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Caderno 7 EDIÇÃO ESPECIAL CENTENÁRIO DE DIVINÓPOLIS - SEXTA-FEIRA - 1º DE JUNHO DE 2012 Anunciantes desta edição: FCA - Construtora Pardini - Fiemg - Aurylio Guimarães - Luzia Ferreira- Fabiano Tolentino - Ilumina e Pitágoras A cidade e seus personagens Francisco Machado Antônio Olímpio de Moraes Pedro X Gontijo Jovelino Rabelo Antônio Martins Vladimir Azevedo

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Caderno 7

EDIÇÃO ESPECIAL CENTENÁRIO DE DIVINÓPOLIS - SEXTA-FEIRA - 1º DE JUNHO DE 2012

Anunciantes desta edição: FCA - Construtora Pardini - Fiemg - Aurylio Guimarães - Luzia Ferreira- Fabiano Tolentino - Ilumina e Pitágoras

A cidade e seus personagens

Francisco Machado

Antônio Olímpiode Moraes

Pedro XGontijo

Jovelino Rabelo

AntônioMartins

VladimirAzevedo

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Divinópolis1º de junho de 2012 02

Mercemiro de Oliveira Silva

Em tempos mais re-motos, a educação era feita por professores iti-nerantes, comumente contratados por fazen-deiros para ensinar fi -lhos e fi lhos de seus de agregados; ou educação e instrução eram exer-cidas pela pessoa mais ilustrada de cada famí-lia.

Como acontece até hoje, os termos educa-ção e instrução se con-fundiam nos deveres do chamado professor ou mestre. Desse modo, o mestre tomado para ensinar a família tinha de possuir cultura, mas também bons princí-pios; deveria ter conhe-cimentos para instruir e retidão de caráter para incutir aos discípulos.

Foi com um professor itinerante que João Mo-rato de Faria teve aulas durante dois meses para conhecer o abecedário. O restante de sua formação até chegar a dominar as leis da mecânica e da fí-sica e o desenho técnico, foi no estudo solitário de forma autodidática. Mas nem todos somos gênios e, pois, necessitamos do mestre a nos guiar os primeiros passos.

Há registros de que em tempo anterior a 1800, houve, no povoa-do de Costas, o profes-sor liberal Quirino Perei-ra da Costa Milagre, que preparava jovens escra-vos para a alfabetização das famílias brancas. Os professores negros, po-rém, só lecionavam para os brancos de posse da sua carta de alforria.

O primeiro professor de escola pública esta-dual do lugar foi João Vaz de Melo, que veio de Congonhas do Cam-po, nomeado em 1848 ou 1850. Instalou-se em casa do Largo da Matriz e fundou também escola de música e uma banda, que teria sido a segunda do lugar, provavelmente a Banda de Mestre Toco.

“Lá pelos quietos anos de 1888, surgiu um colégio no monótono ar-raial do Espírito Santo. O Pe. Xavier Coelho foi seu fundador e diretor.” (Gil Moreira, hoje arcebispo católico – “A Semana”, 16/08/1970). Sem mais notícias.

A primeira professo-ra de escola estadual fe-minina, bem mais tarde, foi Olímpia Augusta de Moraes ou D. Sinhá, em 1893.

Novembro de 1911, o dentista Francisco Ribei-ro de Carvalho, que teve intensa participação no processo de criação do Município, fundou um colégio com o esdrúxulo nome de The News Bra-zil, nas imediações da Santa Casa; teve pouca duração.

Em Divinópolis

Em 18/03/1914, inau-gurou-se o Externado

Delfi m Moreira, escola mista, dirigida por Al-fredo da Costa Duarte e Miguel de Assis Rocha.

Em 1916, cria-se a Escola Rural Flávio Epi-phânio, a primeira, e inicia-se a construção do primeiro grupo es-colar, que foi denomi-nado Padre Matias Lo-bato. No ano seguinte, instala-se a escola da Rede Mineira de Via-ção, antes denomina-da Esc. Reunidas Eng. Pedro Magalhães e, hoje, Escola Estadual Eng. Pedro Magalhães, sob a direção de Maria Carmelita de Morais ou professor Alexino de Almeida, que mais tarde foi o terceiro di-retor do GE Pe. Matias Lobato, segundo ou-tras fontes. Jahel Cor-rea Brandão, a primeira professora, lecionava para três classes, 1o, 2o e 3o anos, na mesma sala, com efi ciência, até ser transferida para o escri-tório da ofi cina. Aten-dia a fi lhos de ferrovi-ários e moradores da Esplanada e adjacên-cias. Maria de Araújo Seni dirigiu-a durante anos. Estadualizada, Antônio Esteves de Fa-ria tentou mudar-lhe o nome, mas o movimen-to foi sufocado pela re-ação dos ferroviários, posto que a denomina-ção tradicional lembra sua origem.

No dia 21 de abril de 1918, é inaugurado o G.E. Padre Matias Lo-bato. Maria de Lourdes Teixeira foi a primei-ra diretora de escola do estado e o primeiro inspetor escolar, Prof. Antônio Bahia. O Co-légio Seráfi co dos fran-ciscanos é instalado no sobrado do Largo da Matriz, em 1924 e, em 28, é transferido para o prédio do convento. Em 1919, Pedro X Gontijo, movido por fi ns político-partidários, inaugurou o Liceu Cel. Otávio Ma-chado, que afi nal teve pouca duração. Em 23, com Mário Casasanta, Xis Gontijo criou o Liceu Divinópolis, primeira escola de ensino médio da cidade. No ano se-guinte, entra em funcio-namento, a Escola Nor-mal “Mário Casasanta”, fruto de uma cotização, como sociedade anôni-ma, apoiada por Jove-lino Rabello, e em 47, é cedido graciosamente, renomeado Instituto Nossa Senhora do Sa-grado Coração.

Colégio Batista

- Com esse título, a Igreja Batista instituiu um curso de alfabetiza-ção, no início, funcionan-do no Largo da Matriz, depois indo para junto do templo, na Avenida da Independência.

Grupos Escolares - Em 1935, a cidade conta-va com o GE. Pe. Matias Lobato e a Escola Mista da Vila Operária (Eng. Pedro Magalhães, per-tencente à EF). Nesse

No Arraial do Espírito Santo da Itapecerica ano, o prefeito Dr. Didi construiu o Miguel Cou-to e Dona Antônia Vala-dares.

Professor Pânfi lo

– Professor João Gui-marães Júnior, que em determinado momento, adotou o nome de João Pânfi lo Guimarães, veio para Divinópolis, em 1937, aqui criando uma escola “correcional”, pe-dagogia da palmatória e disciplina militar que fa-zia os incorrigíveis “virar gente”. Marcante a postu-ra de seus alunos nos des-fi les pelas ruas centrais da cidade, em todas as datas cívicas.

Ginásio Boaventura

- Provavelmente entre os anos quarenta, teria sido o primeiro a se instalar na cidade, na antiga Av. da Independência. Um meio de evitar a evasão de nos-sos jovens em busca de escolas nas cidades vizi-nhas ou na Capital. Como informa Guilherme San-ches, (Minha Terra Ado-tiva), a escola como tal durou pouco, virando “escola de amor”, bordel mesmo, com o mesmo nome de São Boaventura.

Ginásio São Geraldo - Trazido de Pará de Mi-nas, inaugurado no dia 21/04/1940, em prédio próprio, funcionou até 1960. Em 1946, entrou em funcionamento, adesa, a primeira ETC de Divinó-polis quando foi vendido para a Diocese de Divinó-polis.

Escola Profi ssional Ferroviária

- Instalada em 1942, no âmbito da ofi cina ferrovi-ária, a idéia nasceu aí, de um movimento de servi-dores da Ofi cina. Além de formar profi ssionais competentes, o currícu-lo de três anos do curso equivalia aos do curso Primário, que devia ser completado na escola pública, com a 4a série. Fechada em dezembro de 1972. Logo depois, foi criado o Centro de For-mação Profi ssional do SENAI na cidade.

Ginásio Estadual

- Fundado com o nome de Ginásio Santo Tomás de Aquino, no dia 18/09/1954, com vistas a ser encampado pelo Estado, como acabou acontecendo, em 1955, por Milton D’Almeida Barbosa, professor do antigo Ginásio São Ge-raldo. Paralelamente, criou-se a Escola Técni-ca de Comércio, com o mesmo nome que du-rou pouco, recambian-do seus alunos ao São Geraldo. Escola Estadual “Luiz

de Melo Viana Sobrinho”

– Iniciativa de Luiz Fer-nandes de Souza e Jove-lino Rabello, com apoio do deputado Reny Ra-belo, foram criadas três

novas escolas do tipo escolas reunidas. A do Catalão, mais tarde elevada a Grupo Es-colar, foi instalada na Vila João Cota, até fi car pronta sua casa no Por-to velho. Início em 1o de março de 1955. Mudou-se para o novo prédio em 1960.

Escola de 1o e 2o Graus São José e São Geraldo - Criada a diocese, a Con-gregação das Irmãs Au-xiliadoras de N. S. da Piedade instalaram, em 07/03/1960, o Ginásio São José para moças, na Av. 1o de Junho, 1324, onde funcionou até que em 1967, quando a dire-ção assumiu o Ginásio São Geraldo, já então de propriedade da diocese, mudando-se para o pré-dio da rua Mato Grosso, 503, depois passando a rua Sergipe, 271, com novo nome, oferecendo cursos: Educação Pré-Escolar, Ensino Funda-mental de 1a a 8a e Ensi-no Médio.

Colégio Leão XIII - Em 1960, extingue-se a Escola Técnica de Co-mércio São Geraldo. Um grupo de profes-sores da casa criou a E.T.C. Leão XIII, aula inaugural em 02/03/61, no prédio, onde então funcionava durante o dia, G.E. “Joaquim Na-buco”, rua Minas Ge-rais. No ano seguinte, a denominação passou a Colégio Leão XIII, com Curso Normal, pela pri-meira vez acolhendo alunas casadas. Cerrou suas portas ao encerrar-se o ano letivo de 89.

Nada menos de nove novas escolas surgiram na esteira da Leão XIII: Frei Orlando, IEC-Insti-tuto Educação e Cultu-ra, Escola de Química, Técnico de Eletrônica, Divinópolis, Frederi-co Ozanam, São Tarcí-sio, D. Bosco, São José e Integral, dos quais só sobrevivem os dois últi-mos.

Escola de Enfer-magem São João de Deus - Inaugurada dia 08/03/1966, com a pre-sença do patrono, Ge-raldo Correa e Dona Madalena Correa. No seu 12o aniversário, foi implantado o curso téc-nico. Em 10/08/1984, foi reconhecida como Centro de Qualifi cação de Enfermagem de 1o e

2o Graus.

Ginásio Orientado para o Trabalho

- Em 1969, Dr. Luiz Fernandes de Souza promoveu, a inaugura-ção do Ginásio na esqui-na de ruas do Comércio e Oeste de Minas, com capacidade para 600 alunos. Dele não se ou-viu mais falar, embora o jornalista Leônidas Schwindt continuasse sua campanha por uma escola com esse perfi l.

COTEOM

- Foi criado como fi -lial da Cotemig, de BH, com o nome de Colégio Técnico de Eletrôni-ca do OM. em maio de 1972. Em 1986, Márcio Barbosa, formado em Engenharia Elétrica, adquiriu as cotas dos demais sócios, assumiu a direção, mais tarde, passando para o prédio próprio Av. Antônio Olímpio de Morais, no bairro Santa Clara.

Escola de Polícia Militar

- Instalada em julho de 1976, no fi m do ano, já havia preparado uma primeira turma, cer-

ca de uma centena de soldados.

Escola Municipal do Campus Universitário

- Criação autoriza-da pela Lei 2.015, de 05/11/1984.

Escola Municipal de Música “Maestro Ivan Silva” - Inaugura-da em 29/07/1987. Em 30/06/1949, administra-ção Jovelino Rabelo, foi criada, pela Lei 88, uma escola de música que foi entregue à coordenação do professor Teodosino Campos, que ministrou aulas em sua própria re-sidência, até por volta de 1955. Em 1981, contratou-se o maestro José Vicente de Brito, que logo iniciou o trabalho de formação, dando aulas a um grupo de jovens e formando a Banda de Música “Maes-tro Teodosino Campos” que estreou no dia 1o de junho de 1962, e ao lado da Escola reativada, fo-ram alojadas no Com-plexo Cultural Gravatá.

Escola Municipal de

Artes Gráfi cas - Insti-tucionalizada pela Lei 2597, de 09/11/1989 e instalada na Praça Eli-zeu Zica.

CEFET

– Centro Federal de En-sino Técnico - Unida-de criada e implantada com os cursos de Ele-tromecânica e de Vestu-ário, este, o primeiro do País, em 11/03/1996. Para consegui-lo, o CDD desenvolveu in-sano trabalho com a efetiva participação de entidades empresariais e comunitárias, junto ao poder público. Mesmo depois de tudo contra-tado, não fosse a posi-ção fi rme do presidente do CDD, Antônio Car-los Pereira de Oliveira, teriam sido suprimidas algumas cláusulas be-néfi cas à cidade.

Ensino Universitário

No plano do ensi-no superior, depois do curso de Teologia que aqui funcionou por cer-to tempo, só a partir de 1964, começou com a criação da Faculdade de Filosofi a, Ciências e Le-tras, seguida da Facul-dade de Direito (1966) e Faculdade de Ciências Econômicas (1967), as quais, mais tarde, diver-sifi caram, seus cursos, criando institutos com denominações diver-sas, todas em conjunto somando mais de meia centena de cursos.

O gatilho dessa ex-plosão de desenvol-vimento, supõe-se ter sido a importação de uma unidade da Uni-versidade de Alfenas para Divinópolis, fato que despertou os esco-la nativas de seu sono letárgico. Depois disso, a cidade ainda foi agra-ciada com uma unidade da Universidade Fede-ral de São João del-Rei, que trouxe quatro cur-sos da área da saúde, dentre elas o aguarda-do, desde a criação do Hospital São João de Deus: Medicina, Far-mácia, Bioquímica e Enfermagem.

Finalmente, na for-mação de mão-de-obra, estão ativas, as organi-zações de: Cefet, Senai, Senac/Fiemg, Senac/Sesc/Capit, Sebrae.

Arquivo Público

Em 1923, foi criada a escola Mário Casasanta foi primeira de ensino médio da cidade

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Douglas Oliveira

Divinópolis vem se desenvolvendo e a edu-cação acompanhou. A cidade tem o melhor en-sino do estado e o quin-to melhor do país, conta com escolas das redes municipal, estadual e federal e uma unidade do Centro Federal de Formação Tecnológica - Cefet-MG.

A Escola Primária Masculina foi a primei-ra instituição de ensino fundada no município, em 1850. A primeira Escola Pública Femini-na nasceu em 1893. Em 1929, foi inaugurada a Escola Normal Mario Casassanta. A primeira escola profi ssional sur-giu em 1942 e deu ori-gem ao atual Senai.

Muita coisa mudou daquela época para os dias atuais. As admi-nistrações e gestões das instituições de ensino foram divididas entre municipal e estadual. Pela rede estadual, a re-gional Divinópolis pos-sui 34 escolas e atende a 22.037 alunos, segundo informações da Supe-rintendência Regional de Ensino.

Dentre essas institui-

ções, destaca-se a escola Monsenhor Domingos, que obteve nota 7.1 no Índice de Desenvolvi-mento da Educação Bá-sica (Ideb), que pontua de zero a dez e se baseia em taxas de aprovação e no desempenho geral dos alunos em avalia-ções impostas pelo Mi-nistério da Educação (MEC).

Para o diretor da es-cola Monsenhor Domin-gos, Kleuver Luiz Alves Mota, o trabalho coleti-vo é o que faz a educa-ção ser desenvolvida, englobando a participa-ção efetiva de professo-res e a construção peda-gógica nos trabalhos.

- Os índices de desen-volvimento da educação precisam ser traduzidos em ações e promover a conscientização dos alunos. Precisamos agir e valorizar o local para contribuir de forma glo-bal – diz.

Município

São 63 unidades de ensino sob administra-ção municipal, atenden-do 16 mil alunos apro-ximadamente. Dentre essas, a Escola Muni-cipal Professor Odilon Santiago foi a que alcan-

çou o melhor resultado no Ideb: 6.4. A união, a aproximação com a fa-mília e os projetos são os pontos principais para o crescimento escolar, na opinião da diretora Dul-ce Regina Silva de Melo.

-As parcerias que te-mos com os pais, com as famílias, contribuem muito para os resulta-dos. Nossos projetos de literatura, por exemplo, permitem que as crian-ças desenvolvam o por-tuguês. Com isso, elas se desenvolvem em outras disciplinas - explica.

Os professores tam-bém foram enaltecidos pela diretora. Para ela, os trabalhos dos docen-tes foram e ainda são o ideal de uma escola de-senvolvida.

- Temos uma ótima equipe de professores. Não é fácil trabalhar-mos com projetos e, ao mesmo tempo, com con-teúdos. Nossos docentes têm um constante plane-jamento e trabalhamos sempre para que estes conteúdos sejam coloca-dos em ação. Este é só o começo para os bons re-sultados - completa.

Para a secretária mu-nicipal de Educação, Eliana Cançado Ferrei-ra, o desenvolvimento

Modelo educacional reconhecido nacionalmenteDesenvolvimento histórico do ensino ganha notoriedade nas avaliações nacionais e dá à cidade o status de 5a melhor do país

da educação na cidade é fruto dos trabalhos rea-lizados ao longo de 100 anos. O passado, segun-do ela, foi formado por pessoas que construí-ram esta história.

- Quando olhamos para o passado, vemos que cada uma daquelas pessoas contribuiu para este crescente. Em ou-tras épocas, com outras equipes de trabalho, houve valorosas pesso-as que fi zeram o melhor possível para alavancar a educação em Divinó-polis – conta.

Um dos pontos tra-balhados para a cons-trução educacional da cidade é a colaboração por meio da participa-ção das comunidades. Cada região onde está uma escola, conta com o apoio direto dos mo-radores. Na opinião da secretária, ação primor-dial para o crescimento da educação na cidade. Aliada a isso está a ca-pacitação dos professo-res, com programas que incluem cursos, seminá-rios e outras atividades.

Rumo ao futuro

Olhar para o futuro é também olhar para o passado. Revirar o baú

é encontrar histórias que ajudaram a cons-truir a educação atual. É o caso da professora aposentada Nilda Sil-va Ferreira. Ela guarda até hoje na memória o encontro com Juscelino Kubitschek, quando re-cebeu de suas mãos um convite de formatura, assinado pelo político.

Em 1967, Nilda for-mava-se no segundo grau, conhecido anti-gamente como curso normal ou magistério. A formatura foi no an-tigo Colégio Leão XIII.

- Receber o convite

das mãos de JK foi uma emoção muito gran-de. Ele sempre foi um grande homem e hoje considerado o brasilei-ro do século – comenta.

Para Nilda, a educa-ção naquela época era diferente, tinha mais união e compromisso. Nos dias atuais, há o que melhorar.

- A tendência da educação é melhorar. Temos algumas ações do governo, mas ain-da não está bom. É preciso aprimorar e o governo atuar mais – completa.

Patrícia Rodrigues

Educação no município é considerada uma das melhores do país, de acordo com avaliação do MEC

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Douglas Oliveira

O território de Divi-nópolis possui área de 708 km², segundo dados do IBGE. Isso equivale a 0,12% da extensão terri-torial do estado. A par-te urbana do município possui 192 km². Desse total, 140 km de vias ainda não são pavimen-tadas. Em cem anos de história, este é mais um desafi o das gestões mu-nicipais: tornar a cidade 100% urbanizada.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Obras e Projetos Es-peciais, há dez bairros sem asfaltamento em Divinópolis: Nova For-taleza, Grajaú, Nova Holanda, Santa Lúcia, Padre Eustáquio, Dona Rosa, Santa Rosa, Belve-dere, Jardim das Olivei-ras e Candelária. Cerca de 50 mil pessoas vivem nas áreas não pavimen-tadas.

Quem vive em algum desses bairros sabe que a situação é antiga e re-mete aos caminhos difí-ceis trilhados pelos pri-meiros moradores. É o que conta Magally Ilha Marques, moradora do

Candelária, que sofre com a falta de pavimen-tação, a poeira e a lama.

-Tenho que limpar minha casa duas ou três vezes por dia. A poeira, a terra que vem da rua, é muita e vai para os móveis, para o chão, as janelas. É complicado. Quando chove, piora tudo. Com o barro que faz, é quase impossível passar pelo bairro - con-ta.

Outro problema en-frentado são os bichos. Segundo moradores, aranhas, escorpiões e outros animais apare-cem em suas casas cons-tantemente, e a falta de infraestrutura agrava esse transtorno.

- Já encontrei todo tipo de bicho na minha casa. São bichos que gostam de terra, de lu-gar frio. Acabam indo para dentro de casa. Já matei escorpião, aranha. É um perigo - diz uma moradora que não se identifi cou.

Projeto

O secretário munici-pal de Obras Públicas e Projetos Especiais, Lú-cio Antônio Espíndola

Em 16 anos, Divinópolis 100% asfaltada e saneadaPrograma investirá R$ 21,6 milhões e benefi ciará cerca de 50 mil pessoas

de Sena, garante que as obras de pavimentação começarão no início do segundo semestre de 2012. Os trabalhos serão feitos pelo Programa de Calçamento, cuja licita-ção está em processo.

- O programa tem

previsão de início em julho de 2012 e atingirá cerca de 70 km dessas áreas, ou seja, 70% da demanda - informa.

Serão investidos R$ 21,6 milhões para a con-clusão desse projeto, em dois anos de trabalho.

O cronograma engloba ainda o saneamento to-tal em 45 bairros.

- Divinópolis possui ainda 15 bairros sem sa-neamento e outros 30 com atendimento parcial. Nas áreas que serão be-nefi ciadas pelo Programa

de Calçamento, um dos pressupostos é de que a rua possua rede de esgo-to - completa o secretário.

Dentro desta progra-mação, a projeção é de que Divinópolis se torne 100% pavimentada em 16 anos.

Projeto visa a melhorias em toda a cidade com asfaltamento de ruas

Douglas Oliveira

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Lugar comum de toda comemoração é a famigerada nostal-gia de relembrar o que já foi. Rememora-se o que aconteceu, o que se viveu, os encantos e as glórias do passado, tudo essencialmente centrado na irrever-sibilidade das coisas que já passaram, no reconhecimento gra-to ou não tanto de ser o que se é, porque al-guém fez o que fez. De fato, nós somos nossa história e é impossí-vel construir qualquer prosperidade sem raí-zes cravadas no que já foi. Todavia, no desfe-cho destes primeiros cem anos de existência, talvez olhar para fren-te, para o porvir, seja tão ou mais importan-te que olhar para trás e se ater aos louros de conquistas já passadas. Não é questão de des-peito, nem de esqueci-mento - a César o que é dele: Jovelino, Antônio Olímpio, Sebastião en-tre tantos outros foram fundamentais para que chegássemos bem aon-

de chegamos. Mas são personagens pretéritos. É preciso agora voltar os olhos para os que vi-rão depois de nós, dei-xar para aqueles que atravessarão o segundo centenário a boa heran-ça de quem atravessou o primeiro.

Os cenários que hoje vemos dourados pela força da data são pro-vas inexoráveis de que o que vivemos até aqui é, sim, digno de júbi-lo e comemoração, de agradecimento pela história gloriosamen-te regida por pessoas de nobreza de caráter, de ideias, de sonhos. Gente que dedicou sua vida à vida do municí-pio e que pela sequên-cia lógica e natural das coisas, já não está aqui para assegurar a pleni-tude de nosso segundo século. Ao olharmos pouco mais adiante da data magna divinopo-litana, quando a poei-ra brilhante já tiver se assentado e os ouvidos se tomarem pelo zum-bido pós-festa, volta-remos à realidade em

toda a sua displicente nudez interrogativa: onde estão os novos Jo-velinos? Onde estão os ocupantes da Câmara revolucionária e cheia de ideias de nossas pri-meiras décadas? Onde estão os grandes nomes que serão lembrados daqui para frente?

Preocupar com o que deixaremos de es-sencial para as próxi-mas gerações de divi-nopolitanos deve ser rotina não exclusiva da administração, mas de cada conterrâneo, de cada pai, de cada fi -lho, de cada professor. Apesar da festividade da época, é importante que, do mesmo modo como cravamos nossos olhos no contador re-gressivo para o cente-nário, cravemos agora nossas atenções na pre-ocupante situação de não termos “ já de lon-ga data “ líderes como os de antigamente, que tiraram Divinópolis do patamar de corrupte-lazinha do interior e a ergueram a polo re-gional. Por paradoxo,

João Valério *

O Segundo Centenário tínhamos verdadeiros ícones extraídos de uma população dimi-nuta, que deixaram boas marcas ao longo dos primeiros anos da Princesa do Oeste e, hoje, com a população enormemente maior que a daqueles tempos remotos, a proeminên-cia de gente talento-sa daqui despencou, não se tem mais brilho entre a jovem guarda política, econômica, social. É evidente que os padrões mudam: a cultura é outra, a edu-cação não é a mesma, a máquina pública ga-nhou mais botões do que se pode apertar, o que não signifi ca que a sociedade deva se con-formar aos moldes que as circunstâncias lhe dão.

Já fomos pólo da moda, tivemos nossos dias de glória na in-dústria siderúrgica, já fabricamos Coca-Cola, abrigamos um dos me-lhores cursos de Direi-to do país, trouxemos um colossal desenvol-vimento para a região por meio da ferrovia, do bom escoamento logístico, do dom em-preendedor de alguns muito bem sucedidos

empresários da cidade. Será mesmo que nes-te próximo ciclo que iniciamos, nos próxi-mos cem anos de Di-vinópolis, viveremos à custa de um punhado de lembranças daquilo que outrora tivemos? Ou seremos capazes de trazer para cá o que é nosso, buscando nos primórdios da Princesa Altaneira a ousadia e a intrepidez que nos fo-ram tão características? Não é questão de tra-çar perspectivas pessi-mistas para um futuro sempre e muito incer-to, tampouco de exau-rir os méritos de quem os tem, mas, sim, de ponderar sobre o nosso papel de herdeiros de um berço próspero que talvez não seja herdado pelos nossos sucesso-res.

Nossos votos para estes próximos cem anos é que nos livre-mos do nosso afamado complexo de vira-latas que nos faz buscar o melhor sempre na ci-dade vizinha, na capi-tal que é logo ali e, por isso mesmo, é sempre a primeira alternativa. São votos de restaurar a política desenvolvi-mentista feita por gente

de ética e virtude que ganha a mídia e o povo por ser efi caz e não bandalheira. De inves-tir não mais na educa-ção pelo diploma e pela estatística, mas na edu-cação pela qualidade e pelo futuro, como nun-ca deveria ter deixado de ser. De reconhecer que a saúde daqui não é pior que a saúde de outros lugares e que, diga-se de passagem, abriga hospitais-refe-rência em todo o Brasil.

Nós temos tudo para ostentar o–polis de nos-so nome, com toda a res-ponsabilidade que isso implica. Não é preciso buscar lá fora. O que falta mesmo é gente. E gente, não se cria no passado. Gente se cria agora, no daqui para frente, no de hoje em diante. Que estes pró-ximos cem anos sirvam para criarmos gente que vai perpetuar nos-so nome, que vai alçar Divinópolis aos voos que lhe são tão promis-sores quanto possíveis, que vai fazer tão bem ou melhor aquilo que seus antecessores fi ze-ram. Que de hoje em diante tenhamos gen-te que construa nossos duzentos anos com tan-ta prosperidade quanto os cem primeiros.

*João Valério é publicitário

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Anamaria Mourão

O poderoso gover-nador Benedito Valada-res está em sua cidade natal, Pará de Minas, comemorando seu ani-versário, rodeado de prefeitos da região e desfrutando do apara-to de sempre: comes e bebes, banda de músi-ca, profusão de ternos, coletes e chapéus. Na área do estacionamen-to, perfi lam-se empoei-rados os mais vistosos carros da época. De re-pente, apaga-se a luz. Constrangimento geral. O governador, tentan-do minimizar o vexa-me, proclama: “Ama-nhã mesmo, em Palácio, vou providenciar uma Usina Hidrelétrica para atender a região. Talvez em Florestal.” Ao lado do governador está nosso mais lídimo re-presentante, o Jovelino Rabelo, que decidida-mente pergunta: “Por que não em Divinópo-lis, Benedito?”. Em se-guida, enaltece nossa proximidade com o Rio Itapecerica, com o Rio Pará e a exuberância de nossas cachoeiras... Este diálogo* é o nasce-douro da Hidrelétrica do Gafanhoto, que se tornou um marco na in-dustrialização do esta-do e foi inaugurada em 1º de junho de 1946.

Jovelino Rabelo, nosso arauto do desen-volvimento, aqui che-gou em 1915. Nascido em Carmópolis de Mi-nas, para nossa sorte, decidiu estabelecer-se em Divinópolis porque “se tivesse escolhido outra cidade, esta cida-de certamente estaria hoje à frente de Divi-nópolis”** . Aqui che-gou com a humildade e fi dalguia dos grandes mineiros. Casado com dona Dolores Aguiar, o casal acomodou-se em um casarão na rua Goiás próximo à Praça da Estação. Não trou-xe grandes recursos fi nanceiros. Mais que isto, trouxe uma men-te privilegiada e visões progressistas que en-contraram solo fértil na pequena cidade aben-çoada pela Rede Minei-ra de Viação e banhada pelo Rio Itapecerica. Em seus ímpetos de grandeza, foi apoiado por amigos leais e igual-mente empreendedo-res, entre eles os irmãos Notini, João e Cinico, o Dr. Dulphe Pinto de Aguiar e alguns outros que se tornaram seus sócios em empresas bem sucedidas e que se sucediam umas às outras. Não sou eco-nomista para explicar qual o modelo desen-

volvimentista que ele imprimiu à cidade. Só podemos dizer que ele criava as fi rmas no ve-lho estilo capitalista, e quando elas estavam prontas e dando pol-pudos dividendos, ela as pulverizava em pe-quenas ações das quais pequenos acionistas se benefi ciavam. Esta cir-culação discreta, mas contínua, de recursos fi nanceiros acionava o comércio local e promo-via o desenvolvimento da cidade de maneira continua e acelerada. Inicialmente, montou uma serraria para for-necer dormentes para a RMV, depois fundou sua primeira indús-tria, a J. Rabello e Cia, em parceria com João Notini e Camilo Rinal-di, imigrante italiano, amigo particular dos Notinis, eles também fi lhos dos imigrantes italianos Antonio No-tini e Diamante Vitoi, estabelecidos em Car-mo da Mata. Em 1920, montou em Divinópo-lis a primeira Fundi-ção do Oeste de Minas. Depois vieram a Casa de Ferragens e material de construção e a Con-cessionária Ford. Em 1938, inaugura a Fábri-ca de Fiação e tecela-gem (hoje Fitedi); em 1939, a Cia. Mineira de Siderurgia e em 1953, sua realização maior: a Companhia Lamina-ção e Cimento Portland Pains. A produção de lingotes, palanquilhas, ferro laminado e ci-mento era voltada para o mercado paulista, empregava 500 funcio-nários e incluía em sua estrutura dois altos-fornos para produção de 140 toneladas de aço por dia, 800 metros de linha férrea para rece-bimento da matéria-prima pela RMV, um transformador de 840 HP, o primeiro constru-ído na América Latina.

Pains

Em 1959, a Portland Pains ocupa o 11º lugar entre suas congêneres no Brasil e o 4º lugar em Minas Gerais. Seu pioneirismo nesta área incentivou investidores locais e, na sequência, surgiram mais vinte altos-fornos e sete si-derúrgicas. Paralelo ao sucesso fi nanceiro, tor-nou-se amigo particu-lar dos mais importan-tes políticos da época e sempre usou de sua fa-miliaridade com o po-der para benefi ciar a ci-dade. Assim sendo, em 1922, como vereador, consegue com o presi-

dente da República, Ar-thur Bernardes, o em-préstimo de 80 contos de réis para abastecer de água a cidade e, em seguida, consegue com o governador Benedito Valadares a pavimen-tação da estrada de Divinópolis à Pará de Minas, construção por-tentosa que demandou a duas pontes de con-creto. Outra força polí-tica poderosa na época era o prefeito nomeado Pedro X. Gontijo, um dos principais respon-sáveis pela emancipa-ção do município. Em 1936, ao fi nal de sua administração, politica-mente falando, a cidade ferve, e cabe ao gover-nador Benedito Vala-dares, em consonância, é claro, com Getúlio Vargas, nomear o novo prefeito. Há duas cor-rentes: os adeptos do X. Gontijo e contra eles os frades do Convento dos Franciscanos e seus superiores, D. Antonio Cabral, bispo de Belo Horizonte, e a Liga Eleitoral Católica, pre-sidida por Jovelino Ra-belo. A situação estava tão complicada que Ge-túlio Vargas teria dito a Benedito Valadares, em quem depositava total confi ança: “Em briga de mineiro, resolve você, que é mineiro”. A situ-ação exigia inteligência e diplomacia. Quanto à primeira, o anedotário popular não é favorá-vel ao governador, con-siderado meio tosco. Entre outras, conta-se que Benedito Valadares começou a usar óculos e um de seus assessores comenta: - Bonitos ócu-los, Excelência! As len-tes são divergentes? Ao que ele responde: “São de ver gente, de ver ca-chorro, qualquer coisa que passa pela frente”. Mas, contrariamente às piadas da oposição, ao escolher o novo prefei-to nomeado para Divi-nópolis, o governador acertou em cheio, reve-lando inteligência e sa-gacidade.

Arestas

Surpreendentemen-te, não escolheu ne-nhum político local. Pa-rece que não quis criar arestas com o polêmico X. Gontijo, o que acres-centa às suas qualida-des a virtude da pru-dência. Escolheu então um cidadão de fora, morador de Itaúna, e que nem político era. Enfi m, o cidadão Antô-nio Gonçalves de Mat-tos, Dr. Didi, que con-quistou a todos com sua fi dalguia, erudição, ele-

Por que não em Divinópolis, Benedito?Arquivo pessoal Ana Maria Mourão

gância e acabou admi-nistrando a cidade por quase onze anos. Evi-dentemente em parceria com o Coronel Jovelino Rabelo. Na realidade, o poderoso coronel e sua familiaridade com o po-der teciam o destino da cidade, e o Dr. Didi ad-ministrava, fazia acon-tecer. Anos dourados. Segundo a professora Nadir Guimarães, o Dr. Didi “trouxe a fi nesse para a cidade”, eviden-ciada pelo ajardinamen-to da praça da Estação, um projeto da Floricul-tura Lemp, de Belo Ho-rizonte, que apresentou canteiros geométricos ostentando vários tipos de rosas, vários bancos, um lago com seis metros de diâmetro ornado por um repuxo onde peixes ornamentais encanta-vam a meninada e um coreto oitavado de te-lhado à moda chinesa, festivamente iluminado paras as apresentações musicais do Jazz Band os Santinhos.

E vai se passando o ano de 1947, que terá ao fi nal o mais impor-tante evento histórico da década: as eleições livres. Em todo o país, as estrelas máximas: o PSD – Partido Social De-mocrata, que aglutina os políticos do poder, e a UDN “ União Democrá-tica Nacional, que repre-senta a oposição, dispu-tam os pleitos eleitorais. Em Divinópolis, o PSD elege para prefeito, com larga margem de vo-tos, o Coronel Jovelino Rabelo, que derrotou o candidato udenista, o simpático e encantador médico Dr. Zózimo Ra-mos Couto.

Liderança

Prefeito de fato e de poder, liderança comer-cial da região, Jovelino Rabelo encontra cons-tantemente abertas as portas do Palácio da Liberdade, onde tran-sita com desenvoltura, trocando conselhos e aconselhando-se com Juscelino Kubitscheck, Israel Pinheiro, Gusta-vo Capanema e o jovem deputado Tancredo Ne-ves, entre outros. Por amizade ao coronel, o promissor JK tomou-se de amores pela cidade e é constantemente visto no Iris Hotel, carinho-samente recebido pelo proprietário, o pessedis-ta Chiquinho Teodoro. Lá ele se esbalda cantan-do modinhas e sabore-ando a deliciosa comida das irmãs Hilda e Car-melita. A candidatura de JK ao governo de Mi-nas em 1950 foi lançada na residência do Coro-nel. Na ocasião, troca-ram elogios: JK disse: “Você, Jovelino, enxer-

ga tão longe que devia ter nascido no século seguinte”. E o coronel profetizou: “E você, Juscelino, vai longe, vai chegar a presidente da República”, o que de fato aconteceu.

Neste relato biográfi -co do Coronel Jovelino Rabelo, evidencia–se como aspecto inerente de sua brilhante perso-nalidade o ímpeto de-senvolvimentista. Ao tornar-se bem sucedido em determinada em-preitada, ele imediata ou concomitantemente partia para outra igual-mente desafi adora e assim seguia, qual um maestro regendo uma orquestra harmoniosa e embalando o desti-no de uma cidade que ele amava e respeitava, mas sem nunca con-fundir o dinheiro pú-blico com o privado. Seu lema, seguido à risca como homem pú-blico, era: “O dinheiro do povo é tão sagrado como o dinheiro que colocamos nos cofres das igrejas.” Aliás, me engano. Confundiu o dinheiro público com o privado, sim. Durante os anos nos quais foi o provedor do Hospital Nossa Senhora Apare-cida “ um dos primeiros hospitais da região, que atendia dezenas de pa-cientes, inclusive ope-rários baleados nas gre-ves da RMV, o cidadão Jovelino Rabelo nunca deixou faltar medica-mentos, comida, roupa de cama, material de limpeza, enfi m, exerceu com responsabilidade seu papel voluntário de provedor, inúmeras ve-zes com recursos pró-prios. Sim, misturou os recursos pessoais com

os recursos públicos, mas completamente na contramão do que hoje presenciamos.

Como adversário po-lítico da UDN, fundada pelo Dr. Lauro Epifânio Pereira, meu pai, Alvi-mar Mourão, Dr. Car-los Altivo, Dr. Altamiro Santos e o Dr. Sebastião Gomes Guimarães en-tre outros, enfrentou uma oposição minoritá-ria, mas valente, numa época na qual os elei-tores vestiam a camisa de sua sigla, defendiam seu ideário, chegando às vezes a sopapos e palavrões em defesa de seus candidatos. Como de resto em todo o país, excessos foram come-tidos, perseguições po-líticas se sucederam de ambos os lados, ame-aças foram feitas, mas predominou o respeito mútuo, porque, na rea-lidade, ambas as siglas disputavam o poder não em proveito pró-prio, mas com vistas a fazer mais e melhor para o desenvolvimen-to da cidade.

Estudando a História de Divinópolis nos anos 1940, 50 até meados de 60, torna-se evidente a importância máxima do Coronel Jovelino Ra-belo. Numa época na qual nossos políticos primaram pelo civismo, honestidade no trato público e competência administrativa, a ele é dada toda a honra e gló-ria no Centenário da ci-dade mais progressista do Oeste Mineiro.

*Depoimento de Jo-velino Rabelo perten-cente ao Acervo do Sistema Mayrink de Comunicação.

** Citação de Delfi m Moreira.

Ciníco Notini, José Guimarães, um dos principais responsáveis pela urbanização do bairro Porto Velho, Dr. Didi e o prefeito Jovelino Rabelo

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