edição do centenário 03

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EDIÇÃO ESPECIAL CENTENÁRIO DE DIVINÓPOLIS - SEXTA FEIRA - 1º DE JUNHO DE 2012 Depois da ferrovia, da metalur- gia e da confecção, o setor de ser- viços, que abrange a saúde, educa- ção, hotelaria e outros, é o filão da economia divinopolitana. Dos R$ 2,8 bilhão do Produto Interno Bru- to (PIB) do município, o segmento representa R$ 1,8 bilhão. Ao todo, são 19 mil vagas de trabalho gera- das pelo setor de serviços. Antes de o segmento ser destaque, a his- toriadora Karine Mileibe de Souza descreve como o comércio da épo- ca ajudou no desenvolvimento do arraial e Elson Penha, ex-secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, faz uma abordagem sobre os caminhos do futuro. Cidade-serviço Anunciantes desta edição: ACID - ETIAM - Grupo Santa Mônica - PLASDIL - Ricardo Eletro - Câmara Municipal de Divinópolis - NAT Contabil - Modelart Móveis - Peixe Dourado Caderno 3 EDIÇÃO ESPECIAL CENTENÁRIO DE DIVINÓPOLIS - SEXTA-FEIRA - 1º DE JUNHO DE 2012 Caderno 3 Christyam de Lima

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Page 1: Edição do Centenário 03

EDIÇÃO ESPECIAL CENTENÁRIO DE DIVINÓPOLIS - SEXTA FEIRA - 1º DE JUNHO DE 2012

Depois da ferrovia, da metalur-gia e da confecção, o setor de ser-viços, que abrange a saúde, educa-ção, hotelaria e outros, é o filão da economia divinopolitana. Dos R$ 2,8 bilhão do Produto Interno Bru-to (PIB) do município, o segmento representa R$ 1,8 bilhão. Ao todo, são 19 mil vagas de trabalho gera-

das pelo setor de serviços. Antes de o segmento ser destaque, a his-toriadora Karine Mileibe de Souza descreve como o comércio da épo-ca ajudou no desenvolvimento do arraial e Elson Penha, ex-secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, faz uma abordagem sobre os caminhos do futuro.

Cidade-serviço

Anunciantes desta edição: ACID - ETIAM - Grupo Santa Mônica - PLASDIL - Ricardo Eletro - Câmara Municipal de Divinópolis - NAT Contabil - Modelart Móveis - Peixe Dourado

Caderno 3

EDIÇÃO ESPECIAL CENTENÁRIO DE DIVINÓPOLIS - SEXTA-FEIRA - 1º DE JUNHO DE 2012

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Divinópolis1º de junho de 2012

Pablo Santos

Se a indústria é o mo-tor da economia de Divi-nópolis, o ex-prefeito Jo-velino Rabelo foi o maior incentivador. Conheci-do com o pai da indus-trialização municipal, o empreendedor abriu na cidade a primeira serra-ria, siderúrgica e aciaria e foi o responsável pela construção do Aeropor-to Brigadeiro Cabral.

Trabalhando como lavrador na infância em uma fazenda na comu-nidade rural Gerais, de Japão de Oliveira, atu-almente Carmópolis de Minas, Jovelino nasceu em 27 de julho de 1887. Em 1910, deixou a casa dos pais em direção a Mateus Leme, de olho na estrada de ferro. Chegou ao município e abriu uma padaria para atender aos trabalha-dores da construção da linha férrea, de acordo com o livro “Jovelino Rabelo”, de Mauro Cor-gozinho Raposo.

Servindo café aos trabalhadores, Jovelino descobriu que o negócio era vender dormentes para o engenheiro da ferrovia.

- Cedinho, vendia pão feito de madruga-da. Trocava a gamela de massa e o avental por um machado e uma foice. Ia cortar dormen-te. Foi para Azurita. Se vender a madeira bruta era bom negócio, me-lhor deveria ser prepa-rar tudo, e ali montou uma serraria. Mas foi um fracasso e mais uma boa dose de experiên-cia que levaram o moço de Japão de Oliveira a procurar outras terras. Achou Divinópolis com cara de paraíso particu-lar - relatou o jornalista Demóstenes Romano Filho num artigo publi-cado no jornal Estado de Minas em 1963.

Mudou-se para Di-vinópolis em 1915, in-gressou no Partido So-cial Democrático (PSD) e continuou fornecendo madeira para a constru-ção da estrada de Ma-teus Leme a Garças.

Três anos depois, abriu sua primeira in-dústria: J. Rabelo & Cia, juntamente com Camilo Rinaldi e João Notini, e criou uma serraria para fornecer dormentes para a RMV - Rede Mineira de Viação.

- Montou uma oficina de reparos e manuten-ção com tornos mecâ-

nicos para evitar que as peças fossem separadas em Juiz de Fora. Trans-formou então a J. Rabelo em sociedade anônima e montou o primeiro for-no, no qual se fundiam peças de ferro, que eram vendidas em Goiás e Mato Grosso - escreveu Mauro Corgozinho.

Jovelino montou a primeira fundição do Oeste de Minas em 1919 e conseguiu em 1922 um empréstimo de 80 contos de réis para a Prefeitura de Divinópolis, visando a abastecer a cidade de água.

Foi vereador de 1919 a 1929 e de 1927 a 1930. Em 1936, ganha a presi-dência da Câmara, mas o governador Olegário Maciel aboliu o Legisla-tivo Municipal.

Fiação

Em 1938, Jovelino Rabelo fundou com Jo-aquim Afonso, Licínio Notini e Amâncio Cor-rea a primeira fábrica de fiação e tecelagem da cidade. Um ano depois, fundou a Cia. Mineira de Siderurgia, que ini-ciou suas atividades em 1943. Já em 1945, criou em Santo Antônio dos Campos a Companhia de Melhoramentos de Divinópolis, para pro-dução de tijolos e telhas.

Dois anos depois, foi eleito democraticamen-te a prefeito e ficou no poder até 1951.

- A cidade começou a tomar jeito com a ad-ministração de um em-presário. Na época em que era prefeito, Divi-nópolis assistiu à maior quantidade e qualidade de indústria, comércio e outros investimentos de grande relevância – re-gistrou o livro de Mauro Corgozinho.

Em 1o de junho de 1947, o governador de Minas Gerais Benedi-to Valadares esteve em Divinópolis, acompa-nhado pelo Brigadeiro Araribóia e o coronel Antônio Alves Cabral. Jovelino aproveitou a oportunidade e come-çou a traçar a abertura do aeroporto, que ga-nhou o nome de Briga-deiro Cabral.

A J. Rabelo passou a produzir ferro gusa em 1950. Já em 1954, abriu a Companhia de Lamina-ção e Cimento Portland Pains, em sociedade com José Guimarães e Antônio Gonçalves de Matos. Depois, a empre-sa foi dividida em duas:

Jovelino Rabelo, o mestre industrialEx-prefeito foi o pioneiro no setor siderúrgico de Divinópolis em 1950

a fábrica de cimento de Arcos e a aciaria em Di-vinópolis, onde atual-mente funciona a Ger-dau.

Quando crescer

Quem conviveu com Jovelino tem recorda-ções e a admiração pelo empreendedorismo do ex-lavrador de Carmó-polis de Minas.

“Quando eu crescer, quero ser como Joveli-no Rabelo”. A frase é de José Alonso, empresário do setor de veículos de Divinópolis. Para ele, Jovelino tinha um entu-siasmo empresarial con-tagiante.

- Eu precisava de adeptos, apoiadores e incentivadores. Jovelino se tornou um parceiro. Calças curtas, cabelo

para trás, listinha de vá-rios nomes num papel já amassado de tanto ma-nuseio, era assim que eu iniciava meu percurso diariamente. Jovelino era o primeiro que visi-tava. Gostava de iniciar meu dia em contato com ele por duas razões. Pri-meiro, porque seu entu-siasmo empresarial era contagiante e já desper-tava o meu emergente espírito empreendedor. Segundo, porque ele sempre ajudava com do-ações para comprar bo-las, uniformes, chuteiras para o time dos meninos descalços, futuramente o Estrela do Oeste Clu-be - contou José Alonso Dias em depoimento ao livro de Mauro Corgozi-nho.

O neto de Jovelino, Juarez de Oliveira Ra-

bello, lembra como seu avô demonstrava con-fiança nas pessoas ao seu redor.

- Meu avô era ho-mem que confiava nas pessoas. De certa feita, por volta de 1956, tive a oportunidade de cons-tatar pessoalmente essa característica; foi me dada a missão de levar sozinho, aos 11 anos, em ônibus de Belo Ho-rizonte a Divinópolis, documentos importan-tíssimos liberando a implantação da aciaria, hoje Siderúrgica Ger-dau - lembrou Juarez, também em depoimen-to registrado no livro.

O empresário do se-tor de turismo de Di-vinópolis e filho de Pe-dro X. Gontijo, Ascânio Gontijo, admirava o respeito e a confiança

do ex-prefeito e pede desculpas ao municí-pio onde Jovelino nas-ceu.

- Que nos perdoe Carmópolis de Minas, mas Jovelino Rabelo é nosso, todo nosso - conclui Ascânio.

Jovelino Rabelo morreu em 7 de junho de 1969 e foi enterrado no cemitério do Centro de Divinópolis.

Em 1972, o prefei-to Sebastião Gomes Guimarães denomi-nou que o primeiro Distrito Industrial do município fosse cha-mado de Jovelino Ra-belo.

Em Carmópolis de Minas, cidade na-tal de Rabelo, outro Parque Industrial também recebeu seu nome, em 1990.

- Ascânio Gontijo - empresário

Que nos perdoe Carmópolis de

Minas, masJovelino Rabelo é nosso, todo nosso

Arquivo Público Municipal

Jovelino Rabelo sobre o primeiro motor elétrico construído no Brasil para a antiga siderúrgica Pains

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Divinópolis1º de junho de 2012

Da Redação

Os primeiros dados sobre a indústria e o emprego em Divinó-polis são de 1948. O documento do Arqui-vo Municipal reve-la que naquele ano o município começava a despontar na indús-tria, com 175 estabele-cimentos registrados, gerando 2.160 empre-gos, de acordo com uma sinopse elabora-da pelo Departamento Estadual de Estatísti-ca. Sessenta e quatro anos depois, dados recentes do Ministério do Trabalho apontam que o município tem 53,9 mil trabalhadores com carteira assinada e 12,7 mil estabele-cimentos. O setor de serviços ultrapassou a indústria e atualmente domina o número de estabelecimentos.

Em 1948, dos 175 estabelecimentos, 45 estavam ligados à in-dústria do vestuário, 43 eram da construção e do setor imobiliário e 41, de alimentação. Outro segmento for-te em 1948 era o da

Primeiro registro oficial apontava 175 empresasSinopse Estatística de Divinópolis revela que em 1948 os empregos somavam 2.160 vagas

Arquivo Público Municipal

Indústrias metalúrgicas em Divinópolis apareceram nos registros em 1948

indústria ligada aos setores metalúrgico e mecânico, com 31 es-tabelecimentos.

Havia também in-dústrias de fabricação

de sabão. A Fábrica São Luiz, de Mário X. Gontijo, por exemplo, produzia “sabão vir-gem de primeira e se-gunda qualidade” em

1930, de acordo com uma nota fiscal do Ar-quivo Público Munici-pal.

Atualmente, a indús-tria é o segundo segmen-

to com maior volume de geração de empre-gos, somando 15,6 mil, e duas mil empresas. O setor de serviços tem o maior número de tra-

balhadores e estabeleci-mentos: 19,2 mil traba-lhadores com carteira assinada, de acordo com dados do Ministério do Trabalho.

Indústrias em 1948

Vestuário.................45

Construção.............43

Alimentação.............41

Metalurgia emecânica.................31

Couro e artefatos..................07

Química...................02

Diversas..................06

Total de empresas..............175

Fonte: Sinopse Estatística de Divinópolis

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Pablo Santos

Divinópolis ostentou durante décadas o tí-tulo de um dos princi-pais produtores de fer-ro gusa do Brasil, dado pela imprensa nacio-nal, mas atualmente vê seu trono abalado.

“Considerado maior produtor de gusa do Oeste Mineiro”, pu-blicou o jornal carioca O Globo, em 1959. A Tribuna da Imprensa, também do Rio de Ja-neiro, definiu a Cida-de do Divino como a “Capital do Ferro” em 1960. Durante 48 anos, o setor passou por al-tos e baixos, mas ne-nhuma turbulência foi tão aguda quanto a de 2008, que persiste em abafar os altos-fornos das siderúrgicas. Sem exportações, com taxa cambial desfavorável e o mercado interno perdendo força, as em-presas continuam mer-gulhadas numa crise profunda. Já a fundição atravessa um momento de bons resultados.

Dados da Sinopse Estatística de Divinó-

polis revelam que a vocação do município pela indústria metalúr-gica aparece em 1948, quando havia oficial-mente 31 empresas do setor e uma específica de produção de ferro gusa.

O número de empre-sas ligadas à metalur-gia em 2012 soma 211, com quatro mil funcio-nários, segundo o Mi-nistério do Trabalho.

Com a crise interna-cional no final de 2008 e 2009, os guseiros sen-tiram um forte baque. As exportações caíram drasticamente. Ferro fundido/ferro gusa mostraram queda de 77% em 2009 na compa-ração com o ano ante-rior. As barras de ferro também tiveram declí-nio de 53%, de acordo com dados do Ministé-rio do Desenvolvimen-to, Indústria e Comér-cio Exterior - MDIC.

A capacidade insta-lada de produzir 286 mil toneladas por mês na região de Divinópo-lis está em nível baixo. Atualmente, saem dos altos-fornos apenas 86 mil toneladas mensal-

mente, correspondendo a 33%, segundo o Sin-dicato das Indústrias de Ferro Gusa do Oeste de Minas - Sindigusa. Trezentas vagas foram fechadas na indústria metalúrgica devido à crise internacional, conforme o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados - Ca-ged.

Otimismo

Dirigentes sindicais apostam num ano me-lhor em 2012 devido à conjuntura econômica. Acreditam que a Euro-pa saia da crise e o dó-lar comece a subir para as exportações melho-rarem.

- Se considerarmos a situação logo após a crise, podemos afir-mar que o cenário está mais favorável e que já houve uma melhora, porém ainda está lon-ge de atingir a situação de antes da crise. Para 2012, a expectativa é de continuar esta recupe-ração, tanto em volume de vendas quanto em condições de comercia-lização - analisou o pre-

Trono abaladoCapital do Ferro na década de 1960

enfrenta agora um momento delicado

sidente do Sindicato do Ferro de Minas Gerais (Sindifer), Fausto Va-rela.

O presidente do Sin-

digusa acredita que as empresas precisam investir em 2012 para buscar resultados posi-tivos.

- Quem investir em tecnologia sairá na frente, porque o mundo não vai parar de consu-mir gusa - encerrou.

Indústria do gusa atravessa um dos momentos mais complicados da história

Christyam de Lima05

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Divinópolis1º de junho de 2012

Rodrigo Bessa

A história de Divi-nópolis pode ser divi-dida em duas fases: a primeira, de ajustes, de 1912 a 1962, quando a cidade se industriali-zava. Nesse período, aconteceram duas guer-ras mundiais, o golpe de Estado que apeou do poder o presiden-te do Brasil Washing-ton Luís (15/11/1926 a 24/10/1930) e colocou em seu lugar Getúlio Vargas e, no interior de Minas Gerais, surgiram as primeiras usinas si-derúrgicas e fundições. Mas foi na segunda, a partir da década de 1970, com a crise nos setores do ferro-gusa e ferroviário, que o muni-cípio cresceu com o seg-mento do vestuário.

No início dos anos 1970, Divinópolis pos-suía 216 estabelecimen-tos industriais com um pouco mais de 3 mil fun-cionários. A população de 70.688 era, na época, a 7ª maior no estado de Minas Gerais. A mulher passou a ter maior par-ticipação no município com o surgimento das primeiras fábricas de roupa, de forma amado-ra.

No final dos anos 1970, houve crise nos setores das siderurgias e ferroviário, estendendo-se na década seguinte. Sem dúvida, este mo-mento foi o início da his-tória das confecções.

Com os maridos de-sempregados e filhos, muitas mulheres arrega-çaram as mangas para montar as primeiras fac-ções de roupa na cidade. Em casa e até mesmo num “fundo de quin-tal”, algumas passaram a ajudar no orçamento doméstico por meio da produção de vestuário.

Sobrevivência

O negócio que havia começado como alterna-tiva de sobrevivência da família em pouco tempo prosperou. Algumas fá-bricas de roupa cresce-ram neste período, de tal forma que aqueles mesmos metalúrgicos com esperança em novo impulso dos setores de ferro-gusa e ferroviário abandonaram as profis-sões e assumiram novos papéis, como: vendedo-res, cortadores de teci-dos e representantes co-merciais.

Naquele momento, filhos e maridos acata-ram os incentivos das mulheres, mães e espo-sas. Toda a cidade se viu contagiada pela vocação feminina.

A empresária Apa-recida Gontijo, da Keila Confecções, diz que a visão de seu pai, naque-la época, era: “Mulher tinha que cozinhar, pas-sar e costurar”.

Nesse contexto, o mercado e a cultura re-gional descobrem novo segmento de trabalho,

sendo a mulher a figura principal de atuação.

O nicho de mercado foi opção interessante para quem possuía con-dições financeiras para investir. Assim, alguns empresários percebe-ram a movimentação dos negócios e aprovei-taram a oportunidade para aplicar na área do vestuário.

A primeira fábrica de confecção de jeans foi registrada em 1975 e era de propriedade de José Batista Soares. A mar-ca era conhecida como Confecções Savage.

– Nessa empresa, a ex-galinha de ovos de ouro, comecei fabrican-do cinco calças jeans por dia e terminei minha confecção com até mil peças diariamente. Fui muito feliz – afirmou José Batista.

No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, a Keila Confecções se destacava como a boutique da Aparecida Gontijo. Em toda parte da cidade, a cada ano, apareciam novas con-fecções. Segundo a pes-quisa, nomes de marcas como Styllepoch, Ma-lharia Eduardo, Esme-ralda, Badson, Delles, Jullier, Viviane, Vânios Jeans, Leluana, Pare na Pista, Jiros Moda, Malu Modas, Mac Look, entre outras, destacavam-se no cenário regional.

Polo

Com a profissiona-lização das empresas, grandes empreendedo-res se reuniram e decidi-ram rumos para o setor. Isso no final dos anos 80. Como iniciativa, criou-se o Sindicato das In-dústrias do Vestuário de Divinópolis (Sinvesd), que teve como primeira proposta, no início dos anos 1990, a realização de feiras de roupa no Parque de Exposições. Esse evento acontecia aos domingos, com a in-tenção de atrair ônibus com guias, sacoleiras, lojistas de Minas Gerais e de outros estados.

Com a intenção de atrair mais ônibus com guias e sacoleiras, al-guns profissionais do setor que trabalhavam no Sinvesd foram até Petrópolis (Rio Janeiro), Maringá (Paraná) e à capital São Paulo, para convidar os guias a co-nhecer os produtos fei-tos em Divinópolis. Um fator negativo do turis-mo de negócio neste pe-ríodo foi com relação à primeira impressão que os clientes tiveram das feiras. O município foi criticado pelos compra-dores por montar estan-des em baias de cavalos no Parque de Exposi-ções.

Compradores

Os compradores, sa-tisfeitos com negócios, começaram a voltar à cidade durante a sema-na. Como alternativa de

Crise abriu oportunidade para vestuárioPrimeira fábrica de confecção de Divinópolis produziu jeans e foi registrada em 1975

mercado, várias marcas abriram lojas na Rua Pernambuco para aten-dimento atacadista e, de forma improvisada, num galpão na MG-050, conhecido na época como a “Feira Perma-nente da Moda”.

O turismo de negó-cios cresceu no municí-pio e, nesse momento,

surgiram lojas especia-lizadas em aviamentos, tecidos, maquinários de confecção e os primei-ros centros de compras atacadistas na região do Bairro Bom Pastor.

Em 1996, Divinópolis passou a ter o reconhe-cimento dos compra-dores atacadistas como polo confeccionista com

a inauguração do Di-vishop, um empreen-dimento com 165 lojas. Nos anos seguintes, in-vestidores do setor imo-biliário construíram ou-tros centros de compras como: Oeste Center, Center Plus, JK Shop-ping, Planeta Shop e Di-vimodas. Em 2007, novo espaço direcionado ao

público varejista, o Pátio Shopping Divinópolis.

As principais mar-cas centralizaram suas lojas e show-rooms na região do Bom Pastor, pois o local tornou-se especializado para rece-ber clientes atacadistas, principalmente por es-tar próximo ao Terminal Rodoviário.

Fotos: Divulgação

Primeira fábrica de confecção na cidade foi de jeans, com a marca Savage na década de 1970

Atualmente, mil empresas de confeção fazem parte do polo da moda, de acordo com Ministério do Trabalho

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Divinópolis1º de junho de 2012

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Divinópolis 100 anos... A Câmara de

Vereadores homenageia, junto com os ci-

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nidade e a administração, criando e

aprovando leis que ajudem a melhorar a

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mos também os 100 anos da primeira

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de Divinópolis.

Redação

Registros oficiais de 1860 do Arquivo Públi-co Municipal revelam que, dos 48 eleitores do arraial, 16 eram nego-ciantes. Antes mesmo de se emancipar, Divi-nópolis demonstrava todo o seu potencial para o comércio, que atualmente é a terceira força da economia local em geração de emprego, de acordo com dados do Ministério do Trabalho. Atualmente, são quatro mil estabelecimentos, que empregam 14 mil pessoas.

Os primeiros indícios do comércio em terras divinopolitanas, segun-do a historiadora Karine Mileibe, apareceu no li-vro “Da História de Di-vinópolis”, dos irmãos Azevedo.

– Eles contam que Francisco da Costa Gon-tijo, em 1815, levava, em seu carro de boi, tou-cinho ou algodão para vender no Rio de Janei-ro e trazia sal para o co-mércio local, na época em que Divinópolis era arraial – afirmou a histo-riadora.

Em 1860, Jerônimo Dias Pereira era um

dos comerciantes. Ele possuía uma fina casa comercial no Largo da Matriz, que vendia sa-bonetes, fazendas finas (panos), fitas, rendas, sapatos, pentes e porce-lanas.

Após a emancipação, os registros oficiais re-velam 17 estabelecimen-tos comerciais formais em 1948, de acordo com a Sinopse Estatística de Divinópolis, elaborada pelo Governo Estadual.

A maioria ficava na 1º de Junho e na Praça Benjamin Constant, in-cluindo comércios im-portantes, como o Bazar Divinópolis e a Casa dos 3 Irmãos (1º de Junho) e J. Rabelo (Benjamin Constant).

Naquele período, a rua Goiás aparecia com apenas um estabeleci-mento comercial con-siderado de destaque: a Casa São Rafael, que importava tecidos. Na comunidade rural de Djalma Dutra, aparecia o estabelecimento Jaime & Cia.

Atualmente

O comércio se desen-volveu e hoje ocupa uma posição de destaque no cenário econômico de

Divinópolis como o ter-ceiro maior gerador de oportunidades de traba-lho. De acordo com os dados do Cadastro Geral dos Empregados e De-sempregados (Caged), no ano passado gerou 964 vagas com carteira assinada, somente per-dendo para o setor de serviços, que contratou 1.290 trabalhadores. De acordo as estatísticas do Ministério do Trabalho (MT), são 4.556 estabele-cimentos registrados no município, empregando 14.655 trabalhadores.

Ainda de acordo com o MT, na microrregião de Divinópolis, com 11 municípios, o comércio gerou 1,7 mil vagas, ou seja, com as 964 contra-tações formais, a Cidade do Divino criou 55% das oportunidades de traba-lho do segmento no ano passado.

Ciclo

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Di-vinópolis, Rafael Pinto Nogueira, o comércio é a força da econômica do município depois de uma série de ciclos.

– A economia do mu-nicípio é composta por

Vocação comercial do arraial Setor atualmente é o 3º maior gerador de emprego do município e emprega 14 mil trabalhadores

ciclos. Veio a ferrovia, a siderurgia, a confec-ção, e o comércio é mui-to forte neste momento porque gera oportuni-dade de trabalho e é o sustentáculo da cidade. A indústria é importan-te, porque gera emprego e, consequentemente, os trabalhadores vão às compras. Por isso, o co-mércio cobra a chegada de mais indústrias, por-

que gera mais emprego. Pode chegar um ponto em que o comércio pode parar de crescer porque depende da chegada da indústria – analisou No-gueira.

O presidente do Sin-comércio de Divinópolis, Gilson Amaral, acredita que a diversificação é um dos pontos de destaque da cidade e atrai consu-midores da região e de

todo o país.– Divinópolis é refe-

rência para a região e atrai milhares de consu-midores por ter um co-mércio com uma enorme diversificação. Acredito que a variedade em to-dos os setores do comér-cio faz Divinópolis rece-ber milhares de pessoas todos os anos em busca de algum produto – afir-mou Amaral.

A economia do município é composta por ciclos. Veio a ferrovia, a siderurgia, a confecção, e o comércio é muito forte neste momento porque gera oportunidade de tra-balho e é o sustentáculo da cidade. A indústria é impor-tante, porque gera emprego e, consequentemente, os

trabalhadores vão às compras.Rafael Pinto Nogueira

presidente CDL

Casa 3 Irmãos era um dos principais comércios na década de 1940 em Divinópolis

Arquivo Público

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Karine Mileibe de Souza

Secos e molhados

Muito já foi dito e escrito sobre a metamor-fose por que passou o antigo Arraial do Espí-rito Santo do Itapecerica para se transformar na progressista e agora centenária cidade de Divinópolis. O desenvolvimento econômico do arraial começou com os secos e molhados.

O surgimento do arraial faz parte do con-texto do povoamento do chamado sertão Oeste das Minas Gerais. Os sertões seriam as zonas ainda não povoadas pelas vilas que surgiram com a extração do ouro e pedras preciosas, lu-gar inóspito e dominado pelos índios. Através da doação de sesmarias, da abertura de pica-das e caminhos, das bandeiras e da construção de templos religiosos, os sertões foram sendo ocupados e acabaram se transformando em re-giões produtoras de gêneros que abasteciam a região das minas.

O Arraial do Espírito Santo se desenvol-veu em função de sua posição geográfica pri-vilegiada nas rotas do comércio regional, nos caminhos das tropas que iam a Pitangui, São Bento do Tamanduá e São João del-Rei no sé-culo XVIII e XIX. Assim, o arraial fazia parte, desde o começo do século XIX, de uma rede comercial que ligava áreas produtoras, princi-palmente de gêneros alimentícios, aos grandes centros consumidores, especialmente ao Rio de Janeiro. Como todo o transporte destas mer-cadorias era feito nos lombos de mulas, pode-mos supor que o arraial possuía os chamados ranchos, locais de pouso para a tropa de mu-las e burros, onde os rancheiros ou invernis-tas forneciam pasto de graça aos muares com a condição de lhe comprarem o milho para as tropas. No século XX, esta ocupação ainda é encontrada em Divinópolis.

Em 1916, no lançamento do Imposto de In-dústria e Profissão do exercício de 1917, Octa-vio Machado aparece como invernista, deven-do pagar a quantia de 70$000 de tributo por exercer o ofício. Provavelmente a cidade ainda recebia tropas de mulas que traziam a produ-ção de lugares por onde a ferrovia não passa-va para aqui serem embarcadas e enviadas aos grandes centros do comércio nacional, fazendo com que a ocupação de invernista convivesse com o trem de ferro.

Além de lugar de passagem, o arraial tam-bém escoava sua produção agrícola para o Rio de Janeiro e possuía uma vida comercial ativa. Os irmãos Azevedo contam que Francisco da Costa Gontijo, em 1815, levava em seu carro de boi, toucinho ou algodão para vender no Rio de Janeiro e trazia sal para o comércio local. Em 1860, na lista de eleitores do arraial, constam 48, e desses, 16 são classificados como negocian-tes, número bastante significativo. Acreditamos que a maioria destes negociantes deveria pos-suir tropas que faziam o transporte de mercado-rias, representações de casas comerciais do Rio de Janeiro e de São Paulo ou mesmo armazéns de secos e molhados. Comuns no século XIX, os armazéns de secos e molhados vendiam desde grãos in natura e a granel ou azeito “por litro” até utensílios de uso doméstico e de trabalho na la-voura e a grande maioria dos seus produtos era de origem artesanal.

Entre os eleitores negociantes de 1860 está Jerônimo Dias Pereira, que segundo os irmãos Azevedo possuía uma fina casa comercial no Largo da Matriz, que vendia sabonetes, fazendas finas, fitas, rendas, sapatos, pentes, porcelanas, etc. Os irmãos Azevedo contam ainda que o Ma-jor Francisco Machado Gontijo, personagem po-lítico importante no processo de emancipação do município, posteriormente apelidado de Patriar-ca, trabalhou no balcão de sua loja e mais tarde se tornou seu genro e sucessor no comércio. Além de Francisco Machado Gontijo, o Coronel João Epiphanio Pereira, outro importante comercian-te e político local, também trabalhou no balcão de Jerônimo Dias Pereira e se tornou seu genro.

Ainda no século XIX, outra figura política de destaque na região, o primeiro presidente da Câ-mara de Divinópolis em 1912, Antônio Olímpio de Morais também era comerciante, caixeiro e chegou a gerente da casa comercial de Francisco Machado Gontijo antes e abrir sua própria casa comercial. Assim, percebemos que já existia um comércio ativo no arraial, mesmo antes da chega-da da ferrovia em 1890.

*Historiadora da Prefeitura Municipal de Di-vinópolis, Mestre e Educação Cultura e Organiza-ções Sociais pela FUNEDI/UEMG, Professora do Curso de História da FUNEDI/UEMG

Divinópolis1º de junho de 2012

Pablo Santos

Impulsionada pelo ex-prefeito Jovelino Ra-belo por volta de 1918, a indústria divinopolitana é o segundo maior em-pregador de Divinópolis ficando atrás somente do setor de serviços. Com 2.006 empresas registra-das no Ministério do Tra-balho, 15.679 trabalhado-res estão espalhados nos 12 setores da indústria da transformação do muni-cípio.

Jovelino Rabelo abriu uma série de empresas de diversos segmentos da cidade e ajudou na diver-sificação industrial. Uma das primeiras empresas de Divinópolis em 1918 foi a J. Rabelo e Cia. A serraria fornecia dormen-tes para a Rede Mineira de Viação. Depois, veio a fundição em 1920 e, em 1938, Jovelino ajudou a abrir a primeira empresa de tecelagem e fiação. Já em 1943, fundou a Cia. Siderúrgica Mineira. Em 1950, montou a Compa-nhia de Laminação e Ci-mento Portland Pains.

A pioneira no setor têxtil de 1938 contribuiu para o vestuário ser o maior empregador da indústria divinopolita-na. O setor da confecção, de acordo com as esta-tísticas do Ministério do Trabalho, aponta 6,1 mil funcionários com carteira assinada nas 1.165 em-presas do vestuário.

A fundição de 1920 e a produção de ferro-gusa iniciada nas empresas de Jovelino Rabelo colocou o setor metalúrgico como um dos principais gerado-res de emprego da cidade. Atualmente, o setor meta-lúrgico tem 4 mil trabalha-dores empregados nos 211 estabelecimentos registra-dos em Divinópolis.

Terceiro e quarto

A indústria alimentícia, bebidas e álcool etílico é o terceiro setor que mais emprega. São 1,5 mil tra-balhadores registrados em Divinópolis nos 207 esta-belecimentos.

Na quarta posição, apa-rece a indústria farmacêu-tica, veterinária e perfu-maria, com 1.214 postos de trabalho gerados nas 81 indústrias do setor.

O presidente da Fede-ração das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Afonso Gonzaga, atribui o desenvolvimento do setor ao desempenho dos em-presários divinopolitanos.

– A indústria é diver-sificada, cria empregos e oferece condições para a cidade crescer. Os em-presários da cidade se empenharam e reinven-taram para a produção se diversificar. A iniciativa privada colocou Divinó-polis no rumo do desen-volvimento e faltou apoio do governo para poder alcançar um impulso maior – avaliou Afonso.

Indústria é 2ª maior geradora de vagas com 15,6 mil empregosConfecção lidera, metalurgia fica em segundo e alimentos estão em terceiro

Número de empregos na indústria por setorIndústria do vestuário ...........................................................6.137

Metalurgia................................................................................4.006

Alimentos e bebidas...............................................................1.549

Farmacêuticos e veterinários................................................1.214

Papel, papelão e gráfica............................................................745

Calçados.....................................................................................495

Fumo, borracha, couro e similares......................................... 390

Produtos minerais não metálicos........................................... 286

Madeira e mobiliário..................................................................279

Mecânica....................................................................................239

Elétrico e comunicações..........................................................210

Material de transporte...............................................................129

Total ......................................................................................15.679 Font

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Setor de alimentos e bebidas é o terceira maior gerador de emprego

Metalúrgia emprega 4mil funcionários dos 15mil vagas da indústria da transformação

Christyam de Lima

Arquivo JA

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Setor de alimentos e bebidas é o terceira maior gerador de emprego

Elson Penha Silva*

O passado costuma ser importante refe-rência para a constru-ção do nosso futuro, principalmente quan-do percebemos, nele, investimentos para o crescimento das pes-soas, razão maior de todas as descobertas e empreendimentos.

A economia de Di-vinópolis começou do jeito certo, pois pro-porcionou trabalho, qualificação e esperan-ça. A “Estrada de Fer-ro Oeste de Minas”, e outros de seus nomes, precisou preparar aqui a mão de obra necessá-ria para o seu funcio-namento. Ao longo dos tempos e com a criação da Escola Profissional Ferroviária, centenas de habilidades profis-sionais foram desen-volvidas e o efeito mul-tiplicador em diversos setores teve logo efeito; o nosso parque indus-trial avançou de forma consistente.

O mérito de nossos pioneiros da economia, como Jovelino Rabelo e muitos outros, que assumiram nossos pri-meiros passos nessas atividades, deve sem-pre ser enaltecido e reverenciado, mas não podemos nos esquecer desses milhares de fer-roviários, que de ma-neira anônima, tiveram inestimável papel na construção de nosso progresso. Algumas gerações se passaram,

Caminhos do Futuro

mas muitos de nossos empreendedores e ope-rários guardam ainda, no sangue, o conheci-mento desses antepas-sados nas profissões que abraçaram. A ferrovia, apesar dos lamentáveis percalços de políticas equivocadas de vários governos, ainda é um forte vetor de nosso desenvolvimento, e as oficinas, hoje, operadas pela Ferrovia Centro- Atlântica, estão, ainda, entre as maiores e me-lhores de toda a Améri-ca Latina, com mais de mil empregos especiali-zados.

Sem dúvida, a grande matéria prima de nossas atividades econômicas é constituída pelas pes-soas. E os formadores de mão de obra, que fo-ram habilmente empre-endidos ao longo dos tempos, por entidades e escolas especializadas, têm dado poderoso su-porte ao crescimento do município.

Dessa forma, as di-versas áreas de nossa economia, sejam na in-dústria com a siderur-gia, com as fundições, com a tecelagem e com as confecções, sejam no comércio e na prestação de serviços, elas pude-ram crescer de forma vigorosa, com nobres impactos na geração de empregos e na arrecada-ção de tributos.

Mas, a dinâmica dos tempos sempre nos re-quer mais ousadia, prin-

sas páginas. Sem medir aplausos pelos grandio-sos trabalhos desenvol-vidos por nossas ins-tituições de educação superior de natureza particular e por seus pla-nos de crescimento, vejo com bons olhos os plei-tos para conquistarmos a maioridade do nosso campus da universi-dade federal através de sua transformação em Universidade Fe-deral do Centro-Oeste de Minas Gerais, e na estadualização defini-tiva de nossa Funedi/Uemg, esta prometida por nosso governador Anastasia para aconte-cer até o ano de 2014.

É preciso, ainda, avançar mais. Os de-safios da modernida-de nos convocam para voos mais altos. As tecnologias caminham com velocidade im-pressionante. Há bem pouco tempo, uma liga-ção telefônica interur-bana, às vezes, demo-rava vários dias para ser completada. Os te-lefones celulares, hoje, nos permitem falar com qualquer pessoa no mundo, em tempo re-corde. Os “laptops”, os “tablets”, os televiso-res de última geração, aliados aos avanços na área da medicina, são pequenas mostras das novas conquistas. Por isto, acredito que, ago-ra, Divinópolis precisa, também, se enveredar por esses setores atra-vés dos parques tec-nológicos. Em várias partes do mundo, eles são, privilegiadamente,

o grande investimento. Além de atrair empre-sas de alta tecnologia, esses parques incenti-vam ampla interação delas com as universi-dades, através da pro-dução de pesquisas, e da incubação de em-presas, fomentando a inovação e o empreen-dedorismo. Pelos al-tos valores agregados, promovem melhores salários, multiplicam a arrecadação de impos-tos, e, pelos efeitos de sua capilaridade, pro-porcionam uma bela distribuição de renda e fortalecimento do perfil cultural e intelectual.

O aperfeiçoamento de nossa logística de transportes, também se configura extrema-mente importante para consolidação do polo comercial e industrial de Divinópolis. São conhecidos os esfor-ços para duplicação da MG-050 e para correção de gargalos no trecho ferroviário até o porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro, bem como para viabilização do aero-porto local também no intuito do transporte de cargas, mas não seria sonhar muito pleitear, também, a duplicação da BR 494 no trecho en-tre a BR-262 e a Rodo-via Fernão Dias. Neste contexto, o porto seco, integrado ao terminal intermodal da Ferradu-ra, colocará Divinópo-lis, inegavelmente, na rota virtuosa dos gran-des investimentos.

Mas não podemos parar por aí. A críti-

ca continuada e os diagnósticos de nossa economia, de forma propositiva, precisam existir, de maneira consistente, para cor-rigir os rumos. Por isto, imagino, tam-bém, como fundamen-tal, para o município, a criação de um órgão especializado, de na-tureza técnica, do tipo “Fundação João Pinhei-ro”. Formado por eco-nomistas, engenheiros, sociólogos, entre ou-tros, e em parceria com nossas universidades, ele seria o instrumento para um trabalho aten-to de observadores em relação aos acon-tecimentos na cidade, na região, no Estado, no Brasil e no mundo; compilando informa-ções e estatísticas, e ex-pandindo seus núme-ros, efeitos e impactos em nossa economia, formulando avaliações e influenciando nossos planejamentos.

Também defendo a revitalização do Con-selho de Desenvolvi-mento, composto pelas pessoas interessadas, com incentivo aos no-vos valores, e repre-sentes da sociedade lo-cal, fazendo sugestões, cobrando e participan-do.

Parafraseando o po-eta amazonense Thia-go de Mello, não preci-samos descobrir novos caminhos, mas encon-trar um jeito novo de caminhar.

*Engenheiro elétrico, ex-secretário de Desen-volvimento Econômico

Parafraseando o poeta

amazonense Thiago de Mello, não precisamos descobrir novos caminhos, mas encontrar um jeito novo de

caminhar.

cipalmente, nos cam-pos do conhecimento. E, quanto mais conhe-cimento, mais desen-volvimento. Pensando nisto, criado em 1988, o Conselho de Desenvol-vimento de Divinópolis, privilegiou ações, entre outras, na moderniza-ção de nossa mão de obra de nível técnico e superior. A vinda do Centro Federal de Edu-cação Tecnológica, o Ce-

fet, e o fortalecimento de nossa área universitária, foram valiosas conquis-tas naquela direção. Éramos exportadores de inteligência, pois os nos-sos jovens, muitas ve-zes, tinham que se mu-dar para outros centros em busca de seus estu-dos e especialização. Às vezes, fico imaginando que, se nossa cidade ti-vesse permitido opor-tunidades, numerosos talentos, que se desta-caram por esse mundo afora, se aqui estives-sem, certamente seriam importantes catalisado-res de muitas de nos-

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Pablo Santos

A diversificação da economia divinopolita-na ditou o ritmo do de-senvolvimento do mu-nicípio nos últimos 100 anos. Trilhos, fundição, ferro gusa e confecção são os principais ciclos que impulsionaram a economia local. Depois que esses segmentos se destacaram, o setor de serviços tomou as réde-as do crescimento e é o principal motor da eco-nomia, representando 60% do Produto Interno Bruto - PIB - e emprega 19,2 mil trabalhadores formais dos 53 mil com carteira registrada em Divinópolis, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e De-sempregados - Caged.

O setor de serviços é subdividido em seis se-tores, abrangendo ensi-no, saúde, transporte, alojamento, imóveis e crédito, com 2.361 em-presas. Estatísticas da Fundação João Pinhei-ro - FJP - apontam que o PIB municipal é de R$ 2,8 bilhões; desses, R$ 1,8 milhão é do se-tor de serviços.

O maior emprega-dor do setor são os serviços de alojamen-

to, alimentação, repa-ração, manutenção e redação, que juntos empregam 5.534 tra-balhadores em 1.920 empresas, conforme o Caged.

Os serviços médi-cos, odontológicos e veterinários são res-ponsáveis por 3.310 oportunidades de tra-balho nos 618 estabe-lecimentos da cidade.

Segundo o Caged, o transporte e a co-municação têm 363 empresas, gerando 2.586 oportunidades de trabalho em Divi-nópolis.

Força

Para o prefeito de Divinópolis, Vladi-mir Azevedo, a che-gada de trabalha-dores da ferrovia e, depois, da siderurgia e da confecção é res-ponsável pelo cres-cimento do setor de serviços.

- Com mais traba-lhadores chegando, aumenta a procura por serviços médi-cos, ensino, transpor-te e outros que fazem o segmento crescer. A diversificação da economia atravessa uma nova fase e se

Setor de serviços dita ritmo de crescimentoIndústria contrata e trabalhadores fortalecem segmento responsável por 60% do PIB

consolida no setor de serviços. Com isso, o segmento ganha uma musculatura de densidade regional muito forte - avaliou o prefeito, que elabo-rou um Trabalho de Conclusão de Curso na graduação em Eco-nomia sobre os ciclos econômicos da cida-de.

O presidente da As-sociação Comercial, Industrial e de Ser-viços – Acid, Carlos Moacyr Duarte, ana-

lisa como o segmento segura a economia lo-cal em momentos de turbulência.

- Nos últimos anos, alguns setores, como o de ferro gusa, sofre-ram com a queda das exportações. Nesses momentos de crise, o setor de serviços se-gura a economia da cidade e fica cada vez mais forte. Educa-ção, saúde e serviços de hotelaria estão em constante crescimen-to – afirmou Carlos.

Empregos no setor de serviços

Alojamento, alimentação, manutenção e

redação ............................................................5.534

Administração imóveis e valor imobiliário...4.999

Serviços médicos, odontológicos e

veterinários......................................................3.310

Transporte e comunicação.............................2.586

Ensino...............................................................2.043

Crédito, seguro e capitalização.........................768

Fonte: Ministério do Trabalho

Área médica é um dos setores que movimentam a economia da cidade

Christyam de Lima

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