petróleo: a causa do suicidio de getúlio vargas

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24 DE AGOSTO DE 1954: O SUICÍDIO DE GETÚLIO VARGASWladmir Coelho A ideologia liberal possibilitou durante a República Velha a manutenção do modelo colonial agro-exportador institucionalizado através da Constituição de 1891 resultando, a crença fundamentalista liberal, em nosso trágico atraso industrial, tecnológico e demográfico. Este quadro não passou despercebido por diferentes membros da elite política dos primeiros anos do século XX possibilitando o surgimento de uma sólida corrente nacionalista fundamentada – principalmente – no modelo defendido por Friedrich List ainda no século XIX cujos princípios foram aplicados nos Estados Unidos e Alemanha dos tempos da unificação. No Brasil durante a República Velha destacavam-se como adeptos do modelo nacionalista Arthur Bernardes, João Pandiá Calógeras, Monteiro Lobato defendendo estes – com diferenças pontuais – imediata industrialização financiada a partir do capital nacional quebrando, deste modo, a tradição exportadora mineral e agrícola. A crise econômica mundial iniciada em 1929 contribuiu para expor a tragédia de nossa dependência da exportação de produtos primários possibilitando o aprofundamento do debate em torno de uma proposta nacionalista tendo este aspecto o acréscimo da divisão política das oligarquias e instabilidade ocasionada por militares revoltosos desembocando este caldo no movimento revolucionário chefiado por Getúlio Vargas em 1930. Ocupando o poder Vargas lidera a modernização do Estado brasileiro, mas em função de complexas alianças políticas reunindo diferentes escolas econômicas observa-se no interior do governo acirrada disputa entre os defensores da ampliação do poder de intervenção estatal e aqueles propositores do modelo regulador defendendo estes o poder de intervenção estatal como forma exclusiva de atingir o mercado “ideal” oferecendo deste modo ampla liberdade ao capital nacional ou internacional. A legislação trabalhista surge neste contexto apresentando elementos claros de intervenção na tradicional liberdade do patronato em estabelecer o salário de sua conveniência aliado as longas jornadas de trabalho desconsiderando o direito ao descanso remunerado, férias, afastamento por motivo de saúde, trabalho do menor dentre outros. Por outro lado a legislação trabalhista, em nome da normalidade e superação da luta de classes, criou um atrelamento dos sindicatos ao governo destituindo estes de sua condição classista apresentando como subproduto o peleguismo praga ainda verificada em nossos dias. Entretanto considero importante observar a longa duração da aliança entre Getúlio Vargas e trabalhadores mantida, inclusive, após o seu afastamento do poder em 1945 garantindo ao ex-ditador o retorno democrático em 1951. Esta volta ao poder não ocorre sem os embaraços aliancistas verificados no período entre 1930 e 1945, todavia Vargas aparenta maior clareza quanto ao modelo econômico a ser adotado cercando-se – inicialmente – de jovens lideranças nacionalistas a exemplo de João Goulart ocupante do ministério do trabalho e Celso Furtado ocupante de cargos técnicos na área do planejamento. Deste núcleo nacionalista surgiu a primeira crise do governo Vargas quando o ministro João Goulart anunciou sua intenção em dobrar o valor do salário mínimo que ficara praticamente congelado durante o governo Dutra. O projeto foi duramente criticado, inclusive no interior do governo, ocasionando a demissão do ministro do trabalho afinal fortalecer o mercado interno permanecia aos olhos da elite econômica nacional um grave pecado o ideal, para estes, seria um consumo reduzido direcionando as energias para a exportação de minérios e produtos agrícolas reservando aos detentores do capital o consumo de artigos de luxo importados ficando os trabalhadores com o mínimo necessário e carregando nas costas este fardo de sustentar as excentricidades coloniais. Comprometida até a raiz do cabelo com o modelo agro-exportador esta mesma elite econômica tratou de minar o projet

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