implosão não apaga memórias

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CENTRO PAULA SOUZA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PARQUE DA JUVENTUDE CURSO TÉCNICO EM MUSEOLOGIA Implosão não apaga memórias São Paulo 2014/2º SEMESTRE

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Neste trabalho apresentamos uma intervenção artística na Escola Técnica Estadual de São Paulo Parque da Juventude (ETEC-PJ), que antes era ocupado por um presídio e que agora abriga um parque, uma escola e uma biblioteca. Utilizando o espaço interno da escola, além de objetos e imagens pertencentes ao acervo do Espaço Memória Carandiru (EMC), propomos uma reflexão sobre o perfil institucional e as transformações ali ocorridas no decorrer do tempo. Entendemos que o espaço é essencialmente voltado para a educação, mas de qual tipo? Disciplinadora, cerceadora ou libertadora e que desperta a consciência cidadã? Qual o papel da implosão do complexo penitenciário no processo de desconstrução da imagem negativa que o local adquiriu no decorrer dos anos enquanto presídio? Tal qual o próprio ser que às vezes precisa se desconstruir para se reerguer em bases mais sólidas, após a implosão do Complexo Carandiru foi preciso quebrar um estigma de violência, e então resgatar sua função social.

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CENTRO PAULA SOUZA

ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PARQUE DA JUVENTUDE

CURSO TÉCNICO EM MUSEOLOGIA

Implosão não apaga memórias

São Paulo

2014/2º SEMESTRE

CURSO TÉCNICO EM MUSEOLOGIA

Implosão não apaga memórias

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito para obtenção do título de

Técnico em Museologia, sob a orientação da

Professora Cecília de Lourdes Fernandes

Machado.

São Paulo 2014/2º SEMESTRE

AUTORIZAÇÃO PARA DEPÓSITO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

AUTORIZAMOS a Escola Técnica Parque da Juventude, sem ressarcimento dos

direitos autorais, a disponibilizar para comunidade escolar e permitir a reprodução

por meio eletrônico ou impresso, do texto integral e/ou parcial do Trabalho de

Conclusão de Curso, para fins de leitura e divulgação da produção científica gerada

pela Instituição.

São Paulo, 10 de Dezembro de 2014.

Bruna Michelle Nogueira da Silva

Fabiana Aparecida da Silva

Fernanda Correia Silva

Graziela Gonçalves dos Santos

Karina de Barros

Leonardo de Souza Silva

Maíra de Figueiredo Guimarães

Marcelo Parra

Márcio Cavalcanti de Andrade

Natália Sarkisian Tavares

Sandra Diniz Montilha

Talita Rubbo Vieira

AGRADECIMENTOS

A Escola Técnica Estadual Parque da Juventude por propiciar o ambiente

necessário para nossa aprendizagem e consequentemente por nosso

desenvolvimento pessoal e profissional.

Aos docentes do Curso Técnico de Museologia pela generosidade depositada

em todos os momentos de compartilhamento de seus conhecimentos profissionais e

humanos.

A todas as pessoas que passaram e contribuíram de uma determinada forma

para que esse projeto conseguisse ser concretizado nesses dezoito meses de

elaboração e definição.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Pátio da ETEC-PJ com delimitação da proposta museográfica............................. 38

Figura 2: Vista aérea da proposta museográfica .................................................................. 39

Figura 3: Banners instalados na fachada com as seis palavras-chave ................................ 40

Figura 4: Primeiro plano do corredor de entrada .................................................................. 42

Figura 5: Divinéia no fim do corredor ................................................................................... 42

Figura 6: Lado esquerdo do corredor de entrada ................................................................. 43

Figura 7: Lado direito do corredor de entrada ...................................................................... 43

Figura 8: Cárcere Escolar .................................................................................................... 45

Figura 9: Cárcere Penitenciário ........................................................................................... 45

Figura 10: Caixa de alimentos (caixa de fuga) e vídeo ......................................................... 47

Figura 11: Quadros e objetos pertencentes ao Espaço Memória Carandiru ........................ 49

Figura 12: Estante vazada com face voltada para o espaço expositivo ............................... 49

Figura 13: Saída da exposição com estante voltada para o pátio da ETEC-PJ .................... 49

Figura 14: A grande Lousa com a frase disparadora............................................................ 50

Figura 15: Etapa 1 de desenvolvimento da logomarca ......................................................... 61

Figura 16: Etapa 2 de desenvolvimento da logomarca ......................................................... 62

Figura 17: Etapa 3 do desenvolvimento da logomarca ......................................................... 63

Figura 18: Etapa 4 do desenvolvimento da logomarca ......................................................... 63

Figura 19: Etapa 5 do desenvolvimento da logomarca ......................................................... 63

Figura 20: Estudos para tipografia da logomarca ................................................................. 65

Figura 21: Referências para escolha da tipografia ............................................................... 65

Figura 22: Tipografia escolhida para Logomarca ................................................................. 66

Figura 23: Afinamento visual da logomarca ......................................................................... 66

Figura 24: Aplicação da tipografia em positivo e negativo .................................................... 67

Figura 25: Escolha de cores para logomarca ....................................................................... 68

Figura 26: Possibilidade de aplicação das cores na logomarca ........................................... 68

Figura 27: Aplicação da logomarca nos uniformes (Produção) ............................................ 69

Figura 28: Aplicação da logomarca nos uniformes (Educativo) ............................................ 70

Figura 29: Aplicação de tipografia nas legendas expositivas ............................................... 70

Figura 30: Aplicação das legendas no texto curatorial ......................................................... 71

Figura 31: Aplicação das legendas nos verbetes ................................................................. 72

Figura 32: Sinalização local com tipografia escolhida .......................................................... 73

Figura 33: Cartaz de divulgação da Exposição .................................................................... 74

Figura 34: Banner maior para fachada da ETEC-PJ ............................................................ 75

Figura 35: Exemplo de banner's menores para fachada da ETEC-PJ.................................. 75

Figura 36: Página no Facebook para a exposição ............................................................... 77

Figura 37: Exemplo de atualizações no Facebook ............................................................... 78

Figura 38: Exemplo de anúncio como estratégia digital de divulgação ................................ 79

Figura 39: Página no Instagram para a exposição ............................................................... 80

Figura 40: Card's produzidos como material de apoio para o Educativo .............................. 88

Gráfico 1: Pesquisa de público – Grupo Amostral ................................................................ 53

Gráfico 2: Pesquisa de público – Sexo ................................................................................ 53

Gráfico 3: Pesquisa de público – Faixa Etária ...................................................................... 54

Gráfico 4: Pesquisa de público – Escolaridade .................................................................... 54

Gráfico 5: Pesquisa de público – Conhece o Espaço Memória Carandiru? .......................... 55

Gráfico 6: Pesquisa de público – Conhece a história da Penitenciária Carandiru? .............. 55

Gráfico 7: Pesquisa de público – Conhece a ETEC Parque da Juventude? ......................... 56

Gráfico 8: Pesquisa de público – Com que frequência visita exposições? ........................... 56

Gráfico 9: Pesquisa de público – Preferência de visitação ................................................... 57

Gráfico 10: Pesquisa de público – Disponibilidade para visitar exposições .......................... 57

Gráfico 11: Pesquisa de público – O que acha do título "Implosão não apaga memórias”? . 58

Gráfico 12: Pesquisa de público – Se interessaria por uma exposição com a temática

"Penitenciária Carandiru"? ................................................................................................... 58

Gráfico 13: Pesquisa de público – Principais meios de informação ...................................... 59

Tabela 1: Orçamento seguindo o ProAc para o projeto museográfico...................................99

Tabela 2: Cronograma geral de produção do projeto museográfico....................................100

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 6

2 INTERVENÇÃO: CONCEITOS, TÉCNICAS E EXEMPLOS ................................ 7

3 HISTÓRIA DO ESPAÇO .................................................................................... 10

3.1 A CASA DE DETENÇÃO DE SÃO PAULO – PRESÍDIO CARANDIRU ......................... 10

3.2 DESATIVAÇÃO DO PRESÍDIO ............................................................................. 13

3.3 PARQUE DA JUVENTUDE .................................................................................. 14

3.3.1 História preservada ................................................................................... 15

3.3.2 Fachada e átrio ......................................................................................... 15

3.3.3 Pavilhão de exposições ............................................................................ 16

3.4 A BIBLIOTECA SÃO PAULO ............................................................................... 16

3.5 ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PARQUE DA JUVENTUDE ....................................... 16

3.5.1 Objetivos da escola ................................................................................... 17

4 PROJETO EXPOSITIVO IMPLOSÃO NÃO APAGA MEMÓRIAS .................... 18

4.1 EIXO CURATORIAL ........................................................................................... 18

4.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 19

4.2.1 Geral ......................................................................................................... 19

4.2.2 Específicos ................................................................................................ 19

4.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 19

4.4 SELEÇÃO DOS OBJETOS .................................................................................. 24

5 PROPOSTA MUSEOGRÁFICA ......................................................................... 38

5.1 PERCURSO E TEMAS ABORDADOS..................................................................... 40

6 PLANO DE COMUNICAÇÃO ............................................................................. 51

6.1 PÚBLICO ........................................................................................................ 51

6.1.1 Interno ....................................................................................................... 51

6.1.2 Externo...................................................................................................... 52

6.2 PESQUISA DE PÚBLICO .................................................................................... 52

6.3 IDENTIDADE VISUAL ........................................................................................ 60

6.3.1 Desenvolvimento da logomarca ................................................................ 60

6.3.2 Cores ........................................................................................................ 67

6.3.3 Aplicação da cor na logomarca ................................................................. 68

6.3.4 Aplicação nos uniformes ........................................................................... 69

6.3.5 Aplicação nas legendas ............................................................................ 70

6.4 CANAIS DE DIVULGAÇÃO .................................................................................. 72

6.4.1 Sinalização local e entorno ....................................................................... 72

6.4.2 Local ......................................................................................................... 72

6.4.3 Entorno ..................................................................................................... 73

6.4.4 Digitais ...................................................................................................... 76

6.4.5 Releases ................................................................................................... 76

6.4.6 Facebook .................................................................................................. 76

6.4.7 Atualizações .............................................................................................. 77

6.4.8 Anúncio em páginas do Facebook ............................................................ 78

6.4.9 Instagram .................................................................................................. 80

6.4.10 Atualizações .......................................................................................... 81

6.5 ANÁLISE SWOT ............................................................................................. 81

6.5.1 Ambiente Interno ....................................................................................... 81

6.5.2 Ambiente Externo ..................................................................................... 81

7 AÇÕES EDUCATIVAS ....................................................................................... 83

7.1 CONCEITO DO EDUCATIVO ............................................................................... 83

7.2 TEXTO EDUCATIVO NA EXPOSIÇÃO .................................................................... 86

7.3 ROTEIRO DE VISITA ......................................................................................... 87

7.4 MATERIAL DE APOIO ....................................................................................... 87

7.5 ACOLHIMENTO ................................................................................................ 88

7.6 DESCRIÇÃO DO ROTEIRO DE VISITA ................................................................... 89

7.7 ATIVIDADES QUE SERÃO DESENVOLVIDAS PELO EDUCATIVO ............................... 91

7.7.1 Atividade 1 ................................................................................................ 91

7.7.2 Atividade 2 ................................................................................................ 92

7.7.3 Mostra de Cinema ..................................................................................... 92

7.7.4 Palestra ..................................................................................................... 94

7.7.5 Oficina de Pipas ........................................................................................ 94

8 PRODUÇÃO ....................................................................................................... 96

9 FICHA TÉCNICA .............................................................................................. 101

10 ANEXOS ........................................................................................................... 102

ANEXO A: CADERNO DO EDUCADOR ...................................................................... 102

ANEXO B: CADERNO DE MONTAGEM ..................................................................... 110

11 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 126

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1 APRESENTAÇÃO

Neste trabalho apresentamos o projeto “Implosão não apaga memórias” que

consiste em uma intervenção artística na Escola Técnica Estadual de São Paulo

Parque da Juventude (ETEC-PJ), que antes era ocupado por um presídio e que

agora abriga um parque, uma escola e uma biblioteca.

Utilizando o espaço interno da escola, além de objetos e imagens

pertencentes ao acervo do Espaço Memória Carandiru (EMC), propomos uma

reflexão sobre o perfil institucional que define os 427mil m² cercado pelas Avenidas

Cruzeiro do Sul, Ataliba Leonel e Zaki Narchi e as transformações ali ocorridas no

decorrer do tempo, mas focamos neste trabalho a escola administrada pelo Centro

Paula Souza.

Entendemos que o espaço é essencialmente voltado para a educação, mas

de qual tipo? Disciplinadora, cerceadora ou libertadora e que desperta a consciência

cidadã? Qual o papel da implosão do complexo penitenciário no processo de

desconstrução da imagem negativa que o local adquiriu no decorrer dos anos

enquanto presídio?

Tal qual o próprio ser que às vezes precisa se desconstruir para se reerguer

em bases mais sólidas, após a implosão do Complexo Carandiru foi preciso quebrar

um estigma de violência, e então resgatar sua função social: o desenvolvimento de

um ser social. Manter dois pavilhões em pé, onde funciona a ETEC-PJ, a nosso ver,

representa esse elo entre o passado e o presente.

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2 INTERVENÇÃO: CONCEITOS, TÉCNICAS E EXEMPLOS

O ser humano, desde a sua origem, sente a necessidade de modificar o local

onde está inserido. Arquitetura e arte muitas vezes fundiram-se para este objetivo e

historicamente há diversas formas de intervir com a arte na natureza ou na

paisagem, tanto urbana como rural. O lugar pensado como suporte dessa

intervenção, deve considerar as cidades em toda sua complexidade, ou seja,

usufruindo a sua história, seu espaço e sua geografia, tanto física como humana.

Os elementos primordiais para que essa intervenção tenha visibilidade e

interatividade são os indivíduos, o fluxo urbano coletivo, o trânsito, a arquitetura, a

paisagem, o clima, a cultura e os demais fenômenos ocorrentes nesse espaço

público onde tal intervenção se inscreve (BARJA, 2008).

Dessa forma, os artistas, atualmente, têm buscado compor suas intervenções

a partir de uma análise simbólica desse urbano, em que a arte participa como

constituinte e não como constituída, criando um campo processual entre o urbano e

o “estar” artístico (OLIVEIRA, 2007). Noções antes reservadas às esferas de

discussão política e do urbanismo passam a integrar o discurso estético de projetos

artísticos constituídos pela intervenção urbana ou pelas formas da chamada nova

arte pública (OLIVEIRA, 2007).

A prática se consolidou no Brasil em 1970, com ações que visavam aumentar

a noção de arte e maior comunicação com o público. Novos objetivos são almejados

na década de 1990 e as ações passam a possuir caráter ativista, visando também

mudanças sociais e culturais. Diversas iniciativas artísticas realizadas fora dos

museus e galerias, dos palcos e dos pedestais buscaram novas relações

socioespaciais e consolidaram a ideia de intervenção urbana em dois rumos: como

estratégia de transformação física ou como tática de uso da cidade e da cultura.

Segundo definição feita pelo dicionário Aurélio, intervenção é o ato de intervir,

alteração da ordem natural e habitual. Intervir é interagir, causar reações diretas ou

indiretas, é tornar uma obra inter-relacional com o seu meio, por mais complexo que

seja, considerando-se seu contexto histórico, sociopolítico e cultural (BARJA, 2008).

É todo processo que provoca uma interferência artística seja num espaço urbano,

em obras de arte ou produtos preexistentes ou em projetos arquitetônicos, de forma

definitiva ou efêmera, provocando reação, interação, aproximação com o público e

uma maior difusão da arte.

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Mais do que marcos espaciais, a intervenção urbana estabelece marcas de

corte. Particulariza lugares e, por decoupagem, recria paisagens. Existem

intervenções urbanas de vários portes, indo desde pequenas inserções através de

adesivos (stickers) até grandes instalações artísticas. Aparece como uma alternativa

aos circuitos oficiais, capaz de proporcionar o acesso direto e de promover um

corpo-a-corpo da obra de arte com o público, independente de mercados

consumidores ou de complexas e burocratizantes instituições culturais (BARJA,

2008). Um dos objetivos artísticos das intervenções é a aproximação do trabalho do

artista com a vida cotidiana para tornar a arte mais acessível ao público, não as

limitando aos seus ambientes consagrados, como galerias e museus.

Essa é uma tendência de não expor a obra de arte em locais e de maneiras

convencionais, tornando-a interativa com manifestações culturais de outra

linguagem ou natureza, ocupando espaços púbicos e abertos, vai também rediscutir

modelos canônicos impostos à arte pelo sistema da tradição museológica (BARJA,

2008). Fazendo, dessa forma, o espectador vivenciar uma experiência que somente

o lugar, carregado de significado social, político e história, possam transmitir

(PEIXOTO, 2012).

Dentre alguns exemplos de intervenções estão os artistas Cildo Meireles e

Artur Barrio, que revolucionaram e realizaram intervenções polêmicas durante a

ditadura militar, além do projeto Arte/Cidade o qual realiza inúmeras obras de

intervenções nas cidades.

No período mais tenso da ditadura militar brasileira, entre 1968 e 1970, Artur

Barrio realizou uma ousada intervenção artística na cidade que resultou em grande

repercussão do público e de mídia. Barrio distribuiu, nas ruas do Rio de Janeiro,

inúmeras trouxas de pano ensanguentadas e com restos mortais de animais.

Embrulhos com carnes e ossos foram também espalhados pelos bueiros da cidade.

Acreditou-se inicialmente que eram restos mortais de vítimas do poder abusivo das

autoridades da época. Outra intervenção referencial, de Cildo Meireles realizada no

período de repressão militar, onde presos políticos eram torturados foi incinerar em

praça pública várias galinhas amarradas a um poste. Obviamente entidades de

proteção aos animais protestaram, sem perceberem que a metáfora do artista

também era um protesto contra a matança de seres humanos vivida nesse período.

Ainda durante a ditadura Cildo, distribuiu garrafas de Coca-cola, com impressões em

silkscreen contendo instruções de como confeccionar coquetéis molotov.

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Outro projeto interessante de intervenção, também de Cildo Meireles, ocorreu

na Avenida Paulista – lugar frequentado por uma elite de investidores e empresários.

A mesma contava com a produção de centenas de parafusos de ouro, onde os fora

atarraxados, aleatoriamente, nas pedras portuguesas do calçamento da Avenida.

Depois fez a notícia repercutir na mídia, mais especificamente na página de anúncio

de negócios. Resultado: houve muito executivo ajoelhado na calçada “garimpando”

os parafusos de ouro. O grande impacto dessa intervenção foi à transformação

temporária do comportamento dos usuários desse meio.

O projeto O Trem realizado pelo grupo Arte/Cidade teve o trem como

elemento de deslocamento e previa, inicialmente, uma ligação entre quatro pontos

num percurso de linha férrea. O trem Arte/Cidade, em vez de avançar em linha reta,

ou seja, em uma única linha, realizaria um percurso em “leque”, desviando-se ora

para a direita, ora para a esquerda. Seria um percurso em ziguezague e várias

direções, levando a composição a avançar de modo irregular, ocupando em largura

toda área circunscrita pelos ramais ferroviários. Um trem que anda em ziguezague

altera por completo a organização e a percepção da cidade. A intervenção vem se

contrapor às determinações mecânicas do dispositivo ferroviário, apontando para

outras formas de organizar o espaço urbano. Há outro aspecto da intervenção nesse

ramal de trens: a nova composição vai percorrer o trecho em menor velocidade. O

trem representa o encontro entre a indústria e a arte na cidade. Assim, de acordo

com PEIXOTO as intervenções:

Tendem, portanto, a não ser locais, mas a abranger áreas mais amplas, a partir dos territórios configurados pelos sistemas de transporte e comunicações e pelas grandes operações urbanas. Trabalhando na intersecção desses diferentes dispositivos, nos intervalos surgidos no tecido fragmentado e nos fluxos descontínuos da megalópole [...] (PEIXOTO, Nelson Brissac, 2002, p. 29).

A intervenção tem sido uma prática artística constante na arte contemporânea

a partir do uso de múltiplas linguagens e técnicas, como a arte Xerox, arte

postal, instalação, videoarte, entre outros. Entre alguns exemplos de intervenções

pode-se citar a inserção de instalações artísticas em paisagens públicas ou em

edifícios, a realização de performances e trabalhos cênicos em áreas abertas, a

interferência em placas publicidade e o uso de recursos da arte de rua como

o graffiti. Elas variam nas suas estruturas, mas tem um apelo reflexivo, socialpolítico,

didático, confrontador, ideológico ou simplesmente humorístico.

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3 HISTÓRIA DO ESPAÇO

3.1 A Casa de Detenção de São Paulo – Presídio Carandiru

O Complexo Penitenciário do Carandiru, mais tarde nomeado pelo interventor

Ademar Pereira de Barros (1938-1941) como Casa de Detenção Carandiru, foi

inaugurado em 1920 como Penitenciária do Estado de São Paulo.

O projeto do presídio que venceu a licitação foi inspirado no Centre

Pénitentiaire de Fresnes, na França, no modelo "espinha de peixe" (que ainda existe

- em funcionamento até hoje - nos arredores de Paris) e recebeu o título de Laboravi

Fidenter. Foi elaborado pelo engenheiro-arquiteto Giordano Petry, tendo, no decorrer

de sua execução, sofrido algumas adequações feitas por Ramos de Azevedo. A

proposta inicial da Casa de Detenção era a regeneração dos residentes, criando a

separação de réus primários de presos reincidentes, além da divisão dos presos

pela natureza do delito.

Foi no período entre 1920 e 1940 que o presídio, então chamado Instituto de

Regeneração, foi considerado um padrão de excelência nas Américas, atraindo a

visita de inúmeros políticos, estudantes de direito, autoridades jurídicas italianas e

até mesmo personalidades como Claude Lévi-Strauss, que vinham a São Paulo para

conhecer a “fábrica de trabalho”, pois os presos além de habitarem um local limpo,

realizavam diversas atividades de trabalho e educação.

Ao longo das décadas, o problema da superlotação foi ficando cada vez mais

grave, o que gerou muitas brigas e rebeliões. Em meados de 1985 a situação se

intensificou até o episódio mais marcante em toda a história do presídio – O

Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992.

Ao total a penitenciária tinha sete pavilhões (2, 4, 5, 6, 7, 8 e 9) dos quais

suas atividades no cotidiano eram diferentes, como podemos citar, a famosa "Rua

Dez". Os pavilhões ali presentes eram localizados opostos às escadas, e por isto

esta região da penitenciária era propícia a acerto de contas, brigas mais sérias e

mortes, pois até que os carcereiros lá chegassem os envolvidos já teriam sido

avisados pelos olheiros que ficavam nos corredores de acesso. Os pavilhões eram,

então, divididos da seguinte forma:

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- Pavilhão 2: Lugar para onde iam os detentos recém chegados à casa de

detenção. Primeiramente havia uma passagem por esse pavilhão, para que os

mesmos fossem registrados, fotografados, recebessem corte de cabelo

característico, calça bege, e encaminhados para outros pavilhões. Escreve Dráuzio

Varella que:

O critério de distribuição não é rígido, mas obedece as regras básicas. Por exemplo, artigo 213 - estupro - normalmente e encaminhado para o pavilhão Cinco; reincidentes, no Oito; primários, Nove; e os raríssimos universitários vão morar nas celas individuais do pavilhão Quatro (VARELLA,1999).

- Pavilhão 4: O mais "desejado" entre os novos presos por não ser tão

populoso e contar com celas individuais. Esse pavilhão foi criado com a intenção de

ser uma área médica e, apesar de nunca tê-lo sido de forma exclusiva e efetiva,

acabou por manter essa característica. No térreo ficavam os presos tuberculosos, no

segundo andar, os doentes mentais ou aqueles que fingiam ser para escapar dos

outros pavilhões e no quinto a enfermaria. No térreo desse pavilhão existiu uma ala

conhecida como masmorra ou amarelo. Continha celas apertadas, úmidas e escuras

onde ficavam detentos jurados de morte por outros presos e que não podiam ser

transferidos para outros pavilhões. Essas celas foram motivo de frequentes

polêmicas com a imprensa e organizações humanitárias. Porém, as mesmas eram

uma garantia de vida para esses presos, que preferiam não sair dali, a não ser para

outro presídio.

- Pavilhão 5: Era o mais populoso dos pavilhões, também considerado o mais

humilde de todos, sendo seus habitantes olhados com certo desdém pelos detentos

de outros pavilhões. No primeiro andar, ficavam as celas de castigo. Semelhantes às

masmorras, trancafiavam por cerca de trinta dias infratores internos (porte de

drogas, armas, desacato etc.). No terceiro andar eram alojados estupradores,

justiceiros (matadores "profissionais" de ladrões) e aqueles que foram expulsos de

outros pavilhões. O quarto andar possuía perfil similar ao terceiro, porém com

presença de muitos travestis. O quinto andar foi conhecido como amarelo, que

também abrigou precariamente muitos presos jurados de morte, além da ala dos

evangélicos da Assembleia de Deus. Esses presos, por estarem ameaçados não

tinham banho de sol e ficavam acuados em suas celas. Por isso tinha a aparência

amarelada, o que deu o apelido do setor. Devido a todos esses fatores, tal pavilhão

foi sempre considerado o mais armado dos pavilhões:

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Moram ali 1600 homens, o triplo do que o bom senso recomendaria para uma cadeia inteira. Para tomar conta deles, a Detenção escala de oito a dez funcionários durante o dia e cinco ou seis à noite, às vezes menos. (VARELLA,1999).

- Pavilhão 6: Era onde ficava a Cozinha Geral, desativada em 1995 e um

antigo cinema (destruído em rebelião) transformado em um grande auditório no

segundo andar. Havia salas da área administrativa do presídio, além de reunir os

detentos mais comuns.

- Pavilhão 7: Foi considerado de todos o mais calmo, chegando a permanecer

dois ou três anos sem mortes. Criado com o intuito de ser um pavilhão de trabalho,

permaneceu habitado por detentos com ocupações laboriosas, como confecção de

bolas, pipas, barcos e outras atividades. Este também era o preferido por aqueles

que pretendiam fazer escavações e tentar a fuga, por ser o mais perto das muralhas.

- Pavilhão 8: Neste pavilhão moravam os presos mais respeitados, por serem

reincidentes no crime, conheciam muito bem as regras prisionais e sabiam como se

comportar neste ambiente. Nem por isso deixava de ser tenso e violento. Junto a

este pavilhão ficava o campo de futebol que era o maior dentro da penitenciária,

onde eram disputados os campeonatos entre os times internos, bem como times

vindos de fora da Detenção. Conforme relato de Dráuzio Varella este pavilhão ainda

abrigava espaços das mais diferentes religiões, como “(...) templos da Assembleia

de Deus, da Igreja Universal, da Deus é Amor e do Centro de Umbanda”.

(VARELLA, 1999).

- Pavilhão 9: Um dos mais conhecidos, ficou famoso fora da Casa de

Detenção, pois ali se formou uma torcida organizada do Sport Club Corinthians

Paulista com o mesmo nome. Essa torcida organizada foi imortalizada pelos

torcedores corintianos e é sempre vista nos estádios de futebol. Uma curiosidade e

característica marcante dessa torcida é que os torcedores se vestem com roupas de

detentos, com listras em preto e branco e alguns usam até algemas fictícias. Os

habitantes deste pavilhão eram réus primários, que na maioria das vezes eram

impetuosos e ainda sem a assimilação completa das regras a serem seguidas, o que

acabava muitas vezes por gerar conflitos diversos. Também era o segundo pavilhão

mais populoso chegando a ter mais de dois mil presos, o que gerava uma maior

necessidade de luta por sobrevivência. Os detentos que possuíam mais influência

eram respeitados, e muitas vezes conseguiam transferência para outros pavilhões,

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que possuíssem melhores condições. Os menos influentes tinham de prestar

serviços por sua sobrevivência para outras pessoas, como lavar mantas, vender

objetos, notas, baralho, armas brancas como facas, etc. Havia grande extorsão de

recursos como a alimentação, que era desviada de diversas formas. No fundo do

pavilhão ficavam as sobras de comida, aonde a alimentação era negociada, sejam

por maços de cigarros, prestações de serviços, entre outros. Os detentos que não

possuíam condições para negociar eram prejudicados e tinham uma condição de

vida precária.

3.2 Desativação do Presídio

A desativação após o motim de presos em 1992 deveria acontecer a partir da

construção de prisões no interior do Estado, possibilitando a melhoria das condições

do sistema penitenciário e desmobilização da organização do crime que estava se

aperfeiçoando dentro da própria detenção.

Até 1998, não havia um projeto para o espaço e após a desativação do

presídio, o mais provável seria a sua venda. No entanto em março de 1999 foi

anunciada a cessão da área para construção de um parque.

O fim da Penitenciária foi recebido com grande festa pela sociedade e

especialmente pelos moradores da região. O mercado imobiliário reagiu

imediatamente. O valor do aluguel de imóveis do entorno subiu 30%, equiparando

com os de bairros vizinhos, como Santana. Note-se que, com exceção do entorno do

Carandiru, a região já é bastante valorizada. Pela vizinhança com uma região já

valorizada, a inserção do parque surge como um "empurrãozinho" do Estado,

acelerando a revalorização do entorno. Satisfaz, assim, além dos moradores, antes

"sufocados" com a presença do presídio, o capital imobiliário já presente na região.

A nova ocupação foi definida em um concurso realizado em 1999. O projeto

vencedor previa, além da construção de um centro de lazer, esporte e educação, a

demolição de três pavilhões, entre eles o pavilhão 9, local da chacina. Antes do

concurso, falava-se na construção de uma "Universidade do Trabalho", para

reinserção de profissionais no mercado.

Como tantos outros concursos, este também não foi realizado de forma

participativa. Não se trouxe a debate nem qual o melhor destino para uma área de

P á g i n a | 14

tamanha dimensão (427 mil m²), muito menos como preservar a memória de local

com tal carga simbólica. A demolição de pavilhões deveria ser repensada diante do

imenso interesse da população em entrar em contato com a memória ali

impregnada, manifestado nas filas para visitação da Penitenciária.

É evidente que a cidade carece de parques e centros de lazer e educação

democráticos. O que é questionável, no entanto, é a forma como ocorrem as

decisões do poder público e quais os setores da sociedade são prioritariamente

favorecidos. A forma simplista como foi feita a desativação do espaço não passou de

uma medida eleitoreira, pois levou outras prisões à superlotação, ao invés de

resolver o problema. Da mesma forma, apagar a memória do presídio não afetará as

origens dos problemas que o tornaram um "campo de horrores".

3.3 Parque da Juventude

O desafio para o escritório Aflalo&Gasperini Arquitetos, ganhador da

concorrência pública do Governo do Estado de São Paulo, foi transformar esse

território, marcado por muitas tragédias, em uma área de lazer e convivência, que

acolhe milhares cidadãos da capital paulista desde 2003. “Coube à Purarquitetura,

com base no partido já aprovado, qualificar e desenvolver o projeto do parque

institucional e do teatro, considerando as tecnologias mais viáveis”, conta o arquiteto

Eduardo Martins.

Em setembro de 2003, o Parque da Juventude mudou a paisagem na Zona

Norte, ao substituir a Casa de Detenção do Carandiru por uma grande área verde. O

Parque é composto de três grandes espaços (cada um deles correspondendo a uma

das três fases de implantação): o primeiro, a Área Esportiva, é de caráter recreativo-

esportivo, com quadras poliesportivas, espaços para prática de skate e patins, pistas

de cooper, entre outros.

O segundo, denominado Área Central, é de caráter recreativo-contemplativo,

com trilhas, caminhos ajardinados, passarelas, entre outros elementos que remetem

mais à ideia tradicional do "parque". Finalmente, o terceiro, a Área Institucional e de

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caráter cultural, onde estão localizadas as ETEC's (Escolas Técnicas)1 e a Biblioteca

de São Paulo, sob responsabilidade da Secretaria da Cultura.

3.3.1 História preservada

A inserção urbanística foi uma grande preocupação nesse projeto.

Originalmente, eram quatro pavilhões que seriam conservados para manter viva a

memória do lugar, como um monumento à defesa dos direitos humanos. Porém

havia recursos para renovar apenas dois deles. “Durante um bom tempo, olhamos

os quatro prédios por vários ângulos, até decidirmos que os dois laterais

desapareceriam e seria construído um pavilhão de exposições, menor, posicionado

em frente aos dois originais, que circunscreveriam a grande praça”, conta Eduardo

Martins. Como coordenador do projeto dos dois pavilhões originais ainda relata:

Estudando os projetos que deram origem ao presídio, feitos nos anos 1970, descobri que, apesar da aparência de fortaleza, eles eram frágeis, de alvenaria. Fiquei pensando como removê-la, como mudar aquilo sem descaracterizar a memória da antiga cadeia. Em um dia de inverno, observei a insolação lateral, fazendo uma sombra de profundidade e remetendo à ideia de calabouço. Era isto: essa luz tornaria possível manter a referência da antiga cadeia, no presente, porém com leveza. Trabalhamos para conseguir justamente o efeito das sombras no vazio, um elemento que preservou a memória visual e simbólica do lugar.

3.3.2 Fachada e átrio

Nos dois pavilhões que permaneceram, toda a alvenaria foi removida, e a

estrutura de concreto, envelopada com painéis pré-fabricados. No vão entre as duas

fachadas, passam todas as instalações. Os vértices do volume superior também

foram mantidos, e o pátio interno recebeu uma grelha com cobertura de vidro, por

onde o sol passa e desenha sombras quadriculadas no átrio. A área onde ficavam

as celas cedeu espaço aos corredores.

1 A ETEC Parque da Juventude oferece os seguintes cursos: Administração, Informática, Marketing e Meio

Ambiente, estes integrados ao Ensino Médio e os somente técnicos como Administração, Biblioteconomia, enfermagem, Logística, Marketing, Museologia e Serviços Jurídicos. Já a ETEC de Artes oferece os seguintes cursos: Canto, Dança, Design de Interiores, Eventos, Regência, Composição e Arranjo, Produção Cultural, Arte Dramática, Paisagismo e Processos Fotográficos.

P á g i n a | 16

3.3.3 Pavilhão de exposições

Desenvolvido pela Purarquitetura, o Pavilhão de Exposições, com área de 4,2

mil m2, tem dois pavimentos: o térreo envidraçado, e o superior, com aberturas

ritmadas por painéis pré-fabricados, que dão unidade ao conjunto. De acordo com o

escritório nesse projeto:

Os arremates foram muito importantes, pois os materiais brutos poderiam comprometer o acabamento. “Criamos dobras para esconder a junção dos painéis com o concreto e arremates precisos junto aos caixilhos”, explica a arquiteta Karen de Abreu: “O volume do prédio foi definido pelas duas fachadas assimétricas: de um lado ela cobre o terraço e, do outro, descobre”. Essa é a graça do edifício, que também se destaca pelos painéis com pigmentação vermelha, que contrasta com o concreto dos pavilhões originais.

A estrutura interna flexível foi pensada para que o local servisse a várias

finalidades. A partir de 2010, o prédio foi ocupado pela Biblioteca de São Paulo, que

concentra mais de 30 mil livros.

3.4 A Biblioteca São Paulo2

A Biblioteca de São Paulo (BSP), inaugurada em 8 de fevereiro de 2010, foi

um projeto inovador porque sua estrutura foi planejada para oferecer conforto,

autonomia e a inclusão social por meio da leitura.

Inspirada na Biblioteca de Santiago, no Chile, e nas melhores práticas

adotadas pelas bibliotecas públicas do país, a BSP vem atuando, entre outras

frentes, na oferta de equipamentos e espaços que permitam o acesso da população

à produção e à expressão cultural.

3.5 Escola Técnica Estadual Parque da Juventude

A ETEC-PJ foi a terceira parte entregue e iniciou suas atividades no Prédio I

da Área Institucional do Parque da Juventude, em 26 de fevereiro de 2007.

Ocupando uma área de cerca de 6000 mil m2, num prédio construído sob a ótica de

um projeto inovador e aberto, em contraposição a ocupação inicial (Casa de

2 Descrição oficial no site da instituição http://bibliotecadesaopaulo.org.br

P á g i n a | 17

Detenção), a escola dispõem de 15 salas de aula ambientadas de acordo com o

componente curricular, 6 laboratórios de Informática, 1 laboratório de Montagem e

Manutenção de Computadores (hardware), 1 sala de Info-Servidores, 1 laboratório

de Enfermagem, 1 laboratório de Bioquímica, 1 laboratório de Robótica, 1 laboratório

de Museu, 2 salas de multimeios (com capacidade para 80 alunos), 1 Espaço do

Conhecimento (Biblioteca de Eventos), 1 Centro de Convenções e 1 Espaço

Memória do Carandiru, além de um posto de inclusão digital chamado Acessa SP3.

3.5.1 Objetivos da escola

O objetivo da escola é desencadear um processo de busca de saber,

protagonizado pelo aluno, a fim de promover a formação de valores e a aquisição de

competências e habilidades na construção de conhecimentos significativos e

sistematizados. Além disso:

Oportunizar situações de reflexão sobre uma convivência harmoniosa com

respeito mútuo, a fim de construir direitos e deveres de cada grupo,

preservando e respeitando a diversidade cultural da comunidade;

Priorizar a interdisciplinaridade, a fim de resolver problemas e estabelecer

relações de forma crítica entre as diferentes áreas do conhecimento;

Valorizar as produções individuais e coletivas, buscando resgatar a

autoestima do aluno;

Incentivar a criatividade, despertando o prazer pelo fazer e.

Desenvolver ações que estimulem a consciência socioambiental, buscando e

propondo soluções.

3 Acessa São Paulo é um programa de inclusão digital do Governo do Estado de São Paulo, criado em julho de

2000 e oferece para a população acesso às novas tecnologias da informação e comunicação (TIC’s), em especial à internet, contribuindo para o desenvolvimento social, cultural, intelectual e econômico dos cidadãos, mantendo espaços públicos com computadores para acesso gratuito e livre à internet.

P á g i n a | 18

4 PROJETO EXPOSITIVO IMPLOSÃO NÃO APAGA MEMÓRIAS

4.1 Eixo curatorial

O antigo Complexo Penitenciário do Carandiru, mesmo após implosão, ainda é

visto como símbolo de uma instituição cerceadora, de domínio e nulidade do

indivíduo. Porém, quando o espaço por ele deixado foi ocupado pelas ETEC’s, pelo

Parque e pela Biblioteca, o “Carandiru”, a nosso ver, buscou assumir outro papel: o

de complementar a formação do ser social por meio da educação e práticas

culturais, mas sem esquecer a história do lugar e seus antigos moradores.

Comparando os dois momentos do espaço ficam evidenciados a necessidade

social de transformação, desenvolvimento do indivíduo, da responsabilidade e

liberdade.

Nesta perspectiva, idealizamos o eixo “Implosão não apaga memórias” onde

apresentamos as similaridades das instituições presídio e escola, o perfil

disciplinador, bem como a necessidade de se praticar a educação como ação

cultural libertadora.

A proposta desta intervenção fará uso da apropriação do prédio, da

substituição das memórias e as várias ocupações do espaço. Buscamos, portanto,

refletir sobre a modelagem dos indivíduos nas escolas positivistas e a destituição do

indivíduo transgressor nas instituições prisionais, chamados de (re) educandos, a

busca pela liberdade para recuperar a individualidade e a prática da liberdade por

meio da educação.

Entendemos que a educação em si não resolve todos os problemas, mas é por

meio dela que o indivíduo terá acesso a ferramentas para formar opinião,

desenvolver seu senso crítico, ampliar sua visão e consequentemente fazer

melhores escolhas.

P á g i n a | 19

4.2 Objetivos

4.2.1 Geral

Propor aos diversos públicos, uma reflexão sobre o perfil disciplinador das

instituições, escolar e prisional e sobre a intrínseca vocação educacional do espaço

em seus diversos momentos: desde a casa de detenção até depois um parque com

escola e biblioteca.

4.2.2 Específicos

Informar sobre o histórico do local;

Refletir sobre violência latente em ambientes cerceadores;

A constante busca da liberdade e individualidade;

Relacionar passado e presente do espaço (presídio e escola);

Interatividade com o visitante e

Focar a intervenção nas atividades de educação, socialização e

desenvolvimento.

4.3 Justificativa

O historiador francês Jaques Le Goff em seu livro “História e Memória” analisa

as diferentes formas de memória e como essas são construídas. Segundo o autor a

História era um relato emitido pela testemunha do fato, hoje o relato já recebe status

de explicação do evento. A oposição entre o passado e o presente não é um dado

natural, mas uma construção, que ocorre de acordo com a época e o contexto

histórico em que se está submetido:

A memória, como propriedade de conservar certas informações remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas ou que apresenta como passadas (LE GOFF, 1992, p. 423).

Na idealização da intervenção abordando a apropriação do espaço onde foi o

Complexo Penitenciário do Carandiru e, hoje são o Parque da Juventude e a ETEC-

P á g i n a | 20

PJ e a Biblioteca de São Paulo, pensamos que teremos que lidar com: escolhas

arquitetônicas, o recorte de tempo e de seus elementos e, principalmente, das

memórias e da percepção dos frequentadores. Isso provavelmente resultará em

novas formas de enxergar esse espaço. Le Goff pontua a questão:

O documento não é inócuo. É, antes de tudo, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história da época, das sociedades que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante os quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio (LE GOFF, 1992, p.547).

O filósofo francês Michel Foucault em seu livro “Vigiar e Punir” discorre sobre

o cotidiano das prisões e seu contexto histórico na França. Porém, é possível

atualizar sua discussão para o contexto brasileiro. O cerne da obra do pensador é a

relação estabelecida entre o saber e o poder e como essa relação se altera ao longo

da história das prisões e como as instituições de ensino, de algum modo, se

apropriam dos mesmos modos punitivos no ambiente acadêmico.

Poder, por definição, é o direito de deliberar, agir, mandar e também,

dependendo do contexto, exercer sua autoridade, soberania, ou a posse do domínio,

da influência ou da força. Segundo a sociologia, poder é a habilidade de impor a sua

vontade sobre os outros.

Para Focault, neste âmbito, o que existe são as relações de poder

expressadas nas interações da vida cotidianas, desde a mais banal a mais

complexa. Elas existem quando a ação e o pensamento de uma pessoa são

subjugados e ele acaba fazendo ou agindo de acordo com o que o outro deseja.

Esse poder também era exercido de diversas formas no ambiente prisional,

tanto na relação apenado e autoridade policial, como na relação entre detentos: na

inclusão e exclusão dentro dos próprios pavilhões. Ainda nesse contexto é preciso

pensar no conceito que um indivíduo tem de liberdade porque para o filósofo,

ninguém consegue manipular a liberdade de ninguém.

Saber que nossa condição de liberdade esta diretamente ligada ao conceito

de autoridade do outro, pode limitar tanto um quanto o outro, sendo possível uma

pessoa exercer o poder em um campo e estar sujeito a ele em outro.

Na primeira parte da obra, a questão central é o suplício e como ele foi se

extinguindo na Europa ao longo do século XIX, fazendo com que o corpo deixasse

de passar por dores insuportáveis, provocadas pelas torturas, dando lugar a um

corpo que sofre com a privação da liberdade. Como escreve Foucault (1987):

P á g i n a | 21

O castigo passou de uma arte das sensações insuportáveis a uma economia dos direitos suspensos. Se a justiça ainda tiver que manipular e tocar o corpo dos justiçáveis, tal se fará à distância, propriamente, segundo regras rígidas e visando a um objetivo bem mais “elevado” (p.15).

Nota-se aqui uma analogia possível com o Complexo Penitenciário do

Carandiru, onde seus moradores além da falta de liberdade eram obrigados a dividir

espaços minúsculos com dez, quinze, às vezes até com mais de vinte pessoas. Ou

seja, o suplício vivenciado pelos presos franceses do século XIX em seus corpos por

conta de torturas se transformou em suplício por conta de espaços opressores e em

condições indignas. Por isso a necessidade de evidenciar questões como essa por

meio de uma intervenção no espaço que abrigou, por vezes, esse tipo de situação.

Passando à segunda parte do texto, o pensador francês se debruça sobre a

questão da punição, pensada sem o suplício, isto é, um castigo que levasse em

conta a “humanidade” do infrator, com o objetivo de fazer:

(...) da punição e da repressão das ilegalidades uma função regular, coextensiva à sociedade; não punir menos, mas punir melhor; punir talvez com uma severidade atenuada, mas para punir com mais universalidade e necessidade; inserir mais profundamente no corpo social o poder de punir (FOUCAULT, 1987, p. 102).

A prisão passa, assim, a assumir a função de um reformatório, pretendendo

evitar a repetição da infração e não apagar o crime cometido. O objetivo é a

transformação do culpado.

Na terceira parte, onde o autor aborda o tema da disciplina, começa a ser

elaborada uma aproximação entre os dois territórios: prisão e escola, como

ambientes disciplinadores. Alguns elementos são utilizados para garantir um

ambiente disciplinado, como por exemplo: as grades e a ideia de clausura

instaurando comunicações importantes para facilitar o encontro de indivíduos e

interrompendo outras comunicações, quando necessário.

As celas nas prisões e as fileiras nas salas de aula são modos de

organização, de disciplinar os indivíduos e certamente importantes para reflexão do

espaço que deixou de ser uma penitenciária e passou a ser ocupado por uma

escola.

Outra situação comum ao cotidiano dos presos, dos alunos e das pessoas

fora dessas instituições é a questão do horário, pois toda a sociedade está

condicionada a exercer atividades dentro de determinadas quantidades de tempo.

P á g i n a | 22

Isso é uma forma de disciplina a qual quase ninguém se dá conta. Como escreve

Foucault (1987): “a exatidão e a aplicação são, com a regularidade, as virtudes

fundamentais do tempo disciplinar” (p.177).

O controle de tempo na sociedade capitalista restringe a individualidade do

ser: na escola temos o sinal, os horários das aulas, deixamos a escola para o

mercado de trabalho onde teremos um horário para exercer nossas funções, horário

de entrada, almoço, saída, ou seja, temos nossas vidas encaixotadas e o tempo

determinado pelo empregador, pela sociedade.

O Carandiru, com toda sua complexidade, é um espaço antropológico é

criador de identidades e de relações interpessoais, aqui representado num primeiro

momento como presídio onde a relação que os moradores mantinham com o

espaço, a relação variável entre os pavilhões - como se lê nos depoimentos dados

por ex-moradores, bem como nos relatos da antropóloga Maureen Bisilliat e o

médico Dráuzio Varella. Pela escola/parque/biblioteca, onde abriga traços históricos

em que fica bem claro a fronteira entre o eu e os outros, tratando-se de uma história

nativa, formadora do “eu” e não de moldes científicos.

Alguns teóricos da Geografia colaboram também no conceito de território.

Sabemos que existem diferentes interpretações produzidas e de acordo com as

variadas concepções teórico-metodológicas há diversos pontos de vista, seja ele

econômico, político, social, cultural visto a dinâmica existente dentro do espaço em

constante modificação.

O território da cidade define sua forma de representação, materializando sua

história estimulada pela necessidade de memorizar suas experiências humanas.

Enquanto lugar das relações registram os que por ali passaram e fizeram, através de

documentos e de sua arquitetura, principalmente. Quando desmembramos esta

forma de representação, compreendemos melhor suas complexidades.

De acordo com Milton Santos o território configura e reconfigura o espaço,

sendo base das relações sociais:

O território é imutável em seus limites, uma linha traçada de comum acordo ou pela força. Este território não tem forçosamente a mesma extensão através da história. Mas em um dado momento ele representa um dado fixo. Ele se chama espaço logo que encarado segundo a sucessão histórica de situações de ocupação efetiva por um povo – inclusive a situação atual – como resultado da ação de um povo, do trabalho de um povo, resultado do trabalho realizado segundo as regras fundamentadas do modo de produção adotado e que o poder soberano torna em seguida coercitivas. É o uso

P á g i n a | 23

deste poder que, de resto, determina os tipos de relações entre as classes sociais e as formas de ocupação do território (SANTOS, 2002, p. 233).

Já Claude Raffestin considera o território um instrumento de poder, onde

ocorre a produção entre as diferentes ações humanas e a natureza. Conforme

Fernanda Correia Silva salienta ocorre uma multiplicidade de territórios:

Assim, as relações de poder que são adquiridas em diferentes escalas, produzem uma multiplicidade de territórios, cada qual com uma territorialidade diferente. Deste modo, o Estado não é a única organização capaz de estabelecer espaço e construir (ou desconstruir) uma territorialidade. (SILVA, 2010, p.21)

Concordamos com Raffestin e Silva, que refletindo sobre a vida cotidiana do

sistema carcerário, são trazidos para análise através da intervenção a ser realizada,

recortes espaciais advindos das celas e pavilhões que são espacializados por meio

da vivência cotidiana reveladas nas relações de poder, inclusão e exclusão que, por

sua vez, identificam a posição do detento na prisão que o mesmo se encontrava na

ocasião.

Surge assim uma consolidação de um conjunto de estratégias que fazem um

recorte da geografia de territórios do cotidiano com o objetivo de trazer a

sobrevivência naquele espaço já delimitado por excelência.

Deste modo, o território carcerário traz suas estruturas de poder e memória e

fazem parte de uma estrutura maior – o da cidade – que incluída também nesta

trama de poder e memória fazem parte do espaço humanizado e em constante

modificação, deixando através das memórias o registro dos que passaram e de

como ali viveram.

O território formado é o resultado de diversas ações, que ao se apropriar de

um espaço, seja ele concreto ou abstrato, o territorializa. Segundo Raffestin: “o

território é a cena do poder é o lugar de todas as relações” (1993, p.58).

Por fim, acreditamos que houve a necessidade de abordar conceitos diversos

sobre curadoria e intervenção urbana, bem como o levantamento da história do

espaço em discussão e seus diferentes usos.

Pensando em uma escola desvinculada à imagem de instituição corretiva, tal

como pensada por Foucault, há o educador brasileiro Paulo Freire que defendia o

exercício da educação para o desenvolvimento do pensamento critico, a destruição

dos muros em prol do indivíduo. A escola deixa de ser uma instituição disciplinadora

para ser um espaço de transformação.

P á g i n a | 24

A educação como prática da liberdade, ao contrário daquela que é a prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim também a negação do mundo como uma realidade ausente dos homens (FREIRE, 1999).

Na pedagogia freiriana o núcleo é o educando, o papel do educador é mediar

à formação deste, respeitando o conhecimento que esse aluno já possui, passando

da simples curiosidade a curiosidade epistemológica, isto é, um conhecimento

prático passa a ser fundamentado, o educando passa a entender determinados

“porquês”. Paulo Freire deixa isso bastante explícito quando escreve:

O fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me põe numa posição em face do mundo que não é de quem nada tem a ver com ele. Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da história (FREIRE, 1999).

O ambiente escolar pensado por Freire é democrático, na medida em que é

regido pelo respeito, onde o educador ensina aprendendo e o aluno aprende, mas

também ensinando. É também um espaço de desenvolvimento do pensamento

crítico, reflexivo, onde não há verdades absolutas.

Podemos citar esse projeto de intervenção do espaço como exemplo desse

processo educacional transformador, formador de indivíduos críticos. Pensar na

antiga ocupação do espaço da ETEC-PJ pelo presídio do Carandiru e dialogar com

a sua atual ocupação por uma escola, é fazer com que o visitante se sinta parte

dessa história e se sinta responsável pela ocupação e transformação dele.

4.4 Seleção dos objetos

Para este projeto expositivo, foi realizada uma seleção de objetos pertencentes

ao Espaço Memória Carandiru (EMC) de forma que fosse possível ilustrar o conceito

do projeto e a cenografia proposta na expografia (Capítulo 5).

Utilizaremos também imagens obtidas na internet e do acervo pessoal dos

alunos, bem como cenas do documentário “O prisioneiro da grade de ferro” -

realizado pelos próprios detentos do Carandiru em 2001.

Para a conservação e preservação dos objetos está previsto o restauro, a

higienização e a criação de espaços com proteção com vidro para expor as peças.

Contudo, optamos pela contratação de um especialista para gerir o processo de

P á g i n a | 25

salvaguarda dos objetos pertencentes ao Espaço Memória Carandiru durante o

período da exposição.

Para a equipe de produção idealizamos um caderno de montagem (ANEXO

B), onde detalhamos cada espaço, dimensões, localização de objetos, plotagens,

textos e outras informações pertinentes para a realização da exposição.

A seguir, peças e fotos que selecionamos para a exposição separada por

módulos. As imagens são tanto do acervo EMC como de banco de imagens.

Módulos Imagem Título Descrição Observações

Destituição do ser Módulo 2

Fotografia Corredor

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Plotagem

Silhuetas

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Plotagem

Fotografia Divinéia 1

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Plotagem Uso também

no vídeo

Divinéia

Portão de metal 327 cm x 173 cm

x 8 cm Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte

adequado ao peso e ações de restauro

Cela Ambiente escolar

Módulo 3

Fotografia Sombra 1

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Plotagem

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Cela Ambiente escolar

Módulo 3

Fotografia Sombra 2

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Plotagem

Fotografia Sombra 3

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Plotagem

Carteira escolar

Cadeira: 77 cm x 40 cm x 50 cm

Mesa: 72 cm x 61 cm x 43 cm

Pertencente a ETEC-PJ

Cela Ambiente presídio

Módulo 3

Fotografia Pavilhão 8

Data: desconhecido Autor: João

Wainer

Plotagem

Grade de ferro

187 cm x 167 cm Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte

adequado e ações de

restauro

Painel Pavilhão 4

Quadro em madeira

130 cm x 150 cm x 5 cm Data:

desconhecido Autor: Complexo Penitenciário do

Carandiru Coleção: EMC

Necessita de suporte de parede e ações de restauro

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Cela Ambiente presídio

Módulo 3

Quadro 1 62,5cm x 74,5cm

x 3 cm Coleção: EMC

Necessita de suporte de

parede e ações de

restauro

Liberdade e rupturas Módulo 4

Caixas de fuga

5 Caixas plásticas 146 cm x 66 cm x

46 cm Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de higienização

Fotografia Arte educação

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Banda 1

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Banda 2

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6

Fotografia Cela 1

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Uso no vídeo

Fotografia Cela 2

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Uso no vídeo

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Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia Cela 3

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Uso no vídeo

Fotografia Desativação 1

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Uso no vídeo

Fotografia Desativação 2

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Uso no vídeo

Fotografia Desativação 3

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Uso no vídeo

Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia desativação 4

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Uso no vídeo

Fotografia desativação 5

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Uso no vídeo

Fotografia Divinéia 2

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

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Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia Divinéia 3

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Educativo 1

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Educativo 2

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Esporte

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6

Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia Evento 1

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Evento 2

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Evento Esportivo

1

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

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Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia Evento Esportivo

2

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia e Evento Esportivo

3

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Evento Esportivo

4

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6

Fotografia Evento Esportivo

5

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia Evento Esportivo

6

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Evento com Jair

Rodrigues

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Evento com Gil

Gomes

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

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Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia Evento com Rita

Cadilac

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6

Fotografia Fuga com Tereza

1

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6

Fotografia Fuga com Tereza

2

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Fuga com Tereza

3

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia Fuga com Tereza

4

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Ofício

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6

Fotografia Panóptico

Data: desconhecido

Autor: desconhecido

Uso no vídeo

P á g i n a | 32

Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia Refeitório de funcionários

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo e reprodução para a estante no Módulo 5/6

Fotografia Reportagem com

Goulart de Andrade

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Uso no vídeo

Fotografia Implosão 1

Data: 08/12/2002 Autor:

desconhecido

Reprodução Instalação: Módulo 4

Fotografia implosão 2

Data: 08/12/2002 Autor:

desconhecido Reprodução

Liberdade e rupturas Módulo 4

Fotografia implosão 3

Data: 08/12/2002 Autor:

desconhecido Reprodução

Fotografia implosão 4

Data: 08/12/2002 Autor:

desconhecido Reprodução

Transformação Módulo 5/6

Quadro 2 66,5cm x 86,5cm

x 1,5cm Coleção: EMC

Necessita de suporte de

parede e ações de

restauro

P á g i n a | 33

Transformação Módulo 5/6

Quadro 3 40 cm x 55 cm x 3 cm Coleção: EMC

Necessita de suporte de parede e ações de restauro

Quadro 4 73 cm x 55,5cm x

3,5cm Coleção: EMC

Necessita de suporte de

parede e ações de

restauro

Quadro 5 34,5cm x 45 cm x

3,5cm Coleção: EMC

Necessita de suporte de

parede e ações de

restauro

Quadro 6 31 cm x 41 cm x 1 cm Coleção: EMC

Necessita de suporte de

parede e ações de

restauro

Transformação Módulo 5/6

Quadro 7 61 cm x 101 cm x

4 cm Coleção: EMC

Necessita de suporte de

parede e ações de restauro na

moldura

Bola de futebol 1

69 cm (diâmetro) Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte com

tampo acrílico para proteção

Bola de futebol 2

60 cm (diâmetro) Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte com

tampo acrílico para proteção

P á g i n a | 34

Transformação Módulo 5/6

Luva de Boxe 1

28 cm x 17 cm x 16 cm Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte com

tampo acrílico para proteção

Luva de Boxe 2

30 cm x 17 cm x 16 cm Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte com

tampo acrílico para proteção

Halteres 1

34 cm x 16 cm Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte com

tampo acrílico para proteção

Halteres 2

34 cm x 16 cm Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte com

tampo acrílico para proteção

Transformação Módulo 5/6

Halteres 3

34 cm x 16 cm Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte com

tampo acrílico para proteção

Troféu esportivo

45 cm x 22 cm x 21 cm

69 cm (diâmetro) Data:

desconhecido Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte com

tampo acrílico para proteção

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Transformação Módulo 5/6

Arco das Rosas: O marchand como

curador

25 cm x 25 cm x 1

cm

Data: desconhecido

Autor: Casa das Rosas

Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Arte na Associação Paulista de Medicina

28 cm x 21 cm x

0,5cm

Data: desconhecido

Autor: José Roberto Teixeira

Leite Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

As mil e uma noites. Volume 1

e 4

18,7cm x 12 cm x

3 cm

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Cabeças

20,5cm x 13,5cm

x 0,4cm

Data: desconhecido Autor: Valdir

Rocha Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Transformação Módulo 5/6

Caminhos da pobreza:

A manutenção das diferenças em

Taubaté

23 cm x 16 cm x

1,2cm

Data: desconhecido Autor: Mauricio Martins Alves Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Catálogo dos Museus do Brasil

23 cm x 16 cm x

1,2cm

Data: desconhecido Autor: Fausto Henrique dos

Santos; Fernando Menezes de

Moura; Neusa Fernandes.

Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

P á g i n a | 36

Transformação Módulo 5/6

CNA Workbook Volume 2

24 cm x 21m x 1

cm

Data: desconhecido

Autor: CNA Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Crimes em São Paulo

28 cm x 21,5cm x

2,5cm

Data: 1998 Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte para

expor em pé e aberto

Depoimentos

23 cm x 17 cm x 2

cm

Data: desconhecido

Autor: Alexandre Kafka

Coleção: EMC

Necessita de suporte para

expor em pé e aberto

Encíclicas Sociais de João XXIII

Volume 2

23 cm x 16 cm x

3,3 cm

Data: desconhecido

Autor: Jose Olímpio Editora Coleção: EMC

Necessita de suporte para

expor em pé e aberto

Transformação Módulo 5/6

Enciclopédia Delta Larousse

Volume 8

27,2cm x 19 cm x

3,3cm

Data: desconhecido

Autor: desconhecido Coleção: EMC

Necessita de suporte para expor em pé

Guia Cultural do Estado de São

Paulo – municípios de M a

R

23 cm x 16 cm x 3,7cm

Autor: Secretaria de Estado da

Cultura e Fundação SEADE

Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Guia de Museus do Brasil

21 cm x 14 cm x

1,5cm

Data: desconhecido

Autor: Fernanda Camargo de

Almeida Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

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Transformação Módulo 5/6

História do Brasil

21 cm x 15 cm x 2

cm

Data: desconhecido Autor: AS outo

Maior Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Inventários e Testamentos Volume 25

23,5cm x 16,5cm

x 2,3cm

Data: 1994 Autor: Secretaria

de Estado da Cultura

Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Inventários e Testamentos Volume 46

23 cm x 16 cm x 2

cm

Data: 1998 Autor:

desconhecido Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Transformação Módulo 5/6

XX Bienal Internacional de

São Paulo

28 cm x 21 cm x

0,1cm

Data: desconhecido

Autor: Fundação Bienal

Coleção: EMC

Bom estado de

conservação

Mesa de alimentação

Mesa: 81 cm x 252 cm x 102 cm Banco: 47 cm x 249 cm x 35 cm

Pertencente a ETEC

P á g i n a | 38

5 PROPOSTA MUSEOGRÁFICA

A museografia ou expografia consiste no desenho do espaço de uma

exposição e de tudo aquilo que diz respeito à ambientação. Segundo André

Desvallées, ela visa a pesquisa de uma linguagem e de uma expressão fiel para

traduzir o programa científico de uma exposição4.

Esta tradução poderá ser feita por meio de uma ambientação do espaço, cores

das paredes, tipografias e pela cenografia. Contudo, o projeto museográfico deve

conter não só a ambientação que atenda o conceito curatorial, mas também a

elaboração de painéis, bases e outros tipos de suportes para apresentação dos

objetos.

A proposta para a exposição “Implosão não apaga memórias” utiliza-se de

uma área delimitada no Pátio da ETEC-PJ, estrategicamente ao lado do Espaço

Memória Carandiru. A área será de 12m x 11,58m, com paredes construídas com

madeira MDF, e o interior dividido em oito ambientes que explorem e ativem a

reflexão e pensamento crítico do visitante.

Figura 1: Pátio da ETEC-PJ com delimitação da proposta museográfica

4 FIGUEIREDO, R. artigo “O que é expografia”. 2012.

P á g i n a | 39

A área desenhada permitirá uma confortável circulação de pessoas, atividades

dentro do espaço, bem como a mobilidade / acessibilidade, dentre outras questões

inerentes ao espaço museológico.

Figura 2: Vista aérea da proposta museográfica

A instalação não terá o teto totalmente fechado, pois serão utilizadas como

base de estrutura e delimitação as colunas já existentes no prédio. Como a altura

destas colunas é baixa (2,36m), o ambiente se fechado totalmente seria

claustrofóbico.

Optou-se então pelo fechamento somente do corredor de entrada a fim de

ampliar a sensação do cárcere e na sequência propiciar a sensação de liberdade

com a ausência do teto. Considerou-se também a possibilidade de se utilizar a

iluminação da escola.

P á g i n a | 40

5.1 Percurso e temas abordados

Módulo 1: Brise-soleil (quebra sol instalado na fachada) Tema: Memória Objeto: Banners Materiais: Terceirização de materiais gráficos (lona).

Considerando que muitos se lembram do presídio porque passavam na

estação de metrô Carandiru e visualizavam as roupas dos detentos penduradas nas

janelas, nosso objetivo nesse contexto é estimular essa memória visual e a

curiosidade de quem ali transita.

Por isso, como primeiro elemento de comunicação com o público, serão

expostos sete banners suspensos nos brises na fachada da ETEC-PJ, frente voltada

para o metrô, sendo seis com palavras relativas ao conceito e um com as

informações da exposição.

Partindo do pressuposto de quem passará fora do prédio da ETEC-PJ e

visualizará esse primeiro módulo, formado pelos banners em sua fachada, não terá

conhecimento da exposição em si, foram escolhidas seis palavras-chave de

entendimento de todos a fim de gerar curiosidade e questionamento. As palavras

são uma síntese da proposta da intervenção e opõem-se entre si: Carandiru x

Escola; Liberdade x Opressão; Transformação x Disciplina.

Estas, porém, serão dispostas de uma forma misturada para que o próprio

público faça as associações. Foi escolhido um número reduzido de palavras para

que estas realmente chamem atenção, sejam lidas e interpretadas.

Figura 3: Banners instalados na fachada com as seis palavras-chave

P á g i n a | 41

Módulo 2: Corredor de entrada e Divinéia Tema: Destituição do ser Objeto: Silhuetas e Portão da Divinéia Materiais: Plotagens das imagens e silhuetas (material gráfico); plotagem do texto curatorial; suporte em ferro para a Divinéia, tinta para parede (bordô).

Para entrar na instalação o visitante atravessará um longo corredor com baixa

luminosidade e silhuetas ao redor, remetendo à sensação do aprisionamento e da

vigilância.

Ao fundo verá o portão da Divinéia - local onde os presos entravam e saiam

do Complexo Penitenciário Carandiru - que será o primeiro objeto a ser exposto.

Com grande representatividade para a história local, podemos pensar também que

metaforicamente toda porta é um local de passagem entre o conhecido e o

desconhecido, de entrada e retorno, que é uma possibilidade de mudanças. Uma

porta nos convida a atravessá-la.

Neste espaço também será apresentados o texto curatorial da exposição

(apresentado no quadro abaixo) com um breve resumo do conceito e convidando o

visitante a refletir sobre o espaço que ele acabou de entrar.

A passagem de um local símbolo de uma instituição cerceadora, de

domínio e nulidade para um ambiente que assume um papel

totalmente oposto, que é o de complementar a formação do ser

social através da educação e práticas culturais, leva ao

questionamento da necessidade de transformação e

desenvolvimento do ser humano.

Porém a educação, na forma de escola, teria realmente esse perfil

libertador ou seria voltada apenas para disciplinar, se assemelhando

em muitos casos com o sistema carcerário? Essa é a questão

proposta por esta instalação, onde no mesmo espaço convivem os

resquícios e memórias do ambiente cerceador e a atividade

educacional atual.

Será possível ao visitante se inserir em uma realidade que remeterá

tanto ao ambiente do cárcere quanto ao da escola, com uma

proposta interativa e questionadora sobre o que liberta e o que

oprime.

P á g i n a | 42

Figura 4: Primeiro plano do corredor de entrada

Figura 5: Divinéia no fim do corredor

P á g i n a | 43

Figura 6: Lado esquerdo do corredor de entrada

Figura 7: Lado direito do corredor de entrada

P á g i n a | 44

Módulo 3: Celas Tema: Cárcere na escola e no presídio Objetos: Silhuetas, carteira escolar, camisetas, painel de organização do pavilhão 4, quadro de esporte, grade de ferro Materiais: Plotagens (material gráfico); iluminação focal; 100 camisetas brancas; 1 camiseta vermelha; suporte para as camisetas; suporte para a grade (acervo); grade; suporte para os quadros de parede. Será mantida a textura original das colunas do prédio.

Neste espaço serão reproduzidas duas celas, as paredes terão plotagens de

silhuetas e a inserção de itens representativos ao espaço escolar e do presídio.

Na cela 1 – O cárcere escolar será representado pelas silhuetas e pela carteira

escolar. As silhuetas denotam o aluno que deixa de ter nome e se torna um número

de chamada. A carteira remete ao ensino de regras a serem seguidas, a disciplina.

A grade enfatiza que ali começa o cárcere, ele só não é percebido.

É possível pensar também que as silhuetas neste espaço podem ampliar a

reflexão, visto que não é possível identificar quem estamos projetando se o

presidiário ou o aluno, o funcionário ou o visitante, o que representa o conceito de

supressão do indivíduo.

Na cela 2 – Utilizaremos as camisetas para representar os uniformes –

presente em ambas as realidades para padronizar o indivíduo - e também a

superlotação das celas no presídio (algo que acontece também nas salas de aulas).

As camisetas serão brancas e amontoadas como “roupas sujas” jogadas ao

chão e somente uma delas será vermelha, numa discreta abordagem ao motim

sangrento de 1992. Haverá também a exposição de elementos do acervo do Espaço

Memória Carandiru a fim de ambientar o espaço da cela. Para isso serão expostos

na parede um painel de organização do pavilhão 4 (disciplina) e um quadro de fotos

sobre futebol montado por detento (memória de liberdade).

O seguinte texto acompanhará este módulo:

Em diferentes ambientes e de inúmeras maneiras o ser humano

pode ser suprimido. Indivíduos que se tornam sombras, que são

números, que são uniformes, que estão alocados em fileiras e

pavilhões. Estes vivem em celas que podem ser reais e

materializadas como no cárcere ou discretas e sutis como em um

ambiente educacional. Como distinguí-las? Como se libertar de algo

que podemos não enxergar?

P á g i n a | 45

Figura 8: Cárcere Escolar

Figura 9: Cárcere Penitenciário

P á g i n a | 46

Módulo 4: Liberdade e Rupturas Tema: Busca por liberdade e individualidade Objetos: Vídeo, caixa de fuga, fotos da implosão Materiais: Vídeo; suporte para a TV; Tela; suporte para a caixa de fuga; tinta para a parede (bordô); 6 pufs; 3 fones de ouvido; plotagem do texto sobre a caixa de fuga; reprodução de fotografias / plotagens pequenas.

Para este espaço houve a seleção das caixas de alimento que foram objetos

adaptados pelos detentos em tentativas de fuga.

Estes elementos são significativos no conceito da busca pela liberdade, a fuga

de um lugar para outro mais desejado, o fim de uma individualidade suprimida, um

rito de passagem que na exposição representará a transformação do espaço.

Neste momento também será disponibilizado um vídeo focado na ideia de que

para um ser destituído de individualidade, não importa o que a sociedade faça para

“amenizar” o cárcere, ele desejará sua liberdade, desejará fazer suas próprias

escolhas. O áudio enfatizará essa sensação do cárcere e da solidão e para tanto

escolhemos:

a. Like a Dog Chasing Cars – Hans Zimmer

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=R0ynjjk2c7Y.

Acesso em: 03/12/2014

b. Som da implosão do Carandiru –

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QhLt7iKUrYY

Acesso em: 03/12/2014

c. Another Brick the Wall – Pink Floyd (Sample Hip Hop Beat)

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_aTJLy7Tthk

Acesso em: 03/12/2014

O objetivo do vídeo não é disponibilizar um álbum de fotografias com trilha

sonora e sim ampliar a sensação do desespero de um ser destituído de

individualidade. Para tanto as imagens do cotidiano têm uma transição acelerada,

bem como a música, e somente as imagens que focam o conceito curatorial

possuem a transição mais lenta, ou seja, a busca da liberdade, a transformação, as

rupturas.

P á g i n a | 47

Uma coluna com imagens da implosão foi inserida representando a ruptura

entre os dois momentos: o da supressão do indivíduo para o de estímulo ao

desenvolvimento humano.

Figura 10: Caixa de alimentos (caixa de fuga) e vídeo

O seguinte texto acompanhará a exposição das caixas:

Quando se vive encarcerado o sonho de muitos é viver em liberdade,

por isso várias rotas de fugas foram registradas ao longo da

existência da Penitenciária do Carandiru. Uma das mais curiosas foi

a das caixas de transporte de alimentos.

Usando um objeto do cotidiano, como as caixas em que era entregue

a alimentação diária, alguns detentos tentaram fugir em seu interior

enquanto essas eram retiradas de dentro do presídio, porém era

impossível imaginar que o sol, um grande símbolo de liberdade, os

impediria de realizar seu objetivo, pois foi através de suas sombras

que estes foram descobertos tornando a fuga totalmente frustrada.

P á g i n a | 48

Módulo 5 / 6: Transformação e inter-relação do passado e presente do Espaço Temas: Similaridades entre as atividades da escola e presídio, busca por transformação. Objetos: Estante vazada. Quadros. Bolas, luvas de boxe, halteres, troféus, livros e fotografias. Materiais: Tinta para parede (bordô); suporte para os quadros; plotagem do texto sobre o espaço; estante vazada em MDF (18 vãos com vidros removíveis na face para a exposição e brises na face voltada para o pátio e outros 16 vãos totalmente abertos).

O esporte, a leitura, a socialização, presentes nos dois ambientes, serão

representados por objetos dispostos em uma estante vazada.

A estante será construída com algumas das “janelas” no mesmo formato dos

brise-soleils da fachada da ETEC-PJ, e os outros vãos, totalmente abertos,

permitirão a conexão entre o passado – exposição e o presente – movimento diário

no pátio da ETEC-PJ.

Foram selecionados objetos e fotos que ilustram a prática de diversos esportes

e exercícios físicos no presídio, tais como lutas, futebol e academia. Também foram

eleitas imagens que demonstram a intenção de se formar um sistema educativo

dentro da prisão e incentivar a prática da leitura no Complexo Penitenciário.

Este escopo é de suma importância já que o Centro Paula Souza, instituição

responsável por parte do antigo espaço Complexo e a Biblioteca de São Paulo, são

totalmente voltados para educação e o aprendizado.

O seguinte texto acompanhará este módulo:

Por mais que o ambiente seja árido, apertado e hostil algumas

plantas ainda assim conseguem florescer. Práticas como leitura,

aprendizado, socialização e esportes aconteciam na Penitenciária do

Carandiru. É possível observar quadros, tais quais janelas para outra

realidade, produzidos por detentos, além de objetos de um cotidiano

que se aproxima ao que se desenvolve hoje neste mesmo ambiente:

a educação. Ambos os espaços dialogam, através de resquícios

tanto de cárcere como de evolução e transformação.

P á g i n a | 49

Figura 11: Quadros e objetos pertencentes ao Espaço Memória Carandiru

Figura 12: Estante vazada com face voltada para o espaço expositivo

Figura 13: Saída da exposição com estante voltada para o pátio da ETEC-PJ

P á g i n a | 50

Módulo 7: Lousa “A liberdade deste mundo é apenas uma cela mais espaçosa” Tema: A transformação por meio da educação: interação com o visitante Objeto: Interatividade e assimilação do tema exposto; material de apoio do educativo Materiais: Tinta lousa ou placa branca, canetas hidrográfica ou giz antialérgico; material gráfico, armário/suporte em madeira.

O que será a liberdade para cada um? E cárcere? Neste espaço será

disponibilizada uma parede para que o visitante possa se manifestar sobre os temas

abordados na exposição seja a partir de ações do educativo ou livremente, a partir

da frase disparadora que a integra “A liberdade deste mundo é apenas uma cela

mais espaçosa”. Nosso objetivo é que este seja um espaço aberto ao debate e

exteriorização do pensamento.

Figura 14: A Grande Lousa com a frase disparadora

P á g i n a | 51

6 PLANO DE COMUNICAÇÃO

A comunicação é uma ferramenta de integração, instrução e troca mútua,

compreendemos a importância do desenvolvimento do seguinte plano de

comunicação para servir de guia, visando alcançar propostas.

Nele apontaremos público alvo, mensagem, seus canais de transmissão e os

demais processos que envolvem a comunicação deste projeto.

A exposição aponta similaridades entre as instituições presídio e escola, o

perfil disciplinador, bem como a necessidade de se praticar a educação como ação

cultural libertadora. Dentro dessa temática, visamos atingir o público de forma

instigante e reflexiva levando-o a conhecer mais da história e memória do espaço

que hoje abriga o prédio da ETEC-PJ.

6.1 Público

Partindo da localização da exposição - pátio da ETEC-PJ - entendemos que

nosso público principal se encontra num raio que abrange os frequentadores das

ETEC-PJ e seu entorno. Para atingir com eficácia esses diferentes grupos de

pessoas, o público da exposição foi dividido entre interno e externo.

6.1.1 Interno

Este conjunto abriga os indivíduos que frequentam e/ou estão ligados à

estrutura organizacional da ETEC-PJ:

Alunos o ETIM (Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio); o Cursos Técnicos; o EaD (Ensino à Distância).

Funcionários o Professores; o Coordenadores; o Diretores; o Terceirizados (Seguranças e Limpeza); o Acessa SP; o Lanchonete;

P á g i n a | 52

o Estação do Conhecimento; o Copiadora.

Usuários das dependências internas.

6.1.2 Externo

No público externo consideramos os outros grupos que se relacionam com a

ETEC-PJ e não fazem parte de sua operação, além de abranger também

interessados em geral:

Frequentadores e funcionários do Parque da Juventude e da Biblioteca de

São Paulo;

Convidados especiais para a exposição (ex: Autoridades municipais,

estaduais e federais, fotógrafos, jornalistas);

Convidados dos alunos e funcionários da ETEC-PJ;

Público espontâneo.

6.2 Pesquisa de Público

Desenvolvemos um questionário com treze perguntas a fim de

entender/conhecer o nosso público alvo e seus interesses. As alternativas focam em

dados básicos (grupo amostral, sexo, idade, escolaridade), noções sobre o

Carandiru e a ETEC-PJ, disposição para exposições e meios de informação

adotados pelos participantes.

A pesquisa foi realizada em dois dias diferentes, um sábado (25/10) e uma

segunda-feira (27/10), essas datas foram escolhidas com o objetivo de recolher

respostas de grupos distintos.

No sábado, o questionário foi aplicado visando o público externo, portanto

abordamos pessoas nos arredores da ETEC-PJ, enquanto que na segunda focamos

no público interno e foram selecionados apenas frequentadores do prédio. Optamos

por distribuir as folhas de pesquisa aleatoriamente e permitir que cada participante

as preenchesse, com tempo individual. Desta forma, tabulamos 20 questionários

preenchidos, dez para cada dia.

P á g i n a | 53

Sem levar em consideração os diferentes dias de aplicação as folhas de

pesquisa foram agrupadas. Os dados obtidos resultaram em treze gráficos que

podem ser observados abaixo:

Gráfico 1: Pesquisa de público – Grupo Amostral

Gráfico 2: Pesquisa de público – Sexo

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Gráfico 3: Pesquisa de público – Faixa Etária

Gráfico 4: Pesquisa de público – Escolaridade

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Gráfico 5: Pesquisa de público – Conhece o Espaço Memória Carandiru?

Gráfico 6: Pesquisa de público – Conhece a história da Penitenciária Carandiru?

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Gráfico 7: Pesquisa de público – Conhece a ETEC Parque da Juventude?

Gráfico 8: Pesquisa de público – Com que frequência visita exposições?

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Gráfico 9: Pesquisa de público – Preferência de visitação

Gráfico 10: Pesquisa de público – Disponibilidade para visitar exposições

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Gráfico 11: Pesquisa de público – O que acha do título "Implosão não apaga memórias”?

Gráfico 12: Pesquisa de público – Se interessaria por uma exposição com a temática "Penitenciária

Carandiru"?

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Gráfico 13: Pesquisa de público – Principais meios de informação

No questionário, também disponibilizamos um espaço para a sugestão de

títulos para a exposição e nele obtivemos as seguintes considerações:

País das calças bege;

Exposição memória Carandiru;

Carandiru;

Carandiru, um pedaço da história.

Nossa pesquisa apontou um público composto principalmente por

freqüentadores do parque/moradores da região (35%); homens (60%); pessoas com

mais de 25 anos (60%) e ensino médio (55%). Essas pessoas afirmam conhecer a

história da Penitenciária Carandiru (95%) e a ETEC-PJ (90%), a maioria também

afirma conhecer internamente o Espaço Memória Carandiru (45%).

Apesar de pouco frequentar exposições (90%), grande parte dos

entrevistados declarou interesse numa exposição com a temática “Penitenciária

Carandiru” (55%). Verificamos ainda, a aceitação do título “Implosão não apaga

memórias”, pois 65% dos entrevistados consideraram um “bom” título para uma

exposição com a temática. Quanto a disponibilidade, a preferência de visitação se

dá na parte da tarde (50%), e com predileção pelo final de semana (65%).

P á g i n a | 60

Por último, buscamos entender quais meios de divulgação são adotados por

nosso público e obtivemos os seguintes resultados: Internet (48%), Televisão (24%),

Impresso (21%) e outros (7%).

Reconhecemos a necessidade de uma amostragem maior, porém a pesquisa

objetivava uma pequena base para que pudéssemos começar a delinear nosso

público e pensar em ações estruturantes de divulgação. Mesmo assim, podemos

concluir que lidamos com público jovem, conectado ao meio digital e com interesse

na temática proposta.

6.3 Identidade Visual

A identidade visual é de suma importância para sua reputação de uma

empresa, pois se trata, muitas vezes, da primeira impressão que o observador faz

dessa determinada empresa, além disso, ela é a representação visual que o público

enxerga, se identifica ou não com determinados aspectos e características nela

representados, que por sua vez devem refletir a própria empresa. Essas

características e aspectos físicos são determinados pela psicologia das formas,

conhecida por Gestalt, que ajuda a compreender como essas formas e cores são

percebidas pelo observador.

A criação dessa identidade visual no desenvolvimento da exposição

aconteceu embasada nas justificativas teóricas do texto curatorial, de forma a tentar

reforçar todo o ideal nele representado.

6.3.1 Desenvolvimento da logomarca

O desenvolvimento da logomarca foi embasado na tentativa de representação

de indivíduos, em sua primeira etapa houve um apelo figurativo nos estudos

realizados dessa representação, mas os resultados obtidos não foram satisfatórios:

P á g i n a | 61

Figura 15: Etapa 1 de desenvolvimento da logomarca

Houve então uma tentativa de representá-los através de tipografia, traçando

um paralelo com a escrita e escola:

P á g i n a | 62

Figura 16: Etapa 2 de desenvolvimento da logomarca

Observou-se nessas tentativas uma proximidade com o que se pretendia

passar e a partir da definição do título da exposição, pôde nos aproximar cada vez

mais com o objetivo gráfico pretendido:

P á g i n a | 63

Figura 17: Etapa 3 do desenvolvimento da logomarca

A mescla de alguns estudos foi desenvolvida como tentativa de aperfeiçoar

cada vez mais os resultados e chegar a um denominador comum:

Figura 18: Etapa 4 do desenvolvimento da logomarca

Os resultados visuais obtidos até então, foram um pouco mais interessantes,

porém não estavam ainda amadurecidos e foi a partir do entendimento das palavras,

contidas no título: IMPLOSÃO, NÃO, APAGA e MEMÓRIAS como “indivíduos” que

as justificativas visuais foram se consolidando e amadurecendo aos poucos como

observamos a seguir:

Figura 19: Etapa 5 do desenvolvimento da logomarca

P á g i n a | 64

Aqui já adotamos de vez o “colchete” como símbolo gráfico que compõe e

acompanha as palavras para reforçar o significado do logo. Nesta etapa lidamos

com as palavras de duas formas, ora ela aparece bastante sólida, formando um

bloco único e contido por uma “barreira”, ora esses elementos (palavras) se deixam

enxergar mais individualmente com seus tamanhos diferentes, causando um

incômodo visual maior o que reforça ainda mais a presença dessa “barreira”.

Essa segunda opção foi escolhida, pois observou-se aqui uma referência

satisfatória em relação as palavras se tornando-se indivíduos distintos, mas que ao

mesmo tempo estão unidos por um propósito, seja ele de ultrapassar essa barreira

ou de simplesmente se mostrarem incomodados com a presença dela, isso faz

algum paralelo com o sentido de transformação do indivíduo e as suas necessidades

também. E foi a partir da escolha desse segundo formato que a etapa seguinte,

escolha da tipografia, se desenvolveu.

Nesta etapa já havíamos decidido a necessidade de utilizar uma tipografia

mais robusta e com cantos retos, que pudesse causar algum peso visual, sendo,

portanto utilizada em caixa alta, para garantir que seja memorizada com facilidade

pelo observador. Foram realizados os estudos a seguir:

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Figura 20: Estudos para tipografia da logomarca

Optamos pelo uso da tipografia STENCIL, pois fizemos um paralelo de

referência a duas experiências: uma delas vivida ao longo do curso e ligada ao

acervo do Espaço Memória Carandiru, as Placas de “Stencil”, produzidas pelos

presidiários e a outra uma memória voltada para o universo escolar, com as réguas

stencil, utilizadas para desenvolver os trabalhos escolares, conforme é visto abaixo:

Figura 21: Referências para escolha da tipografia

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Temos aqui já definida a tipografia principal que será aplicada na logomarca

desenvolvida e possivelmente em mais alguma outra peça gráfica que houver

necessidade de referenciar:

Figura 22: Tipografia escolhida para Logomarca

Dessa etapa, partimos para um afinamento visual desse logo observado a

seguir:

Figura 23: Afinamento visual da logomarca

Podemos perceber a diferença que se dá nas três situações apresentadas, o

quão perto ou longe o “colchete” se encontra das palavras muda o aguçamento do

logo e causa diferente apelo visual no observados, sendo assim optamos pela

terceira opção em que as palavras encostam-se a esse “colchete” que causa mais

inquietude no observador. A seguir, na aplicação da tipografia em negativo e positivo

percebemos o impacto visual que a versão negativo causa e já decidimos adotá-la

como alternativa de baixo custo, pensando em sua reprodução.

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Figura 24: Aplicação da tipografia em positivo e negativo

6.3.2 Cores

A cor não tem existência material, ela é uma sensação provocada pela luz

sobre o órgão da visão. Adquire seu significado de acordo com a cultura, o contexto

em que está inserida e de quem a observa: COR = LUZ (Ação, estímulo) + OLHO

(Receptor).

Segundo Goethe “o espírito humano tem preferência por cores”, as cores nos

proporcionam estados de ânimos específicos. É através dos nossos olhos que

conseguimos interpretar o mundo e decodificar a realidade; pois se somos

percebidos existimos, logo existir é ser percebido.

Na produção de exposições a cor é utilizada como um meio de identificação,

pois sua visibilidade e legibilidade contribui para melhor memorização e

entendimento do texto, legenda e da exposição em si. Ela pode ressaltar a

tipografia, ser usada como fundo, pois nela esta contida uma série de informações

importantes. Para a exposição, escolhemos três matizes-base, a saber:

Preto: Ausência de cor. Esta relacionada ao elemento “silhueta/sombra”, é o

indivíduo no qual será identificado pelo público da exposição conforme seu

entendimento (aluno ou presidiário).

Branco: Soma de todas as cores. Esta relacionada ao elemento

transformação (é onde ao adentrar, na escola ou no presídio, o coletivo

predomina sobre o indivíduo).

Bordô/vermelho: Cor que tem a capacidade de penetrar mais profundamente

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a neblina e a escuridão; É usada nos edifícios e embarcações como uma luz

de alarme, (direcionamento). Esta relacionada ao elemento “liberdade”, no

qual o indivíduo esta livre para escolher o seu caminho, (direção), que pode

culminar ou não num presídio.

Figura 25: Escolha de cores para logomarca

6.3.3 Aplicação da cor na logomarca

Tendo em vista a definição das cores já referida, pensamos nas seguintes

possibilidades de aplicação:

Figura 26: Possibilidade de aplicação das cores na logomarca

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Nas duas primeiras opções podemos observar a indução da leitura do título,

que permite destaque ora par um trecho e ora para outro, o que não era nada

vantajoso e nem intencional para a exposição. Entre as duas próximas optamos por

aquela que deixa apenas o “colchete” bordô e a tipografia na cor preta, dessa forma

mantemos a cor preta nas palavras que representam os “indivíduos” e

consequentemente fazem menção as sombras e o bordô que indica o

direcionamento para onde esses indivíduos caminham.

6.3.4 Aplicação nos uniformes

A partir do desenvolvimento do logo criamos uma forma de aplicá-lo nas

camisetas que servirão de uniforme e identificação das equipes que trabalharão

ativamente na exposição:

Produção:

Figura 27: Aplicação da logomarca nos uniformes (Produção)

Nesses uniformes utilizamos as cores preta - para equipe de produção - e

bordô para a equipe do educativo. A logomarca será aplicada em negativo (branco),

assim garante custo mais baixo, pois utiliza apenas uma cor de impressão e ainda

possui boa visibilidade. Nas costas da camiseta temos aplicado o nome da equipe

que a utilizará seguindo a mesma ideia da logomarca e inclusive a mesma tipografia:

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Educativo:

Figura 28: Aplicação da logomarca nos uniformes (Educativo)

.

6.3.5 Aplicação nas legendas

Para aplicação das legendas e textos de leitura e divulgação da exposição, foi

eleita uma tipografia secundária. Percebemos a necessidade de uma tipografia com

serifa, voltada para a leitura de textos e que possuía alguma sinuosidade e

elegância, menos presente na tipografia principal, de forma a gerar um certo

equilíbrio para a identidade visual da exposição, a escolha dessa tipografia se

pautou também no conforto para a leitura. A tipografia escolhida foi a Constantia

conforme é mostrada abaixo:

Figura 29: Aplicação de tipografia nas legendas expositivas

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Desta forma, desenvolvemos a aplicação do texto curatorial da parede e os

verbetes dos objetos selecionados do acervo. Para isso, mantivemos o símbolo do

“colchete” e texto alinhado à direita, assim como na logomarca. Foi adotado fundo

bordô e texto/símbolo branco para o texto curatorial, pois esse será aplicado em

uma parede com fundo também bordô e medirá aproximadamente 110cm x 80cm

(AxL):

Figura 30: Aplicação das legendas no texto curatorial

Já as demais legendas serão destinadas aos verbetes, terão o fundo branco,

tipografia preta e símbolo bordô, assim como a logomarca e serão aplicadas em

parede também bordô medindo aproximadamente 30cm x 20cm (AxL), o fundo

branco as manterá em destaque na parede bordô. Segue exemplo:

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Figura 31: Aplicação das legendas nos verbetes

6.4 Canais de divulgação

Os meios escolhidos para divulgar determinado evento devem basear-se

principalmente nos hábitos do público-alvo e nos objetivos pretendidos, para que

seja eficiente. Nessa etapa a nossa pesquisa de público nos ajudou a definir com

mais propriedade esses canais.

6.4.1 Sinalização local e entorno

A sinalização tem papel importante para uma exposição, pois pode facilitar a

identificação do local e de seus acessos. Primeiramente deve ser pensada in loco e

no entorno. Deve seguir fluxos de segurança, acessibilidade e receptivos e ser

baseada na identificação visual, adotada no projeto gráfico.

6.4.2 Local

Foram desenvolvidas algumas peças que sinalizarão os banheiros do térreo,

entrada, saída e fluxo dentro da exposição, essas peças fazem referência direta ao

logo criado, tanto na tipografia quanto nas cores:

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Figura 32: Sinalização local com tipografia escolhida

6.4.3 Entorno

Para o entorno foi desenvolvido um cartaz, que será espalhado pelas

dependências do Parque da Juventude, Biblioteca de SP, ETEC de Artes,

corredores da ETEC-PJ e restaurante, assim como em algumas estações de metrô.

Este cartaz será impresso em tamanho A3 (42cm x 29,7cm) e papel couchê fosco.

Para o cartaz elegemos uma imagem como símbolo, esta imagem foi retirada

de um banco de imagens da internet e trata-se de uma fotografia de pessoas

caminhando com suas sombras projetadas de forma dramatizada, criando uma

perspectiva interessante e foi aproveitando o “vazio” da imagem para projetar às

informações pertinentes a exposição, de forma a gerar equilíbrio visual a peça

gráfica.

A escolha dessa imagem foi necessária, uma vez que não nos interessava

eleger uma das peças do acervo como símbolo visual para a exposição, pois não

desejávamos que essa peça fosse vista como a “principal”. Sendo assim voltamos a

questão do indivíduo sendo representado por sombras/silhuetas de pessoas que não

são identificadas como presidiário ou aluno, assim como discutiremos no Módulo 2

do projeto museográfico.

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Figura 33: Cartaz de divulgação da Exposição

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As demais peças desenvolvidas constituem o Módulo 1 do projeto

museográfico, que será melhor detalhado no campo referente, e se apresentam aqui

em forma de peça gráfica, sendo composto por um banner principal maior que

veicula a mesma imagem do cartaz, além dos outros 6 banners menores que

estarão espalhado pela fachada da ETEC-PJ, conforme citado também no projeto

museográfico (item 5.1 do Capítulo 5) . Segue a baixo:

Banner maior, medindo aproximadamente 4m x 1,5m (AXL) e produzido em

lona:

Figura 34: Banner maior para fachada da ETEC-PJ

Banner menor, medindo aproximadamente 0,80m x 1,10m (AxL) e produzido

também em lona, terá fundo bordô, tipografia branca (Constantia), para

garantir boa legibilidade:

Figura 35: Exemplo de banner's menores para fachada da ETEC-PJ

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6.4.4 Digitais

A internet trouxe uma grande mudança na forma de comunicação entre as

pessoas e as organizações. Elas vieram através das oportunidades oferecidas pela

tecnologia. Uma das mais importantes foi à agilidade na comunicação e a

comunicação em rede, pois além de receptores, passamos também a ser emissores

da mensagem. Sendo assim, entendemos a importância do uso da comunicação

digital em nossas estratégias de divulgação.

6.4.5 Releases

Estruturados com a finalidade de uso pela imprensa ou qualquer outra ação

que necessite de dados sobre a exposição, os textos de apresentação serão

compostos pelas seguintes informações:

Resumo básico da exposição e serviço;

Apresentação detalhada da exposição;

Serviço completo;

Serviço das ações educativas;

Fotografias em alta qualidade.

Disparado para um mailing de jornalistas e formadores de opinião, serão

responsáveis também por atrair público espontâneo através de publicações gratuitas

em sites, blogs e redes sociais.

6.4.6 Facebook

Fundado em 2004, o Facebook é uma rede social gratuita e através da

criação de um perfil, o usuário pode trocar mensagens privadas e públicas entre

amigos, criar listas, seguir páginas e compartilhar seus interesses.

Utilizaremos esta ferramenta, pois além de gratuita é eficaz na comunicação

com diversos públicos. Criaremos uma fanpage para a exposição onde o público

P á g i n a | 77

poderá curtir novidades e se inteirar sobre atividades, horário de funcionamento,

endereço, telefone para contato, etc.

Figura 36: Página no Facebook para a exposição

6.4.7 Atualizações

O Facebook oferece a opção de agendar publicações, dessa forma, os posts

que irão compor a página da exposição poderão ser pensados previamente e em

grupo, dessa forma o conteúdo poderá ser melhor desenvolvido e controlado.

Restará então a função de gerenciar a página para que dúvidas possam ser

sanadas com rapidez, reclamações e sugestões possam ser lidas e apuradas,

possibilitando a fluidez de comunicação e interação almejada.

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Figura 37: Exemplo de atualizações no Facebook

6.4.8 Anúncio em páginas do Facebook

Ainda dentro da ferramenta, optamos por anunciar em duas páginas de

grande influência: Catraca Livre e Veja São Paulo.

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As páginas foram escolhidas pelo perfil de postagem que abrange fortemente

dicas culturais e de lazer, também pelo número de seguidores de cada uma, pois

juntas somam quase seis milhões de “curtidas”.

O anúncio nestas plataformas tem como objetivo o público espontâneo. Serão

posts informativos, com serviço e fotografia, para despertar interesse e atrair o

público em geral para a exposição.

Figura 38: Exemplo de anúncio como estratégia digital de divulgação

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6.4.9 Instagram

O Instagram é uma rede social gratuita que possibilita o compartilhamento de

fotos e vídeos com a opção de edição através de filtros digitais. Na atualidade é um

grande êxito, pois consegue atingir grande público em questões de minutos com

apenas uma foto/vídeo.

A proposta é criar uma conta no Instagram e divulgar fotos estratégicas, que

não revelem toda a exposição. Outra ferramenta que utilizaremos dentro desta

plataforma é a criação de uma hashtag (representada pelo símbolo # do teclado)

para ajudar a envolver o público-alvo e aumentar o reconhecimento da exposição, a

intenção é o visitante coloque-a em sua legenda toda vez que postar uma foto ou

vídeo relacionado à mostra, gerando inclusive mídia espontânea.

Figura 39: Página no Instagram para a exposição

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6.4.10 Atualizações

O profissional de mídias sociais também será responsável por alimentar a

conta do Instagram. Serão posts diários, entre fotos/vídeos instantâneos e regram

de publicações dos usuários que utilizaram a hashtag criada para a exposição.

6.5 Análise SWOT

6.5.1 Ambiente Interno

Pontos Fortes:

Infra-estrutura: lanchonete, restaurante, banheiros, assentos para descanso,

duas entradas no prédio, estacionamento no local, área coberta,

acessibilidade e segurança interna. Assim como a proximidade com o Parque

e a Biblioteca de São Paulo;

Acervo: vinculado ao cotidiano da penitenciária;

Local: prédio possui uma ligação direta com a história do espaço, contexto

histórico e físico;

Evento gratuito.

Pontos Fracos:

O tema pode trazer uma associação direta com o massacre do Carandiru;

O período curto da exposição.

6.5.2 Ambiente Externo

Oportunidades:

Fácil acesso com transporte público e particular (metrô, ônibus e carro);

Credibilidade do Centro Paula Souza;

Acesso e vínculo público frequentador da ETEC’s, Biblioteca, Parque e

entorno;

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Fluxo de pessoas que utilizam o serviço do Acessa SP, o Parque da

Juventude e a Biblioteca de São Paulo, bem como os das Escolas Técnicas

em pleno ano letivo.

Ameaças:

Falta de segurança no entorno e grande incidência de pequenos assaltos em

diferentes horários de circulação;

Clima (chuva torrencial);

Autorização para funcionamento da exposição, no final de semana e horários

alternativos;

Construir o espaço expositivo no pátio da escola durante ano letivo, alteraria a

logística da equipe de produção;

O esquema de segurança da escola x segurança do espaço expositivo e

controle do espaço.

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7 AÇÕES EDUCATIVAS

Os museus têm como um dos principais alicerces a comunicação, que

abrange ao processo educacional, com o intuito de facilitar ao acesso à cultura,

sociabilizando o indivíduo, para favorecer a prática da cidadania, desenvolvendo

indivíduos críticos e criativos, humanizando assim o ser humano que adentra no

espaço museológico, difundindo os conceitos que as exposições pretendem

demonstrar.

A proposta principal é desenvolver uma experiência compartilhada com o

visitante, atuando por meio de estímulos capazes de estabelecer diálogos, tendo

como ponto de partida sua percepção, interpretação e compreensão das obras

enfocadas, para a construção de significados possíveis.

Com o conceito curatorial e o projeto museográfico já pré-definidos, o

Educativo buscou desenvolver roteiros e atividades que pudessem ampliar a

discussão dentro do espaço expositivo, a fim de obter possibilidades de

interpretações durante o cenário.

Tendo o processo de mediação entre o sujeito e o bem cultural, pretende-se

gerar o respeito e valorização pelo patrimônio cultural, sendo esses os elementos

fundamentais de comunicação que, juntamente com a preservação e a investigação,

formam o pilar de sustentação de todo museus.

7.1 Conceito do educativo

A exposição evidencia o processo de transformação que o espaço do

Carandiru sofreu ao longo dos anos, conjunto com as mudanças existentes no ser

humano que estavam e continuam a estar nesse espaço.

Enfoca esse processo de transformação, visto que essa transformação é um

movimento contínuo que atinge todos os seres humanos. Do modo que o indivíduo,

segundo a definição do filósofo alemão Martin Heidegger, é consequência das

circunstâncias históricas e sociais, que proporcionam sensações prazerosas e

desagradáveis, mas que marcam esse ser.

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Dentre essas sensações desagradáveis está a angústia, que para Heidegger

esse elemento demonstra para o ser humano que na sua existência existe um vazio,

que não direciona o ser para nenhum lugar, colocando-o no exato nada.

A angústia salienta para esse indivíduo que a sua existência não é algo pré-

estabelecida, não sendo algo definido por esse ser, nem definido pelas condições

sociais e históricas. Para fugir dessa angústia, o ser humano planeja algo, que o

afaste desse sofrimento. Dessa forma a essência do ser humano é um projeto, um

vir-a-ser, que será preenchido pelo desejo do indivíduo. Evidenciando um sentido

para essa vida humana, que modifica-se conforme a angústia ou o desejo desse ser,

que impulsiona as ações durante a sua vida, almejando com isso mudanças.

O ser humano está sempre procurando aquilo que ainda não é, ou seja, um

projeto contínuo, que sempre almeja algo, mas que não necessariamente será

alcançado, mas será almejado. Nas palavras de Heidegger:

O projeto do mundo, porém, é da mesma maneira como não capta propriamente o projetado, também sempre trans-(proj)-eto do mundo projetado sobre o ente. Este prévio trans-(proj)-eto é o que apenas possibilita que o ente com o tal se revele (HEIDEGGER, 1999, pp.136-137).

Diante disso, o homem quer algo, mesmo não sabendo o que seja, mas

pretende modificar a sua situação, evitando a continuidade de seus atos e de suas

experiências. Pretende transformar a sua situação atual, num processo natural, do

modo que cada dia tem sensações e experiências diferentes, que evidenciamos ao

longo de nossos dias.

Com isso, o conceito de transformação transparece direta e indiretamente na

exposição, salientando a mudança do espaço, a mudança do desejo do indivíduo

que está temporalmente preso ao ambiente.

Tendo esse conceito como cerne dessas ações educativas, notamos que as

sombras do início da exposição, no corredor de entrada, simbolizam a destituição do

ser, que perde a sua singularidade que o caracteriza como um ser humano,

transfigurando-o como mais um ser, sem singularidades evidentes.

No caso do detento que adentra no complexo penitenciário, ele se torna um

integrante de um grande contingente, sem forma, que vai ser projetada, um

contingente de pessoas que podem vir-a-serem algo, ainda sem definição clara. A

única definição para esse ser, é que ele não deve pertencer à sociedade, mas sim

permanecer afastado dela.

P á g i n a | 85

O vir-a-ser na concepção do filósofo está no detento, que é de não pertencer

mais a esse espaço de opressão; seja recolocando novas regras dentro do espaço,

seja transfigurando o espaço físico repressor num espaço confortável, através de

elementos semelhantes ao de uma sociedade, como a criação de academias de

esporte, ou ainda quando o desejo de liberdade está inerente a esse ser. Com isso,

a transformação está atrelada a esse ser.

No caso do estudante numa escola, que segue o padrão educacional

tradicional, desenvolvido no século XIX, que direciona o ensino através da ordem e

da uniformização, também faz parte de uma sociedade que condiciona esse ser a

seguir regras que comandam um grupo social, com os preceitos já existentes. Sendo

direcionado através do uso da punição como forma de controle e de ordenação dos

indivíduos em grupo.

Diante disso, o aluno também almejará uma transformação, pois ele não é um

ser pré-definido em sua essência, não é um ser construído socialmente antes de sua

formação intelectual. Inicialmente, esse tipo de processo educacional pretende

igualizar os seres, através da uniformização dos indivíduos e de um sistema de

regras bem definido, com o objetivo de orientar e guiar as ações do indivíduo no

coletivo.

Entretanto, esse indivíduo vai sofrer uma angústia diante da repressão, que

evidenciará um vazio na sua existência, causando-o uma necessidade de

transformar, de mudar. Nesse instante o aluno pretende romper as regras que o

oprime, apontando novos caminhos de liberdade, seja no ato de se recusar a

compactuar com essas regras ou então o de inovar com outras regras.

Entretanto, essa concepção educacional não é a única. Existe outra espécie

de educação, mais libertária, que respeita o ser como indivíduo no processo

cognitivo, não caracterizando todos como o mesmo ritmo de aprendizagem. Essa

concepção pretende salientar as particularidades do ser humano, destacando cada

um no grupo; e não transfigurando todos como elementos sem expressões e

sentimentos, a qual todos devem aprender no mesmo tempo e espaço. Um dos

maiores expoentes dessa educação libertária é o educador Paulo Freire.

Segundo o educador, o processo educacional é também um elemento de

transformação, que exercita o desenvolvimento do pensamento crítico, sendo assim,

a escola deixa de ser uma instituição que busca dominar os seres, e passa a ser um

P á g i n a | 86

espaço de transformação. Do modo que a figura do educador é também parte desse

processo transformador:

Por isso, é fundamental que, na prática da formação docente, o aprendiz de educador assuma que o indispensável pensar certo não é presente dos deuses nem se acha nos guias de professores que iluminados intelectuais escrevem desde o centro do poder, mas, pelo contrário, o pensar certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o professor formador (FREIRE, 1996, p.22).

O vir-a-ser heideggeriano está contido na exposição. Quando analisamos a

mudança do espaço Carandiru, que foi destinado inicialmente a ser um complexo

penitenciário, para reeducar alguns seres da sociedade, mas depois se transformou

num espaço de repressão; virou, depois, um espaço de conhecimento, através da

construção de uma escola técnica e uma biblioteca pública. Ao analisarmos a

relação do ser humano nesses espaços sociais, o presidio e a escola, notamos

também essa transformação, pois o ser humano almeja mudança do modo que seus

desejos sejam realizados.

Busca-se também abrir possibilidades de interpretações no espaço expositivo,

valorizando as experiências sensoriais durante a exposição, orientadas através do

conceito de transformação. Essa abertura será desenvolvida através da relação

existente entre os elementos contidos na exposição, ou seja, entre o presídio e a

escola. Esse querer algo evidencia como o indivíduo não é algo programático,

definido e estático, e sim algo vivo, constante, que almeja sempre alguma coisa

nova.

7.2 Texto educativo na exposição

No final da exposição haverá um espaço reservado para um texto educativo

com propósito de desenvolver uma reflexão sobre a temática apresentada. Segue

abaixo o texto:

No passado existia uma penitenciaria, símbolo de um Estado repressor.

Local à margem da sociedade. Onde a liberdade sempre foi buscada. No

presente, há uma escola, símbolo de transformação. Aqui a liberdade existe,

porém a repressão e o controle ainda persistem.

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7.3 Roteiro de Visita

Tema: Transformação

Tempo Estimado: 1h e 30m (com atividade)

Espaços Visitados:

• Brise-soleil (quebra sol instalado na fachada)

• Corredor de entrada e Divinéia

• Celas

• Liberdade e rupturas

• Transformação e inter-relação passado e presente do espaço

• Lousa "A liberdade deste mundo é apenas uma cela mais espaçosa".

7.4 Material de Apoio

Como material de apoio será usado Card’s onde serão apresentadas imagens

de alguns objetos expostos assim como fotos aéreas do Complexo Penitenciário do

Carandiru antes e depois da implosão.

Os Card´s são parte do material educativo, pois representam, através das

fotografias e perguntas, as transformações que o espaço sofreu ao longo dos anos,

possibilitando uma reflexão do visitante. Reflexão está que desenvolverá outras

interpretações dentro da exposição e fora dela.

Serão distribuídos para os visitantes, logo na entrada da exposição, onde eles

poderão levar para casa e refletir não somente durante a exposição mais também

durante a vida, e ainda, mostrar para parentes e amigos, fazendo com que eles

reflitam, pensem e busquem a transformação. Serão três frases de impacto:

Transformação, algo bom ou ruim?

Educação. Meio de transformação?

Realidade. É possível transformá-la?

As frases serviram como impulso para que o diálogo interno aconteça.

Diálogo este que tem como objetivo alcançar vários âmbitos dentro do tema

transformação, ou seja, é fazer com que o visitante reaja de forma positiva às

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transformações que ocorrem diariamente, e que reflita sobre as transformações que

já foram tomadas ao longo de sua vida, e veja que tais escolhas o levaram a ser que

ele é hoje, e pense se o que ele é hoje o agrada. As imagens serão utilizadas para

remeter ao assunto discutido na exposição, mas sem limitar o visitante a pensar

apenas o âmbito “carcerário”:

Figura 40: Card's produzidos como material de apoio para o Educativo

7.5 Acolhimento

Acontecerá na parte externa da ETEC-PJ, tendo como base o primeiro

contato dos visitantes com as palavras do Brise-soleil: Carandiru, escola, liberdade,

opressão, transformação e disciplina. O objetivo é identificar os estímulos causados,

como a memória visual e a curiosidade. E já aproveitando para introduzir na

conversa o tema que será abordado durante a visita, perguntas como: Vocês

notaram alguma mudança? Antes e depois da inauguração da exposição? O banner

exposto do lado de fora do prédio da instituição é uma mudança evidente.

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7.6 Descrição do roteiro de visita

Após o acolhimento junto aos visitantes no corredor onde começa o espaço

expositivo, serão guiados para a Divinéia onde serão discutidos assuntos como a

passagem e a transformação, pois a passagem representa o detento que sai da

sociedade para ser reeducado, e o aluno que entra na escola para ser educado para

ter seus primeiros contatos com a sociedade padronizada. Discussão essa que se

dará com as perguntas: O que uma porta pode representar? A passagem

representada pela porta é transformadora? Tendo já a base, será tratado sobre a

destituição do ser.

A partir do momento em que entra no presídio o detento deixa de ser um

indivíduo para a sociedade, tornando-se parte de um grupo sem identidade

individual a ser reeducada, representada por números, o mesmo se aplica aos

alunos que mesmo não tendo tanta autonomia por serem seres sem formação

acadêmica e ética, passam a ser moldados de todas as mesmas maneiras, deixando

algumas características da personalidade latentes e até vindo a perder a mesma.

O grupo será encaminhado para o espaço das celas. Na primeira cela vão

estar expostas silhuetas e uma carteira escolar. Será questionado que tipo de

educação está sendo representada no espaço? A educação é transformadora? E a

(re) socialização faz diferença? Serão abordadas as similaridades entre a escola

opressora e o presídio, apontando a transformação que seu caráter reformatório e

disciplinador desenvolvem. Reformatório, pois uma educa (escola) e a outra reeduca

(presídio), e a disciplina se dá na determinação de tempo, na relação com os

superiores e na similaridade entre a organização das celas nas prisões e as fileiras

nas salas de aula.

Na segunda cela, estarão expostas as camisetas para representar os

uniformes - presente em ambas às realidades para padronizar o indivíduo - e

também a superlotação das celas no presídio (algo que acontece também no

ambiente escolar).

Vemos a transformação do indivíduo em grupo através da padronização das

vestimentas, ou seja, o uso de uniformes que podemos perceber como característica

das escolas e dos presídios, e da numeração que substitui o nome do detento e do

P á g i n a | 90

aluno. Neste ponto a transformação é evidente, transformação essa que abrange

vários aspectos não só indivíduo, mais também a transformação dos espaços.

No espaço liberdade e rupturas, estará exposta a caixa de plásticos que foi

adaptada por um detento numa tentativa de fuga. A transformação se inicia quando

o indivíduo passa pelo portão de entrada e existe ainda uma mudança ainda maior

imposta pela sociedade, porém no presídio esta mudança é imposta e nem sempre

aceita, e a fuga se torna consequência.

Na escola podemos ver a fuga quando o aluno deixa de ir para a aula e passa

a não entrar na escola, o dito "cabular" ou matar aula. Dentro deste contexto, será

questionadas as formas de fuga, com uma pergunta: Meios de fuga, qual você tem?

Da forma que a concepção de fuga pode não ser apenas física, e sim conceitual e

sentimental.

No mesmo espaço haverá uma coluna com imagens da implosão, que

representará a ruptura entre os dois momentos: o da supressão do indivíduo para o

de estímulo ao desenvolvimento humano. Será trabalhado o impacto da

transformação do espaço, de presídio a escola e a transformação física e funcional

do prédio, enfocando o deixa de ser para vi-lo-a-ser, e se essa funcionalidade

mudou realmente. Perguntaremos, ainda existe características no antigo pavilhão 4

na atual ETEC-PJ?

Será abordado no espaço transformação e inter-relação passado e presente

do espaço. Estarão expostos quadros, bolas, luvas de boxe, halteres, troféus e

fotografias, abordaremos as relações e transformações que o ser humano causa ao

espaço onde habita.

Além da transformação que o ser humano passa ao entrar no presídio, ele

também causa uma transformação nesse espaço, pois entra em um ambiente que

tem a função específica de penitenciária e o ambienta. Os objetos e fotografias nos

permitirão ver a escolha de ambientação do espaço. Os detentos trazem os esportes

que gostam para dentro do presídio, formam times e fazem campeonatos.

Além dos esportes se vê a intenção de formar um sistema educativo dentro

da prisão e incentivar a prática a leitura dentro da penitenciária. Os esportes e os

livros não pertencem ao presídio, pertencem aos detentos. Dentro das escolas

vemos a intervenção do espaço com os trabalhos escolares colados na parede, ou

até mesmo nas pichações que os alunos fazem nas carteiras e paredes da

instituição.

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O ultimo espaço que será visitado é a Lousa, onde a transformação por meio

da educação será salientada que existe outra concepção de educação, a educação

libertária, que respeita o indivíduo como ser, sem querer massificar e quantificar os

alunos como meros números de um sistema educacional.

Um dos maiores expoentes dessa nova visão foi o pedagogo Paulo Freire,

que apresentou que a educação deve ser mais humana e menos bancária; ou seja,

deve valorizar as discussões e diminuir a repetição. Segundo Paulo Freire, a

educação para transformação é uma educação que exercita o desenvolvimento do

pensamento critico. A frase da Lousa “A liberdade desse mundo é apenas uma cela

mais espaçosa”, será trabalhada como exemplo do desenvolvimento de um

pensamento crítico, crítica esta que pode ser representadas por expressões

afirmativas ou discordando da frase. Além disso, os visitantes poderão se manifestar

na lousa a partir dos temas identificados por eles na exposição.

7.7 Atividades que serão desenvolvidas pelo Educativo

7.7.1 Atividade 1

Em grupos de seis pessoas, será formada uma roda. Cada um deve pegar um

objeto que o identifique dentre os objetos que disponibilizaremos (Anel; Caneta;

Carrinho de brinquedo; Caderno; Espelho; Passaporte; Boneca; Óculos; Pedra;

Celular; Guarda-chuva; Fone de Ouvido; Pen drive; Escova de dente; clips de papel;

bilhete único; garrafa; corda; pífaro). Em seguida devem explicar porque o objeto

escolhido os identifica. Então cada um deverá dizer se seu objeto poderia entrar em

um presidio ou em uma escola.

Feitas as análises os visitantes vão identificar a função original de seu objeto,

e tentar identificar qual função seu objeto adotaria dentro das instituições escola e

presídio, mostrando a transformação da função desse objeto.

Exemplo:

Objeto – Caderno Função primaria – Objeto onde se escreve Função em uma escola – Armazenar informações; ferramenta de aprendizagem; Função em um presídio – Armazenar informações; ferramenta de aprendizagem; meio de comunicação interna e externa por cartas; contem papel para fazer dobraduras.

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7.7.2 Atividade 2

Em um tablet programado, alguns jogos serão disponibilizados para uma

melhor interação dos visitantes. Haverá um jogo de caça-palavras, onde o visitante

deverá reconhecer palavras apresentadas ao longo da exposição. Outro jogo será

de memória, utilizando fotografias dos espaços e dos objetos da exposição.

7.7.3 Mostra de Cinema

O Grupo do Educativo da exposição realizará uma mostra de cinema com

filmes e documentários sobre o Complexo Penitenciário do Carandiru que

acontecerá no quinto dia de exposição e terá duração de dois dias.

No primeiro dia estará em Cartaz o filme “Carandiru” de Hector Babenco, o

documentário “Entre a Luz e a Sombra” de Bianca Vasconcellos e o documentário

“Sobreviventes – A história depois do Carandiru” produzido por alunos de 4ºano de

Jornalismo da PUC-Campinas.

No segundo dia estará em Cartaz novamente o filme “Carandiru” de Hector

Babenco, o documentário “Carandiru – 20 anos depois da morte de 111 presos, as

versões da tragédia” e “Prisioneiro da grade de ferro (autorretratos)” dirigido por

Paulo Sacramento. Segue abaixo a sinopse:

CARANDIRU Longa metragem brasileiro de 2003, dirigido pelo argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco. Baseado no livro Estação Carandiru, do médico Dráuzio Varella, onde ele narra suas experiências com a dura realidade dos presídios brasileiros em um trabalho de prevenção à AIDS realizado na Casa de Detenção. O filme aborda o cotidiano da extinta "Casa de Detenção", mais conhecida por Carandiru (por se localizar no bairro de mesmo nome na cidade de São Paulo), antes e durante o massacre ocorrido na casa de detenção. Duração: 2h26min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QZOKwn6GIN0 Acesso em: 20/10/2014

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ENTRE A LUZ E A SOMBRA

Entre a Luz e a Sombra é um documentário brasileiro lançado em 2009 que investiga a violência e a natureza humana a partir da história de uma atriz que dedica sua vida para humanizar o sistema carcerário, da dupla de rap 509-E formada por Dexter e Afro-X dentro do Carandiru e de um juiz que acredita em um meio de (re) socialização mais digno para os encarcerados. Duração: 2h30min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mbUfwr5KGu0 Acesso em: 20/10/2014

SOBREVIVENTES – A HISTÓRIA DEPOIS DO CARANDIRU

Documentário brasileiro lançado em 2013 e produzido por alunos do 4ºano de Jornalismo da PUC-Campinas. Duração: 28min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zHr2vsjOKWg Acesso em: 20/10/2014

CARANDIRU – 20 ANOS DEPOIS DA MORTE DE 111 PRESOS, AS VERSÕES DA TRAGÉDIA

Programa produzido pela TV Brasil, chamado “Caminhos da reportagem” lançado em 2012. Várias histórias entrelaçadas como, por exemplo, de um sobrevivente conseguiu escapar da linha de tiros, o depoimento de quem acompanhou tudo de dentro, de fora ou na porta do presídio. Ex-funcionários, o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho e jornalistas mostram os vários olhares sobre a tarde de 2 de outubro de 1992. Quem deu a ordem para a Tropa de Choque invadir? Por que a Rota também entrou no Carandiru? O que

aconteceu com os policiais militares acusados pela execução dos presos? E mais: o perito que provou que os tiros eram dados de fora para dentro das celas, a madrinha dos detentos Rita Cadilac, e como vivem os vizinhos do antigo Carandiru hoje o Parque da Juventude. O programa mostra porque só um réu foi condenado - e absolvido - até agora. Duração: 52min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tpeNHtCbgRo Acesso em: 20/10/2014

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PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO (AUTORRETRATOS)

Prisioneiro da Grade de Ferro (Autorretratos) é um filme documentário brasileiro de 2003, dirigido por Paulo Sacramento. Retrata a ineficácia do sistema carcerário brasileiro, sobretudo sua falha no processo de (re) socialização. As lentes de Paulo Sacramento conseguem captar a desobediência a vários princípios constitucionais, principalmente em relação à dignidade do apenado. Apesar de mostrar assassinos, estupradores, ladrões, entre outros, o filme expõe a maneira - muitas vezes inusitada e criativa - que os presos encontram para (sobre) viver no cárcere, numa tentativa de diminuir o tempo que sempre insiste em correr mais vagarosamente quando se está cerrado dentro das gaiolas de ferro. Por outro lado, o documentário revela as condições sub-humanas a que os apenados estão submetidas no cárcere, confirmando o descaso Estatal que impera no Sistema Penal brasileiro. Duração: 2h3min. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=x2wvIjjS8U4 Acesso em: 20/10/2014

7.7.4 Palestra

Com base na frase do filósofo Martin Heideggeer “A transformação está

dentro de você”, o Grupo do Educativo promoverá a palestra motivacional e oficina

“Transformação e Liberdade”.

A palestra motivacional terá o tempo estimado de 30 minutos onde será

abordada a transformação interna, ou seja, frisando que cada um pode ser o que

quiser ser, independente das ideias que lhe foram impostas, classe social, cor ou

idade. O objetivo da palestra é motivar o visitante a mudar e quem sabe tirar o receio

dessa transformação, pois a consequência da transformação é o novo, que por sua

vez amedronta.

7.7.5 Oficina de Pipas

A oficina “Transformação e Liberdade” irá trabalhar com a confecção de

pipas, onde os visitantes terão uma breve história do objeto trabalhado e saberão

como essa mesma oficina funcionava dentro dos presídios e escolas, pois a mesma

era usada para (re) socializar o detento, que deixa de pensar incisivamente no

cárcere passando a aprender um oficio e, consequentemente a se libertar.

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Dentro das escolas a mesma oficina é usada em recriações com crianças e

adolescentes, que tem como objetivo banir a ideia de escola disciplinadora, e aplicar

a escola para a liberdade. Em ambas as instituições a oficina tem como objetivo

transformar com o intuito de libertar.

Primeiramente o visitante irá assistir à palestra que acontecerá no auditório da

Escola Técnica Parque da Juventude e após isso irão para o pátio externo onde

poderão confeccionar as próprias pipas e soltá-las no Parque da Juventude. A

oficina de pipas terá esse viés para mostrar a liberdade existente, quando a pipa

estiver em voo.

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8 PRODUÇÃO

Visando seguir o Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São

Paulo – ProAc5, o projeto de exposição traz neste capítulo o orçamento e o

cronograma de produção, com o objetivo de aprovação nesse Programa.

5 Surgido em 2006, é um Programa da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, que financia a renovação ou

intercâmbio, divulgação e a produção artística e cultural do Estado, através de concursos e incentivos fiscais com o objetivo de ampliar e diversificar a produção artística e cultural, além da criação de novos espaços culturais, preservação do patrimônio material e imaterial fortalecimento das fórmulas de bens culturais do Estado de São Paulo.

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Tabela 1: Orçamento seguindo o ProAc para o projeto museográfico

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Tabela 2: Cronograma geral de produção do projeto museográfico

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9 FICHA TÉCNICA

Coordenação Geral: Cecília de Lourdes Fernandes Machado Orientadores: Ana Maria Minice Mirio Julian Medeiros Seifert Priscila Leonel Tayna Rios Pesquisa e Fundamentação Teórica: Fernanda Correia Silva Curadoria: Fabiana Aparecida da Silva

Maíra Figueiredo Guimarães Plano de Comunicação: Fernanda Correia Silva

Karina de Barros Marcio Cavalcanti de Andrade Natalia Sarkisian Tavares Sandra Diniz Montilha Talita Rubbo Vieira

Projeto Museográfico: Fabiana Aparecida da Silva Produção: Fabiana Aparecida da Silva

Karina de Barros Leonardo Souza da Silva Maíra de Figueiredo Guimarães Marcio Cavalcanti de Andrade Marcelo Parra

Projeto Educativo: Bruna Michelle Nogueira

Graziela Gançalves Márcio Cavalcanti de Andrade Marcelo Parra

Audiovisual: Fabiana Aparecida da Silva Colaboração: Karina de Barros

Natalia Sarkisian Tavares

Revisão de Textos: Fernanda Correia Silva

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10 ANEXOS

ANEXO A: Caderno do Educador

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ANEXO B: Caderno de Montagem

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11 REFERÊNCIAS

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