educação de 0 a 3 anos

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Creche (0 a 3 anos)

At os 2 anos de idade, as crianas apresentam necessidades muito individuais e o educador de creche tem de saber lidar com essas necessidades ao longo da rotina. "O professor precisa compreender que os espaos so importantssimos para a criana", diz a formadora Elza Corsi.No berrio, atender s necessidades individuais e coletivas algo extremamente significativo. O educador tem um papel fundamental nos cuidados para manter a sade fsica e psquica do beb - dar colo, dar banho, trocar, alimentar, ninar. Alm disso, entre os 0 e os 2 anos, a criana precisa desenvolver as habilidades iniciais com a linguagem oral e conquistar os movimentos.Para tanto, o conselho planejar detalhadamente as atividades que sero realizadas nos espaos internos e externos da escola. Ainda bebs, recomendvel que as crianas participem das primeiras rodas de histria e de msica, alm das brincadeiras dentro e fora da sala, que as desafiem para movimentar-se. Pendurar tecidos no teto ou criar pequenos obstculos no cho e paredes da sala de atividades e do solrio com papel bolha, papel carto, tecidos e espuma podem estimular essas conquistas e tornar os ambientes convidativos. Espelhos tambm so essenciais para a descoberta da identidade e da expressividade.O bero oferece cuidado e aconchego. Mas deve ser utilizado somente por aqueles que ainda no tm autonomia suficiente para sentar ou engatinhar. A partir dos 8 meses, em mdia, as crianas j podem dormir em colchonetes. "Se ela j tem autonomia para engatinhar e, portanto, para explorar o ambiente, o bero no pode ser uma priso. O colchonete permite que ela acorde e imediatamente se envolva com o mundo ao redor", afirma Elza.O perodo entre 2 e 3 anos caracterizado pela formadora como "a adolescncia da infncia". quando as crianas comeam a entrar no jogo simblico, se apropriam da palavra "no", passam a controlar os esfncteres e fazem suas primeiras escolhas. Neste perodo os pequenos aprendem regras para a boa convivncia com os outros e enfrentam os primeiros desafios de autocuidado, como lavar as mos, limpar o nariz e calar o sapato, por exemplo. Mesmo que, nesta fase, as crianas ainda tenham mais vontade de executar tarefas do que habilidade propriamente dita para conclu-las, o professor deve estimul-las e cumprir com o papel de orientador e mediador de conflitos. Vale aproveitar o mpeto dos pequenos e contar com a ajuda deles para que organizem espaos e criem bons hbitos. As atividades com melecas - massinha ou tintas de pigmentos naturais -, os desenhos e as garatujas so altamente explorveis, assim como as brincadeiras e os desafios corporais e lingusticos.Recomenda-se que, tanto para as turmas de berrio, quanto para as de minigrupo, tenha-se um educador para cada seis crianas.Berrio (0 a 2 anos)1. Sala de repouso Este espao precisa ser bem arejado e com iluminao controlada para o conforto dos bebs. Eles podem dormir em beros - separados uns dos outros por pelo menos 50 cm para facilitar a movimentao dos adultos - ou em colchonetes devidamente higienizados, para aqueles que comearem a engatinhar. Nas paredes aplique cores suaves e no piso, revestimento de fcil limpeza. Quando necessrio, coloque telas de proteo contra insetos nas janelas. Roupas de cama e chupetas no podem ser compartilhadas para evitar a transmisso de doenas. So objetos pessoais, trazidos pelos responsveis de cada criana. No caso de beros compartilhados por mais de um beb, coloque as fotos das crianas em cada um dos lados do bero e guarde as roupas de cama em saquinhos plsticos durante o revezamento entre os pequenos. Em certos casos, a sala de repouso tambm serve amamentao, desde que colocadas poltronas para as mes, separadas por biombos do restante do ambiente. No esquea de equipar este espao com pias para a lavagem das mos e gua potvel para as mes e crianas. Quanto aos colchonetes, armazene-os em escaninhos, separadamente, com o lenol, ou empilhados, sem o lenol.

2. Fraldrio Equipe o espao de higiene dos bebs com bancada e colchonetes para a troca de fraldas; prateleiras e armrios para guardar as toalhas, as fraldas e os materiais de limpeza; banheiras feitas de material lavvel acopladas s bancadas; cabides para pendurar toalhas e roupas e lixeiras com tampa acionada por pedal prximas dos trocadores e ao alcance dos educadores - para descarte rpido da sujeira. Enquanto uma criana toma banho, mantenha as outras em bebs-conforto.

3. Lactrio A higiene no cho, paredes e teto do lactrio fundamental para evitar a contaminao e preservar a sade das crianas. Este o espao de preparo das mamadeiras e alimentao dos bebs. Jamais assopre os alimentos. Deixe que esfriem naturalmente. O ideal instalar o lactrio em um local distante dos banheiros e da lavanderia.

4. Solrio Tomar sol importante para a fixao do clcio nas crianas. Por isso, ter um solrio - rea descoberta para o banho de sol, com localizao prxima das salas de repouso e atividades - compatvel com o nmero de bebs atendidos pela instituio importante. O ideal ter pelo menos 1,5m por criana, com livre trnsito para os carrinhos e desnveis no piso para oferecer desafios aos pequenos. As atividades no solrio devem acontecer duas vezes ao dia, sempre antes das 10 e aps s 16 horas, sendo meia hora para banho de sol e entre 40 minutos e uma hora para brincadeiras na rea externa. Brinquedos grandes, como casinhas e balanos, so bem-vindos, assim como mangueiras para refrescar as crianas nos dias de muito calor.Minigrupo (2 e 3 anos)1. Salas de atividades importante que cada turma de crianas entre 2 e 5 anos tenha uma sala de atividades com a qual possa manter uma estreita relao de identificao. Este espao precisa estimular as exploraes, a socializao e privacidade das crianas. Instale quadro, cabides para mochilas, prateleiras, mesas, cadeiras, almofadas, colchonetes, livros, relgio, calendrio, quadro de nomes e espao para fixao de trabalhos, ao alcance das crianas. Um espelho em cada uma das salas ajuda em atividades para o desenvolvimento da identidade. Pia para a lavagem das mos, na altura das crianas, e gua potvel, tambm so importantes - desde que cada criana tenha sua caneca individual, higienizada e facilmente identificvel. Uma sugesto aproveitar os desenhos dos pequenos para identificar as canecas. Quanto disposio do mobilirio, evite acumular os mveis prximos parede, j que as crianas costumam aglomerar-se nos lugares melhor estruturados. Organize cantinhos que favoream diferentes interaes para as crianas. Mais uma dica: se possvel, as salas devem ser ensolaradas, com vista para o lado nascente do sol. Se houver reas verdes ao redor do prdio, janelas com peitoril na altura dos pequenos e os devidos cuidados para garantir a segurana o contato com a natureza certamente ser ampliado.2. Banheiros Tente garantir um vaso sanitrio, um chuveiro e um lavatrio para cada 20 crianas. Todas as peas precisam ser baixas. Evite quinas e outros objetos pontiagudos, assim como chaves ou trincas nas portas. Mantenha o banheiro dos adultos em ambiente separado, com cabines de vestirio. Para facilitar a mobilidade das crianas e promover a acessibilidade, construa rampas e coloque barras de apoio nas cabines sanitrias. Sugesto que, alis, vale para a acessibilidade de todos os espaos da instituio.Melecas na parede, no papel e no corpo todoAmassar, rasgar, sentir, cheirar, experimentar e tocar so palavras de ordem para os pequenosVeja as fotos desta reportagem: elas mostram momentos em que as crianas de 1 a 2 anos do CEI Rio Pequeno II, na capital paulista, se deliciam com misturas e melecas - combinaes de materiais com texturas diferentes feitas para manipular e usar em suportes variados. As imagens ilustraram o relatrio feito pela professora Fabiana Frana Barbosa narrando suas propostas e intervenes e as reaes que causaram, compondo um belo registro para avaliar seu trabalho e a atividade da turma ao longo dos meses.O objetivo de Fabiana era que os pequenos entrassem em contato com diversas formas de explorao dos materiais e ampliassem seu modo de mexer com eles por meio da vivncia, da observao dos colegas e das suas orientaes. Com esse leque de experincias, a turma aprendeu vrias coisas. Por exemplo: quanto mais farinha se junta gua, mais densa a mistura fica. J se ela est muito lquida, escorre pela parede e no pode ser contida com as mos. Quando voc fala sobre questes desse tipo e chama a ateno para cada diferente aspecto observado - como texturas, cores e efeitos - ajuda as crianas a fazer observaes, exploraes e a construir noes importantes nessa fase. Para isso, no basta deixar que elas brinquem e pronto: a proposta exige muito planejamento e intencionalidade.No incio, Fabiana pesquisou em sites e livros e consultou colegas at formar um cardpio de receitas com combinaes frias ou mornas feitas de amido de milho, farinha de trigo, anilina, guache, sagu e cola, entre outros - mas sem elementos txicos, j que poderiam ser levados boca.Propostas desse tipo pedem a preparao do ambiente para que a (aparente) baguna ocorra. A escola deve reservar um espao apropriado - em que os pequenos possam espalhar as melecas sem danificar a pintura das paredes, por exemplo, e sem se machucar. Por isso, evite locais com escadas ou quinas. importante ainda pedir que os pais enviem uma troca de roupa a mais ou uma camiseta maior para que eles fiquem vontade.A organizao do banho tambm precisa ser prevista no planejamento, j que fica impossvel qualquer outra atividade antes de todos estarem limpos. Mas lembre-se de que a sujeira faz parte das experincias: "Os pequenos conhecem o mundo por meio da ao, e o corpo inteiro trabalha a favor dessa pesquisa. A criana testa e descobre possibilidades com as melecas", explica Ktia Keiko Matunaga, coordenadora pedaggica das turmas de at 3 anos da Escola Viva, em So Paulo.Fabiana deu espao para os pequenos explorarem as misturas vontade. "Nem sempre fcil v-los se sujarem, mas preciso saber que esses so momentos de aprendizagem", diz. Para que o processo seja realmente proveitoso, essencial pensar em uma regularidade para a atividade - foram de 30 a 50 minutos por semana o ano todo, sempre comeando com a apresentao de cada ingrediente separadamente. S depois eles eram misturados para que todos observassem as diferenas. Nesses momentos, ela lanava questes e explicava o processo: "Vamos acrescentar mais farinha?", "O que vocs acham que vai acontecer?" e "Agora vou mexer para misturar".Contato com uma grande variedade de materiais enriquece a atividade

O primeiro dia com as melecas foi uma farra. A professora colocou as crianas sentadas em roda e apresentou a elas uma goma de gua e farinha de trigo cozida. Aos poucos, foi acrescentando anilina e todas se espantaram com a mgica mudana de cor. Fabiana chamava a ateno delas dizendo: "Olhem como est ficando colorida!".Quando j estavam envolvidas e alvoroadas, foi hora de colocarem a mo na massa. Elas podiam passar a mistura em cartolinas coladas no cho, mas muitas ficaram felizes apenas sentindo a textura. "Quando um dos pequenos comeou a usar a cartolina como apoio, eu perguntei: Algum mais quer ver como ? E aos poucos eles experimentaram o novo suporte".Denise Lumia, assistente de Fabiana, observou ainda que muitas queriam sentir a textura no corpo e nos cabelos. Uma delas, no entanto, no quis brincar com as melecas, e isso foi respeitado. "Alguns ficam receosos de tocar o que causa estranheza. Em casos como esse, possvel oferecer algum instrumento, como um palito de sorvete, que permita um contato indireto. Mas aos poucos, vendo os colegas, muitas vezes mudam seu comportamento", explica Ktia. Ela tambm sugere que o professor intervenha com perguntas do tipo: " possvel segurar a meleca com as mos?", e ver como as crianas tentam resolver a dvida com materiais mais ou menos lquidos.

Num outro momento, a professora ofereceu uma goma gelada de amido de milho e anilina. "Para que elas notassem a temperatura, dizia que colocassem a mo. Muitas respondiam que estava fria, outros tiravam a mo rapidamente, riam, gritavam, se expressavam mesmo sem falar", conta. Em p e sobre tapetes de material antiderrapante, elas mergulhavam as mos nos potes e passavam a mistura nos azulejos do corredor. De tempos em tempos, Fabiana trazia novas cores e chamava a ateno para isso com frases do tipo: "Olhem s, agora temos tinta vermelha!".A atividade seguinte consistia em fazer uma mistura com farinha, variando a textura e a espessura. Para isso, recipientes com gua estavam disposio dos pequenos. A professora e a auxiliar ficavam sempre por perto, ensinando as crianas a usar a colher para transferir os ingredientes de um lado para o outro. Bonecas, potinhos e caminhes tambm foram includos. A todo momento, elas conversavam sobre as mudanas que ocorriam na mistura e sobre o que os demais estavam fazendo: "Vejam o que o colega de vocs fez agora! Quanta gua ele colocou!"Para realizar as atividades, a educadora buscou ajuda na bibliografia. No livroAprender e Ensinar na Educao Infantil(Eullia Bassedas, Teresa Huguet e Isabel Sol, 357 pgs., Ed. Artmed, tel. 51/3062-3757, 79 reais) leu sobre a importncia de estabelecer uma relao prxima com as crianas em atividades como essa. J emSabores, Cores, Sons e Aromas(Maria da Graa Souza Horn, 119 pgs., Ed. Artmed, 42 reais), viu como preparar o espao para um desenvolvimento adequado.As leituras foram produtivas e o trabalho bem-sucedido. No incio do ano, seu tempo precisava ser dividido entre questes de relacionamento (resolver conflitos e incentivar a relao entre as crianas) e a ateno para o que os pequenos levavam boca (embora no sejam txicas, as misturas no devem ser comidas). Mas nos ltimos meses eles j incluam os colegas na brincadeira e tinham muitas ideias sobre manipular as melecas sem pensar s em lev-las boca. Crianas e professora, depois de tantas misturas e experincias, tinham muitas fotos para rever e estavam prontas para novos desafios.1 Organizao geralPlaneje o tempo de durao, o local e o material necessrio para a atividade permanente, que deve ser proposta com variaes. Para isso, pesquise diversas receitas.

2 Parceria em casaCompartilhe o objetivo com os pais e pea que enviem uma roupa extra para os filhos, que vo se sujar.

3 Hora de experimentarNo momento da brincadeira, d oportunidade para os pequenos explorarem as melecas sozinhas ou com os colegas. Incentive o uso de diversos suportes, como as paredes ou papis no cho. Inclua bonecas, carrinhos ou panelinhas na atividade.

4 Intervir se necessrioDurante o trabalho, observe atentamente as reaes das crianas e a interao entre elas. Interrompa apenas se precisarem de ajuda ou de materiais que possam proporcionar novos desafios.Leitura de textos informativos na crecheObjetivos- Escutar a leitura de textos informativos feita pelo professor.- Desenvolver comportamentos leitores e escritores quando se quer saber mais sobre um tema.

Contedos- Familiarizao com textos informativos: ler para saber mais.- Explorao de diferentes fontes de informao e procedimentos de pesquisa.

AnosCreche.

Tempo estimadoSeis aulas.

Material necessrioLivros, revistas, enciclopdias, jornais e documentrios (vdeo ou DVD).

FlexibilizaoA importncia do acervo variado e da escolha de temas que faam parte do universo dos pequenos crucial para a compreenso de crianas com deficincia intelectual. Na creche, todos ainda esto aprendendo a expressar-se e a adquirir autonomia. Por isso, importante valorizar as habilidades e as limitaes de cada criana. Aproximar a escolha dos assuntos das situaes do cotidiano fundamental. Diversifique os meios de acesso ao contedo na sala. Isso facilita o desenvolvimento da criana com deficincia. Capriche na interpretao ao longo da leitura do texto e leia pausadamente. Os pais da criana com deficincia intelectual podem reforar a leitura em casa do texto indicado pela educadora e de outros textos. Fazer com que o pequeno reconte os contedos sua maneira um excelente exerccio para que ele pratique a oralidade. Estimule a criana para que ela tambm faa observaes junto dos colegas nas discusses na creche. Avalie se a criana conseguiu familiarizar-se com os livros e adquiriu noes sobre como manuse-los.

Desenvolvimento1 etapaSepare o material pertinente ao estudo que ser feito. Cuide para que o tema desperte o interesse dos pequenos, como animais marinhos. Verifique se as fontes so confiveis, organize um acervo variado e garanta que algumas das leituras sejam feitas com o material destinado a adultos: revistas, jornais e livros cientficos de circulao social.

2 etapaFaa uma breve leitura de um texto informativo ou apresente trechos de documentrios (por exemplo, um filme que mostre a interao dos animais no ambiente marinho). Proponha uma discusso sobre os assuntos abordados e levante as dvidas da turma. Divida um cartaz em duas colunas e escreva, de um lado, "o que queremos saber" e, no outro, "o que aprendemos". Registre comentrios das crianas, as questes que no foram respondidas e as que devem ser retomadas.

3 etapaRecupere o que j foi registrado e leve um novo texto. Atue como leitor-modelo: compartilhe como se faz uso de ndices, indique onde esto o ttulo e o subttulo e faa a leitura do material. Registre num novo cartaz as descobertas realizadas.

4 etapaApresente outro texto. Leia o ttulo para a turma antecipar do que se trata. Faa pausas e releia trechos sempre que julgar importante. Caso apaream palavras difceis, aposte na compreenso por meio do contexto. Aps a leitura, estimule que todos faam comentrios e avancem em suas hipteses. Registre as descobertas.

5 etapaDisponibilize diferentes materiais sobre o tema e coloque no centro da roda: podem ser livros com fotos, matrias com curiosidades, fichas tcnicas com as caractersticas fsicas dos animais marinhos etc. Oriente todos a fazer buscas com base nas ilustraes. Estimule o manuseio do material, dando pistas de como buscar dados e ajudando-os a marcar as pginas selecionadas. Quando finalizarem, retorne roda e socialize o que encontraram. O objetivo que as crianas possam olhar o material e participar da busca da informao.

6 etapaConfronte as perguntas levantadas na 2 etapa e as descobertas feitas. Retome os cartazes para refletir sobre quais dvidas foram esclarecidas e o que teriam que continuar pesquisando.

AvaliaoVerifique se as crianas demonstraram interesse no processo de pesquisa, se avanaram em relao s hipteses iniciais e se levantaram novas questes. O propsito da atividade desenvolver o gosto por ler para saber mais, manusear textos cientficos de circulao social e compreender que podem aprender muito com elesConsultoria:Maria SlemensonAssistente pedaggica da Fundao Victor Civita.Como chamar ateno dos bebs para que parem de chorar?Os pequenos choram por motivos diversos, que vo desde a satisfao de necessidades bsicas, como de comida ou sono, at questes emocionais. Por isso, no se trata de entret-los. necessrio tentar identificar as possveis causas e resolv-las. Quando o beb chora, o primeiro passo acolh-lo com colo, carinho e aconchego. Depois, confira as situaes clssicas que podem gerar desconforto, como falta de alimentao, fralda suja, sonolncia e roupas incmodas. Observar hbitos e preferncias tambm ajuda a perceber as razes que normalmente provocam as lgrimas. Caso o problema persista, vale investigar se ele pode estar com dor devido a alguma enfermidade e procurar ajuda mdica.O valor dos procedimentos no trabalho em arte1Em arte, como um desenho, uma pintura ou uma escultura ganham existncia? Ocomoda pergunta indica um plano procedimental na criao de algo que, para vir a se tornar um objeto, depende de nossa ao. Nas crianas, o pensamento sensrio-motor caracterizado pelo binmio sentir e agir est na gnese do conhecimento. Afetos, emoes e sentimentos, ao mesmo tempo, desencadeiam aes internas e externas e so transformados por essas aes, o que nos habilita a dizer que as aes transformadoras tm sempre uma mobilizao esttica. Durante o perodo sensrio-motor, essa mobilizao esttica possibilita a sobrevivncia em uma gama de aprendizagens que constituem, simultaneamente, conhecimento de si prprio e do mundo. a dinmica desse movimento entre o mundo interno e o externo que est na origem da criao de todo conhecimento. E a nossa mobilizao esttica, a mola propulsora desse movimento e o seu regulador, rege e baliza a criao. Em arte, esttica propulsora da ao e no atribuio do belo a algo pronto.Para compreender como se d essa ao, propusemos a crianas de 1 ano e meio a 10 anos a gerao de novas cores com base nas primrias: azul, amarelo e magenta. A proposta realizada com as crianas na creche Casa do Aprender, em Osasco, regio metropolitana de So Paulo, abriu um universo de possibilidades - brincando com as cores, elas revelam o segredo da criao. A gnese da pintura em seu trabalho autorregulado e disciplinado aparece como uso da cor que fenmeno, ritmo do gesto com pincel, a fluidez da tinta com mais ou menos gua. A implantao da imagem no branco do papel deve-se a coordenaes cognitivas sucessivas e simultneas: gerao de novas cores, pinceladas que envolvem as anteriores, ajuste dos materiais para as necessidades expressivas de cada um. Na observao de Pedro, de 5 anos e 3 meses, torna-se compreensvel como ele se afeta e expressa pela cor. Em seus procedimentos com a cor - pintar/ combinar/ retocar/ misturar/ criar tonalidades/ relacionar -, Pedro articula jogo de exerccio - repetio/ prazer funcional/ explorao ldica e jogo simblico -, criao e atribuio de sentido a uma imagem.Quando as crianas, como no exemplo de Pedro, se entregam experincia completa ou esttica (DEWEY, 2010) - cor, ritmo e coordenadores cognitivos -, tornam observvel a gnese da pintura em uma sequncia de aes que tm valor de conhecimento. Em possveis equivalncias - cor e fenmeno; ritmo e ao; coordenadores cognitivos e forma; e experincia esttica e energia -, esses observveis so quatro mbiles da ao extensivos a outras reas de conhecimento, que sintetizam e configuram um crculo de aprendizagem e gerao de conhecimento, conforme as etapas esboadas a seguir.Uma criana com sensibilidade, intuio e imaginao (sujeito da ao), devido a uma mobilizao esttica inicial (afeto) e balizada pela emoo que garante a continuidade entre a vida e a arte, gera uma experincia esttica sensvel ou completa. Essa experincia acontece em intuies de espao e tempo. A experincia esttica ou sensvel pode ser considerada um jogo, no qual o sujeito cria procedimentos (COLL, 1996) - passos concatenados da ao - em busca do xito: atender a demanda por expresso da mobilizao esttica inicial. Os procedimentos geram um objeto, algo que ganhou existncia fora da criana. O que gerou uma pintura agora conhecimento, um modo de ser do indivduo que torna observvel a experincia de pintar na qual esteve subjetivamente, esteticamente, implicado.O problema educativo que se coloca a fragilidade no modo de produo de objetos artsticos, quando deparamos com questes difceis para a criana ou para quem trabalha com arte, que s podem ser resolvidas no plano procedimental e interativo. Se o sujeito se afasta de sua base esttica, no chegar ao xito expressivo, no haver transformao, no haver aprendizagem e o desapontamento ser geral. Nesse caso, o que pode ser considerado uma representao incompleta, insatisfatria, para quem a produziu? Aquilo que no tem verossimilhana com o fenmeno ou a realidade que motivou a necessidade de se expressar. No ser verossmil ao afeto que mobilizou a ao, e talvez corresponda a uma imposio de representaes externas tanto realidade observada quanto ao modo de ser e de pensar do sujeito. Pode ocorrer ento um empobrecimento da experincia e da abertura de possibilidades originrias da interao entre sujeito e objeto. A potncia da experincia esttica vem da energia que alcana o xito expressivo: o que ganhou existncia corresponde emoo afetiva que o gerou. Tudo que ressalta de nossas concluses a importncia da experincia e dos procedimentos na gnese do conhecimento. Para tanto, devido continuidade funcional (DEHEINZELIN, 2010), o que propomos como fonte da criao a manuteno, o enriquecimento e a transformao do pensamento sensrio-motor ao longo da vida.O valor dos procedimentos no trabalho em arte1

A caverna de Lascaux

Vamos agora fazer uma viagem no tempo e no espao, para entender como ganharam existncia as pinturas que nossos antepassados realizaram, h cerca de 17 mil anos, na caverna de Lascaux, na Frana. Hoje sabemos que todos os cavalos ali representados foram realizados em uma mesma sucesso de gestos: traos da crina; flancos, com pigmento soprado ou pintura, em ocre ou vermelho; linha dorsal em um nico trao preto; patas; cascos; rabo e, por fim, a cabea. Essa sucesso de gestos com finalidade expressiva configura umprocedimento, bem diverso da tcnica, que nesse caso , por exemplo, o uso de um osso oco para soprar pigmento. Fica claro, na apreciao das figuras, que os procedimentos so passos concatenados de uma ao que busca ter xito - aqui, expressar um cavalo que corresponda sensao esttica, ao sentimento, ao afeto que o pintor sente pelos cavalos selvagens em seu hbitat.Observa-se nas pinturas em paredes da caverna pulverizao ou projeo de pigmentos. Foram encontrados em buscas arqueolgicas ossos com furos, que podiam ser soprados, com restos de pigmentos; piles para macerar minrios e obter pigmentos; trs gods; plaquinhas de calcrio e de xisto com pigmentos diludos - provavelmente em gua, uma vez que no havia vestgios de matria orgnica nas pinturas, excluindo- se assim as emulses leo, com gordura animal; e uma maravilhosa lmpada2! Esses achados demonstram o contraste entre a excelncia das obras e a simplicidade das tcnicas e meios empregados.Como se pode aprender a desenhar, a pintar, a esculpir com nossos antepassados de Lascaux? Teramos de considerar: o suporte, com texturas, relevos, reentrncias e salincias das paredes da caverna; a paleta, cores obtidas de minrios processadas em piles, diludas com gua ou leo e colocadas em gods ou plaquinhas; a incidncia da luz por iluminao indireta com tochas de madeira ou com a lmpada de cermica; e ainda os procedimentos de cada linguagem expressa - desenho, pintura e gravura, os quais dependem do suporte, das tcnicas desenvolvidas para as finalidades pretendidas (intudas ou no), como o caso dos pincis, dos ossos furados para soprar pigmento e dos bastes de carvo para desenhar, e que dependem da ao transformadora de algum, que d vida a imagens interiorizadas, em gestos que imprimem movimento s figuras. na manifestao sensrio-motora que o homem pr-histrico revela a fora da criana que neles subsiste como sobrevivncia - agora expressiva. H uma condio de continuidade entre arte e vida, sendo o ritmo - o gesto de desenhar em movimento - resultante da tenso entre o endgeno (o de dentro, o modo de ser de cada um) e o exgeno (o de fora, o ambiente), entre a experincia vital e o embate com a matria.No caso das pinturas na caverna de Lascaux, ningum pode proceder no desenho nas paredes da caverna seno quem as realizou; e em camadas sucessivas de desenhos e pinturas - separadas s vezes por milhares de anos, quem desenha depois mobilizado esteticamente ou afetado pelas imagens que ali encontra. Entretanto, boas experincias podem ser replicveis, abrindo espao para a gerao de conhecimentos e de novos observveis.O valor dos procedimentos no trabalho em arte1Mbiles da ao

A que pode servir uma anlise estrutural e gentica da criao? Para torn-la compreensvel, humana, comensurvel, a ns prprios. Poderamos pensar que mbiles, molas ou motores da experincia impulsionam a ao transformadora, garantem nossa continuidade funcional e abrem caminho para o mundo do trabalho criativo e no o do labor repetitivo.

Temos na experincia esttica possibilidade de ser e estar, de conhecer o que prprio de cada rea de conhecimento, o que bastante diferente de ter acesso a objetos culturais ou consumi-los independentemente de nossa expresso sobre eles. necessrio realizar e compreender, tanto na criao, quanto na fruio, e assim tudo aquilo que a humanidade j construiu torna-se para ns, fenmeno. Algo novo no qual nos lanamos e sobre o qual agimos mobilizados esteticamente, para gerar conhecimento. S assim a cultura se torna patrimnio do indivduo, faz parte de seu modo de ser e transformada por ele. Nesse sentido que se aproximam aprendizagem e gerao de conhecimento. Para compreender um trabalho em arte, preciso tornar os procedimentos compartilhveis e verossmeis, uma vez que exprimem o afeto que mobilizou a ao de realiz-los.

Aprender com a criana

Para os hindus, o elefante smbolo do conhecimento, representa o comeo e o fim, o animal mestre dos trs mundos. Na ndia, pessoas acreditam que a fora do elefante d a todos aqueles que o invocam tudo o que possam desejar. E para recuperar o que era natural em nossos primeiros anos de vida, a sincronicidade sensrio-motora, propomos um movimentoTrs elefantes: aprender com a criana; mobilizar a prpria criatividade; e compreender o mundo.Por que aprender com a criana? Porque se observarmos, sem pr-juzos ou preconceitos, os procedimentos que cria para obter xito em suas aes, compreenderemos como se d a aprendizagem. Para saber o que, para que e como ensinar, precisamos compreender os modos do aprendiz. Uma avaliao processual busca medir qualitativamente como se deu a aprendizagem significativa e efetiva - pois o que foi aprendido agora patrimnio do aluno.Por que mobilizar a prpria criatividade? Porque sem ela no nos ser possvel compreender o ponto de vista das crianas e propor a elas, como educadores, sequncias didticas plausveis. Didticas que propiciem aprendizagem.Por que compreender o mundo? Porque na interao com os fenmenos, pessoas e dados culturais que nos constitumos como indivduos.ResumoObservando os procedimentos que a criana cria para obter xito em suas aes, compreendemos como se d a aprendizagem. Movida por seus prprios afetos e percepes, a criana interage com os fenmenos e esse movimento entre interno e externo que a leva a constituir conhecimento de si e conhecimento do mundo. Na superfcie do papel, as camadas de cor ritmicamente expressas so, ao mesmo tempo, criana e pintura.Referncias bibliogrficas

- COLL, Csar. Psicologia e currculo. So Paulo: tica, 1996.

- DEHEINZELIN, Monique. "Para Sempre". In: 30 olhares para o futuro. So Paulo: Escola da Vila - Centro de Formao, 2010, p. 225-231.

- DEWEY, John.Arte como experincia. So Paulo: Martins Editora Livraria, 2010.Entrevista com Manuel Sarmento"Os pequenos nos dizem muito sobre a sociedade"Elisangela Fernandes([email protected]), de So Carlos, SPDe acordo com Manuel Sarmento, a criana um pequeno cidado, mas no um cidado menor. Essa foi uma das ideias que ele defendeu ao participar do II Seminrio Internacional: Sociologia da Infncia, realizado na Universidade Federal de So Carlos (UFSCar) em maio. Considerado um dos principais nomes da Sociologia da Infncia do mundo contemporneo, o pesquisador reconhece esse sujeito como um ator social, pleno e integrado sociedade e, acima de tudo, produtor de cultura.Em entrevista NOVA ESCOLA, Sarmento explica como a Psicologia do Desenvolvimento refora a ideia equivocada de que as pessoas, quando crianas, so incompletas e ainda esto em formao. De acordo com o educador, elas desempenham diferentes papis sociais, entre eles o de aluno. Por isso, a escola, em especial durante a Educao Infantil, precisa ser um espao que no s valorize seus saberes como garanta a oportunidade para o exerccio pleno de seus direitos.

Como definir o que criana?MANUEL SARMENTO

Existem duas concepes que emergiram a partir do Renascimento e se distinguiram com mais clareza no sculo 18. A primeira, mais disciplinadora, diz que ela um ser que precisa ser cuidado, educado e, de alguma forma, moldado para se tornar um adulto moralmente competente e com conhecimento para agir em sociedade. A segunda, mais romntica, defende que ela seja pensada como um ser em desenvolvimento, que demanda proteo de qualquer efeito funesto da sociedade porque naturalmente boa e inocente. A partir da dcada de 1980, a Sociologia da Infncia prope mais uma alternativa de definio e comea a pensar os pequenos em si prprios, como seres humanos densos e plenos, que no esto em fase de integrao e incluso, defendendo que vivem plenamente integrados sociedade. Eles so capazes de refletir e expressar as contradies sociais pelo seu modo de ver o mundo.

A Psicologia do Desenvolvimento contribui para reforar a ideia de a infncia ser uma fase de construo do sujeito?

SARMENTOSim. A maioria dos estudiosos e seguidores dessa rea pensa a infncia como um perodo de transio, um processo progressivo que se realiza por etapas ou fases de desenvolvimento de carter universal. No entanto, importante ressaltar que muitos psiclogos da linha criticam essa viso linear e pensam a criana em seu contexto cultural. Por isso, creio que hoje deixou de fazer sentido a crtica da Sociologia da Infncia Psicologia do Desenvolvimento por si s. O que temos de pensar daqui em diante quais so as teorias que estudam o indivduo e seus processos psicolgicos, quais investigam uma categoria social e seus processos sociais e articul-las de forma que haja um dilogo interdisciplinar competente para compreender o desenvolvimento infantil.

Hoje em dia existe menos tempo e espao no mundo para ser criana?

SARMENTOPara responder a essa questo temos de analisar as condies de vida dos pequenos na contemporaneidade e considerar de que maneira a sociedade se organiza para regular o espao e o tempo deles. Atualmente, a criana passa a maior parte do dia em instituies, sob o controle de adultos e a circulao no espao ficou mais restrita. Isso muito marcante em nossa poca. Ela raramente est na rua e o deslocamento ocorre entre ilhas: se no est em casa, est na escola, por exemplo. Ainda que circule por diferentes lugares, no se apropria da cidade, pois est sempre confinada. importante dizer que sob esse aspecto, curiosamente, os pequenos dos meios populares so os que tm maior autonomia. O que altamente paradoxal, pois isso decorre da privao e no da garantia de direitos. Ao mesmo tempo, grande o impacto da difuso da indstria cultural, que se desenvolveu exponencialmente. Tudo isso tornou as crianas mais dependentes de produtos elaborados pelos adultos no que se refere s prticas ldicas, como o brincar. Claramente a est uma diferena em relao ao passado. Antes, elas tinham de improvisar para construir seus brinquedos e com eles gerar as brincadeiras. Atualmente, isso acontece bem menos. H mais jogos, incluindo os eletrnicos, e esse outro paradoxo, pois nesse caso as regras j so determinadas, ao contrrio do que se d nas brincadeiras, em que a criana que brinca a autora do ponto de vista simblico.Em quais espaos sociais a criana tem sua autonomia respeitada?

SARMENTOA apropriao da autonomia implica a inter-relao com os adultos. No se trata de uma conquista prpria. Os espaos de autonomia dela so aqueles em que o adulto se constitui como um agente. O exemplo mais conhecido desse processo a Escola da Ponte, em Portugal. Trata-se de uma experincia singular que tem, entre outros elementos de referncia, espaos abertos em que as crianas podem colaborar na construo do processo de registro e de controle da prpria aprendizagem, sempre guiadas pelos professores. Fora isso, de maneira geral, a capacidade de participao infantil nas decises ainda bastante cerceada nos meios institucionais, por exemplo, as escolas.

Em 2009, a exemplo do que ocorria em outros pases da Amrica Latina, o Brasil reduziu a idade de ingresso na escola. Quais as consequncias desse processo?

SARMENTOOs pases com resultados educativos satisfatrios investem em um modelo de Educao Infantil relativamente centrado nos processos de ensino e aprendizagem, tendo, ao mesmo tempo, uma preocupao verdadeira em respeitar a cultura infantil. Minha defesa de que no deve haver uma escolarizao precoce. Ou seja, aquela cujas polticas educativas passem a promover a adoo de prticas de ensino centradas na aquisio adiantada da cultura escrita, da avaliao, da individualizao e da transmisso direcional. Quando isso acontece, corremos o risco de tornar o universo das crianas no significativo, no decorrente de um processo de subjetividade. No desenvolvido o gosto por comunicar, conhecer, pesquisar e descobrir.

Como o professor pode reconhecer o que as crianas sabem e garantir que se tornem protagonistas da sua aprendizagem?

SARMENTOH duas condies essenciais para que isso ocorra. A primeira relativizar as prprias experincias como aluno e como criana que ele foi no passado. A segunda pressupe um trabalho cuidadoso de auscultao e de observao de como os pequenos sem a superviso adulta exprimem suas opinies e se comunicam.

desejvel pensar em um nico modelo para a Educao Infantil?

SARMENTONo. Precisamos ter muitos deles, sem uma padronizao que obrigue todas as escolas a seguir os mesmos moldes. Os educadores s sero capazes de cumprir seu papel se estiverem atentos s necessidades dos alunos e da comunidade e aproveitarem as oportunidades dadas pela realidade dos pequenos e da escola, considerando inclusive o que imprevisvel. Para educar, temos de aproveitar no s os recursos pedaggicos existentes como tambm as dinmicas sociais geradas em cada contexto.

Por que preciso ouvir as crianas?

SARMENTOExistem aspectos ocultos na realidade social que s podemos conhecer com base nelas. Os pequenos nos dizem muito sobre a sociedade. E tambm a respeito de si prprios. importante considerar que eles no se comunicam usando s a linguagem verbal mas tambm valendo-se de representaes e desenhos que revelam coisas absolutamente extraordinrias. Eles do informaes muito consistentes sobre a reproduo do mundo e da vida. As crianas tm, porventura, maior plasticidade que os adultos quando se trata de interpretao cultural e de compreender o outro. No entanto, isso no significa que elas sejam incapazes de exclu-lo ou recus-lo ou ainda de expressarem afirmaes racistas e at mesmo bastante violentas.Desafios corporais para bebsComo incluir na rotina da creche situaes em que os pequenos sejam estimulados a desenvolver novos movimentos e a aprender mais sobre o prprio corpo

IntroduoO que significa ser inteligente? Muitas pessoas consideram Albert Einstein uma pessoa inteligentssima. Mas provvel que, durante a cobrana de um pnalti, ele no fosse capaz de acertar o gol. Diante dessa afirmao, algum poder dizer que no necessrio ter a mesma inteligncia de Einstein para bater uma falta no futebol - e essa pessoa estar certa. No existe apenas um tipo de inteligncia: aquela que desenvolvida para clculos matemticos complexos diferente da que se requer nos esportes. A Psicopedagogia moderna reconhece que tanto Einstein quanto Zico, por exemplo, foram pessoas inteligentes, cada qual em sua rea de atuao.Ementrevista revista Superinteressante, o psiclogo Howard Gardner, da Universidade de Harvard, explicou que existem ao menos oito tipos de inteligncia. O importante que elas sejam corretamente estimuladas durante a infncia. Ou seja, desenvolver o raciocnio lgico, manipular objetos, saltar, escrever palavras, entre outras habilidades, requer estmulo para o desenvolvimento integral da criana.O desafio colocado na Educao moderna justamente como instigar esses diferentes tipos de inteligncia. certo que cada criana ter habilidades mais apuradas em determinadas reas do que em outras, mas preciso oferecer contato com possibilidades variadas. Houve um tempo em que, se um aluno no soubesse solucionar expresses algbricas complexas, logo recebia o rtulo de no ser l muito inteligente. E aquele que gostasse de escrever poesias podia ser considerado menos capaz do que colegas muito bons em Cincias ou Matemtica.A verdade que, para elaborar um texto coeso, bem estruturado e que faa sentido ao leitor, preciso dedicao e inteligncia. Escrever poemas no para qualquer um. Da mesma forma, arremessar uma bola na cesta de basquete, lanar um saque no vlei ou fazer a rede balanar no futebol so aes que exigem habilidade e, novamente, inteligncia! Quanto mais cedo essa inteligncia corporal for desenvolvida, tanto melhor para o desempenho da criana. J existem, inclusive, estudos que comprovam a influncia das atividades fsicas no desenvolvimento escolar global da garotada.De acordo com tais pesquisas, o comportamento exigido na prtica esportiva o mesmo necessrio ao aprendizado. Emreportagem da revista SADE, Ricardo Barros, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e coordenador de estudos de Medicina Esportiva, cita a ginstica rtmica como exemplo: " preciso concentrao, habilidade de postura, coordenao e equilbrio para aprender movimentos como estrela ou cambalhota. Repare que so todos requisitos tambm atrelados aprendizagem".Depois que aprendem a andar, os pequenos precisam ser instigados a correr, pular, saltar - tudo sob a orientao cuidadosa do educador. A proposta desta atividade permanente mostrar como montar circuitos variados, dentro e fora da sala de atividades, para trabalhar desafios corporais com os bebs. De quebra, esse aprendizado contribuir para desenvolver um estilo de vida ativo, que tambm ser essencial pelo resto da vida

Objetivos- Inserir atividades fsicas regulares na rotina das crianas.- Desenvolver habilidades corporais variadas.

Material necessrioBolas, cordas, escorregador, colchonetes e imagens de animais.

DesenvolvimentoNa maioria das vezes, as crianas so muito ativas e esto sempre se movimentando. Contudo, importante que a Educao Fsica seja feita de modo sistemtico durante, por exemplo, dois perodos de 30 minutos, um de manh e outro pela tarde. certo que qualquer atividade fsica proporciona benefcios, mas a organizao ajuda a criana a perceber a importncia desses momentos.Outro fator importante a presena do adulto. Ainda que simples, certas atividades podem paralisar uma criana que sinta medo ou dificuldade em realiz-las - e o educador ajuda tanto a evitar acidentes quanto a dar mais confiana aos pequenos. Alm disso, o adulto deve ficar atento s etapas do desenvolvimento das crianas: se as propostas forem fceis demais, no estimulam os pequenos a contento e, se forem muito difceis, no despertam o interesse em superar limites. Portanto, as atividades at podem ser as mesmas para as diferentes faixas etrias da creche, mas pequenas variaes em seu planejamento e execuo so muito bem-vindas.

Atividade 1Uma proposta interessante enfileirar bolas e auxiliar as crianas a passar os ps por cima delas - primeiro o direito, depois do esquerdo e assim por diante. Em seguida, as cordas podem servir como outro obstculo a ser ultrapassado, por cima ou por baixo, de acordo com a regulagem de altura. Exerccios como esses exigem concentrao, estratgia, preparo e, ao mesmo tempo, so estmulos divertidos.

Atividade 2No ptio, o escorregador costuma ser usado como um brinquedo para descida. Estimular a subida por onde se escorrega tambm pode ser interessante. Para isso, segure na mo esquerda de cada criana e ajude-as, uma a uma, a subir. Depois, repita a proposta segurando na mo direita de cada criana. Com essa atividade, possvel perceber com qual das mos os pequenos tm mais habilidade e fora e, a partir da, trabalhar novos estmulos outra mo.

Atividade 3Propostas que envolvem cooperao so ferramentas importantes para o desenvolvimento fsico e intelectual das crianas. Ficar em fila, passar uma bola embaixo das pernas e entreg-la nas mos do prximo colega envolve no apenas estmulos corporais como tambm noes de respeito e trabalho em equipe.

Atividade 4Aproveite que as crianas costumam gostar muito de imitar animais e mostre imagens de bichos cujos movimentos elas possam copiar. Por exemplo, minhocas e cobras rastejam, sapos e cangurus pulam, cavalos e guepardos correm. At o caminhar dos gorilas e chimpanzs pode ser interessante reproduzir: o corpo desses animais acompanha o andar, o que ajuda as crianas a desenvolver noes de lateralidade.

Atividade 5Bolas variadas (de tnis de mesa, tnis de quadra, futebol de salo, handebol, vlei, basquete, entre outras) so timas para organizar uma competio de arremesso, sempre com os dois braos para essa faixa etria. O tamanho e o peso de cada bola estimulam os msculos do tronco e dos membros superiores. Nesse sentido, confeccionar bolas de meia pode incrementar ainda mais o trabalho.

AvaliaoFaa anotaes sobre o desempenho dos pequenos sempre que possvel, no para compar-los, mas para aumentar gradativamente a dificuldade das atividades em que eles se saem melhor. Se alguma criana no conseguir realizar determinada proposta, procure auxili-la, dentro das possibilidades dela, at que consiga superar seus limites. Vale ainda orientar os pais a fazer algumas dessas propostas em casa, a fim de tambm contriburem para a melhoria do desenvolvimento corporal dos filhos.

O que tem dentro deste cesto?Diferentes objetos instigam os sentidos e levam a turma a uma explorao atentaBeatriz Santomauro([email protected]). Colaborou Elisa Meirelles"Quando colocamos os pequenos em frente a um cesto cheio de objetos e eles comeam a explor-los, basta observar um pouco para saber o que esto sentindo. Uns sorriem quando pegam um retalho de camura, outros tiram a mo rapidamente se encostam na lixa e muitos ficam curtindo a maciez do algodo no rosto." A declarao da professora Ktia Maldonado dos Santos, da CEINF Iber Gomes de S, em Campo Grande. A cada 15 dias, ela organiza um cesto repleto de materiais instigantes e o apresenta turma, com bebs de 10 meses a 1 ano e meio.A atividade realizada com o objetivo de estimular os sentidos - tato, olfato, paladar, audio e viso - alm do movimento corporal. Como explicam as pesquisadoras inglesas Elinor Goldschmied (1910-2009) e Sonia Jackson no livroEducao de 0 a 3 Anos: o Atendimento em Creche(321 pgs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 59 reais), trata-se de uma opo interessante para que a criana investigue o mundo ao seu redor. Ao observ-la interagindo com os objetos contidos no cesto, fica clara a quantidade de coisas diferentes que faz: olha, toca e apanha o material, o coloca na boca, lambe e balana, bate com ele no cho, derruba, descarta o que no atrai, faz uma seleo e junta vrios, por exemplo.As duas explicam que, nessa fase, os pequenos se desenvolvem ao responder s informaes recebidas por meio dos sentidos. "O cesto consiste em uma maneira de assegurar a riqueza de experincias do beb em um momento em que o crebro est pronto para receber, fazer conexes e assim utilizar essas informaes", escrevem.Para que a atividade tenha bons resultados, importante ofertar s crianas uma rica variedade de objetos. A preocupao esteve presente no trabalho realizado pela professora Ktia. Em uma atividade, ela d nfase a sensaes tteis e visuais, e rene no cesto materiais como lixas, camura, esponjas de ao e algodo. A meninada tem oportunidade de tocar cada objeto, sentir a textura, passar no rosto, colocar na boca e tambm observar a forma e a cor.Na seo seguinte, a docente inclui no cesto garrafinhas de plstico transparente com diferentes quantidades de milho, sementes diversas ou arroz. "Os pequenos ficam muito curiosos porque, embora todas paream chocalhos, cada uma produz um som e tem um peso diferente", diz a educadora. Por meio da audio, as crianas se encantam ao perceber que podem fazer barulhos inusitados com esses materiais.Outra proposta de Ktia foca a percepo no olfato e no paladar. Pedaos de ma, laranja e limo entram no rol de itens selecionados. As crianas podem provar os gostos azedo e doce e sentir o cheiro das frutas. Nesse momento, tambm conhecem a textura e a consistncia delas. "Variar os itens do cesto interessante para que a turma possa sempre encontrar coisas novas, alm daquelas que j conhece", explica Ana Paula Yazbek, diretora pedaggica do Espao da Vila, na capital paulista.As pesquisadoras inglesas recomendam tambm que os materiais selecionados no sejam brinquedos industrializados, mas itens comuns nas casas e de interesse da turma. importante, obviamente, excluir objetos com cordas ou pontas cortantes, ou os que podem ser engolidos.O sucesso da atividade depende ainda de um bom planejamento e da organizao da turma, que deve ter diversas possibilidades de explorar o cesto. Na CEINF Iber Gomes de S, Ktia divide os pequenos em dois grupos: enquanto um est envolvido na descoberta dos objetos o outro faz um trabalho alternativo, sob a superviso de duas auxiliares. "Percebi que quando todos os pequenos estavam reunidos em volta do cesto no era to produtivo. Eles ficavam ansiosos esperando a vez e querendo disputar os itens", explica a professora. "Agora, procuro separar at 20 minutos para cada grupo." A proposta faz parte do rol de atividades permanentes planejadas por ela durante todo o ano.Deixar a turma livre para explorar

A postura do professor, ao longo da atividade, tambm deve ser um ponto de ateno. "O papel do adulto consiste em garantir a segurana por meio de sua presena atenta, mas no ativa", orientam Elinor e Sonia em seu livro. No momento da explorao, essencial observar e ficar de olho para evitar que os pequenos se machuquem. Ao mesmo tempo, o educador precisa deixar que experimentem diversas maneiras de se relacionar com os itens do cesto. Pode ser que alguns bebs fiquem certo tempo observando, sem pegar um objeto. No h problemas, importante dar a eles o direito de pensar e decidir.As pesquisadoras lembram que qualquer um de ns, quando est concentrado em uma atividade prazerosa e que exige ateno, no gosta que algum fique ao lado, dando palpites, sugestes ou elogiando. O mesmo acontece com a criana. Quando escolhe um objeto do cesto, ela precisa de tempo e espao para analis-lo e experiment-lo, sem interrupes. Isso no quer dizer que o docente deve simplesmente colocar a turma ao redor do cesto e sair. Ao ficar por perto e acompanhar a atividade, mesmo sem intervir, ele passa segurana ao grupo, fazendo com que todos se sintam vontade para explorar. "Mesmo bebs de 6 meses ficam pelo menos 15 minutos envolvidos com os objetos, o que muito tempo para essa faixa etria", diz Ana Paula.Os momentos em que os pequenos esto reunidos em volta do cesto so interessantes, tambm, para que interajam entre si. Ao observ-los, possvel notar trocas de olhares, sorrisos, sons e contatos fsicos, tanto para mostrar algo ao colega quanto para disputar com ele. "Os bebs, apesar de se concentrarem em manipular os objetos que escolheram, no somente esto cientes da presena do outro como esto envolvidos em trocas interativas na maior parte do tempo", mostram, em sua obra, as pesquisadoras inglesas.

Para os mais velhos, um cesto fechado

Alm de ser interessante para crianas mais novas, a atividade pode entrar na rotina das que j tm de 1 ano e meio a 2. Para tanto, so importantes algumas adaptaes. Em vez do cesto de vime, melhor optar por um recipiente com tampa e uma abertura estreita. A ideia que a turma no enxergue o que est dentro dele.O docente deve, ento, pedir que uma das crianas coloque a mo dentro da caixa e, por meio do tato, escolha um objeto. Em seguida, pode retir-lo de l, observ-lo e falar sobre ele. O papel do professor, alm de planejar o que ser disponibilizado, provocar as crianas a notar mais e mais caractersticas e falar sobre elas, sem exagerar nas intervenes. "Muitas vezes, os pequenos repetem o que os outros dizem. O trabalho do educador aproveitar esse momento para ampliar o repertrio de palavras e expresses usadas por eles", explica Ktia.1 Preparar o cestoFaa uma seleo de objetos que podem compor o cesto. Procure opes que agucem os sentidos. Mude os materiais diariamente, mesclando objetos novos e outros que a turma j conhece.

2 Organizar a turmaSepare as crianas em grupos. Enquanto algumas esto junto ao cesto, as outras devem ter atividades alternativas. Planeje essa dinmica com os auxiliares.

3 Apresentar o cestoColoque os pequenos ao redor do cesto. Deixe que interajam com os objetos, sem interferir. Acompanhe a atividade, de modo a garantir a segurana deles.5. Planos de trabalho5.1Como trabalharVoc sabe quando usar planos, atividades, sequncias ou projetos?Para preservar o sentido do contedo, evitar sua fragmentao e distribuir os temas em funo do tempo de aprendizagem, o trabalho na pr-escola pode ser organizado de acordo com as chamadas modalidades organizativas. NOVA ESCOLA utiliza essa abordagem. Abaixo, voc confere um resumo sobre cada uma das modalidades:-Plano de trabalhoForma de organizar o dia na pr-escola com foco numa atividade especfica (leitura exploratria de um texto, resoluo de um tipo de um tipo de problema matemtico etc.). Como dura apenas um dia, costuma ser usado para apresentar um contedo ou explorar um detalhe dele.AtenoNo se esquea de incluir uma atividade diagnstica inicial (para verificar os alunos sabem sobre o assunto) e uma avaliao final (para indicar o que aprenderam).-Atividade permanenteTambm chamada de atividade habitual, realizada regularmente (todo dia, uma vez por semana ou a cada 15 dias). Ela serve para construir hbitos e familiarizar os alunos com determinados contedos. Por exemplo: a leitura diria em voz alta faz com que os estudantes aprendam mais sobre a linguagem e desenvolvam comportamentos leitores.AtenoAo planejar esse tipo de tarefa, essencial saber o que se quer alcanar, que materiais usar e quanto tempo tudo vai durar. Vale sempre contar para as crianas que a atividade em questo ser recorrente.-Sequncia de atividadesConjunto de propostas com ordem crescente de dificuldade. O objetivo focar contedos particulares (por exemplo, a regularidade ortogrfica) numa ordenao com comeo, meio e fim. Em sua organizao, preciso prever esse tempo e como distribuir as sequncias em meio s atividades permanentes e aos projetos.Ateno comum confundir essa modalidade com o trabalho do dia a dia. A questo : h continuidade? Se a resposta for no, voc est usando uma coleo de atividades com a cara de sequncia.-Projeto institucionalReunio de atividades que se articulam para a elaborao de um produto final forte, em que podem ser observados os processos de aprendizagem e os contedos aprendidos pelas crianas. Costuma partir de um desafio ou situao-problema. Trabalhados com uma frequncia diria ou semanal, podem estender-se por perodos relativamente prolongados (um ou dois meses, por exemplo), tornando as crianas especialistas em um determinado tema.AtenoO erro mais comum um certo descaso pelo processo de aprendizagem, com um excessivo cuidado em relao chamada culminncia (a elaborao do produto final).5.2Atividades permanentes

Rodas de conversa e aes de cuidado corporal so algumas opesDe acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil, "todas as atividades permanentes do grupo contribuem, de forma direta ou indireta, para a construo da identidade e o desenvolvimento da autonomia, pois so competncias que perpassam todas as vivncias das crianas".Estabelecer uma roda de conversas dirias, organizar atividades de faz de conta e desenvolver as aes de cuidado corporal so atitudes cruciais para o desenvolvimento das crianas nesse eixo de aprendizagem. A realizao de aes variadas e concomitantes nos diferentes espaos da creche estimula as escolhas e a autonomia dos pequenos.Atividades relacionadas habilidade de executar aes cotidianas, como organizar a sala aps uma brincadeira, por exemplo, tambm entram nesta modalidade organizativa, pois aumentam a independncia das crianas e sua conscincia de grupo.

Lista de atividades5.2.1 Reinventando os espaos da crecheEstimule a sociabilidade das crianas, deixe que realizem pequenas aes (individualmente ou em grupos) e proponha diferentes organizaes dos espaos na rotina da creche.

5.2.2 Pessoal e coletivoAjude os bebs a ter prazer nas vivncias coletivas da creche. Desenvolve a comunicao e a aprendizagem de regras de convivncia.

5.2.3 Brincadeiras na frente do espelhoDeixe que os bebs interajam com o espelho e reconheam, por meio de diferentes atividades, a prpria imagem corporal.

5.2.4 Por que choras?Entenda o que as crianas comunicam com o choro e ajude-as a desenvolver a comunicao

5.2.5 Eta soninho bom!Faa com que os momentos de sono dirios sejam aconchegantes e proveitosos para as crianas

5.2.6 Ai, que vontade de morder!Estimule o desenvolvimento da comunicao entre as crianas e aprenda a lidar com os bebs que mordem os colegas.5.2.1Reinventando os espaos da crecheObjetivos- Conquistar autonomia de forma progressiva em relao a si prprio, aos outros e aos objetos.- Desenvolver a identidade, reconhecendo limites e capacidades.- Ter prazer e divertir-se com a vida coletiva na escola.- Desenvolver a oralidade e a sociabilidade.

Contedos- Identidade e autonomia.- Sociabilidade.- Movimento.

Tempo estimadoO ano todo.FlexibilizaoPara crianas com deficincia auditivaA deficincia auditiva de alguns bebs s percebida a partir dos 6 meses de vida. Por isso, fique atento aos sinais que a criana pode emitir - como no responder aos seus chamados ou aos chamados dos colegas, nem assustar-se diante de um barulho mais intenso, por exemplo. Caso a perda auditiva da criana no possa ser compensada com a ajuda de aparelhos, tentar oraliz-la no o melhor caminho. Invista em estmulos visuais (de cores e formas variadas nos cantos da creche); olfativos (com plantas, perfumes e alimentos diferentes) e de movimento (faa com que a criana explore os diferentes espaos organizados). Vale lembrar: quanto antes essa criana puder ser acompanhada por um intrprete de libras, mais cedo ela poder desenvolver uma forma efetiva de comunicar-se com os demais.

Material necessrioMveis da prpria sala, tecidos de tamanhos e texturas variados, caixas de papelo, bambols, brinquedos, livros, revistas, sucatas variadas, bolas e papeles vazados.

Desenvolvimento1 etapaObserve diariamente como as crianas interagem com o ambiente. Que espaos e objetos preferem? Que materiais so mais desafiadores? Que aes executam com brinquedos, livros etc.? Registre suas observaes e, com base nelas, planeje intervenes gradativas no espao permanente da turma.

2 etapaOrganize cantos na sala, nos quais as crianas vo brincar e circular livremente. Use mveis, tecidos e tapetes para fazer uma diviso clara das reas. O primeiro, com colches e bolas, pode ser dedicado a brincadeiras corporais. O segundo, ao contato com livros e revistas. Mais um, para o faz de conta com objetos de cozinha e de bebs. Por fim, o canto de exploraes (com tecidos de vrias texturas, materiais sonoros e itens para desenho) e o das almofadas e dos objetos pessoais. Mostre tudo aos poucos, garantindo que os pequenos possam agir sozinhos ou em grupo.

3 etapaMonte cabanas em alguns cantos para colaborar com a diviso do espao e colocar uma limitao fsica no ambiente. Nelas, as crianas entram e saem, tendo momentos de privacidade e sociabilidade. Aproveite e use a cabana para uma proposta coletiva, convidando as crianas a ouvir uma histria ou fazer um desenho coletivo.

4 etapaA deciso sobre os materiais oferecidos fundamental para propiciar desafios. recomendvel ter pequenos espelhos (desenvolvimento da identidade), caixas com objetos sonoros e outros de abrir e fechar (estmulo explorao), alm de pequenas bolas e tecidos grandes para jogar e puxar (promoo da sociabilidade). Variar a quantidade til para que os pequenos aprendam a pedir emprestado, a respeitar a vez do amigo e a compartilhar uma ao.

5 etapaRealize constantes intervenes no espao. Confeccione tapetes com texturas e caixas com aberturas. Varie as propostas para que os pequenos possam estar em pequenos grupos e com toda a turma. Promova brincadeiras na frente de um espelho com objetos e tecidos. Esteja atento para mediar situaes de socializao e possveis conflitos entre os pequenos.

AvaliaoCrie situaes para observar como cada um se relaciona com espaos, pessoas e objetos. Observe os avanos nas relaes de respeito e no uso de estratgias comunicativas (orais ou no verbais), na gradativa superao de desafios corporais e no desenvolvimento da autonomia, tanto nas relaes com os outros como no uso de objetos.5.2.2Pessoal e coletivoObjetivos- Partilhar experincias e objetos prprios e dos colegas, aproximando-se de regras de convivncia.- Ter prazer e se divertir com a vivncia coletiva na creche, inclusive na relao com outras crianas.- Desenvolver, gradativamente, a autonomia em relao s regras sociais.- Identificar e diferenciar os pertences coletivos dos individuais.

Contedos- Identidade.- Autonomia.

Tempo estimadoO ano todo.FlexibilizaoPara crianas com deficincia intelectualO trabalho com as fotos, assim como a organizao dos espaos e da rotina na creche contribuem para o desenvolvimento das crianas com deficincia intelectual - geralmente mais lento que o dos colegas. Mas nas deficincias menos severas as dificuldades so pouco notadas nos primeiros anos de vida. Por isso, muito importante contar com as informaes fornecidas pelos familiares da criana e pelos profissionais de sade que a acompanham. Voc tambm deve observar e registrar os avanos do beb para propor os caminhos adequados ao desenvolvimento da identidade e da autonomia. A repetio de atividades e a oferta de fotografias e objetos que faam parte do dia a dia da criana so aes imprescindveis.

Material necessrioPertences diversos individuais das crianas (como brinquedos e mochilas) e coletivos da turma (pincis e lpis, por exemplo). Mquina fotogrfica ou fotos das crianas feitas pelas famlias.

Desenvolvimento1 etapaFotografe a turma reunida e, depois, uma criana de cada vez. Entregue para cada uma delas a foto individual e deixe que todas manuseiem as imagens, emprestando a sua para os colegas. A ideia que todos se familiarizem uns com os outros. Em seguida, recolha as fotos e mostre-as uma a uma para os pequenos, perguntando quem quem. Estimule-os a apontar o colega e repetir o nome dele. Convide todos a pegar a prpria foto. Faa cartazes com as imagens e o nome de cada um e deixe-os expostos na sala. Chame a ateno do grupo quando algum estiver ausente e mostre o retrato. Repita essas situaes diversas vezes.

2 etapaSepare um espao na sala (podem ser prateleiras, cabides ou caixas, por exemplo) para cada criana colocar seus objetos pessoais (como blocos de papel, brinquedos, copos e agasalhos). Identifique cada local com a foto e o nome dela. Explique que assim todos vo saber identificar o que seu e do outro. Depois, pea que coloquem seus pertences no espao respectivo. Em diferentes momentos, mostre os objetos no espao identificado e deixe que as crianas identifiquem o proprietrio, recorrendo s fotos. Use as imagens do grupo reunido para identificar onde so guardados os objetos que so para o uso coletivo.

3 etapaProponha que os pequenos tragam objetos pessoais de casa, em especial os brinquedos.Converse com as famlias para que ajudem os filhos a escolher o que eles estejam dispostos a emprestar para os colegas. Trabalhe com o grupo as oportunidades de troca e a chance de pedir as coisas emprestadas para os amigos. Converse individualmente e com o grupo sobre isso, enfatizando por que importante dividir e a validade de cuidar do que do outro e de no pegar algo que est nas mos de algum, enquanto isso estiver em uso.

AvaliaoCrie situaes variadas para observar como a turma se relaciona com os espaos, as pessoas e os objetos. Proporcione momentos que envolvam a troca, por exemplo. Busque os avanos nas relaes de respeito (pedir emprestado, entregar e devolver), na identificao dos objetos pessoais e dos que so de todos. importante que os pequenos tenham se desenvolvido em relao autonomia tanto nas relaes com outros como no uso de objetos.5.2.3Brincadeiras na frente do espelhoObjetivos- Familiarizar-se com a imagem do corpo.- Trabalhar imitaes, gestos e expresses.- Construir a identidade.Tempo estimadoDe 15 a 20 minutos por dia.

Material necessrioDois espelhos grandes (de preferncia presos parede), cartazes com fotos de diferentes expresses faciais retiradas de revistas ou da internet, aparelho de som, fantasias, bijuterias, chapus, maquiagem infantil e colchonete.FlexibilizaoPara crianas com deficincia visualTocar as diferentes partes do corpo muito importante para a criana com deficincia visual. Descreva os gestos feitos pelas outras crianas e, nas primeiras vezes, ajude a criana a imitar. Voc tambm pode ampliar o tempo de realizao das atividades propostas, permitindo que a criana toque nos colegas. O estmulo auditivo tambm fundamental. Msicas, barulhos e comandos sonoros podem ajudar. Na atividade das caretas, voc pode trabalhar com sons (todo mundo faz barulho de riso, todo mundo imita choro). Oferecer um espao adequado para que esta criana tambm possa desenvolver a sua mobilidade outra ao fundamental. Organize os cantos da creche de modo que o beb possa explorar os espaos e localizar-se no ambiente, garantindo a sua progressiva autonomia.

DesenvolvimentoTodas as atividades devem ser feitas em frente aos espelhos, sempre estimulando a observao.

Atividade 1Incentive os pequenos a observar a prpria imagem. Pea que eles toquem diferentes partes do corpo. Proponha brincadeiras como balanar os cabelos, levantar os ombros e cruzar os braos. Estimule-os a imitar os gestos dos colegas: Vejam a careta do Joo! Vamos fazer igual?

Atividade 2Coloque msicas do cancioneiro popular (Caranguejo No Peixe, Cabea, Ombro, Perna e P etc.) que abordem partes do corpo ou sugiram movimentos. O objetivo se aventurar em novos gestos e imitar os colegas.

Atividade 3Proponha agora a brincadeira seu-mestre-mandou. Com todos em p, d os comandos: Cruzar as pernas!, Ajoelhar-se!. A cada posio, estimule-os a se observar e testar possibilidades de movimento.

Atividade 4Para brincar com expresses faciais, mostre cartazes com diversas fisionomias. Depois, sugira que a garotada faa caretas variadas.

Atividade 5Hora do faz-de-conta: sugira que cada um escolha se quer brincar de casinha, fantasiar-se ou maquiar-se. Oferea novas possibilidades de acessrios e de brincadeiras.

AvaliaoObserve se houve concentrao, interao com o espelho e com os colegas e explorao dos gestos e materiais. Sempre que possvel, repita a sequencia com outras propostas e brincadeiras.5.2.4Por que choras?Objetivos- Compreender o que a criana quer comunicar com o choro.- Ajudar os pequenos a utilizar novas formas de comunicao para demonstrar seus desagrados.

Tempo estimadoO ano todo.

Material necessrioObjetos de apego, como ursinhos e chupetas - conforme a anuncia da famlia -, pacincia, ateno e afeto.FlexibilizaoPara crianas com deficincia auditivaAntes dos 6 meses de vida muito difcil identificar traos de surdez. Fique atento quando a criana no responde a chamados, no apresenta qualquer reao diante de sons mais intensos ou chora sem parar (porque no ouve a voz da me ou do educador e no consegue exprimir o que deseja). Aposte em estmulos visuais e tteis para acolher a criana e compreender melhor suas necessidades. Conte, tambm, com a famlia e com os profissionais de sade que acompanham o beb. Eles podem fornecer informaes importantes sobre os hbitos do pequeno e ajud-lo a encontrar caminhos possveis para o trabalho na creche.

DesenvolvimentoQuestionamentoBusque entender o significado de cada choro. Para tanto, reflita sobre as seguintes questes:- Por que bebs e crianas pequenas ficam tristes na hora da chegada?- Por que para alguns o pranto vem com o sono? E quando acordam?- Por que uns no toleram esperar?- Por que choram pela chupeta e no param mesmo com ela j na boca?- Por que as lgrimas afloram em disputas?

InteraoAo entender que o choro uma forma de comunicao, traduza em atos e palavras o que o pequeno est tentando dizer. Se notar um incmodo, mantenha a calma e busque a origem - verifique a fralda, avalie se ele sente sono, fome ou sede e cheque a temperatura. Na falta de sintomas fsicos, oferea colo, fale com voz serena e faa contato visual.

SolidariedadeH que se manter a calma diante do choro. Antes de agir, vale sempre indagar o que houve: "Por que voc est chorando? Est sentindo dor? Onde? Me mostre!" preciso ser solidrio, mesmo quando o desejo da criana vai ser contrariado. Jamais zombe do choro.

DesapegoOs objetos de apego podem ser usados para ajudar nos momentos crticos, mas, com o tempo, voc deve restringir seu uso para no causar dependncia.

AvaliaoOrganize uma tabela para ajud-lo a ajustar suas aes. Nela, devem ser anotados o nome da criana, o momento do dia em que chora, como se acalma, qual a reao aps o choro e o progresso que obteve.5.2.5Eta soninho bom!EnvieImprimaObjetivo

Propiciar momentos de descanso proveitosos.

Tempo estimadoLivre.

Materiais necessriosBeros, colchonetes (que podem ser substitudos por esteiras ou redes) e lenis.FlexibilizaoPara crianas com deficincia fsica(nos membros inferiores)Oferea um ambiente bem adaptado para que o beb possa alcanar objetos prximos e tenha certa mobilidade. Os colchonetes ajudam muito as crianas com deficincia fsica nos membros inferiores. Caso todos durmam em beros voc deve ajudar o beb a descer quando ele desejar. Mantenha um bom contato com a famlia e com os profissionais de sade que acompanham essa criana. A troca de informaes entre vocs fundamental para encontrar caminhos para desenvolver a autonomia dos bebs.DesenvolvimentoAntes da hora de dormir- Certifique-se de que a sala esteja limpa, organizada, arejada e com pouca iluminao. Uma msica suave torna o ambiente mais acolhedor.- At os 8 ou 10 meses, os bebs ficam em beros, que devem estar distantes uns dos outros, no mnimo, 60 centmetros. Quando comearem a descer por conta prpria, o melhor recorrer a colchonetes. Eles devem ser colocados lado a lado. Caso haja pouco espao, coloque as crianas em posio invertida: uma na cabeceira e outra nos ps, evitando a respirao face a face. Em regies de inverno intenso, forre o cho com placas de EVA, fceis de higienizar e inodoras.- Antes de os pequenos deitarem, retire babadores, calados e roupas apertadas ou volumosas.- No deixe que adormeam com fraldas sujas ou molhadas.- Os cobertores e lenis so de uso exclusivo de cada um, mesmo que no sejam trazidos de casa. Isso evita a transmisso de pediculose (piolho), escabiose (sarna) ou outras doenas.- Alguns rituais, como contar histrias e ninar, ajudam a diminuir a ansiedade e agitao. Objetos usados em casa (paninhos, chupetas e brinquedos) podem trazer segurana afetiva.

Durante o sono- Um adulto deve sempre ficar por perto durante a soneca, pois uma criana pode acordar assustada ou indisposta e precisar de ajuda imediata, ou tropear ao levantar. s vezes, algumas querem brincar ou acordar o amigo ao lado.- No interrompa o sono das crianas.- Algumas podem resistir em funo da mudanas de rotina da famlia no dia anterior, incio de uma infeco e erupo de dentes, por exemplo. Para esses momentos, monte na sala um canto com livros, brinquedos e outros materiais. Assim, elas se entretm em atividades calmas e silenciosas.

Depois do despertar- Retire os materiais com a ajuda dos maiores.- Faa a higienizao dos colches5.3Sequncias de atividades

Acolhimento dos bebs um bom tema para essa modalidadeNo trabalho com identidade e autonomia na creche, inmeros so os temas que podem ser organizados na forma de sequncias - desde o processo de adaptao dos bebs no berrio, passando pelo uso da chupeta e das mamadeiras, as atividades de socializao (como conhecer os amigos da turma), at as aes de cuidado e de alimentao (como uma sequncia que envolva experimentar diferentes alimentos, introduzir o uso dos talheres e assim progressivamente).O objetivo que as habilidades dos pequenos sejam ampliadas e que, a cada nova sequncia, novas aprendizagens sejam includas.Lista de sequncias5.3.1 Processo de acolhimento de bebsConstrua um ambiente seguro, de cuidado e afeto para os bebs quando eles entram na creche.

5.3.2 Processo de acolhimento das crianas e das famliasEntenda as singularidades de cada criana e conte com o apoio dos pais para inseri-la na rotina da creche.

5.3.3 Reflexes sobre a chupetaRespeite o ritmo de cada criana para que todos abandonem a chupeta com tranquilidade.5.3.4 Eu, ns e todo mundo na escolaPromova interaes entre as crianas da creche e ajude-as a entender que so parte de um grupo usando fotografias.

5.3.5 Visita aos amigosOriente as crianas para que conheam as histrias de vida umas das outras, favorecendo o convvio em grupo.5.3.1Processo de acolhimento de bebs

Objetivos- Construir um ambiente de acolhimento e segurana para os bebs e suas famlias.- Estabelecer dilogos com eles e ressignificar os gestos, as aes e os sentimentos por meio da linguagem.

Contedos- Incluso das famlias no processo de adaptao.- Respeito s singularidades de cada criana.

IdadeAt 2 anos.

Tempo estimadoDuas semanas.

Material necessrioObjetos de apego dos bebs e para os cantos de atividades diversificadas, uma foto de cada criana e livros de literatura infantil.

FlexibilizaoBebs com deficincia intelectual costumam apresentar um desenvolvimento mais lento que os demais. No entanto, no caso de deficincias menos severas, essas diferenas podem ser pouco notadas nos primeiros anos de vida. O beb capaz de desenvolver sua mobilidade (mesmo que tenha algumas limitaes motoras) e tambm a capacidade de comunicao, embora costume apresentar dificuldades de equilbrio e de orientao espacial. Certifique-se das limitaes desta criana, respeite o ritmo de cada beb e conte muito com a ajuda dos pais ou responsveis para adequar os procedimentos nas situaes de cuidado e de aprendizagem. Repetir atividades e oferecer objetos que faam parte do dia a dia do beb so aes fundamentais que ajudam a criana nesse processo de acolhimento. Organizar um caderno de registros, com as evolues e dificuldades de cada beb em diferentes situaes de aprendizagem tambm contribui para diagnosticar eventuais dificuldades da criana.

Desenvolvimento1 etapaLeia a anamnese dos bebs ou entreviste seus familiares. Converse com eles sobre a possibilidade de uma pessoa prxima criana acompanhar o perodo de adaptao e participar de situaes da rotina para compartilhar formas de cuidados com o educador. No preciso que os pais estejam presentes. Outros responsveis, como avs, tios e irmos mais velhos, podem participar dos primeiros dias.

2 etapaNo primeiro dia, acompanhe os responsveis nas situaes de cuidado, como banho, alimentao e sono, e observe procedimentos e formas de interao (a entrega do objeto de apego no momento de sono, como foi interpretado o choro etc.). Monte alguns cantos (por exemplo, com jogos de encaixe) e se aproxime dos pequenos. Depois, faa uma roda com eles e as pessoas de sua referncia para despedida e transforme os gestos e as aes observados em palavras. Converse sobre as brincadeiras, os interesses e o que foi possvel aprender sobre eles: Joo gosta de bola, Marina tem um paninho etc. Fale que novas brincadeiras sero feitas no dia seguinte. No segundo dia, organize outros cantos, com bacias com gua, bonecas e livros, por exemplo. Circule e participe das situaes. Oriente as pessoas que acompanham o processo a ficar no campo de viso do beb, mas que procurem desta vez no interagir o tempo todo. No momento de trocar a fralda, a referncia familiar pode ficar ao lado do educador, enquanto ele realiza o procedimento explicando criana o que foi que aprendeu sobre ela ("Eu j sei que voc adora segurar seu urso ao ser trocado. Pegue aqui").

3 etapaNo terceiro dia, brinque e abra espao para a expresso de sentimentos e gestos. Procure dar sentido s aes com base nas experincias que os envolvem ("Seu beb est com fome, Jos. Vamos preparar uma sopa?). As pessoas que acompanham os bebs podem se afastar do campo de viso deles. A sada deve ser comunicada s crianas. No quarto dia, mostre cantos variados. medida que demonstrarem segurana, faa as despedidas das pessoas que os acompanham. Anuncie onde estaro (quem ainda fica na creche, quem vai tomar um caf ou quem vai embora). Brinque e acolha os possveis choros, pegando no colo, oferecendo brinquedos etc. Leia uma histria.

4 etapaNo quinto dia, componha o ambiente com os trs cantos que mais atraram no decorrer da semana. Selecione fotos dos pequenos para a composio de um painel. Nesse dia, apresente cada um, diga o nome, do que j brincou, se sapeca, brincalho etc. Quando os responsveis vierem busc-los, compartilhe esse painel na presena dos bebs e crie um contexto de conversa que demonstre o pertencimento deles creche ("Agora esta sala da Estela tambm. Olha onde fica sua foto."). Na segunda semana, planeje os cantos com base nos interesses das crianas e no que julga pertinente para ampliar as experincias delas com o mundo -- a repetio de propostas importante.

AvaliaoObserve o comportamento dos bebs. Se possvel, empreste um brinquedo s mais resistentes, diga para cuidarem bem e trazerem de volta escola.5.3.2Processo de acolhimento das crianas e das famliasObjetivos- Envolver as famlias que chegam escola pela primeira vez num clima de acolhimento, segurana, cuidado e afeto.- Incluir as crianas na construo do espao e do tempo da escola (rotina)- Acolher as singularidades de cada criana e inclu-las no desenvolvimento das situaes planejadas.- Mediar as experincias da criana com a cultura

Contedos- Incluso das famlias no processo de adaptao- Envolvimento das crianas na construo da rotina- Respeito e valorizao das singularidades das crianas- Mediao das experincias da criana com a cultura

Idade2 e 3 anos (a sequncia pode ser adaptada para acolher crianas de at 5 anos)

Tempo estimadoDuas semanas

Materiais necessrios- Objetos para casinha, bonecas, carrinhos, giz ou fita crepe, massinha, papel para desenho, fantasias;- Uma caixa de papelo;- Uma foto de cada criana;- Fotos ou desenhos de situaes da rotina;- Livros de literatura infantil.FlexibilizaoPara crianas com deficincia fsicaPara incluir crianas com deficincia fsica nos membros inferiores, o primeiro passo garantir a acessibilidade dos espaos da creche. Faa um passeio com a criana pelas salas e reas externas e apresente-a aos colegas. Deixe que as crianas interajam e conversem. Caso as crianas tenham dvidas, como por exemplo "por que ele no anda?", responda de forma clara. Aproveite a oportunidade para contar a todos que a limitao motora do colega, de forma alguma o impede de fazer as atividades propostas, mas que, para algumas aes, ele pode precisar de ajuda. Explique isso criana com deficincia fsica e mostre que ele pode recorrer a voc ou aos colegas sempre que precisar. Conte com a ajuda da famlia para compreender melhor as necessidades e hbitos da criana. Procure manter objetos ao alcance dos pequenos e respeite o tempo de aprendizagem da criana.

DesenvolvimentoA adaptao comea antes da entrada da criana na escola. Solicite, portanto, aos familiares que preencham previamente uma ficha, ou ento, realize uma entrevista com perguntas que retratem quem a criana: seu nome, se possui irmos na escola, suas brincadeiras preferidas, comidas que aprecia ou no, se possui objetos de apego, chupeta e o que costuma gerar conforto ou desconforto emocional (por exemplo, a resistncia para relacionar-se com pessoas estranhas).Ao ler as fichas e estabelecer um primeiro contato com as crianas inicie o planejamento.1 diaOrganize o ambiente contemplando, tambm, as preferncias observadas nos relatos das famlias: por exemplo, um canto de casinha com carrinhos de boneca e bonecas; um outro, com carrinhos e algumas pistas desenhadas no cho com giz ou fita crepe; um canto com massinha ou materiais para desenho. O tempo de permanncia da criana na escola pode ser aumentado gradativamente, mas importante que nos primeiros dias uma pessoa de sua referncia afetiva permanea o tempo que for necessrio prximo dela, mesmo que seja em outro lugar que no seja a sala de aula.J neste primeiro dia mostre que houve interesse em conhecer a histria de cada um, faa comentrios do tipo: "Joo, sua me me contou que voc gosta muito de bola, voc viu que aqui nesta sua escola voc pode brincar de futebol? Veja quantas bolas separei para voc, quer brincar comigo?", ou: "Marina, eu j sei que voc adora massinha, vamos fazer um bolo e uma festa com seus novos colegas?".No encerramento dessa proposta, anuncie para as crianas o que ser feito a seguir. Faa um passeio pela escola e apresente os espaos e pessoas que pertencem a este lugar. Em seguida, apresente uma brincadeira cantada para as crianas e os pais. No final do dia faa uma roda de conversa com as crianas e relembre o que observou de mais significativo do movimento do grupo; narre algumas cenas que revelaram envolvimento, interesse e anuncie o que vivero no dia seguinte.Solicite aos pais uma foto da criana para que seja organizado um canto do grupo na sala de aula.AvaliaoObserve e registre posteriormente as crianas que mais se envolveram com as propostas e as mais resistentes aproximao dos adultos para pensar em formas de convite e construo de vnculos nas prximas situaes.

2 diaOrganize os cantos de atividades diversificadas de desenho, massinha, jogos e fantasias e compartilhe com as crianas as opes que tero neste dia. Procure circular pelos diferentes cantos e participe das situaes junto com os pequenos.Num outro momento, apresente para as crianas o canto que foi escolhido para colocar as suas fotos e envolva-as nesta situao. Crie um contexto de interao neste momento: ao colocar as fotos no painel cante msicas com os nomes das crianas ou ento faa uma brincadeira referindo-se a algumas caractersticas fsicas ou aes observadas no dia. Por exemplo: "esta menina que vou mostrar agora brincou muito de bola, comeu muita banana e est ao lado do Lucas. Quem ser?"Faa a leitura de uma histria e mostre onde ser o canto de livros do grupo.No final, apresente uma caixa onde ficaro os objetos trazidos pelas crianas de casa.Solicite aos pais que faam um desenho com seus filhos e tragam no dia seguinte para ser colado nesta caixa. Se possvel tire uma foto do grupo para identificar este objeto que ser de todos.AvaliaoObserve a movimentao das crianas nos cantos e a forma de envolvimento com as propostas. Anote como foram as reaes daquelas crianas mais caladas, das que resistem aos contatos, ou mesmo daquelas que demonstram uma certa euforia diante de tanta novidade.

3 diaFaa mais uma vez a brincadeira com as fotos das crianas e com as msicas "A canoa virou"; "Joo roubou po". Proponha mais uma vez os cantos de atividades diversificadas de massinha, casinha, pistas de carrinhos e bichos.Monte com as crianas a caixa onde ficaro seus objetos e escolham um canto onde ela ficar guardada.Compartilhe mais uma leitura e guarde mais um livro na biblioteca que ser do grupo.Encerre o dia recuperando oralmente o que foi vivido pelas crianas e anuncie algo que as aguardar no dia seguinte. Faa tambm um clima de surpresa, de expectativa para as novas experincias.AvaliaoInvista na interao com as crianas que demonstram maior dificuldade e resistncia. Chame-as para pegar algum material com voc para a organizao do ambiente, sente-se ao lado para fazer um desenho, faa voc um mesmo um desenho ou escultura de massinha para que leve para casa e observe as reaes a estas formas de convite. No se esquea de que aquelas crianas que aparentemente esto achando que tudo uma "festa", merecem um olhar especial, um colo, momentos de ateno para se entregarem s propostas e para compreenderem o que est acontecendo com elas.

4 diaReceba as crianas com os cantos de atividades diversificadas (no mnimo 3). Faa mais uma vez a brincadeira com as fotos. Apresente em forma de desenho ou por meio de fotografias das crianas, cada situao da rotina (o professor deve organizar este material previamente). Converse com as crianas o que fazem em cada momento e organize junto com elas a sequncia temporal das atividades. Diga que essas fotos ou desenhos ajudaro a saber o que faro na escola e que logo aps o lanche ou ento da brincadeira no parque, por exemplo, seus pais voltaro para busc-las. Cole o quadro da rotina num lugar de fcil acesso para as crianas.AvaliaoAo anunciar os momentos que retratam a rotina, diga s crianas que ainda choram e demonstram sofrimento em estar neste novo ambiente, quais so as situaes que vivero e quando ser o momento de reverem as pessoas de sua famlia todos os dias. Observe as reaes e sempre que chorarem recorra a esta estratgia para ajudar a tranquilizar as crianas.

5 diaReceba as crianas em roda e conte que escolheu montar os cantos que mais gostaram no decorrer da semana. Quando encerrar, recorra ao quadro da rotina para situar o que faro a seguir. Faa mais uma leitura e guarde mais um livro na biblioteca do grupo. Comente que, aos poucos, conhecero muitas histrias. Em seguida, mude a atividade e faa com o grupo uma salada de frutas (se possvel, pea no dia anterior que cada criana traga de casa uma fruta). Ou ento, no lanche, faa um piquenique no espao externo da escola.Encerre o dia com uma brincadeira. Conte que ficaro dois dias em casa sem vir para a escola, mas que muitas novidades as aguardam na prxima semana. Fale que brincaro muito e que o professor estar sempre presente quando precisarem de algo.AvaliaoAjude as crianas mais resistentes aproximao a transformarem sentimentos em palavras. Reconhea os desafios ainda existentes, mas reafirme que na prxima semana estar novamente na escola para receb-las e investigar quais so as brincadeiras e outras situaes que lhes faro se sentir bem neste ambiente. Se possvel, empreste algum livro ou brinquedo e pea para que cuide bem e traga novamente para a escola na prxima semana. Isso ajudar neste processo de construo de vnculo com a escola e com o educador.5.3.3Reflexes sobre a chupetaObjetivos- Estimular a autonomia da turma, favorecendo um processo tranquilo de abandono da chupeta e respeitando o ritmo e a necessidade de cada um.- Promover um dilogo com as famlias, favorecendo aes em conjunto com a creche.

Contedos- Cuidados.- Identidade e autonomia.

Faixa etria2 a 3 anos.

Tempo estimadoO ano todo.

Material necessrioOutros objetos de apego que no a chupeta, como cobertores e brinquedos, de acordo com a anuncia da famlia.FlexibilizaoPara crianas com deficincia intelectualO grande desafio, ao trabalhar com crianas com deficincia intelectual mostrar que possvel faz-las pensar para alm da 'concretude' dos objetos. Esses pequenos tendem a apegar-se mais a objetos como a chupeta. Por isso, importante no oferecer a chupeta diante de qualquer sinal de desconforto da criana e conduzi-la, aos poucos, a deixar o objeto, da mesma forma que as outras crianas do grupo - desde que respeitado o tempo de aprendizagem e as conquistas de cada criana. As conversas com a famlia e a socializao na creche tambm contribuem nesse processo.

DesenvolvimentoQuestionamentoBusque compreender o significado da chupeta na vida dos pequenos. Para tanto, reflita sobre as seguintes questes:- Por que bebs e crianas pequenas geralmente chegam creche com ela na boca?- Por que para algumas ela importante na hora do sono? E quando acordam tambm?- Por que muitas delas param de chorar imediatamente quando esse objeto lhes entregue?- Em quais momentos as crianas costumam deix-lo de lado?

Interao com as crianasAo entender que a chupeta um objeto de apego e fundamental para a adaptao na creche, busque os momentos mais adequados para sugerir aos pequenos que ela no seja usada, como durante as refeies, e na hora do parque e das atividades, explicando que ela atrapalha os movimentos e a fala. Vale tambm planejar atividades divertidas, como a manipulao de massas e tintas, e sempre oferecer um aconchego especial, como o colo ou uma cano, para quem se mostrar mais sensvel.

Interao com a famliaConverse com os pais para saber em que situaes os pequenos costumam usar a chupeta em casa (e se usam). Informe-os tambm sobre a postura adotada na creche de sugerir que o objeto saia de cena em alguns momentos - como as refeies e as atividades - e proponha que faam o mesmo em casa, reforando que o objetivo maior no abandonar a chupeta, mas promover a autonomia da criana em vrios aspectos gradualmente.

SolidariedadeQuando o combinado no usar a chupeta, algumas crianas podem no lidar bem com o fato, mesmo com voc oferecendo ateno e outros objetos de apego. Nesses casos de resistncia, devolva a chupeta para que elas no se sintam desamparadas.

DesapegoOs objetos de apego podem ser usados para ajudar nos momentos crticos, mas, com o tempo e a progressiva integrao das crianas ao grupo, voc deve lembr-las de que podem ficar sem a chupeta durante um perodo.

AvaliaoMesmo que influenciado pelas experincias de socializao que os pequenos vivero na creche, o sucesso em deixar a chupeta uma conquista pessoal, que est relacionada ao crescimento individual. Ento, quando algum deles conseguir passar muito tempo sem o objeto por perto, parabenize-o. Sempre que possvel, chame a ateno tambm para as coisas que as crianas esto conseguindo fazer sem ajuda e comente o desempenho delas em outras atividades, como desenhos e pinturas, demonstrando o quanto esto crescidas e independentes.5.3.4Eu, ns e todo mundo na escolaIntroduoA construo da identidade se d por meio das interaes da criana com o seu meio social. A escola de Educao Infantil um universo social diferente do da famlia, favorecendo novas interaes, ampliando desta maneira seus conhecimentos a respeito de si