nada com nada - jornalaldrava.com.br · - forno à lenha fechada ... (um texto visual) porta um...

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www.jornalaldrava.com.br Página 1 cultural ISSN 1519-9665 POUSADA “ CONTOS DE MINAS ” RUA ZIZINHA CAMELLO, 15 - CENTRO = MARIANA / MG /// FONE: 0(xx)(31) 3558-5400 [email protected] www.pousadacontosdeminas.com.br ANO XI /// N O. 93 /// Setembro/Outubro / 2011 MARIANA - MINAS GERAIS / BRASIL EM CIRCULAÇÃO DESDE NOVEMBRO DE 2000 E-mail: [email protected] Site: www.jornalaldrava.com.br ALDRAVA LETRAS E ARTES CNPJ 04.937.265/0001-71 JORNAL ALDRAVA CULTURAL Utilidade Pública Municipal Lei n° 022/90 - 26/03/2009 O morango não é um losango, nem a bola é uma bala. Nem tudo o que rola rala. O que não esquenta esfria, o que não chora ria. A lesma não é uma resma, o alienígena não é um indígena, nem o síndico é um índico, nem o esfíngico é um faríngico, nem o bafo é um desabafo, nem o epitáfio é uma impáfia, nem o feudo é um pseudo, nem o entusiasmo é um orgasmo, nem o capítulo é um título, nem o dirigível é infalível, nem tudo que lusco fusco, nem tudo que ofusca é fusca, nenhuma pedra medra: a vida é um suicídio e a morte, apenas o transporte. NA DA COM NA DA J.S.Ferreira { Mariana-MG }

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www.jornalaldrava.com.br

oculturalISSN 1519-9665

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POUSADA “ CONTOS DE MINAS ”RUA ZIZINHA CAMELLO, 15 - CENTRO = MARIANA / MG /// FONE: 0(xx)(31) 3558-5400

reservas@pousadacontosdeminas.com.brwww.pousadacontosdeminas.com.br

ANO XI /// NO. 93 /// Setembro/Outubro / 2011MARIANA - MINAS GERAIS / BRASIL

EM CIRCULAÇÃO DESDENOVEMBRO DE 2000

E-mail: [email protected]: www.jornalaldrava.com.br

ALDRAVA LETRAS E ARTESCNPJ 04.937.265/0001-71

JORNAL ALDRAVA CULTURALUtilidade Pública MunicipalLei n° 022/90 - 26/03/2009

O morango não éum losango,nem a bola éuma bala.Nem tudoo que rolarala.O que não esquentaesfria,o que não choraria.A lesma não éuma resma,o alienígena não éum indígena,nem o síndicoé um índico,nem o esfíngicoé um faríngico,nem o bafo

é um desabafo,nem o epitáfioé uma impáfia,

nem o feudoé um pseudo,

nem o entusiasmoé um orgasmo,nem o capítulo

é um título,nem o dirigível

é infalível,nem tudo que lusco

fusco,nem tudo que ofusca

é fusca,nenhuma pedra

medra:a vida é um suicídio

e a morte,apenas o transporte.

NADA COM NADAJ.S.Ferreira{ Mariana-MG }

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CENTRO MÉDICO DE DIAGNÓSTICORua André Corsino, 142- Centro - Mariana/MG.Fone/Fax: 0XX31 - 3557-3550

Setembro/Outubro / 2011 NO. 93 MARIANA - Minas Gerais ANO XI

Pizzaria e Lanchonete Dom Silvério - Forno à LenhaFECHADA TEMPORARIAMENTE PARA MELHORIAS /// Fone: (031 ]- 3557-2475

osversus

sãoversos!

diversosservos

hána

gramaramasgarras

amarras

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numjardim

saciam-severbos

deluminescências

carassãoas

pedrasdo

caminho

poetanasce

comsaudades

davida

ereflito-me

odourado

destaaldrava

mestreataídetraço

corvirou

palavra

eum

saborescapa

dapalavra

ebil

dosmil

galhosfloreia

sumiêkatana

cabloquinhoeitavilarica

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12 ALDRAVIASde Marco Llobus

ourod’amantebarroco sonhopalavraamada

marianaencanta

vilaricados

poetas

~~ Belo Horizonte-MG ~~{ Para Gabriel Bicalho,

carinhosamente chamado de Bil Bicalho.}HAICAIS PRODUZIDOS:

Maria das Graças P. Bazílio

Noite friaSereno cai

Sobre o gramado verde

EJA - ENSINO MÉDIO - SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO.

Cátia Elisângela S. de Freitas

Beija-flor coloridoQue se vê pelo vidro

Sai da janela!

EJA - ENSINO MÉDIO - SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO.

PROFESSORA - Aniquele C. Venturi

Vento no rostoTraz triste lembrança

De um desgosto.

EJA ENSINO MÉDIO - SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO

Marcilene Ap. S. Teixeira

Óh, cascatas lindas!Onde estão nossasÁguas cristalinas?

EJA ENSINO MÉDIO - SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO.

Delfina Aparecida Correa

Noite friaCéu estreladoLua brilhante.

EJA - ENSINO MÉDIO - SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO.

Mariana Moreira de Sá

As nuvens que se vãoe o vento que te carregaAo encontro da chuva.

EJA - ENSINO MÉDIO - SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO.

Adriene de Fátima Pires

Canto de pássarosBeleza sem igual

No fundo do quintal.

EJA - ENSINO MÉDIO - SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO.

Cinira Alves Costa

Jacaré tá na lagoaCom vontade de nadar.

Sai, que a lagoa vai secar!

EJA - ENSINO MÉDIO - SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO.

Maria das Graças Rodrigues

Árvore floridaPerfume que exala

De vida resplandecida.

EJA - ENSINO MÉDIO - SÃO GONÇALO DO RIO ABAIXO.

Artúlia Inês – 8° ano

Escrevendo haicaisFlávia está inspiradaIgual a chuva que cai

Centro Educac. SGRA - E. E Moreira Santos – S. G. DO RIO ABAIXO.

Monique Mara C. Alves

A lua cheiaA lua bela!

- A lua? Apenas ela!

Centro Educac. SGRA - E. E Moreira Santos – S. G. DO RIO ABAIXO.

Professora Flávia

Uma frondosa árvore solitáriaPenumbra no chão, no céu, no ar.

Qual será vossa mortalha?

Centro Educac. SGRA - E. E Moreira Santos – S. G. DO RIO ABAIXO.

Izamara Camilo – 7° ano

Nessa quadraCom lápis e papel

Fiz um gol de Haicai!

Centro Educac. SGRA - E. E Moreira Santos – S. G. DO RIO ABAIXO.

Estevão – 8° ano

Águas cristalinasE flores encantadoras...

Um perfume no ar.

Centro Educac. SGRA - E. E Moreira Santos – S. G. DO RIO ABAIXO.

Wadison B. Rodrigues – 7° ano

No jardim, muitas floresNa minha vida,Muitos amores!

Centro Educac. SGRA - E. E Moreira Santos – S. G. DO RIO ABAIXO.

José Matia Serapião

ProfessoresNosso

Resgate

EJA – E.M. Chico Severino – Santa Bárbara

José Carlos

Na Serra de Catas AltasVai a natureza.

Vem o progresso?

EJA – E.M. Chico Severino – Santa Bárbara

Vagner

Quando a gente achaque sabe tudo, vem a vidae muda nossas perguntas.

EJA – E.M. Chico Severino – Santa Bárbara

Edilane

Vento leve e inconstanteSopro no ar

Brilha ao céu exuberante.

EJA – E.M. Chico Severino – Santa Bárbara

Arlindo da Luz

Vendo a bola rolandoBate saudade de meu

tempo de criança

EJA – E.M. Chico Severino – Santa Bárbara -2011

Lucinária de Brito

Tristeza estou sentido,Não queria estudar, mas

poetas vieram me animar!

EJA – E.M. Chico Severino – Santa Bárbara - 2011

Renato – Funcionário da UFU

Leminski transculturaAldrava, sem puxar saco,

Ação Política.

Universidade Federal de Uberlândia – MG - 2011

Mayane Meireles da Silva

No meio do nada...Flores amarelas

Prendem minha atenção.

Aluna da UFU-MG - 2011

Bethânia Martins Mariano

O outono chegouAgora só escrevo

Haicai a céu aberto.

Aluna curso de Letras – UFU-MG

Glória Sandes

Hora do almoço:Faço um haicaiSem alvoroço.

UFU – MG - 2011

PROJETO: Nas Sendas do HaicaiOficina de Incentivo à Literatura,ao livro e à leitura realizada pelosPoetas do Jornal Aldrava Cultural[ ]

www.jornalaldrava.com.br Página 3

www.jornalaldrava.com.br

locutor e enunciador de discursos conser-vados e inovados. Cada ser humano emcada instante de vida alimenta-se de dis-cursos recebidos e realimenta esses mes-mos discursos com sua inovação. A via li-terária é básica nesse processo. O que nãoé literário aparece explicitado no “agora va-mos falar sério”. Tudo o mais é literário,ligado ao estatuto da liberdade, da portaaberta para os mais ousados ensaios decriatividade. É nesse contexto que oaldravismo não concebe a possibilidade daexclusão por mérito – o mérito dito quali-tativo esbarra na escala preconceituosa do“bom” e do “ruim”, resquício da milenarcultura cristã que inicialmente para anga-riar seguidores (bons) entre os pagãos (ru-ins), no segundo milênio para enfrentar opróprio dissídio reformista (bons e maus nopróprio seio cristão) e atualmente para nãose desmanchar diante das luzes científicas(bons os tementes a Deus, ruins os que onegam em nome das explicações das ciên-cias). Cada contribuição discursiva, regis-trada e arquivada nas memórias sociais,nos arquivos impressos e hoje nos virtuais,constitui um pontinho na grande constela-ção de ideias que faz mover as bocas decada ser humano falante e ouvinte ao mes-mo tempo e produtor incondicional de lite-raturas. A exclusão por mérito elege algunscomo “bons” escritores e os empurra goe-la abaixo dos pobres mortais, igualmenteprodutores de literatura, mas sem cafetãoeditorial para bancar sua clientela de leito-res ou ouvinte. São esses cafetões que pro-movem, por exemplo, o prêmio câgado deliteratura a eminências de grandes tiragens.Literatura é item a ser colocado em cestabásica ou na banca da feira a preço a pre-ço de pastel. Literatura é alimento mais sau-dável que fritura. Rumores aldravistas já fi-zeram muita gente distribuir gratuitamen-te livros, promover saraus, oferecer ofici-nas literárias a crianças, jovens e adultos.Falta agora esses rumores atingirem o po-derio editorial, para que o livro, para o qualnão há impostos, tenha ao lado das versõesde luxo, suas versões populares, para quetodos os brasileiros possam ter o prazeracesso à literatura – não só a pasteis e ce-lulares.

CRISTAIS E COMPANHIA FÁBRICA DE JÓIAS E SEMI-JÓIAS EM PEDRAS PRECIOSAS

RUA DIREITA , 85 - CENTRO - MARIANA / [email protected] FONE: (31) 355 7-1471

Setembro/Outubro / 2011

TRANSAMÉRICA FM 92,5(031) 3832-2300 ou (31) 3832-1082

SANTA BÁRBARA / MINAS GERAIS

NO. 93 MARIANA - Minas GeraisANO XI

Computadores, acessórios, manutenção e rede. Av. Castelo Branco,180-A - Centro - Santa Bárbara/MG.

Fone: 0--31 - 3832-1462

Retomo o aldravismo como tema paradebate nesta edição do Jornal Aldrava Cul-tural. Do nascedouro até agora, doze anosse passaram. Os rumores discursivos pro-vocados pelo aldravismo já podem ser ou-vidos em conversas literárias, especial-mente no que tange ao reconhecimentodos processos metonímicos na construçãodos sentidos. Vejo agora acertos na intui-ção da metonímia como processo deadjunção dos focos esparsos nas paisa-gens, para construção de sentidos especí-ficos que se expandem, conforme a ne-cessidade de aprofundamento requeridapelo objeto. A metáfora, em função de suaobviedade escancarada, a provocar o as-sassinato da reflexão, mereceu nosso des-prezo. O texto, como envelope de discur-sos, também foi enunciado como apenascasca de alguma coisa que provoca signi-ficação. Em vez da busca das compulsõesdiscursivas nos envelopes (nos textos) ounas citações composicionais com que ostextos se tecem, chamados de intertextos(textos que aparecem dentro de outrostextos), que também assassinam a capa-cidade de reflexão, o aldravismo escapadessa avaliação chinfrim, paraescarafunchar os discursos densos que seescondem nas moitas metonímicas das in-sinuações, dos implícitos. É o caso da fi-guração própria da fala, que se deixa en-tender por insinuações que se completampor contextos numa superfície simples eobservável. Um simples movimento dosolhos (um texto visual) porta um feixe dediscursos (“Fulano acabou de chegar, quesaco!” “Muda de assunto, fulano está vin-do...” “É ele...” etc..), e esse feixe se ex-pande se esse lampejar de olhos encon-trar recepção capaz de compreendê-lopara produzir respostas. É essa figuraçãoconstitutiva da fala que delegaliterariedade a qualquer texto, imputan-do nesse texto, a que chamo de literário, apropriedade de escapar do que não é lite-rário, aquilo que se inscreve no estatutoda “fala séria”, institucionalizada, buro-crática. O mundo literário vai se constru-indo tão vastamente quanto o aumentopopulacional, pois o humano criativo nãopara de figurar e instalar-se como autor,

Rumores AldravistasJ. B. Donadon-Leal

[email protected]

Pós-Doutor em Análisedo Discurso / UFOP

Helton Luiz de Oliveira

Toda uma vida, uma linhaSentido do tempoFugindo do nada.

Funcionário da EDUFU – UFU- MG - 2011

Fabrício Ferreira

Um dia claroUm funcional:Um dia, claro!

Aluno da UFU – MG – 2011

Brenda Lourença Júnior – 5° ano

Nas montanhas geraisVejo uma cara conhecida,

O sabiá me disse: – É o Caraça!

Semana do Livro – Caraça – 2010 - E.M. Iveta Moreira Novais - SB

Stefany – 10 anos

A grama e o ar...Cristo vai comigo

Onde quer que eu vá...

Semana do Livro – Caraça – 2010- E.M. Iveta Moreira Novais - SB

Marcela Jesus Santos – 5° ano

Cai florComo um beija-florQue traz meu amor!

Semana do Livro – Caraça – 2010 E.M. Chico Severino-SB

Kézia Vitória – 09 anos – 4° ano

Murcha florCom meu amor,

Leve embora, meu calor.

Colégio Providência – Mariana –2010

Gabriel – 4° ano

Borboletas são como vento:Umas voam muito rápido,

Outras lentas.

Colégio Providência – Mariana-

Maria Luíza – 2° ano

O jardim do ProvidênciaÉ um paraíso paraQualquer criança!

Colégio Providência – Mariana – 2010

Klysmann Cristian Martins da Silva - 12 anos

Que lindo passarinhoDe noite e de dia

Cantando em seu ninho

E.E. Desembarg. Horácio Andrade–O. Preto–Festival de Inverno–2009

Yara Silva Tomé - 13 anos

A natureza é uma belezaEla ajuda a pessoa

A ter coragem e certeza.

E.E. Desembarg. Horácio Andrade–O. Preto–Festival de Inverno–2009

Douglas Henrique - 11 anos

Vento que vem...Vento que vai...

Agora é só a Paz!

E.E. Desembarg. Horácio Andrade–O. Preto–Festival de Inverno–2009

PROJETO:Nas Sendas do Haicai

Oficina de Incentivo à Literatura,ao livro e à leitura realizada pelosPoetas do Jornal Aldrava Cultural[ ]

HAICAIS PRODUZIDOS:

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UAI, ZÉ - Restaurante e Pizzaria [ Anexo ao Hotel Müller ] AVENIDA GETÚLIO VARGAS, 34 - Centro - MARIANA/MG FONE: (31)-3558-5109

Carro de Praça[ Para Marquinho e todos os seus, nestes momentos de silêncio.]

Joao Evangelista Teixeira( Ponte Nova-MG )

A gentileza das portas abertas, continua na alma,abre os vidros limpos e transparentes,viaja por outras estradas,serenas, espalhadaspelos caminhos contínuos, presentes,e toca por dentro... acalma.

A gentileza dos cuidados, que eram sempre mais,sonda as falas poucas e pacíficas,firmeza na direção,ato e ação,pelos rumos das rotas específicas,confiança de chegar, iguais.

A gentileza dos parceiros novos a cada diavive na saudade dos momentos,abraça quem viajouou chegou,pelos roteiros dentro dos pensamentos,carisma completo de alegria.

A gentileza dos braços abertos do Criadoranima cada viajante na sua jornada,trabalho árduo de chofer, revestido de fé,pelas rodovias, da imutável morada,onde iremos após o labor.

As tantas Artes![ Aos queridos amigos e poetas Andreia e Gabrielcom os meus parabéns. A melhor forma que encontreipara externar o meu sentimento foi... com poesia! ]

Daladier Carlos( Rio de Janeiro-RJ )

Fazem tantas artes que pensoLogo existo para confirmarAs letras e as luzes flutuantesEm mares de essênciasOu os lábios que declamamA intimidade dos sonhosAquilo que, triunfante,Torna a flor do LácioA tela exuberante das coresDos poetas aldravistas!

É Primavera[ Para Andreia Donadon Leal /

Resposta ao poema Deserto em Mim. ]

Carvalho Branco( Rio de Janeiro-RJ )

É primavera, amor...As flores desabrocham...Nas areias do deserto,o vento sopra sem dó...

Nas palavras de meu verso,derramam-se lágrimas de dor...

É primavera, amor...E o perfume das flores,delas as próprias cores

derramam-se em dissabores,da noite na caladasobre meu corpo,

minha alma despedaçadae meu olhar já morto,

que busca seguir-me por onde eu for...

É primavera, amor...Da corrente do meu Rio,

faço eu dela minha estradapara as campinas de Minas,

para as terras e as águas de Minas...Eis, amor, o meu destino...A terra cede sob tremor...

Meus medos, minhas estimasescoam pelo ralo

do eco de quando falo...

É primavera, amor.Não te percas em tuas buscas

pelas outras estações,pois és tu a própria flor;em teu olhar, eis o sol

com que as vistas me ofuscas...E quando chega o arrebol,Tens a teus pés, coraçõesda gente destas cidades,

gente simples e a de vaidades...

Quando se semeia amor,em cada canto tem flor...Quando se dá carinho,

há sempre pássaros a cantar no ninho...Quando se doa ternura,

para os males sempre há cura...Se há deserto, é em mim;

em ti, tudo é jardim sem fim...Não te percas em busca e na espera,para ti sempre será Primavera!...

Ouro PretoCláudia Gomes Pereira

( Ouro Preto-MG )

Torres, sinos, igrejasA marcar a ferro e fogoOlhares de velho e novo

Que sobre pés de moleques de outroracaminham, sem par,

na história do ventre dourado.

Fruto-grão incandescenteda liberdade tardia

do amor inconfidente,de negro sangue a banhar

saraus, luar, poesia.

Bernardo de sua janelaAcena à bela Marília.

Do outro lado da SerraA doce gentil pastora

Grita, a berros plenos,Que foi musa sem ser tola.

Beatriz, ei-l'aqui a entoarPoemas de força e fé.

Não fala de igrejas,Mas de como ser mulher

Sendo também poeta,Sendo o que quiser.

Critilo dança ao léuco' a transbordante Sinhá,que do lixo sem perfume

Faz chapéus ao deus-dará.

Mascarar sua fortunaEm pedras de cor tingidasEm santinhos de pau-oco

Em poesia fingida...Eis o mistério fecundoda Ouro Preto divina:

Esconder-se é sua essênciaseu tesouro, sua mina.

HaikaiOlegário Alfredo

( Belo Horizonte-MG )

Lua cheia à vistaatrás da galha seca,sombra surrealista.

Setembro/Outubro / 2011 NO. 93 MARIANA - Minas GeraisANO XI

Telelefone:(31) 3557-1415

Dra. ANA MÁRCIA M. S. ARAÚJOCROMG 33939

Rua Frei Durão, n° 176 - Centro/Mariana-MG CROMG-3523

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Setembro/Outubro / 2011

Diarreia da TerraJ. B. Donadon-Leal( Mariana-MG )

O mundo desceunas cinzas do vulcãonobre nossas hortasnobre as águas do guaraninobre o magmanobre o nadir

Eu impotentenão decolei o aviãonão abri as janelasnão saí de casanão acordei

Maldito vulcãoda diarreia da terra

Poesia no ArJacqueline Antunes

( Mariana-MG )

Escritor não tem solidãoTem palavras para brincarPalavra que busca do chão

Levanta no arO pássaro pega a palavra no bico

Rodopia com elaDá um tom de liberdade

Ganha nova corMuda o sentido

LivreVoam

Pássaro e palavraA ave volta

Devolve palavra renovadaLeve

GraciosaO poeta a tem nos dedos

Coloca no papelPoesia se faz assim

Poeta com alma de pássaroVoo livre nas letras

Palavras soltasDesenhadas no papel.

WANDA BRAUERMaria Amélia Amaral Palladino( Rio de Janeiro-RJ / 10/07/2011 )

Haverá palavras para dedicarà Mestra das palavras?Haverá gestos para retribuirseus gestos carinhosos?Haverá flores que enfeitemseu rosto imaginário,sua alma incandescente?...

Não, Wanda, nada será bastantep'ra cultuar sua memória,reescrever sua história,falar do amor que lhe temos...Você foi luz radiante,ternura contagiante,em tão doces acolhidas,e em poesias vividas...

Inesgotável lembrança,seu nome foi esperança,fé, amor, inspiração...E aqui ficamos orando...eternamente lembrandodeste " rio" que passou em nossas vidas...

transplanteandreia donadon leal

( Mariana-MG )

surrado papelna escrivaninha empoeirada

manchado a marcadore gotas de sal

com caneta de naquimdesenho

umcoração falido

no país dos homens

homem de latauntado

metonímicocorre veloz

transplantado

NO. 93 MARIANA - Minas GeraisANO XI

3557-18838841-1883MC festas & eventos FONES:

Ofereça o que há de melhor para seus convidados /MARIANA/MG. 8757-1883

TRABALHAMOS COM FESTAS EM GERAL

do espaçogabriel bicalho

( Mariana-MG )

falta espaçonesta terra?

sobra espaçonessa lua?

sobra espaçopelo espaço?

[ só respondaquem nos sonda ]

dou meu passopara a lua

quando passopela rua

pois a luasabe a terra

que pisamosnua e crua

dou meu passosobre a terraque me falta

[ e a culpa é tua! ]

falta amorfalta irmandade

para que o humanoevolua

pois a terrasó faz guerra

esquecendo-seda lua

dou meu passopara o espaço

que nos falta eapazigua

o da terra deveriaaprender a ver a lua

o da lua deveriaensinar como flutua

pode um diao ser da lua

vir salvara vida tua!

www.jornalaldrava.com.br Página 6

www.jornalaldrava.com.br

Rua Dom Viçoso, 53 - Centro - Mariana-MG / CEP 35.420-000 /// Fone: (31) 3557-3232RESTAURANTE LUA CHEIA Comida a quilo, com churrasco

Setembro/Outubro / 2011 NO. 93 MARIANA - Minas Gerais ANO XI

Rua 16 de julho, 334 - Centro - Mariana/MG

eFone: (31) 3557-2787

olly Ltda.Eletrop ATELIER CACÁ DRUMMONDFONES: ( 31 ) 3558-6767 OU 9967-6767

Rua Dom Silvério, 303-Centro-MARIANA - MG

CONTINUA NA PÁGINA 7...

NARCISO ACHA FEIO OQUE NÃO É ESPELHO:PARA UMA LEITURA DEA CONFISSÃO DE LÚCIO

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~José Luiz Foureaux de Souza Júnior

/// Ph.D. / UFOP ///~~~~~~~~~~~~~~

O sentido ou, se preferirem, o escopo da busca daliteratura moderna é substituir a instância da realidade(ou instância do referente), álibi mítico que dominou eainda domina a idéia de literatura, pela própria escritura,não como ‘forma’ pura, como foi concebida por uma estéti-ca da arte pela arte, mas, de modo muito mais radical,como único espaço possível de quem escreve.

(Roland Barthes, O rumor da língua).

Ao analisar A confissão de Lúcio, de Mário de Sá-Carneiro, julgo necessário lembrar inicialmente que oautor de Dispersão foi um dos mais ativos participantesdo "Orpheu", grupo que buscou acompanhar os movi-mentos artísticos e literários vigentes na época em ou-tros pontos da Europa, e publicou a revista de mesmonome. Foram seus diretores Sá-Carneiro e FernandoPessoa, a partir do segundo número do periódico, narealidade o último publicado. Orpheu, a revista do gru-po, pretendia – ou dizia pretender – apenas uma classi-ficação de revista literária marcada por elevado nívelartístico, que conjugasse o desejo de brilhos inéditoscom a consciência da necessidade de qualidade intrínse-ca da obra literária. A proposta levou os novos autoresao desafio de uma originalidade espetacular e mergu-lhou-os no entusiasmo deliciado de escandalizar a bur-guesia, prazer normal nessa geração marcada pelastendências futuristas que pretendiam usar uma lingua-gem extrema e estranha, questionadora dos valores bur-gueses.

A opinião pública repeliu geralmente por instinti-va defesa aquilo que lhe quebrava a linha tradicional deentendimento e lhe exigia participação ativa. Essa ex-pectativa de participação destoava da tranquilizadoravisão estética vigente na época, para quem o leitor teriaapenas um papel passivo, de acordo com oconservadorismo português da época. A produção afir-mada e insólita de Orpheu, aliada a prevenções e mal-entendidos, recebeu assim o repúdio dos leitores que,sem se aprofundarem no seu conhecimento, associa-ram-na loucura e desvario, num sobressalto disfarçadode riso. Ou então entendeu a revista como atuação polí-tica, tendo sido Sá-Carneiro o colaborador mais casti-gado pela opinião.

A primeira crítica publicada sobre Orpheu, em tomnegativo e de censura, tinha apenas a intenção de es-candalizar e via nos seus organizadores e participantes,"rilhafolescos": doidos com juízo. Projetada como arteindependente, respeitando o princípio de não ter princí-pio algum, Orpheu exigia coerência interna das obrasque publicava; valorizava os seus significantes e a suaorganização, a sua construção textual. Na verdade, por-tanto, toda a atitude criticada nos integrantes do grupoderivava principalmente de sua preocupação confessade não fazer senão arte, princípio da sua coesão comoprojeto. Essa arte que quer ver reconhecido o seu esta-tuto de arte, que usa a emoção mas ao mesmo tempodela se distancia, em busca de elaborá-la consciente-mente, não era coisa nova em literatura. Especifica-mente no romantismo alemão essa preocupação apre-sentou-se corno característica de uma criação que sequeria reconhecida como arte, o que significava mar-car-se como o lugar ideal do encontro do tudo e do nada,do verdadeiro e do falso, do eterno e do efêmero.

Sintetizar essas contradições, o que seria também

uma preocupação do Futurismo, indicava oscilação cons-tante entre subjetividade e objetividade e marcava distân-cia entre autor e obra. Ao desnudar os processos utiliza-dos na elaboração do texto, ou ainda, ao usar elementosque testemunham ser ele resultado de um trabalho consci-ente de criação, essa literatura fala de si e de seu tempomas, simultaneamente, não diz o que diz. Pode comover ouescandalizar o leitor com o enunciado que lhe apresenta eque retrata o mundo em que ele vive. Mas ao romper de-clarada ou sutilmente a ilusão da representação da reali-dade, valoriza a arte com que elabora o seu texto, e tam-bém o seu receptor, visto como co-produtor, de quem de-penderá afinal a existência da obra.

A confissão de Lúcio, romance publicado por Máriode Sá-Carneiro, poeta do “Orpheu”, em 1914, um ano an-tes do aparecimento do primeiro número da revista, é umanovela que parece apresentar, através da fragmentação, aexistência de questões que ficam sem resposta: repetiçãode silêncios intervalares, espelhamentos intertextuais comoforma de dar consistência a essa outra voz, consciente deque tudo aquilo é material com que se constrói a obra dearte, cuja linguagem é plástica e maleável, criadora de umsentido provisório e impossível de fixar. As várias funçõesexercidas pelo narrador Lúcio na história – ele é ao mes-mo tempo personagem narrador e receptor de outras obras– indicam a ambiguidade, inerente à linguagem, em que osignificante desliza constantemente sob o significado, tor-nando impossível o estabelecimento de qualquer sentidodefinitivo. E também que o reverso (ou o complemento?)da criação é a destruição: Lúcio destrói no fogo sua peçaBrasas, Ricardo mata Marta, sua criatura, o final da obrada americana coincide com a sua morte.

É interessante atentar, nesse sentido, para os enig-mas irresolúveis do texto: Lúcio teria habitado uma prisãoou um manicômio? A apontada semelhança entre o juiz queo interrogara e o médico que o tratara de uma febre cere-bral não indicaria que um deles (ou os dois) seriainverossímil? Teria Marta existido, ou seria ela apenasuma criação ficcional que camuflaria um relacionamentoafetivo-sexual entre os dois amigos? Como se explicaria oseu desaparecimento simultâneo à morte de Ricardo deLoureiro? Seria preciso atentar, especialmente, para ofato de Lúcio ser uma personagem que narra a sua históriaa partir de uma memória sempre posta em questão, masseria também um escritor de novelas, autor de peças deteatro e critico de arte, espectador privilegiado do proces-so criador de outras personagens.

Estaria sugerido aí que a novela é uma criaçãoficcional, uma elaboração de linguagem, sem estatuto deverdade, desmistificando o sentido absoluto dessa obra,ficando como registro da existência de um grupo diferente,em que a amizade era um valor supremo, o que era reali-dade para o grupo de "Orpheu". Seria por isso relativizadoo próprio conceito de amizade, vista então como impossí-vel de ser vivida de forma a satisfazer o ser humano, o quepode ser trágico exatamente por lembrar a impossibilida-de de realização integral dos desejos.

Atente-se, ainda, na novela, para os seguintes ele-mentos que concorreriam para desmistificá-la comomimese e representação, acentuando o seu caráter deprodução de que deve participar o leitor: a constante pre-ocupação com os temas da representação, da criação, dofingimento; a presença de máscaras, espelhos, duplos (nãoseria Ricardo de Loureiro um duplo de Gervásio Vila-Nova?,e não seria Marta um duplo de Ricardo de Loureiro?); apreocupação do texto com reduplicação, desdobramento eruptura da ilusão; a fragmentação de seu enunciado, o quepoderia ser visto como mais um sinal de sua artificialidade,de seu caráter de ficção. Uma dessas "impossibilidades",apontadas a partir de um exercício de leitura, é a dohomoerotismo. Todos os procedimentos narrativos e, mais,a recepção censória da crítica da época, podem estar apon-tando para esse "clima" favorável à leitura desse tópico.Ao desnudar os processos utilizados na elaboração do tex-to, ou ainda, ao usar elementos que testemunham ser eleresultado de um trabalho consciente de criação, essa lite-ratura fala de si e de seu tempo mas, simultaneamente, diz

mais do que está dito. Pode comover ou escandalizar oleitor com o enunciado que lhe apresenta e que retrata omundo em que ele vive. Mas ao romper declarada ou sutil-mente a ilusão da representação da realidade, valoriza aelaboração do texto e o seu receptor, co-produtor, dequem dependerá afinal a existência da obra. Lida com atragédia do sujeito, ser de desejo, que não consegue rea-lizar ou permanecer na realização de seu próprio desejo.

Lembre-se, especialmente, que finalização, leitura,representação ou execução de obras de arte, na narrati-va, coincidem com acontecimentos fundamentais do seuenredo, de forma a deixar no leitor a impressão de cor-respondência entre as obras concluídas na diegese e osepisódios narrados ou, mais ainda, dúvidas quanto à ve-rossimilhança dos fatos. As várias coincidências ouespelhamentos, presentes no texto, parecem confirmaressa idéia de que a obra se dobra sobre si mesma, utili-zando os seus próprios elementos como material de suaprópria construção: veja-se a "orgia de fogo" da norte-americana, com sua idéia da "voluptuosidade da arte",que é simultânea ao encontro de Ricardo e Lúcio; a con-clusão da obra de Ricardo – o Diadema – que coincide coma união de Lúcio e Marta e embora se configure como otriunfo maior, representando metaforicamente a soluçãoencontrada pela personagem para o problema de seu re-lacionamento afetivo, pode ser vista como registro do es-forço e do tempo despendidos pelo "autor" na elaboraçãode sua obra. Veja-se ainda o título Brasas, que poderiareferir-se ao relacionamento dos dois amigos, mas tam-bém ao calor e ao entusiasmo de uma obra que pretendiavaler por si, independentemente de seu valor de merca-doria, determinado por uma sociedade interessada ape-nas no aspecto comercial da arte. Sem “tematizar” expli-citamente o homoerotismo, em tudo e por tudo, os ele-mentos metafórico-composicionais da novela alimentamessa possibilidade, a partir do mais genuíno desenvolvi-mento da narrativa finissecular.

Lembrem-se ainda de outras histórias contadas ouobras criadas pelas personagens e encaixadas en abymeno plano da narrativa, nela funcionando comoespelhamentos que, junto às idéias de máscara e de du-plo, sinalizam a divergência entre os diferentes planos danovela, que é apresentada assim numa perspectiva dejogo e de ambiguidade. Entre elas estaria a história tetri-camente romântica contada por Gervásio Vila-Nova, ar-tista que teria sido raptado aos dois anos de idade e cujospais não podiam ser identificados com certeza. Estariaincluída também a narrativa de Ricardo, de seu encontrocom as duas moças gentis em Paris. Estariam até históri-as não contadas, como a da vida anterior de Marta e a doseu casamento com Ricardo de Loureiro. Estariam aindaas histórias torpes do amigo de Raul Vilar, com o seudesvendamento da vida íntima dos companheiros. Apare-ce, mais uma vez, quase como sugestão, a possibilidadede leitura do homoerotismo, ainda que sob o influxo deuma "triangulação", necessária para a liberação do vetomoral finissecular, sobre o "amor que não ousa dizer oseu nome".

Em A confissão de Lúcio, há uma voz que diz "não" aoenunciado do narrador, desvelando a enganadora retóri-ca com que o seu discurso é construído e o caráter instá-vel e reversível de suas afirmativas, que se constituemcomo ficção. Embora envolva o leitor na trama construídaa obra fornece lhe sinais de que faz paródia de si mesmana medida por exemplo em que apresenta um narradorcom a consciência de ser também um primeiro leitor quese permite comentar e fazer digressões acerca de possí-veis dúvidas sobre o que narra, ou marca a sua constru-ção com imensos vazios num convite à participação doreceptor. Nessa obra de Sá-Carneiro, a narrativa não es-tabelece um único sentido. Ao oscilar entre mimese eprodução, entre comunicação e representação, ela aca-baria por atribuir ao dito apenas um valor parcial e provi-sório, revelando-se assim como ato discursivo elaborado

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a partir dos pressupostos que, apesar de sua superfícietradicional, acabam por emaranhar-se em profundida-des outras, até subversivas, uma vez que instituem aleitura como operador desse mesmo ato. A narrativa,em seu perfil metafórico, funciona, então, como susten-táculo do que, superficialmente, deseja recalcar.

A novela é estruturada em função do "eu" narrati-vo, ou seja, apresenta ponto de vista interno. O narradorsubjetivo é acusado de homicídio, com todas as provascircunstanciais bem apresentadas. Mas só narra os epi-sódios após o cumprimento da pena, que foi de dez anos,desenrolando-se então um fio narrativo bastante com-plexo: na festa da "americana louca" fica marcado comoque um clímax da alucinação sensorial, tensa, mas não émais que um episódio que forma os sinais exteriores deuma impossibilidade entrevista; alegoria traduzida no"triângulo" do autor da "confissão", o eu do narrador;Ricardo de Loureiro e Marta; triângulo condicionadoapenas ao sujeito que se define como incompleto e ocírculo que se fechou e recomeça. Refaz-se a aventurade percorrer, de novo, o reconhecimento de um elo en-tre o eu, percebido, e o Outro, adivinhado; aceitando operigo de confundir os limites proibitivos de ambos, re-conhecendo-se como um morto que persiste, constituin-do-se o desejo de que fala a própria narrativa. Como sepode perceber, as questões do inconsciente, motivadaspela análise da teoria freudiana, aparecem com umacomplexidade inquestionável. Na verdade, deve-se aindaacrescentar que, no escritor, herdeiro do Simbolismo, aprodutividade estética está centrada num processo decriação realmente instigante, pois tanto oferece ques-tões ligadas à psicanálise, como resvala no decadentismofinissecular.

Importa aqui, entretanto, voltar os olhos para Aconfissão de Lúcio, novela cujo enredo se aproxima doexistencialismo incognoscível, de forma extremamenteúnica e original, da literatura de Portugal daquela épo-ca. Em verdade, a narrativa se organiza de mododescentrado, com elos obscuros e ambíguos, de tal ma-neira que a critica tem procurado explicar o triânguloLúcio-Marta-Ricardo em função, exatamente da teoriado duplo, sendo Ricardo o Outro de Lúcio e ficando Mar-ta no meio, como ponte de ligação ou de conexão. Nessesentido, uma poética do sujeito poderia ser consideradacomo aquela que é construída pelo discurso narrativo danovela de Mário de Sá-Carneiro. Esse discurso, por suavez, abre espaço para uma leitura do homoerotismo,como já aventado aqui.

Sá-Carneiro se empenhou na busca de umsignificante novo, não apenas por deliberada tensão, massobretudo pela ruptura com o modelo já institucionalizadoda narrativa naquela época, o modelo romântico-realis-ta que se projetou no inicio do século XX. Tal modelo denarrativa centrada, com principio, meio e fim, incapaz deultrapassar os limites do Código, desarticulou-se porcompleto na ficção novelística do grande escritor portu-guês, de tal forma que a sua complexa obra de ficçãocontinua aberta a novos estudos. "É preciso continuar.Eu não posso continuar, eu vou continuar". Essas pala-vras de Samuel Beckett, que finalizam seu livro Oinominável, parecem ecoar quando da leitura de A con-fissão de Lúcio, novela que embaralha com maestria asnoções de autor, narrador e personagem, convida-nos apensar também, na trilha de Rimbaud, nessa questãoreincidente na obra de Mário: a questão do sujeito. En-tendido como um outro ("Je est un autre", dizia Rimbaud),o sujeito em Mário de Sá-Carneiro e, em especial, em Aconfissão de Lúcio, parece dizer, desde o inicio, que énecessário que o sujeito se deixe perder, que é precisocontinuar, que não se pode continuar, mas que, no en-tanto, vai-se continuar. Continuar o quê? Continuar suaconfissão, continuar sua narrativa, continuar a demons-trar sua inocência, continuar o relato de sua verdade."Mesmo quando ela é inverossímil", ele adverte. Sobre-

tudo quando ela é inverossímil, conclui-se mais tarde, aofinalizar a leitura. Por outro lado, é também da continui-dade de uma "vida após dez anos de prisão" que essaconfissão fala. Da continuidade de uma estranha vida,pois que esse sujeito já se declara, de antemão, comomorto: "Morto para a vida e para os sonhos: nada poden-do já esperar e coisa alguma desejando...". Esse é o pri-meiro parágrafo de um prólogo que parece ter a finalida-de de situar o leitor nessa dimensão estranhamente fa-miliar em que a história se passa, já assinala a presençada morte e, mais especificamente da morte do sujeitoque ali se confessa. Na perspectiva que escolhi para de-senvolver essas "especulações", a morte é também du-pla, pois aponta para aquela que é enunciada no enredoe a que é "imposta" pela crítica. Morte dupla que alegorizao duplo recalcamento do homoerotismo, uma vez aceito oprotocolo de leitura. Este, por seu turno, exige a conside-ração de um triângulo – Lúcio-Marta-Ricardo – como únicasaída para o veto imposto pela moral burguesa à "confis-são", como já referido aqui.

Para além dessa morte, é preciso continuar, diz onarrador. Para além dessa morte, é preciso continuar aconfissão. Para além dessa morte, é preciso continuar aleitura. E com que acontecimentos o leitor se depara, secontinua a leitura? Com a morte de Ricardo de Loureiro,que determina o desaparecimento de Marta e, por suavez, a morte em vida de Lúcio:

Morto, sem olhar um instante em redor de mim, logome afastei para esta vivenda rural, isolada e perdida, dondenunca mais arredarei pé. Acho-me tranquilo sem desejos,sem esperanças. Não me preocupa o futuro. O meu passado,ao revê-lo, surge-me como o passado de um outro. Permane-ci, mas já não me sou. E até a morte real, só me restacontemplar as horas a esgueirar-se em minha face... A mor-te real apenas um sonho mais denso...".

A morte real é apenas um sonho mais denso. Por-tanto, num sonho menos denso, sabe-se, que o de umaoutra espécie de morte – de que esse texto fala. Esse é oacontecimento que constrói a narrativa de Mário de Sá-Carneiro, a "confissão" de Lúcio. Esse é o acontecimentoque se constrói no ponto mesmo em que o destrói, emque o faz morrer o sujeito. Ponto morto, o sujeito é esse"ponto de verdade" impossível – "inverossímil", Lúcio dirá–, em torno do qual todo o texto gira:

Antes, não quis porém deixar de escrever sinceramen-te, com a maior simplicidade, a minha estranha aventura.Ela prova como fatos que se nos afiguram bem claros sãomuitas vezes os mais emaranhados; ela prova como um ino-cente, muita vez, se não pode justificar, porque a sua justi-ficação é inverossímil – embora verdadeira.

É sabido o quanto a questão da verdade é funda-mental nessa novela de Mário de Sá-Carneiro, mas o quetalvez essa novela de Mário acrescente de verdadeira-mente inovador diga respeito exatamente a essa cone-xão entre o sujeito e a verdade, que se permitirão vislum-brar ali exatamente onde faltam, onde não se encontram.Esse movimento paradoxal, em torno do qual parece gi-rar toda A confissão de Lúcio, constitui-se exatamente nomovimento fulgural do sujeito, tal como o compreende aPsicanálise. Radicalmente distinto do sujeito cartesiano:esse sujeito ex-siste a partir do acontecimento e nãocomo causa deste. E é apenas na instância do discursoque podemos vislumbrá-lo, através do jogo de significantesque o engendram. É exatamente essa a concepção desujeito encontrada na obra de Mário de Sá-Carneiro. Éexatamente a partir de um acontecimento, de um evento,de um lance de dados que não abolirá o acaso, que essesujeito se constitui. Essa emergência do sujeito a partirde sua própria morte, ou, em outras palavras, seu apare-cimento na cena discursiva exatamente a partir de seudesvanecimento, é passível de ser associado ao desejoerótico que no "triângulo", articulado narrativa, beira asraias do homoerótico: limite recalcado pela moralvitoriana, pela crítica mais canônica. Ora, sabemos o quan-to A confissão de Lúcio tem a nos dizer sobre essa "hiância

primitiva do sujeito" e sobre essa constituição imagética deum suposto eu. É a própria trajetória do enredo, aquelaque já nos é dada desde o início da novela, que nos dirá oquanto essa aparição de um eu se aproxima da morte.Afinal, a existência de Lúcio parece reduzir-se a isto: à"invenção" de Marta, à sua duplicação em Ricardo, paradepois (só depois) encenarem-se as mortes de ambos, apartir da qual Lúcio emergirá como sujeito. E não é à toaque esse sujeito, supostamente sujeito de um "crimepassional", vê-se, ao contrário, atropelado pelos aconteci-mentos que o assolam:

Demais, devo confessar, após os acontecimentos em queme vira envolvido nessa época, ficara tão despedaçado que aprisão se me afigurava uma coisa sorridente. Era o esqueci-mento, a tranquilidade, o sono. Era um fim como qualqueroutro um termo para minha vida devastada.

Despedaçamento, devastação. É assim que o sujeito,depois de sua morte, se apresenta. Não exatamente comoum lugar vicário, como uma hiância, como um vazio, mascomo um percurso em direção a esse vazio:despedaçamento, devastação, dispersão. Do esfacelamen-to ao vazio absoluto, um percurso se desenha. Damodernidade à contemporaneidade, a noção de sujeitoganha em vazio, ganha em hiância, em sua dimensão deengendramento de significantes. Mas antes é preciso queesse sujeito se destitua de toda e qualquer essência, queele se despedace e se disperse, pela fragmentação ou pelamultiplicação. Nesse sentido, a obra de Mário de Sá-Car-neiro é exemplar por sua queda vertiginosa, pela estruturaabissal de sua obra e por essa encenação pontual de umamorte que determina o surgimento do próprio sujeito.

Pode-se considerar como acertada a idéia de que osuicídio de Sá-Carneiro se encenou em sua obra. O quetalvez até hoje nos espante é que esse suicídio demasiada-mente ficcional tenha atravessado a esfera da ficção e setenha feito encenar naquilo que o autor ironicamente cha-maria "a vida". Talvez por isso, por essa morte tãoreiteradamente, tão ficcionalmente encenada em sua obra,Mário de Sá-Carneiro a tenha sido capaz de fazer emergir,em sua poesia e em sua ficção, esse quase sujeito do in-consciente, sem intimidade, sem essência, sem corpo, semsubstância, portador de um tempo outro, de uma lógicaoutra, mero efeito de significantes. Intervalar, o sujeitoaguarda sua queda, sua morte definitiva. Entre duas mor-tes, aquela que ele encena em sua obra e aquela encenadana vida, aquela em que o sujeito se constitui e aquela emque o sujeito se dissipa definitivamente, eis o sujeito naobra de Mário de Sá-Carneiro: moderno com laivosdecadentistas, anunciado, preconizado em sua obra. Pou-cos livros têm o destino dessa novela de Sá-Carneiro. Aleitura requerida convida a uma aventura analítica e à ne-cessidade de responder a algumas perguntas que talveznem tenham respostas. Lúcio é um narrador irônico oudesvairado? Como se explica a criação de Marta? Ricardocria Marta para Lúcio ou para a sociedade? Numa escritadecadentista, excessivamente decorada de apelos sensori-ais (veludos, cores douradas, perfumes, formas arredon-dadas, brilhos, vultos longilíneos), o leitor é levado a tentardecifrar uma construção sofisticada de linguagem,permeada de detalhes preciosos e enigmáticos. Para alémde todas as ilações imediatas, esses "detalhes" apontampara uma sensualidade, em nada usual; sensualidade que émarcada por um veto moral explícito (já mencionado ante-riormente); veto que se sustenta num triângulo imaginado,desejado mesmo, que não podia ser "vivido", não fosse apresença de Marta, vértice sintomático. O erotismo, queressuma da crescente tensão sensual descrita, fala mais deuma aproximação entre dois amigos, não suportada nemmesmo no contexto parisiense finissecular, criada por Sá-Carneiro. /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////

CONTINUA NOPRÓXIMO NÚMERO...

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SÃO FRANCISCO DE ASSISE A HISTÓRIA CULTURAL

Gerson Luiz RoaniProfessor Doutor / Coordenador do Curso

de Pós-graduação em Letras da UFV

{ Para o José Luiz Foureaux,no seu aniversário (23 de julho) }

Ao retomar um velho artigo que estou a rabiscar sobre a hagiografia medieval (vida dos santos) naficção queirosiana, encontrei dois textos particularmente instigantes que recomendo a todos os que se inte-ressam pela Nova História Cultural, pela narratividade da história e pela biografia como gênero discursivo:São Francisco de Assis, de Jaques Le Goff, historiador de primeira linha e pesquisador da École des HautesÉtudes em Sciences Sociales e Vida de um homem: Francisco de Assis, de Chiara Frugoni, professora deLiteratura e história Medieval nas Universidades de Pisa, Roma e Paris.

Esses dois estudos revisitam a emblemática figura de São Francisco de Assis, com seu ideal de simpli-cidade e de construção de uma ordem social impulsionada pela paz e pelo viver junto, apesar de e com asdiferenças. Francisco de Assis foi um dos mais importantes personagens do seu tempo e da história medieval.Ele foi, muito cedo, aquele que, mais do que qualquer outra figura, inspirou inúmeros historiadores a fazerdele um objeto da história total, exemplar para o passado e para o presente.

As duas obras lançam, no meu entender, as seguintes questões: Seria São Francisco de Assis aModernidade para a Igreja e para a Idade Média? Como explicar ainda hoje a atualidade dessa figura que setornou um verdadeiro mito cultural a impulsionar as artes, o cinema, a história, a política, o sagrado? Os doistextos instauram um sintoma comum que o leitor apreende imediatamente, pois as duas obras são excelentesexemplos da leitura afetiva e cúmplice, enredadora, pois a história se escreve como romance na pena dosdois estudiosos.

Francisco foi um ecologista na sua fascinação pela natureza, anticonsumista e antimaterialista na suaradical opção pela simplicidade, defensor da liberdade de espírito, da alegria, da vida comunitária, foi umfeminista da primeira hora na relação com Santa Clara. Francisco Bernardone, jovem burguês, rico, filho decomerciantes italianos da cidade de Assis, mudou o conceito e a experiência do sagrado na virada do séculoXII para o século XIII. Foi também um comovente exemplo de humildade e solidariedade, criador de umsentimento da natureza que antecipou em séculos a discussão contemporânea sobre a ecologia. Esse ideal deafeto pela natureza, um dos mais preciosos e populares legados franciscanos se exprimiu na religião, naliteratura e na arte medieval. Os estudos dos autores em questão estabelecem um diálogo crítico de intersecçãoraramente encontrado nas humanidades, hoje. Dialogam, se confrontam, discordam entre si, mas se aproxi-mam na convicção de que não é possível resistir ao fascínio dessa figura na qual o ideal humano de pazencontrou uma das suas mais belas expressões. O fascínio não anula a abordagem de aspectos controvertidosde São Francisco e da Ordem Franciscana. Com dedos certeiros, Le Goff e Frugoni refletem sobre a rejeiçãoque Francisco empreendeu do saber e dos livros exatamente no momento em que nasciam as Universidades(Paris, Bolonha, Salamanca, Coimbra. Montpellier) e também sobre a condenação do dinheiro em plenatransição da economia feudal. As duas obras lucidamente levam o leitor a perceber que Francisco, quepregava os pássaros, não rejeitava o conhecimento ou a riqueza, mas as estruturas de poder.

A atualidade do Pobre de Assis é impressionante. Ele condenou o horror econômico antes que umPierre Bordieu o fizesse, ele anunciou a cultura hippie e alternativa dentro da sua opção pela paz e pela nãoviolência, ele assumiu um intransigente anticonsumismo e minimalismo quando se despiu em público edeixou ao seu pai suas últimas vestes antes de assumir a estamenha castanha da comunidade que ele deno-minou, em contraste com as veleidades do tempo, de os Frades Menores. O espírito franciscano bafejou aIdade Média de modernidade e pode ser discutido ainda hoje, em uma época, que não conseguiu vencer, naesteira da lição de Freud, a pulsão para a morte, para a auto-destruição, para a aniquilação do outro. Oacompanhar atento da vida desse transgressor fascinante das estruturas do poder medieval faz perceber quea nossa cultura industrial, comercial, globalizada e multiculturalista permite apenas que se goste daquilo quese compra com dinheiro e que faz esquecer as alegrias mais puras e verdadeiras que estão aí ao alcance damão de todos. Francisco nos desafia impiedosamente através das escrituras de Le Goff e de Frugoni.

É inevitável ao final da leitura dessas duas obras magistrais não dar espaço para uma consideração,seguida de uma pergunta: Na nossa contemporaneidade grassa o erro fatal de julgar que, quanto mais sepossui, tanto mais e melhor se vive. Quantos existem que são literalmente possuídos por aquilo que possu-em? Imperfeitamente respondo, com base na lição – e é disso que se trata – que a ingenuidade, singeleza emesmo a loucura de Francisco foram aparentes. Seu ideal humano de liberdade deixa entrever um estadosocial novo. Relembra ainda que a felicidade do ser humano, a paz e a alegria de sua vida não se encontramno dinheiro, nem na ciência, nem na força, mas na vontade reta e sincera de paz.

Paz e Bem para o Foureaux e para todos!