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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA MODIFICAÇÕES VOCAIS PRODUZIDAS PELA FONAÇÃO REVERSA EM LARINGES NORMAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Leila Susana Finger Santa Maria, RS, Brasil 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA

COMUNICAÇÃO HUMANA

MODIFICAÇÕES VOCAIS PRODUZIDAS PELA FONAÇÃO REVERSA EM LARINGES NORMAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Leila Susana Finger

Santa Maria, RS, Brasil 2008

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MODIFICAÇÕES VOCAIS PRODUZIDAS PELA FONAÇÃO REVERSA EM LARINGES NORMAIS

por

Leila Susana Finger

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, Área de

Concentração em Audição e Linguagem, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para a obtenção do

grau de Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana

Orientador: Fga Dra Carla Aparecida Cielo

Santa Maria, RS, Brasil

2008

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CIP - Catalogação na fonte: Rosilei Grion Paixão CRB 10/1729

Finger, Leila Susana Modificações vocais produzidas pela fonação reversa em laringes

normais / Leila Susana Finger. - - Santa Maria: UFSM / Centro de

Ciências da Saúde, 2008.

85 f.: il. ; 30 cm. Orientador: Carla Aparecida Cielo Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Distúrbios

da Comunicação Humana, 2008. 1. Disfonia 2. Fonoaudiologia 3. Voz 4. Audição e Linguagem – Tese. I. Cielo, Carla Aparecida II. Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Audição e Linguagem. III. Título.

CDU: 612.78

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Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências da Saúde Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação

Humana

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação de Mestrado

MODIFICAÇÕES VOCAIS PRODUZIDAS PELA FONAÇÃO REVERSA EM LARINGES NORMAIS

elaborada por

Leila Susana Finger

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana

COMISSÃO EXAMINADORA:

Carla Aparecida Cielo, Profª. Drª. (UFSM) (Presidente/Orientadora)

Renata Rangel de Azevedo, Profª. Drª. (UNIFESP) (Membro)

Carolina Lisbôa Mezzomo, Profª. Drª. (FFFCMPA) (Membro)

Santa Maria, 18 de janeiro de 2008.

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DEDICATÓRIA

“Àqueles que acreditaram em mim e me apoiaram durante todos os

momentos desta caminhada”.

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AGRADECIMENTOS

Ao Francisco, pelo apoio em todos os momentos desta caminhada, mesmo nos mais

difíceis; pelo amor, paciência e cumplicidade;

A minha irmã Raquel e meu cunhado André, pela amizade, carinho, incentivo e

apoio, que me ajudaram a superar os obstáculos;

A minha mãe Norma, que sempre me instigou a estudar muito, e ao meu pai

Gilberto, que também me apoiou, mesmo sem entender muito bem por que tantos

anos de estudo;

À Profª. Carla, pela sua dedicação à Fonoaudiologia e por todos os ensinamentos ao

longo desses anos;

Ao professor Pablo Arantes, pela paciência e disposição em compartilhar o seu

vasto conhecimento sobre o Praat;

Aos membros da Banca, Dra Renata, Dra Carolina e Dra Ângela, pela disponibilidade

em participar da comissão avaliadora deste trabalho;

À Profª Márcia, pela dedicação e empenho na coordenação do PPGDCH;

A Adriana, pelo constante auxílio, sempre incansável e competente;

Às voluntárias que gentilmente se propuseram a participar de todas as etapas da

pesquisa;

Aos colegas do mestrado, pela amizade e companheirismo, pelos momentos que

compartilhamos;

Aos professores do curso, por serem exemplos profissionais;

Ao Prof. Rodrigo Ritzel, pela atenção durante a realização das avaliações ORL;

Aos Funcionários do SAF, Édina, Celito, Vera e Loeci, pela atenção e auxílio;

Ao Prof. Luís Felipe, pelo auxílio no tratamento estatístico dos dados.

À CAPES, pela oportunidade de poder me dedicar exclusivamente ao curso de

mestrado.

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“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará a seu

tamanho original”

Albert Einstein

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 3.1 – Distribuição normal da freqüência fundamental................................. 47

FIGURA 3.2 – Distribuição normal do Jitter (local).................................................... 47

FIGURA 3.3 – Distribuição normal do Jitter (local, absoluto).................................... 48

FIGURA 3.4 – Distribuição normal do Jitter (ppq5)................................................... 48

FIGURA 3.5 – Distribuição normal do Jitter (ddp)..................................................... 49

FIGURA 4.1 - Sensações percebidas pelos sujeitos após a realização da fonação

reversa....................................................................................................................... 68

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LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1 – Valores de normalidade de f0 para vozes femininas......................... 44

TABELA 3.2 - Analogia entre valores de normalidade Praat x MDVP para vozes

femininas................................................................................................................... 44

TABELA 3.3 – Resultados da análise vocal acústica de mulheres sem queixas vocais e com laringe normal..................................................................................... 46 TABELA 4.1 - Analogia entre valores de normalidade Praat x MDVP para vozes

femininas................................................................................................................... 65

TABELA 4.2 – Resultado da análise acústica, por meio do software Praat, pré e pós-fonação reversa......................................................................................................... 67

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LISTA DE REDUÇÕES

A - Músculo Aritenóideo

CAL - Músculo Cricoaritenóideo Lateral

CAP - Músculo Cricoaritenóideo Posterior

CT - Músculo Cricotireóideo

f0 - Freqüência fundamental

HNR - Relação harmônico/ruído

Hz - Hertz

MDVP - Programa Multi-Dimensional Voice da Kay Elemetrics

NHR - Relação ruído/harmônico

TA - Músculo Tireoaritenóideo

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TMF - Tempo Máximo de Fonação

* - Valores estatisticamente significativos

- - Valores de normalidade não propostos pelo PRAAT

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LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A - Termo de consentimento livre e esclarecido.................................... 78

APÊNDICE B- Questionário...................................................................................... 81

APÊNDICE C- Avaliação orofacial............................................................................ 82

APÊNDICE D- Triagem auditiva................................................................................ 83

APÊNDICE E - Protocolo de avaliação das sensações e sinais após a fonação

reversa....................................................................................................................... 84

APÊNDICE F - Artigo de revisão crítica de literatura, já publicado na Revista

Brasileira de Otorrinolaringologia.............................................................................. 85

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 13

1.1 Referências Bibliográficas............................................................................... 17

2 ARTIGO DE REVISÃO DE LITERATURA - ASPECTOS FISIOLÓGICOS E CLÍNICOS DA TÉCNICA FONOTERAPÊUTICA DE FONAÇÃO REVERSA................................................................................................................. 20

2.1 Resumo.............................................................................................................. 20

2.2 Abstract ............................................................................................................. 20

2.3 Introdução.......................................................................................................... 21

2.4 Material e método.............................................................................................. 22

2.4.1 Fonação reversa............................................................................................... 22

2.4.2 Fonação reversa em bebês ............................................................................. 24

2.4.3 Intensidade e freqüência na fonação reversa ................................................. 25

2.4.4 Riscos da utilização da técnica de fonação reversa ....................................... 25

2.4.5 Utilização da técnica na terapia........................................................................ 26

2.4.6 Utilização da técnica como auxiliar na avaliação da anatomofisiologia da

laringe........................................................................................................................ 28

2.4.7 Adoção da fonação reversa em substituição à fonação fisiológica.................. 29

2.5 Discussão........................................................................................................... 30

2.6 Conclusão.......................................................................................................... 34

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2.7 Referências Bibliográficas............................................................................... 34

3 ARTIGO DE PESQUISA - MEDIDAS VOCAIS ACÚSTICAS DE MULHERES SEM QUEIXAS DE VOZ E COM LARINGES NORMAIS................................................. 38

3.1 Resumo.............................................................................................................. 38

3.2 Abstract ............................................................................................................. 39

3.3 Introdução.......................................................................................................... 39

3.4 Metodologia....................................................................................................... 41

3.4.1 Caracterização da pesquisa e aspectos éticos................................................ 41

3.4.2 Sujeitos da pesquisa........................................................................................ 41

3.4.3 Procedimentos de amostragem e coleta de dados.......................................... 42

3.5 Resultados......................................................................................................... 45

3.6 Discussão........................................................................................................... 49

3.7 Conclusões........................................................................................................ 55

3.8 Referências Bibliográficas............................................................................... 56

4 ARTIGO DE PESQUISA - MODIFICAÇÕES VOCAIS ACÚSTICAS PRODUZIDAS PELA FONAÇÃO REVERSA................................................................................... 59

4.1 Resumo.............................................................................................................. 59

4.2 Abstract ............................................................................................................. 60

4.3 Introdução......................................................................................................... 60

4.4 Metodologia....................................................................................................... 61

4.4.1 Caracterização da pesquisa e aspectos éticos................................................ 61

4.4.2 Sujeitos da pesquisa........................................................................................ 61

4.4.3 Procedimentos de amostragem e coleta de dados.......................................... 63

4.5 Resultados......................................................................................................... 66

4.6 Discussão........................................................................................................... 68

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4.7 Conclusões........................................................................................................ 73

4.8 Referências Bibliográficas............................................................................... 74

APÊNDICES.............................................................................................................. 78

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1 INTRODUÇÃO

As técnicas vocais têm um papel importante no processo de reabilitação do

indivíduo, embora não sejam descritos muitos estudos sobre a sua eficácia e

efetividade na prática fonoaudiológica. Provavelmente isso ocorra em conseqüência

da dependência de inúmeras variáveis relacionadas ao paciente, ao clínico, e às

técnicas em si para a obtenção de resultados fidedignos (BEHLAU, 2004). As técnicas vocais de competência fonatória visam promover um ajuste

muscular primário para a produção de uma voz equilibrada. Diversas técnicas

pertencem ao método de competência fonatória, dentre as quais está a fonação

reversa (BOONE & MCFARLANE, 1994; COLTON & CASPER, 1996; BEHLAU,

AZEVEDO & MADAZIO, 2001).

A fonação reversa também é chamada de ‘fonação inspiratória”, “fonação de

inalação” e “fonação invertida” (GREENE, 1989; BOONE & MCFARLANE, op. cit.;

BEHLAU et al., 2005). A partir desse momento, será escolhida a expressão fonação

reversa para este estudo (LEHMANN, 1965; FINGER & CIELO, 2007).

Além de estar presente no choro dos neonatos (GRAU, ROBB & CACACE,

1995; BRANCO, BEHLAU & REHDER, 2005), a fonação reversa é utilizada na

prática otorrinolaringológica, auxiliando na detecção de lesões de massa de prega

vocal durante o exame de laringoscopia (LEHMANN, op. cit.; SERAFIM, 1974;

LOPES, BEHLAU & BRASIL, 2000; LOPES et al., 2000; KOTHE et al., 2003;

SULICA, BEHRMAN & ROARK, 2005; FINGER, 2006, FINGER & CIELO, op. cit.). É

utilizada, ainda, na prática clínica fonoaudiológica, como técnica de reabilitação

(GREENE, op. cit.; BOONE & MCFARLANE, op. cit.; VASCONCELOS, 2001;

MOURÃO et al., 2001; ANELLI, VILELA & ECKLEY 2001; FINGER, op. cit.; FINGER

& CIELO, op. cit.), podendo, inclusive, mostrar-se eficaz na melhora da fluência de

indivíduos com gagueira (PARRY, 1985; KENJO, 2005; FINGER, op. cit., FINGER &

CIELO, op. cit.) e de alguns portadores de disfonia espasmódica, que substituem a

fonação fisiológica pela fonação reversa como alternativa para a comunicação

(HARISSON et al., 1992; KELLY & FISHER, 1999; ROBB et al., 2001;

VASCONCELOS, op. cit.; FINGER, op. cit., FINGER & CIELO, op. cit.).

O avanço da tecnologia e da ciência forneceu aos profissionais

especializados em reabilitação vocal subsídios que propiciam avaliação mais

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completa e fidedigna, bem como uma intervenção mais específica (CASMERIDES &

COSTA, 2001). Tal aprofundamento nos conhecimentos sobre anatomofisiologia da

fonação fornece aos profissionais da área a possibilidade de detecção precoce e

prevenção das alterações vocais (CORAZZA et al., 2004). Sabe-se, hoje, que a voz

não é proveniente apenas da laringe, mas de diferentes sistemas orgânicos com

diversas funções, interligados para a produção da voz em uma complexa atividade

(DEDIVITIS & BARROS, 2002).

Na década de 90, com o avanço da tecnologia digital, a análise acústica

computadorizada passou a ser muito utilizada no Brasil, surgindo como um exame

complementar promissor para aumentar a precisão diagnóstica em laringologia. A

partir desse tipo de análise, o clínico tem condições de extrair diversas medidas que

auxiliam na compreensão do mecanismo da fonação (ARAÚJO et al., 2002;

SANTOS, 2005; FELIPPE, GRILLO & GRECHI, 2006; VIEIRA & ROSA, 2006).

Os programas de análise acústica são capazes de obter o traçado do formato

da onda sonora através de processamento de sinais e algoritmos. Analisam, desta

forma, medidas de freqüência fundamental, medidas de perturbação, como Jitter e

Shimmer, e medidas de ruído (ARAÚJO et al., op. cit.; VIEIRA & ROSA, op. cit.),

permitindo descrever quase completamente a voz humana (ARAÚJO et al., op. cit.).

A medida da freqüência fundamental (f0), definida como o número de

vibrações por segundo produzidas pelas pregas vocais (FUKUYAMA, 2001;

BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, 2002; ARAÚJO et al., op. cit.; VIEIRA &

ROSA, op. cit.), é uma das mais importantes da análise acústica. Esta medida tem

relação direta com comprimento, tensão, rigidez e massa das pregas vocais, em sua

interação com a pressão subglótica, refletindo as características biomecânicas das

pregas vocais (BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, op. cit.).

As medidas de Jitter, definido como a perturbação ou variabilidade da

freqüência fundamental ciclo a ciclo (FUKUYAMA, op. cit.; ARAÚJO et al., op. cit.),

estão presentes em todas as amostras vocais em um certo grau e traduzem a

irregularidade da vibração da mucosa das pregas vocais, correlacionando-se com

suas características biomecânicas e com a variação do controle neuromuscular

(FUKUYAMA, op. cit.; BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, op. cit.).

Já as medidas de Shimmer, definido como a perturbação ou variabilidade da

amplitude ciclo a ciclo (FUKUYAMA, 2001; ARAÚJO et al., 2002; VIEIRA & ROSA,

2006), assim como as medidas de Jitter, estão presentes, em certo grau, em

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amostras de vozes normais e podem variar conforme a vogal analisada, a idade e o

sexo do indivíduo (FUKUYAMA, op. cit; BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, 2002).

As medidas de ruído, energia aperiódica aleatória na voz, avaliam a presença

de ruído em diferentes faixas de freqüência do espectro e estão relacionadas com a

percepção de rouquidão, soprosidade e/ou aspereza na voz (BARROS &

CARRARA-DE ANGELIS, op. cit.; ANDRADE, 2003; SANTOS, 2005).

Existe grande variabilidade entre as vozes normais, possivelmente devido ao

grande número de diferenças individuais, pois a voz é uma característica pessoal,

não existindo uma perfeitamente igual à outra (ARAÚJO et al., op. cit.; GUIMARÃES

& ABBERTON; 2005). Por isso, a importância do estabelecimento de padrões de

base da normalidade que guiem o profissional na área da voz (BARROS &

CARRARA- DE ANGELIS, op. cit.; SANTOS, op. cit.).

O presente estudo justifica-se pela escassez de pesquisas e estudos

publicados sobre a eficácia e a efetividade da utilização das técnicas vocais e

descrevendo medidas acústicas de vozes normais. Portanto, é fundamental a

comprovação científica e prática da utilização das técnicas vocais na rotina

fonoaudiológica, propiciando um aprofundamento dos conhecimentos que orientem

a sua aplicação, a obtenção de resultados mais fidedignos no processo de utilização

destas e, além disso, a busca de medidas-base para a avaliação acústica da voz.

Existem poucos estudos que relatam minuciosamente o efeito provocado pela

utilização das técnicas vocais, em especial na literatura nacional, o mesmo

ocorrendo com o perfil vocal acústico de determinados grupos, como homens e

mulheres. Desse modo, pesquisas nessa área favorecerão a obtenção de dados

mais específicos e comprovados (ARAÚJO et al., op. cit; ANDRADE, op. cit.;

BEHLAU, 2004; SANTOS, op. cit.; BRUM, 2006; SCHWARZ, 2006).

Em função da carência de medidas objetivas descrevendo o comportamento

vocal após a fonação reversa, uma vez que grande parte dos estudos descritos na

literatura apresenta a fonação reversa subjetivamente, o presente estudo pretende

verificar as modificações vocais acústicas ocorridas após a produção da técnica

vocal de fonação reversa em mulheres adultas sem queixas vocais e laringes

normais. Também visa a caracterizar as sensações percebidas pelos sujeitos após a

produção da técnica, bem como a verificar a existência de possíveis correlações

entre os tipos de modificações vocais encontradas.

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Outro objetivo do trabalho é descrever as medidas acústicas de vozes de

mulheres sem queixas de voz e laringe normal, utilizando o software Praat (versão

4.6.10), visando à elaboração de um perfil-base de tais medidas para auxiliar na sua

interpretação mais adequada e contextualizada, no que se refere às mulheres

adultas jovens da região Sul do Brasil. Este trabalho compõe-se de quatro capítulos,

sendo o primeiro a presente introdução geral.

O segundo capítulo expõe um artigo de revisão crítica da literatura, já

publicado na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, no ano de 2007, volume 73,

número 2, páginas 271 a 277 (Qualis C Internacional). Na parte introdutória, faz uma

breve menção à reabilitação vocal através das técnicas vocais, dentre as quais, a

fonação reversa. O capítulo segue apresentando a metodologia da pesquisa

bibliográfica e a fonação reversa de um modo geral; sua realização pelos bebês;

intensidade e freqüência; riscos da sua utilização; uso da técnica na terapia; sua

utilização como auxiliar na avaliação de laringe; e adoção da fonação reversa em

substituição à fonação fisiológica. Todos os tópicos abordados foram discutidos,

permitindo algumas conclusões sobre o tema.

O terceiro capítulo é composto por artigo de pesquisa que busca descrever as

medidas acústicas de vozes de 56 mulheres adultas, sem queixas vocais e com

laringe normal, utilizando o software Praat (versão 4.6.10).

O quarto capítulo consiste em um artigo científico que visa a verificar as

modificações vocais acústicas ocorridas após a produção da técnica vocal de

fonação reversa em 32 mulheres, adultas, sem queixas vocais e com laringes

normais, por meio do software Praat (versão 4.6.10), caracterizando as sensações

percebidas pelos sujeitos após a produção da técnica e verificando a existência de

possíveis relações entre os tipos de modificações vocais encontradas.

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1.1 Referências Bibliográficas

ANDRADE, L. M. O. Determinação dos limiares de normalidade dos parâmetros acústicos da voz. 2003. 63f. Dissertação (Mestrado em Interunidades em Bioengenharia) – Universidade de São Paulo (USP), São Carlos, 2003. ANELLI, W.; VILELA, N.; ECKLEY, C. A. Paralisia de prega vocal associada à cardiopatia congênita grave. In: BEHLAU, M. O melhor que vi e ouvi III: Atualização em laringe e voz. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. p. 135-141. ARAÚJO, S. A. et al. Normatização de medidas acústicas da voz normal. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 68, n.4, p. 540-544, 2002. BARROS, A. P. B.; CARRARA-DE ANGELIS, E. Análise acústica da voz. In: DEDIVITIS, R. A.; BARROS, A. P. B. Métodos de avaliação e diagnóstico de laringe e voz. São Paulo: Louvise, 2002. p. 201-221. BEHLAU, M. Técnicas vocais. In: FERREIRA, L. P.; BEFI-LOPES, D. M.; LIMONGI, S. C. O. Tratado de fonoaudiologia. São Paulo: Roca, 2004. p. 42-58. BEHLAU, M.; AZEVEDO, R.; MADAZIO, G. Anatomia da laringe e fisiologia da produção vocal. In: BEHLAU, M. Voz: o livro do especialista Vol I. Rio de Janeiro: Revinter, 2001. p. 01-51. BEHLAU, M. et al. Aperfeiçoamento vocal e tratamento fonoaudiológico das disfonias. In: BEHLAU, M. Voz: o livro do especialista Vol II. Rio de Janeiro: Revinter, 2005. p. 409-525. BOONE, D.R.; MCFARLANE, S. C. A voz e a terapia vocal. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. BRANCO, A.; BEHLAU, M.; REHDER, M. I. The neonate cry after cesarean section and vaginal delivery during the first minutes of life. Journal of Pediatric Otorhinolaryngology, v. 69, p. 681-689, 2005. BRUM, D. M. Modificações vocais e laríngeas ocasionadas pelo som basal. 2006. 82f. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da Comunicação Humana) - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, 2006. CASMERIDES, M. C. B.; COSTA, H. O. Laboratório computadorizado de voz: caracterizando um grupo de usuários. In: FERRREIRA, L. P.; COSTA, H. O. Voz Ativa: Falando sobre a clínica fonoaudiológica. São Paulo: Roca, 2001. p. 263-280. COLTON, R. H.; CASPER, J. K. Compreendendo os problemas de voz: uma perspectiva fisiológica ao diagnóstico e ao tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. CORAZZA, V. R. et al. Correlação entre achados estroboscópicos, perceptivo-auditivos e acústicos em adultos sem queixa vocal. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 70, n.1, p. 30-34, 2004. DEDIVITIS, R. A.; BARROS, A. P. B. Fisiologia laríngea. In: ______. Métodos de avaliação e diagnóstico de laringe e voz. São Paulo: Louvise, 2002. p. 38-52

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2 ARTIGO DE REVISÃO DE LITERATURA

ASPECTOS FISIOLÓGICOS E CLÍNICOS DA TÉCNICA FONOTERAPÊUTICA DE

FONAÇÃO REVERSA

REVERSE PHONATION - PHYSIOLOGIC AND CLINICAL ASPECTS OF THIS

SPEECH VOICE THERAPY MODALITY

2.1 Resumo A fonação reversa é a produção de voz durante a inspiração, realizada

espontaneamente em situações como o suspiro. Objetivo: Realizar uma revisão da

literatura, descrevendo achados relacionados à utilização da fonação reversa na

prática clínica, à anatomofisiologia de sua produção e seus efeitos no trato vocal e

às indicações e contra-indicações da técnica para os distúrbios e para o

aperfeiçoamento da voz. Resultados: Foram encontrados relatos de mudanças

significativas no trato vocal durante a produção da fonação reversa, como o

relaxamento dos ventrículos, o afastamento das pregas ventriculares, o aumento da

freqüência fundamental, o movimento inverso da onda mucosa, além da facilitação

do estudo dinâmico da laringe, quando associada à endoscopia, o que possibilita

melhor definição da localização das lesões nas camadas da lâmina própria da

mucosa das pregas vocais. Conclusão: Existem poucos estudos que descrevem o

comportamento laríngeo durante a fonação reversa e, para que essa técnica seja

utilizada de forma mais precisa e objetiva, acredita-se que ainda devem ser

realizados estudos que visem a comprovar sua eficácia na prática clínica.

Palavras-chave: disfonia, fonoaudiologia, voz.

2.2 Abstract Reverse phonation is the voice production during inspiration, accomplished

spontaneously in situations such as when a person sighs. Aim: to do a literature

review, describing discoveries related to the use of the reverse phonation in the

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clinical practice, the anatomy and physiology of its production and its effects in vocal

treatments; and moreover, indications and problems of the technique for speech

disorders treatment and voice enhancement. Results: there were reports of

significant changes in vocal treatment during with the use of reverse phonation:

ventricular distention, ventricular folds separation, increase in the fundamental

frequency, mucous wave inverse movement; and it also facilitates the dynamic study

of the larynx when associated with endoscopy, making it possible to have a better

definition of lesion localization in vocal folds superficial lamina propria layers.

Conclusion: There are few studies describing larynx behavior during reverse

phonation and, for this technique to be used in a more precise and objective way,

more studies are necessary in order to prove its effectiveness in practical matters.

Keywords: voice disorders, speech, language and hearing sciences, voice.

2.3 Introdução

Os estudos científicos sobre a reabilitação vocal surgiram na década de 30,

mas apenas recentemente houve um aumento das pesquisas nessa área,

possibilitando, assim, um maior conhecimento científico sobre as abordagens de

terapia vocal (BEHLAU et al., 1997).

A técnica vocal é um dos instrumentos terapêuticos que pode modificar o

padrão de voz, visando a obter a melhor voz possível para o paciente disfônico.

As técnicas de competência fonatória buscam promover um ajuste muscular

primário para a produção de uma voz equilibrada. Uma série de técnicas pertence

ao método de competência fonatória, dentre as quais está a fonação reversa

(BOONE & MCFARLANE, 1994; COLTON & CASPER, 1996).

O presente trabalho visa a descrever a técnica vocal da fonação reversa por

meio de uma revisão crítica e comentada da literatura, abordando a

anatomofisiologia de sua produção e seus efeitos no trato vocal, bem como as

indicações e contra-indicações dessa técnica na prática clínica fonoaudiológica.

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2.4 Material e método

Foi realizado um levantamento bibliográfico, sem data limite, utilizando livros,

periódicos e Internet. Foram estabelecidos para a busca as expressões “fonação

reversa”, “fonação inspiratória”, “fonação inalatória” e “fonação inversa”.

2.4.1 Fonação reversa

Como explicado anteriormente, a fonação reversa também é chamada de

“fonação inspiratória”, “fonação de inalação” e “fonação invertida” (GREENE, 1989;

BOONE & MCFARLANE, 1994; BEHLAU et al., 2005). Para este estudo, será

adotada a expressão “fonação reversa”.

A fonação reversa, inicialmente descrita por Powers, Holtz e Ogura (1964),

por meio da análise radiológica da laringe, surge da pressão gerada acima do nível

da glote, através da entrada turbulenta de ar, aduzindo às verdadeiras pregas

vocais. Durante essa manobra, ocorre o relaxamento dos ventrículos e a ampliação

do vestíbulo laríngico, bem como a adução glótica em toda a extensão (LEHMANN,

1965; HARISSON et al., 1992; BOONE & MCFARLANE, op. cit.; COLTON &

CASPER, 1996; BEHLAU et al., 1997; ORLIKOFF, BAKEN & KRAUS, 1997;

VASCONCELOS, 2001), alongando as pregas vocais (HARISSON et. al., 1992;

BOONE & MCFARLANE, op. cit.). Essa manobra é atípica ao engrama

pneumofônico utilizado em fala habitual, ocorrendo o predomínio voluntário da ação

muscular fonatória e o fechamento da fenda observada na fonação habitual

(BEHLAU & PONTES, 1995; KELLY & FISHER, 1999).

A fonação reversa refere-se à produção de voz durante a entrada de ar nos

pulmões. Isso ocorre naturalmente em diversas situações, incluindo riso, choro e

suspiro (GRAU, ROBB & CACACE, 1995). Behlau e Pontes (op. cit.) consideram a

utilização da fonação reversa, assobio, riso e sopro como as melhores manobras

para o desbloqueio da constrição supraglótica, uma vez que exigem gestos

musculares que não favorecem a aproximação das pregas vestibulares.

Lehmann (op. cit.) relata que, durante a fonação reversa, as pregas vocais se

aproximam e fecham a glote, como durante a fonação expiratória, e o ar inspiratório

é parcialmente obstruído, causando diminuição da pressão subglótica. Durante a

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adução das pregas vocais, ocorre um aumento da pressão supraglótica, distendendo

os ventrículos.

Na fonação reversa, o som provém da vibração ampla e sincrônica da

mucosa, em sentido inverso, a favor da gravidade. São mobilizadas as estruturas

supraglóticas, ocorrendo diminuição da constrição mediana e ântero-posterior

(POWERS , HOLTZ & OGURA, 1964; GREENE, 1989; BOONE & MCFARLANE,

1994; BEHLAU, BRASIL & MADAZIO, 2000.

O coeficiente de contato das pregas vocais tende a diminuir significativamente

durante a fonação reversa, se comparado à fonação expiratória (ORLIKOFF, BAKEN

& KRAUS, 1997; KELLY & FISHER, 1999; ROBB et al., 2001), ocorrendo, também,

um aumento do gap glótico (HARISSON et al., 1992; ORLIKOFF, BAKEN & KRAUS,

op. cit.).

Os achados de Orlikoff, Baken e Kraus (op. cit.) mostram que a diminuição do

coeficiente de contato das pregas vocais foi mais significativa em homens durante a

emissão da vogal /a/. Em mulheres não foram encontradas significativas diferenças

no coeficiente de contato das pregas vocais (KELLY & FISHER, op. cit.).

Durante a fonação reversa, observa-se um significativo aumento da

perturbação e instabilidade do contato entre as pregas vocais (ORLIKOFF, BAKEN

& KRAUS, op. cit.; ROBB et al., op. cit.). Essa instabilidade foi significativa nos

achados do estudo de Kelly e Fisher (op. cit.), pois muitos participantes realizaram

emissões em fonação reversa, similares à qualidade sonora do som basal.

O estudo de Orlikoff, Baken e Kraus (op. cit.) mostrou que a membrana

quadrangular aparece alongada, e especula-se que isso ocorra devido ao

deslocamento caudal da laringe. No estudo de Kelly e Fisher (op. cit.), esse

alongamento parece estar relacionado à abertura da área supraglótica, que inclui o

movimento anterior da epiglote, que traciona ou alonga a membrana quadrangular.

Kelly e Fisher (op. cit.) referem ainda que ocorre um decréscimo na

compressão das aritenóides, as quais não entram em contato durante a fonação

reversa. Essa abertura posterior da glote, durante a fonação reversa, é diferente da

abertura que ocorre durante a inspiração, quando a abdução das pregas vocais varia

de acordo com a demanda inspiratória (HARISSON et al., op. cit.).

A técnica da fonação reversa auxilia pacientes afônicos ou aqueles que

desenvolveram uma forma atípica de vocalização, como a fonação ventricular, a

acionar a vibração das verdadeiras pregas vocais. Aqueles indivíduos que

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apresentam essas alterações por qualquer período perdem a habilidade de iniciar a

vocalização utilizando as verdadeiras pregas vocais (BOONE & MCFARLANE, 1994;

AZEVEDO et al., 1998).

A literatura atual sugere a diminuição da ação das pregas ventriculares

durante a fonação reversa (GREENE, 1989; BOONE & MCFARLANE, op. cit.;

ORLIKOFF, BAKEN & KRAUS, 1997; ARAÚJO & SARVAT, 2000; OLIVEIRA &

PERAZZO, 2000). Esses achados provêm de observações subjetivas, porém, o

estudo de Kelly e Fisher (1999) parece provar essa afirmação a partir de

mensurações objetivas.

Behlau et al. (2005) explicam que, nos casos em que o paciente é resistente a

uma emissão limpa da fonação reversa, através da sustentação da vogal

prolongada, não importando a qualidade vocal, solicita-se uma emissão de

pequenas unidades sonoras, como se o paciente estivesse ofegante (respiração de

cachorrinho), com o “ihn” inspiratório e uma vogal curta expiratória, de preferência

“a”, que, geralmente, o paciente diz ser mais confortável, ou ainda “i” ou “u”, pois a

elevação da língua nessas vogais auxilia na retirada da epiglote da luz laríngea.

2.4.2 Fonação reversa em bebês

A fonação reversa é encontrada em bebês, nos primeiros minutos de vida,

durante o choro. O choro inspiratório representa uma obstrução da fase inspiratória

da respiração e, após esse choro, as crianças precisam de ar adicional para encher

os pulmões e estabilizar a respiração, o que explica a latência entre o final da

fonação reversa e a posterior fonação orgânica. Esse fenômeno está associado à

adução das pregas vocais durante a fonação reversa, que exige um tempo para que

elas voltem a sua posição, para o início da fonação expiratória (GRAU, ROBB &

CACACE, 1995).

Para Grau, Robb e Cacace (op. cit.), a freqüência e a duração do choro em

fonação reversa são determinados, fundamentalmente, pela anatomia do trato vocal

da criança, que é constituído por cartilagens e ligamentos flexíveis. Entre os quatro e

os seis meses de idade, consideráveis mudanças começam a acontecer no trato

vocal da criança: a laringe “desce” no pescoço. Assim, por volta dos seis meses,

ocorre um decréscimo dos episódios de choro em fonação reversa.

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2.4.3 Intensidade e freqüência da fonação reversa

A freqüência fundamental, durante a fonação reversa, quando comparada à

fonação expiratória, aumenta significativamente (BOONE & MCFARLANE, 1994;

GRAU, ROBB & CACACE, 1995; ORLIKOFF, BAKEN & KRAUS, 1997; KELLY &

FISHER, 1999; ROBB et al., 2001) quando comparada à expiratória. Em média, a

fonação reversa é 74 Hz mais aguda (ROBB et al., op. cit.). Em contrapartida,

pacientes com disfonia espasmódica têm um decréscimo na freqüência fundamental

durante a produção da fonação reversa (HARRISON et al., 1992).

A fonação reversa tem efeito variável, no que diz respeito à produção de

diferentes vogais. Características acústicas de vogais /i, u, a/ produzidas por

mulheres e homens adultos, na fonação normal, comparadas com as mesmas

vogais produzidas durante a fonação reversa, revelaram freqüência fundamental

média, significativamente mais aguda na fonação reversa (ROBB et al., op. cit.).

Foram encontradas diferenças significativas na ressonância nas produções do

/i/ em fonação reversa e fonação normal. Na produção do /u/, a freqüência

fundamental foi consideravelmente mais aguda durante a fonação reversa.

Entretanto, a execução do /a/, em fonação reversa, foi significativamente mais grave.

Esses resultados mostram a diferença no controle articulatório do mecanismo de fala

durante a fonação reversa se comparada com a fonação normal (ROBB et al., op.

cit.).

A intensidade não varia de forma consistente ao se compararem as emissões

em fonação reversa àquelas em expiratória. O grande esforço respiratório e os

baixos níveis de adução durante a fonação reversa também resultam em pequenas

mudanças na intensidade quando comparadas. Esse fato pode ser explicado pelas

estratégias individuais utilizadas para a mudança da produção de fonação

expiratória para reversa (KELLY & FISHER, op. cit.).

2.4.4 Riscos da utilização da técnica de fonação reversa

O custo-benefício da utilização da fonação reversa na prática clínica deve ser

cuidadosamente analisado. Apesar de essa técnica auxiliar no diagnóstico de lesões

de massa e facilitar a produção e o treinamento vocal, deve-se levar em conta

possíveis riscos, como o ressecamento do trato vocal após longos períodos de

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fonação reversa, em conseqüência da inalação oral do ar (ROBB et al., 2001). Além

do ressecamento, seu uso pode provocar hematoma nas pregas vocais se estas

estiverem móveis (PINHO, 2001), provavelmente em função do estiramento das

pregas e da redução do volume da mucosa tornarem a borda mais exposta ao atrito

de vibração, que se torna mais pronunciado frente ao possível ressecamento do

trato vocal durante o fluxo aéreo inspiratório.

Durante a fonação reversa prolongada, os sujeitos costumam sentir secura na

garganta e precisam limpá-la com uma ou duas tossidas em intervalos de 5 a 10

minutos (HARRISON et al., 1992).

Segundo Harrison (op. cit.), não existem inconvenientes na utilização da

fonação reversa durante a alimentação, uma vez que não foram descritos episódios

de aspiração de alimentos.

Apesar da complexidade lingüística imposta pela fonação reversa, há relatos

na literatura de que a língua indígena brasileira Karajá utiliza uma consoante

pronunciada com corrente de ar pulmonar ingressiva. Isso mostra que não há

inconvenientes também no uso da fonação reversa durante a fala como fonemas

(MAIA, 2006), uma vez que se trata de pequenas unidades temporais.

2.4.5 Utilização da técnica na terapia

A técnica da fonação reversa é utilizada na reabilitação vocal em casos de

afonia funcional psicogênica, puberfonias, fendas triangulares médio posteriores,

fendas por paresias e paralisias das pregas vocais (BOONE & MCFARLANE, 1994;

BEHLAU & PONTES, 1995; PEDROSO, 2000; BEHLAU et al., 2005), fonação com

pregas vestibulares e fonação ariepiglótica (BOONE & MCFARLANE, op. cit.;

BEHLAU & PONTES, op. cit.; BEHLAU et al., op. cit.). Diversos autores indicam o

uso dessa técnica na intervenção de disfonias espasmódicas, como fonação

alternativa, não exigindo o resgate da fonação fisiológica, ou seja, da fonação

expiratória (GREENE, 1989; HARRISON, op. cit.; BOONE & MCFARLANE, op. cit.;

BEHLAU & PONTES, op. cit.; COLTON & CASPER, 1996; BEHLAU et al., 1997;

BEHLAU & PONTES, 1997; AZEVEDO, 2004; BEHLAU et al., op. cit.).

O achado de Kelly e Fisher (1999), em mulheres com vozes normais,

sugerindo a diminuição da ação das pregas ventriculares durante a fonação

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inspiratória, dá suporte à utilização dessa técnica na prática clínica. Porém,

pesquisas ainda são necessárias para que os mecanismos fisiológicos envolvidos

nesse processo fiquem mais claros.

A fonte sonora inspiratória é supraglótica global, com movimento amplo e

inverso da mucosa (BEHLAU, BRASIL & MADAZIO, 2000). A técnica também pode

ser realizada durante a emissão de vogais, sílabas, palavras e frases, realizadas do

grave ao agudo e vice-versa, seguidas de seu correspondente fonatório expiratório

(PINHO, 2001).

Depois do aprendizado da técnica de fonação reversa, pode ser realizada a

produção do /a/, com variação de pitch, como também essa fonação com outras

vogais, palavras e durante a conversação (MARYN, BODT & CAUWENBERGE,

2003)

Uma vez estabelecida, a fonação reversa é produzida rapidamente, sucedida

da fonação expiratória. Quando o pitch desses dois tipos de fonação se iguala, o

terapeuta pode estar certo de que a voz começa a ser produzida pelas verdadeiras

pregas vocais. Aos poucos, a fonação reversa deve ser eliminada e a voz passa a

ser produzida durante a expiração (MARYN, BODT & CAUWENBERGE, op. cit.).

No estudo realizado por Balata (2000) sobre um caso de disfonia psicogênica,

observou-se a instalação do sintoma vocal de fonação inspiratória durante o

processo fonoterapêutico. A autora considerou curiosa a mutação da manifestação

vocal apresentada pela paciente, que passou a aspirar a voz, aumentando a fadiga

vocal e respiratória, dificultando ainda mais a inteligibilidade da fala. Não foi

encontrada na literatura que trata das disfonias psicogênicas a manifestação

observada nesse caso, no qual houve fixação à fonação reversa após a utilização

desta durante a intervenção terapêutica.

Acrescida à utilização dessa técnica na área da voz, Kenjo (2005) relata a

utilização da fonação inspiratória na intervenção em casos de gagueira. Depois dos

exercícios em fonação reversa, pode-se observar melhora na fluência durante a

fonação expiratória.

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2.4.6 Utilização da técnica como auxiliar na avaliação da anatomofisiologia da

laringe

Serafim (1974) relata que a utilização da fonação reversa durante a avaliação

da laringe permite amplo reconhecimento das estruturas desta. Ocorre acentuada

abertura dos ventrículos de Morgani e das pregas vestibulares, propiciando

mobilização das pregas vocais, com nítida exposição do espaço glótico, favorecendo

a identificação de pequenas lesões, paralisias, entre outras entidades patológicas.

Acrescenta ainda que, nos exames realizados durante a emissão expiratória, tem-se

uma laringe estática, já que os músculos adutores da glote têm características

semelhantes aos expiratórios. Por outro lado, os músculos abdutores da glote têm

características semelhantes aos músculos inspiratórios, o que faz a fonação reversa

propiciar um estudo dinâmico da laringe, possibilitando um diagnóstico mais preciso

e conseqüente intervenção terapêutica mais apropriada.

O ventrículo e a camada profunda da prega vocal devem estar flexíveis e

livres de tumores para responder às diferentes pressões desenvolvidas durante a

fonação reversa. Quando os ventrículos, bem como a supraglote, relaxam, tumores

de prega vocal podem ser descartados. A fonação reversa é útil no diagnóstico de

tumores de seios piriformes e ventrículos de Morgani, uma vez que essas estruturas

relaxam e revelam tumores neles alojados (LEHMANN, 1965).

A maior contribuição da fonação reversa, associada à endoscopia de laringe,

ao diagnóstico otorrinolaringológico é a possibilidade de definir melhor a localização

das lesões nas camadas da lâmina própria, como é o caso dos cistos, que podem

estar na camada superficial ou fortemente aderidos às camadas profundas da

lâmina própria (LOPES, BEHLAU & BRASIL, 2000).

Como já foi referido, a videoestroboscopia pode nos proporcionar informações

mais precisas sobre as propriedades dinâmicas das lesões benignas de laringe.

Porém, a experiência clínica revela que a endoscopia de laringe, com ou sem

estroboscopia, não revela confiavelmente a presença e o tamanho de edemas de

Reinke. Assim, sugere-se a utilização da manobra de inspiração forçada durante a

endoscopia para a realização do diagnóstico de maneira mais fidedigna (KOTHE et

al., 2003).

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2.4.7 Adoção da fonação reversa em substituição à fonação fisiológica

Está claro que a fonação reversa beneficia pacientes com disfonia

espasmódica pelas mudanças psicológicas e acústicas que produz na voz (KELLY &

FISHER, 1999; ROBB et al., 2001). Ocorre melhora na fluência, e a fala é mais

inteligível e menos desconfortável durante a fonação reversa, se comparada à

fonação expiratória (HARISSON et al., 1992).

Apesar do uso da fonação reversa por indivíduos portadores de disfonia

espasmódica em ambientes ruidosos ser prejudicado, em ambientes livres de ruído,

ao telefone ou com o uso de amplificação em anfiteatros, a fonação reversa é

normal, fluente e parece ser aceita pelos ouvintes, embora a voz seja áspera

(HARISSON et al., op. cit).

De um modo geral, não são encontradas dificuldades durante longos períodos

de fala em fonação reversa, exceto quando o indivíduo é exposto a situações de

estresse, nervosismo ou tempo restrito durante a fala em público. Geralmente, os

indivíduos têm dificuldades na coordenação entre fala e respiração, porém, com o

tempo, o aprendiz acaba desenvolvendo estratégias para compensar essas

dificuldades (HARISSON et al., op. cit).

A fonação utilizando sons contínuos, de baixa pressão, como vogais, é mais

fácil de ser produzida em fonação reversa do que a produção de fricativas, de alta

pressão. Por isso, a fonação dos sons contínuos de baixa pressão, pode ser

considerada ponto de partida para a produção da fonação reversa (RUSSELL,

2004). Também são difíceis de serem produzidos durante a fonação reversa, em

posição inicial, fonemas plosivos surdos, como o /p/, por exemplo. O indivíduo faz

uso de compensações, nesses casos, para melhorar a inteligibilidade da fala, mas

não consegue compensar completamente essas dificuldades, o que faz com que os

ouvintes tenham que levar em conta o contexto e o contraste de sonoridade para

facilitar a compreensão (HARISSON et al., op. cit.).

O aprendizado da fonação reversa parece exigir a mudança no controle

muscular do diafragma, músculos abdominais e intercostais, bem como dos

músculos laríngeos. O aprendizado desse controle não parece difícil e pode ser

obtido através de exercícios (HARISSON et al., op. cit).

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30

2.5 Discussão A diminuição do contato entre as pregas vocais durante a fonação reversa

pode ocorrer devido ao envolvimento dos músculos inspiratórios, como o músculo

cricoaritenóideo (CAP), que é ativado durante a inspiração e é abdutor primário

durante a fala (HARISSON et al., 1992), sendo provável que ele entre em atividade

durante a fonação reversa. O músculo cricotireóideo (CT) também é ativado durante

a inalação. Durante a fonação reversa, a atividade do CAP e do CT podem ser

antagonistas aos músculos tipicamente adutores durante a fonação, resultando em

menor coeficiente de contato (KELLY & FISHER, 1999).

A constatação de que há uma diminuição mais significativa do coeficiente de

contato das pregas vocais em homens em relação às mulheres pode ser explicado

por fatores como o ângulo menos agudo da tireóide e as pregas vocais mais curtas e

finas em mulheres, que causam a diminuição da amplitude da onda mucosa,

tornando mais ruidoso o sinal glótico (KELLY & FISHER, op. cit.).

No que se refere ao posicionamento das cartilagens aritenóides, pode-se

supor que o decréscimo na compressão das aritenóides, durante a fonação reversa,

ocorra associado à diminuição da adução das pregas vocais (KELLY & FISHER, op.

cit.). Além disso, deve ser destacada a variável de que mulheres costumam

apresentar fenda triangular grau I também na fonação expiratória (PINHO, 2003).

Durante a fonação reversa, as pregas vocais se fecham e há um aumento da

pressão supraglótica que favorece o fenômeno de Bernoulli, uma vez que a vibração

da mucosa e o fluxo aéreo estão a favor da gravidade. Em contrapartida, durante a

fonação expiratória, a mucosa vibra a favor da gravidade e o fluxo aéreo está contra

a gravidade, dificultando esse fenômeno (ORLIKOFF, BAKEN, & KRAUS, 1997;

RUSSEL, 2004).

A presença da qualidade similar ao som basal, na fonação reversa, está

associada com o aumento da adução laríngea (KELLY & FISHER, op. cit.). Robb et

al. (2001) relatam que essa perturbação sugere que a postura do trato vocal, na

fonação reversa, também não é estável.

Um aumento da resistência glótica causada pelo ar inspiratório deve ser um

fator que leva o indivíduo com controle motor vocal normal a aumentar a abdução

das pregas vocais durante a fonação reversa e, possivelmente, reduz a sensação de

esforço inspiratório (KELLY & FISHER, op. cit.).

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Diversos autores concordam que ocorre uma incidência maior do choro em

fonação reversa durante o período neonatal (BRANCO, BEHLAU & REHDER, 2005;

GRAU, ROBB & CACACE, 1995), acreditando que essa produção seja favorecida

pelas cartilagens e ligamentos flexíveis característicos da laringe do neonato

(BEHLAU, AZEVEDO & MADAZIO, 2001), associados ao posicionamento mais

anterior da língua (PROENÇA, 1994; SILVA, 1999; HERNANDEZ, 2003).

Há vários mecanismos envolvidos na modificação da freqüência da voz,

sendo os principais o comprimento, a massa e a tensão das pregas vocais, durante

a vibração. Quanto mais as pregas vocais forem alongadas, mais rápido se

realizarão os ciclos glóticos e mais aguda será a freqüência produzida. Em

contrapartida, quanto maior for a massa das pregas vocais a ser colocada em

vibração, menos ciclos glóticos serão realizados, agravando a freqüência. Logo,

quanto maior for a tensão das pregas vocais, mais rápidos serão os ciclos e mais

aguda será a freqüência produzida (BOONE & MCFARLANE, 1994; COLTON &

CASPER, 1996; BEHLAU et. al., 2001; PINHO, 2003).

Acredita-se que isso ocorra devido à atividade do CT durante a fonação

reversa, uma vez que ele é ativado com a inspiração, o que pode contribuir para o

aumento da tensão das pregas vocais (KELLY & FISHER, 1999). Por outro lado,

pacientes com disfonia espasmódica têm um decréscimo na freqüência fundamental

durante a produção da fonação reversa, provavelmente devido à produção da

fonação sonora com períodos muito longos, o que favorece também uma qualidade

vocal pobre com produção de voz pulsada /fry/ (TITZE, 1988).

As diferenças acústicas identificadas entre a fonação normal e a reversa

podem ser explicadas considerando-se o papel da língua durante a produção das

vogais. As vogais /i/ e /u/ são articuladas com posicionamento mais alto da língua, já

a articulação do /a/ envolve posicionamento baixo desta. O /a/ e o /u/ são articulados

com posicionamento posterior da língua e o /i/ com posicionamento anterior (ROBB

et al., 2001).

O posicionamento alto e frontal do /i/ estabiliza a laringe, de modo que,

mesmo com a mudança da fonação, a laringe permanece no lugar. Essa fixação se

reflete acusticamente, pois não há mudanças significativas na freqüência

fundamental dessa vogal ao se comparar a fonação reversa à fonação normal

(ROBB et al., op. cit.).

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Em contraste, a posição baixa e posterior da língua durante a produção do /a/

torna a vogal mais suscetível à exigência da fonação reversa, contribuindo com o

abaixamento da laringe, que favorece o agravamento da produção da vogal, tanto

em homens quanto em mulheres. Esse agravamento é de cerca de 140 Hz (ROBB

et al., 2001).

A vogal /u/ é mais aguda durante a fonação reversa e isso é ainda mais

significativo em mulheres. O aumento médio da freqüência fundamental nas

mulheres é de aproximadamente 80 Hz, enquanto nos homens é de cerca de 72Hz.

Acredita-se que a produção do /u/ em fonação reversa envolva menos contração da

musculatura orbicular dos lábios, condição que propicia o aumento da freqüência

fundamental (ROBB et al., op. cit.). Esses achados são compatíveis com os de Miller

et al. (1997), que estudaram a mudança de freqüência de vogais produzidas por

homens cantores em três diferentes condições: vocal fry, fonação reversa e canto.

Os autores concluíram que a produção de vogais durante as diferentes formas de

fonação depende do controle auditivo e do controle postural do trato vocal.

A literatura clínica sugere mudanças na intensidade durante a fonação

reversa (HARISSON et al., 1992; BOONE & MCFARLANE, 1994), porém, não

descreve detalhadamente essas mudanças (KELLY & FISHER, 1999).

Sobre os riscos da utilização da técnica, existe um consenso entre os autores

quanto à utilização da fonação reversa com cautela, uma vez que ela provoca

ressecamento do trato vocal se a inalação do ar é oral, além do risco de lesões na

prega vocal quando produzida em excesso e associada a outras técnicas vocais

(HARISSON et al., op. cit.; ROBB et al., op. cit.; PINHO, 2001; RUSSEL, 2004).

Quanto à utilização na terapia, observou-se que a fonação reversa é utilizada

nas disfonias psicogênicas (pela mudança imediata do ajuste muscular) e nas

alterações de muda vocal, pois a emissão que se segue à fonação reversa ocorre,

geralmente, em registro modal grave. Nos casos de fendas glóticas e paralisia de

pregas vocais, é utilizada por promover a adução das pregas vocais (BOONE &

MCFARLANE, op. cit.; BEHLAU & PONTES, 1995; PEDROSO, 2000; BEHLAU et

al., 2005). Nos casos de fonação ariepliglótica ou fonação ventricular, a fonação

reversa restabelece a vibração das pregas vocais, devendo ter seu uso reduzido

gradualmente até a recuperação da fonação (BOONE & MCFARLANE, op. cit.;

BEHLAU & PONTES, op. cit.; BEHLAU et al., op. cit.). A fonação reversa pode ser

utilizada na intervenção de casos de gagueira, porque a manobra de Valsava,

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fechamento apertado das pregas vocais, não ocorre durante inspiração, favorecendo

a fluência (PARRY, 1985; KENJO, 2005). A fonação reversa é utilizada como auxílio no diagnóstico de lesões de

massa, devido à melhor visualização das estruturas laríngeas durante sua produção

(LEHMANN, 1965; SERAFIM, 1974; LOPES, BRASIL & BEHLAU, 2000; DEDIVITIS,

2002; KOTHE et al., 2003; SULICA, BEHRMAN & ROARK, 2005; BEHLAU et al.,

2005). A força pró-gravidade decorrente do aumento da pressão supraglótica,

associada ao fenômeno de Bernoulli, propicia abdução mais forte das pregas vocais,

permitindo que lesões edemaciadas se espalhem, diferenciando-as de lesões mais

rígidas (LOPES et. al., 2000).

No que se refere à substituição da fonação fisiológica pela fonação reversa,

na disfonia espasmódica adutora, um aumento da ação do CAP ou do músculo

cricotireóideo (CT), durante a fonação reversa, pode ajudar a estabilizar a fonação,

devido ao inesperado bloqueio da atividade dos músculos cricoaritenóideo lateral

(CAL) e tireoaritenóideo (TA) (KELLY & FISHER, 1999).

Apesar de os ouvintes considerarem a fala em fonação reversa mais

inteligível e fluente, com maior tempo de fonação a percebem com qualidade vocal

áspera (HARISSON et. al. 1992). Cogita-se que essa aspereza seja decorrente da

grande variação dos períodos e da amplitude do som produzido em fonação reversa.

As freqüências graves também devem contribuir para a pior qualidade nos períodos

que, geralmente, são longos o suficiente para a energia do trato vocal extinguir-se

entre os ciclos individuais, dando à voz qualidade pulsada /fry/ (TITZE, 1988).

O que pode explicar a fluência durante a fonação reversa é o fato de que

cada fase respiratória está associada com a ação de diferentes grupos musculares

laríngeos. A fonação expiratória está, geralmente, ligada à atividade dos músculos

adutores da laringe, como o TA, o CAL e o músculo aritenóideo (A). Já a fonação

reversa é marcada pela ação do CAP, músculo abdutor, associada com a contração,

simultânea ou quase simultânea, do diafragma. O controle voluntário do CAP para

inibir a contração inspiratória é improvável. Portanto, a contração involuntária

durante a fonação reversa deve responder aos espasmos através dos músculos

adutores da laringe. Essa soma de forças de adução e abdução resultam em suave

aproximação das pregas vocais (KELLY & FISHER, op. cit.).

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34

2.6 Conclusão

Os objetivos da presente pesquisa foram claramente atingidos, visto que

pôde-se obter maior elucidação sobre os aspectos ligados a mudanças fisiológicas

ocorridas durante a produção da fonação reversa, bem como sobre sua utilização na

prática clínica fonoaudiológica. Na literatura, encontram-se diversos estudos

descrevendo o decréscimo considerável do coeficiente de contato das pregas vocais

durante a fonação reversa, se comparada à fonação normal. Também são relatados

o afastamento das pregas ventriculares, o aumento da freqüência fundamental, a

manutenção dos níveis de intensidade, a queda da pressão subglótica (causando

distensão dos ventrículos) e a visualização mais definida dos seios piriformes.

A fonação reversa está presente no choro de neonatos, além de ser utilizada

na prática clínica como técnica de reabilitação, podendo, inclusive, substituir a

fonação fisiológica em alguns portadores de disfonia espasmódica. Nesses sujeitos,

a fonação reversa, provoca um agravamento da freqüência fundamental e uma

melhora da sua fluência. Tem-se mostrado eficaz, também, na intervenção

terapêutica de indivíduos com gagueira, melhorando a fluência dos mesmos. É

igualmente utilizada com sucesso na prática otorrinolaringológica, no auxílio da

detecção de lesões de massa de prega vocal, durante o exame de laringoscopia.

Apesar dos benefícios visíveis, essa técnica deve ser utilizada com cautela,

pois pode provocar ressecamento do trato vocal, quando a inalação do ar é oral,

além do risco de provocar lesões, quando realizada em excesso ou associada a

outras técnicas.

Existem poucos estudos que descrevem o comportamento laríngeo durante a

fonação reversa, por isso, para que essa técnica fonoterapêutica seja utilizada de

forma mais precisa e objetiva, acredita-se que ainda devem ser realizados estudos

que objetivem comprovar sua eficácia na prática clínica fonoaudiológica e para

melhorar o entendimento de seu mecanismo fisiológico.

2.7 Referências Bibliográficas ARAÚJO, R. B.; SARVAT, M. Voz de banda ventricular: comportamento de esforço? In: BEHLAU, M. O melhor que vi e ouvi II. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. p. 172-176.

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3 ARTIGO DE PESQUISA

MEDIDAS VOCAIS ACÚSTICAS DE MULHERES SEM QUEIXAS DE

VOZ E COM LARINGE NORMAL

VOCAL ACOUSTICS MEASURES OF WOMEN WITHOUT

COMPLAINTS OF

VOICE AND WITH NORMAL LARYNX

3.1 Resumo Objetivo: descrever as medidas acústicas de vozes de mulheres adultas jovens, com

laringe normal e sem queixas de voz, considerando-se a importância do

estabelecimento de padrões base de normalidade. Método: 56 mulheres adultas

realizaram avaliação otorrinolaringológica e triagem fonoaudiológica para descartar

possíveis alterações que pudessem causar problemas vocais e/ou laríngeos. A

emissão sustentada da vogal /a/, em intensidade e freqüência habituais, foi gravada

digitalmente e analisada por meio do software Praat (versão 4.6.10). Os dados foram

analisados por meio da estatística descritiva, e a normalidade dos resultados foi

avaliada pelo teste Shapiro-Wilk, em nível de significância de 5%. Resultados:

medidas com distribuição normal foram: Freqüência fundamental; Jitter (local); Jitter

(local, absoluto); Jitter (ppq5); Jitter (ddp). As medidas de Jitter (rap); todas as de

Shimmer; a Proporção ruído/harmônico (NHR) e a Proporção harmônico/ruído (HNR)

não seguiram distribuição normal. Conclusão: As medidas que seguiram distribuição

normal parecem ser passíveis de serem utilizadas como valores base de

normalidade para a interpretação dos resultados de análises vocais acústicas

femininas, com e sem patologia laríngea. Todas as medidas com e sem distribuição

normal mostraram resultados semelhantes aos da literatura nacional e internacional,

evidenciando diferenças mínimas entre os programas de análise acústica. Isso

mostra, ao contrário do que era esperado, sugere que diferentes populações

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39

poderiam ser avaliadas por diferentes programas com resultados semelhantes

quanto às mesmas medidas ou equivalentes.

Palavras-chave: fonação, voz, treinamento da voz, alterações vocais, avaliação em

saúde.

3.2 Abstract Aim: describe the acoustics measures of voices of young women with normal larynx

and without complaints of voice, considering the importance of the establishment of

normality base standards. Method: 56 adult women have carried through

otolaryngologic evaluation and speech and language therapy screening to discard

possible alterations that could cause vocal and/or larynx problems. The supported

emission of the vowel /a/ in usual intensity and frequency was recorded digitally and

analyzed by means of Praat software (version 4.6.10). The data have been analyzed

by means of the descriptive statistics and the normality of the results was evaluated

by the Shapiro-Wilk test, in level of significance of 5%. Results: measures followed

normal distribution fundamental frequency; Jitter (local); Jitter (local, absolute); Jitter

(ppq5); Jitter (ddp). The measures of Jitter (rap); Shimmer; the noise to harmonic

ratio (NHR); and the harmonic to noise ratio (HNR) had normal distribution.

Conclusion: The measures that had normal distribution can used as values of

normality base for the interpretation of the results of acoustic vocal analyses for

women , with and without larynx pathology. All the measures with and without normal

distribution, have shown similar results to the ones of national and international

literature, showing minimum differences among the programs of analysis acoustics,

in contrast of waiting, they suggest that different populations could be evaluated by

different programs with similar results about the same measures or equivalents.

Key words: phonation, voice, voice training, voice disorders, health evaluation. 3.3 Introdução

A utilização da análise acústica vocal computadorizada é um dos grandes

avanços na área da voz, pois permite uma avaliação diagnóstica mais precisa. É um

procedimento que, associado aos avanços na compreensão da fisiologia vocal e ao

desenvolvimento científico (CORAZZA et al., 2004), fornece ao clínico uma riqueza

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40

de dados objetivos e quantificados que auxiliam na compreensão do mecanismo da

fonação, permitindo descrever quase completamente a voz humana (ARAÚJO et al.,

2002; SANTOS, 2005).

A análise acústica da voz fornece dados normativos ou de base para

diferentes realidades vocais. A grande quantidade de informações fornecidas pela

análise acústica ainda é pouco conhecida e sua exploração é pouco estimulada.

Dentre as medidas acústicas que os laboratórios de voz podem oferecer, as

principais que apresentam aplicação clínica são: freqüência fundamental,

intensidade vocal, medidas de ruído e medidas de perturbação da freqüência e da

intensidade (BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, 2002).

O estabelecimento de padrões de base da normalidade é importante para

guiar o profissional na área da voz, visto que existe grande variabilidade entre as

vozes normais, pois a voz é uma característica pessoal, não existindo uma

perfeitamente igual à outra (ARAÚJO et al., op. cit.; GUIMARÃES & ABBERTON;

2005).

A escassez de publicações, na literatura nacional, que utilizam o software

Praat (LIMA et al., 2007), que é gratuito, de fácil utilização e propicia, em sua página

na web, a discussão entre os seus usuários e o esclarecimento de dúvidas junto aos

criadores do programa, associado ao aumento de estudos publicados na literatura

internacional (GONZALES, CERVERA & LLAU, 2003; AS-BROKS et al., 2005;

DELIYSKI, SHAW & EVANS, 2005; DELIYSKI, EVANS & SHAW, 2005; MOURA et

al, 2006; CHEANG & PELL, 2006; MUNDT et. al., 2007; OGUZ et al., 2007a.; OGUZ

et al., 2007b; DROMEY & SMITH, 2007; VERTIGAN et al., 2007), instigaram a

realização deste estudo.

Considerando-se a importância do estabelecimento de padrões normativos ou

de base de normalidade, a partir do processo de extração e quantificação de

padrões precisamente definidos do sinal vocal (SANTOS, op. cit.), que guiem o

profissional na área de voz e, em virtude da escassez de estudos que proponham

medidas acústicas de vozes normais da população feminina adulta jovem, o

presente estudo pretende descrever as medidas acústicas de vozes de mulheres

com laringe normal e sem queixas de voz. Objetiva, ainda, mostrar a equivalência

entre os softwares Praat e Programa Multi-Dimensional Voice (MDVP) da Kay

Elemetrics, em virtude da maior acessibilidade ao programa Praat.

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41

3.4 Metodologia 3.4.1 Caracterização da pesquisa e aspectos éticos

O estudo caracteriza-se por uma análise quanti-qualitativa, transversal e

exploratória, por meio do levantamento de dados em campo, cujo projeto de

pesquisa foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição

de origem, sob o protocolo de número 024/2006. A coleta de dados teve início após

leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

conforme a Resolução 196/96, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa

(CONEP), por todos os sujeitos da pesquisa.

3.4.2 Sujeitos da pesquisa

Na seqüência, apresenta-se os critérios de inclusão dos sujeitos na pesquisa

foram: sexo feminino, uma vez que há maior número de estudos envolvendo

mulheres (BRUM, 2006; SCHWARZ, 2006) e maior facilidade de obtenção de

voluntários; idades entre 18 e 40 anos, pois considera-se que nessa faixa etária o

aparelho fonador ainda não sofreu a influência das alterações hormonais e

estruturais do envelhecimento (PEDRO et al, 2002), assim como não sofre mais as

alterações do período da muda vocal, que na mulher ocorre entre os 12 e 14 anos

(SANTOS et al., 2007); e adesão ao TCLE.

Já os critérios de exclusão foram: apresentar história pregressa de doenças

neurológicas, psiquiátricas, endocrinológicas (BEHLAU et al., 2001; PINHO, 2003;

KANDAGAN & SEIFERT, 2005) ou gástricas (KELCHNER et al., 2007; OGUZ et al.,

2007a), que poderiam influenciar o desempenho vocal ou a compreensão das

ordens durante as avaliações (PINHO, op. cit.); queixas vocais, como rouquidão,

fadiga vocal, falhas na voz ou ardência na garganta, visto que são sintomas

sugestivos de algum tipo de alteração vocal em nível orgânico ou comportamental

(BEHLAU et al., op. cit.; PINHO, op. cit.), os quais podem interferir nos resultados da

pesquisa; patologias laríngeas, pois distúrbios laríngeos poderiam comprometer os

resultados da investigação (BEHLAU et al., op. cit.; PINHO, op. cit.); alterações

hormonais decorrentes de gravidez ou período menstrual e pré-menstrual

(FIGUEREDO et al., 2004) investigadas através de anamnese aberta; apresentar

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42

gripe, ou quadros de alergias respiratórias (PAES et al., 2005; KANDAGAN &

SEIFERT, 2005), porque ambos podem causar edema nas pregas vocais ou outra

doença que pudesse limitar o desempenho da produção vocal no dia das avaliações;

hábitos de etilismo (BEHLAU et al., 2001; PINHO, 2003) e tabagismo (BEHLAU et

al., op. cit; AWAN & MORROW, 2006; OGUZ et al., 2007a), pois álcool e tabaco são

agressivos à laringe e podem acasionar problemas vocais orgânicos; ter realizado

tratamento fonoaudiológico e/ou otorrinolaringológico prévios, para assim descartar

a possibilidade de que o sujeito tivesse qualquer patologia vocal (mesmo já tratada)

ou um certo condicionamento vocal através de treinamento com técnicas vocais

(BRUM, 2006; SCHWARZ, 2006); alterações auditivas, pois estas podem alterar o

automonitoramento vocal, comprometendo a qualidade da voz (BEHLAU et al., op.

cit.; PINHO, op. cit.); alterações do sistema estomatognático que pudessem interferir

na articulação da fala, comprometendo a voz (BEHLAU et al., op. cit); cantar em

coros, a fim de evitar que o sujeito já tivesse sua voz “trabalhada”. Dessa forma, foram verificadas as medidas acústicas de vozes de 56

mulheres, adultas, sem queixas vocais e com laringe normal, em uma faixa etária de

18 a 38 anos (média de 23 anos).

3.4.3 Procedimentos de amostragem e de coleta de dados

Após assinarem ao TCLE, responderem a um questionário, realizarem

avaliação otorrinolaringológica e passarem por triagem fonoaudiológica, que incluiu

avaliação miofuncional orofacial e avaliação auditiva, foram selecionados para as

avaliações os sujeitos que se enquadravam nos critérios de inclusão, totalizando 56

mulheres adultas.

Na triagem auditiva, optou-se por uma varredura de tons puros nas

freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz a 25 dB, somente pela via aérea

(BARRETT, 1999).

Os voluntários que apresentaram alteração em alguma das avaliações foram

descartados da pesquisa e encaminhados para avaliações mais completas. Aqueles

que se encaixaram nos critérios de inclusão e exclusão iniciaram a coleta de dados.

Inicialmente, foi colhida a emissão sustentada da vogal /a/, pedindo-se ao

sujeito que ficasse em pé, com os braços estendidos ao longo do corpo. O microfone

acoplado ao gravador digital da marca Creative Labs, modelo MuVo Tx FM, foi

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43

posicionado em ângulo de 90° graus da boca do sujeito, mantendo-se a distância de

4 cm entre o microfone e a boca (BEHLAU et al., 2001; DELIYSKI, EVANS & SHAW,

2005; DELIYSKI, SHAW & EVANS, 2005; VIEIRA & ROSA, 2006). Foi solicitada a

realização da emissão sustentada, em freqüência e intensidade habituais, após

inspiração profunda, emitindo o som em tempo máximo de fonação, sem uso de ar

de reserva expiratória.

Para a análise acústica da voz foram extraídos os 3,5 segundos iniciais da

emissão da vogal /a/, sendo excluído o início da emissão para que o ataque vocal

não interferisse na análise dos dados (BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, 2002;

ANDRADE, 2003; OGUZ et al., 2007 b).

As medidas, obtidas por meio do software Praa (versão 4.6.10) (BOERSMA &

WEENICK, 2006), utilizado com sucesso em diversos estudos na área de voz

(GONZALES, CERVERA & LLAU, 2003; AS-BROKS et al., 2005; DELIYSKI, SHAW

& EVANS, 2005; DELIYSKI, EVANS & SHAW, 2005; MOURA et al, 2006; CHEANG

& PELL, 2006; MUNDT et. al., 2007; OGUZ et al., 2007a; OGUZ et al., 2007b;

DROMEY & SMITH, 2007; VERTIGAN et al., 2007) (versão 4.6.10) foram:

Freqüência fundamental (f0); Freqüência mínima; Freqüência máxima; Jitter (local);

Jitter (local, absoluto); Jitter (rap); Jitter (ppq5); Jitter (ddp); Shimmer (local);

Shimmer (local, dB); Shimmer (apq3); Shimmer (apq5); Shimmer (apq11);

Shimmer (ddp); Proporção ruído-harmônico (NHR); e Proporção harmônico-ruído

(HNR). Tais medidas englobam todas as oferecidas pelo programa, sendo

importantes na análise pelo fato de fornecerem subsídios sobre os níveis de

aperiodicidade, de estabilidade, de ruído, e de freqüência do sinal vocal.

Os valores de 150 a 250 Hz para a f0 feminina, propostos por Behlau, Tosi e

Pontes (1985), foram considerados, neste estudo, por englobarem a média e/ou a

faixa de freqüência de normalidade encontrados por vários estudos posteriores

(ARAÚJO et al., 2002; ANDRADE, op. cit.; SANTOS, 2005; SIQUEIRA & MORAES,

2005; BRUM, 2006; SCHWARZ, 2006; FELIPPE, GRILLO & GRECHI, 2006) (Tabela

3.1).

Em algumas das demais medidas do programa Praat, Boersma e Weenick

(2006) propõem uma analogia aos valores considerados normais pelo Programa

Multi-Dimensional Voice (MDVP) da Kay Elemetrics (Tabela 3.2).

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44

Tabela 3.1 – Valores de normalidade para f0 feminina

Estudo Faixa de normalidade (Hz) Média (Hz)

Behlau, Tosi e Pontes (1985) 150 a 250 -

Araújo et al. (2002) - 215,42

Andrade (2003) 172,44 a 286,48 209,61

Guimarães e Abberton (2005) 199 a 215 -

Santos (2005) - 208,9

Siqueira e Moraes (2005) 208,99 a 220,57 214,78

Brum (2006) 190 a 225 -

Felippe, Grillo e Grechi (2006) - 207

Schwarz (2006) 168,55 a 246,62 203,49

Tabela 3.2 – Analogia entre valores de normalidade Praat x MDVP para vozes femininas

Medida Praat Medida MDVP equivalente

Normalidade MDVP

Desvio-padrão

Tresh MDVP

Jitter local (%) Jitt 0,633 0,351 <1,040

Jitter local,

absoluto (µs)

Jitta 26,927 16,654 < 83,200

Jitter rap (%) Jitter rap 0,378 0,214 < 0,680

Jitter ppq5 (%) Jitter (PPQ) 0,366 0,205 < 0,840

Jitter ddp (%) Original do Praat - - -

Shimmer local (%) Shim 1,997 0,791 < 3,810

Shimmer local dB

(dB)

ShdB 0,176 0,071 < 0,350

Shimmer apq3 (%) Original do Praat - - -

Shimmer apq5 (%) Original do Praat - - -

Shimmer apq11

(%)

APQ 1,997 0,527 < 3,070

Shimmer dda (%) Original do Praat - - -

NHR NHR 0,112 0,009 < 0,190

HNR (dB) Original do Praat - - -

Os dados foram analisados estatisticamente, por meio da estatística descritiva

e a normalidade dos resultados foi avaliada pelo teste Shapiro-Wilk, ao nível de

significância de 5% (p> 0,05), fornecendo uma curva da distribuição dos resultados

(Figuras 3.1, 3.2, 3.3, 3.4, e 3.5).

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45

3.5 Resultados

A avaliação vocal acústica dos 52 sujeitos avaliados mostrou, conforme a

tabela 3.3, os seguintes resultados: a média da f0 foi de 210,92 Hz, sendo o valor

mínimo encontrado 164,60 Hz e o máximo 268,94 Hz, média do desvio-padrão da f0

foi de 20,17 Hz.

Os valores Jitter foram: Jitter (local) 0,426%, 0,032%, 0,972% (média, mínimo,

máximo); Jitter (local, absoluto) 20,647µs, 8,568 µs, 41,85 µs (média, mínimo,

máximo); Jitter (rap) 0,256%, 0,106%, 0,585% (média, mínimo, máximo); Jitter

(ppq5) 0,251%, 0,012%, 0,553% (média, mínimo, máximo); Jitter (ddp) 0,753%,

0,062%, 1,754% (média, mínimo, máximo).

As medidas de Shimmer foram: shimmer (local) 2,964%, 1,393%, 4,861%

(média, mínimo, máximo); Shimmer (local, dB) 0,268 dB, 0,122 dB, 0,692 dB (média,

mínimo, máximo); Shimmer (apq3) 1,789%, 0,760%, 2,763% (média, mínimo,

máximo); Shimmer (apq5) 2,109%, 0,890%, 4,977% (média, mínimo, máximo);

Shimmer (apq11) 2,753%, 1,060%, 5,981% (média, mínimo, máximo); Shimmer

(ddp) 5,063%, 2,281%, 9,089% (média, mínimo, máximo).

As medidas de ruído foram NHR 0,040, 0,002, 0,996 (média, mínimo,

máximo); e HNR 19,332, 12,64, 26,51 (média, mínimo, máximo).

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46

Tabela 3.3 – Resultados da análise vocal acústica de mulheres sem queixas vocais e com laringe

normal

Variável < valor > valor Média DP SW-W p Normal Tresh

f0 (Hz)* 164,60 268,94 210,92 20,17 0,9703 0,1812 - -

Freqüência mínima (Hz)

95,53 259,33 199,10 30,49 0,08416 0,0003 - -

Freqüência máxima (Hz)

145,17 273,86 214,99 22,20 0,957812 0,0481 - -

Jitter local (%)*

0,032 0,972 0,426 0,148 0,959001 0,0546 0,633 <1,040

Jitter local,

absoluto (µs)*

8,568 41,85 20,647 6,978 0,963804 0,0910 26,927 <

83,200

Jitter rap (%) 0,106 0,585 0,256 0,088 0,946248 0,0145 0,378 < 0,680

Jitter ppq5 (%)*

0,012 0,553 0,251 0,086 0,963 0,0831 0,366 < 0,840

Jitter ddp (%)*

0,062 1,754 0,753 0,275 0,9644 0,0965 - -

Shimmer local (%)

1,393 4,861 2,964 2,199 0,903555 0,0003 1,997 < 3,810

Shimmer local dB (dB)

0,122 0,692 0,268 0,197 0,8961 0,0002 0,176 < 0,350

Shimmer apq3 (%)

0,760 2,763 1,789 1,068 0,922022 0,0014 - -

Shimmer apq5 (%)

0,890 4,977 2,109 1,488 0,906422 0,0004 - -

Shimmer apq11 (%)

1,060 5,981 2,753 2,170 0,897392 0,0002 1,997 < 3,070

Shimmer dda (%)

2,281 9,089 5,063 3,210 0,92163 0,0014 - -

NHR 0,002 0,996 0,040 0,135 0,231068 0,0001 0,112 < 0,190

HNR dB 12,64 26,51 19,332 3,688 0,944217 0,0118 - -

* Variáveis que assumiram distribuição normal - Teste Shapiro-Wilk

As variáveis f0; Jitter (local); Jitter (local, absoluto); Jitter (ppq5); Jitter (ddp)

assumiram a distribuição normal para o grupo estudado, ou seja, seguiram um

padrão-base de normalidade. Como ilustram as figuras 3.1, 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5.

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150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270 280

fo

0

2

4

6

8

10

12

14

16

No d

e ob

s.

Figura 3.1 – Distribuição normal da freqüência fundamental

-0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Jitter (local)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

No d

e ob

s.

Figura 3.2 – Distribuição normal do Jitter (local)

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48

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

Jitter (local, absoluto)

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

No d

e ob

s.

Figura 3.3 – Distribuição normal do Jitter (local, absoluto)

-0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7

Jitter ppq5

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

No d

e ob

s.

Figura 3.4 – Distribuição normal do Jitter (ppq5)

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49

-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0

Jitter ddp

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

No d

e ob

s.

Figura 3.5 – Distribuição normal do Jitter (ddp)

3.6 Discussão

A análise acústica, em função do grande avanço tecnológico dos últimos

anos, está mais difundida entre os fonoaudiólogos, porém, a utilização de diferentes

softwares e suas variadas formas de extração das medidas ainda dificultam a

comparação entre os dados de diferentes pesquisas (SANTOS, 2005; SIQUEIRA &

MORAES, 2005).

Frente à verificação da escassez de publicações, na literatura nacional, que

utilizam o software Praat (LIMA et al., 2007), usado neste estudo para a análise

acústica de voz, optou-se por discutir conceitualmente os resultados com base em

pesquisas existentes sobre o assunto, mesmo que com softwares diferentes.

Diversos estudos publicados na literatura internacional sobre diversas

patologias vocais têm mostrado a funcionalidade do software Praat em diferenciar

vozes patológicas daquelas sem alterações (OGUZ et al., 2007a). Por ser um

software gratuito e de fácil utilização, tem sido utilizado em pesquisas científicas na

área de voz e fala em todo o mundo (GONZALES, CERVERA & LLAU, 2003; AS-

BROKS et al., 2005; DELIYSKI, SHAW & EVANS, 2005; DELIYSKI, EVANS &

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50

SHAW, 2005; MOURA et al, 2006; CHEANG & PELL, 2006; MUNDT et. al., 2007;

OGUZ et al., 2007a; OGUZ et al., 2007b; DROMEY & SMITH, 2007; VERTIGAN et

al., 2007). Ele possibilita, em sua página na web, a discussão entre os seus usuários

e o esclarecimento de dúvidas junto aos criadores do programa.

O estabelecimento de padrões de base da normalidade é importante para

guiar o fonoaudiólogo em relação às vozes normais, visto que, além da variação

entre as medidas obtidas por meio de diferentes softwares, existe grande

variabilidade entre as vozes normais. Possivelmente, esse fato se deva ao grande

número de diferenças individuais, uma vez que a voz é uma característica pessoal,

não existindo uma perfeitamente igual à outra (SANTOS, 2005; ARAÚJO et al.,

2002). A produção da voz depende, também, do adequado funcionamento dos

sistemas respiratório, cardiovascular, musculoesqueletal, neurológico e psicossocial

do indivíduo (KANDAGAN & SEIFERT, 2005).

A f0 é uma das medidas mais utilizadas pelos clínicos para caracterizar a voz

humana, pois fornece indícios sobre aspectos como idade, sexo e altura do indivíduo

(GUIMARÃES & ABBERTON, 2005; SANTOS, op. cit.). A f0 corresponde ao número

de ciclos glóticos realizados por segundo, estando relacionada a mecanismos como

o comprimento, a massa e a tensão das pregas vocais. Portanto, quanto mais as

pregas vocais forem alongadas, mais rápido se realizarão os ciclos glóticos e mais

aguda será a freqüência produzida (BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, 2002).

Essa medida também está associada a diferentes fatores que podem determinar sua

variação, como diferentes tarefas de fala (vogais sustentadas, leitura, conversação,

canto); diferentes línguas e dialetos; hábito de tabagismo; stress; disfonia; formas de

análise (GUIMARÃES & ABBERTON, op. cit.).

As medidas de f0 deste estudo (Tabela 3.3 - Figura 3.1) seguiram distribuição

normal, com forte concentração em torno dos valores de 210 e 220 Hz, mostrando

faixa de variação e valores médios que estão de acordo com aqueles propostos por

Behlau, Tosi e Pontes (1985), variação de 150 a 250 Hz, considerados referência

para f0 feminina no Brasil.

Vão ao encontro, também, do valor médio da f0 de 203, 49 Hz, da faixa de

168,55 a 246,62 Hz, encontrados por Schwarz (2006), e da variação de f0 de 190 a

225 Hz, obtida por Brum (2006), em pesquisas realizadas com mulheres, sem

alterações vocais e com laringe normal, por meio do Programa Multi-Dimensional

Voice (MDVP), da Kay Elemetrics.

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51

Essa tendência se mantém na pesquisa de Andrade (2003), realizada com 77

mulheres, por meio do software Análise de Voz, versão 2.0 da DSP Instrumentos

Ltda, que mostrou valores médios de f0 de 209,61 Hz e variação de 172,44 a 286,48

Hz. Santos (2005), a fim de comparar os valores das medidas vocais acústicas entre

idosos e adultos jovens, analisou as vozes de 38 mulheres jovens, em uma nova

versão do software Análise de Voz, utilizado por Andrade (op. cit.), e encontrou

valores médios de f0 de 208,9 Hz. Felippe, Grillo e Grechi (2006), ao analisarem as

vozes de 20 mulheres, por meio do programa CSL- 4300 Kay-Elemetrics,

encontraram valores médios de f0 de 207 Hz.

A pesquisa de Araújo et al. (2002), com 40 mulheres, que também utilizou o

software Análise da Voz, encontrou f0 média de 215,42 Hz, na produção da vogal /a/.

Siqueira e Moraes (2005), em estudo que analisou 50 vozes femininas, por meio do

software Doctor Speech Sciences (versão 4.0), da Tiger Eletronics, encontraram

valores médios de f0 de 214,78 Hz, o que converge para os resultados dos estudos

citados anteriormente e com os deste trabalho (Tabela 3.3 - Figura 3.1).

Guimarães e Abberton (2005) encontraram medidas de f0 que variaram entre

199 e 215 Hz, por meio de eletroglotografia, realizada durante a emissão sustentada

da vogal /a/ de 82 mulheres portuguesas, falantes nativas do português europeu,

faixa que também se assemelha aos resultados da presente pesquisa (Tabela 3.3 -

Figura 3.1) e aos demais estudos brasileiros já mencionados.

As medidas de perturbação ciclo-a-ciclo avaliam as variações do sinal

acústico, ou seja, estão relacionadas a quanto um determinado período de vibração

glótica se diferencia do outro que o sucede, com relação à freqüência (Jitter) e à

intensidade (Shimmer). É importante destacar que os resultados das medidas de

Jitter e Shimmer dependem dos métodos utilizados por cada programa e podem

variar de acordo com idade, sexo e vogal utilizada, não havendo ainda padronização

para essas medidas (BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, 2002; ANDRADE, op.

cit.; SANTOS, op. cit.).

Vieira e Rosa (2006) sugerem maior confiabilidade das medidas acústicas

que são baseadas em três ou mais ciclos glóticos. Alegam que esse tipo de

estratégia suaviza as perturbações ciclo-a-ciclo, evitando erros na demarcação dos

períodos, tornando as medidas mais fidedignas.

O Jitter, que se refere à perturbação ciclo-a-ciclo da freqüência da voz

(BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, op. cit.; OGUZ et al., 2007a), é uma medida

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objetiva e repetível, que avalia pequenas irregularidades dos pulsos glóticos,

refletindo a rouquidão da voz (KANDAGAN & SEIFERT, 2005) ou o ruído da voz.

As medidas de Jitter (local) (Figura 3.2), que é a diferença absoluta média

entre períodos consecutivos dividido pelo período médio; de Jitter (local, absoluto)

(Figura 3.3), que consiste na diferença média absoluta entre períodos consecutivos;

de Jitter (ppq5) (Figura 3.4), que é a diferença absoluta média entre um período e a

média dele e seus quatro vizinhos mais próximos dividido pelo período médio; e de

Jitter (ddp) (Figura 3.5), como diferença absoluta média entre diferenças

consecutivas entre os períodos consecutivos dividido pelo período médio

(BOERSMA & WEENICK, 2006); seguiram uma distribuição normal neste estudo

(Tabela 3.3).

No estudo de Schwarz (2006), realizado por meio do MDVP, da Kay

Elemetrics, resultados passíveis de analogia com o Praat (DELIYSKI, SHAW &

EVANS, 2005; BOERSMA & WEENICK, op. cit.); foi encontrado valor médio de Jitter

(PPQ) de 0,56%, com faixa de variação de 0,25 a 1%. Esse resultado vai ao

encontro dos encontrados por Brum (2006), que também utilizou o MDVP para a

análise e encontrou uma variação de 0,33 a 1,5%. Os resultados obtidos nesses

estudos concordam com a faixa de valores encontrada no presente trabalho (Tabela

3.3 - Figura 3.1), em que se observou forte concentração de valores entre 0,1 e

0,4%.

Oguz et al. (2007b) encontraram valores médios de Jitter (local) de 0,3%; de

Jitter (local, absoluto) de 1,227µs; e de Jitter (ppq5) de 0,17%, por meio do software

Praat, em mulheres turcas sem alterações vocais, valores que estão de acordo com

a faixa de variação encontrada neste estudo (Tabela 3.3 - Figura 3.2 - Figura 3.3 -

Figura 3.4 - Figura 3.5). Tendência que segue em outra pesquisa que também

utilizou o Praat, porém, avaliou homens e mulheres, na Turquia, e em que os valores

médios encontrados foram: Jitter (local), 0,29%; Jitter (local, absoluto), 17,172µs; e

Jitter (ppq5), 0,17% (OGUZ et al.; 2007a).

No presente estudo, encontraram-se valores fortemente concentrados entre

0,4 e 1% nas medidas de Jitter (ddp) (Figura 3.5), contudo, não foram encontrados

relatos de extração desta medida em vozes de mulheres sem alterações vocais, que

possibilitassem a discussão com os resultados deste estudo.

Dentre as medidas de Jitter, apenas o Jitter (rap), que consiste na diferença

absoluta média entre um período e a sua média, mais a de seus dois vizinhos,

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dividido pelo período médio (BOERSMA & WEENICK, 2006), não seguiu distribuição

normal (Tabela 3.3) neste estudo. Oguz et al. (2007b) encontraram medidas de Jitter

(rap) médias de 0,17%. Esses valores médios estão dentro da faixa de variação

encontrada no presente estudo (Tabela 3.3), o que converge para os valores de

Jitter (rap) de 0,16%, encontrados por Oguz et al. (2007a).

Siqueira e Moraes (2005) obtiveram, por meio do software Doctor Speech

Sciences (versão 4.0), valores de Jitter de 0,36%, com variação de 0,33 a 0,40%,

sendo que os mesmos se encontraram dentro da faixa de normalidade sugerida pelo

programa (valores iguais ou inferiores a 0,5%). Os autores relatam ainda que, no

programa Doctor Speech, utiliza-se o Jitter relativo, que é expresso em porcentagem

em relação à f0 média. Porém, não há relatos de que tais valores sejam passíveis de

comparação com os resultados provenientes do Praat.

Fellipe, Grillo e Grechi (2006) encontraram valores de Jitter de 0,624%, após

a análise acústica das vozes de 20 mulheres sem sintomas e problemas de voz,

através do programa CSL- 4300 da Kay-Elemetrics. Sabe-se que há diferentes

formas de extração de Jitter, como Jitter absoluto, Jitter relativo, RAP (relative

average pertubation), PPQ (pitch perturbation quotient), dentre outras (BARROS &

CARRARA-DE ANGELIS, 2002). Todavia, os autores não especificam a forma de

extração desses valores, o que dificulta a comparação com a presente pesquisa

(Tabela 3.3), uma vez que várias das medidas de Jitter do Praat, compatíveis com

as do MDVP da Kay Elemetrics, também apresentam % como unidade.

As medidas de Shimmer do presente estudo não seguiram uma distribuição

normal (Tabela 3.3). Elas refletem a perturbação da amplitude ciclo-a-ciclo e seu

aumento está relacionado à diminuição ou inconsistência do coeficiente de contato

das pregas vocais. Além disso, podem ser relacionadas à presença de soprosidade

na voz (OGUZ et al.; 2007a) ou ao ruído como um todo.

O Shimmer (local, dB) é a média absoluta (log10) da diferença entre as

amplitudes de períodos consecutivos, multiplicada por 20; o Shimmer (local) é a

diferença da média absoluta entre as amplitudes de períodos consecutivos, dividida

pela média da amplitude geral; o Shimmer (apq3) é a diferença absoluta média entre

a amplitude de um período e a média das amplitudes de seus vizinhos, dividida pela

amplitude média; o Shimmer (apq5) é a diferença absoluta média entre a amplitude

de um período e a média das amplitudes dele e seus quatro vizinhos mais próximos,

dividida pela amplitude média geral; o Shimmer (apq11) é a diferença absoluta

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média entre a amplitude de um período e a média das amplitudes dele e seus dez

vizinhos mais próximos, dividido pela amplitude média geral; e o Shimmer (dda) é a

diferença absoluta média entre as diferenças consecutivas das amplitudes de

períodos consecutivos.

Os resultados médios de Shimmer (APQ) de 2,46%, com variação de 1,68 a

5,61%, encontrados por Schwarz (2006), são semelhantes aos encontrados neste

estudo (Tabela 3.3), os quais também vão ao encontro daqueles encontrados por

Brum (2006), em que a medida Shimmer (APQ) variou de 1,29 a 2,04%.

Oguz et al. (2007b) encontraram valores médios de Shimmer (local) de 4,42

%; de Shimmer (local, dB) de 0,4 dB; de Shimmer (apq3) de 2,37%; de Shimmer

(apq5) de 2,98%; sendo os resultados de Shimmer (local) e Shimmer (local, dB)

superiores aos valores máximos de normalidade sugeridos pelo programa de

análise. Em relação a esta pesquisa, todos os valores das medidas de Shimmer de

Oguz et al. (op. cit.) foram muito superiores, com exceção do Shimmer (apq11)

(Tabela 3.3).

Essa tendência se repete quando analisados os valores médios de Shimmer,

obtidos em outra pesquisa realizada por Oguz et al. (2007a), em que os resultados

foram: Shimmer (local) 4,54 %; Shimmer (local, dB) 0,4 dB; Shimmer (apq3) 2,59%;

Shimmer (apq5) 2,70%. A medida de Shimmer (apq11) de 0,157%, comparável ao

Shimmer (APQ) das pesquisas de Schwarz (op. cit.) e Brum (op. cit.); bem como nos

resultados do presente estudo (Tabela 3.3), esteviveram dentro da faixa de valores

proposta pelo programa de análise.

Os valores que estiveram fora da faixa de normalidade proposta pelo

programa de análise, os altos valores de desvio-padrão encontrados nas pesquisas

turcas (OGUZ et al, op cit.; OGUZ et al, 2007b), os valores elevados de desvio-

padrão encontrados no presente estudo (Tabela 3.3) e a grande faixa de variação

das medidas de Shimmer encontrada por Schwarz (op. cit) são resultados que vão

ao encontro de Behlau et al. (2001), que consideram o Shimmer uma medida que

necessita de maiores investigações para fornecer dados mais conclusivos, uma vez

que se mostra bastante variável.

As medidas NHR (relação ruído/harmônico) e HNR (relação harmônico/ruído)

são medidas inversamente proporcionais, que avaliam a presença de ruído no sinal

de voz analisado, apresentando relação direta com a qualidade vocal. Portanto,

quanto menor for a NHR e maior for HNR melhor será a qualidade vocal. Essas

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medidas refletem a avaliação geral do ruído no sinal analisado, não são específicas

para ciclos determinados, incluem contribuições tanto das perturbações de

amplitude quanto de freqüência e são medidas para a determinação da percepção

geral de ruído e de rouquidão no sinal vocal (OGUZ et al, 2007b).

No que diz respeito aos valores de HNR, as medidas encontradas neste

estudo (Tabela 3.3) não seguiram distribuição normal, e a faixa de variação

encontrada engloba os valores médios de 24,24 dB, obtidos por Siqueira e Moraes

(2005), por meio do software Doctor Speech, versão 4.0 da Tiger Elemetrics.

Os valores NHR encontrados neste estudo (Tabela 3.3) também não

seguiram distribuição normal, porém, corroboram os resultados encontrados por

Brum (2006), variação de 0,03 a 0,14; e com aqueles encontrados por Schwarz

(2006), média de 0,14, variação de 0,09 a 0,17. Os valores encontrados nessas

pesquisas, bem como aqueles encontrados no presente estudo (Tabela 3.3),

também vão ao encontro dos obtidos por Oguz et al. (2007a), de 0,157, e por Oguz

et al. (2007b), de 0,016.

3.7 Conclusões

Em relação às medidas acústicas de vozes de mulheres adultas jovens com

laringe normal e sem queixas de voz, pôde-se concluir que as medidas de f0

(variação de 164,60 a 268,94 Hz), de Jitter (local) (variação de 0,032 a 0,972%), de

Jitter (local-absoluto) (variação de 8,568 a 41,850 µs), de Jitter (ppq5) (variação de

0,012 a 0,553%), e de Jitter (ddp) (variação de 0,062 a 1,754%) seguiram

distribuição normal, mostrando que são passíveis de serem utilizadas como valores-

base para a interpretação dos resultados de análises vocais acústicas de mulheres

adultas jovens, com ou sem patologia laríngea.

As medidas de Shimmer, NHR e HNR não seguiram distribuição normal.

Contudo, todas essas medidas, com e sem distribuição normal, mostram resultados

semelhantes aos da literatura nacional e internacional, evidenciando diferenças

mínimas entre os programas de análise vocal acústica e entre as diferentes análise

do mesmo programa, o que, ao contrário do esperado, sugere que diferentes

populações poderiam ser avaliadas por diferentes programas, com resultados

semelhantes quanto às mesmas medidas ou equivalentes.

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3.8 Referências Bibliográficas

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4 ARTIGO DE PESQUISA

MODIFICAÇÕES VOCAIS ACÚSTICAS PRODUZIDAS PELA

FONAÇÃO REVERSA

ACOUSTIC VOCAL MODIFICATIONS PRODUCED BY REVERSE

PHONATION 4.1 Resumo Objetivo: descrever as modificações vocais acústicas e as sensações ocorridas após

a técnica vocal de fonação reversa em mulheres adultas jovens, sem queixas vocais

e com laringe normal. Método: 32 mulheres adultas jovens submeteram-se à

avaliação otorrinolaringológica e triagem fonoaudiológica para descartar possíveis

alterações que pudessem interferir nos resultados da pesquisa; tiveram amostras

vocais coletadas antes e após realizarem três séries de 15 repetições de fonação

reversa, em tempo máximo de fonação com tom e intensidade habituais, e 30

segundos de repouso passivo entre cada série. Após, responderam a um

questionário referente às sensações percebidas. A análise vocal acústica foi

realizada através do software Praat (versão 4.6.10) e os dados analisados por meio

da estatística descritiva e pelo teste de Wilcoxon, com nível de significância de 5%.

Resultados: aumento estatisticamente significativo da freqüência fundamental e da

freqüência máxima; diminuição da freqüência mínima; aumento das medidas de

Jitter, exceto da medida de Jitter local-absoluto que diminuiu; diminuição das

medidas de Shimmer, relação ruído/harmônico (NHR) e relação harmônico/ruído

(HNR); e predomínio das sensações positivas. Conclusão: a fonação reversa

pareceu promover efeito positivo sobre a vibração da mucosa das pregas vocais e

sobre o seu alongamento. Sugere efeito sobre a musculatura, favorecendo

mudanças de freqüência fundamental; e sobre sua homogeneização e modificação

da camada de muco. Além disso, promoveu melhora global do sinal vocal e das

sensações durante sua produção.

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Palavras-chave: fonação, voz, treinamento da voz, qualidade da voz, distúrbios da

voz.

4.2 Abstract Aim: describe the acoustic vocal modifications and the sensations occurred after the

reverse phonation in young adult female without vocal complaints and with normal

larynx. Method: 32 young adult women accomplished otolaryngologic and speech

and language therapy screening to discard possible alterations that could intervene

with the results of do the research; were collected the productions of /a/ vowel before

and after to do three series of 15 repetitions of, in maximum time of phonation with

habitual tone and intensity, and 30 seconds of passive rest among each series. After,

they have answered the questionnaire about the felt sensations. The vocal acoustics

analysis was done through Praat software (version 4.6.10) and the data analyzed by

means of the descriptive statistics and for the test of Wilcoxon, with level of

significance of 5%. Results: statistically significant increase of the fundamental

frequency and of the maximum frequency; reduction of the minimum frequency;

increase of the measures of Jitter, except of the Jitter (local-absolute) that

diminished; reduction of the measures of Shimmer, noise to harmonic ratio, and

harmonic to noise ratio; e predominance of the positive sensations. Conclusion: the

promoted positive effect on the vibration of the mucous of the vocal folds and on their

stretching, showing effect on the vocal muscles, favoring changes of fundamental

frequency, homogenization of the mucous and modification of the layer of mucus,

with global improvement of the vocal signal and the sensations during its production.

Key words: phonation, voice, voice training, voice quality, voice disorders.

4.3 Introdução

A fonação reversa, inicialmente descrita por Powers, Holtz e Ogura (1964), é

a produção vocal que ocorre durante a inspiração. Acontece espontaneamente em

diversas situações, como no riso, no choro e no suspiro (GRAU, ROBB & CACACE,

1995). Surge da pressão gerada acima do nível da glote, através da entrada

turbulenta de ar, aduzindo as verdadeiras pregas vocais. Durante essa manobra,

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ocorre o relaxamento dos ventrículos, a ampliação do vestíbulo laríngico e a adução

glótica em toda a extensão (LEHMANN, 1965; HARISSON et al., 1992; COLTON &

CASPER, 1996; ORLIKOFF, BAKEN & KRAUS, 1997; VASCONCELOS, 2001;

FINGER, 2006; FINGER & CIELO, 2007), alongando as pregas vocais (HARISSON

et al., op. cit.; FINGER, op. cit.; FINGER & CIELO, op. cit.).

Na literatura mundial, sobretudo na nacional, são poucos os relatos de

estudos que descrevem as modificações vocais decorrentes das técnicas vocais, em

especial, pesquisas que propiciem maior entendimento das modificações vocais

produzidas pela fonação reversa (KELLY & FISHER, 1999; BALATA, 2000; LOPES,

BEHLAU & BRASIL, 2000).

O presente estudo visa a descrever as modificações vocais acústicas

ocorridas após a produção da técnica vocal de fonação reversa em mulheres adultas

sem queixas vocais e com laringe normal; averiguar as sensações percebidas pelos

sujeitos após a produção da técnica; e verificar a existência de possíveis correlações

entre os tipos de modificações vocais encontradas.

4.4 Metodologia 4.4.1 Caracterização da pesquisa e aspectos éticos

A pesquisa caracteriza-se por ser uma investigação de campo, exploratória,

de cunho quantitativo e qualitativo, cujo projeto de pesquisa foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem, sob o número 024/2006. A

população-alvo recebeu os esclarecimentos necessários sobre o estudo e foi

convidada a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

como recomenda a norma 196/96 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa –

CONEP/1996.

4.4.2 Sujeitos da pesquisa

Os critérios de inclusão dos sujeitos na pesquisa foram: adesão ao TCLE;

sexo feminino, pelo maior número de estudos envolvendo mulheres (KELLY &

FISHER, op. cit.) e maior facilidade de captação de voluntários, uma vez que as

mulheres estão mais engajadas às práticas de atenção à saúde (AQUINO,

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62

MENEZES & OMEDO, 1992; OLIVEIRA & BASTOS, 2000); idades entre 18 e 40

anos, pois se acredita que nessa faixa etária o aparelho fonador ainda não sofreu a

influência das alterações hormonais e estruturais do envelhecimento (PEDRO et al,

2002), como também não sofre mais as alterações do período da muda vocal, que

na mulher ocorre entre os 12 e 14 anos (SANTOS et al., 2007).

Os critérios de exclusão foram: queixas vocais, como rouquidão, fadiga vocal,

falhas na voz ou ardência na garganta, visto que estes são sintomas sugestivos de

algum tipo de alteração vocal orgânica ou comportamental (COLTON & CASPER,

1996; BEHLAU et al., 2001; PINHO, 2003), podendo interferir nos resultados da

pesquisa; patologias laríngeas, pois distúrbios no nível laríngeo poderiam

comprometer os resultados da avaliação (COLTON & CASPER, op. cit.; BEHLAU et

al., op. cit.; PINHO, op. cit.); apresentar história pregressa de doenças neurológicas,

endocrinológicas, psiquiátricas (BEHLAU et al., op. cit.; PINHO, op. cit.; KANDAGAN

& SEIFERT, 2005) ou gástricas (KELCHNER et al., 2007), que poderiam influenciar

na performance vocal ou no entendimento das ordens durante as avaliações

(COLTON & CASPER, op. cit.; PINHO, op. cit); alterações hormonais decorrentes de

gravidez ou período menstrual e pré-menstrual, coletadas através de anamnese

aberta (FIGUEREDO et al., 2004); estar com gripe e/ou alergias respiratórias (PAES

et al., 2005; KANDAGAN & SEIFERT, 2005), porque ambos podem causar edema

nas pregas vocais, ou outra doença que pudesse limitar o desempenho na execução

da técnica de fonação reversa, no dia das avaliações; hábitos de etilismo (BEHLAU

et al., op. cit.; PINHO, op. cit.) e tabagismo (BEHLAU et al., op. cit; AWAN &

MORROW, 2006), já que esses agentes são agressivos à laringe e podem originar

problemas vocais orgânicos; ter realizado tratamento fonoaudiológico e/ou

otorrinolaringológico prévios, para descartar a possibilidade de que o sujeito tivesse

qualquer patologia vocal (mesmo já tratada) ou um condicionamento vocal através

de treinamento com técnicas vocais; conhecimento da técnica vocal estudada;

alterações auditivas, pois elas podem modificar o automonitoramento da voz,

comprometendo a qualidade vocal (BEHLAU et al., op. cit ; PINHO, op. cit.);

alterações do sistema estomatognático que pudessem interferir na articulação da

fala, comprometendo a voz (COLTON & CASPER, op. cit.; BEHLAU et al., op. cit.;

KANDAGAN & SEIFERT, op. cit.); não habilidade de realização da técnica de

fonação reversa com sucesso; cantar em coros, a fim de evitar que o sujeito já

possuísse noções de técnicas vocais ou tivesse sua voz “trabalhada”.

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Dessa forma, foram verificadas as modificações vocais, ocorridas após a

produção da fonação reversa, em 32 mulheres, com a média de 20,56 anos,

voluntárias, adultas, brasileiras, sem queixas vocais e/ou presença de patologias

laríngeas.

4.4.3 Procedimentos de amostragem e de coleta de dados

Após a aplicação do TCLE, que garante os aspectos bioéticos da pesquisa,

foram realizadas algumas avaliações com o objetivo de descartar possíveis

alterações que pudessem interferir nos resultados da pesquisa, conforme os critérios

de inclusão e de exclusão dos sujeitos. Inicialmente, os participantes responderam a

um questionário. Depois, foi realizada uma avaliação otorrinolaringológica, por meio

de laringoscopia indireta, com o objetivo de descartar patologias laríngeas. Foram

realizados ainda, exame orofacial e avaliação audiométrica, por meio de varredura

de tons puros nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000, 4000, 6000 e 8000 Hz, a 25

dB, somente pela via aérea, em cabine acusticamente tratada, com audiômetro

modelo Fonix FA 12 Digital, conforme Barrett (1999).

Os voluntários que apresentaram alteração em alguma das avaliações foram

descartados da pesquisa e encaminhados para avaliações mais completas. Aqueles

que se encaixaram nos critérios de inclusão iniciaram a coleta de dados.

Inicialmente, foi colhida a emissão sustentada da vogal /a/, pedindo-se ao sujeito

que ficasse em pé, com os braços estendidos ao longo do corpo. O microfone,

acoplado ao gravador digital da marca Creative Labs, modelo MuVo Tx FM, foi

posicionado em ângulo de 90° graus da boca do sujeito, mantendo-se a distância de

4 cm entre o microfone e a boca (BEHLAU et al., 2001; DELIYSKI, EVANS & SHAW,

2005; DELIYSKI, SHAW & EVANS, 2005; VIEIRA & ROSA, 2006). Foi solicitada a

realização da emissão sustentada, em freqüência e intensidade habituais, após

inspiração profunda, emitindo o som em tempo máximo de fonação (TMF), sem uso

de ar de reserva expiratória.

Em um segundo momento, os participantes foram orientados a produzir três

séries, com 15 repetições cada (SAXON & SCHNEIDER, 1995), de fonação reversa

com inspirações nasais. Foram orientados a esvaziar os pulmões e realizar a

emissão “ihn” durante a inspiração nasal (KELLY & FISHER, 1999). Todas as

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produções foram acompanhadas, realizando-se as correções necessárias para que

todos os indivíduos realizassem a técnica corretamente e de forma similar.

A técnica foi executada com o indivíduo sentado de forma confortável, sem

deslocamento cervical, com os pés apoiados no chão, coluna ereta, mantendo o

ritmo constante entre um exercício e outro. Após cada série de 15 repetições, houve

um repouso passivo de 30 segundos (SAXON & SCHNEIDER,1995), durante o qual

os sujeitos permaneceram em silêncio absoluto. Durante a realização da técnica, os

indivíduos puderam ingerir água, em função do elevado aumento de fluxo aéreo

naso-faríngeo que ocorre durante a execução da fonação reversa nasal. A ingestão

de água não foi considerada uma variável interveniente nos resultados devido ao

fato de ela não penetrar diretamente na laringe.

Após a realização das séries da técnica, os participantes tiveram a vogal /a/

colhida nas mesmas condições pré-técnica e responderam a um questionário

fechado referente às sensações desagradáveis percebidas, como tontura,

desconforto laríngeo, diminuição do TMF (tempo mais “curto” ou mais “comprido” do

/a/), dentre outras. Também relataram as sensações positivas decorrentes da

execução da técnica, como voz mais solta, sendo que a sensação de pigarro foi

considerada positiva, em função de evidenciar a liberação do muco que recobre a

mucosa do trato vocal.

Esta foi considerada uma sensação positiva, embora saiba-se que o pigarro

também está relacionado ao excesso de esforço e tensão na realização de técnicas

vocais, e, nesta pesquisa, também ao possível ressecamento causado pela fonação

reversa. Como as sensações de esforço, cansaço, ressecamento, e tensão foram

pouco referidas pelos sujeitos, após a realização da fonação reversa, considerou-se

que o pigarro, neste contexto, sugere melhora da lubrificação e, portanto, sensação

positiva.

Para a análise acústica da voz, foram extraídos os 3,5 segundos iniciais da

emissão da vogal /a/, sendo excluído o início da emissão para que o ataque vocal

não interferisse na análise dos dados (BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, 2002).

As medidas, obtidas através do software Praat (versão 4.6.10) (BOERSMA &

WEENICK, 2006), utilizado em diversos estudos (GONZALES, CERVERA & LLAU,

2003; AS-BROKS et al., 2005; DELIYSKI, SHAW & EVANS, 2005; DELIYSKI,

EVANS & SHAW, 2005; MOURA et al, 2006; CHEANG & PELL, 2006; MUNDT et.

al., 2007; OGUZ et al., 2007 (a); OGUZ et al., 2007 (b); DROMEY & SMITH, 2007;

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VERTIGAN et al., 2007), foram: Freqüência fundamental (f0); Freqüência mínima;

Freqüência máxima; Jitter (local); Jitter (local, absoluto); Jitter (rap); Jitter (ppq5);

Jitter (ddp); Shimmer (local); Shimmer (local, dB); Shimmer (apq3); Shimmer (apq5);

Shimmer (apq11); Shimmer (dda); Relação ruído/harmônico (NHR); Relação

harmônico/ruído (HNR). Tais medidas englobam todas as oferecidas pelo programa,

sendo importantes na análise pelo fato de fornecerem subsídios sobre os níveis de

aperiodicidade, de estabilidade, de ruído, e de freqüência do sinal vocal.

Os valores de 150 a 250 Hz para f0, propostos por Behlau, Tosi e Pontes,

(1985) foram considerados, neste estudo, por englobarem os resultados de

normalidade encontrados por vários estudos posteriores (ARAÚJO et al., 2002;

ANDRADE, 2003; SCHWARZ, 2006; SANTOS, 2005; BRUM, 2006; SIQUEIRA &

MORAES, 2005; FELIPPE, GRILLO & GRECHI, 2006).

Em algumas das demais medidas, Boersma e Weenick (op. cit.) propõem

uma analogia aos valores considerados normais pelo Programa Multi-Dimensional

Voice (MDVP) da Kay Elemetrics (Tabela 4.1).

Tabela 4.1 – Analogia entre valores de normalidade Praat x MDVP para vozes femininas

Medida Praat Medida MDVP equivalente

Normalidade MDVP (mulheres)

Tresh MDVP

Jitter local (%) Jitt <1,040

Jitter local, absoluto

(µs)

Jitta <83,200

Jitter rap (%) Jitter rap <0,680

Jitter ppq5 (%) Jitter (PPQ) 0,36 <0,840

Jitter ddp (%) Original do Praat - -

Shimmer local (%) Shim <3,810

Shimmer local dB (dB) ShdB <0,350

Shimmer apq3 (%) Original do Praat - -

Shimmer apq5 (%) Original do Praat - -

Shimmer apq11 (%) APQ 1,39 <3,070

Shimmer dda (%) Original do Praat - -

NHR NHR 0,11 <0,190

HNR (dB) Original do Praat - -

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Os dados foram analisados estatisticamente, por meio da estatística

descritiva, e foi aplicado o teste não paramétrico de Wilcoxon, utilizado para

comparar as produções pré e pós-fonação reversa, a um nível de significância de

5%.

4.5 Resultados

Apresentaram-se como voluntários 48 sujeitos, dos quais 16 não passaram

pelos critérios de inclusão e de exclusão da pesquisa. Foram excluídos: cinco

indivíduos na aplicação do questionário, dois por serem fumantes e três por terem

distúrbios alérgicos; oito por não terem disponibilidade em realizar a avaliação ORL;

um por ter mais de 40 anos; dois por serem menores de 18 anos. Encaixaram-se

nos critérios de inclusão 32 indivíduos, voluntários, do sexo feminino, com idades

entre 18 e 39 anos e média de 20,56 anos.

Os resultados da avaliação acústica vocal, ilustrados na Tabela 4.2,

mostraram aumento estatisticamente significativo da f0 (aumento médio de 8,65 Hz)

e da freqüência máxima (aumento médio de 13,51 Hz).

Observou-se aumento das medidas de Jitter (local) (média de 0,018%), de

Jitter (rap) (média de 0,008%), de Jitter (ppq5) (média de 0,017%), e de Jitter (ddp)

(média de 0,052%).

Constatou-se diminuição, embora não estatisticamente significativa das

medidas de freqüência mínima (média de 0,84Hz), de Jitter (local-absoluto) (média

de 0,173 (µs)), de Shimmer (local) (média de 0,08%), de Shimmer (local, dB) (média

de - 0,005 dB), de Shimmer (apq3) (média de - 0,006%), de Shimmer (apq5) (média

de - 0,071%), de Shimmer (apq11) (média de - 0,185%), de Shimmer (dda) (média

de - 0,185%), da Relação ruído/harmônico (NHR) (média de - 0,01), e da Relação

harmônico/ruído (HNR) (média de - 0,349).

No que diz respeito às sensações proprioceptivas, apresentadas no gráfico

4.1, 31 sujeitos (96,88%) referiram voz mais solta e melhora para falar; 29 (90,63%),

melhor projeção da voz; 7 (21,88%), sensação de secreção na garganta; 6 (18,75%),

vontade de pigarrear; 2 (6,25%), sensação desagradável, ressecamento; e 1

(3,13%) redução do TMF.

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Tabela 4.2 – Resultado da análise acústica, por meio do software Praat, pré e pós-fonação reversa

Variável Pré (Média)

Desvio-padrão

Pós (Média)

Desvio-padrão

Valor de p

Variação (Média)

Pré e Pós

f0 (Hz) 213,05 3,86 221,64 25,74 0,0301* + 8,59

Freqüência mínima (Hz)

196,86 35.53 196,02 49,25 0,3577 - 0,84

Freqüência máxima (Hz)

216,28 21,25 229,79 25,74 0,0068* + 13,51

Jitter local (%) 0,470 0,139 0,488 0,159 0,8194 + 0,018

Jitter local, absoluto

(µs)

22,288 6.909 22,115 6,710 0,9038 - 0,173

Jitter rap (%) 0,282 0,088 0,290 0,100 0,8561 + 0,008

Jitter ppq5 (%) 0,269 0,088 0,286 0,090 0,6288 + 0,017

Jitter ddp (%) 0,820 0,291 0,872 0,300 0,7574 + 0,052

Shimmer local (%) 3,718 1,710 3,710 1,823 0,5502 - 0,08

Shimmer local dB (dB) 0,290 0,156 0,285 1,823 0,5682 - 0,005

Shimmer apq3 (%) 2,230 0,852 2,224 0,891 0,7677 - 0,006

Shimmer apq5 (%) 2,711 1,160 2,640 1,300 0,5866 - 0,071

Shimmer apq11 (%) 2,883 1,738 2,698 1,938 0,3043 - 0,185

Shimmer dda (%) 5,783 2,556 5,756 2,665 0,7321 - 0,027

NHR 0,035 0,042 0,025 0,011 0,4051 - 0,01

HNR (dB) 16,767 1,970 17,116 1,936 0,4481 + 0,349

Teste de Wilcoxon * valor significativo

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Figura 4.1 - Sensações percebidas pelos sujeitos após a realização da fonação reversa

4.6 Discussão

Durante a manobra da fonação reversa, ocorre a adução glótica em toda a

extensão (LEHMANN, 1965; HARISSON et al., 1992; COLTON & CASPER, 1996;

ORLIKOFF, BAKEN & KRAUS, 1997; VASCONCELOS, 2001), gerando um

alongamento das pregas vocais (HARISSON et al., op. cit.; KELLY & FISHER,

1999). Sabe-se que características como o comprimento, a massa e a tensão das

pregas vocais, durante a vibração, estão envolvidas na modificação da freqüência da

voz. Quanto mais as pregas vocais forem alongadas, mais rápido se realizarão os

ciclos glóticos e mais aguda será a freqüência produzida (COLTON & CASPER, op.

cit.; BEHLAU et. al., 2001; PINHO, 2003; FINGER, 2006).

No presente estudo, observou-se aumento estatisticamente significativo da f0, se comparadas as emissões pré e pós-fonação reversa (Tabela 4.2), o que vai ao

encontro dos resultados de diversos estudos que descrevem aumento significativo

da f0 durante a fonação reversa, se comparada à fonação expiratória (GRAU, ROBB

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& CACACE, 1995; COLTON & CASPER, 1996; ORLIKOFF, BAKEN & KRAUS,

1997; KELLY & FISHER, 1999; ROBB et al., 2001; FINGER, 2006; FINGER &

CIELO, 2007).

Em seu estudo, realizado com mulheres, Kelly e Fisher (op. cit.), observaram

aumento estatisticamente significativo da f0 durante a fonação reversa (média de

285,833 Hz), quando comparada às produções em fonação expiratória (média de

234, 467 Hz), um aumento médio de 51,366 Hz. Resultado similar ao encontrado por

Robb et al. (2001), em seu estudo, realizado com 15 homens e 15 mulheres, com

média de idade de 26 anos, sobre as características acústicas das vogais /i/, /u/ e

/a/, no qual foi observado um aumento médio de 60 Hz durante a produção em

fonação reversa, quando comparada à produção em fonação habitual.

Na respiração confortável, durante o sono, a ação do CT (músculo

cricotireóideo) é predominantemente inspiratória. No estado de consciência,

geralmente está ausente durante a inspiração, mas pode ser recrutada em caso de

oclusão de vias aéreas ou por inspiração voluntária profunda (DEDIVITIS &

BARROS, 2002; PINHO, 2003), como ocorre durante a fonação reversa.

Acredita-se que a atividade do CT, ativado durante a inspiração, possa

contribuir para o aumento da tensão das pregas vocais durante a fonação reversa e,

conseqüentemente, para o aumento da f0 e do pitch (KELLY & FISHER, op. cit.).

Esse ajuste propicia também, o alongamento do músculo tireoaritenódeo (TA),

músculo de contração rápida e altamente fatigável; fadiga que gera queda da

resistência fonatória (PINHO, op. cit.). Acredita-se que a fonação reversa contribua

com a diminuição da tensão muscular dos feixes do TA, afastando as pregas

vestibulares e deixando a mucosa mais solta para vibrar.

Esse ajuste, além de auxiliar o aumento da f0, parece estar estreitamente

relacionado com o aumento estatisticamente significativo da freqüência máxima e

também com a diminuição, embora não significativa estatisticamente, da freqüência

mínima nas produções pós-fonação reversa deste estudo (Tabela 4.2). Pôde-se

constatar, ainda, a ocorrência de aumento da extensão fonatória do grupo, ou seja,

diminuição da freqüência mínima e aumento da freqüência máxima, após a

realização da fonação reversa, o que sugere a possibilidade de utilização da fonação

reversa junto ao canto profissional.

Quanto ao aumento do desvio-padrão das medidas de f0, freqüência máxima,

e freqüência mínima, supõe-se a influência da resposta individual de cada sujeito

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frente às modificações dos ajustes motores e teciduais da mucosa após a realização

da fonação reversa. Os sujeitos apresentaram maior variabilidade do desvio-padrão

na f0 e na freqüência mínima, mostrando que as respostas são muito individuais,

mas que, em relação ao desvio-padrão, do mesmo modo que ao se analisar a

variação da f0 e da freqüência máxima, infere-se a forte influência da fonação

reversa sobre o alongamento das pregas vocais, pois o desvio-padrão aumentou

principalmente na a f0 e na freqüência máxima, sugerindo maior flexibilidade

muscular que propicia maior possibilidade de variação individual na produção de

freqüências, ocasionando aumento do desvio-padrão dessas medidas.

Considera-se que o aumento das medidas de Jitter (local), de Jitter (rap), de

Jitter (ppq5), de Jitter (ddp), e a diminuição do Jitter (local-absoluto), embora não

estatisticamente significativos (Tabela 4.2), também estejam relacionados a esse

ajuste, visto que os resultados de todas essas medidas parecem mostrar que o

período médio dos ciclos das emissões analisadas diminuiu, ou seja, houve mais

ciclos por segundo no pós-técnica, confirmando os resultados de aumento da f0 e da

freqüência máxima.

Para Kelly e Fisher (1999), o conhecimento sobre a atividade da musculatura

laríngea envolvida no aumento da f0, associado a estudos sobre as modificações

laríngeas durante a fonação reversa, pode auxiliar o profissional fonoaudiólogo a

tomar decisões mais adequadas ao utilizá-la como técnica de tratamento.

Na fonação reversa, o som provém da vibração ampla e sincrônica da

mucosa, em sentido inverso ao da fonação expiratória, e da força pró-gravidade,

decorrente do aumento da pressão supraglótica, que favorece a entrada de ar e a

mobilização mucosa, possibilitando a ocorrência do efeito de Bernoulli (KELLY &

FISHER, op. cit.; SULICA, BEHRMAN & ROARK, 2005). São mobilizadas as

estruturas supraglóticas, ocorrendo diminuição da constrição mediana e ântero-

posterior (POWERS, HOLTZ & OGURA, 1964).

A manobra inspiratória auxilia a regular a abertura glótica e a taxa de ar

inspiratório, que determinam a queda da pressão transglótica associada ao efeito de

Bernoulli. Durante essa manobra, a face superior das pregas vocais interage com a

queda da pressão transglótica e, provavelmente, a pressão traqueal negativa cause

uma mudança na força vetorial, ou seja, o vetor soma das forças direcionais gerando

deslocamento dos tecidos a favor da gravidade (KELLY & FISHER, op. cit.; SULICA,

BEHRMAN & ROARK, op. cit.).

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Essa vibração da mucosa a favor da gravidade promove a sua soltura e

mobilização, propiciando o deslizamento da cobertura mucosa das pregas vocais

sobre seu corpo, melhorando a circulação sanguínea periférica e, ainda,

massageando a mucosa que as reveste (COLTON & CASPER, 1996).

Ao ser efetiva na mobilização da mucosa das pregas vocais, a técnica

contribui com a melhora da qualidade vocal e a redução dos ruídos associados à

emissão fônica (PINHO, 2003), pois propicia o massageamento da mucosa que

promove a sua homogeneização interna e a remoção do muco que recobre o epitélio

das pregas vocais. Os resultados do presente estudo corroboram essas afirmações,

uma vez que ocorreu diminuição, embora não estatisticamente significativa, das

medidas de ruído NHR e HNR e das medidas de Shimmer (Tabela 4.2).

No NHR, a diminuição da média, a variação negativa, e a diminuição do

desvio-padrão mostram, respectivamente, que houve diminuição do ruído à emissão

(média e variação) e maior estabilidade desta diminuição no pós-técnica, pois o

desvio-padrão diminuiu.

Orlikoff, Baken e Kraus (1997) descreveram aumento significativo da

freqüência de perturbação e maior instabilidade do grau de contato das pregas

vocais durante a fonação reversa. O que vai ao encontro dos resultados obtidos

referentes ao aumento das medidas de Jitter, embora não estatisticamente

significativas (Tabela 4.2), na produção pós- fonação reversa.

As medidas acústicas de perturbação podem ser consideradas correlatos

acústicos da instabilidade do sinal, resultantes da redução do controle sobre o

sistema fonatório (BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, 2002). Acredita-se que

essa redução do controle possa ocorrer durante fonação reversa, uma vez que a

manobra é atípica ao engrama pneumofônico utilizado em fala habitual e, em termos

mecânicos, os próprios tecidos estão fortemente condicionados à mobilização no

sentido inverso ao da fonação reversa.

A perturbação de freqüência, ou Jitter, a variação da freqüência fundamental

em ciclos consecutivos, traduz a irregularidade da vibração da mucosa das pregas

vocais, correlacionando-se com as características biomecânicas das pregas vocais e

com a variação do controle neuromuscular (BARROS & CARRARA-DE ANGELIS,

op. cit.), o que converge em direção aos resultados referentes às medidas de Jitter

encontrados neste estudo (Tabela 4.2).

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A instabilidade, encontrada no estudo de Orlikoff, Baken e Kraus (1997), foi

aparente, segundo os autores, em virtude das emissões em fonação reversa de

diversos sujeitos da pesquisa conterem um número significativo de trechos

percentualmente similares ao som basal, qualidade vocal que sugere associação

com o aumento da coaptação glótica. Esse aumento do fechamento glótico,

associado à mobilização da mucosa, parece estar relacionado à redução, mesmo

que não estatisticamente significativa, das medidas de Shimmer encontradas na

presente pesquisa (Tabela 4.2).

A mobilização da mucosa durante a fonação reversa (a favor da gravidade)

faz com que a prega vocal vibre de forma mais sincronizada durante a fonação

expiratória. Assim, promove melhora da fonte do sinal laríngeo (devido à renovação

do muco e à homogeneização da mucosa) e, provavelmente, também da

ressonância, uma vez que o sinal glótico mais harmônico e com menos ruído é

melhor propagado e modificado pelo trato ressonantal, propiciando a diminuição do

ruído glótico e o aumento do número de harmônicos amplificados (DEDIVITIS &

BARROS, 2002; PINHO, 2003). Esse fato pode ser observado em relação às

medidas de Shimmer, NHR, HNR (Tabela 4.2) e das sensações proprioceptivas

positivas, descritas pelos sujeitos no pós-técnica, como voz mais solta, melhora para

falar e melhor projeção da voz (Figura 4.1).

As sensações vocais subjetivas relatadas pelos sujeitos da presente

pesquisa, após a produção da fonação reversa, refletem o grau de consciência de

suas produções vocais, além de suas concepções sobre os recursos vocais que

possuem (BEHLAU et al., 2001; BARROS & CARRARA-DE ANGELIS, 2002). Neste

trabalho, o relato das sensações subjetivas pós-fonação reversa, mostrou o

predomínio significativo de sensações positivas e, além daquelas citadas

anteriormente (voz mais solta, melhora para falar, e melhor projeção da voz), a

sensação de secreção e vontade de pigarrear foram consideradas positivas (Figura

4.1) por refletirem a liberação do muco que reveste o epitélio das pregas vocais.

Tais sensações são coerentes com os demais resultados referentes à

mobilização da mucosa, pois a presença da camada de muco sobre as pregas

vocais é fundamental para a sua vibração, visto que facilita o deslize do ar

transglótico pelas paredes laríngeas com o mínimo de atrito. Além disso, a

mobilização da mucosa melhora a lubrificação laríngea, reduzindo a viscosidade e

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renovando a camada de muco (COLTON & CASPER, 1996; BEHLAU et al.,2001;

DEDIVITIS & BARROS, 2002; PINHO, 2003).

As alterações na camada de muco, como o aumento de sua viscosidade,

reduzem as condições de adequada ocorrência do fenômeno de Bernoulli, o que faz

com que as forças que atuam sobre a mucosa das pregas vocais não sejam

uniformes, gerando distúrbios do ciclo vibratório e, consequentemente, alteração na

qualidade acústica da voz (COLTON & CASPER, 1996.; BEHLAU et al., op. cit.;

DEDIVITIS & BARROS, 2002; PINHO, 2003).

O mesmo ocorre quando a lâmina própria da mucosa das pregas vocais não é

homogênea, gerando também, alterações vibratórias que se refletem em um sinal de

qualidade acústica com perturbações significativas. Todos os resultados deste

estudo mostram diminuição das medidas de ruído e das medidas de Shimmer

consolidando as afirmações anteriores sobre a biomecânica da vibração glótica e

sobre o efeito da fonação reversa, tanto sobre a fonte glótica como sobre o sinal

irradiado pelos lábios, e a conseqüente sensação positiva da produção vocal.

No Shimmer (local, dB) e no Shimmer (apq5), a diminuição da média e a

variação negativa pós-técnica mostram que houve diminuição do escape de ar e do

ruído à emissão, mas com menor estabilidade desta diminuição no pós-técnica, pois

o desvio-padrão aumentou, o que também reflete a efetividade dos ajustes

individuais de cada sujeito ao voltar para a emissão habitual após a fonação reversa.

Em todas as demais medidas, o desvio-padrão não se modificou de forma

marcante, mostrando certa estabilidade das variações encontradas.

4.7 Conclusões

Em relação às modificações vocais produzidas pela fonação reversa, neste

estudo, pôde-se concluir que, após a realização de três séries de 15 repetições em

TMF, com 30 segundos de repouso passivo entre as séries, houve aumento

estatisticamente significativo da f0 e da freqüência máxima. Além disso, percebe-se

aumento das medidas de Jitter (local), de Jitter (rap), de Jitter (ppq5), e de Jitter

(ddp); predomínio das sensações proprioceptivas positivas; e diminuição da

freqüência mínima, do Jitter (local-absoluto), das medidas de Shimmer, e das

medidas de ruído, porém não com resultados estatisticamente significativos.

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Pode-se inferir, por meio dos resultados da avaliação vocal acústica e de sua

base anatomofisiológica que, neste estudo, a fonação reversa pareceu promover

resultados positivos sobre a vibração da mucosa das pregas vocais e sobre o

alongamento de prega vocal, mostrando efeito sobre a musculatura, com mudanças

de f0, e sobre a mucosa, favorecendo sua homogeneização e a modificação da

camada de muco, com melhora global do sinal vocal e das sensações após sua

produção.

4.8 Referências Bibliográficas

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APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(Res. MS nº 196/96)

Pesquisadoras responsáveis:

Fonoaudióloga Professora Drª Carla Aparecida Cielo CFFa 5641

Fonoaudióloga Mestranda Leila Susana Finger CRFa- RS 8724 (51 96424895)

As informações referidas neste documento de Consentimento Livre e Esclarecido

foram fornecidas aos participantes, pela autora do trabalho, Fonoaudióloga Leila

Susana Finger, sob orientação da Fonoaudióloga Dra. Carla Aparecida Cielo, com o

objetivo de explicar de forma concisa a natureza de sua pesquisa, seus objetivos,

métodos, benefícios previstos, potenciais de riscos e possíveis incômodos que esta

possa vir a acarretar para os sujeitos participantes da pesquisa. Desta forma,

considero-me informado pelas referidas pesquisadoras sobre sua pesquisa que tem

como:

Título da Pesquisa: MODIFICAÇÕES VOCAIS PRODUZIDAS PELA FONAÇÃO

REVERSA.

Objetivo: Verificar as modificações vocais ocorridas após a produção da técnica

de fonação reversa (som que se faz ao suspirar como em um susto) em mulheres

adultas.

Justificativa: Melhor compreensão sobre a técnica de fonação reversa, aumento

das informações clínicas sobre o seu uso na avaliação e tratamento da voz.

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Benefícios: Através dessa pesquisa o indivíduo receberá avaliações e

informações sobre sua saúde vocal e, se for constatada a presença de alteração,

receberá orientação, sendo encaminhado para o tratamento adequado (nesse caso, o

tratamento necessário será custeado pelo próprio sujeito). A pesquisa contribuirá para

avanços na área do tratamento da voz.

Procedimentos: Primeiramente, os indivíduos responderão a um questionário

com os dados de identificação, possíveis queixas vocais, hábitos, outras alterações e

comportamentos que possam interferir na saúde da voz e no desempenho do indivíduo

na realização da técnica vocal de fonação reversa. Será verificado também se, depois

de orientado pela avaliadora, o participante é capaz de realizar a fonação reversa sem

esforço ou tensão.

Em seguida, será realizada a avaliação das pregas vocais (garganta), por um

médico otorrinolaringologista experiente na área. Durante esse exame, uma espécie de

espelho é introduzida até a parte posterior da boca, para visualização das pregas

vocais. É um exame rápido e não provoca dor. Às vezes, pode provocar ânsia de

vômito, vontade de tossir ou coceira na garganta.

Posteriormente, os indivíduos passarão pela avaliação de motricidade oral,

durante a qual o rosto e a boca serão tocados pelas mãos (com uso de luvas) da

avaliadora.

Os sujeitos da pesquisa também serão submetidos a uma triagem auditiva para

detectar possíveis alterações na audição. Nessa avaliação, serão usados fones de

ouvido, conectados a um aparelho que emite diversos barulhos, e o participante deverá

levantar a mão quando escutar o som. Esse teste será realizado em sala silenciosa.

Para a avaliação da voz, que será gravada, será pedido ao participante que

inspire profundamente (tome bastante ar) e diga a letra "a" até o final da sua expiração

(até o final do ar), permanecendo em pé. Isso será feito antes e após a realização da

fonação reversa. Os indivíduos participantes da pesquisa realizarão três séries de

fonação reversa, com 15 repetições cada uma. Todos permanecerão sentados durante

o exercício.

Nessa pesquisa, não estão previstos riscos à saúde dos sujeitos participantes.

Somente na hora do exame de laringe podem ocorrer alguns desconfortos, como ânsia

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de vômito, coceira na garganta, tosse ou vontade de pigarrear. Na realização do

exercício de fonação reversa podem ocorrer algumas sensações, como secura na

garganta e vontade de pigarrear. Os demais procedimentos (avaliação da audição e

avaliação dos órgãos da fala) não provocam nenhum desconforto ao sujeito.

Os procedimentos realizados não terão qualquer custo financeiro e serão

realizados no Serviço de Atendimento Fonoaudiológico da UFSM. Os participantes têm

o direito de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, mesmo depois da

coleta dos dados, sem prejuízos de qualquer ordem.

Mediante os esclarecimentos recebidos da Fonoaudióloga Leila Susana Finger, eu

............................................................., concordo com a minha participação em sua

pesquisa, ciente de que os dados desta pesquisa serão divulgados em meio

científico, sem identificação dos participantes, a qual ficará em sigilo, sendo apenas do conhecimento dos pesquisadores.

Este documento foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Santa Maria/RS em 04/07/2006.

Santa Maria, .....de..................de 2006.

Assinatura do participante

Fga.Leila Susana Finger CRFa-RS 8724

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APÊNDICE B Sujeito n°_________________

QUESTIONÁRIO

DADOS PESSOAIS:

Nome:_________________________________________________________________

Idade:______________D.N:_______________________________________________

Telefone: ______________Endereço: _______________________________________

Profissão: _____________________________________________________________

Outra atividade:_________________________________________________________

Data da entrevista:_______________________________________________________

2. QUESTIONÁRIO: 2.1 Utiliza a voz profissionalmente? ( ) Sim ( ) Não

2.2 Há na família alguma pessoa com problema de voz?

( ) Sim ( ) Não Qual? ___________________________________________

2.3 Já efetuou tratamento fonoterápico ou otorrinolaringológico? ( ) Sim ( ) Não

Por quê?_______________________________________________________________

2.4 Fuma? ( ) Sim ( ) Não

2.5 Ingere bebidas alcoólicas ( ) Sim ( ) Não

2.6 Tem algum problema respiratório? ( ) Sim ( ) Não

2.7 Outros problemas:

( ) Neurológicos

( ) Gastrite

( ) Faringite

( ) Amigdalite

( ) Rinite

( ) Sinusite

( ) Asma

( ) Refluxo gastro-

esofágico

( ) Outro

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APÊNDICE C

AVALIAÇÃO OROFACIAL 1 MOBILIDADE:

Lábio ( ) adequada ( ) alterada

Língua ( ) adequada ( ) alterada

Bochechas ( ) adequada ( ) alterada

Palato mole ( ) adequada ( ) alterada

2 POSTURA

Lábio ( ) adequada ( ) alterada

Língua ( ) adequada ( ) alterada

Bochechas ( ) adequada ( ) alterada

Palato mole ( ) adequada ( ) alterada

3 TÔNUS

Lábios ( ) adequado ( ) alterado

Língua ( ) adequado ( ) alterado

Bochechas ( ) adequado ( ) alterado

4 ASPECTO:

Lábios ( ) adequado ( ) alterado

Língua ( ) adequado ( ) alterado

Bochechas ( ) adequado ( ) alterado

5 DEGLUTIÇÃO

( ) adequada ( ) alterada

OBS: ______________________________________________

6 MASTIGAÇÃO

( ) adequada ( ) alterada

OBS: _____________________________________________

7 RESPIRAÇÃO

Tipo______________________________________________

Modo_____________________________________________

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APÊNDICE D Sujeito n° ________

TRIAGEM AUDITIVA

Nome: _____________________________________________

Idade: _____________________________________________

Data: _____________________________________________

Avaliador: __________________________________________

OD: ( ) NORMAL ( ) ALTERADA

OE: ( ) NORMAL ( ) ALTERADA

CONCLUSÃO:

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APÊNDICE E

PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO DAS SENSAÇÕES E SINAIS APÓS A FONAÇÃO REVERSA

Nome:_________________________________________________________

SENSAÇÕES E SINAIS APÓS A TÉCNICA Sim Não

Sensação de secreção na garganta

“Voz mais solta”

Vontade de pigarrear

Melhora para falar

Melhor projeção da voz

Outro

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APÊNDICE F Artigo de revisão publicado na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia disponível em http://www.scielo.br/pdf/rboto/v73n2/a20v73n2.pdf