petrobras magazine #62

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#62 | www.petrobras.com/magazine

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Petrobras Magazine #62 REPENSAR | otimizar recursos, reciclar materiais que seriam descartados, reutilizar produtos que eram considerados lixo: o mundo revê a lógica da gestão dos resíduos.

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Page 1: Petrobras Magazine #62

#62 | www.petrobras.com/magazine

Page 2: Petrobras Magazine #62

negócioPETROBRAS INVESTE PARA CRESCER

NO MERCADO DE ETANOL

entrevista

John A. PrestboUMA CONVERSA SOBRE

SUSTENTABILIDADE CORPORATIVA

meio ambiente

MAPEANDO A FAUNA E A FLORA NO BRASIL E NO MUNDO

volta ao mundo

CINGAPURA: PUJANÇA ECONÔMICA E INOVAÇÃO URBANA

LEIA_ a versão impressa

ASSISTA_ aos vídeos online

ACESSE _conteúdo extra no site

INTERAJA_ com a versão iPad

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OTIMIZAR RECURSOS, RECICLAR MATERIAIS QUE SERIAM DESCARTADOS,

REUTILIZAR PRODUTOS QUE ERAM CONSIDERADOS LIXO: O MUNDO REVÊ A

LÓGICA DA GESTÃO DOS RESÍDUOS

Page 3: Petrobras Magazine #62

GERENTE EXECUTIVO DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL_ WILSON SANTAROSA | GERENTE DE COMUNICAÇÃO INTERNACIONAL_ IZEUSSE DIAS BRAGA JUNIOR | GERENTE DE RELACIONAMENTO_ GILBERTO PUIG | GERENTE DE PROJETOS ESPECIAIS_ PATRICIA

DE MELLO DIAS | GERENTE DE MULTIMEIOS_ PATRICIA FRAGA DE CASTRO E SILVA | EDITORA E COORDENADORA_ ESTEPHANI BEILER ZAVARISE | EDITOR E COORDENADOR MULTIPLATAFORMA_ERIC MOREIRA SILVA | EDITORES_ BRUNA OLIVEIRA BAFFA,

CLAUDIA GISELE PERES MARTINS, JÚLIA GOULART JERONYMO, LEONARDO QUEIROZ DE SÁ, MONIQUE BENATI RANGEL, PAULA ALEXANDRE SCHUABB | SUPORTE ADMINISTRATIVO E LOGÍSTICO_ JOÃO LUIS DOS REIS MARTINS PENA | ESTAGIÁRIAS_RAPHAELA ARAUJO DE ARAUJO, RENATA SOUZA FARO, STEPHANIE SILVA DE OLIVEIRA

conselho editorial

ADRIANO FERREIRA LIMA_ RESPONSABILIDADE SOCIAL | EDUARDO GUTTERRES VILLELA _EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO | AUGUSTO LEONARDO DE GOES TIRRE_ ÁREA INTERNACIONAL | GUSTAVO MELIONE ABREU_ABASTECIMENTO | LIZA RAMALHO

ALBUQUERQUE_ CENTRO DE PESQUISAS MARIO ADRIANO VIEIRA CAMPANILE_ IMAGEM CORPORATIVA E MARCAS | MARIZA PELEGRINETI LOURENCO GRYNSZPAN_ ENGENHARIA | NILTON MARLUCIO DE ARRUDA_ SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE,

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E SAÚDE | ORLANDO COSTA GONÇALVES JUNIOR_ RELACIONAMENTO COM INVESTIDORES | PATRICIA ALVES DO REGO SILVA_RELACIONAMENTO COM O PÚBLICO INTERNO | PAULA DE OLIVEIRA ALMADA MORAES_IMPRENSA

SANDRA VASCONCELLOS CHAVES_GÁS E ENERGIA | VALÉRIO TITO GAMA_PETROBRAS BIOCOMBUSTÍVEL

#62 / 2012 - publicação trimestral da Comunicação Institucional da Petrobras

www.petrobras.com/magazine

_REPENSAR

PUBLISHER_ FLAVIO ROZEMBLATT | DIRETORA DE ATENDIMENTO_ PALOMA BRAGANÇA DIRETOR DE CRIAÇÃO_ MARCELO CORTAZIO | GERENTE DE PROJETOS _ PAULA WIEDERKEHR

EDITOR_ MARCO ANTONIO BARBOSA | REPÓRTERES_ANDRÉIA GOMES DURÃO / FRANCISCO BARBOSA / VINICIUS MEDEIROS DESIGNERS_ CIBELE BUSTAMANTE / PRYSCILLA BRITTO | WEB DESIGNER_ DIOGO ADIALA

ATENDIMENTO_ NATASHA BRUST | COORDENADOR DE MÍDIAS SOCIAIS_ ALEXIS PANNOPRODUTORA MULTIPLATAFORMA_ ANDRESSA XAVIER

GERENTE FINANCEIRA_ ROBERTA FERRAZ | REVISÃO_ KATHIA FERREIRA

A revista Petrobras Magazine não é vendida. Para solicitar assinatura, informações e enviar cartas ou sugestões, contate a redação: Petrobras/Comunicação InternacionalAv. República do Chile, 65, sala 1001 • Rio de Janeiro – RJ | CEP: 20031-912 Brasil

E-mail: [email protected]: www.petrobras.com/magazine

Conteúdo da edição fechado em 28/02/2012

A reprodução parcial ou total dos artigos desta publicação é autorizada mediante menção à fonte.© Copyright 2012 por Petrobras. Afiliada à Associação Brasileira de Comunicação Empresarial

realização

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Angola Rua Pedro Felix Machado, 51/2º andar – Luanda - 2665 ANGOLA | Tel: (244 2) 39 0330Argentina Av. Maipú, 1 - Buenos Aires – C1084ABA - ARGENTINA | Tel: (54 11) 4344-6072

Bolívia Centro Empresarial Equipetrol, Av. Leigue Castedo, 1700 - Santa Cruz de La Sierra - BOLIVIA|Tel. piloto: (591) 3667000Chile Av. Cerro Colorado, 5240 - piso 14 / Região Metropolitana – Lãs Condes Santiago – CHILE| Tel: (00562) 328 4700

China Level 12th floor, units 21-25 - China World Tower 1 -JianGuoMenWai Avenue, Beijing - 100004 CHINA Tel: (86 10) 650 598 37Cingapura 8 EU Tong Sen Street #22-89, The Central, Singapore 059818 – SINGAPORE | Tel: (65) 6550 50 92

Colômbia Carretera 7, 71/21 - Edifício Bancafe / torre B - 17º piso – Santa Fé de Bogotá / DC – COLOMBIA | Tel: (57 1) 313 5000Cuba Centro de Negócios Miramar – Edifício Beijing, Piso Nro.2, Oficina 216 – Avenida 3º, entre 76 e 78, Miramar – Municipio Playa, – Ciudad de La Havana, CUBA

Equador Esquina de Av. Amazonas N 39 123 y José Arízaga, Edificio Amazonas - Plaza, piso 5, Quito – ECUADOR | Tel: (592-2) 2985-300EUA - Houston 10350 Richmond Avenue, Suíte 1400– Houston, TX - 77042 USA | Tel: (1 713) 808-2000

EUA – Nova York 570 Lexington, 43rd floor, New York -10022-6837 USA | Tel: (1 212) 829 1517Holanda Weenapoint, torrent A - Weena 722, 3e. Verdieping – 3014 DA - Rotterdam – THE NETHERLANDS | Tel: (31 010) 206-7000

Japão - Tóquio - JA Bld 14 th Floor, Otemachi 1-3-1, Chiyoda-ku - Tokyo 100-6814 Tel: 081-3-5218-1200Japão - Okinawa - 858 Aza Onaha, Nakagami-gun, Nishihara-cho, Okinawa Ken 903-0210 Tel: 081-988-882-9555

Líbia Al Fateh Tower, 2 - rooms 156 and 157 - Tripoli – LIBYA | Tel: (218 91) 215-0634México AVENIDA Paseo de la Reforma, 115, piso 11, oficina 1101 Colonia Lomas de Chapultepec - México/DF - 11000 MÉXICO| Tel: +52 (55) 30 67 91 00

Namíbia Ground Floor, Unit 3 Haussmann Plaza Dr Agostinho Neta Rd Windhoek, NAMÍBIANigéria Plot 98, Adeola Odeku Street - 5th Floor, Victoria Island Lagos – NIGERIA | Tel: (+234 1) 462-1300

Paraguai Avda. Aviadores del Chaco esq. Cañada., 2806/Edif. Petrobras San Jorge - Asunción – PARAGUAY| Tel: (595 21) 618 1592 Peru Amador Merino Reyna, 285 piso 5 - San Isidro Lima – PERÚ | Tel: (51 1) 222 4455

Portugal Lagoas Park, Edifício 11/1º Norte - Porto Salvo – Oeiras - 2740-270 - PORTUGAL | Tel: (351 210) 992 845 Reino Unido 4th floor, 20 North Audley Street, London - W1K 6WL - UK | Tel: (44 0 20) 7535 1100

Tanzânia Off Chole Road, Plot 1403/1A - Masaki Area – Dar Es Salaam - 31391 - TANZANIA | Tel: (255 22) 216 5676 Turquia Iran Caddesi, Karum Is Merkezi, 5.Kat, F Asansoru, 427 / 21 - Kavaklidere Cankya – Ankara - 6680 - TURKEY| Tel: (90 312) 457 6222

Uruguai Plaza Independência, 831 - piso 10, CP 11100 – Montevideo - URUGUAY| Tel: (598 2) 500-84-00Venezuela Av. Venezuela del Rosal, Edificio Torre Lamaletto, piso 8 Caracas – VENEZUELA| Tel: (58 212) 957-7300

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John A.Prestbo, do Dow Jones Sustainability Index: detalhando o conceito de sustentabilidade corporativa numa entrevista em Nova Jersey

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[1] edu monteiro, fotógrafo_ “Fazer as fotos da capa

desta edição foi um trabalho ótimo! Além de um resultado

estético bacana, quebrar vidros e garrafas é muito mais

divertido do que parece. É quase uma terapia.” [2] andré

motta de souza, fotógrafo_ “Fotografar em Urucu

foi descobrir uma floresta gigante cheia de pequenos

detalhes!” [3] jack hagley, infografista_ “A primeira

palavra que aprendi a falar foi ‘trator’. Qualquer trabalho

que envolva desenhar uma dessas máquinas, como no

infográfico sobre o etanol de segunda geração, me

preenche com uma alegria infantil.” [4] alcir da silva,

fotógrafo_ “Fotografar na sede do Dow Jones Indexes em

Nova Jersey foi uma experiência interessante. O ambiente

de trabalho é bem mais calmo do que o típico cotidiano

de Wall Street.” [5] stefan hess, fotógrafo_ “Visitar a

Usina Cruz Alta nos dá a dimensão exata do potencial do

etanol para o futuro da energia brasileira.”

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Produção da capa da Petrobras

Magazine: buscando traduzir em imagens os temas ligados à gestão de resíduosot

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_AOS LEITORES

Na edição 62 da Petrobras Magazine, buscamos informações em vários lugares do mundo para manter você atualizado sobre o universo da

energia. Nossa equipe foi a Nova Jersey, nos Estados Unidos, conversar com John Prestbo, diretor executivo do Dow Jones Sustainability Index. O encontro rendeu uma entrevista objetiva, na qual Prestbo fala sobre

sustentabilidade corporativa, transparência na gestão e a importância do comprometimento dos executivos com os interesses dos stakeholders.

Saindo dos Estados Unidos e pousando na base da Petrobras em Urucu, na Amazônia brasileira, fomos em busca de um olhar mais próximo

da floresta, conhecida por sua imensidão verde. A fotografia macro foi a técnica escolhida para captar os pequenos detalhes que revelam a riqueza da flora e da fauna amazônica. Algumas dessas espécies únicas

e exuberantes você vai poder ver aqui.

Da Amazônia, fomos para Cingapura, destaque da seção Volta ao

Mundo. Sua vocação comercial e a postura inovadora em termos de urbanismo estão entre os motivos pelos quais escolhemos a cidade-

estado para esta edição. Voltando ao Brasil, ainda tivemos fôlego para visitar a usina Cruz Alta, no estado de São Paulo, a fim de mostrar as perspectivas para o etanol no Brasil e no mundo – e a crescente

participação da Petrobras nesse mercado.

Iniciativas desenvolvidas em diversos lugares do mundo também são apresentadas na reportagem de capa, que aborda o desafio global da gestão de resíduos. Mostramos como empresas, governos e cidadãos

estão buscando reaproveitar de maneira eficaz o que seria descartado, utilizando diversos tipos de resíduos como matéria-prima para a produção de outros materiais – poupando, com isso, dinheiro e recursos naturais.

Desafio também é a palavra-chave para Maria das Graças Silva Foster, a primeira mulher a assumir a presidência da Petrobras. Saiba mais sobre

esse e outros assuntos relacionados à companhia na seção Notícias.

Para que mais pessoas possam acompanhar nosso conteúdo em iPad, agora o aplicativo da Petrobras Magazine também tem uma versão em inglês, que pode ser baixada gratuitamente na App Store. Você encontra ainda todo o conteúdo da revista impressa, além de fotos, infográficos e

vídeos inéditos, no site www.petrobras.com/magazine.

Equipe Petrobras Magazine

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como curtir a revista

A Petrobras Magazine não se esgota no papel. Boxes com esta cor, espalhados pela edição, indicam que há uma extensão do conteúdo da reportagem em questão, seja na internet (no site www.petrobras.com/magazine) ou na versão iPad da revista. Nossa informação vai até você, de forma dinâmica. Nova Petrobras Magazine. Interconectada e integrada. Interativa e atual. Leia. Acesse. Participe. Curta.

iPad_

Interatividade,

vídeos, áudio,

fotos e textos

web_

www.petrobras.com/

magazine: site oficial

com fotos, vídeos,

infográficos e textos

facebook_

atualizações, novos conteúdos

e comentários: facebook.com/

fanpagepetrobras

revista impressa_

Nossa equipe em Urucu, na Amazônia: ensaio com macrofotografia para capturar detalhes impressionantes

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_ENTREVISTAUma conversa com John Prestbo, diretor executivo do Dow Jones Sustainability Index

_COMO ISSO FUNCIONA

Etanol de segunda geração

_VOLTA AO MUNDO

Cingapura: economia vibrante e urbanismo

sustentável

_ECONOMIAAs mudanças nos

fluxos do comércio mundial de petróleo

_NOTÍCIASAs últimas novidades sobre a atuação da Petrobras

_NEGÓCIOO crescimento da

Petrobras no mercado brasileiro

de etanol

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_EM DISCUSSÃOO maestro Luis Szarán e a

esperança que nasce do lixo

_MEIO AMBIENTE

Empresas e instituições de pesquisa unidas em prol do conhecimento

_ENSAIONossas lentes

ampliam a fauna e a flora da Amazônia

_DESAFIOGLOBAL

Repensando os resíduos: novos usos e soluções para um

problema antigo

ÍNDICE#62_REPENSAR

_VISÃO GERALComo e onde a Petrobras

atua pelo mundo

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O diretor executivo do DOW JONES SUSTAINABILITY INDEX analisa como as maiores empresas do mundo vêm tratando questões como TRANSPARÊNCIA na gestão, RESPONSABILIDADE SOCIAL e SUSTENTABILIDADE corporativa

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ara ser sustentável, uma empresa deve ter consciência de sua presença na sociedade e isso deve orientá-la na definição da maneira de conduzir seus negócios.” A afirmação é de John A. Prestbo, diretor executivo do Dow Jones Sustainability Index (DJSI – Índice de Sustentabilidade Dow Jones), ranking apurado anualmente desde 1999 pela Dow Jones Indexes, renomada empresa norte-americana de pesquisas e estudos socioeconômicos. O DJSI define quais corporações, entre as 2.500 maiores do mundo, estão na frente quando se trata de sustentabilidade.

Para entender um pouco mais o DJSI e as questões ligadas à sustentabilidade corporativa, a Petrobras

Magazine foi à sede da companhia, em Nova Jersey (EUA), para conversar com John Prestbo. O jornalista, figura recorrente em debates sobre o tema na mídia dos EUA, coordena o DJSI desde sua fundação e traçou um amplo panorama sobre a sustentabilidade – suas implicações econômicas e sociais, sua influência sobre o desempenho financeiro das empresas e os retornos, tangíveis ou não, do investimento em práticas sustentáveis.

Para começar, como o Dow Jones Sustainability Index define desenvolvimento sustentável? John A. Prestbo: Nós o chamamos de sustentabilidade corporativa. Trata-se de empresas que incorporam práticas de sustentabilidade em sua estratégia de negócios, visando aumentar seu valor de mercado. Uma empresa que atua corretamente mas não é lucrativa não é sustentável por si só. Temas ligados à sustentabilidade – como meio ambiente, políticas trabalhistas ou proteção do capital intelectual – devem ser levados em conta na tomada de decisões para se seguir em frente.

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Em relação ao desempenho financeiro das grandes empresas, vale a pena investir em sustentabilidade? John A. Prestbo: Vale a pena, por uma série de razões. Em muitos casos, as práticas de sustentabilidade realmente economizam dinheiro, reduzindo os custos para as companhias, ou podem abrir novos mercados. Nos círculos sobre sustentabilidade, fala-se sobre as empresas atuarem sob uma espécie de “licença para operar”, o que significa a aceitação dessa companhia pela sociedade, sua presença nas comunidades e na vida da população, de seus clientes e de seus funcionários. Assim, as corporações se mantêm ativas de comum acordo com aqueles que lidam com elas e que trabalham para elas. Para ser sustentável, uma empresa deve ter consciência de sua presença na sociedade, e isso deve orientá-la na definição da maneira de conduzir seus negócios. Como a apuração dos resultados e a definição do Índice são feitas? As empresas são observadas constantemente ou apenas durante um determinado período? John A. Prestbo: Fazemos uma avaliação anualmente. Ela começa em fevereiro, quando enviamos uma carta para as 2.500 maiores empresas do mundo, convidando-as a participar do processo. Em seguida, elas recebem uma senha para o nosso site, no

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qual podem se inscrever, ou não. Desde que começamos, em 1999, temos visto um aumento constante no número de empresas participantes. Também houve um aumento – porém, em um nível inferior – de empresas que divulgam seus relatórios de sustentabilidade, tornando públicos os tipos de dados que podemos usar para responder ao questionário que usamos na avaliação. Fazemos a avaliação na Suíça, usando mecanismos de pontuação que orientam nossos analistas. Cada um deles está bastante familiarizado com os detalhes de uma indústria específica – eles sabem quais são as tendências, quais são os problemas. Eles compilam os resultados e selecionamos os top 10 de cada segmento da indústria. O Índice é fechado em setembro. Então, monitoramos essas empresas através de sites que reúnem informações não só de agências de notícias, mas também de organizações não governamentais. Se surge uma situação na qual uma empresa não se comportou adequadamente, não agiu de forma direta e transparente, isso é registrado pelos analistas. E o caso é levado a um comitê que vai decidir se a corporação permanece ou não no Índice. No início de 2011, tivemos que eliminar a companhia de energia elétrica de Tóquio (Japão) – não por causa do terremoto, mas porque, obviamente, a empresa não tinha os procedimentos de segurança em mãos como alegavam ter, e a sua reação diante da emergência foi um tanto caótica (o terremoto ocorrido no Japão em março de

2011 provocou graves danos no fornecimento de energia

no país, incluindo vazamento de material radioativo em

sete usinas nucleares). Por isso, nós a removemos do Índice. Fizemos isso publicamente e anunciamos as razões. Normalmente, tal situação ocorre quando algum evento expõe fraquezas que não eram evidentes antes.

O DJSI foi lançado em 1999. Como vê as mudanças que ocorreram nesse período em relação às atitudes das empresas quanto à sustentabilidade?John A. Prestbo: É um processo em andamento. Quando começamos, a Europa era, de longe, o lugar em que as corporações adotavam a sustentabilidade de forma mais ampla do que em qualquer outro lugar do mundo. Nos Estados Unidos, tivemos que explicar o que era sustentabilidade, pois essa não era uma palavra muito usada. Era um país que levava em conta as questões sociais e éticas como parte das decisões sobre investimentos, mas isso era realizado principalmente por meio da exclusão de algumas indústrias de seu portfólio. Entretanto, acreditamos que uma empresa pode estar em qualquer segmento legal de negócio e ainda assim praticar a sustentabilidade. Claro que o fato de atuar em certos segmentos, como tabaco ou armas de fogo, apresenta alguns riscos para a empresa. E as práticas de sustentabilidade lidam com esses riscos, com o modo como eles são gerenciados e mitigados. Da mesma maneira, a sustentabilidade pode representar oportunidades para as empresas. Por exemplo, algumas companhias de petróleo estão agora envolvidas na pesquisa de células de combustível, ou de baterias. São oportunidades no campo da energia renovável e essas corporações não querem deixá-las passar. Elas poderiam pensar de forma muito limitada e ficar restritas ao negócio de petróleo e gás. Mas,

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se pensarem de modo mais abrangente, verão que estão no negócio de energia, não apenas no de petróleo. Essas companhias não querem que seus acionistas percam tal oportunidade. Ou seja, a sustentabilidade não é um conceito excludente. É uma ideia inclusiva e está relacionada à gestão dos riscos e à exploração de oportunidades que se apresentam nos campos ambiental, social ou econômico. E está sempre em evolução, seguindo em frente.

Falando especificamente sobre o mercado de energia, como avalia as empresas do setor? Quais foram os principais avanços realizados em sustentabilidade na área desde 1999?John A. Prestbo: As empresas estão mais cientes de que a energia significa mais do que apenas petróleo e gás. Em 1999, algumas grandes empresas nos Estados Unidos, na Europa, na Ásia e, provavelmente, na América Latina também, focavam apenas a exploração e produção de petróleo e gás. Hoje, passaram a ver que a energia é algo maior, mais diversificado. Definitivamente, os horizontes se expandiram. As corporações estão mais atentas à segurança dos trabalhadores. A indústria acordou e aumentou a segurança nas áreas onde os acidentes podem acontecer. Mas as empresas ainda não se sensibilizaram tanto a respeito do que podemos chamar de “consequências ambientais involuntárias”. O consumo de energia tem repercussões ambientais. Em 1999, elas pareciam estar dizendo: “Ei, isso não é problema nosso!” Agora, estão se tornando mais conscientes de que sim, elas fazem parte desta sociedade, e são parte do planeta. Houve uma mudança de pensamento e, em muitos casos, de atitude. Entretanto, é um processo irregular e desigual em cada indústria, porque a prioridade de sobreviver até o próximo ano tem precedência. Além disso, várias práticas de sustentabilidade exigem constância para acontecer. Deve haver sistemas de informação com dados sobre emissões, sobre as práticas dos trabalhadores em lugares diferentes do mundo, coisas desse tipo. E leva tempo para reunir essas informações e colocá-las em um sistema de dados que

dialogue inteligentemente com os decisores. Muito progresso tem sido feito apenas colocando a informação certa no lugar certo. Mas não basta ter a capacidade de reunir as informações, é preciso entregá-las de uma forma compreensível para quem toma as decisões. Um dos lemas que norteiam o DJSI é “O que é medido é feito”. Quais são as principais questões enfrentadas ao se tentar medir exatamente quão sustentável uma empresa é? John A. Prestbo: Métricas são muito importantes porque elas estabelecem uma linha de base e são

uma forma de marcar pontos. Investidores contabilizam ganhos pelo preço das ações. Executivos, pela renda e pelos bônus. Mas quando se trata de realmente gerir um negócio que se torna mais e mais complexo à medida que a companhia vai crescendo, a menos que você tenha uma maneira de verificar o seu progresso ou os resultados das decisões que você tomou, vai perder o controle de todas as coisas que acontecem ao seu redor. Com as métricas corretas,

você pode não apenas medir suas necessidades, mas também os resultados de suas escolhas. O que é medido é feito e, ao longo do tempo, é feito melhor. Dentro do panorama geral das preocupações com a sustentabilidade corporativa, quais áreas evoluíram mais e quais ainda precisam de atenção? John A. Prestbo: Nem todas as indústrias têm a mesma exposição às questões da sustentabilidade. As mineradoras, por exemplo, têm quesitos muito importantes a considerar sobre meio ambiente, segurança dos trabalhadores, transporte de material, entre outras coisas. Uma empresa de mídia é diferente. Seus problemas de segurança são questões de escritório. O progresso mais visível ocorreu nas indústrias mais duramente expostas às demandas da sustentabilidade. Elas acordaram para essa realidade mais cedo e tiveram que começar a fazer escolhas, caso contrário, não seriam capazes de contratar novos empregados, ou veriam a opinião pública se voltar contra elas. Essas empresas fizeram os maiores progressos em lidar com os riscos.

A SUSTENTABILIDADE NÃO É UM CONCEITO EXCLUDENTE.

É uma IDEIA INCLUSIVA e está relacionada à gestão dos riscos e à exploração

de oportunidades”

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Page 14: Petrobras Magazine #62

Podemos dizer que, hoje, o principal fator a ser levado em conta nas estratégias das empresas é a preocupação com projetos ligados à responsabilidade social? John A. Prestbo: Algumas empresas lidam muito bem com as questões de responsabilidade social. A 3M e a Intel, por exemplo, concedem aos seus trabalhadores um certo percentual do seu tempo de expediente para eles trabalharem no que quiserem. Isso não só aumenta o moral deles, criando bons sentimentos em relação à companhia, como abre as gavetas da inovação. E isso é socialmente responsável? Bem, a inovação cria empregos. E cria empregos não só no local em que a empresa está como também em lugares que realmente necessitam de alguns bons empregos. Contudo, oferecer essas oportunidades é outra decisão, que surge quando as empresas reconhecem essas necessidades. Elas têm que estar cientes da necessidade de postos de trabalho ou do desejo de crescimento econômico nas comunidades em que se instalam. Por isso, a inovação se torna algo socialmente responsável. Essas empresas não estão tentando consertar o mundo; apenas seguem sua estratégia corporativa, mas com consciência das necessidades e oportunidades. A responsabilidade social pode assumir muitas formas.

No índice há seis anosEm 2011, a Petrobras foi,

pelo sexto ano consecutivo,

selecionada para integrar

o Dow Jones Sustainability

Index, destacando-se em

critérios como política

ambiental, impactos sociais nas

comunidades, biodiversidade,

estratégia climática e

transparência. A empresa

também figura entre as

companhias de energia com

as melhores práticas de gestão

no mundo. De acordo com a

avaliação mais recente do Índice,

a Petrobras obteve melhora

na avaliação das dimensões

econômica e social e manteve

seu desempenho na dimensão

ambiental. E, pela quinta

vez, obteve a nota máxima

no critério transparência.

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Page 15: Petrobras Magazine #62

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A PRESTAÇÃO DE CONTASagora é identificada como um

ponto importante nas empresas bem geridas. E o movimento de

sustentabilidade ajudou a AUMENTAR A CONSCIÊNCIA a respeito disso entre

uma parcela maior da população”

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No que diz respeito à responsabilidade em relação aos seus investidores, em que medida o investimento em sustentabilidade é benéfico e desejável para as grandes empresas? Além disso, em relação às decisões ligadas à governança corporativa, qual o peso da transparência nas análises do Dow Jones? John A. Prestbo: Nós somos grandes fãs da transparência. As pessoas a interpretam de maneira errada, às vezes. Elas dizem: “Não queremos divulgar todos os nossos segredos.” Mas não é isso que a transparência é. Significa, simplesmente, ser aberto sobre a forma como as decisões são tomadas e ser sincero sobre as questões levadas em conta ao tomar essas decisões. Isso é importante para os acionistas. Tudo o que tem sido identificado como prática de sustentabilidade tem uma influência direta sobre a saúde e o futuro da empresa. Governança corporativa é uma grande parte do processo de transparência. As empresas nem sempre podem dizer o que vão fazer no próximo mês, ou no próximo ano, mas podem dizer que têm pessoas em seus Conselhos de Administração e em seus Comitês Executivos com um bom currículo e que representam este e aquele segmentos da base de stakeholders. E assim podem assegurar que a governança não vai ser sequestrada por alguém que se desvia para alguma direção estranha. Porém, quando algo errado acontece, o que vejo agora são mais e mais pessoas perguntando: “Onde diabos estava o Conselho de Administração, que permitiu que isso ocorresse?” Os acionistas e stakeholders esperam que as empresas ajam

pensando no interesse deles e não no interesse de alguns executivos. A responsabilidade, ou melhor, a prestação de contas, agora é identificada como um ponto importante nas empresas bem geridas. E acho que o movimento de sustentabilidade ajudou a aumentar a consciência a respeito disso entre uma parcela maior da população. O DJSI já observou alguma mudança no comportamento dos investidores – em busca de retornos a longo prazo, em vez de a curto prazo? John A. Prestbo: Não. As pessoas investem porque querem retorno. E seu cronograma é, frequentemente, diferente do das empresas. Elas não gostam quando o mercado vai mal, ficam infelizes quando isso acontece e ficam especialmente infelizes quando suas ações caem e o resto das ações no mercado sobe (risos). Seu foco está em crescimento constante e retorno. Por outro lado, as práticas de sustentabilidade e seu retorno se dão em um prazo

muito mais longo. Essas duas perspectivas seriam equalizadas se as empresas combinassem ou integrassem os seus relatórios de responsabilidade social aos seus relatórios financeiros. Os investidores ainda não adquiriram a capacidade de avaliar as práticas de sustentabilidade por si sós, extraindo dessas informações orientações para seus investimentos.

Novas tendências influenciam os questionários usados na composição do Índice Dow Jones? Você poderia citar alguma?John A. Prestbo: Uma das questões incluídas no questionário e que estará presente no ano que vem de forma mais detalhada é a escassez de água. Em 1999, isso era algo a que não prestávamos atenção, mas que agora se tornou um assunto fundamental. Fazemos hoje perguntas sobre o uso da água nas empresas, sobre como elas protegem seus suprimentos de água... Portanto, esse é um exemplo de uma tendência que tem sido incorporada ao longo dos últimos anos.

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Na mais recente edição do prêmio Platts Global Energy

Awards, entregue em dezembro em Nova York, a Petrobras

foi duplamente premiada, sendo apontada como Empresa de

Energia e como Produtora de Energia do Ano. A agência Platts,

uma das líderes mundiais em informações sobre energia e

commodities, ressaltou a representatividade e os avanços da

Petrobras no setor de energia e gás. Foram avaliados critérios

como inovação tecnológica, responsabilidade ambiental, eficiência

e compromisso com a sustentabilidade. Ao receber a premiação,

o então presidente da empresa, José Sergio Gabrielli de Azevedo,

destacou “o reconhecimento de que a Petrobras está trilhando o

caminho certo”. A companhia também foi finalista nas categorias

Liderança do Setor e CEO do Ano. A agência Platts realiza o Platts

Global Energy Awards há 12 anos com o objetivo de homenagear

empresas de energia por seu desempenho e inovação.

A EMPRESADE ENERGIA DE

2011

A nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva

Foster, tomou posse do cargo em 13 de fevereiro. Graça,

como é conhecida, substitui José Sergio Gabrielli de

Azevedo, que presidiu a companhia por seis anos e sete

meses. Funcionária de carreira da empresa há 32 anos, a

executiva é a primeira mulher a ocupar o posto desde a

criação da Petrobras, em 1953. Graduada em Engenharia

Química, com mestrado na mesma área, pós-graduação em

Engenharia Nuclear e MBA em Economia, a nova presidente

atuava, desde 2007, como diretora de Gás e Energia. Além

de diversos cargos executivos na empresa e em subsidiárias

do sistema, Graça exerceu ainda a função de secretária

de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do

Ministério de Minas e Energia entre 2003 e 2005.

Também tomaram posse os novos diretores das áreas de

Exploração e Produção, José Miranda Formigli Filho; de

Gás e Energia, José Alcides Santoro Martins; e Corporativa

e de Serviços, José Eduardo de Barros Dutra.

A PRIMEIRA MULHER a presidir a Petrobras

Page 17: Petrobras Magazine #62

Com investimento de R$ 424 milhões, o Parque Eólico de Mangue Seco, primeiro parque eólico da

Petrobras, entrou em operação comercial em novembro de 2011. Localizado no estado do Rio Grande

do Norte, no Nordeste do Brasil, ele é formado pelas usinas Potiguar, Cabugi, Juriti e Mangue Seco.

A usina de Potiguar entrou em operação comercial em 26 de agosto, e as de Cabugi e Mangue Seco,

em 24 de setembro e 6 de outubro de 2011, respectivamente. Todo o parque eólico está em operação

comercial desde o início das atividades da última usina, a Juriti, em 1º de novembro.

Situadas no entorno da Refinaria Clara Camarão, em Guamaré, as usinas são constituídas por 52

aerogeradores de 2 megawatts (MW) cada, o que faz com que o Parque Eólico de Mangue Seco

possua a maior capacidade instalada no Brasil com esse tipo de aerogerador (104 MW), suficiente para

suprir com energia elétrica uma população de 350 mil habitantes. A energia gerada pelas unidades

será disponibilizada para o Sistema Interligado Nacional. A usina Cabugi foi construída em parceria

com a Eletrobrás; a Mangue Seco, em parceria com a Alubar Energia; e as de Potiguar e Juriti, em

parceria com a Wobben WindPower.

Parque eólico DA PETROBRAS ENTRA EM OPERAÇÃO COMERCIAL

Declaração de comercialidade

DA ÁREA DE GUARÁNo final de dezembro, a Petrobras apresentou a Declaração de Comercialidade da acumulação de petróleo e gás na

área de Guará, no Pré-Sal da Bacia de Santos, à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O novo campo tem volume recuperável total estimado em 2,1 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) – um dos

maiores do país. Na proposta encaminhada à ANP, o consórcio do Bloco BM-S-9, operado pela Petrobras, sugeriu que

o campo, formado por reservatórios com petróleo de boa qualidade (300 API), seja denominado Sapinhoá (nome em

tupi-guarani de um molusco marinho). O consórcio também apresentou à ANP o Relatório Final do Plano de Avaliação

da área, onde foram perfurados quatro poços, incluindo um de Aquisição de Dados de Reservatórios. Em três poços

foram concluídos quatro testes de formação, além de um Teste de Longa Duração (TLD) de cinco meses no poço

descobridor. O TLD confirmou a excelente produtividade do poço descobridor, com manutenção da vazão durante todo

o período de teste, e revelou informações sobre as propriedades dos reservatórios. O Bloco BM-S-9 é operado pela

Petrobras (45%), em parceria com as empresas BG Group (30%) e Repsol Sinopec Brasil (25%).

DESTAQUE EM RANKINGda revista Institutional Investor

A Petrobras foi eleita pela revista Institutional Investor a empresa com a melhor prática de relações com

investidores no segmento de petróleo e gás. O resultado faz parte do ranking 2011 Latin American Executive

Team, promovido pela revista, que apresenta os melhores profissionais da área de Relações com Investidores da

América Latina, classificados por 572 analistas de mercado. Na mesma pesquisa, o então presidente da Petrobras,

José Sergio Gabrielli de Azevedo, foi eleito o presidente (Chief Executive Officer - CEO) do ano pelos analistas

de gestoras de fundos, e o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Almir Barbassa, como o melhor

executivo de finanças (Chief Financial Officer- CFO) no segmento de petróleo e gás. Com circulação global e 50

anos de existência, a Institutional Investor é uma das principais publicações sobre o mercado financeiro mundial.

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Gasoduto Lula-Mexilhão

COMEÇA A OPERAR NA BACIA DE SANTOS Considerado um marco para a engenharia brasileira, o gasoduto

Lula-Mexilhão, que liga o campo de Lula à plataforma Mexilhão,

localizada em águas rasas na Bacia de Santos, começou a ser

operado, em setembro de 2011, pelo consórcio do bloco BM-S-11,

formado pela Petrobras (65% - Operadora), em parceria com

a BG Group (25%) e Petrogal Brasil S.A. - Galp Energia (10%).

Com capacidade para escoar até 10 milhões de metros cúbicos

por dia, a instalação transportará o gás produzido no Polo

Pré-Sal daquela bacia. O projeto é estratégico não só para o

desenvolvimento da produção do Pré-sal da Bacia de Santos,

mas também para o aumento da flexibilidade no suprimento de

gás ao mercado brasileiro.

Trata-se do gasoduto de maior profundidade e comprimento de

duto rígido submarino já instalado no Brasil, com 216 quilômetros

de extensão, 18 polegadas de diâmetro e pressão de

operação de 250 bar (unidade de pressão). Ele parte de uma

profundidade de água de 2.145 metros (onde está ligado ao

navio-plataforma Cidade de Angra dos Reis, no campo de Lula),

até chegar a 172 metros, onde se conecta à plataforma de

Mexilhão - a maior unidade de produção fixa instalada no Brasil,

pertencente à Petrobras.

Lula-Mexilhão foi interligado ao gasoduto que liga o campo de

Mexilhão à Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato,

em Caraguatatuba (estado de São Paulo), para viabilizar

a chegada do gás à costa, e ao gasoduto Caraguatatuba-

Taubaté, que conecta o gás processado naquela unidade

à malha de distribuição de gás natural para o mercado

brasileiro. As instalações pertencem ao Sistema Petrobras.

Aviador Gérard Moss RECEBE CONDECORAÇÃOO aviador Gérard Moss, idealizador do projeto Rios Voadores (tema de

reportagem na edição 61 da Petrobras Magazine) recebeu, em 18 de novembro, a

medalha e o título de Membro da Ordem do Império Britânico (MBE), concedidos

pela rainha da Inglaterra, Elizabeth II. A condecoração, realizada no palácio de

Buckingham, em Londres, é um reconhecimento pelos serviços prestados pelo

aviador em questões relativas ao meio ambiente no Brasil. Piloto e engenheiro,

Gérard Moss naturalizou-se brasileiro há duas décadas e tem se dedicado a

promover a preservação e o uso racional das águas.

Por meio do projeto Rios Voadores, iniciado em 2007 e patrocinado pela Petrobras,

Moss viabilizou pesquisas sobre a influência, no clima brasileiro, das correntes de ar

carregadas de vapor de água que atravessam a Amazônia e levam a umidade para

outras regiões do Brasil - os chamados “rios voadores”. “Estou muito surpreso

e honrado por ter sido indicado para receber a condecoração MBE. Mas tenho

plena consciência de que esse reconhecimento vem graças à colaboração que tive,

durante muitos anos, de vários cientistas brasileiros, nos projetos Brasil das Águas

(realizado entre 2003 e 2004) e Rios Voadores, e à confiança dos responsáveis pelo

Programa Petrobras Ambiental”, diz Moss. Foto

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Nova descoberta no Golfo do MéxicoUma nova descoberta de petróleo na extremidade

sudoeste da área de concessão Walker Ridge, em águas

profundas na porção norte-americana do Golfo do

México, foi comunicada, em novembro de 2011, pelo

consórcio formado pela Petrobras América (35% de

participação), Statoil (operadora, com participação de

35%), Ecopetrol America e OOGC (participações de 20% e

10%, respectivamente).

A descoberta de Logan está localizada a cerca de

400 quilômetros a sudoeste de Nova Orleans, a uma

profundidade de água de aproximadamente 2.364

metros, e ocorreu por meio da perfuração do poço WR

969 #1 (Logan #1), no bloco WR 969. Novas atividades

exploratórias definirão os volumes recuperáveis e a

comercialidade de Logan.

No Golfo do México norte-americano, a Petrobras é a

operadora dos campos de Cascade (100%) e Chinook (66,7%)

e detém participação nas descobertas de Saint Malo (25%),

Stones (25%), Tiber (20%), Hadrian South (23,3%), Hadrian

North (25%) e Lucius (9,6%), todas com importantes reservas

de petróleo. Detém ainda outras áreas de concessão

exploratória na região, que serão testadas posteriormente.

O troféu mais valioso do mundoA riqueza das reservas do pré-sal

se encontrou com o mundo do

automobilismo no último Grande

Prêmio Petrobras do Brasil de

Fórmula 1, realizado em novembro,

em São Paulo. Os três primeiros

colocados (Mark Webber, Sebastian

Vettel e Jenson Button), além da

equipe vencedora, Red Bull Racing,

receberam troféus que traziam

incrustadas rochas retiradas da

camada pré-sal.

A narrativa “Do Fundo do Mar ao Topo do Pódio – O Troféu

Mais Valioso do Mundo”, que pode ser conhecida no site

www.petrobras.com.br/trofeu, mostrou como grandes

desafios podem ser vencidos com muita tecnologia, espírito

de equipe, talento e superação. A saga da rocha, desde

o pré-sal até as mãos dos vencedores do GP, foi contada

por meio de iniciativas multimídia compostas por vídeos

publicados no site da Petrobras, campanha publicitária, ações

promocionais e um concurso cultural nas redes sociais.

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Encerrado no dia 15 de janeiro, após cerca

de nove mil quilômetros percorridos entre

Mar del Plata (Argentina) e Lima (Peru), o

Rally Dakar 2011 contou com uma atuação

marcante da equipe Petrobras Lubrax – que

há 25 anos participa da competição. A equipe

conquistou a melhor posição do Brasil no

rally, com a 8ª colocação, na classificação

geral, do caminhão Tatra pilotado pelo

trio André Azevedo, Maykel Justo e Mira

Martinec. Os outros dois veículos da equipe

Petrobras Lubrax também completaram

a competição, considerada uma das mais

difíceis do mundo. A dupla Jean Azevedo

e Emerson Bina Cavassin, a bordo de um

Nissan, chegou em 23º lugar entre os carros,

e Denísio do Nascimento, com uma Honda,

terminou em 24º entre as motos. Dos 443

veículos que largaram em 1º de janeiro

na cidade de Mar Del Plata, apenas 249

chegaram à capital peruana.

Marca histórica no RALLYDAKAR

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assista ao vídeo especial sobre esse

assunto em www.petrobras.com/magazine

e também no iPad

Page 21: Petrobras Magazine #62

o progresso repensado

O desenvolvimento tecnológico e industrial da humanidade trouxe consigo um acúmulo cada vez

maior de resíduos. EMPRESAS, GOVERNOS E CIDADÃOS hoje buscam modos de quebrar esse paradigma e de REAPROVEITAR ESSES MATERIAIS, GERANDO

RIQUEZA de onde antes só se enxergava lixo

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Etratado incorretamente, vai se transformar em lixo – e em desperdício, sujeira. Mas “resíduo” e “lixo” não são, necessariamente, sinônimos. Por trás da geração de todo o tipo de matéria indesejada, há uma outra indústria, feita de iniciativas, processos e pensamentos inovadores, que encara o desafio de lidar com os resíduos como uma fonte de oportunidades e de extração de riqueza. Nesse contexto, os chamados “3Rs” – reduzir, reutilizar e reciclar – além de outras formas de reaproveitamento, destacam-se não apenas como maneiras de dar novas aplicações ao que sobra, mas também de poupar dinheiro e recursos naturais. “Vamos continuar a ver uma necessidade crescente de capturar fontes de resíduos e reutilizá-las para ajudar a suprir a demanda mundial por materiais e para reduzir o impacto da obtenção desses materiais em estado bruto”, afirma Steve Eminton, jornalista inglês e editor do site LetsRecycle.com, referência na Europa em estudos sobre gerenciamento de resíduos e iniciativas ligadas aos 3Rs. Autor do livro Os Bilhões Jogados no Lixo, no qual debate a crescente produção de resíduos pela sociedade no Brasil e no mundo (e a riqueza desperdiçada no descarte incorreto dos mesmos), o economista brasileiro Sabetai Calderoni explica que “o que a sociedade enxerga como ‘lixo’ é, na verdade, produto de uma visão equivocada dos materiais” (veja entrevista

na página 27). Em função disso, além de prevenir o acúmulo de resíduos, é preciso que empresas, governos e pessoas repensem a forma como encaram esses materiais e o tratamento que dão a eles, buscando preservar o meio ambiente e, além disso, obter o melhor aproveitamento desses importantes recursos.

Água, o alvo principal do reúsoPraticamente não existem atividades industriais que possam prescindir da água – e sua importância para a manutenção da vida na Terra dispensa comentários. Descartar as águas residuais (termo industrial para qualquer água cujas características naturais são alteradas após o consumo doméstico ou industrial) na natureza não representa apenas um risco ambiental, mas também a perda de uma matéria-prima fundamental. Soluções inteligentes para minimizar o gasto de água e tornar seu tratamento (e consequente reúso) mais eficiente são prioridades em todo o mundo. Um exemplo de alta tecnologia aplicada ao reaproveitamento é o Sistema de Reabastecimento de Água Subterrânea (GWRS) desenvolvido pelas autoridades de Orange County, na Califórnia (EUA). Um processo de três etapas

xiste um sem-número de fatores pelos quais a humanidade pode avaliar seu desenvolvimento econômico e tecnológico ao longo dos últimos séculos. A Revolução Industrial, a evolução nos meios de transporte, o aumento da urbanização, o avanço das indústrias químicas e farmacêuticas, as usinas de geração de energia; tudo isso aumentou o bem-estar das populações e nos ajuda a ter uma vida mais agradável e prolongada. A partir da crescente mecanização da atividade fabril, iniciada na segunda metade do século 18 (com a introdução da máquina a vapor e outras inovações), até os dias de hoje, a produção de riqueza no mundo multiplicou-se mais de 10 vezes, de forma consistente, pela primeira vez na história da humanidade.

Porém, tão indesejada quanto inevitável é a constatação de que todo esse progresso implica a produção e o acúmulo, cada vez maiores, de resíduos. Não há processo industrial que não deixe restos e sobras, contribuindo, mesmo que de forma indireta, com o aumento da poluição. E as pessoas produzem uma quantidade crescente de material descartado que, se

Lixo eletrônicoA companhia coreana LG criou o programa

ecoMobilization, por meio do qual promove

a coleta de aparelhos eletrônicos usados (de

qualquer marca), o que evita o aumento do

chamado e-waste, que contém materiais

tóxicos e metais pesados. A iniciativa inclui

reutilizar os aparelhos antigos, reciclando

plástico e usando metais como ouro e

cobalto para outros fins.

Page 23: Petrobras Magazine #62

Comperj: um dos maiores projetos de reúso do mundoUm dos principais empreendimentos da história da Petrobras, o Complexo

Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), previsto para entrar em operação

em 2014, terá o maior projeto de reúso do Brasil e um dos maiores do mundo:

toda a água utilizada nos processos industriais será suprida por meio do

reúso. Águas residuais captadas e tratadas na cidade do Rio de Janeiro serão

transportadas, através de 17 quilômetros de dutos submarinos, até uma estação

de armazenamento no município de São Gonçalo; de lá, serão bombeadas

até o Complexo, por mais 32 quilômetros. No Comperj, a água passará

por novos tratamentos para então ser utilizada nos processos industriais.

Depois, a maior parte retornará para tratamento e novo reúso. O restante

será tratado e descartado de acordo com as normas ambientais. A vazão

prevista para o empreendimento pode alcançar 1.500 litros por segundo,

quantidade equivalente ao consumo de uma cidade de 750 mil habitantes.

garantem à Petrobras uma segura fonte de abastecimento de água”, afirma Carlos Gonzalez, coordenador de Recursos Hídricos da empresa. Entre as unidades que possuem projetos de reúso em curso, Gonzales destaca o Cenpes e a Refinaria do Vale do Paraíba (Revap, no estado de São Paulo), onde as iniciativas permitirão o reaproveitamento de centenas de milhões de litros de água por ano.

– microfiltragem, osmose reversa e aplicação de radiação ultravioleta e peróxido de hidrogênio – purifica águas residuais que seriam lançadas no Oceano Pacífico. O resultado é uma água cujas qualidade e pureza chegam a superar os padrões exigidos pelas leis estaduais e federais de água potável, e que pode atender às necessidades de cerca de 600 mil pessoas – o maior sistema de purificação de água para uso potável do mundo.

O emprego racional da água e a economia desse valioso recurso são prioridades para a Petrobras. A Coordenação de Recursos Hídricos e Efluentes da área de Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde (SMES) é responsável por prover diretrizes e ferramentas que contribuam para o uso racional da água em todas as operações da Companhia. Projetos como o Guia para Avaliação de Disponibilidade Hídrica (que orienta as unidades operacionais na avaliação da disponibilidade de água para o desempenho de suas atividades nas bacias hidrográficas onde estão localizadas) e o Inventário de Recursos Hídricos e Efluentes (que consolida dados de volume e qualidade de água captada e de efluentes descartados pelas instalações), além do desenvolvimento, pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), de tecnologias avançadas para tratamento e reúso de água, são algumas das iniciativas da empresa para a gestão eficiente do recurso. “Até 2015, vamos dobrar o volume de água reusada pela Companhia, que, em 2010, foi de 17 bilhões de litros. Além de reduzir a demanda por água nova para suas operações, a economia proveniente de ações de racionalização e reúso

web e iPad_

saiba mais sobre os projetos em

www.petrobras.com/magazine

e na edição em iPad

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Do alumínio ao cascalhoPalavra de ordem quando se fala em economia sustentável, a reciclagem hoje é uma indústria global que une iniciativas individuais, programas governamentais e investimentos de empresas privadas. Reaproveitar materiais e produtos descartados como matérias-primas que se transformarão em outros produtos é uma estratégia empresarial que gera economia, protege a natureza, poupa recursos naturais, diminui o gasto de energia e reduz a acumulação de resíduos. “A produção, o processamento e a disposição dos materiais na nossa moderna economia de descarte desperdiçam não apenas recursos, mas também energia”, sustenta o escritor Lester Brown, fundador do Earth Policy Institute e autor do livro Plano B 2.0: Resgatando um

Planeta Sob Stress e uma Civilização em Apuros.

As latas de alumínio, símbolo universal do potencial de reciclagem, são parte fundamental do negócio da Coca-Cola. Não por coincidência, a gigante do mercado de bebidas está na vanguarda do reaproveitamento de materiais em seus processos industriais. A filial britânica da empresa é exemplo mundial no tratamento de resíduos e na reciclagem de materiais. Em 2001, a Coca-Cola se comprometeu a reduzir a quantidade de resíduos em suas fábricas no Reino Unido. Ao investir na separação de resíduos, triagem e reciclagem de equipamentos, e mantendo o monitoramento contínuo de seu desempenho, a companhia chegou em 2010 à taxa de 99,5% de reciclagem de materiais. Quatro de suas seis fábricas já reduziram a zero o envio de resíduos a aterros sanitários.

“Investir na preservação da natureza também gera economia”, confirma Lucia de Toledo Camara Neder, consultora de Meio Ambiente da área de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras. Entre os esforços que a Companhia realiza no âmbito do controle e da

destinação dos resíduos está a cuidadosa separação de todos os materiais a serem descartados pelas unidades de produção. As plataformas em alto-mar, por exemplo, geram, entre outros resíduos, sucata metálica, restos de tinta, produtos químicos, borra oleosa (resultante do processo de separação do petróleo) e embalagens plásticas. O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da área de E&P monitora e contabiliza as quantidades geradas em cada plataforma e determina o encaminhamento que esses resíduos terão. A borra produzida nas plataformas da Bacia de Campos, por exemplo, segue para as unidades de tratamento de resíduos oleosos e é utilizada em fornos de cimento. A sucata é leiloada e reutilizada pela indústria siderúrgica. “Estamos sempre investindo em pesquisas sobre alternativas de reciclagem para outros tipos de resíduo. Atualmente investimos em pesquisas para reaproveitamento do cascalho, que é um dos resíduos gerados na perfuração de poços, para que possa ser usado na indústria de pisos cerâmicos (tipo porcelanato), e em pesquisas para utilização de borras oleosas como componentes de asfalto. E quase 100% dos resíduos de óleo lubrificante usado são aproveitados novamente, ao serem re-refinados”, explica Lucia.

Na Petrobras, a Coordenação de Resíduos e Áreas Impactadas da área de SMES, criada em 2001, estabelece diretrizes e orientações para aprimorar a gestão de resíduos na Petrobras, além de incentivar o uso de novas e mais limpas tecnologias de tratamento. Também reúne as iniciativas de monitoramento e reaproveitamento dos materiais que são descartados por toda a empresa. O Projeto de Minimização de Resíduos, iniciado em 2009, identifica as possibilidades de redução na fonte de geração, avalia ações de eficiência energética e ecoeficiência e testa novas tecnologias de recuperação e reúso. A metodologia é centrada primeiramente na identificação de medidas para evitar a geração, para só então atuar na redução, reutilização e reciclagem dos resíduos. “Visamos à minimização em si, olhando a geração dos resíduos, analisando seu potencial como matéria-prima e avaliando quais são os melhores”, explica Cláudio Henrique Dias Guimarães, coordenador de Resíduos e Áreas Impactadas da Petrobras. “Além disso, nos preocupamos também com o material gerado a partir de produtos da empresa e com a gestão dos resíduos por parte de nossos parceiros e fornecedores.”

Page 25: Petrobras Magazine #62

Reinjeção de CO2A busca por meios para gerir e reaproveitar os

resíduos não se restringe aos materiais sólidos e

líquidos. Com o compromisso assumido de não

liberar para a atmosfera o dióxido de carbono

produzido na exploração das reservas do pré-sal,

a Petrobras criou um programa para desenvolver

e implementar tecnologias que viabilizem a

captura, o transporte, o armazenamento e

o aproveitamento do CO2. Uma solução que

está sendo desenvolvida é a reinjeção de CO2

nos próprios poços de petróleo. No pré-sal, os

testes começaram a ser feitos em 2011, em um

poço-piloto na área de Lula, na Bacia de Santos.

Além de garantir que o CO2 produzido não seja

ventilado para a atmosfera, a injeção do gás, de

forma alternada com a água, poderá aumentar a

pressão dentro do poço e a fluidez do petróleo e,

consequentemente, o potencial de recuperação

do óleo (ou seja, aumentar a quantidade

de óleo que pode ser extraída do poço).

usinas da empresa, com projeto em andamento nos estados da Bahia e do Ceará. Cerca de 600 catadores filiados a cooperativas ou associações dessas regiões recolhem o óleo doado pela população das cidades no entorno das usinas e o vendem à Petrobras, o que também gera renda e postos de trabalho. Outro meio de extrair energia dos resíduos é o uso da casca da mamona (uma das oleaginosas da qual se produz o biodiesel) como combustível. “As empresas contratadas para descascar a mamona usam as cascas para abastecer as caldeiras das máquinas descascadoras, num ciclo virtuoso no qual o que seria resíduo vira fonte de energia”, explica Ricardo Prado Millen, coordenador de Desenvolvimento Agrícola da subsidiária Petrobras Biocombustível.

Essa simbiose entre o agronegócio e a produção de energia, via reaproveitamento de resíduos, atinge um ponto culminante na cidade alemã de Könnern, onde funciona a segunda maior usina de biometano do mundo. A partir do que sobra da colheita de milho de 30 fazendas nos arredores da usina – cascas, palha e outros detritos –, oito tanques gigantes produzem, por meio de fermentação,

Sorvete energéticoA Unilever, maior fabricante de sorvetes

do mundo, anunciou a construção de um

biodigestor capaz de transformar restos da

produção em energia. O aparato vai gerar

biogás a partir de resíduos de leite, nata,

proteínas, xaropes e pedaços de frutas e vai

suprir 40% de toda a energia da fábrica onde

estará instalado, nos Estados Unidos.

O descartável que vira energiaA transformação de resíduos em fontes de energia é vista como parte integral da política dos 3Rs em todo o mundo. Levantamento da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), agência que monitora os usos e o descarte de resíduos e dejetos de forma global, aponta que, apenas na Europa, cerca de 70 milhões de toneladas de lixo são utilizados anualmente na produção de energia, gerando eletricidade e aquecimento para 25 milhões de pessoas. “É um procedimento que previne a produção de gases que formam o efeito estufa, como o metano, e que emite menos dióxido de carbono do que o uso de combustíveis fósseis”, explica o analista grego Efstratios Kalogirou, pesquisador e membro da ISWA. “A transformação de resíduos em energia, em cooperação com a reciclagem, é o meio mais eficiente e integrado para resolver o problema do acúmulo de lixo nas grandes cidades”, sustenta. A Petrobras desenvolve diversas atividades de transformação de resíduos em novas fontes de energia. Os chamados óleos e gorduras residuais – especialmente o óleo de cozinha usado, que seria descartado – já são transformados, com sucesso, em matéria-prima para o biodiesel produzido nas

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30 milhões de metros cúbicos de biogás, que rendem 15 milhões de metros cúbicos de biometano, que são injetados diretamente na rede de fornecimento doméstico no norte da Alemanha. Além de gerar energia, essa forma de reutilização de resíduos também produz, como no caso do biodiesel, fertilizantes como subproduto. Quando da inauguração da usina, em 2009, uma representante da Associação Alemã de Biogás, Andrea Horbelt, afirmou que, até 2020, um quinto da demanda alemã por gás natural poderá ser atendida por biogás produzido a partir de resíduos agrícolas.

Cidades, pessoas, governos O empenho das empresas para reduzir o acúmulo de resíduos e dar novos usos a materiais descartados, entretanto, é apenas uma parte do esforço. Os governos dos países e cidades e a sociedade civil também precisam se organizar e encontrar maneiras para colocar em prática os ideais dos 3Rs. “Não dá mais tempo de esperarmos por um grande projeto que revolucione São Paulo ou qualquer outra metrópole. Iniciativas locais e informais precisam ser fortalecidas para se tornarem modelos replicáveis em vários cantos. Esse é um caminho mais possível para resolver os complexos problemas dos centros urbanos”, afirma Natália Garcia, criadora do projeto Cidades para Pessoas, que pesquisa ideias de planejamento urbano que possam inspirar cidades brasileiras.

Algumas “cidades-piloto” estão na frente do resto do mundo quando se trata de integrar a redução, a reciclagem e o reúso a seus projetos de urbanismo. São centros urbanos planejados com uma infraestrutura que minimiza o consumo energético e a interferência no ambiente em que estão inseridos. Um dos casos mais interessantes é o Distrito Empresarial Internacional (IBD) de Songdo, na Coreia do Sul, que estará completo em 2015. Songdo contará com postos de recarga para carros elétricos, edifícios que empregam uma grande porcentagem de material de construção reciclado e o uso de água do mar dessalinizada para irrigação. Também no Oriente, com um olhar voltado para o futuro do urbanismo,

está a Eco-Cidade de Tianjin, projeto de colaboração entre a China e Cingapura para criar uma cidade que, em meados da década de 2020, abrigará 350 mil pessoas. A Eco-Cidade deverá obter um mínimo de 50% da água para consumo por meio do reúso. Um sistema de gerenciamento de resíduos maximizará o potencial de reciclagem; além disso, 90% do trânsito na área urbana deverá se dar por meios “verdes” (transporte público, ciclismo, caminhadas), reduzindo a poluição e o consumo de combustível.

Outras cidades, já habitadas, vencem cotidianamente os desafios relacionados aos resíduos. Calgary, no Canadá, foi considerada em 2010 a cidade mais “verde” do mundo, em pesquisa global conduzida pelo instituto inglês de pesquisas Mercer, destacando-se por seus serviços de remoção de resíduos e tratamento de água. Já a cidade experimental de Arcosanti, nos Estados Unidos, apresenta a ideia da “arcologia” – mistura de arquitetura e ecologia. Os prédios são erguidos a partir dos materiais minerais encontrados na região, em integração com o panorama geológico. As construções são feitas para aproveitar ao máximo o sol como forma de iluminação; estufas onde são criadas plantas também são usadas para reter calor para aquecimento durante o inverno. Tudo para interferir o mínimo indispensável na paisagem natural.

3Rs na florestaNa Base de Operações de Urucu, na Amazônia, a

Petrobras mantém estrito controle da produção

e do descarte de resíduos. Todo o lixo orgânico

(2,5 toneladas diárias) passa pelo processo de

compostagem e é usado como adubo para

reflorestamento e jardinagem. Os materiais

recicláveis (plástico, sucata, papel) passam por

triagem e separação e são encaminhados para

indústrias especializadas em reciclagem. Resíduos

perigosos, como borra e óleo, são segregados

dos demais materiais, enviados para Manaus, no

estado do Amazonas, e utilizados em fornos de

indústrias de cimento.

Page 27: Petrobras Magazine #62

Não dá mais tempo de esperarmos por um GRANDE

PROJETO que revolucione São Paulo ou qualquer outra grande cidade”

NATÁLIA GARCIA,

PROJETO CIDADES PARA PESSOAS

No Brasil, entre os exemplos de cidades mais sustentáveis nesses aspectos, destacam-se Curitiba, no estado do Paraná (premiada em 2010 pelo Globe Award Sustainable City por sua preocupação com a educação ambiental) e Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul (que possui alta eficiência em coleta e reciclagem e no tratamento de água).

Ainda há, contudo, muito a ser feito. Anualmente, o país produz 61 milhões de toneladas de lixo e, de acordo com recente pesquisa da Associação Brasileira de Empresas

de Limpeza Pública, apenas 1,4% desse total é encaminhado para reciclagem. A recente instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada em 2010 pela Lei 12.305, deve mudar esse panorama. A lei determina que o governo federal elaborará um Plano Nacional de Resíduos Sólidos e prevê a extinção, até 2014, de todos os “lixões” (substituídos por aterros sanitários controlados) e a separação obrigatória entre resíduos orgânicos (encaminhados para a compostagem) e material reciclável. Define ainda que a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, desde sua produção na fábrica até o descarte pelo consumidor final, passa a ser compartilhada, abrangendo fabricantes, importadores, comerciantes, consumidores e os serviços públicos de limpeza urbana. “O Plano vai instituir o conceito da logística reversa, determinando que os fabricantes devem criar um sistema para reciclar as embalagens de seus produtos”, explica a socióloga Elisabeth Grinberg, coordenadora-executiva do Instituto Pólis, que participou das audiências que resultaram na redação final do documento.

Dar novas destinações ao que é descartado, enxergando oportunidades de extrair valor desses materiais: eis o desafio. O trabalho conjunto entre empresas, governos e cidadãos e o aumento da conscientização a respeito da necessidade de uma gestão eficiente dos resíduos está criando um panorama no qual o progresso não será, necessariamente, sinônimo de mais lixo – e sim de um ciclo virtuoso de reaproveitamento de matérias-primas e geração de riqueza.

Além do biodiselVendida inicialmente para pequenos

clientes, como saboarias e fábricas

de produtos de limpeza, a glicerina

resultante da produção do biodiesel

nas usinas da Petrobras agora é

exportada principalmente para

a China, onde é utilizada em

cosméticos, tintas e vernizes.

O produto é utilizado ainda de

forma ecológica na indústria,

como supressor de poeira, e

está sendo estudado pela própria

Petrobras para uso em atividades

de exploração e produção de

petróleo. “Hoje já existe um

mercado grande para a glicerina

e estudamos outras formas de

utilização, como combustível

e ração”, explica Aline Costa

de Andrade, coordenadora de

Qualidade de Produto da Petrobras

Biocombustível. A borra e o ácido

graxo, outros produtos da indústria

do biodiesel, também são vendidos

para saboarias. Já os resíduos do

processamento da mamona (um

farelo misturado a uma pequena

quantidade de óleo, chamado de

“torta”) viram fertilizantes.

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_Sabetai CalderoniAutor de mais de 20 trabalhos

de pesquisa na área ambiental,

coordenador de planos públicos de

reciclagem e coleta de resíduos no

Brasil e emissário da Organização

das Nações Unidas em projetos

de sustentabilidade na Ásia, na

África e na Europa, o brasileiro

Sabetai Calderoni afirma que

ainda há muito a fazer no âmbito

do reaproveitamento econômico

de resíduos. Mas é otimista.

“Estamos passando por uma

revolução silenciosa”, acredita.

Como avalia as mudanças

na atitude das empresas em

relação aos resíduos desde 1996,

quando o senhor lançou o livro

Os bilhões perdidos no lixo?

O potencial econômico da reciclagem

e do reúso ainda é muito pouco

explorado. Mas, entre as empresas e os

cidadãos, houve um grande despertar

em relação à questão. As companhias

precisam perceber que, sim, é possível

ter lucro com os resíduos. Reciclar

evita despesas com mineração e

exploração, gera economia de energia,

reduz gastos com água, transporte e

controle ambiental. No Brasil, creio

que veremos uma transformação

gigantesca no cenário, em vista

dos megaeventos (Copa do Mundo

e Olimpíadas) que vamos sediar.

Quais ramos da indústria estão

na frente na aplicação dos 3Rs?

A indústria das embalagens – plásticas

ou metálicas – é o destaque. Mas

também é o segmento que sofre a

maior pressão da sociedade. Os ramos

da química e da petroquímica exibem

bons resultados. No setor de energia,

há uma tendência positiva quanto à

aplicação de medidas compensatórias,

já que não é possível zerar efetivamente

a produção de resíduos.

De que forma consumidores

e empresas podem unir

esforços para um melhor

aproveitamento dos resíduos?

A logística reversa é um caminho

interessante. Na Alemanha, as

indústrias automobilísticas se

comprometem a receber os carros

antigos dos consumidores, quando

eles vão trocá-los por um modelo

mais novo. Os carros são desmontados

e reciclados e o custo da operação

é dividido entre a montadora e o

motorista. Também é uma solução

para os eletrodomésticos; na hora

de comprar uma TV nova, você leva

seu modelo antigo e devolve.

As companhias precisam perceber

que, sim, É POSSÍVEL TER LUCRO COM OS RESÍDUOS”

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_Luis SzaránMaestro paraguaio

com formação musical

aprimorada em estudos em

Roma (Itália) e Buenos Aires

(Argentina), Luis Szarán é,

desde 1990, diretor titular

da Orquestra Sinfônica da

Cidade de Assunção. Em

2002, iniciou o projeto

Sonidos de la Tierra, que

leva iniciativas de educação

musical a 72 comunidades

carentes no Paraguai e

inclui um programa de

construção de instrumentos

feitos de material reciclado.

O projeto, premiado em

2005 pela Fundação Skoll

(Estados Unidos), conta com

patrocínio da Petrobras.

vídeo_

assista ao vídeo especial sobre o projeto

Sonidos de la Tierra em

www.petrobras.com/magazine e no iPad

Page 31: Petrobras Magazine #62

A ORQUESTRA, UMA ESCOLA DA VIDA

Em uma pequena sala, encontra-se uma orquestra formada por filhos de gancheros – pessoas que trabalham em Cateura, lugar em que se deposita todo o lixo produzido na capital do Paraguai, Assunção, e no entorno. Enquanto isso, em uma sala contígua, uma comissão composta pelos pais dos alunos que fazem parte da orquestra está reunida para avaliar o trabalho e demonstrar quanto conseguiu juntar para contribuir com o projeto. Essas pessoas trabalham no depósito de lixo removendo os desperdícios para encontrar tudo o que possa ser utilizado, vendido ou reciclado. Como não há muita esperança nos resultados da arrecadação, aproxima-se da mesa Don Colá, um hábil carpinteiro que hoje vive daquilo que os outros jogam fora. De uma bolsa de plástico, ele tira uma espécie de violino feito de restos de uma panela velha, um garfo, madeira e quatro cordas. “É com isto que podemos contribuir no momento e queremos saber se funciona”, diz ele. Pouco a pouco, percebemos que, daquele pedaço de lata, poderiam surgir melodias e que uma criança conseguiria aprender, com muita dignidade, suas primeiras lições.

Don Colá nos deu uma lição valiosa: se temos vontade de nos superar, de olhar adiante, até mesmo com o lixo é possível construir as ferramentas para uma mudança positiva em nosso próprio destino. A ideia de Don Colá tornou-se uma orquestra inteira de instrumentos reciclados que viaja pelo mundo para mostrar que tudo é possível. É uma questão de atitude.

O “progresso de um povo” não é medido pelos resultados de seu produto interno bruto, pelo número de leitos hospitalares, nem pela quantidade de semáforos nas ruas. O progresso de uma nação é medido pelo nível de felicidade de sua população. A alegria da música, a eliminação da competitividade e o estabelecimento de vínculos de

confiança entre ricos e pobres, jovens e adultos, índios e brancos geraram esse milagre da comunhão humana. Sem sermões nem discursos sobre normas de convivência, proteção ao meio ambiente e cuidado pessoal ou social, a orquestra – essa escola da vida – estimula a formação de valores humanos e de espíritos em busca da perfeição, que rejeitam a mediocridade. A questão fundamental que surge na necessidade de cuidarmos do futuro da humanidade é como encontrar a fórmula mágica, como ativar o “botão”, o “clique” que volte a pôr em voga a inteligência e o querer bem a si mesmo e aos outros. Não só para buscar a formação de bons músicos e gênios artísticos, mas para que, através da música, encontremos o perfil de um novo cidadão: honesto, criativo, idealista, participativo, respeitoso e comprometido.

Todos os dias, Jorge Guzman, jovem que mora na pequena localidade de Mbuyapey, a 187km de Assunção, levanta-se de madrugada para ordenhar vacas. Encilha seu cavalo; de um lado, pendura um tonel cheio de leite e, de outro, seu violoncelo. Depois que termina de entregar o leite, chega à escola de música de seu povoado. Toma um banho, veste o uniforme e começa a estudar as suítes de Bach. Sua participação em um grupo orquestral, sujeito a normas de conduta e de convivência e a atividades programadas, contribui para melhorar sua aprendizagem musical e, sobretudo, a compreensão de sua posição na sociedade, como membro ativo da comunidade. E o ajuda a transmitir à sua família aspectos como uma responsabilidade maior na manipulação do leite, na relação com os clientes e em seu planejamento financeiro. Guzman, agora um músico virtuoso admirado, pensa nas crianças que se alimentam com o leite que distribui e as incentiva a não abandonar a escola. E a terem esperança, capacitando-se e trabalhando por um futuro melhor e mais digno.

POR LUIS SZARÁN

... de uma bolsa de plástico, ele tira uma espécie de violino, FEITO DE RESTOS

DE UMA PANELA VELHA, um garfo, madeira e quatro cordas. Pouco a pouco,

percebemos que, daquele pedaço de lata, poderiam surgir melodias e que UMA

CRIANÇA CONSEGUIRIA APRENDER, COM MUITA DIGNIDADE, suas primeiras lições...

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etanolCom GRANDES INVESTIMENTOS, Petrobras projeta

aumento significativo de sua participação

no MERCADO DO BIOCOMBUSTÍVEL

um salto para o futuro

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o comando de uma máquina colhedora de cana-de-açúcar, Edson Aparecido Ferreira tem na música sertaneja que toca no rádio sua única companheira. Na Usina Cruz Alta, localizada em Olímpia, no interior do estado de São Paulo, a colheita findou em novembro de 2011. O trabalho, no entanto, nunca cessa. No campo, já se projeta a safra seguinte e um batalhão de máquinas e de trabalhadores trata os 295 mil hectares de terra destinados à plantação de cana nos arredores da usina – uma extensão territorial equivalente a duas vezes a Cidade do México. O ciclo, portanto, se renova. Há quatro anos trabalhando na Cruz Alta (uma das nove usinas de etanol no Brasil nas quais a Petrobras tem participação), Ferreira faz girar, ao lado de outros importantes atores, uma cadeia lucrativa, mais limpa, sustentável e, principalmente, próspera.

O mercado brasileiro de etanol está agitado. Grandes empresas de energia e de alimentos passaram a investir no setor nos últimos tempos. A Petrobras deu um passo decisivo nesse sentido há quatro anos, quando criou a subsidiária Petrobras Biocombustível. O Plano Estratégico 2011-2015 da empresa prevê investimentos de US$ 1,9 bilhão para ampliar a produção de etanol, com a construção de novas usinas e destilarias, o aumento da capacidade de moagem e a renovação de canaviais. Mais US$ 1,3 bilhão serão investidos em logística e outros US$ 300 milhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. O objetivo é, juntamente com parceiros, ampliar a capacidade de produção dos atuais 1 bilhão de litros para 5,6 bilhões de litros e atingir uma participação de 12% no mercado nacional em 2015, assumindo, com isso, a liderança no país.

Atuando no segmento de etanol desde a década de 1970, com a participação no programa Pró-Álcool, do governo federal, a Petrobras começou a investir mais fortemente na produção do biocombustível em 2009, ao adquirir 43,58% da Total Agroindústria Canavieira, que possui uma usina em Bambuí, no estado de Minas Gerais. No ano seguinte, fechou uma nova parceria, dessa vez com o grupo francês Tereos, adquirindo 45,7% da Guarani. Com sete plantas industriais no Brasil, todas no estado de São Paulo, além de uma em Moçambique, na África, a Guarani é a terceira maior processadora de cana do Brasil. Por fim, também em 2010, a Petrobras celebrou acordo com o grupo São Martinho para a constituição da sociedade Nova Fronteira Bioenergia, que controla a Usina Boa Vista, em Quirinópolis, no estado de Goiás. Junto a esses parceiros, duas iniciativas se destacam: a ampliação da Usina Boa Vista, que, ao receber investimentos de R$ 520 milhões até 2015, aumentará a capacidade de produção de 200 milhões para 700 milhões de litros de etanol; e a expansão da produção de etanol e da cogeração de energia nas unidades da Guarani, mediante investimentos superiores a R$ 750 milhões nos próximos três anos.

Áreas para plantio

Em setembro de 2009, um decreto

aprovado pela Presidência da

República criou o Zoneamento

Agroecológico da Cana-de-Açúcar

(ZAE Cana), regulamentando a

produção sustentável da cana no Brasil

e indicando as regiões mais aptas

ao cultivo do vegetal. A preservação

da natureza e a minimização do

desmatamento estão entre as

prioridades do ZAE Cana, que delimita

as regiões nas quais é possível expandir

o plantio de cana para a produção de

etanol sem a utilização de irrigação.

Page 35: Petrobras Magazine #62

“O mercado de renováveis é um caminho natural. A opção pelo etanol pareceu a mais lógica, já que nos permitia atuar com combustíveis líquidos, em que temos grande expertise. Três pilares pautam nossos investimentos: segurança energética, questões ambientais – redução da emissão de gases poluentes – e sociais, com a geração de emprego e de renda”, explica Ricardo Castello Branco, diretor de Etanol da Petrobras Biocombustível. “A ampliação da Boa Vista vai torná-la a maior usina de etanol de cana do mundo. Além disso, vamos dobrar a produção anual da unidade da Total, em Minas Gerais. Os investimentos nas três parceiras da Petrobras Biocombustível nos permitirão atingir, em 2015, uma fatia de 12% do mercado brasileiro de etanol”, acrescenta.

O Brasil é o maior produtor mundial de etanol de cana. Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), foram produzidos, no país, 20,5 bilhões de litros do combustível na safra 2011-2012. Praticamente toda a produção foi direcionada para o mercado doméstico. Atender à necessidade dos brasileiros é o caminho natural para as empresas locais, mas o potencial de exportação do etanol de cana é indiscutível. “Por causa da demanda reprimida e da crescente frota de veículos flex, o mercado no Brasil se tornou muito atrativo para investimentos. O etanol é eficiente e pouco poluente. Sua disseminação como commodity global é questão de tempo”, avalia Andy Duff, especialista global na área de Açúcar do Departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank, banco sediado na Holanda e líder mundial em investimentos e financiamentos nos segmentos ligados à sustentabilidade e ao agronegócio.

Equipamento de filtragem de etanol na Usina Cruz Alta: parte de uma cadeia que produz um combustível eficiente, mais limpo e sustentável

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Uma perspectiva interessante para o etanol brasileiro se abriu no final de 2011, quando o Congresso dos Estados Unidos, país que é o maior produtor mundial de etanol de milho, revogou a taxação imposta ao biocombustível do Brasil e suspendeu o subsídio aos produtores locais. A decisão ainda pode ser alterada, mas sinaliza um prognóstico positivo para as exportações brasileiras. “Quando o etanol de cana passou a ser considerado um biocombustível avançado, ganhou passaporte para viajar o mundo”, diz Marcos Jank, presidente da Unica, referindo-se ao anúncio feito pela Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) em fevereiro de 2010. De acordo com a agência, o combustível de cana reduz em mais de 60% as emissões de gases do efeito estufa em seu ciclo de vida total na comparação com a gasolina, o que é suficiente para ser considerado um “biocombustível avançado”. “Chegou o momento de o Brasil e os Estados Unidos, que, juntos, respondem por mais de 80% do etanol produzido mundialmente, mostrarem liderança e trabalharem para criar um verdadeiro mercado global, como o do petróleo”, completa o executivo.

Passado, presente e futuroO setor sucroenergético tem raízes que remetem ao início da colonização no Brasil. O clima favorável e a vastidão de terras disponíveis tornaram a cultura canavieira a base da economia durante o chamado ciclo da cana-de-açúcar, a partir do século 16. Como combustível, o etanol de cana começou a ganhar importância no final dos anos 1920, misturado à gasolina, e passou a ser encarado como alternativa aos derivados de petróleo durante a crise mundial de abastecimento, em 1973. O lançamento do Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), no final da década de 1970, marcou o início de um programa energético baseado em etanol. Com os incentivos governamentais, em 1989 já rodavam no país cerca de 4 milhões de veículos movidos a etanol – um terço da frota brasileira da época. E, na trajetória para se tornar uma commodity global, o desenvolvimento do chamado etanol celulósico, ou de segunda geração, vai ser fundamental. O principal benefício será o de aumentar a quantidade de etanol produzido sem ampliar a área plantada com matérias-primas. Para isso, a estratégia passa pelo uso de resíduos, como o bagaço da cana.

Page 37: Petrobras Magazine #62

Enquanto os Estados Unidos direcionam suas pesquisas para resíduos do milho, no Brasil as apostas para o etanol de segunda geração se concentram no bagaço e na palha da cana, que são fontes de celulose e respondem por dois terços do potencial energético da planta. “Na Petrobras, os estudos foram iniciados em 2004. A principal vantagem do bagaço está na logística, pois, como se trata de um coproduto da cana que já está disponível na usina, não há necessidade de implantação de infraestrutura de coleta e de transporte”, explica Juliana Vaz Bevilaqua, coordenadora de Gestão Tecnológica da Petrobras Biocombustível. “Hoje, um canavial muito bom produz 8 mil litros de etanol por hectare. Com o etanol de segunda geração, o objetivo é aumentar a produção em até 40% sem plantar um único pé a mais”, reforça Castello. Atualmente, o bagaço e a palha são usados para a geração de vapor e eletricidade nas usinas, tornando-as autossuficientes em energia. Algumas usinas também exportam a energia excedente para a rede elétrica.

Visando acelerar as pesquisas para a produção do etanol de segunda geração, a Petrobras fechou parceria com a companhia norte-americana KL Energy Corporation (KLE), que já fazia testes com etanol celulósico a partir da madeira. A Petrobras investiu US$ 11 milhões em 2011 com a finalidade de adaptar a planta industrial da KLE em Upton, nos Estados Unidos, para utilizar o bagaço como matéria-prima e validar, por meio de testes, o processo de produção de etanol celulósico. Além disso, a Petrobras e a KLE desenvolverão um projeto de usina de etanol de segunda geração em escala industrial que será totalmente integrado a uma usina de cana pertencente à Petrobras no Brasil. A planta deve estar pronta para operar em 2015.

Com a evolução tecnológica, cada vez mais a cana será usada na obtenção de novos produtos, em várias áreas da indústria. Encarando a perspectiva com otimismo, André Bello de Oliveira, gerente de Suporte Técnico em Etanol da Petrobras

Biocombustível, vê a cana seguindo um caminho parecido com o do petróleo. “No passado, o petróleo era processado para substituir o óleo de baleia na produção de querosene. O resto virava resíduo. Hoje, a partir de um refino mais complexo, aproveita-se tudo. O que eram os engenhos de cana no passado? Fábricas com tração animal e trabalho humano para fazer açúcar. Com o Pró-Álcool, passamos a produzir etanol. Hoje, já é possível obter vários tipos de açúcares e de álcoois, bem como fertilizantes, diversos tipos de proteínas e até lisina e ácidos em geral a partir da cana-de-açúcar”, comenta. Para o futuro, as perspectivas se abrem ainda mais com o surgimento das biorrefinarias – unidades que serão capazes de produzir combustíveis, polímeros e produtos químicos a partir de biomassa, usando processos análogos aos das refinarias de petróleo –, e que permitirão um aproveitamento ainda maior da cana e de seus resíduos, de maneira integral e diversificada.

A cana colhida em Cruz Alta: 295 mil hectares de plantação ao redor da usina

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INFOGRÁFICO

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Soluções avançadas de urbanismo em uma nação

com séculos de história

cinga pura

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Destaque entre os Tigres Asiáticos, a cidade-estado abriga um dos PORTOS MAIS MOVIMENTADOS DO MUNDO

e um mercado financeiro vibrante, além de dar exemplos de INOVAÇÃO EM URBANISMO SUSTENTÁVEL

cinga pura

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impressão dos visitantes que chegam a Cingapura costuma ser de perplexidade. Arranha-céus modernos, largas avenidas, parque industrial grandioso, um dos portos mais movimentados e estratégicos do mundo, um dos maiores centros financeiros globais. Sim, nessa cidade-estado asiática rica, cosmopolita e inovadora, praticamente tudo é superlativo. Para o governo local, no entanto, isso não basta. Buscar sempre o novo é uma obsessão. E, tratando-se de iniciativas ligadas à sustentabilidade, Cingapura é um exemplo para diversas metrópoles mundo afora.

Membro do grupo de nações conhecido como Tigres Asiáticos, ao lado de Taiwan, Hong Kong e Coreia do Sul, a pequena cidade-estado insular baseia sua economia em três pilares – indústria de transformação, serviços financeiros e atividades portuárias –, os quais incluem segmentos complementares como construção naval, seguros e arbitragem jurídica internacional, entre outros. Não é exagero dizer que Cingapura se desenvolveu ao redor da atividade portuária. Se, desde a Antiguidade, o porto local já tinha um papel importante para o Sudeste Asiático, a cidade se abriu para o Ocidente com a chegada da Companhia das Índias Orientais, em 1819, processo que se intensificou com a construção do Canal de Suez (Egito) em 1869.

“Como os navios ingleses da época (movidos a vapor) não tinham autonomia para avançar até o Extremo Oriente, Cingapura se firmou como entreposto comercial e se transformou em um porto de manutenção e recarga de carvão (que abastecia as caldeiras dos navios). A indústria naval da cidade-estado nasceu naquela época”, explica Derek Heng, professor de História do Sudeste Asiático na Ohio State University, nos Estados Unidos, nascido em Cingapura e autor do livro Continuities and Changes: Singapore as a Port-City over 700 Years (Continuidades e mudanças: Cingapura como uma Cidade Portuária ao longo de 700 anos).

Hoje, o setor naval emprega mais de 170 mil pessoas e contribui com 7% do PIB local. O porto de Cingapura tem conexão com mais de 600 portos em mais de 120 países. Somente em 2011, segundo a Autoridade Marítima de Cingapura (SMD), a movimentação de contêineres no

terminal cresceu 5,3%, atingindo 29,9 milhões de TEUs (contêiner de 20 pés), e ultrapassou o recorde de 2008. Já as vendas de bunker (combustível para navios) subiram 5,6%, totalizando 43,2 milhões de toneladas.

Não é à toa que o setor naval é destaque na cidade-estado, juntamente com o de petróleo, segundo Heng. “Empresas locais como a Keppel e a Sembawang são líderes mundiais no segmento de construção de plataformas offshore”, diz ele. “Além disso, Cingapura tem uma ampla cadeia de petróleo e gás que abrange desde empresas petroquímicas a fabricantes de oleodutos”, conclui.

Presente em Cingapura desde 2001, a Petrobras atua na cidade-estado apoiando atividades comerciais na Ásia com exceção da China, que está sob a alçada do escritório de representação local. De Cingapura, a Petrobras exporta óleos combustíveis em geral para companhias asiáticas dos setores de energia elétrica, automotivo e de mineração, entre outros, além de ser a maior fornecedora de bunker com baixo teor de enxofre para navios que circulam no porto cingapuriano.“A Petrobras realiza outras operações importantes em Cingapura, como exportar petróleo para a Índia, vender etanol para países como a Indonésia e a Malásia, além de comprar derivados e trazer para o Brasil”, explica José Raimundo Brandão Pereira, gerente executivo de Marketing

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Page 43: Petrobras Magazine #62

O porto: fonte de riqueza como entreposto comercial e base de uma avançada indústria naval

e Comercialização da Companhia. “É um mercado referencial. A Petrobras não poderia deixar de estar nesse importante entreposto comercial e financeiro. Lá se localiza o maior porto de abastecimento de navios do mundo. Além disso, os estaleiros locais têm expertise na conversão de cascos de navios para uso em plataformas, serviço que já foi contratado pela Petrobras algumas vezes”, completa.

Modelo de desenvolvimento sustentávelCingapura também é reconhecida por suas iniciativas na área de sustentabilidade. O governo local pretende investir US$ 1 bilhão em programas de desenvolvimento sustentável nos próximos cinco anos. As ações vão desde políticas de estímulo à construção de edifícios “verdes” até projetos de reutilização de água, coleta e reciclagem.

“Somos uma cidade-estado pequena com fontes de energia limitadas. É imperativo assegurar que o consumo de energia seja bem gerido para garantir que novas construções permaneçam sustentáveis para as gerações futuras”, diz Tan Tian Chong, diretor de Desenvolvimento Tecnológico da Building and Construction Authority (BCA), agência que regula a construção de edifícios “verdes”.

O discurso de Chong dá o tom do zelo com que Cingapura trata assuntos ligados à sustentabilidade. O BCA, por exemplo, liberou US$ 20 milhões para estimular

a adoção de práticas sustentáveis por construtoras entre 2006 e 2008. Em 2009, para adequar prédios antigos, um novo programa de desembolso foi lançado, dessa vez com uma carteira de US$ 100 milhões.

“Desenvolvemos um conjunto abrangente de ações que passa, necessariamente, pela criação do Green Building Masterplan (guia de padrões de sustentabilidade) e pela concessão do BCA Green Mark (certificado concedido aos projetos aprovados)”, explica Chong. Segundo o executivo, o número de edifícios “verdes” em Cingapura passou de 17 para mais de 940 desde 2005. “Isso se traduz em mais de 28 milhões de metros quadrados de área construída em conformidade com padrões de eficiência energética, reúso de água e proteção ambiental. O certificado também foi requerido por 140 prédios na China, na Malásia, na Índia e na Arábia Saudita, entre outros países”, acrescenta.

Page 44: Petrobras Magazine #62

Há, também, importantes projetos de eficiência energética e de tratamento de água. No caso do primeiro, a Agência Nacional do Meio Ambiente (National Environment Agency - NEA) lançou, em novembro de 2008, o programa Greet - Grant for Energy Efficient Technologies (Fundo para Subvenção de Tecnologias de Eficiência Energética), que visa a incentivar indústrias locais a investirem em tecnologias para reduzir o consumo de energia. Para convencer empresas a aderirem ao programa – em sua maioria, entidades dos setores farmacêutico, químico, eletroeletrônico e de construção naval –, lançou-se mão da mesma estratégia usada pela BCA: crédito fácil. Hoje, a iniciativa financia até 50% (limitados a US$ 2 milhões por projeto) dos custos de adequação, que incluem compra de equipamentos, qualificação de mão de obra e assistência técnica.

Desde 2008, mais de US$ 10 milhões em subvenções já foram liberados para 16 empresas. Segundo a NEA, a economia dessas corporações em gastos com energia pode atingir US$ 350 milhões até o fim do ciclo de vida dos projetos financiados. Já a redução de emissões de carbono totalizaria 1,2 mil quilotonelada.

A consciência sobre a importância do tratamento e da reutilização da água em Cingapura não é novidade. George Madhavan, diretor do Public Utilities Board (PUB), a agência nacional de águas, relata: “Nos últimos 40 anos, por meio de planejamento estratégico e investimento em pesquisa e tecnologia, o PUB construiu um sólido e diversificado modelo de abastecimento de água, conhecido como Four National Taps (As Quatro Torneiras Nacionais)”. Os pilares consistem em investimentos em quatro áreas cruciais: captação de água local; importação de água; purificação de água recuperada (o projeto NEWater); e dessalinização de água. Case de sucesso inegável,

A convivência entre pessoasde várias nacionalidades é marca da sociedade local

Exemplo mundial em 3RsAcordo que abrange iniciativas voluntárias de reciclagem e

redução do volume de lixo, o Singapore Packaging Agreement

(SPA) é um exemplo para as metrópoles mundiais. Baseado

no conceito dos “3Rs” (reduzir, reutilizar, reciclar), conta,

atualmente, com 128 empresas signatárias. Segundo a

National Environment Agency (NEA), órgão governamental

que lidera ações ligadas à sustentabilidade incluindo o

SPA, as participantes já processaram 7,1 mil toneladas de

resíduos industriais desde a assinatura do acordo, em 2007

(dados compilados até o fim de 2011), o que representa uma

economia estimada em US$ 15 milhões.

Page 45: Petrobras Magazine #62

o projeto NEWater prevê a produção de água potável ultrapura por meio da purificação de água tratada. O moderno processo de tratamento usa membranas e desinfecção ultravioleta. Segundo o PUB, as quatro plantas da NEWater podem atender 30% da demanda por água em Cingapura.

Outra iniciativa baseada em alta tecnologia é a dessalinização da água. Cingapura tem uma das maiores usinas com essa finalidade na Ásia, capaz de produzir 30 milhões de litros por dia, o que representa cerca de 10% da necessidade da cidade-estado. Uma segunda unidade, com capacidade para produzir 70 milhões de litros por dia, ficará pronta em 2013. “Sem aquíferos (formações geológicas capazes de armazenar água subterrânea) naturais ou abundância de terras, Cingapura reconheceu que o abastecimento de água de forma sustentável era vital já na década de 1960”, conta George Madhavan, reforçando o posicionamento de vanguarda que Cingapura mantém desde então.

Pujança econômicaCom uma economia pujante, níveis de industrialização

elevados, além de índices socioeconômicos fora da

curva, Cingapura ganhou notoriedade mundial no

início da década de 1980, quando passou a apresentar

expressivas taxas anuais de crescimento do Produto

Interno Bruto (PIB) graças a um ousado plano de

reformas sociais e econômicas que gerou empregos

e atraiu empresas e investimentos de todo o mundo.

Desde então, o aumento médio anual de seu PIB

é de 6,32%, segundo dados do Fundo Monetário

Internacional. A cidade-estado também se destaca

na atração de investimento estrangeiro direto (IED)

por ter uma das mais baixas taxações do mundo. Em

2010, atraiu US$ 39 bilhões em IED, posicionando-se

entre os 10 países que mais receberam recursos no

ano, de acordo com a United Nations Conference

on Trade and Development (Unctad), órgão ligado

à Organização das Nações Unidas (ONU).

Cingapura

Page 46: Petrobras Magazine #62

lavancar a economia mundial é uma tarefa que requer muito combustível. E quem acelera mais enche mais o tanque. Enquanto as antigas “locomotivas” – Estados Unidos, Japão, Europa – desaceleram, novas forças motrizes – os Brics e outros países em desenvolvimento – ganham impulso, alterando a geopolítica global da energia. Os rumos do comércio do petróleo

estão mudando, tanto do lado de quem compra e consome quanto do de quem produz e oferece. Nesse contexto, o Brasil, em expansão econômica, prepara-se para consolidar-se como importante exportador de óleo e derivados.

Os países desenvolvidos, que tradicionalmente se apresentavam como os maiores consumidores de petróleo no mundo, já não vêm registrando crescimento significativo em sua demanda. Recente levantamento feito pela US Energy Information Administration (EIA) aponta que, entre 2010 e 2011, a demanda por petróleo nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) caiu 0,91% (de 46,1 milhões de barris diários para 45,68 milhões). A previsão para 2012

mudança de

RUMOS

A desaceleram, novas forças – os Brics e outros países em vimento – ganham impulso, a geopolíticica a glglobobalal d da energigia.

os do comércrcio do petróleo de quem c compra e consome ferece. NeNesse contexto, o a, prepara-s-se para consolidar-se e óleo e dererivados.

radicionalmente se es consumidores de petróleo

BricsCriada pelo economista Jim O’Neill, do banco Goldman

Sachs, a sigla Brics (inicialmente englobando Brasil, Rússia,

Índia e China e, hoje, também, a África do Sul) refere-se a

um bloco de países em desenvolvimento que apresentam

um grau acelerado de crescimento econômico.

O aumento do CONSUMO DE ENERGIA nas economias emergentes e a REDUÇÃO DA DEMANDA

nos países desenvolvidos, somados à ascensão de novas regiões produtoras, alteram os FLUXOS do

COMÉRCIO MUNDIAL DE PETRÓLEO

é de outra queda, para 45,65 milhões de barris. Até 2035, essa demanda se reduzirá em 4,6% na União Europeia, em particular, e subirá apenas 4,9% nos países desenvolvidos.

Por outro lado, desde os anos 1990, o consumo de petróleo dos países em desenvolvimento vem triplicando em comparação com o das nações desenvolvidas, sobretudo pela melhora no nível de vida em função da expansão das atividades econômicas. Segundo a EIA, o consumo nos países emergentes subiu 2,76% nos dois últimos anos e a perspectiva é de nova alta para 2012 (de 42,45 milhões de barris por dia para 43,87 milhões). Outro estudo, divulgado pela OCDE, estima que os países em desenvolvimento deverão responder por 68% do aumento na demanda por petróleo até 2020. Já até 2035, as projeções da EIA indicam que a procura pelo combustível nesses países crescerá em 63,9%.

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OCDEA Organização para a Cooperação

e Desenvolvimento Econômico

(OCDE) tem atuação internacional

e intergovernamental,

abrangendo 34 países, entre os

quais se incluem economias de

alta renda, como Austrália, Japão

e países da América do Norte e da

Europa, e de média renda, como

Chile, México, Polônia e Turquia.Em resumo, as economias em crescimento – especialmente no caso dos Brics – ditarão o aumento no consumo mundial de petróleo. Matthew Parry, analista de demanda da indústria de petróleo da Divisão de Mercados da Agência Internacional de Energia (International Energy Agency – IEA), afirma que a mudança ganhou força a partir de 2004, quando o Produto Interno Bruto (PIB) absoluto dos mercados emergentes atingiu um patamar elevado, após consecutivas altas nas taxas de crescimento anual. “Ao mesmo tempo em que o crescimento dos países em desenvolvimento assumia um caráter mais permanente, as taxas das economias desenvolvidas começavam a estagnar e, até mesmo, recuar”, avalia.

Além dos movimentos de retração da demanda nos países desenvolvidos e aumento nos países em desenvolvimento, a queda da produção de petróleo em algumas regiões e o crescimento da oferta em outras também estão alterando os fluxos mundiais de comércio. Projeções da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e do Departamento de Energia do governo dos Estados Unidos sobre o mercado de energia indicam que o declínio do fornecimento convencional de petróleo na Europa, nos países da Ásia banhados pelo Oceano Pacífico e na América do Norte será parcialmente compensado pelo crescimento da exploração e da produção em águas profundas na Rússia e no Brasil. No país europeu, deverá ter início, a partir de 2014, a produção das grandes reservas do Mar Cáspio. Já o Brasil consumirá mais petróleo, produzirá um volume ainda maior e se fortalecerá como importante

fornecedor de óleo e derivados, devido, principalmente, ao petróleo extraído da camada pré-sal.

Alfredo Laufer, consultor do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), analisa a evolução do papel do Brasil no contexto energético mundial: “Até 1950, o país importava muito petróleo. A partir da Guerra dos Seis Dias (1967), com o acirramento dos conflitos no Oriente Médio, houve um aumento do preço do barril e o governo brasileiro foi buscar reservas no mar. As tecnologias se desenvolveram e, em 2006, foi descoberto o Polo Pré-Sal”, explica. Tendo em vista as novas descobertas, a previsão da Petrobras

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Fontes: US Energy Information Agency (EIA), Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Conselho Mundial de Energia (WEC), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). * Países membros da OCDE: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Coreia do Sul, Chile, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polônia, Portugal, República Checa, Reino Unido, Suécia, Suíça, Turquia. ** Países membros da Opep: Arábia Saudita, Argélia, Angola, Catar, Emirados Árabes Unidos, Equador, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Venezuela. *** Outros mercados em desenvolvimento fora da OCDE: Egito, Indonésia, Argentina, Colômbia, Equador, Malásia, Tailândia, Filipinas.

é de que o volume de petróleo e gás natural encontrado no polo dobre as reservas brasileiras, hoje calculadas em 16,4 bilhões de barris de óleo equivalente (boe), segundo critérios da Society of Petroleum Engineers (SPE).

Devido ao aumento de produção, a tendência é de que o crescimento na América Latina seja puxado pelas reservas brasileiras. O último relatório World Oil Outlook, lançado pela Opep em 2011, prevê um aumento de 51% na produção na região (de 4,7 milhões de barris diários para 7,1 milhões) até 2035. O mesmo período será marcado por um acentuado declínio no fornecimento oriundo da Ásia, da África e dos países do Oriente Médio não afiliados à Opep. O documento ainda destaca: “Os países da América Latina, principalmente por causa do Brasil, serão os maiores fornecedores de petróleo dentre todos os países em desenvolvimento, excetuando-se os membros da Opep.”

De tomadora a formadora de preçosHoje, são atividades das equipes de trading da Petrobras a importação de petróleo e derivados, como diesel, GLP e nafta, para o mercado brasileiro e a exportação de petróleos brasileiros e derivados para outros países. Enquanto todo o potencial do Polo Pré-Sal não é explorado, a Companhia continua a realizar o trading sistêmico – que consiste em comprar o que falta e vender o que sobra – e o trading complementar – no qual se aproveitam boas oportunidades de compra e venda de produtos no exterior para agregar valor a operações. Além disso, atua como supridora,

armazenadora, misturadora de produtos, atacadista ou revendedora. A meta, segundo o gerente executivo de Marketing e Comercialização da Petrobras, José Raimundo Brandão Pereira, é superar a dependência em relação ao mercado externo e ser alçada da posição de tomadora de preços (price taker) à de formadora de preços (price maker).

Atualmente, o consumo brasileiro é maior do que a quantidade de produtos gerados nas refinarias do país. Com o aumento da produção de derivados estimado pela Petrobras, a estimativa é de que, até 2020, essa situação se inverta e a demanda seja menor do que o volume processado. Isso possibilitará à Petrobras exportar mais produtos de alto valor agregado, em vez de, essencialmente, óleo cru.

“No início, o trading da Petrobras consistia basicamente em importar derivados para suprir o mercado brasileiro”, lembra Brandão Pereira.“Criadas as refinarias, entre os anos 1950 e 1970, passou-se a comprar petróleo no exterior para ser refinado localmente e, mais tarde, para misturar o petróleo leve adquirido no exterior ao petróleo pesado produzido no Brasil, já que nossas refinarias tinham sido projetadas para processar apenas óleos leves. De lá para cá, foi encontrado petróleo mais leve no Brasil e as refinarias brasileiras foram se adequando para processar também petróleos pesados”, conta.

“Agora, em grande parte em função do pré-sal, a Petrobras mais do que dobrará sua capacidade de produção diária de

Page 49: Petrobras Magazine #62

Trading Petrobras - a empresa lida com:

mais de 30 tipos de petróleo brasileiros; mais de 100 tipos de petróleo importados;

216 produtos finais; 39 frentes de importação; 26 frentes de exportação; 92 unidades

de processamento (sendo 15 refinarias); 48 terminais; 7.179 km de oleodutos e

7.327 km de gasodutos; 56 navios; cerca de 20 regiões consumidoras.

**** A estimativa da EIA é diferente da previsão da Petrobras, que planeja produzir 4,9 milhões de barris de óleo por dia no Brasil já em 2020.

Trading Petrobras pelo mundoAs atividades de trading da Petrobras são realizadas em todo o mundo por empresas do

Sistema Petrobras sediadas no Brasil, no Reino Unido, nos Estados Unidos, em Cingapura

e na Holanda, por uma joint-venture no Japão e por traders situados na Argentina. Em

função do tipo de produto, a atuação pode ser global ou focada em mercados-alvo, nos

quais a Petrobras pode atuar sozinha ou em associação com parceiros.

petróleo até 2020, quando produzirá quase 5 milhões de barris de óleo por dia (bpd) no Brasil. Nesse contexto, diminuirá a importação e aumentará a participação de petróleos brasileiros nas operações de trading”, diz Pereira. “Para processar o maior volume a ser produzido, a Companhia, além de ter iniciado a operação da Refinaria Clara Camarão em 2009, vai investir em mais quatro unidades de médio ou grande porte, que, juntas, agregarão 1,3 milhão de bpd ao volume refinado no Brasil até 2020. Com isso, haverá redução da importação de derivados e, consequentemente, de custos com frete”, completa.

Se, em 2010, a Petrobras exportou a média de 698 mil barris de óleo equivalente por dia (incluindo óleo

cru, derivados e etanol), a projeção para 2020 é de um aumento de 231,4% nas vendas para o exterior. Serão 1,65 milhão de barris de óleo cru por dia, 636 mil de produtos derivados e 26 mil de etanol. Hoje, os principais destinos das exportações da Petrobras são os Estados Unidos e a China. Os embarques para a Índia também têm crescido de forma expressiva nos últimos anos. Para 2020, uma vez atendido o crescente mercado interno brasileiro, a Petrobras

planeja exportar seus excedentes de derivados principalmente para os Estados Unidos, países do Noroeste da Europa e outros localizados na parte mediterrânea desse continente. A Companhia também pretende fornecer etanol para Estados Unidos, Japão e Europa. Esses movimentos reforçam a posição da Petrobras no cenário que se descortina e refletem a importância crescente do Brasil, como exportador e consumidor, nesta nova ordem mundial.

Page 50: Petrobras Magazine #62

A união entre EMPRESAS E INSTITUIÇÕES DE PESQUISA científica ajuda a sociedade a conhecer melhor a riquezae a BIODIVERSIDADE de diferentes ECOSSISTEMAS

Foto: André Motta de Souza / Banco de imagens Petrobras

Page 51: Petrobras Magazine #62

Ariqueza, a diversidade e a extensão da

Amazônia impressionam a humanidade.

Essa sensação fica ainda mais forte quando

adentramos o coração da selva, seguindo

em direção à Base de Operações Geólogo

Pedro de Moura, da Petrobras, na região

de Urucu. Localizada a 650km de Manaus,

capital do estado do Amazonas, Urucu é o

berço de uma pioneira iniciativa de estudo

e conservação ambiental conduzida por

funcionários da empresa em parceria com

pesquisadores da região, principalmente do

Museu de Pesquisa Emílio Goeldi (MPEG),

do Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa) e da Universidade

Federal do Pará (UFPA). O trabalho de

mapeamento ambiental inclui a coleta e o

estudo de espécimes de fauna e flora e a

organização das informações obtidas. Além

de reforçar o relacionamento da Petrobras

com a população local, a iniciativa deixa um

legado de conhecimento sobre a natureza.

Essa e outras colaborações entre empresas

e instituições de pesquisa têm ajudado a

sociedade a entender melhor – e a preservar

– biodiversidades tão distintas quanto a da

Mata Atlântica, do litoral brasileiro e do

Estreito de Magalhães, no Chile.

Ao estudar a fauna e a flora de duas áreas

nas quais mantém operações – a Amazônia e

o litoral do país –, desenvolvendo ações que

ultrapassam as exigências legais do Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), a

Petrobras contribui para a preservação

dessas áreas. Na Amazônia, com o apoio de

pessoas nativas contratadas, que guiaram

os pesquisadores pelas trilhas em torno

de Urucu, a empresa mapeou e catalogou

mais de 200 mil espécies de plantas, muitas

das quais estão preservadas no viveiro de

sua base de operações. Outro projeto de

mapeamento conduzido pela Companhia, o

Mamíferos e Quelônios Marinhos, abrangeu

todo o litoral do Brasil. Entre 2004 e

2006, foram catalogadas diversas espécies

da fauna marítima, com o apoio técnico

do Instituto Baleia Jubarte e do Instituto

Tamar, organizações não governamentais

patrocinadas pela Petrobras. Esse trabalho

resultou no registro de mais de 150 pontos

de ocorrência comprovada dessas espécies

na costa. Posteriormente, os dados dos

mapeamentos realizados na Amazônia

e no litoral brasileiro foram reunidos na

internet no projeto Biomapas, que, por meio

de ferramentas de georreferenciamento,

vídeos e fotografias, apresenta as espécies

mapeadas nos estudos.

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SUÇUABOIA Serpente de médio porte

que apresenta variação de cor do

amarelo ao alaranjado. Habita florestas e

pode ser encontrada enrolada em galhos

Page 52: Petrobras Magazine #62

pelo contato com os cientistas.

“Aos poucos, fui aprendendo os

nomes científicos das plantas

e dos animais, identificando os

tipos de madeira das árvores e

conhecendo outras espécies.

E quero aprender ainda mais.”

Esse é outro aspecto positivo do

mapeamento realizado em Urucu:

a formação e a profissionalização

de mão de obra local, que

ganha mais conhecimento

sobre a região em que vive.

No Brasil, existem várias parcerias

entre instituições de pesquisa e

empresas, o que vem produzindo

levantamentos valiosos. O grupo

Suzano, produtor de papel e

celulose, patrocinou o mapeamento

da fauna e da flora de regiões como

o Parque das Neblinas (Mogi das Cruzes, estado de São Paulo), o que levou à regeneração de áreas de mata nativa. A fabricante de cosméticos Natura coopera com

Na Amazônia, o trabalho de mapeamento é parte do empenho da Petrobras para integrar-se, de modo sustentável, ao cenário local. “É o esforço da Companhia em levar Urucu para a sociedade. A proposta é cuidar da natureza, mantendo a transparência no processo e preservando o vínculo com a pesquisa. É um exemplo de como a indústria pode ser um importante parceiro da ciência para a recuperação e a preservação de áreas degradadas”, explica Sirayama Ferreira Lima, bióloga do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), envolvida no projeto desde 2004. “Tudo foi registrado com rigor científico, envolvendo diversas equipes e mateiros – pessoas da região com conhecimento empírico que sabem identificar onde estão localizadas as espécies e que trabalham na recuperação de áreas.”

Jonas Moreira, que trabalha em Urucu desde 2000, foi um dos mateiros que acompanharam as pesquisas. Além de abrir trilhas, coletou sementes, ajudou a organizar o inventário do viveiro e apontou denominações locais de plantas e animais. “Era importante saber se os bichos que se encontram aqui também podem ser achados em outras regiões da Amazônia”, explica Jonas. Nascido e criado na região, teve sua curiosidade despertada

Da floresta ao oceanoPor meio do projeto Biomapas (www.petrobras.com.br/biomapas), a Petrobras

partilha com a sociedade o valioso conhecimento obtido com o mapeamento

da biodiversidade em regiões como a Amazônia e a costa brasileira. Utilizando

modernas técnicas de georreferenciamento (imagens e dados registrados

por satélites para a determinação precisa de coordenadas geográficas), o

site possibilita visualizar as regiões mapeadas, além de apresentar vídeos

e textos que mostram as espécies estudadas. As informações adquiridas

também ilustram um álbum de figurinhas no Facebook (www.facebook.com/

fanpagepetrobras). O projeto Biomapas foi premiado pela Associação Brasileira

de Comunicação Empresarial (Aberje) como o melhor projeto de mídia digital

de 2011. “O foco é a união da biodiversidade das regiões estudadas com a

novidade do georreferenciamento. O site é dinâmico, cheio de referências,

muito lúdico”, ressalta a bióloga Sirayama Ferreira Lima, do Centro de Pesquisas

da Petrobras (Cenpes).

Da floresta ao oceanoPor meio do projeto Biomapas (www.petrobras.com.br/biomapas), a

Petrobras partilha com a sociedade o valioso conhecimento obtido com

o mapeamento da biodiversidade em regiões como a Amazônia e a

costa brasileira. Utilizando modernas técnicas de georreferenciamento

(imagens e dados registrados por satélites para a determinação precisa de

coordenadas geográficas), o site possibilita visualizar as regiões mapeadas,

além de apresentar vídeos e textos que mostram as espécies estudadas. As

informações adquiridas também ilustram um álbum de figurinhas no Facebook

(www.facebook.com/fanpagepetrobras). O projeto Biomapas foi premiado

pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) como o

melhor projeto de mídia digital de 2011. “O foco é a união da biodiversidade

das regiões estudadas com a novidade do georreferenciamento. O site

é dinâmico, cheio de referências, muito lúdico”, ressalta a bióloga

Sirayama Ferreira Lima, do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).

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GEORREFERENCIAMENTO No site

do Projeto Biomapas, é possível

encontrar a exata localização

das espécies de plantas e animais

distribuídas pela área de Urucu

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GUZMANIA LINGULATA Abundante em

florestas densas de terra firme, esta flor,

cuja cor vai do vermelho intenso ao rosa

claro, é polinizada por beija-flores

Page 53: Petrobras Magazine #62

Foto: Banco de Imagens Petrobras

Page 54: Petrobras Magazine #62

instituições como a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o Instituto Agronômico de Campinas (ambos do estado de São Paulo) para o estudo, a preservação e a propagação de espécies vegetais nativas da Mata Atlântica com potencial para uso em produtos cosméticos e dermatológicos. Outra empresa de cosméticos, O Boticário, patrocina projetos de conservação de biomas ameaçados, como a Reserva Natural Salto Morato (estado do Paraná), que também é campo para pesquisas científicas, e o Parque Nacional da Serra do Cipó (estado de Minas Gerais), onde mobiliza voluntários para o trabalho de revegetação com espécies nativas.

Também na Amazônia, a Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa) trabalha pela preservação de mamíferos aquáticos como o peixe-boi da Amazônia, o boto-vermelho e o tucuxi. O projeto, desenvolvido pela associação em parceria com o Laboratório de

Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, recebe apoio da Fundação Grupo Boticário. Além de monitorar a quantidade e a movimentação dos animais, a Ampa promove palestras sobre o meio ambiente e a manutenção da fauna. “Trabalhamos com os estudantes das comunidades ribeirinhas e com os professores, que se tornam agentes multiplicadores na luta pela preservação”, revela Gália Mattos, coordenadora de educação ambiental da Ampa.

Os recursos hídricos brasileiros também são objeto de diversos estudos de mapeamento realizados ou apoiados por empresas. Um dos exemplos é a fase Costa Marinha do projeto Biomapas, conduzido pela Petrobras, que mapeou a localização de 16 espécies de golfinhos, baleias, botos e tartarugas em vários pontos do vasto litoral brasileiro. “Para acompanhar as tartarugas, usamos um sistema de telemetria. Os animais são marcados com transmissores que emitem sinais, fornecendo a sua posição geográfica”, detalha Leandro Rodrigues, oceanógrafo do Cenpes que acompanha o projeto Biomapas desde 2008. “Já os cetáceos – baleias, botos e golfinhos – são monitorados através de avistagem: embarcações acompanham o movimento dos animais, e os biólogos e oceanógrafos observam e registram tudo com fotos e vídeos.” O trabalho de pesquisa é contínuo e a alimentação das informações no sistema é feita regularmente, a cada novo trabalho finalizado. O Cenpes também coordena as pesquisas do Habitats – Heterogeneidade Ambiental da Bacia de Campos,

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GOLFINHO ROTADOR Encontrado em

diversas variedades de coloração e

tamanho, este cetáceo pode atingir até

2,35 metros de comprimento e costuma

locomover-se em grupos

BALEIA JUBARTE Cetáceo que pode atingir

até 35 toneladas de peso e 16 metros de

comprimento, é encontrada desde o litoral

do Rio Grande do Sul até o Ceará

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acesse o site www.petrobras.com.br/biomapas

para saber mais sobre o mapeamento das

espécies do projeto Biomapas

o maior projeto de caracterização ambiental no qual a Petrobras está envolvida. A proposta é consolidar, em uma base de dados, conhecimentos físicos, químicos, geológicos e biológicos sobre a Bacia de Campos (localizada entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo), englobando uma área de 100 mil quilômetros quadrados.

“É essencial que a pesquisa e a iniciativa privada caminhem juntas, unindo-se em favor do desenvolvimento sustentável e da preservação”, diz Nadia Boscardin Borghetti, bióloga do Grupo Integrado de Aquicultura e Estudos Ambientais da Universidade Federal do Paraná e coordenadora do projeto Aquífero Guarani. Essa iniciativa mapeou a Bacia Geológica Sedimentar do Paraná e revelou detalhes sobre um dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo, o Aquífero Guarani, que se estende por quatro países (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai). A empresa Itaipu Binacional, que opera a usina hidrelétrica de Itaipu (estado do Paraná), patrocinou a edição de um livro compilando as pesquisas. “Ajudamos a trazer da academia o conhecimento sobre um assunto importante, levando-o à sociedade”, afirma Jorge Salek, diretor-geral brasileiro de Itaipu.

Mapeando outras fronteirasEm vários países nos quais atua, a Petrobras realiza, patrocina e

apoia projetos de mapeamento ambiental que ajudam a entender

melhor diferentes ecossistemas. No Peru, realizou amplos estudos

sobre a biodiversidade nas províncias de Cuzco e Talara, identificando

bosques nativos, aves, mamíferos, anfíbios, répteis e insetos. Os

estudos de impacto ambiental (EIA) realizados pela Petrobras foram

encaminhados às autoridades locais e nacionais e hoje podem ser

consultados pelo público. Em Angola, o Projeto Kitabanga analisa o

comportamento e o habitat natural das tartarugas marinhas, visando

à conservação. Conduzido por biólogos da Universidade Agostinho

Neto, o Kitabanga foi iniciado em 2003, cobrindo uma extensão de

22 quilômetros entre as localidades de Palmeirinhas e Longa, e vai

ampliar seu território de pesquisas em 2012, atingindo outros 12

quilômetros na mesma região, em Kissembo e Bentiaba.

As tartarugas também foram a espécie escolhida pela Corporación

Autónoma del Magdalena (Corpomag), órgão de proteção ambiental

ligado ao Ministério do Ambiente da Colômbia. A Petrobras participa

desde 2006 da iniciativa, que é sediada no Tortugario del Acuario

Mundo Marino (Santa Marta, costa caribenha da Colômbia) e

registra o nascimento de filhotes e a conservação da espécie. Com

a implementação de dispositivos de rastreamento via satélite,

foi possível demonstrar a eficácia da criação em cativeiro e a

reintegração bem-sucedida das tartarugas no habitat natural,

aumentando em até 80% as chances de sobrevivência dessa espécie,

em risco de extinção. Já no Chile, a Fundação Biomar realizou, em

2010 e 2011, um estudo sobre as baleias jubarte, determinando a

distribuição dos cetáceos pela área pesquisada (a Área Marinha

Costeira Protegida Francisco Coloane, no Estreito de Magalhães,

litoral sul chileno). Em dezembro de 2011, a Fundação, em conjunto

com a Petrobras, publicou um livro com os resultados da pesquisa.

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TARTARUGA DE PENTE Com carapaça de

cor marrom e amarelada, o quelônio exibe

uma “mandíbula de falcão” que o permite

buscar alimento nas fendas dos corais

Page 56: Petrobras Magazine #62

AMAZÔNIAde perto

A Petrobras comemorou 25 ANOS DE PRESENÇA NA AMAZÔNIA com o aniversário, em outubro, da Base de Operações Geólogo

Pedro de Moura, em Urucu. As instalações estão localizadas a 650 km de Manaus, capital do estado do Amazonas. Lá, em plena floresta, a

empresa busca o desenvolvimento, aliado ao convívio harmônico com a natureza. AS IMAGENS QUE ILUSTRAM ESTAS PÁGINAS FORAM REGISTRADAS EM URUCU E NO BOSQUE DA CIÊNCIA – espaço de preservação e estudo da natureza mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus. Elas são uma pequena

amostra da DIVERSIDADE DE FAUNA E FLORA que pode ser encontrada ao se observar de perto essa imensa floresta equatorial

Page 57: Petrobras Magazine #62

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acesse o site

www.petrobras.com/magazine

para conhecer mais sobre a Amazônia.

E veja mais fotos na edição web e no iPad

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RECEITA DE VENDAS (US$ MILHÕES)

EBITDA (US$ MILHÕES)

LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (US$ MILHÕES)*

* atribuível à Petrobras

87.735

2007

25.604

2007

13.138

2007

118.257

2008

31.083

2008

18.879

2008

120.452

2010 33.722

2010 20.055

2010

91.869

2009

28.982

2009

15.504

2009

145.915

2011

37.322

2011

20.121

2011

EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO

REFINO

DISTRIBUIÇÃO

PLANTA DE LUBRIFICANTES

ESCRITÓRIO

SEDE

PETROQUÍMICA

BIOCOMBUSTÍVEIS

ENERGIA ELÉTRICA

TRANSPORTE POR DUTOS

TRADING

PETROBRAS PELO MUNDO

Page 67: Petrobras Magazine #62

INVESTIMENTOS (US$ MILHÕES)

PRODUÇÃO DIÁRIA (MILHARES DE BOE/D)*

RESERVAS TOTAIS (BILHÕES DE BOE)*

* Média diária de produção de petróleo e gás natural * critério SEC

20.978

2007

2.301

2007

11,6

2007

29.874

2008

2.400

2008

11,1

2008

43.513

2010 2.583

2010 12,7

2010

35.134

2009

2.526

2009

12,1

2009

43.164

2011

2.622

2011

12,9

2011

62|63

VISÃ

O G

ERA

L

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