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Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 6, n.12, jan-jun de 2015 116 OS EFEITOS DA ASSOCIAÇÃO DO PEELING DE DIAMANTE À IONTOFORESE COM ALPHA ARBUTIN® PARA MELASMA FACIAL THE EFFECTS OF DIAMOND PEELING ASSOCIATION TO IONTOFORESE WITH ALPHA ARBUTIN® FOR FACIAL MELASMA Camila Fernanda de Oliveira [email protected] Rita de Cássia Ricci [email protected] Tainá Guidastri Ramos [email protected] Graduadas em Estética UNISALESIANO Lins Profª Ma. Luciana Marcatto Fernandes Lhamas UNISALESIANO Lins [email protected] RESUMO O Melasma é caracterizado como uma hipermelanose adquirida na pele que acomete geralmente regiões da face que são mais expostas ao sol. Baseado nisso, encontra-se o ativo Alpha Arbutin® que atua na inibição da enzima tirosinase e estimula o clareamento da pele e em conjunto à Iontoforese, que atuará na contribuição de melhor absorção do ativo administrado; acredita-se que os benefícios do ativo serão potencializados. O Peeling de Diamante, por sua vez, colabora através da esfoliação feita sob o estrato córneo da pele, deixando-a mais fina favorecendo os efeitos do ativo Alpha Arbutin®. A presente pesquisa teve como objetivo identificar a eficácia do Alpha Arbutin® aplicado por Iontoforese associado ao Peeling de Diamante para Melasma Facial. Foi desenvolvida uma pesquisa experimental de abordagem qualitativa, com duração de 60 (sessenta) dias, onde os procedimentos foram aplicados em quatro mulheres com idade entre 20 (vinte) e 45 (quarenta e cinco) anos com fototipo III, que apresentavam Melasma na região da face. Os resultados foram analisados por meio de registros fotográficos pré e pós- tratamento. O estudo obteve resultados satisfatórios, pois houve uma otimização significativa na aparência das manchas, onde a pele apresentou-se mais uniforme e, consequentemente, observou-se uma melhora notória na autoestima das voluntárias. Palavras-chaves: Melasma, Peeling de Diamante, Alpha Arbutin®, Iontoforese. ABSTRACT The Melasma is known as a hipermelanose acquired on the skin that usually appears on the face area for been so exposured to the Sun. Based on that, it is found the Alpha Arbutin® that works for the inhibition of the enzime tirosinase and estimulates the lighten of the skin and along with the lontoforese that will act on the contribution of a better absortion of the substance mentioned above. This substance is believed to be double beneficial. This research aimed at recognizing the advantages of the Alpha Arbutin® applied by lontoforese associated to Diamond Peeling for facial melasma. It was developed a research that lasted for 60 days and the procedures were applied to four women at ages between 20 to 45 years old with phototipo I and III that represented melasma on the facial area. The results were analysed by records of photographs before and after treatment. The studies had a

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Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 6, n.12, jan-jun de 2015

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OS EFEITOS DA ASSOCIAÇÃO DO PEELING DE DIAMANTE À IONTOFORESE COM ALPHA ARBUTIN® PARA MELASMA FACIAL

THE EFFECTS OF DIAMOND PEELING ASSOCIATION TO IONTOFORESE WITH ALPHA ARBUTIN® FOR FACIAL MELASMA

Camila Fernanda de Oliveira – [email protected]

Rita de Cássia Ricci – [email protected] Tainá Guidastri Ramos – [email protected]

Graduadas em Estética – UNISALESIANO Lins Profª Ma. Luciana Marcatto Fernandes Lhamas – UNISALESIANO Lins –

[email protected]

RESUMO

O Melasma é caracterizado como uma hipermelanose adquirida na pele que

acomete geralmente regiões da face que são mais expostas ao sol. Baseado nisso, encontra-se o ativo Alpha Arbutin® que atua na inibição da enzima tirosinase e estimula o clareamento da pele e em conjunto à Iontoforese, que atuará na contribuição de melhor absorção do ativo administrado; acredita-se que os benefícios do ativo serão potencializados. O Peeling de Diamante, por sua vez, colabora através da esfoliação feita sob o estrato córneo da pele, deixando-a mais fina favorecendo os efeitos do ativo Alpha Arbutin®. A presente pesquisa teve como objetivo identificar a eficácia do Alpha Arbutin® aplicado por Iontoforese associado ao Peeling de Diamante para Melasma Facial. Foi desenvolvida uma pesquisa experimental de abordagem qualitativa, com duração de 60 (sessenta) dias, onde os procedimentos foram aplicados em quatro mulheres com idade entre 20 (vinte) e 45 (quarenta e cinco) anos com fototipo III, que apresentavam Melasma na região da face. Os resultados foram analisados por meio de registros fotográficos pré e pós-tratamento. O estudo obteve resultados satisfatórios, pois houve uma otimização significativa na aparência das manchas, onde a pele apresentou-se mais uniforme e, consequentemente, observou-se uma melhora notória na autoestima das voluntárias. Palavras-chaves: Melasma, Peeling de Diamante, Alpha Arbutin®, Iontoforese.

ABSTRACT

The Melasma is known as a hipermelanose acquired on the skin that usually

appears on the face area for been so exposured to the Sun. Based on that, it is found the Alpha Arbutin® that works for the inhibition of the enzime tirosinase and estimulates the lighten of the skin and along with the lontoforese that will act on the contribution of a better absortion of the substance mentioned above. This substance is believed to be double beneficial. This research aimed at recognizing the advantages of the Alpha Arbutin® applied by lontoforese associated to Diamond Peeling for facial melasma. It was developed a research that lasted for 60 days and the procedures were applied to four women at ages between 20 to 45 years old with phototipo I and III that represented melasma on the facial area. The results were analysed by records of photographs before and after treatment. The studies had a

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satisfactory result for it had a meaningful improvement on the stains of the skin as well as improving the volunteers self-steem. Keywords: Melasma. Diamond peeling. Alpha Arbutin®. Iontoforese.

INTRODUÇÃO

A busca do homem pela imagem ideal tem se tornado constante e não estar

satisfeito com sua própria aparência pode influenciar negativamente seus campos

emocionais, psicológicos e sociais e, em casos extremos, desenvolver transtorno

depressivo. E as manchas na pele são uma das causas dessa insatisfação.

(FREITAG, 2007)

O tecido cutâneo facial está inevitavelmente exposto às agressões

extrínsecas, principalmente aos raios ultravioletas do sol. Com a finalidade de

defesa, ocorre o aumento da síntese de melanina. Segundo Gonchoroski (2005, p.

84-8), “[...] após a irradiação, os melanossomas se reagrupam em torno do núcleo a

fim de proteger o material genético da célula e, assim, além de promover a

coloração da pele, a melanina promove fotoproteção [...]”.

Em alguns casos, ocorre a produção exacerbada de melanina, o que resulta

em manchas hipercrômicas. Entre elas, apresenta-se o melasma. Apesar de sua

etiologia não ser totalmente comprovada, acredita-se que está diretamente

relacionada a alterações hormonais, pré-disposição genética, e disfunções na

tireoide (MOREIRA, 2010). O melasma caracteriza-se por manchas escuras ou

acastanhadas, de contornos assimétricos que atinge geralmente as regiões

centrofacial, malar e mandibular e em 90% dos casos é diagnosticado em mulheres

em idade fértil. (COSTA, 2012)

Para obter um clareamento significativo das manchas são utilizados ativos

despigmentantes que têm como principal função diminuir a produção de melanina

por meio da inibição da enzima responsável pela síntese, a tirosinase. O Alpha

Arbutin®, além de clarear, também promove um tom uniforme em todos os tipos de

pele. (NASCIMENTO apud DOMINGUES, 2012)

O Peeling de Diamante provoca uma esfoliação no estrato córneo da pele,

causa uma leve hiperemia na região onde foi feito, promove a renovação celular e

favorece a permeabilidade do ativo Alpha Arbutin®, potencializando, assim, os seus

efeitos na pele. (BORGES, 2010)

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A Iontoforese é uma técnica não invasiva, que, por meio da corrente elétrica e

por repulsão de cargas iguais, aumenta a penetração de ativos ionizáveis no tecido

cutâneo a ser tratado (GASPAR, 2012). Melhora também a oxigenação, circulação e

nutrição dos tecidos. (BORGES, 2010)

O presente estudo teve como objetivo verificar a eficácia da associação do

Peeling de Diamante à Iontoforese com Alpha Arbutin® para tratar melasma facial.

1 CONCEITOS PRELIMINARES

1.1 A pele e suas estruturas

A pele é considerada o maior órgão do corpo humano. Sua principal função é

impedir que agressores externos penetrem em seus tecidos, como os raios

ultravioletas, infecções, umidade, traumas mecânicos. Apresenta, também, grande

importância na produção de vitamina D, regulação de temperatura e percepção

sensorial (GOBBO, 2010). Composta por diversas estruturas, a pele divide-se em

duas camadas: Epiderme e Derme, e, abaixo, uma camada composta por tecido

adiposo, avaliado como um tecido subcutâneo, a Hipoderme. (RIBEIRO, 2010)

A Epiderme é a camada mais superficial da pele e age como barreira para

agressores externos; ela está em transformação contínua e seu processo de

renovação dura cerca de 28 (vinte e oito) dias.

É composta por cinco estratos: córneo, lúcido, granuloso, espinhoso e

basal/germinativo. O estrato córneo é composto por células que não possuem

núcleo e é rico em queratina amolecida. Já o estrato lúcido tem a função de hidratar

todas as estruturas e localiza-se na pele da palma das mãos e planta dos pés. O

estrato granuloso é composto por camadas de células achatadas. Acima do estrato

basal encontra-se o estrato espinhoso e é para onde migram as células que se

renovam do estrato córneo. Por fim, localiza-se o estrato basal, que é a camada

mais profunda da Epiderme, onde ocorre a renovação celular.

O estrato basal apresenta dois tipos de células: os queratinócitos – células

que realizam a produção de queratina que atua na proteção e revestimento da pele.

E os Melanócitos – realizam a síntese de melanina, responsável pela pigmentação

da pele.

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A Derme é formada basicamente por colágeno e elastina; é responsável pela

sustentação da Epiderme. Estão presentes na Derme os vasos sanguíneos,

linfáticos, nervos e órgãos sensoriais. (AUGUSTO et al., 2008)

1.1.1 Hipermelanose cutânea e melasma

A Hipermelanose cutânea consiste na presença de manchas escuras na pele,

onde ocorre a produção exagerada de melanina pelos melanócitos, podendo ser

localizada ou dispersa. Entre as melanoses, encontra-se a mais comum, o melasma.

(RIBEIRO, 2010)

O melasma é um distúrbio de pigmentação, caracterizado por manchas

acastanhadas e bordas irregulares que acometem geralmente mulheres em idade

fértil; localiza-se mais comumente na região centrofacial, podendo se observar

também nas regiões foto expostas, como pescoço e colo.

A etiologia do melasma é desconhecida, porém, a radiação ultravioleta,

fatores hormonais e herança genética estão diretamente ligados a essa

Hipermelanose, tendo em vista que por maior atividade, os hormônios estimulam a

produção exacerbada de melanina, resultando no aparecimento do melasma. A

exposição aos raios ultravioletas sem o uso de proteção solar é um agravante do

melasma, uma vez que essa Hipermelanose piora no verão. Além dos fatores já

citados, disfunções na tireoide, cosméticos, disfunções hepáticas e fatores

nutricionais estão relacionados também no diagnóstico do mesmo.

O melasma pode ser diagnosticado em quatro tipos: Meslasma Epidérmico –

é caracterizado quando há diferença significativa entre a pigmentação da pele e da

mancha; Melasma Dérmico – há um menor contraste entre a pele e a mancha;

Melasma Misto – são áreas com variação de contraste; e Melasma Indefinido –

atinge pessoas com fototipos mais elevados e a diferença entre a coloração da

mancha e a pele é de difícil percepção. (KEDE, 2009)

1.2 Permeação cutânea de ativos

O tecido cutâneo é um dos principais locais de aplicação de cosmecêuticos e

cresce cada dia mais a procura e estudos por esses ativos. O estrato córneo,

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camada mais externa da pele, é formado por queratinócitos que dificultam a

permeabilidade de substâncias sobre os tecidos, o que acarreta em uma barreira de

proteção natural da pele.

Por meio dessa dificuldade na penetrabilidade cutânea de fármacos, recursos

físicos a fim de otimizar os efeitos de ativos sobre a pele estão em constantes

estudos para servirem como método alternativo ou auxiliar nos protocolos utilizados.

(JESUS; SILVA; MENDONÇA, 2006)

1.2.1 Iontoforese: indicações, benefícios e contraindicações

Iontoforese é um recurso terapêutico não invasivo que utiliza corrente elétrica

para transportar agentes farmacêuticos ao Tecido Cutâneo. O primeiro a elucidar

sobre o método foi Pivati, em 1747; entretanto, seu uso na ministração de fármacos

foi no início do século XX, e, desde então, vários ativos são estudados para o devido

fim, onde são analisados o nível de penetração e a eficácia.

A técnica é significativamente utilizada em tratamentos com medicamentos

analgésicos, a fim de proporcionar alívio mais rápido da dor devido ao seu poder de

permeabilidade mais profunda sobre a pele. (OLIVEIRA; GUARATINI; CASTRO,

2005)

A aplicação prática do método divide-se em três etapas: a Fonte Elétrica –

que é o equipamento composto por eletrodos de metal ou borracha; a Solução

Doadora de Íon – que são um solvente e o fármaco ionizável que se deseja

transportar transdermicamente; e a Região de Aplicação do Paciente.

Os mecanismos envolvidos na transferência transdermal por Iontoforese são

a Eletrorrepulsão – provinda da compatibilidade do fármaco ionizável e a

eletricidade, o que gera maior força para conduzir íons de mesma polaridade ao

eletrodo que são submetidos; Eletrosmose – movimento transdérmico de parte do

solvente em contato com os elementos iônicos que foram diluídos no mesmo e

aumento da permeabilidade da pele pelo pulso elétrico.

O principal local de acesso dos íons que são transferidos pelo método são as

glândulas sudoríparas, pois o estrato córneo, glândulas sebáceas e folículos pilosos

apresentam impedância cutânea. É importante dizer que, quanto maior o tempo de

aplicação e a amplitude da corrente, maior será a quantidade de íon transferida na

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região. (GRATIERI; GELFUSO; LOPEZ, 2008)

O grande diferencial da Iontoforese é a maior liberação de agentes (fármacos

ou cosmecêuticos) sobre o Tecido Cutâneo, o que confere em melhores resultados

em prazos reduzidos comparados ao método tradicional de aplicação tópica; e, por

se tratar de um método não invasivo, não apresenta dor ou qualquer outro

desconforto à pessoa que for submetida ao mesmo. O risco de queimaduras ou

grande sensação de desconforto pode existir, mas é desconsiderado devido à baixa

potência da corrente utilizada nos procedimentos. (BORGES, 2010)

O método é indicado para auxiliar em procedimentos para o tratamento de

fibro edema geloide, inflamações, flacidez dérmica, gordura localizada, entre outros.

O recurso é banido em casos de próteses metálicas, gravidez, cardiopatias,

infecção ativa e hipersensibilidade ao ativo administrado. (BORGES, 2010)

1.3 Microdermoabrasão

A Microdermoabrasão é uma técnica de esfoliação não invasiva, utilizada

como método de peeling mecânico com caráter superficial, ou seja, atinge apenas a

Epiderme o que ocasionará efeito regenerativo da pele. (CANTO; MEJIA, 2012)

O equipamento de Microdermoabrasão é constituído por uma caneta

aplicadora que gera pressão positiva e negativa em conjunto durante todo o período

de aplicação da técnica diretamente sobre a pele, onde a ponteira da caneta é

composta por microgrânulos de óxido de alumínio sendo que a pressão positiva é

depositada e é ocasionada a esfoliação no tecido cutâneo e, ao mesmo tempo, são

absorvidos pela pressão negativa ambos os microgrânulos e o tecido removido com

a esfoliação. É importante atentar-se ao fato de que, a pressão causada pelo

aparelho é totalmente controlada através de botões de regulagem, o que gera

melhor controle por parte do profissional que irá realizar o procedimento. (BORGES,

2010)

1.3.1 Peeling de Diamante: indicações, benefícios e contraindicações

O Peeling de Diamante trata-se de um aparelho com ponteiras diamantadas

utilizadas para a Microdermoabrasão, onde, no caso, difere-se ao fato de que nessa

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técnica seja utilizada apenas a pressão negativa, a qual irá sugar a pele e a ponteira

diamantada realizará o processo de lixamento sobre a pele, o que resulta em um

tecido cutâneo mais fino o que tornará mais suscetível a penetração de agentes

determinados para cada situação à qual deseja ser tratada. (BORGES, 2010)

A técnica descrita tem como principal função afinar a camada superficial da

pela, à qual irá proporcionar a regeneração celular e, consequentemente, a

produção de colágeno e elastina o que trará à pele maior viço e melhor aparência;

outro ponto positivo é que, como consequência dessa abrasão, a pele estará

suscetível a posteriores benefícios de ativos cosmecêuticos aplicados após o

procedimento. (BORGES, 2010)

O Peeling de Diamante se faz válido para tratamentos onde se deseja

melhorar a aparência de rugas superficiais, cicatriz de acne, clareamento superficial

da pele, estrias e foliculite. O procedimento deverá ser banido em casos de lesões

teciduais que apresentem processo inflamatório; atentar-se ao excesso de abrasão

provocado em qualquer fototipo cutâneo, mas, principalmente, a pele negra; haja

vista que a mesma possui maior probabilidade de ocorrência em discromias.

(CANTO; MEJIA, 2012)

É importante que o uso de ácidos seja cauteloso, uma vez que os danos

causados pelo mau uso de tal possam causar manchas na pele quando não

indicados e acompanhados por profissionais aptos a ministrar o ativo com

segurança. (BORGES, 2010)

1.4 Despigmentantes

A busca pela beleza nos dias atuais tem aguçado os desejos de pessoas,

especialmente mulheres, pelo mundo afora. Os produtos dermatológicos clareadores

faciais estão em grande demanda em todos os países devido ao anseio na melhora

de manchas na pele com o propósito de atenuar as regiões hiperpigmentadas e

aumentar a autoestima de quem faz uso deste método.

O que diferencia as pessoas com e sem alterações pigmentares é que em

casos de manchas a formação de melanina é maior, o que demanda a desordem da

pigmentação na pele. Para uma eficaz despigmentação e efeito satisfatório, os

despigmentantes devem atuar, entre outros métodos: impedimento da tirosinase,

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enzima de suma importância para a formação da melanina; redução dos

melanócitos; eliminação de processos inflamatórios ocorridos pós-exposição à

radiação ultravioleta; como antioxidantes da melanina. (RIBEIRO, 2010)

1.4.1 Alpha arbutin®: indicações, benefícios e contraindicações

O ativo mais comumente utilizado na despigmentação cutânea é a

Hidroquinona, devido à sua ação imediata sobre a mancha; porém, seus efeitos

colaterais têm feito aumentar a busca por um despigmentante mais seguro e de

resultados tão satisfatórios quanto. (RIBEIRO, 2010)

Como efeitos dessa busca, surgiram alguns derivados da Hidroquinona, entre

eles encontra-se o Alpha Arbutin®, ativo que clareia as manchas existentes e

promove tom uniforme na pele; isso se deve ao fato de ser um ativo puro e

biosintético, além de ser estruturalmente um alfa-glicosídeo, fato que o torna mais

estável e eficaz que clareadores utilizados com frequência.

O Alpha Arbutin® atua bloqueando a tirosinase, principal enzima na formação

da melanina, que é gerada através de uma reação entre a tirosina (aminoácido) e a

tirosinase, que acontece no interior dos melanossomas, que, por sua vez, são

formados dentro dos melanócitos. Este despigmentante promove clareamento eficaz

e seguro além de proporcionar um tom uniforme em todo o local tratado. É um ativo

de efeitos colaterais desconsiderados e despigmentação rápida. (VIA FARMA, 2012)

O ativo descrito é indicado para tratamentos clareadores em todos os tipos de

pele, atenuando as Hipermelanoses faciais e nas mãos. (FAGRON, 2014). É

contraindicado em gestantes, lactantes e pessoas que possuam reação alérgica ao

ativo administrado. (VIA FARMA, 2012)

2 METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa experimental de abordagem qualitativa, tendo

como objetivo comparar antes e depois da associação do Peeling de Diamante

aliado ao Alpha Arbutin® e Iontoforese. O estudo foi desenvolvido após a aprovação

do Comitê de Ética e Pesquisa do UNISALESIANO – Lins/SP, parecer número

661.845, 26/05/2014. Os procedimentos foram realizados no laboratório de Estética

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do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO Lins, no

período de 02 a 30 de junho de 2014, com o total de 8 (oito) sessões, sendo duas

vezes por semana. As voluntárias da pesquisa apresentavam Melasma Facial e não

faziam uso de nenhum tratamento medicamentoso e estético; as mesmas foram

divididas em dois grupos: A e B.

No grupo A, as voluntárias possuíam 41 (quarenta e um) e 45 (quarenta e

cinco) anos, ambas fototipo III. No grupo B, apresentavam 32 (trinta e dois) e 35

(trinta e cinco) anos, também fototipo III.

Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para

a coleta de dados, foi realizada uma Avaliação Facial com aspectos voltados a

verificar Fototipo, Biotipo Cutâneo, alterações por pigmentação, rotina de saúde,

hábitos alimentares. Posteriormente, foi efetuada a coleta de imagens através de

uma máquina fotográfica da marca Canon modelo: EOS REBEL T3i, com o fundo

creme, iluminação ambiente a um metro de distância da região fotografada.

Durante o período do experimento, as voluntárias foram orientadas a não se

exporem ao sol e a fazerem uso de protetor solar, a fim de não interferir ou

prejudicar os resultados esperados. O tratamento foi superficial, agindo apenas

sobre a Epiderme e apresentou riscos mínimos, sendo um deles a sensibilidade

local alterada.

Na primeira e quarta sessões, após a higienização da pele e antes da

aplicação do ativo, ambos os grupos foram submetidos ao Peeling de Diamante,

com o intuito de remover as células mortas para melhor aproveitamento do

tratamento. (BORGES, 2010)

Nas voluntárias 1 e 2 do grupo A, respectivamente, foi administrado sobre a

pele o ativo Alpha Arbutin® na concentração usual de 2%, concomitantemente à

Iontoforese em polaridade positiva, durante 6 (seis) minutos em cada região para

que ocorresse a melhor absorção cutânea. Já as voluntárias 1 e 2 do grupo B,

respectivamente, foi aplicado o Alpha Arbutin® e apenas massageado sobre as

regiões, também durante 6 (seis) minutos. Finalizando ambos os grupos com filtro

solar ADCOS® FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR (fps) 60 (sessenta).

Na análise de dados, foram utilizados os registros fotográficos feitos no

primeiro dia da sessão, e as fotos do pós-tratamento foram tiradas após a última

sessão. O tratamento foi finalizado com a aplicação do questionário de satisfação

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respondido por cada voluntária com a finalidade de avaliar o tratamento

desenvolvido em relação à melhora da mancha, aspecto da pele e serviço prestado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante todo o período de pesquisa, não houve nenhuma reação adversa ou

qualquer outro imprevisto que pudesse interferir nos resultados.

Após o término do estudo prático, todas as voluntárias foram submetidas a

responderem o questionário de satisfação, a fim de qualificar o tratamento

desenvolvido. Conforme apontam os resultados dos seguintes gráficos, as

voluntárias de ambos os grupos (A e B) sentiram-se satisfeitas ou muito satisfeitas

em relação aos aspectos das manchas, da pele e também ao atendimento prestado.

Figura 1: Melhora da mancha

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014

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Figura 2: Aspecto da pele

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014

Figura 3: Serviço prestado

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014

Concomitantemente, foi realizada a coleta de imagem final para a análise.

As voluntárias 1 e 2 do grupo A e grupo B obtiveram os mesmos sinais de

melhora, tais como clareamento significativo das manchas e uniformidade na

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tonalidade do tecido cutâneo facial.

GRUPO A

Voluntária 1 Voluntária 2

Figura 4: com Iontoforese Figura 5: com Iontoforese

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014

GRUPO B

Voluntária 1 Voluntária 2

Figura 6: sem Iontoforese Figura 7: sem Iontoforese

Fonte: Elaborada pelas autoras, 2014

Melasma é uma das causas de maior procura em clínicas dermatológicas e

estéticas devido ao seu efeito disforme que acomete a coloração da pele no local em

que se encontra e, consequentemente, surtindo efeito negativo na autoestima de

pessoas que sofrem com tal discromia; por este motivo foi tido como tema dessa

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pesquisa. (MIOT et al., 2007)

O presente estudo confirma dados relatados por Borges (2010) a respeito da

Microdermoabrasão realizada com o Peeling de Diamante, sugerindo que o método

afina a camada superficial da pele ocasionando maior sensibilidade à mesma, o que

acarreta melhor aproveitamento do ativo Alpha Arbutin® de forma que o

despigmentante não encontre a impedância cutânea necessária para seu melhor

aproveitamento ser comprometido.

O ativo, por sua vez, também obteve resultados satisfatórios e que confirmam

sua eficácia na ação clareadora e na função de uniformizar brandamente as regiões

tratadas na face das voluntárias em pouco tempo de administração do fármaco, não

apresentando nenhum efeito colateral ou qualquer outro imprevisto que pudesse

comprometer os resultados da pesquisa. (VIA FARMA, 2012)

Quanto à técnica de Iontoforese, foram observadas controvérsias entre os

experimentos realizados e achados literários, de modo que Gratieri; Gelfuso; Lopez

(2008), defendem seu uso para que a permeabilidade cutânea de ativos seja

potencializada devido à polaridade da corrente elétrica utilizada na técnica e a

polaridade do ativo empregado.

Constatou-se que, em ambos os grupos (A e B) a melhora na aparência das

manchas apresentaram-se com a mesma importância, de modo que não é possível

afirmar que a técnica de ionização surtira efeito superior aos procedimentos

cometidos sem o uso da corrente elétrica para superior absorção do Alpha Arbutin®.

É válido ressaltar que sua eficácia é dada individualmente às pesquisas e estudos

realizados anteriormente, de modo que os resultados obtidos nesse estudo não

desqualificam anteriores resultados positivos do procedimento citado.

CONCLUSÃO

Embasado nos resultados da presente análise, notou-se a eficácia do Alpha

Arbutin® para o clareamento do melasma e uniformização do tom da pele aplicado

nos dois grupos estudados. Ao contrário do que acreditava-se, o método de

Iontoforese não potencializou de maneira satisfatória os benefícios do fármaco

utilizado nesta pesquisa. Portanto, não foi plausível comprovar sua efetividade

descrita nas literaturas encontradas.

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Ainda que a Iontoforese não tenha apresentado os resultados desejados, as

voluntárias relataram sentirem-se satisfeitas em relação à aparência e diminuição

das manchas e uniformidade no tom da pele.

REFERÊNCIAS

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