira: Tornar a Delegao Bra-sileira mais forte e respeitada muitomais importante do que defender um pos-

    svel interesse corporativo. Uma delega-o composta de especialistas, como ado Japo e dos EUA, para auxiliar os re-presentantes em suas decises, torna opas mais respeitado e, conseqente-mente, mais capaz de fazer valer suasopinies. Em ltima anlise, o Brasil fortepara defender seus interesses tambmo mais importante para a praticagem.

    Estreito de Torres

    No encontro houve uma intensa dis-cusso sobre a praticagem obrigatria noEstreito de Torres. Por ser um estreito depassagem internacional, embora emguas territoriais australianas, uma prati-cagem obrigatria pode ser consideradauma restrio ao trfego, o que proibido pela UNCLOS (Conveno dasNaes Unidas para Lei no Mar). Desde areunio do NAV (subcomit que analisaos assuntos de segurana de navegao),quando este assunto foi tecnicamenteaprovado com srias ressalvas sobre sualegalidade, passando pelo LEG (sub-comit que analisa o aspecto legal daspropostas), o assunto despertou pol-mica e posies fortemente antagnicas.O principal oponente a essa proposta eraa Federao Russa que antevia essamedida, se aprovada, sendo aplicadatambm ao Estreito de Bsforo, gua ter-ritorial turca e nica sada do Mar Negro.

    Mesmo dentro da IMPA este assunto controverso. Se, por um lado, impor-tante confirmar o conceito de pra-ticagem obrigatria como proteo dacosta e do meio ambiente, por outrolado, a praticagem australiana umadas poucas praticagens desregulamen-tadas e com concorrncia. Assim, a de-licada posio da IMPA era a dedefender uma praticagem obrigatria,

    mas no aquele modelo de praticagemque no eficiente em evitar acidentes.Os tristes exemplos de encalhes na Bar-reira de Corais so a comprovao disto.

    Porm, diferentemente das reunies ante-riores, a Austrlia mudou a sua propostapara um aumento na sua rea MartimaParticularmente Sensvel (PSSA), onde apraticagem seria recomendada, e oassunto passou sem maiores discusses.Embora parea sem sentido, essa pro-posta foi altamente discutida nos basti-dores e acordada por causa dos deta-lhes. Uma PSSA uma rea que, por sersensvel, requer diversos cuidados porparte de quem passa por ela. Umarecomendao de praticagem deve serobservada, embora no seja obrigatria.A Rssia, provavelmente, recomendara seus navios que peguem um prticonaquela passagem sem que isto indiqueque ela faria o mesmo em medida idn-tica aprovada para o Bsforo.

    A participao do CONAPRA nesteassunto, atravs de conversas com prti-cos de outras delegaes, permitiu umaviso global e ajudou a agregar informa-es s anlises da Delegao Brasileirasobre qual seria o resultado da questo.

    Ainda entre os assuntos do MSC-79,destacaram-se trs grupos de trabalhoque discutiram os seguintes temas:Segurana de Navios de Passageirosde Grande Porte, Normas paraConstruo de Navios Novos Baseadasem Objetivos e Medidas paraReforar a Proteo Martima.

    O primeiro grupo de trabalho teve comoobjetivo estabelecer normas que permi-tam a evacuao e resgate de passa-geiros e tripulao, que podem chegar a

    milhares, dos grandes navios de pas-sageiros. Essas normas se baseiam,principalmente, em construo denavios que resistam por mais tempo aincndio em guas abertas para permitiro salvamento de um nmero grande depessoas. Atualmente o debate se con-centra em definir o que seria considera-do grande porte ou mesmo se asmedidas deveriam ser estendidas atodos os navios de passageiros. Obvia-mente, o custo envolvido em tais medidas grande, o que torna o debate intenso. O segundo grupo discutiu um assuntoque veio na esteira do Prestige. umassunto totalmente novo e que sugereque a construo de navios passe a serpelo objetivo a que ele se prope, prin-cipalmente na vida til desejada. Porser uma proposta indita, muitas dis-cusses ainda acontecero antes doamadurecimento da idia.

    Finalmente, o terceiro grupo de traba-lho teve como objetivo ser um ajustefino do ISPS Code, o Cdigo Interna-cional para Segurana dos Navios eInstalaes Porturias. Este cdigo foiimposto a toque de caixa aps os aten-tados de 11 de setembro e, por ter sidoimplementado em regime de urgncia,muitos pontos ainda no tinham sidoprevistos ou haviam sido mal aplicados.Nesse grupo de trabalho, um documen-to da Frana analisava os Aspectos doEmbarque do Prtico e do Acesso deAutoridades Pblicas e Servios deEmergncia, no qual era consideradoque prticos, autoridades pblicas eservios de emergncia devem ter umtratamento de identificao simplificadopara a sua rpida chegada a bordo, evi-tando riscos desnecessrios segurana.O assunto extremamente pertinente,uma vez que alguns prticos brasileiros

  • 26 27

    edio especialedio especial

    Paulo Hansen (Praticagem de Macei)coordenou a formao dos prticosinstrutores. So eles: Carlos Kelm(Praticagem do So Francisco), ClaudioFrana (Rio Pilots), Ernesto Conti Neto(Praticagem do Esprito Santo), GeraldoAlmeida (Praticagem da Lagoa dosPatos), Juarez Koury (PraticagemCabedelo), Pedro Paulo de Alcntara(Praticagem do Esprito Santo) eReginaldo Pantoja (Praticagem doRio Grande).

    Morreu em 26 de fevereiro o sub-oficial da reserva da MarinhaBenedito Nascimento Lima.Professor de radar, ingressou em1984 no CIAGA, onde deu aulasem vrios cursos. Entre asmuitas condecoraes querecebeu esto o MritoTamandar e a MedalhaPrmio de Ouro porcinqenta anos de ser-vios prestados Ma-rinha do Brasil.

    O curso de atualizao de prticos esteve na pauta da 15 edio: Confira este breve histrico da praticagem publicado em 2005:

    edio 15 (fev/mai 2005), pgina 10 edio 15 (fev/mai 2005), pginas 18 e 19

    Colocando em prtica

    Curso de aperfeioamentoprofissional do CONAPRA segue

    recomendaes da IMO

    Em abril de 2002, a AutoridadeMartima brasileira solicitou ao Con-selho Nacional de Praticagem uma pro-posta de programa para cursos de atu-alizao e aperfeioamento de prticos.O pedido foi uma forma de se antecipara uma iminente deciso da OrganizaoMartima Internacional (IMO), na medi-da em que os debates sobre a importn-cia deste tipo de treinamento para aprofisso se sucediam.

    A formalizao da necessidade de reci-clagem e qualificao contnua para osprticos s aconteceria mais de um anodepois, durante a 23 Assemblia daIMO, nos meses de novembro e dezem-bro de 2003, quando foi aprovada aresoluo A.960. O documento tra-duzido e editado pelo CONAPRA estabelece recomendaes sobre trei-namento, certificao e procedimentosoperacionais para prticos.

    Aceita integralmente pela AutoridadeMartima brasileira, a proposta elabora-da pelo CONAPRA foi desenvolvida deacordo com as recomendaes da IMOe, sobretudo, visando a man-ter os mais altosnveis tc-

    PRIMEIRA TURMA DE ATPR EM FRENTE AOSIMULADOR DE MANOBRA NO CIAGA

    Foto

    : Pro

    f. Be

    nedi

    to

    Mudanas sociaisnortearam desenvolvimento

    da profisso

    A praticagem, que sempreesteve vinculada ao interesse

    pblico, passou a ser umdesdobramento direto das

    aes do Estado

    Apesar de sua importncia para a ma-rinha mercante e para a navegaomartima em geral, o servio de pra-ticagem quase desconhecido pelocidado comum, mesmo naquelascidades ou pases em que o porto e otrfego martimo representam a princi-pal atividade econmica.

    surpreendente, portanto, que encon-tremos referncias atividade de pra-ticagem, em alto-relevo, no cdigo de

    Hamurabi, o mais antigo conjunto deleis de que se tem registro.

    Este fato j seriasu f i c ien te

    para indicara antigidade

    da profisso e,mais importan-

    te, a necessida-de de algum tipo

    de regulamentaopara seu exerccio

    mesmo em 1750 AC.

    Como explicar entoque uma das profisses

    mais antigas do mundopermanea, ainda hoje,

    quase incgnita?

    Uma resposta possvel pode ser o fatode que a navegao martima saparece na mdia em eventos queimpressionam a opinio pblica, emgeral negativos e freqentemente ca-tastrficos. Apenas quando acidentesde navegao de grande repercussoocorrem, com a presena de prtico abordo, este profissional citado.

    Apesar de a grande maioria dos aci-dentes acontecer em zonas de pra-ticagem, naturalmente as reas queoferecem maiores riscos navegao eapresentam forte concentrao dotrfego martimo, geralmente so aci-dentes de pouca monta e seu nmero extremamente reduzido em comparaocom o nmero de operaes de pra-ticagem realizadas.

    Os grandes acidentes especialmenteos que tm como conseqncia derra-mamento de leo e poluio do meioambiente atraem a ateno daimprensa; mas geralmente incidem emmar aberto, fora de reas porturias ouestreitos, onde o servio de praticagem

    necessrio. Assim, raramente seencontra alguma referncia aos prti-cos nos jornais ou na televiso.

    Outra possvel razo o pequenonmero de profissionais que exercem aatividade em todo o mundo. A IMPA International Maritime Pilots Association, associao que congrega a maioriados prticos em atividade, conta comaproximadamente 8.000 associadosespalhados pelas diversas naes mar-timas. Um nmero insignificante emrelao populao mundial, o quereduz bastante a chance de ter umprtico como parente ou vizinho...

    Profisso que vem de longe

    No entanto, esta atividade exercida porto poucos e desconhecida pela grandemaioria das pessoas vem merecendo desde a Babilnia, passando pelos fen-cios e pela Europa da Idade Mdia, echegando ao Brasil de 1808, com aabertura dos portos s naes amigas

    atualizao de prticos

    refresher courses for pilots

    Em abril de 2002, a Autoridade Martima brasileira solicitou ao

    Conselho Nacional de Praticagem uma proposta de programa

    para cursos de atualizao e aperfeioamento de prticos. O

    pedido foi uma forma de se antecipar a uma iminente deciso

    da Organizao Martima Internacional (IMO), na medida em

    que os debates sobre a importncia deste tipo de treinamento

    para a profisso se sucediam.A formalizao da necessidade de reciclagem e qualificao

    contnua para os prticos s aconteceria mais de um ano

    depois, durante a 23 Assemblia da IMO, nos meses de

    novembro e dezembro de 2003, quando foi aprovada a re-

    soluo A.960. O documento traduzido e editado pelo

    CONAPRA estabelece recomendaes sobre treinamento,

    certificao e procedimentos operacionais para prticos.

    Aceita integralmente pela Autoridade Martima brasileira, a

    proposta elaborada pelo CONAPRA foi desenvolvida de acordo

    com as recomendaes da IMO e, sobretudo, visando a manter

    os mais altos nveis tcnicos do servio de praticagem

    brasileiro. Para isso foi proposta uma formao constante a fim

    de atender s demandas da profisso e aos desafios do futuro.

    Sempre de forma proativa.Os prticos passaro por este curso de cinco em cinco anos.

    O curso para Atualizao de Prticos (ATPR) dividido em

    duas fases:1) A primeira etapa realizada a distncia atravs de um CD-

    Rom enviado s praticagens. Composta por cinco mdulos,

    envolve os seguintes temas: conhecimento de ingls tcnico,

    primeiros socorros, sobrevivncia no mar, legislao e

    segurana pessoal;2) A segunda fase consiste numa etapa realizada tambm a

    distncia e em outra com a presena do prtico. Novos

    recursos de passadio e manobra e reviso de procedimen-

    tos VHF so assuntos abordados na primeira etapa da

    segunda fase. Em seguida, em simuladores apropriados, o

    prtico recebe instrues diversas relacionadas a operao

    bsica de equipamentos Radar/Arpa; treinamento de habi-

    lidades para situaes de emergncia; e tcnicas para

    aprimorar a comunicao entre o prtico e o comandante da

    embarcao a ser manobrada (MPX).

    Em dezembro de 2004, a primeira turma a passar pelo curso

    (formada por Ernesto Conti Neto, Jonatas Faria Lima,

    Mrcio Monteiro Beber, Pedro Paulo de Alcntara, Srgio

    Paciello Paruolo, Vicente Fraga Mares Guia e Yoriaki Wada)

    completou o ATPR, concludo no CIAGA, Rio de Janeiro. Em

    2005 esto programadas seis turmas com oito alunos e dois

    prticos instrutores em cada uma. A prxima turma dever

    comear em junho.Paulo Hansen (Praticagem de Macei) coordenou a formao

    dos prticos instrutores. So eles: Carlos Kelm (Praticagem do

    So Francisco), Claudio Frana (Rio Pilots), Ernesto Conti Neto

    (Praticagem do Esprito Santo), Geraldo Almeida (Praticagem da

    Lagoa dos Patos), Juarez Koury (Praticagem Cabedelo), Pedro

    Paulo de Alcntara (Praticagem do Esprito Santo) e Reginaldo

    Pantoja (Praticagem do Rio Grande).

    10

    Curso de aperfeioamento

    profissional do CONAPRA segue

    recomendaes da IMO

    Colocando em prtica

    PRIMEIRA TURMA DE ATPR EM FRENTE AO SIMULADOR DE MANOBRA NO CIAGA

    FIRST ATPR GROUP IN FRONT OF THE CIAGA MANEUVER SIMULATOR

    Foto

    : Pro

    f. Be

    nedi

    to

    Morreu em 26 defevereiro o sub-

    oficial da reservada Marinha Bene-

    dito NascimentoLima. Professor de

    radar, ingressou em1984 no CIAGA,

    onde deu aulas em vrios cursos. Entre as muitas

    condecoraes que recebeu esto o Mrito Tamandar

    e a Medalha Prmio de Ouro por cinqenta anos de

    servios prestados Marinha do Brasil.

    PROFESSOR BENEDITO: FALECIMENTO

    PROFESSOR BENEDITO: FALECIMENTO

    Otavio Fragoso

    nicos do servio de praticagem bra-sileiro. Para isso foi proposta uma for-mao constante a fim de atender sdemandas da profisso e aos desafiosdo futuro. Sempre de forma proativa.

    Os prticos passaro por este curso decinco em cinco anos. O curso paraAtualizao de Prticos (ATPR) dividi-do em duas fases:

    1) A primeira etapa realizada a dis-tncia atravs de um CD-Rom enviados praticagens. Composta por cincomdulos, envolve os seguintes temas: conhecimento de ingls tcnico,primeiros socorros, sobrevivncia nomar, legislao e segurana pessoal;

    2) A segunda fase consiste numa etaparealizada tambm a distncia e emoutra com a presena do prtico. Novosrecursos de passadio e manobra ereviso de procedimentos VHF soassuntos abordados na primeira etapada segunda fase. Em seguida, em simu-ladores apropriados, o prtico recebeinstrues diversas relacionadas aoperao bsica de equipamentosRadar/Arpa; treinamento de habili-dades para situaes de emergncia; etcnicas para aprimorar a comunicaoentre o prtico e o comandante daembarcao a ser manobrada (MPX).

    Em dezembro de 2004, a primeira turmaa passar pelo curso (formada porErnesto Conti Neto, Jonatas Faria Lima,Mrcio Monteiro Beber, Pedro Paulo deAlcntara, Srgio Paciello Paruolo,Vicente Fraga Mares Guia e YoriakiWada) completou o ATPR, concludo noCIAGA, Rio de Janeiro. Em 2005 estoprogramadas seis turmas com oitoalunos e dois prticos instrutores emcada uma. A prxima turma devercomear em junho.

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    edio especialedio especial

    a ateno e o cuidado das autoridadese da legislao, no sentido de manter oservio regulamentado e sempredisponvel para o trfego martimo.

    Na realidade, h registros formais dasatividades de prticos no Brasil anterio-res chegada da corte portuguesa aoRio de Janeiro em 1808. Provises epatentes de patro-mor (denominaoutilizada para os prticos naquela poca)e portarias oficializando a instalao delanchas de praticagem foram emitidasno Rio Grande do Sul a partir de 1738.

    Francisco Marques Lisboa pai do co-nhecido Almirante Tamandar, JoaquimMarques Lisboa, patrono da Marinha doBrasil recebeu em 1802 sua patente depatro-mor da barra e porto doContinente do Rio Grande de So Pedro.

    Ainda em 1802, foram criados oscargos de patro-mor nas barras dosportos do Par, da Bahia e do Riode Janeiro. Para ocup-los, dava-sepreferncia queles que j houves-sem exercido o ofcio em Lisboa.

    Foi porm com o decreto de D. Joo VI,em 1808, que entrou em vigor o Regi-mento para os pilotos prticos da barrado porto desta Cidade do Rio de Janeiro,primeiro regulamento de praticagem doBrasil, elaborado pelo Visconde deAnadia, primeiro-almirante da Corte esecretrio de estado dos negcios daMarinha e domnios ultramarinos.

    A partir do aumento de trfego geradopela abertura dos portos, o decreto bus-cava atender demanda por pilotosprticos desta barra, capazes, e com ossuficientes conhecimentos, que possammerecer a confiana dos comandantesou mestres das embarcaes, queentrarem ou sarem deste porto.

    A anlise das diversas legislaes quese sucederam na organizao dos

    so, a preocupao com a seguranaficava, na concepo da poca, concen-trada apenas no navio e em seu coman-dante, que funcionava em ltimainstncia como nico cliente ou usuriodesse servio, criado e mantido emfuno de sua necessidade.

    Ao longo do tempo, a viso comeou ase alterar; navios e portos cresciam e ofluxo martimo aumentava seguindo odesenvolvimento do comrcio interna-

    cional. O crescente congestionamentodos portos era inevitvel.

    Um acidente de navegao, percebidoat ento apenas do ponto de vista dos

    servios de praticagem permite acom-panhar no apenas a histria e o desen-volvimento da atividade, mas tambmas mudanas conceituais que ocor-reram na viso oficial a respeito dasfunes e finalidades da profisso.

    At a abertura dos portos a preocu-pao no Brasil com o servio de pra-ticagem era motivada basicamente pelointeresse em seus aspectos militares. Oconhecimento detalhado das caracters-ticas das barras de portose rios poderia influir deci-sivamente no resultadode uma batalha naval.

    Pelo texto legal de 1808,fica evidenciado que oEstado se preocupou emcolocar disposio doscapites e mestres pes-soal devidamente qualifi-cado para atender s suasnecessidades, especialis-tas nas condies locaisde navegao, aptos aassessor-los na entradae sada do porto.

    A oferta ininterrupta detais profissionais seriafundamental para permitirs embarcaes um a-cesso seguro ao porto,tornando-o atraente frota mercante interna-cional. Assim, o regimen-to garantiria condiesadequadas para a segu-rana dos navios e dessaforma, indiretamente,atenderia s necessi-dades do Estado eda sociedade, facilitandoa circulao de mercadorias porvia martima.

    Apesar de ser claro o interesse pblicona existncia e organizao da profis-

    danos aos navios, poderia