fmi reduz previsão para pib do brasil, mas elogia ajuste fiscal

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Imprimir () 10/04/2015 17:21 FMI reduz previsão para PIB do Brasil, mas elogia ajuste fiscal Por Suzi Katzumata SÃO PAULO Na revisão do Artigo IV de Consulta com o Brasil, a diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) observou que o segundo governo da presidente Dilma Rousseff vem introduzindo uma série de medidas para fortalecer as políticas macroeconômicas e restaurar a credibilidade na sequência de um período no qual o crescimento econômico do País surpreendeu no lado negativo. "O ponto central da nova estratégia é um ambicioso ajuste fiscal que vai trazer o superávit primário para 1,2% do PIB em 2015 e para pelo menos 2% do PIB em 2016 e 2017", observa o FMI, que projeta uma contração do crescimento de 1% para este ano, como reflexo, em parte, das políticas fiscal e monetária mais apertadas e dos cortes nos investimentos pela Petrobras. "A implementação bem sucedida da estratégia de ajuste fiscal e outra ações de política devem contribuir para fortalecer a confiança e ajudar a revigorar o investimento no segundo semestre de 2015, proporcionando as bases para um retorno a um crescimento positivo em 2016", segundo o Fundo. Contudo, a equipe do FMI alerta que essa perspectiva está sujeita a riscos significativos, incluindo um racionamento de energia e água por causa da seca, possíveis consequências do caso de corrupção envolvendo a Petrobras e um ambiente internacional mais adverso. "A implementação determinada dessas medidas deve ajudar a restaurar a confiança e fomentar uma recuperação no crescimento e no investimento no devido tempo", diz a nota do FMI. O Fundo observa que o crescimento econômico desacelerou nos últimos anos, com o esgotamento do impulso proporcionado por reformas da década passada, expansão da renda dos trabalhadores e condições externas mais favoráveis anteriores. "O investimento tem sido fraco, refletindo a deterioração da competitividade, piora do ambiente de negócios e preços mais baixos das commodities. O consumo também perdeu força apesar dos fortes aumentos salariais, enquanto que a criação de emprego foi interrompida e as condições financeiras ficaram mais apertadas, afetando a renda das famílias e a confiança do consumidor", segundo o FMI. O relatório observa que nos últimos anos a medida de inflação subiu para próximo do teto da meta do Banco Central, em um movimento atribuído, em parte, a uma sustentada pressão de custos salariais, práticas persistentes de indexação e, mais recentemente, aos problemas gerados por uma seca prolongada. O FMI observou ainda que aumentos modestos nos preços administrados de energia e combustíveis ajudaram a segurar a inflação geral por um tempo. "Contudo, os devidos ajustes nos preços administrados estão agora em curso, enquanto a inflação em preços determinados pelo mercado está se moderando, refletindo as condições financeiras mais apertadas e a atividade econômica contida", de acordo com o documento, que observa que novas pressões inflacionárias estão emergindo da depreciação nominal do real.

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Matéria relacionada ao PIB - Revista Valor Econômico 2015

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    10/04/201517:21

    FMIreduzprevisoparaPIBdoBrasil,maselogiaajustefiscal

    PorSuziKatzumata

    SOPAULONarevisodoArtigoIVdeConsultacomoBrasil,adiretoriaexecutivadoFundoMonetrioInternacional(FMI)observouqueosegundogovernodapresidenteDilmaRousseffvemintroduzindoumasriedemedidasparafortaleceraspolticasmacroeconmicaserestauraracredibilidadenasequnciadeumperodonoqualocrescimentoeconmicodoPassurpreendeunoladonegativo.

    "Opontocentraldanovaestratgiaumambiciosoajustefiscalquevaitrazerosupervitprimriopara1,2%doPIBem2015eparapelomenos2%doPIBem2016e2017",observaoFMI,queprojetaumacontraodocrescimentode1%paraesteano,comoreflexo,emparte,daspolticasfiscalemonetriamaisapertadasedoscortesnosinvestimentospelaPetrobras.

    "Aimplementaobemsucedidadaestratgiadeajustefiscaleoutraaesdepolticadevemcontribuirparafortaleceraconfianaeajudararevigoraroinvestimentonosegundosemestrede2015,proporcionandoasbasesparaumretornoaumcrescimentopositivoem2016",segundooFundo.Contudo,aequipedoFMIalertaqueessaperspectivaestsujeitaariscossignificativos,incluindoumracionamentodeenergiaeguaporcausadaseca,possveisconsequnciasdocasodecorrupoenvolvendoaPetrobraseumambienteinternacionalmaisadverso.

    "Aimplementaodeterminadadessasmedidasdeveajudararestauraraconfianaefomentarumarecuperaonocrescimentoenoinvestimentonodevidotempo",dizanotadoFMI.

    OFundoobservaqueocrescimentoeconmicodesacelerounosltimosanos,comoesgotamentodoimpulsoproporcionadoporreformasdadcadapassada,expansodarendadostrabalhadoresecondiesexternasmaisfavorveisanteriores.

    "Oinvestimentotemsidofraco,refletindoadeterioraodacompetitividade,pioradoambientedenegciosepreosmaisbaixosdascommodities.Oconsumotambmperdeuforaapesardosfortesaumentossalariais,enquantoqueacriaodeempregofoiinterrompidaeascondiesfinanceirasficarammaisapertadas,afetandoarendadasfamliaseaconfianadoconsumidor",segundooFMI.

    OrelatrioobservaquenosltimosanosamedidadeinflaosubiuparaprximodotetodametadoBancoCentral,emummovimentoatribudo,emparte,aumasustentadapressodecustossalariais,prticaspersistentesdeindexaoe,maisrecentemente,aosproblemasgeradosporumasecaprolongada.

    OFMIobservouaindaqueaumentosmodestosnospreosadministradosdeenergiaecombustveisajudaramasegurarainflaogeralporumtempo."Contudo,osdevidosajustesnospreosadministradosestoagoraemcurso,enquantoainflaoempreosdeterminadospelomercadoestsemoderando,refletindoascondiesfinanceirasmaisapertadaseaatividadeeconmicacontida",deacordocomodocumento,queobservaquenovaspressesinflacionriasestoemergindodadepreciaonominaldoreal.

  • "Apesardoenfraquecimentodademandadomstica,oatualdficitemcontacorrentealcanou4,2%doPIBem2014,de2,4%doPIBem2012.Adeterioraorefleteoagravamentonocomrcio:umaquedanasexportaesparaaArgentinaeumaumentonasnecessidadesdeimportaodecombustveisemvirtudedaseca",segundooFundo.

    DeacordocomoseconomistasdoFMI,arecentedepreciaodorealfrenteaodlar,resultadoempartedeumvigorgeraldamoedaamericana,nosetraduziuemganhoscontraosconcorrentesbrasileirosnosmercadosglobais.SegundooFundo,ocustoelevadodamodeobracontinuaapesarnacompetitividadedopas."Comoresultado,aposioexternamaisfracadoqueodesejvel,comorealaindasobrevalorizadonofimde2014".

    AdiretoriaexecutivadoFMI,nogeral,concordaqueapolticamonetriabrasileiradevepermanecerapertadaerecomendaesforosadicionaisparamelhoraratransmissodapolticamonetriaeaagendademetadeinflaoaolongodotempo.OFundoobservouqueoregimedetaxacambialflexveldoBrasiltemdesempenhadoumpapelimportanteparaabsorveroprincipalchoque."Adiretoriasaudouarecentedecisodereduziroprogramadeintervenocambialerecomendouqueseuusocontinuelimitadoasuavizaroexcessodevolatilidade,parapermitirumadepreciaoadicionaldataxacambialemlinhacomosfundamentoseparapromoveracompetitividadeexterna."

    Finalmente,adiretoriaexecutivadoFMIconsideraquereformasnoladodaofertasocrticasparaimpulsionaracapacidadeprodutivadaeconomiabrasileiraeseupotencialdecrescimento."Elesrecomendamqueaprioridadedevesercolocadaeminvestimentosdeinfraestruturaeiniciativasparafortaleceraeficinciatributria,melhoraroambientedenegciosefomentarocomrciointernacional.Apriorizaodereformasemaiorparticipaodosetorprivadoserofundamentaisparaosucesso."

    PIB

    Norelatrio,oFMIrevisouparabaixoasprojeesparaoPIBdoBrasileagoraesperacontraode1%em2015ecrescimentode0,9%em2016.Altimaestimativaapontavaexpansode0,3%esteanoede1,5%noprximo.