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A Franco-Maçonaria Oculta e Mística (1643 - 1943) O Martinismo História e Doutrina Por Robert Ambelain Traduzido do original francês: “Le Martinisme: Histoire et Doctrine” Editions Niclaus Paris - 1946 "Recebei, ó Senhor, sob os votos do Filósofo Desconhecido, nosso Venerável Mestre, a homenagem que Teus servos aqui presentes Te prestam! Que esta misteriosa e Divina Luz Ternária ilumine nossos espíritos e nossos corações, como ela resplandeceu nas obras dos nossos mestres do passado. Que estas chamas iluminem com sua vívida clareza os Irmãos aqui reunidos sob Teu chamado, e que sua presença seja um testemunho vivo de sua união”.... "Portanto, sob a forma adotada há muito pelos Mestres, permitimos aos Símbolos se Sociedade das Ciências Antigas Page 1 of 28 O Martinismo - Parte 1 29/6/2011 file://C:\Documents and Settings\Administrador\Configurações locais\Temp\tmp66a5\...

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  • A Franco-Maonaria Oculta e Mstica (1643 - 1943)

    O Martinismo Histria e Doutrina

    Por

    Robert Ambelain

    Traduzido do original francs:

    Le Martinisme: Histoire et Doctrine Editions Niclaus

    Paris - 1946

    "Recebei, Senhor, sob os votos do Filsofo Desconhecido, nosso Venervel Mestre, a homenagem que Teus servos aqui presentes Te prestam! Que esta misteriosa e Divina Luz Ternria ilumine nossos espritos e nossos coraes, como ela resplandeceu nas obras dos nossos mestres do passado. Que estas chamas iluminem com sua vvida clareza os Irmos aqui reunidos sob Teu chamado, e que sua presena seja um testemunho vivo de sua unio.... "Portanto, sob a forma adotada h muito pelos Mestres, permitimos aos Smbolos se

    Sociedade das Cincias Antigas

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  • manifestarem![1]

    .

    Nota do Autor Em outras obras, publicadas antes ou aps a guerra, ns apresentamos doutrinas esotricas, com freqncia,bastantes diferentes umas das outras. Em cada oportunidade, publicamo-las com imparcialidade e esmero pela exatido. Em certas vezes, tomamos tantos cuidados que parecemos inclusive estar defendendo oupromovendo essas doutrinas. Embora com essa atitude tenhamos sido rotulados de diversas formas, ao gostode certos leitores. E assim, desde o lanamento do nosso livro sobre o Simbolismo das Catedrais que ramosassociados autoritariamente a uma das mais temveis seitas satnicas! Ningum parece conhecer compreciso o nome e seus princpios, mas no paira dvida de que se trata da mais pura magia negra. Comnosso estudo sobre a Gnose e os Ophitas, tornamo-nos lucifrianos fanticos; entretanto, os crticos nos fizeram o favor de no nos sobrecarregar com o epteto (contudo lisonjeiro) de Rosa+Cruz, no obstante oltimo captulo que tratava de sua doutrina. Em verdade, nosso amor-prprio foi agradavelmente gratificado. Agora, publicamos um estudo sobre o Martinismo. No h dvida que nos atribuiro a herana espiritual deMartinez de Pasqually, sem esquecer das descries entusisticas das cerimnias msticas pelas quais, comnosso orgulho perverso, de submeter s Potncias do mal ao nosso imprio, de evocar as Intelignciascelestes e de nos entretermos com elas, at mesmo de tentar, em um sacrlego desafio, invocar aquilo queMartinez de Pasqually, e seu discpulo Louis-Claude de Saint-Martin, denominam de "O Reparador". Os adversrios fanticos das sociedades secretas do Ocultismo iro nos prescrever tenebrosas e sombriasintenes, e certamente, tentaro nos colocar em meio dos misteriosos sequazes dos "SuperioresIncgnitos"! Eles iro nos questionar de onde obtivemos nossa abundante documentao, e por que milagrechegamos a conhecer os fatos e aes de uma fraternidade multi secular, no curso de um perodo em que,proscritos e perseguidos com vigor, seus membros tiveram de redobrar sua prudncia e precauo. Responderemos a nossos mal-intencionados crticos, a nossos adversrios declarados ou no, que tudo issoagrega um mnimo valor ao livro. Pouco importa se ns tivemos acesso a arquivos que lhes foram negados,se fomos documentados de forma to intencional, ou se ns tivemos acesso, por direito, a um mundo do qual suas portas permanecero sempre rigorosamente fechadas para eles, no importa. Isso interessasomente a ns. Trazemos ao pblico um trabalho que desejamos que seja histrico e dogmtico, que abranja

    toda a doutrina. Esta a nica coisa que colocamos em julgamento[2]

    . No mais, depositamos nossa confiana que certo Querubim, guardio de um certo "limiar", possa lhes dar, ou no, o acesso a estesanturio que at o presente tm buscado em vo!

    Robert AmbelainIntroduo

    "Aqueles que se aproximaram do mistrio da Iniciao, eaqueles que o ignoraram, no tero, na moradia dasSombras, um destino semelhante". (Jamblico)

    "Irmo, irei lhe transmitir a Iniciao de acordo com nosso Venervel Mestre Louis-Claude de Saint-Martin, tal como eu a recebi de meu iniciador, tal como ele prprio a recebeu, e assim por diante at Louis-Claude de Saint-Martin em pessoa, por mais de cento e cinqenta anos. Mas primeiramente eu vos convido, eigualmente aos Irmos aqui presentes, a unir-se a mim para santificar esta Sala, afim de que ela se torne,

    pela dupla virtude da Palavra e da Ao, nosso Templo particular[3]

    , onde ir se celebrar o mistrio desta iniciao tradicional. Portanto, sob a forma adotada h muito pelos Mestres, permita que os Smbolos se manifestem!... Dezembro de 1940. A neve cobre Paris. Neste fim de tarde, quando o sol se declina e morre no horizonterubro, alguns homens se reuniam em uma sala no ltimo andar de um edifcio no Quartier Latin. Uma antiga

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  • casa do sculo XVIII, com uma larga e monumental escada de madeira. Do lado de fora, nas ruas, naspraas, nos cafs, em todo lugar, o exrcito alemo, vitorioso. Em todo lugar tambm, os agentes doGoverno de Vichy. O terror policial reinava, sobre as Sociedades Secretas e sobre os Iluminados. Buscas,capturas, prises, choviam sobre os fora-da-lei. Mas aqui, era um outro mundo... Sobre uma mesa, recoberta com uma trplice toalha, negra, branca e vermelha, emblema dos Trs Mundos, aespada de guarda cruciforme projeta seu brilho atravs do Evangelho de So Joo. Atrs, na claridadedanante de trs longos crios dispostos em tringulo, vagamente encobertos pela fumaa odorfica, desenha-se a silhueta imprecisa do Iniciador, o Incensrio em mos. Ele traa no espao, com um gesto longo eseguro, o Sinal misterioso. distncia, solitrio, brilha um outro crio. Apoiado sobre a base do candelabro, um cordo e uma mscara. O crio dos "Mestres do Passado"... No silncio dos Assistentes, mudos e recolhidos, a voz grave prossegue com a profisso do Ritual, e aspalavras do Sacramentrio soam, claras e ntidas, semelhante a uma Litania. Elas estabeleceram atravs do Tempo e do Espao a "ponte" que deve unir os Vivos e os Mortos. E parece que, repentinamente, a sala seencontra povoada de Presenas Invisveis. "Recebei, Senhor, sob os votos do Filsofo Desconhecido, nosso Venervel Mestre, a homenagem queTeus servos aqui presentes Te prestam! Que esta Luz misteriosa ilumine nossos espritos e nossos coraes,como ela resplandeceu nas obras dos nossos mestres do passado. Que estas chamas iluminem com suavvida clareza os Irmos aqui reunidos sob Teu chamado, e que sua presena seja um testemunho vivo desua unio... Com uma preciso de minutos, a Cerimnia inicitica se desenrola, plena de grandeza. O prprio tempoparece ter sido suspenso. Ento, um dos assistentes finalmente coloca a Mscara emblemtica, smbolo do Silncio e do Segredo,sobre a face do Iniciando. Um outro o revestiu com o Manto Sagrado, smbolo da Prudncia. E um terceiro ocingiu com o Cordo, recordando a "cadeia da Fraternidade". O lento ofcio tergico prossegue. E aps a consagrao do novo irmo, o outorgamento do "nome"esotrico, ressoam as ltimas palavras, e a cerimnia atinge seu trmino: "Possai vs, meu irmo, justificar as palavras do Zohar: Aqueles que possuram o Divino Conhecimento brilharo com o esplendor dos Cus... Mas aqueles que o ensinaram aos Homens, sob os Votos da Justia,brilharo como as Estrelas por toda a Eternidade!... O Iniciador e o Iniciado voltam-se para o crio solitrio, para a chama imovedoura a qual velam as almas dos"Mestres do Passado": "Irmos, eu vos apresento N..., Superior Incgnito de nossa Ordem e rogo-vos de aceit-lo entre ns... Uma extraordinria angstia envolve o corao de todos os assistentes. No Oratrio, onde o fumo doIncenso resseca as gargantas, onde parece que toda a Vida se refugiou nas pequenas chamas que, altas eretas, danam, danam, danam, no so os vivos que parecem ser os mais reais. E sob os grandes mantos, as mscaras, as faixas de seda branca, atrs da luminescncia dos gldios, poderiam crer que somente osmortos seriam vistos... Muito pelo contrrio, os mais vivos, so os Mortos da Ordem, os "Mestres do Passado", todos ao redor! chamada da Palavra, todos esto presentes. Apesar dos sculos, eles esto l, fiis ao encontro mgico:Henri Kunrath, o autor do Anfiteatro da Sabedoria Eterna... Sthou, o prestigiado "Cosmopolita", morto pelos instrumentos de tortura do Eleitor da Bavria... Cornelius Agrippa, mdico e alquimista de Carlos V,morto por causa da misria e da fome... Christian Rosenkreutz, peregrino da Sabedoria... Jacob Boehme, osapateiro iluminado... Robert Fludd, homem de maravilhosa inteligncia, morto em uma masmorrainquisitria... Francis Bacon, suspeito de haver sido o grande Shakespeare.... Martinez de Pasqually, o"mestre" que ousou evocar os anjos... Louis Claude de Saint-Martin, o porta-voz do "Filsofo

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  • Desconhecido"... Jean Baptiste Willermoz, depositrio fiel de seu mestre Martinez...e todos os outros cujosnomes escapam, e que, oficiais, grandes nobres, ou pobres camponeses, sob o grande manto negro doperegrino, sob o topete empoeirado, levaram aos quatro cantos da velha Europa durante este libertadorsculo XVIII que finalmente se realiza o "grande desejo" dos Rosa+Cruzes, o misterioso eco da "Palavra Perdida"... E, dominando todas estas sombras, eis que um outro se ergue, fazendo-se passar pelo Oratrio, como um grande sopro vindo das regies onde paira o Esprito, a prpria Alma de todas as Fraternidades! Eis que, misteriosa, mas inspiradora, inumana, mas divina, incognoscvel, mas iluminadora, eis que passa a sombra de Elias Artista... Fora, na noite enfim, Paris se reveste de um manto branco de silncio. Sempre neva. E o frio se torna aindamais penetrante. Nas ruas, sobre as praas, por toda parte, o Exrcito alemo, vitorioso. E ainda, por todaparte, suspeitas, inspees, investigaes, perseguies, apreenses e prises. s centenas, em represlia aatentados annimos, presos tombam mortos, fuzilados. Em poucos meses apenas, os primeiros comboiospartiro dos campos de concentrao para os trabalhos forados no front do leste ou do oeste, de onde nunca voltaro... E, como nos tempos sangrentos da Idade Mdia, o terror reina sobre os iluminados. De imediato, atacaram as Ordens manicas, livre-pensadores e ateus, unicamente ocupados em pura poltica. Ento, as Ordens Espirituais. Enfim, as organizaes semi-manicas. A opinio pblica se acostumou a isso... E agora retomada a batalha secular, frustrada por setenta anos de liberalismoideolgico. Porque, atrs da Franco-Maonaria e de suas ramificaes, h outras coisas a descobrir! istoque desejam abater, definitivamente, e para sempre levar morte, a Heresia, o eterno inimigo! E por detrsda Heresia, seu animador secular: o Ocultismo!... Enfim, eis a grande palavra expressa. Ningum a grita dos telhados, ao menos, no de imediato! Mas, sobre tudo, so seus arquivos, manuscritos,seus estudos doutrinais ou histricos que sero a vedete no curso das pesquisas. Mas em vo! E isto que esta obra ir demonstrar. No nosso livro publicado na primavera do opressivo ano de 1939, referente ao simbolismo das CatedraisGticas, escrevemos estas linhas, inconscientemente profticas: "Se a tempestade materialista e negativista tiver sucesso em incendiar o mundo; se os novos brbaros quedepredam bibliotecas e museus, realizam a terrvel profecia de Henri Heine; se o martelo de Thor destri deuma vez por todas nossas antigas catedrais e sua maravilhosa mensagem, gostaramos de acreditar que oconhecimento essencial ainda estar preservado!" "Uma vez que a tempestade passou, e em um mundo que se torna uma vez mais brbaro, haver ainda unspoucos homens de intuio suficiente, do mistrio e do infinito, que iro piedosa e pacientemente reacendera antiga lmpada perto do famoso manto prpura onde dormem os deuses mortos... "E uma vez mais, atravs da grande Noite do Esprito, a chama verde do saber oculto guiar os Homens parasua Esfera maravilhosa, a reluzente e radiosa "Cidade Solar" dos filsofos e sbios". "Que a Paz, a Alegria e a Caridade estejam em nossos coraes e em nossos lbios, agora e parasempre... Dezembro de 1940: a ltima frase do ritual dos "Iniciados de Saint-Martin" respondeu para ns!...

    I - A Histria e suas origens

    Martinez de Pasqually e os "Cavaleiros Maons Elu Cohens do Universo"

    "Entre os vrios Ritos pelos quais se interessaram, desde tempos imemoriais, os Maons mais instrudos e os

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  • mais imbudos com a ntima convico de que sua perseverana em nossos trabalhos devem incrementar asoma de seus conhecimentos, e lhes guiar at s Altas Cincias, o Rito dos "Elu Cohens" aquele que conquistou mais discpulos, e que conservou com maior precauo o segredo de seus misteriosostrabalhos... Tal a definio da Ordem da Maonaria Iluminista, que encontramos nos relatos do Grande Oriente para1804, tomo I, fascculo 4, pg. 369. Esta apreciao, vinda de uma Obedincia manica que nuncaexatamente se passou por mstica, e que mais tarde removeu de seus Rituais a invocao ao GrandeArquiteto do Universo, e oscilou insensivelmente da filosofia ecltica para a simples poltica, tem um valorparticular. Um dos mais eruditos e imparciais historiadores que se ocuparam com as Obedincias da maonaria mstica,Grard Van Rijnberk, declara que: "No se pode negar que a Ordem dos Elu Cohens constitua-se de um

    grupo de homens animados pela mais alta espiritualidade...[4]

    Outro historiador, especialista de grande valor em questes relativas alta-maonaria ocultista, Le Forestier, diz praticamente a mesma coisa, sublinhando fortemente o carter puramente altrusta e desinteressado desta

    fraternidade, mais ocultista e mstica do que manica no sentido geral da palavra.[5]

    por isto que, de todas as mltiplas "Ordens" da maonaria iluminista que surgiram na Frana e Europa nocurso do agitado sculo XVIII, nenhuma teve uma influncia comparvel a aquela que entrou para a histriasob o nome comum e imprprio, todavia de Martinismo. Seu surgimento coincide com o de um personagem estranho, que se chamava Martinez de Pasqually. Mesmohoje, ainda circulam as mais romanescas hipteses sobre seu nome e suas origens. Alguns dizem que ele de uma raa oriental (Srio), e outros o julgavam um judeu (da Polnia...). Martinez de Pasqually no foinem um, nem outro, e seus caluniadores a menos que prefiram usar informaes histricas falsas, o que moralmente mais grave... no podem ignorar ou ocultar os documentos definitivos que possumos. Soestes:

    1- O Ato de Matrimnio do Mestre, com demoiselle Marguerite-Anglique de Collas; 2- O Certificado de Catolicidade, de 29 de abril de 1772, registrado ante seu departamento por Saint-

    Dominique, sobre o "Duc de Duras". Destes documentos, publicados por Madame Ren de Brimont, que se encontram nos arquivosdepartamentais de La Gironde, e que no importa quem os encontrou, resulta que este homem chamava-se muito precisamente:

    Jacques de Livron de la Tour de la Case Martines de Pascally.

    Ele era filho de "Messire de la Tour de la Case", nascido em Alicante (Espanha) em 1671, e de demoiselle Suzanne Dumas de Rainau. Ele nasceu em Grenoble, em 1727, e morreu em So Domingos, na tera-feira, 20 de Setembro de 1774.

    Assinatura de Martinez de Pasqually (fotografia de um manuscrito)

    Nenhum dos patrnimos precedentes nos faz em nada supor que ele era judeu. E ainda bem menos o fato deele ter morado em Bordeaux, em um certo perodo de sua vida, na "rua Judaica"! Pois, se viver em um guetopudesse ser prova de religio (e como, logicamente?), bastaria ento objetar que em Paris, ele habitou a casados Agostinianos, nas margens do Sena, sem mencionar essa influncia? Alguns lanaram a teoria de que ele era de descendncia judia, ou um judeu convertido. Nsargumentaramos novamente que a histria se escreve com documentos, e no com suposies, e que esta

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  • obstinao de certos "historiadores", ocupados com a idia de que poderia ter sito tanto judeu como franco-maom, nos extremamente suspeita quanto s intenes finais. A verdade que, embora desconhecedor doHebraico (e ele provou em seus trabalhos!...) ele estava familiarizado com a Cabala e, como todo praticantede Magia cerimonial, acostumado ao uso de tradies e elementos materiais judaicos. Mas seu discpulo, omarqus Louis-Claude de Saint-Martin, que em toda sua vida nunca se separou de uma bblia hebraica, notinha essa desvantagem e utilizou, como ele, de elementos hebraicos, base de toda tradio religiosa crist. No ignoramos o fato de que reconhecer aqui, lealmente, que todas as tradies mgicas e cabalsticas doOcidente, so em sua maior parte, judaicas, far dar pulos de alegria aos fanticos adversrios de todoconhecimento transcendental! Ns simplesmente lhes pediremos, com toda honestidade, de quererigualmente colocar o mesmo "descrdito" sobre uma religio, com mestres e uma hipstase divina, a qual amaioria das pessoas imprudentemente afirma conhecer: o cristianismo... Deixemos os modernos fariseus, e rapidamente iremos definir, novamente, a histria da Ordem dos EluCohen. (Cohen em hebraico significa sacerdote e Elu significa Eleito). Martinez de Pasqually passou sua vida instruindo maons franceses de Obedincias regulares (e que erravamde sistemas filosficos em sistemas filosficos), e sob o aspecto exterior de um Rito Manico regular, um verdadeiro ensinamento inicitico, suscetvel e capaz de assumir aspectos de uma teodicia, de umacosmogonia, de uma gnose e de uma filosofia. A fim de ter certos conceitos j meio formados em uma certa disciplina material e intelectual, ele apenasaceitava Maons regulares que tivessem o grau de "Mestre" (terceiro grau). Mas, por outro lado, como era um fato que importantes componentes poderiam ter tambm aprendidoatravs dos canais da vida "profana", ele estabeleceu, base de seu sistema, uma transmisso "condensada",prvia dos trs graus manicos ordinrios (conhecidos como maonaria azul, ou de So Joo). De fato, isto pode ser compreendido assim: a razo secreta para esta afiliao inicial patronagem manicaresidia no fato de que sua escola repousava sobre a mesma lenda, o mesmo mito, que a Franco-Maonaria. Da lenda de Hiram, apresentada sem comentrios, sem nenhuma aluso ao seu esoterismo, Martinez de Pasqually dava uma explicao transcendental, suporte de seu sistema teognico. Mas ele a dava nas Classessuperiores da Ordem sob esse segundo aspecto, deixando aos trs graus inferiores regulares a apresentaolendria, comum a todas as Obedincias. Martinez de Pasqually percorreu misteriosamente uma parte da Frana, principalmente o sudeste e o sul.Partindo de uma cidade sem dizer para onde iria, ele chegava da mesma maneira, sem dizer ou deixarperceber de onde veio. Ele comea, muito provavelmente, sua misso em 1758, j que, em sua carta datada de 2 de Setembro de1768, ele declara que os Irmos de Aubenton, comissrios da Marinha Real, so seus discpulos h mais dedez anos. Propagando sua doutrina, ele d as boas-vindas a aderentes de todas as Lojas de Marselha, Avignon, Montpellier, Narbonne, Foix, Toulouse. Ele se estabelece enfim em Bordeaux, onde chega em 28de Abril de 1762. L ele se casar com a sobrinha de um antigo major do Regimento de Foix. Mas antes de comear seu apostolado mstico, ele havia certamente tido uma atividade manica. Seu pai, Don Martinez de Pascally, era titular de uma patente manica em ingls, emitida em 20 de Maiode 1738, pelo Gro Mestre da Loja de Stuart, com poderes de a transmitir ao seu filho mais velho, tornando-o "como Gro Mestre, para constituir e dirigir Lojas e Templos Glria do GADU". Dessa maneira, Martinez foi o fundador em Montpellier, em 1754, do Captulo "Os Judeus Escoceses". De1755, at 1760, ele viaja por toda a Frana, recrutando adeptos. Neste ltimo ano, ele fracassa em Toulouse,nas lojas azuis, ditas "de So Joo Reunidas". Em Foix, na loja "Josu", ele recebido de forma simptica.So iniciados diversos maons, e funda um captulo, o "Templo Cohen". Em 1761, apresentado pelo conde de Mailial dAlzac, o marqus de Lescourt e pelos dois irmos deAubenton, ele se torna afiliado, graas sua patente familiar, Loja "A Francesa", de Bordeaux. Eleconstitui o que se denomina seu "Templo Particular" (do latim partcula: parcela, clula, reduo). Entre

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  • seus membros, os quatro personagens precendentes mais os Messieurs de Casen, de Bobi, Jules Tafar (ex-major dos "Granadiers Reais"), Morrie e Lescombard. Esta Loja leva o nome de "A Perfeio EscocesaEleita". Em 1764, esta "Loja-Me" Cohen se torna "A Francesa Escocesa Eleita". Em Maro de 1766, areferida loja se dissolve. Note-se que at aquela data, Martinez havia tido por secretrio o Padre Bullet, doRegimento de Foix, que portava o ttulo (pela primeira vez empregadfo pelo Mestre) de "S.: I.:". Podemosadmitir com algumas chances de estarmos corretos que foram as caractersticas sacerdotais de Padre Bullet que lhe valeram este ttulo interno, de Superior Incgnito da Ordem, ou ainda, se considerarmos o I como sendo um J de "Soberano Juiz". Este ttulo, Martinez de Pasqually deve ter lhe conferido comotelogo da Ordem! Mas, posteriormente, antes de sua ida para St. Domingo, ele dar este ttulo a cinco deseus altos dignitrios. E esta ser a disciplina, doutrinal e interior, que estes "Soberanos Juizes" ou "Superiores Incgnitos" sero levados a supervisionar... Ns os reencontraremos na seqncia, sob outraramificao.

    Selo estampado no cabealho da maioria das cartas de Martinez de Pasqually

    Ns j vimos que em 1764 a "Francesa Escocesa Eleita" foi fundada. Mas no ser antes de 1 de Fevereiro de 1765 que a Grande Loja da Frana, aps numerosas cartas, emitir uma patente o autorizando a fundaresta Loja, e inscrever este "Templo" em seus registros. Nesse mesmo ano, Martinez de Pasqually parte para Paris. Ele ficou alojado na casa dos Agostinianos, nasmargens do Sena. L, ele se ps em contato com numerosos maons eminentes: os Irmos Bacon de LaChevalerie, de Lusignan, de Loos, Grainville, Jean Batiste Willermoz, e diversos outros, aos quais eleremeteu suas primeiras instrues. Com a reunio dos citados, em 21 de Maro de 1767 (no equincio daPrimavera...), ele funda as bases do seu "Tribunal Soberano", e nomeia Bacon de La Chevalerie seusubstituto. Em 1770, a Ordem dos Cavaleiros Elu Cohen do Universo possuia templos quase em toda parte: Bordeaux, Montpellier, Avignon, Foix, Libourne, La Rochelle, Versailles, Paris, Metz. Um outro ir surgirem Lyon, graas atividade do Irmo J. B. Willermoz, e esta cidade se tornar, por muito tempo, a "capital"simblica da Ordem. Na histria "nominativa" da Ordem, convm notar dois nomes. Seus detentores efetivamente sucederam aoMestre, em dois domnios diferentes, mas continuaram sua obra geral. Ns os encontraremos a todomomento. Por ora, recordemos os nomes de Jean-Baptiste Wilermoz e Louis-Claude de Saint-Martin. Martinez de Pasqually modificou suas prticas tergicas vrias vezes. Se a Doutrina geral permaneceu ne varietur, este no foi o caso com a constituio da Ordem, de seus graus, rituais, tanto de recepo como de operao. Assim, temos traos de duas constituies internas desta Obedincia mstica, dependendo se nos referirmosa um grupo de arquivos ou a outro. Uma destas duas sries contm a seguinte classificao:

    Maonaria

    regular, dita de So Joo

    Aprendiz Companheiro Mestre

    Classe dita

    de "Portico"

    Aprendiz Cohen Companheiro Cohen Mestre Cohen

    Mestre Particular[6]

    Graus do Grande-Mestre Elu Cohen Cavaleiro do Oriente

    Classe

    Reau+Croix

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  • Esta a segunda srie, mais comum em documentos:

    Note e este um ponto importante que na Maonaria, ttulos com aparncia pomposa e mirficas so, narealidade, vus fonticos, atirados sobre os ttulos, infinitamente mais esotricos, mas por causa de seu poderevocativo integral, pe-se a necessidade de serem dissimulados dos olhos dos profanos. Nesta ordem deidias, deve-se tomar a nomenclatura da Ordem dos Elu Cohen ("Grande-Arquiteto", "Grande-Eleito de Zorobabel") como regulados para este uso hermtico. Ns assinalaremos simplesmente que o nome deZorobabel daquele arquiteto que, como Hiram, reconstruiu o templo de Jerusalm aps o cativeiro. Asarmadilhas e ameaas dos vizinhos idlatras, dirigidas a Zorobabel (conta-nos a lenda bblica), o obrigaram a realizar seu trabalho "com a colher de pedreiro numa mo, e a espada na outra". Verifica-se o paralelo esotrico estabelecido por Martinez de Pasqually entre os companheiros construtores do segundo Templo, eos maons msticos de sua Ordem, erguendo a Cidade Celeste, reconstruindo o Arqutipo inicial, e devendolutar, com a espada tergica na mo, contra Entidades das Sombras. Igualmente, Zorobabel significa emhebraico "adversrio da confuso", e esta palavra, que se tornou o nome geral dos dignitrios deste Grau,ensina-os a resistir confuso que surge do xeque sofrido pelo homem, outrora, em Babel, ao tentar induzir o homem a falar uma nica lngua... (Babel significa, diz a Bblia, confuso). Os Graus simblicos ordinrios (Aprendiz, Companheiro e Mestre) pertencem Maonaria tradicional. Eleseram destinados a fornecer, ao Profano ingressante na Ordem, as qualidades necessrias de Mestre exigidas pela Regra para poder aceder ao grau e s funes de Reau+Croix. Nos rituais e nos catequismos, muito poucas aluses eram feitas a esta Doutrina secreta que lhe havia sido prometida, e que no fazia parte dausual estrutura da Franco-Maonaria contempornea. Isto permitia receber os "irmos visitantes" de outrasObedincias, os quais, naquela poca, no ascendiam aos graus superiores ao de Mestre, o nicoreconhecido pela Grande Loja da Frana (os Graus Superiores vieram mais tarde). Assim, esses visitantesno podiam mais tarde relatar Grande Loja o ensinamento um pouco particular que era transmitido nosTemplos Cohen, os quais foram reconhecidos e adotados em 1 de Fevereiro de 1765! Os Graus de Prtico, (Aprendiz-Cohen, Companehiro-Cohen e Mestre-Cohen), continuaram a manter a caracterstica manica externa. Todavia, eles eram entrelaados com aluses, expresses, ensinamentos,enigmas e ambigidades, destinados a fazer entrever a Doutrina secreta cedo e por lampejos reservada aos Graus superiores. Sobre os Graus ditos de "Templo", podemos dizer que eles constituam aquilo que convm se chamar de"altos graus". Os Rituais dos "Grandes-Arquitetos" e dos "Grandes-Eleitos de Zorobabel" conservam ainda os emblemas e o simbolismo manico (aventais, cordes, jias, a prpria forma da ritualstica, etc...). Masseus catecismos transportam o Candidato para o pleno esoterismo mstico, e mais especialmente nos daDoutrina Geral. Ao grau de "Grande-Arquiteto", o Irmo necessitava purificar-se por meio de um especfico regime asctico da Ordem (abstinncia de certas carnes, de certas partes de animais autorizados, de gorduras, etc... noesprito do Antigo Testamento regime dos levitas). Era sua misso expelir os Poderes das Trevas, os quaishaviam invadido a aura terrestre, por suas cerimnias mgicas efetuadas em grupo, ou separadamente; ecooperar "simpaticamente", e sob uma forma especial, com aquelas Operaes especiais efetuadas pelo"Mestre Soberano" em pessoa. Este grande estado era equivalente ao de Aprendiz Reau+Croix (este era opapel devolvido aos "Cavaleiros do Oriente", definido pelos arquivos recolhidos por Papus). O grau seguinte, "Grande-Eleito de Zorobabel" (ou "Comendador do Oriente"), era equivalente ao

    Templo Comendador do Oriente Secreta

    Maonaria azul, dita de

    So Joo

    Aprendiz Maom Companheiro Mestre Grande-Eleito

    Classe dita

    de "Portico"

    Aprendiz Cohen Companheiro Cohen Mestre Cohen

    Graus do Templo

    Grande-Arquiteto Grande-Eleito de Zorobabel

    Classe Secreta

    Reau+Croix

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  • "Companheiro Reau+Croix". Como todos os graus de Companheiro de vrios "regimes" manicos, eratanto neutro como ambguo, mal definido, mas pleno de mistrio e de enigmas em sua ritualstica. umGrau no qual o equivalente Cohen se baseava sobre a lenda de Zorobabel, explicada em um nvel superior.Estava relacionado com uma ponte, anloga erigida sobre o Rio Cfiso, a qual os iniciados deviam

    atravessar no retorno de Elusis.[7]

    Neste grau, o afiliado tinha uma trgua das "Operaes" cerimoniais. Ele se recolhia, meditava por um certoperodo, retornava s suas teorias fundamentais, e se preparava, atravs de um tipo de introspeco(verdadeira acumulao, restrio psquica), sua futura ordenao de Reau+Croix. A "Classe Secreta" era a dos Reau+Croix. Ela compreendia, segundo dizem todos os historiadores daOrdem, somente um grau. Mas certos comentrios abreviados que encontramos nas cartas de Louis Claudede Saint-Martin, na poca em que ele era secretrio do Mestre, (em lugar de P. Bullet, j desaparecido),fazem-nos acreditar que esta classe compreendia dois graus: Em efeito, um grau abreviado em duas letras:

    G. R., do qual fala Saint-Martin em algumas cartas[8]

    . E isto nos faz questionar se talvez atrs do grau secreto de Reau+Croix, teria existido um outro ainda mais secreto chamado "Grande Reau+Croix" ou"Grande Reau" (G. R.). O propsito desta classe, por seus ensinamentos esotricos, era o de colocar os dignitrios em comunhocom os mundos do Alm, aqueles dos Poderes Celestes, isto feito pelas Evocaes da Alta Magia. Enquantoo grau de "Grande-Arquiteto" ensinava a expelir os Poderes Demonacos da aura da Terra por meio deexorcismos mgicos, o grau de "Reau+Croix" ensinava os meios de se evocar as Potncias Celestes, e delhes atrair "simpaticamente" para esta mesma aura terrestre. Mais alm, elas permitiam, ao Reau+Croix, porsuas manifestaes (auditivas ou visuais) aparentes, de julgar o grau de progresso que o evocador adquiriu, ede ver se ele se encontrava "reintegrado em seus poderes originais", segundo a expresso do Mestre. Assim, um erro supor na opinio geral que a Teurgia dos Elu Cohens era simplesmente sobre o exorcismomgico cerimonial. Ela englobava igualmente o captulo das Evocaes, com um objetivo puramentedesinteressado, e referente aos Seres de luz viva no seio das "regies espirituais" do Alm. Resta o provvel grau de "Grande Reau+Croix". Nos propomos aqui uma hiptese que no pode serrejeitada de imediato. Documentos histricos, publicados por G. Van Rijnberk em sua obra (referidaanteriormente), informam-nos que a suprema prova da Ordem, a ltima Operao, que jamais foi conseguida, ao que parece, mas que havia sido definida, devia ser a evocao do "Cristo Glorioso", aquilo que o Mestre denomina de Reparador e que era (segundo a Doutrina da Ordem), o Ado KadmonReintegrado. Isto elevaria o nmero de graus a onze na segunda srie dos graus Cohen e a doze na primeira srie. Contudo, onze um nmero que os cabalistas consideram ser malfico. Onze o nmero correspondente letra caph, () (inicial da palavra kelaia destruio, runa). Se ns suprimssemos este grau de"Grande Reau+Croix", a primeira srie (agora com onze graus) fica incompleta: se adicionarmos um segunda srie, j so demais!... O enigma est completo... Diremos uma ltima palavra sobre o grau de "Mestre Particular" ou "Grande-Eleito", localizados nas duas sries entre a classe de Portico e a Ordinria. Era muito possivelmente um grau "vingativo". Em efeito, todos os regimes manicos acreditavam que erauma boa idia intercalar em sua hierarquia um grau dito de "vingana". L, o candidato, aprende o destinoreservado aos maus irmos, aos maus companheiros, aos traidores e perjuradores. Ainda melhor, fazem-no vivenciar em uma espcie de jogo simblico, o "Mistrio", no sentido medieval da palavra a simblica condenao morte dos referidos traidores. Este ritual, sem motivo aparente, no tem outro objetivo seno"recarregar", magneticamente e psiquicamente, a Egrgora da Obedincia, a alma, oculta e invisvel que verdadeiramente anima e vivifica, mesmo reagindo automaticamente, e sem a qual seria necessrio realizar a cerimnia contra os falsos companheiros uma vez mais.

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  • Isto explica porque traidores, maus irmos, perjuradores das Obrigaes, ocasionalmente os adversrios daFranco-Maonaria, tiveram todos um fim trgico, mesmo sem interveno humana direta! Ligadosantecipadamente a este destino, por um voto muito claro, livremente aceitaram a sorte que os esperaria casoviessem a trair, e esto, por esta razo, expostos s foras vingativas da Egrgora. E se, pelo seucomportamento, eles se expe a essa lei inexorvel, eles despertam automaticamente o choque de retorno, de vingana e punio. Essa a razo de existir dos "ritos de vingana" e seus motivos ocultos. Falta um outro grau, mal definido, mas que no menos provado, historicamente. o dos "Superiores Incgnitos", ou dos "Soberanos Juzes". Foram atribudos a cinco dignitrios da Ordem, todos"Reau+Croix". De acordo com o Prncipe Cristo de Hesse, (citado por G. Van Rijnberk em sua obra sobreMartinez de Pasqually), na sua carta aos "Grandes Professos" do Rito Templrio da Estrita Observncia,Metzler, senador de Frankfurt-sobre-o-Reno, foram estes os cinco: Bacon de la Chevalerie, J. B. Willermoz, de Serre (ou Desserre), du Roy dHauterive, e de Lusignan. Objetou-se que as relaes entre Bacon de La Chevalerie e Martinez foram mais do que tensas naquelapoca, e sugere que seria improvvel que ele teria sido designado pelo Mestre para se sentar entre os chefesaos quais confiou seu trabalho. Esquece-se que Martinez de Pasqually era um homem extremamenteexigente, meticuloso, em tudo o que tange a ritualstica, a regularidade, as formas materiais de transmisso.Definitivamente ele no foi um simplificador, como Louis-Claude de Saint-Martin, mas um ser que guardou as "legitimaes" ritualsticas, como Willermoz. Os diferentes modos de como eles aplicaram a mesmadoutrina demonstra este fato. plausvel admitir que Bacon de La Chevalerie, que foi o primeiro Elu Cohena preencher o cargo de "substituto" do Gro-Mestre, no podia, por este fato, ser excludo do "TribunalSoberano": constitudo pelos cinco "S. J. ou S. I. (o i e o j eram, naquela poca, letras comumente empregadas uma em lugar da outra). Ainda, Bacon de La Chevalerie havia feito parte (como Substituto) do primeiro "Tribunal Soberano", constitudo em 1765, em Paris, durante a estada de Martinez de Pasqually nacapital. Completada esta ltima tarefa, o Mestre embarca, no ms de Maio de 1772, para So Domingos, no navio"O Duque de Duras". nesta poca que deve ter sido emitido seu famoso certificado de catolicidade. Onavio partiu de Bordeaux, sua residncia, e este certificado de catolicidade vem em apoio ao ato do batismode seu filho, (batizado na igreja Santa-Cruz, em 24 de Junho de 1768, dia de So Joo Batista) parademonstrar que Martinez de Pasqually certamente no era judeu. Tambm, ele no era um catlico muitoortodoxo! Como todos os ocultistas, como todos os iniciados nas tradies esotricas, aos olhos da Igreja Romana, Martinez era oficialmente um herege. Mas incontestavelmente um cristo, pois ele coloca oCristo (o "Reparador") no centro de sua Doutrina. igualmente um cabalista, pois ele contempla o Messiasao modo dos esotricos daquela escola mstica. Bom catlico? No... Exteriormente! Cristo? Certamente.Seu primeiro secretrio o Padre Bullet, do regimento de Foix; e um dos seus primeiros discpulos oAbade Fournier. Mas , sobretudo um homem prodigioso, com defeitos e virtudes, como todos os homens. Eainda, se a tarefa sobrepujou o arteso, poderamos dizer que o arteso absolveu-se honrosamente... Partindo para assumir uma ordem (de qual natureza?...), Martinez de Pasqually morre em Port-au-Prince na tera-feira, 20 de Setembro de 1774. Deixava um filho, que fazia seus estudos no colgio de Lescar, perto dePau. (Esta criana iria desaparecer, vinte anos depois, no curso da tormenta revolucionria). No dia de suamorte, ele apareceu sua esposa, pareceu atravessar a sala em diagonal, e ela imediatamente exclamou:"Meu Deus! Meu marido est morto!". Em seguida, a notcia chaga Frana, e foi reconhecida comoverdadeira. Antes de falecer, Martinez de Pasqually designou seu primo como seu sucessor, Armand Caignet de Lestere,comissrio geral da marinha, em Port-au-Prince. Mas, quando da morte do Mestre, os "TPM" (Trs Puissant-Maitre)

    [9] foram incapazes de se tornar ativamente envolvidos na Ordem, no apenas com os

    "Templos" Cohen de Port-au-Prince e Logane, mas com todos os outros da Europa. Cises se produziram,inevitveis em toda obra humana. Quando ele morre em 1778 (quatro anos aps Martinez), ele haviatransmitido seus poderes ao "TPM" Sbastien de las Cases. Este ltimo no julgou apropriado restabelecer as ligaes rompidas entre os vrios "Orientes", Cohens e derefazer a unio e a unidade do Rito. Pouco a pouco, os Templos so colocados "para dormir". Mas os EluCohens continuaram a propagar a Doutrina da Ordem, seja individualmente e "de boca a ouvido", segundo o

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  • famoso ditado, seja coletivamente, em grupos secretos, compostos imutavelmente de nove membros, e que

    levam o nome de Arepagos Cabalistas.[10]

    E em 1806, as famosas "Operaes" comuns tinham lugarnovamente, nos Equincios. O ensino oculto de Martinez de Pasqually foi, portanto transmitido no decorrer do sculo XIX, uma partepelos Elu Cohens, dos quais um dos ltimos representantes diretos foi o "TPM" Destigny, que morreu em 1868; e outra parte por certos afiliados ao "Rito Escocs Retificado", denominado ainda como os "Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa", rito de maonaria mstica sado do "Rito Templrio da Estrita Obeservncia" (maonaria alem) quanto sua forma primitiva, mas tornou-se totalmente independente mais tarde. Seus afiliados eram detentores de instrues secretas, reservadas aos Reau+Croix, e que lheshavia sido passadas por J. B. Willermoz. Ali termina a filiao (ou linhagem) direta, ininterrupta na "forma" sacramental dos "Cavaleiros-Elu Cohens do Universo". A partir deste momento, ir nascer o "Movimento Martinista", personificado pelos discpulosiniciados por Louis Claude de Saint-Martin e pelos de J. B. Willermoz. Iremos em seguida estudar estasduas ramificaes.

    Mas existe ainda, ao que parece, pequenos grupos de Cohens, oriundos de iniciaes individuais dadas pelosltimos descendentes regulares e diretos do mestre, e que, em algumas cidades da Frana, sobreviveram morte da Ordem oficial. Este detalhe singular demonstra bem as razes, slidas e profundas, que haviamsurgido do seio da invisvel Cavalaria Mstica suscitada pelo enigmtico viajante e mestre misterioso, quefoi Martinez de Pasqually...

    Arca da Aliana

    II - A Doutrina Como em todo o esoterismo, a doutrina Martinista, tal como foi definida por Martinez de Pasqually no seu"Tratado da Reintegrao dos Seres Criados", necessariamente teve de recorrer ao exoterismo a fim deexplicar verdades metafsicas, que por sua natureza so difceis de distinguir e explicar. E assim, ela estintegralmente ligada Tradio Ocidental, e em especial ao Cristianismo. Com referncia ao problema da Causa Primeira, (Deus), o Martinismo faz suas as concluses a quechegaram telogos cristos e cabalistas hebreus, pelo menos nos princpios sobre os quais as diversasescolas esto de acordo h muito: ternrio divino, "pessoas" divinas, emanao, etc... Em relao ao restante,ele mais particularmente gnstico, (embora apresentando esta tese sob uma forma distinta das escolasnormalmente ligadas a esta palavra), porque ele pe como princpio uma igual necessidade doConhecimento e da F, e o fato de que a Graa deve, para agir efetivamente, ser complementada pela aointeligente, compreensiva e livre do homem. Foi por esses diversos motivos que Martinez de Pasquallyapresentou o esoterismo de sua escola sob o ponto de vista da tradio judaica-crist. Esse Tratado, do qual o Mestre foi certamente o autor, resultou de documentos tradicionais, que haviam pertencido a sua famliadesde o tempo em que um ancestral seu, que era membro do Tribunal da Inquisio, tirou-os das mos de hereges rabes ou judeus, da Espanha. Esses documentos foram constitudos a partir de manuscritos latinos,cpias de originais rabes, os quais derivam das clavculas hebraicas. Seja como for, eis um resumo do "Tratado de Reintegrao dos Seres Criados", obra to rara quanto poucoclara para os que no esto perfeitamente a par das tradies gerais que a inspiraram.

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  • O Mundo, considerado como "domnio material", submetido a nossos sentidos, e "regies espirituais" doAlm, no obra prpria de Deus, o qual considerado como Absoluto. o Evangelho segundo So Jooque nos ensina: "No princpio" (isto , quando o "Tempo" comeou, perodo no qual se manifestam seres relativos), "era o Verbo,"(o Logos, a Palavra Divina). "O Verbo estava junto de Deus... (expresso literal, usando o texto grego em lugar do "com Deus" das verses comuns) "O Verbo era deus... (e no Deus, com maiusculas. O texto grego no tem o artigo; o Verbo , portanto um dos "elohim", ou filhos de Deus; esta palavra significa

    em hebraico "Ele-os-deuses")[11]

    "Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito... (Joo Cap. I).

    Este Logos aquilo que a Cabala denomina Adam Kadmon, aquele que, (em todas as tradies religiosasantigas) criou os seres inferiores por sua palavra, ao lhes dar um nome, (subentende-se: "para a Vida Real, manifestada"): "E Ado ps nomes a todos os animais, a todas as aves dos Cus e a todos os animais doscampos; mas no se encontrava, para o homem, um nome que lhe fosse adequado. Esses "animais do campo", essas "aves dos Cus" no so os seres comuns desses nomes. O sentidoesotrico designa as criaturas, inferiores ao homem-Arqutipo, povoando os "planos", ou mundos do Alm,"regies espirituais", s quais ns fazemos uma aluso maior. Quando desta criao, Deus serve-se de um intermedirio. o que nos confirma o Cap. I do Gnesis (vv. 1-2,3): "A Terra, (a Matria primordial, o Caos) era informe e vazia, e o Esprito de Deus se movia sobre asguas" (o nous egpcio, o elemento mais sutil desta matria). O termo "Esprito de Deus" tem letramaiscula, designando assim um Esprito, distinto de Deus, e no o esprito de Deus; o que seria absurdo,pois Deus necessariamente esprito em Si-mesmo! E o Gnesis no nos diz que "Deus se movia sobre asguas" ... porque ele nos ensina mais tarde que "O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do den para cultiv-lo e guard-lo... (Gnesis II, 15). Este jardim um smbolo, significando o Conhecimento Divino, acessvel aos seres relativos. Em efeito, aCabala, tradio secreta, freqentemente designada como o "Pomar" mstico. Em hebraico, pomar se dizguineth, palavra formada por trs letras (guimel, nun, tav), iniciais das trs cincias secundrias, chaves da Cabala: a Gematria, o Notarikon e a Temurah. O homem primitivo do qual fala o Gnesis, em sua narrativa puramente simblica, no um ser de carnecomo ns, mas um Esprito, emanado por Deus, composto de uma "forma" (o que o Gnesis chama decorpo), anlogo ao "corpo glorioso" definido pelos telogos, criado pelo Deus Eterno, e de uma centelhavivificante, que completamente divina, j que o Gnesis nos conta que era o prprio "sopro" de Deus.Nosso homem-Arqutipo , portanto, semi-divino. Ele nasce da Matria Primordial (do Caos, composto deTerra e gua simblicas), por sua "forma", e nasce de Deus por esse sopro divino que o anima, sopronascido do prprio Deus. Ado e o Verbo Criador so o mesmo, porque o homem-Arqutipo continua o trabalho iniciado pelo Esprito-de-Deus no "jardim" simblico. E, portanto, este Verbo Criador e o Verbo Redentor so diferentes. Certamente, indiscutvel que o Cristo (que Martinez denomina por o Reparador) ao mesmo tempo Deus (por sua origem) e homem (por sua encarnao). A Teologia demonstra isto. Mas, do mesmo modo que umacriana de dez anos e o idoso que ela ser mais tarde so um e a mesma pessoa, (sob caractersticas easpectos diferentes)!... H uma continuidade de conscincia absoluta entre eles, mesmo se no existe mais a semelhana do aspecto ou de reaes inferiores. De forma semelhante, uma alma que anima um corpohumano ordinrio, e um outro, vinte sculos depois, ser sempre idntica a si mesma em suas duasmanifestaes diferentes, embora as ditas manifestaes possam ser, aparentes e diametralmente opostas, emrazo do jogo oscilatrio definido pela expresso usual do Karma". Paralelamente Adam Kadmon (o homem-Arqutipo ou Csmico), haviam outros Seres, emanados de umaCriao anterior, de uma natureza e um "plano" diferentes, sem nenhuma conexo com o que nos detalha aTradio do Gnesis. Esta criao a dos "Anjos", que outras tradies nos relatam e que analisada portodas as religies. So estas as duas criaes diferentes que o Gnesis subentende no primeiro versculo: "No princpio, Deus criou o Cu e a Terra". Imediatamente, o Gnesis deixa a primeira Criao (sobre a qualaparentemente Moiss no possua nenhum conhecimento) e passa segunda: "A Terra era informe e vazia;

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  • as trevas cobriam o abismo... (Gnesis I, 2). Outros elementos da Tradio judaica-crist nos ensinam que os serem desta Criao primitiva (simbolizadapelo "Cu"), ou seja, os Anjos, dividiram-se em duas categorias os Anjos fiis e os Anjos rebelados aps uma prova, requerida por Deus. Isto tem sido mal compreendido. Deus, prncipe de infinita perfeio, no podia tentar os Anjos aps suaemanao, nem rejeit-los, aps sua involuo. Ao contrrio, certas entidades, tendo completado a Missopara as quais elas foram emanadas por Deus (isto , libertadas, dotadas necessariamente de livre-arbtrio), recusaram-se a se reintegrar no Absoluto, o Plano Divino, fonte do Soberano Bem. Elas preferiram, ento, o "eu", momentneo, perecvel, ilusrio, ao "UM", eterno, real e imperecvel. Elas preferiram viver "fora" deDeus em lugar de serem absorvidas por Ele, e se beneficiando de Sua infinita perfeio. Foram, portanto, elas que momentaneamente se afastaram de Deus por um ato livre, ainda que errneo. Nofoi o Absoluto que as rejeitou injustamente, nem que Ele foi a causa de seu exlio. Conseqentemente, oretorno e a redeno permanecem possveis, quando a Entidade celestial aceitar retomar o caminho aoDivino. Mas, enquanto isso, antes do seu retorno Luz e Imanente Verdade, elas, por sua atitude egosta,permanecem: rebeldes (a primeira e constante oferta do divino), desviadas (porque esto fora do seu destino legtimo), perversas (porque habitam "fora" do Bem Soberano, e, portanto "no Mal"). Agora, toda coisa corrupta tende a corromper aquilo que so, por sua natureza. E nos domnios dos seresespirituais, isto ainda mais real do que nos corpos materiais, j que l esto mesclados: inveja ou cime, (conscincia, apesar de tudo, de uma inferioridade real), o orgulho (vontade de ter a ltima palavra!) e a inteligncia (como antes, mas carregando estes defeitos ao mximo). por isso que a Tradio nos ensina que o Conjunto dos Seres espirituais perversos, (a Egrgora do Mal), denotada pela imagem da Serpente, teve inveja deste ser, que era superior a eles e "imagem" de Deus, doqual essas Entidades decadas alegavam terem sido subtradas. Elas agiram, portanto (telepaticamente sem dvida), sobre Adam Kadmon, incitando-o a ultrapassar os limites de suas possibilidades naturais. Um ser misto por sua natureza, meio espiritual, meio formal, andrgino, no qual Forma e Esprito seinterpenetram mutuamente, o homem-Arqutipo deveria manter uma certa harmonia, um equilbrionecessrio, no Domnio onde Deus o havia colocado. Ele deveria velar por suas ordens, fazer seu trabalho, econtinuar os projetos deste "Esprito-de-Deus", do qual ele era o reflexo, o administrador, o celestial "faz-tudo"... Era neste papel de Arquiteto do Universo que Adam Kadmon era inspetor, mas de um Universomais sutil do que o nosso, o "Reino" que no deste mundo, do qual falam os evangelhos. Sob o impulso das entidades metafsicas perversas, o homem-Arqutipo transformou-se em um Demiurgo independente. Repetindo suas faltas, ele modificou e perturbou as Leis as quais era sua tarefa cuidar eobservar. Ele tentou, audacioso e rebelde, fazer-se criador por seu prprio direito, e de igualar ao prprioDeus com suas obras. Ele no conseguiu seno alterar seu Destino original... assim que as duas lendas idnticas, a de Lcifer, primeiro dos Anjos, e de Ado, primeiro dos Homens, relatam suas histrias paralelas a ns. Quem sabe, vem desta tradio a idia de consagrar aos deuses ou aDeus, os primeiros frutos de uma colheita, ou ao primognito de um rebanho. Este o fato de que, no relatosimblico da humanidade chamamos de Gnesis, todos os primognitos Caim, Ham, Ismael, Esa, etc. so misteriosamente marcados por um destino contrrio. Mas, enquanto que Deus, em Suas infinitas possibilidades, pode tirar algo do Nada, o homem, criatura depossibilidades limitadas, pode modificar s o que j existe, e no pode extrair algo do Nada. O homem-Arqutipo, querendo criar seres espirituais, como Deus havia criado os Anjos, apenas conseguiuobjetivar seus prprios conceitos. Desejoso de lhes dar seus corpos pode apenas integr-los na Matria mais grosseira. Ao querer animar o Caos (as "Trevas exteriores"), como Deus havia animado o MundoMetafsico, o qual foi confiado originalmente ao homem, ele acabou sendo engolido em sua totalidade.

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  • Em verdade, Deus "sendo", no sentido mais absoluto da palavra ("Eu Sou O Que Sou", diz a Moiss, no Sinai), era impossvel que o Nada tivesse existido anteriormente. Para criar a Matria original, Deussimplesmente retraiu uma parte de suas infinitas perfeies de uma poro de sua essncia infinita. Estaretrao parcial da Perfeio espiritual mais absoluta inevitavelmente resultou na criao da imperfeio material relativa. Isto justifica que a Criao, qualquer que seja, nunca poder ser perfeita. Ela obrigatoriamente imperfeita pelo fato de que ela no Deus! Assim, imitando o Absoluto, Adam Kadmon tentou criar uma "matria primordial". Alquimistainexperiente, esta ser a origem de sua Queda. O homem-Arqutipo um ser andrgino. O Gnesis (Cap. I, 27, 28), nos conta que: "Deus criou o homem sua imagem; macho e fmea os criou.... este elemento negativo, feminino, que Ado vai objetivar fora desi mesmo. esta "costela" esquerda, feminina, passiva, lunar, tenebrosa, material, que ir se separar dadireita, masculina, ativa, solar, luminosa, espiritual, dando nascimento a Eva. A Mulher-Arqutipo por isso retirada de uma das duas "costelas" do Andrgino, e no de uma de suas "costelas"... (Todas as religiesantigas conheceram um ser divino, original, que era ao mesmo tempo macho e fmea). O Gnesis relata (Cap. II, 23, 24): "Eis agora aqui, disse o homem, o osso de meus ossos e a carne de minhacarne (ele conserva, pois, o esprito, a alma). Ela se chamar mulher, - em hebraico Isha () porque foi tomada do homem em hebraico Ish ()". Foi esta nova Matria, a Eva do Gnesis, a mulher simblica, que Ado "penetra" para criar a Vida. Ohomem-Arqutipo se degrada, portanto, ao tentar imitar a Deus. Seu novo domnio o mundo hlico daGnose, nosso Universo material, mundo repleto de imperfeies e de males. O pouco de bem que restavavinha das antigas perfeies do homem-Arqutipo. Pois, divididos em dois seres diferentes, aquela perfeiooriginal no pode ser total em cada um deles... Portanto, a Queda. por esta razo tambm que a Natureza foi deidificada pelas antigas religies. Ela foi certamente a Me de tudo o que existe, mas tambm de tudo "sob os Cus", simplesmente... Isis, Eva, Demeter, Ria, Cibele, sosmbolos da Natureza Material, emanada de Adam Kadmon, personificada pelas Virgens Negras, smbolos da Matria Prima.

    O Andrgino Gnstico

    A essncia superior de Adam Kadmon, integrada ao seio da nova Matria, tornou-se Enxofre, expresso alqumica designando a alma do mundo. A segunda essncia, o mediador plstico, aquilo que constitua a"forma" de Ado, seu duplo superior, tornou-se o Mercrio, outra expresso alqumica designando o Astral dos ocultistas, o plano intermedirio. A segunda Matria emanada do Caos o Sal alqumico, o suporte, o receptculo, a priso. Paralelamente, nos podemos dizer que Ado se tornou o Enxofre, que Eva o Sal, e que Caim do Gnesis era o Mercrio nesta trade simblica. Termos que o Alquimista conhece tambm como os de Rei, de Rainha, e de Servo dos sbios... Concebe-se, portanto, porque em todos os seus graus, a Matria Universal viva, conforme aceito pela antiga alquimia e pela moderna qumica, e como, em suas manifestaes, ela pode ser mais ou menosconsciente e inteligente. Atravs dos quatro reinos da Natureza, mineral, vegetal, animal, hominal (entre osquais, ademais, no h nenhuma chance de continuidade), o homem-Arqutipo, o Adam Kadmon, a

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  • Inteligncia demirgica primitiva, que se manifesta, dispersada, espalhada, aprisionada. Aqui, temos estasroupas de "peles de animais" que lemos no Gnesis: "O Senhor Deus fez para Ado e sua mulher umas "vestes de peles", e os vestiu... (Cap. III, 21). Este Universo novo tornou-se igualmente o refgio das Entidades decadas. Elas buscaram refgio l para se distanciarem do Absoluto, na v esperana de escapardas sempre atuantes Leis Eternas. Os Seres malficos possuam um interesse primordial em que o homem disperso, mas presente em todolugar no seio da Matria constituinte o Universo visvel, continuasse a organizar e animar este domnio,doravante deles. Como a alma do homem-Arqutipo prisioneira da Matria universal, a alma do homem-indivduo prisioneira do seu corpo material. E a morte fsica, (o nico efeito que por mrito, diz o Gnesis...) e asreencarnaes que se sucedem, so os meios pelos quais as Entidades decadas manifestam seu controlesobre o homem. Agora compreendemos melhor as palavras do Redentor, "entendido" pelos Profetas, como

    Isaas: "Oh Morte, onde est tua Vitria? Oh Morte, onde est teu aguilho?...[12]

    (o aguilho dos sentidos, que incitam a alma separada a se reencarnar novamente em um corpo material). A Fora, a Sabedoria e a Beleza que se manifestam ainda no Universo material so devidas aos esforos dohomem-Arqutipo para voltar a ser, o que ele era, antes de sua Queda. As qualidades contrrias somanifestadas pelas Entidades decadas, para manter o "clima" o qual elas desejavam que ele criasse, paramanter o estado anterior, quando deliberadamente interromperam o retorno delas ao Absoluto. O homem-Arqutipo pode apenas retomar a posse de seu Esplendor e Liberdade originais se ele puder seseparar desta matria na qual ele est preso por todos os lados. Para isto, preciso que todas as clulas que ocompe (ou seja, os Homens-indivduos), possam aps sua morte natural, reconstituir o Arqutipo pelaltima reintegrao, e assim escapando do ciclo de reencarnaes. Agora, os microcosmos referem-se ao Macrocosmo. Os Homens-indivduos, reflexos materiais do Arqutipo, so igualmente reflexos do divino (embora vrios nveis abaixo), exatamente como o Arqutipo, por si, reflexo de Deus, do primeiro Verbo Criador ou Logos, do esprito-de-Deus que fala o Gnesis. Dessa forma, ele o "Grande Arquiteto do Universo". Todo culto de adorao prestado a ele , portanto um culto satnico, pois dirigido ao homem e no ao Absoluto. por isso que a Maonaria o invoca sem o adorar. Mas, como o homem est imerso na atmosfera demonaca deste Mundo Material onde ele respira a cadainstante o intelecto malfico, como Martinez de Pasqually nos afirma, e porque ele est em uma m posiopara resistir, o Criador restabeleceu o equilbrio destacando do seu Crculo Espiritual Divino um Esprito Maior para ser o guia, o apoio, o conselheiro e o companheiro do Menor. Este Esprito Maior emanou e desceu da Imensido Celeste para ser incorporado ao Mundo Material (ou centro da matria elementar) paratrabalhar, segundo seu livre-arbtrio, no Crculo Terrestre. Mas o conselho de um Esprito Maior no basta. preciso ainda a assistncia de um Menor Eleito. O auxlio que ele traz a sua "reconciliao" duplo. Ele transmite diretamente as instrues do Criador sobre oculto Tergico que deve ser prestado; ele tambm comunica aos "Homens de Desejo" aos quais ele enviado os dons que ele recebeu, marcando-os com a caracterstica, o "selo" mstico, sem o qual nenhummenor pode ser reconciliado. Esta ordenao misteriosa a condio essencial para sua "reintegrao", desde que, sem ela, no importaquais sejam seus mritos pessoais, um Menor permanecer "em privao", ou seja, sem comunicao comDeus. Agora daremos alguns detalhes sobre a Pneumatologia de Martinez. Estamos tambm preparando um estudoespecial sobre sua Doutrina e suas Obras.

    Mundo Divino

    a.- Os Seres Espirituais so os Eons da Gnose, as Idias-Mes que vivem no seio da Divindade; b.- Os Espritos Superiores, tambm chamados de Espritos Denrios, ou

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  • Esta ltima classe se subdivide em quatro partes: a.- Menores Eleitos So os dez grandes guias da Humanidade: Abel, Henoc, No, Melquizedek, Jos,

    Moises, Davi, Salomo, Zorobabel, Jesus.[13]

    b.- Menores Regenerados So os Adeptos, os mestres da doutrina espiritual. Este estgio aquele atingidopelos Reau+Croix. c.- Menores Reconciliados So os Iniciados da Ordem em seus graus inferiores. d.- Menores em Privao So os Profanos. A fim de escapar dos ciclos de reencarnaes sucessivas neste mundo infernal (in-ferno = lugares inferiores), necessrio que o homem-indivduo se solte de tudo aquilo que o atrai Matria, e assim seliberte da escravido das sensaes materiais. Ele deve elevar-se moralmente, inclusive. Contra essa tendncia em direo Perfeio, as entidades decadas lutam sem cessar, tentando de mil maneiras atir-lo de volta ao seio do Mundo visvel, e reter seu jugo oculto sobre ele. Contra elas, o homem-indivduo deve lutar desmascarando-as e expulsando-as de seu domnio. Ele consegue isso, parcialmente pela Iniciao a qual o liga aos elementos do Arqutipo j reunidos e que formam emtermos exotricos a "Comunho dos Santos" e parcialmente pelo Conhecimento libertador, que lhe ensinaos meios de acelerar, para o restante da Humanidade cega, e pelo seu trabalho pessoal, a libertaodefinitiva. Esta ltima possibilidade inclui a participao notadamente nas grandes Operaes dos Equincios, queprocuram purificar a Aura terrestre por meio de exorcismos e de conjuraes, sujeitas aos Ritos da Alta-Magia, e que os Elu Cohens denominam as "Obras" ou o "Culto". Apenas aps esta definitiva libertao individual, surgir a grande libertao coletiva, que permitir areconstituio do Arqutipo, e ento sua reintegrao no Divino que o emanou outrora. Abandonado a simesmo pelo seu animador, o Mundo da matria ir se dissolver, no sendo mais vivificado, harmonizado,conduzido pelo Arqutipo. Sob o impulso, naturalmente anrquico, das Entidades decadas, estadesagregao das partes do Todo ir se acelerar. O Universo chegar ao seu termo enfim; este ser o "Fimdo Mundo" anunciado pelas tradies universal. "Como uma pedra que rola, Cus e Terra passaro...! A Essncia Divina reocupar gradualmente as "regies" de sua essncia das quais ela primitivamente retirou-se. As iluses momentneas, batizadas com o nome de criaturas, de seres, de mundos, desaparecero, pois Deus tudo, e Tudo est em Deus, embora Tudo no seja Deus! O Absoluto no tirou nada de um Nada ilusrio, que no saberia existir fora dEle, sem ser Ele-mesmo. Somente esta retrao da divina essncia permitiu a Criao dos Mundos, anglicos, materiais, etc... Comofoi tambm esta retrao, desta mesma essncia, que permitiu a emanao dos seres espirituais. E assim, a simblica "Vitria" do Bem sobre o Mal, da Luz sobre as Trevas ser conquistada por um simplesretorno das coisas ao Divino, por uma reassimilao dos seres, purificados e regenerados.

    Espritos Divinos, so as entidades sefirticas da Cabala, os Nmeros-Deuses.

    Mundo Celeste

    a.- Os Espritos Maiores asseguram a comunicao do homem com Deus, limitam os domnios inferiores, compe os mundos celestiais e terrestres. Como Agentes das Leis do Universo, eles comandam a conservao do "Tempo", isto , da Energia Vital no Mundo Material, mas eles no tm poderes para produzir essncias materiais. b.- Os Espritos Inferiores asseguram a prpria existncia da matria. So, por exemplo, os Poderes dos Elementos, os Seres da Regio Astral Superior, Os Gnios Planetrios, Estelares, etc...

    Mundo Terrestre

    Os Espritos Menores, ou Menores Espirituais, que garantem a edificao do Mundo Material; estes so notavelmente as Almas Humanas.

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  • Tal o desdobramento esotrico da Grande Obra Universal. Um trabalho de estudo prtico sobre a Doutrina do Mestre est em fase de elaborao.

    Pantculo Tergico

    As Origens da Doutrina

    Sobre as origens diretas da doutrina que nos transmite a obra simblica de Martinez de Pasqually, "Sobre aReintegrao os Seres", no paira nenhuma dvida. Possui uma base judaica-crist muito ortodoxa, interpretada e comentada com a ajuda das tradies oriundas diretamente do Sepher-h-Zohar, e de todas as chaves do esoterismo judeu (Cabala). Mas um ponto domina todas estas concluses exegticas, contudo:refere-se origem da tradio que sugere que o homem-Arqutipo perdeu sua glria e sua natureza originais ao querer ultrapassar seus poderes naturais, e igualar-se a Deus. Isto o que tentaremos esclarecer. possvel que se este postulado metafsico impregnou a maior parte das tradies religiosas daHumanidade, isto se deve a uma evidncia igualmente metafsica. Esta evidncia teria sido percebida pelaintuio dos antigos sbios e pensadores, ou lhes foi tornada acessvel por manifestaes sobrenaturais, oumais simplesmente, teria lhes sido comunicada pelo canal analgico dos sonhos, servidos por um psiquismomais sutil que o da Humanidade moderna. Mas no menos evidente que, em uma outra esfera, os cultos flicos so igualmente a origem da religioprimitiva. Ns no ignoramos a extrema averso dos puritanos, de todos os credos, por esses cultos e seussobreviventes. Contudo, talvez, fosse mais razovel, e em todo caso mais cientfico, estudar as causasprofundas e o ensino realmente secreto desses cultos estranhos, do que conden-los em nome de uma moral que no se tem lugar neste domnio. Em efeito, se ns descartarmos a posio particular da decadente Igreja Romana, constataremos que, entre asreligies primitivas, o rgo sexual era sagrado. A "veste de pudor" menos um vu atirado sobre algovergonhoso e degradante, do que o necessrio e ritual obstculo destinado a proteger um rgo sacro dosolhares estranhos. Da as tatuagens com caracteres mgico-religiosos nas roupas ntimas de nossos primitivos; e, portanto, em um outro campo, a remoo dos rgos de procriao (praticamente em todaparte) sofrida pelo guerreiro vencido, e que em outros casos substitudo pela cabea, ou pelas partes dacabea (orelha, cabelos, etc...). Se o rgo sexual tivesse algo de vergonhoso, nosso primitivo no lhe daria omesmo ttulo que o crnio, rgo nobre, e que personificava ao mximo a personalidade do vencido. No deixaremos, enfim, de recordar que os smbolos geradores, na Grcia antiga (em Elusis, por exemplo),ou mesmo na ndia moderna, so as imagens de duas grandes foras divinas criadoras, sendo um aspecto deDeus, que andrgino, como o homem no Gnesis, manifestando atravs de sua prpria criao sua fecundidade eterna e todo-poderosa. Enfim, seria infantil admitir que o homem devia se envergonhar daquiloque a Natureza (ou Deus, segundo as crenas) lhe concedeu desde seu nascimento, j que nenhuma desonraest relacionada com os rgos reprodutores animais, e muito menos com os dos vegetais! No hesitaremos, portanto, por todos esses motivos, em considerar o esoterismo da Sexualidade como uma das chaves possveis que introduzimos para reencontrar a fonte original de onde a maioria dos dogmassurgiu. E se desaprovarmos os excessos que esse esoterismo gerou ao se distanciar dessas fontes deinformao, igualmente reprovaramos o Puritanismo infantil no qual soobraram tantos reprimidos,obcecados e mesmo manacos, sob pretenses exegticas intransigentes. O homem uma reduo do Universo. Espiritualmente feito imagem de seu Criador, diz o Gnesis, ele

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  • materialmente concebido imagem do Cosmos, como a Cabala nos ensina, e, em comparao aoMacrocosmo, ele constitui o Microcosmo. escala do homem, o rgo masculino realiza a mesma funo. O homem , portanto o Macrocosmo e opnis o Microcosmo. De fato, as primeiras imagens modeladas, infantis, imprecisas e desajeitadas, pelas quais o homem Primitivoarriscava representar a silhueta humana, tendiam sempre a possuir o aspecto flico, seja um vago cilindro,uma coluna encabeada por uma esfera que separada por uma constrio. Tais nos so apresentadas simagens imprecisas destinadas aos ritos de Encantamento (figuras de cera, de barro, madeira, etc...). Deacordo com o pensamento atual, cada um pode ser visto como uma efgie humana imperfeita, ou a de umfalo. O que particulariza de modo especial esse rgo que o nico, entre todos os rgos exteriores do homem,que dotado de uma vida e de uma atividade fisiolgicas independentes, aparentemente, e que depende nodo consciente, mas do subconsciente. provado pela Medicina que as reaes sexuais podemdefinitivamente serem independentes do pensamento consciente do indivduo. Em geral, isto no acontececom as reaes dos outros membros, braos, pernas, ps e mos. Ns acabamos de empregar a palavra membro. Note que o pnis tambm carrega o nome de membro viril. Isto coloca esse rgo aparte dos outros. Conclumos, portanto, que possvel que a atividade natural deste rgo tenha gerado, no esprito dosprimitivos pensadores da humanidade, um paralelo entre o destino do homem-Arqutipo, e o desta representao natural. igualmente possvel que esta relao tenha se estabelecido inconscientemente, sem que este paralelo tivesse sido observado e examinado, e isto pelo fato singular do papel importante que oaspecto sexual desempenha na natureza humana. Neste caso, seria a atividade sexual subconsciente que estaria na origem desta "concluso" metafsica, a queda do homem-Arqutipo, como conseqncia de uma tentativa de criao!... O fato no deveria, em todo caso, ser rejeitado de imediato. Em sua obra "Psicanlise do Fogo", Gaston Bachelard, professor da Sorbonne, judiciosamente sublinhou arelao analgica que pode estabelecer a psicologia entre as modalidades da criao do fogo pelosprimitivos, e os modos de copular. evidente que o homem primitivo poderia, ele tambm, estabelecer umarelao de equivalncia entre a ao de esfregar um basto de madeira em um orifcio escavado em umalarga prancha e a fagulha criadora de Fogo que surgia, e o mesmo gesto natural exigido pelo instinto criador. Em todo caso, essas vrias concepes sobre o simbolismo flico nos permitem conceber como ele pode setornar, no decorrer dos tempos, o smbolo vvido do Poder Divino, manifestado no homem e atravs do homem. Conclui-se, pois, como a profunda venerao, criada nos Templos de Elusis, quando da apariodo theophallos nas mos do grande hierofante, justificada. Porque no se tratava de venerar o rgo dosprazeres materiais e grosseiros, pelo qual a espiritualidade do homem estaria irremediavelmente acorrentadas pesadas rochas dos prazeres vulgares da carne, e s vezes aos mais ignbeis apetites. Muito pelocontrrio, a multido em xtase via no falo o divino arcano pelo qual lhes era permitido penetrar os mistriosde suas origens extra-humanas, de compreender por qual via sua queda foi efetuada, e como a humanidadepoderia se libertar dessas cadeias e, por fim, reunir-se com sua original divindade. Quais ensinamentos podem ser tirados da atividade psicolgica do falo? Aqueles que j extramos dos mitosdo Gnesis! 1- sob o imprio de seu desejo criador que o Absoluto emanou o Logos, seu reflexo, seu intermedirio. Osegundo provm do primeiro. sob o imprio de seu desejo gerador que o homem manifesta sua virilidade, pela ereo do falo. Osegundo se destaca do primeiro. 2- Adam Kadmon deveria criar pelo Pensamento e seu Verbo, em um mundo puramente espiritual. O homem devia conservar sua fora sexual para o nico benefcio de sua intelectualidade. Todo desperdciopsicolgico dos rgos geradores duramente ressentido pela atividade espiritual.

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  • 3- Ado "emanou" Eva, por sua vez, "carne de sua carne", de acordo com o Gnesis, ento ele penetrou estanatureza inferior para depositar a Vida e criar, por sua vez, um novo Cosmos. Apenas conseguiu ser tragadopor ele e se tornar sujeito Morte. O homem, como Adam-Kadmon, penetra sua mulher, "carne de sua carne", para depositar a Vida e criar umser semelhante a si, imitando a Deus. O falo seu intermedirio natural. No espermatozide est sua prpriaemanao, o germe de si mesmo. Mas como Adam Kadmon morreu espiritualmente por ter sua gloriosa natureza encoberta por uma matriaprimordial inferior e tenebrosa, assim mesmo o falo "morre" ao exteriorizar a vida que leva consigo. 4- Estava sob a ao teleptica insidiosa das entidades do mal que Adam Kadmon desejava criar. sob a ao de Pensamentos impuros, esteretipos mentais, que so por vezes obscenos, e sempredistanciados de toda espiritualidade, que o homem de carne sonha com o ato gerador. 5- lutando contra esses Pensamentos impuros que o homem de carne se livra do jugo sexual (que s vezeso rebaixa ao nvel da besta), e se espiritualiza. Foi lutando contra essas ms entidades que Adam Kadmon pode conservar sua glria e sua naturezaprimordial. libertando-se de sua dominao e de suas intenes que ele pode reassumir aquela natureza. 6- Durante o tempo em que ele se ops s ditas entidades, Adam Kadmon necessariamente conservou suapersonalidade. Durante o tempo que o homem de carne verdadeiramente luta contra seus prprios desejos, o falo semanifesta psicologicamente e torna-se ereto. 7- Quando Adam Kadmon cessa de lutar contra as ms entidades, quando essas entidades seroreintegradas no Absoluto ou iro se dissolver. Seu papel assim terminado, Adam Kadmon ir desaparecer noseio do Absoluto. Quando o homem de carne estiver completamente liberto da escravido dos prazeres e dos sentidos, ele nomais lutar contra eles, e sua indiferena ir levar sua supresso. Ento toda atividade sexual psicolgicair desaparecer e o falo no se manifestar mais. Este , segundo ns, o ensinamento secreto que pode ser extrado, de modo lgico, das religies flicas.Pode-se observar, de maneira til, que o simbolismo flico est ligado aos cultos solares (a Luz, o Fogo, oPatriarcado, etc...). Ao contrrio, o simbolismo kteique (ou culto do sexo feminino) est ligado s religieslunares (a Noite, a gua, o Matriarcado, etc...). E os primeiros foram sempre infinitamente mais puros emais elevados em espiritualidade que os segundos, que estiveram sempre entre as causas mximas dosexcessos deste gnero de religies, (cultos de Anaitis, Milita, de Astoreth, de Astarte, etc...). por isso que a Igreja catlica ope Eva, a "Mulher da Morte" como ela denominada nas Homilias Clementinas Virgem Maria, a "Mulher da Vida". Eva leva ainda o nome de "Janua Inferni", a Porta doInferno, e Maria o ttulo de "Janua Coeli", a Porta do Cu. Notemos, sobre essas duas "Portas" simblicas, que elas so anlogas s guardadas pelo deus Janus, o deusde duas faces, meia masculina e meia feminina, cujos festivais eram localizados nos Solstcios de Inverno(Porta do Cu) e de Vero (Porta do Inferno). O Zodaco conservou o esoterismo dessas duas pocas com osigno de Capricrnio (a Cabra, que sempre tem a tendncia de subir...) e de Cncer (o Caranguejo, querasteja no lodo...). E no simbolismo astrolgico, Cncer, equivalente a Janua Inferni, correspondeanatomicamente ao tero, no corpo da mulher. verdadeiramente a porta infernal por onde a Alma humana,abandonando os estados superiores do Plano Divino, encarna-se e se aprisiona em um corpo de carne, presa no turbilho malfico da Roda da Fortuna. em conseqncia desta distino esotrica entre a "Mulher da Vida" e a "Mulher da Morte", que oCavaleiro, na Idade Mdia, aps ter sido submetido aos ritos tradicionais dessa Ordem militar, elegia uma

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  • "Dama de seus Pensamentos", que nunca era sua noiva, amante ou esposa, e com a qual nunca deveria ternenhuma relao carnal. ainda em memria desta idealizao do Amor, da sublimao do ideal feminino,que os Franco-Maons, quando da sua primeira iniciao no grau de Aprendiz, recebiam dois pares de luvasbrancas. Um deles deveria ser ofertado " mulher que ele mais estimava", dizia o Ritual. O outro par, deveria ser levado nas reunies de sua Loja. A importncia inicitica da atividade flica por vezes registrada em baixos-relevos ou em esttuas antigas, (esttuas egpcias principalmente). L se observa Deus sentado em um trono, e ele tem sentado em seusjoelhos sempre nesta posio uma efgie do Rei que ele deve proteger, e que seu reflexo sobre a terra.E o Rei ocupa sempre o lugar e a atitude do rgo flico de Deus. igualmente por uma lembrana discreta do esoterismo sagrado que os Construtores de Catedrais comfreqncia colocavam na mo da Virgem carregando o Menino, sentada sobre um trono cbico, com aatitude de Cibele, ou de Ra, as deusas-mes, o Cetro flico terminando em uma pinha. A Me Divina, a sisegpcia, "me das iniciaes", assinala ento o carter particularmente revelador do theophallos, como era

    outrora, em Elusis, no Templo de Demeter...[14]

    Os "Mestres" de Martinez de Pasqually

    A questo dos iniciadores e dos instigadores de Martinez de Pasqually tem sido um dos pontos maisobscuros do problema Martinista. Ns iremos tentar, se no o resolver completa e definitivamente, pelomenos aportar alguns esclarecimentos inditos. muito provvel que Martinez de Pasqually inventou a histria de seu antepassado, membro do Tribunal daInquisio, detentor dessa forma de documentos tirados das mos de hereges judeus ou rabes. Segundo essaafirmao, que nada dissimula, esses mesmos documentos foram a fonte da converso de seu pai para umadoutrina heterodoxa que teria sido ensinada a seu filho. infinitamente mais lgico reconhecer que, bem aocontrrio, devemos ler nas entrelinhas para compreender essa linguagem de pura conveno. Assim, averdade restabelecida, e somos levados a considerar uma hiptese mais esotrica sobre esses documentossalvos da Inquisio, de origens judaicas e rabes (isto reforado pelas origens portuguesas da famlia, nomnimo espanholas, tardias), transmitidas e elaboradas pelo pai espiritual de Martinez de Pasqually! De fato, o "mestre" nos tempos antigos era chamado na Grcia de patros, que em geral significava o pai, e em particular, o "pai dos iniciados". Martinez de Pasqually (isto foi um pouco melhor estabelecido pelos historiadores da Ordem e seuspropagadores) esteve no Timor, uma pequena possesso portuguesa nas Ilhas Sunda. Talvez tenha estado naChina tambm, como se acredita. Mas no nessas viagens, nem em um contato imediato com a feitiariado vudu, em Santo Domingo, que se deve buscar por sua primeira iniciao. Jean Bricaud, em um nmero especial da revista "O Vu de sis", publicado em 1927, exps a histria domovimento Rosa+cruz a partir das primeiras manifestaes da Fraternidade dos Rosa+Cruzes, no incio do sculo XVII. Iremos resumir brevemente este autor (e explicar que sua posio de alto grau da Ordem, depatriarca da Igreja Gnostica, coloca-o como possuidor de ensinamentos valiosos, sejam eles atravs dearquivos e documentos, de tradies verbais), e concluir com nossas investigaes pessoais. Desde o princpio do sculo XVI, encontramos a associao secreta da "Comunidade dos Magos", fundadapor Henri Cornelius Agrippa, associao que agrupava os mestres contemporneos da Alquimia e da Magia. Quando Agrippa chega a Londres, em 1510, ele funda, como lemos em sua correspondncia (Opuscula, t. II, pgina 1073), uma sociedade secreta semelhante que havia fundado na Frana. Os membros eram dotadosde sinais particulares de reconhecimento, de "palavras" de passe. Esses membros fundaram, ento, nosdiversos estados da Europa, associaes correspondentes, denominadas Captulos, para o estudo das cincias "proibidas". Se acreditarmos em um manuscrito de Michel Maer, conservado na biblioteca de Leipzig, ser esta"Comunidade dos Magos" que daria nascimento, por volta de 1570, aos "Irmos da Rosa+Cruz de Ouro" naAlemanha.

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  • Mais tarde, por volta de 1605, uma confraria mstica recente havia adotado como paradigma emblemtico desuas tendncias, a Rosa e a Cruz. Era esta a "Milcia Crucfera Evanglica", fundada em 1598 em Nuremberg por Simon Studion. Esta confraria se reuniu, no comeo do sculo XVII, "Fraternidade dos Rosa+Cruz". Alm dos estudos mgicos ou alquimicos, tanto operativos quanto especulativos, a maioria dos irmosigualmente perseguia a reforma do Catolicismo, tentando conduzi-lo sua pureza e simplicidade originais, atravs do entendimento dos ensinos tradicionais esotricos, imitao dos antigos Gnsticos. O movimento Rosa+Cruz manifesta-se de diferentes maneiras, segundo os pases, as heranas espirituais, e aformao escolstica dos adeptos. Na Espanha, ele era direcionado em especial para um catolicismo romano,de esprito mais extenso e mais mstico tambm. No leste da Europa, na Alemanha, seus propagadores eram,ao contrrio, devotados ao Protestantismo, como Valentin Andre e Michel Maer. Um dos CaptulosRosa+Cruzes entraram para a histria: aquele de Cassel, o qual foi fundado pelo Conde Maurice de Hesse-Cassel e do qual Andre e Maer faziam parte. Um outro, a "Palmeira", fundado em Weimar, tambm. Foi em 1614-1615 que tiveram lugar s famosas manifestaes pblicas da existncia dos Rosa+Cruzes. Oefeito foi considervel. Entre a Fama Fraternitatis e a Confessio Fratrum Ros-Crucis (Ratisbona, 1614), os intelectuais profanos disputavam qual era a melhor! Foi ento em 1616 que Michel Maer, mdico do imperador Rodolfo II, (protetor dos hermetistas...), viajoupara Londres, onde fez contato com Robert Fludd, que organizou os adeptos na Inglaterra sob oplanejamento Rosa+Cruz. Na Frana, a primeira manifestao aconteceu em 1623. Para detalhes, remetemos o leitor obra de Sdirsobre os "Rosa+Cruzes". As dificuldades da poca resultaram em uma ciso entre as duas tendncias Rosa+Cruzes. Dois gruposnasceram ento: o primeiro, dando nfase ao misticismo, ao estudo da Cabala, da teosofia crist e do antigognosticismo, era devotado, sobretudo, aos exerccios da vida interior. Foi desse grupo que saiu JacobBoehme, que um dos "ascendentes" de Louis Claude de Saint-Martin. Este grupo reuniu os Irmos da Cruz de Ouro, ou da Aur Crucis. E foi o mais misterioso dos dois. O segundo ramo, o mais numeroso, devotou-se pesquisa experimental, e ao estudo da Natureza: estes eram os Ros Crucis. Na Holanda, na Inglaterra (onde Francis Bacon, o autor da Nova Atlntida que por vezes foi tomado como pertencente ao Servio de Inteligncia!, auxiliou grandemente Robert Fludd, e foi, na realidade, quem sabe,o verdadeiro Shakespeare, como certos historiadores admitem), o movimento se desenvolve rapidamente. Atolerncia dos poderes pblicos, conquistada durante a Reforma, evitou-lhe de ser acusado de atitudes anti-clericais, que eram vistas em pases chamados latinos. Atitudes justificadas pelas medidas de terror tomadaspelas autoridades pblicas de estados catlicos, desde o conhecimento desse movimento espiritual. este segundo grupo que logo em seguida funda o Colgio Invisvel, edificado de acordo com o plano descrito por Sir Francis Bacon na Nova Atlntida, e que mais tarde seria reconhecido oficialmente pelo reida Inglaterra, Carlos II, sob o nome de Royal Society. A Fama e a Confession de Valentin Andr foram traduzidas para o ingls em 1652 por Thomas Vaughan,o autor da Antroposofia Theomagica e de muitas outras obras de ocultismo. Embora o negasse ele foi, narealidade, um dos chefes da Rosa+Cruz. (Wood, em seu Athen Oxoniensis, nos diz: "Foi um grande qumico, um distinto filho do Fogo, um experto fsico, e um Irmo assduo da Fraternidade Rosa+Cruz"). Ali, situa-se o cerne de um enigma histrico, o nascimento da Franco-Maonaria especulativa! Ao redor de 1645, (1645-1646 foram dois anos fecundos em matria de associaes ocultas...), um certonmero de Rosa+Cruzes havia fundado uma associao que tinha por objetivo o estudo da Natureza, mascujos princpios, ensinamentos, deveriam permanecer secretos, apenas acessvel aos iniciados, eapresentados de maneira puramente alegrica. Estes eram Elias Ashmole, Robert Moray, Thomas Warton, William Oughtred, John Hewitt, John Pearson e William Lilly (o astrlogo). Os nomes de muitos outros no chegaram at ns.

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  • Afim de melhor dissimular sua existncia e sua ao, que eles desejavam que fossem puramente oculta,interior e mstica, a Ordem decidiu no permanecer independente. Seguindo a instigao de Elias Ashmole,eles decidiram integr-la em um meio intermedirio, onde poderia existir sem que ningum suspeitasse desua presena. Seguindo os costumes da poca, que permitia a todos os cidados que possuam direito de burguesia na cidade de Londres, de fazer parte de uma corporao de ofcios, como membros aceitos (isto , honorveis), Elias Ashmole se afilia Confraria dos Maons Construtores, colocado desde a Idade Mdia sob o patronato mstico de So Joo. Ele solicita, em seguida, para a Sociedade dos Rosa+Cruzes, a autorizao dese reunir na sede desta Confraria dos Maons Construtores, em Mason's Hall, na Mason's Alley, Basing Hall Street, em Londres. Foi William Preston, em sua obra "Ilustraes da Maonaria" (p. 140), que nos revela o subterfgio! E o esprito Rosa+Cruz, a fora oculta do grupo, enquanto ajudava a Ordem misteriosa fundada pelosRosa+Cruzes ingleses em 1717, tomou a direo da Confraria dos Franco-Maons, e em 1723 seus membros modificaram a antiga estrutura dos maons operativos adicionando o grau de "Mestre". Agora, no ritual deste grau que revela as aes dos Rosa+Cruzes em toda a sua dignidade! no esplndidodesenvolvimento da recepo "Maestria", na comovente morte simblica do profano, proclamando aressurreio do Arqutipo, que finalmente redescobrimos a marca tradicional das antigas iniciaes, aomesmo tempo em que se prova a sobrevivncia da muito antiga Gnose Alexandrina. E, como vimos no princpio deste trabalho, foi justamente esta mesma Maonaria inglesa que havia enviadoa Martinez de Pasqually, ou mesmo a seu "pai", a Carta Constitucional, permitindo-lhe estabelecer Lojas. Quem poderia ento negar o contato direto entre os Rosa+Cruzes da Inglaterra, sucessores de Robert Fludd,de Cornelius Agrippa, e Martinez de Pasqually? Seguramente nenhuma crtica de boa f. No incio do mencionado trabalho, Jean Bricaud descreveu os possveis precursores dos Rosa+Cruzes. Amstica fraternidade foi efetivamente fundada por Christian Rozenkreutz? Ou, em vez disso, remonta aoCastelo do Santo Graal, e aos antigos Gnosticos? Ela de origem mais recente, e deveramos considerarParacelso como seu verdadeiro promovedor? Ela j existia na Dinamarca em 1484, como Fortuyn o afirmaem sua De Guildarum Historia? Pode-se atribuir sua fundao a Faustus Socin, como certas tradies oafirmam, ou teve ela por pai Valentin Andre? "Tantas questes que sou incapaz de responder" nos dizBricaud. Bem, vamos avanar em uma hiptese audaciosa! Ns cremos que ela , realmente, a sobrevivente direta, ininterrupta, das grandes correntes heterodoxas antigas e medievais, as quais chamamos de Gnsticos eCtaros. Explicaremos em seguida a razo dos nossos argumentos. Na sua Disquisitions", ou Dissertaes, publicada pelo escritor anti-manico Benjamin Fabre ("um Iniciado das Sociedades Secretas Superiores"), o marqus Franois de Chefdebien de Saint-Amand, membro da maior parte dos Ritos Manicos de seu tempo, e conhecido nas Ordens iniciticas contemporneas(1753-1814) sob o "nome" de Franciscus Eques A Capite Galeato, conta-nos que Montpellier, terra natal de Cambacrs e uma das famosas cidades da epopia albigense, foi uma das cidades da Frana mais ligadas scincias ocultas e um dos beros da Franco-Maonaria francesa. E ele relata o seguinte episdio, dos maissignificativos: "No ano de 1723, Monsieur de Roquelaure descobriu uma seita muito curiosa, denominada osMultiplicantes, e soube que os membros dessa fraternidade se reuniam numa casa que pertencia a certamulher chamada de Verchand, na rua que vai da Triperie direto porta do Templo". Encarceraram, evidentemente, os principais membros da organizao e apropriaram-se de seus documentos. "A lista dos membros da seita", conta-nos d'Aigrefeuille, historiador de Montpellier e primo do marqus deChefdebien, " datada de 6 de Junho de 1722. Intitula-se: "Original dos Nomes e sobrenomes das Crianas de Sion". Seu nmero se eleva a cerca de duzentas e trinta e duas pessoas, de vrios lugares das Cvennes edas cercanias de Lunnel".

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  • Os membros da fraternidade eram todos artesos (assim, ligados Aprendizagem...) e os pobres da regio. "Temos provas convincentes, de sua prpria caligrafia, de que eles faziam a (Santa) Ceia, e que JeanVesson, na qualidade de ministro, havia muitas vezes a administrado. Tambm se descobre o ato pelo qualele foi elevado a esse cargo, do simples toneleiro que ele era pela imposio de mos da assemblia". "O grande nmero de vises, profecias e sermes que se encontram entre seus papis, enchem de trabalho osComissrios, mais pela extenso dos papis do que pelas bestialidades l descritas. Eis algumas amostras". "Deus me fez ver, disse Anne-Robert (esta Verchand), a Palavra Magnfica, em presena de quatrotestemunhas. Eu vi uma grande Claridade e uma Estrela, e o fio de ouro; e em outra claridade maior ainda,vi um Cordo de Ouro, e uma Pomba, o Esprito da Vida". "Pierre Flix, Pierre Portalez, Suzanne Gurine so testemunhas de que vi o Palcio da Glria, em 8 deSetembro de 1722. Assinado, Anne-Robert". "Uma de suas preces, falando da rvore da Vida, uma representao que eles tinham em seu resduo (assim que eles chamam o seu local de reunio, ou residncia), explica-se nesses termos: Eu lhes falarei acerca do primeiro homem, chamado Ado e de Eva, sada de sua costela, e meu primeiro ponto ser sobre arvore. O segundo ser sobre o Diabo, na forma de serpente, o terceiro sobre o homem e a mulher". "Jacob, em um sermo proftico em 2 de Dezembro de 1722, disse estas palavras honorveis para a IgrejaRomana: Deus abenoou e consagrou os trs Sacrificadores no mais alto dos Cus com o sal e o leo daGraa. Ele escolheu a Viva para representar sua Igreja, a qual ele quer que floresa e triunfe sobre a terra.Esta Igreja Romana permaneceu viva at o presente, e escrava dos ancies da Igreja Romana; mas precisoque ela seja abatida com os ancies, aps ter sido oculta dos Reis e dos prncipes pela cincia humana". O resto dos escritos contm milhares de extravagncias que so atribudas influncia do Esprito Santo.Encontra-se quase de tudo: "Isto o que o Esprito Santo disse; isto o que o Esprito Santo ordena a vocdizer". O mesmo historiador, d'Aigrefeuille, nos faz conhecer o desfecho desse estranho caso de heresia. "Finalmente, seu processo encontra-se plenamente informado ao fim do ms de abril, pelo cuidado ediligncia do senhor Jrme Loys, sub-delegado de M. Bernage, intendente, que havia ido, desde o comeodeste assunto, um processo jurisdicional para os julgamentos com os oficiais do Presdio de Montpellier. Ogrande nmero de culpados salvou a vida de muitos: Pierre Cros e Marguerite Verchan