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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES POS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A importância do trabalho psicomotor como pré-requisito da alfabetização Adriana Barreto dos Santos Prof. Edla Trocoli Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A importância do trabalho psicomotor como pré-requisito da alfabetização

Adriana Barreto dos Santos

Prof. Edla Trocoli

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

POS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A importância do trabalho psicomotor como pré-requisito da alfabetização

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Educação Infantil e Desenvolvimento.

Adriana Barreto dos Santos

3

AGRADECIMENTO

Primeiramente a Deus, por mais uma conquista.

Aos meus pais que diretamente ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho as amizades que fiz: Liliane, Carol e Aline.

A professora Fátima Alves, que me inspirou para a realização deste trabalho.

A minha coordenadora Elizabeth Castanheira, que muito me ajudou nessa conquista.

A minha prima Claudia, que me abrigava todas as terças.

E minha orientadora Edla Trocoli que sempre com muito carinho soube exercer seu trabalho.

5

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo entender como a psicomotricidade contribui para o processo de ensino-aprendizagem nas turmas de alfabetização. Vale ressaltar que no aprendizado da leitura e da escrita exige a necessidade de desenvolver habilidades psicomotoras que vão colaborar para o pleno desenvolvimento da criança. É primordial e importante que as atividades psicomotoras estejam envolvidas no processo da aprendizagem. Respaldada por leituras consultadas destaca-se o corpo como origem da cognição, do afeto e do motor sendo estes os três pilares da psicomotricidade. De acordo com (Fátima Alves, 2003) Psicomotricidade é CORPO, AÇÃO e EMOÇÃO. Sendo assim, é importante afirma que o trabalho do professor deva ser de comprometimento, com atividades lúdicas bem elaboradas e bem estruturadas, para que haja uma melhor compreensão e integração da psicomotricidade no processo de alfabetização.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I – O que é educação infantil 9

CAPÍTULO II – O que é a alfabetização 16

CAPÍULO III – A importância da psicomotricidade na alfabetização 20

CONCLUSÃO 30

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31

ÍNDICE 32

7

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi motivado pelo desejo de identificar e analisar como a

psicomotricidade tem um papel fundamental na alfabetiza

A presente monografia será desenvolvida através de pesquisas bibliográficas

para ressaltar a importância do desenvolvimento psicomotor da criança com

relação ao processo de alfabetização. O trabalho irá mostrar a importância da

educação infantil e seus objetivos, o trabalho fundamental da psicomotricidade,

sua importância e contribuição, assim como,as dificuldades que poderão

aparecer caso a psicomotricidade não seja bem trabalhada.

Utilizar diferentes linguagens corporais, as suas influências e contribuições

para a formação do educando priorizando este como processo de descoberta a

fim de tornar a alfabetização mais lúdica, prazerosa e significativa.

É de suma importância salientar que o trabalho psicomotor é fundamental no

desenvolvimento global da criança. E se o desenvolvimento psicomotor for

trabalhado harmoniosamente a criança estará preparada para a vida social.

Segundo Fátima Alves (2003), “a psicomotricidade existe nos menores gestos e em

todas as atividades que desenvolvem a motricidade da criança, visando ao

conhecimento e ao domínio de seu próprio corpo” (p.12)

Na aprendizagem o desenvolvimento da lateralidade, orientação temporal,

escrita, esquema corporal e estruturação espacial são importantes e

fundamentais na aprendizagem. Sendo que, se um desses elementos estiver

comprometido à aprendizagem poderá ser prejudicada. Se a criança não tem

um bom desenvolvimento psicomotor, ela apresentará problemas na leitura,

escrita e no seu desenvolvimento amplo.

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A educação psicomotora deve ser considerada como base, pois ela

leva a criança a descobrir seu corpo, a situar no espaço obtendo assim

coordenação de seus movimentos e gestos. E assim colaborar para uma

alfabetização mais completa e significativa.

Sendo assim, a psicomotricidade pode proporcionar:

- uma melhora dos movimentos, do corpo, equilíbrio e noção de

espaço;

- contribuir de maneira expressiva para a formação e estruturação do

esquema corporal;

- analisar o desenvolvimento psicomotor e sua contribuição para a

alfabetização;

9

CAPÍTULO I

O QUE É EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a educação

infantil consiste na primeira etapa da educação básica. Tem por finalidade o

desenvolvimento integral da criança nos aspectos físico, psicológico, intelectual

e social.

O papel da educação infantil é o de cuidar da criança em espaço formal,

contemplando a alimentação, a limpeza e o lazer (brincar) e de educar, sempre

respeitando o caráter lúdico das atividades, sempre visando o desenvolvimento

integral da criança.

Considera-se como educação infantil o período que vai entre 0 e 6 anos de

idade. Denomina-se creche, crianças de 0 a 3 anos e pré-escola crianças de 4

a 6 anos. Não sendo obrigatório a família matricular a criança na educação

infantil.

A avaliação da educação infantil é realizada através de registros de maneira

formal. Levando em consideração as etapas do desenvolvimento e destacando

sempre suas habilidades, nunca fazendo comparações.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil são

objetivos da educação infantil:

- desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais

independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas

limitações;

- descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas

potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de

cuidado com a própria saúde e bem-estar;

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- observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se

cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio

ambiente, valorizando atitudes que contribuem para sua conservação;

- brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos desejos e

necessidades;

- conhecer algumas manifestações culturais mostrando atitude de interesse,

respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade;

- estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo

sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de

comunicação e interação social;

- estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos

poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais,

respeitando a diversidade e desenvolvimento de atitudes de ajuda e

colaboração;

- utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita);

ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação de forma a

compreender e ser compreendido, expressar suas idéias sentimentos,

necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de

significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva.

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Faz-se parte dos objetivos da educação infantil, propiciar ao aluno um

ambiente rico em:

RODA DE CONVERSA

- desenvolver o vocabulário

- favorecer a desinibição

- desenvolver o raciocínio

- desenvolver hábitos de falar e ouvir

- desenvolver a linguagem oral

CHAMADA

- reconhecer seu nome e de seus colegas

- desenvolver a responsabilidade

- desenvolver noções de gênero, número e quantidade

- estabelecer relações

- desenvolver o vocabulário

- estimular a socialização

CALENDÁRIO

- estabelecer relações temporais

- perceber seqüencia dos dias

- desenvolver noções de quantidade

- desenvolver a memória

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- reconhecer os fenômenos da natureza

- adequar o vestuário ao tempo

DESENHO

- favorecer a criatividade

- desenvolver o raciocínio e a imaginação

- desenvolver a coordenação motora

- favorecer a evolução do grafismo

- favorecer a livre expressão

- favorecer a liberação de emoções

- desenvolver aspectos cognitivos

- desenvolver relações espaciais

- desenvolver a progressão esquerda direita

RECORTE E COLAGEM

- manusear materiais diversificados

- controlar os pequenos músculos

- reconhecer aspectos como (cores, forma)

- usar corretamente a tesoura

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MODELAGEM

- desenvolver a coordenação motora

- desenvolver os pequenos músculos

- favorecer a criatividade

- desenvolver a percepção tátil

- desenvolver a sensibilidade

HORA DO CONTO

- estimular a dramatização

- desenvolver a fantasia

- enriquecer o vocabulário

- livre expressão

HORA DA MÚSICA

- sensibilizar para os valores musicais

- desenvolver o ritmo próprio

- experimentar e reconhecer os sons de vivência diária

- estimular a socialização

- trabalhar o corpo

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RECREAÇÃO

- desenvolver os pequenos e grandes músculos

- desenvolver o raciocínio

- desenvolver a criatividade

- favorecer a desinibição

- promover a socialização

HORA DA HIGIENE

- desenvolver hábitos de higiene com o corpo

- favorecer a independência

HORA DO LANCHE

- estimular a cooperação e a socialização

- desenvolver a independência

- desenvolver a coordenação motora

AVALIAÇÃO

- estimular a reflexão

- estimular a auto-avaliação

- desenvolver a socialização

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Brincar com a criança não é perder tempo, é ganhá-lo; se é triste ver meninos

sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados, em salas sem ar,

com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem. (Drummond)

A educação infantil é infinitamente importante para a criança, é onde a criança

passa a se interar com o mundo, com os outros e com ela mesma. Esse

momento é fundamental e por isso todas as pessoas que estão diretamente ou

indiretamente envolvidas com a educação infantil, partem do princípio que

nessa etapa todas as ações e atitudes vão marcar não somente nesse

momento presente mais principalmente no futuro. Essa etapa da educação

infantil tudo fica registrado, seja positivamente ou negativamente.

Enfim, o papel da educação infantil é essencial para o desenvolvimento da

criança, é onde as descobertas são feitas, o prazer de aprender se faz

presente, a curiosidade é aguçada e onde se contribui para a formação crítica e

reflexiva do futuro cidadão.

O que aprendi: Dividir tudo com os companheiros; jogar conforme as regras do

jogo; não bater em ninguém; guardar as coisas onde as tivesse encontrado;

arrumar a ‘bagunça’ feita por mim; não tocar no que não é meu; pedir

desculpas quando machucasse alguém; lavar as mãos antes de comer; apertar

a descarga da privada; biscoito quente e leite frio fazem bem à saúde; fazer de

tudo um pouco; estudar, pensar, desenhar e pintar, cantar e dançar, brincar e

trabalhar, de tudo um pouco, todos os dias; tirar uma soneca todas as tardes;

ao sair pelo mundo, ter cuidado com o trânsito, saber dar a mão e ter amigos;

peixinhos dourados, porquinhos da índia, esquilos, hamsters e até a

sementinha no copinho de plástico, tudo isso morre, nós também; lembrar dos

livros de histórias infantis e de uma das primeiras palavras aprendidas, a mais

importante de todas. Olhe!

(Fulghum, 2004, p.16)

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CAPÍTULO II

O QUE É ALFABETIZAÇÃO

A alfabetização é a aquisição do sistema alfabético, onde a criança torna-se

capaz de ler, escrever e compreender textos e expressar-se.

Pois a integração da criança é efetivamente feita através da aquisição da

leitura e escrita. É através da linguagem que ela tem condições de se

expressar e ficar mais informado. Sendo assim, a alfabetização tem uma

importante função no processo educativo.

Ler e escrever não basta para dizer que a criança já está alfabetizada, é

preciso ir muito mais além, é preciso que a criança leia, escreva, produza,

compreenda e interprete tudo que está a sua volta.

É preciso também que se leve em consideração que cada criança tem o seu

tempo próprio para construir seu aprendizado e que suas construções pessoais

são importantes e que algumas vezes o professor não as leva em

consideração.

As salas de aula devem e precisam ser bem atraentes para os alfabetizando,

pois esse ambiente deve ser bem rico com cartazes, jornais, revistas, histórias,

brinquedos, jogos diversos e dicionário, pois a criança precisa mergulhar nesse

universo com informações ricas para futuras descobertas.

Ser alfabetizado, saber ler e escrever nos dias atuais não é satisfatório, não é o

suficiente. Hoje estamos vivendo uma nova realidade social, em que não basta

apenas saber ler e escrever, é preciso também fazer uso desses ler e escrever.

Antes, nosso problema era apenas o do “estado ou condição de analfabeto”,

atualmente é preciso apropriar-se do ato de ler e escrever e usá-lo como

resposta às exigências da sociedade, com criatividade, crítica e reflexão.

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A criança pode ser letrada, sem ser alfabetizada, através da convivência com a

escrita e leitura, através de ouvir a leitura de jornais, através de cartas lidas

para elas, através de outras pessoas que leiam para elas avisos, letreiros, por

meio de comerciais de TV ou painéis nas ruas. Enfim se a criança vive num

ambiente onde a escrita está presente, ela consegue obter conhecimento de

mundo com muito mais facilidade. Por isso, nós educadores temos que estar

atentos e valorizar as nossas crianças, os diferentes tipos de linguagem que

elas trazem e a variedade de ‘leitura’ que ela faz do seu entorno, da sua vida.

As pessoas falam para interagir entre si e o princípio interativo significa que a

língua por sua natureza social existe para viabilizar a tendência humana de agir

e interferir na realidade, pressupondo uma ação e uma reação dos sujeitos

envolvidos na comunicação.

Concluímos que é então possível ser letrado sem necessariamente ser

alfabetizado (embora o segundo facilite o primeiro); porém é impossível ser

alfabetizado, se não se sabe ler nem escrever, se não se decifra os códigos da

escrita e nem tão pouco os traduz através da leitura.

“(...) esta é uma das violências que o analfabetismo realiza – a

de castrar o corpo consciente e falante de mulheres e homens

proibindo-os de ler e escrever...”

(Paulo Freire – Livro: Professora sim Tia não)

A psicomotricidade é um termo empregado para a concepção de movimento

organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja

ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização

(BARROCO, 2007, p.12). Sendo assim, não há como dissociar a aprendizagem

do movimento. Ressalta Fonseca (2004, p.43) “[...] a origem da linguagem

esteve associada à motricidade, especialmente à libertação e utilização da mão

e da face, de onde ocorre a emergência seqüencial de gestos e de mímicas

intencionais”. A relação entre processo de alfabetização e a psicomotricidade é

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muito intensa a ponto de servir de base para a outra, aqui no caso, a

psicomotricidade serve de base para os primeiros aprendizados na

alfabetização. “A medida em que vai descobrindo essas intenções e com o

auxílio do professor, no caso da escola, os ganhos serão muitos sob todos os

aspectos” (FURTADO, 2007, p.17) essa idéia vem ao encontro dos objetivos

propostos para um processo de alfabetização de melhor qualidade.

Ao abordarmos o tema alfabetização, não se pode deixar de falar de citar

Emília Ferreiro.

Segundo Ferreiro (1991, p.25-27) é fundamental compreender como a criança

chega à aquisição e ao domínio da leitura e escrita, é importante compreender-

se como se dá a aprendizagem. De acordo com alguns estudiosos da área, são

existentes duas concepções a partir de diferentes visões acerca do educando

que queremos. A visão tradicional, onde a criança apenas recebe e acumula

informações estabelecidas pelo professor, o professor é o detentor de todo

saber a criança apenas é capaz de codificar e decodificar. Outra visão é a

sócio interacionista que se contrapõe a esta percebendo a criança como

agente ativo, que constrói o seu próprio conhecimento, a partir da exploração

do mundo que o cerca.

O professor pode ajudar e muito, em todos os níveis, na

estimulação para o desenvolvimento cognitivo e para o

desenvolvimento de suas aptidões e habilidade, na formação de

atitudes através de uma relação afetiva saudável e estável (que

crie uma atmosfera de segurança e bem-estar para a criança)

e, sobretudo respeitando e aceitando a criança do jeito que ela

é. (Assunção e Coelho, 2006, p.116)

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Sob a influência dos métodos tradicionais nos anos oitenta, SOARES

classificou e enumerou três tipos de conceitos para alfabetização.

a) Refere-se à alfabetização como processo de representação de fonemas

em grafemas e vice-versa. Estaria alfabetizado quem pudesse

reconhecer o alfabeto, ler sílabas ou palavras isoladas.

b) Diz que alfabetização seria o processo de expressão/compreensão de

significados. Para isso seria somente considerado alfabetizado quem

pudesse interpretar o seu significado.

c) Acreditava que alfabetização dependia de características culturais,

econômicas e tecnológicas. Ou seja, para um lavrador a alfabetização

teria fins e objetivos bem diferentes do que um operário da região

urbana.

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CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO

A aprendizagem resulta no desenvolvimento das

funções superiores, mediante a apropriação e a internalização

de signos e instrumentos num contexto de interação. A

aprendizagem humana pressupõe uma natureza social

específica e um processo mediante o qual as crianças têm

acesso à vida intelectual e afetiva daqueles que o rodeiam.

(Vygotsky 1984, p. 115)

A Psicomotricidade está presente nos pequenos gestos e em todas as

atividades que se desenvolve a motricidade da criança, visando o

conhecimento e o domínio do seu próprio corpo. Por isso a Psicomotricidade é

um fator fundamental e indispensável ao desenvolvimento global da criança. É

a base essencial para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança.

O desenvolvimento motor e mental deve ser aliado, pois assim a criança

poderá explorar o mundo interior e exterior.

Portanto, a Psicomotricidade trabalha o indivíduo como um todo, auxiliando se

um problema está no corpo, na área da inteligência ou na área afetiva.

Seria ideal e de muita importância se todos os professores tivessem como

alicerce para as suas atividades a Psicomotricidade. Trabalhar a

Psicomotricidade da criança é trabalhar os elementos básicos que são

freqüentemente utilizados no cotidiano. São eles: esquema corporal,

organização espacial, lateralidade, coordenação viso motora e a percepção.

21

Todos esses aspectos são fundamentais para que a criança esteja

harmoniosamente pronta para se comunicar com o mundo e fazer parte desse

mundo.

Na educação infantil, a prioridade deve ser de facilitar, ajudar a criança a ter

uma percepção adequada de si mesma, para que possa entender suas

possibilidades e limites e assim, auxiliar para que possa se expressar

corporalmente com mais liberdade. Estimular atividades corporais propiciar

experiências que favorecerão a motricidade fina. O professor que trabalha

focado no desenvolvimento psicomotor da criança está contribuindo para um

bom aprendizado.

É importante que o professor leve em consideração os aspectos:

1)Socioafetivo: Favorece sua auto-imagem positiva, valorizando

suas possibilidades de ação e crescimento à medida que desenvolve seu

processo de socialização e interage com o grupo independente de classe

social, sexo ou etnia;

2)Cognitivo: Acredita que, através das descobertas e resoluções de

situações, ele constrói as noções e conceitos. Enfrentando desafios e trocando

experiências com os colegas e adultos, ele desenvolve seu pensamento;

3)Psicomotor: Através da expansão de seus movimentos e

exploração do corpo e do meio a sua volta. Realizando atividades que

envolvam esquema e imagem corporal, lateralidade, relações

têmporoespaciais;

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Não se deve esquecer que o material de trabalho é a criança. Faz necessário

que o professor conheça bem o seu aluno, pois a partir de uma relação de

confiança entre professor e aluno faz com que essa confiança auxilie o

desenvolvimento das habilidades motoras da criança.

A cumplicidade professor e aluno favorecem o desenvolvimento das

psicomotoras de forma significante, facilitando a aprendizagem e o

desenvolvimento global da criança.

Para que haja um bom desenvolvimento mental, corporal e emocional da

criança é imprescindível que a Psicomotricidade esteja presente e atuante. O

trabalho consciente de professor faz com que o processo ensino aprendizagem

chegue ao sucesso almejado. Por tanto, as atividades psicomotoras devem ser

antes de tudo uma experiência ativa de descobertas.

.

O tempo é a coordenação dos movimentos: quer se

trate físicos ou movimento no espaço quer que se trate dos

deslocamentos destes movimentos internos que são as ações

simplesmente esboçadas, antecipadas ou reconstruídas pela

memória, mas cujo desfecho e objetivo final é também

espacial... (Piaget, s/d, p. 11- 12)

23

1.1 O que é Psicomotricidade

É o corpo em movimento trabalhando e permitindo ser trabalhado. “O exercício

físico estimula a respiração, a circulação, o fortalecimento dos ossos e dos

músculos e aumenta a capacidade física, dando ao corpo pleno

desenvolvimento” (Fátima Alves, 2003, p.137).

É o controle mental sobre a expressão motora. Tem por objetivo organizar as

etapas e necessidades do desenvolvimento do corpo.

Os primeiros anos de vida têm uma importância fundamental para o

desenvolvimento infantil.

A psicomotricidade é uma harmonia dos movimentos, do controle motor, uma

boa adaptação temporal, espacial, boa coordenação viso-motora, boa atenção

e um esquema corporal bem estruturado. Portanto é a ciência da educação que

educa o movimento ao mesmo tempo em que põem em jogo as funções da

inteligência. A psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade,

porque o indivíduo utiliza o seu corpo para demonstrar o que sente, sendo

assim, uma pessoa com problemas motores passa a ter problemas de

expressão.

A reeducação psicomotora lida com a pessoa como um todo, porém com um

enfoque maior na motricidade.

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1.1.1 O desenvolvimento psicomotor.

Quando a criança nasce, já apresenta movimentos com certas

características, e essas características vão desaparecendo ou vão evoluir até

chegar à adolescência. A criança já nasce pronta para explorar o mundo a sua

volta. Jean Piaget (1998) acreditava que a experiência ativa com o mundo é

essencial para o desenvolvimento cognitivo, na qual as crianças constroem seu

mundo. O desenvolvimento psicomotor divide-se em três etapas:

De 0 aos 7 anos

De 7 aos 10 anos

De 10 aos 14 anos

Como cada etapa está relacionada com a anterior e o aspecto

específico de cada idade é o que vai surgir novas propriedades, essas etapas

não podem ser queimadas.

A criança já nasce com reflexos que tão logo se transformam em atos a

partir de estímulos.

Nas crianças de 0 até os 7 anos de idade, ocorrem transformações

notáveis e a característica principal é a precisão de movimentos.Ainda há um

progresso contínuo devido:

-- a progressiva independência dos grupos musculares que vão aprimorar os

movimentos.

-- ao aparecimento do freio inibitório que ajuda a criança a controlar e

desenvolver a atividade voluntária, passando do movimento espontâneo ao

movimento consciente.

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Etapas:

16 meses – já tem o controle primário óculo-cefálico, quando o

desenvolvimento da atenção está ligado à posterior atividade postural, que vai

fundamentar o aperfeiçoamento das formas progressivas da coordenação

vasomotora

6 meses – o bebê já senta, devido ao amadurecimento contínuo com seus

músculos do tronco. Ao sentar, seu campo visual amplia-se simultaneamente,

surgindo então à vontade de preensão, permitindo a manipulação dos objetos

que atraem sua atenção.

7 meses – já se utiliza de movimentos cada vez mais seletivos e melhor

dirigidos, para aproximar-se de objetos, essa aproximação é bimanual, faz

com que o bebê transfira de uma mão para outra o objeto.

10 meses – o bebê será unidestro, vai se preparar para futura disposição

DESTRA ou CANHESTRA.

9 meses a 1 ano de idade – a criança já sabe apontar alguma coisa por meio

do seu dedo indicador, seus dedos indicador e polegar posicionam-se em

pinça.

12 meses – a postura começa a se aperfeiçoar pelo andar, sua percepção

visual e cinestésica vai se integrando a memória motora, com repetições

diárias. Com a atenção mais seletiva e seu desenvolvimento de linguagem,

permite uma integração sócio-familiar melhor.

15 meses (1 ano e 3 meses ) – já consegue segurar e soltar objetos sem

dificuldades.

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18 meses (1 anos e 6 meses ) – já consegue formar, manipular com maior

precisão torre, cubos sem derrubá-la. Consegue coordenar um movimento.

2 anos – realiza exercícios constantes, consegue a fixação e mecanização de

movimentos apreendidos. Andar, articular palavras e frases, controlar sua

bexiga e o reto. A aprendizagem infantil é constante, pois tudo é novo para a

criança e assim, ela tenta executá-las a todo instante movida pela curiosidade.

Nesse período a imprecisão geral de movimentos é normal.

3 anos nesta etapa os movimentos manual e corporal equilibram-se e aos

poucos as associações são eliminados. Os gestos são cada vez mais

diferenciados e permitem com isso a coordenação visomotora mais

aperfeiçoada. Já consegue segurar o lápis com preensão.

Entre 3 e 4 anos – a preensão é alcançada corretamente.

4 anos – é quando começa a etapa pré-escolar, surge o amadurecimento

intelectual e motor. A criança aprende a manusear a tesoura, o lápis de cor,

pode já vestir-se e despir-se sozinho, abotoar ou desabotoar uma camisa.

6 anos – nesta etapa os mecanismos harmoniosamente se desenvolvem

integrados da coordenação visomotora, da dinâmica manual e da atenção para

sustentar e fixar a aprendizagem.

A criança quando já está no final dos 6 anos de idade, apresenta um ritmo

normal de todos os seus movimentos e seus gestos são marcados com

precisão.

O movimento permite à criança explorar o mundo exterior com base nas suas

experiências concretas e assim, as quais são construídas as noções básicas

para o desenvolvimento intelectual.

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A criança não deve ter como objetivo realizar as atividades mais rapidamente,

e sim, desenvolver seu corpo e sua mente de maneira equilibrada e harmônica.

Todo recém-nascido humano é imaturo e incompleto, sobretudo do ponto de

vista motor, o que o torna extremamente dependente de outro ser humano. Seu

acesso ao mundo e sua sobrevivência dependem da mediação de outros

membros mais competentes da espécie. Por outro lado, nasce com uma

organização comportamental e uma rica expressividade, que favorecem seu

contato emocional e seu diálogo com outras pessoas humanas. Esses

parceiros inserem o bebê em um mundo organizado conforme as

representações e expectativas que têm sobre a criança, sobre seu

desenvolvimento e sobre seu próprio papel em relação a ela, representações

essas adquiridas em suas experiências de vida em um meio sócio histórico

específico.

(ROSSETTI- FERREIRA, 2003, p.35)

São conceitos funcionais: coordenação, tônus, equilíbrio, respiração,

esquema corporal, lateralidade, relaxamento.

Coordenação – está ligada ao desenvolvimento físico. Onde se da à harmonia dos movimentos e a maturação do sistema nervoso. A coordenação está subdividida em: Global ou geral – envolvem os movimentos amplos se utilizando de todo o corpo, grupos musculares diferentes em ação simultânea;

Visomanual ou fina - envolvem movimentos dos pequenos músculos, as atividades são executadas utilizando dedos, mãos e punho;

Visual – movimentos específicos com os olhos;

Tônus – está ligado a tensão muscular existente em repouso como também em movimento. É essencial para que a pessoa adquira movimentos manuais coordenados. O tônus pode ser muscular, afetivo e mental.

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Equilíbrio – é à base de toda coordenação dinâmica global. O equilíbrio pode ser estático ou dinâmico. Estático é mais abstrato, exige muita concentração. Dinâmico depende da estruturação do esquema corporal e da integração e perfeição dos mecanismos neuropsicomotores.

Respiração – se faz presente em todas as ações psicomotoras. Controlar a respiração e o corpo é fundamental para a construção do esquema corporal.

Esquema corporal – no momento em que a criança descobre que seu corpo pode ser controlado, ela passa a conhecê-lo melhor e daí utilizar com mais consciência, tornando o esquema corporal mais estruturado.

Lateralidade – no primeiro momento a criança não consegue distinguir os dois lados do corpo, somente num segundo momento percebe que os dois braços encontram-se um em cada lado. Ainda não distingui direita e esquerda do corpo. Aos 7 anos, sabe com precisão quais são as partes direita e esquerda do corpo. A lateralidade pode ser:

a) Homogenia é quando a criança é destra ou canhota da mão, do pé, do olho e do ouvido;

(b) Cruzada, a criança pode ser destra da mão e olho e canhota do pé e ouvido;

(c) Ambidestra, utiliza as duas mãos ao mesmo tempo, mas a criança é tão forte e destra do lado esquerdo quanto do direito;

(d) Contrariada, é quando a criança tem uma dominância e outro a força utilizar o lado não dominante.

Relaxamento – para chegar a uma descontração muscular, é preciso reduzir as tensões psíquicas. O relaxamento procura regularizar os ritmos orgânicos, como respiração e a circulação. Existem dois tipos de relaxamento:

- relaxamento global descondiciona o indivíduo dos movimentos cotidianos.

- relaxamento segmentar diminui a rigidez e tensão muscular e permite a percepção e o controle corporal.

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1.1.2 O papel do professor na psicomotricidade

No trabalho da psicomotricidade é importante ressaltar o papel do professor que ao invés de ensinar ou transmitir conhecimentos já estabelecidos, ele deverá assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender da criança, oportunizando suas descobertas, permitindo situações e estímulos variados, priorizando as experiências concretas e não só a verbal, deixando que a própria criança construa seu desenvolvimento global.

É fundamental que o professor esteja preparado, pois nada adiantará se ele preparar somente o ambiente para a criança. É preciso muito mais que amor e dedicação é preciso que o professor tenha em mente os principais aspectos do desenvolvimento psicomotor e sua faixa etária, saber o interesse as necessidades, motivações e possibilidades para que assim possa mediar uma melhor construção do conhecimento. Caso contrário, será muito difícil para ele detectar as variações que diferem cada idade e descobrir a real necessidade de cada criança.

Portanto, sabe-se que os exercícios psicomotores são determinantes para uma aprendizagem enriquecedora, pois o esquema corporal mal estruturado acarreta prejuízos irreparáveis na evolução da criança. Produzindo assim, um déficit na leitura e escrita.

Exemplos de dificuldades na leitura:

-confusão das letras simétricas por inversão do sentido direito-esquerda

b d

p q

-por inversão do sentido cima/baixo

d p

n u

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CONCLUSÃO

Ao fazer leituras bibliográficas, percebi que para o ensino da leitura e a escrita é fundamental ou se não dizer primordial que a psicomotricidade seja peça fundamental nesse processo. Pois não se deve resumir apenas em (codificar e decodificar) e sim, compreender, interpretar e produzir conhecimento.

As atividades psicomotoras fornecem condições de equilíbrio, agilidade, flexibilidade, domínio dos gestos e o fortalecimento e controle do seu corpo. E todos esses elementos contribuem para uma melhor aprendizagem da escrita e da leitura. Pois trabalhando o afetivo, o cognitivo e o psicomotor estão contribuindo para a construção de um ser humano mais completo em seu desenvolvimento, trabalhando a criança como um todo em suas potencialidades.

É preciso também que os aspectos motores, afetivos e cognitivos sejam estimulados, juntamente com o contexto social da criança.

É importante que o período da alfabetização deva ser um período agradável, favorável, estimulante e prazeroso, para que a aprendizagem se torne mais fácil. Pois caso não seja trará futuramente problemas no cotidiano da criança.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, é na educação infantil que se fazem os primeiros esboços da alfabetização.

Sendo assim, o professor tem um papel importantíssimo e fundamental, ele é o mediador do processo ensino-aprendizagem, pois ele vai está fazendo intervenções quando as dificuldades forem surgindo ele estará mediando essas dificuldades no processo de aprendizagem.

Por tanto alfabetização e psicomotricidade estão presentes e vinculadas, pois para acontecer uma alfabetização plena é preciso que a psicomotricidade esteja bem estruturada.

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BIBLIOGRAFIA

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ASSUNÇÃO, Elizabete; COELHO, Maria Teresa. Problemas de Aprendizagem. São Paulo: Ática, 2006

BARROCO, S.M.S. Psicomotricidade na infância. Campo Mourão: Instituto Makro, 2007.

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FERREIRO, Emília; Teberoski, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre; Artes Médicas, 1991.

FULGHUM, Roberto. Tudo o que eu devia saber aprendi no Jardim de Infância. São Paulo: Best Salles, 2004.

FURTADO, V. Q. Procedimento e Instrumentos de Avaliação Psicomotora. Campo Mourão: Instituto Makro, 2007.

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SOARES, Magda .Alfabetização Segundo Magda Soares. www. artigos.com/.../alfabetização-segundo...soares.com.br.acessado em 02/08/2012.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 1

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

SUMÁRIO 6

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

O que é Educação Infantil 9

CAPÍTULO II

O que é alfabetização 16

CAPÍTULO III

A importância da Psicomotricidade na Alfabetização 20

1.1 – O que é Psicomotricidade 23

1.1.1 – O desenvolvimento psicomotor 24

1.1.2 – O papel do professor na psicomotricidade 29

CONCLUSÃO 30

BIBLIOGRAFIA 31

ÍNDICE 32