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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Eloa Azzena Parada TICs na escola: balanço de teses e dissertações brasileiras produzidas no período de 1990 a 2010 MESTRADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA E SOCIEDADE SÃO PAULO 2011

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Eloa Azzena Parada

TICs na escola: balanço de teses e dissertações brasileiras produzidas no período de 1990 a 2010

MESTRADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA E SOCIEDADE

SÃO PAULO

2011

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Eloa Azzena Parada

TICs na escola: balanço de teses e dissertações brasileiras produzidas no período de 1990 a 2010

MESTRADO EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA E SOCIEDADE

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora como exigência parcial

para a obtenção do título de MESTRE em

Educação: História, Política e Sociedade,

pela Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, sob a orientação da Profa.

Doutora Claudia Stella.

SÃO PAULO

2011

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Errata

1) Onde se lê Educação : História, Política e Sociedade, leia-se, Educação: História,

Política, Sociedade.

2) Acrescentam-se às Referências Bibliográficas as seguintes obras:

BUSATO, L.R. 1999. O binômio comunicação e educação: Coexistência e competição.

In: Cadernos de pesquisa, n°106. São Paulo: Fundação Carlos Chagas.

CANDAU, Vera Maria. 1979 Tecnologia educacional: concepções e desafios. Cad.

Pesquisas, n°.28, p.61-66.

DEBORD. Guy.2003. A Sociedade do espetáculo. São Paulo: Contraponto editora.

GOMES, Elisabeth. 2002. Exclusão digital: um problema tecnológico ou social?. São

Paulo: Instituto de estudos do trabalho e sociedade.

GUNTHER, Hartmut. 2006. Pesquisa qualitativa versus Pesquisa quantitativa: esta é a

questão?. Psicologia: teoria e pesquisa, Mai- Ago, Vol 22 n° 2, pp.201-210.

Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil, Setembro, 2000. Ministério da

Ciência, Tecnologia e Informação.

MARX, Karl. (1990) [1867]. Capital, Volume I. Trans. Ben Fowkes. London: Penguin

Books.

MARCUSE, Herbert. 1982. A ideologia da sociedade industrial: o homem

unidimensional. 6° Ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

MATOS, Olgária. 2006. Discretas Esperanças: Reflexões Filosóficas sobre o Mundo

Contemporâneo, São Paulo: Nova Alexandria.

MICHELOTTO, R. Maria. 1999. Educar, Curitiba, n. 28, p. 179-198, Editora UFPR.

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Banca Examinadora

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A Thiago Malta Borges.

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AGRADECIMENTOS

À Profa. Claudia Stella, pelos momentos de orientações e assistências prestadas.

Ao Prof. Carlos Antônio Giovinazzo Jr, por me impor desafios após cada encontro de

orientação.

À Profa. Marian Ávila Dias Ferrari, pelas cuidadosas leituras e observações pertinentes.

À minha querida amiga Simone Molinari, a quem devo alguns passos que me trouxeram até

aqui.

Às Thalia e Kelly, pelo companheirismo, fundamental para amenizar as angústias desse

trabalho solitário, e pela amizade que ultrapassará o tempo desse mestrado.

À Betinha, pela paciência, dedicação e ajuda ao longo deste trabalho.

À minha família, Arthur, Márcia, Paulo, Terezinha, Bruno e Thais, pela orientação afetiva e

pelo apoio.

Ao Thiago Malta Borges, pelo carinho, ajuda e presença constantes, até mesmo durante

minhas ausências quando imersa na pesquisa.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro, imprescindível para a realização deste trabalho.

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RESUMO

PARADA, Eloa Azzena. TICs na escola: balanço de teses e dissertações brasileiras

produzidas no período de 1990 a 2010. 2011. 109 p. Dissertação (Mestrado em Educação) -

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011.

As tecnologias da informação e comunicação (TICs), especificamente o computador e a

internet, são um fenômeno recente nos processos de comunicação e relação entre as pessoas.

Sua crescente importância na história da humanidade justifica um estudo mais detalhado das

influências que exerce sobre os indivíduos. Considerando as TICs como expressão de um

contexto cultural e social determinado e enfatizando a relação indivíduo e tecnologia, a

pesquisa teve como objetivo investigar as conexões estabelecidas entre a escola e esses

“novos” recursos comunicativos. Em face do aumento significativo da produção acadêmica

brasileira sobre as tecnologias na educação, a investigação propõe, por meio de pesquisa

bibliográfica, investigar os encaminhamentos dados por esses trabalhos para as problemáticas

envolvidas na escola. A pesquisa analisou a relação escola e TICs nas produções acadêmicas

de diferentes áreas que abordaram o tema. Para tal propósito, utilizou as dissertações de

mestrado e teses de doutorado cadastradas no banco de trabalhos da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A escolha por essa fonte de dados é

justificada pela concentração das produções acadêmicas do país que discutem o tema. Para a

coleta de dados foram utilizados ficha de leitura e quadros de análise com o objetivo de

coletar dados específicos que possibilitassem a comparação e a interpretação dos referidos

trabalhos acadêmicos, sob a hipótese de que a inserção massiva dos aparelhos tecnológicos na

escola reflete a concepção de preparação, ou melhor, de adaptação do indivíduo à sociedade

de base tecnológica. A análise de dados foi feita à luz do referencial teórico de alguns autores

da Escola de Frankfurt, principalmente Adorno, Horkheimer e Marcuse . Este aporte foi

selecionado tendo em vista a estrutura dos conceitos de racionalidade tecnológica, indústria

cultural, semiformação e formação para se pensar questões sobre a relação escola – sociedade.

Pela análise dos 262 resumos, verificou-se uma tendência favorável da produção acadêmica

quanto à inserção das tecnologias da informação e comunicação na educação escolar.

Palavras-chave: escola, TICs, pesquisa bibliográfica, teoria crítica da sociedade.

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ABSTRACT

PARADA, Eloa Azzena. ICT in schools: evaluation of theses and dissertations produced in

Brazil in the period 1990 to 2010. 2011.109 p. Dissertation (Master Degree in Education:

History, politics and society) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,

2011.

The information and communication technologies (ICTs), specifically the computer and the

Internet, are a recent phenomenon in the processes of communication and relationship

between people. Its growing importance in the history of mankind justifies a more detailed

study of the influence it has on people. Considering ICTs as an expression of a specific social

and cultural context and emphasizing the relationship between people and technology, the

research aimed to investigate connections between the school and these "new" media

resources. Due to the significant increase in Brazilian academic production on technology in

education, research suggests, through literature search, investigate referrals data from these

studies to the problems involved in the school. The research examined the relationship ICT in

school and academic productions of different areas that have addressed the issue. For this

purpose, we used the masters dissertations and doctoral theses papers registered in the

database of the Coordination of Improvement of Higher Education Personnel (Capes). The

choice of this data source is justified by the concentration of academic productions of the

country to discuss the issue. For data collection, forms and analyses frameworks was used in

order to collect specific data that allow comparison and interpretation of these scholarly

works under the assumption that the inclusion of massive technological devices in the school

reflects the conception of preparation , or better, the adaptation of the individual technology-

based society. Data analysis was done based on the theoretical background of some authors of

the Frankfurt School, especially Adorno, Horkheimer and Marcuse. This approach was

chosen in view of the structure of the concepts of technological rationality, cultural industry,

semi-formation and formation requiring to think questions about school - society.

Keywords: school, ICT, literature, critical theory of society.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8

Capítulo 1 - Escola e tecnologia: as contribuições da

Teoria Crítica da Sociedade ...................................................................................... 23

1.1 As tecnologias da informação e comunicação e a

ideologia da racionalidade tecnológica ................................................................. 23

1.2Nexos entre educação e tecnologia e seus

usos no ensino: limites e possibilidades ................................................................ 40

1.3 A Pós-Graduação no Brasil e a produção acadêmica em educação .................. 48

1.3.1 A seleção dos estudos sobre TICs em relação à escola ............................... 51

Capítulo 2 - TICs e escola: análise da produção, usos e concepções ....................... 56

2.1 Caracterizações da produção acadêmica sobre educação e TICs ..................... 56

2.1.2 Onde se fala sobre o tema?........................................................................ 56

2.1.3 Quando se falou ou fala sobre o tema? ...................................................... 62

2.1.4 Sobre o que falam os estudos? .................................................................. 65

2.1.4.1 Tipos de pesquisa ............................................................................ 65

2.1.4.2 Procedimentos................................................................................. 66

2.1.4.3 Referencial teórico .......................................................................... 66

2.1.4.4 Fonte de coleta de dados ................................................................. 67

2.2 Os usos das TICs apresentados nos resumos ................................................... 70

2.2.1 Trabalhos pertencentes nível macro: perspectiva

política e/ou social ............................................................................................. 73

2.2.2 Trabalhos pertencentes à esfera didática e/ou pedagógica .......................... 79

2.2.3 Trabalhos pertencentes aos usos específicos das TICs

na educação ....................................................................................................... 85

2.3 Os papéis e funções da escola em sua relação com as TICs ............................... 88

2.3.1 Grupo I: a escola (ou a educação) para a adaptação .................................... 91

2.3.2 Grupo II: A escola (ou a educação) para a formação

e a resistência ....................................................................................................... 94

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2.3.3 Grupo III: Tensões entre a adaptação e a formação na escola ....................... 96

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 101

Anexo ....................................................................................................................... 104

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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem como proposta analisar as principais tendências de

investigação das dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas nos programas

brasileiros de pós-graduação, no período de 1990 a 2010. Estes estudos são tomados como

fontes para recuperar elementos que, articulados à perspectiva teórica adotada por seus

autores, expressem indicativos relevantes sobre o conjunto de estudos realizados referentes à

temática das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na escola, especificamente no

Ensino Fundamental l, com destaque para a caracterização da produção acadêmica e a

identificação de quais usos das TICs são considerados nas dissertações e teses (D&T), bem

como a articulação do uso das TICs, com os papéis atribuídos à escola e à educação na

produção acadêmica. Como indicam Bueno, Marin e Sampaio (2005), que entender os

problemas da educação implica entender os problemas da escola, descrevendo e interpretando

suas práticas, percebendo-as na trama das relações sociais em que o processo educacional tem

lugar.

O interesse pela temática partiu de reflexões realizadas ao longo de minha trajetória

pela escola como aluna e, posteriormente, como professora. Nesse contexto, presenciei

modificações no cotidiano, especialmente nas concepções das famílias e de profissionais da

área sobre o papel e os objetivos da escola.

Enquanto aluna, vivenciei o aumento dos recursos tecnológicos, principalmente o

computador, em nossa rotina. A princípio, tínhamos aulas na sala de informática

quinzenalmente e, quando terminei o terceiro ano do Ensino Médio, as aulas aconteciam duas

vezes por semana.

Na graduação, na Faculdade de Pedagogia, o contato com os recursos tecnológicos se

intensificou devido à permanência das aulas de informática (com o objetivo de preparar os

futuros educadores para trabalhar com o computador no ensino) e a obrigatoriedade dos

trabalhos serem digitalizados e das apresentações utilizarem os instrumentos multimídias,

como o retroprojetor e o data show.

Em minha primeira experiência profissional, trabalhei como acompanhante

pedagógica de crianças com necessidades educacionais especiais e uma das direções da

instituição em que trabalhava era a de orientar as atividades com base nos instrumentos

tecnológicos, principalmente o computador, pois esses facilitariam o aprendizado devido à

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mobilização de diferentes estímulos ao mesmo tempo, como o visual e o sonoro. Com as

crianças que apresentavam maior resistência às tarefas, esses instrumentos eram

imprescindíveis, já que “acalmavam-nas” ao mesmo tempo em que realizavam a atividade sob

outro procedimento metodológico.

Como professora do Ensino Fundamental I, observo a crescente preocupação das

escolas e dos pais dos alunos em acompanhar e inserir, em nossa atividade diária, os recursos

oferecidos do mercado, tais como computadores de última geração, lousas digitais, acesso

rápido e constante à internet pelos alunos e também pelos professores.

Para os pais, é importante que seus filhos saibam dominar essas técnicas para

responderem melhor às demandas do mercado e da sociedade como um todo, que está cada

vez mais informatizada, digitalizada. Para os educadores, os computadores, a programação

deles, os sistemas digitais e suas possibilidades são pensados como recursos facilitadores do

ensino, pois dialogam com um contexto social em que as crianças estão, a todo tempo, em

contato com o computador e a internet, por meio de jogos eletrônicos, emails, comunidades

virtuais e espaços de relacionamentos (como Facebook, Orkut, blogs etc.) o que, por sua vez,

também poderia contribuir com a melhoria de alguns problemas da sala de aula, como o

desinteresse e a indisciplina.

Na perspectiva da escola, identifico a necessidade em responder a essas expectativas

dos pais e em se adequar às demandas da sociedade – o ensino de computação como preparo

para a inserção no mercado de trabalho. Nas instituições particulares, os recursos são

utilizados, também, como instrumentos de competição de mercado, ou seja, as escolas que os

possuem apresentam um diferencial que garantirá a aprendizagem de seus alunos, pois estão

mais adequadas à realidade virtual das crianças e da sociedade na atualidade.

Nestas perspectivas, a dos pais, dos educadores e das instituições de ensino com

relação ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação na escola, perpassa a ideia de

que a sociedade atual é invadida por uma realidade baseada no virtual1 que influi no

comportamento das pessoas e organizações, com sua flexibilidade e velocidade de mudança,

que acabam determinando outras formas de pensar, de se relacionar, de sentir e de adquirir

conhecimento, principalmente entre as crianças e jovens.

Identificamos a concepção de que vivemos em uma nova sociedade, baseada nas

Tecnologias da Informação e Comunicação, em três âmbitos da sociedade: 1) documentos

1 Tomamos como virtual algo que existe somente como efeito de uma representação ou simulações feitas por

programas de computador.

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oficiais da sociedade brasileira, 2) nas produções acadêmicas e 3) em algumas políticas

públicas na área da educação.

No âmbito dos documentos oficiais da sociedade civil, tomamos como exemplo o fato

de que no ano 2000, o Ministério da Ciência e Tecnologia, juntamente com a iniciativa

privada e o setor acadêmico, sob a coordenação de Tadao Takahashi, publicou uma obra

intitulada Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil que contém as metas de

implementação do Programa Sociedade da Informação e constitui uma súmula consolidada de

possíveis aplicações de Tecnologias da Informação e Comunicação nos diferentes segmentos

da sociedade brasileira. Esse livro contempla um conjunto de ações para impulsionar a

Sociedade da Informação no Brasil em todos os seus aspectos: ampliação do acesso, meios de

conectividade, formação de recursos humanos, incentivo à pesquisa e desenvolvimento,

comércio eletrônico, desenvolvimento de novas aplicações etc. E indica que esta meta

consiste num desafio para o Governo e para a sociedade como um todo.

A obra apresentada define a Sociedade da Informação como

um modo de desenvolvimento social e econômico, em que aquisição, armazenamento,

processamento, valorização, transmissão, distribuição e disseminação de informação

conduzem à criação de conhecimento e à satisfação das necessidades dos cidadãos e das

empresas e desempenham um papel central na atividade econômica, na criação de riqueza, na

definição da qualidade de vida dos cidadãos e das suas práticas culturais. Indica, também, que

esta nova sociedade é controlada pela informação, que se assume como matéria-prima

essencial do processo produtivo, tal como a energia assumia este mesmo papel no modelo da

sociedade do passado, que está ainda muito recente e, para muitas pessoas, presente. Alguns

preferem chamar-lhe "Estado Digital", dominado pela informação e pelas tecnologias

associadas, as Tecnologias de Informação e de Comunicações (TICs).

Outro fato foi que, em 1994, a União Europeia promoveu a realização de um estudo

acerca da Sociedade da Informação e os resultados, sob a forma de recomendações, foram

publicados num relatório que ficou conhecido como Relatório Bangemann (Comissão

Européia, 1994). Este trabalho, a princípio, analisa a revolução em curso com as TICs

comparando-a a Revolução Industrial e definindo-a como uma revolução baseada na

informação, sendo a informação caracterizada como a expressão do conhecimento humano.

Ao mesmo tempo, o relatório constata que o progresso tecnológico permite o processamento,

o armazenamento, a recuperação e a comunicação da informação independentemente do

formato desta (oral, escrita ou visual) sem quaisquer limites de distância, tempo ou volume. O

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documento afirma que esta revolução acrescenta uma enorme capacidade à inteligência

humana e constitui num recurso que mudará o modo como trabalhamos e vivemos, sendo

possível aproveitar a sociedade da informação para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos

da Europa e a eficiência das organizações sociais e econômicas, assim, havendo uma

revolução em curso, é natural que a sociedade tal qual a conhecemos sofra modificações em

todos os níveis. Como indica o documento:

A sociedade da informação não é um modismo. Representa uma profunda

mudança na organização da sociedade e da economia, havendo quem a

considere um novo paradigma técnico-econômico. É um fenômeno global,

com elevado potencial transformador das atividades sociais e econômicas,

uma vez que a estrutura e a dinâmica dessas atividades inevitavelmente

serão, em alguma medida, afetadas pela infra-estrutura de informações disponível. É também acentuada sua dimensão político-econômica,

decorrente da contribuição da infra-estrutura de informações para que as

regiões sejam mais ou menos atraentes em relação aos negócios e empreendimentos. Sua importância assemelha-se à de uma boa estrada de

rodagem para o sucesso econômico das localidades. Tem ainda marcante

dimensão social, em virtude do seu elevado potencial de promover a

integração, ao reduzir as distâncias entre pessoas e aumentar o seu nível de informação. (LIVRO VERDE, 2000, p. 5).

No âmbito da produção acadêmica, essa perspectiva é comprovada ao analisarmos o

estudo Estado do Conhecimento em Educação e Tecnologia no Brasil, realizado pelo

MEC/Inep em 2006. Neste, observamos uma crescente das produções de teses, dissertações e

artigos sobre o tema, produzidos de 1996 a 2002, como demonstra o gráfico a seguir:

Gráfico 1. Produções de teses e dissertações sobre tecnologias e educação (1996-2002)

Fonte: Série Estado do Conhecimento n. 9, INEP, 2006.

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O gráfico apresenta o crescente interesse pelo tema, em que as palavras educação e

tecnologia atravessam todas as teses, dissertações e artigos pesquisados, ainda que os recortes

e focalizações variem.

Por meio do levantamento bibliográfico, identificamos Pierry Levy (1999) como

principal referencial teórico. O autor analisa os impactos das tecnologias digitais da

informação e comunicação ao configurarem uma nova realidade social e cultural que

expressam um novo universal, diferente das formas culturais que vieram antes dele, pois se

constrói e se estende por meio da interconexão das mensagens entre si, de sua vinculação com

as comunidades virtuais, que lhe dão sentidos variados em uma renovação permanente. É o

que define como ciberespaço, também chamado de rede ou sociedade virtual e, cibercultura.

Para o autor, o ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial

dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material das comunicações

digitais, mas também o universo oceânico de informações que ele abriga, assim como os seres

humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”,

especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de

modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do

ciberespaço.

Para Levy (1999), as Tecnologias da Informação e Comunicação em rede representam

um dos mais importantes artefatos técnico-culturais de nosso tempo, pois constituem no

espaço informacional ao mesmo tempo em que ampliam e potencializam a capacidade de

memória, armazenamento, processamento de informações e conhecimentos, e, sobretudo, a

comunicação entre os indivíduos.

Sob esta mesma perspectiva, Santos (2011) destaca a importância da escola e,

principalmente dos educadores, em compreenderem os fenômenos da cibercultura, suas

potencialidades comunicacionais e pedagógicas para que possam não só interagir com os

estudantes, que são em sua maioria praticantes do ciberespaço, como também para instituir

currículos mais sintonizados com as culturas do nosso tempo.

Coll (2010), por meio da adoção de um ponto de vista psicológico ao estudar os

processos educacionais que ocorrem em ambientes que se apoiam total ou parcialmente na

utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação, afirma que estamos assistindo, já

há algumas décadas, ao surgimento de uma nova forma de organização econômica, social,

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política e cultural identificada como Sociedade da Informação (SI), “(...) que comporta novas

maneiras de trabalhar, de comunicar-se, de relacionar-se, de aprender, de pensar e, em suma,

de viver. O fato significativo é que essa sociedade se sustenta, em grande medida, no

desenvolvimento espetacular das TICs” (p.15).

É importante pensarmos que as noções de Sociedade da Informação, Ciberespaço,

Realidade Virtual e Cibercultura remetem-nos à ideia de que ocorreu a passagem de um tipo

de sociedade para outra baseada na informação. A ideia de que passamos de uma sociedade

industrial baseada na produção e acumulação de mercadorias para uma sociedade em que as

Tecnologias da Informação e Comunicação ensejam outras formas de organização social.

No entanto, não foi isso que aconteceu. Se a economia fundada na grande indústria,

como Marx (1990), pôde analisar no séc. XIX, não inventou a tecnologia, dela se apropriou,

impulsionou-a e converteu-a na base da produção de mercadorias. As consequências gerais

das tecnologias sobre a economia e a sociedade foram analisadas por Marx (1990) que

identificava, além do aumento da exploração do trabalhador, a subversão da própria base da

produção capitalista assentada na força de trabalho. Isso significa que as TICs não

determinam outras formas de organização social, mas expressam o próprio dinamismo do

capital. De acordo com Marcuse (1982), a tecnologia não pode ser dissociada do sistema que

a constitui, visto que não funciona como a soma total de meros instrumentos que possam ser

isolados de seus efeitos sociais e políticos, mas, antes, como um sistema que determina, a

priori, tanto o produto do aparato como as operações de sua manutenção e ampliação.

Sob essa condição, a tecnologia serve para instituir novas formas, mais eficazes e mais

agradáveis de controle e coesão social. Marcuse (1982) observa que quando o avanço

científico e tecnológico se torna a forma universal do modo de produção, projetando uma

nova cultura, um novo mundo – o mundo tecnológico – há o império da lógica da dominação

capitalista a serviço da dominação social e da exploração econômica ao mesmo tempo em que

impõe uma ideologia que tem como meta a otimização do pensamento e comportamentos os

quais estejam conformes com o status quo.

É importante, então, focar especificamente no conceito de tecnologia. A tecnologia é

uma parte do conjunto dos elementos mediadores da relação do homem com a natureza. Ela

abrange, em especial, os instrumentos utilizados nessa relação, incluindo desde os mais

simples até as formas de conhecimento que permitem, conjuntamente, a ampliação da

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dominação dos homens sobre a natureza e sobre si mesmos. Esses meios técnicos desdobram-

se em formas de relações sociais que tanto direcionam a aplicação da técnica, como são, por

sua vez, configuradas por meios técnicos. No entanto, a tecnologia tanto pode servir para

perpetuar as relações sociais de dominação, quanto tem potencial para modificar as relações

sociais, por exemplo, abolindo o trabalho alienado.

Quando a tecnologia é utilizada no sentido da dominação, e essa tem sido sua principal

utilização, o desenvolvimento de novos meios técnicos retroalimenta formas de sociabilidade

e conhecimento também adequadas à dominação. Para Adorno, Horkheimer e Marcuse , há

algo de alienante na natureza da própria técnica, uma vez que ela facilita o domínio e o

afastamento em relação àquilo que é por ela dominado. No entanto, para os autores, isso não

significa que não seja possível direcioná-la para outros fins, somente que a reflexão sobre a

técnica tem de mediar simultaneamente os fins determinados socialmente e a natureza

coisificante a ela imanente.

Assim, na sociedade capitalista, ou melhor, no “capitalismo tardio” – conceito

desenvolvido por Adorno (1986) em substituição a “sociedade industrial” – a tecnologia não

quer dizer somente um determinado conjunto de técnicas, já que a disseminação da técnica é

um imperativo econômico, pois permite tanto aperfeiçoar a utilização das forças produtivas,

quanto desenvolver técnicas específicas para instigar o consumo e ampliar o poder sobre o

conjunto da sociedade e da natureza.

Marcuse (1983) concebe na tecnologia um projeto de mundo, que a transforma num a

priori político. Ela é projeto político porque se coloca como fim último da realização humana,

pondo-se mesmo no lugar desta; é o desenvolvimento tecnológico convertido num “em si”. O

que ela esconde é a possibilidade humana de escolha entre seus caminhos possíveis e o

empobrecimento humano presente na submissão ao aparato técnico, conforme podemos

observar na citação a seguir:

Ao se desdobrar, o projeto molda todo o universo da palavra e da ação, a

cultura intelectual e material. No ambiente tecnológico, a cultura, a política e

a economia se fundem num sistema onipresente que engolfa ou rejeita todas

as alternativas. O potencial de produtividade e crescimento desse sistema estabiliza a sociedade e contém o progresso técnico dentro da estrutura de

dominação. A racionalidade tecnológica ter-se-á tornado racionalidade

política (MARCUSE, 1983, p. 19). 2

2 O conceito de racionalidade tecnológica é abordado no primeiro capítulo.

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É neste contexto em que as estruturas da técnica atingem todos os âmbitos da

sociedade, em que também identificamos na educação a ideia de que a sociedade atual é

constituída pelas TICs, podemos citar algumas políticas educacionais significativas, dentre a

variedade de projetos e atividades desenvolvidos no Brasil, para a implantação nas escolas de

uma postura favorável ao uso do computador e os recursos das TICs a ele associados:

PROINFO - Programa Nacional de Informática na Educação, EDUCOM, FORMAR sob a

coordenação do NIED - Núcleo de Informática Aplicada à Educação /UNICAMP, e CIEd -

Centro de Informática na Educação, cujos objetivos e propostas estão descritos a seguir.

O PROINFO é um programa educacional que visa à introdução de Novas Tecnologias

de Informação e Comunicação na escola pública como ferramenta de apoio ao processo

ensino-aprendizagem, de iniciativa do Ministério da Educação (MEC), através da Secretaria

de Educação a Distância (SEED), criado pela Portaria n.º 522, de abril de 1997, tendo como

parceiros os governos estaduais e alguns municipais.

No site oficial do programa, o texto “O que é PROINFO” diz que a base tecnológica

do PROINFO, nos estados, é o Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), isto é, uma

estrutura descentralizada de apoio ao processo de informatização das escolas, auxiliando tanto

no processo de incorporação e planejamento da nova tecnologia, quanto no suporte técnico e

na capacitação dos professores e das equipes administrativas das escolas. É a meta de

informatização das escolas públicas e de formação de professores e técnicos para a utilização

dos recursos informatizados, conforme explicam os objetivos do programa:3

a. melhorar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem;

b. possibilitar a criação de uma nova “ecologia cognitiva” nos ambientes

escolares mediante a incorporação adequada das novas tecnologias de

informação pelas escolas;

c. propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e

tecnológico;

3 Diretrizes do Programa Nacional de Informática na Educação, 1997. Disponínel em http://

WWW.proinfo.gov.br. Acessado em dezembro de 2010.

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d. educar para uma cidadania global, numa sociedade tecnologicamente

desenvolvida.

O Ministério da Educação compra, distribui e instala os laboratórios de informática

nas escolas públicas de educação básica. Em contrapartida, os governos locais (prefeituras e

governos estaduais) devem providenciar as estruturas das escolas. Para atender à demanda

nacional, o programa é dividido em Proinfo Rural (escolas de Ensino Fundamental, do 1° ao

9° ano, localizadas nas áreas rurais) e Proinfo Urbano (escolas de Ensino Fundamental, do 1°

ao 9° ano, localizadas nas áreas urbanas).

A proposta elaborada por este órgão visa à aproximação da cultura escolar aos avanços

e aparatos tecnológicos da sociedade, utilizando redes técnicas de armazenamento,

transformação, produção e transmissão de informações almejando assegurar que os recursos

das TICs possam potencializar mudanças para a melhoria da educação.

Para esse propósito, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação elaborou o

Programa Formação pela Escola, com o objetivo de capacitar os profissionais de ensino

(professores, diretores e técnicos da educação) com cursos a distância.

Em conjunto com o PROINFO, a Secretaria da Educação Especial (SEESP)

desenvolveu o Curso de Capacitação de Multiplicadores em Informática na Educação, voltado

para a Educação Especial, com o objetivo de proporcionar um complemento na formação dos

multiplicadores dos Núcleos de Tecnologia Educacional.

Pode-se citar outra iniciativa nessa área: o Projeto de Informática na Educação

Especial (PROINESP), que visa promover o acesso à Informática, enquanto recurso

pedagógico. O projeto contempla escolas especializadas no atendimento de alunos com

necessidades especiais em todo o país, incluindo o financiamento de equipamentos de

informática para a implantação de um laboratório em cada escola. O projeto prevê a formação

de professores em informática aplicada à Educação Especial.

O Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância (PAPED) também é

iniciativa da SEED, tendo a parceria da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de

Nível Superior (CAPES). Seus principais objetivos são: incentivar a produção de

conhecimentos no campo da educação a distância e da utilização de tecnologia; avaliação e

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divulgação das experiências de uso de novas tecnologias, incluindo TV Escola, Programa

Nacional de Informática na Educação (PROINFO), Salto para o Futuro e Proformação.

Em 1997, o PAPED (Programa de Apoio à Pesquisa em Educação a Distância)

recebeu 23 projetos; em 1998, 36 propostas. A partir do 3º Edital em 27 de julho de 1999, 78

concorreram, de acordo com as informações disponíveis na homepage do Ministério da

Educação e Cultura.

É interessante apontar para a proximidade do surgimento do PROINFO (1997) com o

estabelecimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96). Isso

significa que, com menos de um ano de instituída a lei que estabelece toda a configuração da

educação nacional, a preocupação com a inserção das tecnologias na escola surgia de forma a

garantir a entrada desses recursos nacionalmente. Significa também que, embora a relação da

escola com as TICs pareça recente, no Brasil, caminham ao lado da lei maior que rege a

educação.

Em 4 de agosto de 2009, a UNESCO no Brasil e seus parceiros lançaram no país um

projeto internacional intitulado “Padrões de Competências em TICs para professores” com o

objetivo de fornecer diretrizes sobre como melhorar as capacidades dos professores nas

práticas de ensino por meio das TICs.

O Brasil precisa melhorar a competência dos professores em utilizar as

tecnologias de comunicação e informação na educação. A forma como o

sistema educacional incorpora as TICs afeta diretamente a exclusão digital

existente no país.4

Sob essa perspectiva, cabe-nos indagar se a culpa da “exclusão” digital é da escola,

que não ensina como usar as TICs ou se a impossibilidade de acesso está diretamente

relacionada às condições objetivas de vida de uma parcela significativa da população

brasileira. O número estimado de usuários individuais na Internet no Brasil tem variado de 4 a

7 milhões, dependendo da fonte. Qualquer que seja o critério, entretanto, tem sido invariável a

constatação de que o número de usuários da Internet em relação ao total da população é baixo,

4 Unesco. Disponínel em http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001562/156209por.pdf. Acessado em fevereiro

de 2011.

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consequência do quadro de profunda desigualdade social no país, evidenciada por indicadores

socioeconômicos como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas.

De fato, o desenvolvimento histórico das ferramentas e das tecnologias reflete em cada

momento e lugar, características do desenvolvimento cognitivo, social e cultural. Não há

como negar, por exemplo, as transformações ocorridas na escola com a inserção do livro

didático como tecnologia de amparo ao professor e ao aluno.

No entanto, a questão que se coloca é a proximidade da escola com essa realidade

cultural enquanto ajustamento. Há uma tendência, nessa perspectiva, de naturalização dessa

relação, ou seja, se a sociedade atual se estrutura com base nas técnicas da comunicação e

informação, é preciso que a escola se adapte.

Parece existir também uma inclinação entre professores e outros atores sociais, ao

discutirem os problemas que encontram em sua prática cotidiana e sobre as dificuldades de

aprendizado apresentadas pelos alunos, a explicarem estes “fenômenos” como reflexo do

desinteresse das crianças e jovens ou pela anacronia da escola em relação à “nova” realidade

tecnológica e virtual. Partindo desta concepção, os problemas da escola se resolveriam se ela

estivesse em consonância com a realidade ao seu redor.

É importante dizer que os possíveis problemas da escola ou até mesmo seu “fracasso”

são definidos como a dificuldade da escola em desempenhar o papel que lhe é atribuído pela

sociedade. Ao mesmo tempo, ainda persiste a valorização da educação e o reconhecimento da

importância da escola. É comum observarmos diferentes segmentos sociais, cada qual com

sua visão de mundo e de educação (empresários, sindicatos, governantes, profissionais de

diferentes áreas, professores etc) apontarem para reformas, melhorias e críticas aos sistemas

educacionais.

No entanto, o que se destaca atualmente é a necessidade de reformas que visem

adequar a escola às “novas” condições socioculturais. Reconhece-se a importância da escola,

postula-se que ela, na sociedade contemporânea, necessita de renovações que deem conta de

uma relação mais harmônica entre a cultura e o contexto escolar.

Este contexto traz inquietações no sentido de entender os rumos que a escola,

especificamente o Ensino Fundamental I, tendo em vista que é o campo de atuação

profissional da pesquisadora e por sua importância como expressão do direito à educação de

todos os cidadãos, toma nessa relação direta com os anseios sociais para a educação. E é

partindo destas indagações que se estabelece a pergunta dessa pesquisa: Como tem sido

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estabelecida a relação entre as tecnologias da informação e comunicação (TICs) e a educação

escolar?

Para Adorno (1986), anterior à discussão dos objetivos educacionais, e

consequentemente ao papel da escola, há de se reconhecer que a sociedade atual vive o

colapso da formação cultural, que se converteu em semiformação socializada, na onipresença

do espírito alienado. A ideia trabalhada por Adorno não é a de uma formação propriamente

falsa, mas realizada, em parte, restrita apenas a uma primeira fase da formação, ou seja,

promovendo a adaptação e integração do sujeito sem, contudo, proporcionar-lhe os

pressupostos para a emancipação. A semiformação é verdadeira e falsa ao mesmo tempo. É

verdadeira para uma sociedade constituída a partir de uma socialização domestificadora. É

falsa, pois, ao proporcionar a formação pela metade, não viabiliza seu objetivo fundamental.5

Os sintomas de colapso da formação cultural que se fazem observar por toda

parte, mesmo no estrato das pessoas cultas, não se esgotam com as

insuficiências dos sistemas e dos métodos da educação, sob a crítica de sucessivas gerações. Reformas pedagógicas isoladas, indispensáveis, não

trazem contribuições substanciais. Poderiam até, em certas ocasiões, reforçar

a crise, porque abrandam as necessárias exigências a serem feitas aos que devem ser educados e porque revelam uma inocente despreocupação frente

ao poder que a realidade extrapedagógica exerce sobre eles (ADORNO,

1986, p. 28).

A crise do processo formativo e educacional apontada por Adorno (1986) é uma

conclusão inevitável da dinâmica atual do processo produtivo em que a dissolução da

formação como experiência formativa redunda na dominação do existente. Com isso, adaptar

a escola às novas condições socioculturais significa diminuir as exigências no que se refere

aos conteúdos e à capacidade de tomada de decisões dos indivíduos, ao mesmo tempo em que

se exige cada vez mais o enquadramento naquilo que já está estabelecido, em que

comportamentos, atitudes e o comprometimento com a ordem vigente são exigidos a todo

instante.

Nesse sentido, a pesquisa aqui proposta pode trazer elementos para compreensão dessa

relação, por meio das discussões realizadas nos trabalhos produzidos e analisados pelo

5 O conceito de semiformação socializada é desenvolvido por Adorno no texto “Theorie der Halbbildung”,

Soziologische Schriften – I (Frankfurt, Suhrkamp, 1979). Utilizamos a tradução para a língua portuguesa

intitulada Teoria da semicultura. In: RAMOS de OLIVEIRA, Newton. Theodor Adorno: Quatro textos clássicos

(traduções). São Carlos: UFSCar, publicação interna, 1992.

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levantamento e das diferentes contribuições disponíveis sobre o tema. Tem como objetivo

principal contribuir com o debate sobre o papel da escola na sociedade contemporânea, sob a

perspectiva de que a instituição escolar é de fato um espaço social específico em que sua

função deva ser a de resistência à barbarização da sociedade, lutando por uma real formação

cultural de seus alunos. No entanto, identifica as dificuldades que perpassam o estudo da

escola tendo em vista a totalidade de questões e fenômenos que a constituem, mas que são

melhores compreendidos na relação com o contexto social.

Não há dúvidas quanto à força retumbante que é exercida pelas tecnologias sobre as

diferentes dimensões da vida social e as determinações do desenvolvimento tecnológico para

o progresso social. Entretanto, é preciso especificar o lugar que a tecnologia deve ocupar na

vida dos homens e seu papel para a dominação ou libertação, como indica Marcuse (1982), a

tecnologia não pode ser dissociada do sistema que a constituí, isolada do mundo da vida e ao

uso social que dela se faz, pois:

(...) na sociedade industrial desenvolvida, o aparato técnico de produção e

distribuição (com um crescente setor de automatização) não funciona como a

soma total de meros instrumentos que possam ser isolados de seus efeitos sociais e políticos, mas, antes, como um sistema que determina, a priori,

tanto o produto do aparato como as operações de sua manutenção e

ampliação (MARCUSE, 1982, p. 18).

Em uma sociedade permeada e determinada pelos aparatos tecnológicos, as diversas

esferas sociais, entre elas a escola, passam a ser mediadas pelas mesmas categorias que regem

a produção material em busca de eficiência, tais como a fragmentação e a uniformidade.

Mas a escola não é uma instituição como outra qualquer, trata-se de um espaço

privilegiado para contribuir com a formação dos indivíduos e, portanto, em princípio, espaço

de reflexão e resistência em busca da autonomia do sujeito. Se isto não está acontecendo, se

na escola há a adesão total às estruturas e racionalidade imposta pelo uso de instrumentos

falsamente considerados como neutros, é preciso que sejam elucidados os mecanismos que

possibilitam tais fatos e que são contrários à emancipação.

Para refletir sobre este tema, buscou-se na Teoria Crítica e, em especial, no

pensamento de Adorno, Horkheimer e Marcuse – como críticos da forma pela qual é utilizada

a tecnologia em nossa sociedade – subsídios para entender como as TICs no ensino

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representam a invasão da escola por uma ideologia que a faz se aproximar das regras e lógicas

da esfera do trabalho.

Por meio do levantamento bibliográfico, realizado pelo site da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), esta pesquisa adota como fonte de

informações sobre o tema as teses e dissertações que tratam direta ou indiretamente da

questão, tendo em vista que as pesquisas científicas podem contribuir tanto para o desvelar da

realidade da escola, quanto para explicar os nexos sociais que possibilitam tal realidade.

Foram obtidos 262 resumos de pesquisas que tratam das tecnologias na escola,

especificamente no Ensino Fundamental I. Com relação ao período, privilegiamos a escola

atual, isto é, aquela que traz marcas características da escola de massas no Brasil, e que até

hoje está em funcionamento, assim como o ensino básico, com ênfase especial sobre o Ensino

Fundamental I e o período delimitado entre as pesquisas produzidas compreendeu os anos de

1990 a 2010.

Com a leitura dos 262 resumos selecionados, observou-se como tema tecnologias na

escola é tratado nas teses e dissertações (T&D) visando atingir os seguintes objetivos desta

pesquisa:

Caracterizar a produção acadêmica sobre a temática quanto à titulação, tipo de

abordagem, época, região, instituições, referencial teórico, campo de pesquisa,

programas de pós-graduação, procedimentos metodológicos e fonte de coleta de

dados;

Identificar quais os usos das TICs apresentados nos resumos;

Analisar as articulações dos usos das TICs com os papéis atribuídos à escola e à

educação presentes nas teses e dissertações.

Para responder a estes objetivos foi necessário desdobrá-los nas seguintes questões:

Quais são os usos das TICs na escola que receberam a atenção dos pesquisadores?

Quais os procedimentos e instrumentos utilizados no processo de investigação? Quais

os sujeitos das pesquisas e quais os locais em que se realizam as pesquisas?

Quais os referenciais teóricos em quem os autores se baseiam?

Quais os resultados, as propostas e as conclusões apresentadas?

Quais os papéis da escola e da educação presentes nos resumos?

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As hipóteses que orientaram a pesquisa, diante da amplitude de trabalhos encontrados

e devido à variedade de recursos abordados e aos diferentes objetivos a que se referem para

justificarem a presença das TICs na escola, foram que as TICs ampliam as possibilidades de

ensino - aprendizagem; aproximam a escola do contexto extraescolar, sociedade atual;

renovam a estrutura escolar e melhoram o preparo dos alunos para o mundo do trabalho.

Parte-se também da hipótese de que existe uma tendência a ver as TICs como

transformadoras do espaço escolar, pois dialogam com o contexto cultural tornando a prática

educativa mais sedutora, moderna e eficiente – a escola é anacrônica para os alunos e para

toda a sociedade, pois não consegue se adaptar às mudanças na velocidade em que elas

ocorrem.

Na tentativa de responder às questões, o procedimento metodológico foi dividido em

três partes. Na primeira, realizamos um levantamento bibliográfico que culminou com a

construção de um banco de dados (os 262 resumos) que, além de fornecer informações

essenciais sobre a produção, foi submetido a um tratamento estatístico que permitiu a

realização de um balanço parcial sobre as tendências do material. Na segunda, analisamos os

usos das tecnologias da informação e comunicação e, na terceira parte, estabelecemos a

ligação entre os usos das TICs apontados nos resumos e os possíveis papéis da escola.

Assim, para expor de forma coerente e concisa a argumentação que compõe este

trabalho, ele foi dividido em dois capítulos que se ligam intimamente com o tema central,

salientando o caráter interdependente entre eles.

O primeiro capítulo é composto pelo referencial teórico que orienta a pesquisa na

tentativa de proporcionar uma visão perspectiva da análise proposta e, portanto, se configurar

como eixo articulador entre os demais. Também foram indicadas leituras sobre a configuração

social e cultural atual e o papel da educação na perspectiva de alguns autores que ressaltam a

influência das TICs nessa relação.

No segundo capítulo, de cunho metodológico, apresentamos os dados obtidos com a

leitura dos 262 resumos, o balanço realizado, os usos das TICs identificados e os papéis

atribuídos à escola.

Finalmente, nas considerações finais são retomados problema de pesquisa, objetivos e

hipóteses tendo em vista a síntese dos resultados alcançados na pesquisa. Outras indicações

são feitas como contribuição para o debate em torno da inserção das tecnologias na escola.

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Capítulo 1

Escola e tecnologia: as contribuições da Teoria Crítica da Sociedade

1.1 As tecnologias da informação e comunicação e a ideologia da racionalidade

tecnológica

Não há como negar os vínculos entre conhecimento, poder e tecnologias presentes em

todas as épocas e em todos os tipos de relações sociais. Instrumentos, ferramentas, processos,

recursos, enfim, as tecnologias fazem parte da vida dos homens há muito tempo. Ao longo de

seu desenvolvimento e de seu contato com a natureza, o homem desenvolveu um processo

crescente de inovações e conhecimentos que lhe permitiram se distinguir de outros animais e

uma melhor adaptação às adversidades que o externo lhe impunha. O domínio e uso dos

elementos da natureza como a água, o fogo, um pedaço de pau ou um osso de animal

garantiram a sobrevivência dos grupos que possuíam esses conhecimentos e habilidades, e, a

partir daí, a busca por recursos naturais tornou-se relevante para a manutenção da vida

humana.

O desenvolvimento das técnicas, que inicialmente serviram para a proteção e

preservação da espécie, está atrelado a uma busca pela ampliação do conhecimento e do poder

do homem sob outros homens e sob a natureza. Novas tecnologias foram sendo criadas, não

mais para a defesa, mas para o ataque e a dominação. A posse de equipamentos mais potentes

abriu espaço para a organização de exércitos que subjugaram outros povos, por meio de

guerras de conquista ou pelo domínio cultural. Um momento revolucionário deve ter ocorrido

quando alguns grupos primitivos deixaram de lado os machados de madeira e pedra e

passaram a utilizar lanças e setas de metal para guerrear. O uso de animais adestrados –

cavalo principalmente – mudou a forma de realizar um combate. Canoas e barcos a remo

eram frágeis diante de caravelas e navios. Assim, sucessivamente, com o uso de inovações

tecnológicas cada vez mais poderosas, os homens buscavam ampliar seus domínios e

acumular cada vez mais riquezas.

Um retrospecto da história da civilização ocidental mostra-nos o domínio dos homens

sobre o fogo, os animais, os mares e, atualmente, sobre parte do espaço. Não há dúvida de que

o progresso da civilização ocidental é devido, em grande parte, à tecnologia por ela

desenvolvida. Como afirma Crochik (1990), o controle da natureza tem garantido para uma

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parcela dos homens longevidade e conforto material, basta observarmos os caminhos da

medicina que passou de explicações mitológicas para observações naturais com justificativas

racionais, o que lhe permitiu prolongar a sobrevivência e aliviar a dor humana.

É na relação do homem com a natureza que os intelectuais da Teoria Crítica da

Sociedade, principalmente Theodor Adorno, Herbert Marcuse e Max Horkheimer, buscaram

compreender porque nações desenvolvidas tecnológica e culturalmente e que, portanto, eram

capazes de promover o bem estar geral e a paz, provocaram o extermínio entre os homens,

conforme vivido durante as duas guerras mundiais, no fascismo, no Estado de Bem-Estar

Social e nas sociedades de democracia formal. Desiludidos com o viés revolucionário do

marxismo, depois de assistirem às barbáries cometidas pelo stalinismo e nazismo, e de

presenciarem a degradação cultural do consumismo norte-americano, começaram a defender o

marxismo como uma teoria aberta a ser reinterpretada, de acordo com cada contexto histórico

e cultural.

A psicanálise fora introduzida às pesquisas, buscando compreender quais foram os

motivos irracionais que levaram à deformação da consciência. De acordo Bueno (2003), a

esperança revolucionária inspirada pelo marxismo foi substituída por um trabalho filosófico

que localiza a reprodução da dominação nas instâncias regressivas da razão, enfoque que

desde então marcou a Teoria Crítica.

Preocupavam-se, então, em compreender a dominação, a partir das estruturas da

própria razão, assim como o processo histórico de constituição desta. Percebia-se uma

indução ideológica que não se limitava somente ao nível consciente, mas também às raízes

pulsionais do indivíduo, que levava à deformação de sua consciência. Assim, os fenômenos e

relações sociais passam a ser vistos como mediados pela totalidade social, e as relações entre

estrutura e superestrutura passam a ser observadas não só como reflexo dos interesses de

classe, mas também como mediação do todo social.

Freud (1997), ao analisar o desenvolvimento e a constituição do homem, bem como

seus propósitos e intenções, afirma que o que move a vida humana é o esforço para obter

felicidade: o homem quer ser feliz e assim permanecer.6

6 O que Freud chama de felicidade “(...) provém da satisfação (de preferência, repentina) de necessidades

represadas em alto grau, sendo, por sua natureza, possível apenas como manifestação episódica. (...) Somos

feitos de modo a só podermos derivar prazer intenso de um contraste, e muito pouco de um determinado estado

de coisas.” (FREUD, 1997, p. 24).

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Como vemos, o que decide o propósito da vida é simplesmente o programa

do princípio do prazer. Esse princípio domina o funcionamento do aparelho

psíquico desde o início. Não pode haver dúvida sobre sua eficácia, ainda que seu programa se encontre em desacordo com o mundo inteiro, tanto com o

macrocosmo quanto com o microcosmo (FREUD, 1997, p.24).

No entanto, há um empecilho nessa constante tarefa pela busca da felicidade, pois a

vida se apresenta muito árdua para os indivíduos e as normas da civilização lhes são

contrárias, já que não contemplam a intenção de que seja feliz.

Dessa forma, não é possível a conciliação da felicidade com a vida em sociedade, o

que significa que a felicidade é sempre restrita à constituição do indivíduo e a infelicidade é

muito mais fácil de experimentar. Para Freud, esta última provém de três direções: o

padecimento do corpo, o mundo externo e o relacionamento com os outros homens.7

O que nos interessa é a segunda direção, o mundo externo, a relação homem –

natureza, pois o desconhecimento do mundo e das potencialidades da natureza gera no

indivíduo a sensação de desconforto, de impossibilidade de ação, remetendo-os a duas

possíveis saídas.

Contra o terrível mundo externo, só podemos defender-nos por algum tipo de afastamento dele, se pretendemos solucionar a tarefa por nós mesmos.

Há, é verdade, outro caminho, e melhor: o de tornar-se membro da

comunidade humana e, com o auxílio de uma técnica orientada pela ciência,

passar para o ataque à natureza e sujeitá-la à vontade humana (FREUD, 1997, p. 26).

Freud ainda afirma que é preciso o reconhecimento de que nunca dominaremos

completamente a natureza e que o nosso próprio organismo faz parte dessa natureza. É preciso

dizer que a natureza, aqui, é tomada em seu caráter mais abrangente e se refere, também, aos

desejos e impulsos presentes no próprio homem.

Isso significa que a tentativa constante da humanidade para o progresso das ciências

naturais e sua aplicabilidade técnica, estabelecendo cada vez mais o controle sobre a natureza,

não pode ser o único objetivo do esforço cultural.

É na relação do homem com a natureza, no desenvolvimento da razão e da ciência que

a Teoria Crítica da Sociedade buscou a origem do irracional para explicar a realidade social.

7 Isso não significa que o indivíduo não cria métodos, conscientes ou inconscientes, para conseguir a felicidade e

manter afastado o sofrimento, tais como o domínio das fontes internas das necessidades, a intoxicação etc.

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A humanidade, que teria vivido nas trevas, foi gradativamente se “iluminando” pelos

conhecimentos elaborados pelos seres humanos e o mundo foi se desvelando com

racionalidade e com o uso sistemático da razão cartesiana, um uso calcado no pensamento

lógico, formal, descritivo e dedutivo. Esse grande passo da nossa história permitiu a passagem

da crença nos mitos, como forma de explicação da natureza e da vida, e nos deuses, como

protagonistas dos fatos naturais e sociais. Ao mesmo tempo, a libertação do medo diante do

desconhecido também fez com que compreendêssemos e desenvolvêssemos tecnologias que

nos trouxeram ao estágio atual.

A natureza deixou de ser uma ameaça para se tornar, cada vez mais, um objeto a ser

dominado pelo conhecimento da ciência racional e colocado à disposição da humanidade e,

com isso, passou-se a acreditar nos produtos das ciências como descritivo das leis explicativas

da natureza e da sociedade.

Não há dúvidas de que o progresso da civilização é devido, em grande parte, à

tecnologia por ela desenvolvida. O controle da natureza garante, para uma parcela dos

homens, longevidade e conforto material, e o controle do comportamento permite a existência

de uma sociedade bastante “organizada”, ou melhor, “ordeira”.

No entanto, em nome de uma racionalização crescente, os processos sociais são

dominados pela racionalidade científica agressiva, característica do pensamento positivista.

Com isso, a realidade social em sua complexidade e em suas transformações é submetida a

um método que se pretende universalizador e unitário.

Partindo das análises de Marx e de sua crítica à economia política burguesa, a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt revela a transformação dos conceitos

econômicos dominantes em seus opostos: a livre troca passa a ser aumento

da desigualdade social; a economia livre transforma-se em monopólio; o trabalho produtivo, nas condições que sufocam a produção; a reprodução da

vida social, na pauperização de nações inteiras. Assim, a crítica à razão

torna-se a exigência revolucionária para o advento de uma sociedade

racional, porque o mundo do homem, até hoje, não é o mundo humano, mas o mundo do capital (MATOS, 2006, p. 37).

A racionalidade da dominação da natureza para fins de lucro, colocando a ciência e a

técnica a serviço do capital, é a primeira forma de ditadura apontada pelos frankfurtianos, a

“ditadura da produção”, carregada de ideologia e que atinge a todos nas diferentes esferas da

vida, inclusive na cultura. Como apontam os autores Adorno e Horkheimer (1985, p. 20):

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O casamento feliz entre o entendimento humano e a natureza das coisas que

ele tem em mente é patriarcal: o entendimento que vence a superstição deve

imperar sobre a natureza desencantada. O saber que é poder não conhece nenhuma barreira, nem na escravidão da criatura, nem na complacência em

face dos senhores do mundo. Do mesmo modo que está a serviço de todos os

fins da economia burguesa na fábrica e no campo de batalha, assim também

está à disposição dos empresários, não importa a sua origem. Os reis não controlam a técnica mais diretamente do que os comerciantes: ela é tão

democrática quanto o sistema econômico com o qual se desenvolve. A

técnica é a essência desse saber, que não visa conceitos e imagens, nem o prazer do discernimento, mas o método, a utilização do trabalho de outros, o

capital.

A produção de tecnologia e o domínio da natureza pela ciência prometiam uma vida

melhor aos indivíduos: as dificuldades de manutenção da existência e de satisfação das

necessidades alicerçavam a estrutura social e de pensamento, que pedia esforços aos sujeitos,

em nome de uma vida futura melhor. Assim, a crença na felicidade material moveu a

produção tecnológica e social desde os primeiros tempos da ciência moderna, até a decretação

de sua falência com as grandes guerras mundiais, pelo espetáculo midiático, com a barbárie

instaurada pelo nazismo e fascismo e tantos outros motivos absurdos e inadmissíveis do ponto

de vista da racionalidade humana.

A relação entre indivíduo, sociedade e tecnologia transformou-se em nossa

autodestruição, pois a sociedade prometida, com a racionalização do mundo, sobrevive à custa

da crescente alienação na qual os indivíduos são mantidos e, consequentemente, à sua

infelicidade. Construiu-se uma sociedade que abandona aquilo que era seu fim, a felicidade

humana e, colocou os meios e o desenvolvimento tecnológico como um fim em si mesmo.

Assim, a racionalidade que governa o mundo é a tecnológica, em detrimento de uma

racionalidade humanística. A tecnologia aplicada, como motor do desenvolvimento social e

técnico, estaria acima de qualquer crítica, pois o que parece irracional, nos termos de sua

lógica, seria questionar o progresso, não importando a quem ele venha servindo.

Marcuse (1982) critica a neutralidade que é atribuída à tecnologia, tanto na sua

construção, quanto na sua utilização. Mas, mais do que a neutralidade da tecnologia, o autor

aponta para seu caráter ideológico8, que é o que chama de racionalidade tecnológica, uma

8 A ideologia será considerada, neste trabalho, como (...) “conjunto de representações, pensamentos e crenças

formados com base em uma realidade que se apresenta como ilusória, sendo ela própria atividade social, que tem

como função ocultar as contradições da realidade, que envolvem, de um lado, a força de trabalho e, de outro

lado, os donos dos meios de produção; de um lado, as relações sociais e, de outro lado, as forças produtivas; de

um lado, a cultura e, de outro lado, a natureza. Essa ocultação ocorre sob a forma de justificação da realidade

estabelecida, que, dessa forma, a perpetua” (CROCHIK, 1998, p. 40).

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racionalidade que se impõe à racionalidade individual, submetendo o homem a uma completa

alienação.

É uma racionalidade que projeta a natureza como instrumento potencial e material de

controle e organização, que se expressa por meio de uma forma lógica de pensar e viver, que

paralisa qualquer contradição, dialética e crítica com sua padronização e segmentação e a

impossibilidade de escolha entre os caminhos possíveis e o empobrecimento da humanidade

presente na submissão aos aparatos tecnológicos.

(...) o método científico que levou à dominação cada vez mais eficaz da

natureza, forneceu, assim, tanto os conceitos puros como os instrumentos para a dominação cada vez maior do homem pelo homem por meio da

dominação da natureza. A razão teórica, permanecendo pura e neutra, entrou

para o serviço da razão prática. A fusão resultou benéfica para ambas. Hoje, a dominação se perpetua e se estende não apenas através da tecnologia, mas

como tecnologia, e esta garante a grande legitimação do crescente poder

político que absorve todas as esferas da cultura. Nesse universo, a tecnologia também garante a grande racionalização da não-liberdade do homem e

demonstra a impossibilidade “técnica” de a criatura ser autônoma, de

determinar sua própria vida. Isso porque essa não-liberdade não parece

irracional nem política, mas antes uma submissão ao aparato técnico que amplia as comodidades da vida e aumenta a produtividade do trabalho. A

racionalidade tecnológica protege, assim, em vez de cancelar, a legitimidade

da dominação, e o horizonte instrumentalista da razão se abre sobre uma sociedade racionalmente totalitária (MARCUSE, 1982, p. 154).

De acordo com a citação de Marcuse (1982), a questão central na técnica não se refere

ao aparato em si, pois o desenvolvimento tecnológico é importante para o progresso social.

No entanto, quando a tecnologia serve como instrumento de dominação social e se coloca no

lugar de decisões sobre a humanidade, ela se torna ideológica e impossibilita a visão de outra

totalidade possível. Não se trata, porém, de uma aversão ao desenvolvimento tecnológico,

mas da “substituição” de uma racionalidade que atribui à técnica um fim em si mesma e da

dominação dos homens sobre os homens e sobre a natureza (racionalidade tecnológica) por

uma racionalidade em que a tecnologia ocupe na vida dos homens um papel para a libertação,

seja do trabalho alienado, seja na busca do conforto humano.

Nesse sentido, vivemos ajustadamente em uma sociedade complexa, altamente

sofisticada social, econômica e tecnologicamente, mas que tem diminuído, cada vez mais, as

possibilidades de realização do indivíduo e de sua condição, tanto no mundo do trabalho,

como fora dele – no tempo livre.

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É sob este ponto de vista que Adorno e Horkheimer (1985) dirigem a maior parte de

sua atenção no esforço de compreender o desaparecimento das forças críticas, negativas, em

nossa sociedade, desenvolvendo, então, o conceito de indústria cultural, chamando a atenção

para o fato de que qualquer forma social não existe fora de um sistema simbólico do qual faça

sentido, ou seja, uma forma perceptiva que lhe sirva de fundamento na subjetividade dos

indivíduos.

Com o desenvolvimento industrial e tecnológico, o homem foi ampliando seu tempo

livre, comumente chamado de tempo de lazer. Contudo, a racionalidade tecnológica não

possibilitaria e não possibilita a utilização desse tempo de maneira que pudesse fugir à sua

ideologia, à técnica, ao utilitarismo e ao lucro.

Kehl (2004) aponta que, com a passagem do feudalismo para o capitalismo e o

estabelecimento das sociedades burguesas, as evidências das novas formas de relação de

dominação e servidão foram “excluídas” dos indivíduos com o surgimento da mercadoria,

entre elas, o dinheiro, que é a mercadoria mais abstrata.

Onde aparentemente estão acontecendo relações entre as pessoas livres, a verdade recalcada – a da persistência da dominação e da servidão – emerge

um sintoma que subverte a aparência ideológica de igualdade, liberdade e

assim por diante. Esse sintoma, o ponto de emergência da verdade sobre as relações sociais, são precisamente, as relações sociais entre as coisas

(KEHL, 2004, p. 83).

Assim, o lazer e a cultura, sob a lógica da racionalidade tecnológica no capitalismo,

não pode ser tempo para a formação humana, o desenvolvimento intelectual, o

preenchimento de funções sociais, as relações de sociabilidade, o jogo livre das forças físicas

e psíquicas da vida, ou mesmo o tempo livre de domingo – puro ócio.

Marcuse (1997), ao analisar a cultura pertencente à época burguesa, que em seu

próprio desenvolvimento distinguiu e elevou o mundo espiritual à civilização, denunciou-a de

cultura afirmativa.

Seu traço decisivo é a afirmação de um mundo mais valioso, universalmente

obrigatório, incondicionalmente confirmado, eternamente melhor, que é

essencialmente diferente do mundo de fato da luta diária pela existência, mas que cada indivíduo pode realizar para si a partir do interior, sem transformar

aquela realidade de fato (MARCUSE, 1997, p. 96).

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Observa-se que as configurações da sociedade, das esferas do trabalho e da cultura

possuem relação direta com a mentalidade utilitarista e monopolizadora, tornando-se apenas

aquilo que somente então as pessoas passaram a chamar de um valor, isto é, uma mercadoria

social que pode circular e se converter em moeda de troca de toda espécie de valores, sociais e

individuais.

Como qualquer outra mercadoria, a cultura passa a ser de fácil acesso a todos os

estratos da população, não mais um “privilégio” dos estratos superiores da sociedade. No

entanto, a questão principal não é ampliar o acesso da população aos objetos culturais mais

sofisticados, mas transformá-los em objetos de consumo, nivelando-os por baixo.

A privação dos conteúdos formadores afeta, atualmente, não só os

trabalhadores e suas famílias, como também às próprias elites. Ou seja, a

perspectiva de emancipação não é negada apenas aos dominados, mas

também aos dominantes. (...) as mesmas novelas, programas de esportes e revistas de ricos e famosos são indistintamente consumidas por membros de

todas as classes sociais (ADORNO, 1985, p. 42).

Assim, lazer na sociedade atual é mais um sistema para a reprodução física e psíquica

da mercadoria força de trabalho. No entanto, há, ideologicamente, no senso comum, a ideia do

lazer como algo claramente separado do trabalho, aparece como um momento autonomizado,

difundido como coisa privada, que não tem nada relacionado com as formas de repressões

vividas no horário de trabalho.

Como tempo livre, o lazer aparece também como tempo para o consumo. Consumo

dos produtos culturais e padrões de comportamento produzidos e difundidos constantemente

pelos meios de comunicação de massa.

Nesse contexto, a racionalidade dos meios de produção não dá tempo ao trabalhador

para chegar a si mesmo, não lhe dá nenhuma tranquilidade que poderia lhe possibilitar a

reflexão. Adorno (1995) aponta que, na sociedade atual, os planos da economia e da cultura se

“confundem”, ou seja, a racionalidade estratégica da produção econômica determina toda a

estrutura de sentido da vida cultural, transformando os bens culturais em mercadorias,

subordinando-os aos sentidos econômicos e políticos e, logo, à situação vigente.

Desse modo, o plano cultural também é permeado pela racionalidade produtivista e a

indústria cultural é a caracterização social objetiva da perda da dimensão emancipatória

gerada inexoravelmente no movimento da razão. Ela expressa a forma repressiva da formação

da identidade da subjetividade social contemporânea. O mundo inteiro é forçado pela razão

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instrumental a passar pelo filtro da indústria cultural, os meios de comunicação de massa, a

educação, o trabalho, o não-trabalho, a vida particular.

A violência da sociedade industrial instalou-se nos homens de uma vez por

todas. Os produtos da indústria cultural podem ter a certeza de que até

mesmo os distraídos vão consumi-los alertamente. Cada qual é um modelo da gigantesca maquinaria econômica que, desde o início, não dá folga a

ninguém, tanto no trabalho quanto no descanso, que tanto se assemelha ao

trabalho. (...) Inevitavelmente, cada manifestação da indústria cultural reproduz as pessoas tais como as modelou a indústria em seu todo

(ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p. 119).

Kehl (2004), em seu ensaio O espetáculo como meio de subjetivação propõe um

diálogo entre o texto de Adorno e Horkheimer (1985) - A indústria cultural: o esclarecimento

como mistificação das massas, e o texto de Debord (2003) – A sociedade do espetáculo, pois

ambos, em contextos diferentes, analisaram os efeitos da expansão industrial dos objetos da

cultura. A autora afirma que a passagem do conceito de indústria cultural para o de sociedade

do espetáculo representa uma consequência daquela indústria, tal como Adorno e Horkheimer

analisaram em 1947.

Da indústria cultural à sociedade do espetáculo, o que houve foi um

extraordinário aperfeiçoamento técnico dos meios de se traduzir a vida em imagens, até que fosse possível abarcar toda a extensão da vida social

(KEHL, 2004, p. 47).

Afirma ainda que o texto de Adorno e Horkheimer, escrito quando os aparatos

midiáticos e tecnológicos ainda eram recém-nascidos, já previa o que poderia desenvolver a

partir dessas tecnologias e que também o texto de Debord o complementa, pois este autor

acompanhou a dimensão que a mercadoria tomou e correspondeu à transformação dos objetos

até se confundirem com a realidade social.

De qualquer forma, o que nos interessa nesta análise é a ideia de que mais do que

nunca estamos submetidos às regras e controles da indústria cultural, cujos produtos têm a

qualidade de fetiche e sua missão não é dirigir-se ao consumidor como sujeito, mas

desacostumá-lo de sua subjetividade.

Se a cultura, sob a lógica da racionalidade tecnológica e da indústria cultural, não

permite a formação do sujeito, pois impede que chegue a si mesmo e com isso reconheça seus

reais desejos, como se configura o indivíduo nesta sociedade?

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Para melhor compreendermos a relação da cultura com a formação da subjetividade

dos indivíduos, voltemos à psicanálise. Como mencionado anteriormente, para Freud (1997),

o que decide o propósito da vida é simplesmente o programa do princípio do prazer e esse

princípio domina o funcionamento do aparelho psíquico desde o início.

No entanto, esta tarefa apresenta dois aspectos, uma meta positiva e uma meta

negativa:

Por um lado, visa a uma ausência de sofrimento e de desprazer; por outro, à experiência de intensos sentimentos de prazer. Em seu sentido mais restrito,

a palavra felicidade só se relaciona a esses últimos. Em conformidade a essa

dicotomia de objetivos, a atividade do homem se desenvolve em duas

direções segundo busque realizar – de modo geral ou mesmo exclusivamente – um ou outro desses objetivos (FREUD, 1997, p.24).

Nesse contexto, o que realmente caracteriza cada indivíduo não são suas

manifestações e ações controláveis, mas sim as determinações e seus processos inconscientes,

manifestados através dos lapsos, sonhos, esquecimentos, atos falhos a até mesmo sintomas

repetitivos. Dessa forma, saber o que somos é quase impossível, pois somos regidos por

determinações inconscientes que desconhecemos. A única coisa certa que se sabe é que somos

seres do desejo, e, que este, nunca se satisfaz por completo, condenando-nos a desejar, sem

nunca encontrarmos um objeto que nos satisfaça totalmente.

Nesta busca, para poder conviver com os outros indivíduos, civilizatoriamente, faz-se

necessária a “abdicação” e o redirecionamento deste prazer. Como um ser da cultura, do

simbólico, as satisfações das necessidades biológicas do ser humano passam por um apelo

dirigido a outro, condicionado pela cultura. O caminho entre a vontade e a satisfação é

permeado por representações.

Tanto o processo de civilização, como o processo de desenvolvimento do indivíduo

são vitais e devem partilhar a mesma característica mais geral da vida. Ao mesmo tempo, há

distinções entre os dois processos.

No processo de desenvolvimento do indivíduo, o programa do princípio do

prazer, que consiste em encontrar a satisfação da felicidade, é mantido como objetivo principal. (...) No processo civilizatório, porém, as coisas se passam

de modo diferente. Aqui, de longe, o que mais importa é o objetivo de criar

uma unidade a partir dos seres humanos individuais. É verdade que o

objetivo da felicidade ainda se encontre aí, mas relegado ao segundo plano. Quase parece que a criação de uma grande comunidade humana seria mais

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bem sucedida se não se tivesse de prestar atenção à felicidade do indivíduo.

Assim, pode-se esperar que o processo desenvolvimental do indivíduo

apresente aspectos essenciais, próprios dele, que não são reproduzidos no processo da civilização humana (FREUD, 1997, p. 105).

Nesse sentido, sabendo que o desejo nunca será plenamente realizado, poderíamos

pensar em realizações autônomas e heterônomas fornecidas pela cultura? Concebendo a

cultura como um conjunto de modos de ser, viver, pensar e falar de uma dada formação

social, como fica a relação do indivíduo com o outro e consigo mesmo numa sociedade sob a

lógica da indústria cultural que propõe massivamente o consumo como solução para nossos

sofrimentos e realização do prazer – drogas, roupas, sexo virtual e real, corpos perfeitos, amor

perfeito, criança feliz, pais perfeitos etc.?

O consumo pode ser a solução de todos os problemas, das tristezas, angústias e

incertezas. Já a felicidade, que além do mais, é algo extremamente subjetivo, na qual, o ser

humano tem que inventar sua própria e possível felicidade, aparece como uma receita sob

medida e destino traçado.

Com isso, os interesses coletivos – tão importantes à civilização – são esmagados por

um mundo simbólico que incentiva o poder e o prazer individuais imediatos e irrevogáveis. É

neste cenário que o fetichismo opera determinando uma subjetividade que se objetiva nas

relações de troca, tanto materiais como libidinais.

Para Marx (1979), o fetiche de mercadoria é o processo de ocultamento das relações

de exploração / dominação por meio das mercadorias e de suas trocas. A sociedade capitalista

transformou ou transforma todo o trabalho humano em mercadoria e, como mercadoria, o

produto apresenta duas características básicas: seu valor de uso e seu valor de troca.

Podemos entender o primeiro como a possibilidade de uso de uma determinada

mercadoria por um determinado indivíduo, que não o produtor, ou seja, o produto necessita

despertar o interesse, a utilidade para determinado (s) sujeito (s). É a partir daí que o produto

adquire seu valor de troca, já que este é determinado por seu valor de uso. A forma natural da

mercadoria se transforma em forma de valor, impulsionando seu valor de troca. O valor de

troca de uma mercadoria corresponderá à expressão de sua equivalência a uma variedade de

valor de uso. Nesse sentido, Marx afirma:

A mercadoria é valor de uso: trigo, linho, máquina, diamante etc..., mas ao

mesmo tempo, enquanto mercadoria não é valor de uso. Se fosse valor de

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uso para o seu proprietário, isto é, um meio imediato de satisfazer suas

próprias necessidades, não seria mercadoria. Para o proprietário, a

mercadoria é antes um valor de uso, é simplesmente o suporte material do valor de troca ou simples meio de troca. (...) Para o proprietário é só valor de

uso enquanto valor de troca (MARX, 1979, p. 129).

Como valor de uso não há nada de misterioso na mercadoria, ela satisfaz as

necessidades humanas por suas propriedades e recebe essas propriedades como produto do

trabalho humano. Seu caráter misterioso não provém de seu valor de uso. O misterioso da

forma mercadoria consiste, portanto, simplesmente, no fato de que ela reflete aos homens as

características sociais do seu próprio trabalho como características objetivas dos próprios

produtos de trabalho, como propriedades naturais sociais e, por isso, também reflete a relação

social dos produtores com o trabalho total como uma relação social existente para fora deles,

entre objetos.

A relação entre os produtores assume a forma de uma relação entre produtos de

trabalho. O fetichismo regula as relações de troca e valor no mundo capitalista, ocultando as

formas de dominação e exploração entre os homens que produziram as mercadorias. Como se

estas não trouxessem em si mesmas a história de um capitalista e um operário, de um que

comprou a força de trabalho e de outro que a vendeu, ou mais ainda, do tempo de vida que um

sujeito despossuído de qualquer outro bem teve que entregar ao capitalista para garantir sua

sobrevivência e assim continuar vendendo seu tempo e produzindo mercadorias.

A mercadoria aparece como um ser onipotente, a quem se venera e obedece às cegas.

Todas as relações se dão em torno destas, seja pela produção ou pelo consumo através da

mercadoria mais abstrata que é o dinheiro.

A relação entre homens se transforma na relação entre mercadorias. Não são as

mercadorias que mediam as relações entre os homens, mas os homens que mediam as relações

entre as mercadorias.

A forma social do capitalismo é legitimada através de um sistema simbólico que a faça

ter sentido, um sistema que se fundamente na subjetividade dos indivíduos, caracterizado por

Marx, pelo fetichismo da mercadoria. A confiança cega na relação entre mercadoria, riqueza e

valor faz com que os homens percam a noção do que consiste essa humanidade.

Para a psicanálise, o fetichismo é um dos estruturadores da subjetividade e determina

os modos de relacionamento entre os sujeitos. Nessa relação, não se pode esquecer que o

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sujeito da psicanálise é um sujeito social, ou seja, sua subjetividade também é determinada

pelo contexto social em que está inserido, pelo tipo de sociedade que faz parte.

A subjetividade do sujeito moderno, caracterizado como neurótico para Freud (1997),

é muito mais determinada pela instância social em que ele se encontra do que pelo seu próprio

desenvolvimento psíquico. Podemos pensar, então, que os objetos de desejo, a busca de seu

prazer e até mesmo seus objetos de fetiche, quando reconhecidos pelo sujeito neurótico, são

fruto do tipo de sociedade em que o sujeito se encontra. Ou seja, são desejos falsos que

determinarão uma satisfação ilusória.

A formação cultural, sendo apropriação subjetiva da cultura, é pensada em

profundidade por Adorno (1986), que a concebe como campo de forças, em que as categorias

espírito e natureza estão constantemente em conflito. Sob a divisão do trabalho e do saber

dela correspondente, a formação cultural a serviço da heteronomia se converteu numa

semiformação socializada, em que o contexto densamente socializado e estruturado do mundo

totalmente administrado, sob a lógica da racionalidade tecnológica, sufoca o particular, como

podemos observar em Adorno (1986):

Na verdade, o progresso evidente, a elevação geral do nível de vida com o desenvolvimento das forças produtivas materiais não se manifesta nas coisas

espirituais com efeito benéfico. As desproporções resultantes da

transformação mais lenta da superestrutura em relação à infraestrutura, aumentaram o retrocesso da consciência. Dizer que a técnica e o nível de

vida mais alto resultam diretamente no bem da formação, pois assim todos

podem chegar ao cultural, é ideologia comercial pseudodemocrática

(ADORNO, 1986, p. 8).

Há o massacre do indivíduo frente às forças econômicas e sociais supostamente

racionais, no entanto, esvaziadas de sentido e, por isso mesmo, incapazes de fornecer ao

sujeito imagens, formas e conteúdos a partir dos quais possa formar-se. Se as condições de

formação são a autonomia e a liberdade, também é imprescindível o parâmetro frente ao qual

o indivíduo possa se diferenciar. Ao particular, que vê diante de si o esgotamento dos

momentos de diferenciação do todo, modelando-se ao fetiche da igualdade, resta a

indiferenciação, a mera reprodução, o retrocesso da consciência. Com isso, a perda da

identidade e da capacidade de resistir ao todo uniformizador é acompanhada da ameaça

constante de recaída na barbárie.

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A formação cultural agora se converte em uma semiformação socializada, na

onipresença do espírito alienado, que, segundo sua gênese e seu sentido, não

antecede a formação cultural, mas a sucede. Deste modo, tudo fica aprisionado nas malhas da socialização. Nada fica intocado na natureza, mas,

sua rusticidade – a velha ficção – preserva a vida e se reproduz de maneira

ampliada. Símbolo de uma consciência que renunciou à autodeterminação

prende-se, de maneira obstinada, a elementos culturais aprovados. Sob seu malefício gravitam como algo decomposto que se orienta à barbárie

(ADORNO,1986 ,p. 1).

Outro aspecto da semiformação apontado por Adorno refere-se à vulgarização dos

bens culturais, pois, para se tornarem acessíveis às massas, no nível psicológico, o que

economicamente lhes é negado, banaliza a formação cultural cooperando com sua aniquilação

e, o indivíduo massacrado pela totalidade compensa seu desamparo, ao crer que faz parte das

qualidades e vitórias deste todo verificáveis na formação cultural.

Estar de acordo com estereótipos equivale então a estar pari passu com a cultura. Este esforço integrativo „e, no entanto, semicultura; portanto, falso

já que o verdadeiro e melhor num povo é mais o que não se ajusta ao sujeito

coletivo e até certo ponto o que se lhe opõe (ADORNO, 1986, p. 12).

Neste cenário de semiformação generalizada, as tentativas de remediar esta situação

nos limites da integração, entre elas as propostas pedagógicas, por não questionarem as

condições objetivas e se manterem nos patamares da semiformação cultural, além de

garantirem a situação vigente, são, em si mesmas, semiformação.

Devemos refletir, então, o quanto a escola tem contribuído com esta lógica, no

momento em que, ao invés de colocar em xeque alguns valores e comportamentos, acabam

por reforçá-los ainda mais, incutindo nas crianças, desde a mais tenra idade, a incapacidade de

um posicionamento, ainda que contraditório, frente às questões do cotidiano, e isso pode ser

expresso no momento em que o computador, a informática, a internet e até mesmo a televisão

são trazidas para a sala de aula, sem que se faça a devida crítica. Como aponta Adorno (1985,

p. 152), “(...) formular desejos corretos é a arte mais difícil de todas, e somos desabituados a

isso desde a infância”.

Ao tratarmos da questão da relação entre escola e tecnologias, notadamente as mídias

de comunicação, provavelmente os aspectos ligados aos processos psíquicos estejam

presentes atuando de forma individual, e, também, guardando semelhanças com uma

coletividade na qual a relação é produzida. Faz-se preciso, então, refletir sobre o que se

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define como Tecnologias da Informação e Comunicação (doravante denominadas TICs) e,

principalmente, o que se entende como sociedade da informação determinada por essas TICs

que justificam sua inserção na escola

O que caracteriza as TICs como instrumento da atualidade e as diferencia de outros

instrumentos utilizados pelo homem é o vínculo entre os signos e a técnica, ou seja, elas são

concebidas como tecnologias específicas de informação e comunicação, cuja base é o uso da

linguagem oral, da escrita, da síntese entre som, imagens e movimentos, especificamente o

computador e a internet.

Segundo Kenski (2007), estamos vivendo uma nova configuração social e cultural

impulsionada pelo desenvolvimento tecnológico. Para chegar a essa afirmação, a autora

analisa o processo de produção industrial da informação e comunicação entre as pessoas. A

linguagem oral é apontada como a mais antiga forma de expressão por meio de signos comuns

de voz, que eram compreendidos por membros de um mesmo grupo. A sociedade oral, de

todos os tempos, aposta na memorização, na repetição e na continuidade. Em seguida, a

autora analisa a linguagem escrita e aponta para a criação desse símbolo gráfico como

tecnologia de comunicação, que surge quando os homens deixam de ser nômades e passam a

ocupar, de forma mais permanente, um determinado espaço. A escrita interage com o

pensamento e torna-se ferramenta de ampliação da memória e de comunicação, pois livra o

pensamento da obrigatoriedade de memorização constante. A terceira linguagem analisada

articula-se com as tecnologias eletrônicas de informação e comunicação como uma linguagem

de síntese, que engloba aspectos da oralidade e da escrita em novos contextos.

A linguagem digital, expressa em múltiplas TICs, impõe mudanças radicais

nas formas de acesso à informação, à cultura e ao entretenimento. O poder da linguagem digital, baseado no acesso a computadores e todos os seus

periféricos, à internet, aos jogos eletrônicos etc., com todas as possibilidades

de convergência e sinergia entre as variadas aplicações dessas mídias,

influência cada vez mais a constituição de conhecimentos, valores e atitudes. Cria uma nova cultura e uma nova realidade informacional (KENSKI, 2007,

p.33).

Ainda sob esta perspectiva, Busato (1999) aponta que, ao se falar das tecnologias da

atualidade, referimo-nos aos processos e produtos provenientes da eletrônica, da

microeletrônica e das telecomunicações, que estão em permanentes transformações, cuja base

é as máquinas e equipamentos e o principal campo de atuação é o virtual, em que a fonte

principal de “alimento” é a informação.

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Segundo Coll (2010), o desenvolvimento de economias globais, as políticas nacionais

de apoio à internet, a crescente alfabetização digital da população e o melhoramento gradual

das infraestruturas tecnológicas são fatores centrais para a configuração da sociedade da

informação9 e para suas determinações em relação às mudanças nos valores e no estilo de

vida dos cidadãos.

Ainda para o autor, as TICs, numa relação de causa e efeito, permitiram a

transformação do mundo num grande mercado, pois possibilitaram a liberação das

economias, a realocação de empresas, a queda das taxas de importação, a abertura de

investimentos supranacionais e a privatização de empresas estatais devido à facilidade de

informação e comunicação aliadas à redução de custos que isto traz consigo. Além destes

aspectos determinantes de uma nova configuração social, Coll (2010) aponta também para as

interferências das TICs na qualidade de vida das pessoas, pois, com elas, podem flexibilizar

seus horários de trabalho (trabalhar em casa, por exemplo) e aumentar o tempo dedicado ao

lazer.

Nesse cenário, a sociedade da informação e as tecnologias da comunicação e

informação possibilitadoras dessa nova configuração social, determinam também uma

“nova” atuação do indivíduo no mundo. Ou seja, se as TICs são os instrumentos centrais para

pensar, aprender, conhecer, representar e transmitir para outras pessoas ou gerações os

conhecimentos adquiridos, que tipo de indivíduo é esperado no desempenho dessa tarefa?

Que tipo de constituição psíquica pode ter este indivíduo? Coll (2010) nos aponta para

algumas habilidades essenciais que o indivíduo deveria adquirir na atualidade, tais como:

saber lidar com a complexidade e imprevisibilidade; saber filtrar o excesso e o fluxo da

informação; saber pensar rápido devido à escassez de espaço e de tempo para a abstração e

reflexão; saber filtrar a cultura da imagem e do espetáculo e saber transformar as

coordenadas espaciais e temporais da comunicação.

Contudo, mesmo que as TICs caracterizem o desenvolvimento de um novo tipo de

tecnologia, não podemos considerá-la desconectada ao contexto em que foi gerada, pois na

identificação entre a totalidade e a tecnologia, a última não pode ser resgatada pelo caráter de

9 O autor define a Sociedade da Informação como uma sociedade que comporta novas maneiras de trabalhar, comunicar-se, de relacionar-se, de aprender, de pensar, de viver, cuja base de sustentação é o desenvolvimento

das TICs, que, por sua vez, têm “(...) sido sempre, em suas diferentes fases de desenvolvimento, instrumentos

para pensar, aprender, conhecer, representar e transmitir para outras pessoas e para outras gerações os

conhecimentos adquiridos. Todas as TICs repousam sobre o mesmo princípio: a possibilidade de usar sistemas

de signos – linguagem oral, linguagem escrita, imagens estáticas, imagens em movimento, símbolos

matemáticos, notações musicais e etc.- para representar uma determinada informação e transmiti-la” (COLL,

2010, p. 17).

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neutralidade que lhe é atribuído. De acordo com Marcuse (1999), a técnica na sua própria

elaboração, através da operacionalização de conceitos que a constrói, na sua desconsideração

pelo particular, já é camufladora das diferenças e contradições existentes.

Nesse sentido, as TICs não apresentam nada de inovador no desenvolvimento das

potencialidades humanas, como, por exemplo, no desenvolvimento da mecanização dos

trabalhos desumanizantes e alienantes, diminuindo a labuta e propiciando a emancipação dos

homens do reino da necessidade.

Em seu texto, Capitalismo Tardio ou Sociedade Industrial, Adorno (1986) discute se o

sistema capitalista ainda domina com seu modelo, independentemente de como ele se tenha

modificado, ou se com o desenvolvimento industrial o próprio conceito de capitalismo, a

diferença entre Estados capitalistas e não-capitalistas, e até mesmo a crítica ao capitalismo

tornaram-se obsoletas.

Adorno (1986) afirma que diferentemente da sociedade capitalista descrita e analisada

por Marx, na sociedade atual por toda parte e para além da fronteira dos sistemas políticos, o

trabalho industrial tornou-se o modelo, evoluiu para uma totalidade, pois:

(...) modos de procedimentos que se assemelham ao modo industrial

necessariamente se expandem, por exigência econômica, também para

setores da produção material, para a administração, para a esfera da

distribuição e para aquela que se denomina cultura. Por outro lado, a sociedade é capitalismo em suas relações de produção. Os homens seguem

sendo o que, segundo a análise de Marx, eles eram por volta da metade do

século XIX: apêndices da maquinaria, e não mais apenas literalmente os trabalhadores, que têm de se conformar às características das máquinas a que

servem, mas, além deles, muitos mais, metaforicamente: obrigados até

mesmo em suas mais íntimas emoções a se submeterem ao mecanismo social como portadores de papeis, tendo de se modelar sem reservas de acordo com

ele. Hoje, como antes, produz-se visando o lucro (ADORNO, 1986, p. 68).

Assim, produção material, distribuição e consumo são administrados conjuntamente e

a autonomização do sistema diante de tudo, também dos que mandam, e nas relações entre os

homens alcançou um “valor-limite”, como afirma Adorno (1986). No entanto, o autor aponta

que não se trata de jogar a culpa nas costas da técnica, das forças produtivas, mas de

questionar o seu enredamento nas relações sociais, nas quais se encontra envolvida. Basta

lembrar que os interesses do lucro e da dominação têm canalizado e norteado o

desenvolvimento técnico e que este coincide, na sociedade, com um modo fatal de

necessidade de controle.

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Além da ideia de que a sociedade atual é determinada pelas tecnologias da informação

e comunicação, outro ponto a ser discutido sobre as TICs é a crença de que as novas

tecnologias permitem sintetizar, agrupar e justapor diferentes suportes técnicos que

permitiriam novas possibilidades para a comunicação entre os homens e aumentariam uma

maior atividade do espectador, que, por meio do uso de aparatos “interativos”, não seria

meramente um receptor.

Se considerarmos que, por meio das novas tecnologias não cessa de expandir-se a

lógica da forma mercadoria, as possibilidades esclarecedoras que elas, sem dúvida, encerram,

são negadas na medida em que tais possibilidades são utilizadas por grandes corporações e

não escapam à lógica da padronização dos procedimentos técnicos – que implicam também a

padronização da recepção. Assim, as TICs têm mediado a formação de uma consciência

necessária para a manutenção da sociedade atual, através da ideologia da racionalidade

tecnológica. Atuando diretamente nos processos de produção como elemento das forcas

produtivas e ampliando o seu domínio para esferas que, antes, tinham relativa autonomia

frente à produção de mercadorias, como por exemplo, a escola.

A seguir, tratamos, com mais especificidade, a questão da inserção das tecnologias na

sala de aula, apontando para seus limites e possibilidades diante do cenário cultural analisado

anteriormente.

1.2 Nexos entre educação e tecnologia e seus usos no ensino: limites e possibilidades

Belloni (2002) investiga o campo da inter-relação educação e comunicação e aponta

que há, na sociedade atual, a convergência desses dois processos sociais desde muito tempo,

o professor sempre foi um comunicador – no entanto, o que é novo é a técnica definindo um

novo ambiente.

(...) A tecnificação é um fenômeno geral típico de nossas sociedades contemporâneas, já tendo transformado o mundo do trabalho, os sistemas de

comunicação e o mundo vivido do indivíduo. Vai entrando agora, com a

força da informática e das redes telemáticas, nos sistemas de educação, mais especificamente no espaço escolar. (...) a formação do cidadão do século

XXI deve incluir, necessariamente uma “alfabetização técnica”, e ir além

dela, buscando a formação integral, que abrange tanto os aspectos éticos dos

conteúdos e temas como os aspectos estéticos de cada suporte tecnológico, incluindo o conhecimento de suas potencialidades pedagógicas (BELLONI,

2002, p. 34).

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Para a autora, na relação da educação com a comunicação há duas abordagens que

privilegiam diferentes aspectos dessa intersecção. A primeira, denominada pedagogia dos

meios, tem o foco na influência das mídias na formação dos indivíduos e na formação

profissional para o mercado e é objeto de preocupação de alguns comunicadores. A segunda,

denominada meios na pedagogia, é fruto de inquietações de poucos educadores e possui uma

abordagem teórica aliada à preocupação prática na utilização de recursos técnicos como

ferramentas metodológicas, por isso é conhecida como tecnologia educacional. No entanto,

Belloni (2007) identifica uma mudança de foco na relação da educação com a comunicação,

ao analisar as preocupações de educadores, pesquisadores e comunicadores.

(...) podemos perceber uma mudança de foco que se manifesta na passagem

de uma abordagem mais moralista e normativa (Como defender as crianças

do impacto negativo dos meios?) para uma formulação mais ampla: Como o sistema de educação deve entender o sistema de meios e construir

ecossistemas educativos a partir da realidade midiática em que estamos

inseridos? (BELLONI, 2002, p. 28).

Sob esta constatação, a autora propõe a construção de um novo campo de intervenção

social, que seja teórico e prático e que dê conta da convergência dos processos de ambas as

áreas. Assim, indica a necessidade de integrar os meios técnicos aos processos educacionais

institucionalizados e sistematizados, pois esses abririam horizontes ao transformar modos de

pensar e aprender ao mesmo tempo em que contribuiriam nas questões sociais “externas” à

escola, como a desigualdade social e regional e a exclusão social.

Para Gomes (2002), o uso dos recursos informáticos e comunicacionais pela escola

não deve ser encarado como mais uma novidade didática, mas como possibilidade de

transformação desta em consonância com as mudanças em curso pela introdução destes

recursos no dia a dia dos cidadãos. O computador e os recursos das TICs presentes na escola

superam a perspectiva de facilitadores das rotinas de ensinar e aprender, pois possuem a

possibilidade de organizar um novo ambiente de aprendizagem com um ensino inovador, em

que o aluno é protagonista na resolução de problemas através da mediação do professor, dos

instrumentos e dos signos.

Kenski (2007) e Coll (2010) compartilham da ideia de urgência de incorporação das

TICs pela escola para a construção de uma nova realidade educacional. Para ambos, novas

maneiras de agir e pensar das novas gerações (denominadas digitais pelos autores)

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influenciarão o futuro das escolas e da educação de modo geral. Para Kenski (2007, p. 116),

“as competências e habilidades dos alunos da geração net estão mudando. O movimento vem

de fora das escolas e é ela que, cada vez mais, sofrerá as suas conseqüências. Para atender a

expectativa desses alunos, a escola precisa mudar também, e muito.” Essa mesma

perspectiva é apontada por Coll (2010, p. 40): “Com as TICs seria possível, finalmente, fazer

com que o “mundo real” entrasse nas salas de aula e nas escolas e basear a aprendizagem dos

alunos na indagação e na criatividade”.

De acordo com essa concepção, a tecnologia aparece adaptável aos fins da educação.

Nesse sentido, a neutralidade da técnica se destaca; o problema reside em aceitar a tecnologia

proveniente de outras áreas sem particularizá-las. A questão de Marcuse (1983) de que a

técnica torna-se um projeto de mundo e, portanto, não é neutra, não é refletida. O fato de que

a técnica repõe as condições em que foi criada também não é refletido.

Outro ponto bastante comum nas discussões sobre a inserção das TICs nas escolas é a

inclusão digital e, consequentemente, a inclusão social. Zaghetti (2009) avalia o discurso da

inclusão digital, problematizando a utilização do computador na escola e sua influência no

processo de ensino-aprendizagem. Para isso, discute as constituições republicanas de 1934 a

1988, as matrizes educacionais contidas na LDB e o projeto PROINFO implantado pelo

MEC em dezembro de 2007. O pesquisador aponta que a inclusão digital não pode ser

entendida como uma ação isolada, mas como um conjunto de relações articuladas do

capitalismo, cujo objetivo é criar a ilusão de progresso, formando uma falsa esperança de

futuro. A necessidade de inclusão é o reflexo da exclusão inerente ao capitalismo.

(...) os projetos de inclusão digital tornaram-se a estratégia mais inteligente de coerção e de contenção da população em suas classes, pois, enquanto as

instituições privadas, públicas e ONGs se esforçam em colocar a população

afinada com a era digital, para garantir a mínima subsistência humana, também são construídos espaços virtuais onde podem ser desenvolvidos,

indiretamente, mecanismos sofisticados de coerção, alienação e

racionalização do trabalho (ZAGHETTI, 2009, p. 18).

O ilusório na alfabetização e inclusão digitais é que não modificam a estrutura de

classes da sociedade ao mesmo tempo em que não atuam contra a desigualdade, já que não

alteram o mecanismo a partir do qual acontece a apropriação do capital.

Não há nada de inovador na ideia de construção de uma nova realidade educacional

através das tecnologias da informação e comunicação. A tentativa de melhorar o ensino

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através de técnicas provindas dos meios de comunicação de massa tomou impulso no Brasil

na década de 1960. De acordo com Crochik (1990) a inserção da tecnologia na educação

nesse período revela a passagem de uma preocupação com a formação do cidadão, que deve

saber votar bem, defender seus direitos e cumprir suas obrigações, para dar-se ênfase à

competência profissional, à habilitação do profissional, à formação do técnico.

Já na década de 1970, Candau (1979), ao discutir a inserção dos aparatos tecnológicos

na escola, principalmente o computador, identifica três tendências dentro da tecnologia

educacional. A primeira tendência é centrada no “meio” e é a mais difundida; consiste na

mera transposição das “mídias” para a educação. A segunda tendência é centrada no

“processo” e consiste no:

(...) conjunto de esforços intelectuais e operacionais realizados faz alguns

anos para reagrupar, ordenar e sistematizar a aplicação de métodos

científicos à organização de conjuntos de equipamentos e materiais novos de modo a otimizar os processos de aprendizagem (CANDAU, 1979, p. 20).

Nessa segunda tendência, o processo de aprendizado transforma-se em fim, deixando

o conteúdo programático e as diferenças individuais em segundo plano. A terceira tendência,

pouco desenvolvida na época, mas muito presente na atualidade nas discussões sobre o uso

das TICs na escola, concebe a tecnologia educacional como inovação, mas, ressalta Candau

(op. cit.), é necessário entender a inovação não como um fim em si mesma, pois o “porquê” e

o “para quê” da inovação devem ser os guias da estratégia.

Ele ainda critica as duas primeiras tendências associando-as ao tecnicismo no ensino e

defende a terceira. Com isso, pretende resgatar a tecnologia na educação, politizando-a

através de sua adaptação a fins que não são neutros. Não diz como isso pode ser feito, mas

acena com a possibilidade.

Crochik (1990), ao analisar as propostas e definições de uso do computador no ensino,

classifica-as em duas classes: a de caráter técnico-científico e a de caráter histórico-social. A

perspectiva técnico-científica dá ênfase ao aperfeiçoamento do ensino, à solução de

problemas educacionais através de meios tradicionais. É dada à escola autonomia em relação

à sociedade, sendo que os problemas educacionais que se originam fora dela, por ela devem

ser sanados. Já a perspectiva histórico-social traz a reflexão de como auxiliar a tecnologia

educacional de forma crítica, de modo a colaborar com a sociedade na superação de suas

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contradições. A tecnologia não é problematizada nessa perspectiva, o que importa é a

adequação que ela possa ter aos fins visados.

O autor verifica que na definição de tecnologia educacional de caráter técnico-

científico, a ênfase é na eficiência do ensino em transmitir informações, não havendo

preocupações com alterações sociais de base. Dessa forma, a tecnologia na educação é

entendida como um conjunto de recursos que aperfeiçoa o ensino existente em que seu caráter

de inovação seja, no máximo, “reformista moderado”. Quanto à perspectiva histórico-social,

poderíamos considerá-la na categoria de inovação educacional denominada “revolucionária

moderada”, pois questiona o sistema escolar tal como existe e atribui à escola um papel

importante na transformação social.

Contudo, Crochik (1990) aponta que ambas as categorias trazem a ideia de

neutralidade técnica, o que pode levar à neutralidade política, pois não refletem sobre a

influência que a tecnologia oriunda da esfera de produção possa ter sobre a escola, minando a

possibilidade desta em transmitir um saber voltado, simultaneamente, para a produção e para

a consciência social. Mais além, a formalização da qual a técnica, especificamente o

computador, é fruto e propagador despossui tanto as contradições sociais, quanto à

interferência subjetiva necessária ao pensamento. Ou seja, a introdução do computador no

ensino não só aponta para a aproximação da escola ao setor de produção, como também

contribui para a eliminação da reflexão sobre o real.

Pelas características do computador, dadas pelo seu limite de interação e

forma de processamento de dados, os softwares aplicados à educação ou

apresentam conteúdos formalizados ou, então, procedimentos para desenvolver a formalização de conceitos. Os citados usos do computador no

ensino postulam a realidade existente como material a ser classificado, e o

seu aprendizado, como mera instrumentalização. As condições de transmissão da informação por parte da máquina e por parte do aluno são

feitas de tal maneira que aquelas sejam organizadas de forma lógica (formal)

e operacional. As contingências de respostas dispostas nos programas de

exercícios e/ou de memorização se resumem a reforçar, punir, ou não emitir reforço. Essas características são apresentadas como vantagens do uso do

computador no ensino (CROCHIK, 1990, p. 177).

O autor conclui que as propostas de uso do computador no ensino representam, dessa

forma, o processo de racionalização na escola, caracterizando-se pela anulação da

subjetividade, pela ênfase em um pensamento e em uma transmissão de conhecimentos

isentos de ambiguidade, e também de reflexão, e na defesa da utilidade desses para a

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adaptação ao mundo do trabalho. A fragmentação do conteúdo e do pensamento, presentes

naquelas propostas, segue o ritmo da especialização da produção. A operacionalização de

conteúdos e a logicização do pensamento devem auxiliar o aluno a um entendimento do

mundo sem entraves, sem contradições,e, também, sem o conflito entre o desejo e a razão.

Assim, a partir das análises de Crochik (1990), constata-se que não se trata de

apontar para os usos críticos e acríticos da tecnologia na educação, e, sim, de problematizar a

própria tecnologia em relação à sua origem. A tecnologia deve ser submetida aos objetivos da

educação, mas não se pergunta sobre a possível alteração que aquela acarreta a esses, ou

melhor, não se questiona o quanto ela pode ser impeditiva de mudanças educacionais, ou,

mais propriamente, o quanto ela possa aproximar os objetivos da educação a ela.

Apesar de não estudar diretamente a instituição escolar, Adorno (2010), em sua obra

Educação e Emancipação, indica a educação à possibilidade de resistência a um contexto

social dominado pela racionalidade tecnológica, que impõe o conformismo, o pensamento de

que o mundo é o que se apresenta: um dado imutável sem a dimensão do que pode ser – do

devir.

É o que o autor denomina de consciência coisificada, “(...) uma consciência que se

defende em relação a qualquer vir-a-ser, frente a qualquer apreensão do próprio

condicionamento, impondo como sendo absoluto o que existe de um determinado modo.”

(ADORNO, 1995, p. 132).

Para Adorno, o processo de incorporação da cultura está diretamente ligado à

formação do indivíduo. Mas, ao se adaptar ao mercado, ao mundo do trabalho, o que havia de

cultural se transforma em mercadoria. No entanto, a escola, que se relaciona tanto com o

pensamento quanto com a cultura, pode ser resgatada e percebida não só em função da

dominação, mas também da resistência.

Diferentemente de uma postura adaptativa, há na educação escolar um grande

potencial transformador, de problematizar a realidade, dada como a única possível. Cabe à

educação e especificamente a escola – enquanto instituição legítima de produção e

transmissão da cultura – permitir elementos formativos que resgatem a experiência e

espontaneidade dos indivíduos.

A educação seria impotente e ideológica se ignorasse o objetivo de

adaptação dos indivíduos e não preparasse os homens para se orientarem no

mundo. Porém, ela seria igualmente questionável se ficasse nisto,

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produzindo nada além do well adjusted people, pessoas bem ajustadas, em

conseqüência do que a situação existente se impõe precisamente no que tem

de pior (ADORNO, 1995, p. 143).

No ensaio Educação - para quê?, Adorno (2010) apresenta sua concepção de uma

educação ideal, que superaria a mera transmissão de conhecimentos e a “modelagem” de

pessoas, pois seu objetivo principal teria que ser a produção de uma consciência verdadeira.

Como consciência verdadeira, o autor indica o fortalecimento do indivíduo frente a uma

sociedade que não lhe permite o reconhecimento de si, de seus desejos e necessidades.

A educação por meio da família, na medida em que é consciente, por meio

da escola, da universidade, teria neste momento de conformismo onipresente

muito mais a tarefa de fortalecer a resistência do que de fortalecer a adaptação. (...) Pelo fato de o processo de adaptação ser tão

desmesuradamente forçado por todo o contexto em que os homens vivem,

eles precisam impor a adaptação a si mesmos de um modo dolorido,

exagerando o realismo em relação a si mesmo, e, nos termos de Freud, identificando-se ao agressor. A crítica deste realismo supervalorizado

parece-me ser uma das tarefas educacionais mais decisivas, a ser

implementada, entretanto, já na primeira infância (ADORNO, 1995, p. 145).

O sentido de uma educação para a emancipação é permitir que o indivíduo pense por

si mesmo, tenha experiências verdadeiras sem a interposição entre si mesmo e aquela camada

estereotipada daquilo a ser experimentado, pois na sociedade tecnológica, a subjetividade

segue regras de comportamento externas, passando a afirmar somente a realidade percebida e

identificando-se com essa e, com isso, a possibilidade de se conceber outras alternativas de

realidade fica prejudicada.

Pelo fato de o processo de adaptação ser tão impotente em todos os contextos em que

vivem os homens, ele exagera um realismo em relação a si mesmo. É daí que a crítica a esse

realismo desmesuradamente forçado deve ser a principal tarefa educacional a ser implantada

desde a primeira infância. Como afirma Pucci (1995, p. 56): “O processo de

“desbarbarização” pela educação e pela escolarização tem na autorreflexão crítica (passagem

do não-ciente para o ciente/passagem do pseudo ciente para o ciente) seu esteio estratégico”.

Nesse sentido, devemos refletir o quanto a escola, ao incorporar as TICs, vendo nesta,

a possibilidade de renovação de suas práticas, tem contribuído com uma racionalidade de

ajustamento em uma sociedade altamente sofisticada econômica, social e tecnologicamente,

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mas que tem diminuído cada vez mais as possibilidades de realização do indivíduo e de sua

constituição.

Assim, no momento em que as TICs são trazidas para a sala de aula, sem que se faça

devida crítica, ao invés de colocar em xeque alguns valores e comportamentos, a escola acaba

por reforçá-los ainda mais, incutindo nas crianças a incapacidade de um posicionamento,

ainda que contraditório, frente às questões do cotidiano, da sociedade de maneira geral.

Daí a necessidade de a escola atuar no sentido de propiciar condições para que as

pessoas ousem pensar diferente, se autodeterminem e deem conta dos apelos das mídias e dos

apelos econômicos e sociais, vislumbrando alternativas em relação ao real dado, para exercer

sua autonomia e desenvolver-se. Conforme podemos observar na seguinte passagem de

Adorno:

Mas aquilo que caracteriza propriamente a consciência é o pensar em relação

à realidade, ao conteúdo – a relação entre as formas e estruturas de

pensamento do sujeito e aquilo que este não é. Este sentido mais profundo de consciência ou faculdade de pensar não é apenas o desenvolvimento lógico

formal, mas ele corresponde literalmente à capacidade de fazer experiências.

Nesta medida e nos termos que procuramos expor, a educação para a experiência é idêntica à educação para a emancipação (ADORNO, 1995, p.

151).

É importante dizer que a Teoria Crítica não se propõe a fornecer métodos educacionais

emancipadores. Ao contrário disso, condena a ideia de universalidade de métodos e

concepções prontas de fácil aplicabilidade. Mais do que buscar uma proposta pedagógica na

Teoria Crítica, cabe compreendê-la globalmente como abordagem formativa, educacional, da

sociedade contemporânea.

Para tal desafio, é necessária a ampliação do repertório cultural, com a superação das

referências que mantêm o indivíduo preso ao contato imediato com o objeto; uma consciência

que permita a autorreflexão; a ampliação do pensamento dialético (um pensamento capaz de

relacionar parte-todo, particular-universal); uma relação com a linguagem rigorosa na relação

com o objeto e, por fim, a superação da cisão teoria- práxis.

Tomar as tecnologias na escola como definidoras de metodologias e, principalmente,

como o objetivo a ser atingido, é intensificar as características reprodutoras do status quo que

a escola em sua configuração já possui, além de impedir que transcenda a mera adaptação.

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Diante do exposto e do objeto de pesquisa (as teses e dissertações brasileiras), no

próximo tópico caracterizamos a produção acadêmica sobre a temática.

1.3 A Pós-Graduação no Brasil e a produção acadêmica em educação

Se o conhecimento científico em geral e os marcos institucionais devem ter exercido

alguma influência sobre a produção das dissertações e teses em relação às TICs, vale a pena

rastrear, mesmo que de forma sucinta, a trajetória recente da pesquisa no Brasil, no sentido de

verificar quais são suas principais características, que foram, de alguma forma, construindo

campos temáticos e perspectivas teórico-metodológicas sobre a inserção desses aparatos na

escola e na educação de maneira geral.

A dispersão e diversificação dos temas das pesquisas educacionais em nosso país são

características que parecem constituir-se em marcas, apontadas por vários autores como

Gouveia (1971), Gatti (1983 e 1992), Velloso (1992) e Warde (1990 e 1993). É neste sentido

que Warde (1990, p. 70), afirma que a diversificação da demanda trouxe, também, como

consequência, uma grande dispersão de temas abordados.

Ainda sobre a dispersão dos trabalhos, Gatti (1983, p. 15) aponta, como um dos

possíveis motivos, para o fato de haver ainda uma dissociação profunda entre a pesquisa

educacional e o meio ambiente, sendo frágeis os vínculos dos programas de Pós-Graduação

em Educação com o processo cultural e, em particular, com os fatos de a vida escolar estar

ausente na tradição de pesquisa na Universidade brasileira considerando que um mergulho de

realidade – nacional e educacional – é indispensável para dar consistência e relevância às

investigações.

Warde (1990) também aponta que, além da dispersão de temas das dissertações e

teses, há uma dispersão significativa na relação orientador-tema, isto é, não só a própria

produção é dispersa, como os orientadores parecem, também, não ter privilegiado

determinados focos para aceitarem orientandos.

Sob essa mesma relação, Gatti (1983) indica que era inegável o aumento da produção

cientifica na área, mas que, apesar do aumento de pesquisa e um acréscimo de docentes nos

programas, a projeção de docentes em tempo integral diminuiu. Com isso, apesar de aumento

da produção, não houve uma melhora nas condições de produção das pesquisas. Desta forma,

a autora afirma que:

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Isso prejudica a acumulação de experiências e a continuidade necessária a

uma maturação no trato com os problemas educacionais brasileiros e a

própria formação de novos mestrandos que acabam não se beneficiando de

uma abordagem aprofundada de determinadas temáticas como exercício para o desenvolvimento de sua capacitação em pesquisa e no pensamento critico

(GATTI, 1992, p. 15).

No que se refere à dispersão, a autora aponta para o modismo como um dos

responsáveis pelo fenômeno. Contudo, Gatti (1983) também compreende que o responsável

pela dispersão das linhas de pesquisa é a forma como os programas de pós-graduação foram

consolidados.

Na década de 1970, Gouveia (1971, p. 4) identifica, no que se refere à variação e

fragmentação dos temas, que: não se chega a colher os frutos de uma tradição de trabalho

suficientemente amadurecida e não se criam as condições necessárias para a realização de

projetos interdisciplinares.

A interlocução entre as pesquisas é outro problema salientado por Gatti (1983). A

autora indica que os problemas da comunicação se iniciavam dentro dos programas de Pós-

Graduação, na medida em que equipes ignoram a produção de outras. No entanto, para ela, a

questão era mais ampla, pois também existia o problema da comunicação entre as bibliotecas

das diferentes instituições.

Warde (1990) considera também que, embora muitos pesquisadores, já na década de

1980, recebessem financiamento para suas pesquisas, seus estudos não deviam estar servindo

de fomento e articulação para as dissertações e teses defendidas.

Esses dados não podem ser considerados anacrônicos, na medida em que estudo mais

recente como o balanço realizado por Bueno, Marin e Sampaio (2005), acerca das

dissertações e teses que pesquisaram a escola, defendidas entre 1981 e 1998, mostra que tanto

a dispersão temática, quanto a de orientações ainda persistem. Neste mesmo trabalho,

constata-se que a maioria dos resumos das teses e dissertações não indica as fontes teóricas

utilizadas, o que demonstra a pouca preocupação dos autores sobre este aspecto fundamental

para a densidade de suas pesquisas.

Bueno, Sampaio e Marin (2005, p. 188) verificaram que, entre as 1676 teses e

dissertações sobre a escola que indicaram níveis de ensino, os trabalhos sobre o Ensino

Fundamental I (33,9% ou seja, 568 produções) somados aos de educação infantil (18,6%, ou

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312) atingiram um total de 880 trabalhos, ou seja, mais de 50 % da produção total. Esses

mesmos autores constataram que 3% da produção (154 trabalhos) foram sobre

desenvolvimento psicológico, sendo que a maioria deveria incidir sobre a criança/infância e

que a psicologia foi a ciência mais referida como base para esses estudos, dado muito

semelhante ao encontrado por Warde (1992) na década de 1980, pois dentro do assunto

“temas da psicologia” a autora verificou que a maior incidência de trabalhos dizia respeito ao

desenvolvimento (cognitivo/afetivo) da criança e do adolescente (120 entre 334 trabalhos),

isto é, parte desta produção deveria se referir à criança/infância, porém a psicologia era a

ciência mais referida como base nos trabalhos, ao invés da pedagogia.

Especificamente com relação à pesquisa sobre as tecnologias da informação e

comunicação na escola, o trabalho realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (Inep), sob a coordenação de Barreto (2006), aponta o

levantamento da produção nacional na área de educação e tecnologia, no período entre 1996 e

2002. Identifica os aspectos recorrentes, as tendências e lacunas nas teses, dissertações e

artigos, através dos seguintes critérios: 1) dissertações e teses defendidas em Programas de

Pós-Graduação em Educação, respectivamente com conceitos 4 (mestrado) e 5 ou 6

(Doutorado) na avaliação da Capes; 2) Artigos publicados em revistas classificadas como

„Nacional A” no Qualis da Capes.

Da aplicação destes critérios, resultou o levantamento do conjunto de 331 documentos,

sendo 242 dissertações, 47 teses e 42 artigos. A pesquisa mostra que, enquanto as teses e

dissertações, doravante T&D, privilegiam a informática como foco de análise, os artigos não

destacam tecnologias específicas, apontando para os modos de incorporação educacional das

TICs em geral. A tecnologia mais citada é a informática.

No que se referem ao nível de estudo privilegiado nas teses, dissertações e artigos, as

T&D10

estão voltadas, em primeiro lugar, para a formação continuada de professores (84); em

segundo lugar, dedicam bastante atenção ao ensino fundamental (62) e, em terceiro lugar,

abordam questões relacionadas ao Ensino Superior (42). Já os artigos tendem a privilegiar a

educação em geral, a destacar propostas para o Ensino Superior e a conferir importância à

formação continuada de professores.

10 Adotamos T&D para nos referirmos às teses e dissertações.

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51

A pesquisa também analisou as modalidades de ensino pesquisadas e focalizou em três

comumente utilizadas: presencial, à distância e virtual. Tanto as T&D como os artigos

privilegiaram o ensino presencial, com o total de 159 trabalhos.

Do ponto de vista da abordagem, são extremamente raros os estudos quantitativos:

apenas um em 42 artigos e cinco em 289 teses e dissertações. A abordagem qualitativa

corresponde a mais de 80% das T&D e dos artigos. E, o estudo de caso é, de longe, o tipo de

estudo mais frequente nas teses e dissertações. Os artigos privilegiam mais a análise

conceitual.

No que diz respeito às referências bibliográficas, nos dois grupos de textos

predominaram os títulos nacionais, sendo computadas também as traduções como títulos

nacionais. Entretanto, os dois grupos apresentam distribuição diversa na predominância dos

títulos internacionais, muito mais presente nos artigos. A pesquisa aponta que a

predominância dos títulos nacionais sugere que, mesmo sendo nova, a área de educação e

tecnologia já dispõe de significativo acúmulo teórico-metodológico. As referências

bibliográficas mais presentes são: Lévy, Morin, Schaff, Castells, Piaget, Vygotsky, Papert,

Babin, Freire, Valente, Kenski, Pretto e Belloni.

Essa breve incursão sobre a inserção das tecnologias na educação como objeto de

estudo, as ações político-sociais brasileiras com relação às TICs e a produção acadêmica

sobre educação em geral, e das tecnologias na educação, em particular, teve por fim levantar

alguns indicadores que possam servir de base para a delimitação do objeto e do método desta

dissertação.

No próximo item, tratamos de mencionar acerca da seleção dos estudos que

compuseram a amostra da presente pesquisa, e, em seguida, procedermos à caracterização da

produção.

1.3.1 A seleção dos estudos sobre TICs em relação à escola

A seguir, será descrito o caminho percorrido até se obter o número de 262 resumos (21

doutorado, 238 mestrado e 3 profissionalizante) que compõem a amostra selecionada para este

trabalho, com base nos critérios citados adiante.

A pesquisa bibliográfica é o procedimento metodológico adotado por esta pesquisa,

pois, como menciona Bueno (2006), esse tipo de metodologia representa um ótimo indicador

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52

das principais tendências do campo educacional, além de permitir um mapeamento dos

diferentes enfoques, abordagens e das lacunas da área.

Considerando a crescente produção bibliográfica no país sobre a temática das

tecnologias na educação, a pesquisa buscou compreender e explicar este fenômeno

educacional a partir da escola, tomando-a:

Como objeto específico e central de estudo e não apenas como contexto de

ocorrências de fenômenos que se desenvolvem na dimensão de sujeitos ou de determinadas práticas, como lugar de reprodução das relações sociais ou

de mera implementação de reformas e políticas educacionais (BUENO,

MARIN e SAMPAIO, 2005).

Isso significa que entender o que ocorre na escola, descrever suas práticas e diferentes

situações implica em entender os problemas da educação, sem perder de vista as trocas que

realiza com o contexto social e cultural mais amplo.

Diante dos objetivos do presente trabalho (1- caracterizar a produção acadêmica sobre

educação e TICs; 2- identificar nas dissertações e teses quais usos das TICs e 3- analisar as

articulações do uso das TICs com os papéis atribuídos à educação presentes nas dissertações e

teses), iniciamos a pesquisa com o balanço das teses e dissertações, no qual pudemos atingir o

primeiro objetivo.

Por meio do balanço, pudemos mapear e analisar as tendências das dissertações e teses

defendidas no período de 1990 a 2009 que abordassem a escola e as tecnologias da

informação e comunicação.

A partir de levantamento realizado por meio de consulta ao sítio de Banco de Teses da

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) (www.capes.gov.br,

dezembro de 2010) verificou-se um aumento significativo da produção acadêmica brasileira

no que diz respeito às TICs e à educação (incluindo a escola), conforme mencionado

anteriormente no trabalho realizado pelo INEP. Do universo de trabalhos levantados, foram

identificados 3513 resumos que tratam sobre a temática. Para que se chegasse ao corpus da

investigação, foi realizado um processo de busca e seleção, iniciado por levantamento no

mencionado banco da CAPES, no período compreendido entre os anos de 1990 (por se tratar

do primeiro ano disponível para consulta) e 2009 (apesar do levantamento ter sido realizado

em 2010, os dados para este ano ainda não estavam disponibilizados).

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53

Para essa busca, foram definidos como critérios: 1– estudos da área educacional, que

mencionam diretamente as TICs; 2– estudos de outras áreas que tratam das TICs e fazem

referência ao campo educacional e 3– estudos que tratam, como tema principal, a relação

entre Educação (ou escola) e as TICs. Para realizar a identificação dos trabalhos, foram

definidas as seguintes palavras-chave para iniciar a busca no sítio da Capes: TICs,

Tecnologias da Informação e Comunicação, Tecnologias, Computador e Internet. Para todas,

acrescentava-se as palavras “educação” e “escola”. Vale esclarecer que, segundo o sítio da

Capes, o campo “Assunto”, utilizado para busca, examina os títulos, palavras-chave e

resumos das teses e dissertações. No entanto, não há garantia de que os resultados são os mais

precisos possíveis em relação à inclusão de todas as dissertações e teses sobre o assunto. De

todo modo, mesmo não havendo precisão sobre o resultado, pode-se constatar tendências,

mostrando que as pesquisas sobre o tema só tiveram início em meados dos anos 1990.

Desse modo, foi delimitado, como recorte temporal para o levantamento dos resumos

das teses e dissertações, o período entre 1990 e 2010.

Diante da amplitude dos temas que circunscrevem a educação e a escola, o

levantamento abarcou os trabalhos que possuíam foco na educação básica, especificamente no

Ensino Fundamental I (atualmente do 1° ao 5° ano). A escolha por este nível se justifica no

fato de ser o nível de ensino mais pesquisado nas dissertações e teses, conforme a pesquisa

desenvolvida pelo Inep, citada anteriormente, e por ser o nível em que a criança aprende a ler

e escrever, ou seja, é seu contato com a linguagem escrita, daí a necessidade em analisar o

papel das TICs nesta fase.

Com a amplitude de temas que perpassam esse nível de ensino, foram considerados os

trabalhos que tratavam de práticas educativas, metodologias de ensino, gestão escolar,

educação inclusiva, salas de informática, material didático, didática e ensino-aprendizagem,

com o propósito de abarcar o máximo do contexto escolar. Desta forma, desconsideramos os

trabalhos que tivessem relação com outros níveis de ensino (educação infantil, Ensino

Fundamental II, Ensino Médio, educação superior, ensino profissionalizante e formação de

professores).

Com o levantamento, podemos observar que, ainda que haja destaques, as teses e

dissertações discutem a incorporação educacional das TICs a partir de focalizações múltiplas,

que podem ser sintetizadas em dois tópicos:

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a) incorporação à formação de professores, nas suas mais variadas vertentes: inicial e

continuada, presencial e a distância e como formação e capacitação e

b) incorporação aos processos de ensino-aprendizagem concretos, seja na condição de

ferramentas ou instrumentos, seja na perspectiva do redimensionamento dos mesmos

processos.

Selecionamos, então, somente os estudos contemplados no segundo tópico (b) que

procuravam investigar diretamente a relação das TICs com a escola, por meio dos critérios a

seguir:

a. referência às tecnologias da informação e comunicação – especificamente ao

computador e à internet;

b. referência ao Ensino Fundamental I ;

c. referência a estudos que tivessem por alvo a escola contemporânea à realização da

investigação;

d. foco de investigação na escola, nas práticas educativas, na atuação dos professores,

alunos, gestores, coordenadores ou nos saberes escolares;

e. explicitação dos critérios referidos nos resumos, não devendo à pesquisadora efetuar

qualquer tipo de inferência.

Diante dos critérios acima mencionados e de uma primeira leitura dos resumos

obtivemos um total de 439 estudos. A leitura dos resumos dessas dissertações e teses revelou

que, junto com o estudo do assunto priorizado, foram relacionados estudos que tratam de

outros recursos tecnológicos, como a televisão, o vídeo, estudos que não especificaram de que

recurso se tratava, ensino à distância, redes de aprendizagem e referência a outros níveis de

ensino, principalmente o Ensino Fundamental II nas disciplinas de química, física e

matemática.

Nos limites temporais estabelecidos (1990 – 2010), foram levantados todos os

trabalhos concernentes à relação objetivada (educação e tecnologias), nas suas várias

dimensões: desde abordagens das questões macropolíticas até a focalização das tecnologias

aplicadas a áreas de estudo e disciplinas específicas, passando pelas análises das aplicações

das tecnologias ao contexto escolar globalmente considerado, bem como de sua incorporação

às diferentes propostas de educação à distância.

Como no foco do levantamento, foi definida a incorporação educacional, no Ensino

Fundamental I, das tecnologias, neste levantamento não foram incluídas as produções

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55

centradas na relação entre mídia e educação, nem as voltadas para objetivos que extrapolam o

contexto escolar.

As palavras educação (ou escola) e tecnologias são, obviamente, as que atravessam

todas as teses e dissertações, ainda que os recortes e as focalizações variem. Nesta variação,

as palavras e expressões utilizadas remetem aos modos de objetivação das tecnologias da

informação e comunicação (TICs) no campo educacional.

Desta forma, o próximo passo foi, a partir da leitura da segunda amostra de 439

resumos dos estudos sobre tecnologias e escola, selecionar aqueles que relacionassem os

temas no contexto escolar do Ensino Fundamental I, o que resultou no total de 262 resumos –

a amostra final.

Assim, a primeira leitura dos resumos visou: 1- identificar o tema principal de cada

estudo sobre tecnologia e escola e 2- examinar o tratamento dado pela produção acadêmica na

relação tecnologia e educação.

Com a leitura dos resumos, a partir dos critérios estabelecidos, restaram 262 trabalhos

(21 de doutorado, 238 de mestrado e 3 de profissionalizante) sobre as tecnologias na escola de

Ensino Fundamental I, o que equivale a 9,2 % do total da produção encontrada.

Através dos 262 resumos obtidos, os dados colhidos sobre cada produção foram:

instituição onde foi defendida, ano de defesa, nível da produção (dissertação ou tese),

programa de pesquisa, estado em que foi produzida, região, campo temático, objetivo de

pesquisa, procedimento metodológico, fonte de dados, referencial teórico, conclusões e o foco

das TICs na escola.

Desse modo, o balanço desta pesquisa analisou os trabalhos através dos dados acima

citados e, para abordar a recontextualização das TICs no campo educacional, é fundamental a

análise das formas de apropriação detectadas nos resumos. Ou seja, é importante considerar as

várias hipóteses de configuração das tecnologias na educação, e, a partir da análise sobre o

foco das TICs na escola, foi possível atingir o segundo objetivo da pesquisa - identificar nas

dissertações e teses quais usos das TICs.

Por meio desses critérios, as informações coletadas foram submetidas a tratamento

estatístico, cujos dados básicos são apresentados no próximo capítulo.

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56

Capítulo 2

TICs e escola: análise da produção, usos e concepções

2.1 Caracterizações da produção acadêmica sobre educação e TICs

Iniciamos a análise dos dados da pesquisa com um balanço da produção, abordando as

regiões, instituições, períodos, programas de pós-graduação, tipos de pesquisa,

procedimentos, fontes de coleta de dados e os referenciais teóricos.

2.1.2 Onde se fala sobre o tema?

Para iniciar o balanço, observou-se a distribuição da produção por região. Em seguida,

analisou-se distribuição por instituições para averiguar as tendências educacionais sobre a

temática.

Gráfico 2. Distribuição de trabalhos por região

Fonte: Elaborado com base em informações extraídas de www.capes.gov.br (2010).

A Região Sudeste possui o maior número de trabalhos (134), seguida pelas Regiões

Sul (70), Nordeste (37), Centro-Oeste (19) e Norte (2). Isso significa que a região sudeste é

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57

responsável por exatamente 51% da produção distribuídas entre quatro estados, conforme o

tabela.

Tabela 1. Distribuição de trabalhos por estado

Fonte: Elaborado com base em informações extraídas de www.capes.gov.br (2010).

É no estado de São Paulo que se concentra o maior número das produções sobre o

tema (88 trabalhos), seguido pelos estados do Rio Grande do Sul (37), Rio de Janeiro (23) e

Santa Catarina e Minas Gerais (20 cada). Destaca-se que em todas as instituições

universitárias apareceu pelo menos um trabalho que investigou as tecnologias na escola.

As 262 teses e dissertações (T&D) identificadas como sendo sobre tecnologias no

Ensino Fundamental I apresentaram a seguinte concentração: 162 teses em instituições

públicas e 100 teses em instituições privadas, distribuídas por todo o território nacional. No

entanto, ressalta-se que a maior parte da produção está concentrada no chamado eixo sul –

sudeste, em que SP; RS; RJ; MG e SC concentram 71% da produção.

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58

Ao observarmos a tabela 2, a seguir, podemos identificar que algumas instituições

destacam-se das demais pelo número de estudos com que estão contribuindo para a produção

sobre tecnologias na escola ao longo do período considerado. É o caso da PUC - SP, com 20

trabalhos, que, ao serem comparados à produção total, equivalem a 7,6%.

Na região Sul, destacam-se a UFSC (6,9%) e a UFRS (5,7%). No caso da UFSC,

observamos um ponto importante que é a grande concentração de trabalhos no período de

2000 a 2004 (16), equivalente a 16% da produção deste período, que ao todo produziu 100

estudos.

Grande parte das instituições (37) apresentou uma crescente na produção, com a maior

concentração registrada na comparação entre os períodos de 2000 a 2004 para 2005 a 2009,

destaca-se a PUC – SP saindo de 4 (período de 2000 a 2004) para 13 produções (de 2005 a

2009).

De qualquer forma, se considerarmos todo o período, algumas instituições se destacam

como as mais representativas de volume na produção sobre tecnologias e escola: PUC - SP

(20), UFSC (18), UFRS (15), UNIMEP (11), UNICAMP (11) e USP (10).

De acordo com o que já foi mencionado acima, a grande maioria das instituições está

localizada nos estados do Sul e do Sudeste, mais precisamente em São Paulo e Santa Catarina.

O que acompanha o comportamento de Densidade Populacional divulgado no último censo

2010 do IBGE, em que a Região Sudeste apresenta a maior concentração com 86,9 habitantes

por metro quadrado; em seguida região Sul com 48,5 habitantes por metro quadrado; somente

em seguida Nordeste, Centro Oeste e Norte com 34,1; 8,7 e 4,1 habitantes por metro quadrado

respectivamente.

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59

Tabela 2. Dissertações e teses sobre tecnologias e escola, por período, com base nas

instituições

Fonte: Elaborada com base em informações extraídas de www.capes.gov.br (2010).

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60

Além da identificação dos estudos sobre tecnologias e escola, de acordo com as

instituições em que foram produzidos, foram identificados os programas em que foram

produzidos, relacionando-os com o crescente acesso da população, de maneira geral, às TICs,

especificamente ao computador, por ser objeto de nossa pesquisa e representar, na atualidade,

um importante instrumento de entretenimento e comunicação entre as pessoas por meio das

redes sociais, sites de relacionamento, MSN e outros.

Tabela 3. Distribuição de trabalhos por Programas de Pós-Graduação

Fonte: Elaborada com base em informações extraídas de www.capes.gov.br (2010).

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61

Apesar de a maioria dos trabalhos terem sido produzidos nos programas de educação

(198), é interessante observar o interesse de outras áreas do conhecimento, inclusive daquelas

que pouco possuem ligação com a escola e principalmente com o Ensino Fundamental I.

Pode-se constatar, com isso, que, ao se discutir a inserção das tecnologias na escola, os

objetivos superam as estruturas escolares e pedagógicas, relacionando-se também com as

demandas da própria tecnologia - o que podemos inferir de acordo com a produção nos

programas de computação (13), comunicação (9), tecnologia (4) e engenharia (7) – com as

demandas macroescolares – o que podemos inferir de acordo com os programas de sociologia

(4) e economia (1) – e com as demandas da escola em todos os seus aspectos, por meio dos

programas de psicologia (5), linguística (6), educação (198) e geografia (3).

Os trabalhos na área da engenharia se dividem em três partes e foram produzidos nas

seguintes instituições: engenharia elétrica (1) da UFRN; engenharia de produção (4) da UFSC

e engenharia de sistemas (2) da UFRJ. Os trabalhos da área da comunicação foram produzidos

pelas seguintes universidades: UFRJ (1), USP (3), PUC/SP (1), UFBA (1), UFF (1), UNIMEP

(1) e UNISINOS (1). Na área da informática e computação, os trabalhos foram produzidos

pela UFRGS (5), UFPE (1) e pela UFSC (7). Os quatro trabalhos em tecnologia foram

produzidos pelo CEFET/MG (2) e pela Universidade Braz Cubas (2). E, a única produção em

economia foi realizada na PUC/SP.

Nas áreas mais ligadas à educação e, principalmente, à escola, detectamos as seguintes

instituições: linguística – UFU (1), UECE (1), UFRJ (2), UFMG (1) e PUC/SP (1); psicologia

– UERJ (1), PUC/SP (1), PUC/RJ (1) e São Marcos (1).

Observa-se que, ao analisarmos as produções pelos programas de pesquisa, as regiões

Sul e Sudeste também representam a maior parte da produção de cada programa. Nos

programas de engenharia, 71% foram produzidos na região Sudeste; nos programas de

comunicação, 77% foram produzidos na região Sudeste; nos programas de informática, 92 %

foram produzidos na região Sul, e nos programas de tecnologia, 100% dos trabalhos foram

produzidos na região Sudeste.

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62

2.1.3 Quando se falou ou fala sobre o tema?

Para a análise deste tópico buscou-se nos resumos os anos das produções com o

objetivo de averiguar se houve uma crescente, ou não, produção sobre o tema. Conforme a

Gráfico abaixo:

Gráfico 3. Distribuição de trabalhos por ano da produção

Fonte: Elaborado com base em informações extraídas de www.capes.gov.br (2010).

Observa-se a crescente produção do tema a partir do ano de 1997, o que podemos

atribuir ao surgimento do PROINFO, cuja repercussão também pode ser verificada do ano

2000 para 2001, em que a produção sobre a temática basicamente dobrou.

Desde então, os estudos sobre a temática apresentaram um crescimento inconstante,

oscilando, ano a ano, em sua tendência, consolidando-se apenas a partir de 2007. Nesta

inconstância apresentada, observa-se que, de 2004 a 2007, os trabalhos na área reduziram

32%. E consolidaram o aumento em 2009 com 23% de crescimento frente ao melhor período

analisado, que era 2004.

Considerando os números apresentados, verifica-se o aumento do interesse sobre o

tema, o que nos leva a refletir sobre os papéis da tecnologia na escola ao longo desse período,

ou seja, se a produção e o interesse aumentaram, podemos também atribuí-los ao aumento

significativo dos aparatos tecnológicos em nossas vidas, a ponto de se fazerem necessários no

ambiente escolar e consequentemente ampliar o número de trabalhos sobre o tema.

1990

1993

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

1 1 4 5 5

8 11

19 18 21

31

25 28

21

26

38

Distribuição de Trabalhos Quantidadede por ano

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63

Isso se torna importante, pois, segundo Adorno (1993), ao discutir a ciência e,

especificamente, a pesquisa acadêmica, o pesquisador acadêmico, quando parte do individual

para o coletivo, das partes para o todo, expressa o que se apresenta na sociedade como um

todo, o pesquisador e a pesquisa também são a expressão das tendências sociais.

Essa questão se comprova ao observarmos o levantamento realizado pelo Centro de

Estudos sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação (CETIC.br), que é o

departamento do NIC.br11

responsável pela coordenação e publicação de pesquisas sobre a

disponibilidade e uso da Internet no Brasil. Esses estudos são referência para a elaboração de

políticas públicas que garantem o acesso da população às Tecnologias da Informação e da

Comunicação (TICs), assim como para monitorar e avaliar o impacto socioeconômico delas.

Para melhor compreendermos a crescente produção de pesquisas nas universidades

brasileiras sobre as TICs na escola, recorremos à instituição acima citada, pois esta realiza

pesquisas anuais para identificar a proporção de domicílios brasileiros com computadores.

Selecionamos, então, os dados da primeira pesquisa realizada, no ano de 2006, e os

dados da última pesquisa realizada, no ano de 2010, conforme os dados adiante:

Tabela 4. Proporção de domicílios com computadores 2006 / 2010

Fonte: NIC.br - jul/ago 2006 e set/nov 2010.

Base 2006: 10.510 domicílios entrevistados. Base 2010: 23.107 domicílios.

11 O NIC br é o Núcleo de Informação e Coordenação da Ponto Brasil,entidade civil, sem fins lucrativos, que,

desde dezembro de 2005, implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil.

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64

O critério utilizado para classificação leva em consideração a educação do chefe de família e a

posse de uma serie de utensílios domésticos, relacionando-os a um sistema de pontuação. A

soma dos pontos alcançada por domicílio é associada a uma Classe Sócio-Econômica

específica (A, B, C, D, E).

Ao recorrermos aos dados acima, tivemos o propósito de relacionar o crescimento das

pesquisas sobre tecnologias e escola com o crescimento do acesso da população e, de maneira

geral, da sociedade com o computador, sendo, este, o principal aparato das TICs.

Observa-se que em um período de quatro anos houve um aumento de 15,37 pontos

percentuais em relação aos domicílios que adquiriram o computador. É importante dizer que

não pretendemos com esta análise abordar os aspectos econômicos nesta relação, como por

exemplo, se houve ou não neste período ascensão de determinadas camadas sociais, mesmo

sabendo que estas questões influenciam em todos os segmentos da sociedade. O que se

pretende com esta análise é ilustrar a crescente presença dos computadores em nossas vidas,

sua entrada no ambiente de trabalho, em nossas casas, nas universidades e também nas

escolas.

Verifica-se, também, com estes dados, que as questões de pesquisas nas universidades

estão diretamente relacionadas com as demandas sociais e o contexto cultural extra-

universidade. No entanto, é preciso atentar para a não uniformidade do que chamamos de

sociedade – uma organização extremamente heterogênea, estratificada, cujas desigualdades de

base estrutural redundam em interesses de uma classe ou de um grupo que, muitas vezes, se

contraponham aos de outros. Por isso, afirmar que a Universidade e as pesquisas produzidas

por ela devem voltar-se à sociedade na qual se insere, conforme Michelotto (1999) são

abstratas. Antes, cabe considerar a estratificação da sociedade e a ausência de neutralidade das

atividades acadêmicas, perguntando: a que, ou a quem, a universidade tem estado articulada

ou comprometida?

Não pretendemos, com a questão acima, mudar o foco de nossa pesquisa. No entanto,

ela se relaciona com nosso problema de pesquisa sobre qual o papel das TICs na escola, nos

trabalhos analisados e também com o referencial adotado e discutido no capítulo 1, em que

analisamos e contextualizamos os aparatos tecnológicos numa sociedade extremamente

administrada cuja técnica presta um desserviço à humanidade.

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65

2.1.4 Sobre o que falam os estudos?

Foi na análise deste tópico que obtivemos os dados para responder à primeira pergunta

de pesquisa - Qual o papel atribuído às TICs na escola?

As características das investigações foram levantadas por meio dos seguintes

indicadores, expressamente declarados nos resumos: tipos de pesquisa, objetivo, foco das

TICs, metodologia, base teórica e conclusões.

2.1.4.1 Tipos de pesquisa

Com relação ao tipo de pesquisa, o primeiro dado a destacar é o fato de mais da

metade dos trabalhos não fazerem alusão a esse aspecto, ou seja, apenas 129 autores

indicaram o tipo de pesquisa, o que demonstra uma clara fragilidade e imprecisão desse

indicador fundamental para um levantamento bibliográfico mais denso.

No que tange à incidência, verificamos que são quatro os tipos de pesquisa mais

utilizados: estudo de caso (71), pesquisa-ação (27), pesquisa de campo (14) e pesquisa

bibliográfica (16). Identificamos também um trabalho de pesquisa descritiva. Estes números

elucidam que em 52% das produções os autores não indicaram o tipo de pesquisa utilizado.

Com os dados acima e com a observação dos procedimentos metodológicos expressos

nos resumos, observa-se que a maioria dos trabalhos desenvolveu a pesquisa qualitativa, de

caráter descritivo, em que as informações obtidas não foram quantificadas e as interpretações

dos fenômenos e atribuição de significados foram realizadas indutivamente – o que

caracteriza este tipo de pesquisa.

Para Gunther (2006), a pesquisa qualitativa apresenta seis delineamentos possíveis:

estudo de caso, pesquisa-ação, análises de documentos, pesquisa de campo, experimento

qualitativo e avaliação qualitativa. No contexto de um estudo de caso, delimita-se a coleta e

análise de dados sobre um exemplo individual para definir um fenômeno mais amplo. Já a

pesquisa-ação busca efetuar transformações no contexto em que se insere, realizando

investigações que podem ser utilizadas como experimentos ou observações. A pesquisa de

campo, segundo o autor, possui uma ampla variedade de delineamentos, com a integração de

abordagens quantitativas e qualitativas. A pesquisa bibliográfica busca recuperar o

conhecimento científico acumulado sobre um determinado problema.

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De acordo com os dados, vale ressaltar a imprecisão referente à distinção entre tipo e

procedimento de pesquisa, expressas como “análise do discurso”, “análise do desempenho” e

“análise participante”, bem como algumas designações que explicam pouco o que o

pesquisador quis designar.

Verificou-se, também, que apesar de muitos trabalhos não declararem o tipo de

pesquisa, a maioria apontou para os procedimentos metodológicos, o que confirmou a

constatação de que a maior parte dos trabalhos desenvolveu a pesquisa qualitativa.

2.1.4.2 Procedimentos

Os procedimentos de pesquisa foram mais bem especificados nos resumos, apenas 51

trabalhos não fizeram referência a esta etapa de pesquisa, o que equivale a 19% da amostra.

O procedimento de pesquisa mais utilizado, um pouco menos que a metade do total,

foi a entrevista, referida em 130 trabalhos (49% do total). Em seguida, aparecem a observação

(105), a análise documental (35), o questionário (4) e o teste (2).

Destaca-se que muitos trabalhos apresentaram mais de um procedimento, por isso, ao

somarmos os números acima, os valores ultrapassam o total da amostra.

No conjunto dos trabalhos que não especificaram o procedimento adotado (51),

incluímos também aqueles que apresentaram falta de precisão pelo uso de alguns termos que

não dão a mínima ideia do procedimento adotado, tais como “mapa cognitivo”, “engenharia

didática ”e “mapa conceitual”.

2.1.4.3 Referencial teórico

Apenas 79 resumos indicaram a base teórica utilizada. Como muitos deles declararam

mais de uma, o total de bases declaradas atingiu 79 indicações, isto é, aproximadamente 30%.

O autor mais citado foi Levy (24) em instituições e programas variados, tais como os

de educação, comunicação e engenharia. Em seguida, verifica-se a importância da Psicologia

através das produções que tiveram como fonte e Vygotsky (15) e/ou Piaget (8).

As outras fontes declaradas distribuem-se por autores da educação (Paulo Freire,

Kenski, Kramer, Morin e Schon), da comunicação e das tecnologias na educação (Papert,

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Pretto, Belloni, Sancho e Macluhan), da sociologia (Apple, Foucault e Castells), da linguística

(Bakhtin), da filosofia (Deleuze e Guattari), da psicologia (Leontiev) e outros. A Teoria

Crítica, que é o referencial adotado por esta pesquisa, foi utilizada em cinco trabalhos, mas

nos resumos não estava explícito os autores e conceitos abordados.

2.1.4.4 Fonte de coleta de dados

Os professores (65 indicações) e alunos (13) constituíram as fontes privilegiadas de

dados. Juntos, perfazem 94 % das fontes de dados declaradas. As demais fontes distribuem-se

de forma bastante dispersa, tais como documentos pedagógicos, softwares, família, diretor e

programas de informatização, como o PROINFO.

É interessante apontar que o professor destaca-se como a principal fonte de coleta de

dados, o que indica que a inserção das TICs na escola relaciona-se principalmente com o

processo de ensino, pois como observa Marcelo (1998), se há um tema que surgiu com vigor

nos últimos anos, obrigando a reformular os estudos sobre formação de professores, são as

pesquisas que se têm desenvolvido em torno do amplo descritor “aprender a ensinar”.

Enraizadas no que se denominou o paradigma do “pensamento do professor”, a pesquisa

sobre aprender a ensinar evoluiu na direção da indagação sobre os processos pelos quais os

professores geram conhecimento, além de sobre quais tipos de conhecimentos adquirem.

Neste sentido, se o ensino e o professor são tão importantes no que se refere à inserção

das tecnologias na escola, observamos que: 1) as TICs aparecem como ferramentas

importantíssimas para o ensino e a aprendizagem; 2) o professor é responsabilizado pelo

vínculo entre as demandas extraescolares e a adaptação da escola a elas.

Estes dois apontamentos se explicitam na citação abaixo, retirada de uma revista de

educação da UNESCO, que se declara a serviço da educação nacional, como o principal

veículo de comunicação entre as instituições particulares de ensino e principal veículo de

expressão dos educadores e gestores.

É fundamental que as instituições se preparem para atender às necessidades

de uma geração digital que está exposta a todo tipo de tecnologia e inovação. Todos nós sabemos que o estudante de hoje tem ao seu alcance uma série de

tecnologias e aplicativos que fazem parte do seu dia a dia, como a internet,

smartphone, notebook, tablet, tudo em sintonia com redes sociais, e outros

que surgem a cada click do mouse. Os estudantes dos dias atuais nasceram

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em um mundo digital e estão cercados cada vez mais por tecnologias e

conteúdos que moldam seu jeito de aprender. Os educadores devem buscar

formas de capturar a atenção e imaginação de seus alunos. Importante além de oferecer aos alunos o que há de mais avançado tecnologicamente no

processo de ensino-aprendizagem, é ter docentes interessados e capacitados

para oferecer salas de aula instigantes, inovadoras, prazerosas para os alunos

que dela participam (REVISTA LINHA DIRETA, julho, 2011).

É interessante notar que, apesar de essa revista ser veiculada principalmente entre as

instituições particulares de ensino, a maioria das pesquisas de nossa amostra baseou-se em

entrevistas com professores de escolas públicas.

Quanto ao fato de os professores constituírem a fonte privilegiada de dados, cabe-nos

também a indagação de que razões levaram uma produção com o foco tão intenso no

professor, já que, até hoje, se insiste na falta de formação do docente como um dos aspectos

centrais para a má qualidade de ensino do país?

O “peso” sobre o professor em relação ao sucesso e ao fracasso das tecnologias na

escola é evidente também no levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 2006. No levantamento, o instituto

analisou, no período entre 1996 e 2002, quais os temas mais frequentes nas pesquisas

educacionais (teses, dissertações e artigos em periódicos) relacionando tecnologias e

educação.12

A formação, qualificação, capacitação, atualização e treinamento de professores

representaram 68% da amostra analisada, ficando “atrás” das pesquisas sobre ambientes de

aprendizagem (75%) e educação a distância (80%).

Com esta constatação, estabelecemos mais um critério de análise dos dados, intitulado

Campo de Pesquisa. Nesta categoria, analisamos onde, em que local empírico, os

pesquisadores buscaram as informações de pesquisa, conforme a tabela abaixo:

12 O levantamento compreendeu 242 dissertações, 47 teses e 42 artigos.

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Tabela 5. Campo de pesquisa

Fonte: Elaborado com base em informações extraídas de www.capes.gov.br (2010).

Observa-se que a escola pública foi o campo de maior atuação dos pesquisadores,

representando 43,5% da amostra, o que também pode representar uma maior preocupação

com a atuação dos professores em relação ao uso das TICs.

Todos os trabalhos que tiveram como campo empírico a análise de projetos

educacionais e tecnológicos (11) também se relacionavam com a escola pública, pois são

projetos desenvolvidos nesta.

Outro ponto importante, ao analisarmos os dados, é o fato de 27 % dos trabalhos não

apontarem para o campo de pesquisa, o que mais uma vez revela a ausência de dados e

precisão nos resumos. Os demais campos de pesquisa, como a análise bibliográfica, análise de

softwares, programas educacionais e blogs representaram 8% da amostra.

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2.2 Os usos das TICs apresentados nos resumos

Por meio da leitura dos objetivos expressos nos resumos em sua relação com as

conclusões apontadas, foi possível detectar os usos e a atuação das TICs na escola.

Entre as possibilidades de organização dos usos presentes nas teses e dissertações, o

primeiro critério utilizado está relacionado com a amplitude dos trabalhos. De sua aplicação,

resultaram três grandes entradas para os estudos: a) discussão em nível macro; b) as várias

inserções das TICs no processo de ensino como um todo; e c) os usos específicos.

Como prosseguimento de análise, feita a classificação inicial pela amplitude do uso,

foram analisados os tipos de conteúdo identificados em cada uma das entradas. Assim sendo,

nas discussões em nível macro, foi feita a distinção entre os estudos voltados para a análise

das relações de produção – remetendo à concepção de sociedade em que as propostas

educacionais são inscritas – e os centrados nas questões relativas aos paradigmas

educacionais.

Em relação às várias inserções das TICs no processo de ensino como um todo,

consideramos os resumos que abordam as práticas de ensino. Quanto aos usos específicos,

foram discriminados os estudos relacionados com a abordagem de conteúdos determinados,

como o atendimento a necessidades educacionais especiais.

Tabela 6. Distribuição das teses e dissertações por usos

Fonte: Elaborado com base em informações extraídas de www.capes.gov.br (2010).

Na categoria de concepção de sociedade e tecnologia estão os trabalhos cujo objetivo

principal de pesquisa é analisar as concepções de tecnologia que os professores e alunos do

Ensino Fundamental I apresentam ao lidarem com o computador e a internet nas salas de aula.

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No item paradigma educacional/renovação da escola estão os trabalhos que apontam

para uma nova configuração social e cultural diante dos avanços tecnológicos e que, por isso,

a escola deve se abrir para essas novas formas de produzir e lidar com o conhecimento.

Indicam, também, as possíveis formas de organização da escola com as TICs e sua função na

sociedade da informação.

Os dezoito trabalhos no item inclusão digital/social tiveram como objetivo analisar os

usos das TICs na escola como possibilidade de inclusão digital e social, principalmente nas

escolas públicas.

Na categoria gestão escolar, os trabalhos analisaram as possibilidades de uso das TICs

nas atividades de comunicação organizacional, informação da gestão escolar, unicidade das

finalidades educativas e construção de uma gestão escolar democrática.

Foram apenas 8 trabalhos que problematizaram as TICs no ensino, no sentido de

refletirem tanto sobre os pontos positivos, como também, e principalmente, sobre os

negativos. O que é interessante notar neste grupo de trabalhos é que das oito pesquisas, cinco

(5) possuem o mesmo referencial teórico – Teoria Crítica – um trabalho possui a Teoria da

Ação Comunicativa como base teórica e os outros dois não informam o referencial.

Como demonstra a tabela, a grande maioria dos trabalhos pertence à categoria práticas

pedagógicas. São as pesquisas que abordaram as TICs no ensino de diferentes disciplinas e

áreas, como matemática (18), história (3), ciências (2), arte (2), geografia (3), inglês (2),

informática (3), educação física (1), alfabetização (2) e como veículo de novas metodologias

de ensino (2). Há, também, neste grupo, os trabalhos que analisaram os recursos tecnológicos

como facilitadores do ensino de maneira geral, como o uso de softwares, computadores,

blogs, internet, ambientes virtuais de aprendizagem e jogos eletrônicos (131). Os trabalhos

que abordaram o desempenho do PROINFO (16) também pertencem a este grupo, pois

investigaram até que ponto o programa contribui, ou não, para o desempenho escolar dos

alunos.

Os estudos que abordaram o uso das TICs nas possibilidades da educação especial e

da inclusão escolar utilizaram-nas como instrumento facilitador da aprendizagem de alunos

com necessidades educacionais especiais e da inclusão, por meio do uso dos laboratórios de

informática, dos computadores e de softwares específicos para determinados tipos de

deficiências, como a paralisia cerebral.

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Diante dos dados, identifica-se que o foco mais frequente nos trabalhos corresponde à

incorporação das TICs na escola como ferramenta e/ou instrumento centrado no

redimensionamento do processo de ensino- aprendizagem.

De maneira geral, ao analisarmos os resumos da grande maioria dos trabalhos (exceto

os trabalhos que problematizam as TICs) e, principalmente, os resumos dos trabalhos da

categoria práticas pedagógicas, constata-se que as TICs no ensino pressupõem um

descompasso entre o tempo e o espaço na escola e na sociedade, podendo introduzir

mudanças no ensino formal com algumas resistências à sua inserção e barreiras à sua

apropriação, principalmente por parte dos professores. Por outro lado, as TICs não

conseguiriam introduzir mudanças significativas no sistema formal devido a impedimentos de

ordem paradigmática, expressos nas abordagens pedagógicas e relações assimétricas de poder.

Essa perspectiva é compactuada, por exemplo, com um estudo realizado por Coll

(2010) em que acompanhou a incorporação das TICs em todos os níveis da educação formal e

escolar em diferentes países e concluiu que a penetração desses recursos ainda é muito

limitada, principalmente na Espanha e nos países latino-americanos, o que faz com que a

capacidade efetiva dessas tecnologias para transformar as dinâmicas do processo de trabalho

em escolas e processos de ensino-aprendizagem nas salas de aula sejam prejudicados. Nesse

sentido o autor afirma que:

São os contextos de uso – e, no marco desses contextos, a finalidade ou

finalidades perseguidas com a incorporação das TICs e os usos efetivos que

professores ou alunos venham a fazer dessas tecnologias em escolas e salas de aula – que acabam determinando seu maior ou menor impacto nas

práticas educacionais e sua maior ou menor capacidade para transformar o

ensino e melhorar a aprendizagem (COLL, 2010, p. 66).

Observa-se, na abordagem de Coll (2010) e em alguns resumos analisados, a

“descontextualização” de aplicação do uso das TICs na escola, como se as condições sociais,

econômicas e culturais de diferentes países não interferisse nas instituições de ensino e em

suas práticas. Há também a responsabilização pelo sucesso ou fracasso das TICs ao uso dado

pelo professor. Atribui-se à técnica, e, somente a ela, a garantia de transformações na

educação e na escola. É a sua fetichização – conforme verificamos mais adiante nas análises

dos resumos.

Contata-se também, com a leitura dos resumos, algumas explicações recorrentes para

as dificuldades de gerar mudanças na estrutura escolar com a inserção das TICs : 1) As TICs

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têm sido inovações inscritas em antigas práticas; 2) As TICs têm sido impostas como soluções

verticais; 3) As TICs não produzem mudanças significativas diante da orientação

instrucionista da escola; e 4) Ficam reduzidas as ferramentas na medida em que a escola não

dá conta dos novos regimes cognitivos e novas formas de pensar.

Assim, os trabalhos apontam para a necessidade de novas concepções e abordagens

pedagógicas para a inserção das TICs na escola. É o redimensionamento do ensino, conforme

alguns apontamentos retirados dos resumos de acordo com cada objetivo do trabalho.

A seguir, selecionamos uma amostra dos trabalhos mais ilustrativos de cada

abordagem e, em seguida, apresentamos a análise teórica, de acordo com cada perspectiva.

2.2.1 Trabalhos pertencentes nível macro: perspectiva política e/ou social

São inseridos no nível macro, os trabalhos que abordaram as relações das TICs com a

escola de maneira ampla, ou seja, discutindo essa abordagem com base nas relações da escola

com as TICs, das TICs com a sociedade e da sociedade com a escola.

Fazem parte desta categoria três grupos de trabalho: os trabalhos que abordaram

concepções de sociedade e tecnologia (4); trabalhos que discutiram as TICs em relação a um

novo paradigma educacional com a renovação da escola (24) e os trabalhos que apontam para

as TICs na escola e na educação como possibilidade de inclusão digital e/ou social.

Alguns dos trabalhos que analisaram as concepções de tecnologia e sociedade são os

estudos de:

i. Marchiori (2001, PUC-SP) avaliou, por meio de testes, as diferenças das concepções

de alunos e professores de escolas públicas e particulares sobre as tecnologias e

constatou uma desigualdade significativa entre os alunos das escolas públicas e

particulares;

ii. Fernandes (2007, UNOESTE-SP), por meio de pesquisa bibliográfica e de campo em

escola pública, analisou as concepções dos professores de Ensino Fundamental I sobre

o uso do computador como ferramenta pedagógica e verificou que os professores são

resistentes a essa tecnologia e que também não recebem a formação necessária para

trabalhar com ela;

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iii. Neto (2008, UNICAMP- SP) averiguou as concepções de professores a respeito das

relações entre ciência, tecnologia e sociedade e a influência destas concepções em suas

práticas.

Observa-se, nos trabalhos acima citados, a preocupação em compreender as

concepções de alunos e professores sobre as tecnologias para avaliar se essa concepção

interfere, ou não, no bom uso das tecnologias na escola, ou seja, se o professor e o aluno

possuem uma concepção positiva sobre as tecnologias, seu uso na escola será mais eficaz, se

não, o uso, possivelmente, ficará comprometido. É uma análise que atribui, aos sujeitos

escolares (professores e alunos), a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso dos aparatos

tecnológicos na escola.

Já os trabalhos que apontaram as TICs na educação e na escola como um novo

paradigma educacional, que permite a renovação da escola, possuem a perspectiva de atribuir

apenas à técnica a responsabilidade por questões (“problemas”) específicas da educação e da

escola em sua relação com as demandas de um tipo específico de sociedade. Esses

apontamentos ficam evidentes nos trabalhos, conforme segue:

iv. Duccas (1998, UNIMEP- SP) propõe que a escola deve se abrir para novas formas de

comunicar, conhecer e lidar com o conhecimento por meio das TICs e que, por isso, o

paradigma educacional deve ser afinado com a sociedade e as demandas da sociedade

tecnológica;

v. Rosalina (1998, UFBA-BA) indica a necessidade de uma nova escola diante de uma

nova cultura de lógica rizomática, baseada em redes através das tecnologias da

informação e comunicação;

vi. Ponce (1998, PUC-SP) analisa as principais mudanças que ocorrem na escola para

introduzir a informática no processo educacional e administrativo e verifica que a

internet tem um papel importante para trazer o mundo externo da escola para o

interno;

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vii. Arcuri (1999, UFJF- MG) aponta para a inserção pedagógica das TICs como

fundamento da educação com a necessidade de criação de uma cultura da imagem e

das mídias no ambiente escolar articulando um novo processo educativo e social;

viii. Reis (1999, UNB-DF) avalia a função social da escola na sociedade da informação,

pois na sociedade da informação constituem-se novos aspectos na escola no que tange

à preparação para o trabalho, cidadania e difusão do conhecimento;

ix. Marques (2000, UNIMEP-SP) aponta para uma nova realidade social e as

transformações causadas no espaço, tempo e no homem pelo hipertexto e a necessária

transformação da escola por meio do hipertexto, pois ele carrega novas atitudes

aprendentes, que buscam novas formas de tratar o conhecimento com novas

implicações pedagógicas;

x. Wendt (2000, UFSC-SC), por meio de um estudo de caso, faz uma reflexão da

necessidade de aproximação da escola ao cotidiano com as TICs, promovendo uma

escola flexível e situada no tempo e espaço, em que é necessária a revisão da prática

pedagógica do professor para o uso das TICs;

xi. Ramal (2001, PUC- RJ) discute e analisa a educação no contexto da cibercultura, do

hipertexto e da hiperleitura e propõe a construção de um currículo escolar em rede e a

reconfiguração do perfil do professor como arquiteto cognitivo e dinamizador da

inteligência;

xii. Gomes (2001, UFSC-SC), por meio de estudos de caso em escolas públicas e

particulares, investiga como as escolas estão se apropriando dos recursos

informatizados, especificamente do computador e aponta que há necessidade de

investir na formação inicial e continuada de professores para o uso das TICs e a

renovação da escola;

xiii. Loureiro (2002, USP-SP) analisa a atual sociedade da informação e descreve os

principais fatos ligados a uma nova configuração para a escola que se deseja na era da

total digitalização do mundo e conclui que as TICs apresentam grandes possibilidades

de inovação e enriquecimento dos processos de ensino aprendizagem;

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xiv. Júnior (2003, UFBA-BA) analisa as possibilidades de tecnologização do currículo

escolar diante da emergência tecnológica contemporânea da comunicação e

informação e aponta para a necessidade de reconfiguração do currículo escolar diante

das TICs;

xv. Cunegatti (2003, UNIJUI-RS) indica a necessária reconfiguração da escola diante do

universo midiático e das TICs e afirma que a escola precisa inserir outros processos

educativos que sejam capazes de contemplar as exigências do mundo econômico e

social;

xvi. Trindade (2003, UFRN-RN) analisa as demandas das TICS na atualidade diante de

novos saberes e novas formas de adquirir conhecimento e a necessidade da escola de

rever sua atuação e aponta que os instrumentos tecnológicos solicitam a construção de

outras metodologias, de acordo com as transformações que impõem.

Podemos observar, nesse grupo de trabalhos, que os pesquisadores apontaram para a

renovação da escola e novos paradigmas com as TICs, duas tendências de investigação do

tema. A primeira é que as TICs, ao serem inseridas na educação, transformam o contexto

escolar e seus “problemas” com renovação e características, pois possibilitam a inovação e

novas práticas pedagógicas. A outra tendência é a inserção das TICs na educação e na escola

como necessidade de uma demanda social e cultural. É a ideia de que as tecnologias da

informação e comunicação determinam um novo tipo de sociedade e, concomitantemente, a

escola, enquanto instituição social de ensino, também precisa inserir essas tecnologias em seu

contexto.

No terceiro grupo de trabalhos da perspectiva macro, as pesquisas que analisaram as

TICs na educação e na escola como facilitadoras da inclusão digital e /ou social, encontram-se

os trabalhos de:

xvii. Teixeira (2001, UPF-RS) por meio de um estudo de caso em uma escola pública e da

pesquisa bibliográfica, investigou as possibilidades educacionais e emancipatórias das

TICs na sociedade da informação e concluiu que, embora a internet não faça parte da

realidade dos jovens pesquisados, houve uma apropriação de maneira dinâmica e esta

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assume um caráter social, na medida em que possibilita aos indivíduos livre expressão

de suas ideias e anseios;

xviii. Almeida (2004, UFES-ES), também com estudo de caso em escola pública, analisou

ambientes virtuais de aprendizagem no Ensino Fundamental I com a finalidade de uso

da TICs para a promoção da inclusão digital e concluiu que as séries analisadas

apresentaram êxito na inclusão digital e maior motivação na aprendizagem por parte

dos alunos com as TICs;

xix. Souza (2005, UNIMEP-SP), por meio de entrevistas com professores e alunos,

investigou até que ponto o uso do computador, por meio de um projeto educacional

chamado PROEDUCAR, pode contribuir para a inclusão social e concluiu que isso é

possível, pois a informática facilita a construção do conhecimento e resgata valores

humanos e da cidadania;

xx. Palácio (2006, PUC-SP) analisou as possibilidades de inclusão social e digital do

Projeto Fim de Semana Digital do estado de São Paulo e o apontou como

possibilidade de acesso às TICs para professores e alunos da rede pública de ensino;

xxi. Costa (2008, PUC-SP) investigou o Projeto Educação Digital desenvolvido pela Brasil

Telecom nas escolas públicas de ensino fundamental e apontou para a inclusão digital

no Brasil como ferramenta para minimizar desigualdades sociais;

xxii. Castro (2008, UFRN-RN) desenvolveu e aplicou em escolas públicas um software

educacional para o ensino de robótica como possibilidade de uso por crianças de

Ensino Fundamental I digitalmente excluídas e concluiu que o software pode ser

utilizado por leigos e mostra ser uma ferramenta acessível e eficiente no processo de

inclusão digital;

xxiii. Riciolli (2009, UFU-RJ) com uma pesquisa na área do ensino da língua inglesa,

entrevistas com professores e observações em escolas públicas, investigou o processo

de inclusão digital no contexto de ensino-aprendizagem em aulas da língua inglesa e

concluiu que as escolas analisadas já começaram um processo de inclusão digital

geral, mas que se encontra em estágios diferentes quanto à inclusão digital na língua

inglesa;

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xxiv. Mascarenhas (2009, UNB-DF) analisou a inclusão digital dos alunos do Ensino

Fundamental I de uma escola pública que participa do Projeto Um Computador por

Aluno e observou que os alunos manipulam o computador com fluência física e

operacional, o que implica produtividade e sua inclusão digital.

Os outros trabalhos desse grupo também estudaram as TICs na escola e na educação

como possibilidade de inclusão social e digital, por meio de estudos de caso, entrevistas e

observações em escolas públicas. Vale dizer que nem todos os trabalhos pertencentes ao

grupo de pesquisas com foco no nível macro, na perspectiva política e social, foram citados

acima. Selecionamos alguns deles como expressão de cada uma das abordagens.

Identificamos tendências de pesquisa e de concepções quanto ao papel e ao objetivo das

TICs na escola expressos em cada uma das abordagens:

Concepção de sociedade / tecnologia: atribui à concepção de sociedade e de mundo

dos educadores e alunos a responsabilidade pela eficácia das TICs.

Paradigma educacional / renovação da escola: a escola precisa se adaptar às demandas

da sociedade tecnológica e, com isso, as TICs resolveriam alguns dos “problemas”

escolares e educacionais.

Inclusão digital e/ou social: introduzir e trabalhar com as TICs na escola e na

educação, principalmente nas escolas públicas, permite a inclusão social e digital de

uma parte da população.

O que é interessante nas abordagens acima é que, em todas, parte-se da ideia de que as

TICs precisam estar na escola e na educação para corresponderem à sua presença na

sociedade, seja na esfera da cultura, seja na do trabalho. Não se questiona o que representa a

tecnologia em nossa sociedade e atribui-se à técnica uma função contraditória com o contexto

em que foi gerada. Essas tendências, longe de ser uma manifestação de nosso tempo, guardam

sua gênese no próprio movimento de construção dessa sociedade, que coloca os meios e o

desenvolvimento tecnológico como um fim em si mesmo, o que é explicitado no seguinte

fragmento da análise que Marcuse (1983) fez sobre a ideologia da sociedade industrial e a

racionalidade tecnológica:

A análise é focalizada na sociedade industrial desenvolvida, no qual o

aparato técnico de produção e distribuição (com um crescente setor de

automatização) não funciona como a soma total de meros instrumentos que

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possam ser isolados de seus efeitos sociais e políticos, mas, antes, como um

sistema que determina, a priori, tanto o produto do aparato, como as

operações de sua manutenção e ampliação. (...) A tecnologia serve para instituir formas novas, mais eficazes e mais agradáveis de controle social e

coesão social. (...) A tecnologia não pode, como tal, ser isolada do uso que

lhe é dado; a sociedade tecnológica é um sistema de dominação que já opera

no conceito e na elaboração das técnicas. (MARCUSE, 1983, p. 18).

Como indicam Horkheimer e Adorno (1985), o que temos na sociedade administrada

tecnologicamente é um espírito controlado tecnicamente, vítima de técnicas de controle social

que mobilizam suas necessidades para adestrá-lo a uma obediência dócil à sociedade alienada.

A isso, os autores chamaram “véu tecnológico”. Daí a relação essencial entre ideologia e

tecnologia em nossa sociedade. A crítica à ideologia é uma crítica à sociedade, à

racionalidade tecnológica, à utilização irrefletida e desmemoriada dos meios técnicos com o

fim de dominar a natureza e os homens. Um mundo em que a técnica ocupa uma posição tão

decisiva, como acontece atualmente, gera pessoas tecnológicas, afinadas com a técnica.

Nesse sentido, observa-se, no grupo de trabalhos pertencentes ao nível macro de

análise sobre as tecnologias da informação e comunicação na escola, o distanciamento de suas

análises com o contexto social. De acordo com as observações realizadas por Crochik (1990),

ao avaliar o papel dos computadores na educação, esse distanciamento da análise com o

contexto social ocorre pelo aparente distanciamento das forças produtivas das relações de

produção, em que o ajuste técnico é imposto em todas as esferas: os problemas individuais

são considerados desajustes pessoais, que a psicoterapia pode solucionar; os problemas de

aprendizagem são ou falhas dos alunos ou dos professores, e um método tecnicamente

desenvolvido pode resolvê-los; os problemas políticos são convertidos em problemas

administrativos; a pobreza individual resolve-se presumidamente pela educação para o

trabalho e com a capacitação para os empregos. Para tudo há solução, quando se considera

quer o indivíduo, quer a sociedade, como sistemas, cujas falhas podem ser resolvidas

tecnicamente.

2.2.2 Trabalhos pertencentes à esfera didática e/ou pedagógica

Estão reunidos, neste grupo, os trabalhos que abordaram as TICs em sua relação com a

escola e a educação na perspectiva da prática de ensino, trabalhos que analisaram os aparatos

tecnológicos da informação e comunicação como possibilitadoras de novas formas de ensinar

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e aprender, bem como da atuação dos gestores escolares. Também estão nesse grupo os

trabalhos que problematizaram a inserção das TICs na escola nesta perspectiva do ensino e da

aprendizagem. A maior parte dos resumos está concentrada nessa abordagem (77%), o que

podemos observar como uma tendência investigativa sobre a temática.

A primeira perspectiva abordada é a das práticas pedagógicas (185 trabalhos), em que

os pesquisadores atribuíram à presença das TICs na escola e na educação a garantia de

mudanças significativas no processo de ensino e aprendizagem. De maneira geral,

identificamos nos resumos duas características usualmente atribuídas à presença das TICs nas

salas de aula e que permitiriam essas mudanças: a atratividade e a interatividade.

Essas características são explicitadas, por exemplo, nas análises de:

i. Silva (2005, UFRS-RS) que, por meio de observações em escolas e entrevistas com

professores, analisa de que forma as TICs favorecem uma pedagogia democrática na

escola, pois consideram os interesses e as necessidades dos educandos;

ii. Marinho (2005, UFMG-MG) investigou o uso das TICs pelos professores e concluiu

que esta permite maior criatividade, interatividade e atratividade por parte dos alunos

e professores;

iii. Moraes (2005, UFBA-BA), através de estudos de casos em escolas públicas, analisou

o uso do computador e suas implicações nas práticas pedagógicas e concluiu que,

apesar da organização curricular não ter incorporado as TICs, seu uso favoreceu

mudanças significativas na aprendizagem dos alunos, pois permite novas formas de

ser, conhecer e perceber o mundo;

iv. Hilário (2005, UFRS-RS) aponta para as possibilidades de ampliação da

aprendizagem por meio da interação virtual permitida pelas TICs;

v. Guimarães (2005, Estácio-RJ), com observações e entrevistas com professores da

rede particular de ensino, concluiu que as práticas pedagógicas mediadas pelas TICs

são orientadas para a construção da autonomia dos alunos, devido à sua interatividade

e atratividade.

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Não há duvidas de que o computador, a internet, jogos eletrônicos, blogs etc. possam

veicular informações de modo mais atraente do que a exposição oral do professor seguida de

exercícios pelos alunos. Entretanto, a atratividade não pode ser tomada como critério maior

para a seleção e a organização das atividades de ensino. Por mais desejável que seja, não pode

ser valorizada como um fim em si mesma.

A simples substituição de livro didático pelos aparatos tecnológicos, a mudança de um

suporte para outro, pode ser uma forma de modernização conservadora, um formato novo para

velhos conteúdos, uma espécie de maquiagem que até sugere diferenças sem, contudo, mudar

a face do ensino. Isso significa que a “aura de magia” atribuída às TICs pode adicionar efeitos

especiais, no movimento mesmo de manter o enredo anterior.

Quanto à interatividade, não faz sentido pensarmos a educação sem interação, seja

como atividade compartilhada pelos sujeitos, marcada por trocas e influências recíprocas, seja

como intervenção e controle, pelos usuários, do curso das atividades em um programa. No

entanto, é necessário distinguir as interações reais de algumas “simulações” de interatividade.

O conceito de inter-agir já carrega em si a ideia de que para ocorrer inter-ação é

necessário, no mínimo, duas pessoas que desenvolvam uma ação em conjunto. Quando o

aluno usa o computador – a internet e todos os outros programas eletrônicos – não existe

interação, pois a ação é apenas do aluno sobre o computador e este apresenta um conjunto de

respostas programadas e automatizadas. Acreditar na interação entre o aluno e a máquina é

oferecer vida à tecnologia, considerando-a como uma pessoa que se relaciona e realiza trocas

com o aluno, capaz até de garantir e melhorar sua aprendizagem. Não é à toa que Marcuse

(1999), ao analisar os impactos da técnica na constituição dos indivíduos, afirma que:

Ao manipular a máquina, o homem aprende que a obediência às instruções é

o único meio de se obter resultados desejados. Ser bem-sucedido é o mesmo

que adaptar-se ao aparato. Não há lugar para a autonomia. A racionalidade individualista viu-se transformada em eficiente submissão à sequência

predeterminada de meios e fins. (...) A máquina adorada não é mais matéria

morta, mas se torna algo semelhante a um ser humano (MARCUSE, 1999, p. 10).

Assim, identifica-se nesse grupo de trabalhos que abordaram as TICs na educação e na

escola como possibilitadora de novos processos de ensino e aprendizagem, uma espécie de

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“aura de magia” que parece cercar as TICs e que está relacionada à sua fetichização. É como

se sua simples presença na escola garantisse a ocorrência de mudanças significativas no

processo de ensino-aprendizagem. É como se os objetos técnicos fossem capazes de dar

respostas aos desafios educacionais. Essa idolatria aos aparatos tecnológicos, às coisas e às

máquinas, é denominada por Adorno (2010) de fetichismo da técnica, em que a relação do

homem com o aparato contém algo de exagerado, dependente, irracional e até mesmo

patogênico.

Sabe-se que atratividade e interatividade são características que remetem a despertar

interesse e prender atenção, movimentos bastante valorizados nas situações de ensino. No

entanto, não respondem às questões ligadas ao sentido destes movimentos a que remetem:

para quê?

Para que a escola possa se utilizar das tecnologias da informação e comunicação é

necessário que os conhecimentos transmitidos por ela, de um lado, e os procedimentos

pedagógicos e didáticos, de outro, sejam adaptáveis a elas. Isso significa que os

conhecimentos devem ser considerados sem ambiguidades e sem contradições, pois precisam

ser fragmentados dentro da sequência lógica determinada pela máquina, além de apresentarem

independência daquele que o transmite, ou seja, não devem envolver interpretações derivadas

de reflexões, que seriam possíveis na presença de um professor. Evidentemente, o uso das

TICs no ensino permite uniformizar procedimentos pedagógicos e assim obter maior controle

sobre aquilo que é transmitido e a sua consequente avaliação. No entanto, a própria divisão de

tarefas e a separação entre deliberação e execução são ampliadas.

De acordo com Crochik (1990), tal como na fábrica, o processo de produção com a

“ajuda” das tecnologias pode ser otimizado, contudo, trata-se do processo de racionalização

que fortalece sua presença na escola, cujo caráter ideológico do processo está na transmissão

do saber e de modos de pensar através dele.

Como o processo de racionalização permeia a sociedade como um todo e em

cada uma de suas esferas, é necessário entendê-lo tanto em seu sentido mais amplo, expressado na política e na ideologia, como em seu sentido mais

específico, no caso da escola, onde se expressa na pedagogia e na didática

(CROCHIK, 1990, p. 128).

Adorno (2010), em uma conferência de rádio na Alemanha, discutiu quais os

verdadeiros objetivos, o para que de um processo educacional e apontou que mais do que

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discutir planejamento educacional, conteúdos, métodos e até mesmo análises quantitativas em

educação, faz-se necessário discutir para onde a educação deve conduzir, o que, na maioria

das vezes, não é tão evidente.

Para o autor, a produção de uma consciência verdadeira e a emancipação, mais do que

o objetivo da educação, são exigências políticas diante de uma sociedade que converteu sua

organização em sua própria ideologia, na qual a técnica exerce um papel central, pois cada

vez mais as relações entre os homens são mediadas pelos processos das máquinas e tudo

contribui para transformar os instintos, desejos e pensamentos humanos em canais que

alimentam o aparato.

No entanto, Adorno (2010) afirma que há dois problemas quando pensamos em uma

educação para a emancipação na sociedade administrada. O primeiro consiste na pressão tão

grande que o mundo exerce nos indivíduos que supera qualquer processo educacional. A

segunda é que a educação para a emancipação também deve permitir a adaptação, orientando

os indivíduos a se localizarem no mundo.

Pelo fato de o processo de adaptação ser tão desmesuradamente forçado por

todo o contexto em que os homens vivem, eles precisam impor a adaptação a

si mesmos de um modo dolorido, exagerando o realismo em relação a si mesmo (...). A crítica deste realismo supervalorizado parece-me ser uma das

tarefas educacionais mais decisivas, a ser implementada, entretanto, já na

primeira infância. (ADORNO, 2010, p. 145).

A crítica ao realismo supervalorizado no processo educacional ocorre por meio do

desenvolvimento e estímulo de duas “habilidades”: a criatividade e a espontaneidade. No

entanto, essas características envolvem a capacidade de imaginação, que é comprometida

quando o aprender é mediado pela técnica, pois nessa já estão pré-determinados os possíveis

caminhos para a resolução de problemas e os modelos de pensamento da criança só podem ser

explicitados pela linguagem da máquina. A relação da criança com a máquina é, portanto,

impessoal, dadas as estruturas prontas com flexibilidade reduzida dos softwares e as

linguagens do computador.

Para Crochik (1990), as tentativas de motivação dos alunos a aprender através das

tecnologias apontam para a dissociação entre o prazer e a aprendizagem, entre o indivíduo e a

cultura e a perda da motivação inerente ao saber. Essa dissociação parece ter relação com a

separação entre a fantasia e a razão, com a anulação da primeira para que a segunda se torne

possível.

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Segundo Horkheimer e Adorno (1985), a projeção entendida no sentido psicanalítico é

importante para o pensamento e para o conhecimento. Ela permite, num primeiro momento,

dotar o objeto de conhecimento de um sentido individual e, num segundo momento, a

separação entre essa dotação de sentido e o objeto. Nessa separação, o indivíduo e o objeto se

diferenciam. No entanto, com a crescente racionalização da cultura e do conhecimento, o

sujeito perde seu objeto e deve se limitar a reproduzi-lo numa repetição sem sentido.

Nesse contexto, o uso das TICs na educação com objetivos didáticos e pedagógicos só

podem pedir ao aluno uma série de repetições esvaziadas de sentido, pois não só apresentam

saberes e fenômenos através dos softwares, internet e programas de computador, como

também, e, principalmente, treinam o aluno a reagir adequadamente a eles.

Desta forma, além de podermos notar que, na relação com a máquina, o aluno tem

suas possibilidades bastante limitadas, devido a essa ser, necessariamente programada, isso

não significa que, ao assistir a uma aula “tradicional”, a resposta dada pelo aluno também não

corresponde ao estímulo provocado pelo professor. Contudo, neste caso, o controle sobre sua

atenção é menor, mas é esse controle – não intencional ou pouco intencional em comparação

com as TICs – que pode resultar em uma aprendizagem mais espontânea, pois o aluno pode

elaborar suas experiências tentando apreender o sentido daquilo que o professor diz e,

obviamente, a adequação desse sentido à sua vida é facilitada pelo contato pessoal, pela sua

flexibilidade, e dificultada em seu contato com algo programado.

Outros aspectos contrários à incorporação das TICs na educação e na escola são

indicados nos trabalhos pertencentes ao grupo problematização das TICs no ensino (8

trabalhos, 3% da amostra), tais como os seguintes trabalhos:

vi. Crochik (1990, USP – SP) analisou as propostas de uso do computador no ensino e

apontou que estas indicam a presença da racionalidade tecnológica na educação,

favorecendo uma consciência que não percebe contradições;

vii. Monich (2007, FURB-SC) por meio de pesquisa bibliográfica, estudou a história do

computador e sua inserção na escola e concluiu que o computador como artefato

tecnológico representa o desejo de manutenção da lógica do consumo e da

passividade, o que na educação transforma o aluno e o professor em receptores e

espectadores passivos – características de uma educação bancária;

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viii. Desuó (2006, UNIMEP – SP), com o referencial na teoria crítica da sociedade e

através da pesquisa bibliográfica, concluiu que o diagnóstico adorniano da técnica se

mostra pertinente nas TICs, pois a socialização permitida por ela regride ao estágio de

ego infantil;

ix. Lacerda (2005, UFSCAR-SP), ao observar alguns trabalhos desenvolvidos por alunos

de uma escola particular, problematizou o uso das TICs e da hipertextualidade na

escola e apontou que estes fatores não promovem a formação, mas a semiformação,

pois, analisando os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, identificou que os recursos

hipertextuais relacionam-se a situações de alienação;

x. Waldow (2004, UEM-PR) problematizou a incorporação das TICS na escola através

da imposição de sua linguagem LOGO em contrapartida com a linguagem social e

observou que a linguagem permitida pela técnica, principalmente o computador,

determina uma formação de sujeitos incapazes de irem além do imediato, em

contrapartida, com a linguagem Social que historiciza, admite contradições e

transcende o aparente;

xi. Farias (2006, UFPE-PE) investigou o discurso do PROINFO, por meio de

documentos e entrevistas com professores e indicou as TICs como expressão de uma

racionalidade capitalista na escola.

Diferentemente dos trabalhos abordados neste item, que realizaram uma análise ampla

das TICs na escola, no seguinte item analisamos os trabalhos que atribuíram uma função

específica para as tecnologias na escola e na educação.

2.2.3 Trabalhos pertencentes aos usos específicos das TICs na educação

Encontramos quatorze trabalhos pertencentes a este grupo (5,3% da amostra), cujo

objetivo de pesquisa foi analisar as contribuições das tecnologias da informação e

comunicação para a educação especial e a inclusão educacional, como mostram os trabalhos

de:

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i. Spricigo (2001, UFSC-SC) analisou o uso do computador como facilitador de

aprendizagem de alunos com Síndrome de Down e sua inclusão nas escolas regulares

de ensino;

ii. Costa (2002, UNB-DF) observou as diferentes funções no uso do computador como

possibilidade de inclusão escolar do deficiente motor grave e observou que o

computador assume um papel fundamental no processo de inclusão dos sujeitos,

influenciando em sua qualidade de vida;

iii. Souza (2004, UNIUBE-SP) propôs estratégias de uso do computador como

instrumento de inovação das práticas pedagógicas com alunos especiais e constatou

um maior envolvimento dos alunos com as tarefas de aprendizagem;

iv. Alencar (2004, Estácio-RJ) analisou as contribuições das TICs e do laboratório de

informática em escolas públicas como instrumento facilitador da aprendizagem de

alunos especiais e observou que a aprendizagem é favorecida com o uso das

tecnologias;

v. Heidrichi (2004, UFRS-RS), por meio de estudo de caso em escola pública,

investigou as possibilidades de inclusão escolar de alunos com paralisia cerebral

através das TICs e verificou que o apoio das TICs oportunizam processos cognitivos

e afetivos dos alunos especiais e contribuem para a inclusão escolar.

Observa-se, nos trabalhos acima citados, como expressão da amostra, e nos outros

pertencentes a este grupo, que as TICs representam as possibilidades de ensino e

aprendizagem de alunos com deficiência e sua possível inclusão ao sistema regular de ensino.

Também como no grupo de trabalhos pertencentes à esfera didática pedagógica, ele

“fetichiza” a técnica colocando-a como determinante de um processo complexo que envolve

diferentes fatores, entre eles, e, para não dizer, o principal deles, é o que significa em nossa

sociedade a inclusão escolar do aluno com deficiência.

Há obstáculos de diversas ordens à implantação da educação inclusiva: os culturais, os

ideológicos, os financeiros, os educacionais, os institucionais e as possíveis resistências dos

pais das crianças sem deficiência, mas as atitudes, principalmente dos professores e dos

colegas sem deficiências, em relação à inclusão das crianças com deficiência na escola

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parecem também ser variáveis importantes. Como a educação inclusiva se refere a diversos

alvos de preconceito (alunos com deficiência, crianças e jovens que vivem nas ruas, ciganos,

índios e, em alguns países, negros e mulheres), discutir o contexto cultural é extremamente

necessário.

De acordo com a análise do contexto cultural realizada no capítulo anterior,

constatamos que no cenário atual “determinado” pela Indústria Cultural, os interesses

coletivos – tão importantes à civilização – são esmagados por um mundo simbólico que

incentiva o poder e o prazer individuais imediatos e irrevogáveis. Com isso, as políticas

educacionais e os modos de funcionamento da educação refletem tendências que são geradas

fora do sistema e que afetam diversas instituições sociais. Por isso, a educação inclusiva e a

educação especial não são questões que se referem apenas ao âmbito da educação, mas estão

relacionadas às políticas sociais, à distribuição de renda, ao acesso diferenciado aos bens

materiais, à cultura, entre outros.

No entanto, a educação é uma entre várias práticas sociais institucionalizadas. Ela

reflete as contradições presentes na sociedade, o jogo de forças e o confronto de tendências e

interesses. O combate a atitudes discriminatórias deve ser inserido neste contexto. De acordo

com Adorno (2010), o que se pode fazer é insistirmos em uma educação que leve à percepção

das contradições sociais e a resistência à opressão dos homens.

Com a finalidade de analisar as atitudes de professores em relação à educação

inclusiva, por meio da teoria crítica da sociedade, Crochik et. al (2009) entrevistaram catorze

professores do ensino fundamental de diferentes áreas do conhecimento. Os autores entendem

que a implantação da educação inclusiva é importante na luta por uma sociedade mais justa,

mas não se devem desconsiderar os limites da educação atual no que se refere à formação,

devido às próprias condições objetivas. Isso implica a necessidade de mais do que somente a

inclusão das minorias antes segregadas da escola regular, mas a necessidade de nos

preocuparmos também com a qualidade da educação e com o quanto esta, atualmente,

contribui para formar indivíduos efetivamente críticos.

Nesse sentido, a educação inclusiva, que propõe a modificação da escola

para que possa superar os obstáculos à aprendizagem, pode, pelo convívio

entre diferentes minorias, combater o preconceito e a conseqüente discriminação. Certamente, o preconceito tem uma dimensão não consciente,

o que indica que o mero convívio talvez não seja suficiente para eliminá-lo,

mas o contato com seu alvo pode diminuir a violência que recai sobre ele.

(CROCHIK et. al, 2009,p. 4).

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A pesquisa aponta que a maioria dos professores entrevistados se declarou favorável à

educação inclusiva, propondo condições adequadas para essa finalidade, tais como: recursos

humanos, a diminuição de alunos em sala, restrição ao número de alunos com deficiência

intelectual, necessidade de o professor ser especialista em educação inclusiva, participação de

outros especialistas (médicos, psicólogos, fonoaudiólogos etc.) e apoio de outro professor em

sala. No que se refere aos benefícios e prejuízos da educação inclusiva, verificou-se que a

maioria dos professores julga que os alunos sem deficiência se consideram superiores àqueles

com deficiência. Por fim, a pesquisa concluiu que a maioria dos professores considera que a

educação inclusiva deve favorecer a socialização e a aprendizagem dos alunos com

necessidades especiais.

Mais do que atribuir à técnica as possibilidades de inclusão e de aprendizagem dos

alunos com deficiência, é preciso considerar as condições sociais e humanas presentes neste

processo, tal como as concepções de professores e o preconceito inerente ao contexto cultural

atual.

Isso não significa que as TICs não possam favorecer algumas etapas do aprendizado e

da inclusão do aluno com deficiência. Contudo, atribuir apenas à técnica a responsabilidade

por esse processo é atribuir a este artefato neutralidade e obscurecer as relações sociais e

culturais.

Assim, diante das análises sobre os usos das TICs e as diversas atuações que esta pode

ter no ambiente escolar e na educação, conforme apontamos na análise anterior abordamos, no

próximo tópico, as concepções e os papéis da escola apresentados nos resumos.

2.3 Os papéis e funções da escola em sua relação com as TICs

O objetivo dessa análise consiste em averiguar como os autores sustentam a “defesa”

que fazem das TICs na escola e na educação, partindo das concepções do papel e da função da

escola e da educação expressas nos resumos. Essas concepções não apareceram

explicitamente nos 262 resumos. Por isso, selecionamos somente aqueles trabalhos em que

elas se explicitaram, o que resultou em uma amostra de 57 estudos.

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Com a leitura dos papéis e funções da escola, dividimos a amostra em três grupos: 1) a

escola (ou a educação) para a adaptação; 2) a escola (ou a educação) para a formação e a

resistência; 3) tensões entre a adaptação e a formação na escola (ou educação).

Após essa segmentação, elaboramos uma tabela com os nomes dos pesquisadores, o

ano da pesquisa e a instituição, para, após, analisar as concepções abordadas, conforme a

seguir:

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Tabela 7. Funções e papéis da escola apresentadas nos resumos

Fonte: Elaborado com base em informações extraídas de www.capes.gov.br (2010).

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No primeiro grupo, o que contém mais trabalhos (45), inserimos as pesquisas em que a

função da escola é de adaptar o ensino e a aprendizagem ao contexto das TICs, como a

sociedade da informação, a cibercultura, as culturas midiáticas e tantas outras definições da

sociedade e da cultura atual, conforme abordamos no capítulo 1, desta dissertação; e, preparar

os alunos para o mercado de trabalho permeado e determinado pelas TICs.

Fazem parte do segundo grupo, os trabalhos que reconhecem a presença das TICs em

diversos âmbitos de nossa vida (mercado de trabalho, cultura, instituições de ensino etc.), mas

que atribuem à escola a função de contraposição a alguns determinantes da tecnologia, pois

concebem que esta não transformou as estruturas da sociedade capitalista e, na forma em que

se desenvolvem, não possuem condições de fazer.

Já no terceiro grupo, inserimos os trabalhos que apontam para as TICs como

determinantes de um processo formativo para a autonomia do indivíduo, e que denominamos

“tensões”, pois, se é a formação através das TICs ao adaptar o indivíduo para seu uso, então

não é formação.

A partir da divisão dos três grupos, apontamos, em seguida, as perspectivas

selecionadas por seus autores.

2.3.1 Grupo I: a escola (ou a educação) para a adaptação

Tomamos de Horkheimer e Adorno (1986) a ideia de uma educação para a adaptação

ao discutir a formação cultural em nossa sociedade, que é permeada e, até mesmo,

determinada pela Indústria Cultural, que, por sua vez, se encarrega de levar para o âmbito da

cultura toda a racionalidade e estrutura do trabalho, e, o tempo livre que permitiria que o

indivíduo tivesse acesso a processos formativos, se transforma em uma extensão do trabalho.

“(...) a Indústria Cultural se propõe a ocupar os sentidos dos homens da saída da fábrica à

noitinha, até a chegada ao relógio d ponto na manhã seguinte” (HORKHEIMER e ADORNO,

1986, p. 123).

A cultura tende a se converter em mercadoria e, com isso, a ser adquirida como valor

de troca, com seu uso atrelado à adaptação, ao que é exigido pela autoconservação. Desta

forma, o que ocorre no cotidiano escolar não pode ser pensado isoladamente, sem referência

ao que está ocorrendo na sociedade e na cultura e, numa sociedade estruturada pela

racionalidade tecnológica e em uma cultura determinada pela Indústria Cultural, não é

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necessária a formação intelectual e cultural, mas aquela que dê conta da racionalidade técnica,

que é um pensamento que relaciona meios e fins, sem pensar nestes últimos. Assim, os

indivíduos se formam para aumentar seu valor no mercado, por exemplo, e não para se

diferenciarem, para compreenderem a sociedade e auxiliar em sua modificação, com o

objetivo de torná-la mais justa e propiciadora da felicidade e da liberdade individuais.

Segundo Adorno (1986):

No clima da semiformação, os conteúdos objetivo, coisificados e com caráter de mercadoria da formação cultural, perduram à custa de seu

conteúdo de verdade e de suas relações vivas com o sujeito vivo, o qual, de

certo modo, corresponde à sua definição. (...) A Indústria cultural, em sua

dimensão mais ampla, perpetua essa situação, explorando-a, e se assumindo como cultura em consonância com a integração, o que, se for mesmo uma,

não será outra. Seu espírito é a semicultura, a identificação (ADORNO,

1986, p. 5).

É sob a perspectiva da semiformação e, consequentemente, da adaptação e da

identificação, que verificamos nos resumos o papel da escola para a adaptação. Para ilustrar

essa análise, apontaremos para alguns dos sete trabalhos selecionados e, os segmentos de seus

resumos, em que essa tarefa da escola se explicita mais expressivamente.

i. Cotrim (2002, PUC – GO): a pesquisa concluiu que não há resistência por parte do

professor em relação à inserção da informática na escola, pelo contrário, ele

demonstra entender a necessidade de a escola preparar seu aluno para se inserir na

Sociedade da Informação.

ii. Teixeira (2001, UPF): Este estudo teve como objetivo analisar a importância da

democratização do conhecimento na Sociedade da Informação e as potencialidades

educacionais das tecnologias da informação como elemento fundamental neste

processo.

iii. Almeida (2006, UNIJUÍ): na atual configuração da sociedade, a escola precisa

derrubar seus muros e tabus com relação aos meios de comunicação e às tecnologias

de informação/comunicação e acolhê-los em sala de aula.

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iv. Teixeira (2007, CEFET – MG): Vive-se a época do surgimento de uma sociedade

informacional apoiada nas tecnologias da informação e comunicação. Tais

tecnologias apresentam grande flexibilidade e vêm impactando definitivamente o

processo de conhecimento humano. Nesse contexto, a educação deve se beneficiar

dessas tecnologias.

v. Loureiro (2002, USP): A necessidade de uma reconfiguração do papel do professor,

do aluno, da sala de aula e das TICs constitui o principal parâmetro cibernético de

governabilidade da educação na Era Digital. A escola é o novo ambiente de

aprendizagem que se apresenta aos educadores com as novas características do

atual estágio da Sociedade da Informação.

vi. Oliveira (2001, UFPR): Justificamos a necessidade deste estudo, para responder às

constantes transformações e mudanças sociais introduzidas pela evolução

tecnológica, tendo em vista a necessidade de a escola integra-se e interagir em seu

meio apoiando-se em novas tecnologias.

vii. Oliveira (2003, UNISO): Espera-se que no movimento das transformações

tecnológicas do momento atual, a educação tenha incorporado que no século XXI

não serão mais aceitas pela sociedade atitudes que não se encaixem à era

cibernética. Ousar e atrever faz parte da renovação dessa era. Essas farão dos

alunos, profissionais mais qualificados.

viii. Passero (2003, UNOESTE): Nos últimos anos a sociedade vem presenciando e

experimentando a rápida e irreversível evolução tecnológica em todos os campos,

particularmente no campo da comunicações e da computação. Destaca-se a

importância dos meios computacionais na formação escolar do indivíduo a fim de

prepará-lo para a inclusão no mercado de trabalho cada vez mais exigente e

competitivo, onde aqueles que detém o conhecimentos tecnológicos destacam-se

dentre os demais.

Como dissemos, detectamos neste grupo de trabalhos duas justificativas de adaptação

da escola às TICs: a da Sociedade da Informação e o preparo para o mercado de trabalho que

também é determinado e estruturado pelas TICs.

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De acordo com a fundamentação que realizamos no Capítulo I sobre a configuração da

sociedade atual, não há uma nova sociedade constituída pela tecnologia da informação e

comunicação, o que temos é uma “repaginação” da mesma estrutura social de classes, regida

pela ideologia da racionalidade tecnológica e pela supremacia da técnica.

Adorno (2010) no texto Educação - para quê? Caracterizava a educação/formação

como a produção de uma consciência verdadeira e que, para isso, há dois momentos que se

tencionavam entre si, a autonomia e a adaptação. Contudo, o autor também apontou que nas

sociedades capitalistas de grande avanço tecnológico, em que a técnica carrega para diferentes

âmbitos da vida a estrutura reprodutiva da força de trabalho, a realidade se torna tão poderosa

ao impor-se sobre o indivíduo, desde a infância, que o processo de adaptação se realiza então

de um modo quase que automático.

É neste contexto de adaptação desmedidamente forçada por todo o contexto em que os

homens vivem, em que eles precisam impor a adaptação a si mesmos de um modo dorido

(p.143), que a educação, seja familiar ou escolar, tem a tarefa de fazer a crítica a esse realismo

supervalorizado.

Desta forma, ao observarmos os trabalhos acima citados, o que se propõe para a escola

através do uso e da inserção das TICs é mais adaptação, é eliminar da educação a

possibilidade da autonomia e limitá-la apenas ao processo adaptativo.

2.3.2 Grupo II: A escola (ou a educação) para a formação e a resistência

Os trabalhos deste grupo (5) apontaram para presença das tecnologias da informação e

comunicação no campo cultural, mas problematizaram sua presença no âmbito da educação e

denunciaram suas capacidades “deformativas” no indivíduo.

Também buscamos em Adorno (1986 e 2010) o conceito de formação. Para o autor,

uma educação formativa não pode ser dissociada do contexto em que é gerada e do processo

de adaptação, que também é necessário. Desta forma, Adorno (1986, 2010) ressalta a

importância de se buscar os resquícios da dimensão formativa presentes no contexto de

semiformação. Para isso, faz-se necessária uma educação para a resistência e para a

contradição.

Selecionamos alguns trabalhos e segmentos de seus resumos, em que observamos a

possibilidade de resistência e apontamentos sobre a contradição das TICs na educação.

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i. Manfré (2009, UNESP): Tivemos como objetivo investigar de que modo os discursos

otimistas sobre as novas tecnologias e educação escolar constroem a ideia de

formação, denunciando de que modo tais discursos associam a formação individual

às demandas do mercado de trabalho, denunciando os limites de uma educação

baseada na racionalidade tecnológica.

ii. Waldow (2004, UEM): A sociedade capitalista se caracteriza por constantes avanços

científicos e tecnológicos que modernizam o âmbito do trabalho. A tecnologia, que

poderia livrar o homem da labuta, tem sido usada para controlar o comportamento

dos homens. A escola ao incorporar essas técnicas substitui uma Linguagem Social

por uma Linguagem matemática, incapaz de ir além do imediato.

iii. Silva (2005, UFBA): A incorporação de novas tecnologias ao processo educativo

acaba por se configurar apenas como inovações no âmbito tecnometodológico. A

política que impera nessas práticas é a da “reprodução do mesmo”, que configura

uma relação servil com a tecnologia e com o modo de funcionar capitalista.

iv. Zaghethi (2009, UNIMEP): Problematizo o papel desempenhado pela escola na

utilização do computador como aparato pedagógico, questionando as possíveis

relações dos equipamentos com os mecanismos de alienação, controle social,

educacional, ou ainda de prováveis benefícios.

v. Crochik (1990, USP): As propostas de uso do computador no ensino indicam a

presença da ideologia da racionalidade tecnológica na educação. Favorecendo uma

consciência que não percebe contradições sociais.

Apesar de em alguns trechos não estar explicitado o papel da escola como resistência,

verifica-se nos resumos a crítica à ideia de incorporação das TICs passivamente ou

simplesmente como determinantes de uma nova realidade cultural e educacional.

Inserimos estes trabalhos no grupo “formação ou resistência” pois detectam

que a inserção das TICs na educação e na escola é também a inserção de toda ideologia que a

técnica traz consigo. Isso significa que percebem que as tecnologias não são neutras em nossa

sociedade e que, por isso, inseri-las na escola e na educação significa inserir sua ideologia e

também não permitir que se desenvolva as possibilidades formativas na escola e na educação,

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pois é mais do mesmo, como aponta Crochik (1990) é o favorecimento de uma consciência

que não percebe contradições.

É neste sentido que atribuímos aos trabalhos deste grupo a concepção de escola para a

formação e a resistência, apesar de os autores não terem dito isso explicitamente, ou seja, é

uma escola e uma educação formativa por que são para a resistência, como apontou Adorno

(2010) ao discutir as possibilidades de emancipação dos indivíduos em nossa sociedade

administrada em que a adaptação se impõe naturalmente:

Mesmo correndo o risco de ser taxado de filósofo, o que, afinal, sou, diria que a

figura em que a emancipação se concretiza hoje em dia, e que não pode ser

pressuposta sem mais nem menos, uma vez que ainda precisa ser elaborada em

todos, mas realmente em todos os planos de nossa vida, e que, portanto, a única

concretização efetiva da emancipação consiste em que aquelas poucas pessoas

interessadas nesta direção orientem toda a sua energia para que a educação seja

uma educação para a contradição e para a resistência. (ADORNO, 2010, p.182).

Dessa forma, os trabalhos acima citados não pretendem adequar a escola e a educação

às demandas sociais e mercadológicas, pois reconhecem as estruturas ideológicas destas e

veem no papel da educação e da escola outra função que não a de adaptação.

2.3.3 Grupo III: Tensões entre a adaptação e a formação na escola

Inserimos neste grupo os trabalhos que apontam para as potencialidades das TICs em

uma formação para a autonomia, a criatividade e a espontaneidade e a contradição destas

características com uma educação que propõe adaptar a aluno ao uso da técnica, conforme se

explicita nos segmentos dos trabalhos abaixo:

i. Silva (2005, UFRS): Os resultados do estudo mostram que, se as TICs forem

utilizadas de modo a considerar os interesses e as necessidades dos educandos, ou

melhor, para beneficiar e favorecer a integração dos estudantes de forma livre e

responsável no processo de construção do conhecimento, podem legitimar ao mesmo

tempo os ideais de democracia e autonomia.

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ii. Trautmann (2002, UFSC): A informática está cada vez mais presente no cotidiano das

pessoas e mudou direta ou indiretamente a forma como elas se relacionam, se

divertem, estudam , trabalham, realizam as transações comerciais e financeiras,

enfim, mudou a forma de viver. Saber utilizar as diferentes fontes de informação e

recursos tecnológicos com consciência e criatividade com vistas à convivência

solidária e feliz requerem novas atitudes. Assim, a escola contribuirá para que as

pessoas possam viver e conviver de forma harmoniosa com as TICs.

iii. Cotrim (2002, PUC – GO): A pesquisa concluiu que a avaliação positiva que a escola

em geral tem do PROINFO, indica que não há resistência por parte do professor em

relação à inserção da informática na escola, pelo contrário, ele demonstra entender a

necessidade de a escola pública preparar seu aluno para se inserir digna e

criticamente na Sociedade da Informação.

iv. Ortolan (2003, UFSC): A sociedade atual está marcada por uma existência voltada

para a digitalização de todos os segmentos. Este trabalho aponta a possibilidade de

implementar uma ferramenta altamente tecnológica no ensino, buscando um processo

de aprendizagem com uso irrestrito de tecnologia com a incumbência de formar um

cidadão crítico e altamente participativo.

v. Bonis (2003, USP): A informática pode contribuir para o processo de aprendizagem

de crianças que se encontram no processo de alfabetização, tornando a escola um

espaço possível para conduzir o aluno ao pensamento crítico, à reflexão e à

participação em uma sociedade mais justa.

Denominamos “tensões” entre a adaptação e a formação nos papéis da escola, pois são

trabalhos que veem no ensino e na adaptação das TICs na escola potencialidades formativas.

Não que a técnica não contribua com algumas tarefas pedagógicas, mas o contraditório é

adequar a escola e a educação a ela em busca de formação da criticidade, espontaneidade e

reflexão. Pode-se atribuir essa “tensão” também como fruto da própria racionalidade

tecnológica que tem como uma de suas características a ausência da percepção de

contradições.

Os trabalhos deste grupo apresentam “tensões” porque apresentam contradições no

processo formativo. Como a tecnologia pode formar o aluno crítico, consciente, reflexivo e

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criativo se é preciso a adequação à sua estrutura e aos modelos de pensamento impostos por

ela?

Para Adorno (2010), uma educação crítica é mais do que a adequação e a adaptação,

uma formação crítica significa “falar por si mesmo”, cultivar o inconformismo, desenvolver

as capacidades de fazer experiências, de pensar, a criatividade e a espontaneidade.

Não se trata de negar a tecnologias em nossa sociedade e sua presença na educação,

contudo, não podemos esquecer em que contexto ela é gerada e a quem ou, a quê, ela

corresponde. Daí, a contradição e a “tensão” em atribuir às TICs a possibilidade de formação

para a criticidade e autonomia conforme os resumos acima indicaram. Como aponta Adorno

(2010), um processo verdadeiramente formativo superaria a adaptação e permitiria uma

formação cultural que favoreça o desenvolvimento da autocrítica, da autorreflexão como

possibilidade de desvelamento das situações de dominação.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta dissertação foi elaborada com o intento de compreender como tem sido

estabelecida a relação entre as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e a área

educacional, focalizando a escola e especificamente o Ensino Fundamental I. Foi definido

como objeto de estudo os resumos de teses e dissertações que abordavam a temática e que

foram disponibilizados no site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino

Superior (Capes), no período de 1990 a 2010.

A partir da constatação de que o uso das TICs na educação, tal como tem sido

apresentado e objetivado, parece estar envolvido por um véu ideológico que conduz a uma

interpretação errônea quanto a real função da técnica em nossa sociedade, reforçando um

controle social e levando cada vez mais para a educação as estruturas da racionalidade

tecnológica, foi feita a pergunta sobre qual é a tendência da produção acadêmica quanto à

inserção das TICs na Educação.

Com o levantamento realizado, obtivemos 262 resumos que versavam sobre o tema.

Para responder à questão de pesquisa, caracterizamos a produção acadêmica, investigamos os

usos atribuídos às TICs na educação e na escola e analisamos as concepções de escola e

educação expressas nos resumos.

Verificou-se uma tendência crescente de pesquisas que abordam o tema, com grande

ascendência no quinquênio de 2004 a 2009, contabilizando 52% da amostra, e, uma

concentração da produção na região Sudeste, responsável por 51% da produção. A instituição

que mais apresentou trabalhos sobre o tema foi a PUC-SP.

Observou-se que as escolas públicas foram o principal campo de pesquisa e que o

estudo de caso foi priorizado, o que nos parece indicar alguns problemas decorrentes desse

dado.

O estudo de caso priorizando projetos envolvendo as TICs e a escola acaba por

enfocar, muitas vezes, na eficácia “educacional” ou até mesmo pedagógica desses. Um outro

problema decorrente do dado acima mencionado é o fato de que investigar projetos

desenvolvidos para justificar a eficácia da inserção das TICs na Educação pode levantar

elementos da realidade, porém não significa que dão conta da realidade. Releva-se, muitas

vezes, apenas o epifenômeno, ao invés de realizar uma reflexão crítica sobre o caráter mediato

dos conteúdos da consciência e dos comportamentos dos indivíduos como produtos sociais. O

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100

que é de extrema importância, se considerada a invasão da racionalidade tecnológica e de que

a escola e a educação, enquanto espaços formativos, parecem sofrer com a inserção das TICs.

No que se refere aos usos das TICs na Educação, constatou-se que a maior

preocupação dos pesquisadores é com o aspecto “didático” da técnica, tendo em vista que

70,6% dos trabalhos investigaram a eficácia pedagógica das TICs enquanto metodologia de

ensino e aprendizagem. Este dado também se justifica ao constatarmos que a entrevista com

professores consistiu no método de pesquisa mais utilizado.

Constatou-se que, dos resumos que apresentaram o referencial teórico adotado por

todas as pesquisas, o mais citado foi Pierre Lévy, e, que, nos trabalhos que apontaram para

contrapontos e problematizações sobre a inserção das TICS na educação (8), o referencial

teórico mais citado foi a Teoria Crítica da Sociedade.

No que se refere à investigação sobre concepção do papel da escola apresentadas pelos

resumos, identificou-se a adaptação às determinações das TICs como a principal perspectiva,

o que significa a inserção das tecnologias na escola justificativa para sua presença fora desta.

Contudo, esta perspectiva pode levar a um acúmulo de material, sem que ocorra um

refinamento de conceitos sobre o tema, o que pode prejudicar o desenvolvimento de um

conhecimento coletivo mais aprofundado sobre as TICs e sua relação com a educação escolar.

Pela análise dos 262 resumos, verificou-se uma tendência favorável da produção

acadêmica quanto à inserção das tecnologias da informação e comunicação na educação

escolar.

Diante dos resultados, observou-se certa procedência das hipóteses levantadas por esta

pesquisa afirmavam que a justificativa para a inserção das TICs na educação eram que estas

ampliavam as possibilidades de ensino - aprendizagem; aproximavam a escola do contexto

extraescolar, sociedade permeada por aparatos tecnológicos, e, renovavam a estrutura escolar,

melhorando o preparo dos alunos para o mundo do trabalho.

É interessante apontar outras análises e focos possíveis sobre a temática e que não

foram abordados pela presente pesquisa, mas que contribuiriam no aprofundamento do tema,

tal como a imagem e a identidade do professor em um sistema educacional em que a técnica

“assumi” alguns de seus trabalhos.

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Anexo

Tabela 8. Dados gerais extraídos dos resumos das teses e dissertações pesquisadas

Período Autor Instituição Estado Programa Nível do

Estudo Enfoque da Pesquisa / Objetivo FOCO DAS TICs

1990 a

1994

Jose Leon

Crochick USP SP Psicologia Doutorado

Analisa as propostas de uso do

computador no ensino

Problematização das

TICs no ensino

1990 a

1994

Patricia A.

Behar UFRS RS Computação Mestrado

Analisa a situação em que se

encontra a informática educativa

apresentando novas formas de

auxílio no processo de

aprendizagem

Práticas pedagógicas

1995 a

1999

Alice G.

Arcuri UFJF MG Educação Mestrado

Analisa a inserção pedagógica

das TICs como fundamento da

educação

Renovação da escola

1995 a

1999

Ana C. S.

Moreira UNB DF Educação Mestrado

Analisa as concepções de

professores a respeito das

relações entre ciência, tecnologia

e sociedade e a influência destas

concepções em suas práticas

Práticas pedagógicas

1995 a

1999

Ana M.

Mantovani UFRS RS Educação Mestrado

Avalia as possibilidades do

ambiente computacional como

espaço de manifestação de

crianças com dificuldade de

aprendizagem

Desempenho escolar

1995 a

1999

Ana Maria

Lasalvia UFAM AM Educação Mestrado

Documenta a implantação do

ensino de informática nas escolas

de Manaus

Práticas pedagógicas

e renovação da

escola

104

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1995 a

1999

Arnaud S. de

Lima Júnior UFBA BA Educação Mestrado

Analisa o projeto Internet nas

Escolas, em Salvador, e aponta

que o contexto tecnológico exige

transformações da prática

pedagógica

Práticas pedagógicas

e renovação da

escola

1995 a

1999

Clarinda de

Jesus

Machado

PUC - RJ RJ Design Mestrado

Sob o ponto de vista do design

avalia softwares educacionais

para o ensino de geometria no 1 e

2 grau

Práticas pedagógicas

1995 a

1999

Clarissa B. de

Pinho e Braga UFBA BA

Comunicaçã

o Mestrado

Aborda o uso do computador no

ensino através do Projeto Internet

nas Escolas

Práticas pedagógicas

1995 a

1999

Deise Juliana

Francisco UFRS RS Educação Mestrado

Discute a introdução das TICs em

uma escola municipal de Porto

Alegre

Práticas pedagógicas

1995 a

1999

Estela K.

Fainguelernt UFRJ RJ

Engenharia

de sistemas e

computação

Doutorado

Investiga o uso do computador

para as representações do ensino

de geometria

Ensino de

matemática

1995 a

1999

Helena

Stoczinski PUC - RS RS Educação Mestrado

Investiga as orientações

paradigmáticas que norteiam o

trabalho dos professores no uso

das TICs

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

1995 a

1999

Heloísa L. S.

de Andrade UNIMEP SP Educação Mestrado

Sinaliza uma nova mentalidade

pedagógica com base nas TICs

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

1995 a

1999

Ivonette L.

Dell Ducas UNIMEP SP Educação Mestrado

Aponta que a escola deve abrir-se

a novas formas de comunicar,

conhecer e lidar com o

conhecimento através das TICs

Renovação da escola

1995 a

1999

Luana N. de

Roy UNB DF Educação Mestrado

Analisa as dificuldades e

potencialidades do uso do

computador no enssino,

especificamente do correio

Práticas pedagógicas

105

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eletrônica da internet

1995 a

1999 Lynn Rosalina UFBA BA Educação Mestrado

Aponta a necessidade de uma

nova escola diante de uma nova

cultura de lógica rizomática

Renovação da escola

1995 a

1999 Mara Salvucci PUC - SP SP Educação Mestrado

Examina os impactos das

transformações econômicas

(informatização do meracado) no

cotidiano da educação formal

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

1995 a

1999

Marcia B. da

Cunha UFSM RS Educação Mestrado

Analisa a superação da

defasagem entre os programas

escolares de ciências e o

desenvolvimento científico e tecn

atual

Ensino de ciências

1995 a

1999

Márcia Lopes

Reis UNB DF Sociologia Doutorado

Analisa a função social da escola

na sociedade da informação

Renovação da escola

e novos paradigmas

1995 a

1999

Maria H. S.

Bonilla UNIJUÍ RS Educação Mestrado

Idntifica e analisa os fatores

favoráveis ou as barreiras para a

implementação e uso da internet

nas escolas

Práticas pedagógicas

1995 a

1999

Maria Virginia

L. Ponce PUC - SP SP

Administraçã

o Mestrado

Analisa as principais mudanças

que ocorrem na escola para

introduzir a informática no

processo educacional e

administrativo

Renovação da escola

1995 a

1999

Marilaine B.

M. Ramos UNIMEP SP

Comunicaçã

o Mestrado

Analisa um caso de uso do

computador e aponta a necessária

união da educação com a

comunicação

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

1995 a

1999

Tânia Maria

Hetkowski UNIJUÍ RS Educação Mestrado

Analisa o uso do computador por

profs e alunos Práticas pedagógicas

106

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1995 a

1999

Vitória K.

Hernandes PUC - SP SP Educação Mestrado

Analisa a introdução do comput

na escola atravessando a sala de

aula, o profs e o aluno

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Ademir de M.

Jucá UFC CE Educação Mestrado

Analisa as possibilidades do uso

do computador nas aulas de

reforço de matemática

Ensino de

matemática

2000 a

2004

Adriana da S.

Turqueti UNESP SP Educação Mestrado

Analisa as possibilidades e

limites das TICs nas atividades

de comunicação organizacional e

informação da gestão escolar

Gestão

2000 a

2004

Adriano C.

Teixeira UPF RS Educação Mestrado

Analisa as possibilidades

educacionais e emancipatórias

das TICs na sociedade da

informação

Inclusão digital /

social

2000 a

2004

Adriano

Pasqualotti UFRS RS Computação Mestrado

Analisa as possibilidades

educacionais da realidade virtual

no ensino de matemática

Ensino de

matemática

2000 a

2004

Aguinaldo P.

Cordeiro UFSC SC

Engenharia

de produção Mestrado

Analisa as possibilidades de

ensino - aprendizagem com as

TICs

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

Aline V.

Monteiro UFRJ RJ

Ciências da

comunicação Doutorado

Relaciona sa características da

cultura comunicacional e da

psicologia da educação e aponta a

necessária reconfiguração da

escola com novos conceitos de

tempo, comunicação e

conhecimento

Renovação da escola

2000 a

2004

Ana C. Araujo

Nunes UFC CE Educação Mestrado

Avalia o uso das TICs e seu

impacto no desempenho dos

alunos do Projeto Escola Viva em

testes de inteligência

Desempenho escolar

107

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2000 a

2004

Ana C. Gomes

Bezerra UFBA BA Educação Mestrado

Analisa a atual Sociedade da

Informação e a necesária

reformulação das práticas

pedagógicas e da escola com as

TICs na construção de uma

pedagogia de projetos

Práticas pedagógicas

e renovação da

escola

2000 a

2004

Ana Claudia

Loureiro USP SP

Ciências da

comunicação Mestrado

Analisa a atual Sociedade da

Informação e descreve os

principais fatos ligados a uma

nova configuração para a escola

que se deseja na era da total

digitalização do mundo

Renovação da escola

2000 a

2004

Ana Maria de

Grado Hessel PUC - SP SP Educação Mestrado

Utilizacao das TICs na melhoria

de uma gestao escolar

democr'atica

Gestão

2000 a

2004

Ana Maria M.

Paz UECE CE Linguística Mestrado

Analisa os projetos de

informatização das escolas

públicas de Fortaleza no que diz

respeito ao ensino de inglês

Ensino de inglês

2000 a

2004

Ana Paula S.

B. H. da Rosa UFMS MS Educação Mestrado

Analisa o sofware Superlogo

como possibilidade do ensino de

matemática e no pensamento

lógico do aluno

Ensino de

matemática

2000 a

2004

Andrea C.

Ramal PUC - RJ RJ Educação Mestrado

Discute e analisa a educação no

contexto da cibercultura, do

hipertexto e da hiperleitura

Renovação da escola

2000 a

2004

Andréa de F.

Castro UERJ RJ Educação Mestrado

Aponta a necessidade da

alfabetização digital e o

aproveitamento da informática na

escola para o desenvolvimento de

um novo paradigma educacional

centrado na globalização do

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

108

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conhecimento

2000 a

2004

Ângela R.

Costa UNB DF Educação Mestrado

Analisa as diferentes funções no

uso do computador como

possibilidade de inclusão escolar

do deficiente motor grave

Inclusão escolar

2000 a

2004

Antonieta S.

do Prado UNICAMP SP Geografia Mestrado

Analisa a informática como

ferramenta pedagógica no ensino

de geociências do fundamental à

pós-graduação

Ensino de geografia

2000 a

2004

Arnaud S. de

Lima Júnior UFBA BA Educação Doutorado

Analisa as possibilidades de

tecnologização do currículo

escolar diante da emergência

tecnológica contemporânea da

comunicação e informação

Renovação da escola

2000 a

2004

Beatriz de A.

Pacheco PUC - SP SP

Comunicaçã

o Mestrado

Analisa a postura de instituições

de ensino fundamental e médio

diante das Comunidades Virtuais

e das formas emergentes de

culturas mediatizadas pela

tecnologia

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

Carla G.

Marques UNIMEP SP Educação Mestrado

Analisa a nova realidade social e

as transformações causadas no

espaço, tempo e no homem pelo

hipertexto e a necessária

transformação da escola

Renovação da escola

2000 a

2004

Carmem

Waldow UEM PR Educação Mestrado

Problematiza a incorporação das

TICS na escola através da

imposição de sua linguagem

LOGO em contrapartida com a

linguagem social

Problematização das

TICs no ensino

109

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2000 a

2004

Ceniro F. de

Souza UFSC SC Computação Mestrado

Analisa a incorporação das TICs

n dia-a-dia das escolas Renovação da escola

2000 a

2004

Cineiva C. P.

Tono UFPR PR Educação Mestrado

Analisa o PROINFO e PRONEM

no Paraná

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Cláudia M.

Seger

Cunegatti

UNIJUÍ RS Educação Mestrado

Aponta a necessária

reconfiguração da escola diante

do universo midiático e das TICs

Renovação da escola

2000 a

2004

Claudia S.

Della Fonte UFES ES Educação Mestrado

Cartografou as práticas

engendradas com/pelas TICs e os

efeitos provocados por elas

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Claudia Santos

Fernandes UFRS RS Computação Mestrado

Apresenta uma proposta

metodológica para o ensino de

ciências da computação para

crianças

Ensino de

informática

2000 a

2004

Cleusa Maria

G. Moreira CEFET MG Tecnologia Mestrado

Através da revisão bibliográfica,

avalia se o ambiente

computacional influencia o

processo de aprendizagem nas

escolas

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Cristine I.

Simão UEPG PR Educação Mestrado

Investiga as vantagens e

impecilhos do uso do computador

na educação diante de uam

sociedade cada vez mais

globalizada e cercada pelas TICs

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Dagmar A.

Trautmann UFSC SC Computação Mestrado

Diante de um contexto social

permeado de TICs , a aescola

deve ensinar o uso das diferentes

fontes de informação e destes

recursos e rever sua metodologia

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

Débora C. D.

P. Negrão de

Souza

USP SP Educação Mestrado

Analisa a chegada da internet nas

escolas e suas implicações nos

processos de transformação das

Práticas pedagógicas

110

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atividades educativas imersas no

ciberespaço

2000 a

2004

Dorietson A.

de Almeida UFES ES Educação Mestrado

Analisa ambientes virtuais de

aprendizagem no ensino

fundamental com a finalidade de

uso da TICs e promoção da

inclusão digital

Inclusão digital /

praticas pedagógicas

2000 a

2004

Edite F. S.

Porciúncula UNIJUÍ RS Educação Mestrado

Analisa a chegada e repercursão

das TICs na escola

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004 Edite R. Vieira PUC - RJ RJ Educação Mestrado

Analisa as relações entre as

atividades desenvolvidas no

laboratório de informática e na

sala de aula com o computador e

as práticas pedagógicas

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

Edmar Camilo

Cotrim PUC - GO GO Educação Mestrado

Analise do PROINFO em tres

escolas publicas

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Élbio C.

Rocha UFG GO Educação Mestrado

Analisa o PROINFO no estado de

Goiás

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Eliane B. de

Oliveira UFPR PR Educação Mestrado

Analisa a informática na escola

com base no Projeto Digitando o

Futuro

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Eliane M. B.

Grotto UFSM RS Educação Mestrado

Investiga que fatores os

professores indicam como

motivadores para o uso da intenet

em suas práticas pedagógicas

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Emanuel S.

Wagner UNIMEP SP Educação Mestrado

Apresenta uma visão geral sobre

o uso das TICs no ensino de

matemática

Ensino de

matemática

2000 a

2004 Ericka C. Vitta UNICAMP SP Educação Mestrado

Analisa a apropriação das TICs

pela escola através na

aprendizagem colaborativa via

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

111

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Portais Educacionais

2000 a

2004

Estéfano V.

Veraszto UNICAMP SP Educação Mestrado

Analisa a introdução das TICs

com as modificações das práticas

vigentes e buscando um ensino

mais próximo à realidade dos

alunos através do Projeto Teckids

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

Fabiana

Girotto

Ribeiro Barros

UFU MG Educação Mestrado Analise do PROINFO em escolas

municipais do estado de GO

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Flávia S.

Braga UNESP SP Geografia Mestrado

Reflete como as TICs podem

auxiliar no ensino de geografia e

utiliza um site como recurso no

ensino de climatologia no fund. I

Ensino de geografia

2000 a

2004

Gildenir

Carolino

Santos

UNICAMP SP Educação Mestrado

Analise da relacao entre a

biblioteca escolar e as TICs em

uma escola publica

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Gilvan L. M.

Costa UNICAMP SP Educação Doutorado

Analisa o uso das TICs no ensino

de matemática

Ensino de

matemática

2000 a

2004

Glica dos S.

V. Oliveira UFU MG Educação Mestrado

Analisa a formação, os saberes e

a atuação dos professores da sala

de informática

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Graciela

Carbonari UNIJUÍ RS Educação Mestrado

Analisa o processo de

implantação do PROINFO e a

proposta pedagógica do uso da

internet na educação

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Gustavo H. de

Lucena UFRN RN Educação Mestrado

Investiga o uso pedagógico do

laboratório de informática diante

da cultura midiática e da

comunicação

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Helio Chaves

Filho UNB DF Educação Mestrado

Analisa as possibilidades de uso

do hipertexto como diferente

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

112

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linguagem educacional

2000 a

2004

Heloisa da

Silva UNESP SP Educação Mestrado

Analisa a visão dos pais sobre o

uso do computador nas aulas de

matemática

Ensino de

matemática

2000 a

2004 Ilse Abegg UFSC SC Educação Mestrado

Analisa as possibilidades de

integração do ensino de ciências

naturais das quartas séries com

componentes tecnológicos

Ensino de ciências

2000 a

2004

Irani C.

Marchiori PUC - SP SP Psicologia Doutorado

Investiga as concepções de

professores e alunos sobre

tecnologia e analisar de existe

diferenças entre as concepções

dos adultos e das crianças

Concepção de

Tecnologia

2000 a

2004

Ismael P. B.

Furtado UFCE CE Educação Mestrado

Analisa o uso das TICs na

educação por meio do Portal

Educacional em uma escola

particular de Fortaleza

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Ivonete T.

Ortolan UFSC SC Computação Mestrado

Analisa as possibilidades de uso

das TICs através da Robótica e

do programa ROBOLAB

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Izabel C. Goes

de Queiroz UFSC SC Computação Mestrado

Analisa as condições de

implantação e uso do

acomputador, atrevés do

PROINFO

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Jacir A.

Zanatta UFMS MS Educação Mestrado

Analisa o Projeto Salas de

Informática implantado na rede

Municipal de Campo Grande

como possibilidade de mudança

na escola

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

João Maria

Pires UFRN RN Educação Mestrado

Analisa o PROINFO como

responsável pela informatização

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

113

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das escolas públicas do R. N

2000 a

2004

José Antonio

de Souza UFSC SC

Engenharia

de produção Mestrado

Analisa de que forma os profs

usam o computador, o vídeo

cassete e a TV nas escolas

públicas da grande Florianópolis

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Jose Mario

Aleluia

Oliveira

UNICAMP SP Educação Mestrado Analisa as possiblidades e usos

da internet no ensino Práticas pedagógicas

2000 a

2004

José Mário

Aleluia

Oliveira

UNICAMP SP Educação Mestrado

Analisa os usos e contextos da

internet por alunos e profs do ens

fundamental

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Katia R. G.

Mori PUC - SP SP Educação Mestrado

Analisa como os profs se

apropriam das TICs no processo

de mediação pedagógica

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Lenora G. de

Oliveira UNESP SP Educação Mestrado

Analisa as contribuições das

TICs para o ensinoce prática da

leitura , através do software

Andersen para cianças da 1ª a 4ª

séries

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Liane F. da

Trindade UFRN RN Educação Mestrado

Analisa as demandas das TICS na

atualidade diante de novos

saberes e novas formas de

adquirir conhecimento e a

necessidade da escola rever sua

atuação

Renovação da escola

2000 a

2004

Luciene P. da

Silva UFPR PR Educação Mestrado

Analisa o uso das TICs na

educação, a partir do trabalho

desenvolvido no Projeto

Aprendiz do Futuro em Curitiba

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Madalena M.

Comin UFSC SC Educação Mestrado

Investiga como as TICs são

utilizadas nas escolas e como os Práticas pedagógicas

114

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acadêmicos do curso de

Pedagogia são preparados para

seu uso

2000 a

2004

Márcia

Coutinho R.

Jimenez

USP SP Comunicaçã

o Mestrado

Analisa o uso pedagógico da

internet, através de um projeto

colaborativo desenvolvido por

alunos do ens fund

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Márcia M.

Paes Lemes UFG GO Educação Mestrado

Analisa as realidades e

possibilidades de uso da inetrnet

na educação nos lab de inf das

escolas de Goiânia, através do

Núcleo de Tecnologia

Educacional

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

Maria A. D.

Sotta Souza UPF RS Educação Mestrado

Analisa a viabilidade do

computador no ens de mat na

construção do conhec geométrico

com alunos de 4ª série

Ensino de

matemática

2000 a

2004

Maria C.

Alves de S.

Regis

USP SP Educação Mestrado

Analisa as contribuições das

TICs para o trabalho com alunos

especiais, surdos

Educação especial

2000 a

2004

Maria C. B.

Paranhos UNEB BA Educação Mestrado

Investiga a influência do

computador no processo de

produção de textos

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Maria C. da

Rocha

Oliveira

UNISO SP Educação Mestrado

Analisa as manifestações de

resistência e acomodação dos

profs diante das TICs

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

Maria C. de

Barros Souza UNIUBE SP Educação Mestrado

Propõe estratégias de uso do

computador como instrumento de

inovação das práticas

pedagógicas com alunos

especiais

Educação especial /

inclusão

115

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2000 a

2004

Maria Eunice

D. de Queiroz UFPB PB Educação Mestrado

Investiga como a internet tem

contribuído para modificar as

práticas pedagógicas das escolas

públicas de Maceió

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Maria J.

Araujo Souza UFC CE Educação Mestrado

Analisa a influência do comp no

ensino de mat através do software

Cabri - geométre

Ensino de

matemática

2000 a

2004

Maria J. de

Alencar Estácio RJ Educação Mestrado

Analisa as contribuições das

TICs, do lab de infor como

instrumento facilitador da

aprendizagem de alunos especiais

Educação especial /

inclusão

2000 a

2004

Maria Julia R.

de Bonis USP SP Educação Mestrado

Analisa como o professor faz uso

do computador em sala de aula Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Maria Licia

Torres Estácio RJ Educação Mestrado

Analisa o modo como a

informática pode contribuir para

a alfabetização

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Maria Lúcia

Rocha UFSC SC Computação Mestrado

Apresenta uma proposta para a

informatização do ensino de Mat

Ensino de

matemática

2000 a

2004

Marina P. B.

Wendt UFSC SC

Engenharia

de produção Mestrado

Faz uma reflexão da necessidade

de aproximação da escola ao

cotidiano com as TICs

promovendo uma escola flexível

e situada no tempo e espaço

Renovação da escola

2000 a

2004

Nilza Godoy

Gomes UFSC SC Educação Mestrado

Investiga como as escolas estão

se apropriando dos recursos

informatizados, especificamente

do computador

Renovação da escola

2000 a

2004 Noeli Welter UFSC SC Educação Mestrado

Analisa como o ensino fund I

vem lidando com a incorporação

das TICs através do PROINFO

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Paola C.

Fernandes UFF RJ Educação Mestrado

Analisa a implantação de uma

sala de informática

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

116

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2000 a

2004

Patricia V. da

Cunha UFJF MG Educação Mestrado

Através das práticas discursivas

de professores procurou

compreender como utilizam a

internet para a pesquisa escolar

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

Polônia A.

Maia UFSCAR SP Educação Mestrado

Analisa como o software Cabri-

Géometre contribuí para o ensino

da matemática na educação

básica

Ensino de

matemática

2000 a

2004

Regina de

Oliveira

Heidrich

UFRS RS Informática

na educação Doutorado

Analisa as possibilidades de

inclusão escolar de alunos com

paralisia cerebral através das

TICs

Educação especial /

inclusão

2000 a

2004

Reginaldo

Passero UNOESTE SP Educação Mestrado

Aponta a necessária

reconfiguração da escola diante

do universo midiático e das TICs

e a urgente formação de profs

Renovação da escola

2000 a

2004

Renata

Ferramola USP SP Educação Doutorado

Analisa a educação tecnológica

brasileira através dos laboratórios

de informática

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Rita de C.

Cypriano

Valladares

PUC - MG MG Educação Mestrado

Analisa as condições objetivas e

subjetivas ao processo de

implantação do PROINFO em

B.H

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Roberto de A.

Capistrano UFPB PB Educação Mestrado

Analisa as possibilidades de uso

de um software para o ensino de

Mat.

Ensino de

matemática

2000 a

2004

Rosa M.

Pascoali

Spricigo

UFSC SC Computação Mestrado

Analisa o uso do computador

como facilitador de

aprendizagem de alunos com

down e sua inclusão

Educação especial /

inclusão

2000 a

2004

Rosane de A.

dos Santos PUC - RJ RJ Psicologia Doutorado

Analisa a introdução das TICs no

ambiente escolar e as possíveis Renovação da escola

117

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Abreu transformações necessárias que

estes recursos carregam

2000 a

2004

Rose M.

Almas de

Carvalho

PUC - GO GO Educação Mestrado

Analisa os limites e

possibilidades de uso das Tics no

processo de ensino aprendizagem

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Rosemeire C.

do A. Delcin UNIMEP SP Educação Mestrado

Analisa o uso do computador e as

transformações que podem

acontecer no ambiente escolar

Renovação da escola

2000 a

2004

Ruthberg dos

Santos USP SP

Administraçã

o Doutorado Analisa o PROINFO

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Sandra Luzia

W. Straub UFSC SC Educação Mestrado

Analisa a introdução do comput

na escola pública através do

PROINFO

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Sandra M.

Roque N. de

Castilho

UNICID SP Educação Mestrado

Faz uma releitura do papel da

escola, do profes e do uso da

informática

Renovação da escola

2000 a

2004

Silmara S. de

Campos FURB SC Educação Mestrado

Mapeou a Informática Educativa

no município de Jaraguá através

das diretrizes estabelecidas pelo

PROINFO

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2000 a

2004

Simone A. de

O. F.

Ostrowski

UFSC SC Computação Mestrado

Analisa um modelo de

implementação do comp no

ensino fund I identificando as

dificuldades e vantagens

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2000 a

2004

Tereza T. S.

Fukuda UNICAMP SP Educação Mestrado

Analisa as possibilidades de uso

do Webquest e suas contribuições

para a transformação da escola na

busca por qualidade de ensino

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Valeria S. P.

Silva UFSC SC

Engenharia

de produção Mestrado

Analisa a construção do

conhecimento e o uso das TICs

na Era da Informação,

principalmente o uso do comput

Práticas pedagógicas

118

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no ensino fund I e infantil

2000 a

2004

Viviane A. P.

Simões UFU MG Educação Mestrado

Analisa o uso das TICs nas

quatro séries iniciais do Fund I na

cidade de Umuarama

Práticas pedagógicas

2000 a

2004

Walquíria C.

Branco Lins UFPE PE Educação Mestrado

Investiga como os profs dos

primeiros anos do fund I

integram os softwares

educacionais em suas práticas no

lab de inform

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Adão C.

Cambraia UNIJUÍ RS Educação Mestrado

Investiga a presença da

informática na escola através do

olhar do profissional de

informática

Ensino de

informática

2005 a

2009

Ademir

Henrique

Manfré

UNESP SP Educação Mestrado

Discute o tema das TICs e seu

vínculo com os processos

formativos ou deformativos dos

indivíduos

Problematização das

TICs no ensino

2005 a

2009

Adriana de A.

Melotte SMARCOS SP Educação Mestrado

Estuda o uso das TICs no ensino

fundamental e médio com foco

no computador,hipertexto,

hipermídia e internet

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Airton

Lorenzoni

Almeida

UNIJUÍ RS Educação Mestrado

Analisa os efeitos e questões das

TICs e da educomunicação nas

instituições escolares

Renovação da escola

2005 a

2009

Albert F. da

Costa PUC - SP SP Economia Mestrado

Analisa a inclusão digital no

Brasil como ferramenta para

minimizar desigualdades sociais

Inclusão digital /

social

2005 a

2009

Alberto J.da C.

Tornaghi UFRJ RJ

Engenharia

de sistemas e

computação

Doutorado

A partir de um curso de gestores

escolares a distância, analisa as

possíveis mudanças no fazer

escolar com as contribuições do

Gestão e renovação

da escola

119

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curso

2005 a

2009

Albina Pereira

de P. Silva UFRS RS Educação Mestrado

Analisa se as TICs favorecem

uma pedagogia democrática na

escola

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Alcides T.

Barboza

Júnior

Cruzeiro do

Sul SP

Ensino de

Ciências e

Matemática

Mestrado

Analisa o desenvolvimento de

ambientes virtuais e

colaborativos de aprendizagem

para o ensino de ciências e

matemática

Ensino de

matemática e

ciências

2005 a

2009

Alex S. C.

Santana UFES ES Educação Mestrado

Analisa o currículo e uso de um

laboratório de informática com

ênfase na transformação de

professores ao aprenderem as

TICs na educação

Práticas pedagógicas

e formação de

professores

2005 a

2009

Alexandre Ari

Monich FURB SC Educação Mestrado

Analisa a história do computador

e sua inserção na escola

Problematização das

TICs no ensino

2005 a

2009

Alexandre dos

A. Oliveira UERJ RJ

Psicologia

Social Mestrado

Analisa as possibilidades de

renovação da escola para uma

maior participação de todos os

agentes (pais, profs, comunidade)

com as TICs

Renovação da escola

2005 a

2009

Alexandre

Teixeira CEFET MG Educação Mestrado

Analisa a necessária inserção das

TICs na escola devido à

sociedade da informação e à

grande flexibilidade destes

recursos na construção do

conhecimento humano

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Aliete C.

Labegalini PUC - PR PR Educação Mestrado

Analisa em que medida as

sugestões pedagógicas da Revista

de Educação Tecnológica Zoom

são utilizadas na sala de aula com

Práticas pedagógicas

120

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os recursos de Lego e Robótica

2005 a

2009

Alvaro C.P.

Sobrinho Estácio RJ Educação Mestrado

Investiga como são usados os

softwares e sites educacionais nas

salas de informática para

minimizar a exclusão digital

Práticas pedagógicas

e inclusão digital

2005 a

2009

Ana C. de

Jesus Alves UFSCAR SP

Educação

especial Mestrado

Analisa o efeito das TICs no

contexto de escolarização dos

alunos com paralisia cerebral

Inclusão escolar

2005 a

2009

Ana Emília de

M. Queiroz UFPE PE Computação Mestrado

Analisa as possibilidades

educativas de softwares

educativos para o ensino de

matemática

Ensino de

matemática

2005 a

2009

Ana Maria B.

V. Riciolli UFU MG Linguística Mestrado

Investiga o processo de inclusão

digital no contexto de ensino

aprendizagem em aulas da língua

inglesa

Inclusão digital e

ensino de inglês

2005 a

2009

Ana Rita S.

Bortolozzo PUC - PR PR Educação Mestrado

Mapeou dados com informações

e exemplos de práticas sobre o

uso das TICs no ensino de alunos

com necessidades educacionais

especiais

Educação especial

2005 a

2009

Andréa C.

Primerano Mackenzie SP Educação Mestrado

Analisa o uso do computador

como instrumento imprescindível

e facilitador do processo de

ensino-aprendizagem

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Angelino G. F.

Júnior Mackenzie SP Educação Mestrado

Analisa a possibilidades do

emprego das TICs no ensino de

arte

Ensino de arte

2005 a

2009

Bethânia M.

Geremias UFSC SC Educação Mestrado

Investiga as TICs na

alfabetização e na alfabetização

Ensino da leitura e

da escrita

121

Page 125: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP … Azzena Parada… · 4 RESUMO PARADA, Eloa Azzena.TICs na escola: balanço de teses e dissertações brasileiras produzidas

digital

2005 a

2009

Carmem L.

Prata UFRS RS Educação Mestrado

Analisa o PROINFO no Espírito

Santo como uma política de

democratização das TICS e uma

ação que envolveria a

transformação de práticas

educativas

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Carolina M.

dos Santos S.

Franco

Mackenzie SP Educação Mestrado Analisa as possibilidades da

ferramenta podcast na educação Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Cassia

Cristiane de

Freitas Alves

UNICAMP SP Ciências

médicas Mestrado

Uso das TICs na educacao

escolar de deficientes visuais Educação especial

2005 a

2009

Claudia H. dos

S. Araújo PUC - GO GO Educação Mestrado

Faz uma análise temática e

teórica do estado da arte sobre o

uso do computador no ensino no

período de 1997 a 2007

Estado da Arte

2005 a

2009

Cláudia N.

Saes Quiles UFMS MS Educação Mestrado

Analisa os usos das Salas de

Tecnologias Educacionais pelos

professores e alunos do Ensino

Fund I

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Cláudia R.

Bachi UNESP SP Educação Mestrado

Analisa as práticas pedagógicas e

usos do software Trilha das

Letras como recurso para o

trabalho com a escrita e a leitura

Ensino da leitura e

da escrita

2005 a

2009

Claudia R.

Garcez PUC - RS RS Educação Mestrado

Analisa as posibilidades de uso

de blogs como ferramenta de

reinclusão de alunos - pacientes

no ambiente escolar

Inclusão escolar

2005 a

2009

Claudio

Marinho UFMG MG Educação Mestrado

Analisa o uso das TICs pelos

professores e as implicações para

o trabalho docente

Práticas pedagógicas

122

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2005 a

2009

Cleovane R.

de Souza UNB DF Educação Mestrado

Analisou o uso pedagógico do

computador como vetor das

habilidades do comportamento

criativo de crianças do Fund I em

situações de aprendizagem

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Cristina M.

Castanheira UFF RJ

Comunicaçã

o Mestrado

Analisou o uso que os alunos

fazem do computador, internet e

produtos pedagógicos do IBGE,

especialmente os das TICs com o

foco sobre o desenvolvimento

das competências em informação

Práticas pedagógicas

2005 a

2009 Daísa Teixeira USP SP Educação Doutorado

Analisa o processo de

implementação e implantação das

TICs na educação pública do E. S

no período de 2003 a 2005

através das atividades

desenvolvidas no lab. De inf.

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Danilo

Cristófaro A.

da Silva

UFMG MG Linguística Mestrado

Investiga o trajeto de uma prof.

de inglês no seu percurso de

planejamento e implementação

de aulas informatizadas em seu

trabalho

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Debora

Conforto R.

Pereira

UFRS RS Educação Mestrado

Reconfiguracao do tempo e

espaco escolar com as TICs /

Paradigma educacional

Renovação da escola

2005 a

2009

Denise Lage

Magglioli PUC - SP SP Linguística Mestrado

Avalia um software educacional

(Tell Me More) para o ensino -

aprendizagem da língua inglesa

Ensino de inglês

2005 a

2009

Diana Maria

F. Pessoa UFPE PE Educação Mestrado

Investiga o uso de blogs

buscando compreender seu

funcionamento no contexto

educacional

Práticas pedagógicas

123

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2005 a

2009

Doraci M. P.

Munhoz UNISO SP Educação Mestrado

Investiga a contribuição das TICs

incorporadas ao trabalho do

professor para a inclusão digital

Inclusão digital /

social

2005 a

2009

Edeval A.

Zaghethi UNIMEP SP Educação Mestrado

Problematiza o papel da escola na

utilizaçao das TICs questionando

suas possíveis relações com

mecanismos de alienação

Problematização das

TICs no ensino

2005 a

2009

Edilene F.

Tolentino UFRS RS Educação Mestrado

Analisa o uso dos laboratórios de

informatica e o Projeto ACOT da

Apple.

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Edna de O.

Verussa UNESP SP Educação Mestrado

O uso das TICs para o ensino de

alunos com deficiência Inclusão escolar

2005 a

2009

Ednéia S. de

S. Oliveira UNIMEP SP Educação Mestrado

Analisa o Projeto "A escola de

cara nova na era da informática"

e o PROINFO.

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Elaine A. da S.

C. Lopes PUC - SP SP Educação Mestrado

Analisa o proceso comunicativo

através da leitura virtual de 32

alunos entre 7 e 8 anos com o

objetivo de instrumentalizar a

leitura no ciberespaço

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Eliana A.

Alves UNINOVE SP Educação Mestrado

Analisa o uso das TICS como

recurso facilitador da religação

de saberes na escola

Práticas pedagógicas

e renovação da

escola

2005 a

2009

Eliana da

Costa Pereira UFSM RS Educação Mestrado

Identifica como as TICs tem sido

usadas no processo de inclusão

de alunos especiais

Educação especial /

inclusão

2005 a

2009

Eliana G. U.

Godoy CEFET MG Educação Mestrado

Analisa a Metodologia de

Projetos como favorável ao uso

das TICs nos processos

educativos

Práticas pedagógicas

2005 a

2009 Eliara M. Rosa UNOESTE SP Educação Mestrado

Analisa a gestão da educação

digital escolar em uma Escola de Práticas pedagógicas

124

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Tempo Integral

2005 a

2009 Eunice Mussoi UFSM RS Geografia Mestrado

Desenvolve um instrumento

virtual para o ensino

aprendizagem de geografia na 3ª

série do fund. I

Ensino de geografia

2005 a

2009

Fabio B.

Josgrilberg USP SP

Comunicaçã

o Doutorado

Analisa o processo de instituição

de significados para o

computador na escola

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Fabíola F.

Lacerda UFSCAR SP Educação Mestrado

Problematiza o uso das TICs e da

hipertextualidade na escola e

aponta que estes fatores não

promovem a formação, mas a

semiformação

Problematização das

TICs no ensino

2005 a

2009

Fátima

Hartmann UFRS RS Educação Mestrado

Analisa como se constituiu a

escolarização das TICs nas séries

iniciais no laboratório de

informática

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Fernando C.

Sossai UDESC SC Educação Mestrado

Analisa a série "Brasil 500

anos"disponibilizada nas escolas

públicas como parte dos Kits

Tecnológicos

Ensino de história

2005 a

2009

Flávio R.

Campos Mackenzie SP Educação Mestrado

Analisa o uso da robótica

educacional como facilitadora no

processo de ensino -

aprendizagem

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Gelcivânia M.

S. Moraes UFBA BA Educação Mestrado

Investiga o uso do computador e

suas implicações na prática

pedagógica

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Geraldo F.

Loyola UFMG MG Artes Mestrado

Investiga as possibilidades de uso

do computador e da internet no

ensino de Arte

Ensino de arte

125

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2005 a

2009

Gerusa

Ferreira

Lourenco

UFSCAR SP Educação

especial Mestrado

Uso das TICs na educacao

escolar de deficientes com

paralisia cerebral

Educação especial

2005 a

2009

Giselle Maria

M. V.

Carvalho

Mackenzie SP Educação Mestrado Uso das TICs na gestao escolar Gestão

2005 a

2009

Hamilton F.

Júnior UNIMEP SP Educação Mestrado

Investiga as possibilidades do uso

do computador e da internet no

ensino de matemática

Ensino de

matemática

2005 a

2009

Heloisa B. R.

Gracindo UFAL AL Educação Mestrado

Aborda conceitos de Objetos

Digitais de Aprendizagem que

proporcionam o uso das TICs

como ferramentas de ensino

Práticas pedagógicas

2005 a

2009 Ilse Abegg UFRS RS

Informática

na educação Doutorado

Investiga o potencial colaborativo

das TICs por meio da ferramenta

Moodle

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Iris L. B.

Martins UFRN RN

Administraçã

o Mestrado

Analisa os objetivos do

PROINFO no município de Natal

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2005 a

2009

Ivonice M. da

Rocha UERJ RJ Educação Mestrado

Analisa a incorporação das TICs

no cotidiano das práticas

educativas de professores,

focalizando o Projeto Escolas -

Referência

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Jacqueline de

C. Laranjo UFMG MG Educação Mestrado

Analisa os impactos das TICS no

processo de trabalho docente,

identificando o modo pelo qual

os docentes a incorporam

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Jakeline Lins

G. de

Albuquerque

UFMG MG Educação Mestrado

Analisa os softwares Geometre II

e Superlogo 3.0 utilizados no

ensino de Mat em escolas de fund

I em B. H

Ensino de

matemática

126

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2005 a

2009

Janaina dos

Reis Rosado UNEB BA Educação Mestrado

Avalia quais aprendizagens são

possíveis com o uso de jogos

eletrônicos com alunos do 5°ano

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Jaqson

Dalbosco UPF RS Educação Mestrado

Analisa a apropriação das TICs

pelos profs., e suas contribuições

para uma aprendizagem crítica,

criativa e interativa

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Joana V. S.

Paulesini PUC - SP SP Educação Mestrado

Utilizacao das TICs na melhoria

de uma gestao escolar

democr'atica

Gestão

2005 a

2009

Jorge L. F.

Nogueira UFAL AL Educação Mestrado

Analisa as contribuições do

software HagáQuê para o ensino

de Língua Portuguesa escrita para

a pessoa com surdês

Educação especial /

inclusão

2005 a

2009

José C. G.

Gaspar

UNIGRAN

RIO RJ Educação

Profissionali

zante

Analisa as possibilidades de

aprendizagem colaborativa com o

uso de Webquest no ensino de

matemática

Ensino de

matemática

2005 a

2009

Juliana G.

Faria UFG GO Educação Mestrado

Analisa as situações pedagógicas

nos laboratórios de informática

para uma melhor utilização deste

ambiente

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Juliane M. I.

Remold UFRJ RJ

Sociologia e

antropologia Doutorado

Analisa as iniciativas

educacionais que propõem

melhorar a igualdade na

educação através do uso

crescente das TICs

Inclusão digital /

social

2005 a

2009

Jurandyr C. N.

de L. Neto UNICAMP SP Educação Doutorado

Analisa as concepções de

professores a respeito das

relações entre ciência, tecnologia

e sociedade e a influência destas

concepções em suas práticas

Concepção de

Tecnologia

127

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2005 a

2009

Karina

Marcon UPF RS Educação Mestrado

Analisa de que forma as TICs

transformaram e quais seus

reflexos e contribuições na

prática educativa a partir de um

Projeto de Formação Docente

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Karine P. de

Souza UECE CE

Políticas

públicas

Profissionali

zante

Analisa dois programas de

inclusão digital: PROINFO e

GESAC como possíveis avanço

na aprendizagem e inclusão

social

Inclusão digital /

social

2005 a

2009

Laurete M.

Ruaro PUC - PR PR Educação Mestrado

Analisa o uso das TICs como

ferramenta didática capaz de

fomentar prazer e estímulo no

processo ensino-aprendizagem

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Leandro

Petarnella UNISO SP Educação Mestrado

Investiga as contradições

existentes entre as práticas

pedagógicas analógicas frente à

presença de alunos com cabeças

digitais

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Leda Marçal

Sales PUC - MG MG Educação Mestrado

Analisa as possibilidades das

TICs para o ensino dematemática

de alunos surdos

Educação especial /

inclusão

2005 a

2009

Lina de A.

Gattai

BRAZ

CUBAS SP Tecnologia Mestrado

Analisa as possíveis dificuldades

no uso da informática no

cotidiano escolar

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Lorena T.

Boechat

SÃO

MARCOS MG Educação Mestrado

Discute a adoção dos

computadores como instrumentos

pedagógicos, com foco na

internet

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Lúcia H.

Nunes

Junqueira

UNIUBE MG Educação Mestrado

Analisa o tipo de formação

oferecida e os significados

construídos pelos profs em

Práticas pedagógicas

128

Page 132: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP … Azzena Parada… · 4 RESUMO PARADA, Eloa Azzena.TICs na escola: balanço de teses e dissertações brasileiras produzidas

relação ao uso do computador em

sala de aula

2005 a

2009

Luciano

Almeida

Ferreira

PUC - DF DF Educação Mestrado

Analise da relacao entre a

biblioteca escolar e as TICs em

uma escola publica

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Luciano B. de

V. Júnior UFPE PE Educação Mestrado

Analisa softwares educativos

destinados ao ensino de história

de forma a desvelar suas

concepções de prática pedagógica

Ensino de história

2005 a

2009

Luciano S. de

Souza UNISINOS RS

Comunicaçã

o Mestrado

Analisa o Projeto Escola

Interativa de Salvador, como

possibilidade de inclusão social

de jovens

Inclusão digital /

social

2005 a

2009

Lucília C.

Ipiranga UFSC SC Educação Mestrado

Analisa as possibilidades das

TICs como mediação pedagógia

para as novas práticas de

aprendência e projetos

cooperativos de aprendizagem

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Lucimar

Ferreira UNESP SP Educação Mestrado

Analisa as relações entre o aluno,

o computador e o software Cabri

II para o ensino de geometria no

fundamental

Ensino de

matemática

2005 a

2009

Luís A. M.

Mendes UCP RJ Educação Mestrado

Analisa de que forma os profs

alfabetizadores utilizam os

recursos tecnológicos a fim de

melhorar a albabetização

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Mara M. R. A.

Amaral CEFET MG Tecnologia Mestrado

Analisa as formas de

incorporação das TICs através

dos ambientes virtuais de

aprendizagem na educação

presencial

Práticas pedagógicas

129

Page 133: PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP … Azzena Parada… · 4 RESUMO PARADA, Eloa Azzena.TICs na escola: balanço de teses e dissertações brasileiras produzidas

2005 a

2009

Marcia C.

Barragan

SÃO

MARCOS SP Psicologia Mestrado

Analisa o uso do computador nas

salas de reforço para que os

alunos superassem ou

minimizassem suas dificuldades

Práticas pedagógicas

2005 a

2009 Marcia Flink UNIJUÍ RS Educação Mestrado

Partindo de uma experiência no

lab de inf, analisa as

possibilidades de inserção do

ciberespaço na escola

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Marcilio

Rocha Ramos UFBA BA Educação Mestrado

Analisa os processos de

aprendizagem mediados pelas

TICS, com o uso de jornai, rádio

e blogs

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Marcio de

F'atimo Tomaz UFPR PR Educação Mestrado

As contribuicoes de softwares

educacionais para o ensino de

historia

Ensino de história

2005 a

2009

Marcos

Rogério da

Cunha

UNIARA SP Desenvolvim

ento regional Mestrado

Analisa as práticas de uso dos lab

de inform do PROINFO

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2005 a

2009

Margarete de

F. Fernandes UNOESTE SP Educação Mestrado

Analisa as concepções de profs

do ens fund sobre o uso do

computador como ferramenta

pedag

Concepção de

Tecnologia

2005 a

2009

Margarida M.

C. dos Santos UFRJ RJ Linguística Mestrado

Analisa como os profs conduzem

projetos interdisciplinares com o

uso das TICs

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Maria C. B. de

O. Martins PUC - SP SP Educação Mestrado

Investiga a percepção de profs ao

uso das TICs com foco naqueles

que já incorporaram este recurso

em seu cotidiano

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Maria C. da S.

Linhares UFS SE Educação Mestrado

Analisa as possibilidades de uso

da internet na construção do

conhecimento, através do Projeto

Práticas pedagógicas

130

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Comunicar é Aprender

2005 a

2009

Maria C.

Rakoski UNIJUÍ RS Educação Mestrado

Analisa a influência que as TICs

exercem sobre os sujeitos infantis

na atualidade e que papel ocupam

na realidade escolar

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Maria da S. B.

de Farias UFPE PE Sociologia Doutorado

Através do discurso do

PROINFO, aponta a

racionalidade capitalista nas

TICS no ambiente educacional

Problematização das

TICs no ensino

2005 a

2009

Maria de F. C.

Hilário UFRS RS Educação Mestrado

Analisa as possibilidades de

ampliação da aprendizagem

através da interação virtual

promovida pelas TICs

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Maria F.

Damasceno UFC CE Educação Mestrado

Investiga as práticas de

Informática Educativa (IE) na

cidade de Floriano

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Mariana

Cristina de A.

Vieira

UNICAMP SP Educação Mestrado

Uso das TICs na gestao escolar

para unicidade das finalidades

educativas com as TICs

Gestão

2005 a

2009

Marilene A. F.

Borges PUC - SP SP Educação Doutorado

A apropria'cao das TICs por

gestores educacionais Gestão

2005 a

2009

Marina Yayoi

Nibu PUC - SP SP Educação Mestrado

Analisa o uso do computador e

de um software para identificar o

repertório de leitura de crianças

da 2ª série

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Maristela A.

Silva UFRS RS Educação Mestrado

Analisa o trabalho com projetos

de aprendizagem ancorados nas

TICs sob a perspectiva de

provocar transformações na

escola

Renovação da escola

131

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2005 a

2009

Marize

Gosling

BRAZ

CUBAS SP Tecnologia Mestrado

Analisa como a informática na

educação deve ser utilizada

abrindo novas possibilidades de

adquirir conhecimento

Renovação da escola

2005 a

2009

Marlyse B. da

Costa Oliveira UCDB MS Educação Mestrado

Analisa as práticas pedagógicas

da sala de informática de um 5°

ano de uma escola do campo e a

importância dada diante da

Sociedade da Informação

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Martha H. da

Silva UNB DF Educação Mestrado

Investiga as contribuições do

projeto Um comput por aluno no

ensino aprendizagem

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Milena P.

Mendes UFRJ RJ Linguística Mestrado

Investiga as possibilidades de

associar leitura/literatura com as

TICs em um ensino voltado à

inclusão social

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Miryam B.

Pelosi UERJ RJ Educação Doutorado

Analisa as possibilidades de uso

da Tecnologia Assistiva no

trabalho com crianças especiais e

na inclusão

Educação especial /

inclusão

2005 a

2009

Mônica S. M.

Guimarães Estácio RJ Educação Mestrado

Analisa as práticas pedagógicas

mediadas pelas TICS e que

contribuem para uma

aprendizagem autonôma

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Naê P. P.

Rodrigues

Desuó

UNIMEP SP Educação Mestrado

Investiga até que ponto o

diagnóstico adorniano da técnica

se mostra pertinente para as TICs

Problematização das

TICs no ensino

2005 a

2009

Neli M.

Mengalli PUC - SP SP Educação Mestrado

Utilizacao das TICs na melhoria

de uma gestao escolar

democr'atica

Gestão

2005 a

2009

Neusa N.

Malheiros UFS SE Educação Mestrado

Analisa a inserção, gestão e

monitoramento dos Laboratórios

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

132

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de Informática em Aracaju e o

PROINFO

2005 a

2009

Nivaldo N. O.

Junior PUC - SP SP Educação Mestrado

Analise das pr'aticas do ensino de

informatica

Ensino de

informática

2005 a

2009

Patrícia P. G.

Palácio PUC - SP SP Educação Mestrado

Analisa o Projeto Fim de Semana

Digital - cujo objetivo é

proporcionar o acesso às TICs a

profs e alunos da rede pública

Inclusão digital /

social

2005 a

2009

Paulo R. R.

Mascarenhas UNB DF Educação Mestrado

Analisa a inclusão digital dos

alunos do ensino fund de um

colégio que participa do projeto

Um Computador por Aluno

Inclusão digital /

social

2005 a

2009

Peterson M. A.

Araújo UFPB PB Educação Mestrado

Analisa como está sendo

construído o letramento digital

pelos profs de ensino Fund I em

João Pessoa

Práticas pedagógicas

2005 a

2009 Rafael P. Lima UNIFAP AM

Desenvolvim

ento regional Mestrado

Analisa as contribuições de

softwares educacionais para o

ensino de crianças com down

numa sala regular de 1° ano do

Fund I

Educação especial /

inclusão

2005 a

2009

Regina F.

Cury Azevedo Estácio RJ Educação Mestrado

Analisa se o uso de softwares

educativos, numa perspectiva

lúdica, podem contribuir para a

construção do conhecimento

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Renata

Bankovsky PUC - SP SP Educação Mestrado

A apropria'cao das TICs por

gestores educacionais Gestão

2005 a

2009

Rosângela M.

C. Bonici

Cruzeiro do

Sul SP

Ensino de

Ciências e

Matemática

Profissionali

zante

Investiga os fatores críticos que

facilitam o uso das TICs por

profs da rede pública de SP

Práticas pedagógicas

133

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2005 a

2009

Rosangela

Petenuzzo PUC - RS RS Educação Mestrado

Com uma pesquisa bibliográfica

investiga os limites e

possibilidades de uso das TICs

nas escolas brasileiras na busca

pelas renovações escolares

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Rosiane C. de

Freitas UFPR PR Educação Mestrado

Relata e analisa um projeto de

criação de blog na escola para

estimular o uso da internet e a

inclusão digital

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Rozane Jorge

Andrade UNESP SP Educação Mestrado

Analisa uma escola de ensino

fund I que teve um desempenho

acima da média na Prova Brasil e

que tem investido em recursos

tecnológicos e trabalhado na

leitura e escrita através das TICs

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Rozane Suzart

Gesteira UPF RS Educação Mestrado

Faz uma reflexão sobre a arte da

cibercultura mediando e

permeando os processos

educativos de uma escola em

Marau

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Severina

Batista de

Farias

UFPB PB Educação Mestrado

Analisa o uso das TICs como

recursos facilitadores na

educação do aluno surdo

Educação especial /

inclusão

2005 a

2009

Sheilla Silva

da Conceição UFS SE Educação Mestrado

Analisa a informática educativa

através do PROINFO e de que

forma este programa está

favorecendo a autonomia e o

pensamento crítico exigidas na

sociedade do conhecimento

PROINFO/ Práticas

pedagógicas

2005 a

2009 Silene Kuin PUC - SP SP Educação Mestrado

Analisa as condições favoráveis

para a apropriação das TICs em

uma escola pública de SP

Práticas pedagógicas

134

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2005 a

2009

Silvia de

Oliveira Kist UFRS RS Educação Mestrado

Analisa as contribuições do

projeto Um computador por

aluno para a alfabetização de

crianças de 6 anos

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Silvia P.

Moreira de

Souza

SÃO

MARCOS SP Educação Mestrado

Analisa o uso da internet na

educação e o desenvolvimento da

habilidade de interpretação de

mensagens

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Sonia Augusta

de Moraes UEM PR Educação Mestrado

Analisa o uso da internet na

prática docente e oferece

subsídios para seu uso como

ferramenta pedagógica

Práticas pedagógicas

2005 a

2009 Sueli Mainline PUC - SP SP Educação Mestrado

Defende que as TICs propiciam a

inclusão, integração e contrução

de um mundo mais ético e analisa

como profs e alunos vivenciam o

uso do computador no ensino

aprendizagem

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Suely N.

Corradini Mackenzie SP Educação Mestrado

Analisa o computador como

instrumento facilitador de

ambientes de aprendizagem

Práticas pedagógicas

2005 a

2009

Ucineide R. da

Rocha Moreira UFS SE Educação Mestrado

Analisa de que forma a educação

lida com as transformações

tecnológicas

Práticas pedagógicas

e novos paradigmas

2005 a

2009

Valéria G. de

Souza UNIMEP SP Educação Mestrado

Analisa até que ponto o uso do

computador, através do

PROEDUCAR pode contribuir

para a inclusão social

Inclusão digital /

social

2005 a

2009

Vaneli R.

Chaves PUC - PR PR Educação Mestrado

Investiga se a informática na

educação, através do Projeto

Digitando o Futuro, tem

contribuído para a melhoria da

Práticas pedagógicas

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prática pedagógica

2005 a

2009

Viviane

Gurgel de

Castro

UFRN RN Engenharia

Elétrica Mestrado

Propõe um software educacional

para o ensino de robótica para ser

utilizado por crianças de ensino

fund I digitalmente excluídas

Inclusão digital /

social

2005 a

2009

Warley F.

Sahb PUC - MG MG Educação Mestrado

Incorporação das TICs na

inclusão de crianças com

necessidades especiais

Inclusão escolar

2005 a

2009

Welington A.

Silva UFBA BA Educação Doutorado

O uso das TICs no ensino da

Educação Física

Ensino de educação

física

Fonte: Elaborado com base em informações extraídas de www.capes.gov.br (2010).

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